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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA Padrões de Comunicação Serial Clássicos: RS-232, RS-422 e RS-485 I NSTRUMENTAÇÃO E TÉCNICAS DE MEDIDAS TRABALHO 05 Bruno Saraiva da Silva DRE: 108.042.162 Maurício de Castro Pereira DRE: 108.039.371 Rafael Mazza Buchmann DRE: 107.388.183 2013.2 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA E DE COMPUTAÇÃO

Protocolos RS

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protocolo RS 232

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – ESCOLA POLITÉCNICA

Padrões de Comunicação Serial Clássicos:

RS-232, RS-422 e RS-485

INSTRUMENTAÇÃO E TÉCNICAS DE MEDIDAS – TRABALHO 05

Bruno Saraiva da Silva – DRE: 108.042.162

Maurício de Castro Pereira – DRE: 108.039.371

Rafael Mazza Buchmann – DRE: 107.388.183

2013.2

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA E DE COMPUTAÇÃO

Page 2: Protocolos RS

Resumo:

Quando se pensa em tecnologia, é comum acreditar que o tempo de vida é curto e que

em breve o que se usa ou estuda será simplesmente substituído por algo melhor e mais

atual.

Indo de encontro a esse pensamento, este trabalho apresenta padrões RS-232,

desenvolvido em 1962, RS-422, de 1995 e o RS-485, de 1998. Cada um com pelo

menos quinze anos de intensa utilização em diversos tipos de indústria.

Será mostrado a origem, o funcionamento e algumas aplicações de cada padrão, além de

um comparativo entre eles e outros padrões.

Palavras-chave: RS-232, RS-422, RS-485, Comunicação Serial, Padrão Serial.

Page 3: Protocolos RS

I. Introdução

A comunicação entre dois dispositivos eletrônicos digitais pode ser feita de forma serial

ou paralela. Para uniformizar estas conexões, são criados padrões a serem seguidos pela

indústria. Responsável pelo desenvolvimento e criação dos principais padrões de

comunicação serial, a EIA (Electronic Industries Alliance) desenvolveu os três grandes

protocolos de comunicação serial recomendados, contidos neste trabalho: RS-232, RS-

485 e RS-422. O prefixo RS vem de Recommended Standard.

O RS-232 é mais utilizado para curtas distâncias (em média 15m) e baixas

velocidades de comunicação (até 115200 bps) para os padrões atuais, tendo sido

adotado durante muito tempo para conectar periféricos de computadores pessoais. Por

outro lado, tanto o padrão RS-485 quanto o RS-422 são capazes de prover uma forma

bastante robusta de comunicação multiponto, bastante comum na indústria, em controle

de sistemas, com taxas que podem ultrapassar 10 Mbps, a centenas de metros,

utilizando-se de um meio de comunicação diferencial (ou balanceado).

Quando se deseja conectar dispositivos, é comum utilizar-se da classificação

DCE/DTE, onde DCE significa Data-communication equipment, que geralmente é um

computador, responsável pela comunicação e tratamento dos dados e DTE, Data-

terminal equipment, responsável pela geração e recebimento de dados, podendo ser, por

exemplo, um sistema de aquisição ou um periférico do computador.

II. Padrão RS-232

O padrão de comunicação RS-232 foi criado em 1962 para a comunicação entre um

teletipo (Figura 1 – máquina de escrever eletromecânica) e um modem. Em 1969, após

três revisões, o protocolo RS-232C se tornou mais popular para a utilização em

dispositivos de comunicação, sendo posteriormente utilizado por computadores pessoais

(PC’s), dada a grande utilização de modems e periféricos que utilizavam do protocolo,

onde se tornou o padrão de comunicação serial mais utilizado até o fim dos anos 90,

quando começou a ser substituído pelo USB, Universal Serial Bus. Assim como seu

sucessor, o RS-232 é um padrão ponto-a-ponto, geralmente fazendo a comunicação

DTE-DCE e atualmente se encontra em sua sexta revisão, RS-232F [1].

Apesar da alta velocidade e praticidade proporcionada pelo USB, a robustez do

RS-232 faz com que ele ainda seja muito utilizado na indústria, medicina e em

aplicações mais específicas, como impressoras fiscais, leitores de códigos de barra,

GPS’s e modems satélite.

Page 4: Protocolos RS

Figura 1: Teletipo

a. Sinais e Conectores

O protocolo digital utiliza sinais de tensão negativa para nível lógico 1 e tensão

positiva para nível logico 0, variando de ±3V a ±25V, dependendo da aplicação.

Como se vê na Figura 2, os dados a serem transmitidos ou recebidos devem

seguir a devida ordem:

Bit de Início

Bits de Dados

Bit de Paridade

Bits de Parada

Figura 2: Exemplo de Sinal Enviado/Recebido em RS-232

Page 5: Protocolos RS

Para os conectores, o padrão especifica dois tipos: DB-9 e DB-25, de nove e

vinte e cinco pinos, respectivamente, onde nem todos os pinos são atribuídos a sinais.

As Figuras 3 e 4 mostram a pinagem e os sinais de cada conector.

Figura 3: Conector DB9 e sinais correspondentes a cada pino

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Figura 4: Conector DB25 e sinais correspondentes a cada pino. A Coluna “EIA CKT” indica a terminologia

utilizada pela EIA para o tipo do sinal

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Na tabela 1 estão apresentados os sinais utilizados e sua função. Nota-se que o

conector de 25 pinos possui pinos inativos e sinais secundários, sendo capaz de fazer a

comunicação com dois dispositivos ao mesmo tempo, com limitações grandes de

velocidade. Além disso, pode-se notar também a existência de diversos sinais de

controle não obrigatórios para o funcionamento da interface.

Tabela 1: Descrição dos Sinais

Sinal Descrição

Frame Ground Terra da carcaça

Transmitted Data Dados transmitidos pelo DTE

Received Data Dados recebidos pelo DTE

Request to Send (RTS) Pedido do DTE para inicio da transmissão

pelo DCE

Clear to Send Resposta do DCE ao sinal RTS

Data Set Ready (DSR) Indicador de funcionamento (Power On)

Signal Ground / Common Return Terra para Sinal (Referência para DTE e

DCE)

Received Line Signal Detector (DCD) Indica o estado da linha de recepção

Transmitter Signal Element Timing Clock do Transmissor

Receiver Signal Element Timing Clock do Receptor

Data Terminal Ready (DTR) DTE pronto para receber dados

Signal Quality Detector Qualidade do Sinal

Ring Indicator Indicador de Chamada (e.g. Modem)

Data Signal Rate Selector Seleção de Baud Rate

Hoje em dia, utiliza-se majoritariamente o conector DB9 em sua configuração

mais simples, chamada 3-wire, com apenas os pinos de transmissão (Transmitted Data),

recepção (Received Data) e Terra (Signal Ground), sendo feito o controle de fluxo de

dados, sincronização e sinalização através de software. Outra configuração popular é a

5-wire, onde, além dos 3 fios anteriores, utiliza-se do DSR e RTS para controle do fluxo

de dados.

Um cuidado a ser tomado ao montar um conector, é saber que o pino de

recepção do DCE será conectado ao pino de transmissão do DTE, e vice-versa, fazendo

com que os fios de transmissão e recepção sejam invertidos. Apesar de básico, este é

uma das maiores causas de falha de comunicação de usuários amadores.

b. RS-232 x USB

Desde o fim dos anos 1990, o protocolo de comunicação RS-232 vem sendo

gradualmente suprimido pelo USB para pequenas distâncias. O protocolo USB é mais

rápido, possui conectores mais simples de usar e tem um melhor suporte por software

(Plug & Play). Por isso, muitas placas-mãe destinadas ao uso em escritórios ditas "livre

de legados" (legacy-free) são produzidas sem conectores RS-232. Mesmo assim, esse

protocolo continua sendo utilizado em periféricos para pontos de venda (caixas

registradoras, leitores de códigos de barra ou fita magnética) e para a área industrial

Page 8: Protocolos RS

(dispositivos de controle remoto, medidores), já que possui alta confiabilidade e fácil

implementação.

Por essa razões, computadores para estes fins continuam sendo produzidos com

portas RS-232, tanto on-board ou em placas para barramentos PCI ou barramento ISA.

Como alternativa, existem adaptadores para portas USB, que podem ser utilizados para

conectar teclados ou mouses PS/2, uma ou mais portas seriais e uma ou mais portas

paralelas.

c. Transmissão e Recepção de Dados

A comunicação RS-232 é Full-Duplex, onde dados podem ser enviados e

recebidos ao mesmo tempo. Serão abordados mais a frente os padrões RS-422 e RS-

485, que podem ser Full-Duplex, ou Half-Duplex, onde somente envio ou recepção é

feito por etapa.

Cabe ressaltar que, como o protocolo é DCE-DTE, não há cuidados relacionados

a mais de 3 componentes no mesmo cabo.

Esta limitação culminou na criação de padrões destinados a redes de

componentes seriais, abordados nos padrões RS-422 e RS-485, descritos a seguir.

III. Padrão RS-422

A norma EIA/TIA-422, conhecida popularmente como RS-422, descreve uma interface

de comunicação operando em linhas diferenciais capaz de interligar um dispositivo

transmissor a até 10 receptores.

O meio físico definido para o RS-422 são dois pares trançados, sendo um

utilizado para comunicação no sentido do transmissor (usualmente o mestre) para os

receptores (usualmente os escravos). O segundo par trançado é utilizado para

comunicação dos escravos para o mestre. Como múltiplos escravos precisam transmitir

através de um mesmo par de fios, estes precisam comutar seus transmissores de forma

que em um mesmo instante de tempo, somente o transmissor de um escravo esteja ativo.

A utilização de dois pares permite que no mesmo instante de tempo ocorram

transmissão e recepção de dados entre o mestre e um escravo, logo, a possibilidade de

transmissão e recepção simultânea caracteriza o RS-422 como full-duplex.

O padrão não possui um conector definido para uso e é basicamente uma

extensão do RS-232 com sinal diferencial para transmissão e recepção de dados.

Sua grande importância vem da capacidade de interação entre vários

dispositivos, sendo um padrão de transição para o mais completo RS-485, abordado a

seguir.

Page 9: Protocolos RS

IV. Padrão RS-485

Um transceptor (transmissor / receptor) RS-485 traduz um sinal lógico TTL em dois

sinais, denominados de A e B (Figura 5), também chamados de Data+ e Data-. O sinal

A possui a mesma lógica do sinal TTL, enquanto que o sinal B é complementar. A

informação do sinal de entrada está codificada na forma do sinal A-B, ou seja, da

diferença entre os sinais A e B. Se esta diferença for superior a 200mV, então tem-se

nível lógico 1. Caso a diferença seja inferior a -200mV, então considera-se nível lógico

0. No intervalo de -200mV a 200mV o nível lógico é indefinido, servindo também como

meio de detecção de cabo solto, para alguns transceptores comerciais. Entretanto, deve-

se ter algum cuidado com relação ao compartilhamento de referência de 0V entre

dispositivos.

Figura 5: Diagrama dos transceptores DS485 e ST485, e sinais diferenciais [3]

Tabela 2: Tensão de Saída da Figura 5

Nível

Lógico

Saída Saída Diferencial

(referenciada à terra)

Saída Diferencial

(Va - Vb)

0 Vout = 0V Vout: A=0V; B=5V Vdiff = 0V - 5V = -5V

1 Vout = 5V Vout: A=5V; B=0V Vdiff = 5V - 0V = +5V

Uma das vantagens da transmissão diferencial é sua robustez à interferência

eletromagnética. A conexão entre dispositivos RS-485 é feita por cabos de par trançado

(Figura 6), com resistores de terminação para balanceamento. Dessa forma, se um ruído

é introduzido na linha, ele é induzido nos dois fios de modo que a diferença entre A e B

é quase nula. Outra vantagem da transmissão diferencial é que diferentes potenciais de

Page 10: Protocolos RS

terra são, até certo ponto, ignorados pelos transmissores e receptores. Isso se torna

importante quando se tem que percorrer grandes distâncias ou mesmo em sistemas com

diferentes fontes de alimentação. Cabos trançados com terminações corretas que

minimizam reflexão do sinal permitem taxas de transferência de 10Mbps a distâncias de

até 1 km.

Figura 6: Comunicação por par trançado [2]

O RS-485 é um padrão de comunicação multiponto, permitindo-se a conexão de

até 32 dispositivos num simples cabo de par trançado. Dependendo do transceptor,

pode-se conectar mais de 200 dispositivos, seguindo a topologia mostrada na Figura 5.

Na verdade, a Figura 5 mostra a arquitetura mais comum de utilização do RS-485. As

letras D e R indicam os drivers de transmissão e recepção de cada dispositivo,

respectivamente. Uma observação a ser considerada é a impedância característica do

cabo. Se o cabo for utilizado para transmissões com componentes espectrais a altas

frequências, podem ocorrer reflexões do sinal em sua extremidade provocando

inconsistência nos dados transmitidos. Para minimizar este efeito, deve-se adicionar

resistores de terminação de valores iguais à impedância característica do cabo para que

ele se comporte como um cabo infinito. Os valores típicos para essa resistência é de

cerca de 120 Ω para cabos trançados, e de cerca de 50 Ω para cabos blindados. Apesar

de típicos, estes valores podem ser diferentes, pois dependem também dos requisitos de

carga mínima dos transmissores. É importante também que existam apenas dois

resistores, um em cada extremidade, que podem estar também dentro do último

dispositivo conectado. Na prática, porém, para pequenas distâncias e baixas

velocidades, a terminação não chega a ser algo crucial e a maioria dos circuitos

funciona bem. Outro artifício para minimizar a influência da reflexão dos sinais é por

meio da redução forçada da banda passante. Isto já é feito em vários transceptores por

meio de uma limitação do slew-rate.

Page 11: Protocolos RS

Figura 7: Barramento RS-485 típico [3]

A maioria dos sistemas com RS-485 utiliza uma arquitetura mestre/escravo para

comunicação, onde apenas um único dispositivo (geralmente o PC), chamado mestre,

envia periodicamente mensagens endereçadas aos escravos. Cada escravo por sua vez

tem um único endereço e responde apenas a pacotes endereçados a ele. Além do mais,

pode-se usar USARTS half-duplex ou full-duplex, como ilustrado pela Figura 8. Para

tanto, as seguintes conexões físicas devem ser feitas:

Half-duplex: um único par trançado em que todos os dipositivos estão

conectados no mesmo cabo trançado. Dessa forma, todos eles devem possuir

transceptores com saídas tri-state, incluindo o mestre. A comunicação se dá em

ambas as direções e é importante evitar, por software, que mais de um

dispositivo tenha o seu driver da transmissão habilitado ao mesmo tempo.

Full-duplex: usam-se dois pares trançados em que os escravos

transmitem para o mestre através do segundo par trançado. Essa solução

geralmente permite comunicação multiponto em sistemas que foram

originalmente projetados para RS-232 com pequenas modificações no software

mestre. Outro fato é que o mestre também não precisa colocar a saída do seu

transceptor em estado de alta impedância.

Figura 8: (a) Half-Duplex; (b) Full-Duplex [2]

Page 12: Protocolos RS

a. Transceptores

É possível encontrar no mercado vários transceptores de RS-485 e até circuitos

prontos para determinadas aplicações. A Figura 9 mostra o diagrama dos circuitos

integrados DS485 e ST485. A diferença básica entre eles está somente nas suas

características elétricas, bem como nas taxas de velocidade máxima: até 2,5Mbps para o

DS485 e até 30 Mbps para o ST485. O pino RE habilita o driver de recepção R, sendo

ativo no nível 0. O pino DE habilita o driver de transmissão D (ativo em 1).

Normalmente esses dois pinos são conectados juntos de forma que o tranceptor esteja

apenas recebendo ou transmitindo. Os pinos RO e DI representam saída da recepção e

driver de entrada respectivamente, e trabalham com níveis lógicos TTL (0 a 5V). Já as

saídas A e B para o barramento operam com tensão diferencial entre seus terminais. O

transceptor normalmente é alimentado com 5V CC.

Para que um dispositivo transmita um dado pelo barramento é necessário elevar

para 5V o pino DE, fazendo com que RE seja desabilitado, para então transmitir a

informação necessária pelo pino DI. Com o final da transmissão, deve-se desabilitar DE

e reabilitar RE, de forma que o transceptor volte ao modo de recepção. Esta habilitação

pode ser feita via software, controlando pinos de um microcontrolador ou de uma porta

de comunicação de um microcomputador; ou mesmo através de um hardware

construído especialmente para detectar início de transmissão para o formato de dados

utilizado (e.g., UART).

Um problema que pode ocorrer com um barramento RS-485 que dipõe apenas

de resistores determinação é que, quando todos os dispositivos estão em modo de

recepção, o nível lógico do barramento pode ficar indefinido. Para garantir que o

barramento fique sempre em nível lógico 1, que corresponde ao estado default NRZ das

USARTs conectadas ao barramento, deve-se adicionar um resistor pull-up ao pino A e

um de pull-down no pino B, conforme ilustra a Figura 9. Esses resistores devem ter

valores iguais para não alterar o balancemento da linha de transmissão.

Figura 9: Pull-up e pull-down para evitar sinais indefinidos no barramento [3]

Page 13: Protocolos RS

b. Protocolo de Comunicação

A Figura 10 abaixo mostra o potencial dos pinos '+' e '-' de uma linha RS-485

durante a transmissão de um byte (0xD3, bit menos significativo primeiro) de dados

utilizando um método start-stop assíncrono.

Figura 10: Método start-stop assíncrono

c. Topologia

Enquanto a velocidade for relativamente baixa e as distancias relativamente

curtas, a influência da topologia da rede em seu desempenho não e significativa.

Contudo, quando os efeitos de linhas de transmissão começam a aparecer, ha apenas

uma topologia simples que permite gerenciar estes efeitos. A Figura 11 a seguir mostra

alguns tipos de topologias. Apenas no tipo “daisy chain”, onde todos os dispositivos são

conectados diretamente aos condutores da linha de comunicação principal, e fácil

controlar as reflexões causadoras de erros de comunicação.

Figura 11: Diversos tipos de topologia [5]

Page 14: Protocolos RS

V. Principais Diferenças

a. RS-485 e RS-232

A principal diferença entre RS-485 e RS-232 está no fato do RS-485 ser um

padrão diferencial, enquanto que o RS-232 é desbalanceado (referenciado à tensão

negativa). No RS-232, o nível lógico 1 é interpretado como sendo qualquer tensão no

intervalo [–25V;-3V], enquanto que tensões no intervalo [3V;25V] correspondem ao

nível lógico 0. Tensões entre -3V e 3V não possuem nível lógico definido. Este tipo de

interface é útil em comunicações ponto-a-ponto a baixas velocidades de transmissão.

Entretanto, devido à grande faixa de variação dos sinais, faz-se necessário dispor de

drivers de alto slew-rate para se alcançar altas velocidades de comunicação. No mais,

com o aumento do comprimento do cabo de comunicação, o padrão RS-232 se torna

altamente susceptível a interferência eletromagnética e a retorno de sinal por reflexão no

cabo.

b. RS-422 para RS-485

Transceptores RS-422 e RS-485 são muitas vezes confundidos entre si. As

diferenças elétricas, no entanto, em suas escalas de modo comum e impedância de

entrada fazem esses padrões adequados para diferentes aplicações. Como RS-485

satisfaz todas as especificações do RS-422 (Tabela 3 [6]), os drivers dele podem ser

usados em aplicações RS-422. O oposto, no entanto, não é verdadeiro. O intervalo de

saída de modo comum para dispositivos RS-485 é -7V até +12 V, enquanto que o

intervalo de modo comum para RS-422 é apenas ± 3V. A impedância de entrada é 4kΩ

para RS-422 e 12kΩ para RS-485.

Tabela 3: Especificações do padrão RS-422

Parâmetros Condições Min Max Unidade

Tensão de saída, Circuito aberto - 1.5 6 V

-1.5 -6 V

Tensão de saída, Com carga RL = 100Ω 1.5 5 V

-1.5 -5 V

Corrente em curto circuito Por saída em modo

comum - ±250 mA

Tempo de subida RL = 54Ω

- 30 % FFS CL = 50pF

Tensão de modo comum RL = 54Ω - ±3 V

Sensibilidade do receptor -7V < VCM < 12V - ±200 mV

Faixa de tensão do receptor em modo

comum - -7 12 V

Impedância de entrada do receptor - 12

Page 15: Protocolos RS

VI. Conversores

Pela alta compatibilidade entre os padrões RS-232, RS-485 e RS-422, há possibilidade

de conversão entre eles, o que torna abundante a quantidade de conversores no mercado

e a presença em quase todo sistema atual que utiliza dos padrões clássicos. É bastante

comum também, dispositivos seriais já serem dotados de conversor interno,

possibilitando a comunicação em dois ou mais padrões.

Com o padrão RS-232 ainda em uso, porém descontinuado para computadores

pessoais, o uso de conversores USB/Serial se torna necessário na maioria dos casos em

que o controlador do sistema (DCE) é um PC.

Esses conversores (Figura 12) são grande fonte de problemas de

compatibilidade, já que muitos deles só fornecem suporte às configurações mais básicas

RS-232 (3 ou 5 fios), possuem drivers desatualizados e que nem sempre seguem o

padrão. Quando uma aplicação exige um conversor de qualidade, existem boas soluções

no mercado, porém com custo mais elevado.

Figura 12: Conversor USB/Serial de baixo custo

Entre os padrões RS-232 e RS-422/RS-485 a conversão consiste basicamente em

acertar os níveis de tensão, se necessário, e transformar o sinal desbalanceado (RS-232)

em sinal diferencial (RS-422/RS-485). Para a conversão RS-422 em RS-485, são

tratadas as impedâncias e a sintaxe dos sinais.

Page 16: Protocolos RS

VII. Outros Padrões

Ao longo dos anos, padrões correlatos ao RS-232 foram desenvolvidos, porém sem o

mesmo sucesso. Podem-se citar três padrões que são mencionados em literatura e na

Internet e a razão pela qual não obtiveram o mesmo sucesso.

RS-423

É uma evolução do RS-232, desbalanceado, trazendo características de rede com

um mestre e até dez escravos do RS-422. Por não ter um uso específico, é um

protocolo de menor utilização. Geralmente, um componente RS-423 é também

compatível com RS-232 ou RS-422, havendo a preferência pelos padrões mais

tradicionais.

RS-449

Foi criado em 1986 e apontado como o sucessor do RS-232 mas, pela ausência

de retrocompatibilidade elétrica e mecânica com o RS-232, não obteve sucesso.

MIL STD 188

Semelhante ao RS-232, mas melhorado em termos de impedância e

características de sinal. Por ser militar, possui uso restrito e pouco acesso pelo

mercado.

Atualmente, os padrões mais populares sucessores do RS-232 e RS-485 são o

USB e o Ethernet, respectivamente. Apesar da dita sucessão, os padrões clássicos

possuem suas características que ainda são preferidas em relação aos mais atuais.

VIII. Aplicações

a. Conversor RS-232 / RS-485

Em muitos casos, em uma rede RS-485, um dos dispositivos da rede pode ser

um microcontrolador. As razões para isto vão desde a necessidade de coleta de dados

para análise por softwares como MATLAB e LabVIEW até o controle avançado em

tempo real. Para tanto, faz-se necessário dispor de um conversor RS-232/RS-485, uma

vez que as portas seriais usam o padrão físico RS-232, inclusive para controle de fluxo

de dados. Um exemplo é o MAX3162, da Maxim Integraded, que permite converter

bidirecionalmente sinais RS-232 e RS-485. O circuito da Figura 13 ilustra o MAX3162

em uma aplicação ponto-a-ponto.

Page 17: Protocolos RS

Figura 13: Circuito do MAX3162 que converte sinais em RS-232 para RS-485 [6]

b. Conversor USB / MultiSerial RS-232

Ao contrário de conversores de baixo custo encontrados com relativa facilidade

no mercado, existem soluções de maior confiança, dispondo do preço compatível. Este é

o caso dos conversores USB/Serial do fabricante MOXA. Através do site [10], há uma

ampla variedade de dispositivos conversores, onde se pode acoplar até 32 componentes

seriais RS-232, RS-422 ou RS-485. O gerenciamento da comunicação é feito pelo

driver fornecido pelo fabricante.

Page 18: Protocolos RS

Figura 14: MOXA UPort 2410, Conversor USB para 4 RS-232 [10]

c. Seabird Surface Inductive Modem (SIM)

O Surface Inductive Modem, da Seabird, é um aparelho de gerenciamento de sensores

subaquáticos de temperatura e pressão. Os sensores são acoplados ao SIM por meio de

um cabo, onde sua comunicação é por indução e não há contato elétrico, prevenindo

danos causados pelo contato do fio com a água do mar (Figura 16). Para a comunicação

do SIM com um computador, já em terra ou dentro de uma boia. O SIM é capaz de

utilizar conexão RS-232 ou RS-485, necessitando apenas a mudança de posição de dois

jumpers.

Figura 15: Seabird Surface Inductive Modem (SIM) [12] com o conector DB-9 no canto inferior esquerdo

Page 19: Protocolos RS

IX. Conclusão

Com a realização deste trabalho, conclui-se que, com seus cinquenta e um anos, o

padrão RS-232 ainda é uma referência em comunicação serial, sendo utilizado em

diversas áreas e seus padrões correlatos para comunicação de redes de componentes RS-

422 e RS-485 também são vistos facilmente na indústria. Contudo, foi visto também

que o USB vem sendo desenvolvido e já é muito superior ao RS-232 em velocidade.

Para o protocolo RS-485, pode-se dizer que ainda não há um substituto direto tão

versátil e eficiente, o deixando ainda como melhor opção em termos de simplicidade de

conexão.

X. Referências Bibliográficas

[1] TIA-232-F Interface Between Data Terminal Equipment and Data Circuit-

Terminating Equipment Employing Serial Binary Data Interchange, 1997;

[2] MAXIM. Explanation of Maxim RS-485 Features. December 2000. Application Note

367. http://www.maxim-ic.com/AN367

[3] RANDAZZO, A. ST485: AN RS-485 BASED INTERFACE WITH LOWER DATA BIT

ERRORS. 2004. Application Note 1348.

http://www.bdtic.com/DownLoad/ST/Application_Note/CD00004227.pdf

[4] Wikipédia BR: http://pt.wikipedia.org/wiki/RS-232

[5] Perrin, Bob. The Art and Science of RS-485. Circuit Cellar Magazine, Jul.

1999.Dallas/Maxim Semiconductor. Guidelines for Proper Wiring of an RS-485

(TIA/EIA-485-A) Network. Application Note 763, Jul. 2001.

http://faq.novus.com.br:8080/phpmyfaq/attachments/10/RS485%20%26%20RS422%20

Basics.pdf

[6] MAXIM. Application Note 723.

http://www.maximintegrated.com/app-notes/index.mvp/id/723

[7] [1] ARC Electronics. 2010. Retrieved 28 July 2011.

http://www.arcelect.com/rs232.htm

[8] Tutorial Cabo Serial:

http://www.abusar.org.br/caboserial.html

[9] Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/RS-232

[10] MOXA Electronics: http://www.moxa.com/product/UPort_2410.htm

[12]Seabird – Surface Inductive Modem (SIM):

http://www.seabird.com/products/spec_sheets/SIMdata.htm

Observação: Todos os sites foram acessados pela última vez em 06/12/2013.