6
Prova 2 MA-602 An´ alise II 1/6/2009 (=32/5/2009) Nome: RA: Escolha5quest˜oes 1. Dada uma fun¸c˜ ao limitada e integr´avel f :[a, b] R, seja x n uma sequˆ encia em [a, b] e defina a sequˆ encia de fun¸c˜ oes f n :[a, b] R por f n (x)= ‰R x a f se x x n R x n a f se x>x n . Mostre que se lim x n = b ent˜ ao f n u F , onde F (x)= R x a f , x [a, b]. Solu¸c˜ ao: Para todo n vale |f n (x) - F (x)| = ( 0 se x x n R x x n f se x>x n . Assim, se x>x n ent˜ao |f n (x) - F (x)|≤ R x x n |f | e em qualquer caso, isto ´ e, para todo x, vale a desigualdade |f n (x) - F (x)|≤ Z b x n |f |≤ sup x[a,b] |f ||b - x n | = ||f || |b - x n | . Dessa forma, dado ε> 0, seja seja n 0 N tal que se n n 0 ent˜ ao |b - x n | < ε/ ||f || + 1 (´ e conveniente somar 1, para o caso em que ||f || = 0). Ent˜ ao, para todo n n 0 , e para todo x, tem-se |f n (x) - F (x)| ≤ ||f || |b - x n | < ||f || ε ||f ||+1 , provando a continuidade uniforme. 2. Seja f n :[a, b] R uma sequˆ encia de fun¸c˜ oes cont´ ınuas tal que f n u f . Suponha que f n˜ao´ e identicamente nula e que R b a f = 0. Mostre que existem x 1 ,x 2 [a, b], e existe n 0 N tal que n n 0 , f n (x 1 ) f n (x 2 ) < 0. Solu¸c˜ ao: Em primeiro lugar, existem x 1 ,x 2 [a, b] tal que f (x 1 ) f (x 2 ) < 0, isto ´ e, f muda de sinal em [a, b]. De fato, suponha, por exemplo que f 0 em [a, b] (o caso e semelhante). Como f n˜ao´ e identicamente nula, existe x 0 [a, b] tal que f (x 0 ) > 0, o que implica que R b a f> 0, contradizendo a hip´otese. (Essa ´ ultimaimplica¸c˜ao´ e o enunciado do exerc´ ıcio 14 da lista 4. Veja tamb´ em o exerc´ ıcio 3 da prova 1.) 1

Prova

Embed Size (px)

DESCRIPTION

matematica analise

Citation preview

  • Prova 2 MA-602 Analise II 1/6/2009 (=32/5/2009)Nome:

    RA:

    Escolha 5 questoes

    1. Dada uma funcao limitada e integravel f : [a, b] R, seja xn uma sequenciaem [a, b] e defina a sequencia de funcoes fn : [a, b] R por

    fn (x) =

    { xaf se x xn xn

    af se x > xn.

    Mostre que se lim xn = b entao fnu F , onde F (x) = x

    af , x [a, b].

    Solucao: Para todo n vale

    |fn (x) F (x)| ={

    0 se x xn xxn f se x > xn.Assim, se x > xn entao |fn (x) F (x)|

    xxn|f | e em qualquer caso, isto e,

    para todo x, vale a desigualdade

    |fn (x) F (x)| bxn

    |f | supx[a,b]

    |f | |b xn| = ||f || |b xn| .

    Dessa forma, dado > 0, seja seja n0 N tal que se n n0 entao |b xn| 0, contradizendo a

    hipotese. (Essa ultima implicacao e o enunciado do exerccio 14 da lista 4.Veja tambem o exerccio 3 da prova 1.)

    1

  • Agora, tome = min {|f (x1)| , |f (x2)|} > 0 e suponha, para fixar as ideias,que f (x1) > 0 e f (x2) < 0. Como fn

    u f , existe n0 N tal que sen n0 entao para todo x [a, b], |fn (x) f (x)| < . Em particular,|fn (x1) f (x1)| < e |fn (x2) f (x2)| < . Da que f (x1) fn (x1) < e fn (x2) f (x2) < , isto e,

    fn (x1) > f (x1) > 0 fn (x2) < f (x2) + < 0pela escolha de > 0. Como isso vale para todo n n0, segue que para essesvalores de n, fn (x1) fn (x2) < 0.

    3. Seja f : (0, 1) R a funcao definida por f (x) = 1x. Mostre que nao existe

    uma sequencia de polinomios pn tal que pnu f em (0, 1) (isto e, nao tem

    convergencia uniforme das restricoes fn de pn a (0, 1)).

    Solucao: Suponha por absurdo que exista uma sequencia pn de polinomioscomo no enunciado. Entao, existe n0 N tal que para todo n n0 e todo x (0, 1), vale

    pn (x) 1x < 1 (isso pela definicao, com = 1). Em particular,pn0 (x) 1x

    < 1, isto e, para todo x (0, 1) valem as desigualdades0 |xpn0 (x) 1| < |x| .

    Como existe limx0 |x| = 0, segue que limx0 |xpn0 (x) 1| = 0, o que implicaque limx0 xpn0 (x) = 1. Mas isso nao pode acontecer uma vez que q (x) =xpn0 (x) e um polinomio e, portanto, limx0 q (x) = q (0) = 0pn0 (0) = 0.

    4. Denote por C [0, 1] o conjunto das funcoes contnuas f : [0, 1] R. Definaa funcao I : C [0, 1] R por I (f) = 1

    0f . Mostre que I e contnua em

    toda f0 C [0, 1], no seguinte sentido: > 0, > 0, ||f f0|| < |I (f) I (f0)| < . (Notacao: ||f || = supx[0,1] |f (x)|.)

    Solucao: Dado > 0 tome = > 0. Se ||f f0|| < entao,

    |I (f) I (f0)| = 1

    0

    (f f0) 1

    0

    |f f0| 10

    ||f f0|| = ||f f0|| < = .

    5. Seja f : R R uma funcao analtica tal que para todo n 0, f (n) (0) =f (n) (1). Mostre que f e limitada.

    Solucao: Considere a funcao g : R R definida por g (x) = f (x+ 1), quee analtica por ser composta de funcoes analticas. Derivando sucessivamente,

    2

  • se obtem g(n) (x) = f (n) (x+ 1), que vale para todo x R. Em particular,g(n) (0) = f (n) (1), que por sua vez e f (n) (0), pela hipotese. Isto e, para todon 0, g(n) (0) = f (n) (0), o que implica que g = f . Isso significa que para todox R, f (x) = f (x+ 1), isto e, f e periodica de perodo 1. Isso garante quef e limitada. De fato, mostra-se por inducao que se n e um inteiro positivoentao f (x+ n) = f (x) e como f (x n) = f ((x n) + n) = f (x) segue quen Z, f (x+ n) = f (x). Por outro lado, a restricao de f a [0, 1] e limitadapois [0, 1] e um intervalo compacto e f e contnua. Portanto, existe M > 0tal que para todo t [0, 1], |f (t)| < M . Agora, dado x R existem n Z et [0, 1] tal que x = n + t. Entao, |f (x)| = |f (n+ t)| = |f (t)|, mostrandoque f e limitada.

    6. Suponha que f : (r, r) R e uma funcao analtica definida no inter-valo (r, r), r > 0, que satisfaz as seguintes relacoes para todo n 0:f (4n) (0) = f (4n+2) (0) = 0, f (4n+1) (0) = 1 e f (4n+3) (0) = 1. Mostre asseguintes propriedades: (i) Existe uma funcao analtica g : R R tal quex (r, r), g (x) = f (x); (ii) g = g.

    Solucao: Da expressao dada para as derivadas f (k) (0), segue que a serie deTaylor de f em 0 e

    n0

    (1)2n+1(2n+ 1)!

    x2n+1 = x 13!x3 +

    1

    5!x5 1

    7!x7 +

    O raio de convergencia desta serie e (como pode ser visto aplicando o testeda raiz, ou nesse caso o da razao e serie dos termos mpares apenas, ja queexiste o limite da razao).

    (i) Defina g : R R por g (x) =n0 (1)2n+1(2n+1)! x2n+1, o que e bem definido poisa serie converge em toda a reta real. Como g e a soma de serie de potenciasconvergente, g e analtica. Alem do mais, g coincide com f numa vizinhancade 0 portanto g e f coincidem em todo intervalo (r, r).(ii) A serie de Taylor em 0 de g e x+ 1

    3!x3 1

    5!x5+ 1

    7!x7 , que e o negativo

    da serie de Taylor da g. Como g tambem e analtica segue que g = g.7. Seja f : R R uma funcao analtica que satisfaz x, y R, f (x+ y) =

    f (x) f (y) e f (0) = 1. Mostre que x R, f (x) > 0. (Sugestao: derive aigualdade f (x+ y) = f (x) f (y).)

    Solucao: Fixa x e deriva f (x+ y) = f (x) f (y) para obter f (x+ y) =f (x) f (y). Como f (0) = 1, pondo y = 0 fica a igualdade f (x) = f (x),que vale para todo x R. Em particular, f (0) = f (0) = 1. Da, como

    3

  • no exerccio (12iii) da lista 8, x R, f (x) 6= 0, pois se existisse x0 tal quef (x0) = 0 entao todas as derivadas f

    (n) (x0) = 0, o que implicaria que f = 0,contradizendo o fato de que f (0) = 1. Portanto, f nao muda de sinal (pois econtnua) e como f (0) = 1 segue que x R, f (x) > 0.

    8. Para cada uma das afirmacoes a seguir diga se e verdadeira ou falsa. No casoverdadeiro apresente uma justificativa e no falso, um contra-exemplo.

    (Escolha 3 subtens desta questao.)

    (a) Se a serie de funcoes

    n1 fn, fn : D R, converge uniformemente entaoa sequencia fn converge uniformemente para a funcao nula: fn

    u 0.(b) Se f : R R e uma funcao analtica tal que o conjunto f1{1} = {x

    R : f (x) = 1} nao e enumeravel entao f e constante.(c) Se p (x) = a0+a1x+ +akxk e um polonomio entao a serie

    n0

    1

    n!(p (x))n

    converge para todo x R.(d) Se f : R R e uma funcao C tal que para todo x0, a serie de Taylor

    n0f (n)(x0)

    n!xn em x0 tem raio de convergencia > 0 entao f e analtica.

    (e) Se f : (a, b) R e uma funcao analtica tal que para todo n 1,f (a+ 1/n) = 0 entao f e identicamente nula.

    Solucao:

    (a) Verdadeiro. Se sn e a sequencia das somas parciais da serie entao snconverge uniformemente, portanto fn = sn sn1 u 0.

    (b) Verdadeiro, na verdade f e constante = 1. Um conjunto nao enumeravelde R tem pontos que nao sao isolados. Portanto, a funcao analticaf (x) 1 tem zeros nao isolados, o que implica que ela e identicamentenula, isto e, f e constante igual a 1.

    (c) Verdadeiro. A serie potencias

    n01

    n!xn converge para todo x R

    definindo a funcao analtica f : R R, f (x) = n0 1n!xn. Entao, acomposta f (p (x)) =

    n0

    1

    n!(p (x))n e analtica e a serie converge para

    todo x R.(d) Falso. Para ser analtica e necessario que alem do mais a serie de potencias

    convirga para f . Um contra-exemplo e a funcao

    f (x) =

    {0 se x 0e1/x se x > 0.

    4

  • (e) Falso. Por exemplo a funcao analtica f (0, 1) R definida por f (x) =senpi

    xsatisfaz a condicao, mas nao e identicamente nula.

    9. De, se possvel, exemplos para cada uma das situacoes a seguir. Justifique osexemplos e, caso nao exista um exemplo, forneca uma demonstracao.

    (Escolha 3 subtens desta questao.)

    (a) Uma sequencia de funcoes integraveis fn : [a, b] R que converge pon-tualmente a` funcao integravel f : [a, b] R e tal que a sequencia dasintegrais

    bafn nao converge para

    baf .

    (b) Uma sequencia de funcoes derivaveis fn : (a, b) R que converge uni-formemente fn

    u f e tal que a sequencia das derivadas f n convergeuniformemente e, no entanto, fn (x) nao converge para nenhum valor dex (a, b).

    (c) Uma serie de potencias que nao converge uniformemente em seu intervalode convergencia.

    (d) Um subconjunto C R tal que a funcao caracterstica C (isto e,C (x) = 1 se x C e C (x) = 0 se x / C) e analtica.

    (e) Uma funcao analtica f : R R limitada (superiormente e inferiormente)e nao constante tal que para algum nn0 N, f (n) (1) = 0 se n n0.

    Solucao:

    (a) Seja fn : [0, 1] R definida por

    fn (x) =

    {n se x 1/n0 se x > 1/n.

    Entao, 10fn =

    1n n = 1. No entanto, fn converge pontualmente a f = 0

    e 10f = 0.

    (b) Nao existe exemplo, pois se f converge uniformemente entao f convergepontualmente.

    O exerccio pretendido, na verdade, era

    Uma sequencia de funcoes derivaveis fn : (a, b) R tal que a sequenciadas derivadas f n converge uniformemente e, no entanto, fn (x) nao con-verge para nenhum valor de x (a, b).Nesse caso o exemplo e fn constante igual a n.

    5

  • (c) ex =

    n01

    n!xn. O intervalo de convergencia e (,+). Se tivesse

    convergencia uniforme entao > 0,n0 N, n n0, x R,n

    k=1

    1

    k!xk ex

    < .No entanto, vale a seguinte negacao dessa afirmacao: n0 N, n =n0 n0,

    nk=1 1k!xk ex > 1 se x e suficientemente grande. De fato,

    limx+

    nk=1 1k!xk ex =.

    (d) C = ou C = R. No primeiro caso C = 0 e no segundo C = 1.(e) Nao existe. Uma funcao analtica tal que f (n) (1) = 0 se n n0 e

    um polinomio e polinomios nao sao limitados em R, a nao ser que sejaconstante.

    6