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Prova de Ciências Humanas e Suas Tecnologias Diversidade Cultura Engloba as diferenças culturais que existem entre as pessoas, como a linguagem, danças, vestimenta, tradições e heranças físicas e biológicas, bem como a forma como as sociedades organizam-se conforme a sua concepção de moral e de religião, a forma como eles interagem com o ambiente etc. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de i deias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, si tuação ou ambiente. Refere-se a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e "preenchem" a sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período. Vida em Sociedade Há duas tendências muito fortes no ser humano: uma para buscar a autonomia, a auto-suficiência, a independência; e outra para fazer parte e pertencer a uma unidade maior. Essa unidade maior pode ser definida como a família, a nação, uma ideologia, ou seja, um universo maior que tenha um significado importante. Dessa forma o indivíduo se desenvolve, ultrapassa sua individualidade e busca a integração com os outros. Para se desenvolver de forma equilibrada, a pessoa precisa s e comprometer, se adaptar, ceder. Tudo isso não é muito fácil, pois sempre haverá conflitos entre o eu e o outro, entre o querer tudo para si e precisar fazer algo para o outro. A vida em sociedade fica mais fácil quando entendemos que dependemos uns dos outros para vi ver melhor, e que  juntos somos mais fortes. Os seres humanos não vivem juntos apenas por escolha, mas porque a vida em sociedade é uma necessidade. Se alguém, por livre vontade, se isolasse numa ilha, com todos os recursos para sobrevivência, em pouco tempo sentiria falta de companhia e sofreria com a solidão, por não ter com quem compartilhar idéias, dar e receber afeto. Poderia até mesmo enlouquecer. Portanto, as pessoas satisfazem suas próprias necessidades vivendo em sociedade. Quando a auto-estima - a visão qu e a pessoa tem de si mesma - é positiva, o relacionamento em sociedade torna-se mais fácil, mais saudável e mais satisfatório. O inverso também é verdadeiro, isto é, um bom relacionamento social alimenta a auto-estima positiva. Para manter um bom relacionamento com as outras pessoas são necessárias algumas condições básicas: sermos autônomos, assertivos, confiantes e termos auto-estima elevada. Sem essas condições, atribuiremos aos outros a causa das dúvidas, fraquezas, incertezas e desconfianças que temos a respeito de nós mesmos. Em sociedade o eu e o outro sempre se relacionam, e as necessidades sociais vão sendo estabelecidas. Elogiamos e somos elogiados; compreendemos e somos compreendidos; amamos e somos amados; vemos e somos vistos; valorizamos e somos valorizados. Até as frustrações são mútuas: rejeit amos e somos rejeitados; causamos dor no outro e ele em nós; discriminamos e somos discriminados. O certo é que para o bem e para o mal, querendo ou não, o outro é parte de nossa vida e nossa vida é parte do outro. Muitas pessoas se queixam de que a sociedade define muitas regras e que sem elas a vida poderia ser melhor. A verdade é que cada u m deve definir seu limite, respeitar a sua individualidade e também a do outro. Aí surge a pergunta: isso também não é uma regra? A necessidade de nos mantermos unidos a outros seres humanos não é um capricho ou um desejo individual, é uma questão de sobrevivência orientada pelo instinto e referendada pela razão. Aproveite para crescer, melhorar e aperfeiçoar-se como ser humano. Assim, você estará sempre motivado para praticar o bem e para o bem-estar de si mesmo e de todos os que convivem com você em sociedade.

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Diversidade CulturaEngloba as diferenças culturais que existem entre as pessoas, como a linguagem,danças, vestimenta, tradições e heranças físicas e biológicas, bem como a forma como associedades organizam-se conforme a sua concepção de moral e de religião, a forma como

eles interagem com o ambiente etc.O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ouelementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente.Refere-se a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que

permeiam e "preenchem" a sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é aidentidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período.

Vida em SociedadeHá duas tendências muito fortes no ser humano: uma para buscar a autonomia, aauto-suficiência, a independência; e outra para fazer parte e pertencer a uma unidademaior.Essa unidade maior pode ser definida como a família, a nação, uma ideologia, ou seja, umuniverso maior que tenha um significado importante. Dessa forma o indivíduo se

desenvolve, ultrapassa sua individualidade e busca a integração com os outros.Para se desenvolver de forma equilibrada, a pessoa precisa se comprometer, se adaptar,ceder. Tudo isso não é muito fácil, pois sempre haverá conflitos entre o eu e o outro,entre o querer tudo para si e precisar fazer algo para o outro. A vida em sociedade ficamais fácil quando entendemos que dependemos uns dos outros para viver melhor, e que

 juntos somos mais fortes.Os seres humanos não vivem juntos apenas por escolha, mas porque a vida emsociedade é uma necessidade. Se alguém, por livre vontade, se isolasse numa ilha, comtodos os recursos para sobrevivência, em pouco tempo sentiria falta de companhia esofreria com a solidão, por não ter com quem compartilhar idéias, dar e receber afeto.Poderia até mesmo enlouquecer. Portanto, as pessoas satisfazem suas própriasnecessidades vivendo em sociedade.Quando a auto-estima - a visão que a pessoa tem de si mesma - é positiva, orelacionamento em sociedade torna-se mais fácil, mais saudável e mais satisfatório. Oinverso também é verdadeiro, isto é, um bom relacionamento social alimenta aauto-estimapositiva.Para manter um bom relacionamento com as outras pessoas são necessárias algumascondições básicas: sermos autônomos, assertivos, confiantes e termos auto-estimaelevada. Sem essas condições, atribuiremos aos outros a causa das dúvidas, fraquezas,incertezas e desconfianças que temos a respeito de nós mesmos.Em sociedade o eu e o outro sempre se relacionam, e as necessidades sociais vão sendoestabelecidas. Elogiamos e somos elogiados; compreendemos e somos compreendidos;amamos e somos amados; vemos e somos vistos; valorizamos e somos valorizados. Atéas frustrações são mútuas: rejeitamos e somos rejeitados; causamos dor no outro e ele

em nós; discriminamos e somos discriminados. O certo é que para o bem e para o mal,querendo ou não, o outro é parte de nossa vida e nossa vida é parte do outro.Muitas pessoas se queixam de que a sociedade define muitas regras e que sem elas avida poderia ser melhor. A verdade é que cada um deve definir seu limite, respeitar a suaindividualidade e também a do outro. Aí surge a pergunta: isso também não é umaregra?A necessidade de nos mantermos unidos a outros seres humanos não é um capricho ouum desejo individual, é uma questão de sobrevivência orientada pelo instinto ereferendada pela razão.Aproveite para crescer, melhorar e aperfeiçoar-se como ser humano. Assim, você estarásempre motivado para praticar o bem e para o bem-estar de si mesmo e de todos os queconvivem com você em sociedade.

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Cultura Material e ImaterialA Cultura material consiste em coisas materiais,incluindo instrumentos,artefatos eoutros objetos materiais. Todos os frutos da criação do homem podendo ser também

resultado de determinada tecnologia. Os principais aspectos da cultura material são:habitação,transporte,alimentação e tecnologia. O homem se adapta aos deferentesambientes,mas também os modifica,assim podendo criar e especificar diferentes bensmatérias e apétalos em sua cultura.Já a Cultura imaterial refere-se a elementos não materiais,ou seja, aqueles dedescendem de pensamentos,reflexões e atitudes das sociedades, membros delacompartilham certos conhecimentos e crenças como reais e verdadeiros sendo assimcuidadosamente transmitidos de geração em geração os indivíduos aprendemprincipalmente aquilo que lhes permite a sobrevivência. Entre eles encontram-secrenças,conhecimentos,aptidões,hábitos,normas,valores.

Patrimônio e diversidade cultural no Brasil

O patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e acriatividade dos povos e as riquezas das culturas.O patrimônio cultural mundial é composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítiosque tenham um excepcional e universal valor histórico, estético, arqueológico, científico,etnológico, ou antropológico.Patrimônio cultural suba-quático engloba os vestígios da história arqueológica daexistência do homem, submersos há pelo menos cem anos. Patrimônio natural mundialsignifica as formações físicas, biológicas, e geológicas, habitats de espécies animais evegetais ameaçadas em áreas que tem um valor científico de conservação ou estéticoexcepcional.Patrimônio cultural intangível ou imaterial são as práticas, representações, expressões,conhecimentos e técnicas, junto aos instrumentos e objetos que lhe são associados, os

quais as comunidades reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural.A UNESCO cuida de todo esse acervo através da convenção para a proteção dopatrimônio mundial, cultural e natural.

Lista do Patrimônio Cultural no Brasil

O patrimônio é um legado do passado ao futuro, nós o vivenciamos no presente, tendo-orecebido como herança nos comprometemos a transmiti-los às gerações futuras.Brasília - Plano Piloto, Centro Histórico da Cidade de Goiás, Centro Histórico da Cidade deOlinda, Centro Histórico da Cidade de São Luis, Centro Histórico da Cidade deDiamantina, Centro Histórico da Cidade de Salvador, Centro Histórico de Ouro Preto,Parque Nacional da Serra da Capivara, Ruínas Jesuítico-Guaranis de São Miguel dasMissões, Santuário de Bom Jesus de MatozinhosO Brasil possui riquezas, belezas, e uma enorme diversidade cultural. Essa diversidadecriativa pode ter um papel central no desenvolvimento de projetos culturais no país,especialmente com ênfase nos indígenas e afro-descendentes.Áreas artísticas como o artesanato tradicional, pequenas manufaturas, moda e design,são estratégicas para a melhoria das condições de vida das populações mais pobres. Omaior problema do Brasil, a desigualdade social, pode ser diminuído, com oportunidadesculturais autossustentáveis.Diversidade deve ser sinônimo de culturas específicas, o que pode contribuir para nosconhecermos melhor, com ênfase no pluralismo social.Devemos estar atentos àConvenção sobre a proteção e promoção da Diversidade das Expressões Culturais e àDeclaração Universal sobre Diversidade Cultural.A UNESCO afirma em sua Constituição “que a ampla difusão da cultura e da educação da

humanidade para a justiça, a liberdade, e a paz, são indispensáveis para a dignidade do

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homem e constituem um dever sagrado que todas as Nações devem cumprir, com oespírito de responsabilidade e de ajuda mútua”. A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético. Os projetos culturais devem focaras nossas diversidades e transformá-las em experiências de cidadania.

A conquista da AméricaHá cerca de 40 mil anos a América ainda era desabilitada, e quem foi povoada por

homens de diversas origens. Naquele tempo, os povos que começaram a ocupar aAmerica viviam na Idade da Pedra. Começaram a criar a sua própria tecnologia. A palavraíndio foi dada aos habitantes da America pela ignorância de Colombo. Uma das maneirasde entender as diferenças sociais e culturais entre as sociedades indígenas é examinar otipo de desenvolvimento econômico e tecnológico. As famosas civilizações Inca, Maia eAsteca possuíam uma agricultura sofisticada, que produziu principalmente milho. Essascivilizações montaram cidades espetaculares, com grandes edifícios de pedra, ruascalçadas, magníficas pirâmides. Os Incas viviam principalmente onde hoje é o Peru, masformavam um império com oito milhões de pessoas. O Estado controlava tudo. Os Maiasviviam ao sul do México e na América Central. Construíram cidades extraordinárias,livros, que mais tarde foram destruídos pelos espanhóis. Sua astronomia e matemáticaeram surpreendentes. Os Astecas viviam no México e também se estabeleceram depois

de dominar outros povos. Quando os Europeus chegaram à América, dezenas de Índiosviviam aqui. Na sua cobiça por terras e riquezas, os colonizadores de todas as origensnão hesitavam em forçar os índios a trabalhar como animais, em roubar suas terras e emmatar todos que se rebelassem contra o domínio dos brancos. Uma coisa que favoreceuos espanhóis foi que os Incas e os Astecas formavam impérios que dominavam outrospovos indígenas. Pois esses povos se aliaram aos espanhóis. Para piorar, a presença doseuropeus trouxe doenças que não existiam na América. O resultado de tanta violência foio massacre de milhões de índios e muitos morreram de sarampo e varíola. A violência dosconquistadores não foi apenas física. Foi também cultural. Tudo foi destruído e estáperdido para sempre. O dominador impôs à força sua língua, seus costumes, sua religião.Tudo isso contribuiu para que, mais tarde, o capitalismo europeu pudesse se expandirformidavelmente.

Conflitos entre europeus e indígenas na América colonialComo sabemos o principio expansão marítima era a busca de territórios e novos meios deprodução à riqueza, mas quando chegavam em novos territórios para exploraçãoconfrontavam com outras e diferentes civilizações e etnias.

A história dos Portugueses é um grande exemplo disso, pois quandochegaram a América, quiseram inserir sua cultura para os habitantes nativos e quem nãose conformasse com isso poderia receber severa punição. E com isso foram extintasdiversas culturas, pois os colonizadores não aceitavam o comportamento, religião nem adiversidade de novas culturas, pois o extinto de dominação é maior e essa dominaçãotem que ser completa. Assim se sucedeu diversos conflitos entre colonizadores ecolonizados, pois os colonizados não aceitavam a invasão de um povo querendo dominare podemos definir que a dominação para os colonizados era uma perda de identidadecultural.Há cerca de 40 mil anos a América ainda era desabilitada, e quem foi povoada porhomens de diversas origens. Naquele tempo, os povos que começaram a ocupar aAmerica viviam na Idade da Pedra. Começaram a criar a sua própria tecnologia. A palavraíndio foi dada aos habitantes da America pela ignorância de Colombo. Uma das maneirasde entender as diferenças sociais e culturais entre as sociedades indígenas é examinar otipo de desenvolvimento econômico e tecnológico. As famosas civilizações Inca, Maia eAsteca possuíam uma agricultura sofisticada, que produziu principalmente milho. Essascivilizações montaram cidades espetaculares, com grandes edifícios de pedra, ruascalçadas, magníficas pirâmides. Os Incas viviam principalmente onde hoje é o Peru, masformavam um império com oito milhões de pessoas. O Estado controlava tudo. Os Maiasviviam ao sul do México e na América Central. Construíram cidades extraordinárias,livros, que mais tarde foram destruídos pelos espanhóis. Sua astronomia e matemática

eram surpreendentes. Os Astecas viviam no México e também se estabeleceram depois

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de dominar outros povos. Quando os Europeus chegaram à América, dezenas de Índiosviviam aqui. Na sua cobiça por terras e riquezas, os colonizadores de todas as origensnão hesitavam em forçar os índios a trabalhar como animais, em roubar suas terras e emmatar todos que se rebelassem contra o domínio dos brancos. Uma coisa que favoreceuos espanhóis foi que os Incas e os Astecas formavam impérios que dominavam outrospovos indígenas. Pois esses povos se aliaram aos espanhóis. Para piorar, a presença doseuropeus trouxe doenças que não existiam na América. O resultado de tanta violência foi

o massacre de milhões de índios e muitos morreram de sarampo e varíola. A violência dosconquistadores não foi apenas física. Foi também cultural. Tudo foi destruído e estáperdido para sempre. O dominador impôs à força sua língua, seus costumes, sua religião.Tudo isso contribuiu para que, mais tarde, o capitalismo europeu pudesse se expandirformidavelmente.

A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América  A escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os

primórdios de nossa história, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizadospor seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidoscomo escravos desde os começos da História.

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira

metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias naÁfrica para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Oscomerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossemmercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles maisfracos ou velhos. O transporte era feito da África para o Brasil nos porões dos naviosnegreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar aoBrasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.

O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foramcomuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nasflorestas os famosos quilombos. Estes eram comunidades bem organizadas, onde osintegrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes doque existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua eexercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado

por Zumbi.A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pelaInglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, oParlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos,dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países que faziamesta prática.

Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio deQueiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada aLei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daqueladata. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdadeaos escravos com mais de 60 anos de idade. Somente no final do século XIX é que aescravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maiode 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.

Durante o período pré-colonial (1500 – 1530), os portuguesesdesenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na MataAtlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pelasua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pelacolaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércioprimitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias europeias baratas edesconhecidas, os índios extraíam e transportavam o pau-brasil para os portugueses atéo litoral.Houve reações em todos os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores atéa morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominaçãoportuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanasdesconheciam a hierarquia e, consequentemente, não aceitavam o trabalho compulsório.

Antes dos estudos etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente,

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século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente "inaptos" ao trabalho, tese quenão se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impactodesestabilizador do domínio forçado.

História Cultural dos Povos Africanos Noções Iniciais

Diversidade Cultural;Ligação com a História do Brasil;Cultura Brasileira;Século XIX – Abolicionismo;

O Povo BérberePovos nômades do Deserto do Saara;Praticavam comércio;Utilizavam o camelo como principal transporte;Durante as viagens levavam e traziam

informações e aspectos culturais;

Os BantosHabitavam o noroeste da África – Nigéria,Mali, Mauritânia e Camarões;

Eram agricultores;Conheciam a metalurgia;Formaram o reino do Congo;O Rei Manicongo – cobrava impostos em

forma de mercadorias e alimentos;Poderes sagrados do Rei;

Os Soninkés e o Império de GanaHabitavam a região sul do deserto do Saara;Reis: Caia-maga;

Viviam de criação de animais, agricultura epesca;

Reservas de ouro;

A Costa do OuroCosta de Gana – Forte presença européia;Dominação inglesa no século XIX;Principal contribuição cultural – Tecido

 “Kente”; 

Império SongaiFormado a partir do que era o Império Mali;Presença islâmica na África;Prática do Comércio;

Império IorubáSudoeste da Atual Nigéria;Organizados em aldeias;Presença forte na Bahia;

Império do BeninSul da Nigéria;Desenvolvimento da arte;Reis – Obás;Intenso comércio;

Cultos religiosos;

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Contato com portugueses e árabes;Comércio de escravos;

Vinculações entre África e o BrasilTráfico já era praticado no continente;Relação com Brasil;

A luta dos negros no Brasil e o negro na formação da sociedadebrasileira

 “Onde houve escravidão houve resistência. E de vários tipos. Mesmo sob a ameaça dochicote, o escravo negociava espaços de autonomia com os senhores ou fazia corpo moleno trabalho,quebrava ferramentas, incendiava plantações, agredia senhores e feitores,rebelava-se individual e coletivamente. (...)” SILVA, Eduardo. REIS, João José. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasilescravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

No início da década de 90, surge no cenário da historiografia brasileira, o

polêmico historiador Jacob Gorender, com sua obra provocativa “A EscravidãoReabilitada”, o Gorender, admite o escravo não aceitava a escravidão. Era obrigado aadaptar-se a ela. Demonstração disso, eram não só as fugas para os quilombos, dasinsurreições, mas também na vida cotidiana, como mau trabalhador, como sabotador dotrabalho, exigindo assim, um alto custo de vigilância. “O escravo era um sujeito, tinhasubjetividade, podia reagir ao senhor, seja pela insubordinação, pela astúcia, ou pelaviolência, ou mesmo em alguns casos – pela negociação. Isso não deixava de fazer comque, então socialmente, ele fosse uma coisa”. 

Diante do exposto, podemos observar que a historiografia brasileira por muitotempo encarou a escravidão de forma bastante rígida. O escravo foi visto alternadamentecomo herói ou vítima e, sempre como objeto, de seus senhores, de seus própriosimpulsos, ou ainda a história que se propunha estuda-lo.

Recentemente, na historiografia brasileira, vem ganhando corpo uma

abordagem que vê a escravidão, sobretudo da perspectiva do escravo, um escravo real,não reificado nem mitificado, resgatando assim as pequenas e grandes conquistas dodia-a-dia daqueles que, inversamente ao que até hoje se supôs, resistiam a se tornarmeras engrenagens do sistema que os escravizara.

História dos povos indígenas e a formação sociocultural brasileira

História dos Índios no Brasil, as tribos indígenas, o contato entre índios e portugueses, acultura indígena, o trabalho entre as tribos indígenas, a organização dos índios, asnações indígenas.

IntroduçãoHistoriadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América haviaaproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, essenúmero chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileirosestavam divididos em tribos, de acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam:tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central),aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia).Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro,principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cercade 200 etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antesda chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribosperdessem sua identidade cultural.A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses.

O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para

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ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundoscompletamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época,graças a Carta de Pero Vaz de Caminha ( escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agriculturade milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Estaagricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara

( derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio).Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato ecapivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é relatado queos índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha.As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas ereligiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos,cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigocomum.Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar queíndio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a suasobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações(ocas ). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A

cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticosem geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para ascerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.A organização social dos índiosEntre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmodireitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos equando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas osinstrumentos de trabalho ( machado, arcos, flechas, arpões ) são de propriedadeindividual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexoe idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já oshomens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra ederrubada das árvores.Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o

sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Eletambém é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele quefaz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudarna cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organizae orienta os índios.A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos comocurumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que osadultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar oindiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica evinculada a realidade da vida da tribo. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passapor um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.

Os contatos entre indígenas e portuguesesComo dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração erespeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando osportugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitosindígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para osindígenas em troca de seu trabalho.O canto que se segue foi muito prejudicial aos povos indígenas. Interessados nas terras,os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam amatar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar asterras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequenosnúmero de índios que temos hoje.A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portuguesesachavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao

seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e

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grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los aocristianismo e fazer os índios seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, osíndios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.

CanibalismoAlgumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o litoralda região sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que ao

comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia econhecimentos. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas fracas oucovardes. A prática do canibalismo era feira em rituais simbólicos.

Religião IndígenaCada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas astribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estesdeuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável portransmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam aenterrar o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáverficavam os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após amorte.

Índios do BrasilAs tribos que tinham como base de sua sobrevivência a agricultura se concentravam emsua maior parte em território brasileiro, já que com clima tropical e auxílio da florestatropical, eram abundantes os recursos naturais encontrados.A formação social era bastante simples, as aldeias não tinham grandes concentraçõespopulacionais e as atividades eram exercidas de forma coletiva. O índio que caçasse oupescasse mais, dividiria seu alimento com os demais.A coletividade era uma característica marcante entre os índios. Suas cabanas eramdivididas entre vários casais e seus filhos, não havia classes sociais, mesmo o chefe datribo dividiria sua cabana.As técnicas utilizadas eram simples porque correspondiam a uma produção pequena,voltada para a agricultura de subsistência, já que o comércio entre aldeias não aconteciacomo nas civilizações mais avançadas como Astecas e Incas. Para plantar mandioca, por

exemplo, cavavam o chão com algum objeto pontiagudo feito de madeira e enfiavam arama. Depois de algum tempo arrancavam a mandioca e a transformavam em farinha,por um processo também muito simples. O mesmo se pode dizer da preparação do peixee da caça, que eram moqueados numa grelha, isto é, levemente assados em fogobrando.Além do cultivo da mandioca, os índios também se dedicavam ao cultivo do milho,batata-doce e abóbora. O preparo da roça para plantio se consistia no corte do mato aoredor da aldeia e atear fogo ao vegetal seco para limpar o terreno, processo que éutilizado ainda hoje.Quase todas as atividades eram feitas próximo às aldeias, pois era necessário que tudoque precisassem não estivesse longe. A caça ou a pesca eram feitas nas matas e nos riospróximos, já que as aldeias se localizavam em regiões ribeirinhas. As roças, tambémpróximas às aldeias, eram cultivadas na maioria das vezes pelas mulheres. Os homensquase sempre cuidavam da caça e das guerras.Havia uma relação muito equilibrada entre o homem e a natureza. O único extrativismoexistente era exclusivamente para a sobrevivência das aldeias, sendo assim, não haviadesperdícios e a natureza se regenerava sem problemas, mantendo o ciclo ecológico emperfeita harmonia.

Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vidapolítica e social

Antiguidade clássicaO termo Antiguidade clássica refere-se a um longo período da História da Europa que seestende aproximadamente do século VIII a.C., com o surgimento da poesia grega de

Homero, à queda do Império Romano do ocidente no século V d.C., mais precisamente no

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ano 476. No eixo condutor desta época, que ao contrário de outras anteriores ouposteriores, estão os fatores culturais das suas civilizações mais marcantes, a Grécia e aRoma antiga.

Arte da Antiguidade ClássicaNa Antiguidade Clássica não se vislumbrava qualquer diferenciação entre arte e técnica.A teknê grega, bem como a ars latina referiam-se não só a uma habilidade, a um saber

fazer, a uma espécie de conhecimento técnico, mas também ao trabalho, à profissão, aodesempenho de uma tarefa. O técnico era aquele que executava um trabalho, fazendo-ocom uma espécie de perfeição ou estilo, em virtude de possuir o conhecimento e acompreensão dos princípios envolvidos no desempenho.Sempre associada ao trabalho dos artesãos, a arte era susceptível de ser aprendida eaperfeiçoada, até se tornar uma competência especial na produção de um objeto. Por nãoresultarem apenas de uma competência ou mestria obtidas por aprendizagem, massobretudo do bafejo de um talento pessoal, a composição musical e a poesia não faziamparte da arte.

Estilo góticoO estilo gótico designa uma fase da história da arte ocidental, identificável por

características muito próprias de contexto social, político e religioso em conjugação comvalores estéticos e filosóficos e que surge como resposta à austeridade do estiloromânico.Este movimento cultural e artístico desenvolve-se durante a Idade Média, no contexto doRenascimento do Século XII e prolonga-se até ao advento do Renascimento em Florença,quando a inspiração clássica quebra a linguagem artística até então difundida.Os primeiros passos são dados a meados do século XII em França no campo daarquitetura (mais especificamente na construção de catedrais) e, acabando por abrangeroutras disciplinas estéticas, estende-se pela Europa até ao início do século XVI, já nãoapresentando então uma uniformidade geográfica.A arquitetura, em comunhão com a religião, vai formar o eixo de maior relevo destemovimento e vai cunhar profundamente todo o desenvolvimento estético.

O termoQuando a nova estética se expande além das fronteiras francesas, a sua origem vai ser abase para a sua designação, art français, francigenum opus (trabalho francês) ou opusmodernum (trabalho moderno). Mas vai ser só quando o Renascimento toma o lugar dalinguagem anterior que os novos valores vão entrar em conflito com os ideais góticos e otermo atual nasce. Na Itália do século XVI , e sob a fascinação pela glória e cânones daantiguidade clássica, o termo gótico vai ser referido pela primeira vez por Giorgio Vasari,considerado o fundador da história da arte. Aos olhos deste autor e dos seuscontemporâneos, a arte da Idade Média, especialmente no campo da arquitetura, é ooposto da perfeição, é o obscuro e o negativo, relacionando-a neste ponto com os godos,povo que semeou a destruição na Roma Antiga em 410. Vasari cria assim o termo góticocom fortes conotações pejorativas, designando um estilo somente digno de bárbaros evândalos, mas que nada tem a ver com os antigos povos germânicos (visigodos eostrogodos).Somente alguns séculos mais tarde, durante o romantismo nas primeiras décadas doséculo XIX, vai ser valorizada a filosofia estética do gótico. A arte volta-se novamentepara o passado, mas agora para o período misterioso e desconhecido da Idade Média.Goethe, também fascinado pela imponência das grandes catedrais góticas na Alemanha,vai acabar por ajudar ao impulso desta redescoberta da originalidade do período gótico,exprimindo as emoções que lhe são despertas ao admirar os gigantes edifícios de pedra.Neste momento nasce o neogótico que define e expande o gosto pela utilização deelementos decorativos góticos e que reconhece pela primeira vez as diferenças artísticasque separam o estilo românico do gótico.

Contexto e primeiros passos 

Os séculos XI e XII são séculos de mudanças sociais, políticas e econômicas que em

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muito vão fazer despoletar as necessidades de uma expressão artística mais adequada àsnovas premissas sociais.O comércio está em expansão e a Flandres, como centro das grandes transaçõescomerciais, leva ao desenvolvimento das comunicações e rotas entre os diversos povos ereduz as distâncias entre si, facilitando não só o comércio de bens físicos, como tambéma troca de ideais estéticos entre os países. A economia prospera e nasce um novo mundocosmopolita que se alimenta do turbilhão das cidades em crescimento e participa de um

movimento intelectual em ascensão.Paralelamente assiste-se ao crescimento do poder político representado pelo monarca eà solidificação do Estado unificado, poderosa entidade que vai aspirar a algo que lhedevolva a dignidade e a glória de outros tempos e que ajude a nação a apoiar a imagemdo soberano.A igreja, por seu lado, vai compreender que os fiéis se concentram nas cidades e vaideixar de estar tão ligada à comunidade monástica, virando-se agora para o projeto doque será o local por excelência do culto religioso, a catedral. Ao contrário da construçãohumilde e empírica do românico, a construção religiosa gótica abre portas a um espaçopúblico de ensinamento da história bíblica, de grandiosidade, símbolo da glória de Deuse da igreja, símbolo do poder econômico da burguesia, do estado e de todos os quefinanciaram a elevação do emblema citadino.

A filosofia da luz e a Abadia de Saint-DenisO nascimento do estilo, mais que o seu desaparecimento, pode ser definidocronologicamente com clareza, nomeadamente no momento da reconstrução da abadiareal de Saint-Denis sob orientação do abade Suger entre 1137 e 1144. Esta abadiabeneditina situada nas proximidades de Paris, em França, vai ser o veículo utilizado àcomunicação dos novos valores simbólicos: por um lado a dignificação da monarquia, poroutro a glorificação da religião. Este empreendimento tem por objetivo apresentar omaior centro patriótico e espiritual de toda a França, ofuscando todas as outras igrejas deperegrinação, trazendo para si mais crentes e restabelecer a confiança entre a igreja e oseu rebanho.Para materializar esta ideia várias fontes e influências terrenas vão ter de ser, noentanto, bem contabilizadas e fundidas. A cabeceira (zona este da igreja) vai ser

emprestada das já existentes igrejas de peregrinação, com ábside, deambulatório ecapelas radiantes, assim como a utilização do arco quebrado de influência normanda. Atécnica construtiva dá também neste momento um avanço significativo contribuindo coma abóbada de nervuras (sobre cruzaria de ogivas) e que vai permitir uma maior dinâmicae flexibilidade de construção. O impulso destas abóbadas vai ser recebido porcontrafortes no exterior do edifício, libertando o espaço interior e dotando-o de umaleveza extraordinária.Mas mais que uma junção de elementos, o estilo gótico é afirmação de uma novafilosofia. A estrutura apresenta algo novo, uma harmonia e proporção inovadorasresultado de relações matemáticas, de ordens claras impregnadas de simbolismo. Suger,que é fortemente influenciado pela teologia de Pseudo-Dionísio, o Areopagita, aspira umarepresentação material da Jerusalém Celeste. A luz é a comunicação do divino, osobrenatural, é o veículo real para a comunhão com o sagrado, através dela o homemcomum pode admirar a glória de Deus e melhor aperceber-se da sua mortalidade einferioridade. Fisicamente a luz vai ter um papel de importância crucial no interior dacatedral, vai-se difundir através dos grandes vitrais numa áurea de misticismo e a suacarga simbólica vai ser reforçada pela acentuação do verticalismo. As paredes, agoralibertas da sua função de apoio, expandem em altura e permitem a metamorfose dointerior num espaço gracioso e etéreo.O espaço é acessível ao homem comum, atrai-o de uma maneira palpável, que ele écapaz de assimilar e compreender, o templo torna-se o ponto de contacto com o divino,um livro de pedra iconográfico que ilustra e ensina os valores religiosos e que vai, a partirdeste momento, continuar o aperfeiçoamento da mesma.

Expansão, ramificação e uniformização

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O núcleo central do estilo resume-se inicialmente à zona da Île-de-France, que abarca azona de Paris e arredores, mas estende-se eventualmente a todo o território francês etransborda mesmo para lá das fronteiras ramificando-se pela Europa Ocidental,principalmente a norte dos Alpes. A expansão do movimento alastra com o tempo paraInglaterra, Alemanha, Itália, Polônia e até à península Ibérica, embora aqui com menosimpacto.Seguindo as rotas comerciais o estilo é exportado e vai permanecer por algum tempo

como uma estética de caráter estrangeiro e adaptado. Já no decorrer do século XIIIimpõem-se as influências regionais e o estilo assume, dentro de um mesmo eixocondutor, diversas facetas demarcadas pelas diferentes culturas e tradições europeias.Mas a corrente artística não vai permanecer imutável e, do mesmo modo que se ramifica,vai acabar por se influenciar mutuamente e formar um conjunto uniforme e homogêneopor volta de 1400, denominado Gótico internacional. Nos meados do século XV a áreade domínio gótica começa a reduzir e está praticamente extinta um século depois quandoo Proto-Renascimento lança as primeiras ideias.Em geral verifica-se que, em termos de permanência temporal, o movimento artísticodifere profundamente de local para local, podendo-se, no entanto, definiraproximadamente as diferentes fases que o compõem.

Gótico primitivo, ou Proto-gótico Assumem-se as ideias base e dão-se os primeiros passos com a reconstrução da Abadiade Saint-Denis.Gótico pleno, ou Gótico clássicoAperfeiçoam-se as inovadoras técnicas de construção e entra-se na fase do domínioconstrutivo arquitetônico com o tempo das grandes catedrais.Gótico tardioA expressão artística torna-se menos ambiciosa, fruto da crise econômica e da Pestenegra do século XIV a par com uma religião mais terrena e mundana praticada pelasordens mendicantes.Variantes decorativasGótico lanceolado: De 1200 a 1300.

Gótico radiante, irradiante ou rayonnant (século XIV de 1300 a 1400, uso de linhasradiais na traceria)Gótico perpendicular (Inglaterra, século XIV, uso de linhas perpendiculares)Gótico flamejante ou flamboyant (França, século XV de 1400 a 1500). Momentodefinido pela exuberância da decoração escultórica nos edifícios arquitetônicos. A própriadesignação do momento (flamejante, que deriva de chama) traduz a essência do novogosto por uma ornamentação fluída e ondulante que cobre toda a superfície arquitetônicacomo uma teia. Neste momento não existem, no entanto, evoluções estruturais.

Nominalismo

O nominalismo é a doutrina que não admite a existência do universal nem no mundo dascoisas, nem no pensamento. Surgiu na sua forma mais radical no século XI porintermédio de Roscelino de Compiègne. Esse atribuía universalidade aos nomes, daí aorigem do termo.

Surgimento e desenvolvimentoSurge como uma possível solução à questão: o universal (conceito, ideia ou essênciacomum a todas as coisas que indicamos pelo mesmo nome) é algo de real ou não seráantes um ato simples de nossa mente expresso por um nome? Os conceitos são realidade(res) ou palavras (voces)?Três soluções fundamentais desse problema são: o realismo, o conceitualismo e onominalismo.

Para o nominalismo o universal é um puro nome, um flatus vocis (pura emissão fonética).

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Para o realismo os universais existem objetivamente, seja na forma realidades em si,transcendentes em relação aos particulares (como em Platão, universais ante rem), oucomo imanentes encontrados nas coisas individuais (como para Aristóteles, universidadein re).Para o conceitualismo, os universais são apenas conteúdos de nossa mente, inteligíveisou conceitos, representações do intelecto que as deriva das coisas (universalia post rem)e dessas guarda alguma semelhança.

A questão dos universais, inicialmente lógico-gramatical, estendeu-se para os problemasteológicos e metafísicos, atingindo o conjunto de dogmas da igreja cristã. Por exemplo,João Roscelino (falecido em 1120), mestre de Abelardo, com seu conceitualismo colocaem dúvida o dogma trinitário de Deus: a única substância divina não passa de um nome,as três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) são três substâncias diversas, indicadas porum nome comum. Assim surgiu a heresia do triteísmo, condenada em 1092 pelo Concíliode Reims, no qual muitos temiam pelas verdades da fé.Abelardo foi um dos principais promotores da lógica até o século XIII. Sua obra"Dialética" libertava a lógica da metafísica dando-lhe autonomia.

Nominalismo de semelhança 

Os metafísicos dizem coisas diferentes sobre a relação entre um particular e umuniversal. Para um realista, um particular é uma instância de um gênero universal,enquanto para um nominalista, não há tal gênero universal. Mas, então, qual ofundamento da aplicação de um mesmo predicado (o qual denota um universal) a váriosparticulares? Esse é um problema para os nominalistas, e uma maneira de respondê-lo éo nominalismo de semelhança.Segundo o nominalismo de semelhança, o fundamento da aplicação de um mesmopredicado a diferentes particulares está no fato de que há alguma semelhança entre osmesmos. Para os nominalistas de semelhança, a semelhança não é um fruto da pertençados particulares a um mesmo universal como instâncias do mesmo, mas sim ofundamento último da atribuição do mesmo predicado a diferentes particulares quesejam semelhantes. Assim, por exemplo, os particulares que colocamos sob o predicado"tomate" não são instâncias do universal "tomatidade", são apenas particulares que são

semelhantes entre si, e o mesmo pode se dizer das coisas que são verdes, pesadas,douradas etc.Dentre os principais nominalistas de semelhança estão os filósofos David Hume, H. H.Price, e Rudolf Carnap, Ludwig Wittgenstein, com sua proposta de ver as instâncias deum predicado como tendo em comum uma "semelhança de família", também pode servisto como o defensor de uma variedade de nominalismo de semelhança. 6 Dentre osfilósofos da nova geração, Gonzalo Rodriguez-Pereira é um dos principais defensores donominalismo de semelhança.

TrovadorismoTrovadorismo, também conhecido como Primeira Época Medieval, é o primeiromovimento literário da língua portuguesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo períodoem que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII; porém,as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda aEuropa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu característicaspróprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.

As origens do TrovadorismoSão admitidas quatro teses fundamentais para explicar a origem do trovadorismo: a tesearábica, que considera a cultura arábica como sua velha raiz; a tese folclórica, que a julgacriada pelo próprio povo; a tese médio-latinista, segundo a qual essa poesia teria origemna literatura latina produzida durante a Idade Média; e, por fim, a tese litúrgica, que aconsidera fruto da poesia litúrgico-cristã elaborada na mesma época. Todavia, nenhumadas teses citadas é suficiente em si mesma, deixando-nos na posição de aceitá-lasconjuntamente, a fim de melhor abarcar os aspectos constantes dessa poesia.

A mais antiga manifestação literária galaico-portuguesa que se pode datar é a cantiga

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"Ora faz host'o senhor de Navarra", do trovador português João Soares de Paiva ou JoãoSoares de Pávia, composta provavelmente por volta do ano 1200. Por essa cantiga ser amais antiga datável (por conter dados históricos precisos), convém datar daí o início doLírica medieval galego-portuguesa (e não, como se supunha, a partir da "Cantiga deGuarvaia", composta por Paio Soares de Taveirós, cuja data de composição é impossívelde apurar com exatidão, mas que, tendo em conta os dados biográficos do seu autor, écertamente bastante posterior). Este texto também é chamado de "Cantiga da

Ribeirinha" por ter sido dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a ribeirinha. De 1200, aLírica galego-portuguesa se estende até meados do século XIV, sendo usual referir comotermo o ano de 1350, data do testamento do Conde D. Pedro, Conde de Barcelos|D.Pedro de Barcelos, filho primogênito bastardo de D. Dinis, ele próprio trovador e provávelcompilador das cantigas (no testamento, D. Pedro lega um "Livro das Cantigas" a seusobrinho, D.Afonso XI de Castela).Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que asacompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. A designação "trovador"aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os autores de origem vilã tinham onome de jogral, termo que designava igualmente o seu estatuto de profissional (emcontraste com o trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava ecantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos trovadores

interpretasse igualmente as suas próprias composições.A mentalidade da época baseada no teocentrismo serviu como base para a estrutura dacantiga de amigo, em que o amor espiritual e inatingível é retratado. As cantigas,primeiramente destinadas ao canto, foram depois manuscritas em cadernos deapontamentos, que mais tarde foram postas em coletâneas de canções chamadasCancioneiros (livros que reuniam grande número de trovas). São conhecidos trêsCancioneiros galego-portugueses: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da BibliotecaNacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o "Cancioneiro da Vaticana". Além disso, há umquarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso X de Leão e Castela, OSábio. Surgiram também os textos em prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopese Gomes Eanes de Zurara e as novelas de cavalaria, como a demanda do Santo Graal...

Classificação das cantigas

Com base na maioria das cantigas reunidas nos cancioneiros, podemos classificá-las daseguinte forma:Cantigas Lírico-Amorosas- Cantigas de Amor- Cantigas de AmigoCantigas Satíricas- Cantigas de Escárnio- Cantigas de Maldizer

A cantiga de amor O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, naposição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esseamor um objeto de sonho, distante, impossível. Mas nunca consegue conquistá-la,porque tem medo e também porque ela rejeita sua canção.Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-lírico é masculino esofredor. Sua amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em or como senhorou pastor, em galego-português não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor,a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica.Ele canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra frequente nascantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à sua amada que se submete e"presta serviço", por isso espera benefício (referido como o bem nas trovas).Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz asrelações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua estrutura é mais sofisticada.São tipos de Cantiga de Amor:

Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de cantiga de amor. Não apresenta refrão,

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nem estribilho, nem repetições (diz respeito à forma.)

Cantiga de Tense ou Tenção: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio. Gira emtorno da mesma mulher.

Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou por uma pastora(plebéia).

Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernardo de Bonaval):"A dona que eu am'e tenho por Senhoramostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,se non dade-me-a morte.A que tenh'eu por lume d'estes olhos meuse porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,se non dade-me-a morte.Essa que Vós fezestes melhor parecerde quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,mostrade-me-a algo possa con ela falar,se non dade-me-a morte."Eu lírico masculinoAssunto Principal: o sofrimento amoroso do eu-lírico perante uma mulher idealizada edistante.Amor cortês; vassalagem amorosa.Amor impossível.Ambientação aristocrática das cortes.Forte influência provençal.Vassalagem amorosa “o eu lírico usa o pronome de tratamento “senhor”“. 

A cantiga de amigo 

São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações,paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantadose que propiciam facilidade na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje,nas canções populares.

Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras, teve suas origens naPenínsula Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o autor era masculino, devido àsociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor peloamigo (isto é, namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes tambémem diálogo com sua mãe ou suas amigas. A figura feminina que as cantigas de amigodesenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentandoa ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. Outradiferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é umamulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela idade seu amado à guerra.Exemplo (de D. Dinis)"Ai flores, ai flores do verde pino,se sabedes novas do meu amigo!ai Deus, e u é?Ai flores, ai flores do verde ramo,se sabedes novas do meu amado!ai Deus, e u é?Se sabedes novas do meu amigo,aquel que mentiu do que pôs comigo!ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

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aquel que mentiu do que mi há jurado!ai Deus, e u é?"(...)Eu lírico feminino.Presença de paralelismos.Predomínio da musicalidade.Assunto Principal: o lamento da moça cujo namorado partiu.

Amor natural e espontâneo.Amor possível.Ambientação popular rural ou urbana.Influência da tradição oral ibérica.Deus é o elemento mais importante do poema.Pouca subjetividade.

A cantiga de escárnio Em cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira eraindireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na grafiada época) definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal

de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, em um processoque os trovadores chamavam "equívoco". O cômico que caracteriza essas cantigas épredominantemente verbal, dependente, portanto, do emprego de recursos retóricos. Acantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que odestinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe umaexpressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz. Exemplo de cantiga de escárnio.Ai, dona fea, foste-vos queixarque vos nunca louv[o] em meu cantar;mais ora quero fazer um cantarem que vos loarei toda via;e vedes como vos quero loar:dona fea, velha e sandia! (...)Crítica indireta; normalmente a pessoa satirizada não é identificada.

Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, trocadilho e ambiguidades.Ironia.

A cantiga de maldizer Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e semduplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, sãoutilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.Exemplo de cantigas João Garcia de Guilhade"Ai dona fea! Foste-vos queixarQue vos nunca louv'en meu trobarMais ora quero fazer un cantarEn que vos loarei toda via;E vedes como vos quero loar:Dona fea, velha e sandia!Ai dona fea! Se Deus mi pardon!E pois havedes tan gran coraçonQue vos eu loe en esta razon,Vos quero já loar toda via;E vedes qual será a loaçon:Dona fea, velha e sandia!Dona fea, nunca vos eu loeiEn meu trobar, pero muito trobei;Mais ora já en bom cantar fareiEn que vos loarei toda via;E direi-vos como vos loarei:

Dona fea, velha e sandia!"

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Este texto é enquadrado como cantiga de escárnio já que a sátira é indireta e não cita-seo nome da pessoa especifica. Mas, se o nome fosse citado ela seria uma Cantiga deMaldizer, pois contém todas as características diretas como sátira da "Dona". Existe asuposição que Joan Garcia escreveu a cantiga anterior uma senhora que reclamava porele não ter escrito nada em homenagem a ela. Joan Garcia de tanto ouvi-lá dizer, teriaproduzido a cantiga.Crítica direta; geralmente a pessoa satirizada é identificada

Linguagem agressiva, direta, por vezes obscenaZombariaLinguagem Culta

Humanismo

Humanismo é a filosofia moral que coloca os humanos como principais, numa escala deimportância. É uma perspectiva comum a uma grande variedade de posturas éticas queatribuem a maior importância à dignidade, aspirações e capacidades humanas,particularmente a racionalidade. Embora a palavra possa ter diversos sentidos, osignificado filosófico essencial destaca-se por contraposição ao apelo ao sobrenatural oua uma autoridade superior. Desde o século XIX, o humanismo tem sido associado ao

anti-clericalismo herdado dos filósofos Iluministas do século XVIII. O termo abrangereligiões não teístas organizadas, o humanismo secular e uma postura de vidahumanista.

Vertentes do humanismo 

O humanismo marxista é a linha interpretativa de textos de Marx, geralmente opostaao materialismo dialético de Engels e de outras linhas de interpretação que entendem omarxismo como ciência da economia e da história.É baseado nos manuscritos da adolescência de Marx, nos quais ele critica o idealismoHegeliano que apresenta a história da Humanidade como realização do espírito. ParaMarx, o Homem é antes de tudo parte da Natureza, mas diferentemente deFeuerbach,considera que o ser humano possui uma característica que lhe é particular, a consciência

- que se manifesta como saber. Segundo Salvatore Puledda, em Interpretaciones delHumanismo, "através de sua atividade consciente o ser humano se objetiva no mundonatural, aproximando-o sempre mais de si, fazendo-o cada vez mais parecido com ele: oque antes era simples natureza,agora se transforma em um produto humano. Portanto,se o homem é um ser natural, a natureza é, por sua vez, natureza humanizada, ou seja,transformada conscientemente pelo homem."Os humanistas, como o nome indica, são mais empiristas e menos espirituais; sãogeralmente associados a cientistas e acadêmicos, embora a filosofia não se limite a essesgrupos. Têm preocupação com a ética e afirmam a dignidade do ser humano, recusandoexplicações transcendentais e preferindo o racionalismo. São ateus, agnósticos ou aindaignósticos.O humanismo renascentista propõe o antropocentrismo. O antropocentrismo era aideia de "o homem ser o centro do pensamento filosófico", ao contrário do teocentrismo,a ideia de "Deus no centro do pensamento filosófico". O antropocentrismo surgiu a partirdo renascimento cultural.O humanismo positivista comtiano afirma o ser humano e rejeita a teologia e ametafísica. A forma mais profunda e coerente do humanismo comtiano é sua vertentereligiosa, ou seja, a Religião da Humanidade, que propõe a substituição moral, filosófica,política e epistemológica das entidades supranaturais (os "deuses" ou as "entidades"abstratas da metafísica) pela concepção de "Humanidade". Além disso, afirma ahistoricidade do ser humano e a necessidade de uma percepção totalizante do homem,ou seja, que o perceba como afetivo, racional e prático ao mesmo tempo.O humanismo logosófico propõe ao ser humano a realização de um processo deevolução que o leve a superar suas qualidades até alcançar a excelência de sua condiçãohumana. González Pecotche afirma que o humanismo logosófico "parte do próprio ser

sensível e pensante, que busca consumar dentro de si o processo evolutivo que toda a

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humanidade deve seguir. Sua realização nesse sentido haverá, depois, de fazer dele umexemplo real daquilo que cada integrante da grande família humana pode alcançar".O humanismo universalista possui como um dos principais valores o de serinternacionalista, aspira uma nação humana universal, porém não quer um mundouniforme, mas sim um mundo múltiplo, múltiplo em etnias, línguas e costumes;múltiplos nas crenças, no ateísmo e na religiosidade; o humanismo universalista nãoquer dirigentes nem chefes, nem ninguém que se sinta representante de nada. Outro

valor de suma importância pertencente ao humanismo universalista é a não violênciaativa como meio de atuação no mundo. O fundador desta vertente humanista (MarioRodrigues Luis Cobos) diz: Nada acima do ser humano e nenhum humano abaixo deoutro.

Escola literária Também há a escola literária chamada Humanismo, que surgiu no século XIV,perdurando até o final do século XV, através do humanismo que surge o Renascimento.Nesse período, destacam-se as prosas doutrinárias, dirigidas à nobreza. Já as poesias,que eram cultivadas por fidalgos, utilizavam o verso de sete e de cinco silabas,respectivamente a redondilha maior e menor. Entre os autores dessa poesia palaciana,reunida no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, destacam-se Sá de Miranda,

Bernardim Ribeiro, Jorge de Aguiar, João Ruiz de Castelo Branco, Garcia de Resende,Jorge d' Aguiar, Aires Teles, Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, entre outros.

Renascimento

IntroduçãoDurante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica.Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença.

Contexto Histórico

As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e adiversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento

do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeramriquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiraspara investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos,escritores, etc.

Os governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aosartistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha porobjetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem maispopulares entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muitocomum as famílias nobres encomendarem pinturas (retratos) e esculturas junto aosartistas.

Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período, dando origema uma grande quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo,Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual. Poreste motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento.

Características Principais:

- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, osgregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contrário doshomens medievais;

- As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligência, oconhecimento e o dom artístico;

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- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus(teocentrismo), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem(antropocentrismo);

- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. O homemrenascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais ede observação da natureza e universo.

Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova, Veneza eFlorença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricoscomerciantes, conhecidos como mecenas, começaram a investir nas artes,aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a Itália é conhecidacomo o berço do Renascentismo. Porém, este movimento cultural não se limitou àPenínsula Itálica. Espalhou-se para outros países europeus como, por exemplo,Inglaterra, Espanha, Portugal, França, Polônia e Países Baixos.

Principais representantes do Renascimento Italiano e suas principais obras:

- Giotto di Bondone (1266-1337) - pintor e arquiteto italiano. Um dos precursores do

Renascimento. Obras principais: O Beijo de Judas, A Lamentação e Julgamento Final.- Fra Angelico (1395 - 1455) - pintor da fase inicial do Renascimento. Pintou iluminuras,altares e afrescos. Obras principais: A coração da virgem, A Anunciação e Adoração dosMagos.

- Michelangelo Buonarroti (1475-1564)- destacou-se em arquitetura, pintura eescultura.Obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina (Juízo Final é amais conhecida).

- Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas (representações da Virgem Mariacom o menino Jesus).

- Leonardo da Vinci (1452-1519)- pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor,etc. Obras principais: Mona Lisa, Última Ceia.

- Sandro Botticelli - (1445-1510)- pintor italiano, abordou temas mitológicos e religiosos.Obras principais: O nascimento de Vênus e Primavera.

- Tintoretto - (1518-1594) - importante pintor veneziano da fase final do Renascimento.Obras principais: Paraíso e Última Ceia.

- Veronese - (1528-1588) - nascido em Verona, foi um importante pintor maneirista doRenascimento Italiano. Obras principais: A batalha de Lepanto e São Jerônimo noDeserto.

- Ticiano - (1488-1576) - o mais importante pintor da Escola de Veneza do RenascimentoItaliano. Sua grande obra foi O imperador Carlos V em Muhlberg de 1548.

Renascimento Científico

Na área científica podemos mencionar a importância dos estudos de astronomia dopolonês Nicolau Copérnico. Este defendeu a revolucionária ideia do heliocentrismo (teoriaque defendia que o Sol estava no centro do sistema solar). Copérnico também estudou osmovimentos das estrelas.

Nesta mesma área, o italiano Galileu Galilei desenvolveu instrumentos ópticos, além deconstruir telescópios para aprimorar o estudo celeste. Este cientista também defendeu a

ideia de que a Terra girava em torno do Sol. Este motivo fez com que Galilei fosse

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perseguido, preso e condenado pela Inquisição da Igreja Católica, que considerava estaideia como sendo uma heresia. Galileu teve que desmentir suas ideias para fugir dafogueira.

A invenção da prensa móvel, feita pelo inventor alemão Gutenberg em 1439,revolucionou o sistema de produção de livros no século XV. Com este sistema, quesubstituiu o método manuscrito, os livros passaram a ser feitos de forma mais rápida e

barata. A invenção foi de extrema importância para o aumento da circulação deconhecimentos e ideias no Renascimento.

MANEIRISMO

Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520 atépor volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do modelo daantiguidade clássica: o maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira). Umaevidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a sersua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o barroco,enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O certo, porém, é

que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que entra emdecadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhespermitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante orenascimento.Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europanesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma deLutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói Roma.Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se formar, e o Iníciom

 já não é a principal e única medida do universo.Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outrascidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com umespírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporçõesestranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais

adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades européias.

ARQUITETURA

A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, comespaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixandode lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-sedizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se nãosomente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração.

Principais características:

Nas igrejas:• Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas emespiral, que na maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem umaatmosfera de rara singularidade.• Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são adecoração mais característica desse estilo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros ealtares, lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a vista.

Nos ricos palácios e casas de campo:• Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem sobre oquadrado disciplinado do renascimento.• A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam essecaprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas,

expressa a necessidade de renovação.

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 Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI,(1511-1592), Autor de vários projetos arquitetônicos por toda a Itália, tais como: aconstrução do túmulo do conde de Montefeltro, o palácio dos Mantova, a villa na Porta delPopolo. a fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar

os tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade ideal. Deacordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a elestodos os seus bens.

GIORGIO VASARI,(1511-1574), Vasari é conhecido por sua obra literária Le Vite (As Vidas), na qual, alémde fazer um resumo da arte renascentista, apresenta um relato às vezes pouco fiel, masmuito interessante sobre os grandes artistas da época, sem deixar de fazer comentáriosmal-intencionados e elogios exagerados. Sob a proteção de Aretino, conseguiu realizaruma de suas únicas obras significativas: os afrescos do palácio Cornaro. Vasari tambémtrabalhou em colaboração com Michelangelo em Roma, na década de 30. Suas biografias,publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que se seguiram várias edições. Passou os

últimos dias de sua vida em Florença, dedicado à arquitetura.PALLADIO,(1508-1580), O interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio se reflete na totalidade desua obra arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente clássico e no qual a clareza de linhase a harmonia das proporções preponderam sobre o decorativo, reduzido a umaexpressão mínima. Somente dez anos depois iria se dedicar à arquitetura sacra emVeneza, com a construção das igrejas San Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se podedizer que Palladio tenha sido um arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um dosmais importantes desse período. A obra de Palladio foi uma referência obrigatória para osarquitetos ingleses e franceses do barroco.

PINTURA

É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores dasegunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam essenovo estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentandorevalorizar a arte pela própria arte.

Principais características :

• Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicosreduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e umaatmosfera de tensão permanente.• Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem-torneados dorenascimento. Os músculos fazem agora contorsões absolutamente impróprias para osseres humanos.• Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minuciosoe cores brilhantes.• A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis.• Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva,mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade,encontrá-lo.

Principal Artista:

EL GRECO,(1541-1614), Ao fundir as formas iconográficas bizantinas com o desenho e o colorido da

pintura veneziana e a religiosidade espanhola. Na verdade, sua obra não foi totalmente

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compreendida por seus contemporâneos. Nascido em Creta, acredita-se que começoucomo pintor de ícones no convento de Santa Catarina, em Cândia. De acordo comdocumentos existentes, no ano de 1567 emigrou para Veneza, onde começou a trabalharno ateliê de Ticiano, com quem realizou algumas obras. Depois de alguns anos depermanência em Madri ele se estabeleceu na cidade de Toledo, onde trabalhoupraticamente com exclusividade para a corte de Filipe II, para os conventos locais e paraa nobreza toledana. Entre suas obras mais importantes estão O Enterro do Conde de

Orgaz, a meio caminho entre o retrato e a espiritualidade mística. Iníciom com a Mão noPeito, O Sonho de Filipe II e O Martírio de São Maurício. Esta última lhe custou a expulsãoda corte.

ESCULTURA

Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formasclássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento darealidade. Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura. Nãofaltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ouainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tãocaracterística do espírito maneirista.

Principais características:

• A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobreas outras, num equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são unidas por contorsõesextremadas e exagerado alongamento dos músculos.• O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis,permite que elas compartilhem a reduzida base que têm como cenário, isso semprerespeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto.

Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI,

(1511-1592), Realizou trabalhos em várias cidades italianas. Decorou também o paláciodos Mantova e o túmulo do conde da cidade. Conheceu a poetisa Laura Battiferi, comquem se casou, e juntos se mudaram para Roma a pedido do papa Júlio II, queincumbiu-o da construção de sua villa na Porta del Popolo. Começaram assim seusprimeiros passos como arquiteto. No ano de 1555, com a morte do papa, voltou paraFlorença, onde venceu um concurso para a construção da fonte da Piazza della Signoria.Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi,com base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas,que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.

GIAMBOLOGNA,(1529-1608), De origem flamenga, Giambologna deu seus primeiros passos comoescultor na oficina do francês Jacques Dubroecq. Poucos anos depois se mudou paraRoma, onde se supõe que teria colaborado com Michelangelo em muitas de suas obras.Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos Medici. O Rapto das Sabinas,Mercúrio, Baco e Os Pescadores estão entre as obras mais importantes desse período.Participou também de um concurso na cidade de Bolonha, para o qual realizou uma desuas mais célebres esculturas, A Fonte de Netuno.Trabalhou com igual maestria a pedracalcária e o mármore e foi grande conhecedor da técnica de despejar os metais, comodemonstram suas esculturas de bronze. Giambologna está para o maneirismo comoMichelangelo está para o renascimento.

Barroco

Origens e Características do Barroco

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 O barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu primeiramente nas artesplásticas e depois se manifestou na literatura, no teatro e na música. O berço do barrocoé a Itália do século XVII, porém se espalhou por outros países europeus como, porexemplo, a Holanda, a Bélgica, a França e a Espanha. O barroco permaneceu vivo nomundo das artes até o século XVIII. Na América Latina, o barroco entrou no século XVII,trazido por artistas que viajavam para a Europa, e permaneceu até o final do século

XVIII.

Contexto histórico

O barroco se desenvolve no seguinte contexto histórico: após o processo de ReformasReligiosas, ocorrido no século XVI, a Igreja Católica havia perdido muito espaço e poder.Mesmo assim, os católicos continuavam influenciando muito o cenário político,econômico e religioso na Europa. A arte barroca surge neste contexto e expressa todo ocontraste deste período: a espiritualidade e teocentrismo da Idade Média com oracionalismo e antropocentrismo do Renascimento.

Os artistas barrocos foram patrocinados pelos monarcas, burgueses e pelo clero. Asobras de pintura e escultura deste período são rebuscadas, detalhistas e expressam asemoções da vida e do ser humano.A palavra barroco tem um significado que representa bem as características deste estilo.Significa " pérola irregular" ou "pérola deformada" e representa de forma pejorativa aideia de irregularidade.

O período final do barroco (século XVIII) é chamado de rococó e possui algumaspeculiaridades, embora as principais características do barroco estão presentes nestafase. No rococó existe a presença de curvas e muitos detalhes decorativos (conchas,flores, folhas, ramos). Os temas relacionados à mitologia grega e romana, além doshábitos das cortes também aparecem com frequência.

BARROCO EUROPEU

As obras dos artistas barrocos europeus valorizam as cores, as sombras e a luz, erepresentam os contrates. As imagens não são tão centralizadas quanto asrenascentistas e aparecem de forma dinâmica, valorizando o movimento. Os temasprincipais são: mitologia, passagens da Bíblia e a história da humanidade. As cenasretratadas costumam ser sobre a vida da nobreza, o cotidiano da burguesia,naturezas-mortas entre outros. Muitos artistas barrocos dedicaram-se a decorar igrejascom esculturas e pinturas, utilizando a técnica da perspectiva.

As esculturas barrocas mostram faces humanas marcadas pelas emoções,principalmente o sofrimento. Os traços se contorcem, demonstrando um movimentoexagerado. Predominam nas esculturas as curvas, os relevos e a utilização da cordourada.

O pintor renascentista italiano Tintoretto é considerado um dos precursores do Barrocona Europa, pois muitas de suas obras apresentam, de forma antecipada, importantescaracterísticas barrocas.

Podemos citar como principais artistas do barroco: o espanhol Velásquez, o italianoCaravaggio, os belgas Van Dyck e Frans Hals, os holandeses Rembrandt e Vermeer e oflamengo Rubens.

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 BARROCO NO BRASIL

O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com otempo, foi assumindo características próprias. A grande produção artística barroca noBrasil ocorreu nas cidades auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (séculoXVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam uma intensa vida cultura e artística em pleno

desenvolvimento.

O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Franciscode Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Suas obras, de forte caráter religioso,eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistasbarrocos do Brasil. Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e OsPassos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo(MG).

Outros artistas importantes do barroco brasileiro foram: o pintor mineiro Manuel daCosta Ataíde e o escultor carioca Mestre Valentim. No estado da Bahia, o barrocodestacou-se na decoração das igrejas em Salvador como, por exemplo, de São Francisco

de Assis e a da Ordem Terceira de São Francisco.No campo da Literatura, podemos destacar o poeta Gregório de Matos Guerra, tambémconhecido como "Boca do Inferno". Ele é considerado o mais importante poeta barrocobrasileiro.

Outro importante representante da Literatura Barroca foi o padre Antônio Vieira queganhou destaque com seus sermões.

Rococó

O estilo rococó aparece na Europa do século XVIII e, tendo a França como seu principalprecursor, se espalha em vários países do Velho Mundo e alcança algumas regiões das

Américas, como o Brasil. Para muitos historiadores da arte, o rococó pode ser visto comoum desdobramento do barroco em que vários artistas passam a valorizar o uso de linhasem formato de concha e a função decorativa que a arte poderia exercer.

A expressão “rococó” tem origem na palavra francesa rocaille, que designavacomumente uma maneira de se decorar os jardins através do uso de rochas e conchas.Chegando ao século XIX, o estilo rococó passa a ser utilizado também para definir outrasmanifestações desenvolvidas nos campos da arquitetura e das artes ornamentais. No anode 1943, graças à pesquisa de Fiske Kimball, esse movimento deixa de ser visto comouma variante do barroco para assumir características próprias.

Em geral, a substituição das cores vibrantes do barroco por tons rosa, verde-claro,estabelecem uma primeira diferenciação entre os dois estilos. Além disso, a originalidadedo rococó é conferida no abandono das linhas retorcidas e pela utilização de linhas eformas mais leves e delicadas. Do ponto de vista histórico, essa transformação indicavao interesse burguês em alcançar o prazer e a graciosidade nas várias obras que eramencomendadas à classe artística da época.

A primeira fase do rococó, compreendida entre 1690 e 1730, procura se afastar dospreceitos estéticos predominantes no reinado do rei Luís XIV para introduzir o uso delinhas soltas e curvas flexíveis. Nessa época podemos destacar os relevos e gravuras doartista Jean Beráin, os quadros de Jean-Antoine Watteau (1684 - 1721) e os projetosdecorativos de Pierre Lepautre (1660 - 1744).

De 1730 a 1770, o rococó amadurece com o surgimento de outros artistas que

remodelam as casas da nobreza e da alta burguesia francesa. Nessa fase podemos

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destacar os trabalhos de Jacques de Lajoue II (1687 - 1761), Juste Aurèle Meissonnier(1695 - 1750) e Nicolas Pineau (1684 - 1754). Esse último artista se destaca pelo projetode decoração do Hôtel Soubise, marcado por quadros, linhas, guirlandas, curvas eespelhos que tomam o olhar do observador em meio a tantos detalhes.

A relação do rococó com a burguesia também pode ser vista em boa parte dos quadrosque definem esse tipo de arte. Ao contrário da forte religiosidade barroca, a pintura desse

estilo valoriza a representação de ambientes luxuosos, parques, jardins e temáticas decunho mundano. As personagens populares perdem espaço para a representação dosmembros da aristocracia. A jovialidade e a edificação do prazer, o tédio e a melancoliasão os estados emocionais que geralmente contextualizam os quadros do rococó.

A disseminação do rococó pela Europa foi responsável por variações que fugiram datendência aristocrática que predominou neste estilo. Ao alcançar países como Portugal eEspanha, o rococó penetra a esfera religiosa. No que diz respeito à arquitetura, esseestilo não teve tanta predominância na França, mas vivenciou manifestações maisintensas na Baviera e em Portugal. No Brasil, o rococó teve sua presença no mobiliário doséculo XVIII e foi corriqueiramente chamado de “estilo Dom João V”.

NeoclassicismoDefinição

Movimento cultural europeu, do século XVIII e parte do século XIX, que defende aretomada da arte antiga, especialmente greco-romana, considerada modelo deequilíbrio, clareza e proporção. O movimento, de grande expressão na escultura, pinturae arquitetura, recusa a arte imediatamente anterior - o barroco e o rococó, associada aoexcesso, à desmedida e aos detalhes ornamentais. À sinuosidade dos estilos anteriores,o neoclassicismo opõe a definição e o rigor formal. Contra uma concepção de arte deatmosfera romântica, apoiada na imaginação e no virtuosismo individual, os neoclássicosdefendem a supremacia da técnica e a necessidade do projeto - leia-se desenho - acomandar a execução da obra, seja a tela ou o edifício. A isso liga-se a defesa do ensino

da arte por meio de regras comunicáveis, o que se efetiva nas academias de arte,valorizadas como locus da formação do artista. O entusiasmo pela arte antiga, arecuperação do espírito heróico e dos padrões decorativos da Grécia e Roma sebeneficiam da pesquisa arqueológica (das descobertas das cidades de Herculano em1738 e Pompéia em 1748) e da obra dos alemães radicados na Itália, o pintor AntonRaphael Mengs (1728 - 1779) e o historiador da arte e arqueólogo Joachim JohannWinckelmann (1717 - 1768), principal teórico do neoclassicismo. A edição em 1758 deRuínas dos Mais Belos Monumentos da Grécia, de J.-D. Le Roy e de A Antiguidade deAtenas (1762), dos ingleses James Stuart e Nicholas Revett, evidenciam a intensidade daretomada greco-romana.

A escultura neoclássica tem em Roma o seu centro irradiador, nas versões de AntonioCanova (1757 - 1822), Bertel Thorvaldsen (1770 - 1844) e John Flaxman (1755 - 1826).Teseu e o Minotauro (1781 - 1783) é considerada a primeira grande obra de Canova,seguida pela sepultura do papa Clemente XIV, na Igreja dos Santos Apóstolos (1783 -1787). Ainda que amparada em modelos semelhantes, a escultura de Thorvaldsen é vistacomo oposta a de Canova pelo acento no volume em detrimento do movimento e luz. Afama internacional de Flaxman advém das gravuras para a Ilíada e a Odisséia (1793). Napintura, o epicentro do neoclassicismo desloca-se para a França. Ali, diante da RevoluçãoFrancesa, o modelo clássico adquire sentido ético e moral, associando-se a alterações navisão do mundo social, flagrantes na vida cotidiana, na simplificação dos padrõesdecorativos e na forma despojada dos trajes. A busca de um ideal estético da Antigüidadevem acompanhada da retomada de ideais de justiça e civismo, como mostram as telas dopintor Jacques-Louis David (1748 - 1825), que exercita seu estilo a partir de suas estadasna Itália em 1774 e 1784 e do exemplo dos pintores franceses de Nicolas Poussin (1594

- 1665) e Claude Lorrain (1600-1682). A dicção austera das composições de David - ao

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mesmo tempo simples e grandiloquentes - despidas de ornamentos e detalhesirrelevantes, nas quais as cores são circunscritas pelos traços firmes do contorno,tornar-se-á sua marca característica. O Juramento dos Horácios (1784) e A Morte deSocrátes (1787) são exemplos nítidos da gramática neoclássica empregada pelo pintorfrancês, em que convivem o equilíbrio e precisão das formas. Pintor da RevoluçãoFrancesa (A Morte de Marat, 1793), David foi também defensor de Napoleão (Coroaçãode Napoleão, 1805-1807). Nos dois momentos, a França encena os modelos da Roma

Republicana e da Roma Imperial, tanto na arte quanto na vida social, pela recusa doestilo aristocrático anterior.

A Revolução Francesa, a proeminência da burguesia e o início da Revolução Industrial naInglaterra modificam radicalmente a posição do artista na sociedade. A arte passa aresponder a necessidades sociais e econômicas. A construção de edifícios públicos -escolas, hospitais, museus, mercados, cárceres etc. - e as intervenções no traçado dascidades evidenciam a exigência de racionalidade que a arquitetura e a urbanística, novaciência da cidade, almejam. A defesa da racionalização dos espaços é anunciada porarquitetos como Étienne-Louis Boullée (1728 - 1799) e Claude-Nicolas Ledoux (1736 -1806), que traduzem os anseios napoleônicos de transformar arquiteturas e estruturassociais, com ênfase na função das edificações. Tal ideário origina, paradoxalmente,

projetos e construções "visionárias", como os edifícios em forma de esfera (Casa dosGuardas Campestres, 1780, de Ledoux). Após a revolução, a arquitetura neoclássica tevepapel destacado na formação do estilo burguês imperial, presente, entre outros, na Ruade Rivoli e no Arc du Carrousel em Paris.

Reverberações do neoclassicismo se observam em toda a Europa. Todas as nações ecidades, afirma o historiador italiano Giulio Carlo Argan, têm uma fase neoclássica,relacionada à vontade de reformas e de planejamento racional correspondentes àstransformações sociais em curso. As dificuldades de aclimatação do modelo neoclássicono Brasil vêm sendo apontadas pelos estudiosos, por meio de análises das obras deNicolas Taunay (1755 - 1830) e Debret (1768 - 1848), entre outros. Na arquitetura, aantiga Alfândega, hoje Casa França-Brasil, e o Solar Grandjean de Montigny, atualmentepertencente à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ, constituem

exemplos de construção neoclássica no país.

Romantismo

Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadasdo século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-secomo uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou umnacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tardea forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão demundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para simesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos deescapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pelarazão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoçãoe pelo eu.O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, àtendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e daimaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiraçãofugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, nasaudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.

Contexto histórico 

O culto à natureza e à imaginação já havia começado com os escoceses no século XIII, 

quando surgiram as primeiras histórias de cavaleiros e donzelas, em verso. Nessa

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época, as narrativas eram chamadas de romance, palavra que deriva do advérbiolatino romanice, que significa "na língua de Roma".

A origem do que viria a ser conhecido como "Romantismo", no entanto, fora plantadano século XVII, quando o "espírito clássico" começaria a ser contestadona Grã-Bretanha. 

O Romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era degrande rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismopolítico (não confundir com o liberalismo econômico do Século XX). No campo socialimperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A RevoluçãoFrancesa é o clímax desse século de oposição.

Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antesde seu nascimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificaçãoencaixam-se Francisco Goya e Bocage. 

O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha ena Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria, inclusive, fundamental importância naunificação germânica com o movimento Sturm und Drang. 

O Romantismo viria a se manifestar de forma bastante variada nas diferentes artes emarcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestarrealmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendoexplorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destescríticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo. 

No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, como Primeiro reinado, com a guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista. 

Características

O romantismo seria dividido em 3 gerações:

1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, osubjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito deoutro. Também se destacam o nacionalismo, presente da coletânea de textos edocumentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação,fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão poressa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e oescapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.

2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gostopela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não eraatingida.

3ºgeração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qualdenuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica(vide Eça de Queirós), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas querevelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.

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Individualismo

Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano,abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida poremoções e sentimentos.

Subjetivismo

O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre omundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa.Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um individuo que baseia suaperspectiva naquilo que as suas sensações captam. Com plena liberdade de criar, oartista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas atemática sempre retomada em sua obra.

Idealização

Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suascaracterísticas. Dessa forma, a mulher é vista como uma virgem frágil, o índio é vistocomo herói nacional e a noção de pátria também é idealizada.

Sentimentalismo exacerbado

Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essaescola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristezae a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como orelato sobre uma vida.

O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que sósentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduorelatado.

Emoção acima de tudo.

Egocentrismo

Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticoscolocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os

na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.

Natureza interagindo com o eu lírico

A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momentonarrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas depassagens, à tempestades, ou dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, porexemplo, que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com oeu-lírico.A natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito dopoeta.

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Grotesco e sublime

Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a idealização dopersonagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o contode A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada se apaixona por uma criatura horrenda.

Medievalismo

Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seupróprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo deretratar as culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais eretratavam grandes guerras e batalhas.

Indianismo

É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro

para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e ocolocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem"(Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homemperfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.

Byronismo

Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltadopara vícios, bebida, fumo, podendo estar representado no personagem ou na própria vidado autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo,pelo pessimismo, pela angústia.

Romantismo nas belas artes

Segundo Giulio Carlo Argan na sua obra Arte moderna. O Romantismo e o Neoclassicismosão simplesmente duas faces de uma mesma moeda. Enquanto o neoclássico busca umideal sublime, objetivando o mundo, o romântico faz o mesmo, embora tenda asubjetivar o mundo exterior. Os dois movimentos estão interligados, portanto, pelaidealização da realidade (mesmo que com resultados diversos).

As primeiras manifestações românticas na pintura ocorreram quando Francisco Goya

passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de temáticaneoclássica como Saturno devorando seus filhos, por exemplo, apresenta uma série deemoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado. Goya cria um

 jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de formaa acentuar a situação dramática representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, oRomantismo somente chegaria à Academia mais tarde.

O francês Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico por excelência. Sua telaA Liberdade guiando o povo reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra queestrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os revolucionários de 1830 guiadospelo espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da

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França). O artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se retratar emum personagem da turba, apesar de olhar com uma certa reserva para osacontecimentos (refletindo a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmentea obra romântica mais conhecida.

A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica

fundamental do Romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os paraísosartificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcarem navios com destino aos polos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração paraalguns artistas. O pintor inglês William Turner refletiu este espírito em obras como Marem tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma deatingir os sentimentos supracitados.

Romantismo na literatura

O Romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o mecenato aristocráticopelo editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre os

pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários clássicos e, por isso,apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior. A históriado Romantismo literário é bastante controversa.

Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são osprimeiros antecedentes, embora sejam consideradas "pré-românticas" em sentido lato.Os autores ingleses mais conhecidos desse pré-Romantismo "extra-oficial" são WilliamBlake (cujo misticismo latente em The Marriage of Heaven and Hell - O Casamento doCéu e Inferno, 1793 atravessará o Romantismo até o Simbolismo) e Edward Young (cujosNight Thoughts - Pensamentos Noturnos, 1742, re-editados por Blake em 1795,influenciarão o Ultra-Romantismo), ao lado de James Thomson, William Cowper e RobertBurns. O Romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de Coleridge e Wordsworth(Lyrical Ballads - Baladas Líricas, 1798), fundadores; Byron (Childe Harold's Pilgrimage,Peregrinação de Childe Harold, 1818), Shelley (Hymn to Intellectual Beauty - Hino àBeleza Intelectual, 1817) e Keats (Endymion, 1817), após o Romantismo de Jena.

Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno ànatureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "pré-Romantismoextra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram o movimento Sturm undDrang (tempestade e ímpeto), donde surge então, mergulhado no sentimentalismo, opré-Romantismo "oficial", isto é, conforme as convenções historiográficas. Goethe (Die

Leiden des Jungen Werther - O Sofrimento do Jovem Werther, 1774), Schiller (An dieFreude - Ode à Alegria, 1785) e Herder (Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian unddie Lieder alter Völker - Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povosantigos, 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como Schegel e Novalis, comnovos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisaexpressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e naauto-reflexão. Era o Romantismo de Jena, o único Romantismo autêntico em nívelinternacional.

Em terceiro lugar, a difusão européia do Romantismo tomou como românticas as formaspré-românticas da Inglaterra e da Alemanha, privilegiando, portanto, apenas o

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sentimentalismo em detrimento da complicada reflexão do Romantismo de Jena. Porisso, mundialmente, o Romantismo é uma extensão do pré-Romantismo. Assim, naFrança, destacam-se Stendhal, Hugo e Musset; na Itália Leopardi e Manzoni; em PortugalGarrett e Herculano; na Espanha Espronceda e Zorilla.

Tendo o liberalismo como referência ideológica, o Romantismo renega as formas rígidas

da literatura, como versos de métrica exata. O romance se torna o gênero narrativopreferencial, em oposição à epopéia. É a superação da retórica, tão valorizada pelosclássicos.

Os aspectos fundamentais da temática romântica são o historicismo e o individualismo. Ohistoricismo está representado nas obras de Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo(França), Almeida Garrett (Portugal), José de Alencar (Brasil), entre tantos outros. Sãoresgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento históricoque se atravessava àquela altura, como no caso de Balzac ou Stendhal (ambosfranceses).

A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazadode melancolia e pessimismo (Mal-do-Século). Pelo apego ao intimismo e a valoresextremados, foram chamados de Ultra-Românticos. Esses escritores como Byron, Alfredde Musset e Álvares de Azevedo beberam do Sturm und Drang alemão, perpetuando asfontes sentimentais.

O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos daintensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas que fogemàquelas correlacionadas à razão. Por parte o romantismo nos mostra como bases de vidao amor e a liberdade.

Romantismo na música

As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com Beethoven. Suassinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoale interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quaisé possível citar a Sonata Patética.

Outros compositores como Chopin, Tchaikovsky, Felix Mendelssohn, Liszt, Grieg eBrahms levaram ainda mais adiante o ideal romântico de Beethoven, deixando o rigorformal do Classicismo para escreverem músicas mais de acordo com suas emoções.

Na ópera, os compositores mais notáveis foram Verdi e Wagner. O primeiro procurouescrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico - entre as quais asóperas Nabucco, I Vespri Sicilianni, I Lombardi nella Prima Crociata - embora tenhaescrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como La Traviata; Osegundo enfocava histórias mitológicas germânicas, caso da Tetralogia do Anel doNibelungo e outras óperas como Tristão e Isolda e O Holandês Voador, ou sagasmedievais como Tannhäuser, Lohengrin e Parsifal. Mais tarde na Itália o romantismo naópera se desenvolveria ainda mais com Puccini.

Romantismo em Portugal

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Teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825,e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã.

A Primeira Geração do Romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principaisautores são Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho. ASegunda Geração, ultra-Romântica, de 1840 a 1860 e tem como principais autores,

Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. A Terceira Geração, pré-Realista, de 1860 a1870, aproximadamente, teve como principais autores Júlio Dinis e João de Deus.

Romantismo no Brasil

De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados comoindianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.

No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado umaautêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da

pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o nãocapitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudoisso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez decertos romances excelentes documentos históricos.

Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da vidacotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens. Osromances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, comoo casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço.

Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as

diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro daEuropa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam umvasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da populaçãode cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centrosurbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físicoafetar suas condições de vida.

A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso aopassado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de ondesurgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade sãooutras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar

Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhãesfoi o introdutor do Romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades.Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção doexílio, I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a RevistaNiterói-Brasiliense

Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: onacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo(linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, osofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções

e sentimentalismo.

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A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu adenominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros comoa morte, amores impossíveis e a escuridão.

Entre seus principais autores estão Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, FagundesVarela, Junqueira Freire e Pedro de Calasans. Álvares de Azevedo fazia parte da

sociedade epicuréia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras:Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreuescreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, játinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo.Junqueira Freire, com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade,demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX.

Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, oegocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) emCasimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento

amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.

Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizadapelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e temvisão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês VictorHugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.

Os destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto. CastroAlves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geraçãocom obras como Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade não foi um poetamuito influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras.

Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.

As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, oabolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social ea negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.

Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois aprosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista,urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.

No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de

Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmentea passagem para o período realista.

Principais escritores românticos brasileiros

Gonçalves Dias: principal poeta romântico e uns dos melhores da língua portuguesa,nacionalista, autor da famosa Canção do Exílio, da nem tão famosa I-Juca-Pirama e demuitos outros poemas.

Álvares de Azevedo: o maior romântico da Segunda Geração Romântica; autor de Lira

dos Vinte Anos, Noite na Taverna e Macário.

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Castro Alves:grande representante da Geração Condoeira, escreveu, principalmente,poesias abolicionistas como o Navio Negreiro.

Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano escreveu A Moreninha e também O MoçoLoiro.

José de Alencar, principal romancista romântico. Romances urbanos: Lucíola; AViuvinha; Cinco Minutos; Senhora. Romances regionalistas: O Gaúcho, O Sertanejo, OTronco do Ipê. Romances históricos: A Guerra dos Mascates; As Minas de Prata.Romances indianistas: O Guarani, Iracema e o Ubirajara.

Manuel Antônio de Almeida: romancista urbano, precursor do Realismo. Obras:Memórias de um Sargento de Milícias.

Bernardo Guimarães: considerado fundador do regionalismo. Obras: A Escrava Isaura;"O Seminarista"

Franklin Távora: regionalista. Obra mais importante: O Cabeleira.

Visconde de Taunay: regionalista. Obra mais importante: Inocência.

Machado de Assis: estilo único, dotado de fase romântica e realista. Em sua faseromântica destacam-se "A Mão e a Luva" e "Helena". Ainda em tal fase realizava análisepsicológica e crítica social, mostrando-se atípico dentre os demais românticos

Demais artes

Apesar de a produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país nesteperíodo um grande incentivo ao academicismo e ao neoclassicismo. O neoclássico é oestilo oficial do Império recém-proclamado e o grande centro das artes no país é a EscolaImperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, lar do neoclassicismo no Brasil, sob influênciadireta da Missão francesa trazida pelo Príncipe-Regente D. João VI. Principaiscaracterísticas: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade.

Realismo

Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do séculoXIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo.Entre 1850 e1880 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se estendeu

pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram aartificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade deretratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada emmodelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e,principalmente, na arquitetura.

Características do Realismo

Veracidade: Demonstra o que ocorre na sociedade sem ocultar ou distorcer os fatosContemporaneidade: descreve a realidade, fala sobre o que está acontecendo deverdade.Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana.

Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa.

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Amor: a mulher objeto de prazer/adultério.Denúncia das injustiças sociais: mostra para todos a realidade dos fatos.Determinismo e relação entre causa e efeito: o realista procurava uma explicaçãológica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificassesuas ações. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e àhereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos.Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada.Darwinismo (Charles Darwin)Evolucionismo social (Herbert Spencer)Socialismo Utópico (Saint-Simon)Socialismo Científico (Karl Marx)

Principais diferenças entre Romantismo e Realismo

Romantismo Realismo

Pessoa primeira terceira

Valoriza o que se idealiza e sente o que se é

O Realismo nas artes

O Realismo fundou uma Escola artística que surge no século XIX em reaçãoao Romantismo e se desenvolveu baseada na observação da realidade (como contextosocial), narazão e na ciência. O realismo, como movimento artístico do século XIX, quese caracterizava pela oposição ao idealismo das escolas clássica, romântica e acadêmica,não deve ser confundindo com técnicas realistas de execução de obras de arte, ou seja,com o esmero do artista em reproduzir as imagens (em artes plásticas) tal qual as vê narealidade. Técnicas realistas de pintura e de escultura existem desde, ao menos, a

Antiguidade clássica e foram e continuam sendo utilizadas por diversas escolas (como, adossurrealistas).

Como movimento artístico, surgiu na França, e sua influência se estendeu a numerosospaíses. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociaiscontra o capitalismo progressivamente mais dominador, ao mesmo tempo em que há umcrescente respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências exatas eexperimentais e pelo progresso técnico. Das influências intelectuais que mais ajudaramno sucesso do Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas econtra as suas idealizações da paixão amorosa. A passagem do Romantismo para oRealismo corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objetivo.

O Realismo na pintura

Principais pintores realistas:

Édouard Manet

Gustave Courbet

Honoré Daumier

Jean-Baptiste Camille Corot

Jean-François Millet

Théodore Rousseau

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  Rodin

O Realismo na escultura

Na escultura, o grande representante realista foi o Auguste Rodin. O escultor não sepreocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres taiscomo eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos,

assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característicaprincipal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.

O Realismo na arquitetura

Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novasnecessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricospalácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas,bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a novaburguesia .

O Realismo no teatro

Com o realismo, problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico ésubstituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial. O primeirograndedramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895).

Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Em Casade Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher. São importantes também odramaturgo e escritor russo Gorki (1868-1936), autor de Ralé e Os PequenosBurgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de Os Tecelões. 

O Realismo pode ser visto até hoje em dia, em peças teatrais como o Homem da FaixaPreta e outras.

O Realismo na literaturaMotivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistasdesejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar aface sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar aface nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade edo egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.

Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando umaobjetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o queestá errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se umautor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para

tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas históriaso que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.

Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever,analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade ésubstituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuramapontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e doscomportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias deproblemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romancerealista Madame Bovary  (1857) deGustave Flaubert. Alguns expoentes do realismoeuropeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens. 

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Realismo no Brasil

A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da economiaaçucareira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da Independência. Ocontexto social que daí se origina, aliado à leitura de grandes mestres realistas europeuscomo Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciaram o surgimento do Realismo

no Brasil.Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance naturalistabrasileiro) e Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas (primeiroromance realista do Brasil). 1 

Lembrando que Machado de Assis foi o principal escritor do Realismo no Brasil, suasprincipais obras foram: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e DomCasmurro.1 

Realismo em Portugal

O Realismo na Literatura surge em Portugal após 1865, devido à Questão Coimbrã e

às Conferências do Casino, como resposta à artificialidade, formalidade e aos exagerosdoRomantismo de uma sentimentalidade mórbida. Eça de Queirós é apontado, juntoa Antero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país, sendo oromance social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Deixa de ser apenasdistração e torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja,usura), à vida urbana (tensões sociais, econômicas, políticas) à religião e à sociedade,interessando-se pela análise social, pela representação da realidade circundante, dosofrimento, da corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade sãoretratados com uma linguagem clara e direta.

A primeira manifestação do Realismo em Portugal deu-se inicialmente na QuestãoCoimbrã, polemica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução doRomantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto deuma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo.

O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou ConferênciasDemocráticas do Casino). Nessa nova manifestação da chamada Geração de 70, oscontornos do que seria o Realismo apareceram desenhados com maior nitidez,especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo

como nova expressão da arte. Sob a influência do Cenáculo, e da sua figuracentral, Antero de Quental, Eça funde as teorias de Taine, do determinismo social eda hereditariedade com as posições estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado dasletras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao

"espírito dos tempos" ( zeitgeist ), uma arte que agisse como regeneradora da consciênciasocial, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasseefetivamente como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campossórdidos, poderia fazer um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagiacontra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assimcontribuir para aperfeiçoar a Humanidade. Com este cientificismo, Eça de Queirós jásituava o Realismo na sua posição extrema de Naturalismo. 

Houve reações: Pinheiro Chagas atacou Eça. Luciano Cordeiro argumentou que elepróprio já tinha defendido posições parecidas. A implantação efetiva do Realismo dá-secom a publicação do O Crime do Padre Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo Primo

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Basílio, obras ambas de Eça, que são caracterizadas por métodos de narração e descriçãobaseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos,aparecendo os fatores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem ocaráter moral das personagens. São romances que têm afinidade com os de Émile Zola, com o intuito de crítica de costumes e de reforma social.

O primeiro desses romances foi acolhido pelos críticos de então com um silênciogeneralizado. O segundo provocou escândalo aberto. E a polemica e a oposição entreRealismo e Romantismo estala definitivamente. Pinheiro Chagas ataca Eçaconsiderando-o antipatriota, pelo modo como apresenta a sociedade portuguesa.Chegaram a aparecer panfletos acusando os realistas de desmoralização das

famílias (Carlos Alberto Freire de Andrade: A escola realista, opúsculo oferecido às

mães).

Camilo Castelo Branco vai parodiar o Realismo com Eusébio Macário(1879) e voltando aparodiar com A Corja (1880). Mas curiosamente, mesmo através da paródia, Camilo vaiabsorver a nova escola, como é nítido na novela A Brasileira de Prazins. (1882).

Entretanto o paladino do Realismo, Eça, vai desorientar os seus seguidores ortodoxoscom a publicação de O Mandarim. O que faz com que Silva Pinto (1848-1911) que tinhaexposto a teoria da escola realista e elogiado Eça num panfleto intitulado Do Realismo na

 Arte, vai agora atacar Eça em Realismos, ridicularizando o novo estilo deste. ReisDâmaso, na Revista de Estudos Livres vai-se insurgir contra a publicação de O

Mandarim acusando Eça de ter atraiçoado o movimento. Estas acusações não eraminfundadas porque de fato Eça já estava a descolar de um realismo ortodoxo para o seuestilo mais pessoal onde o seu humor e a sua fantasia se aliam num estilo único.

Desde a implantação do Realismo com a conferência de Eça, o movimento logrou umnúcleo de apoiantes que se desmultiplicaram em explicar e defender o seu credo estético.

Esse núcleo resvalou, em geral, para uma posição mais extremadamente Realista, oNaturalismo, tornando-se ortodoxo e dogmático. Os defensores dessa posição são JoséAntónio dos Reis Dâmaso (1850-1895) e Júlio Lourenço Pinto (1842-1907) autorda Estética naturalista, que pretendia ser um evangelho do Naturalismo. No entantoesses dois autores são fracos do ponto de vista literário e totalmente esquecidos hoje emdia.

Aqueles que não enveredaram por posições tão rígidas estão menos esquecidos,como Luís de Magalhães, que nos deixou O Brasileiro Soares (1886), livro prefaciado porEça. Outros nomes são Trindade Coelho, Fialho de Almeida e Teixeira de Queirós. 

Por volta de 1890 o Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal.

Em 1893, o próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homemexperimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos, findou (se éque jamais existiu, a não ser em teoria).

Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugalapresenta-se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como umatendência estética, um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A suaconsequência mais importante foi a introdução em Portugal às influências estrangeirasnos vários domínios do saber. Alargando as escolhas literárias e renovando um meioliterário que estava muito fechado sobre si mesmo.

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NaturalismoSéculo XIX. Nessa época surgiram novas concepções a respeito do homem e da vida emsociedade e os estudos da Biologia, Psicologia e Sociologia estavam em alta.

Os naturalistas começaram a analisar o comportamento humano e social, apontandosaídas e soluções.

Aqui no Brasil, os escritores naturalistas ocuparam-se, principalmente, com os temasmais obscuros da alma humana (patológicos) e, por causa disso, outros fatosimportantes da nossa história como a Abolição da Escravatura e a República foramdeixados de lado.

O Naturalismo surgiu na França, em 1870, com a publicação da obra “Germinal ” de ÉmileZola. O livro fala das péssimas condições de vida dos trabalhadores das minas de carvãona França do século XIX.

O naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais característicasé a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva.

Os naturalistas abordam a existência humana de forma materialista. O homem éencarado como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos,chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização).

Segundo o Naturalismo, o homem é desprovido do livre-arbítrio, ou seja, o homem é umamáquina guiada por vários fatores: leis físicas e químicas, hereditariedade e meio social,além de estar sempre à mercê de forças que nem sempre consegue controlar. Para osnaturalistas, o homem é um brinquedo nas mãos do destino e deve ser estudadocientificamente.

CARACTERÍSTICAS 

- A principal característica do Naturalismo é o cientificismo exagerado quetransformou o homem e a sociedade em objetos de experiências.

- Descrições minuciosas e linguagem simples

- Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas sociais, taras sexuaise etc. A exploração de temas patológicos traduz a vontade de analisar todas as podridõessociais e humanas sem se preocupar com a reação do público.

- Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra uma vontade de reformar asociedade, ou seja, denunciar estes problemas, era uma forma de tentar reformar asociedade.

PRINCIPAIS AUTORES 

Aluísio Azevedo

Com a publicação de O Mulato (1881), Aluísio Azevedo consagrou-se como um escritornaturalista. A publicação dessa obra marca o início do Naturalismo brasileiro.

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O livro (que não é a nossa obra naturalista mais marcante) causou impacto na sociedade,principalmente entre o clero e a alta sociedade de São Luís do Maranhão.

O Mulato aborda temas como o puritanismo sexual, o anticlericalismo e o racismo.

Em 1890, o Naturalismo atinge o seu ápice com a publicação de O cortiço (obra repleta

de personagens marginalizados).

Inglês de Souza

Em 1891, Inglês de Souza publicou O Missionário, obra que aborda a influência do meiosobre o individuo.

Adolfo Caminha

Publicou as obras A Normalista, em 1892 e O bom crioulo, em 1895 que falam sobredesvios sexuais e mais especificamente, o homossexualismo em O bom crioulo.

A ficção regionalista (iniciada no Romantismo) teve continuidade durante o naturalismo.As principais obras regionalistas são:

- Luzia-Homem de Domingos Olímpio. - Dona Guidinha do poço de Manuel de Oliveira Paiva.

ParnasianismoO parnasianismo é uma escola literária ou um movimento literário essencialmentepoético, contemporâneo do Realismo-Naturalismo. Um estilo de época que sedesenvolveu na poesia a partir de 1850, na França.

Origens 

Movimento literário que se originou em Paris, França, representou na poesia o espíritopositivista e científico da época, surgindo no século XIX (19) em oposição ao romantismo.Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de algumas décadas osimbolismo uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos daantiguidade clássica. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologiagrega era consagrada a Apolo e às musas.Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelopreciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela preferência por estruturas fixas,como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização doexotismo e da mitologia. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos epaisagens. A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para osromânticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os autores parnasianos faziamuma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não porsubterfúgios, como o amor, por exemplo. O primeiro grupo de parnasianos de línguafrancesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: arejeição ao lirismo como credo. Os principais expoentes são Théophile Gautier(1811-1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-1891) e JoséMaria de Heredia (1842-1905), de origem cubana, Sully Prudhomme (1839-1907).Gautier fica famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento. 

Características gerais

Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavrasraras e rimas ricas.

Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas

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como são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver,sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico.Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se

 justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o texto mostra interesse a coisaspertinentes a todos.Estética/Culto à forma: Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso,a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo,

e por vezes, se mostra incapaz para tal.Aspectos importantes para essa estética perfeita são:Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase dasrimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimasinterpoladas.Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida emduas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a"chave" do texto no último verso.Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cadaverso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos),os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiroverso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis

sílabas, etc.Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes,sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua","Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, masmesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianosrecupera temas da antiguidade clássica, características de sua história e sua mitologia. Ébem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagensmarcados na história e até mesmo objetos.Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement) - Ocorre quando overso termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminouquanto à ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O verso dependedo contexto para ser entendido. Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas.

Como exemplo, este verso de Olavo Bilac: “Cheguei, chegaste. Vinhas fatigadae triste. E triste e fatigado eu vinha.”  

Em Portugal

Em Portugal, o movimento não foi muito importante, tendo como autores GonçalvesCrespo (nascido no Brasil mas criado em Portugal desde os 10 anos de idade), JoãoPenha, António Feijó e Cesário Verde.

No Brasil 

No Brasil, o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do Modernismo brasileiro. Aimportância deste movimento no país deve-se não só ao elevado número de poetas, mastambém à extensão de sua influência, uma vez que seus princípios estéticos dominarampor muito tempo a vida literária do país, praticamente até o advento do Modernismo em1922.Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em CastroAlves é possível apontar elementos precursores de uma poesia realista. Assim, entre1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do Romantismo, submetido a uma críticasevera por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca denovas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e realistas do momento.Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e arealista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para oParnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o

principal propagandista do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada

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em Paris. O Parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís GuimarãesJúnior (Sonetos e rimas. 1880) e Teófilo Dias (Fanfarras. 1882), e firmou-sedefinitivamente com Raimundo Correia (Sinfonias. 1883), Alberto de Oliveira(Meridionais. 1884) e Olavo Bilac (Relicário. 1888).O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu doParnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesmapreocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do

sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante épelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especialo soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o universalismo e oesteticismo. Este último exige uma forma perfeita (formalismo) quanto à construção e àsintaxe. Os poetas parnasianos veem o homem preso à matéria, sem possibilidade delibertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram achamada tríade parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, comoVicente de Carvalho, Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino Lopes, Francisca Júlia,Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo,Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Antônio Augusto de Lima, Luís Murat e Mário deLima.

A partir de 1890, o Simbolismo começou a superar o Parnasianismo. O realismoclassicizante do Parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente àfacilidade oferecida por sua poética, mais de técnica e forma que de inspiração eessência. Assim, ele foi muito além de seus limites cronológicos e se manteve paralelo aoSimbolismo e mesmo ao Modernismo em sua primeira fase.O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escolaoficial das letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foramexcluídos da Academia Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Emcontato com o Simbolismo, o Parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas doséculo XX, a uma poesia sincretista e de transição.Olavo Bilac  Alberto de OliveiraRaimundo Correia

Francisca JúliaVicente de CarvalhoLuís DelfinoMário de Lima

Simbolismo

Simbolismo é uma tendência literária da poesia e das outras artes que surgiu na França, 

no final do século XIX, como oposição aoRealismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da

época.

Histórico e características 

A partir de 1881, na França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral,

influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento

e religiões orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas

viagens a que se dedicavam.

Marcadamente individualista e místico, foi, com desdém, apelidado de "decadentismo" -

clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação

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que neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria

marcar definitivamente os adeptos desta corrente: simbolismo.

Principais características 

Subjetivismo

Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e individual do que pela visão mais

geral. A visão objetiva da realidade não desperta mais interesse, e, sim, está focalizada

sob o ponto de vista de um único indivíduo. Dessa forma, é uma poesia que se opõe à

poética parnasiana e se reaproxima da estética romântica, porém, mais do que voltar-se

para o coração, os simbolistas procuram o mais profundo do "eu" e buscam o

inconsciente, o sonho.

Musicalidade

A musicalidade é uma das características mais destacadas da estética simbolista,

segundo o ensinamento de um dos mestres do simbolismo francês, Paul Verlaine, que em

seu poema "Art Poétique", afirma: "De la musique avant toute chose..." (" A música antes

de mais nada...") Para conseguir aproximação da poesia com a música, os simbolistas

lançaram mão de alguns recursos, como por exemplo a aliteração, que consiste na

repetição sistemática de um mesmo fonema consonantal, e a assonância, caracterizada

pela repetição de fonemas vocálicos.

Transcendentalismo

Um dos princípios básicos dos simbolistas era sugerir através das palavras sem nomearobjetivamente os elementos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia. Para

interpretar a realidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica.

Preferem o vago, o indefinido ou impreciso. O fato de preferirem as

palavras névoa, neblina, e palavras do genêro, transmite a idéia de uma Obsessão pelo

branco (outra característica do simbolismo) como podemos observar no poema de Cruz e

Sousa: 

"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas

vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras..." [...]

Dado esse poema de Cruz e Sousa, percebe-se claramente uma obsessão pelo branco,

sendo relatado com grande constância no simbolismo.

Literatura do simbolismo 

Os temas são místicos, espirituais, ocultos. Abusa-se da sinestesia, sensação produzida

pela interpenetração de órgãos sensoriais: "cheiro doce" ou "grito vermelho",

dasaliterações (repetição de letras ou sílabas numa mesma oração: "Na messe que

estremece") e das assonâncias, repetição fônica das vogais: repetição da vogal "e" no

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mesmo exemplo de aliteração, tornando os textos poéticos simbolistas profundamente

musicais.

O Simbolismo em Portugal liga-se às atividades das revistas Os Insubmissos e Boêmia

Nova, fundadas por estudantes de Coimbra, entre eles Eugénio de Castro, que, ao

publicar um volume de versos intitulado Oaristos, instaurou essa nova estéticaem Portugal. Contudo, o consolidador estará, a esse tempo, residindo verdadeiramente

no Oriente - trata-se do poeta Camilo Pessanha, venerado pelos jovens poetas que irão

constituir a chamada Geração Orpheu. O movimento simbolista durou aproximadamente

até 1915, altura em que se iniciou o Modernismo. 

Escritores simbolistas Pode-se dizer que o precursor do movimento, na França, foi o

poeta francês Charles Baudelaire com " As Flores do Mal ", ainda em 1857. 

Mas só em 1881 a nova manifestação é rotulada, com o nome decadentismo, substituído

por Simbolismo em manifesto publicado em 1886. Espalhando-se pela Europa, é naFrança, porém, que tem seus expoentes, como Paul Verlaine, Arthur

Rimbaud e Stéphane Mallarmé. 

Portugal Os nomes de maior destaque no Simbolismo português são: Camilo

Pessanha , António Nobre, Augusto Gil e Eugénio de Castro

Brasil No Brasil  , dois grandes poetas destacaram-se dentro do movimento

simbolista: Cruz e Sousa, e Alphonsus de Guimarães. No primeiro, a angústia de sua

condição, reflete-se no comentário de Manuel Bandeira: " Não há (na literatura

brasileira) gritos mais dilacerantes, suspiros mais profundos do que os seus".

São também escritores que merecem atenção: Augusto dos Anjos, Raul de

Leoni, Emiliano Perneta, Da Costa e Silva, Dario Veloso, Arthur de Salles, Ernãni Rosas,

Petion de Villar, Marcelo Gama, Maranhão Sobrinho, Saturnino de Meireles, Pedro

Kikerry, Alceu Wamosy, Eduardo Guimarães, Gilka Machado e Onestaldo de Penafort.

Simbolismo nas artes plásticas 

Oriundo do impressionismo, Paul Gauguin deixa-se influenciar pelas pinturas japonesas

que aparecem na Europa, provocando verdadeiro choque cultural - e este artistaabandona as técnicas ainda vigentes nas telas do movimento onde se iniciou, como a

perspectiva, pintando apenas em formas bidimensionais. A temática alegórica passa a

dominar, a partir de 1890. Ao artista não bastava pintar a realidade, mas demonstrar na

tela a essência sentimental dos personagens - e em Gauguin isto levou a uma busca tal

pelo primitivismo que o próprio artista abandonou a França, indo morar com os nativos

da Polinésia francesa.

Em França outros artistas, como Gustave Moreau, Odilon Redon, Maurice Denis, Paul

Sérusier e Aristide Maillol, aderem à nova estética. Na Áustria, usando de motivos

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eminentemente europeus do estilo rococó, Gustav Klimt é outro que, assim como

Gauguin, torna-se conhecido e apreciado. O norueguês Edvard Munch, autor do célebre

quadro "O grito", alia-se primeiro ao simbolismo, antes de tornar-se um dos expoentes

do expressionismo.

No Brasil, o movimento simbolista influenciou a obra de pintores como EliseuVisconti e Rodolfo Amoedo. A tela "Recompensa de São Sebastião", de Eliseu Visconti, 

medalha de ouro na Exposição Universal de Saint Louis, em 1904, é um exemplo da

influência simbolista nas artes plásticas do Brasil. 

Já na literatura, o simbolismo tem início no Brasil em 1893 com a publicação de dois

livros: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano

de 1922, data da Semana da Arte Moderna. 

O início do simbolismo não pode, no entanto, ser identificado com o termino da escola

antecedente, Realismo. Na realidade, no final doséculo XIX e início do século XX três

tendências caminhavam paralelas: O Realismo e suas manifestações (romance realista,

romance naturalista e poesia parnasiana); O simbolismo, situado à margem da literatura

acadêmica época; e o pré-Modernismo, com o aparecimento de alguns autores

preocupados em denunciar a realidade brasileira, como Euclides da Cunha, Lima

Barreto e Monteiro Lobato, entre outros.

Les Nabis 

Como conseqüência do Simbolismo, apareceu o grupo de Les Nabis. Tem a

particularidade de ter formas mais simplificadas e cores mais puras. A arte torna-se desta

forma uma realidade autónoma do real, pois nela estão patentes emoções, sentimentos

e ideologias.

Simbolismo no teatro

Buscaram os autores, dentre os quais o belga Maeterlinck, o italiano Gabriele

D'Annunzio e o norueguês Ibsen, levar ao palco não personagens propriamente ditos,

mas alegorias a representar sentimento, idéia - em peças onde o cenário (som, luz,ambiente, etc.) tenham maior destaque.

 Art Nouveau 

Outros Nomes 

Arte Floreal, Arte Nova, Jugendstil, Modernista, Modern Style, Style Coup deFouet, Style Liberty, Style Nouille 

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DefiniçãoEstilo artístico que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo, e que interessamais de perto às Artes Aplicadas: arquitetura, artes decorativas, design, artes gráficas,mobiliário e outras. O termo tem origem na galeria parisiense L'Art Nouveau, aberta em1895 pelo comerciante de arte e colecionador Siegfried Bing. O projeto de redecoraçãoda casa de Bing por arquitetos e designers modernos é apresentado na Exposição

Universal de Paris de 1900, Art Nouveau Bing, conferindo visibilidade e reconhecimentointernacional ao movimento. A designação modern style, amplamente utilizada naFrança, reflete as raízes inglesas do novo estilo ornamental. O movimento social eestético inglês Arts and Crafts, liderado por William Morris (1834 - 1896), está nasorigens do art nouveau ao atenuar as fronteiras entre belas-artes e artesanato pelavalorização dos ofícios e trabalhos manuais, e pela recuperação do ideal de produçãocoletiva, segundo o modelo das guildas medievais. O art nouveau dialoga maisdecididamente com a produção industrial em série. Os novos materiais do mundomoderno são amplamente utilizados (o ferro, o vidro e o cimento), assim como sãovalorizadas a lógica e a racionalidade das ciências e da engenharia. Nesse sentido, oestilo acompanha de perto os rastros da industrialização e o fortalecimento da burguesia.

O art nouveau se insere no coração da sociedade moderna, reagindo ao historicismodaArte Acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo e expressões líricas dosromânticos, e visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo aceleradoda vida moderna. Mas sua adesão à lógica industrial e à sociedade de massas se dá pelasubversão de certos princípios básicos à produção em série, que tende aos materiaisindustrializáveis e ao acabamento menos sofisticado. A "arte nova" revaloriza a beleza,colocando-a ao alcance de todos, pela articulação estreita entre arte e indústria.

A fonte de inspiração primeira dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricasdas flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos,ditando os contornos das formas e o sentido da construção. Os arabescos e as curvas,complementados pelos tons frios, invadem as ilustrações, o mundo da moda, as fachadase os interiores, atestam o balaústre da escada da Casa Solvay , 1894/1899, em Bruxelas,do arquiteto e projetista belga Victor Horta (1861 - 1947); as cerâmicas e os objetos devidro do artesão e designer francês Emile Gallé (1846 - 1904); a fachada do Ateliê Elvira,1898, em Munique, do alemão August Endell (1871 - 1925); os interiores donorte-americano Louis Comfort Tiffany (1848 - 1933); as pinturas, os vitrais e painéis doholandês Jan Toorop (1858 - 1928); o Castel Beránger e estações de metrô, de HectorGuimard (1867 - 1942), em Paris; a Casa Milá, 1905/1910, e o Parque Güell , de AntoniGaudí (1852 - 1926), em Barcelona; a Villa d'Uccle, 1896, do arquiteto e projetista belgaHenry van de Velde (1863 - 1957). Um traço destacado de Van de Velde e de outrosarquitetos ligados ao movimento é a idéia modernista da unidade dos projetos, quearticula o interno e o externo, a função e a forma, a utilidade e o ornamento. Tanto na suaresidência - a Villa d'Uccle - quanto em outros ambientes que constrói - The HavanaCompany Cigar Store ou a Haby Babershop, 1900, ambas em Berlim -, Van de Velde

mobiliza pintores, escultores, decoradores e outros profissionais, que trabalham de modointegrado na construção dos espaços, da estrutura do edifício aos detalhes doacabamento.

O art nouveau é um estilo eminentemente internacional, com denominações variadasnos diferentes países. Na Alemanha, é chamado jugendstil , em referência à revista Die Jugend , 1896; na Itália, stile liberty; na Espanha, modernista; na Áustria, sezessionstil .Os três maiores expoentes austríacos do art nouveau, integrantes da Secessão vienense,são o pintor Gustav Klimt (1862 - 1918), o arquiteto Joseph Olbrich (1867 - 1908) -responsável, entre outros, pelo Palácio da Secessão, 1898, em Viena - e o arquiteto edesigner Josef Hoffmann (1870 - 1956), autor dos átrios da Casa Moser , 1901/1903,da Casa Koller , 1902, e do Palácio da Secessão. Os trabalhos de Klimt são emblemáticosdo modo como a pintura se associa diretamente à decoração e à ilustração no art

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nouveau. Suas figuras femininas, de tom alegórico e forte sensualidade - por exemplo, oretrato de corpo inteiro de Emilie Flöge, 1902, Judite I , 1901, e As Três Idades daMulher , 1908 -, têm grande impacto em pintores vienenses como Oskar Kokoschka(1886 - 1980) e Egon Schiele (1890 - 1918).

Ainda no terreno da pintura, é possível lembrar o nome do suíço Ferdinand Hodler (1853- 1918) e suas obras de expressão simbolismo como O Desapontado, 1890; os pintoresintegrantes do grupo belga Les Vingt (Les XX) - James Ensor (1860 - 1949), Toorop e Vande Velde -; e o inglês Aubrey Vincent Beardsley (1872 - 1898), ilustrador, entre outros,da versão inglesa de Salomé, de Oscar Wilde (1854 - 1900).

No Brasil, observam-se leituras e apropriações de aspectos do estilo art nouveau naarquitetura e na pintura decorativa. Em sintonia com o boom da borracha, 1850/1910, ascidades de Belém e Manaus assistem à incorporação de elementos do art nouveau, sejana residência de Antonio Faciola (decorada com peças de Gallé e outros artesãosfranceses) seja naquela construída por Victor Maria da Silva, ambas em Belém. Menosque um art nouveau típico, o estilo na região encontra-se mesclado às representações danatureza e do homem amazônicos, e aos grafismos da arte marajoara, como indicam aspeças decorativas de Theodoro Braga (1872 - 1953) e os trabalhos do português Correia

Dias (1893 - 1935). A casa de Braga em São Paulo, 1937, exemplifica as confluênciasentre o art nouveau e os motivos marajoaras.

A Vila Penteado, prédio atualmente pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismoda Universidade de São Paulo - FAU/USP -, na rua Maranhão, é considerada um dos maisrepresentativos exemplares de art nouveau em São Paulo. Projetada peloarquiteto Carlos Ekman (1866 - 1940), em 1902, a residência segue o padrão menosrebuscado do estilo sezession austríaco. Na fachada externa, nota-se o discreto empregode arabescos e formas florais. No monumental hall de entrada, pinturas de Carlo de Servi(1871 - 1947),Oscar Pereira da Silva (1867 - 1939) e ornamentação de Paciulli. VictorDubugras (1868 - 1933) é outro arquiteto notável pelas construções art nouveau queprojeta na cidade, por exemplo, a casa da rua Marquês de Itu, número 80, ou a residênciado doutor Horácio Sabino na avenida Paulista esquina com a rua Augusta, ou ainda aestação de ferro de Mairinque, São Paulo, 1906.

No modernismo de 1922, os nomes dos artistas decoradores John Graz (1891 - 1980) e

dos irmãos Regina Graz (1897 - 1973) e Antonio Gomide (1895 - 1967), todos alunos de

Ferdinand Hodler, evidenciam influências do art nouveau no Brasil. No campo das artes

gráficas, alguns trabalhos de Di Cavalcanti (1897-1976) - Projeto para Cartaz 

(Carnaval), s.d. e de J. Carlos (1884 - 1950) - por exemplo, as aquarelas Um Suicídio,

1914, e Garota na Onda, s.d. - se beneficiam do vocabulário formal da "arte nova".

Modernismo

Chama-se genericamente modernismo (ou movimento modernista) o conjunto de

movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira

metade do século XX. Apesar de ser possível encontrar pontos de convergência entre os

vários movimentos, eles em geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.

Encaixam-se nesta classificação a literatura, a arquitetura, design, pintura, escultura,

teatro e a música modernas.

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O movimento moderno baseou-se na ideia de que as formas "tradicionais" das artes

plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se

ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma nova

cultura. Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência, do

comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas antigas" esubstituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso".

Em essência, o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX

eram permanentes e eminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar a suas visões de

mundo a fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo.

A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado. Neste

sentido, ela é sinónimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista histórico-cultural,

moderno e contemporâneo abranjam contextos bastante diversos.

No Brasil, os principais artifícios do movimento modernista não se opunham a toda

realização artística anterior a deles. A grande batalha se colocava contra ao passadismo,

ou seja, tudo aquilo que impedisse a criação livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta

modernista era de uma ruptura estética quase completa com o engrossamento da arte

encontrado nas escolas anteriores e de uma ampliação dos horizontes dessa arte antes

delimitada pelos padrões académicos. Em paralelo à ruptura, não se pode negar o desejo

dos escritores em conhecer e explorar o passado como fonte de criação, não como norma

para se criar. Como manifestações desse desejo por ruptura, que ao mesmo tempo

respeitavam obras da tradição literária, temos o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o livro

Macunaíma, o retrato de brasileiros através das influências cubistas de Tarsila do Amaral,

o livro Casa Grande & Senzala, dentre inúmeros outros. Revistas da época também se

dedicaram ao tema, tais como Estética, Klaxon e Antropofagia, que foram meios de

comunicação entre o movimento, os artistas e a sociedade.

Origem do modernismo

A primeira metade do século XIX na Europa foi marcada por uma série de guerras e

revoluções turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em um conjunto dedoutrinas atualmente identificadas com o movimento romântico, focado na experiência

individual subjetiva, na supremacia da Natureza como um tema padrão na arte, meios de

expressão revolucionários ou radicais e na liberdade do indivíduo. Em meados da metade

do século, entretanto, uma síntese destas ideias e formas de governo estáveis surgiram.

Chamada de vários nomes, esta síntese baseava-se na ideia de que o que era "real"

dominou o que era subjetivo. Exemplificada pela realpolitik de Otto von Bismarck, ideias

filosóficas como o positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra vitoriano.

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Fundamental para esta síntese, no entanto, foi a importância de instituições, noções

comuns e quadros de referência. Estes inspiraram-se em normas religiosas encontradas

no Cristianismo, normas científicas da física clássica e doutrinas que pregavam a

percepção da realidade básica externa através de um ponto de vista objetivo. Críticos e

historiadores rotulam este conjunto de doutrinas como Realismo, apesar deste termo nãoser universal. Na filosofia, os movimentos positivista e racionalista estabeleceram uma

valorização da razão e do sistema.

Contra estas correntes estavam uma série de ideias. Algumas delas eram continuações

diretas das escolas de pensamento românticas. Notáveis eram os movimentos bucólicos

e revivalistas nas artes plásticas e na poesia (por exemplo, a Irmandade pré-rafaelita e a

filosofia de John Ruskin). O Racionalismo também manifestou respostas do

anti-racionalismo na filosofia. Em particular, a visão dialética de Hegel da civilização e da

história gerou respostas de Friedrich Nietzsche e Søren Kierkegaard, principal precursordo Existencialismo. Adicionalmente, Sigmund Freud ofereceu uma visão dos estados

subjetivos que envolviam uma mente subconsciente repleta de impulsos primários e

restrições contrabalançantes, e Carl Jung combinaria a doutrina de Freud com uma

crença na essência natural para estipular um inconsciente coletivo que era repleto de

tipologias básicas que a mente consciente enfrentou ou assumiu. Todas estas reações

individuais juntas, porém, ofereceram um desafio a quaisquer ideias confortáveis de

certeza derivada da civilização, da história ou da razão pura.

Duas escolas originadas na França gerariam um impacto particular. A primeira seria o

Impressionismo, a partir de 1872, uma escola de pintura que inicialmente preocupou-se

com o trabalho feito ao ar livre, ao invés dos estúdios. Argumentava-se que o ser humano

não via objetos, mas a própria luz refletida pelos objetos. O movimento reuniu

simpatizantes e, apesar de divisões internas entre seus principais membros, tornou-se

cada vez mais influente. Foi originalmente rejeitado pelas mais importantes exposições

comerciais do período - o governo patrocinava o Salon de Paris (Napoleão III viria a criar

o Salon des Refusés, que expôs todas as pinturas rejeitadas pelo Salon de Paris).

Enquanto muitas obras seguiam estilos padrão, mas por artistas inferiores, o trabalho deManet atraiu tremenda atenção e abriu as portas do mercado da arte para o movimento.

A segunda escola seria o Simbolismo, marcado pela crença de que a linguagem é um

meio de expressão simbólico em sua natureza, e que a poesia e a prosa deveriam seguir

conexões que as curvas sonoras e a textura das palavras pudessem criar. Tendo suas

raízes em As Flores do Mal, de Baudelaire, publicado em 1857, poetas Rimbaud,

Lautréamont e Stéphane Mallarmé seriam de particular importância para o que

aconteceria dali a frente.

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Ao mesmo tempo, forças sociais, políticas e econômicas estavam trabalhando de forma a

eventualmente serem usadas como base para uma forma radicalmente diferente de arte

e pensamento.

Encabeçando este processo estava a industrialização, que produziu obras como a Torre

Eiffel, que superou todas as limitações anteriores que determinavam o quão alto um

edifício poderia ser e ao mesmo tempo possibilitava um ambiente para a vida urbana

notadamente diferente dos anteriores. As misérias da urbanização industrial e as

possibilidades criadas pelo exame científico das disciplinas seriam cruciais na série de

mudanças que abalariam a civilização europeia, que, naquele momento, considerava-se

tendo uma linha de desenvolvimento contínua e evolutiva desde a Renascença.

A marca das mudanças que ocorriam pode ser encontrada na forma como tantas ciências

e artes são descritas em suas formas anteriores ao século XX pelo rótulo "clássico",incluindo a física clássica, a economia clássica e o ballet clássico.

O advento do modernismo (1890-1910)

Em princípio, o movimento pode ser descrito genericamente como uma rejeiçãoda tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova perspectiva baseada emideias e técnicas atuais. Daí Gustav Mahler considerar a si próprio um compositor"moderno" e Gustave Flaubert ter proferido sua famosa frase "É essencial serabsolutamente moderno nos seus gostos". A aversão à tradiçãopelos impressionistas faz destes um dos primeiros movimentos artísticos a serem

vistos, em retrospectiva, como "moderno". Na literatura, o movimentosimbolista teria uma grande influência no desenvolvimento do Modernismo, devido aoseu foco na sensação. Filosoficamente, a quebra com a tradição por Nietzsche e Freudprovê um embasamento chave do movimento que estaria por vir: começar de novoprincípios primários, abandonando as definições e sistemas prévios. Esta tendência domovimento em geral conviveu com as normas de representação do fim do século XIX;frequentemente seus praticantes consideravam-se mais reformadores do querevolucionários.

Começando na década de 1890 e com força bastante grande daí em diante, uma linha depensamento passou a defender que era necessário deixar completamente de lado as

normas prévias, e ao invés de meramente revisitar o conhecimento passado à luz dastécnicas atuais, seria preciso implantar mudanças mais drásticas. Cada vez maispresente integração entre a combustão interna e a industrialização; e o adventodas ciências sociais na política pública. Nos primeiros quinze anos do século XX, umasérie de escritores, pensadores e artistas fizeram a ruptura com os meios tradicionais dese organizar a literatura, a pintura, a música - novamente, em paralelo às mudanças nosmétodos organizacionais de outros campos. O argumento era o de que se a naturezada realidade mesma estava em questão, e as suas restrições, as atividades humanas atéentão comuns estavam mudando, então a arte também deveria mudar.

Artistas que fizeram parte do modernismo

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Alguns marcos são as músicas de Arnold Schoenberg, as experiências pictóricasde Kandinsky que culminariam na fundação do grupo Der blaue Reiter em Munique e oadvento do Cubismo através do trabalho de Picasso e Georges Braque em 1908 e dosmanifestos de Guillaume Apollinaire, além, é claro, do Expressionismo inspirado em VanGogh e doFuturismo. 

Bastante influentes nesta onda de modernidade estavam as teorias de Freud, o qualargumentava que a mente tinha uma estrutura básica e fundamental, e que a experiênciasubjetiva era baseada na relação entre as partes da mente. Toda a realidade subjetivaera baseada, de acordo com as idéias freudianas, na representação de instintos e reaçõesbásicas, através dos quais o mundo exterior era percebido. Isto representou uma rupturacom o passado, quando se acreditava que a realidade externa e absoluta poderiaimpressionar ela própria o indivíduo, como dizia por exemplo, a doutrina da tabularasa de John Locke. 

Entretanto, o movimento moderno não era meramente definido pela sua vanguarda mastambém pela linha reformista aplicada às normas artísticas prévias. Esta procura pela

simplificação do discurso é encontrada no trabalho de Joseph Conrad. Nota-se em Máriode Andrade, com suas retrições à Poesia Pau-Brasil que não o tornam absolutamente umvanguardista. As consequências das comunicações modernas, dos novos meios detransporte e do desenvolvimento científico mais rápido começaram a se mostrar naarquitetura mais barata de se construir e menos ornamentada, e na redação literária,mais curta, clara e fácil de ler. O advento do cinema e das "figuras em movimento" naprimeira década do século XX possibilitaram ao movimento moderno uma estética queera única, e novamente, criaram uma conexão direta com a necessidade percebida dese estender à tradição "progressiva" do fim do século XX, mesmo que isto entrasse emconflito com as normas estabelecidas.

A tentativa de reproduzir o movimento das imagens com palavras surgiu primeiramentecom o Futurismo de Marinetti, na Itália, que publicou o primeiro manifesto no anode 1909. Baseados nas experiências de Sergei Eisenstein no cinema,os cubo-futuristas russos, como Vladimir Maiakovski conseguiram subsequentementeconcretizar esta intenção dos primeiros futuristas.

Após o Futurismo, surgem várias vanguardas na literatura e na poesia, comoo Expressionismo e o Cubismo, importados das artes plásticas, o Dadaísmo eo Surrealismo, a partir da relação com a estética de escritores e poetas da segundametade do século XIX, com suas novas formas de explorar a psique humana e coma linguagem verbal. 

No entanto, muito influenciada pelas ideias do futurismo, surge também uma linha domovimento moderno que rompeu com o passado ainda a partir da primeira década doséculo XX de forma mais branda que as vanguardas, e tentou redefinir as várias formasde arte de uma maneira menos radical. Seguindo esta linha mais branda vieramescritores de língua inglesa como Virginia Woolf, James Joyce (que depois tornou-semais radical e mais próximo das vanguardas), T.S. Eliot, Ezra Pound (com ideiasclaramente próximas ao futurismo), Wallace Stevens, Joseph Conrad, MarcelProust, Gertrude Stein, Wyndham Lewis, Hilda Doolittle, Marianne Moore, FranzKafka e William Faulkner. Compositores como Arnold Schönberg e IgorStravinsky representaram o moderno na música. Artistascomo Picasso, Matisse, Mondrian, os surrealistas, entre outros, o representaram

nasartes plásticas, enquanto arquitetos como Le Corbusier, Mies van der Rohe, Walter

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Gropius e Frank Lloyd Wright trouxeram as ideias modernas para avida urbana cotidiana. Muitas figuras fora do modernismo nas artes foram influenciadaspelas idéias artísticas, por exemplo John Maynard Keynes era amigo de Virginia Woolf eoutros escritores dogrupo de Bloomsbury. 

Pós – Modernidade

Pós-modernidade ou Pós-modernismo é a condição sócio-cultural e estética queprevalece sobre os conceitos predominantes à era moderna, contrastando-a e dandoinicio a uma nova era. Tem como principio a consequente desvalorização dos conceitos

ideológicos dominantes na era moderna; a crise das ideologias e dos ideais quedominaram o século XX, tendo como fator eventual a queda do Muro de Berlim. 

O uso do termo se tornou corrente a controvérsias quanto ao seu significado e a suapertinência, mas os principais vestígios estão ligado ao conceito de que um ideal nãopode ser dado de forma massiva a uma sociedade, gerando uma especie de pensamentopré-fabricado usado para manipular a massa de forma mecanizada. Os maiores exemplossão o Nazismo Alemão e o Comunismo Russo. Ambos moveram a sociedades atraves depraticas ditatoria, toda controlada por ideais.

Algumas escolas de pensamento tem-na como o fundamento do alegado esgotamento domovimento modernista, que dominou a estética e a cultura até final do século XX, 

substituindo, assim, a era moderna. Outros, por sua vez, afirmam que após-modernidade seria a extensão da modernidade, englobando-a para cobrir odesenvolvimento no mundo, onde houve a perda da aura do objeto artístico pela suareprodução em múltiplas formas: fotografias, vídeos, etc. (Walter Benjamin).

Pós-modernidade pode significar uma resposta pessoal para uma sociedadepós-moderna, as condições na sociedade que fazem-na pós-moderna ou o estado de serque é associado a uma sociedade pós-moderna. Em muitos contextos, poderia serdistinguido de pós-modernismo, a consciente adoção de filosofias pós-modernas ou deseus traços na arte, literatura e sociedade.

O crítico brasileiro Mário Pedrosa foi um dos primeiros a utilizar este termo

em 1964 (Madeira, A. p.1). Em importante artigo sobre a arte de Hélio Oiticica Pedrosaafirmava na ocasião (Pedrosa, 1981:2005):

A esse novo ciclo de vocação antiarte chamaria de arte pós-moderna.

Uso do Termo Pós-modernidade é o estado ou condição de ser pós-moderno - depois ou em reaçãoàquilo que é moderno, como na arte pós-moderna (ver Pós-Modernismo). Modernidade édefinido como um período ou condição largamente identificado como Era Progressiva, aRevolução Industrial, ou o Iluminismo. Em Filosofia e teoria crítica, pós-modernidade

refere-se ao estado ou condição da sociedade existir depois da modernidade, uma

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condição histórica que marca os motivos do fim da modernidade. Essa utilização éatribuída aos filósofos Jean-François Lyotard e Jean Baudrillard.O único favorecimento da modernidade, segundo Habermas, foi ter concebido o processopor incorporar os princípios de racionalidade e hierarquia para dentro do público e da vidaartística. Lyotard entendeu a modernidade como uma condição cultural caracterizadapela mudança constante na perseguição do progresso. Pós-modernidade entãorepresenta a culminação desse processo onde a mudança constante se tornou o status

quo e a noção de progresso obsoleto. Seguindo a crítica de Ludwig Wittgenstein dapossibilidade do absoluto e o conhecimento total, Lyotard ainda argumentou que váriasmetanarrativas de progresso tais como a ciência positivista, Marxismo e o estruturalismoforam extintos como métodos de alcançar progresso.O crítico literário Frederic Jameson e o geógrafo David Harvey identificaram após-modernidade como o "capitalismo tardio" ou a "acumulação flexível", um estágio decapitalismo seguindo o capitalismo financeiro, caracterizado por trabalho altamentemóvel e capital. E o que Harvey chamou de "compressão do tempo e espaço". Elessugerem que isso coincide com a falência do sistema Bretton Woods que, eles acreditam,definir a ordem econômica seguindo a Segunda Guerra Mundial. (Ver tambémconsumismo, teoria literária)Aqueles que geralmente vêem a modernidade como fora de moda ou como uma falha

total, uma falha na evolução da humanidade rumando a desastres como Auschwitz eHiroshima, vêem a pós-modernidade como um desenvolvimento positivo. Muitosfilósofos, particularmente aqueles que vêem a si mesmos como dentro do projetomoderno, usam a pós-modernidade para implicar possíveis resultados por manter idéiaspós-modernistas. Mais proeminentemente, Jürgen Habermas e outros afirmam que após-modernidade representa a resurgência de longa duração de idéiascontra-iluministas, que o projeto moderno não está terminado e que a universalidade nãopode ser tão facilmente dispensada. Pós-modernidade, a consequência de manter idéiaspós-modernas, é geralmente um termo negativo nesse contexto.

Pós-Modernismo É o estado ou condição de estar após a modernidade - depois ou em reação ao que émoderno, como na arte pós-moderna (veja pós-modernismo). Modernidade é definida

como um período ou condição vagamente identificado com a Era Progressiva, aRevolução Industrial, ou o Iluminismo. Na filosofia e na crítica teórica pós-modernidaderefere-se ao estado ou condição da sociedade que é dito existir após a modernidade, umacondição histórica que marca as razões para o fim da modernidade. Esta discrição éatribuída aos filosófos Jean-François Lyotard e Jean Baudrillard.O relacionamento entre a pós-modernidade e a teoria crítica, sociologia e a filosofia éferozmente contestado e os termos "pós-modernidade" e "pós-modernismo" sãogeralmente difíceis de distinguir, sendo o primeiro muitas vezes o resultado do posterior.O período tem tido diversas ramificações políticas: suas "idéias anti-ideológicas"parecem ter sido positivamente associadas com o Movimento Feminista, movimentos deigualidade racial, movimentos a favor dos direitos dos homossexuais, a maioria formasdo anarquismo do final do século 20 e até de movimentos de paz tão bem quanto várioshíbridos destes atuais movimentos anti-globalização. Apesar de nenhuma dessasinstituições inteiramente abraçarem todos os aspectos do Movimento Pós-Moderno emsua definição mais concentrada que eles todos refletiram, ou pegaram emprestado, dealguma de suas idéias mais centrais.

Diferentes concepções 

Segundo o francês Jean-François Lyotard, a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelofim das metanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam caído em descrédito enão haveria mais "garantias", posto que mesmo a "ciência" já não poderia serconsiderada como a fonte da verdade.Para o crítico marxista norte-americano Fredric Jameson, a Pós-Modernidade é a "lógicacultural do capitalismo tardio", correspondente à terceira fase do capitalismo, conforme

o esquema proposto por Ernest Mandel.

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Outros autores preferem evitar o termo. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dosprincipais popularizadores do termo Pós-Modernidade no sentido de forma póstuma damodernidade, atualmente prefere usar a expressão "modernidade líquida" - umarealidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão do manifestocomunista, tudo o que é sólido se desmancha no ar.O filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo "hipermodernidade", por considerarnão ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos - como o prefixo "pós" dá

a entender. Segundo Lipovetsky, os tempos atuais são "modernos", com umaexarcebação de certas características das sociedades modernas, tais como oindividualismo, o consumismo, a ética hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço.Já o filósofo alemão Jürgen Habermas relaciona o conceito de Pós-Modernidade atendências políticas e culturais neoconservadoras, determinadas a combater os ideaisiluministas.

Gênese histórica da pós-modernidade 

A segunda metade do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças nahistória do pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologiasde comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças

paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições.De modo geral, as críticas apontam para as raízes da maioria dos conceitos sobre oHomem e seus aspectos, constituídas no século XV e consolidadas no século XVIII. AModernidade surgida nesse período é criticada em seus pilares fundamentais, como acrença na Verdade, alcançável pela Razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso.Para substituir estes dogmas, são propostos novos valores, menos fechados ecategorizantes. Estes serviriam de base para o período que se tenta anunciar - nopensamento, na ciência e na tecnologia - de superação da Modernidade. Seria, então, oprimeiro período histórico a já nascer batizado: a pós-modernidade.

HistóriaAlguns autores, assim como Lyotard e Baudrillard, acreditam que modernidade terminouno final do século XX e apesar de ter definido um período subsequente a modernidade,

nomeado pós-modernidade, enquanto outros, tais como Bauman e Giddens,estenderiam a modernidade para cobrir o desenvolvimentos denotados pelapós-modernidade. outros ainda afirmam que a modernidade terminou com a EraVitoriana em 1900.[2]A pós-modernidade tem passado por duas fases relativamente distintas: a primeiracomeçando em 1950 e terminando com a Guerra Fria (quando a mídia analógica com abanda limitada encorajou a poucos canais de mídia autoritários) e a segunda começou noinício do fim da Guerra Fria (marcado pela popularização da televisão à cabo e a "novamídia" baseada em significados digitais de disseminação de informação e transmissão).A segunda fase da pós-modernidade é definida pela "digitalidade" - o aumento de poderpessoal e digital através dos meios de comunicação (máquinas de fax, modems, cabo einternet de alta velocidade) que alteraram a condição da pós-modernidadedramaticamente: produção digital de informação passa a permitir que indivíduosmanipulem virtualmente todo aspecto do ambiente da mídia. Isso tem levado produtorese consumidores a conflitos relacionados ao capital intelectual e vem permitindo a criaçãode uma nova economia defendida como sendo capaz de alterar fundamentalmente asociedade devido à queda drástica dos custos gerados pela criação da informação.Começou-se a discutir que a digitalidade ou o que Esther Dyson referiu-se ser como "serdigital" tem emergido como uma condição separada da pós-modernidade. Aquelesmantendo essa posição discutem que a habilidade de manipular itens da cultura popular,a World Wide Web (www), o uso de engenharias de busca para indexar conhecimento etelecomunicações foram produzindo uma "convergência" na qual seria marcada pelosurgimento da "cultura participatória" nas palavras de Henry Jenkins e o uso deaparelhos de mídia, tais como iPods da Apple.A mais simples demarcação do ponto dessa era é o colapso da união Soviética e a

liberalização da China em 1991. Francis Fukuyama escreveu "The End Of History" em

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1989 na antecipação da queda do Muro de Berlim. Ele previu que a questãopolítico-filosófica tinha sido respondida, que guerras em larga escala sobre valoresfundamentais não mais poderiam se erguer desde que "todas as contradições antes sãoresolvidas e todas as necessidades humanas satisfeitas". Isso é um tipo de "finitismo"também assumiu Arthur Danto, quem em 1984 aclamou que as caixas de Brillo de AndyWarhol exigiu a questão certa de arte e portanto a arte tinha terminado.

Pós-modernidade, identidade cultural e globalização

Em "A Identidade cultural na Pós-Modernidade", Stuart Hall (2003)[1] busca avaliar seestaria ocorrendo uma crise com a identidade cultural, em que consistiria tal crise e qualseria a direção da mesma na pós-modernidade. Para efetivar tal intento, analisa oprocesso de fragmentação do indivíduo moderno enfatizando o surgimento de novasidentidades, sujeitas agora ao plano da história, da política, da representação e dadiferença. A preocupação de Hall também se volta para o modo como haveria se alteradoa percepção de como seria concebida a identidade cultural. Todos esses aspectosconstituem-se como fases de um procedimento analítico que intenta descrever oprocesso de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernase pós-modernas, assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam

o indivíduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, nacontemporaneidade, principalmente, pelo processo de globalização.A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e asestruturas fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de exercíciodo poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seusefeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando oque gerou, quais as formas e quais as consequências da crise dos paradigmas do final doséculo XX.Desde a década de 1980, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura emnível global. Não apenas a cultura de massa, já desenvolvida e consolidada desdemeados do século XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha osistema-mundo político-econômico resultante da globalização.A Pós-Modernidade, que é o aspecto cultural da sociedade pós-industrial, inscreve-se

neste contexto como conjunto de valores que norteiam a produção cultural subsequente.Entre estes, a multiplicidade, a fragmentação, a desreferencialização e a entropia - que,com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturascomo mercados consumidores. No modelo pós-industrial de produção, que privilegiaserviços e informação sobre a produção material, a Comunicação e a Indústria Culturalganham papéis fundamentais na difusão de valores e idéias do novo sistema.

Crise da representação 

O que se denomina "Crise da Representação", que assombra a arte e as linguagens nocontexto pós-moderno, é um fenômeno diretamente ligado à destruição dos referenciaisque vinham norteando o pensamento até bem recentemente. O registro do real(figurativismo) era o principal eixo da pintura até 1870, assim como de resto de toda aarte, até o pós-guerra. Dali em diante, valoriza-se a entropia; “tudo vale”, e todos osdiscursos são válidos. O resultado é que não há mais padrões limitados para representara realidade, resultando numa crise ética e estética.A justificativa para essa mudança pode ser mais objetiva: com a História apontando paraa formação de uma sociedade global (nível macro), nenhuma das visões de mundopreexistentes (nível micro) poderia ser descartada, sob pena de excluir interessantesmercados consumidores do sistema-mundo capitalista. O pós-moderno, assim, pelo seucaráter policultural, sua multiplicidade, sua hiperinformação, serve bem à constituição deuma rede inclusiva de consumidores. E dentro disso está inserida a dejeção dosreferenciais de representação.

Imagem e realidade 

Os meios audiovisuais, utilizando-se da sua capacidade de atingir mais sentidos humanos

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(visão e audição, responsáveis por mais de ¾ das informações que chegam ao cérebro),têm um potencial mais rico e imediato para transmitir sua mensagem e sua visão derealidade. A literatura, a música e a poesia dependem de um grau mais alto de abstraçãoe interação lógica com o intelecto. Não obstante, outras artes “mais antigas” já tiveramseus momentos de mescla entre ficção e realidade, como as pinturas rupestres dascavernas (que “eram” os próprios animais pintados, e não representações deles) ou aescultura das primeiras civilizações (que buscavam a própria forma do real). Hoje,

entretanto, estão na esfera da arte, ou ficção. Pode ser que, num futuro incerto, ohomem ria do vídeo, perguntando-se como pôde um dia acreditar numa imagem formadapor circuitos eletrônicos. Mas, até lá, continuará em dúvida sobre sua validação ou nãocomo parte da realidade.

Estética pós-moderna A estética pós-moderna apresenta diferenças fundamentais em relação a tudo o que veioantes dela, incluindo todas as estéticas modernistas. Os próprios critérios-chave daestética moderna, do novo, da ruptura e da vanguarda são desconsiderados peloPós-Moderno. Já não é preciso inovar nem ser original, e a repetição de formas passadasé não apenas tolerada como encorajada.Entretanto, ainda que diversas obras estéticas, de diferentes categorias, apresentem

características semelhantes e recorrentes, não parece correto nem possível falar de um “estilo pós-moderno”, muito menos de um “movimento pós-moderno”. Tais conceitosprescindiriam de um certo nível de organização, articulação ou mesmo intercâmbio quesimplesmente não existe entre os produtores de estética. Se foi possível falar emmovimento modernista, isso é devido ao fato de haver grupos relativamente próximos eem certa frequência de contato na Europa do início do século XX. Na Pós-Modernidade' ,entretanto, os artistas até têm maiores possibilidades de se comunicar, mas aquantidade incalculável de tendências e linguagens torna impossível alguma unicidadeformal.As similaridades estéticas entre os produtos provavelmente são consequência dascondições de produção e de circulação, dado que um dos efeitos sabidos da Globalizaçãoé a homogeneização das relações de produção e dos hábitos de consumo. Daí advém oneo-historismo (na verdade, um não-historismo, na medida em que desconsidera a

História), que é a mistura de todos os estilos históricos em produtos sem períododefinido.A entropia que se prega no Pós-Moderno diz respeito ao fim da proibição, à admissão detodo e qualquer produto, pois, se regulamento caberá ao mercado, toda produção éconsiderada mercadoria.

O pós-modernismo visto por Ernest Gellner Ernest Gellner debateu-se com o fenómeno do pós-modernismo, que ele vê como ummovimento que é uma das principais orientações em debate na actualidade, no nível dasgrandes ideias. As outras sendo:O fundamentalismo religiosoA razão, ou o fundamentalismo do IluminismoEm "Pós-modernismo, razão e religião", de 1992, Gellner refere-se ao pós-modernismoda seguinte forma:"O pós-modernismo é um movimento contemporâneo. É forte e está na moda. Esobretudo, não é completamente claro o que diabo ele é. Na verdade, a claridade não seencontra entre os seus principais atributos. Ele não apenas falha em praticar a claridademas em ocasiões até a repudia abertamente... que couisaA influência do movimento pode ser discernida na Antropologia, nos estudos literários,filosofia...As noções de que tudo é um "texto", que o material básico de textos, sociedades e quasetudo é significado, que significados estão aí para serem descodificados ou"desconstruidos", que a noção de realidade objectiva é suspeita - tudo isto parece serparte da atmosfera, ou nevoeiro, no qual o pós-modernismo floresce, ou que opós-modernismo ajuda a espalhar.

O pós-modernismo parece ser claramente favorável ao relativismo, tanto quanto ele é

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capaz de claridade alguma, e hostil à ideia de uma verdade única, exclusiva, objectiva,externa ou transcendente. A verdade é ilusiva, polimorfa, íntima, subjectiva ... eprovavelmente algumas outras coisas também. Simples é que ela não é...Tudo é significado e significado é tudo e a hermenêutica o seu profeta. Qualquer coisaque seja, é feita pelo significado conferido a ela...Obviamente, esta nova "moda" não é compatível com o Positivismo, que Gellner definecomo: "...a crença na existência e disponibilidade de factos objectivos, e sobretudo da

possibilidade de explicar os ditos factos por meio de uma teoria objectiva e testável, elaprópria não essencialmente ligada a nenhuma cultura particular, observador ou estadode espírito".José Merquior viu nesta confrontação uma repetição da batalha entre o classicismo e oromantismo, o primeiro associado com a dominação pela Europa por uma côrte francesae suas maneiras e padrões, o último com a reacção pelas outras nações, afirmando osvalores das suas próprias culturas populares.Mas Gellner aponta uma diferença:"Mas os românticos escreveram poesia. Os pós-modernos também se entregam aosubjectivismo, mas o seu repúdio por disciplina formal, a sua expressão de profundaturbulência interna, é expressa em prosa académica, destinada à publicação em distintos

 jornais, um meio de assegurar a promoção ao impressionar os comités apropriados.

"Sturm und Drang und Cargo" pode muito bem ser o seu slogan.".Etapas históricas a caminho do pós-modernismo Gellner vê duas ou três grandes etapas na evolução do tipo de pensamento queculminaria no Pós-Modernismo. Para compreender o Pós-Modernismo há quecompreender a evolução do marxismo.Marxismo teóricoMarxismo na prática, tal como este foi vivido na União Soviética.Escola de FrankfurtNo fundo, as linhas da árvore genealógica do Pós-Modernismo são traçadas ao longo daevolução do Marxismo, da teoria para a sua aplicação prática (e os sinais do seufracasso). Comecemos pela raiz.Marxismo [editar]

Segundo alguns estudiosos, o pós-modernismo teria origem no marxismo. Trata-se deuma posição polêmica, já que o marxismo é uma filosofia materialista segundo a qual asforças de produção são determinantes das estruturas sociais. Ainda por cima, omarxismo afirmava-se científico enquanto os intelectuais pós-modernos colocam emquestão precisamente a possibilidade de se chegar a uma visão única."Mas isso foi há muito tempo, numa madrugada em que era uma glória bem-aventuradapermanecer-se vivo, e muita água passou pela ponte desde então. A qualidadeexclusiva-absolutista da "revelação" marxista e a forma pela qual ela foi apresentada eperpetuada significavam que os Marxistas sempre tiveram dificuldade em creditar de boafé aqueles que não aceitavam a sua visão. Mais ainda, a sua própria teoria requeria-os aexplicar aqueles dissidentes sociologicamente. O erro não era aleatório mas uma funçãoda (posição na) sociedade: a especificação da sua função não apenas identificava edesmascarava o herético, mas também iluminava a cena social. As visões erróneas doinimigo desmascaravam a sua posição, os males sociais que ele se preocupava emdefender, e os meios a ele disponíveis no seu intento nefasto. A denúncia e odesmascarar (desse inimigo) eram uma forma de educação, bem como um prazer. Omarxista rapidamente adquiriu um grande gosto e perícia em tais explicações redutivas,e a explicação de opiniões críticas (ao marxismo) em termos de pertença de classe einteresse dos críticos tornou-se um estilo literário bem estabelecido, com os seuscânones, os seus clássicos, os seus procedimentos habituais".

O Marxismo real-existente "Com a passagem do tempo, e especialmente após o estabelecimento da União Soviética,a quantidade de criticismo hostil que necessitava de ser explicado cresceu a um novoritmo e a proporção do Marxismo que consistia nas explicações denunciando os críticos

do Marxismo aumentou correspondentemente. O marxismo quase se tornou uma espécie

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de tema especial cuja ocupação era a desilusão das construções-de-mundo dos outros".No entanto, nesta fase, os marxistas acreditam ainda numa verdade única, que elespróprios detinham, como é óbvio. Os críticos falhavam em alcançá-la, por culpa própria.

A escola de Frankfurt Com o fim do Estalinismo, as reformas de Khrushchov e a crescente dúvida noempreendimento comunista, o panorama tinha evoluido num sentido ainda mais radical

(e absurdo, para alguns)."Toda esta tendência foi desenvolvida ainda mais por um movimento influente que já nãose encontrava ligado ao comunismo internacional e desde logo se encontrava livre daobrigação da defesa do balanço do marximo aplicado na prática - o movimento filosóficoconhecido como a Escola de Frankfurt e a sua chamada teoria crítica. Este facto foi típicoda libertação da "intelligentsia" esquerdista internacional da autoridade e disciplina dopartido comunista, que se seguiu às revelações de Khrushchov no Vigésimo Congresso doPartido Comunista da União Soviética. Ele forneceu muito da ideologia para o protestoestudantil dos anos 60 do século XX, que era crítico de ambos os lados dominantes nacena internacional.A escola de Frankfurt tinha muitos traços em comum com os marxistas do partido, dadoque explicava ao lado das visões dos seus opositores; mas havia uma diferença

interessante. Os marxistas da velha guarda não se opunham à noção de objectividadecomo tal, eles apenas argumentavam que os seus oponentes tinham falhado em seremgenuinamente objectivos, e meramente tinham fingido observar as normas daobjectividade científica, quando na verdade serviam e eram guiados pelos seusinteresses de classe. Mas a verdadeira ciência permanecia (para os Marxistas) e eracontrastada pela falsa consciência, inspirada por interesses de classe"....A objectividade real requeria acima de tudo um saudável posicionamento de classe epolítico. Era muito fácil deslizar disto para a visão de que uma posição saudável ésuficiente em si mesmo e finalmente a visão de que não há visões objectivas saudáveisde todo. A verdadeira ilusão era a crença na possibilidade de verdade única, objectiva. Opensamento vive sob significados, significados são específicos da cultura. Ergo, vida ésubjectividade.Um verdadeiro, esclarecido pensador crítico (à la Frankfurt) não desperdiçava muito

tempo, ou provavelmente não desperdiçava tempo nenhum em descobrir precisamenteaquilo que era, ele ia directamente à substância escondida sob a superfície, as profundascaracterísticas que explicavam porque é que o que era, era, e também à igualmenteprofunda iluminação quanto a o que deveria ser. Liberto do culto positivista do que é,cuja investigação seria apenas uma ratificação camuflada do statu quo, um espírito livregenuinamente crítico encontra-se na bela posição de determinar precisamente aquilo quedeveria ser, em oposição dialéctica ao que meramente é.Acabaram-se os dias em que um "positivista" era alguém que invoca factos contra oMarxismo. Agora, o positivista é alguém que faz uso de quaisquer factos de todo, oupermite a sua existência, qualquer que seja o seu objectivo".

Culminar desta evolução - O pós-modernismo "Os pós-modernistas deram um passo mais. Tal como os Frankfurters, eles repudiam oculto e busca de factos externos, que tinham sido o caminho (supostamente errado) dapercepção da realidade social, mas os pós-modernos não substituem esse caminho porum outro alternativo (obscuramente especificado pelos Frankfurters), e sim pelaafirmação de que nenhum tal caminho é possível, necessário ou desejável. Não é aobjectividade superficial que é repudiada, mas a objectividade como tal".

Criticismo 

Criticismos da condição pós-moderna pode abertamente ser colocada dentro de quatrocategorias: criticismos da pós-modernidade da perspectiva daqueles que rejeitam omodernismo e suas ramificações, criticismo de defensores do modernismo que acreditamque a pós-modernidade não tem características cruciais do projeto moderno, críticas de

dentro da pós-modernidade que buscam reformar ou mudar baseado em seus

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entendimentos de pós-modernismo e aqueles que acreditam que a pós-modernidadeestá em fase de passagem, e não de crescimento, na organização social.

Formas de organização social

A Sociedade é produto das relações... Max Weber

(1864-1920)• As pessoas se comportam de acordo com as

expectativas da sociedade.• O comportamento não ocorre por

coação ou determinação do grupo, mas pela forma como a

pessoa representa (subjetivamente) a norma.• Já que o

comportamento está vinculado à subjetividade e à

expectativa, as pessoas podem ter comportamentos

diferentes dos esperados pela sociedade.

Somos humanos porque... ... Vivemos em Sociedade!•

Aprendemos a ser humanos através do trabalho das

Instituições de Controle Social que ocorrem desde a infância e

se prolongam por toda a vida. – Família – Escola – Mídia – 

Autoridades Jurídicas, outros...

Precisamos da Sociedade!• Para nos tornarmos humanos

– Tarzan, Mogli• Para nos mantermos humanos – Mr. Wilson,

Náufrago

Instituições de Controle Social 1. Socialização Introduzir

nos grupos Criar identidade 2. Educação Informar, passar

conhecimento 3. Coerção Adequar comportamento para que

seja mais próximo do ideal

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Ideal ≠ Normal ≠ Patológico• Normalidade – 

Comportamento dentro dos limites da coercitividade – Pode

ser indesejado e condenável pelo grupo social • Homicídio •

Suicídio• Patológico – Podem destruir o grupo social – Estão

além da generalidade observada

Sanções e punições• Cabe, então, à sociedade regular o

comportamento de seus membros e arbitrar sobre a

legalidade e legitimidade de ações anômicas. – Comportamentos podem ser nocivos ao grupo e às

instituições sociais – Comportamentos podem ser imorais e

anti-éticos – Comportamentos anômicos podem ser fruto do

próprio desenvolvimento excludente da sociedade

Coercitividade e Tolerância• Para Durkheim, a

coercitividade é sempre no sentido de trazer os indivíduos

para a linha média esperada de comportamentos.• Assanções e punições podem variar dentro de um limite de

tolerância permitida pela consciência coletiva.• As sanções

têm a função de reforçar o comportamento médio e a

consciência coletiva.

2 tipos de sanção• Sanção espontânea – O próprio grupo

exerce sobre o comportamento desviante, exercida pela

sociedade• Sanção legal – Ocorre por força de lei e leva a uma

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punição com peso corretivoO objetivo das sanções é evitar

que a anomia seintensifique e se espalhe, ariscando a coesão

esobrevivência do grupo em detrimento da

satisfaçãoindividual ou de um pequeno grupo.

Instituições, controle e coerção• As Instituições de

Controle Social visam a manutenção da estabilidade social e

devem fazer com que os indivíduos se socializem de forma

que o grupo sobreviva.• Quando um indivíduo tem um

comportamento patológico, revela o fracasso da

coercitividade.

Calma! Existem compensações... (?)• Para a

Solidariedade ser eficiente, as Instituições devem

desenvolver alternativas de (re)incomporporar os indivíduos

na sociedade.• A perda de liberdade e a vigilância pela

Consciência Coletiva é compensada com uma existência que

leva à realização da potencialidade do indivíduo, seu

reconhecimento e respeito.

3 estágios de organização social Émile Durkheim

(1858-1917) 1.Horda 2.Sociedade Natural 3.Sociedade Civil

ou Jurídica

Horda• Na horda, os indivíduos humanos lutam entre si

permanentemente por uma existência completamente

individual e desvinculada de qualquer noção de grupo.• Horda

=> não há grupo• Estado de Natureza => grupo• Não existe

um corpo social• A barbárie prevalece• Solidariedade é

inexistente

Sociedade Natural• Aristóteles (348-322 a.C.), Tomás de

Aquino (1225-1274), Friederich Engels (1820-1895), Karl

Marx (1818-1883)• Não existe a possibilidade de existência

humana fora de um determinado grupo regrado.• A sociedade

nasce a partir da necessidade de sobrevivência e produção de

bens.

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Estado de Natureza• Thomas Hobbes (1588-1679), John

Locke (1632-1704), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)• A

sobrevivência em grupo é possível, mas existem grandes

dificuldades para manter regras definidas e comuns de

sobrevivência.• Os humanos podem nascer em grupos sociais

definidos, mas sem a formalização de regras, sem regras

gerais de convivência e interdependência que regulem

deveres e direitos.• O Estado de Natureza não possui regras

 jurídicas, comuns e integradoras que disciplinem a

sobrevivência de todos.

Sociedade Civil ou Jurídica• Hobbes, Locke, Rousseau•

Estado de Natureza não pode ser mantido de formaduradoura => cria-se a sociedade propriamente dita, a

sociedade civil, através do contrato social• Existem

convenções entre os indivíduos de que certas regras e normas

são comuns e regularão os direitos e deveres de cada um.• O

não cumprimento de regras será punido com sanções e

punições.

Cidadania e democracia na Antiguidade; Estado e direitos do cidadão a

partir da Idade Moderna; democracia direta, indireta e representativa.

O termo democracia surgiu na Antiguidade clássica, em Atenas, naGrécia, para designar a forma de governo que caracterizava a administração política dosinteresses coletivos dos habitantes das cidades-estados. Na Idade Média, o termo caiuem desuso. Só reapareceria por volta do século 18, durante as revoluções burguesas queeclodiram no mundo ocidental.

No século 20, a democracia voltou a ser objeto de grande interesse. Issoaconteceu especificamente a partir da década de 1950, quando as sociedades ocidentaishaviam passado por períodos de violência armada entre vários Estados, em decorrênciadas duas guerras mundiais.

A democracia teve diferentes significados em cada um dos períodos históricosmencionados. Na Antiguidade clássica, o critério utilizado pelos gregos para definir umgoverno democrático foi a "fonte" ou "origem" da autoridade política.

Para os gregos "demos" significa povo e "kratos" significa poder. Na concepçãoidealista da democracia grega, o poder ou "vontade do povo" se manifestava nasassembleias públicas das cidades-estados. Era quando os cidadãos reuniam-se paratomar decisões políticas de interesse da comunidade.

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Tipos de Democracia:

Democracia direta: Era a forma de democracia praticada na Grécia antiga,especialmente em Atenas, onde o povo debatia e decidia as questões mais importantesda polis em assembleias realizadas em praça pública. Hoje esse tipo de democracia só épraticado em pequenos cantões (estados federados) suíços (Landsgemeinde) e ainda

assim de forma restrita, porque os assuntos não são amplamente discutidos, havendouma preparação prévia pelas autoridades.

Democracia semidireta: Nesse tipo de democracia o povo participa diretamente,propondo, aprovando ou autorizando a elaboração de uma lei ou a tomada de umadecisão relevante pelo Estado. A atuação do povo não é exclusiva, pois age em conjuntocom os representantes eleitos, que vão discutir elaborar ou aprovar a lei. É utilizadaatualmente em combinação com a democracia representativa, que ainda prevalece.Muito usada nos EUA, é rara no Brasil.

Democracia Representativa: Devido à impossibilidade da reunião de grandenúmero de pessoas para a tomada de decisões e à desconfiança com relação à

capacidade do povo de tomar decisões (v. Montesquieu), a democracia no EstadoModerno é predominantemente representativa, ou seja, o povo elege representantespara tomar as decisões em seu lugar.

Revoluções sociais e políticas na Europa Moderna

Durante os séculos 14 e 15, a Europa viveu um período de alta atividadeintelectual e artística. Essa volta do aprendizado clássico é chamada de Renascimento. Oséculo 15 marcou o começo da era de exploração. Cristovão Colombo e outros europeusabriram o caminho para a melhora no comércio mundial e grandes impérios coloniais. Ascidades do Atlântico substituíram as da Itália como os centros comerciais da Europa, ecomerciantes ricos começaram a competir com os nobres em riqueza e poder. Umacrescente abundância de dinheiro permitiu que reis contratassem oficiais e soldados,gradualmente acabando com a necessidade de relações feudais.

O século 16 trouxe a Reforma, quando muitos cristãos rejeitaram a autoridadedo papa e o movimento Protestante começou. Os séculos 17 e 18 formaram um períodode guerras selvagens em que os vários monarcas europeus procuravam aumentar seusterritórios. A Inglaterra tornou-se uma monarquia limitada e ambições por liberdadepolítica apareceram em outras partes da Europa.

Países Baixos no século 16. Os Países Baixos, incluindo a maioria da Bélgicacomo é hoje, Luxemburgo e a Holanda, pertenceram à Espanha no século 15. O norteconquistou a independência em 1648.

A Revolução Industrial começa na Europa. Fábricas se desenvolveram naInglaterra durante a Revolução Industrial, trazendo máquinas e trabalhadores paraoperá-las. Mulheres e crianças operaram muitas máquinas nas fábricas têxteis.

O espírito democrático foi despertado na Europa continental pela RevoluçãoFrancesa, em 1789. A revolução foi seguida pela ascensão de Napoleão, que dominou amaior parte da Europa por um tempo.

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Da derrota final de Napoleão, em 1815, vieram arranjos políticos que tinham aintenção de assegurar uma Europa permanentemente estável e pacífica. Mas os ideais deliberdade e nacionalismo assumiram o controle e as décadas seguintes do século 19foram marcadas por mais guerras e revoluções. Surgiram novas nações, incluindo a Itáliamoderna e a Grécia moderna. O império Austro-Húngaro surgiu em 1867 como umimpério que dominava vários grupos nacionais. O Império Alemão nasceu sob o domínio

da Prússia após a Guerra Franco-Prussiana, que aconteceu entre 1870 e 1871. 

Formação territorial brasileira; as regiões brasileiras; políticas dereordenamento territorial

O território do Brasil ocupa uma área de 8 514 876 Km². Em virtude daextensão territorial, o Brasil é considerado um país continental por ocupar grande partedo continente da América do Sul. O país se encontra em quinto lugar em tamanho deterritório.

A população brasileira está irregularmente distribuída, pois grande parte dapopulação habita em região litorânea do território, onde se encontram as maiorescidades do país. Isso nada mais é do que herança histórica, a forma com que o Brasil foipovoado, os primeiros núcleos urbanos surgiram no litoral.

Até o século XVI o Brasil possuía apenas a área estabelecida pelo Tratado deTordesilhas, assinado em 1494 por Portugal e Espanha, tratado que dividia as terras daAmérica do Sul entre Portugal e Espanha.

Os principais acontecimentos históricos que contribuíram para o povoamento do paísforam:

No século XVI: a ocupação se limitava ao litoral, a principal atividadeeconômica desse período foi o cultivo de cana para produzir o açúcar, produto muitoapreciado na Europa, a produção era destinada a exportação. As propriedades ruraiseram grandes extensões de terra, cultivadas com força de trabalho escrava. Ocrescimento da exportação urbanizou o litoral com os primeiros centros urbanos, ascidades portuárias.

Século XVII e XVIII: foram marcados pela produção pastoril que adentrou aoeste do país, e também pela descoberta de jazidas de ouro e diamante nos estados deGoiás, Minas Gerais e Mato Grosso. Esse período foi chamado de aurífero, no qual fezsurgir várias cidades.

Século XIX: a atividade que contribuiu para o processo de urbanização foi a produção decafé, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e EspíritoSanto. Essa atividade contribuiu para o surgimento de várias cidades.

As lutas pela conquista da independência política das colônias daAmérica

INDEPENDÊNCIA DAS COLÓNIAS ESPANHOLAS

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Durante as três primeiras décadas do século XIX, as colônias espanholas lutaram pelaindependência em relação à metrópole. Não se tratou de um movimento único, mas devários processos distintos. Entretanto, podemos dizer que alguns elementos comunscontribuíram para as luta pela independência.

O pensamento liberal do Iluminismo, que influenciou a independência dos Estados Unidos

(1776) e os grupos da Revolução Francês (1789), também se difundiu entre sectores daelite colonial espanhola. Muitos dos ideais antiabsolutistas defendidos pelo liberalismoserviram de justificativa filosófica para a luta contra o domínio colonial espanhol.

Assim, as criticas contra o absolutismo europeu se transformaram em anticolonialismona América.

Além das ideias liberais, as lutas pela independência foram impulsionadas pelaconsciência das elites coloniais de que os laços com o governo espanhol dificultavam seudomínio mais pleno sobre as áreas da América. Essa elite era constituída, sobretudo,pelos crioulos (filhos de espanhóis nascidos na América).

A metrópole espanhola era responsável por várias medidas que prejudicavam a elitecrioula:

a) dificultava o acesso dos crioulos aos altos cargos do governo e administração colonial.A maioria desses cargos era ocupada por pessoas nascidas na Espanha.

b) cobrava elevados tributos sobre produtos de exportação.

c) restringia o desenvolvimento de produtos manufaturados que concorressem com aprodução metropolitana.

As elites coloniais formavam um conjunto diversificado no qual encontramos grupos de

latifundiários (produtores de gêneros de exportação como cacau, açúcar etc.),comerciantes urbanos, proprietários de minas etc. Não tinham o mesmo pensamentopolítico ou econômico, mas, em geral, concordavam em querer ampliar seus podereslocais e desejavam conquistar direito ao livre comércio.

Por meio de várias revoltas emancipacionistas, que abrangeram o período de 1810 a1828, diversas áreas da América espanhola foram conquistando sua independênciapolítica.

Na América do Sul, as lutas pela independência contaram com a liderança de homenscomo José San Martín e Simón Bolívar.

San Martín comandou um poderoso exército contra as forças espanholas, obtendoimportantes vitórias nas regiões sul e central da América do Sul. É considerado libertadorda Argentina, Chile e Peru.

Simón Bolívar destacou-se como líder militar e político nas lutas pela independênciatravadas mais ao norte da América do Sul. É considerado libertador da Venezuela, daColômbia, do Equador, da Bolívia e também do Peru.

 “O fato de a chamada elite crioula ter sido a promotora da independência determinousimultaneamente, as finalidades e os limites desta. Constituindo-se em classedominante, não tinha, é claro, nenhum interesse em alterar a ordem social vigente. A

estrutura interna latino-americana estava montada em função da articulação com os

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mercados europeus, para onde iam as matérias-primas e de onde vinham asmanufaturas. O monopólio exercido por Espanha e Portugal, tornando insuportável opacto colonial, motivou, a partir de certo momento, a rebelião de independência. Por trásde um discurso de liberdade, o que houve foi a oposição aos seculares privilégios geradosno mercantilismo: a cobrança de impostos, a proibição de produzir e negociar livrementee a obrigação de os navios, que vinham ou saíam do Novo Mundo, de passarem,

obrigatoriamente, por portos ibéricos”.4 

A Revolução Francesa e o Império Napoleônico também exerceram influência naindependência das colônias. A Revolução foi uma luta contra o absolutismo e omercantilismo (que era também a luta dos colonos). E Napoleão, ao invadir a PenínsulaIbérica, acabou acelerando o processo da independência. A ocupação francesadesorganizou completamente o sistema colonial na América e possibilitou oaparecimento de circunstâncias favoráveis ao movimento libertador.

Impedida de reagir, a metrópole apenas assistiu às sucessivas manifestações derompimento político por parte dos povos da América. Quando, finalmente, se libertou dodomínio francês, em 1815, a Coroa espanhola tentou, por meio de violenta repressão,impedir novos movimentos. Mas já não havia a menor possibilidade de sucesso. Oimenso Império espanhol desmoronou em menos de vinte anos.

Quando Napoleão Bonaparte dominou a Espanha e depôs o rei, as colônias se recusarama obedecer aos franceses, organizando Juntas Governativas, que iriam cuidar daadministração até que a situação internacional se definisse.

Numa primeira etapa (1810-1815), que corresponde ao período em que a Espanhaestava ocupada pelos franceses, deu-se a independência da Argentina, do Paraguai, daVenezuela, do Equador e do Chile. O México também tentou, mas foi dominado. AVenezuela e o Equador foram reconquistados pelos espanhóis.

Na segunda fase (1816-1828), quando o rei Fernando VII já havia reassumido o tronoespanhol, ocorreram as independências da Bolívia, do México, do Peru e da AméricaCentral. O Uruguai, que naquela época havia sido anexado ao Brasil, iniciou a luta pelalibertação em 1825, conseguindo-a, em 1828.

 “Por que se insurgem as colônias da Espanha? Será por que os grandes latif undiários(habitualmente produtores para a exportação), os proprietários de minas, os donos demilhões de índios e os poderosos mercadores de além-mar forma seduzidos pelosfilósofos franceses e alguns liberais pensadores espanhóis? É claro que houve exceções(e Bolívar foi uma delas), mas a imensa maioria moveu-se por motivos mais prosaicos.Havia chegado o momento de afastar um sócio incomodo: o poder da Coroaespanhola...”5 

O nascimento dos Estados Nacionais na América Latina ficou marcado por uma duplalimitação: economicamente, pela inserção na nova divisão internacional do trabalho, nacondição de área periférica, o que garantia a manutenção do latifúndio e do trabalhoescravo; politicamente, pelas limitações democráticas, que excluíam a maior parte dapopulação até mesmo do elementar direito ao voto.

A independência que acabou se efetivando na América espanhola, na prática, promoveuo rompimento das relações entre colônias e metrópole advindas do pacto colonial, masmanteve estruturas sociais herdadas do antigo sistema colonial. Para isso, contribuíram

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diversos fatores, especialmente o controle que as elites crioulas e locais assumiram naslutas pela independência.

A independência política, contudo, se por um lado permitiu o rompimento do pactocolonial, favorecendo as transações comerciais entre as nações recém-emancipadas e oscentros de desenvolvimento capitalista, por outro, impôs a dependência econômica

latino-americana às grandes potências capitalistas do século XIX.As nações latino-americanas permaneciam desempenhando o papel de fornecedoras dematérias-primas e consumidoras de artigos industrializados. As elites locais, defendendoseus próprios interesses, aliaram-se às potências hegemônicas (primeiramenteInglaterra, e, depois,Estados Unidos), colaborando para perpetuar a situação dedependência em que se achava a América do Sul, desde o século XVI.

 “para aqueles que não dispunham de recursos, quer econômicos, quer culturais, os novostempos não trouxeram benesses ou regalias. Reformas sociais de peso, terra, saláriosdignos, participação política, educação popular, cidadania, respeito cultural àsdiferenças, tudo isso iria ter de esperar. As ações de governos autoritários cobririam e

deixariam suas marcas registradas na América Latina durante a maior parte do séculoXIX. Os de baixo teriam de se organizar, lutar, sofrer e morrer para alcançar seusobjetivos. Não foram as lutas de independência que mudaram sua vida”  

Embora os pobres tivessem, em muitas oportunidades, lutado ao lado de seus senhores,a independência não lhes trouxe alterações definitivas. Permaneceram à margem dosbenefícios, garantindo o poder econômico e político dos caudilhos, os chefes políticos dosnovos países do continente.

 “A ausência de um poder político institucionalizado na fase posterior à independênciaabriu espaço às múltiplas manifestações autonomistas do latifúndio e foi assim que

surgiram os caudilhos, lideres locais que funcionaram como porta-vozes das diferentesfrações da classe dominante em variados momentos, valendo-se do amplo espaço quelhes permitia a falta de Estados juridicamente organizados. Com os caudilhos,fortaleceu-se uma tradição que se perpetuaria mesmo depois de a América espanhola terdefinido seus Estados e fronteiras: acima de leis ou instituições, com seu discursoideológico, há o capricho de um chefe, com seu arbítrio e sua capacidade de arregimentarforças”  

Os capitais estrangeiros entravam na América Latina sob a forma de empréstimos, queeram aplicados em ferrovias, portos, eletrificação, melhorias urbanas, telégrafos, etc. Opagamento de tais empréstimos representava um lucro extraordinário para os credoresestrangeiros e provocava o escoamento do dinheiro para fora dos países devedores.

Banqueiros e comerciantes europeus e norte-americanos instalaram filiais de suasempresas nas principais cidades da América do Sul de onde controlavam os negócios. Éverdade que essas aplicações de capital trouxeram certa modernização para algumascidades do continente, mas pagava-se um preço muito alto por ela. Além disso, ela nãosignificava benefícios para toda a população, e como ocorrera na Europa, uma minoria deprivilegiados usufruía dos novos investimentos.

A independência política não significou autonomia econômica e, tampouco, a superaçãode algumas características coloniais. A base da riqueza continuou sendo a extração

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mineral e vegetal, a agricultura de monocultura e latifundiária, voltadas para o mercadoexterno.

 “Investimentos no estrangeiro, especialmente os na América Latina, cresceramrapidamente na ultima metade do século XIX. Ainda que o total do capital britânico naAmérica Latina, em 1850, fosse pequeno, ele aumentou em ritmo constante durante as

décadas de 1850 e 1860”.8 O Paraguai manteve, até 1865, uma política fortemente nacionalista e de busca de suaindependência econômica.

OS governos paraguaios do pós-independência procuravam manter o país menosdependente dos estrangeiros. Mesmo com poucos recursos, o país contava com algumasfábricas que produziam de tecidos a navios, com matérias-primas e técnicadesenvolvidas no próprio país.

Por ser um país afastado do mar, era muito importante para o Paraguai manter a livrenavegação no estuário do rio da Prata, pois era sua única saída para o Oceano Atlântico.

A passagem dos navios paraguaios pelo Prata dependia, pois, de suas relações com ospaíses que controlavam o estuário, sobretudo a Argentina e o Uruguai. Os brasileirostambém utilizavam a bacia do Prata para atingir as vastas regiões do centro-oeste doimpério, dadas as dificuldades de acesso por via terrestre. Essa situação fazia com quefosse necessário, para todos esses países, manter estáveis as relações entre eles e evitaro fechamento do Rio da Prata.

Mas as relações entre esses países nem sempre foram tranquilas, e desde o períodocolonial, a região era alvo de acirradas disputas. Após as independências, forteshostilidades marcavam as relações entre o Paraguai, de um lado, Argentina e Brasil, deoutro. A Inglaterra aproveitou a tensão local, estimulando a formação de uma aliança

contra o Paraguai, formada pelo Brasil, a Argentina e o Uruguai. Alegando problemas deinvasão de território, a Tríplice Aliança envolveu-se numa guerra contra a nação guarani,iniciada em 1865 e terminada em 1870. Terminada a guerra, o Paraguai, derrotado,sucumbiu aos interesses externos e à dependência econômica.

Embora a imensa maioria dos países houvesse se organizado sob a forma republicana (asúnicas exceções foram o México e o Brasil, que viveram experiências monárquicas), elesse caracterizaram pela instabilidade política. Tal instabilidade pode ser explicada, pelomenos, em parte, porque o poder, quase sempre, era tomado à força por grupos rivais.Um caudilho (dono de terras e chefe de exércitos particulares), por meio de um golpe,desaloja o outro do poder, com o auxílio de suas tropas particulares e de outros donos deterra que lhe davam apoio.

 “A história do Paraguai esteve intimamente ligada à do Brasil e à da Argentina, principaispolos do subsistema de relações internacionais na região do Rio da Prata. O isolamentoparaguaio, até a década de 1840, bem como sua abertura e inserção internacional seexplicam, em grande parte, pela situação política platina. Nos anos seguintes a essaabertura, o Paraguai teve boas relações com o Império do Brasil e manteve-se afastadoda Confederação Argentina, da qual se aproximara nos anos de 1850, ao mesmo tempoem que vivia momentos de tensão com o Rio de Janeiro. Na primeira metade da décadade 1860, o governo paraguaio, presidido por Francisco Solano López, buscou terparticipação ativa nos acontecimentos platinos, apoiando o governo uruguaio hostilizadopela Argentina e pelo Império. Desse modo, o Paraguai entrou em rota de colisão com

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seus dois maiores vizinhos e Solano López acabou por ordenar a invasão de Mato Grossoe Corrientes e iniciou uma guerra que se estenderia por cinco anos”.9  

INDEPÊNDENCIA DA COLÓNIA PORTUGUESA-BRASIL

Durante o período colonial, houve varias rebeliões envolvendo parcelas da população, emconflito com representantes da metrópole. Foi o caso, da Revolta dos Beckman, daGuerra dos Mascates, da Guerra de Vila Rica. De maneira geral, essas revoltasexpressavam conflitos localizados, ou seus líderes pretendiam modificar aspectos dapolítica colonial. Não havia nessas revoltas o objetivo de separação de Portugal.

No final do século XVIII, aconteceram outras revoltas, entre as quais, destacamos aConjuração Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798), que, entre seus planos, tinhamcomo objetivo romper com a dominação colonial e estabelecer a independência políticaem relação a Portugal. No entanto, o interesse dos revoltosos concentrava-se em tornarindependentes as regiões em que eles viviam.

 “Podemos dizer que foram movimentos de revolta regional e não revoluções

nacionais”.10 

Esses movimentos foram duramente reprimidos, porém outros fatos auxiliaram para queo Brasil se tornasse independente. Fatos tanto nacionais quanto internacionais. A seguir,abordaremos e analisaremos os mesmos.

No início do século XIX, uma guerra abalou a Europa. Os exércitos de NapoleãoBonaparte, imperador da França, dominavam diversos países europeus. Praticamente asúnicas forças capazes de resistir ao exercito francês foram às inglesas, que se protegiamcom uma poderosa marinha de guerra.

Sem conseguir dominar a Inglaterra pela força militar, Bonaparte tentou vencê-la pela

força econômica. Para isso, em 1806 decretou o Bloqueio Continental, pelo qual os paísesdo continente europeu deveriam fechar seus portos ao comércio inglês.

Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe D. João, que não podia cumprir asordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Continental, pois os comerciantes de Portugaltinham importantes relações com o mercado inglês. D. João pretendia manter-se neutrono conflito entre franceses e ingleses. Os exércitos franceses não aceitaram essaindefinição e invadiram Portugal, com o apoio de tropas espanholas.

Sem condições de resistir à invasão das tropas franco-espanholas, D. João e a corteportuguesa fugiram para o Brasil, sob a proteção naval inglesa.

O governo inglês tratou de tirar o máximo proveito da proteção militar que deu aogoverno português. Interessado na expansão do mercado para suas indústriaspressionou D. João a acabar com o monopólio do comércio colonial.

Em 28 de Janeiro de 1808, seis dias após o desembarque no Brasil, D. João decretou aabertura dos portos ao comércio internacional, isto é, às “nações amigas”. Com essamedida, o monopólio comercial ficava extinto, exceto para alguns poucos produtos, comosal e pau-brasil.

Os comerciantes da colônia ganhavam liberdade de comércio, e abria-se o caminho paraa emancipação do Brasil.

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No Rio de Janeiro, D. João organizou a estrutura administrativa da monarquiaportuguesa: nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento diversos órgãospúblicos, instalou Tribunais de Justiça e criou o Banco do Brasil. Entre as medidas dogoverno de D. João, algumas contribuíram para o processo de emancipação políticabrasileira.

Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves.Com essa medida, na prática, o Brasil deixava de ser colônia de Portugal. Tornava-seReino Unido e, com isso, adquiria autonomia administrativa.

 “Na condição de sede do Reino, a cidade do Rio de Janeiro viu multiplicarem-se asedificações, os chafarizes, as ruas calçadas – e também a quantidade de novos e velhosofícios”. 

Contratado como pintor da Corte, Debret foi aos poucos desviando os olhos do interior dopalácio e voltando-se noutra direção, onde a vida realmente fervilhava: as ruas dacidade.

O que tinham elas de especial? Amontoavam hábeis artífices, quituteiras, barbeirosambulantes, vendedores de toda sorte e tantos outros trabalhadores em frenéticaatividade, numa mistura de negros alforriadas, brancos ocupados e escravos urbanos,muitas vezes semilibertos, que compunham a nova paisagem do Rio de Janeiro”.11 

Em Agosto de 1820, os comerciantes da cidade portuguesa do Porto lideraram ummovimento que ficou conhecido como Revolução Liberal.

Essa revolução espalhou-se rapidamente por Portugal, encontrando apoio em diversossectores da população: camponeses, funcionários públicos, militares, profissionaisliberais. Chegou, inclusive, a conquistar adeptos no Brasil.

 “Além de não ter sabido prever nem dominar a revolução desencadeada em Lisboa,deixaram igualmente os ministros de D. João VI que ela invadisse, e quase com rapidezdo relâmpago, todas as províncias do Brasil, onde alguns patriotas esclarecidos jávinham organizando uma revolução cujos objectivos e princípios a maioria da populaçãobrasileira ignorava”.12 

Vitoriosos, os revoltosos conquistaram o poder em Portugal e decidiram elaborar umaconstituição de carácter liberal, limitando os poderes de D. João VI. Pretendiam tambémfazer com que o Brasil voltasse a ser uma colónia de Portugal (recolonização).

Contrariado pelos acontecimentos, o rei queria ficar no Brasil, e adiou quanto pôde seuregresso à metrópole. Tropas portuguesas no Rio de Janeiro, porém, obrigaram-no adecidir-se a voltar a Portugal.

Assim, D. João VI retornou à sua pátria no dia 26 de abril de 1821, deixando seu filhoPedro como príncipe regente do Brasil.

As Cortes portuguesas, apesar de liberais em relação a Portugal, mostraram-se bastantereacionárias com relação ao Brasil, pois tentaram recolonizá-lo.

A tentativa de recolonização, no entanto, não foi bem aceita pelas elites coloniais, queoptaram por caminhar rumo à independência.

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Havia divergências entre os representantes das elites sobre como deveria se dar aindependência. Alguns desejavam que se proclamasse a Republica, como todos haviamfeito na América.

Outros pensavam que a ruptura com Portugal deveria ser da maneira mais tranquilapossível, para evita que surgissem propostas radicais, como a de abolir a escravidão ou

mudar a estrutura da posse da terra.O grupo que apoiava esta última ideia é que tomou a frente do movimento, conduzindotodas as acções para conseguir uma independência que tivesse um carácter conservador.

O que se pretendia, e que foi afinal realizado, era uma separação política em relação aPortugal, mantendo-se as estruturas sociais e económicas sem qualquer mudança.

Para isso, os representantes das elites entenderam que seria da mais alta importânciacontar com o príncipe D. Pedro, mesmo sendo ele português.

Todas as ações foram encaminhadas para fazer D. Pedro permanecer no Brasil e, mais do

que isso convencê-lo a participar, ativamente, do processo de independência, com apromessa de tornar-se imperador do Brasil.

O primeiro passo foi “obrigar” D. Pedro a f icar no Brasil, pois as Cortes estavam exigindosua volta. Pressionado, ele concordou em ficar (Janeiro de 1822 – o Dia do Fico). Emseguida, o ministro José Bonifácio procurou fortalecer a autoridade do príncipe, aomesmo tempo em que tentava convencê-lo da independência.

O passo seguinte foi retirar a tropas portuguesas que ficavam no Rio e que poderiamatrapalhar os planos. José Bonifácio conseguiu que D. Pedro expulsasse o comandanteportuguês.

Chegaram novos navios portugueses, trazendo ordens de prisão para todos os quedesobedecessem às determinações das Cortes. E insistiam para que D. Pedroregressasse a Portugal.

No dia primeiro de Agosto, José Bonifácio redigiu um manifesto às varias províncias.Nesse manifesto, assinado por D. Pedro, comunicava-se que a independência já erarealidade e conclamava-se a todos para lutarem por ela.

Cinco dias depois, um novo manifesto foi enviado, desta vez às nações amigas.Novamente comunicava-se que o Brasil estava independente de Portugal e pedia-se oapoio dessas nações, que poderiam ser beneficiadas com privilégios comerciais.

Finalmente, a sete de Setembro, ocorreu o famoso “Grito do Ipiranga”. Ali, na realidade,D. Pedro tornou público o seu rompimento com as Cortes, definindo que iria ficar noBrasil, como imperador.

 “o processo de emancipação política do Brasil configurou uma revolução, uma vez querompeu com a dominação colonial, alterando a estrutura do poder político – com aexclusão da metrópole portuguesa. Revolução, entretanto, que levaria o Brasil do AntigoSistema Colonial português para um novo sistema mundial de dependências”.  

Porém, a independência só se consolida com o reconhecimento.

O primeiro país a reconhecer a independência do Brasil foi os Estados Unidos, em 1824.

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Em 1825, venceram os tratados que a Inglaterra havia assinado com Portugal em 1810,por meio dos quais os seus pagavam menos impostos no Brasil. Querendo renovar essestratados, a Inglaterra pressionou o governo português que, finalmente, reconheceu aindependência do Brasil apesar de ter feito algumas exigências para isso:

· D. João VI teria o título de Imperador do Brasil.

· O Brasil não poderia comercializar com as colônias portuguesas.

· O Brasil pagaria uma indemnização a Portugal (dois milhões de libras esterlinas).

Assim, repetia-se no Brasil o que já ocorrera na América espanhola: a independência forarealizada, mas sem transformações na estrutura econômica e social do país. A exclusãosocial continuava a ser uma triste realidade.

 “A descolonização é um processo lento, difícil e doloroso, comparável à convalescença deuma longa e grave enfermidade”. 

Grupos sociais em conflito no Brasil Imperial e a construção da nação 

As características dos movimentos sociais brasileiros variam muito. Por isso, eles devem

ser estudados sob uma perspectiva ampla. Algumas rebeliões não chegaram a acontecer,

limitando-se à fase conspiratória. Em certos casos, houve pouca participação das classes

populares; em outros, o movimento foi impulsionado não por razões de ordem política ou

econômica, mas, sim, religiosa. Durante o Império (Primeiro

Reinado, Regência e Segundo Reinado), os principais movimentos foram os que

seguem:

1) Confederação do Equador  a 2 de julho de 1824, no Recife.  estabelecimento de um governo republicano.  a 19 de setembro os revolucionários já estavam derrotados.  líderes receberam penas diversas: fuzilamento, forca ou prisão perpétua.

2) Cabanagem   de 1833 a 1839, no Grão-Pará (Amazonas e Pará atuais).  reuniu mestiços e índios.  movimento começou com a resistência oferecida pelo presidente do conselho da

província, que impediu o desembarque das autoridades nomeadas pela Regência.  cabanos chegaram a tomar Belém.  depois de prolongada resistência, foram derrotados.

3) Revolução Farroupilha   Rio Grande do Sul: movimento republicano e federalista de amplas proporções (de

1835 a 1845).

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  dois grupos se defrontaram: o conservador monárquico (os caramurus) e o liberal(chimangos), composto sobretudo por estancieiros, mas que veio a contar com o apoiodas camadas populares.

  chimangos protestavam contra a pesada taxação do charque e do couro.  depois de várias batalhas, o armistício foi negociado e a anistia concedida a todos.

4) Sabinada   Bahia: revolta irrompeu a 7 de novembro de 1837, pretendendo implantar uma

república.  a tropa local aderiu ao movimento.  cercados pelo exército governista, revoltosos resistiram até meados de março de 1838.  milhares foram mortos ou feitos prisioneiros.

5) Balaiada   movimento insurrecional extenso e profundo, sacudiu o Maranhão - e parte do Piauí e

do Ceará (de 1838 a 1841).  rebeldes chegaram a ter 11 mil homens armados.  movimento começou a partir de uma reivindicação política, o restabelecimento dos

 juízes de paz, mas ganhou proporções maiores.  anistia oferecida pelas tropas do governo esvaziou a insurreição.  apenas um dos líderes foi condenado à forca.

6) Revolução Praieira   projeção, no Brasil, das revoluções populares de 1848, na Europa.  nascida da rivalidade entre os partidos Liberal e Conservador, acabou se

transformando em choque de classes.  praieiros lutaram de 1848 a 1849, exigindo voto livre e democrático, liberdade de

imprensa e trabalho para todos.  mais de 500 revolucionários foram mortos.

Abaixo segue a explicação mais detalhada de cada movimento.

Confederação do Equador: Movimento extrapolou a simples conspiração

A Confederação do Equador foi um movimento político ocorrido em 1824 no nordeste

brasileiro. Começando em Pernambuco, ampliou-se rapidamente para outras provínciasda região, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em síntese, a Confederação do

Equador - que ganhou esse nome em referência à proximidade do centro do conflito com

a linha do Equador - foi um movimento contrário à centralização do poder imperial. Daí,

portanto, seu caráter revolucionário e, no extremo, seu aspecto independentista com

relação ao Brasil.

O movimento tinha ligações com outros dois episódios importantes ocorridos na mesma

região, embora destes não fosse mero reflexo: a Revolução Pernambucana de 1817 e o

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Movimento Constitucionalista de 1821. Juntos, os dois haviam ajudado a concretizar em

práticas políticas e sociais o ideário liberal - que se contrapunha à centralização do poder

imperial - e a luta pela independência, num contraponto ao domínio exercido pelo Rio de

Janeiro sobre as demais províncias.

Contra a centralização e o autoritarismo Naquele início de século 19, Pernambuco expressava bem os interesses

político-econômicos ligados, de um lado, à manutenção da influência portuguesa sobre o

Brasil, e, de outro, ao afastamento do segundo em relação ao primeiro.

A elite agrária produtora de cana-de-açúcar, por exemplo, queria garantir a continuidade

das relações com Portugal. Em contraste, a aristocracia rural, ligada ao cultivo do

algodão e articulada ao processo da Revolução Industrial, era favorável às medidas

liberalizantes. A transferência da Corte para o Brasil, em 1808, e as medidas tomadas a

partir de então, favoreceram esse segundo grupo.

O ponto alto dessa separação entre Brasil e Portugal foi a declaração daIndependência, 

em 1822. Contudo, o processo de elaboração da primeira constituição brasileira mostrou

não apenas a grande influência que os portugueses ainda tinham sobre a vida política

brasileira - a começar pelo fato de o primeiro imperador ser português - como também

revelou a tendência à centralização do poder, ao invés de sua partilha. O ideário liberal

perdia espaço. O fechamento da Assembleia Nacional Constituinte e a outorga da Carta

Magna de 1824 por D. Pedro 1° foram expressões desse processo.

Logo após a Independência, formou-se um novo governo em Pernambuco, chamado de

"Junta dos Matutos", que contava com a participação dos dois grupos da elite rural

pernambucana.

Após a dissolução da Assembleia Constituinte, um dos membros da Junta, Francisco Paes

Barreto, foi nomeado pelo imperador para o cargo de governador. Ocorre que outro

político, Manuel Carvalho Pais de Andrade, já havia sido eleito pela província. Estava

aberto, assim, o conflito entre o Império e Pernambuco.

Ampliação e derrota do movimento 

A revolta explodiu depois de sucessivos episódios ocorridos após a outorga da

Constituição, em março de 1824. Em julho do mesmo ano, Pais de Andrade lançou um

manifesto de caráter revolucionário. Em Pernambuco, o movimento teve um aspecto

popular e fundamentalmente urbano. Contou também com o apoio da intelectualidade

local.

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As ideias e propostas expressas pelo movimento logo ganharam apoio de outras

províncias do Nordeste, inseridas, por sua vez, num quadro político-social muito

semelhante ao de Pernambuco. A Confederação do Equador se formou quando aos

pernambucanos se juntaram as províncias do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Entre as medidas tomadas pela Confederação do Equador estava a convocação de uma

Assembleia Constituinte, a elaboração de um projeto constitucional com base na Carta

colombiana (então considerada uma das mais liberais da região), a proposta de extinção

do tráfico negreiro e a organização de forças populares de resistência à repressão

imperial.

A formação de um governo independente expressava o descontentamento com o

centralismo nos primeiros anos pós-Independência. As medidas tomadas pela

Confederação, contudo, acabaram levando à divisão do próprio movimento.

Por outro lado, a dura repressão articulada pelo poder central foi decisiva para que o

movimento tivesse vida curta. Vários líderes da Confederação do Equador foram

condenados ao fuzilamento - caso de Frei Caneca. Outros, como Cipriano Barata, 

continuaram presos durante algum tempo.

Ainda assim, a Confederação do Equador foi um movimento importante na história do

Brasil, pois extrapolou a simples conspiração, existindo concretamente (ainda que porpouco tempo), e se diferenciou dos outros movimentos independentistas da época pela

ampla participação popular que registrou.

Cabanagem (1835-1840): Rebelião tem fim sangrento no período regencial

O período regencial (1831-1840) foi marcado pela eclosão de inúmeras rebeliões

provinciais. Essas rebeliões foram motivadas por basicamente dois objetivos: o desejo de

autonomia política e administrativa e implantação de um regime republicano. 

As rebeliões provinciais foram movimentos de revolta contra o governo central do

Império e o regime monárquico em vigor. Mas a característica mais importante das

rebeliões provinciais foi a ampla participação popular, principalmente das camadas

sociais mais humildes, quase sempre manipuladas pelas classes ricas na defesa de seus

interesses diante da condução do governo imperial pelas regências.

A Cabanagem foi uma grande rebelião popular que eclodiu na província do Pará, em

1835. Foi assim denominada porque dela participou a população pobre que viviam em

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cabanas à beira dos rios, e que eram chamados de cabanos. Está população era

composta de negros, mestiços e índios que se dedicavam às atividades de extração de

produtos da floresta, e que se revoltaram diante da situação de miséria a que estavam

submetidas.

A rebelião originou-se de pequenas revoltas e conflitos sociais que afloraram nas áreas

rurais e urbanas da província. Foi durante esse período que surgiram alguns dos

principais líderes envolvidos na rebelião de 1835. Entre eles estão: Eduardo Angelim, os

irmãos lavradores Francisco Pedro e Antônio Vinagre, o fazendeiro Clemente Malcher, o

 jornalista Vicente Ferreira Lavor e o padre Batista Campos.

Belém dominada

As autoridades nomeadas pelo governo central para governar a província do Pará temiam

as constantes revoltas sociais. Muitas chegaram a abandonar os cargos. Diante dasituação, o governo central adotou algumas medidas repressivas bastante violentas. A

principal delas previa que os suspeitos de participarem de agitações e revoltas seriam

recrutados à força para servir nas tropas governamentais. Não obstante, na noite de 6 de

 janeiro de 1835, os cabanos se revoltaram, dominando a capital, Belém, e executando o

presidente da província e outras autoridades.

Mas os cabanos tiveram muita dificuldade para se manter no poder e estabelecer um

governo revolucionário. As divergências e os conflitos entre os próprios líderes do

movimento foi a principal causa do fracasso da rebelião. O fazendeiro Clemente Malcherassumiu o governo, mas jurou fidelidade ao imperador e declarou que permaneceria no

poder até a maioridade do herdeiro do trono.

Malcher e Vinagre

Chegou a se opor e até mesmo a reprimir Eduardo Angelim e Vicente Ferreira Lavor,

tentando deportá-los. Malcher tentou um golpe, mas foi executado e substituído por

Francisco Vinagre. Surpreendentemente, Vinagre também se declarou fiel ao governo

imperial e se dispôs a negociar com o governo central.

O governo regencial organizou numerosa força militar para enfrentar a rebelião.

Comandada por Manuel Jorge Rodrigues, e contando com o apoio do próprio Francisco

Vinagre, as tropas dos governamentais tomaram Belém. Os cabanos se refugiaram no

interior da província e se reorganizaram. Marcharam novamente para Belém,

conseguiram restabelecer o controle sobre a cidade e proclamaram a República.

Fim da cabanagem: 40 mil mortos

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Tentaram estabelecer um governo revolucionário estável e capaz de governar a

província. Mas a tentativa foi novamente frustrada por traições e conflitos entre os líderes

do movimento. Em abril de 1836, o governo central desfechou um novo ataque militar e

conseguiu reassumir o controle da capital da província e impôs um novo presidente.

Foram cinco anos de intensa luta, até que os cabanos foram derrotados. Estima-se que,

durante o período do conflito entre tropas governamentais e revolucionários, a população

do Pará, que era de cerca de 100 mil habitantes, foi reduzida a 60 mil.

Guerra dos Farrapos: Revolução Farroupilha proclamou a República no RS

A Guerra dos Farrapos, também chamada de revolução Farroupilha, foi o mais

longo movimento de revolta civil brasileira. Eclodiu na província do Rio Grande do Sul, e

durou dez anos, de 1835 a 1845. A Farroupilha foi um movimento de revolta promovidapelos ricos estancieiros gaúchos, denominação dada aos proprietários de grandes

fazendas criadoras de gado na região. Os interesses econômicos desta classe dominante

estão entre as principais causas do movimento, que teve como principal objetivo

separar-se politicamente do Brasil.

A província do Rio Grande do Sul tinha uma economia baseada na pecuária, com a criação

de gado e produção do charque (carne-seca). Ao contrário da tendência da economia

agrária do país, predominantemente voltada para à exportação, a província gaúcha

produzia para o mercado interno, comercializando o charque - que era muito utilizado na

alimentação dos escravos - em diversas provinciais brasileiras.

Concorrência desleal

Os estancieiros gaúchos, porém, reclamavam ao governo central do Império diante da

concorrência que sofriam do charque platino, produzido pelo Uruguai e Argentina, e que

também era comercializado nas províncias brasileiras. Os impostos de importação do

charque platino eram muito baixos, facilitando sua comercialização a um preço mais

baixo que o charque gaúcho. O governo central do império, porém, nada fez diante das

reivindicações dos estancieiros.

A crescente insatisfação e indignação da classe dominante do Rio Grande do Sul

estimulou a uma aproximação com as forças políticas agrupadas no Partido Exaltado,

também chamado de farroupilhas. Esse grupo político defendia a ampla descentralização

do poder, através da autonomia administrativa das províncias e instauração do sistema

federalista; e desejavam substituir a monarquia pelo regime republicano. Todas essas

ideias e projetos políticos se adequavam amplamente aos interesses dos estancieiros

gaúchos.

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República de Piratini

Eles decidiram rebelar-se. Em setembro de 1835, o principal chefe do movimento de

revolta, Bento Gonçalves, comandou tropas farroupilhas que dominaram Porto Alegre, a

capital da província do Rio Grande do Sul. O governo central reagiu imediatamente, mas

não conseguiu derrotar os rebeldes. A rebelião farroupilha expandiu-se e, em 1836, os

rebeldes proclamaram a República de Piratini, também chamada de República

Rio-Grandense.

Bento Gonçalves tornou-se o primeiro presidente. Chegou a ser preso em combate e foi

conduzido à Bahia, de onde conseguiu fugir e reassumir o comando do movimento

farroupilha. Em 1839, o movimento farroupilha conseguiu ampliar-se. Forças rebeldes,

comandadas por Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro, conquistaram Santa Catarina e

proclamaram a República Juliana.

Dom Pedro 2º e o barão de Caxias

Em 1840, dom Pedro 2º assumiu o trono. Com a intenção de pacificar o país e estabilizar

politicamente o regime monárquico, o imperador decidiu anistiar os revoltosos com o

intuito de pôr um fim aos movimentos de revolta e rebeliões. Mas a iniciativa não obteve

o resultado esperado. A rebelião farroupilha continuou. A partir de 1842, porém, a

revolta começa a ser contida pelas forças militares do governo central.

A ação militar do governo central contra os revoltosos farroupilhas foi comandada pelo

então barão de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva. Habilmente, Caxias reprimiu a revoltafarroupilha, mas também procurou valer-se da negociação com as lideranças do

movimento. Finalmente, em 1º de março de 1845, Caxias e Davi Canabarro entraram em

acordo e celebraram a paz que pôs fim à mais longa guerra civil brasileira. Os revoltosos

foram anistiados, enquanto os soldados e oficiais farroupilhas foram incorporados ao

exército imperial.

Sabinada: Revolta expressava descontentamento com a Regência

A Sabinada foi um movimento de revolta que eclodiu na Bahia. Foi liderada pelo médico

Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, por isso ficou conhecida como Sabinada. O

principal objetivo da revolta era instituir uma república baiana, mas só enquanto o

herdeiro do trono imperial não atingisse a maioridade legal.

Portanto, a sabinada se insere no conjunto das revoltas regenciais que eclodiram como

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manifestações de descontentamento e insatisfação de parcelas das classes dominantes e

populares diante da condução do governo monárquico pelas regências.

Características da Sabinada

Em comparação com outras revoltas provinciais de caráter separatista ocorridas no

mesmo período, a Sabinada foi bastante breve, pois durou de 1837 a 1838. Outra

importante característica: a revolta foi organizada por homens cultos e ficou restrita às

camadas médias da população de Salvador. O movimento de revolta não obteve,

portanto, o esperado apoio dos proprietários agrários da região (os ricos fazendeiros e

senhores de engenho).

Por outro lado, as próprias lideranças recusaram-se a mobilizar a população pobre paraparticiparem e apoiarem a revolta temendo, com isso, uma radicalização do movimento,

a exemplo do que estava ocorrendo com a Cabanagem no Pará e a Farroupilha no Rio

Grande do Sul.

República Bahiense

A principal causa da revolta foi a profunda insatisfação com as autoridades nomeadaspelo governo regencial para o comando do governo da Bahia. Os rebeldes as acusavam

de serem despóticas, repressoras e excessivamente centralizadoras. Mas o estopim da

eclosão do movimento de revolta baiana foi a indignação contra o recrutamento militar

imposto pelo governo regencial para combater a Revolta dos Farrapos.

Assim, com o apoio de parte do exército baiano, os sabinos conseguiram tomar vários

quartéis da capital e, em seguida, o poder em Salvador, em 7 de novembro de 1837. No

mesmo ano proclamam a chamada República Bahiense. Mas os líderes do movimento

anunciaram que a República Bahiense duraria apenas até Pedro 2º atingir a maioridade e

assumir o trono.

Repressão violenta

O governo central, sob comando do regente Feijó reagiu organizando uma ofensiva

militar com o objetivo de reprimir os revoltosos e reintegrar a província separatista. Os

revoltosos foram cercados por terra e por mar. As tropas militares governamentais

receberam o apoio dos grandes proprietários agrários da região. A Sabinada foi reprimida

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com bastante violência.

Em Salvador inúmeras casas foram queimadas, assim como muitos revoltosos. Mais de

mil pessoas morreram nos combates. A revolta foi facilmente vencida e chegou ao fim um

ano após ter eclodido, em março de 1838. Três líderes da Sabinada foram executados eoutros três condenados ao desterro. O principal líder, Francisco Sabino Álvares da Rocha

Vieira, recebeu pena de desterro e foi enviado para o Mato Grosso.

Sem contar com o apoio das classes dominantes da região, e excluindo a população

pobre da participação do movimento, a Sabinada foi uma revolta breve e de pouca

importância. O movimento restringiu-se à capital e algumas localidades próximas. Por

outro lado, os líderes do movimento de revolta não chegaram a apresentar propostas de

mudanças consistentes, que se convertessem em projetos de transformação das

condições sociais, econômicas e políticas da população que habitava a região.

Balaiada (1838-1841): Revolta popular no Maranhão

A Balaiada foi uma revolta que eclodiu na província do Maranhão, entre os anos de 1838

a 1841. Recebeu esse nome devido ao apelido de uma das principais lideranças do

movimento, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o "Balaio" (cestos, objetos que ele

fazia).

A Balaiada se distingue das outras revoltas que eclodiram no período regencial por ter

sido um movimento eminentemente popular contra os grandes proprietários agrários da

região.

As causas da revolta estão relacionadas às condições de miséria e opressão a que estava

submetida a população pobre da região. Nesta época, a economia agrária do Maranhão

atravessava um período de grande crise. A principal riqueza produzida na província, o

algodão, sofria forte concorrência no mercado internacional e, com isso, o produto

perdeu preço e compradores no exterior.

Crise do algodão

As camadas sociais que mais sofriam com a situação eram os trabalhadores livres,

camponeses, vaqueiros, sertanejos e escravos. A miséria, a fome, a escravidão e os

maus tratos constituíram os principais fatores de descontentamento popular que motivou

a mobilização dessas camadas sociais para a luta contra as injustiças sociais.

A classe média maranhense estava insatisfeita politicamente. Havia aderido aos

princípios liberais de organização política, muito difundidos na época pelos opositores da

monarquia e adeptos do republicanismo.

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Importantes setores dessa classe passaram a reivindicar mudanças no controle das

eleições locais que acabavam favorecendo os grandes proprietários agrários. Fundaram

um jornal, com o nome de "Bem-te-vi", para difundir os ideais republicanos. Com o

objetivo de organizar um movimento de revolta contra o mandonismo dos grandes

proprietários, os setores politicamente organizados da classe média se aproximaram dascamadas mais pobres, na tentativa de mobilizá-las para a luta.

Governo provisório

Mesmo sem ter sido cuidadosamente preparada e possuir um projeto político definido, a

Balaiada eclodiu em 1838. Os balaios conseguiram tomar a cidade de Caxias, uma das

mais importantes do Maranhão, em 1839. Organizaram um governo provisório que

adotou algumas medidas de grande repercussão política, como a decretação do fim da

Guarda Nacional e a expulsão dos portugueses residentes na cidade.

Nas ruas, a revolta dos balaios caminhou rapidamente para a radicalização, porque

 juntaram-se ao movimento escravos fugitivos, desordeiros e criminosos. Foram

inúmeras as cenas de banditismo, violência e vingança social ocorridas pela cidade e no

interior da província. Foi também nessa fase da revolta que surgiram novos líderes, como

o negro Cosme Bento, líder de um quilombo que reunia cerca de 3 mil escravos fugitivos,

e o vaqueiro Raimundo Gomes.

O duque de Caxias

A radicalização da revolta, porém, levou a classe média a se desvincular do movimento,e até mesmo a tomar algumas medidas para contê-lo. Foi assim que esses setores

acabaram apoiando as forças militares imperiais, enviadas pelo Governo central à região.

As forças militares imperiais ficaram sob comando do coronel Luís Alves de Lima e Silva. 

O combate aos balaios foi bastante violento. O movimento de revolta foi contido em

1841. Cerca de 12 mil sertanejos e escravos morreram nos combates. Os revoltosos

presos foram anistiados pelo imperador dom Pedro 2º. A vitória sobre a balaiada levou o

coronel Luís Alves de Lima e Silva a ser condecorado pelo imperador com um título de

nobreza: Barão de Caxias.

Revolução Praieira: Democratas pernambucanos pedem fim da monarquia

Maior insurreição que ocorreu no Segundo Reinado, a Revolução Praieira começou em1848, na província de Pernambuco, e representou a última manifestação popular contraa monarquia e os poderosos proprietários rurais locais, os senhores de engenho.

Foram as condições econômicas e políticas da província de Pernambuco que contribuíram

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para a eclosão da Praieira. Na época, o país se recuperava da crise econômica. Porém,enquanto as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais prosperavameconomicamente com a produção e exportação do café, as províncias nordestinasestavam em franca decadência devido à crise da produção do açúcar e do algodão. Asituação das populações que habitavam essas regiões era de absoluta pobreza.

Privilégios lusitanos 

Em Pernambuco, porém, as condições de pobreza e miséria da população local eramainda mais graves, porque os portugueses eram proprietários de praticamente todocomércio local e não admitiam que trabalhadores brasileiros fossem empregados.

Além disso, os portugueses, donos de armazéns, quitandas, padarias, lojas de retalhos,vestuários e utensílios domésticos, etc., tinham privilégios comerciais na província epodiam vender suas mercadorias livremente pelo preço que lhe conviesse. Por contadisso, a cada dia o custo de vida aumentava. Essa situação reforçou os sentimentosantilusitanos na região.

Um outro problema que na época inquietava os liberais e democratas pernambucanos eraa opressão política, devida à concentração do poder nas mãos de poucos. A famíliaCavalcanti, dona de cerca de dois terços dos engenhos de açúcar da região, e apoiadapelas famílias Rego Barros e Albuquerque, dominava os partidos Liberal e Conservador,controlando toda a vida política na província.

Solução armada 

Em 1842, um grupo de democratas e liberais pernambucanos, liderados por Borges daFonseca, Abreu Lima, Inácio Bento de Loiola, Nunes Machado e Pedro Ivo,

organizaram-se politicamente e fundaram o Partido da Praia. Pretendiam com issodivulgar publicamente suas ideias. Defendiam uma solução armada para acabar com osproblemas econômicos e políticos da província de Pernambuco.

Descontentes com a nomeação de um presidente conservador para a província, em 1848,os membros do Partido da Praia lançaram o chamado "Manifesto ao Mundo", documentoem que exigiam o fim da monarquia e a proclamação de uma república; o fim do votocensitário para que todos os brasileiros tivessem o direito de votar; a extinção do SenadoVitalício e do Poder Moderador; o fim dos privilégios comerciais dos estrangeiros; aliberdade de imprensa.

Foram os líderes do Partido da Praia que desencadearam o movimento de revolta queficou conhecido, por isso mesmo, como Revolução Praieira. A revolução teve início emOlinda, com a derrubada do presidente da província. A partir daí, os focos da revolta sealastraram.

Consolidação da Monarquia 

Os revolucionários tentaram tomar Recife, mas fracassaram. As forças imperiais, leais ao

governo monárquico, reagiram e contiveram a revolta nas principais cidades. A rebelião

continuou no interior da província mas foi prontamente reprimida. A Revolução Praieira

foi completamente debelada em 1849.

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Alguns dos principais líderes do movimento morreram em combate, outros foram presos

e depois anistiados. Como em outras revoltas armadas ocorridas no Império, foi a

participação da população pobre que fez com que o movimento assumisse um caráter

revolucionário.

Com o fim da Revolução Praieira, encerrou-se a fase de revoltas e agitações sociais do

Brasil Império. As décadas seguintes marcariam a consolidação do governo monárquico

e da elite agrária e escravista.

Guerra de Canudos: A República se impõe ao sertão a ferro e fogo

No início da Primeira República, no governo de Prudente de Morais, o interior doNordeste brasileiro foi palco de um dos maiores conflitos sociais envolvendo a luta das

populações pobres pela posse da terra. As principais causas deste conflito, quedesencadeou a Guerra de Canudos, estão relacionadas às condições sociais egeográficas da região.

Foto de época: parte da última expedição contraCanudos, que contou com 10 mil soldados.

As características geográficas e as condições sociais do Nordeste brasileiro formavam umconjunto de fatores geradores de um estado de permanente conflito e revolta social.Toda aquela região era composta de latifúndios improdutivos, que eram grandesextensões de terra pertencentes a poucos proprietários.

Os coronéis e a seca 

Esses grandes proprietários agrários, também conhecidos como coronéis, mantinhamuma enorme massa de sertanejos em condições de absoluta miséria. Como nãopossuíam terras, os sertanejos eram obrigados a aceitar as péssimas condições detrabalho impostas pelos coronéis. A situação de miséria dessas populações era agravada

pelas condições do clima da região.

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 O nordeste brasileiro sofria com as secas, que assolavam toda a região, acabando com asplantações de alimentos, matando as criações de animais e secando os reservatórios deágua. Todos os anos, a fome e a sede matavam milhares de sertanejos.

Banditismo, fanatismo e conflito social

As condições de miséria das populações que habitavam o interior do Nordeste brasileirofavoreciam a ocorrência de conflitos e revoltas sociais. Os sertanejos formavam bandosde cangaceiros que aterrorizam as populações locais e atacavam as fazendas doscoronéis, roubando tudo que podiam.

O cangaço era uma das formas mais comuns de luta contra a miséria e a fome. Oemprego da violência de forma rotineira e de caráter vingativo são as marcas do cangaço.

Essas condições também favoreciam o surgimento de líderes religiosos, conhecidos naregião como beatos ou conselheiros. Pregando a salvação da alma, esses religiosos

mobilizavam seguidores e formavam comunidades. Movimentos populares de caráterreligioso eram uma outra forma primitiva de contestar e lutar contra a miséria e a fome.Eles se contrapunham ao catolicismo conservador vigente, e por esse motivo não erambem vistos pela Igreja.

Canudos e o Conselheiro 

A história de Canudos começa por volta de 1893. Nesta época, no arraial de Canudos, novale do rio Vaza-Barris, no interior da Bahia, reuniu-se um grupo de fiéis seguidores dobeato Antônio Conselheiro, que pregava a salvação e dias melhores para quem oseguisse. Em 1896 o arraial já possuía cerca de 15 mil sertanejos que viviam de modo

comunitário. Sobreviviam com a criação de animais e plantações.

Tudo era dividido entre os habitantes e o que sobrava era comercializado nas cidadesvizinhas. Desse modo, conseguiam obter os bens e produtos que não eram produzidos nolocal. Para se protegerem, os habitantes de Canudos organizaram grupos armados. Foiassim que, em poucos anos o arraial de Canudos se firmou na região como umcontestado, passando a reunir cada vez mais sertanejos que lutavam para mudar suascondições de vida fugindo da miséria e dominação dos grandes latifundiários.

A Guerra de Canudos 

O rápido crescimento da comunidade de Canudos passou a incomodar os coronéis locaise a Igreja católica. Os latifundiários perdiam mão de obra enquanto a Igreja perdia seusadeptos. O arraial de Canudos passou a ser alvo de inúmeras críticas.

Padres e coronéis faziam pressão para que o governador da Bahia acabasse comCanudos. Na imprensa, os intelectuais e jornalistas condenavam os habitantes dacomunidade sob a acusação de quererem restabelecer o regime monárquico e chamandoos sertanejos de bandos de "fanáticos" e "degenerados".

O governo da Bahia organizou expedições militares para destruir Canudos. A primeira,comandada pelo tenente Manuel Pires Ferreira, foi composta por 120 homens e terminou

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sendo vencida pelos fiéis de Antônio Conselheiro, que estavam sob o comando de Pajeúe João Abade. A Segunda expedição, foi composta por 500 homens e foi chefiada pelomajor Febrônio de Brito, mas também foi derrotada.

Terceira derrotaDiante do fracasso, foi organizado uma terceira expedição militar composta por 1.200homens, sob chefia do coronel Moreira César - considerado pelos militares um herói doexército brasileiro. Ainda assim, a expedição foi vencida, e o coronel foi morto emcombate. Com a terceira derrota, a resolução do problema passou para a competência dogoverno federal. O ministro da Guerra, Carlos Bittencourt, preparou uma quartaexpedição que foi composta por 6 mil homens e chefiada pelo general Artur Oscar.

Fortemente armados, os soldados cercaram por três meses o arraial de Canudos, quesofreu forte bombardeio e depois foi invadido. O arraial foi completamente destruído a 5de outubro de 1897. Os sertanejos de Canudos, homens, mulheres, velhos e crianças,

foram massacrados pelos soldados, que tinham ordens para não fazer nenhumprisioneiro.

A destruição de Canudos 

O presidente Prudente de Morais comemorou a vitória das tropas militares. Mas pouco a

pouco, começaram a surgir críticas proveniente de políticos, intelectuais e de diversos

setores da sociedade, sobre a necessidade do uso de tamanha violência contra os

habitantes de Canudos. A Guerra de Canudos passou para história como o grande

massacre da população pobre e humilde do Nordeste brasileiro.

O famoso escritor Euclides da Cunha, que na época acompanhou o conflito armado na

condição de jornalista, como correspondente de "O Estado de S. Paulo", retratou o

episódio em sua obra "Os Sertões". Nela, ele apresenta uma contundente denúncia sobre

o massacre dos sertanejos de Canudos, retratando-os como bravos heróis que resistiram

até o fim.

De Império a Nação

Herdeiro das tradições imperiais, Bonifácio moldou o novo país desafiando omaior dilema da época: a escravidão

O Brasil fez-se Império antes de se fazer nação. Este é o ponto de partida para secompreender a transição do que até 1822 fora a América portuguesa para um corpopolítico autônomo. E as ideias de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) ilustramperfeitamente esse processo.Ele era um legítimo herdeiro do reformismo ilustrado português. Depois de cursar asfaculdades de Leis e Filosofia em Coimbra, ingressou em 1789, como sóciocorrespondente, na Academia Real das Ciências de Lisboa. Esta era a principal instância

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de reunião da intelectualidade luso-brasileira, articulando teoria e prática para sustentara monarquia absolutista e a coesão imperial.As ideias sobre a criação de um grande império na América portuguesa não eram novas,remontando aos cronistas lusitanos dos séculos XVI e XVII. A diferença, no início doséculo XVIII, é sua inspiração. Elas nascem de uma reflexão acerca da fragilidade dePortugal no jogo de poder entre as potências europeias. As conquistas ultramarinas

deixavam de ser vistas como meros “acessórios” de Portugal, passando a ser garantiasde sua conservação – conforme instruía o estadista D. Luís da Cunha (1662-1740) –, comdestaque para “as do Brasil”, desde então concebido como verdadeiro esteio damonarquia, dada a exuberância de seu potencial natural. A convicção de que “sem oBrasil, Portugal é uma insignificante potência” inspirou a Coroa portuguesa a criar umnovo modelo de exploração colonial, no qual o desenvolvimento da Metrópole passava aser concebido de modo articulado ao da Colônia.

A centralidade do Brasil no sistema imperial estava clara para José Bonifácio. Comohomem público – desde 1801 ocupou diversos cargos administrativos em Portugal –,propôs políticas tanto para a Metrópole quanto para a Colônia. Defendia que ambastinham “interesses iguais e recíprocos”, de forma que “se a Colônia se empobrece sofre a

Metrópole, e vice-versa. É uma Lei da Natureza”. É a partir da lógica imperial, portanto,que busca soluções para o florescimento da nação. Já em 1797, sugeria a criação desociedades econômicas e a reforma do ensino em várias províncias de Portugal e doBrasil. A intenção era formar uma elite pensante que, atuando junto ao rei, liderasse amodernização da sociedade e servisse de “pêndulo político ao Estado”, barrando tanto astendências democráticas, consideradas revolucionárias – como mostrava o recenteexemplo francês – quanto às despóticas.

A mudança do referencial geopolítico de José Bonifácio ocorreu em 1808, após atransferência da Corte para o Rio de Janeiro. Ele apoiou a medida, convencido de que, se

 “o Rei não passasse ao Brasil, perdia-se de certo este ou pelo ataque dos ingleses, oupelo levantamento dos colonos”. Pensando nos “grandes destinos” reservados ao “seuBrasil”, preocupava-se com as disputas das elites – segundo ele, formadas por homens

 “ignorantes, vadios, vis, intrigantes, devassos”, movidos pelo sentimento de “liberdadeindividual, e não (...) a pública ou política”. A principal questão a solucionarrelacionava-se à situação do índio e do negro, que impedia a constituição de “uma Naçãohomogênea e igualmente feliz”. 

Quanto aos índios, cabia ao Estado o papel de agente “civilizador”, responsável porinstruí-los e emancipá-los. Para tanto, recomendava o “casamento de Portugueses emulatos com Índios”, a atribuição de um “prêmio pecuniário a todo Cidadão Brasileiro oubranco, ou de cor, que se casar com Índia-gentia” e a domesticação dos índios bravospelo estímulo ao comércio interno. Em todos estes casos, a intenção é integrar o índio à

sociedade brasileira como “ente econômico” – fosse como “caçador”, “pastor” ou “lavrador”. 

A escravidão fundava um problema político ainda mais amplo, representando umaameaça à própria preservação da porção americana do Império. Era preciso eliminar acondição degradada dos negros, os quais, como escravos, transformavam-se em “entesvis e corrompidos”. Sob influência do publicista francês Dominique De Pradt (1759-1837)— segundo o qual as “Colônias que precisam de Pretos perdem -se pelo aumento destapovoação estranha que recebem em seu seio” —, Bonifácio temia a repetição no Brasil dasangrenta revolta de escravos que resultou na independência do Haiti (1804). Segundoele, contribuía para isso a peculiar situação do Rio de Janeiro, referido como a “NovaGuiné”, que tinha na escravatura o “inimigo político e moral mais cruel” do Império. 

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Desse modo, propunha leis “regulativas” da escravidão, destinadas a abrandar otratamento dos negros, aprimorar seus usos e costumes e, por meio do estímulo aoscasamentos entre brancos, índios e negros, promover sua lenta assimilação ao corposocial. Aqui, o Estado assumiria um papel interventivo na esfera privada do poder,suavizando as relações entre senhores e escravos e distribuindo a estes últimos terraspara o cultivo, e também dando educação física e moral, de forma a torná-los aptos a

viver em liberdade.Estas ideias surpreendem por vislumbrarem a miscigenação como um dos principaismétodos a serem empregados no caminho da civilização. José Bonifácio acreditava navitalidade social promovida pela “mistura de sangue” — pois “tem-se notado que apopulação mestiça é muito mais ativa” —, e era com tal propósito que defendia acolonização do país com imigrantes estrangeiros. Principalmente os europeus, pois assima raça se “branquearia”, facilitando a assimilação social do liberto. Recomendava, ainda,uma especial atenção aos “Mulatos”, que, apesar de “soberbos e revoltosos”, “são muitohabilidosos”. 

A questão da escravidão remetia também ao problema da estrutura fundiária do país,

pois permitia a existência de grandes extensões de terras com baixa produtividade, aobarrar a introdução de novas técnicas. Assim, defendia a redistribuição das terras empequenas e médias propriedades, com a condição de que “os donos sigam novo métodode cultura à europeia”. 

Transferido para a Corte no Rio de Janeiro em 1819, José Bonifácio reformulou seusprojetos transitando progressivamente das condições da unidade imperial para as daintegridade nacional. No calor dos debates que ocorreram após o regresso do rei paraPortugal, em abril de 1821, redigiu as Lembranças e Apontamentos para os deputadospaulistas eleitos para comporem as Cortes instaladas em Lisboa. O documento reflete anecessidade de leis conciliadoras dos interesses dos dois reinos, mas também de umalegislação particular para o Brasil.

Na sua essência, o programa paulista resgata o projeto de “Império federativo” formulado em 1796 por um de seus principais interlocutores, o ministro D. Rodrigo deSousa Coutinho. Tal modelo se justificava pela necessidade de preservação da “unidade” a partir de uma situação de “diversidade” — de natureza, clima e povos — entre aspartes. A coesão projetada em 1822 fundava-se não mais numa suposta “reciprocidadede interesses” entre Metrópole e Colônia, mas na completa “paridade de direitos” entreos dois reinos, materializada na Carta Constitucional, cujas bases foram elaboradas pelascortes lisboetas em 1821.

Com a Independência, José Bonifácio passaria a encaminhar suas reformas a partir danova condição de ministro do Reino e Estrangeiros. Entretanto, permanecia o dilema da

escravidão, que afetava tanto a política interna quanto a externa. Além de contrapor-seà imperativa criação de uma identidade nacional, a existência da escravidão chocava-secom as bases de um “Império Constitucional”: economia de livre mercado,desenvolvimento industrial e agrícola, construção do cidadão civilizado e, finalmente, oreconhecimento externo da nação soberana (condicionado à pressão inglesa pelaabolição do tráfico).

Não se podia ignorar que o braço escravo era um suporte fundamental da economianacional. A nação carecia de um tempo para sua substituição pelo imigrante, pelo índiocivilizado e pelo próprio ex-cativo. Daí a preocupação de Bonifácio em redigir umaRepresentação sobre a Escravatura, na qual sistematiza suas impressões sobre o tema eencaminha uma proposta de “abolição gradual do tráfico”. 

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A representação não chegou a ser apresentada à Assembleia Constituinte, pois esta foidissolvida em novembro de 1823, seguida pela deportação de José Bonifácio. O texto foirevisto durante seus anos de exílio em Bordéus (1823-1829) e finalmente publicado emParis em 1825.

Nesta fase, afastado da vida pública e da terra natal, ele refletiria ainda sobre os rumostomados pela consolidação da independência brasileira. A fragilidade do consenso políticoalinhavado em 1822 comprometia a integridade imperial e o projeto de Estado dinástico.Ambos, reconhecia, eram fortemente dependentes de práticas políticas arcaicas – autoritárias e centralistas – e da necessária composição com os interesses deproprietários, que inviabilizavam qualquer avanço no sentido das reformas estruturaisprojetadas.

A obra da Independência permanecia assim inacabada, pois mesmo com a volta do “partido brasileiro” ao poder e a abdicação de D. Pedro I em 1831, a construção de umanação nos moldes pensados por José Bonifácio exigiria a difícil tarefa de transcender osinteresses das elites, procedendo à abolição do tráfico africano, à reforma do latifúndio,à recusa da ingerência estrangeira nos negócios internos do país.

À altura de seus últimos dias, em 1838, já estava clara para Bonifácio a frustração de seuprojeto. Em contraposição ao ideal de civilização única para um povo homogêneo, o quea realidade lhe apresentava era o conflito de interesses entre classes, cores e etnias, emum corpo político instável e sem direção definida. Realidade à qual aludia em seu leito demorte, quando, fixando a colcha de retalhos que cobria seu corpo lamentava ainda umaúltima vez: “O que afeia estes bordados é apenas a irregularidade do desenho...”.  

Revolução de 1848: Movimentos revolucionários populares no mundo

O ano de 1848 marcou o continente europeu com movimentos revolucionários que, apartir de Paris, tiveram rápida propagação nos grandes centros urbanos. A consolidação

do poder político da burguesia e o surgimento do proletariado industrial enquanto força

política foram os reflexos mais importantes daquele ano, que também foi marcado pela

publicação do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels.

Em 1830, com a chegada ao poder de Luís Filipe de Orleans, conhecido como "o rei

burguês", os financistas viam-se representados, uma vez que o próprio monarca era

oriundo daquelas fileiras. No entanto, diversos eram os grupos de oposição que,

organizados em partidos, nutriam o mais vivo interesse em ampliar seu poder político:

Os legitimistas, conservadores representantes da antiga nobreza, vislumbravam restituir

a dinastia dos Bourbon; os republicanos representavam os profissionais liberais e as

classes médias, empunhando bandeiras nacionalistas; os bonapartistas, liderados pelo

sobrinho de Napoleão (Luis Bonaparte), representavam a pequena burguesia

descontente;e os socialistas representavam a crescente classe operária, que a despeito daorganização muitas vezes precária, fazia-se notar enquanto força políticaconsiderável.

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 Banquetes oposicionistas Em 1847, grupos políticos de oposição ao governo deLuís Filipe, impedidos de realizar manifestações públicas, decidiram pela realização debanquetes, com o objetivo de discutir não apenas a grave crise econômica enfrentadapelo país - as secas afetaram toda a cadeia econômica - mas para discutir propostas de

ação e meios de obter mais representatividade política.

Para o dia 22 de fevereiro de 1848, foi marcado um grande banquete, que contariacom a presença de representantes dos partidos de oposição advindos de toda aFrança, com o objetivo de protestar contra os boatos de corrupção no governo e contraa política repressiva do primeiro-ministro Guizot, que paulatinamente cerceava osdireitos políticos.

No entanto, este banquete foi impedido por ordem do próprio Guizot, o que provocouuma violenta reação dos proletariados parisienses. O movimento foi imediatamenteseguido pela quase totalidade da população de Paris, incluindo elementos da GuardaNacional. Após três dias de luta, com centenas de ruas tomadas por barricadas, osrevoltosos conseguiram a abdicação de Luís Filipe, dando lugar ao estabelecimento deum governo provisório, que proclamaria a República.A República social O novo governo dividiu-se sob a influência de bonapartistas,socialistas e republicanos, e cedendo aos protestos do proletariado, organizou acriação de Oficinas Nacionais, com a intenção de dar combate ao enorme desemprego.Este período inicial da revolução, também chamado de República Social , foi marcadopela provisoriedade e pela intensa disputa entre os diferentes interesses envolvidos naconsolidação do poder.

Nas eleições convocadas para abril, os moderados republicanos, representantes daburguesia industrial, obtiveram a maioria na Assembleia Constituinte, graças aosvotos não só dos conservadores, mas dos proprietários rurais e dos camponeses. Maisuma vez, reativamente, dando lugar a diversas manifestações do proletariado urbano.O fechamento das Oficinas Nacionais em junho, determinou o início de um novomovimento de sedição. As batalhas travadas entre os operários rebelados e a GuardaNacional tiveram como saldo cerca de 3 mil fuzilados e mais de 15 mil deportados paracolônias francesas.

À frente do chamado Partido da Ordem, e aproveitando-se do prestigioso nome de seu

tio, Luís Bonaparte venceu as eleições de dezembro com cerca de 73% dos votos. Noentanto, no legislativo, houve uma vitória expressiva dos monarquistas no anoseguinte, estabelecendo um quadro de constante tensão entre o novo presidente e aAssembleia.

O 18 brumário de Luis Bonaparte Em novembro de 1852, Luis Bonaparte pôs emmarcha um golpe de Estado que ficaria conhecido como seu 18 Brumário, tornando-seimperador da França, sob o título de Napoleão III. Tal episódio levariaKarl Marx aafirmar: "Hegel faz notar algures que todos os grandes acontecimentos e personagenshistóricos ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar: a

primeira vez como tragédia, a segunda como farsa".

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 As agitações ocorridas na França rapidamente se espalharam por diversas naçõeseuropeias, inspirando movimentos de sublevação contra as monarquias sobreviventesdo Congresso de Viena. Na Itália, o movimento de 1848 teve caráter liberal emanifestadamente nacionalista, numa região extremamente fragmentada, dominada

por governos absolutistas e em certa medida mantida sob a tutela da Áustria.

Assim, o movimento tomou feições de reivindicações independentistas e de unificação,processo que se alongou até 1870. Na Confederação Germânica, mantida sob ainfluência de austríacos e prussianos, o movimento também se expressou pela via donacionalismo e da unificação, processo que se arrastaria por mais 20 anos. Até mesmoo Brasil pôde sentir os efeitos da onda revolucionária das barricadas francesas, queinspiraria os rebeldes pernambucanos na Revolução Praieira. 

A Primavera dos Povos Segundo o historiador Eric Hobsbawm, a Primavera dosPovos foi a primeira revolução potencialmente global, tornando-se um paradigma de"revolução mundial" que alimentou rebeldes de várias gerações. Por outro lado, otriunfo eleitoral de Luís Bonaparte mostrou que a democracia, anteriormenterelacionada com os ideais da revolução, prestava-se também à manutenção da ordemsocial.

A burguesia apercebera-se dos perigos das revoluções, tomando consciência de queseus anseios políticos poderiam ser alcançados pela via do sufrágio universal, evitandoconflitos e sublevações. Assim, a revolução de 1848 foi o movimento que posicionoudefinitivamente burguesia e proletariado em campos opostos, o que marcariaprofundamente os embates políticos vindouros.

Políticas de ColonizaçãoA Colonização do Brasil

Prof.º Leonardo Castro

A chegada dos portugueses a terras brasileiras em 1500 colocou em confronto duasculturas notadamente diversas. Aeuropéia que tinha em sua base cultural asmonarquias, as relações mercantis e o cristianismo. A indígena valorizava a vida

comunitária, a relação com a natureza e a pajelança e o xamanismo. Logo vieramtambém os africanos sob a condição de escravos. Formou-se nos trópicos uma sociedadeoriginal. Para os europeus e seus descendentes, reproduziu-se no Brasil seus valores e acristandade. Para os ameríndios, a destruição quase completa de sua cultura original e oextermínio de povos inteiros. Para os africanos e afro-brasileiros, a escravidão, o racismoe a discriminação.

Texto e Contexto

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 “Para que prestem a utilidade desejada, as colônias não podem ter o necessário parasubsistir por si, sem dependência da metrópole.”  (Do marquês de Pombal, 1776, justificando a política mercantilista e colonial.) 

Os interesses econômicos orientaram a colonização do Brasil. Os portugueses aplicaramsua política mercantilistabaseada em certas idéias econômicas. Na prática, o sucesso domercantilismo dependeu dos mecanismos reguladores das relações entre colônia emetrópole. O mais importante desses mecanismos foi o monopólio comercial – oexclusivo, como se dizia na época.

Através do monopólio comercial, as colônias eram mercados fechados à concorrênciaestrangeira. Só podiam vender às suas metrópoles e só podiam comprar dela ou por seuintermédio.

Desenvolveu-se também a teoria do pacto colonial. Por esse pacto a metrópole tinhaposse legal e plena jurisdição sobre suas colônias. Essas passavam a ser extensões dametrópole, constituindo com elas uma unidade políticas e jurídica e adotando seusobjetivos e interesses.

As Capitanias Hereditárias 

A expedição de Martin Afonso de Sousa, enviada em 1530, é vista como o início da

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colonização portuguesa no Brasil. Martin Afonso fundou a vila de são Vicente, em 1532,no litoral paulista.

Dom João III decidiu aplicar ao Brasil a solução já experimentada nas ilhas atlânticas:as capitanias hereditárias, ou donatarias. Entre 1534 e 1536, o território brasileiro foidividido em quatorze faixas de terras, que se estenderiam do litoral para o interior. Estasforam doadas a doze capitães-donatários – fidalgos, comerciantes e funcionáriospertencentes à burguesia e a pequena nobreza –, com o compromisso de promoveremseu povoamento e exploração em troca da concessão das grandes propriedades e dedireitos e privilégios.

Texto e Contexto 

Os forais dos donatários

 “Compete mais ao capitão Criar vilas com seu termo [limite territorial], jurisdição,liberdade e insígnias, segundo o foro e os costumes do reino, onde julgar maiscoveniente... Exercitar toda a jurisdição civil e criminal: superintendendo por si ou porseu ouvidor, na eleição de juízes e oficiais... No crime [processos criminais], o capitão eseu ouvidor têm jurisdição conjunta com a alçada até pena de morte, inclusive emescravos, gentios, peões cristãos e homens livres, em todo e qualquer caso, paraabsolver ou para condenar, sem apelação e agravo.”  (Foral entregue a Duarte Coelho, 1534. Documentos históricos brasileiros. Rio deJaneiro: MEC, 1976. p. 47.) 

Outra prática era a concessão de grandes sesmarias pelos donatários aos colonospovoadores e pelo próprio governo, dando início à tradição latifundiária brasileira, deconcentração da propriedade agrária, de muita terra para poucos donos.

O donatário exercia o Poder Executivo – o governo propriamente dito – e a jurisdição civile criminal sobre índios, colonos livres e escravos, podendo até condenar pessoas à pena

de morte (Poder Judiciário). Como indivíduo, ele era o proprietário de extensos lotes deterras e detinha o monopólio da produção de açúcar. Utilizava a capitania hereditáriacomo seu domínio particular, embora houvesse a arrecadação de impostos porfuncionários subordinados diretamente ao rei.

As capitanias, com exceção das de Pernambuco e São Vicente, apresentaram resultadosmedíocres: umas estagnaram, outras foram abandonadas e algumas nem foramassumidas por seus donos. Escassos recursos materiais e humanos, pouco empenho

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pessoal e pouca habilidade em lidar com os nativos foram algumas das causas dofracasso.

Em 1548, dom João III criou o governo-geral do Estado do Brasil, sendo Tomé de Souzao primeiro governador. A criação de um governo-geral visava a centralização política,

administrativa e jurídica da colônia, dispondo de maior autoridade do que a dosdonatários. As intenções do estabelecimento de um governo-geral eram: acompanhar,avaliar e auxiliar o desempenho das capitanias; estimular a instalação de engenhos deaçúcar; promover o povoamento e a fundação de vilas; controlar as relações com osindígenas, combatendo os hostis e apoiando sua catequese; defender a terra contraestrangeiros, construindo fortes e armando os colonos proprietários. Para sede dogoverno, o rei indicou a baía de Todos os Santos, onde foi fundada, em 1549, a cidade deSão Salvador.

As bases da colonização 

A política mercantilista no Brasil privilegiou o cultivo de gêneros agrícolasde origemnativa ou trazidos de fora. As opções iniciais concentraram-se na cana-de-açúcar. Emmenor escala também o fumo e o algodão, enquanto o extrativismo florestal – pau-brasile as chamadas “drogas do sertão” – continuavam a ser largamente explorados.

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Para o cultivo da cana-de-açúcar os portugueses criaram um sistema integrado baseadona grande propriedade voltada para a exportação e notrabalho escravo. Esse tipo desistema era semelhante à plantation da colonização inglesa no sul dos atuais EstadoUnidos.

Plantation – Grande propriedade agrária especializada na monocultura tropicaldestinada à exportação, geralmente ligada a produtos como cana-de-açúcar, fumo ealgodão, cultivados com mão-de-obra escrava. 

Ao lado da grande propriedade, existiram em pequena escala outras formas deorganização da produção baseadas na pequena propriedade e no trabalho livre e voltadaspara o mercado interno. Mas foi a grande propriedade escravista e monocultora quedefiniu o caráter geral da colonização do Brasil.

Escravos negros trabalhando na moenda. Gravura de Jean-Batist Debret, 1835. 

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Trabalho na produção de açúcar. Gravura do século XVII. Collection Roger-Viollet. 

O engenho, onde se fabricava o açúcar, era composto pela moenda, a casa das caldeirase a casa de purgar. Na moenda, a cana era esmagada, o caldo era levado para a casa dascaldeiras, onde era engrossado, o melaço daí decorrente era levado para a casa depurgar para secar e alcançar o “ponto do açúcar”. O açúcar era enviado a Portugal, de lápara a Holanda, onde passava pelo processo de refinamento para a comercialização econsumo.

Para implantar e desenvolver a atividade açucareira no Brasil, Portugal contava tambémcom a sólida participação de banqueiros e mercadores holandeses, financiando ainstalação de engenhos, aquisição de escravos africanos, o transporte do açúcar e seurefino e distribuição na Europa.

A força da agricultura canavieira colonial estava em seu caráter exportador. Tratava-seem uma economia especializada em produzir e vender via metrópole, açúcar para omercado europeu, em grande quantidade e preço competitivo.

Embora tenha dado lucro, essa estrutura produtiva apresentou desde o começo umcaráter extremamente destrutivo. No nordeste e em outras regiões, a cana-de-açúcarera cultivada de modo extensivo, ocupando enormes extensões de terras. Nas regiõesonde era plantada, nenhuma outra lavoura era admitida. Tratava-se de uma culturaexclusivista. Esse tipo de exploração – a monocultura em grandes propriedades – levouà destruição crescente da Mata Atlântica e ao empobrecimento e esgotamento do solo.

No Brasil colonia, a Mata Atlântica fez parte da inspiração utópica para o renascimento domito do paraíso terrestre. Os relatos antigos falam de uma floresta densa aparentementeintocada, apesar de habitada por vários povos indígenas.

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Logo em seguida ao descobrimento, praticamente toda a vegetação atlântica foidestruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi oprincipal alvo de extração e exportação e hoje está quase extinto, ligando o país àdestruição ecológica. Outras madeiras de valor também foram exauridas: sucupira,

canela, jacarandá, jenipaparana, peroba e urucurana.

Texto e Contexto

 “Sem Angola, não há negros e sem negros, não há Pernambuco.”  (Do Padre Antônio Vieira, meados do século XVII) 

No nordeste brasileiro a extinção da Mata Atlântica foi total, o que agravou as condiçõesde sobrevivência da população, causando fome, miséria e êxodo rural. Nesta região,seguindo a derrubada da mata, vieram as plantações de cana-de-açúcar.

Para o trabalho na lavoura de cana-de-açúcar privilegiou-se o trabalho escravo africano.Para a América, os africanos começaram a ser trazidos em número expressivo a partir demeados do século XVI.

Texto e Contexto

 “Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil nãoé possível fazer, conservar e aumentar fazenda.”  (Do jesuíta italiano André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, 1711.)  

A primeira experiência de trabalho escravo no Brasil foi feita com a submissão dospróprios índios. Mas revelou-se pouco eficiente em algumas regiões, pela forteresistência nativa e pela oposição das ordens religiosas e da legislação oficial àescravização indígena. A opção pelo africano se deu por algumas supostas vantagens:maior resistência física às epidemias e maiores conhecimentos em trabalhos artesanais eagrícolas. A opção pelo escravo africano se deu também para que o tráfico de escravospudesse aumentar ainda mais os lucros. Para facilitar, nem o Estado nem a igreja católicacondenavam a imposição da escravidão aos africanos.

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 As drogas do sertão amazônico 

Enquanto no Nordeste era implantada uma ampla estrutura agroexportadora, no norteda colônia o atrativo econômico eram os produtos naturais extraídos da floresta

equatorial – eram as “drogas do sertão”. Cacau, caju, castanha, urucu, gengibre, anil,guaraná, amendoim, fumo e algodão silvestre, além das valiosas madeiras e do cravo,canela, pimenta e noz-moscada trazidos do Oriente e aclimatados na região amazônica.

Abundantes e de fácil extração, graças ao conhecimento e trabalho indígena, essesprodutos eram utilizados como ervas medicinais, especiarias, condimentos e gênerosalimentícios. Eles constituíram a base da economia regional e sua coleta foi grandeestímulo para a penetração da Amazônia. A extração e o comércio das “drogas” estavamcentralizados no Pará e no Maranhão, um negócio disputado por colonos e missionários,principalmente os jesuítas.

Comércio e tributação 

As relações comerciais entre colônia e metrópole eram guiadas pelos objetivos da políticamercantilista e pelos princípios do pacto colonial. Por isso, eram sempre favoráveis èmetrópole.

Junto com o açúcar, segui para a metrópole madeiras, fumo, fardos de algodão, couros,especiarias, cacau, arroz, aguardentes e óleo de baleia. Grande parte dessasmercadorias era redistribuída nos mercados europeus.

Do lado da metrópole, as mercadorias vendidas à colônia eram diversificada: tecidos,roupas, calçados, ferramentas, equipamentos para os engenhos, utensílios domésticos,móveis, vinho, azeite de oliva, armas, pólvora, embarcações, etc. – além de escravos

africanos.

A colônia exportava produtos primários da agropecuária e do extrativismo, a metrópolefornecia-lhe produtos manufaturados ou semimanufaturados. Esse comércio eraevidentemente favorável à metrópole.

A administração dos negócios coloniais, no Brasil, na África e no Oriente, foi centralizadano Conselho Ultramarino, criado em 1643, para supervisionar a administração geral das

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colônias portuguesas. Em 1649, foi adotado o regime das “companhias privilegiadas” decomércio com a criação neste ano da Companhia Geral do Comércio do Brasil e, em1682, da Companhia do Comércio do Maranhão. Além de apoio militar às frotasmercantes, as companhias de comércio respondiam também pelo fornecimento degêneros e escravos à colônia, pelo escoamento e financiamento da produção colonial.

A sociedade do açúcar 

A importância do açúcar fez da organização social das zonas canavieiras uma dasexpressões mais características da sociedade colonial. Agrária e escravista, ela estavaorganizada em torno do complexo formado pela casa-grande, senzala, engenho, capela,terras e canaviais. Era uma sociedade aristocrática, isto é, dominada por um grupo de

grandes proprietários rurais. Era uma sociedade de pouca mobilidade social, na qual eraquase impossível passar de um grupo social para outro.

Senhor e escravos. Militão

Augusto de Azevedo, 1870. 

Era uma sociedade patriarcal, além disso, centrada no poder do chefe de família rural, opatriarca. Esse homem era ao mesmo tempo dono da terra, autoridade local e senhor dosdestinos dos seus dependentes, empregados, parentes e agregados, além dos escravos.O conjunto de pessoas dependentes formava a família patriarcal, uma família extensabaseada no direito masculino de primogenitura.

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Além de poder econômico e prestígio social, o senhor de engenho tinha poder político emilitar, mesmo não ocupando nenhum cargo público. A autoridade privada do patriarcase estendia à esfera pública.

Em relação às mulheres, no Brasil colonial, elas eram tratadas como pessoas

subalternas em relação aos homens. As mulheres raramente apareciam às vistas ou iamà rua, e quando apareciam deviam cobrir com véus o rosto. Era uma atitude deinferiorização e exclusão da mulher na sociedade colonial.

Senhora transportada por escravos em uma liteira. Jean-Batist Debret, 1835. 

De acordo com as regras da sociedade colonial, a mulher só deveria sair de casaacompanhada e em poucas ocasiões: para se batizar, freqüentar missas e casar.

A internação em conventos e recolhimentos femininos era comum até o século XVIII,sobretudo na Bahia e Rio de Janeiro, o que resolvia o problema dos pais preocupados como futuro de suas filhas.

O asseio e a limpeza da casa ficava a cargo das mulheres, assim como a preparação dos

alimentos, o comando das escravas e índios domésticos, além de grande parte daindústria caseira como, por exemplo, a fabricação de travesseiros recheados de penas oulã, colchões de palha, almofadas, etc.

Porém, a mulher, por necessidade, sobressaía-se na sociedade, quando passava acomandar a casa em caso de viuvez, pois se tendo filhos menores, passava a comandara família e a dirigir suas propriedades.

A mulher pobre, livre ou escrava, era muito mais exposta na sociedade. Entre suasatividades, muitas eram domesticas, costureiras, cozinheiras, lavadeiras, ou mesmo

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cartomantes, feiticeiras e prostitutas. Se a mulher era livre, vivia agregada a umafamília, recebendo pagamento ou presentes por pequenas tarefas. Se escrava,trabalhava para o senhor, muitas trabalhando como domesticas ou escravas de ganho.

Outro segmento social no Brasil colônia era o dos agregados. Em geral os agregadoseram mestiços de português e índios, ou seja, mamelucos (do árabe, mamluk, escravo)ou escravos libertos que viviam nas grandes propriedades prestando toda sorte deserviços aos senhores: guardas da propriedade, mensageiros, etc. Entre eles tambémhavia aqueles que realizavam trabalhos de ganho, como os escravos, vendendo váriosartigos para no fim do dia dar uma parte da renda ao senhor.

O alimento principal da dieta dos colonos foi durante os primeiros séculos a farinha de

mandioca, preparada de inúmeras formas – bolos, beijus, sopas, angus –, misturada àágua ou ao feijão e às carnes, quando havia. Havia também outros mantimentos,sobretudo no Nordeste, como a carne-seca, rapadura e o milho.

As aves para alimentação eram caras e, por isso, utilizadas em situações especiais oupara o cuidado com os doentes com a canja de galinha.

Entre os utensílios domésticos o mais comum eram as louças de barro que se fabricava

em casa. Porcelanas das Índias eram também utilizadas pelas famílias mais abastadas.Colheres e garfos eram raros entre os colonos que geralmente comiam com as mãos e nochão. Os talheres eram usados por famílias da elite em grandes ocasiões.

A sociedade colonial formou-se a partir de brancos europeus, nativos americanos, negrosafricanos e de uma forte mistura desses grupos étnico-raciais. A sociedade eraestratificada e heterogênea. Em seu interior a posição social e as relações entre osgrupos eram condicionadas pela situação econômica, por atributos de raça, cor, sexo,

religião, instrução, etc., estabelecidos pela cultura dominante da elite branca. De acordocom essa cultura, os índios, além de selvagens, eram seres indolentes, preguiçosos eincapazes de assumir valores e comportamentos civilizados. Já os negros africanos foramsempre vistos e tratados como seres inferiores, de pouca inteligência, de costumesprimitivos e, pior, de sangue impuro.

Texto complementar 

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Sobre a sociedade colonial escreveu Gilberto Freire em sua obra Casa-grande e Senzala: 

 “A base, a agricultura; as condições, a estabilidade patriarcal da família, a regularidadedo trabalho por meio da escravidão, a união do português com a mulher índia,incorporada assim à cultura econômica e social do invasor.

Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata natécnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – nacomposição.

(...)A sociedade colonial no Brasil, principalmente em Pernambuco e no Recôncavo da Bahia,desenvolveu-se patriarcal e aristocraticamente à sombra das grandes plantações deaçúcar, não em grupos a esmo e instáveis; em casas-grandes de taipa ou de pedra e cal,não em palhoças de aventureiros.”  

(FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime

da economia patriarcal . 48ª Ed. São Paulo: Global, 2003. pp. 65-79.)

Sobre a sociedade patriarcal do Brasil colônia escreve Sergio Buarque de Holanda emRaízes do Brasil: 

 “Nos domínios rurais, a autoridade do proprietário de terras não sofria réplica. Tudo sefazia consoante sua vontade, muitas vezes caprichosa e despótica. O engenho constituíaum organismo completo e que, tanto quanto possível, se bastava a si mesmo. Tinhacapela onde se rezavam as missas. Tinha escola de primeiras letras, onde o padre-mestredesasnava [ensinava] meninos. A alimentação diária dos moradores, e aquela com que

se recebiam os hóspedes, frequentemente agasalhados, procediam das plantações, dascriações, da caça, da pesca proporcionada no próprio lugar.” (HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil . 26ª Ed. São Paulo: Companhia dasLetras, 1995. p. 80.)

Revolução Bolchevique

A corrente teórica do Socialismo Científico, ou do Marxismo, desenvolvida pelosfilósofos e pensadores Karl Marx e F. Engels no século XIX acabaram por influenciar oprocesso revolucionário russo no início do século XX. Na segunda metade do século XIX,Marx e Engels tornaram-se as expressões filosóficas de combate ao modo de produção

capitalista. Ambos compreendiam o capitalismo como um sistema injusto que gerapobreza, miséria, desigualdades e injustiças sociais, políticas e econômicas em geraldevido a forteexploração do capital sobre a força de trabalho do operariado (ouproletariado). Marx sustentava que ocapital era o responsável maior pela situação deexploração e miséria vivida pelos operários de fábricas. Segundo ele, coma apropriação dos meios de produção, a burguesia se tornou uma classe privilegiada(econômica, política e socialmente), dona do capital gerada pela produção fabril,que compra a força de trabalho do operário, o único bem que lhe restou, sobforma de salário. Mediante este quadro, Marx afirmava que o sistema capitalistadeveria ser superado e que a única classe social que tinha a força para esta tarefa era

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o proletariado. O caminho, ou a maneira de realizar esta superação, segundo Marx, eraa revolução.

Em seus inúmeros livros e textos que publicou, Marx (sempre em companhia de Engelsque co-assinava as obras) deixou claro que a classe operária era a única capazde derrubar com a ordem burguesa, logo, com o capitalismo. Com isso, Marx não

só criou uma doutrina filosófica e política em oposição ao capitalismo, como tambémconquistou diversos seguidores, que eram, em geral, intelectuais que estudavam seustextos e livros, compreendendo-os, interpretando-os e ensinando a doutrina marxista ahordas de operários por meio de sindicatos, partidos políticos de esquerda (como aSocialdemocracia) e demais organizações operárias. Desde as últimas décadas do séculoXIX que o marxismo ganhava adesões e força enquanto uma doutrina depensamento coerente e capaz de provocar a superação do modo de produçãocapitalista. Não à toa que geralmente burgueses e políticos de direita, atéhoje, odeiam K. Marx e seus escritos, assim como, seus seguidores.

Breve História do Socialismo Europeu no século XIX e início do século XX

O Socialismo na Europa, na versão de alguns historiadores, tem suas origens no período jacobino durante a Revolução Francesa do final do século XVIII. Para algunsanalistas, os jacobinos, entre 1793 e 1794, teriam experimentado a construção de umasociedade justa e igualitária tendo o voto universal (ou o sufrágio universal) como umadas bases da igualdade jurídica e social entre os cidadãos franceses. Porém, para agrande maioria o Socialismo tal como o conhecemos na teoria, teve suas origens com oschamados Socialistas Utópicos como Saint-Simon (1760-1825), Robert Owen(1711-1858), Charles Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Pierre-JosephProudhon (1809-1865). O Socialismo defendido por estes autores foi, mais tarde,

denominado de socialismo utópico por seus opositores marxistas (os quais, poroposição, se autodenominavam socialistas "científicos"), e vem do fato de seusteóricos exporem os princípios de uma sociedade ideal sem indicar os meios paraalcançá-la. O nome vem da obra Utopia de Thomas More (1478-1535). Mas, foi como marxismo, ou socialismo científico que a expressão adquiriu força vindo a seracorrente ideológica de oposição ao sistema capitalista de produção.

A sociedade europeia na primeira metade do século XIX estava dividida entre duas forçasantagônicas: Liberalismo – corrente de pensamento que justificava o capitalismo,sobretudo na Inglaterra e na França, e sua propagação – e Santa Aliança – corrente depensamento desenvolvida partir do Congresso de Viena (1815) que legitimava,

propondo uma restauração, o Absolutismo Monárquico e defender o sistemaabsolutista onde este era ainda uma realidade política em países como Rússia, Portugal,Espanha, Áustria e Prússia. Para que o sistema capitalista, logo a consolidaçãoburguesa, pudesse concretizar-se, em 1820, 1830 e 1848revoluçõesburguesas ocorreram em diversos países europeus, sendo as revoluções de 1820 e1830, mais conhecidas como Revoluções Liberais burguesas, ocorreram graças auma aliança entre burguesia e proletariado lutando contra as forças conservadoras– aristocracia. Já as revoluções de 1848, apesar de intituladas tambémde Revoluções Liberais burguesas, marcou a luta entre burguesia, em aliançapolítica e social com a aristocracia, contra o proletariado que nesse momentoavança por meio do movimento operário em nome dos direitos sociais e

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políticos dos trabalhadores e de sua participação representativa no poderpolítico do Estado. Convém lembrar que em 1848, Marx e Engels publicaramo “Manifesto Comunista”  – livro este que se tornou o manual de instruçõesrevolucionárias para o proletariado.

Considerando a segunda metade do século XIX, quando o movimento operário já era

mais forte e autônomo – muitas organizações operárias de esquerda já eramrealidades e travavam lutas contra a exploração capitalista. Organizações taiscomo centrais sindicais, Partidos Sociais-Democratas, associações mútuas detrabalhadores, as organizações anarco-sindicalistas, entre outras – foi fundadoem 1864 a AIT –Associação Internacional dos Trabalhadores que contou com aspresenças de Marx e do russo Mikail Bakunin (fundador do Anarquismo) entre outrosintelectuais de esquerda – em Londres onde se realizou o encontro dos principais líderesdo movimento operário. Nesse evento os líderes das classes operárias traçaramestratégias de como doutrinar o proletariado para que pudesse, de modo concreto, fazera revolução superando a ordem burguesa, logo, a sociedade capitalista de produção.

Em 1871, surgiu na França a Comuna de Paris. Depois da derrota francesa perante asforças militares prussianas na Guerra Franco-Prussiana em que a França perdeu osterritórios de Alsácia e Lorena, Napoleão-III (sobrinho de Napoleão Bonaparte-I), entãoImperador do país, governava em favor dos interesses econômicos, políticos e sociaisburgueses deixando de lado a situação de miséria da maioria da população e seusinteresses prioritários. Durante a Guerra Franco-Prussiana, as províncias francesaselegeram para a Assembleia Nacional uma maioria de deputados monarquistasfrancamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto,opunha-se a essa política. Thiers, elevado à chefia do Gabinete conservador, tentouesmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as

forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar precipitadamente acapital francesa, onde o comitê central da Guarda Nacional passou a exercer suaautoridade. A Comuna de Paris-considerada a primeira República Proletária dahistória - adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípiosda Primeira Internacional. Porém, o governo socialista dos chamados comunardosou comunards teve uma efêmera (curta) duração e acabou ficando conhecida comoo Grande Ensaio já que provara que uma revolução proletária era possível de ocorrer,desde que o proletariado estivesse pronto para isso e que um governo socialista tambémera possível de ser constituído.

Já no início do século XX, nas duas primeiras décadas (1900-1910 / 1910-1920)

a corrente filosófica do marxismo contava com inúmeros adeptos espalhadospela Europa , pela América e em alguns outros cantos como na China, porexemplo. Os textos e livros deixados por Marx, como herança, serviam para estimularestudos, interpretações, reinterpretações e debates, assim como, servia paraa militância dos grupos de esquerda em suas lutas contra o sistema capitalista tendocomo palavra de ordem: a Revolução Operária – esta deveria ocorrer a qualquercusto nos diversos países capitalistas. Alguns líderes, ou intelectuais, marxistas maisatuantes no início do século XX eram: Lênin; Leon Trotsky; Karl Kaustsky; Rosa deLuxemburgo; Antônio Gramsci; Togliatti; Mao Tsé Tung; entre outros de peso, inclusivebrasileiros (estes atuavam no Brasil, é claro). Devido as ações dos marxistas e dasorganizações de esquerda, entre estas a Segunda Internacional Operária, que

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o Socialismo Científico, ou o Marxismo tornou-se efetivamente uma correnteideológica de oposição ao Capitalismo e seus modelos de acumulação e deexploração. Isto é, a partir do século XX, ser marxista significava ser adepto àsideias de Karl Marx, ser anticapitalista e ser a favor da luta operária em direçãoa tomada do poder do Estado pela revolução.

O Império Russo: o país antes da Revolução

Antes da revolução operária-campesina na Rússia, esta era um enorme Império. Há maisde 500 anos que a Rússia era governada por Czares (Imperadores), ou Czarinas(Imperatrizes) os quais possibilitaram, por meio de seus respectivos projetos,construírem um Império de dimensões territoriais gigantescas, com um Estado único(central) e com uma sociedade baseada nas relações de servidão, tendo uma classearistocrática como governante, mandatária e com privilégios políticos,econômicos e sociais assegurados pelo poder do Estado Imperial. Pedro-III (tambémconhecido por Pedro, o Grande); Catarina-II (também conhecida por Catarina, aGrande); Paulo-I; Alexandre-I; Alexandre-II, Alexandre-III; Nicolau-II (este último eraImperador quando da Revolução em 1917), são apenas alguns dos Imperadores russosque fizeram da Rússia um grande Império. Palácios luxuosos – como o Palácio de Invernona cidade São Petersburgo – palacetes; ambientes requintados; objetos de luxo;privilégios políticos e sociais em geral; e demais mordomias, criavam um enorme abismoeconômico, político e social entre as elites aristocráticas (realeza e nobreza) e populaçãoem geral – formada por maioria de camponeses e população assalariada urbana.A servidão era uma das bases econômicas e sociais porque refletia as relações sociaisde produção predominantes e estas eram as obrigações da massa campesina paracom os nobres latifundiários. Economicamente a Rússia era um país agrário - isto é, deprodução principal a agricultura – e latifundiário. Nas cidades, já no século XIX, haviam

pequenas indústrias, mas de produção manufatureiro artesanal e não erampredominantes. A Rússia era muito atrasada em termos econômicos se comparada aoutros países ocidentais industrializados, capitalistas.

O atraso econômico colocava a Rússia numa condição de país sem perspectivas decrescimento mesmo quando Alexandre-II iniciou reformas econômicas objetivando amodernização da sociedade russa por meio da industrialização, projeto este que sofriacom resistências por parte de grupos aristocráticos dominantes que não desejavamperder seus privilégios. Já Alexandre-III estagnou com o projeto modernizador porqueera um aliado das tradições e, logo, dos grupos de elite contrários à modernização. Oúnico projeto que na Rússia era bem sucedido, era o projeto expansionista. Os Czares

direcionavam muito bem a expansão externa conquistando territórios o que fez do paísum imenso Império. Na segunda metade do século XIX e início do século XX a Rússia eraum país imperialista porque disputava territórios com o Império Austro-Húngaro – nocaso, a região dos Balcãs – e com o Japão – em 1905 houve a guerra russo-japonesa peladisputa pelo norte da China, a regão de Xantung na Manchúria. Convém lembrar aindaque a Rússia participou da Primeira Guerra Mundial muito embora tenha saído derrotadaem 1917 e em 1918 o novo governo Bolchevique assinou junto a Alemanha o Tratadode Brest-Litovsk – região da atual Polônia fundada no século XI que foi anexada àRússia em 1975.

A Revolução Bolchevique:

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Tendo em vista os graves problemas econômicos, políticos e sociais que seaprofundavam na sociedade russa e mais a sua desastrosa participação na PrimeiraGuerra Mundial, a população foi se revoltando contra a tirania e os descasos doImperador Nicolau-II e da elite aristocrática. Apesar de ignorar os problemas queatingiam a população russa, Nicolau-II deu importância a projetos modernizadores dasociedade estabelecendo contatos com países capitalistas ocidentais o que fazia parte do

grande projeto externo do Estado russo: a expansão. Portanto, Nicolau-II procuroufacilitar a entrada de capitais estrangeiros para promover a industrialização dopaís, principalmente somas de capitais da França, da Alemanha - as relaçõeseconômicas e financeiras com esta se estabeleceram antes da rivalidadeposterior - da Inglaterra e da Bélgica, esse processo de industrializaçãoocorreu posteriormente à da maioria dos países da Europa Ocidental.O desenvolvimento capitalista russo foi ativado por medidas como o início daexportação do petróleo, a implantação de estradas de ferro e da indústriasiderúrgica. Os investimentos industriais foram concentrados em centros urbanospopulosos, como Moscovo, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessas cidades, formou-se

um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas, que recebiamsalários miseráveis e eram submetidas a jornadas de 12 a 16 horas diárias detrabalho, não recebiam alimentação e trabalhavam em locais imundos, sujeitosa doenças. Nessa dramática situação de exploração do operariado, as ideiassocialistas (Socialismo Científico ou Marxismo) encontraram um campo fértilpara o seu florescimento.

O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR): com o desenvolvimento daindustrialização e o maior relacionamento com a Europa Ocidental, a Rússia recebeu doexterior novas correntes políticas que se chocavam com o antiquadoabsolutismo do governo russo. Entre elas destacou-se a corrente inspirada

no marxismo, que deu origem ao Partido Operário Social-Democrata Russo.O POSDR foi violentamente combatido pela Ochrana – Polícia de Estado do governo.Embora tenha sido desarticulado dentro da Rússia em 1898, voltou a organizar-se noexterior, tendo como líderes principais Gueorgui Plekhanov, Vladimir Ilyich Ulyanov -conhecido como Lênin - e Lev Bronstein - conhecido como Trotski.

A divisão do Partido: mencheviques e bolcheviques: em 1903, divergências quantoà forma de ação revolucionária (questão conceitual) levaram os membros dopartido POSDR a se dividir em dois grupos básicos:

os mencheviques: liderados por Martov, defendiam que os trabalhadores

podiam conquistar o poder participando normalmente das atividades políticas.Acreditavam, ainda, que era preciso esperar o pleno desenvolvimentocapitalista da Rússia e o desabrochar das suas contradições, para se dar inícioefetivo à ação revolucionária. Como esses membros tiveram menos votos emrelação ao outro grupo, ficaram conhecidos como mencheviques, que significaminoria –socialistas brancos.

os bolcheviques: liderados por Lênin, defendiam que os trabalhadoressomente chegariam ao poder pela luta revolucionária. Pregavam a formaçãode uma ditadura do proletariado – o Socialismo segundo a tradiçãomarxista ortodoxa, na qual também estivesse representada a classe

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camponesa. Como esse grupo obteve mais adeptos, ficou conhecido comobolchevique, que significa maioria – socialistas vermelhos. Trotsky, queinicialmente não se filiou a nenhuma das facções, aderiu aos bolcheviques maistarde.

A Revolta de 1905: o ensaio para a revolução: em1904, a Rússia, que desejava expandir-se para o oriente, entrou em guerra contra oJapão devido à posse da Manchúria,mas foi derrotada. A situação socio-econômica dopaís agravou-se e o regime político do czar Nicolau II foi abalado por uma sériede revoltas, em 1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros - como a

revolta no navio encouraçado Potemkin - e soldados doexército. Greves e protestos contra o regime absolutista do czar explodiram emdiversas regiões da Rússia. Em São Petersburgo, foi criado um sovietes - conselhosoperários constituídos dentro das fábricas e surgidos espontaneamente - paraauxiliar na coordenação das várias greves e servir de palco de debate político. Diante docrescente clima de revolta, o Czar Nicolau II prometeu realizar, pelo Manifesto de

Outubro, grandes reformas no país: estabeleceria um governo constitucional, dando fimao absolutismo, e convocaria eleições gerais para o parlamento - aDuma - queelaboraria uma constituição para a Rússia. Os partidos de orientação liberalburguesa, como o Partido Constitucional Democrata ou Partido dos Cadetes,deram-se por satisfeitos com as promessas do Czar, deixando os operários excluídos.

Terminada a guerra contra o Japão, o governo russo mobilizou as suas tropas especiais-cossacos - para reprimir os principais focos de revolta dos trabalhadores. Diversoslíderes revolucionários foram presos, desmantelando-se o Soviete de São

Petersburgo. Assumindo o comando da situação, Nicolau II deixou de lado aspromessas liberais que tinha feito no Manifesto de Outubro. Apenas a Duma continuoufuncionando, mas com poderes limitados e sob intimidação policial das forças dogoverno. A Revolução Russa de 1905, mais conhecida como "Domingo Sangrento",tinha sido derrotada por Nicolau II, mas serviu de lição para que os líderesrevolucionários avaliassem seus erros e suas fraquezas e aprendessem a superá-los. Foi,segundo Lenin, um ensaio geral para a Revolução Russa de 1917.

A Revolução de Fevereiro e Outubro de 1917: o ano de 1917 foi definitivo para aRevolução Bolchevique. Foi neste ano que o processo revolucionário se radicalizou,porque a luta armada, envolvendo de umlado operários,soldados, marinheiros, desempregados – estes formando os

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imenso grupo dos sovietes, liderados pelos bolcheviques e apoiados pelosmencheviques, agindo nos centros urbanos e mais os camponeses – estes organizadosem ligas campesinas que atuavam nas áreas rurais – e do outro, forças militares queapoiavam a Duma, foi travada ocorrendo a vitória dos bolcheviques os quaisassumiram o poder político do Estado russo neste ano de 1917. Os dois momentos darevolução no ano de 1917 podem ser assim resumidos:

A Revolução de Fevereiro de 1917 (março de 1917, pelo calendárioocidental), que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II da Rússia, o último Czara governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal.Isto é, neste primeiro momento a vitória revolucionária era da Duma tendo aburguesia russa assumido o controle político do estado russo.A Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário ocidental), naqual o Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin, derrubou o governoprovisório da Duma e impôs o governo Socialista. Foi a partir deste novo

modelo de Estado – o Estado Socialista – que os bolcheviques iniciaram aconstrução do Socialismo Real já que prevaleceu a ditadura, mas não doproletariado como previra Marx em suas teorias, e sim a ditadura do PartidoÚnico – o Partido Comunista, que não admitia oposições políticas.

A década que se seguiu o ano da revolução de 1917, a década de 1920, foi de construçãodo governo socialista. No início da década de 1920, o pós-revolução conheceu asseguintes etapas: Comunismo de Guerra – 1917-1921; N.E.P. – Nova PolíticaEconômica – 1921-1924; e a Era Stalinista (ou Stalinismo de Estado) – 1925-1954.

Revolução Chinesa

No século XIX, a China sofria com a exploração e a dominação das grandes

nações europeias. Neste contexto, o Reino Unido, grande potência imperialista, se

destacava por interferir diretamente tanto nos assuntos políticos quanto nos

culturais: os imperadores da Dinastia Manchu haviam perdido sua autonomia e

resignavam-se às vontades europeias.

Causas da revolução chinesa 

Além da situação de dominação estrangeira, outro fator causava insatisfação e

dificultava o desenvolvimento do país: alguns poucos proprietários rurais

detinham a posse das terras produtivas chinesas, a agricultura vivia num regime

quase que feudal.

O crescente descontentamento com tal condição acabou deflagrando um

movimento popular conhecido como Guerra dos Boxers entre os anos de 1898 e

1900. Por seu cunho nacionalista, a revolta foi duramente coibida pela ação de

tropas estrangeiras. Os rebeldes defendiam a necessidade de se resistir aos

condicionamentos ocidentais e cristãos que, segundo eles, eram responsáveis

pela situação de miséria em que se encontrava boa parte da população chinesa.

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O que foi a revolução chinesa – resumo 

Sun Yat-sen, médico, político e estadista chinês, foi o responsável pela fundação

do Kuomintang (Partido Nacionalista), facção que tinha como objetivo maior

combater o domínio europeu e a monarquia. Em 1911, ele assumiu o posto de

primeiro presidente da República Chinesa. Apesar de ter contado com o apoioda maioria dos militares do país, sua administração teve que enfrentar a oposição

de diversas regiões que, comandadas por grandes proprietários rurais,

recusavam-se a aceitar o novo governo. Tal recusa fez com que

a China enfrentasse uma longa e inquietante guerra civil por vários anos.

Com a morte de Sun Yat-sen no ano de 1925, uma disputa política foi travada até

que o Kuomintang se uniu ao Partido Comunista Chinês. Posteriormente, em

1927, o general Chiang Kai-shek tomou o poder e liderou as tropas chinesas,

combatendo opositores da República como os grandes proprietários de terras e os

dissidentes comunistas.Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) o conflito entre comunistas e

nacionalistas ficou suspenso, pois as duas partes precisaram se aliar no combate

ao Japão, que almejava dominar a China. Logo que terminou a Grande Guerra, os

nacionalistas reiniciaram a perseguição aos comunistas liderados por Mao

Tse-tung, voltando à disputa bélica.

Posteriormente, em 1949, o país viveu um grande processo de transformação

social e política – a chamada Revolução Comunista alterou significativamente a

sociedade chinesa. Quando os comunistas finalmente tomaram o poder e

instituíram Mao Tse-tung como chefe supremo, diversas medidas foramadotadas a partir do projeto político-social denominado Grande Salto para

Frente. Pouco tempo depois, em 1966, o governo chinês criou um programa de

controle cultural, político e ideológico chamado de Revolução Cultural Chinesa,

este buscava neutralizar a oposição crescente que havia ganhado força com o

eminente fracasso do Grande Salto para Frente.

Revolução Cubana

ANTECEDENTES 

No início do século XX, Cuba era uma colônia (neo-colônia), norte-americana.Desgastada com a administração corrupta e claramente favorável ao capitalestrangeiro, o povo começava a se inquietar de maneira preocupante para ametrópole. O movimento operário estava ganhando força e se fazendo notar,principalmente com duas grandes greves: dos Aprendizes (1902) eda Moeda (1907).

Sofrendo pelo altos níveis de inflação gerada pela Primeira Guerra Mundial etendo sua economia baseada na monocultura da cana-de-açúcar, sendo os EstadosUnidos seu comprador quase exclusivo, a Grande Depressão de 1929, deixou claro

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que a situação em Cuba era muito frágil, já que 70% de sua economia era controladapelo capital estadonidense.

Estando a pouco mais de 100km de distância de Miami, o território cubano se tornouo quintal dos ricos e emergentes que passavam em Cuba seus finais de semana. Oque era ilegal nos Estados Unidos, era amplamente praticado em Cuba. Um lugar

onde os yankees gastavam seus dólares com sexo, drogas e jogatina, a noite seenchia de prostitutas, malandros e vagabundos: claro, todos eles cubanos.

Até então Cuba esteve nas mãos de diversos dirigentes. Sempre sob o olhar e a mãofirme da metrópole que defendia seus lucros e favorecia apenas a minoria burguesa,(onde a maioria era norte-americana com alguns poucos cubanos). Atéque Fulgêncio Batista em 10 de março de 1952 tomou o poder através de um golpeassistido e apoiado pelos norte-americanos.

Paralelamente a isso, ocorreram diversas greves e revoltas. Sempre partindo doproletariado que se unia e do movimento estudantil que ganhava força. As primeirasações sentidas foram os ataques e tentativas de tomada dos quartéis de Moncada e

de Carlos Manuel de Céspedes, em 26 de Julho de 1953. A ação conjuntafracassou, resultando na morte de vários combatentes, em sua maioria jovensestudantes e a prisão de outros tantos. Entre os presos estava Fidel AlejandroCastro Ruz, recém-formado advogado pela Universidade de Havana.

Outros movimentos de revolta também tentaram ataques isolados, tendo todosfracassado. Enquanto isso Fidel Castro é liberto e exilado no México. E foi lá então,que reuniram-se condições, convergiram fatores, para que se pensasse em umaverdadeira guerrilha. Fidel tinha em torno de si uma grande rede de contatos que oapoiariam; foi com esse objetivo então, que em 1954, funda o MovimentoRevolucionário 26 de Julho (M-26-7). Baseado no México, articula ações e contacom casas de apoio e representantes, principalmente em Cuba, Guatemala e Estados

Unidos.

Vivendo na clandestinidade, o M-26-7 tem grandes planos, mas tem maiores aindadificuldades. Conciliar egos e pensamentos diferentes, manter o movimento coeso eunificado, treinar combatentes, angariar recursos e pessoal, evitar espiões etraidores. Num processo lento o plano é traçado: Penetrar com um foco guerrilheiroatravés das florestas ao sudoeste da ilha, aos pés da Sierra Maestra e espalhar arevolução, contando com a adesão popular e dos camponeses que vivemmiseravelmente ali.

COMEÇA A GUERRA DE GUERRILHAS 

Antes do amanhecer, em 2 de dezembro de 1956 o iate Granma, vindo do México,atraca (ou encalha), no litoral sudeste da ilha, transportando 82 combatentes. Aviagem que durou 7 dias, 2 a mais que o planejado, fora desastrosa e cheia deincidentes.

Depois que o iate Granma de 12 metros com 82 homens, armas, mantimentos emedicamentos encalha, um tanto afastado da praia, o pessoal é obrigado apraticamente nadar já com o sol raiando e saraivadas de tiros de uma lancha dapatrulha costeira cubana. O resultado foi um grande prejuízo de armas, munições eprincipalmente de pessoal. Do total, apenas 22 restaram para o foco insurrecional.

Recomeçando praticamente do zero, o grupo precisa garantir a sua sobrevivência e

reestruturação. Em território desconhecido, contavam com os camponeses que os

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guiassem pela floresta e muitas vezes para alimentá-los. Em contra-partida ogoverno retaliava, geralmente com a vida, quem fosse “pego” ajudando os rebeldes.

 “Pego”, por que na verdade para Fulgêncio, o motivo pouco importava. O importanteera difundir a mensagem de que os rebeldes eram os bandidos e que não seenvolvessem com eles; então era comum que acusassem o vizinho por vingançasparticulares, como questões de dívida e assuntos pessoais.

Por fora, os contatos do M-26-7 corriam para recrutar novo pessoal, armas e dinheiro.Comunicando-se através de rádio, conhecida como Rádio Bemba (Sistema de RádioRural), Fidel assinava contratos, redigia artigos e planejava táticas.

Na capital o governo alardeava que suas tropas haviam sufocado o movimento,porém o que acontecia era justamente o contrário: tendo consciência de que aindaeram muito fracos, os revolucionários se ocupavam em manter-se sempre emmovimento, criando emboscadas e evitando o inimigo.

Nas batalhas as colunas rebeldes sempre eram em número bastante inferior ao dastropas do exército, porém com a tática do “bate e corre”, conseguiam infligir certos

danos e algumas vitórias parciais.

Passando fome muitíssimas vezes, a tensão e o cansaço fatigavam os combatentes.Sempre vivendo no limite, sem ter para amanhã, de tempos em tempos abria-se umapermissão para àqueles que não suportando mais iriam desertar. Fora dessasconcessões quem desertasse era morto, pois sabia demais sobre o Movimento.

Conforme as colunas foram adentrando na floresta, foram também ganhando asimpatia dos guajiros, como é chamado o camponês; humilde e analfabeto, negro,mulato ou branco, pés descalços e chapéu de palha, que insatisfeitos com a maneiracomo viviam e esclarecidos sobre a real intenção dos combatentes, muitas vezes se

 juntavam a coluna ou guiavam pelos tortuosos caminhos. Grande parte dessa

simpatia também se deveu ao fato de que qualquer espaço conquistado pelosrebeldes, logo era considerado Território Livre e suas terras divididas entre oscamponeses. Entre eles havia também os traidores, que em troca de dinheiro, outemendo pela própria vida ou da família, davam informações para o governo sobreposição e quantidade dos rebeldes.

As colunas, agora já maiores e melhor organizadas traziam consigo vantagens edesvantagens. Tornava-se inviável bater na casa de um camponês e pedir-lhecomida. A base guerrilheira, então instalada na Sierra Maestra funcionava como umQuartel General e muito por iniciativa de Ernesto Guevara (Che), criou-se em plenafloresta um sistema rudimentar para a produção de pão e charque que alimentasse astropas, artigos de couro para os soldados e inclusive uma pequena imprensa com um

mimeógrafo antigo de onde era editados manifestos e até um jornal da floresta. Atosde insubordinação ou indisciplina, também eram frequentes e firmemente tolhidos.Algumas vezes até passíveis de crítica quanto a sua dureza, principalmente na figurade Che Guevara. Promovido a chefe de uma coluna, Che era conhecido pela suaconduta exemplar e por exigir não menos que isso de seus soldados.

Mas o que realmente incomodava ao mundo capitalista era o fato de que CheGuevara era um declarado Marxista e tinha se tornado uma voz importante ao ladode Fidel. Pode-se afirmar que o papel do médico argentino na orientação comunistado Movimento foi fundamental. Por sua vez, Fidel publicamente tentava afastar essaidéia da imprensa e do mundo por assim dizer; já bastavam os problemas que tinhamsem isso.

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Num período de 2 anos, as forças guerrilheiras do Movimento Revolucionário 26 deJulho lutaram contra forças desiguais, mas entre altos e baixos, conseguiamempurrar as tropas inimigas para trás de suas linhas. Politicamente a guerra tambémera intensa; envolvia as 2 maiores potências do mundo na época e uma pequena ilhano Caribe. Nas palavras de Fidel, “foi uma briga de Davi e Golias”. 

Conforme a distância da capital diminui, os combates vão se tornando mais francos eferozes. Na capital, Fulgêncio sabe que a hora de definir é agora. Lança mão de suasúltimas forças e joga tudo. As colunas rebeldes estão fechando o certo e impondoderrota após derrota. A coluna de Che já toma a segunda cidade em importância deCuba e marcha para a capital, assim como a coluna de Camilo Cienfuegos,personagem de vital importância para a Revolução.

A vitória se tornou evidente quando próximo a capital, os rebeldes interceptaram etomaram um trem blindado repleto de material bélico que não chegou ao seu destino.Esse foi um importante contra-golpe que as forças revolucionárias impuseram àditadura de Fulgêncio, que depositava nesse trem suas últimas forças realmentesignificativas. Já com as forças batistianas batendo em retirada e se dispersando, o

M-28-7 chegou enfim, em 01/01/1959 à capital Havana para travar o último edefinitivo combate. O então ex-presidente, Fulgêncio Batista já havia fugido do paísna madrugada anterior, junto com a cúpula de seu governo corrupto. A burguesia e aelite das forças armadas também já deixara o país, abandonando tudo que nãopudesse ser levado. Sabendo disso o povo pega em armas e em pleno cenário urbanotravam-se combates isolados com as poucas forças resistentes e atiradores de elite.

As tropas rebeldes são recebidas na cidade como verdadeiros heróis. Durante os anosque a guerrilha durou, o personagem barbudo e maltrapilho que se fez dosrevolucionários já era conhecido da população. Sabe-se que nesses anos a TV e amoda em Cuba valorizou a barba e os cabelos grandes, que no caso dos guerrilheirosnão era uma opção. A muitas crianças deu-se o nome de Fidel e Ernesto.

PÓS-REVOLUÇÃO E CONCLUSÃO 

Depois de um discurso de posse, transmitido pela TV, onde as forças libertadorasentregavam Cuba para os cubanos, tem início em Cuba uma nova era. Os muitosanos seguintes seriam dedicados ao expurgo dos ex-funcionários batistianos e ao

 julgamento daqueles que se quedaram ou foram feitos presos durante as batalhas.Muito criticou-se também os métodos utilizados para o julgamento e os pelotões defuzilamento, que era o destino final dos condenados. Che era o responsávelpelo Tribunal Sumário e há quem se refira, como holocausto. Porém esquecem quefoi uma guerra e das milhares de pessoas que morreram nas mão desses a quemestava se dando a chance de um julgamento.

O papel do Estados Unidos durante a revolução era de indiscutível e declarado apoioàs forças batistianas. Enquanto que o da União Soviética também se fez presenteapoiando Fidel e o regime comunista que aos poucos foi emergindo. Estamos emplena Guerra Fria. Depois da vitória rebelde ainda muitas águas rolariam. Desdetentativas de contra-revolução, financiadas pela CIA, como a da Baía dos Porcos; oua Crise dos Mísseis envolvendo os EUA e a URSS que por pouco não deu início stemida Guerra Nuclear. Também foi feita uma tentativa de envenenar Fidel.

Admitindo que não conseguiria reverter a situação militarmente sem causar umgrande alvoroço internacional, os Estados Unidos decidem então apelar para a

 “violência econômica”, assim denominada por Fidel. Em outras palavras, colocaram

em prática o embargo comercial, (ainda em vigor), onde não mais comprariam

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nem venderiam nada a Cuba. Não satisfeitos, pressionaram muitos outros países daAmérica e Europa a fazer o mesmo. Com o passar dos anos a maioria desses paísesvoltou a se relacionar comercialmente, porém as relações diplomáticas entre Cuba eos EUA estão cortadas até os dias de hoje.

Imperialismo

Imperialismo é a prática através da qual, nações poderosas procuram ampliar emanter controle ou influência sobre povos ou nações mais pobres.

Algumas vezes o imperialismo éassociado somente com a expansão econômica dos países capitalistas; outras vezesé usado para designar a expansão européia após 1870. Embora Imperialismo

signifique o mesmo que Colonialismo e os dois termos sejam usados da mesmaforma, devemos fazer a distinção entre um e outro.

Colonialismo normalmente implica em controle político, envolvendo anexação deterritório e perda da soberania.

Imperialismo se refere, em geral, ao controle e influência que é exercido tanto formalcomo informalmente, direta ou indiretamente, política ou economicamente.

Ações imperialistas na África e na Ásia

- África 

Na metade do século XIX a presença colonial européia na África estava limitada aoscolonos holandeses e britânicos na África do Sul e aos militares britânicos e francesesna África do Norte.

A descoberta de diamantes na África do Sul e abertura do Canal de Suez, ambos em1869, despertaram a atenção da Europa  sobre a importância econômica eestratégica do continente. Os países europeus rapidamente começaram a disputar osterritórios.

Em algumas áreas os europeus usaram forças militares para conquistar os territórios,em outras, os líderes africanos e os europeus entraram em entendimento à respeito

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do controle em conjunto sobre os territórios. Esses acordos foram decisivos para queos europeus pudessem manter tudo sob controle.

Grã Bretanha, França, Portugal e Bélgica controlavam a maior parte do territórioafricano, a Alemanha também possuía lá, muitas terras mas, as perdeu depois da IGuerra Mundial.

Os estilos variavam mas, os poderosos colonizadores fizeram poucos esforçospara desenvolver suas colônias. Elas eram apenas locais de onde tiravammatérias-primas e para onde vendiam os produtos manufaturados. 

Talvez o pior legado do Colonialismo tenha sido a divisão da África em mais de 50Estados cujas fronteiras foram demarcadas sem dar a menor importância aonde aspessoas viviam e como organizavam sua própria divisão política.

As fronteiras atuais, em geral, dividem uma única comunidade étnica em duas oumais nações. Por exemplo: embora a maioria dos Somalis vivam na Somália, elesconstituem uma significativa minoria no Kênia e na Etiópia e muitos deles gostariam

de ser cidadãos da Somália.

Outro legado ruim do Colonialismo foi o seu efeito na vida econômica dos povosafricanos. O sistema colonial destruiu o padrão econômico que lá existia. Ocolonialismo também ligou a África economicamente às grandes potências e osbenefícios desse sistema sempre vão para os países poderosos e nunca de volta paraÁfrica.

A história da exploração econômica teve um papel importante na forma como certosgovernos africanos independentes, se preocuparam em desenvolver suas própriaseconomias. Alguns países como a Costa do Marfim, criaram uma base econômicaorientada para a exportação dentro das regras coloniais. Outros, como a Tânzania,

procuraram redirecionar sua economia para a produção de grãos e de bensnecessários para o seu povo.

O terceiro mal causado pelo colonialismo foi a introdução das idéias européias desuperioridade racial e cultural, dando pouco ou nenhum valor às manifestaçõesculturais dos povos africanos. Aos poucos os africanos estão recuperando o orgulhopor sua cor, raça e cultura.

Ásia 

O período da conquista européia na Ásia começa por volta de 1500 e continua até ametade do século 20 . Alguns historiadores acreditam que esse período ainda não

terminou.

O interesse europeu pela Ásia começou com a curiosidade e se tornou o desejo deexplorar as riquezas deste continente. Para isso, os europeus tiveram que conquistare colonizar essas terras, isso aconteceu nos séculos 19 e 20. Na época da I GuerraMundial, a maior parte da Ásia estava sob controle europeu.

Três ou quatro séculos de contato e controle europeu trouxeram boas e másconseqüências para Ásia. As contribuições européias foram, novas idéias e técnicaspara agricultura, indústria e comércio, saúde e educação e administração política.

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Poucas culturas asiáticas estavam aptas para se adaptar a essas novas regras eidéias, mas aquelas que, como o Japão, conseguiram, tiraram muito proveito apóssua independência.

Dentre os problemas do Colonialismo, a exploração das riquezas, que os europeuslevavam para as metrópoles, a divisão da Ásia sem levar em conta suas culturas,

povos e regiões físicas. Houve também os problemas políticos e sociais causadospelas minorias estrangeiras, como a cultura francesa na Indochina, que se chocavacom a cultura existente nesse país.

Até hoje existem problemas desse tipo nas nações asiáticas.

Conclusão

É assim que podemos compreender as dificuldades que certos países têm até os diasatuais. As marcas profundas deixadas pelo colonialismo se refletem em suas culturas,políticas, economias e são vistas com clareza nas guerras e massacres causados por

diferenças étnicas. São países ainda, de certa forma, dominados pelas naçõespoderosas

É a esse domínio que chamamos Imperialismo. 

As Guerras Mundiais

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)No final do século XIX, o mundo se sujeitava à supremacia econômica das potênciaseuropeias, sobretudo a Inglaterra. Surgiam, entretanto, outras como os alemães enorte-americanos.

Quando a França foi derrotada em 1870 (Guerra Franco-Prussiana), houve o despertar deum espírito nacionalista, de revanche. Ao mesmo tempo, surgia a rivalidade daInglaterra com relação à Alemanha, pois esta colocava em risco a supremacia inglesa.

Em 1882, o Segundo Reich alemão firmou a Tríplice Aliança, unindo-se ao ImpérioAustro-Húngaro e à Itália.

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As alianças antes daPrimeira Guerra Mundial. The times Atlas of World. Times Book. 1990. 

Em 1907, a Rússia se aliou à França e à Inglaterra, formando a Tríplice Entente.

Passavam a existir na Europa dois grandes blocos antagônicos – a Tríplice Aliança e aTríplice Entente –, que levaram os países europeus aos preparativos armamentistas.

O armamentismo e rivalidadebélica entre o Reino Unido e a Alemanha. Charge, 1910.

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O impasse criado pelos interesses capitalistas, pelo imperialismo e pelo nacionalismoconduziram o mundo à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e à desestruturação docapitalismo internacional.

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra antes de 1939ou Guerra das Guerras) foi um conflito mundial ocorrido entre Agosto de 1914 e 11 deNovembro de 1918.

A Questão Balcânica colocou em campos opostos os países da Tríplice Aliança e a TrípliceEntente. A intervenção imperialista internacional na região e as lutas nacionalistas dosdiversos povos geraram crises locais e internacionais.

A Rússia defendia o pan-eslavismo, pretendendo unificar os eslavos balcânicos,libertando-os do Império Turco. Os russos, entretanto, encontravam resistência do

Império Austro-Húngaro, protetor do Império Turco, e da Alemanha que pretendiaconstruir a estrada de ferro Berlim-Bagdá, barrando a descida russa para o sul, epermitindo o acesso alemão as áreas petrolíferas do golfo Pérsico.

A Sérvia encabeçou o movimento pan-eslavista, buscando a independência do domínioturco e idealizando a construção da Grande Sérvia. Em 1908, a Áustria anexou as regiõeseslavas da Bósnia e Herzegovina. A Sérvia passou a fomentar agitações nacionalistas naregião.

Texto e Contexto 

Em 23 de junho de 1914, o Império Austro-Húngaro publica uma Nota à Sérvia, quedemonstra o ambiente sócio-político conflitante entre as duas nações e a própria políticaimperialista da Áustria-Hungria:

 “O Governo Real condena a propaganda dirigida contra a Austro-Hungria, isto é, oconjunto das tendências que visam, em última análise, a desligar da Monarquiaaustro-húngara os territórios que dela fazem parte, e lamenta sinceramente asconseqüências funestas desses comportamentos criminosos (...) 

O Governo Real compromete-se também:

1.º. A suprimir toda publicação que possa excitar o ódio ou o desprezo da Monarquia ecuja tendência geral é dirigida contra a sua integridade territorial.2.º. A dissolver imediatamente a sociedade chamada ‘Norodna Odbrana’ (Mão Negra). 3.º. A eliminar, sem demora, da instrução pública na Sérvia, tanto no que diz respeito aocorpo docente como aos meios de instrução, tudo aquilo que serve ou pudesse servirpara fomentar a propaganda contra a Austro-Hungria.”  (Citado em MATTOSO, Kátia. Textos e documentos para o estudo de história

contemporânea, 1789-1965 . São Paulo: Hucitec; Edusp, 1997. p. 155.)

Em 1914, Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, viajou a região para

esfriar os ânimos. Entretanto, os sérvios planejaram um atentado através da

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organização Mão Negra. Em 28 de julho de 1914, Gravilo Princip matou a tiros FranciscoFerdinando e sua esposa.

Em 1º de agosto a Áustria declarou guerra à Sérvia. A Rússia posicionou-se a favor daSériva, ativando o sistema de alianças, com a entrada da Alemanha, França e Inglaterrano conflito.

O Início dos Confrontos Após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 28 de Junho, o ImpérioAustro-Húngaro esperou três semanas antes de decidir tomar um curso de ação.

Em 26 de Julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações diplomáticas com opaís e declarou guerra ao mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio àBelgrado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, a Rússia, que sempre tinhasido uma aliada da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas. Os alemães, quetinham garantido o apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerramandaram um ultimato ao governo russo para parar a mobilização de tropas dentro de

12 horas, no dia 31. No primeira dia de Agosto o ultimato tinha expirado sem qualquerreação russa. A Alemanha então declarou guerra a ela. Em 2 de Agosto a Alemanhaocupou Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e do Plano Schlieffen (queprevia a invasão da França e da Rússia). A Alemanha tinha enviado outro ultimato, dessavez à Bélgica, requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como talpedido foi recusado, foi-se declarado guerra à Bélgica.

Caricatura francesa do Kaiser Wilhelm II daAlemanha tentando comer o mundo, mas parece “muito duro”. Aprox. 1915. 

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Em 3 de Agosto a Alemanha declarou guerra a França, e no dia seguinte invadiu aBélgica. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-Bretanha, França e a própriaAlemanha estavam comprometidos a garantir fez com que o Império Britânico saísse desua posição neutra e declarasse guerra à Alemanha em 4 de Agosto.

Recrutamento de britânicos para a guerra, a exemplo da onda nacionalista que varria ocontinente.

Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e noOceano Pacífico, nas colônias e territórios das nações européias. Em Agosto de 1914 umcombinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland,no Togo. Pouco depois, em 10 de Agosto, as forças alemães baseadas na Namíbia

atacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico.

A Guerra das Trincheiras

A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do século XX com tácticas doséculo XIX.

Muitos dos combates durante a guerra envolveram a guerra das trincheiras, ondemilhares de soldados por vezes morriam só para ganhar um metro de terra. Muitas dasbatalhas mais sangrentas da história ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial. Taisbatalhas incluiam Ypres, Vimy Ridge, Marne, Cambrai, Somme, Verdun, e de Gallipoli. A

artilharia foi a responsável pelo maior número de baixas durante a guerra.

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Nas trincheiras - Infantaria com mascárasde gás, Ypres, Bélgica, 1917.

Texto e Contexto 

Capitão Edwin Gerard Venning, França

 “Ainda estou atolado nesta trincheira. Não me lavei, nem mesmo cheguei a tirar a roupa,e a média de sono, a cada 24 horas, tem sido de duas horas e meia. Não creio que játenhamos começado a rastejar como animais, mas não acredito que me tivesse dadoconta se já houvesse começado: é uma questão de somenos.”  

Rudolf Blinding, que serviu numa das divisões da Jungdeutschland

 “O campo de batalha é terrível. Há um cheiro azedo, pesado e penetrante de cadáveres.Homens que foram mortos no último outubro estão meio afundados no pântano (...) Aspernas de um soldado inglês irrompem de uma trincheira, o corpo está empilhado comoutros; um soldado apoia seu rifle sobre eles. Um pequeno veio de água corre através datrincheira, e todo mundo usa a água para beber e se lavar; é a única água disponível.Nínguém se importa com o inglês pálido que apodrece alguns passos adiante. Nocemitério de Langemark os restos de uma matança foram empilhados e os mortosficaram acima do nível do chão. As bombas alemãs, caindo sobre o cemitério,provocaram uma horrível ressurreição. Num determinado momento eu vi 22 cavalosmortos, ainda com os arreios. Gado e porcos jaziam em cima, meio apodrecidos.Avenidas rasgadas no solo, inúmeras crateras nas estradas e nos campos.”  (In: ROBERTS, J. M. História do século XX . São Paulo: Abril, 1974. pp. 796, 953, 960,

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961.).

Tecnologia militar

Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo maispoderoso que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. Oarame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia,muito mais letal que no século XIX, armada com poderosas metralhadoras.

Tanque de guerra britânico Mark II tank No. 799, capturado pelos Alemães emBullecourt, próximo a Arras, durante a Primeira Guerra Mundial, em 11 de abril de 1917.

Navio britânico HMSDreadnought, símbolo da corrida armamentista, 1906.

A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utilizados pela primeira vez emmassa na Primeira Guerra Mundial. Ambos tinham sido tornados ilegais após aConvenção Hague de 1907.

Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados

usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de talartíficio, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável tornando-se umdos mais temidos e lembrados horrores de guerra.

Os aviões foram utilizados pela primeira vez com fins militares durante a Primeira GuerraMundial. Inicialmente a sua utilização consistia principalmente em missões dereconhecimento, embora tenha depois se expandido para ataque ar-terra e atividadesar-ar, como caças. Foram desenvolvidos bombardeiros estratégicos principalmente pelosalemães e pelos britânicos, já tendo os alemães utilizado Zeppelins parabombardeamento aéreo.

O Fim da Guerra 

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A partir de 1917 a situação começou a alterar-se, quer com a entrada em cena de novosmeios, como o carro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao teatro deoperações europeu das forças norte-americanas ou a substituição de comandantes poroutros com nova visão da guerra e das tácticas e estratégias mais adequadas;lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alteraçõesno desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando porfim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a

revolução se instala no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por Lênin,prontamente assina a paz sem condições, assim anulando a frente leste, mas essacircunstância não será suficiente para evitar a derrocada. O armistício que põe fim àguerra é assinado a 11 de Novembro de 1918. Às 11h do 11º dia do 11 mês

A Primeira Guerra Mundial foi um confronto bélico sem precedentes, envolvendo todas asgrandes potências, resultando numa completa mobilização econômica e militar.

Texto e Contexto

Em 1929, o romancista alemão Erich Maria Remarque (1898-1970), publica Nada denovo no front (Im Westen Nichts Neues), o livro mais conhecido sobre a Primeira GuerraMundial e que se tornou best-seller mundial. Escrito por um homem que serviu noexército alemão, na dedicatória Remarque, volta-se para as gerações futuras dizendo:

 “Este livro não pretende ser um libelo nem uma confissão, e menos ainda uma aventura, pois a morte não é uma aventura para aqueles que se deparam face a face com ela. Apenas procura mostrar o que foi uma geração de homens que, mesmo tendo escapadoàs granadas, foram destruídos pela guerra.”  

 “Estamos no outono. Dos veteranos, já não há muitos. Sou o último dos sete colegas deturma que vieram para cá.

Todos falam de paz e armistício. Todos esperam. Se for outra decepção, eles vão-sedesmoronar. As esperanças são muito fortes; é impossível destruí-las sem uma reaçãobrutal. — Se não houver paz, então haverá revolução.Tenho catorze dias de licença, porque engoli um pouco de gás. Num pequeno jardim, ficosentado o dia inteiro ao sol. O armistício virá em breve, até eu já acredito agora. Entãoiremos para casa.(...) Levanto-me.Estou muito tranqüilo. Que venham os meses e os anos, não conseguirão tirar nada demim, não podem tirar-me mais nada. Estou tão só e sem esperança que possoenfrentá-los sem medo. A vida, que me arrastou por todos estes anos, eu ainda a tenhonas mãos e nos olhos. Se a venci, não sei. Mas enquanto existir dentro de mim — queiraou não esta força que em mim reside e que se chama “Eu” — ela procurará seu próprio

caminho.Tombou morto em outubro de 1918, num dia tão tranqüilo em toda a linha de frente, queo comunicado se limitou a uma frase: “Nada de novo no front”. Caiu de bruços, e ficou estendido, como se estivesse dormindo. Quando alguém o virou,viu-se que ele não devia ter sofrido muito. Tinha no rosto uma expressão tão serena, quequase parecia estar satisfeito de ter terminado assim.”  (REMARQUE, Ercih Maria. Nada de Novo no Front. Trad. Helen Rumjanek. São Paulo:Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974. (Coleção Clássicos Modernos). pp. 234-35.)

Terminada as operações militares, foi feito o Tratado de Versalhes, que considerava aAlemanha a culpada da guerra, criando determinações para enfraquecer e desmilitarizaro país. A devolução da Alsácia-Lorena para a França, a perda de suas colônias, a

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indenização as potências aliadas pelos danos causados.

Tratado de Versalhes 

Artigo 159 – As forças militares alemães serão desmobilizadas e reduzidas como seprescreve adiante.

Artigo 160 – Numa data que não deve ser posterior a 31 de março de 1920, o ExércitoAlemão não deve compreender mais que sete divisões de infantaria e três divisões decavalaria.Depois daquela data, o número total de efetivos no Exército dos Estados que constituema Alemanha, não deve exceder de cem mil homens...

Artigo 198 – As forças armadas da Alemanha não devem incluir quaisquer forçasmilitares ou navais...

Artigo 231 – Os Governos Aliados e Associados afirmam e a Alemanha aceita a suaresponsabilidade e de seus Aliados por ter causado todas as perdas e prejuízos a que osAliados e Governos Associados e seus membros foram sujeitos como uma conseqüênciada guerra, imposta a eles pela agressão da Alemanha e de seus aliados.

Artigo 232 – Os Governos Aliados e Associados reconhecem que os recursos daAlemanha não são adequados, depois de levar em conta as diminuições permanentesdesses recursos, que resultarão de outros itens deste Tratado, para realizar aindenização completa por todas essas perdas e danos.(FENTON, Edwin. 32 Problemas na História Universal . São Paulo: Edart, 1995. pp.134-135.)

Texto Complementar 

Muitos historiadores tem chamado a atenção para a atmosfera que por toda a Europa em1914 promovia uma mentalidade bélica, e para a excitação gerada pela declaração deguerra. Em agosto de 1914, os jovens clamavam por serem convocados. Não só naAlemanha, mas também na Grã-Bretanha, na França e na Rússia, considerava-se que aguerra oferecia uma fuga pitoresca de uma vida aborrecida, dando oportunidade aoheroísmo individual e aos atos de rebelde bravura.

As teorias da evolução e as noções populares a respeito da sobrevivência dos mais aptosderramavam-se sobre o pensamento nacionalista. Os países precisavam expandir suainfluência, ou entrariam em decadência. (...) Havia uma competição aguda entre todasas grandes potências européias pela influência e domínio sobre o mundomenos civilizado,por motivos tanto políticos quanto econômicos.

Os países entraram em guerra porque acreditavam que podiam conseguir melhoresresultados por meio da guerra do que por negociações diplomáticas,e achavam que, sepermanecessem de fora, seu status de grandes potências seria gravemente abalado.Esse foi seu maior equivoco.(HENING, Ruth. As origens da Primeira Guerra Mundial . São Paulo: Ática, 1991. pp.65-70.)

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Os estragos da Primeira Guerra 

A primeira Guerra Mundial, anunciada como a “guerra para terminar com as guerras”,além de preparar conflitos posteriores ainda mais graves, deixou fixa a imagem dedevastaçõese morticínios. Perto de treze milhões foram mortos e vinte milhões feridos.As despesas bélicas não apresentam termo de comparação com as das guerras

precedentes e as devastações infligidas aos países, em cujos territórios sedesenvolveram as operações ou devido à campanha submarina, alcançam númerosvertiginosos. Levando em conta a alta dos preços, o custo total do conflito representa30% da riqueza nacional francesa, 22% da alemã, 32% da inglesa, 26% da italiana e 9%da americana.(CROUZET, Maurice. História geral das Civilizações. São Paulo: Difel, 1975. V. 15. p. 45.)

A Segunda Guerra Mundial e o Nazi-FascismoDurante o entre-guerras, estruturou-se na Europa um fenômeno político conhecidocomo nazi-fascismo – movimento nacionalista, antidemocrático, autoritarista. Essefenômeno foi uma reação nacionalista às frustrações da 1ª Guerra Mundial, buscando

fortalecer o Estado intervencionista e combater a ameaça revolucionária de esquerda.

De fato, a Primeira Guerra Mundial –  “feita para pôr fim a todas as guerras” -transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois gerou umforte sentimento revanchista principalmente por parte da Alemanha. As contradições seaguçaram com os efeitos da Grande Depressão ou Crise de 1929, uma grande recessãoeconômica que teve início em 1929 e que persistiu ao longo da década de 1930, sendoconsiderada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX quecausou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto dediversos países, bem como quedas drásticas na produção industrial.

Texto e Contexto Tratado de Versalhes 

Artigo 159 – As forças militares alemães serão desmobilizadas e reduzidas como seprescreve adiante. 

Artigo 160 – Numa data que não deve ser posterior a 31 de março de 1920, o ExércitoAlemão não deve compreender mais que sete divisões de infantaria e três divisões decavalaria.

Depois daquela data, o número total de efetivos no Exército dos Estados que constituema Alemanha, não deve exceder de cem mil homens...

Artigo 198 – As forças armadas da Alemanha não devem incluir quaisquer forçasmilitares ou navais...

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Artigo 231 – Os Governos Aliados e Associados afirmam e a Alemanha aceita a suaresponsabilidade e de seus Aliados por ter causado todas as perdas e prejuízos a que osAliados e Governos Associados e seus membros foram sujeitos como uma conseqüênciada guerra, imposta a eles pela agressão da Alemanha e de seus aliados.

Artigo 232 – Os Governos Aliados e Associados reconhecem que os recursos daAlemanha não são adequados, depois de levar em conta as diminuições permanentesdesses recursos, que resultarão de outros itens deste Tratado, para realizar aindenização completa por todas essas perdas e danos.(FENTON, Edwin. 32 Problemas na História Universal . São Paulo: Edart, 1995. pp.134-135.)

Manifestação alemã contrao Tratado de Versalhes em Berlim. “Schlluss mit Versailles”, “Fim com o tratado deVersalhes”, “Tag Von Versailles, tag der Unehre”, “Encontro de Versalhes, encontro dadesonra”, “Los von Versailles”, “Livre de Versalhes”... . 

Outro fator importante neste contexto foi o Tratado de Versalhes (1919), assinado pelaspotências europeias, e que disseminou um forte sentimento nacionalista entre osalemães. Os termos impostos à Alemanha incluiam a perda de uma parte de seuterritório, a perda de todas as suas colônias, uma restrição ao tamanho do exército(100.000 soldados), indenizações aos países vitoriosos pelos prejuízos da guerra e a

Alemanha foi considerada a culpada pela 1ª Guerra Mundial.

A política do Fascismo italiano de Benito Mussolini e do Nazismo alemão de Adolf Hitler foifundamentada nos seguintes princípios:

O nacionalismo é um sentimento de valorização de uma nação, principalmente do pontode vista ideológico; há a exaltação nacional, a nação está acima de tudo e é o bemsupremo perante o Estado e para o povo.

O totalitarismo é um principio ou um regime político segundo o qual é legitimo omonopólio do Estado sobre o poder político, e que se estende a todos os aspectos dasociedade. Pode ser resultado da incorporação do Estado por um Partido (único e

centralizador) ou da extensão natural das instituições estatais. É o resultado de

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extremismos ideológicos e uma paralela desintegração da sociedade civil organizada.

O autoritarismo é um principio ou regime político em que é postulado o princípio daautoridade que é aplicada com freqüência em detrimento das liberdades individuais.Pode ser definido como um comportamento em que uma instituição ou pessoa se excedeno exercício da autoridade de que lhe foi investida. Na Alemanha nazista e na Itáliafascista estava relacionada a autoridade suprema de seus líderes, o Duce (italiano),

Benito Mussolini, e o Führer (alemão), Adolf Hitler .

O Militarismo é a idéia de que uma sociedade estará mais segura e protegida se forgrande sua capacidade bélica de defesa e ataque. O Militarismo também está associadoa organização do Estado de forma militarista, isto é, de forma rigida, autoritária e por vezhierarquica. Tal princípio gera um armamentismo desenfreado e a expansão nacional,sobretudo, através de guerras de conquista. Na Alemanha e na Itália surgiramassociações Paramilitares, ou seja, grupos com fins político-partidários ou ideológicosformados por membros fardados e armados, que usam táticas policiais e/ou militarespara conseguir seus objetivos.

O anticomunismo é um conjunto de idéias e tendências intelectuais e políticas que

possuem em comum a oposição a idéias, organizações ou governos comunistas. Osanticomunistas buscam evitar a eclosão de revoluções comunistas e repudiam conceitosfundamentais do comunismo, tais como a luta de classes como motor da História e a idéiade inevitabilidade do comunismo como fruto dos processos históricos.

O fascismo italiano 

O fascismo é uma doutrina totalitária desenvolvida por Benito Mussolini na Itália, a partirde 1919, durante seu governo (1922–1943 e 1943–1945). A expressão Fascismo derivade fascio, que nos tempos do Império Romano era um símbolo dos magistrados: ummachado cujo cabo era rodeado de varas, simbolizando o poder do Estado e a unidade do

povo.

Benito Mussolini, jornalista e agitador político italiano, fundou o partido fascista,originário de um movimento paramilitar que ele mesmo criara para combater asagitações e as greves organizadas pelos socialistas e outros movimentos de esquerda,o Fasci di Combattimento (Esquadras de Combate) ou Squadres (Esquadras) a milíciaarmada conhecida como camisas negras. Atacando adversários comunistas, ganharamapoio da elite e da classe média.

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 Em 1919, em Milão, Benito Mussolini fundou o Partido Fascista. Em 1922, Mussolini,diante da crise econômica e política italiana, fez o assalto ao poder. Com os camisasnegras, marchou sobre Roma exigindo o poder. O rei Vítor Emanuel III cedeu a pressãoe o líder fascista tornou-se primeiro ministro.

Em 1924, os fascistas ganharam maioria no parlamento italiano. Em 1925, Mussoliniintitula-se Duce, o condutor supremo da Itália.

Mussolini liderando umgrupo de Camisas Negras em Roma, 1922.

O Fascismo italiano assumiu que a natureza do Estado é superior à soma dos indivíduosque o compõem e que eles existem para o Estado, em vez de o Estado existir para osservir.

Traço característico do Fascismo foi o Corporativismo de Estado, realizado através de umPartido Único e de Sindicatos Nacionais subordinados ao Estado. A atividade privada era

empregue pelo Estado, o qual podia decidir tudo sobre suas atividades de acordo com osplanos superiormente estabelecidos.

O fascismo foi de certa forma o resultado de um sentimento geral de ansiedade e medodentro da classe média na Itália do pós-guerra, que surgiu no seguimento daconvergência de pressões interrelacionadas de ordem económica, política e cultural.

O fascismo procurou estabelecer um novo sistema político e económico que combinava

o corporativismo, ototalitarismo, nacionalismo e anti-comunismo num estado voltado a

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unir todas as classes num sistema capitalista no qual o estado detinha o controle daorganização de indústrias vitais. Sob a bandeira do nacionalismo e poder estatal, oFascismo parecia buscar o glorioso passado romano.

O feito político mais duradouro deste regime foi talvez o Tratado de Latrão de Fevereiro

de 1929 entre o estado italiano e a Santa Sé, pelo qual ao Papado foi concedida asoberania sobre a Cidade do Vaticano e recebeu a garantia do livre exercício doCatolicismo como a única religião do estado em toda a Itália e o apoio do clero italianoaos fascistas.

Mussolini e Hitler, Roma, Itália,1935.

A intervenção da Itália (com início em 10 de Junho de 1940) na Segunda Guerra Mundialcomo aliada da Alemanha trouxe o desastre militar e resultou na perda das colónias nonorte e leste africanos bem como a invasão americano-britânica da Sicília em Julho de1943 e o sul de Itália em Setembro de 1943.

Mussolini, e o símbolo do fascio à sua esquerda, e Hitler,com o estandarte nazista à sua direita. Selo alemão, 1941.

Mussolini foi demitido como primeiro-ministro pelo rei Vítor Emanuel III da Itália a 25 deJulho de 1943, e subsequentemente preso. Foi libertado em Setembro porpára-quedistas alemães e instalado como chefe de uma “República Social Italiana” emSalo, no norte da Itália, então ocupada pela Alemanha. No desenrolar da guera, Mussolinifoi executado em 28 de Abril de 1945 por guerrilheiros.

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O nazismo alemão 

A derrota alemã na 1ª Guerra e a humilhação decorrente do Tratado de Versalhes

contribuíram para o êxito do nazismo na Alemanha.

O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (emalemão: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei- NSDAP), mais conhecido comoPartido Nazista, foi um partido político levado ao poder na Alemanha por Adolf Hitler em1933 e que estabeleceu o Der Dritten Reich (Terceiro Império) Alemão. O termo Nazistaé uma contração da palavra alemã (NA)tionalso(ZI)alist (Nacional Socialista).

A origem do Partido Nazista remonta a 1919, quando Anton Drexler, um serralheiro deMunique, com Dietrich Eckart, fundaram o Partido dos trabalhadores alemães (DeutscheArbeiterpartei, abreviado DAP). Este partido foi o predecessor oficial do Partido Nazista.A fim de investigar o DAP, o Serviço de Informação do exército alemão enviou um jovemcabo, Adolf Hitler, para observar as atividades do partido. No entanto, Hitler ficouimpressionado com o Partido, e juntou-se a ele como membro.

Adolf Hitler tornou-se o chefe do partido em 29 de julho de 1921 e mudou seu nome paraPartido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (o NSDAP) e adotou a suástica ou “Hakenkreuz” (“cruz curva”) como símbolo do Partido usado na bandeira, distintivos ebraçadeiras. Um grupo paramilitar chamado de Seção de Assalto (Sturmabteilung, a SA)foi fundada naquele mesmo ano, e começou uma política de expansão do partido nazistaatravés da intimidação e ataques violentos a outros partidos políticos.

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 A bandeira do Partido Nazista com a suástica ao centro.

Poster do Partido Nazista. Hitlerempunha a bandeira nazista. "Es Lebe Deutschland!" ("Viva Alemanha!"). 1930.

O desastre para o partido nazista aconteceu em 1923, quando os nazistas tentaramtomar o poder do governo da Baviera em um golpe, conhecido como o “Putsch deMunique” ou “da cervejaria”, que foi esmagado pelas autoridades de Munique. Hitler eseus conselheiros foram julgados e presos por traição.

Texto e Contexto

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Programa do Partido Nazista Alemão 

 “1. Exigimos a reunião de todos os alemães numa grande Alemanha; 3. Exigimos terras (colônias) para alimentar o nosso povo e nela instalar a nossapopulação excedente;4. Somente os membros do povo podem ser cidadãos do Estado. Só pode ser membro do

povo aquele que possui sangue alemão, sem consideração de credo. Nenhum judeu,portanto, pode ser membro do povo.8. Toda imigração suplementar de não-alemães deve ser impedida. Exigimos que todosos não-alemães entrados na Alemanha desde 2 de agosto de 1914 sejam obrigados adeixar o Reich imediatamente.”  (Programa do Partido Nazista Alemão, Munique, 24 de fevereiro de 1920).

Em seguida à liberação de Hitler, em 1925, o NSDAP foi refundado. O Partido nazista foifundamentado pelo nacional-socialismo alemão, cujas bases ideológicas foram: onacionalismo, o autoritarismo, a expansão militar e as doutrinas racistas, segundo asquais os povos nórdicos — os chamados “arianos puros” (em alemão, “reinarisch”) — seriam física e culturalmente superiores.

O principal ponto da ideologia nazista é o racismo. Para os nazistas os alemãespertencem a uma “raça-mestra” (“Herrenvolk”, em alemão), isto é, superior a todas asoutras que deveriam ser dominadas ou exterminadas.

Algumas das manifestações do racismo nazista foram: Anti-semitismo, a perseguição aos judeus, que culminou noHolocausto, o Nacionalismo étnico, a nação alemã devia serformada uinicamente por alemães e uma forte crença na necessidade de manter pura a

 “raça alemã”. 

Como outros regimes fascistas, o regime nazista punha ênfase no anticomunismo eno princípio do líder(Führerprinzip). Este é um princípio-chave na ideologia fascista,segundo o qual se considera o líder como a corporização do movimento e da nação,havendo uma exaltação e idolatria ao líder.

Em seu Livro Mein Kampf (Minha Luta), Hitler fundamenta o nazismo: o nacionalismoexacerbado, a superioridade da raça branca ariana, o totalitarismo, o anticomunismo e oprincípio do espaço vital (Lebensraun) – o domínio de territórios necessários para odesenvolvimento alemão.

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Texto e Contexto

Mein Kampf (Minha Luta) 

 “O objetivo da nossa luta deve ser o da garantia da existência e da multiplicação de nossaraça e do nosso povo, da subsistência de seus filhos e da pureza do sangue, da liberdadee independência da Pátria, a fim de que o povo germânico possa amadurecer pararealizar a missão que o criador do universo a ele destinou.”  (Minha Luta, Primeira Parte, Capítulo VIII, Começo de minha atividade política.)

 “O homem que desconhece e menospreza as leis raciais (...) impede a marcha triunfal damelhor das raças, com isso estreitando também a condição primordial de todo oprogresso humano”  

 “O que hoje se apresenta a nós em matéria de cultura humana, de resultados colhidos noterreno da arte, da ciência e da técnica, é quase que exclusivamente produto da criaçãodo Ariano. É sobre tal fato, porém, que devemos apoiar a conclusão de ter sido ele ofundador exclusivo de uma humanidade superior.”  (Minha Luta, Primeira Parte, Capítulo XI, Povo e Raça.)

 “(...) o Estado deve ter como seu mais alto objetivo a conservação e aperfeiçoamento daraça, base de todos os progressos culturais da humanidade.”  (Minha Luta, Segunda Parte, Capítulo II, O Estado)

(HITLER, Adolf. Minha Luta. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1934. pp. 184-327.) 

A ideologia nazista foi perfeitamente corporificada pela organização paramilitar dopartido nazista conhecida como SSou Seção de Segurança (Schutzstaffel, em alemão)que tinha como finalidade inicial proteger Hitler e os líderes nazistas. Os nazistasconsideravam a SS uma unidade de elite, cujos membros eram selecionados segundocritérios raciais e ideológicos.

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Himmler e Hitler, em revista detropas da SS em Berlim, 1938. 

Heinrich Himmler, comandante da SS (Reichsführer-SS), um dos mais poderososhomens da Alemanha Nazista, estabeleceu que os membros da SS deviam ser todosabsolutamente arianos puros. Os recrutas candidatos a SS passavam por pesquisasgenealógicas. Ninguém poderia ser membro da SS até que o Departamento de Raça eRecolonização (Rasse und Siedlungshauptamt, RuSHA) comprovasse que o recrutapossuía ancestrais alemães puros que remontavam ao ano de 1750, estando, assim,isento de qualquer impureza de sangue, com supostos traços de judeu, eslavo ou outrosgrupos raciais considerados inferiores.

A SS era uma organização complexa que exercia a autoridade suprema sobre as políciascivis, criminais e secretas dentro da Alemanha e nas áreas ocupadas; tinha também ocontrole direto sobre os campos de concentração. Havia ainda a Waffen-SS(SS-Armada), a tropa militar de elite do Terceiro Reich formada por membros da SS.

Com a ascenção do nazismo, iniciou-se a nazificação da Alemanha. Nas escolas euniversidades todos os professores foram compelidos a se filiarem ao Partido Nazista e aensinar o que lhes era ordenado. As universidades alemãs, outrora famosas por suaspesquisas científicas, tornaram-se centros de ciência racista. Fora das escolas, todos os

 jovens alemães, desde os 6 anos de idade, foram induzidos a se filiarem à JuventudeHitlerista (Hitlerjugend). Aos 18 anos, os rapazes eram conscritos a servir (trabalhandoou no exército) e as moças se alistavam na Liga das Jovens Alemãs (a Bund deutscherMädel, BdM), onde aprendiam os afazeres domésticos e se preparavam para amaternidade para serem boas mães de futuros “arianos puros”. Durante esses anos, os

 jovens ficavam sob uma sistemática doutrinação na ideologia nazista.

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Pôster da BdM, 1940. “Mãe e Criança”. 

Juventude Hitlerista em marcha em Berlim, 1938. 

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Pôster da Juventude Hitlerista, 1940. “Jovemsirva ao Führer. Todos com 10 anos de idade na Juventude Hitlerista”.  

O Anti-semitismo 

Sustentando-se no nacionalismo étnico e na xenofobia, os nazistas exaltavam o povogermânico, apresentando uma forte apatia ou indiferença para com imigrantes,estrangeiros e outras minorias sociais como os judeus.

O anti-semitismo era comum na Europa dos anos 20 e 30 do século XX. O anti-semitismofanático de Adolf Hitler ficou bem evidente no seu livro Mein Kampf.

Texto e Contexto 

Mein Kampf (Minha Luta) 

 “(...) o judeu não é movido por outra coisa senão pelo egoísmo individual nu e cru (...)Por isso também é que o povo judeu, apesar de suas aparentes aptidões intelectuais,permanece sem nenhuma cultura verdadeira e, sobretudo, sem cultura própria. O queele hoje apresenta, como pseudo-civilização, é o patrimônio de outros povos, jácorrompidos nas suas mãos.”  

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(HITLER, Adolf. Minha Luta. Primeira Parte, Capítulo XI, Povo e Raça. Porto Alegre:Livraria do Globo, 1934. p. 255.) 

A perseguição racista aos judeus esteve presente entre os nazistas desde o início do

Partido e se radicalizou quando este chegou ao poder.

"Der ewige Jude" (“O eterno Judeu”; 1940), poster do mais famoso filme anti-semita dapropaganda nazista. Mostra os judeus da Polônia como corruptos, ladrões, preguiçosos,perversos e feios.

Em 1935, são promulgadas as Leis de Nuremberg (Nürnberger Gesetze), isto é, as leisanti-semitas adotadas pela Alemanha Nazista que excluíam os judeus da vida pública naAlemanha.

Texto e Contexto

Leis de Nuremberg 

 “É cidadão alemão unicamente aquele que possui nacionalidade alemã ou que é de

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sangue alemão e quer provar, por sua conduta, que deseja servir fielmente ao Reich e aopovo alemão”  (Lei de Cidadania do Reich, 1935) 

 “Ficam proibidos os casamentos entre judeus e alemães, ou pessoas de sangue alemão.”  (Lei de para a Proteção do Sangue e Honra Alemãs, 1935) 

Na noite de 9 de novembro de 1938, em diversas partes da Alemanha e da Áustria,ocorreu A Noite dos cristais quebrados (kristallnacht , em alemão) que foram os atos deviolência de destruições de sinagogas, de lojas, de habitações e de agressões contra aspessoas identificadas como judias.

Em 1941, os nazistas elaboraram o plano para a Solução Final da questão judaica (Endlösung der Judenfrage), uma política xenófoba e genocida contra apopulação judaica que levou milhares de judeus ao exílio e milhões aos campos deconcentração e a morte, o Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial.

Para a execução dos planos nazistas foram criados Campos de concentração por toda aEuropa, a maioria na Polónia. Campos de concentração também existiram na própriaAlemanha. Os prisioneiros destes campos morreram por causa das más condições devida e, sobretudo, por execução.

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Lojas de Judeus com as vitrines quebradas numa rua de Berlim durante a Noite dosCristais Quebrados, Alemanha, 1938. 

O mais famoso campo de concentração nazista foi o Auschwitz-Birkenau, que fora um

grupo de campos de concentração localizados no sul da Polônia, símbolos do Holocaustonazista. Em Auschwitz-Birkenau, combinava-se trabalho escravo com o extermíniosistemático de seus prisioneiros. O número total de mortes em Auschwitz-Birkenau seestima em um milhão e meio de pessoas.

Os cárceres de Auschwitz-Birkenau onde ficavam os judeus antes de seremexterminados. Polônia, foto feita em 2001. 

A partir da Segunda Guerra Mundial o termo Holocausto (com inicial maiúscula) passou aser utilizado especificamente para se referir ao extermínio de milhões de judeus e outrosgrupos considerados indesejados pelo regime nazista de Adolf Hitler, como militantescomunistas, homossexuais, ciganos, eslavos, deficientes motores, deficientes mentais,prisioneiros de guerra soviéticos e ativistas políticos.

A Ascensão do nazismo 

As eleições de 1932 da República de Weimar, surgida após a 1ª Guerra, fizeram com queo Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) fosse o de maiorrepresentação no Reichstag.

Com a maioria nazista no Reichstag (o Parlamento alemão), Hitler foi nomeado chancelerda Alemanha. No poder, ele revogou a Constituição e extinguiu o cargo de presidente e ospartidos políticos alemães, assumiu o poder e autoproclamou-se Führer (Líder) doTerceiro Reich.

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A nazificação alemã levou ao armamentismo e ao militarismo, reativando a indústriabélica visando-se à expansão territorial, à conquista do espaço vital; foi o estopim daSegunda Guerra Mundial.

Em 1934, a Alemanha anexou a Áustria (Anschluss), sob o pretexto de realizar uma

união germânica. Em seguida, anexou territórios ao sul da Tchecoslováquia (os sudetos),sob o pretexto de que era uma região de população predominantemente alemã.

Em 13 de janeiro de 1935, o nazismo obteve seu primeiro sucesso internacional. O Sarre,antigo território alemão, sob dominio francês após a 1ª Guerra, foi reincorporado aoReich após um plebiscito junto à população. Em março de 1935, Hitler abalava a Europacom duas declarações: no dia 9, anunciou a criação da Luftwaffe (Força Aérea) e, no dia16, o restabelecimento do serviço militar obrigatório, elevando os efetivosde Wehrmacht (Força de Defesa), de 100.000 para 500.000 homens.

Texto e Contexto

Pacto Anti-Comintern

O Governo Imperial do Japão e o Governo da Alemanha, tendo conhecimento do fato queo objetivo da Internacional Comunista (o Komintern) é a desintegração dos, e a violênciacontra, os Estados existentes pelo exercício de todos os meios a seu comando,

Acreditando que a interferência da Internacional Comunista nos negócios internos dasnações não só se arrisca a paz interna destas, mas ameaça a paz geral do mundo,Desejando a cooperação para a defesa contra a desintegração comunista, concordamcomo se segue. 

Artigo IOs Estados Contratantes acima concordam que eles manterão um ao outro informadorelativo às atividades da Internacional Comunista, e estabeleceram as medidasnecessárias de defesa. 

Artigo IIOs Estados Contratantes acima convidarão outros Estados cuja paz interna estáameaçada pela Internacional Comunista, a adotar medidas defensivas diante destePacto. 

Berlim, 25 de novembro, de 1936. 

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Em 1936 foi celebrado entre a Alemanha nazista e o Japão o Pacto Anti-Komintern. Otratado opunha-se àInternacional Comunista (Komintern) em geral e, em particular, àUnião Soviética. Visava conter o avanço do comunismo no Ocidente, pela Alemanha, e noOriente, pelo Japão. Em 1937, a Itália aderiu ao Pacto, formando o grupo que mais tardeseria conhecido como o Eixo.

Hitler aproximou-se do ditador da União Soviética Stalin, assinando em agosto de 1939um Pacto germano-soviético de não-agressão e neutralidade por cinco anos, que lhegarantiria, em caso de guerra no Ocidente, a neutralidade da União Soviética. Este pactofoi logo rompido pelos nazistas em 1941.

A política internacional tornou-se conflituosa. Formou-se ainda na década de 1930 o EixoRoma-Berlim-Tóquio. Os três países (Alemanha, Itália e Japão) iniciavam seus projetosexpansionistas.

A Segunda Guerra Mundial 

A Segunda Guerra Mundial (1939–1945) opôs os Aliados às Potências do Eixo, tendo sidoo conflito que causou mais vítimas em toda a história da Humanidade. As principaispotências aliadas eram a França, a Grã-Bretanha, a União Soviética e os Estados Unidos.O Brasil se integrou aos Aliados em 1943. A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua vez,perfaziam as forças do Eixo.

Em 1939, Hitler promoveu sua política expansionista invadindo a Polônia. Inglaterra eFrança reagiram, iniciando a Segunda Guerra Mundial. Hitler iniciou a Blitzkrieg (guerrarelâmpago). Em 1940, a Alemanha ocupou a Holanda, Noruega, Dinamarca e a França.

O fim da guerra iniciou com a entrada dos Estados Unidos no conflito, após o ataque japonês em Pearl Harbor em 1941. Após o ataque, os norte-americanos entram naguerra, iniciando a derrota do Eixo. O fim da guerra inicia em 1944, com o desembarquedos aliados na Normandia, norte da França – o Dia D. Os Aliados anularam as forçasalemães na frente ocidental, fechando o cerco sobre o Terceiro Reich.

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A ofensiva do Eixo Roma-Berlim-Tóquio na Segunda Guerra Mundial (1939–1945).

Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, o Partido Nazista foi declarado ilegal eseus líderes presos e julgados por crimes contra a humanidade nos Julgamentos deNuremberg, ante o Tribunal Militar Internacional (“International Military Tribunal”) em 20de novembro de 1945, na cidade alemã de Nuremberg.

Julgamento de Nuremberg. À frente, de cima para baixo: Hermann Göring, Rudolf Heß,Joachim von Ribbentrop, Wilhelm Keitel. Atrás, de cima para baixo: Karl Dönitz, Erich

Raeder, Baldur von Schirach, Fritz Sauckel.

Após o fim da guerra ocorreu a Conferência de Potsdam, na Alemanha, entre Julho eAgosto de 1945. Os participantes foram os vitoriosos aliados, Estados Unidos, Reino

Unido, França e União Soviética, que se juntaram para decidir como administrar a

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Alemanha, que se tinha rendido incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8 deMaio. Os objetivos da conferência incluíram igualmente o estabelecimento da ordempós-guerra, assuntos relacionados com tratados de paz.

Mas a principal decisão desta conferência foi a divisão da Alemanha e da capital Berlimem quatro zonas de ocupação: inglesa, francesa, norte-americana e soviética. Mais tardeas áreas inglesa, francesa e norte-americana transformaram-se na República Federal daAlemanha ou RFA, a Alemanha Ocidental (em alemão: BundesrepublikDeutschland ouBRD). E a parte soviética transformou-se na República Democrática daAlemanha ou RDA, a Alemanha Oriental (em alemão Deutsche DemokratischeRepublik ou DDR). Tal divisão sobreviveu até o final dos anos 80, quando a alemanhaconseguiu a sua reunificação.

Texto Complementar 

O Fascismo 

O Fascismo é em primeiro lugar um nacionalismo exacerbado. A nação, sagrada, é o bemsupremo. O seu interesse exigi uma tripla coesão interna, política, social e étnica, e exigetambém a supressão de qualquer dos antagonismos que a dividem e enfraquecem.

Para que a nação tenha a certeza de poder viver e prosperar, o Estado deve ser forte. Acentralização suprimirá os particularismos regionais; o Estado fará prevalecer o interessecoletivo sobre os dos indivíduos, dos grupos profissionais ou das classes sociais. (...) OEstado será policial e a Justiça estará às suas ordens.

O Estado forte encarna-se num chefe, providencial, guia e salvador da nação, erguido damassa pelo impulso da sua personalidade; a sua palavra é a lei e é também a verdade.(MICHEL, Henri. Os Fascismos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1977. pp. 13-20.)

Auschwitz-Birkenau 

Ao chegar a um campo de concentração, os prisioneiros eram despidos; todo seu cabeloera cortado. Recebiam uma camisa e uma saia ou uma calça de tamanho indiscriminado.Em seguida eram agrupados e distribuídos como animais, sem qualquer respeito pelaidade ou estado de saúde.

Em vários campos – Auschwitz foi o pior deles – testaram injeções destinadas a produziresterilidade em mulheres, experiências tão devastadoras, tanto físicas como

mentalmente, que as sobreviventes só podiam ser enviadas para os fornos de Birkenau.

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(FOOT, M.R.D. As atrocidades nazistas. In: Século XX . São Paulo: Abril Editora, 1968. p.2060)

Franquismo, salazarismo e stalinismo

Franquismo

O Franquismo foi um regime político ditatorial que vigorou na Espanha entre os anos de1939 e 1976.

Francisco Franco

Na década de 1930, a Espanha passou por uma guerra civil muito intensa. Estima-se queaproximadamente um milhão de pessoas tenha morrido durante os conflitos da ocasião.Os combates no território espanhol chegaram ao fim no ano de 1939, marcando a vitóriade um grupo nacionalista que colocou no poder o general Francisco Franco. 

Assim que se encerrou a guerra civil em território espanhol, teve início o maior conflitointernacional do século XX, a Segunda Guerra Mundial. Francisco Franco, que recebeuapoio de Itália e da Alemanha durante aGuerra Civil Espanhola, tratou de retribuir a ajudaapoiando esses regimes fascistas que integravam um dos grupos durante a guerra.

O Franquismo se manteve vivo e forte na Espanha mesmo com a derrota de outrospaíses fascistas na Segunda Guerra Mundial, caso de Itália e Alemanha. O Franquismo

chegou a ser condenado nos tribunais que julgaram as ditaduras após o término doconflito internacional, mas manteve-se de pé através do poderio de Francisco Franco. Apartir daí, foram décadas de dominação do regime Franquista na Espanha.

O Franquismo era baseado na ditadura do líder que dava nome ao regime e tinha comocaracterística uma forte repressão aos opositores do sistema. As bases do regime eramdefinidas pelo catolicismo e o anticomunismo. Mas apesar da afinidade como capitalismo e o pólo ideológico liderado pelos Estados Unidos após a Segunda GuerraMundial, o que marcou a Guerra Fria, a política econômica e a incompetênciagovernamental do ditador Francisco Franco fizeram com que a Espanha parasse decrescer. O regime era mantido por efeito da força radical e eliminadora de adversáriosque o governo desfrutava.

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O governo personalista do Franquismo era apoiado ainda pela Igreja Católica e peloExército. Com isso, a ditadura comandava os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.Estes poderes eram mantidos somente para dar um indício de que se praticava umademocracia na Espanha, o que era creditado por algumas pessoas.

Os Estados Unidos com sua política ideológica da Guerra Fria investiram milhões de

dólares na Espanha, o que elevou a qualidade de vida da população e ofereceu outramáscara para o regime ditatorial. Em troca, Francisco Franco permitiu que osestadunidenses estabelecessem bases militares no território espanhol.

O Franquismo só chegou ao fim, como regime político, com a morte do ditadorFrancisco Franco em 1975, o que abriu espaço para a transição para uma democraciaparlamentar. Em 2006, as Cortes Espanholas e o Parlamento Europeu condenaram oFranquismo com a justificava de que há provas suficientes para demonstrar que osdireitos humanos foram violados durante o período de governo do ditador. Mas, mesmoassim, há ainda muitos seguidores e nostálgicos da ideologia Franquista na Espanha.Suas manifestações só não são mais visíveis porque foram proibidas em 2006 também.

Salazarismo

Salazarismo ou Estado Novo, foi um período histórico da República de Portugal quecorrespondeu a um regime político autoritário instituído em 1933, que teve seu términoem 1974, sendo derrubado pela Revolução de 25 de Abril. Alguns estudiosos se referema esse período como a II República portuguesa.

O termo “salazarismo” provém de Antônio de Oliveira Salazar, chefe do governoportuguês em grande parte desse processo político. Vale ressaltar, que o termo “EstadoNovo” foi criado por uma justificativa ideológica como uma maneira de simbolizaro país numa nova era a partir da Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926, encerrandoo período de liberalismo em Portugal vigente desde os tempos da monarquia

constitucional e da Primeira República.

Salazar havia assumido o cargo de Ministro das Finanças em 1928, tornando-se numafigura de destaque no governo, em 1932, foi promovido a Presidente do Conselho deMinistros, na época o atual cargo de primeiro-ministro. Salazar se afastaria do poder em1968, por problemas de saúde. 

Entre os anos 1968 e 1974, na manutenção do Estado Novo, o cargo de primeiro-ministrofoi ocupado por Marcello Caetano, em seu governo objetivo dar continuidade ao modosalazarista de governar Portugal, para muitos historiadores, esse novo chefe de governoteria iniciado o período do Marcelismo, marcado por parâmetros desenvolvimentistasbaseado num pacto social não verdadeiramente liberal.

A Ditadura Nacional (1926 – 1933) e o Salazarismo – Estado Novo (1933 – 1974) foramconsiderados os governos autoritários mais extensos da Europa no século XX. Antes doSalazarismo, a Ditadura Nacional foi mantida pelos militares numa Constituiçãoprovisória que suspendia os direitos adquiridos na Constituição da Primeira RepúblicaPortuguesa de 1911.

Características do Salazarismo:

Regime conservador e autoritário;Anticomunista, antidemocrático e antiliberal;

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  Corporativismo (o corporativismo retirou dos trabalhadores toda a capacidadede reivindicação);Repressão;Polícia Política;Censura;Propaganda PolíticaPartido Único;Educação da Juventude;Culto do Chefe;Protecionismo na economia;Colonialismo e Imperialismo sobre as colônias ainda existentes.

Stalinismo- Após a morte de Lênin, duas pessoas de grande prestígio brigaram pelo poder daUnião Soviética, Stalin e Trotsky, sendo o primeiro, vencedor desta briga;- Com sérios problemas de saúde, próximo da morte, Lênin, em 1923, escreveuma carta, dando o poder da União Soviética a Trosky. Entretanto, Stalin tinhauma rede de espiões, que conseguiram interceptar esta carta, sendo assim, omesmo escondeu esta carta para se proteger.- Após a morte de Lênin, a briga entre Stalin e Trostsky fica mais acirrada:

Stalin pensava que caso fosse assegurado à independência russa pelodesenvolvimento da indústria pesada, o país poderia, sozinho, construiruma sociedade socialista.

Trotsky pensava que o Socialismo deveria ser implantado onde oCapitalismo estivesse em crise.

- Com o apoio de grande parte do partido e do Estado, Stalin acabou vencendo adisputa com Trotsky pelo poder,o mesmo, foi afastado do governo e do PartidoComunista além de exilado da URSS;- Em 1940, Trotsky foi assassinado no México, a mando de Stalin;- Com poder absoluto, Stalin passou a perseguir todos os que se opunham a ele.Entre 1936 e 1938, realizou diversos ataques contra seus adversários, nos quaisforam presos, julgados e executados;- O Stalinismo, que passou a dominar a URSS, tinha como principaiscaracterísticas:

Ditadura com regime unipartidário;

Centralização dos processos de tomada de decisão;

Forte repressão a dissidentes políticos e ideológicos;

Culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido e do Estado,principalmente a Josef Stalin;

Grande presença de propaganda estatal e incentivo ao patriotismo comoforma de organização dos trabalhadores;

Censura aos meios de comunicação e expressão, como a imprensa, rádio, jornais, literatura etc;

Coletivização obrigatória dos meios de produção agrícola e industrial;

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  Militarização da sociedade e dos quadros do Partido.

- Após a morte de Stalin, o então presidente da URSS, Nikita Khrushchov decidiurenegar todo o legado deixado pelo antigo ditador, denunciando crimes cometidosdurante o tempo em que esteve no poder;- Na Revolução Chinesa, muitos ideais Stalinistas foram seguidos.

Era Vargas

A Revolução de 30 

Até o ano de 1930, no Brasil, vigorava a República Velha, como é conhecida hoje.Caracterizada por uma forte centralização do poder entre os partidos políticos e aconhecida aliança política “café-com-leite” (entre São Paulo e Minas Gerais). 

O problema estourou em 1929, quando chegou ao fim o governo do presidentepaulistano Washington Luís Pereira de Sousa. O Partido Republicano Mineiro indicou paraWashington Luís o nome de Antônio Carlos, então governante de Minas Gerais. Luís,todavia, defendeu a candidatura de Júlio Prestes, paulista. O partido mineiro entãoanunciou que iria apoiar o nome da oposição e, aliando-se a Rio Grande do Sul e Paraíba,lançou o nome de Getúlio Vargas, formando a Aliança Liberal.

Membros da Aliança Liberal no Rio de Janeiro, agosto de1929. FGV, CPDOC.  

Júlio Prestes conseguiu a vitória, mas ela foi negada pela Aliança, que alegavam fraudeseleitorais. A situação piorou ainda mais, quando o candidato à vice-presidente de GetúlioVargas, o paraibano João Pessoa, foi assassinado em Recife, capital de Pernambuco.Como os motivos não foram apenas pessoais, mas também políticos e econômicos, aindignação aumentou, e o Exército - que era contrário ao governo vigente desde otenentismo - se mobilizou a partir de 3 de Outubro de 1930. No dia 10, uma junta

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governamental foi formada pelos generais do Exército. No mês seguinte, Júlio Prestes foideposto e fugiu junto com Washington Luís e o poder foi passado para Getúlio Vargas.

A Revolução de 30 nasceu da insatisfação das classes médias urbanas e de militares comas práticas políticas até então vigentes e o esgotamento do pacto das oligarquias rurais

sobre o qual se apoiava a República Velha.

O Governo Provisório 

A 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas recebeu o poder e anunciou a formação doGoverno Provisório, dando início a grandes transformações: destituição dosgovernadores estaduais, substituídos por interventores (na maioria tenentes) nomeadospelo governo; dissolução do Congresso Nacional e dos legislativos estaduais emunicipais; criação dos ministérios da Educação e Saúde Pública e do Trabalho, Indústria

e Comércio; convocação para uma Assembleia Constituinte.

Desde o início o Governo Provisório assumiu uma posição de forte centralismo político,intervencionismo estatal e nacionalismo econômico. Ao mesmo tempo, procurouaproximar-se do proletariado urbano, com sua legislação trabalhista que incorporavaantigas reivindicações operárias.

Em 1932, o Governo sofreu uma dura reação de São Paulo. Abaladas com a crise do café

e contrariadas com a presença dos interventores, as elites paulistas se mobilizaram poreleições imediatas a Constituinte. A campanha radicalizou-se, levando a RevoltaConstitucionalista, que eclodiu em julho de 1932, com conflitos armados em São Paulo,que se pôs em guerra contra o Governo Federal. O conflito terminou em setembro, coma derrota dos paulistas.

Instalada a Assembleia Constituinte, a nova Constituição foi promulgada a 16 de julho de1934. No dia 17, os deputados elegeram Getúlio Vargas para a Presidência da República.Tinha-se início um novo período constitucional.

A nova Constituição era a segunda da República, terceira na história do Brasil, eincorporava grandes e importantes novidades: o direito de voto das mulheres,a legislação trabalhista, o salário mínimo para os trabalhadores, a criação das justiçasEleitoral e do Trabalho.

No campo econômico, o novo governo Vargas criou estímulos para substituir os produtosimportados pelos de fabricação nacional, abrindo caminho para a industrialização dopaís. Além disso, foram adotadas medidas protecionistas a favor da produção nacional ecriados novos órgãos e empresas públicas, como o Departamento Nacional de Estradasde Rodagem e o Conselho Nacional do Petróleo.

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Texto e Contexto 

 “Muito teremos feito em breve tempo se conseguirmos libertar-nos da importação deartefatos de ferro, nacionalizando a indústria siderúrgica.”  

(De Getúlio Vargas, em 1931.) 

No campo social, o governo manteve e consolidou as leis trabalhistas instituídos peloGoverno Provisório entre 1931 e 1934, sobre sindicalização, jornada de trabalho, férias erepouso semanal remunerado, aposentadoria e carteira profissional. O trabalhismo,assim, começava a se transformar no mais poderoso instrumento de ação política da EraVargas.

Com o retorno de setores das oligarquias à cena política brasileira, muitos tenentes

procuraram caminhos alternativos para a Revolução que almejavam. Alguns aderiramà Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada por Plínio Salgado em 1932. A AIB,reproduzia no Brasil o fascismo e o nacionalismo dos movimentos de direita europeusdos anos 20 e 30 e, como eles, defendia o regime autoritário contra a crise do capitalismoe da democracia liberal.

Figura do chefe integralista - Distribuído entre 1935 e 1937, nas ruas das cidadesbrasileiras. 

O Integralismo brasileiro foi um movimento da classe média que ideologicamentedefendia a propriedade privada, o resgate da cultura nacional, o moralismo, valoriza onacionalismo, o princípio da autoridade (e portanto a estrutura hierárquica da

sociedade), o combate ao comunismo e ao liberalismo econômico.

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Sessão de encerramento do Congresso Integralista - Plínio Salgado encontra-se ao

centro (sentado) - em Blumenau, Santa Catarina, 1935. 

Os integralistas se apresentavam, oficialmente, uniformizados. As camisas e capaceteseram verde-oliva, as calças eram pretas ou brancas e as gravatas pretas.Cumprimentavam-se utilizando a palavra que se presume vir do tupi, “Anauê”, quesignificaria “você é meu irmão”, com o braço esticado e mão espalmada. A bandeira domovimento é composta por um fundo azul com um círculo branco no centro, e no meio docírculo, a letra grega maiúscula sigma, significando a soma dos valores.

Outros foram atraídos pela influência de Luís Carlos Prestes e ingressaram na Aliança

Nacional Libertadora (ANL). A ANL defendia o socialismo no Brasil e o antifascismo. Foicriada em março de 1935 com o objetivo de organizar o poder popular comunista no

Brasil baseado nas concepções sociológicas, econômicas, políticas e filosóficas domarxismo.

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 Sede da Aliança Nacional Libertadora, ANL, no centro do Rio de Janeiro, 1935. 

Em 1935, dominada pelo Partido Comunista, a ANL tentou um golpe desastroso contra

Vargas. O governo sufocou a revolta e lançou forte repressão contra militantes deesquerda e democráticos de oposição. A partir daí, o governo passou a utilizar o episódioem benefício próprio, criando o mito da “ameaça vermelha”, da Intentona Comunista quequeria se instalar no país.

Vargas sempre se mostrou contra o socialismo, e usou este pretexto para o seu maiorsucesso político - o golpe de 1937. Em 1937, os integralistas forjaram o “Plano Cohen”,em que se dizia que os socialistas planejavam uma revolução maior e maisbem-arquitetada do que a de 1935, e teria o amplo apoio do Partido Comunista da UniãoSoviética.

Os militares e boa parte da classe média brasileira, assim, apoia a ideia de um governomais fortalecido, para espantar a ideia da imposição de um governo socialista no Brasil.Com o apoio militar e popular, Getúlio Vargas derruba a Constituição, e declara o EstadoNovo, regime autoritário centrado na ditadura pessoal de Getúlio.

O Congresso foi fechado por tropas do Exército, e os partidos políticos foram extintos. Osdireitos individuais e as liberdades públicas ficaram sujeitos a pesadas restrições e severavigilância política, policial e ideológica. O Estado Novo também se caracterizou pelo cultopopular do chefe de Estado, Getúlio Vargas, o nacionalismo e o paternalismo trabalhista.

Trabalhadores homenageiam Vargas na Esplanada do Castelo, 1940, Rio de Janeiro.  

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 No plano econômico, Vargas continuou sua políticanacionalista, estatizante e industrializante. Criou novas empresas estatais, comoa Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda (1941), a empresa demineração Vale do Rio Doce(1942), a Fábrica Nacional de Motores (1943) e a CompanhiaHidrelétrica do São Francisco (1945).

O Trabalhismo e Populismo 

O trabalhismo foi um dos suportes principais do Estado Novo e poderosa ferramenta naconstrução de Vargas como “pai dos pobres”. Ao mesmo tempo, a máquina depropaganda do Governo procurava exaltar a importância do trabalho, sobretudo dotrabalho manual, como peça-chave na construção do país e base da noção de cidadania.

Exaltação de Getulio em Cartaz produzido pela DIP convocando trabalhadores paracomemorar o 1 de maio. 

Os direitos trabalhistas foram consolidados no Estado Novo com a Consolidação das LeisTrabalhistas (1943), que vigora até hoje. Eram direitos trabalhistas de antigasreivindicações dos trabalhadores, como o descanso semanal remunerado, fériasremuneradas, regulamentação da jornada de trabalho de oito horas, salário mínimo eaposentadoria.

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 Cartaz. O anúncio da CLT foi mostrado de forma propagandística, dando a conotação de

uma lei fruto da iniciativa e generosidade de uma só pessoa. 1943.  

Esses direitos, foram importantes para o acesso dos trabalhadores à cidadania, e foram

instituídas por Vargas como uma dádiva do Estado, onde Getúlio surge como o “pai dospobres”. Outro fator para isto tinha sido a criação da Carteira de Trabalho, em 1932, quepassou a ser obrigatória para o trabalhador obter os benefícios trabalhistas e sociais.

A Carteira Profissional. 

Se por um lado essas medidas serviram para ampliar os direitos sociais e trabalhistas dostrabalhadores, por outro serviram para a manutenção do controle do Estado sobre aclasse trabalhadora.

Manifestação cívica no Dia do Trabalho, em homenagem a Vargas no estádio do Vasco daGama, 1941, Rio de Janeiro. 

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A legislação trabalhista acabou se tornando em um excelente instrumento desubordinação do trabalhador ao universo das leis e da fábrica. A proteção do trabalhadorvinha acompanhada de uma forte vigilância e um controle de sua conduta, com asupressão do direito de greve e da livre associação sindical. Os próprios sindicatos, apartir do Decreto-lei n° 19.770, estavam diretamente subordinados ao Ministério doTrabalho, que permitia somente um sindicato por categoria e impedia a realização de

relações políticas e internacionais de seus associados.

Para a doutrinação e mobilização popular e trabalhadora, o controle da opinião pública epara a legitimação do governo, o Estado Novo contou com uma forte máquina depropagando, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), em 1939, comoinstrumento de difundir as ideias que norteavam o Estado Novo.

O DIP foi a verdadeira máquina de propaganda do governo varguista, construiu aimagem de Getúlio e o culto à sua personalidade. O DIP teve também forte atuação junto

a todos os meios de comunicação, sobretudo o rádio e a imprensa escrita. Tambémincentivava e controlava, através da censura, as atividades culturais.

O cinema, o teatro e, sobretudo, o rádio eram vistos e utilizados como elementoseducadores por excelência, deviam exaltar a cultura nacional e o civismo, e formar osentimento de nacionalidade no povo brasileiro.

Em 1938, vai ao ar pela primeira vez o programa Hora do Brasil, cuja transmissão

tornou-se obrigatória em todas as emissoras do país. Produzido pelo DIP, a Hora do Brasiltinha a finalidade de divulgar as realizações do governo, além de apresentar músicas,noticias e discursos que estimulassem o orgulho nacional, a disciplina e bons hábitos detrabalho.

O Estado também mobilizou intelectuais, artistas e músicos para ajudarem nalegitimação do governo, contribuindo para difundir sua ideologia. O uso da culturapopular de massas se fez principalmente com a utilização da música popular, sobretudoo samba.

O governo de Getúlio buscou apoio nos sambistas para conquistar a simpatia das massas.O DIP promovia regularmente concursos musicais, sempre incentivando temas queexaltassem as virtudes e belezas do Brasil, tais músicas firam conhecidas como

 “samba-exaltação” ou samba “apologético-nacionalista”, que se aliavam adequadamenteà ideologia do Estado Novo.

O samba carnavalesco de Ary Barroso conhecido como “Aquarela do Brasil” (1939) com

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sua temática ufanista e patriótica se adequou perfeitamente ao governo nacionalista deVargas.

Texto e Contexto 

O samba-exaltação de Ary Barroso “Aquarela do Brasil” exalta claramente o louvor dasgrandezas e belezas brasileiras, indo ao encontro do nacionalismo do Estado Novo. 

Brasil, meu Brasil brasileiro,meu mulato inzoneirovou cantar-te nos meus versos

o Brasil samba que dábamboleio que faz gingaro Brasil do meu amor,terra de nosso senhorBrasil pra mim, Brasil pra mim

ah! abre a cortina do passado,

tira a mãe preta do serrado,bota o rei congo no congadoBrasil pra mim, Brasil pra mimdeixa cantar de novo o trovador,América olha a luz da luaquando é canção do meu amorquero ver essa dona caminhandopelos salões arrastando o seu vestido rendadoBrasil pra mim, Brasil pra mim. 

Sofriam grande vigilância por parte da censura imposta pela DIP os sambas cujo temasestavam relacionados à vida boêmia, à malandragem e à cultura de bar, muito comumnos sambas das décadas de 20 e 30, como no samba intitulado de “Lenço no Pescoço” (1933), de Wilson Batista.

Texto e Contexto

 “Com meu chapéu de lado Tamanco arrastandoLenço no PescoçoNavalha no Bolso

Eu passo gingando

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Provoco e desafioEu tenho orgulhoDe ser tão vadio.”  (Wilson Batista, 1933.) 

O Estado Novo, através do DIP, censurava qualquer culto da malandragem, relacionadoà vadiagem e ao não-trabalho. Sambistas eram desestimulados a escrever sambas destegênero, muitas músicas tiveram suas letras negadas pela censura e até modificadas,como no caso do “Bonde de São Januário”, de Wilson Batista e Ataulfo Alves, gravado em1940, onde o samba passa a exaltar o trabalho e o trabalhador.

Texto e Contexto 

 “Quem trabalha é quem tem razão Eu digo e não tenho medo de errarO bonde de São JanuárioLeva mais um operárioSou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízoMas resolvi garantir meu futuroVejam vocêsSou feliz vivo muito bem

A boemia não dá camisa a ninguémÉ, digo bem.”  (Wilson Batista e Ataulfo Alves, 1940.) 

Vargas também se utilizou da Educação, isto é, da Escola como instrumento dedoutrinação do povo brasileiro a fim de exaltar os valores nacionais e civicos parafortalecer assim a identidade nacional e legitimar o regime de governo.

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Desfile escolar comemorativo do Dia da Pátria, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro,1943. Arquivo Nacional. 

Em primeiro lugar, foi instituído durante o governo Vargas um sistema de ensinounificado, igual de Norte a Sul do país, que deveria ser ministrado em língua portuguesa,em combate as escolas do Sul em regiões de colônias italiana e alemã que ministravamaulas em italiano e alemão.

O ensino de História e Geografia deveria privilegiar as origens do país, seus líderes eheróis (Pedro Álveres Cabral, Tiradentes, Deodoro da Fonseca), as belezas naturais dopaís e as dimensões do Brasil.

A educação física passou a ter uma forma militarizada e dava ênfase a exercícios paramoldar e tornar saudável o corpo das futuras gerações. Datas comemorativas eramsempre festejadas, sobretudo, a Semana da Pátria (o 7 de Setembro), o Dia do Trabalho(1° de Maio) e a Proclamação da República (o 15 de Novembro).

A queda do Estado Novo 

Em 1942, os universitário da União Nacional dos Estudantes, UNE (fundada em 1937),fizeram as primeiras passeatas “contra o totalitarismo” no Rio de Janeiro. Em 1945, osparticipantes do I Congresso Brasileiro de Escritores realizado em São Paulo, tomaram a

mesma posição contrária ao regime varguista.

Getúlio sabia que o Estado Novo tinha poucas chances de sobreviver, inclusive diante docontexto do fim da Segunda Guerra que pôs fim aos governos ditatoriais da Europa (onazi-fascismo). Em 1945, Vargas anunciou a realização de eleições gerais para o final doano, junto com a convocação de uma Assembleia Constituinte e medidas de anistiapolítica, suspensão da censura e a liberdade partidária.

Neste contexto, a oposição liberal fundou a União Democrática Nacional (UDN), partidocom o qual concorreria às eleições. Vargas apoiou a criação de dois partidos: o PartidoSocial Democrático (PSD) – que reunia dirigentes do Estado Novo, empresários e

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coronéis do interior –, e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – que reunia liderançassindicais e setores nacionalistas.

Em meados de 1945, o PTB, apoiado pelos sindicatos e pelo Partido Comunista, defendiaa permanência de Vargas no poder. Nas ruas, manifestantes gritavam o slogan

 “Queremos Getúlio”, do qual se originou a expressão “queremismo”. 

Queremismo no Rio de Janeiro, 1945. 

Para as oposições o “queremismo” era uma manobra de Vargas para permanecer nopoder. Diante desta desconfiança, ps generais Góis Monteiro (ministro da Guerra) eEurico Dutra, depuseram Getúlio Vargas em 29 de outubro de 1945. Era o fim do EstadoNovo.

Texto Complementar 

Em 1938 a máquina política do Estado, tendo como cabeça o DIP (Departamento deImprensa e Propaganda), começou a articular, possivelmente, uma das maisbem-sucedidas campanhas de propaganda política de nosso país. Getúlio Vargas era seupersonagem central e desde esse ano até 1944 o empreendimento não cessou decrescer. Festividades, cartazes, fotografias, artigos, livros, concursos escolares e todauma enorme gama de iniciativas foi empreendida em louvor do chefe do Estado Novo.Seu nome e sua imagem passaram a partir daí a encarnar o regime e toda as suasrealizações.

As palestras de Alexandre Marcondes Filho [ministro do Trabalho] em muito contribuíram

para tal divulgação, mas elas podem ser particularmente valiosas para o entendimentode uma faceta especial desta construção: a de Vargas, “pai dos pobres” e líder dasmassas trabalhadoras. O ministro iria caracterizar um certo tipo de imagem dopresidente e um certo tipo de postura diante do povo trabalhador.

Como a história trabalhista de nosso país se dividia em dois tempos básicos – antes edepois de 1930 –, todas as providências tomadas desde a revolução envolvendo aresolução da questão social eram atribuídas diretamente a Vargas. Era dele que todas asinstruções emanavam, era ele o inspirador e o executor de toda a legislação elaborada.Neste sentido, é interessante observar o lugar ocupado por Vargas nas mensagensradiofônicas. Vargas era sempre o sujeito de ação: Vargas criou, determinou,estabeleceu, mandou executar ou cuidou para que, etc. Assim, nada se tinha feito ou se

fazia nesta área sem o prévio e direto conhecimento ou aprovação de Vargas.

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(GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: Vértice, 1988. pp.238-243.)

Democracia e Populismo: JK, Jânio e Jango

A queda do Estado Novo abriu caminho para a democratização do Brasil no pós-guerra.

De várias formas e em maior ou menor grau, os vários governos que sucederam a EraVargas continuaram a praticar a “política de massas”, afirmando seus compromissos “com o povo”, mais do que com seus partidos e programas. Essa prática populistaajustou-se bem à situação do país, no momento em que crescia rapidamente a populaçãourbana. Era principalmente às massas proletárias urbanas que o populismo se dirigia.

O governo JK e o DesenvolvimentismoO ponto central do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) foi o Plano de Metas,com o qual o presidente JK prometia ao povo brasileiro fazer o país crescer “cinqüentaanos em cinco”. Tratava-se de um plano de desenvolvimento econômico em

setores-chaves da economia, como energia, transporte, indústria de base e de bens deconsumo. Um dos maiores êxitos do Plano de Metas foi a aceleração do crescimentoda indústria automobilista.

Uma das marcas do governo JK foi sem dúvida a construção da capital brasileira, Brasília.A inauguração da nova capital federal, em 21 de abril de 1960, foi um dos marcos dosanos JK e um fator de estímulo à integração nacional a partir do Centro-Oeste brasileiro.

No Plano de Metas, o desenvolvimento industrial estava centrado na produção deveículos, principalmente automóveis. A indústria automobilística do ABC paulista foi agrande alavanca que impulsionou a industrialização brasileira nos anos 50 e 60.

JK na fábrica da Vemag em 1956. 

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Contudo, o governo de JK estava mais voltado para o incentivo à indústriaautomobilística do que para as carências e necessidades da população.

Charge faz crítica à política industrial de JK, jornal Ultima Hora, 15 de dezembro de 1956. 

Para se ter uma idéia, o investimento para o transporte, sistema ferroviário,pavimentação de rodovias, etc., representava 28% do investimento total do governo nopaís; o investimento no setor energético, para aumentar a produção de energia, fora de48%. Já na Educação, o governo JK investiu somente 2,8%, para a manutenção eampliação do ensino público; no setor da Alimentação, o investimento total do governofoi de 3,6%.

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Curiosidade. Na cédula de Cem Cruzados, imagem do presidente, as estradas do país ecentral de energia elétrica, símbolos do governo JK; no verso da cédula, Brasília. 

O Governo de Jânio Quadros

Em 1961 assumiu a presidência da República brasileira Jânio Quadros. Jânio foi o típicopolítico populista. Seu método político de ação consistia no contato corpo a corpo com a

massa de eleitores. Carismático, falava a linguagem que o povo queria ouvir. O símbolode sua campanha foi a vassoura. Com ela, prometia ao povo varrer a corrupção que sealastrava pelo país.

Movimento de apoio a Janio Quadros, em 1960, com as vassouras nas mãos, simbolo dogoverno de Quadros. 

Contudo, Jânio em poucos meses perdeu boa parte de sua base parlamentar no

Congresso Nacional. Seu próprio partido, a UDN, o abandonou. Sob muitas críticas contra

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o seu governo, a 25 de agosto de 1961, em um bilhete manuscrito dirigido ao CongressoNacional, anunciou sua renúncia à Presidência da República.

Renuncia de Jânio, revista Fatos e Fotos.

O Governo João Goulart 

Com a renúncia de Jânio Quadros, assumiu a Presidência do Brasil João Goulart, opopular Jango. Desenvolvendo uma política populista de massas, Jango em meados de1963, enviou ao Congresso Nacional o programa de Reformas de Base, com projetos dereforma agrária, tributária, urbana, bancária e educacional. Ainda em 1963, Jango

aprovou oEstatuto do Trabalhador Rural (direitos trabalhistas no campo), apoiou afundação da Confederação dos Trabalhadores Agrícolas (CONTAG) e criou o 13º salário.

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Na cerimônia de posse, João Goulart recebe faixa presidencial. 

Esta política populista de Jango desagradou setores importantes da elite brasileira,principalmente a classe empresarial e militar.

Contra Jango e sua política populista, interessados em seu afastamento do governo,erguiam-se o empresariado, governadores dos estados, como Carlos Lacerda(Guanabara, atual Rio de Janeiro), Ademar de Barros (São Paulo), e partidos políticoscomo o PSD e a UDN.

Além disto, no contexto da guerra-fria, estavam contra Jango o Estado Maior das Forças

Armadas do Brasil, o EMFA, e a embaixada dos Estados Unidos, inclusive com o apoio dogoverno norte-americano a um possível golpe de Estado no país.

Com a movimentação de tropas militares em Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro,em 31 de março de 1964, começava o golpe militar que perduraria no Brasil até 1985.

O regime militar de 1964

As causas e condições do golpe militar de 1964 foram os seguintes: a radicalização da “política de massas” promovida pelo populismo de esquerda e a mobilização popular que

a acompanhava; a reação conservadora das elites e das Forças Armadas contra ogoverno de João Goulart; a redução do crescimento econômico e o descontrole dainflação; a pressão externa dos Estados Unidos a favor da conspiração em nome da

 “segurança” do hemisfério ocidental no contexto da guerra fria.

O general Humberto Castelo Branco foi o primeiro presidente do regime militar de 1964.Durante seu governo (1964-1967) começou a enxurrada de decretos, leis, AtosInstitucionais e Emendas Constitucionais:

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Ato Institucional n° 1 (10/04/64) – autorizava a cassação de mandatos e a suspensão dedireitos políticos de parlamentares, governadores, funcionários públicos e líderessindicais, além dos ex-presidentes Jânio Quadros, João Goulart e Juscelino Kubitschek.Determinou também a eleição indireta para a Presidência da República.

Ato Institucional n° 2 (27/10/65) – dissolveu os partidos políticos existentes e criou

o bipartidarismo. Surgiu, um partido do governo – a Aliança RenovadoraNacional (ARENA) – e outro de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Lei de Imprensa (9/2/67) – impôs restrições à liberdade dos meios de comunicação,sobretudo aos jornais e revistas, prevendo ainda o direito a censura prévia a livros,revistas e espetáculos.

No plano econômico, o governo Castelo Branco anunciou um programa econômicodenominado PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), a fim de combater a inflação,estimular as exportações e desestimular as importações. O Paeg alcançou váriosobjetivos com a redução da inflação e a recuperação das exportações agrícolas.

Resistência e Repressão

Em março de 1967, tomou posse o segundo presidente militar, o general Artur da Costae Silva (1967-1969). Durante o seu governo, cresceu no país a reação ao regime militar,mobilizando diversos setores sociais e políticos no Brasil.

Formou-se ainda em 1966 a Frente Ampla, com Carlos Lacerda, ex-governador do estado

da Guanabara (hoje Rio de Janeiro), que se aliou com os ex-presidentes João Goulart eJuscelino Kubitschek e parte do MDB, que almejavam preparar um bloco de resistêncialiberal-democrático. Contudo, a Frente Ampla não conseguiu a trair o apoio da populaçãoe acabou se extinguindo.

Na verdade, a mobilização popular de expressão contra o regime seria o movimentoestudantil. Liderados por dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), que atuavana clandestinidade, os estudantes promoviam manifestações e comícios em todas asgrandes cidades do país.

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Manifestação contra a Ditadura no Rio de Janeiro, em junho de 1968. 

No dia 27 de Outubro de 1964, o Congresso Nacional já havia extinguido a UNE e todasas uniões de estudantes estaduais, aprovando a Lei Suplicy.

O auge dos protestos estudantis se deram a partir da morte do estudante paraenseEdson Luís de Lima Souto assassinado pela Polícia Militar em 28 de março de 1968durante um confronto no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro. Edson foi oprimeiro estudante assassinado pela Ditadura Militar e sua morte marcou o início de umano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar.

Centenas de cartazes foram colados na Cinelândia com frases como "Bala mata fome?",

"Os velhos no poder, os jovens no caixão" e "Mataram um estudante. E se fosse seufilho?".

Em 26 de junho ocorre a Passeata dos Cem Mil, uma manifestação de protesto, emconsequência da morte do estudante secundarista Edson Luís. A manifestação reuniumais de cem mil pessoas, no centro da cidade do Rio de Janeiro, na zona conhecida comoCinelândia, o que representou um dos mais significativos protestos no período ditatorialdo Brasil.

Passeata dos cem mil no centro do Rio de Janeiro, em julho de 1968, foi o alto damobilização estudantil. 

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 A música popular também foi utilizada para propagar a resistência contra o regimemilitar. Na década de 60, os festivais de música popular da TV Record, de São Paulo,serviram como veículo para expressar a indignação dos artistas contra a opressãoimposta pela ditadura. É dessa época a música “Pra não dizer que não falei de flores”,mais conhecida como “Caminhando”, de Geraldo Vandré, que se tornou um hino de

contestação e mobilização contra o regime militar, juntamente com o samba “Apesar devocê”, de Chico Buarque de Holanda.

Caminhando tornando-se um hino de resistência contra o governo militar foi censurada.O Refrão “Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não

espera acontecer ” foi interpretado como uma chamada à luta armada contra osditadores.

 “Apesar de você” é uma canção escrita e originalmente interpretada por Chico Buarque

de Hollanda, em 1970 , no exílio em Roma. A canção, por implicitamente lidar com aquestão da falta de liberdade durante a época da ditadura militar, foi proibida de serexecutada pelas rádios no Brasil pelo governo Médici.

Texto e Contexto

Hoje você é quem manda Falou, tá falado 

Não tem discussão, não. A minha gente hoje anda Falando de lado e olhando pro chão. Viu?Você que inventou esse Estado Inventou de inventar Toda escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar o perdão. 

(Coro) 

Apesar de você 

amanhã há de ser outro dia. Eu pergunto a você onde vai se esconder Da enorme euforia? Como vai proibir Quando o galo insistir em cantar?(Letra de “Apesar de você”, de Chico Buarque de Holanda, 1970.) 

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A Guerrilha Urbana 

Setores radicais de esquerda começaram a atacar o governo com ações clandestinasarmadas, como assaltos a bancos, sequestro de diplomatas e atentados contraautoridades e unidades militares.

Uma das primeiras organizações a pegarem em armas contra a ditadura foi a AçãoLibertadora Nacional (ALN), uma organização revolucionária comunista brasileira deoposição ao regime militar, surgida no fim de 1967, com a expulsão de CarlosMarighella do Partido Comunista do Brasil (ex-PCB). A ALN tinha a proposta de uma açãoobjetiva e imediata contra a ditadura militar, defendendo a luta armada e a guerrilhacomo instrumento de ação política.

Texto e Contexto 

Na concepção de Carlos Marighella, o terrorismo urbano destinava-se antes de tudo aproduzir tensão política: “(...) levando a insegurança e a incerteza às classes dominantes, desgastando edesmoralizando as forças militares dos gorilas.”  (Carlos Marighella, “O papel da ação revolucionária na organização”, em Manual doGuerrilheiro urbano e outros textos. p. 38.) 

Em 1969, em entrevista a revista francesa Front , Marighella revela porque iniciar aguerrilha urbana:

Front – Por que iniciar (o movimento) pela guerrilha urbana?

Marighella – Na condição de ditadura em que se encontra o país, o trabalho depropaganda e de divulgação a priori só é possível nas cidades. (...) As medidasantidemocráticas tomadas pelo governo e os inumeráveis atos de repressão contra osestudantes, muitos professores e jornalistas criaram um clima de rebelião.(In: MIR, Luís. A revolução impossível, a esquerda e a luta armada no Brasil . São Paulo:Best Seller, 1994. pp. 493-96). 

Além da ALN, houve na guerrilha urbana, a VAR-Palmares e o MR-8. A VanguardaArmada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) foi uma organização brasileira deesquerda que combateu o regime militar. Surgiu em julho de 1969, como resultado dafusão do Comando de Libertação Nacional (Colina) com a Vanguarda PopularRevolucionária (VPR) de Carlos Lamarca.

O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) foi uma organização brasileira deesquerda, com orientação marxista-leninista, que participou do combate armado àDitadura no Brasil. Seu nome rememora a data em que o guerrilheiro argentino CheGuevara foi capturado pela CIA na Bolívia.

As principais ações da guerrilha urbana no Brasil de 1968 a 1970 foram: o assalto ao trem

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pagador da ferrovia Santos-Jundiaí (10/6/1968), pela ALN; o ataque ao QG do II Exército(26/6/1968), pela VPR; o roubo do cofre de Adhemar de Barros (11/5/1969), contendopouco mais de 2,8 milhões de dólares, em espécie, o equivalente a 16,2 milhões dedólares de 2007, pela VAR-Palmares; o assassinato do capitão do Exército dos EstadosUnidos e suposto agente da CIA Charles Rodney Chandler (12/10/1969), pela VPR; osequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick (4/9/1969), pela ALN e

o MR-8.

A maioria dos guerrilheiros eram estudantes, com idade média de 23 anos, que haviamse mobilizados nas ruas em 1968. Boa parte havia abandonado as universidades. Decada dez ações de guerrilha, oito buscavam dinheiro, armas, papéis de identidade. Asações mais ofensivas, como os sequestros de diplomatas, destinavam-se a tirar gente dacadeia ou do país.

A destruição das organizações armadas começou em 1969, a partir da organização dasatividades de policia política dentro do Exército. No final de 1970, todas as organizaçõesda guerrilha urbana estavam desestruturadas.

A Guerrilha no campo 

No campo, a mobilização guerrilheira teve sua maior expressão com a Guerrilha doAraguaia. A Guerrilha do Araguaia foi um conjunto de operações guerrilheiras ocorridasdurante a década de 1970. O movimento foi organizado pelo Partido Comunista do Brasil(PCdoB), oriundo de uma cisão no PCB. Os integrantes do PCdoB pretendiam combater ogoverno militar e implementar o comunismo no Brasil, iniciando o movimento pelocampo.

Os guerrilheiros eram em sua maioria estudantes, professores e profissionais liberais. Osmilitantes do PcdoB começaram a chegar na região a partir do final da década de 1960.Oriundos do sul e sudeste, eram chamados de “paulistas”.  

Estima-se que participaram em torno de setenta a oitenta guerrilheiros sendo que,destes, a maior parte se dirigiu àquela região em torno de 1970. Entre eles, estavamOsvaldo Orlando Costa (o “Osvaldão”), o médico João Carlos Haas Sobrinho, a estudante

de biologia da Universidade Federal Fluminense Cristina Moroni de 21 anos, Maria CéliaCorrêa, 26 anos, estudante da Faculdade Nacional de Filosofia, além do ex-presidente doPartido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, que foi detido pelo Exército em 1972.

Os guerrilheiros se estabeleceram em uma região onde os estados de Goiás, Pará eMaranhão faziam fronteira, às margens do rio Araguaia-Tocantins, próximo às cidades deSão Geraldo e Marabá no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás (região onde atualmenteé o norte do Estado de Tocantins, também denominada como Bico do Papagaio).

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O Campo de Batalha guerrilheiro. 

Logo, procuraram se integrar às comunidades locais. Para isso, faziam seus roçados,

montavam farmácias e, de acordo com suas habilidades, ajudavam em partos, faziamcirurgia e dedicavam-se a alfabetização da população local.

Os guerrilheiros criaram a ULDP (União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo), ondediscutiam as reivindicações de interesse dos moradores locais, sobretudo questõesrelacionadas à grilagem e repressão, estimulando a consciência política da população ebuscando apoio para a guerrilha. Também se organizaram militarmente com a formaçãodas FORGAs (Forças Guerrilheiras do Araguaia), promovendo treinamentos e ações deguerrilha.

O Exército Brasileiro descobriu a localização do núcleo guerrilheiro em 1971 e fez três

investidas contra os rebeldes. Os guerrilheiros, surpreendidos, se refugiaram armados nafloresta. As operações de guerrilha iniciaram-se efetivamente em 1972, tendo oferecidoresistência até março de 1974.

Em 1972, no primeiro choque com a guerrilha, uma tropa do Exército foi desbaratada.Em 5 de maio, outra tropa foi desbaratada pela guerrilha, um tenente foi ferido e o caboOdílio Cruz Rosa, da 5ª Companhia de Guardas de Belém foi morto. A guerrilha tambématacou uma base do 2° Batalhão de Infantaria de Selva e matou o sargento MárioAbrahim da Silva.

Em janeiro de 1975 as operações foram consideradas oficialmente encerradas com amorte ou detenção da maioria dos guerrilheiros.

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Em 1976 ocorreu a chamada Chacina da Lapa quando foram executados os últimosdirigentes históricos do PCdoB.

Os anos de chumbo A repressão da ditadura militar contra qualquer ofensiva contrária ao regime começa a

ser instituída desde a eclosão do golpe. Em Junho de 1964, foi criado o Serviço Nacionalde Informações (SNI), onde eram catalogados e fichados aqueles que eram consideradosinimigos do Estado, que eram considerados perigosos à Segurança Nacional. O SNIcoordenava e catalogava todas as informações que poderiam ser relevantes: cidadãos esuas ações eram rastreadas, grampeadas, fotografadas.

Diante da ofensiva estudantil e guerrilheira a reação da ditadura foi endurecer arepressão, sobretudo durante os governos dos presidentes Costa e Silva (1967-1969)e Emílio Garrastazu Médici (1969-1974).

Estudantes presos no XXX Congresso da Une, em Ibiuna, SP, 1968. Capa da Revist Veja,16 10 1968. 

Em 13 de Dezembro de 1968, o Presidente Costa e Silva decretou, mandou publicar ecumprir o Ato Institucional Número 5 (o AI-5). Dava-se início aos anos de chumbo.

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Pelo disposto no ato, os militares tinham o direito de decretar o recesso do Congresso,das Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Foi retirada toda a estabilidade eindependência do Poder Judiciário, pois o Executivo poderia mandar suspenderhabeas-corpus sob a acusação de crime político contra qualquer cidadão em qualquermomento. A cassação de direitos políticos poderia ser decretada com extrema rapidez esem burocracia, o direito de defesa ampla ao acusado foi eliminado, suspeitos poderiam

ter sua prisão decretada imediatamente, sem necessidade de ordem judicial, os direitospolíticos do cidadão comum foram cancelados e os direitos individuais foram eliminadospela instituição do desacato à autoridade.

Além do AI-5, outras medidas foram tomadas como:

Criação das Áreas de Segurança Nacional (1968): municípios brasileiros, inclusive ascapitais estaduais, foram declarados “áreas de segurança nacional”, perdendo suaautonomia e passando a ter prefeitos nomeados pelo governo federal.

Ato Institucional n° 14 (1969): determinava a pena de morte ou a prisão perpétua paraos crimes da “guerra revolucionária e subversiva”. 

Emenda Constitucional n° 2 (1972): estabelecia eleições indiretas para os governadoresestaduais.

Criação do Colégio Eleitoral (1973): órgão destinado a eleger o presidente da República.

Foram também ampliados em nível nacional os aparelhos policiais e militares derepressão, centrados nos DOI-CODIs. Os CODIs eram os Centros de Operação de Defesa

Interna, sendo órgãos de planejamento das ações de defesa. Os DOIs eramos destacamentos de operações de informações surgidos a partir de 1970 no Rio deJaneiro, São Paulo, Recife, Belém, Brasília, etc. Seus destacamentos faziam asinvestigações, buscavam informações e realizavam a busca e apreensão. Os DOIs faziamo trabalho sujo: prisão, interrogatório, tortura e assassinato.

Texto e Contexto

O tenente e torturador Marcelo Paixão de Belo Horizonte de 1968 a 1971, descreve o

método de tortura utilizado: 

 “A primeira coisa era jogar o sujeito no meio de uma sala, tirar a roupa dele e começar agritar para ele entregar o ponto (lugar marcado para encontros) e os militantes do grupo.Era o primeiro estágio. Se ele resistisse, tinha um segundo estágio, que era maisporrada. Uma dava tapa na cara. Outro, soco na boca do estômago. Se não falava, tinhadois caminhos. Dependia muito de quem aplicava a tortura. Eu gostava muito de aplicara palmatória. É muito doloroso, mas faz o sujeito falar. (...) Você manda o sujeito abrir amão. O pior é que, de tão desmoralizado, ele abre. Aí se aplicam dez, quinze bolos namão dele com força. A mão fica roxa. Ele fala. A etapa seguinte era o famoso telefone das

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Forças Armadas. (...) É uma corrente de baixa amperagem e alta voltagem. (...) Eugostava muito de ligar nas duas pontas dos dedos. Pode ligar numa mão e na orelha, massempre do mesmo lado do corpo. O sujeito fica arrasado. O que não pode fazer é deixara corrente passar pelo coração. Aí mata. (...) O último estágio em que cheguei foi opau-de-arara com choque. Isso era para o queixo-duro, o cara que não abria nas etapasanteriores.”  

(Entrevista de Marcelo Paixão de Araújo a Alexandre Oltramari, revista Veja, 9 dedezembro de 1998. pp. 42-53.) 

A ditadura estimulou também a ação de grupos paramilitares de direita, reunindo civis,policiais e militares, como os Comandos de Caça aos Comunistas (CCCs) e os Esquadrõesda Morte, que realizavam atentados contra teatros, igrejas, sindicatos, órgãos deimprensa, etc.

No dia 18 de Julho de 1968 integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC)invadem o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, espancam o elenco da peça Roda Viva.

Em 1969, diversos artistas, como Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e GeraldoVandré sofrem pressões políticas e são obrigados a deixar o país.

Presos políticos que foram trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick,embarcando para o exterior, em setembro de 1969. 

Com a assinatura do AI-5, a censura a imprensa tornou-se implacavél. O jornal O Estadode São Paulo teve por diversas vezes seu prédio invadido e suas máquinas para produzirseus jornais paradas por chefes da Polícia Federal. O Jornal do Brasil teve um de seus

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diretores preso, o embaixador José Sette Câmara, ex-governador do estado daGuanabara.

A censura não permitia que nenhum jornal divulgasse notícias sobre recessão econômicae financeira ou sobre atos terroristas, preparação de guerrilhas, movimentos operários,greves, explosão de bombas, assaltos a bancos, roubo de armas, etc.

O jornal semanário de vanguarda O Pasquim sofreu atentados a bombas e chegou a tertoda a sua redação presa. Outro semanário, o Opinião teve cerca de 5 mil publicaçõesvetadas pela censura. Seu diretor, Fernando Gasparian foi detido, e explodiu-se umabomba em sua sede.

Uma das ações mais marcantes da repressão da ditadura foi a morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975. Diretor de jornalismo da TVCultura de São Paulo, Herzog foi acusado de pertencer ao PCB. Apresentando-se

voluntariamente no DOI-CODI de São Paulo, foi encontrado morto em uma das celas doórgão, enforcado com seu próprio cinto. Ninguém acredita na versão oficial de suicídio.

Vladimir Herzog morto. Diretor de jornalismo da TV Cultura é torturado e assassinado poragentes do DOI-CODI em São Paulo. 

Texto e Contexto 

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 “Brasil, ame-o ou deixe-o.” (Famoso slogan da propaganda oficial do governo Médici,anos 1970.) 

O “milagre” econômico brasileiro 

Entre os anos de 1968 e 1973, a economia brasileira apresentou um crescimentoextraordinário. Os governos militares tentaram incrementar no país umapolítica desenvolvimentista e modernizadora. Desde 1968, a economia brasileirarevigorava-se, vivendo um ciclo de crescimento inédito na história nacional. No ano de1969, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma (em valoresmonetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região,alcançou 10%.

O Brasil tornara-se a décima economia do mundo, oitava do Ocidente, primeira do

hemisfério sul. Esse desempenho foi liderado pelas atividades industriais. Foi o períododo “Milagre Brasileiro”, do “Brasil Grande”, “Brasil Potência”. O governo festejava oprogresso econômico associando-o ao imaginário do “impávido colosso”, “gigante pelaprópria natureza”. 

No Brasil, o regime militar, principalmente durante o governo dos presidentes Médici(1969-1974) e Ernesto Geisel (1974-1979), optou por ampliar os programas demodernização econômica para consolidar a base industrial, energética e tecnológica dopaís.

Texto e Contexto 

 “O objetivo síntese da política nacional é o ingresso do Brasil, até o fim do século, nomundo desenvolvido. Para isso, construir-se-á, no País, uma sociedade efetivamentedesenvolvida, democrática e soberana, assegurando-se, assim, a viabilidade econômica,social e política do Brasil como grande potência.”  (SUDAM. Amazônia: política e estratégia de ocupação e desenvolvimento. PolíticaNacional. Belém-Pará: Sudam/Divisão de Documentação, 1973. p. 5.) 

A expansão econômica do regime militar atingiu diretamente a região amazônica. NaAmazônia, o início do desenvolvimento econômico iniciou através de grandesintervenções federais com a política integracionista e desenvolvimentista do regimemilitar. A construção da Transamazônica, a abertura da fronteira agrícola e os grandesprojetos industriais surgiram no período mais repressivo do regime.

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Na década de 70, em função dos objetivos da política econômica e territorial do governoMédici, explicitados no I Plano no Nacional de Desenvolvimento (PND) para a Amazônia(1972-74), as políticas para a região amazônica tiveram como finalidade central aintegração física, econômica e cultural da região à economia nacional, a ocupaçãohumana e o desenvolvimento regional. É neste momento que se verifica a abertura degrandes rodovias (Belém-Brasília e Transamazônica) e a criação de núcleos agrícolas que

procuravam integrar a região às outras regiões do país e fomentar o povoamento. Nocontexto da necessidade da segurança nacional do país, como diz o slogan do regime, erapara “integrar para não entregar”. 

O Estado do Pará, pelo seu potencial energético e mineral, passou a ser foco de atenção.No Pará houve instalação de Grandes Projetos econômicos voltados para o mercadointernacional ou destinados à produção de insumos para indústrias localizadas em outrasregiões do país.

Em termos de realização de Grandes Projetos, os principais empreendimentos produtivosque se instalaram na região, foram estes: a construção darodovia Transamazônica (BR-230); a Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT), sobre o rioTocantins; o da Mineração Rio do Norte (MRN), de exploração de bauxita metalúrgica, anoroeste do Estado, no município de Oriximiná; o da Albrás e Alunorte de produção dealumínio e alumina, respectivamente, localizados nas proximidades de Belém, nomunicípio de Barcarena; o Projeto de Ferro Carajás (PFC), no sudeste do Estado, nomunicípio de Parauapebas.

Mina de Ferro em Carajás, PA. 

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A Barragem da UHE de Tucuruí no Rio Tocantins. Imagem de satélite do Google Earth. 

Desta forma, a Amazônia brasileira se insere no contexto da ideologia dedesenvolvimento regional e segurança nacional do regime militar. Era um períodomarcado pelo autoritarismo, repressão, perseguição policial e militar, supressão dedireitos constitucionais e da liberdade de expressão nos meios de comunicação mediantea adoção da censura prévia. Porém, contraditoriamente, foi um momento tambémmarcado por uma euforia desenvolvimentista.

A construção da rodovia Transamazônica e a implantação de Grandes Projetos industriais

e infraestruturais, como a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, tinham de certa forma umestreito relacionamento; faziam parte da estratégia geopolítica militar para a região. Istorepresentou um processo expansionista profundamente idealizado que buscava atingir oobjetivo de ocupar os “espaços vazios” da região amazônica. As consequências sobre omeio ambiente, a rica biodiversidade regional e seus recursos naturais, e sobre ohomem, em uma região de povos e culturas diversificadas, eram vistas como parte deum projeto maior.

Apesar de a ditadura ter alcançado seus objetivos econômicos, isto não significounenhum projeto de mudança do regime. Assim como a vitória da seleção brasileira defutebol na copa do mundo de 1970, o milagre econômico brasileiro foi utilizado paralegitimar e sustentar o próprio regime militar. País, crescimento econômico, futebol,Copa e seleção brasileira misturavam-se em versinhos patrióticos e propagandas doregime militar.

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 O capitão da seleção de 1970, Carlos Alberto, e o general Médici seguram a taça Jules

Rimet. 

O crescimento econômico produziu modernização e crescimento. A inflação declinou, onível de emprego cresceu e a soma das riquezas produzidas no país aumentaram. Mas asdesigualdades sociais, os níveis de pobreza e a radicalização da repressão do regimecresceram em proporções ainda maiores.

Texto e Contexto

 “A economia vai bem, mas o povo vai mal.” (Do presidente general Médici, em 1971, sobre a situação de pobreza de grande parte

da população brasileira). Redemocratização: “lenta e gradual”. 

A 15 de março de 1974, tomou posse na presidência da República o general ErnestoGeisel. O presidente anunciou nos primeiros dias de seu governo a disposição depromover o “seguro aperfeiçoamento democrático”, por meio de uma “distensão lenta egradual”. 

Durante o seu governo o AI-5 foi revogado pela Emenda Constitucional n° 11, em 28 deagosto de 1978, assim como os demais Atos Institucionais. A censura prévia também foiextinta, mas continuou a proibição de greves em áreas de “segurança nacional”.  

Nesse período, as forças de oposição contra o regime continuavam a se mobilizar, seja noavanço eleitoral do MDB, nas grandes greves dos metalúrgicos a partir de 1978 – nasquais se firmou a liderança de Luís Inácio da Silva, o Lula, presidente do Sindicato dosMetalúrgicos de São Bernardo –, seja nos movimentos de massa da sociedade civil, comono caso do Movimento pelos Direitos Humanos e o Movimento pela Anistia, em 1979.

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Manifestação contra a Ditadura, Lula discursa em assembleia de metalúrgicos do ABC,em S. Bernardo do Campo, SP, 1979. 

Manifestação a favor da Anistia por torcedores em um estádio de futebol em São Paulo,1979. 

O general João Batista Figueiredo sucedeu Geisel na Presidência da República a 15 demarço de 1979, garantindo que conduziria o processo de “abertura política” do regimeaté a democratização do país. Sua primeira medida foi a sanção da Lei de Anistia, emagosto de 1979, que era ampla, geral e irrestrita, ou seja, beneficiava todos os acusadosou condenados por crimes políticos, entre eles inclusive os agentes do aparelhorepressivo do regime (os torturadores), que ficavam livres de processos futuros.

A partir de setembro, líderes políticos exilados começaram a voltar ao Brasil, entre elesos ex-governadores Leonel Brizola (Rio Grande do Sul) e Miguel Arraes (Pernambuco), o

secretário-geral do PCB, Luís Carlos Prestes, e militantes sindicais e estudantis.

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Ainda em 1979, o Congresso aprovou a reforma partidária apresentada pelo governo.Com ela, o bipartidarismo foi extinto. A Arena transformou-se em Partido DemocráticoSocial (PDS), mantendo-se como partido do governo; o MDB mudou seu nome paraPartido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ao seu lado surgiram outros

partidos de oposição, como o Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo metalúrgicoLuís Inácio da Silva, o Lula.

A resistência popular à ditadura diante do desejo pela redemocratização teve seu maiormomento na campanha das Diretas-Já. Nos primeiros meses de 1984, em muitas capitaisestaduais, centenas de milhares de pessoas reuniram-se para pressionar o CongressoNacional a votar favorável uma emenda constitucional que restabeleceria o voto diretopara presidente. A mobilização popular foi extraordinária, mas não o suficiente paraganhar a votação no Congresso. O processo de redemocratização do país viria com umaconciliação...

Continua... 

Texto Complementar 

Nos últimos trinta anos o desenvolvimento da Amazônia teve como principal agenteindutor o Estado Nacional que, através de planos e políticas de desenvolvimento, marcoude forma profunda o cenário econômico, social e político da região.

Além de sua dimensão econômica, a integração regional passa a ser encarada pelosgovernos militares com um forte conteúdo ideológico, consubstanciado na doutrina desegurança nacional: a Amazônia era encarada como espaço estratégico à unidadenacional e para isso se fazia necessário o seu controle territorial. Este implicava nofortalecimento de medidas que, necessárias à ocupação econômica, ganhavam peso eimportância quando associadas a sua compreensão ideológica de ocupação do territóriocomo esquema de segurança.

No entanto, para esta finalidade se faziam necessárias uma série de reformas no

aparelho de Estado.

Na Amazônia é reestruturado todo o aparato de fomento ao desenvolvimento. É criada aSUDAM, em substituição à SPVEA, o Banco da Amazônia – BASA, em substituição aoantigo Banco de Crédito da Amazônia, constituídos de estruturas mais modernas eadequadas à nova fase que começava a ser gestada. Estruturas estas, sem qualquerrepresentação dos Estados, Municípios e Territórios da região, diretamente subordinadasà tecnocracia dos Ministérios e à ação do poder central. Na verdade se pretendia afastarqualquer influencia do poder local no tocante à tomada de decisões.

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Os Grandes Projetos surgem em sincronia com os planos de “potência emergente” daditadura e os sonhos megalomaníacos de no menor espaço de tempo levar o Brasil atomar parte do seleto grupo de países desenvolvidos.

GUIMARÃES, Ricardo J. R. Nos caminhos do sonho: grandes projetos e desenvolvimentoindustrial no Estado do Pará. In: XIMENES, Tereza (Org.). Cenários da industrialização na

Amazônia. Belém: NAEA/UFPA, 1995. pp. 159-164.

Nova República: Sarney, Collor e FHC

Durante o processo de redemocratização do Brasil, o PMDB e a Frente Liberal, novopartido formado por dissidentes do PDS, procuraram compor uma saída conciliatória parao processo de redemocratização do país. Em julho de 1984, nasceu a AliançaDemocrática. Tratava-se de um bloco suprapartidário formado pelo PMDB e pela FrenteAmpla que lançou a chapa formada pelo mineiro Tancredo Neves e pelo maranhense JoséSarney para disputar, respectivamente, a presidência e a vice-presidência da República.Nas eleições de 15 de janeiro de 1985, a Aliança Democrática recebeu a maioria dos

votos no Colégio Eleitoral.

A vitória de Tancredo Neves representou a afirmação dos setores políticos e sócias queoptaram pela transição conciliatória, formado por segmentos da sociedade brasileirainfluentes do poder civil e militar (governo, Congresso e Forças Armada) e grupos daelite.

Com a redemocratização, nascia a Nova República. Na véspera da posse, a 15 de marçode 1985, o presidente eleito Tancredo Neves foi hospitalizado, vindo a falecer um mês emeio depois. Em seu lugar, tomou posse o vice-presidene José Sarney.

O presidente José Sarney 

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Em 1985, o Congresso Nacional tomou decisões importantes para a continuação doprocesso de redemocratização, como a restauração da eleição direta do presidente daRepública, dos prefeitos das capitais e dos municípios e a plena liberdade de organização

partidária, era o fim da clandestinidade para partidos de esquerda como o PCB e o PCdoB.

O processo de abertura política fez nascer a necessidade de dotar o Brasil de uma novaConstituição, defensora dos valores democráticos. O Congresso Constituinte foi instaladoa 1° de fevereiro de 1987. Em 5 de outubro de 1988, o presidente do CongressoConstituinte, Ulisses Guimarães, promulgava oficialmente a nova Constituição brasileira.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88) é a lei fundamental esuprema do Brasil. É a sétima a reger o Brasil desde a sua Independência.

Texto e Contexto 

Constituição da República Federativa do Brasil 

Texto promulgado em 5 de outubro de 1988 

Título I - Dos Princípios Fundamentais 

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados eMunicípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e temcomo fundamentos:I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa humana;IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo político.Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representanteseleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais

Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dodireito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termosseguintes:I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nostermos desta Constituição;II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de

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lei;III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

(...)

Apresentada como Constituição-cidadã, a Carta de 1988 trazia grandes inovações.Ampliou-se a defesa dos direitos de cidadania, como na plena igualdade dos direitos edeveres de homens e mulheres, na defesa dos direitos dos consumidores, no direito deiniciativa do povo em apresentar projetos de lei ao Congresso, na proteção ambiental eno reconhecimento dos direitos dos povos indígenas.

Durante o governo Sarney, o presidente adotou os “Planos de Estabilização”: PlanoCruzado (1986), Plano Bresser (1987) e o Plano Verão (1989), que utilizam váriosrecursos de medidas anti-inflacionárias – congelamento de preços e salários, mudançade moeda, não pagamento (moratória) da divida externa.

As crescentes dificuldades sociais e econômicas do país enfraqueceu o governo Sarney etornaram-se o centro da campanha presidencial de 1989, vencida por Fernando Collor deMello, candidato do conservadorismo.

Collor e FHC 

Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito pelo voto popular em 29 anos, combase no Partido da Reconstrução Nacional (PRN), criado exclusivamente para lançá-lo nadisputa presidencial, assume um programa de moralização da vida pública (“caça aos

marajás”) e de modernização na economia.

O presidente Fernando Collor de Mello 

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Logo no inicio de seu mandato acaba adotando medidas econômicas e administrativasdestinadas a extinguir a inflação, decretando o confisco temporário de contas depoupança e dos depósitos nas contas correntes.

Economia: procurou lançar a economia brasileira numa nova etapa de modernizaçãopara a sua “inserção competitiva” no mercado mundial. Diminuiu ou suspendeu tarifas de

importação, abriu o mercado brasileiro para futuras instalações de novas montadoras deveículos e empresas petroquímicas. O passo mais importante foi a constituiçãodo Mercosul (Mercado Comum do Sul) em 1991, formado por Brasil, Argentina, Uruguaie Paraguai.

Inflação, desacertos e corrupção do governo Collor gerou manifestações para exigir suadestituição, lideradas pela UNE.

1992 em São Paulo. Manifestações em todo país exigiam a destituição de Collor. A notada campanha, Fora Collor!!! Foi dada pelos estudantes liderados pela UNE.

Para não ser julgado e destituído, Collor, já afastado da presidência desde outubro,renunciou em 29 de dezembro de 1992. Collor foi substituído pelo mineiro Itamar Franco,

que colocou no Ministério da Fazenda, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.

Com o Plano Real, Fernando Henrique Cardoso, gerou efeitos positivos na economia aopromover a estabilização da economia, com reflexos diretos na cesta básica e em

produtos de consumo popular, cujos preços se estabilizaram. Esses efeitos positivosforam decisivos para a vitória de FHC nas eleições presidenciais de 1994.

O Real 

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Presidente Fernando Henrique Cardoso 

Reeleito, FHC deu continuidade à política de abertura da economia para o mercadomundial e de integração do país no processo de globalização. Também acelerou o

processo de privatizações. Apesar do controle da inflação, os anos FHC,caracterizaram-se pela estagnação da economia e pela desigualdade na distribuição derenda.

Desempregados em fila em frente da prefeitura de São Paulo, para fazer cadastro paraemprego, 1999. 

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 Em tempos de globalização, há problemas mundiais nos países em desenvolvimento.

Charge de Angeli. 2004.

Vida Urbana: Redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregaçãoespacial

REDES E HIERARQUIAS URBANAS

Rede Urbana

A rede urbana é formada pelo sistema de cidades, no território de cada país interligadasumas às outras através dos sistemas de transportes e de comunicações, pelos quaisfluem pessoas, mercadorias, informações etc. Obviamente as redes urbanas dos paísesdesenvolvidos são mais densas e articuladas, pois tais países apresentam alto nível deindustrialização e de urbanização, economias diversificadas e dinâmicas, vigorosomercado interno e alta capacidade de consumo. Quanto mais complexa a economia deum país ou de uma região, maior é a sua taxa de urbanização e a quantidade de cidades,mais densa é a sua rede urbana e, portanto, maiores são os fluxos que as interligam. Asredes urbanas de muitos países subdesenvolvidos, particularmente daqueles de baixonível de industrialização e urbanização, são muito desarticuladas, por isso as cidadesestão dispersas no território, muitas vezes nem mesmo formando propriamente umarede.

Assim, As redes das cidades mais densas e articuladas surgem justamente naquelasregiões do planeta onde estão as megalópoles: nordeste e costa oeste dos EstadosUnidos, porção ocidental da Europa e sudeste da ilha de Honshu no Japão, embora hajaimportantes redes em outras regiões do planeta, como aquelas polarizadas pela Cidadedo México, por São Paulo, por Buenos Aires e muitas outras de menor importânciaespalhadas pelo mundo.

Hierarquia Urbana 

Desde o final do século XIX, muitos autores passaram a utilizar o conceito de rede urbanapara se referir à crescente articulação existente entre as cidades, como resultado da

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expansão do processo de industrialização ou urbanização, no mesmo período, natentativa de apreender relações travadas entre as cidades no interior de uma rede, anoção de hierarquia urbana também passou a ser utilizada. O conceito foi tomado do

 jargão militar, em que há, de fato, uma rígida hierarquia, ou seja, o subordinado tem dese reportar ao seu superior imediato. Assim, por exemplo, no exército, o soldado tem dese reportar ao cabo, que por sua vez tem de se reportar ao sargento, que tem de sereportar ao tenente, capitão etc. sempre num crescendo de poder e de influência, até

chegar ao topo máximo da hierarquia, que seria o cargo de general. Desse modo,fazendo uma analogia, a vila seria o soldado e a metrópole completa, o general. Logo ametrópole seria o nível máximo de poder e influência econômica e a vila, o nível maisbaixo, e sofreria influência de todas as outras. Desde o final do século XIX até meados dadécada de 70, foi essa a concepção de hierarquia urbana utilizada.

Ocorre que essa concepção tradicional de hierarquia urbana não dá mais conta dasrelações concretas travadas entre as cidades do interior da rede urbana. Com oscrescentes avanços tecnológicos, com a brutal modernização dos sistemas detransportes e de comunicações, com o barateamento e a maior facilidade de obtenção deenergia, com a disseminação dos automóveis, enfim, com a "contração" do tempo e o"encurtamento" das distâncias, as relações entre as cidades já não seguem mais o"esquema militar", pelo qual era necessário "galgar" postos dentro da hierarquia dascidades como foi visto acima. Atualmente, já é possível falar da existência de uma novahierarquia urbana, dentro da qual a relação da vila ou da cidade local pode ser travadacom o centro regional, com a metrópole regional ou, em certos níveis, mesmodiretamente com a metrópole nacional.

Assim, é possível uma família morar numa vila (ou bairro) da cidade de Sorocaba (centroregional), que fica aproximadamente a 100 quilômetros de São Paulo, e deslocar-se

periodicamente à metrópole paulistana para as compras, ou para o lazer, ou mesmo paratrabalhar e, dessa forma, deslocar-se cotidianamente. É possível uma pessoa morar emAraçoiaba da Serra (cidade local) e ter mais vínculos com São Paulo (metrópole nacional)do que com Sorocaba (centro regional). É também plenamente possível uma pessoaresidir numa chácara, na zona rural da região de São Roque (cidade local) situada a uns60 quilômetros de São Paulo e estar totalmente integrada à metrópole, sem Ternecessidade de ir ao centro de São Roque. O que há em comum entre todas essaspessoas é que elas podem dispor de modernas rodovias (Castelo Branco e raposoTavares) para se deslocar.

Atualmente, uma pessoa pode residir numa chácara ou num sítio, na zona rural, ou numapequena cidade, lugares distantes de um grande centro, e estar mais integradas do queoutra pessoa que resida no interior desse mesmo centro. Se a pessoa vive, por exemplo,

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numa chácara a quilômetros da grande cidade, mas tem à sua disposição telefone,computador, modem, fax, antena parabólica e um bom automóvel, ela está maisintegrada do que a pessoa que mora dentro da cidade, por exemplo, num cortiço ounuma favela, e não tem acesso a todos esses modernos bens e serviços. Percebe-se,portanto, que o que define a integração ou não das pessoas à moderna sociedadecapitalista é a maior ou menor disponibilidade de renda e, consequentemente, apossibilidade de acesso às novas tecnologias, aos novos conhecimentos, aos novos bens

e serviços, e não mais as distâncias que as separam dos lugares.

Essa relativização das distâncias que tem repercussões na rede urbana, também podeser verificada nas relações capitalistas de produção. Veja o caso da agroindústria do sucode laranja ou de açúcar e álcool do interior do estado de São Paulo. Essas indústrias estãolocalizadas na zona rural, e, no entanto, a mão de obra que utilizam os boias-frias, vivenas cidades. Além disso, elas dispõem de grandes volumes de capital e produzem para opaís inteiro e para o exterior. Tome-se o exemplo da Cutrale, localizada no município deBebedouro (estado de São Paulo). Praticamente toda a sua produção de sucoconcentrado está voltada para a exportação e é escoada em caminhões até o porto deSantos, de onde é transportada em navios principalmente para os Estados Unidos. Estaindústria que está na zona rural, relaciona-se com a cidade de Bebedouro contratando

trabalhadores, recolhendo impostos etc. e, ao mesmo tempo, com o mundo através desuas exportações.

Nos países desenvolvidos, e mesmo nas regiões industrializados de paísessubdesenvolvidos, é cada vez mais comum a descentralização das indústrias, instaladasna zona rural, nos eixos de modernas rodovias e ferrovias. Paralelamente, a produçãoagropecuária foi quase totalmente incorporada pelo capital industrial, pela agroindústria.Tudo isso nos permite concluir que a oposição campo x cidade ou agricultura x indústria

 já não faz muito sentido na análise geoeconômica dos dias de hoje, notadamente nospaíses desenvolvidos. A expansão do capital vai envolvendo todas as atividades noprocesso de modernização, o que acaba levando ao rompimento dessas oposições. Tudoacaba sendo integrado econômica e geograficamente na lógica do lucro, na lógica dareprodução do capital.

VOCÊ PRECISA SABER  

• Quais são os fatores que condicionam a urbanização nos países desenvolvidos?  

• Quais os principais problemas da urbanização nos países subdesenvolvidos? 

• O que você entende por rede e hierarquia urbana? 

• Quais as diferenças fundamentais entre a tradicional e a nova hierarquia urbana?

• Por que a clássica oposição campo X cidade e agricultura X indústria já não faz maissentido atualmente nas regiões mais ricas do planeta?

• O que significa dizer que as distâncias são relativas hoje em dia? Qual é a consequênciadisso na urbanização atual?

• REDE URBANA E A HIERAQUIA DAS GRANDES CIDADES 

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• Nem todas as cidades tiveram o mesmo desenvolvimento e algumas cidades cresceramem ritmos diferentes do que outras. Esse fenômeno ocorreu não só em termos doaumento da população, mas também em relação à complexidade dos setoressecundários e terciários. Com o capitalismo houve uma intensificação das trocas entre ascidades, e as maiores passaram a ter uma crescente influencia sob as menores, chamadade redes urbanas. Essas são mais complexas em áreas com economias mais

desenvolvidas, estabelecendo a partir de sua influência econômica, política, social umahierarquia urbana sob as redes urbanas e cidades mais atrasadas.

• Metrópole mundial ou cidade global – exerce influencia não somente em seu país, masem todo o mundo. Ex: NY,

Tóquio. Alguns autores da geografia consideram cidades globais somente as cidadesglobais dos países desenvolvidos. Outros incluem como cidades globais cidadeslocalizadas em países em desenvolvimento, como SP.

• Características das cidades globais: polo tecnológico, centro econômico e financeiro,forte industrialização e desenvolvimento do setor de serviços, com influência global na

dinâmica do sistema capitalista globalizado. Outros exemplos: Chicago, Londres, Paris,Zurique (países ricos); SP, Cidade Do México (países em desenvolvimento).

• IMPORTANTE: existe um conceito de mega cidades formulado pela ONU para classificarcidades com mais de 100 milhões de habitantes, uma cidade global para a ONU pode ounão se confundir com uma mega cidade. Exemplo: Tóquio (mega cidade e cidade global),SP (mega cidade).

• Metrópole nacional – exerce influência em uma determinada região nacional. Ex: SP,RJ, POA, BH.

• Metrópole regional – Vitória, Goiás, Manaus, Caxias do sul.

• Capital regional- serve de polo para diversos centros regionais menores- Pelotas, RioGrande.

• Centro regional - tem influencia sob cidades menores e vilas- Torres, Gramado.

• Megalópoles 

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A crescente urbanização gerou um fenômeno conhecido como conurbação, que designaum processo em que duas ou mais cidades passam a constituir uma área entregada,usufruindo serviços de infraestrutura comum, tornando as áreas urbanas contínuas. Aszonas rurais que ficavam nas periferias dessas cidades foram desaparecendo, ocupadaspor atividades tipicamente urbanas, diminuindo assim os espaços entre elas. Os limites

entre uma e outra passam a ser praticamente imperceptíveis, não se distinguindo ondecomeça uma e termina a outra, criando-se uma verdadeira união física das cidades. Issonão significa que necessariamente em áreas conurbadas inexistam zonas rurais. Muitasvezes encontramos pequenas zonas agrícolas,quase sempre voltadas para a policulturaque tem como destino o abastecimento das próprias cidades.

• O processo de crescimento e expansão das cidades deu origem às metrópoles, cidadesinterligadas com serviços de infraestrutura urbana comuns, onde uma delas exerce umafortíssima influência sobre as outras sendo por isso chamada de cidade central. Essasáreas metropolitanas continuam em expansão, algumas em um ritmo mais acelerado doque outras. Assim, o espaço ocupado pelas áreas metropolitanas muitas vezes acabadecorrendo em um fenômeno que resulta no surgimento das megalópoles, ou seja, na

conurbação das metrópoles.EXEMPLOS DE MEGALÓPOLES 

• Boswash no nordeste americano estende-se de Washington até Boston, na região dosGrandes Lagos.

• Chipitts nos grande lagos dos EUA tem uma população de 50 milhões de habitantes, deChicago até Bittsburgh.

• Japonesa- de Tóquio até Nagasáqui, como mais de 100 milhões de hab.

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As cidades tecnopólos – a revolução tecno-científica (terceira revolução industrial) que

marcou o século 20. Em especial sua segunda metade, trouxe consequências também naorganização espacial das cidades, dando origem àquelas conhecidas como tecnopólos.Hoje a tecnologia é vital para as relações econômicas. A pesquisa e os institutos detecnologia de ponta passaram a ser os centros nervosos para a própria dinâmica domundo capitalista. Nos anos noventa um fenômeno importante marca a transformaçãode antigos centros universitários de pesquisa avançada passam a ter uma revolução ativacom as empresas de alta tecnologia, como por exemplo, de informática,telecomunicações e biotecnologia. Esses centros de excelência tornaram-se polos para aatração de indústrias dessa área. Os tecnopólos normalmente estão situados próximos agrandes centros urbanos. Um dos mais importantes tecnopólos norte-americanos éBoston, Massachusetts, onde estão duas das mais importantes universidades do mundocomo Harvard e o MIT. Nessa área alem da indústria bélica, encontramos muitas outrascompanhias ligadas a outros ramos da tecnologia de ponta. Embora esse tipo de

aglomeração seja típico dos países ricos, dado ao volume de investimento e acomplexidade da infraestrutura técnica, países como a índia e a Coréia do Sul veminvestindo muito em educação e em pesquisas para desenvolver seus tecnopólos.

Pobreza

A pobreza é um estado de miséria que causa sofrimentos por insuficiência dealimentação, que por sua vez gera problemas de saúde e, esses dois fatores influem noaprendizado e consequentemente na profissionalização, que possa levar a pessoa a umaremuneração melhor e sair do estado de miséria. Há muitas décadas se discute o círculo

vicioso da pobreza e as estratégias para romper esse círculo e partir para umdesenvolvimento sustentado tem sido modestas. O círculo, para lembrar, consiste doseguinte: O país (ou região) é pobre porque falta capital; falta capital porque há baixacapacidade de poupança (de acumulação de riqueza); há baixa capacidade de poupançaporque há baixa renda; há baixa renda porque há baixa produtividade e há baixaprodutividade porque há falta de capital.

A primeira vista parece ser simples a solução: basta injetar capital. Mas não é tão simplesassim, porque o capital precisa, em contrapartida, de recursos humanos, necessáriospara que possa produzir. De nada adianta um equipamento sem que se tenha alguémpara operá-lo. Necessitamos, portanto, melhorar os recursos humanos, cujo processo

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não é fácil, dado ao estado de miséria em que se encontra essa massa de recursopotencial. Tem sido amplamente divulgado pela imprensa que no Brasil, temos 32milhões de pessoas em estado de miséria.

Para ver a diferença de efeitos da injeção de recurso: é só ver o efeito do Plano Marshallna Europa e o Plano da Aliança para o Progresso na América Latina. Para a reconstruçãoda Europa, destruída pela guerra foi necessário apenas à injeção de capital, pois recursoshumanos havia. Na América Latina, pela falta do mesmo nível de recursos humanos, nãotivemos os mesmos resultados. Criou-se, logo após a Segunda Guerra Mundial o BancoMundial, cujo nome é Banco Internacional de Reconstrução e Fomento (BIRF). Os poucosanos que injetou recursos na reconstrução da Europa deu um resultado fantástico; secomparado com os muitos anos que vem injetando recursos de fomento em todo omundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento, também chamado terceiro mundo.

A pobreza tem aumentado e continua aumentando, por duas razões: o crescimentodemográfico, que tem sido bem maior nas camadas mais pobres que nas camadas maisricas, e a falta de capacidade de nos ajustarmos as mudanças tecnológicas.

O crescimento demográfico, especialmente nas camadas de menor poder aquisitivo, gera

um ônus que dificulta a capitalização para promover o progresso econômico e assimmelhorar o bem estar das pessoas. Há vinte anos tínhamos uma populaçãoaproximadamente igual a do Japão. Hoje temos vinte milhões mais que o Japão. Sãomilhões de pessoas que ainda não se incorporaram na forma ativa de trabalho, mas querepresentam custo para a sociedade: alimentação, vestuário, educação, saúde, etc.

Os recursos gastos na manutenção desse contingente são recursos a menos que temospara investir no progresso da sociedade. Esse contingente é apenas o adicional aocontingente a ser mantido de uma ou outra forma, sem que tenham condições deauto-sustentação e progresso com suas próprias forças.

E esse processo vem ocorrendo há muito tempo. Sempre somos o país do futuro. Muitos

morrem de velho e não chegam a desfrutar dos benefícios com os quais sonharam,quando em sua juventude lhes era solicitado sacrifício. Sempre em nome do país dofuturo, sua esperança terminou como sua própria sombra que não conseguiram alcançarna corrida da vida. Como a corda rebenta na parte mais fraca, boa parte do ônus parasocorrer os mais necessitados recaiu sobre os ombros da classe média, fazendo com quemuitos destes passassem para o grupo dos pobres, aumentando o contingente denecessitados.

O avanço tecnológico e a necessidade de adaptar-se as contingências do mundo atualrequerem reajustes que implicam em sacrifícios. Só uma revolução industrial, com osurgimento das indústrias, deixou artesão e camponeses sem os meios mínimos desobrevivência, a grande miséria reinante na Europa naquela época, fez com que grandemassa humana buscasse novos horizontes migrando para as Américas. Foi naquelareciclagem que vieram para o Brasil os imigrantes alemães e italianos.

Hoje, com a revolução tecnológica e a globalização da economia, tem-se geradodesemprego que requer uma reciclagem e geração de novas oportunidades de produção.A migração para novas fronteiras, na mesma profissão, não existe mais. O mundo viveum processo de globalização para capitais e bens materiais, mas não há a mesmamobilidade nos recursos humanos. Isso cria uma dificuldade especial, que é anecessidade de criar novos empregos nas próprias regiões geográficas do planeta. A faltade capacidade de produzir essa reciclagem faz com que a pobreza aumente. O desesperoaumenta a insegurança, criando mais gastos para a sobrevivência do bem-estar aindaexistente.

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Segregação espacial

 “É impossí vel esperar que uma sociedade como a nossa, radicalmente desigual e

autoritária, baseada em relações de privilégio e arbitrariedade, possa produzir cidades

que não tenham essas características”. (MARICATO, 2001, p. 51) 

Villaça (2001) argumenta que uma das características mais marcantes das metrópoles

brasileiras é a segregação espacial das classes sociais em áreas distintas da cidade. Basta

uma volta pela cidade – e nem precisa ser uma metrópole – para constatar a

diferenciação entre os bairros, tanto no que diz respeito ao perfil da população, quanto às

características urbanísticas, de infra-estrutura, de conservação dos espaços e

equipamentos públicos, etc.

 “[...] a segregação é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais

tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de

bairros da metrópole.” (VILLAÇA, 2001, p. 142 – grifo no original).

E, no entanto, a segregação urbana traz inúmeros problemas às cidades. O primeiro é,

obviamente, a desigualdade em si. Camadas mais pobres da população, com menos

recursos, são justamente as que gastam mais com o transporte diário, que têm mais

problemas de saúde por conta da falta de infra-estrutura, que são penalizadas por

escolas de baixa qualidade, e assim por diante. A própria segregação é não apenas

reflexo de uma condição social, mas um fator que contribui para tornar as diferenças

ainda mais profundas.

Além disso, a segregação tende a enfraquecer as relações sociais, o contato com o

diferente e a tolerância. Crianças criadas em condomínios fechados muitas vezes não

têm praticamente nenhum contato com as áreas mais pobres da cidade. Que tipo de

visão ela terá sobre as desigualdades sociais no futuro? Como ela irá encarar essa

desigualdade, e a que causas atribuirá? Será que terá o desejo de contribuir para

diminuí-la, e como poderá fazer isso?Com isso vem a violência. A segregação espacial aumenta a sensação de desigualdade e

pode contribuir para uma maior violência urbana.

Tipos de segregação

Existem vários tipos de segregação: etnias, nacionalidades, classes sociais. Esta última é

a que domina a estruturação das metrópoles brasileiras (VILLAÇA, 2001).

Lojikine (1997) identificou três tipos de segregação:

1.  uma oposição entre o centro e a periferia;

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2.  uma separação cada vez mais acentuadas entre as áreas ocupadas pelas moradias

das classes mais populares e aquelas ocupadas pelas classes mais privilegiadas;

3.  uma separação entre as funções urbanas, que ficam contidas em zonas destinadas a

funções específicas (comercial, industrial, residencial, etc.)

É possível distinguir ainda entre a segregação “voluntária” e a “involuntária”. A primeirarefere-se àquela em que o indivíduo ou uma classe de indivíduos busca, por iniciativa

própria, localizar-se próximo a outras pessoas de sua classe. A involuntária, ao contrário,

é aquela em que as pessoas são segregadas contra a sua vontade, por falta de opção.

Ambos os tipos são as duas faces de uma mesma moeda: à medida que uma acontece, a

outra também acaba acontecendo.

Como acontece a segregação

O padrão mais conhecido de segregação é o centro x periferia, seguindo uma organização

em círculos concêntricos. Segundo esse modelo, as classes sociais mais ricas ficariam nas

áreas mais centrais dotadas de infra-estrutura e com maiores preços, e as classes pobres

ficariam relegadas às periferias distantes e desprovidas de equipamentos e serviços.

Esse padrão, entretanto, não é o mais comum nas cidades brasileiras. Aqui, o padrão

existente é o de ocupação das camadas de mais alta renda em setores específicos da

cidade, segundo uma lógica radial, isto é, partindo do centro principal.

[...] os bairros das camadas de mais alta renda tendem a se segregar (os próprios

bairros) numa mesma região geral da cidade, e não a se espalhar aleatoriamente portoda a cidade. [...] Se o principal móvel da segregação fosse a busca de posição social, do

status, da proteção dos valores imobiliários, ou proximidade a ‘iguais’, bastaria haver a

segregação por bairro[...]; uns ao norte, outros a oeste, outros a leste e outros ainda ao

sul da metrópole. Isso não ocorre, porém. (VILLAÇA, 2001, p. 150)

Essa forma de ocupação do espaço pelas camadas de mais alta renda não acontece por

acaso. Observando a figura abaixo, podemos começar a ter uma ideia do porquê.

 Alternativas de segregação metropolitana. Fonte: (VILLAÇA, 2001, p. 340).

A estruturação interna das cidades obedece, prioritariamente, à lógica de localização das

camadas de mais alta renda. Estas procuram se localizar em áreas com boa

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acessibilidade ao centro principal e, ao fazê-lo, pioram a acessibilidade das outras áreas.

Com o deslocamento progressivo dos serviços e equipamentos urbanos na direção das

áreas de mais alta renda, a localização das outras classes vai se tornando

progressivamente (relativamente) pior.

Assim, inicialmente a localização das elites tende a ser uma área próxima ao centro. Àmedida que o sistema urbano vai se desenvolvendo, uma série de serviços e comércios

tende a se deslocar do centro principal em direção à área ocupada pelas classes mais

altas. Surgem então subcentros especializados em serviços destinados a essas classes.

Além disso, os investimentos públicos também tendem a se concentrar nessas áreas,

principalmente aqueles relacionados à melhoria do sistema viário e, portanto, às

condições de acessibilidade (do automóvel, não necessariamente do transporte coletivo).

A mesma coisa acontece com relação aos serviços públicos e edifícios administrativos.

Nesse sentido, portanto, é mais viável para as elites manterem uma estrutura similar à

figura da esquerda do que à da direita. Dessa forma, é possível controlar os

investimentos públicos em uma área relativamente pequena, o que não seria o caso se

essas áreas estivessem espalhadas pela cidade. A criação de um conjunto pequeno de

vias arteriais já é suficiente para atendê-la.

Da mesma forma, a criação de muitos (pequenos) centros de serviços destinados às

elites (delicatessens, antiquários, restaurantes e hotéis de luxo, etc.) em vários pontos

da cidade não seria viável. Portanto, estes se beneficiam da proximidade entre elas para

poderem manter todo um conjunto de benesses urbanísticas que, de outra forma, não

poderia ser mantido.Na minha cidade, Florianópolis, essa teoria de Villaça pode ser constatada, conforme

comprovado por Maria Inês Sugai (2003) em sua tese de Doutorado. As áreas de renda

mais alta têm se concentrado ao norte e a leste da parte insular, ou seja, um setor

específico do Município, pelo menos desde a década de 50. Isso incluiu, por exemplo, a

construção da Av. Beira Mar Norte, que induziu o crescimento nessa direção, mesmo

contrariando o plano diretor que dava prioridade de implantação à Via Expressa Sul e à

ocupação da porção sudeste da Ilha.

Capitalismo e Socialismo

Capitalismo

Vivemos em um mundo capitalista!”. Certamente, esta frase foi dita ou ouvida pelamaioria das pessoas, porém muitos ainda não sabem o que significa viver em um mundocapitalista.

Capitalismo é o sistema sócio-econômico em que os meios de produção (terras, fábricas,máquinas, edifícios) e o capital(dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem umdono.

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Antes do capitalismo, o sistema predominante era o Feudalismo, cuja riqueza vinha daexploração de terras e também do trabalho dos servos. O progresso e as importantesmudanças na sociedade (novas técnicas agrícolas, urbanização, etc.) fizeram com queeste sistema se rompesse. Estas mesmas mudanças que contribuíram para a decadênciado Feudalismo, cooperaram para o surgimento do capitalismo.

Os proprietários dos meios de produção (burgueses ou capitalistas) são a minoria dapopulação e os não-proprietários (proletários ou trabalhadores – maioria) vivem dossalários pagos em troca de sua força de trabalho.

Características do Capitalismo

Toda mercadoria é destinada para a venda e não para o uso pessoalO trabalhador recebe um salário em troca do seu trabalhoToda negociação é feita com dinheiroO capitalista pode admitir ou demitir trabalhadores, já que é dono de tudo (ocapital e a propriedade)

Fases do Capitalismo

Capitalismo Comercial ou mercantil: consolidou-se entre os séculos XV eXVIII. É o chamado Mercantilismo. As grandes potências da época (Portugal,Espanha, Holanda, Inglaterra e França) exploravam novas terras ecomercializavam escravos, metais preciosos etc. com a intenção de enriquecer.Capitalismo Industrial: Foi a época da Revolução Industrial. Capitalismo Financeiro: após a segunda guerra, algumas empresascomeçaram a exportar meios de produção por causa da alta concorrência e docrescimento da indústria.

O capitalismo vem sofrendo modificações desde a Revolução Industrial até hoje. No início

do século XX, algumas empresas se uniram para controlar preços ematérias-primas impedindo que outras empresas menores tenham a chance de competirno mercado.

Nessa época várias empresas se fundiram, dando origem as transnacionais (tambémconhecidas como multinacionais). São elas: Exxon, Texaco, IBM, Microsoft, Nike, etc.

OBS: O nome transnacional expressa melhor a ideia de que essas empresas atuam alémde seu país. O termo multinacional nos levava a concluir que a empresa tinha váriasnacionalidades. Por esta razão, o termo foi substituído.

A união de grandes empresas trouxe prejuízo para as pequenas empresas que não

conseguem competir no mercado nas mesmas condições. Ou acabam sendo “devoradas” pelos gigantes ou conseguem apenas uma parcela muito pequena no mercado.

Visando sempre o lucro e o progresso, grandes empresas passaram a valorizar seusempregados oferecendo-lhes benefícios no intuito de conseguir extrair deles a vontadede trabalhar.

Consequentemente, essa vontade e dedicação ao trabalho levará o empregado adesempenhar o serviço com mais capricho e alegria, contribuindo para o sucesso daempresa.

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Infelizmente, muitas empresas não investem em seus operários e muitos delestrabalham sem a menor motivação, apenas fazem o que é preciso para se manterem noemprego e assegurar o bem-estar de sua família.

Socialismo

No final da primeira metade do século XIX, diversos movimentos contra as monarquiasnacionais contaram com a participação do operariado de diferentes países. Por meio daderrubada desses regimes absolutistas, a figura do trabalhador representava ascontradições e os anseios de um grupo social subordinado ao interesse daqueles queconcentravam extenso poder econômico em mãos. Foi nesse período em que novasdoutrinas socialistas ofereceram uma nova perspectiva sobre a sociedade capitalista e acondição do trabalhador contemporâneo.

Lançando a obra “Manifesto Comunista”, Karl Marx e Friedrich Engels inauguraram umconceito fundado na ideia de que, ao longo da História, as sociedades foram marcadaspelo conflito de classes. Dessa maneira, a sociedade industrial dividia-se em dois gruposprincipais: de um lado a burguesia, detentora dos meios de produção (máquinas, fábricas

e terras); e do outro o proletariado, que vendia sua força de trabalho ao burguês emtroca de um salário que o sustentasse.

Na perspectiva desses pensadores, a oposição de interesses dessas classes representavaum tipo de antagonismo que, ao longo da trajetória das civilizações, configurou-se dediferentes formas. Essa luta de classes era originada pelas condições em que as riquezaseram distribuídas entre os homens. Essas formas de distribuição formavam a teoria domaterialismo histórico que, em suma, defendia que as maneiras de pensar e agir eramdeterminadas pelas condições materiais de uma sociedade.

No caso da sociedade capitalista, os operários viviam em constante situação penosa, poisa burguesia organizava meios para que os trabalhadores permanecessem em umasituação excludente. Por meio da teoria da mais-valia, Marx e Engels, demonstraram queos trabalhadores não recebiam um pagamento equivalente ao valor das riquezas por elesproduzido. Isso seria possível devido o monopólio dos bens de produção exercido pelaburguesia e pela alienação dos trabalhadores que, por meio da especialização de seutrabalho, não sabiam ao certo o valor da riqueza que produziam.

Mesmo assinalando todas as desigualdades e problemas do mundo capitalista, a teoriamarxista propôs uma solução a essa situação injusta. Estudando as transformações dahistória, o marxismo percebeu uma relação dialética (transformadora) entre os homens.A partir daí, a instabilidade do mundo capitalista e a piora das condições do proletárioabriu portas para o surgimento de ideias novas e contrárias à realidade vigente. Ostrabalhadores tomaram consciência de sua situação e, por conseguinte, buscaram meiospara que as diferenças que os afastavam da burguesia fossem de alguma formasuperadas.

Segundo o marxismo, a luta dos trabalhadores deveria mover-se em direção da tomadado poder político. Assumindo as instituições políticas, a chamada ditadura do proletariadodeveria extinguir as condições de privilégio e dominação criadas pela burguesia.Instituindo um governo socialista, as desigualdades e as classes sociais deveriam serabolidas. Os meios de produção deveriam ficar nas mãos do Estado e toda riquezadeveria ser igualitariamente dividida.

Com isso, as distinções entre os homens perderiam o seu espaço. A propriedade privada,as classes sociais e, por fim, o Estado finalmente desapareceria. A ditadura doproletariado não seria mais necessária, pois a sociedade comunista não veria sentido em

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nenhuma forma de poder instituído. Os indivíduos alcançariam a felicidade exercendo otrabalho que melhor lhe conviesse e, por ele, receberiam um salário capaz de prover oseu sustento.

Antevendo a reprodução e internacionalização de todas as mazelas do mundo capitalista,Marx defendeu a imediata união dos trabalhadores rumo ao conjunto de transformaçõesnecessárias para o início dessa revolução. Por isso, enxergou na união do proletariado omais poderoso instrumento pelo qual, finalmente, as desigualdades do capitalismopudessem ser superadas. É por isso que, a mais célebre frase do Manifesto Comunistaprofere: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”. 

Com o legado científico deixado por Marx e Engels, o socialismo passou a configurar umanova forma de enxergar a condição do homem e sua história. Por meio de suaspropostas, novos movimentos e pensadores deram continuidade ao desenvolvimento dediversas teorias de influência marxista. Ainda hoje, podemos nos deparar com partidos emovimentos que lutam, cada um a seu modo, pelas ideias um dia elaboradas por essesdois teóricos.

As Características do SocialismoNo mundo, existem dois tipos de sistema político-econômico: o capitalismo e osocialismo. O sistema capitalista vigora desde o século XVIII. No entanto, no século XIX,o capitalismo não estava agradando aos trabalhadores europeus, em razão da condiçãode exploração em que viviam. Tal fato fez surgir no continente um sentimento demudança.

A classe proletária pôde enxergar uma solução no socialismo, que figurava como umacervo de ideias que tinha como objetivo a implantação de um modelo de sociedade mais

 justa, para extinguir a sociedade de classes, na qual os capitalistas exploram ostrabalhadores.

A insatisfação e o desejo de mudanças foram reforçados com as ideias de dois grandespensadores alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, que dispuseram de um conjunto deideias necessárias para a instauração de uma sociedade plenamente socialista. Taisideias surgiram após um rigoroso estudo sobre o capitalismo.

A implantação do socialismo ocorreu somente no século XX, mais precisamenteem 1917, quando o governo monarquista foi derrubado pela revolução russa, dandoorigem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na segunda metade doséculo XX o socialismo ganhou outros adeptos, como os países do Leste Europeu, além daChina, Cuba e algumas nações africanas e asiáticas. No entanto, com configurações

socialistas distintas.

As características do socialismo são completamente diferentes em relação aocapitalismo, a seguir veja os principais aspectos socialistas:

• Meios de produção socializados: no socialismo toda estrutura produtiva, comoempresas comerciais, indústrias, terras agrícolas, dentre outras, são de propriedade dasociedade e gerenciados pelo Estado. Toda riqueza gerada pelos processos produtivos éigualmente dividida entre todos.

• Inexistência de sociedade dividida em classes: como os meios de produção pertencem

à sociedade, existe somente uma classe; a dos proletários. Todos trabalham em conjunto

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e com o mesmo propósito: melhorar a sociedade. Por isso não existem empregados nempatrões.

• Economia planificada e controlada pelo Estado: o Estado realiza o controle de todos ossegmentos da economia e é responsável por regular a produção e o estoque, o valor dosalário, controle dos preços e etc. Configuração completamente diferente do sistema

liberal que vigora no capitalismo, no qual o próprio mercado controla a economia. Dessaforma, não há concorrência e variação dos preços.

Capitalismo e Socialismo – Diferenças

Principais diferenças entre o Capitalismo e o Socialismo 

- Capitalismo: liberdade econômica (livre concorrência) com poucaintervenção do governo na economia.- Socialismo: falta de liberdade econômica com grande intervenção dogoverno na economia.

- Capitalismo: salários dos trabalhadores definidos pelo mercado.- Socialismo: salários controlados e definidos pelo governo.

- Capitalismo: preços dos produtos são definidos pela lei da oferta eprocura.- Socialismo: preços controlados pelo governo.

- Capitalismo: investimentos nos setores da economia feitos pelo Estadoe também pela iniciativa privada.- Socialismo: investimentos feitos apenas pelo Estado.

- Capitalismo: existência de desigualdades sociais, principalmente nos

países em desenvolvimento.- Socialismo: baixa desigualdade social.

- Capitalismo: existência de classes sociais, definidas, principalmente,pela condição econômica das pessoas.- Socialismo: inexistência de classes sociais.

- Capitalismo: meios de produção (fábricas, fazendas) e bancos nasmãos de particulares (propriedade privada).- Socialismo: fábricas, fazendas, bancos controlados pelo governo.

- Capitalismo: valorização e existência do lucro nos negócios, que ficam

para o(s) proprietário(s).- Socialismo: a renda derivada da produção é socializada entre ostrabalhadores.

- Capitalismo: existência de pobreza e miséria em grande parte dospaíses.- Socialismo: o governo garante o necessário (educação, saúde,alimentação) para a sobrevivência das famílias. Baixíssimo índice depobreza.

- Capitalismo: sistemas de educação e saúde público e privado.- Socialismo: sistema de educação e saúde público.

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Observação: as características apontadas são baseadas nas experiênciasdos países que aplicaram na prática o capitalismo e o socialismo. Foramconsiderados aspectos econômicos e sociais na comparação.

Revolução Industrial

As máquinas foram inventadas, com o propósito de poupar o tempo do trabalho humano.Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na Inglaterra durante o séculoXVIII. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias ficou maior e os lucrostambém cresceram. Vários empresários; então, começaram a investir nas indústrias.

Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As grandes chaminésexpelindo fumaça representava desenvolvimento.

Com tanto avanço, as fábricas começaram a se espalhar pela Inglaterra trazendo váriasmudanças. Esse período é chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e elacomeçou na Inglaterra.

A burguesia inglesa era muito rica e durante muitos anos continuou ampliando seusnegócios de várias maneiras:

financiando ataques piratas (corsários) traficando escravosemprestando dinheiro a jurospagando baixos salários aos artesãos que trabalhavam nas manufaturasvencendo guerrascomerciandoimpondo tratados a países mais fracos

Os ingleses davam muita importância ao comércio (quanto mais comércio havia, maiorera a concorrência).

Quando se existe comércio, existe concorrência e para acabar com ela, era preciso baixaros preços. Logo, a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investirnas indústrias.

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Vários camponeses foram trabalhar nas fábricas e formaram uma nova classe social:o proletariado. 

O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, pois os produtos eramconfeccionados com mais rapidez nas fábricas. A valorização da ciência, a liberdadeindividual e a crença no progresso incentivaram o homem a inventar máquinas.

O governo inglês dava muita importância à educação e aos estudos científicos e issotambém favoreceu as descobertas tecnológicas.

Milhares de trabalhadores das indústrias inglesas.

Graças à Marinha Inglesa (que era a maior do mundo e estava em quase todos oscontinentes) a Inglaterra podia vender seus produtos em quase todos os lugares doplaneta.

No século XIX a Revolução Industrial chegou até a França e com o desenvolvimento dasferrovias cresceu ainda mais.

Em 1850, chegou até a Alemanha e só no final do século XIX; na Itália e na Rússia, já nosEUA, o desenvolvimento industrial só se deu na segunda metade do século XIX.

No Japão, só nas últimas décadas do século XIX, quando o Estado se ligou à burguesia (ogoverno emprestava dinheiro para os empresários que quisessem ampliar seus negócios,além de montar e vender indústrias para as famílias ricas), é quea industrializaçãocomeçou a crescer. O Estado japonês esforçava-se ao máximo paraincentivar o desenvolvimento capitalista e industrial.

Adam Smith (pensador escocês) escreveu em 1776 o livro “A Riqueza das Nações”, nessaobra (que é considerada a obra fundadora da ciência econômica), Smith afirma que oindividualismo é bom para toda a sociedade.

Para ele, o Estado deveria interferir o mínimo possível na economia. Adam Smithtambém considerava que as atividades que envolvem o trabalho humano sãoimportantes e que a indústria amplia a divisão do trabalho aumentando a produtividade,ou seja, cada um deve se especializar em uma só tarefa para que o trabalho renda mais.

A Revolução Industrial trouxe riqueza para os burgueses; porém, os trabalhadoresviviam na miséria.

Muitas mulheres e crianças faziam o trabalho pesado e ganhavam muito pouco, a jornadade trabalho variava de 14 a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas por dia

para as crianças.

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Enquanto os burgueses se reuniam em grandes festas para comemorar os lucros, ostrabalhadores chegavam à conclusão que teriam que começar a lutar pelos seus direitos.

O chamado Ludismo, foi uma das primeiras formas de luta dos trabalhadores. Omovimento ludita era formado por grupos de trabalhadores que invadiam as fábricas equebravam as máquinas.

Os ludistas conseguiram algumas vitórias, por exemplo, alguns patrões não reduziram ossalários com medo de uma rebelião.

Além do ludismo , surgiram outras organizações operárias, além dos sindicatos edas greves. 

Em 1830, formou-se na Inglaterra o movimento cartista. Os cartistas redigiram umdocumento chamado “Carta do Povo” e o enviaram ao parlamento inglês. A principalreivindicação era o direito do voto para todos os homens (sufrágio universal masculino),mas somente em 1867 esse direito foi conquistado.

Thomas Malthus foi um economista inglês que afirmava que o crescimento da populaçãoera culpa dos pobres que tinham muitos filhos e não tinham como alimentá-los. Para ele,as catástrofes naturais e as causadas pelos homens tinham o papel de reduzir apopulação, equilibrando, assim, a quantidade de pessoas e a de comida.

Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda. O seu raciocínio era muito simples:os responsáveis pelo desenvolvimento cultural eram os ricos e cobrar impostos delespara ajudar os pobres era errado, afinal de contas era a classe rica que patrocinava acultura.

O Parlamento inglês (que aparentemente pensava como Malthus) adotou, em 1834, umalei que abolia qualquer tipo de ajuda do governo aos pobres. A desculpa usada foi a que

ajudando os pobres, a preguiça seria estimulada. O desamparo serviria como umestímulo para que eles procurassem emprego.

A revolução Industrial mudou a vida da humanidade.

A vida nas cidades se tornou mais importante que a vida no campo e isso trouxe muitasconsequências: nas cidades os habitantes e trabalhadores moravam em condiçõesprecárias e conviviam diariamente com a falta de higiene, isso sem contar com oconstante medo do desemprego e da miséria.

Por um outro lado, a Revolução Industrial estimulou os pesquisadores, engenheiros einventores a aperfeiçoar a indústria. Isso fez com que surgisse novas tecnologias:

locomotivas a vapor, barcos a vapor, telégrafo e a fotografia.

Formação do espaço Urbano-Industrial

O ESPAÇO URBANO DO MUNDO CONTEMPORÂNEOA formação das cidades: 

Cidade ou urbe – termo que designa uma aglomeração de construções (casas,edifícios, comércio), é caracterizado pelo espaço cuja natureza foi intensamentetransformada no decorrer dos tempos, apresentando o formato atual que conhecemos.

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As cidades existem há mais de 6 mil anos, mas somente após o advento daPrimeira Revolução Industrial, é que podemos perceber a intensificação das populaçõesnas áreas urbanas e a excessiva demanda por recursos para estes centros, passando aimprimir um ritmo acelerado à produção de bens e consumo na qual vivenciamos hoje.

Uma cidade nasce a partir do momento em que um determinado número de

pessoas se instala numa certa região através de um processo denominado deurbanização. Diversos fatores são determinantes na formação das cidades, tais como aindustrialização, o crescimento demográfico, etc...

No caso do Terceiro Mundo, a urbanização é um fato bem recente. Hoje, quasemetade da população mundial vive em cidades, e a tendência é aumentar cada vez mais.

A cidade subordinou o campo e estabeleceu uma divisão de trabalho segundo aqual cabe a ele fornecer alimentos e matérias-primas a ela, recebendo em troca produtosindustrializados, tecnologia etc. Mas o fato de o campo ser subordinado à cidade não querdizer que ele perdeu sua importância, pois não podemos deixar de levar em conta que:

1. Por não ser auto-suficiente, a sobrevivência da cidade depende docampo;

2. Quanto maior a urbanização maior a dependência da cidade emrelação ao campo no tocante à necessidade de alimentos e matérias-primas agrícolas.

Conceito de Urbanização 

A urbanização deve ser entendida como um processo que resulta em especial datransferência de pessoas do campo para a cidade, ou seja, crescimento da populaçãourbana em decorrência do êxodo rural. Um espaço pode ser considerado urbanizado, a

partir do momento em que o percentual de população urbana for superior a rural.

Sendo assim, podemos dizer que hoje o espaço mundial é predominantementeurbano. Mas isso não foi sempre assim, durante muito tempo à população rural foisuperior a urbana, essa mudança se deve em especial, ao processo deindustrialização iniciado no século XVIII, que impulsionou o êxodo rural nos locais emque se deu, primeiramente na Inglaterra, que foi o primeiro pais a se industrializar, edepois se expandiu para outros países, como os EUA, França, Alemanha, etc., a maioriadesses países hoje já são urbanizados.

Nos países subdesenvolvidos de industrialização tardia, esse processo sócomeçou no século XX, em especial a partir da 2ª Guerra Mundial, e tem se dado até hojede forma muito acelerada, o que tem se configurado como uma urbanização anômala

ou desigual, trazendo uma série de consequências indesejadas para o espaço urbanodesses países.

Existem dois tipos de fatores que contribuem com o êxodo rural, são eles:

a) Repulsivos: são aqueles que expulsam o homem do campo, como aconcentração de terras, mecanização da lavoura e a falta de apoio governamental.

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b) Atrativos: são aqueles que atraem o homem do campo para as cidades,como a expectativa de emprego, melhores condições de saúde, educação, etc.

Em países subdesenvolvidos como o Brasil, os fatores repulsivos costumampredominar sobre os atrativos, fazendo com que milhares de trabalhadores ruraistenham que deixar o campo em direção das cidades, o que em geral contribui com oaumento dos problemas urbanos na medida em que as cidades não tem estruturasuficiente para receber esses trabalhadores, com isso proliferam-se as favelas, aumentaa violência, faltam empregos, dentre outros problemas.

As diferenças no processo de urbanização 

Existem diferenças fundamentais no processo de urbanização de países desenvolvidos esubdesenvolvidos, abaixo estão relacionadas algumas delas:

a) Desenvolvidos:

ü Urbanização mais antiga ligada em geral a primeira e segunda revoluçõesindustriais;

ü Urbanização mais lenta e num período de tempo mais longo, o quepossibilitou ao espaço urbano se estruturar melhor;

ü Formação de uma rede urbana mais densa e interligada.

A urbanização que ocorreu nos países desenvolvidos foi gradativa. As cidadesforam se estruturando lentamente para absorver os migrantes, havendo melhorias nainfra-estrutura urbana e aumento da geração de empregos. Assim os problemas urbanosnão se multiplicaram tanto como nos países subdesenvolvidos.

b) Subdesenvolvidos:

ü Urbanização mais recente, em especial após a 2ª Guerra mundial;

ü Urbanização acelerada e direcionada em muitos momentos para um númeroreduzido de cidades, o que gerou em alguns países a chamada “macrocefalia urbana";

ü Existência de uma rede urbana bastante rarefeita e incompleta na maioria dospaíses.

Consequências da urbanização acelerada: 

- Aumento do desemprego por causa da incapacidade de absorção dosimigrantes;

- Proliferação de submoradias: favelas, cortiços, moradores de rua;

- Adensamento populacional e dificuldade de acesso aos lugares;

- Ineficiência dos meios de transportes públicos

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- Adensamento de carros particulares gerando engarrafamentos gigantescos

- Ineficiência ao acesso à educação e a saúde

- Contrastes sociais nas paisagens urbanas formando assim as segregaçõesespaciais

- Construções de edifícios arranha-céu , dificultando a circulação de ar eaumentando o calor e a poluição atmosférica.

Favela de Paraisopolis, em São Paulo. Esta é uma das conseqüências da rápidaurbanização em países subdesenvolvidos. Cria-se, assim, um meio social extremamentefavorável a proliferação de outros problemas: a violência urbana, roubos, assaltos,seqüestros, assassinatos, atingem milhares de pessoas todo o ano fazendo muitasvitimas fatais. É por essas razões que o estresse é o “mal do século”, atingindoprincipalmente os habitantes das grandes metrópoles.

Obs. Nas metrópoles dos países desenvolvidos os problemas urbanos como violência,transito caótico, etc., também estão presentes.

Aglomerações Urbanas 

A expansão da urbanização gerou o aparecimento de várias modalidades deaglomerações urbanas, além de termos que cada vez mais fazem parte de nossocotidiano, abaixo definiremos algumas dessas modalidades e termos:

a) Rede urbana: Segundo Moreira e Sene (2002), "a rede urbana é formada pelo

sistema de cidades, no território de cada país, interligadas umas as outras através dos

sistemas de transportes e de comunicações, pelos quais fluem pessoas, mercadorias,

informações, etc." Nos países desenvolvidos devido a maior complexidade da economia arede urbana é mais densa.

b) Hierarquia urbana: Corresponde a influência que exercem as cidades maioressobre as menores. O IBGE identifica no Brasil a seguinte hierarquia urbana: metrópolenacional, metrópole regional, centro submetropolitano, capital regional e centros locais.

c) Conurbação: Corresponde ao encontro ou junção entre duas ou mais cidades emvirtude de seu crescimento horizontal. Em geral esse processo dá origem a formação deregiões metropolitanas.

d) Metrópole: Segundo Coelho e Terra (2001), metrópole seria à cidade principal 

ou cidade-mãe, isto é, a cidade que possui os melhores equipamentos urbanos do país

(metrópole nacional), ou de uma grande região do país (metrópole regional)". No Brasil

cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles nacionais, e Belém, Manaus,Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza são metrópolesregionais.

e) Região metropolitana: Corresponde ao conjunto de municípios conurbados a umametrópole e que desfrutam de infra-estrutura e serviços em comum.

f) Megalópole: Corresponde a conurbação entre duas ou mais metrópoles ouregiões metropolitanas. No Brasil temos a megalópole Rio-São Paulo, localizada nosudeste brasileiro, no vale do Paraíba, incluíndo municípios da região metropolitana dasduas grandes cidades, o elo de ligação dessa megalópole é a Via Dutra, estrada queinterliga as duas cidades principais.

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g) Megacidade: Corresponde ao centro urbano com mais de dez milhões dehabitantes. Hoje em torno de 21 cidades do mundo podem ser consideradasmegacidades, dessas 17 estão em países subdesenvolvidos. No Brasil São Paulo e Rio deJaneiro estão nessa categoria.

h) Técnopolo: Corresponde a uma cidade tecnológica, ou seja, locais onde se

desenvolvem pesquisas de ponta. No Brasil, temos alguns técnopolos localizados emespecial no estado de São Paulo, como Campinas (UNICAMP), São Carlos (UFSCAR), e aprópria capital (USP, etc.).

i) Cidade global: são as cidades que polarizam o país todo e servem de elo deligação entre o país e o resto do mundo, possuem o melhor equipamento urbano do país,além de concentrarem as sedes das instituições que controlam as redes mundiais,como bolsas de valores, corporações bancárias e industriais, companhias de comércioexterior, empresas de serviços financeiros, agências públicas internacionais. As cidadesmundiais estão mais associadas ao mercado mundial do que a economia nacional.

 j) Desmetropolização: Processo recente associado à diminuição dos fluxos

migratórios em direção das metrópoles. Esse processo se deve em especial a chamadadesconcentração produtiva, que faz com que empresas em especial industrias, se retiremdos grandes centros onde os custos de produção são maiores, e se dirijam para cidadesde porte médio e pequeno, onde é mais barato produzir, em função de vários fatorescomo, por exemplo, os incentivos fiscais. Hoje no Brasil cidades como Rio de Janeiro ouSão Paulo não são mais aquelas que recebem os maiores fluxos de migrantes, mas simregiões como interior paulista, o sul do país ou até mesmo o nordeste brasileiro.

k) Verticalização: Processo de crescimento urbano que se manifesta através daproliferação de edifícios. A verticalização demonstra valorização do solo urbano, ou seja,quanto mais verticalizado, mais valorizado.

l) Especulação imobiliária: Os especuladores imobiliários são aqueles proprietáriosde terrenos baldios no espaço urbano que deixam estes espaços desocupados a esperade valorização. Uma das conseqüências da especulação é a falta de moradias em locaismais bem localizados, fazendo com que as populações de mais baixa renda tenham queviver em áreas distantes do centro (crescimento horizontal), ou em favelas.

m) Condomínios de luxo e favelas: os dois estão aqui juntos, pois são fruto dasegregação social e econômica que se vive nas cidades, sendo eles o reflexo espacialdessas. Os condomínios são áreas fechadas muito protegidas e bem estruturadas, ondeem geral mora a elite; as favelas são áreas sem infra-estrutura adequada e com gravesproblemas como o tráfico de drogas, onde grande parte da população estádesempregada, e a maioria dela é pobre.

Tipos de cidades 

As cidades podem ser classificadas da seguinte forma:

a) Quanto ao sítio: sítio urbano refere-se ao local no qual está superposta a cidade,sendo assim a classificação quanto ao sítio leva em consideração a questão topográfica.Como exemplo temos: cidades onde o sítio é uma planície, um planalto, uma montanha,etc.

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b) Quanto à situação: situação urbana corresponde à posição que ocupa a cidade emrelação aos fatores geográficos. Como exemplo temos: cidades fluviais, marítimas, entreo litoral e o interior, etc.

c) Quanto à função: função corresponde à atividade principal desenvolvida na cidade.Como exemplo temos: cidades industriais, comerciais, turísticas, portuárias, etc.

d) Quanto à origem: pode ser classificada de duas formas: planejada e espontânea.Como exemplo temos: Brasília, cidade planejada e Belém, cidade espontânea.

A rede urbana brasileira Apenas a parti da década de 40, que se estruturou uma rede urbana em escala

nacional. Até então, o Brasil era formado por “arquipélagos regionais” polarizados porsuas metrópoles e capitais regionais. A integração econômica entre São Paulo, Zona daMata nordestina, Meio-Norte e região Sul era extremamente frágil. Com a modernizaçãoda economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que,depois, incorporou o Nordeste e, mais recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste.

A medida que a infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindopelo país, o mercado se unificou e a tendência a concentração urbano-industrialultrapassou a escala regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes pólosindustriais da região Sudeste, passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obradas regiões que não acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornarammetrópoles nacionais.

Após a Revolução de 1930, que levou Getulio Vargas ao poder, até meados dadécadas de 70, o governo o federal concentrou investimentos de infra-estruturaindustrial na região Sudeste, que , em consequência, se tornou o grande centro deatração populacional do país. Os migrantes que a região recebeu eram, constituídos portrabalhadores desqualificados e mal remunerados, que foram se concentrando na

periferia das grandes cidades.

Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedades dosistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar emfavelas e cortiços no centro das metrópoles.

A rede urbana interfere na vida das pessoas de maneiras diferentes. As pessoasde classe social mais alta podem aproveitar de tudo numa metrópole, todos os recursosestão a disposição. Mas outros que já não podem nem levar ao mercado o que produzem,são presos aos preços e as carências locais. Para estes a rede urbana não é totalmenteuma realidade.

As condições de determinada região determinam a desigualdade entre aspessoas. Por isso, muitos são cidadãos diminuídos ou incompletos.

A Globalização e as novas tecnologias e suas consequências

O que é Globalização - Conceito 

Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece umaintegração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através desteprocesso, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideias, realizamtransações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelosquatro cantos do planeta.

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O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionadocom a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vezmais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida eeficiente.

Origens da Globalização e suas Características 

Muitos historiadores afirmam que este processo teve início nos séculos XV eXVI com as Grandes Navegações e Descobertas Marítimas. Neste contextohistórico, o homem europeu entrou em contato com povos de outroscontinentes, estabelecendo relações comerciais e culturais. Porém, aglobalização efetivou-se no final do século XX, logo após a quedado socialismo no leste europeu e na União Soviética. O neoliberalismo, queganhou força na década de 1970, impulsionou o processo de globalizaçãoeconômica.

Com os mercados internos saturados, muitas empresas multinacionais

buscaram conquistar novos mercados consumidores, principalmente dospaíses recém saídos do socialismo. A concorrência fez com que as empresasutilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baratear os preços etambém para estabelecerem contatos comerciais e financeiros de formarápida e eficiente. Neste contexto, entra a utilização da Internet, das redes decomputadores, dos meios de comunicação via satélite etc.

Uma outra característica importante da globalização é a busca pelobarateamento do processo produtivo pelas indústrias. Muitas delas, produzemsuas mercadorias em vários países com o objetivo de reduzir os custos.Optam por países onde a mão-de-obra, a matéria-prima e a energia são mais

baratas. Um tênis, por exemplo, pode ser projetado nos Estados Unidos, produzido na China, com matéria-prima do Brasil, e comercializado emdiversos países do mundo.

Bolsa devalores: tecnologia enegociações em nívelmundial.

Para facilitar as relações econômicas, asinstituições financeiras (bancos, casas decâmbio, financeiras) criaram um sistemarápido e eficiente para favorecer atransferência de capital e comercialização deações em nível mundial..

Investimentos, pagamentos e transferênciasbancárias, podem ser feitos em questões desegundos através da Internet ou de telefonecelular.

Os tigres asiáticos (Hong Kong, Taiwan, Cingapura e Coreia do Sul) sãopaíses que souberam usufruir dos benefícios da globalização. Investirammuito em tecnologia e educação nas décadas de 1980 e 1990. Comoresultado, conseguiram baratear custos de produção e agregar tecnologiasaos produtos. Atualmente, são grandes exportadores e apresentam ótimos

índices de desenvolvimento econômico e social.

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Blocos Econômicos e Globalização

Dentro deste processo econômico, muitos países se juntaram e formaramblocos econômicos, cujo objetivo principal é aumentar as relações comerciaisentre os membros. Neste contexto, surgiram a União Europeia, o Mercosul, aComecom, o NAFTA, o Pacto Andino e a Apec. Estes blocos se fortalecem cada

vez mais e já se relacionam entre si. Desta forma, cada país, ao fazer parte deum bloco econômico, consegue mais força nas relações comerciaisinternacionais.

Internet, Aldeia Global e a Língua Inglesa

Como dissemos, a globalização extrapola as relações comerciais e financeiras.As pessoas estão cada vez mais descobrindo na Internet uma maneira rápidae eficiente de entrar em contato com pessoas de outros países ou, até mesmo,de conhecer aspectos culturais e sociais de várias partes do planeta. Juntocom a televisão, a rede mundial de computadores quebra barreiras e vai, cada

vez mais, ligando as pessoas e espalhando as ideias, formando assim umagrande Aldeia Global. Saber ler, falar e entender a língua inglesa torna-sefundamental dentro deste contexto, pois é o idioma universal e o instrumentopelo qual as pessoas podem se comunicar.

O agronegócio, a agricultura familiar, os assalariados do campo eas lutas sociais no campo

Agronegócio

O agronegócio, também denominado agrobusiness, consiste na rede que envolve todos os

segmentos da cadeia produtiva vinculada à agropecuária. Ele não se limita apenas à

agricultura e à pecuária, incluindo também as atividades desenvolvidas pelos fornecedores

de insumos e sementes, equipamentos, serviços, beneficiamento de produtos,

industrialização e comercialização da produção agropecuária.

Esse termo foi desenvolvido por Davis e Goldberg, em 1957, como sendo o conjunto de

todas as atividades de produção, processamento, distribuição e comercialização dos

produtos agrícolas. No entanto, sua popularização ocorreu a partir da década de 1970.

O agronegócio pode ser divido em três etapas:

1° - Produtores rurais: detentores de pequenas, médias ou grandes propriedades onde há a

produção rural.

2° - Fornecedores de insumos rurais: fabricantes de máquinas rurais, fornecedores de

pesticidas, sementes, equipamentos, etc.

3° - Processamento, distribuição e comercialização: frigoríficos, distribuidoras de alimentos,

indústrias, supermercados, entre outros.

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O agronegócio é um segmento de grande representatividade econômica. Conforme dados

divulgados em 2008 pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o

agronegócio é responsável por aproximadamente 27% do Produto Interno Bruto (PIB)

nacional e 36,3% das exportações brasileiras. O país é um dos líderes mundiais nesse

setor, exportando para mais de 180 nações.

Para impulsionar ainda mais esse setor, o Brasil tem realizado investimentos para o

fortalecimento do agronegócio. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) objetiva elaborar mecanismos para aliar o desenvolvimento econômico e

preservação ambiental através do agronegócio. Nesse sentido, estão sendo realizadas

pesquisas para o desenvolvimento do mercado de agroenergia, que consiste na produção

de energia através da utilização de produtos e resíduos do agronegócio.

Agricultura Familiar

O que é Agricultura Familiar? 

A agricultura familiar é uma forma de produção onde predomina a interação entre gestão

e trabalho; são os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo, dando ênfase

na diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo

trabalho assalariado.

Qual é o objetivo do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)? 

Tem como objetivo o fortalecimento das atividades desenvolvidas pelo produtor familiar,

de forma a integrá-lo à cadeia de agronegócios, proporcionando-lhe aumento de renda e

agregando valor ao produto e à propriedade, mediante a modernização do sistema

produtivo, valorização do produtor rural e a profissionalização dos produtores familiares.

Quem pode obter o financiamento do PRONAF? 

Os produtores rurais que atendam as condições abaixo e apresentem a DAP (Declaração

de Aptidão ao PRONAF), emitida pelas instituições e órgãos oficiais autorizados.

a) explorem a terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou

concessionário do Programa Nacional de Reforma Agrária;b) residam na propriedade ou em local próximo;

c) possuam, no máximo, 4 módulos fiscais (6 módulos fiscais, no caso de atividade

pecuária);

d) tenham o trabalho familiar como base da exploração do estabelecimento.

O que é Garantia Safra? 

O Garantia-Safra é uma ação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),

executada em conjunto com prefeituras e governos estaduais, para atender as famílias

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agricultoras do semiárido brasileiro que vivem em municípios que tiveram perda de, pelo

menos, 50% da produção agrícola por causa da seca ou do excesso de chuvas.

Trata-se de um seguro de renda mínima, ou seja, no caso de perda comprovada, os

agricultores que participam do Programa recebem R$ 600 por agricultor familiar, pagos

em quatro parcelas.

O programa abrange os estados da região Nordeste, do Vale do Jequitinhonha, do Mucuri

e do Norte de Minas Gerais, além do Norte do Espírito Santo.

Como participar do Garantia Safra? 

Para participar do Garantia Safra é preciso que agricultores, prefeituras e governos

estaduais se inscrevam no programa.

Para os estados participarem, é necessária a assinatura de um Termo de Adesão junto àUnião.

Quanto aos municípios, é feita uma assinatura do Termo de Adesão junto aos governos

estaduais. Além disso, é preciso estar em dia com o Fundo Garantia Safra. Para obter

mais informações, é necessário entrar em contato com a Secretaria de Agricultura ou a

Secretaria da EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado.

O agricultor precisa procurar as empresas estaduais de Assistência Técnica e Extensão

Rural (Ater) ou os sindicatos de trabalhadores rurais do município para obter orientações.

Quais são os critérios para a participação do Garantia Safra? 

O agricultor familiar deve obedecer aos seguintes critérios:

1) não deter, a qualquer título, área superior a 4 módulos fiscais;

2) ter o trabalho familiar como base na exploração do estabelecimento;

3) ter renda média bruta familiar mensal até 1,5 (um e meio) salários mínimos nos doze

meses que antecederem à inscrição, excluídos os benefícios previdenciários rurais;

4)cultivar áreas não irrigadas;

5) aderir antes do plantio;

6) ter área plantada até 10 hectares com as culturas de arroz, feijão, milho, algodão,

mandioca, ou, na forma do regulamento, outra cultura que vier a ser aprendida nos

programas de capacitação para a convivência com o semi-árido;

7) efetuar a contribuição individual;

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8) possuir NIS (Número de Identificação Social) - fornecido pela CAIXA quando da

realização do Cadastramento Único.

Quais são as etapas do Garantia Safra? 

1) Inscrição: no período e local determinado pela Prefeitura, será preenchido oFormulário de Inscrição. O agricultor deve levar a documentação necessária, conforme

orientação da Prefeitura.

2) Seleção: após as inscrições, a Prefeitura gerará uma Lista de Selecionados (Ver item

abaixo). Isso porque a Prefeitura recebe uma cota de agricultores. Se o número de

agricultores inscritos for maior do que a cota determinada para o Município, alguns

critérios são utilizados para gerar esta lista. A Lista de Selecionados deverá ser aprovada

pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, que tem o papel de

confirmar se todos os que estão na lista são realmente agricultores familiares.

3) Adesão: após a aprovação da Lista, os agricultores serão chamados para aderir ao

Garantia Safra. No período e local comunicado pela Prefeitura, o agricultor deve efetuar

o pagamento da contribuição individual (valor a ser informado).

4) Declaração de Perda: caso seja decretado pelo município situação de emergência ou

estado de calamidade pública em razão de seca, o(a) agricultor(a) que teve perda de

safra será chamado para preencher um documento declaratório de perda da produção

agrícola.

Quais são os critérios da Lista de Selecionados? 

A Lista de Selecionados é feita por meio de um aplicativo informatizado, que toma como

base as informações das fichas de inscrição e os seguintes critérios de prioridade para a

seleção dos agricultores:

1) preferência para famílias de menor renda per capita;

2) preferência para famílias sustentadas pela mulher;

3) preferência para famílias com presença de portador de necessidades especiais;

4)preferência para famílias não proprietárias do imóvel rural.

Como consultar a lista de beneficiários? 

A lista completa com os municípios cujo pagamento será realizado em junho encontra-se

no Portal do Ministério do Desenvolvimento Agrário, disponível em:

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http://portal.mda.gov.br/portal/saf/ > Programas > Garantia-Safra > Municípios

relacionados em folha de pagamento da indenização > Garantia-Safra na Safra

2011/2012 > Portaria Nº14 de 06 de junho de 2012.

ATENÇÃO: A lista dos municípios cuja antecipação será iniciada em julho poderá ser

acessada a partir da primeira semana do mês no sítio eletrônico do Ministério do

Desenvolvimento Agrário – MDS, em www.mda.gov.br. 

Quando é liberado o benefício? 

O benefício é disponibilizado quando:

1) decretação de situação de emergência ou estado de calamidade por parte do

Município, reconhecida pela Secretaria de Defesa Civil do Governo Federal;

2) constatação de perda de pelo menos 50% do plantio. A partir do recebimento dobenefício os agricultores participarão de cursos de capacitação para convívio com a seca,

a serem promovidos pelo poder público.

O que é o PRONAF? 

O PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) caracteriza-se

por apoiar o desenvolvimento rural a partir do fortalecimento da agricultura familiar

como segmento gerador de postos de trabalho e renda. O programa é executado de

forma descentralizada e tem como protagonistas os agricultores familiares e suas

organizações.

Qual é o objetivo do PRONAF? 

Construir um padrão de desenvolvimento sustentável para os agricultores familiares e

suas famílias, visando o aumento e a diversificação da produção, com o consequente

crescimento dos níveis de emprego e renda, proporcionando bem-estar social e

qualidade de vida.

Quais são os requisitos para participação no PRONAF? 

Para participar do programa, é necessário ser agricultor familiar, sejam proprietários,

assentados, posseiros, arrendatários, parceiros ou meeiros (agricultor que planta e colhe

a meias, ou seja, metade, com o dono do terreno) que utilizem mão-de-obra familiar, e

tenham até dois empregados permanentes. Além disso, não devem deter, a qualquer

título, áreas superiores a quatro módulos fiscais, e no mínimo 80% da renda bruta

familiar anual deve ser proveniente da atividade agropecuária e não-agropecuária

exercida no estabelecimento. O agricultor familiar deve residir na propriedade ou em

povoado próximo.

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Quem são os beneficiários do PRONAF? 

Grupo A: Agricultores familiares assentados pelo Programa Nacional de Reforma Agrária

que não foram contemplados com operação de investimento sob a égide do PROCERA ou

com crédito de investimento para estruturação no âmbito do PRONAF; e beneficiados por

programas de crédito fundiário do Governo Federal.

Grupo B: Agricultores familiares, inclusive remanescentes de quilombos, trabalhadores

rurais e indígenas que obtém renda bruta anual de até R$ 2.000,00, excluídos os

proventos vinculados a benefícios previdenciários decorrentes das atividades rurais.

Grupo C: Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do

PROCERA e/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 2.000,00 e

até R$ 14.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciáriosdecorrentes das atividades rurais.

Grupo A/C: Agricultores familiares egressos do Grupo A, que se enquadrem nas

condições do Grupo C e que se habilitem ao primeiro crédito de custeio isolado.

Grupo D: Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do

PROCERA e/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 14.000,00 e

até R$ 40.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários

decorrentes das atividades rurais.

Grupo E: Agricultores sociais e trabalhadores rurais egressos do PRONAF ou ainda

beneficiários daquele programa, que obtém renda bruta anual familiar de até R$

60.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários decorrentes

de atividades rurais.

Movimentos e Lutas Sociais no Campo

Antes mesmo que as lutas sociais no Brasil se desenvolvessem estritamente ligadas à

questão agrária, elas sempre envolviam o espaço rural em função de que as negociações

feitas no espaço urbano que iam desde a criação de leis a acordos políticos e comerciais,

bem como a comercialização propriamente, inclusive da mão de obra, se davam em torno

dos meios para a produção rural.

O fato das lutas populares estarem sempre envolvendo os oprimidos do campo, fosse na

condição de homens livres ou como escravos, não significa que estes estivessem

defendendo uma causa da própria ideologia, pois constantemente eram usados por

pseudo-líderes e quase sempre eram os punidos e ainda qualificados como desordeiros e

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agitadores. Para Gohn, 1995, embora o desejo de liberdade fosse comum em todas as

manifestações populares do século XVIII, os interesses específicos das categorias

envolvidas acabavam por desarticular os movimentos, os quais se quebravam em seu

intento, quase sempre por não apresentarem um projeto original de ordem interna, mas

estavam focados nos ideais europeus e norte americano.

A Conjuração dos Alfaiates na Bahia, em 1798, retrata essa situação de desarticulação.

Embora o movimento estivesse bem politizado pela ação de integrantes que a isso se

dedicaram, esse episódio mostrou um lado obscuro dos movimentos sociais, como afirma

Gohn, 1995, p22: "O processo de desmantelamento da Conjuração Baiana oficializou a

prática da delação e das denúncias, com prêmios, recompensas e benesses oficiais".

Ainda no dizer de Gohn, para os grupos daquele período, "a democracia era uma ideia e

não uma prática".

A análise anterior nos dá o sentimento de que as formas de participação social têm

evoluído consideravelmente dentro dos movimentos sociais no Brasil, onde já podemos

vivenciar espaços abertos para construção de poder.

Não se pode negar que estratégias usadas no passado para desmantelar os movimentos

e impedir o propósito dos grupos sociais ainda continuam sendo, em muitos casos,

usadas pelo poder constituído, seja político ou de qualquer outra natureza. Uma das

estratégias usadas ainda hoje com grande poder de desmobilização é a tática de

apaziguar os ânimos através do "meio favor" e medidas paliativas ou até de desserviços

disfarçadas de políticas positivas. Essas estratégias "apaziguadoras" tendem a ser

utilizadas sobre os movimentos sindicais dos trabalhadores urbanos que se mostram

vulneráveis quanto ao fator empregabilidade, fortalecendo-se ainda em função de

hábitos desenvolvidos e necessidades geradas pelo comportamento social urbano. O

campesino, nesse aspecto, tem maior grau de independência; consequentemente, seus

movimentos tendem a apresentar maior grau de autonomia. Seus objetivos bemfundamentados é que revelam a autenticidade de sua luta.

Na verdade, a grande massa paga um alto preço por não compreender que os

movimentos de trabalhadores precisam buscar o "ser mais" que no dizer de Paulo Freire,

1983, "não pode realizar-se no isolamento, no individualismo, mas na comunhão, na

solidariedade dos existires, daí que seja impossível dar-se nas relações antagônicas entre

opressores e oprimidos". Completa ainda dizendo que "ninguém pode ser,

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autenticamente, proibindo que os outros sejam...".

Significa dizer que as categorias não podem continuar nos movimentos que têm a mesma

causa buscando interesses particulares e divergentes no âmbito interno dos grupos que

compõem o movimento.

Um movimento que busca o "ser autêntico" sabe que as bandeiras de uns são as

bandeiras de todos se estão na mesma marcha e que não pode impedir o querer ser de

cada um. É o caso de se analisar aqui o comportamento de líderes que se perpetuam no

poder, à frente dos movimentos ao longo da existência, não formando ou não

acreditando na capacidade de outros companheiros de luta. Esses se colocam na posição

de canal único de representação do movimento. Também é o caso de movimentos que se

 julgam na condição de instrumento único de participação para os grupos sociais e

acabam por dificultar o avanço das lutas.

Uma vez estabelecida, a ideologia do "ser mais", que se contrapõe ao regime opressor do

"ter mais", acaba por se expandir, permitindo-se perder o controle de si mesma. Já não

é de quem idealizou, mas a serviço de quem acredita. Nesse percurso ganha também

oposição porque assume o caráter de contínua construção para consolidar o que

chamamos de democracia? Espaço de participação cujas regras serão sempre inacabadas

pela própria natureza a que se propõe o processo.

Com relação à exploração humana exercida pelo regime capitalista de produção que

domina a América Latina, os movimentos sociais do campo começam a se dar conta dos

seus efeitos e lutam para combatê-la, embora lhes falte ainda compreender a relação de

exploração também existente de uns para com os outros dentro da mesma categoria, na

medida em que por vezes o outrora oprimido, uma vez passando ao poder, se torna então

opressor; ainda assim, mesmo que olhando para fora, confirmam o que parece ser a

bandeira principal de luta de um movimento que busca a humanização das relações

sociais: "O aspecto mais consequente da luta da oposição popular ao regime está ligado

à defesa dos direitos humanos, pois atinge o capitalismo latino-americano em sua

essência de regime espoliador e caduco" (Freire, 1979, p 160). Ainda para Freire, nesse

regime de exploração, "o que prevalece é a realidade de uma economia baseada no

trabalho assalariado que faz com que todas as burguesias se tornem solidárias quando se

trata de enfrentar a classe operária". Nesse contexto, os movimentos sociais por sua vez,

ao permitirem as desarticulações internas, enfraquecem o seu conjunto e seus

integrantes tornam-se presas fáceis, por vezes a serviço do opressor. É preciso,

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portanto, unir-se a uma práxis que afaste o risco do "movimentismo" e viabilize a prática

do movimento fundamentada em projetos engajados com o ideal libertário do

trabalhador; e que este vá da simples condição de mão de obra à condição do "ser mais"

humanizado, que transforma e é transformado pelo exercício da participação, onde

questiona, intervém e organiza instrumentos de mudança.

Os movimentos sociais no campo vêm ganhando destaque em sua luta, especialmente

pela maneira como têm se dedicado à formação de seus membros, fundada em

metodologias que contemplam a formação integral dos agricultores e agricultoras para o

agir transformador da realidade social, entendendo o humano como um ser em

construção permanente. E talvez porque o espaço agrário, visto em sua forma

multidimensional, não se permite ao domínio individual, os campesinos se envolvem

numa relação de coletivo como forma de dominação e ocupação do espaço onde estãoimersos. Desta forma têm construído avanços significativos na história agrária do país.

Gohn, 1995, relata os movimentos e lutas sociais no Brasil, donde extraímos alguns

destaques a cerca das lutas campesinas. Nestes, a autora fala de um movimento

envolvendo várias categorias (índios, negros e ribeirinhos) reconhecidas hoje como

segmentos da agricultura familiar, conhecido como Cabanagem, que se deu no Pará em

1835 e ocupou o poder na província, chegando a constituir um "Governo popular de base

índio-camponesa".

Um outro movimento conhecido como Revolução Praieira, em Pernambuco, teve entre

seus ideais a reforma agrária e a extinção do latifúndio, e foi uma reação contra a

"monarquia baseada na aristocracia agrária escravista". O movimento lutou contra o

monopólio comercial estrangeiro e a concorrência aos produtos nacionais exercida pelas

importações, sinalizando o desejo nacionalista do estabelecimento de uma economia

diferenciada, antes mesmo que o país fosse invadido pela globalização que já fazia

exclusão no século XIX.

Um forte foco de resistência do campesinato foram os movimentos messiânicos que

embora tivessem conotação religiosa, militavam em função da questão agrária,

destacando-se a Revolta de Canudos na Bahia (1874 a 97), que chegou a constituir um

"espaço geopolítico totalmente distinto do território nacional". Também em São Paulo

destacam-se movimentos como as lutas dos "colonos" das fazendas de café, onde se

somava trabalhadores escravos e imigrantes europeus que lutavam contra a injustiça

estabelecida no regime de parceria.

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Contra a ameaça de expulsão de áreas ocupadas, posseiros criam organizações diversas,

destacando-se em 1955 a criação do "Estado Livre de Trombas e Formoso", numa área

de 10.000 km² no estado de Goiás, num movimento que recebeu trabalhadores de vários

estados brasileiros.

Em 1960, no Rio Grande do sul, cria-se o MASTER- Movimento dos Agricultores Sem

Terra, numa luta pela posse de uma área ocupada por 300 famílias de agricultores.

No Nordeste Brasileiro a luta dos campesinos evidenciou-se com a criação das Ligas

Camponesas a partir de 1955, quando é criada a primeira liga no Engenho Galiléia, zona

da mata de Pernambuco. O movimento ganha força nos anos 60 quando passa a articular

a criação de sindicatos entre os camponeses. O movimento é banido em 64, mas deixa

plantada a semente da resistência agrária que deu origem a outros movimentos e formas

de luta.

Em 1979 é criado o MST? Movimento dos Sem Terra, o qual a historiografia registra como

"A principal frente de luta pela terra no campo" nos anos 90.

Por vezes a luta dos campesinos necessita de apoiadores e assessores que se juntem aos

ideais de liberdade e justiça dos trabalhadores e se unam aos movimentos para promover

o protagonismo dos envolvidos como se deu nas lutas pela libertação de escravos no

país.

Em decorrência da repressão política feita sobre os homens já inseridos no contexto das

lutas sociais, e ainda em decorrência das injustiças praticadas no tratamento com a mão

de obra feminina por ocasião de sua inserção no mercado de trabalho urbano, as

mulheres passam a manifestar publicamente o que antes já faziam nos bastidores das

lutas, na condição de apoiadoras dos movimentos. Agora as mulheres começam a

aparecer no cenário dos movimentos, como nos demais espaços de participação social e

política. Na verdade, as mulheres sempre trabalharam, tanto na produção de bens como

na produção ideológica, embora esse trabalho tenha estado em função da assunção do

poder masculino, o que deixou a mulher sempre na posição de adjutora, "escondida atrás

do sucesso dos homens." Mesmo que a voz da mulher esteja saindo de casa para ganhar

vez nos espaços sociais, ainda é muito tímida essa participação, especialmente nocampo, onde poucas mulheres tomam parte nas organizações, e quando o fazem, estão

quase sempre lideradas por homens.

Nas organizações rurais a participação das mulheres é fundamental em todo o processo

produtivo. No entanto, raras são às vezes em que as mulheres ocupam cargos,

especialmente os de "maior status" e com maior poder de influência e decisão. O mesmo

ocorre com os jovens que, se por força da lei são impedidos de assumir posições de

responsabilidade, por discriminação dos adultos são considerados incapazes de

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coordenar os processos. Também porque as lideranças, via de regra, não se interessam

em formar sucessores.

Em recente discussão num espaço de participação social em Porto Velho, Rondônia,

gerou-se um questionamento a cerca do trabalho dos filhos de agricultores familiares,

quando se chegou à constatação a muito já sabido pelos descendentes e militantes da

agricultura que o agricultor trabalha em média 55 anos de sua vida, mais de meio século

se assim preferir, até que a previdência social reconheça o seu direito de se aposentar.

Embora muitos técnicos e burocratas desconheçam essa realidade, sabe-se que

financeiramente é mais barato dizer que é "proibido o trabalho infantil" e que "não se

deve incentivar o trabalho da criança, impedindo-lhe a escola". Não se trata de

incentivar, nem é que as famílias tirem seus filhos da escola pra explorar sua força de

trabalho precocemente, mas trata-se de uma realidade cultural, onde o aprender a ser

agricultor começa no espaço das vivências familiares. A lei que ignora as vivências deuma criança do meio rural mais parece querer se eximir da responsabilidade em admitir

que o rural tenha peculiaridades que exige leis diferenciadas daquelas aplicadas ao meio

urbano. O que fazer rural em meio às atividades familiares, diferentemente da venda da

mão de obra infantil a empresas rurais ou urbanas, trata-se de uma vivência que

possibilita o conhecimento do acúmulo dos saberes da família, carecendo apenas que a

escola reconheça essa realidade e sistematize em seus currículos o conteúdo dessa

vivência como parte do aprendizado e uma etapa na formação do educando/ jovem

agricultor. Para isso, a participação do jovem e dos pais/família na escola, quando da

elaboração dos currículos, seria de grande valia e uma cooperação positiva.

A lei e a sociedade urbanizada, esta última em especial, tem reforçado o preconceito em

torno das vivências rurais, criando o mito da menor valia aos saberes dos campesinos,

forçando os jovens agricultores a saírem de seu meio para buscar "maior valor" nas

vivências urbanas. A escola sim, essa precisa chegar mais cedo ao campo, com a

proposta de reconhecer esses fazeres como uma dupla forma de participação? Na

produção do conhecimento que leva o jovem a melhor desempenhar sua atividade

profissional e na produção de bens propriamente. Não é a necessidade familiar da mão de

obra que afasta o jovem da escola e lhe rouba o tempo, mas é a escola afastada do

campo (nos vários aspectos) que o impede de concluir o ensino regular. A falta de

adequação da escola à realidade rural tem afastado ou impedido a participação de

meninos e meninas, estas últimas em especial. Ainda mesmo quando se tenta superar as

distâncias pela existência do transporte escolar e o aparelhamento das escolas pólos, o

tempo de deslocamento fatiga e prejudica o rendimento. O calendário escolar parece

estar dormindo a séculos da realidade agrícola e não consegue respeitar o tempo

diferenciado pra cada situação, pra cada grupo social. Quisera pudesse entender as

autoridades da educação que há "tempo de plantar e tempo de colher". Mas esse não é o

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aspecto mais grave da questão: conteúdos desfocados e impraticáveis inibem a

participação do educando na construção do conhecimento, uma vez que não se constrói

a partir de bases ocas.

Os movimentos sociais dos povos do campo têm lutado por uma educação mais justa,

que considere as peculiaridades do mundo rural. E assim têm surgido pedagogias

alternativas à inclusão educacional dos jovens agricultores. É o caso da pedagogia da

alternância e da ecopedagogia que têm levado em conta a realidade das famílias rurais,

sua práxis e suas necessidades; porém é preciso ainda que se amplie essa prática nas

escolas de formação agrícola, assim como a quantidade dessas escolas e dos educadores

preparados para essa missão.

Como se pode observar, ainda há muito a se fazer para oportunizar a isonomia da

participação dos gêneros e das gerações, e ainda nem ousamos discutir a participação

dos idosos? Os mais experientes nas questões rurais, cujos conhecimentos bem que

seriam de grande importância dentro das escolas e das organizações sociais de modo

geral, embora sua participação tenha ficado à margem dos processos decisórios.

Retomando ainda a questão da participação da mulher nas organizações sociais e nos

espaços de construção do poder, bastou que se reconhecesse a existência de

empreendimentos informais de produção coletiva para se encontrar a atuação das

mulheres como maioria nessas frentes de luta pela vida. O movimento da Economia

Solidária, cuja prática é tão antiga quanto a humanidade, inovou em ter reconhecido

pelas instituições o fato de que uma economia diferenciada está acontecendo entre osgrupos populares e que as mulheres, embora nem sempre estejam à frente da

representação dos empreendimentos, estão diretamente envolvidas na produção de

bens, serviços e ideologias que sustentam esse movimento secular agora descoberto

pelas políticas públicas.

Ironicamente, a permissão para "se distrair" num grupo de vizinhas acabou dando a

muitas mulheres a oportunidade que precisavam para desenvolver um potencial

reprimido e acabam produzindo muito mais do que "coisas". Elas constroem agora uma

liberdade com que muitas nem se permitiam sonhar. Estão participando. E embora a

economia solidária seja uma estratégia de enfrentamento à economia capitalista, a

cultura do ter mais persistente na mentalidade de muitos é que motivou a liberação de

esposas e filhas para se ajuntarem aos grupos de produção. Sabiamente fizeram mais: se

uniram pra discutir as relações sociais, de gênero, e fazer a releitura da vida. Isso ocorre

porque a participação é um processo educativo e a educação de fato não é um processo

neutro.

Os empreendimentos de economia solidária a que nos referimos e onde essas mulheres

estão fazendo a oportunidade para participação viabiliza uma prática de ensino?

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Aprendizagem porque se constituem em ações de construção do "ser mais" humanizado.

?São práticas fundadas em relações de colaboração solidária que coloca o ser humano

como sujeito e finalidade da atividade laboral, e vão desde a ação de reciprocidade entre

vizinhos (grupos informais) até a ação das sociedades cooperativas. Formas que vão

sendo construídas no espaço e no tempo dos diferentes contextos socioculturais. Asmulheres desses empreendimentos são transformadas e querem transformar a matéria

prima mais importante que possuem - sua capacidade, em ação. Elas fazem uma

revolução que começa num pequeno espaço de participação, um grupo de produção

artesanal, e ganham o sonho de transformar um mundo. E isso é um movimento.

A participação de homens e mulheres no contexto dos empreendimentos solidários tem

suscitado um questionamento a cerca da ética dos movimentos e das organizações. As

sociedades cooperativas que por vezes têm desvirtuado os seus próprios princípios,agora vivenciam uma releitura de sua prática para que se confirme a verdadeira vocação

do movimento cooperativista. Ademais, a cooperativa, como qualquer outra organização

social, tem a alma do grupo social que coletivamente exerce sua gestão. ?A organização

social caracteriza-se pela existência de três pilares de sustentação: o grupo social que

promove a ação; o objetivo definido pelo grupo social envolvido na ação; a estratégia

para alcance do objetivo definido pelo grupo social envolvido na ação. Portanto, à medida

que os grupos evoluem no seu modo de pensar e agir, também suas organizações

evoluem na sua prática enquanto espaço de participação e construção coletiva.

As cooperativas, sindicatos, associações e qualquer outra forma de organização criada no

âmbito do movimento campesino vão ser sempre o reflexo do pensamento e da ideologia

do campesinato. Lamentavelmente muitas organizações de agricultores, especialmente

associações (essas são em maior número), têm sido fabricadas e manipuladas a serviço

do poder político e até mesmo do capital, para venda do crédito rural, despejo de

equipamentos industriais e insumos agrícolas.

As organizações cuja iniciativa de criação parte da necessidade descoberta e avaliada nos

movimentos campesinos, essas resistirão enquanto o movimento subsistir ou até que

tenham cumprido sua função social, visto que se constituem em instrumentos

viabilizadores da participação social e política dos grupos organizados.

A construção do conhecimento requer o aprender e praticar. E somente quem consegue

reconstruir algo a partir do que diz ter aprendido pode afirmar que apropriou-se do

conhecimento sobre o conteúdo que se dispôs a aprender. Mais ainda, num processo

educativo as novas práticas se constroem a partir da análise das características das

práticas anteriores, das quais se considera o bom e o que precisa ser renovado. Toda

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prática gera conhecimento; e como tal, não pode ser desconsiderada para a construção

de novos saberes e novas práticas, podendo assim se dizer que a nova maneira de pensar

e agir em função do desejo de mudar para melhor é, portanto, o essencial do

conhecimento.

Isso requer de quem se propõe educador investimentos positivos na maneira como atuano processo de construção do conhecimento. Se o educador apenas faz saber ao proposto

educando que existem fórmulas e respostas das quais ele necessita, não se dispondo a

elaborar essas respostas numa cooperação que envolva a experimentação a partir da

vivência do educando, apoiada na técnica proposta pelo educador, se não permite, inibe

ou dificulta a experimentação dos saberes existentes, priva o educando da compreensão

dos fatos, negando a construção do conhecimento.

O educador não pode ser um mero instrumento de repasse da teoria unilateral e

conclusiva que não se permita experimentar em sua veracidade e eficiência.

Ao inibir a experimentação das práticas já existentes nas comunidades e desconsiderar o

saber local - o conjunto do conhecimento já acumulado, o educador torna-se "invasor da

cultura" no local onde propõe a intervenção. Isso ocorre em processos de ensino?

Aprendizagem tal como na elaboração de planos de desenvolvimento em processos de

gestão pública.

Nesse contexto, é preciso deixar fluir com simplicidade as coisas que são essenciais,

tendo a capacidade de diferenciar o que é real do que é forjado no cotidiano da

comunidade. O medo do desconhecido como a necessidade de conhecer, não pode ser

ainda mais mistificado e tornado complexo."A liberdade de mover-nos, de arriscar-nos vem sendo submetida a uma certa

padronização de fórmulas, ... pelo poder invisível da domesticação alienante que alcança

a eficiência extraordinária no que venho chamando burocratização da mente" ( Freire,

1996).

É preciso que o entendimento a cerca dos fatos sejam clareados por quem vivencia.

Assim, o que tem a dizer o educador rural que não vivencia a realidade agrícola e como

pretende entregar fórmulas prontas ou regras de desenvolvimento para umacomunidade campesina com quem não interage? O educador não pode agir de modo que

torne ainda mais complexo o entendimento das coisas, mas deve ser o facilitador de um

processo de desmistificação da realidade local, atuando como ponte para a construção do

desenvolvimento que pretende a comunidade.

O processo implica em identificar e promover a junção dos saberes daqueles que pela

própria vivência constroem as respostas no enfrentamento de suas necessidades. Por

conseguinte, se apropriam do conhecimento gerado para uso nas diversas situações de

sua realidade.

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O cotidiano de algumas ruralidades é marcado por conformações que tendem a explicar

os fatos a partir do sobrenatural. Isso ocorre em função do desconhecimento das razões

naturais, no que obviamente o educador, ao colocar-se na posição de alguém que trás as

respostas prontas, ainda que as tivesse, não deve inseri-las de forma invasiva. Ao

contrário, precisa contextualizar as razões para tais respostas e abrir espaço para aconstrução do entendimento a cerca da situação exposta.

Tornar complexa uma resposta simples apenas pela vaidade de se fazer necessário,

sobrepondo seu próprio saber em detrimento do espaço de construção social,

constitui-se num ato irresponsável do educador diante de quem anseia libertação quando

a ignorância é o cativeiro das situações indesejáveis a que estão submetidos vários

grupos sociais.

Portanto, o exercício da educação rural é também uma questão de ética.

Quando o educador rural se despe das vaidades acadêmicas e aceita pensar e agir comoreceptor interativo dos saberes da comunidade e não apenas como um pretenso doador,

permite o binômio do processo ensino-aprendizagem: o educando lhe mostra o cotidiano

das coisas e o educador, por sua vez, lhe abre o leque das razões, do conhecimento

racional. Ambos passam a construir mais que respostas pontuais. Constroem juntos o

conhecimento.

"Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, na verdade a educação é uma

troca de aprendizagem e conhecimento, através do ato reflexivo e conscientizador"

(Freire, 1983).A construção do conhecimento é um processo dialógico que só pode se dá pela interação

dos saberes e culmina com o surgimento de novos saberes. E isso é o fenômeno da

educação.

Ao educador, cujo papel é facilitar o processo ensino-aprendizagem, cabe reunir meios,

somar recursos e articular condições para que a construção aconteça.

"A direção pedagógica do professor consiste em planejar, organizar e controlar as

atividades de ensino, de modo que sejam criadas as condições em que os discentes

dominem conscientemente os conhecimentos e métodos da sua aplicação e desenvolvam

a iniciativa, a independência de pensamentos e a criatividade" ( Libâneo, 2002).

É necessário que o educador perceba as características da cultura local e as práticas

decorrentes dessa cultura e as considere em seus planos, formando um conjunto do

saber técnico harmonicamente organizado com o saber do local. Desse modo, torna

inteligíveis os conteúdos propostos, permitindo a interação escola? Comunidade, numa

perspectiva de mudar para melhor o que a comunidade deseja que seja mudado,

entendendo a mudança para melhor como pressuposto do desenvolvimento.

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  A relação campo x cidade 

Na relação cidade x campo, hoje, o urbano tem-se mostrado o elemento dominante no

panorama brasileiro. A subordinação do campo à cidade é uma característica recente de

nosso quadro sócio-econômico, transformado nos últimos anos, mais especificamente

nos recentes 40 anos que sucederam a 2ª Guerra Mundial, com o advento da

industrialização. O fenômeno da industrialização brasileira atrela-se, como uma extensão

do que acontece no restante do mundo, ao processo de urbanização.

A modernização do campo em face da industrialização 

Traçado o quadro de mudanças em nossa recente história econômica, devemos lembrar

que o campo não foi banido de nosso contexto econômico. A zona rural, agora

subordinada aos interesses urbanos, orienta sua produção para a satisfação direta ou

indireta da cidade, que investe no campo maciçamente, reproduzindo ainda mais essa

situação de dependência. São atribuições do campo frente à configuração do Brasil

urbano-industrial:

• Produção de itens para a exportação; 

• Produção de matérias-primas para o setor industrial;

• Produção de alimentos para o grande contingente populacional das cidades.

a) A produção de gêneros para exportação gera capitais que revertem na ampliação

dessa produção ao mesmo tempo em que gera divisas empregadas no suprimento dasnecessidades financeiras do capital urbano e industrial.

b) A produção de matérias-primas consumidas pelas indústrias, além de combustíveis,

no caso brasileiro o etanol, reduz a dependência de nossa economia em relação ao

combustível importado. A evasão de divisas em virtude da importação do petróleo

onerava a nossa balança comercial, o que desviava recursos que seriam investidos na

infra-estrutura de produção no campo e, principalmente, nas cidades.

c) A produção de alimentos é um segmento importante, mas as culturas alimentares

pouco ou nenhum amparo têm do Estado, apesar de este ser beneficiado pela exportação

de gêneros .

Mais ainda, o capital comercial urbano é sobremaneira beneficiado com a importação de

alimento de consumo obrigatório, e que, portanto, asseguram a reprodução do capital

investido.

Em suma, a modernização de nossa economia subordinou o campo à cidade.

Mais ainda, modificou a orientação da produção rural, mantendo a estrutura fundiária

arcaica e constituindo o campo em um mercado de consumo de itens como máquinas e

tecnologia, cujo capital reverte para as cidades.

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A urbanização e os problemas ambientais 

Até o final do século passado, as cidades brasileiras constituíram-se em meros centros

comerciais e portuários que tinham como função principal a exportação dos produtos

agrícolas para o mercado internacional. No entanto, neste século, com o inicio da

atividade industrial, as cidades brasileiras passam a ter nova função: são agora o centroprodutor de capitais, o lugar da acumulação de mão-de-obra, o lugar da distribuição das

mercadorias produzidas pelas indústrias. Assim, necessitam de uma infra-estrutura que

as capacite para atender essas novas funções: crescem os meios de transporte,

investe-se na produção de energia, constroem-se moradias, criam-se sistemas de

saneamento básicos, constroem-se hospitais, escolas etc.É claro que todo esse

desenvolvimento gera grande quantidade de empregos, o que atrai população para a

região. A maioria da população rural carente que vem para a cidade, saem de áreas, com

vários problemas estruturais, como: (concentração de terras, precárias condições de

vida, baixa remuneração, falta de empregos). E assim a cidade cresce, sua área

aumenta, seus serviços tentam se expandir para atender as necessidades dessa

população.

No Brasil, esse processo foi extremamente acelerado: entre1940 e 1980, mais da metade

da população abandona o campo (somente 1/3 dela, atualmente, lá permanece) e vem

se concentrar nas grandes cidades, sobretudo nas 9 maiores metrópoles (1/3 da

população).A Grande São Paulo, sozinha, absorve 11% do total demográfico,

concentrado em uma área de cerca de1% da área do País. Assim, vários problemas

sociais decorrentes da ocupação desordenada são visíveis hoje em São Paulo: a carênciade moradias, de transportes, de empregos, de saneamento básico, de atendimento

médico-hospitalar, a poluição ambiental, fazem parte do dia a dia da cidade. O espaço

urbano de São Paulo, convive com a ocupação desordenada e com problemas sérios de

poluição ambiental. No início do processo de metropolização, a rodovia funcionou como

eixo regulador da ocupação, já que as indústrias se instalaram ao longo dela, o que

favorecia o surgimento de loteamentos nas suas proximidades. A expansão de

loteamentos espacialmente isolados da cidade intensificou-se com a especulação

imobiliária, por meio da valorização dos terrenos na área central, da falta de lotes

disponíveis e do aumento dos impostos territoriais, levando os moradores a se

estabelecerem em áreas mais afastadas – os subúrbios -, geralmente no entorno de

ferrovias e rodovias. O processo de industrialização, iniciado no Brasil do pós-guerra,

relaciona-se, em escala global, com a consolidação do capitalismo financeiro. A

implantação de unidades de produção de empresas estrangeiras (as multinacionais )– no

Brasil foi possível porque o Estado ter passou a atuar na economia, assegurando a

reprodução do capital, implantando, implementando ou simplesmente mantendo a

infra-estrutura de produção já existente, ação esta que constituía tônica da nova fase do

capitalismo, a fase financeira.

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ATIVIDADES: 

1- Qual elemento tem se mostrado dominante na relação campo cidade?

2- Em sua opinião, as cidades podem sobreviver sem os produtos do campo?Por quê?

3- Dê exemplos de produtos que são produzidos na cidade que são importantes para o

campo? (resposta pessoal)

4- Cite as atribuições do campo frente a configuração do Brasil urbano-industrial.

5- A maioria da população rural carente vem de áreas que apresentam que tipos de

problemas estruturais?

6- Cite os problemas sociais decorrentes da ocupação desordenada que são visíveis hoje

em São Paulo (a maior cidade do país).

7- O lugar onde você mora apresenta os mesmos problemas sociais de São Paulo citados

acima? Comente?

8 - Por que foi possível a implantação de multinacionais no Brasil?

Recursos Hídricos

Recursos hídricos são as águas superficiais ou subterrâneas disponíveis para qualquertipo de uso de região ou bacia. 

Os recursos hídricos podem ser vistos de varias formas, temos que sempre observar sehá uma relação com a agropecuária.

As terras subterrâneas são os principais reservatórios de água doce disponíveis para osseres humanos (aproximadamente 60% da população mundial tem como principal fontede água os lençóis freáticos ou subterrâneos).

À partida, sendo a água um recurso renovável estaria sempre disponível para o homemutilizar. No entanto, como o consumo tem excedido a renovação da mesma, atualmenteverifica-se um stress hídrico, ou seja, falta de água doce principalmente junto aosgrandes centros urbanos e também a diminuição da qualidade da água, sobretudo devidoà poluição hídrica por esgotos domésticos e industriais.

No âmbito do desenvolvimento sustentável, o manejo sustentável dos recursos

hídricos compreende as ações que visam garantir os padrões de qualidade equantidade da água dentro da sua unidade de conservação, a bacia hidrográfica. 

É atualmente aceito o conceito de gestão integrada dos recursos hídricos comoparadigma de gestão da água. Quase todos os países já adotaram uma "legislação daságuas" dentro da disciplina de Direito Ambiental. No Brasil é a Lei 9.433/97 tambémdenominada Lei das Águas.

Procurar este conceito e dar relevância à necessidade de integrar a gestão da água emfunção dos seus diferentes tipos de uso (irrigação, abastecimento, energia hidráulica, controle de enchentes, piscicultura, lazer e outros) das diferentes dimensões deconhecimento que estão envolvidas, dos diferentes tipos de instituições. Pressupõe a

valorização da água em função da sua natureza renovável e fluida.

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As ações a desenvolver no âmbito da gestão das águas podem ser de diferentes tipos:

Cagativas;

Pontuais ou distribuídas;

Educativas e legislativas.

O estudo da água na natureza, nas suas diversas formas, é objeto da ciênciada Hidrologia. Estas matérias e outras correlatas são normalmente estudadas nos cursosde Engenharia hídrica /hidráulica e Engenharia sanitária /ambiental. 

A água pura (H2O) é um líquido formado por moléculas de hidrogênio e oxigênio. Nanatureza, ela é composta por gases como oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio,dissolvidos entre as moléculas de água. Também fazem parte desta solução líquida sais,como nitratos, cloretos e carbonatos; elementos sólidos, poeira e areia podem sercarregados em suspensão. Outras substâncias químicas dão cor e gosto à água, variaçãode acordo com a profundidade e com o local onde a água é encontrada, constituindo-seem fatores que influenciam no comportamento químico. Subentende-se água como

sendo um elemento da natureza, recurso renovável, encontrado em três estados físicos:sólido (gelo), gasoso (vapor) e líquido. As águas utilizadas para consumo humano e paraas atividades sócio-econômicas são retiradas de rios, lagos, represas e aquíferos,também conhecidos como águas interiores.

Bacias Hidrográficas e seus aproveitamentos

Uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem de um curso de água é o conjunto deterras que fazem a drenagem da água das precipitações para esse curso de água eseus afluentes. 

A formação da bacia hidrográfica dá-se através dos desníveis dos terrenos que orientamos cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas.

Essa área é limitada por um divisor de águas que a separa das bacias adjacentes e quepode ser determinado nas cartas topográficas. As águas superficiais, originárias dequalquer ponto da área delimitada pelo divisor, saem da bacia passando pela seçãodefinida e a água que precipita fora da área da bacia não contribui para o escoamento naseção considerada. Assim, o conceito de bacia hidrográfica pode ser entendido através dedois aspetos: rede hidrográfica e relevo. Em qualquer mapa geográfico as terras podemser subdivididas nas bacias hidrográficas dos vários rios.

Catalogações de especialistas em geografia, de acordo com a maneira como fluem as

águas, classificam as bacias hidrográficas em:

Exorreica, quando as águas drenam direta ou indiretamente para o mar; 

Endorreica, quando as águas caem em um lago ou mar fechado;

Arreica, quando as águas se escoam alimentando os lençóis freáticos;

Criptorreica, quando o rio se infiltra no solo sem alimentar lençóis freáticos ouevapora;

A bacia hidrográfica é usualmente definida como a área na qual ocorre a captação deágua (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas característicasgeográficas e topográficas.

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A história do homem sempre esteve muito ligada às bacias hidrográficas: a bacia do rioNilo foi o berço da civilização egípcia; os mesopotâmicos se abrigaram no vale dos riosTigre e Eufrates; os hebreus, na bacia do rio Jordão; os chineses se desenvolveram àsmargens dos rios Yangtzé e Huang Ho; os hindus, na planície dos rios Indo e Ganges, apenas para citar os maiores exemplos.

Os principais elementos componentes das bacias hidrográficas são os “divisores de água” (tergos), cristas das elevações que separam a drenagem de uma e outra bacia, “fundosde vale” – áreas adjacentes a rios ou ribeiros e que geralmente sofrem inundações,

 “sub-bacias” – bacias menores, geralmente de alguma afluente do rio principal, “nascentes” – local onde a água subterrânea brota para a superfície formando um corpode água, “áreas de descarga” – locais onde a água escapa para a superfície do terreno,vazão, “recarga” – local onde a água penetra no solo recarregando o lençol freático, e

 “perfis hidrogeoquímicos” ou “hidroquímicos” – características da água subterrânea noespaço litológico.

Às vezes, as regiões hidrográficas são confundidas com “bacias hidrográficas”. Porém, as

bacias hidrográficas são menores – embora possam se subdividir em sub-bacias (porexemplo: a bacia amazônica contém as sub-bacias hidrográficas dosrios Tapajós, Madeira e Negro), e as regiões hidrográficas podem abranger mais de umabacia.

Questões Ambientais Contemporâneas: Mudança climática, Ilhas decalor, Efeito estufa, Chuva ácida, a Destruição da camada de ozônio

Mudança Climática

Introdução 

As mudanças climáticas são alterações que ocorrem no clima geral do planetaTerra. Estas alterações são verificadas através de registros científicos nos valoresmédios ou desvios da média, apurados durante o passar dos anos.

Fatores geradores 

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As mudanças climáticas são produzidas em diferentes escalas de tempo em umou vários fatores meteorológicos como, por exemplo: temperaturas máximas emínimas, índices pluviométricos (chuvas), temperaturas dos oceanos,nebulosidade, umidade relativa do ar, etc.

As mudanças climáticas são provocadas por fenômenos naturais ou por ações dos

seres humanos. Neste último caso, as mudanças climáticas têm sido provocadasa partir da Revolução Industrial (século XVIII), momento em que aumentousignificativamente a poluição do ar.

Consequências 

Atualmente as mudanças climáticas têm sido alvo de diversas discussões epesquisas científicas. Os climatologistas verificaram que, nas últimas décadas,ocorreu um significativo aumento da temperatura mundial, fenômeno conhecidocomo aquecimento global. Este fenômeno, gerado pelo aumento da poluição doar, tem provocado o derretimento de gelo das calotas polares e o aumento no

nível de água dos oceanos. O processo de desertificação também tem aumentadonas últimas décadas em função das mudanças climáticas.

Ilhas de Calor

Ilha de calor é um fenômeno climático que ocorre a partir da elevação da temperatura de

uma área urbana se comparada a uma zona rural, por exemplo. Isso quer dizer que nas

cidades, especialmente nas grandes, a temperatura é superior a de áreas periféricas,

consolidando literalmente uma ilha (climática).

A oscilação de temperatura entre o centro de uma grande cidade e uma zona rural podevariar entre 4°C, 6°C ou até mesmo 11°C; o que proporciona muitos inconvenientes à

população em virtude dos incômodos que o calor excessivo provoca, sem contar que

ocasiona um significativo incremento no consumo de energia elétrica, usada para

funcionar refrigeradores (ar condicionado), principalmente para climatizar residências,

escolas, universidades, comércios e indústrias.

Ilha de calor é um fenômeno típico dos grandes centros urbanos.

A ilha de calor pode ser percebida em períodos diurnos e noturnos, mas o ápice da

diferença de temperatura entre áreas urbanas e rurais acontece ao anoitecer, pois a área

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rural resfria mais rápido do que a urbana, onde muros, calçadas, asfaltos e todo tipo de

edificação recebem durante o dia luz e calor do Sol e esse fica retido por mais tempo,

proporcionando a diferença de temperatura entre as áreas em questão.

Na área rural e florestal a cobertura vegetal possibilita o processo de evaporação e

evapotranspiração, amenizando as temperaturas, o que não acontece nas grandescidades que estão impermeabilizadas e sem cobertura vegetal.

Efeito Estufa

Definição - Efeito Estufa Natural 

Efeito Estufa é um mecanismo natural do planeta Terra para possibilitar amanutenção da temperatura numa média de 15ºC, ideal para o equilíbrio degrande parte das formas de vida em nosso planeta. Sem o efeito estufa natural,o planeta Terra poderia ficar muito frio, inviabilizando o desenvolvimento de

grande parte das espécies animais e vegetais. Isso ocorreria, pois a radiaçãosolar refletida pela Terra se perderia totalmente.

A ação do homem e o aumento do efeito estufa 

O efeito estufa potencializado pela queima de combustíveis fósseis temcolaborado com o aumento da temperatura no globo terrestre nas últimasdécadas. Pesquisas recentes indicaram que o século XX foi o mais quente dosúltimos 500 anos. Pesquisadores do clima afirmam que, num futuro próximo, oaumento da temperatura provocado pelo efeito estufa poderá ocasionar oderretimento das calotas polares e o aumento do nível dos mares. Como

conseqüência, muitas cidades litorâneas poderão desaparecer do mapa.

Como é gerado

O aumento do efeito estufa é gerado pela derrubada de florestas e pela queimadadas mesmas, pois são elas que regulam a temperatura, os ventos e o nível dechuvas em diversas regiões. Como as florestas estão diminuindo no mundo, atemperatura terrestre tem aumentado na mesma proporção.

Um outro fator que está aumentando o efeito estufa é o lançamento de gasespoluentes na atmosfera, principalmente os que resultam da queima

de combustíveis fósseis. A queima do óleo diesele da gasolina nos grandescentros urbanos tem colaborado para o efeito estufa. O dióxido de carbono (gáscarbônico) e o monóxido de carbono ficam concentrados em determinadasregiões da atmosfera formando uma camada que bloqueia a dissipação do calor.Outros gases que contribuem para este processo são: gás metano, óxido nitrosoe óxidos de nitrogênio. Esta camada de poluentes, tão visível nas grandescidades, funciona como um isolante térmico do planeta Terra. O calor fica retidonas camadas mais baixas da atmosfera trazendo graves problemas ao planeta.

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Problemas futuros

Pesquisadores do meio ambiente já estão prevendo os problemas futuros quepoderão atingir nosso planeta caso esta situação persista. Muitos ecossistemaspoderão ser atingidos e espécies vegetais e animais poderão ser extintos.Derretimento de geleiras e alagamento de ilhas e regiões litorâneas.

Tufões, furacões, maremotos e enchentes poderão ocorrer com mais intensidade.Estas alterações climáticas poderão influenciar negativamente na produçãoagrícola de vários países, reduzindo a quantidade de alimentos em nosso planeta.A elevação da temperatura nos mares poderia ocasionar o desvio de curso decorrentes marítimas, ocasionando a extinção de vários animais marinhos ediminuir a quantidade de peixes nos mares.

Soluções e medidas tomadas contra o aumento do efeito estufa

Preocupados com estes problemas, organismos internacionais, ONGs(Organizações Não Governamentais) e governos de diversos países já estão

tomando medidas para reduzir a poluição ambiental e a emissão de gases naatmosfera. O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, prevê a redução de gasespoluentes para os próximos anos. Porém, países como os Estados Unidos temdificultado o avanço destes acordos. Os EUA alegam que a redução da emissão degases poluentes poderia dificultar o avanço das indústrias no país.

Em dezembro de 2007, outro evento importante aconteceu na cidade de Bali.Representantes de centenas de países começaram a definir medidas para aredução da emissão de gases poluentes. São medidas que deverão ser tomadaspelos países após 2012.

Chuva Ácida

Origens da Chuva Ácida

A Revolução Industrial do século XVIII trouxe vários avanços tecnológicos e maisrapidez na forma de produzir, por outro lado originou uma significativa alteraçãono meio ambiente. As fábricas com suas máquinas a vapor, queimavam toneladasde carvão mineral para gerar energia. Neste contexto, começa a surgir a chuvaácida. Porem, o termo apareceu somente em 1872, na Inglaterra. Oclimatologista e química Robert A. Smith foi o primeiro a pesquisar a chuva ácidana cidade industrial inglesa de Manchester. 

Causas

Atualmente, a chuva ácida é um dos principais problemas ambientas nos paísesindustrializados. Ela é formada a partir de uma grande concentração de poluentesquímicos, que são despejados na atmosfera diariamente. Estes poluentes,originados principalmente da queima de combustíveis fósseis, formam nuvens,neblinas e até mesmo neve.

A chuva ácida é composta por diversos ácidos como, por exemplo, o óxido denitrogênio e os dióxidos de enxofre, que são resultantes da queima de

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combustíveis fósseis (carvão, óleo diesel, gasolina entre outros). Quando caemem forma de chuva ou neve, estes ácidos provocam danos no solo, plantas,construções históricas, animais marinhos e terrestres etc. Este tipo de chuvapode até mesmo provocar o descontrole de ecossistemas, ao exterminardeterminados tipos de animais e vegetais. Poluindo rios e fontes de água, achuva pode também prejudicar diretamente a saúde do ser humano,

causando doenças pulmonares, por exemplo.

Consequências

Este problema tem se acentuado nos países industrializados, principalmente nosque estão em desenvolvimento como, por exemplo, Brasil, Rússia, China, Méxicoe Índia. A setor industrial destes países tem crescido muito, porém de formadesregulada, agredindo o meio ambiente. Nas décadas de 1970 e 1980, na cidadede Cubatão, litoral de São Paulo, a chuva ácida provocou muitos danos ao meioambiente e ao ser humano. Os ácidos poluentes jogados no ar pelas indústrias,estavam gerando muitos problemas de saúde na população da cidade. Foram

relatados casos de crianças que nasciam sem cérebro ou com outros defeitosfísicos. A chuva ácida também provocou desmatamentos significativos na MataAtlântica da Serra do Mar.

Estudos feitos pela WWF ( Fundo Mundial para a Natureza ) mostraram que nospaíses ricos o problema também aparece. Na Europa, por exemplo, estima-se que40% dos ecossistemas estão sendo prejudicados pela chuva ácida e outrasformas de poluição.

Protocolo de KyotoRepresentantes de centenas de países se reuniram em 1997 na cidade de Kyoto

no Japão para discutirem o futuro do nosso planeta e formas de diminuir apoluição mundial. O documento resultante deste encontro é denominadoProtocolo de Kyoto. Neste documento ficou estabelecido que algumas propostasde redução da poluição seriam tomadas e seria criada a Convenção deMudança Climática das Nações Unidas. A maioria dos países participantesvotaram a favor do Protocolo de Kyoto. Porém, os EUA, alegando que o acordoprejudicaria o crescimento industrial norte-americano, tomou uma posiçãocontrária ao acordo.

A Destruição da camada de Ozônio

A camada de ozônio é uma das camadas que envolvem o planeta Terra. Ela écomposta por gases que juntos, formam uma espessa camada que serve paraproteger a Terra contra os raios nocivos do Sol, os raios ultravioletas.

Com o desenvolvimento industrial, e a poluição aumentando a cada dia, os gasesliberados por consequência desse desenvolvimento, entre eles o mais perigoso oCFC, quando entra em contato com a camada de ozônio, se transforma em O3,que dissolve a camada, provocando assim buracos nela.

O buraco prejudica o planeta Terra, pois deixa os raios ultravioletas chegarem aomeio ambiente, prejudicando-o. A região mais afetada pela destruição da camada

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de ozônio é a Antártida. A principal consequência da destruição da camada deozônio será o grande aumento da incidência de câncer de pele.

Consequências da destruição da camada de ozônio

Muito tem se falado sobre a destruição da camada de ozônio, aquecimento global,

entre muitas outras coisas que estão danificando a natureza do nosso mundo, mais alemde muitos saberem sobre este assunto, poucos sabem as causas reais de cada um dessesproblemas, e para isto estamos dando um esclarecimento maior sobre um dos maioresproblemas que a destruição da camada de ozônio.

Primeiramente antes de saber quais são as consequências  da destruição da camadade ozônio precisamos saber primeiro o que é a camada de ozônio, do que é formada epara que ela serve, a camada de ozônio é uma pequena barreira formada pelo gás ozônioque é representado pelo símbolo, O3, este gás é uma proteção que temos contra osraios solares, pois dos raios que atingem a terra penas uma pequena porcentagem entrana terra, e outra parte é refletida para o universo pela camada de ozônio.

A destruição causada pela poluição e pela liberação de CFC, Cloro Flúor Carbureto que é

encontrado nos produtos que são vendidos em embalagens em aerossóis, pois bem oscomponentes químicos destes produtos chegam ate a camada de ozônio destruindo aospoucos as moléculas de ozônio causando assim um grande buraco que hoje é conhecidopor todos.

Caso não exista mais a camada de ozônio em torno do nosso planeta, muitas catástrofespodem acontecer, pois a temperatura do sol será mais intensa, pois não haverá mais aproteção natural desta camada, e muitas pessoas e animais podem acabar morrendocom isto.

Origem e evolução do conceito de sustentabilidade

Sustentabilidade é a habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições,

exibida por algo ou alguém. É uma característica ou condição de um processo ou de umsistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo.Ultimamente este conceito tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursosnaturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer asatisfação das necessidades das gerações futuras, e que precisou do vínculoda sustentabilidade no longo prazo, um "longo prazo" de termo indefinido, em princípio.2 

Sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade do ser humano interagircom o mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturaisdas gerações futuras. É um conceito que gerou dois programas nacionais no Brasil. OConceito de Sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveisinterdependentes, mas podemos dizer que deve ter a capacidade de integrar as QuestõesSociais, Energéticas, Econômicas e Ambientais.

Com a finalidade de preservar o meio ambiente para não comprometer os recursosnaturais das gerações futuras, foram criados dois programas nacionais: o Procel(eletricidade) e o Conpet.

• Questão Social: Sem considerar a questão social, não há sustentabilidade. Emprimeiro lugar é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar anatureza. E do ponto de vista do ser humano, ele próprio é a parte mais importante domeio ambiente.

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• Questão Energética: Sem considerar a questão energética, não há sustentabilidade.Sem energia a economia não se desenvolve. E se a economia não se desenvolve, ascondições de vida das populações se deterioram.

• Questão Ambiental: Sem considerar a questão ambiental, não há sustentabilidade.Com o meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a economia

não se desenvolve; o futuro fica insustentável.O princípio da sustentabilidade aplica-se a um único empreendimento, a uma pequenacomunidade (a exemplo das ecovilas), até o planeta inteiro. Para que umempreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja:

ecologicamente correto

economicamente viável

socialmente justo

culturalmente diverso

Definição

O termo "sustentável" provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer,apoiar; conservar, cuidar). Segundo oRelatório de Brundtland (1987), o uso sustentáveldos recursos naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar apossibilidade das gerações futuras de suprir as suas".

O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência das NaçõesUnidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the HumanEnvironment - UNCHE), realizada na suécia, na cidade de Estocolmo de 5 a 16 de

 junho de 1972, a primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e a

primeira grande reunião internacional para discutir as atividades humanas em relação aomeio ambiente. A Conferência de Estocolmo lançou as bases das ações ambientais emnível internacional,3 chamando a atenção internacional especialmente para questõesrelacionadas com a degradação ambiental e a poluição que não se limita às fronteiraspolíticas, mas afeta países, regiões e povos, localizados muito além do seu ponto deorigem. A Declaração de Estocolmo, que se traduziu em um Plano de Ação,4 defineprincípios de preservação e melhoria do ambiente natural, destacando a necessidade deapoio financeiro e assistência técnica a comunidades e países mais pobres. Embora aexpressão "desenvolvimento sustentável" ainda não fosse usada, a declaração, no seuitem 6, já abordava a necessidade imper "defender e melhorar o ambiente humano paraas atuais e futuras gerações" - um objetivo a ser alcançado juntamente com a paz e

o desenvolvimento econômico e social. 

A ECO-92 - oficialmente, Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento -,realizada em 1992, no Rio de Janeiro, consolidou o conceito de desenvolvimentosustentável. A mais importante conquista da Conferência foi colocar esses doistermos, meio ambiente e desenvolvimento, juntos - concretizando a possibilidadeapenas esboçada na Conferência de Estocolmo, em 1972, e consagrando o uso doconceito de desenvolvimento sustentável, defendido, em 1987, pela Comissão Mundialsobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland). O conceito dedesenvolvimento sustentável - entendido como o desenvolvimento que atende àsnecessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de

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atenderem às suas próprias necessidades - foi concebido de modo a conciliar asreivindicações dos defensores do desenvolvimento econômico como as preocupações desetores interessados na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade.5 6 Outraimportante conquista da Conferência foi a Agenda 21, um amplo e abrangente programade ação, visando a sustentabilidade global no século XXI.7 

Em 2002, a Cimeira (ou Cúpula) da Terra sobre Desenvolvimento Sustentávelde Joanesburgo reafirmou os compromissos da Agenda 21, propondo a maior integraçãodas três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental)através de programas e políticas centrados nas questões sociais e, particularmente, nossistemas de proteção social.8 

Conceitos correlatos

"Sustentável" significa apto ou passível de sustentação, já "sustentado" é aquilo que játem garantida a sustentação. É defendido que "sustentado" já carrega em si um prazo de

validade, no sentido de que não se imagina o que quer que seja, no domínio do universofísico, que apresente sustentação perpétua (ad aeternu), de modo que, no rigor,"sustentado" deve ser acompanhado sempre do prazo ao qual se refere, sob risco deimprecisão ou falsidade, acidental ou intencional. Tal rigor é especialmente importantenos casos das políticas ambientais ou sociais, sujeitos a vieses de interesses divergentes.

Crescimento sustentado refere-se a um ciclo de crescimento econômico constante eduradouro, porque assentado em bases consideradas estáveis e seguras. Dito de outramaneira, é uma situação em que a produção cresce, em termos reais, isto é, descontadaa inflação, por um período relativamente longo.

Gestão sustentável é a capacidade para dirigir o curso de uma

empresa, comunidade ou país, através de processos que valorizam e recuperam todas asformas de capital, humano, natural e financeiro.

A sustentabilidade comunitária é uma aplicação do conceito de sustentabilidade nonível comunitário. Diz respeito aos conhecimentos, técnicas e recursos que umacomunidade utiliza para manter sua existência tanto no presente quanto no futuro. Esteé um conceito chave para as ecovilas ou comunidades intencionais. Diversas estratégiaspodem ser usadas pelas comunidades para manter ou ampliar seu grau desustentabilidade, o qual pode ser avaliado através da ASC (Avaliação de SustentabilidadeComunitária)9. 

Sustentabilidade como parte da estratégia das organizações. O conceito de

sustentabilidade está intimamente relacionado com o da responsabilidade social dasorganizações. Além disso, a ideia de "sustentabilidade" adquire contornos de vantagemcompetitiva. Isto permitiu a expansão de alguns mercados, nomeadamente o da energia,com o surgimento das energias renováveis. Segundo Michael Porter, "normalmente ascompanhias têm uma estratégia económica e um estratégia de responsabilidade social, eo que elas devem ter é uma estratégia só". Uma consciência sustentável, por parte dasorganizações, pode significar uma vantagem competitiva, se for encarada integrar umaestratégia única da organização, tal como defende Porter, e não como algo que concorre,à parte, com "a" estratégia da organização, apenas como parte da política de imagem oude comunicação. A ideia da sustentabilidade, como estratégia de aquisição de vantagem

competitiva, por parte das empresas, é refletida, de uma forma expressamente

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declarada, na elaboração do que as empresas classificam como "Relatório deSustentabilidade".

Investimento socialmente responsável. Investir de uma forma ética e sustentável éa base do chamado ISR (ou SRI, do inglês Socially responsible investing). Em 2005, oSecretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em articulação com a Iniciativa

Financeira do PNUMA (PNUMA-FI ou, em inglês, UNEP-FI)10

 e o Pacto Global das NaçõesUnidas (UN Global Compact ), convidou um grupo de vinte grandes investidoresinstitucionais de doze países para elaborar os Princípios do Investimento Responsável . Otrabalho contou também com o apoio de um grupo de 70 especialistas do setorfinanceiro, de organizações multilaterais e governamentais, da sociedade civil eda academia. Os princípios da PNUMA-FI foram lançados na Bolsa de Nova York, em abrilde 2006. Atualmente a PNUMA-FI trabalha com cerca de 200 instituições financeiras,signatárias desses princípios, e com um grande número de organizações parceiras,visando desenvolver e promover as conexões entre sustentabilidade e desempenhofinanceiro. Através de redes  peer-to-peer , pesquisa e treinamento, a PNUMA-FI procuraidentificar e promover a adoção das melhores práticas ambientais e de sustentabilidade

em todos os níveis, nas operações das instituições financeiras.11 

Diluição do conceito

O uso do termo "sustentabilidade" difundiu-se rapidamente, incorporando-se aovocabulário politicamente correto das empresas, dos meios de comunicação de massa, das organizações da sociedade civil, a ponto de se tornar quase uma unanimidade global.Por outro lado, a abordagem do combate às causas da insustentabilidade parece nãoavançar no mesmo ritmo, ainda que possa estimular a produção de previsões mais oumenos catastróficas acerca do futuro e aquecer os debates sobre propostas de soluções

eventualmente conflitantes. De todo modo, assim como acontecia antes de 1987, odesenvolvimento dos países continua a ter como principal indicador, o crescimentoeconômico, traduzido como crescimento da produção ou, se olhado pelo avesso, comocrescimento (preponderantemente não sustentável) da exploração de recursos naturais.As políticas públicas, bem como a ação efetiva dos governos, ainda se norteiabasicamente pela crença na possibilidade do crescimento econômico perpétuo e essacrença predomina largamente sobre a tese oposta, o decrescimento econômico, cujasbases foram lançadas no início dos anos 1970, por NicholasGeorgescu-Roegen.12 Segundo Amartya Sen,Prêmio Nobel de Economia 1998: "Não

houve mudança significativa no entendimento dos determinantes do progresso, da

 prosperidade ou do desenvolvimento. Continuam a ser vistos como resultado direto dodesempenho econômico."

Os Grandes domínios da vegetação no Brasil e no Mundo

O território brasileiro pode ser regionalizado a partir dos elementos naturais,denominado de Região natural, que corresponde a extensas áreas no qual háconcentração de um específico elemento natural.

O Brasil, por possuir um território de extensão continental, favorece a formação dedistintas formas de vegetações e climas, denominado pelo Geógrafo Aziz Ab’Saber dedomínios morfoclimáticos, nesses estão inseridos aspectos do relevo, clima e

vegetação, apresentados em diversas paisagens espalhadas pelo Brasil.

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 Segundo Ab’Saber, o Brasil apresenta os seguintes domínios:

Domínio Amazônico

Apresenta-se nas regiões de floresta Amazônica, essa é composta por matasfechadas e densas, formadas por árvores de grande, médio e pequeno porte,classificado em mata de várzea, mata de terra firme e igapó. A diversidade davegetação é proveniente do clima quente e úmido e elevados índices pluviométricosque ocorrem de forma regular durante grande parte do ano. O relevo apresentado serestringe basicamente à planície e depressões.

Domínios da Caatinga 

Ocorre no oeste do Nordeste e norte de Minas Gerais, a cobertura vegetal é composta porespécies da flora resistentes à falta de água. O clima é semi-árido, possui como principalcaracterística a longa estiagem e chuvas irregulares no decorrer do ano. As altitudesvariam de 200 a 800 metros acima do nível do mar, compostos por duas unidades derelevo: depressões e planaltos.

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Domínios do Cerrado

Predomina no centro-oeste do Brasil no qual encontra os estados de Goiás, Mato Grossoe Mato Grosso do Sul, a vegetação é composta por árvores tortuosas de pequeno porte,raízes profundas, cascas e folhas grossas, apesar disso, o cerrado demonstra outrasvariações ou classificações denominadas de subsistemas (cerrado comum, cerradão,campo limpo, campo sujo, subsistema de matas, de veredas e ambientes alagadiços). Oclima é o tropical sub-úmido com duas estações bem definidas, uma seca e uma chuvosa.O relevo desse domínio é composto por planaltos e chapadas.

Domínio dos Mares de Morros 

A paisagem é formada por relevo acidentado, ou seja, há uma grande incidência deplanaltos, serras e morros que sofreram desgastes erosivos, esse relevo abrange afloresta tropical (Floresta Atlântica), essa, em seu estágio natural, se apresentava desdeo Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, quanto ao clima é o tropical úmido, aschuvas são regulares e bem distribuídas no decorrer do ano.

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Domínios das Araucárias 

Restringe-se aos estados da Região Sul do Brasil, essa vegetação é encontradaprincipalmente em planaltos mais elevados. A cobertura vegetal é formada porpinheiro-do-paraná, além da erva-mate e o cedro. O clima predominante é o subtropical,ou seja, uma transição entre o clima tropical e o temperado, com verões quentes einvernos rigorosos, apresenta as menores temperaturas do país e, em determinadaslocalidades, ocorre precipitação de neve.

Domínio das Pradarias

É formado por vegetações (herbáceas) rasteiras e gramíneas, relevo relativamenteplano, suavemente ondulado. O clima é o mesmo do Domínio das Araucárias.

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Faixa de Transição (Pantanal) 

Apresenta características variadas, desde aspecto da caatinga até a floresta amazônica,o relevo que predomina são as planícies que se alagam nos períodos chuvosos. O climadesse domínio é o tropical com um período de seca e outro chuvoso.

Vegetações Mundiais

A composição dinâmica da biosfera produz diferentes vegetações, climas, relevos entreoutros, dessa forma as paisagens naturais variam de grandes florestas tropicais adesertos, montanhas e imensas geleiras. Para a consolidação dos mais variados tipos devegetações existentes no mundo é preciso que haja a interação entre os elementosnaturais (clima, solo, relevo, vegetação e energia).

Isso fica evidente quando notamos as regiões com predominância de clima quente echuvoso, que deriva grandes florestas tropicais com enorme umidade e precipitação. János lugares de climas áridos, semi-áridos e desérticos a composição de vegetação émuito diferente, pois as plantas e os animais são adaptados às condições adversas, comoa falta de água e alimento.

Nas paisagens naturais o que mais se destacam visualmente são as vegetações. Asseguir algumas características das principais formações vegetais do mundo:

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 Floresta pluvial tropical: essas se localizam geograficamente, em geral, na América doSul, América Central, África, Ásia e Oceania. Todas as regiões citadas possuemcaracterísticas semelhantes como clima quente e úmido, proporcionando assim osurgimento de grandes florestas com uma enorme riqueza de biodiversidade, essas sãoas áreas do planeta que concentram a maior parte dos seres vivos.

Floresta Temperada: essa vegetação é encontrada principalmente no hemisfério norte,situada entre os trópicos e os círculos polares, os países que possuem esse tipo deflorestas são Estados Unidos, Europa, Ásia e no Sul do Chile com climas temperados. Asflorestas temperadas são diferentes em relação às florestas tropicais, pois a primeiraproduz uma quantidade menor de variedade de plantas e animais. As florestastemperadas possuem características singulares, no inverno e outono as árvores perdemsuas folhas, e por isso são denominadas de caducifólias.

Florestas de coníferas: essa vegetação é encontrada geograficamente em regiões comproximidade aos círculos polares, com características de clima com inverno bastanterigoroso. As coníferas são denominadas também de floresta boreal, é composta porpinheiros.

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Tundra: se faz presente no extremo norte do continente americano, europeu e asiático,a particularidade dessa vegetação é em relação ao clima, pois se desenvolve em áreas declima frio e polar, com duas estações (verão e inverno), sendo inverno rigoroso e verãocom temperatura um pouco mais elevada. Na tundra as vegetações encontradas sãomusgos, liquens e plantas herbáceas, esses vegetais se desenvolvem de forma mais

efetiva no verão, pois na estação do inverno toda área fica coberta de gelo.

Savana: esse tipo de vegetação tem uma grande semelhança com o cerrado brasileiro, assavanas são compostas basicamente por gramíneas e capins, árvores e arbustosespalhados na paisagem. As savanas são situadas geograficamente em regiões de climatropical, com duas estações bem definidas, sendo uma de seca (inverno) e uma chuvosa(verão). No mundo essa vegetação se faz presente nos seguintes países e continentes:América do Sul, África, Ásia e Austrália.

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Estepe e pradarias: são compostas por plantas herbáceas, arbustos e gramíneas, emáreas de clima temperado, geralmente o estepe desenvolve em lugares mais secos,enquanto que as pradarias em locais mais úmidos, essa é utilizada como uma ótimapastagem na pecuária. Os dois tipos de vegetações são encontrados na América doNorte, Ásia e América do Sul (Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul nos pampasgaúcho).

Vegetação desértica: são áreas com predominância de clima seco e árido, os vegetais sãoadaptados à falta de água, suas raízes são extensas e atingem o lençol freático, quandoraramente ocorre chuva brotam plantas, mas com um período muito curto de vida.

Projeções cartográficas

Para a prática da ciência cartográfica é de fundamental importância a utilização de

recursos técnicos, e o principal deles é a projeção cartográfica. A projeção

cartográfica é definida como um traçado sistemático de linhas numa superfície plana,

destinado à representação de paralelos de latitude e meridianos de longitude da Terra

ou de parte dela, sendo a base para a construção dos mapas.

A representação da superfície terrestre em mapas, nunca será isenta de distorções.

Nesse sentido, as projeções cartográficas são desenvolvidas para minimizarem as

imperfeições dos mapas e proporcionarem maior rigor científico à cartografia.

No entanto, nenhuma das projeções evitará a totalidade das deformações, elas irão

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valorizar alguns aspectos da superfície representada e fazer com que essas distorções

sejam conhecidas. Entre as principais projeções cartográficas estão:

- Projeção Cilíndrica: o plano da projeção é um cilindro envolvendo a esfera terrestre.

Depois de realizada a projeção dos paralelos e meridianos do globo para o cilindro,

este é aberto ao longo de um meridiano, tornando-se um plano sobre o qual serádesenhado o mapa.

Projeção Cilíndrica

- Projeção Cônica: a superfície terrestre é representada sobre um cone imaginário

envolvendo a esfera terrestre. Os paralelos formam círculos concêntricos e os

meridianos são linhas retas convergentes para os polos. Nessa projeção, as

distorções aumentam conforme se afasta do paralelo de contato com o cone. A

projeção cônica é muito utilizada para representar partes da superfície terrestre.

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 Projeção Cônica

- Projeção Plana ou Azimutal: a superfície terrestre é representada sobre um plano

tangente à esfera terrestre. Os paralelos são círculos concêntricos e os meridianos,

retos que se irradiam do polo. As deformações aumentam com o distanciamento do

ponto de tangência. É utilizada principalmente, para representar as regiões polares e

na localização de países na posição central.

Projeção Plana ou Azimutal

- Projeção Senoidal: executada por Mercator, Sanson e Flamsteed, tem os paralelos

horizontais e equidistantes. Trata-se de um tipo de projeção que procura manter as

dimensões superficiais reais, deformando a fisionomia. Esta deformação

intensifica-se na periferia do mapa.

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- Projeção de Mercator ou Projeção Cilíndrica Conforme: conserva a forma dos

continentes, direções e os ângulos verdadeiros. Muito utilizada para navegação

marítima e aeronáutica.

- Projeção de Peters ou Projeção Cilíndrica Equivalente: não mantém as formas,

direções e ângulos, conserva a proporcionalidade das áreas, preservando assuperfícies representadas.

- Projeção de Hölzel: Apresenta contorno em elipse, proporcionando uma ideia

aproximada da forma esférica da Terra com achatamento dos polos.

- Projeção Azimutal Equidistante Polar: O polo norte é o centro do mapa, e a partir

dele as distâncias estão em escala verdadeira, bem como os ângulos azimutais.

- Projeção de Robinson: é uma representação global da Terra. Os meridianos são

linhas curvas (elipses) e os paralelos são linhas retas.

Leitura de mapas temáticos

Mapas são representações gráficas feitas geralmente em uma superfície plana (comopapel), com a finalidade de apresentar informações da realidade; eles fazem parte dahumanidade desde os tempos remotos.

Essas representações do espaço geográfico se tornaram mais difundidas a partir danecessidade de tornar o trajeto das viagens mais seguro, como as caravanasmercantis, por exemplo.

Praticamente todas as características do espaço geográfico podem ser representadasem um mapa. No entanto, tais características não podem ser colocadas em uma únicacarta cartográfica, pois sua compreensão fica confusa e comprometida. Diante disso,os cartógrafos criaram mapas que abordam temas específicos, dando origem aosmapas temáticos. São eles: mapa político, físico, econômico e histórico.

Mapa Político: esse tipo de representação tem como objetivo explicitar as divisõesterritoriais, ou seja, as fronteiras entre continentes, países, estados e até municípios,enfatizando que as mesmas são criações humanas. Nesse tipo de mapa, é comumencontrarmos símbolos, como linha ( — ), para demonstrar fronteiras; e ponto ( • ),para indicar cidades.

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 Mapa político do Brasil representando as regiões, estados e capitais.

Mapa Físico: são elaborados para informar aspectos naturais (relevo, clima,vegetação, hidrografia) de um determinado continente, subcontinente, país, estado emunicípio.

Mapa físico que traz informações sobre o relevo da América do Sul.Mapas Econômicos: representação cartográfica criada para informar as riquezas deum determinado lugar (continente, subcontinente, país, estado e município).Expressam onde estão localizadas as principais jazidas minerais, além de informarsobre as produções agropecuárias, industriais e de serviços.

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 Mapa econômico que mostra a produção de algodão herbáceo em distintos pontos do

Brasil.

Mapas Históricos: tipo de representação cartográfica que informa sobre aspectos queaconteceram no passado, como, por exemplo, a floresta Amazônica em 1970, aexpansão de um território sobre o outro em períodos de expansionismo espacial,entre outros.

Mapa histórico que mostra as divisões estipuladas pelo Tratado de Tordesilhas.

1.3. EXEMPLOS DE MAPAS TEMÁTICOS E SUAS INTERPRETAÇÕES 

1.3.1. MÉTODOS DE MAPEAMENTO 

O nível de organização dos dados, qualitativos, ordenados ou quantitativos, de um mapa

está diretamente relacionado ao método de mapeamento e a utilização de variáveis

visuais adequadas à sua representação. A combinação dessas variáveis, segundo os

métodos padronizados, dará origem aos diferentes tipos de mapas temáticos, entre os

quais os mapas de símbolos pontuais, mapas de isolinhas e mapas de fluxos; mapas

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zonais, ou coropléticos, mapas de símbolos proporcionais ou círculos proporcionais,

mapas de pontos ou de nuvem de pontos.

1.3.2. FENOMENOS QUALITATIVOS 

Os métodos de mapeamento para os fenômenos qualitativos utilizam as variáveis visuais

seletivas forma, orientação e cor , nos três modos de implantação: pontual, linear e

zonal. A partir desses fenômenos derivam-se os três tipos de mapas a seguir.1.3.2.1. MAPAS DE SIMBOLOS PONTUAIS 

A construção de mapa de símbolos pontuais nominais leva em conta os dados absolutos

que são localizados como pontos e utiliza como variável visual a forma, a orientação ou a

cor. Também é possível utilizar símbolo geométrico associado ou não as cores. A

disposição dos pontos nesse mapa cria uma regionalização do espaço formada

especificamente pela presença/ausência da informação.

1.3.2.2. MAPAS DE SIMBOLOS LINEARES 

Os mapas de símbolos lineares nominais são indicados para representar feições que se

desenvolvem linearmente no espaço como a rede viária, hidrografia e, por isso, podem

ser reduzidos a forma de uma linha. As variáveis visuais utilizadas são a forma e a cor.

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Esses mapas também servem para mostrar deslocamentos no espaço indicando direção

ou rota (rotas de transporte aéreo, correntes oceânicas, fluxo de migrações, direções dos

ventos e correntes de ar) sem envolver quantidades. Nesses mapas qualitativos a

espessura da linha permanece a mesma, variando somente sua direção.

1.3.2.3. MAPAS COROCROMÁTICOS Os mapas corocromáticos apresentam dados geográficos e utilizam diferenças de cor na

implantação zonal. Este método deve ser empregado sempre que for preciso mostrar

diferenças nominais em dados qualitativos, sem que haja ordem ou hierarquia. Também

é possível o uso das variáveis visuais granulação e orientação, neste caso, as diferenças

são representadas por padrões preto e branco. Quando do uso de cores, estas devem

separar grupos de informações e os padrões diferentes e serem aplicados, para fazer a

subdivisão dentro dos grupos. Para os usuários, a visualização de fenômenos qualitativos

em mapas corocromáticos, apenas aponta para a existência ou ausência do fenômeno e

não a ordem ou a proporção do fenômeno representado.

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1.3.3. FENÔMENOS ORDENADOS 

Os fenômenos ordenados são representados em classes visualmente ordenadas e

utilizam a variável valor na implantação zonal. Os mapas mais significativos para

representar fenômenos ordenados são os mapas coropléticos.

1.3.3.1. MAPAS COROPLÉTICOS 

Os mapas coropléticos são elaborados com dados quantitativos e apresentam sua

legenda ordenada em classes conforme as regras próprias de utilização da variável visual

valor por meio de tonalidades de cores, ou ainda, por uma sequência ordenada de cores

que aumentam de intensidade conforme a sequência de valores apresentados nas

classes estabelecidas. Os mapas no modo de implantação zonal, são os mais adequados

para representar distribuições espaciais de dados que se refiram as áreas. São indicados

para expor a distribuição das densidades (habitantes por quilômetro quadrado),

rendimentos (toneladas por hectare), ou índices expressos em percentagens os quais

refletem a variação da densidade de um fenômeno (médicos por habitante, taxa de

natalidade, consumo de energia) ou ainda, outros valores que sejam relacionados a mais

de um elemento.

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1.3.4. FENÔMENOS QUANTITATIVOS 

Os fenômenos quantitativos são representados pela variável visual tamanho e podem ser

implantados em localizações pontuais do mapa ou na implantação zonal, por meio de

pontos agregados, como também, na implantação linear com variação da espessura da

linha.

1.3.4.1. MAPAS DE SÍMBOLOS PROPORCIONAIS 

Os mapas de símbolos proporcionais representam melhor os fenômenos quantitativos e

constituem-se num dos métodos mais empregados na construção de mapas com

implantação pontual. Esses mapas são utilizados para representar dados absolutos tais

como população em número de habitantes, produção, renda, em pontos selecionados do

mapa. Geralmente utiliza-se o círculo proporcional aos valores que cada unidade

apresenta em relação a uma determinada variável, porém, podem-se utilizar quadrados

ou triângulos. A variação do tamanho do signo depende diretamente da proporção das

quantidades que se pretende representar. Geralmente o número de classes com

utilização do tamanho, deve atingir no máximo cinco classes.

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1.3.4.2. MAPAS DE CÍRCULOS CONCÊNTRICOS 

O mapa de círculos concêntricos consiste na representação de dois valores ao mesmo

tempo por meio de dois círculos sobrepostos com cores diferentes. Este tipo de

representação é recomendado para a apresentação de uma mesma informação em

períodos distintos, ou para duas informações diferentes com dados não muito

discrepantes.

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1.3.4.3. MAPAS DE PONTOS 

Os mapas de pontos ou de nuvem de pontos expõem dados absolutos (número de

tratores de um município, numero de habitantes, totais de produção, etc.) e o número de

pontos deve refletir exatamente o número de ocorrências. Sua construção depende de

duas decisões: qual valor será atribuído a cada ponto e como esses pontos serão

distribuídos dentro da área a ser mapeada.

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1.3.4.4. MAPAS ISOPLÉTICOS 

Os mapas isopléticos ou de isolinhas são construídos com a união de pontos de mesmo

valor e são aplicáveis a fenômenos geográficos que apresentam continuidade no espaço

geográfico. Podem ser construídos a partir de dados absolutos de altitude do relevo

(medida em determinados pontos da superfície da Terra); temperatura, precipitação,

umidade, pressão atmosférica (medidas nas estações meteorológicas); distância-tempo,

ou distância-custo (medidas em certos pontos ao longo de vias de comunicação) e

outros, como volume de água (medida em pontos de captação); também podem ser

construídos a partir de dados relativos como densidades, percentagens ou índices.

1.3.4.5. MAPAS DE FLUXOS Os mapas de fluxo são representações lineares que tentam simular movimentos entre

dois pontos ou duas áreas (figura 10). Esses movimentos podem ser medidos em certos

pontos ao longo das vias de comunicação ou entre duas áreas, na origem e no destino

sem necessariamente especificar a via de comunicação. Esse tipo de mapa mostra

claramente em que direção os valores ou intensidades de um fenômeno crescem ou

decrescem.

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