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 ORDEM DOS ADVOGADOS CNEF / CNA Comissão Nacional de Estágio e Formação / Comissão Nacional de Avaliação PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RGF ) Questões de Deontologia Profissional (6 valores) e de Pr ática Processual Civil (7 valores) 19 de Janeiro de 2008

Prova escrita nacional de Deontologia Profissional e Prática Processual Civil - Janeiro 2008 - RGF

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 ORDEM DOS ADVOGADOSCNEF / CNA

Comissão Nacional de Estágio e Formação / Comissão Nacional de Avaliação

PROVA ESCRITA NACIONAL DOEXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E

AGREGAÇÃO(RGF)

Questões de Deontologia Profissional(6 valores)

e dePrática Processual Civil

(7 valores)

19 de Janeiro de 2008

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 I

DEONTOLOGIA PROFISSIONAL 

GRUPO I

ÁLVARO, advogado, que apenas se dedicava ao aconselhamento e à prática forense

na área do direito penal e processual penal, foi procurado por JÚLIO que, erradamente,

o reputava de especialista na área fiscal e, por isso, dele pretendia obter 

aconselhamento jurídico, sobre matéria relativa a IVA de sociedade da qual era sócio e

gerente.JÚLIO tinha ouvido a um seu amigo, também ele gerente de uma empresa do mesmo

sector de actividade que, nomeadamente, através da alteração de alguns elementos

contabilísticos, que se propunha fazer e da apresentação de algumas reclamações, se

podiam obter muito rapidamente reembolsos de IVA por parte do Estado. Por isso,

decidiu procurar ÁLVARO, prometendo-lhe pagar-lhe, a título de honorários

exclusivamente o correspondente a 20% do que viesse a ser reembolsado à sociedade

de que era gerente.

Na verdade, a sociedade era legitima credora de IVA do Estado mas, para ser 

reembolsada, era-lhe exigida a prestação de uma garantia válida durante um ano, o

que JÚLIO achava injusto e, além disso, o mesmo só se efectuaria não antes de 12

meses após o pedido e a apresentação da garantia, demora com a qual, aliás, não se

compadecia a situação financeira da sua representada.

1. Deveria o Álvaro dar aconselhamento sobre a matéria em causa? (1 v.)

2. Pondo a hipótese de que aceitaria patrocinar o Júlio, em que sentido o

deveria aconselhar? (1 v.)

3. Poderia aceitar a proposta de honorários nos termos em que lhe foi feita?

(1 v.)

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GRUPO II

1. Diga que princípios deontológicos estão subjacentes às incompatibilidades e

aos impedimentos para o exercício da advocacia. (1 v.)

2. Caracterize as diferenças entre incompatibilidades e os impedimentos para o

exercício da advocacia. (1 v.)

GRUPO III

RAFAEL, advogado, foi objecto de várias condenações em diversos processos

disciplinares, tendo-lhe sido aplicadas penas de suspensão do exercício da actividade

profissional.

Em todos os processos disciplinares foi dado como provado que RAFAEL utilizara

indevidamente e se apropriara de valores de clientes, condutas que adoptara sempre

voluntária e conscientemente, por causa e no exercício da sua profissão de advogado.

RAFAEL não havia praticado os factos, que conduziram às suas diversas condenações

em sede disciplinar, de modo isolado ou acidental, nem as penas que lhe foram

aplicadas evitaram a repetição de condutas.

Qual se lhe afigura ser, do ponto de vista estatutário e disciplinar, a situação

subjacente ao comportamento de Rafael e como deveria ser resolvida pela

Ordem? (1v.)

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 II

PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL

I

A – 1,5 v.

Em acção ordinária, foi remetida ao tribunal, em prazo, a contestação com documentos

— um dos quais uma certidão do registo comercial —, por fax, o qual foi efectivamente

recebido e em boas condições. Decorridos dez dias, não tendo sido remetidos os

originais do articulado e dos documentos que os deviam acompanhar —

nomeadamente, o comprovativo do pagamento da taxa de justiça e a procuração —, a

secretaria notificou o Mandatário do Réu para que fizesse essa remessa aos autos.

Não tendo sido feita essa junção, foi aberta conclusão, tendo o Juiz despachado no

sentido de não aproveitar à parte o acto praticado através de telecópia.

Comente esta decisão.

B – 1,5 v.

Em acção intentada em 2006 na comarca de Lisboa, “A” pediu a condenação de “B” a

pagar-lhe €8.980,00, valor correspondente ao preço de serviços de aceitação,

expedição, distribuição e entrega de várias encomendas, e legais acréscimos.

A Ré contestou impugnando os factos articulados; e deduziu reconvenção na qual

pedia a condenação da Autora no pagamento da quantia de €57.124,00, sustentando,

para tanto: que algumas das mercadorias transportadas pela Autora, por causa do

deficiente cumprimento do encomendado transporte, foram devolvidas pelos clientes

da Ré; que, nomeadamente, foram devolvidas por deterioração durante o transporte,

em 2004, mercadorias no valor de €19.003,00; em 2005, mercadorias no valor de

€16.259,00; em 2006, mercadorias no valor de €21.862,00; que tais mercadorias

devolvidas não têm qualquer aproveitamento, já que são feitas em madeiras de

contraplacado, que não permitem que sejam limpas e reenvernizadas; que o deficiente

cumprimento pela Autora do ajustado  transporte, causou um prejuízo para a Ré não

inferior àquele montante de €57.124,00, acrescido do custo do respectivo transporte.

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Sem outros articulados, a causa veio a ser decidida no despacho saneador, nos termos

seguintes: a) absolver a Autora do pedido reconvencional por se considerar inepto o

respectivo requerimento, o qual não contém os factos constitutivos dos danos

especificadamente alegados, em que se funda o pedido indemnizatório; b) por os autos

conterem elementos que permitem a apreciação do mérito da causa, julgar a acção

procedente por provada, com a condenação  da ré a pagar à autora a quantia de

€8.981,00 acrescida de juros vencidos e vincendos, desde a citação até integral

pagamento, à taxa legal.

O despacho saneador foi proferido no tribunal em que a acção foi proposta?

II – 2 v.

Em acção ordinária, o Advogado do Autor mudou de domicílio profissional no período

de tempo decorrido entre a notificação que lhe foi feita pela secretaria do oferecimento

da contestação e a entrega em juízo da réplica; no cabeçalho deste último articulado,

figurava o novo domicílio profissional do Advogado do Autor.

A partir desse momento, todas as notificações da secretaria ao Autor passaram a ser 

feitas para o novo domicílio profissional do seu Advogado.

Feito o julgamento e proferida sentença, o Réu interpôs recurso, sendo o Advogado do

Autor — o qual manteve todos os seus números telefónicos, apesar da mudança de

escritório —, notificado dessa interposição pelo Advogado do Réu, via telecópia.

Não tendo sido notificado do despacho de admissão de recurso, nem de alegações do

Réu, nem da subida dos autos, nem do acórdão que deu provimento ao recurso, foi

com surpresa que o Advogado do Autor recebeu a notificação da conta de custas.

No dia seguinte, tendo-se dirigido ao tribunal e consultado o processo, apurou o

Advogado do Autor que as notificações em falta haviam sido feitas para o seu antigoescritório.

No próprio dia, requereu o Autor, no tribunal de 1ª instância, a declaração da nulidade

da sua presumida notificação do despacho de admissão de recurso e de todo o

processado subsequente que dela dependesse directamente, nomeadamente o

acórdão da Relação e que fosse repetida a notificação em falta para o domicílio do seu

mandatário, com fundamento na circunstância de não ter recebido por telecópia, ou

pelo correio, ou por outro meio, cópia do despacho de admissão de recurso, as

alegações do recurso, nem a cópia do acórdão respectivo, situação que disse explicar-

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se por virtude de não haver sido considerada a mudança de domicílio do seu

Advogado.

Com os fundamentos de que as notificações, cuja falta o Advogado do Autor acusa,foram feitas para o domicílio indicado na procuração junta com a petição inicial, e de

que o Advogado do Autor jamais comunicara formalmente a alteração do seu domicílio

profissional, o Senhor Juiz, declarou terem sido tais notificações feitas devidamente ao

Autor e desatendeu a pretensão do Autor.

Comente esta decisão.

III – 2 v.

Stadtbank AG instituição bancária com sede em Ösnabruck, Alemanha, intentou contra

Distriporto, SA, com sede no Porto, acção declarativa sob a forma ordinária, em que

concluiu pedindo que a ré fosse condenada a pagar-lhe a quantia de €86.285,00,

porquanto era legítimo portador de duas letras de câmbio, por via de endosso, daquele

montante, sacadas pela ré e que não foram pagas na data do respectivo vencimento.

Citada, a ré veio dizer por requerimento que estava impedida de contestar, por não

conhecer os documentos que a autora referiu serem letras de câmbio e nas quais

fundou o seu pedido; contestando por mera cautela, disse desconhecer as letras decâmbio referidas na petição inicial e impugnou toda a matéria articulada pela autora,

concluindo pela improcedência da acção.

Por requerimento — entrado após a apresentação da contestação e depois de

decorrido o prazo para a sua apresentação —, a autora juntou fotocópia autenticada

das letras devidamente traduzidas e legalizadas, tendo a ré sido notificada com o envio

de cópias das letras.

Foi elaborado o saneador, fixados os factos assentes e elaborada a base instrutória.

Seguindo a acção os seus regulares termos, veio a final a ser proferida sentença quejulgou a acção procedente e condenou a ré a pagar ao autor a quantia pedida.

A Ré recorreu, sustentando que — sendo a letra de câmbio um título formal e, na

acção, constituindo as letras a própria causa de pedir —, a falta de junção das mesmas

com a petição inicial ou, pelo menos, dentro do período de tempo concedido para a

contestação, a impediu de contra elas deduzir excepções, nomeadamente a falta de

poderes das pessoas que em seu nome as aceitaram, apondo nelas as respectivas

assinaturas; que tal falta de junção constitui nulidade, uma vez que influiu no

julgamento da causa, por não ter podido a Ré defender-se no que à materialidade das

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letras dizia respeito, ex vi do disposto no artigo 489º do Código de Processo Civil; que

à notificação posterior, com entrega das cópias das letras, só podia a Ré ter reagido

quanto à veracidade dos documentos, através do incidente do artigo 544º do mesmo

Código; que o Tribunal devia ter declarado a nulidade, e, em consequência, tê-la

absolvido.

Comente.