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PROVA ORAL Tabelionato de Protesto...Ainda, vê-se a relevância econômica e social do protesto na exigência de apresentação de certidão de protesto para o registro de incorporação

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Tabelionato de Protesto

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TABELIONATO DE PROTESTO

EDITAL UNIFICADO: Aspectos juridicos e funcao economica. Natureza e finalidade.

Lei Federal nº 9.492/97. Competencia e Atribuicoes. Ordem dos Servicos. Livros e sua

Escrituracao. Conservação. Procedimento e formalidades. Prazos. Intimacao.

Apresentacao e Protocolizacao. Qualificacao dos titulos e outros documentos de divida.

Alcance. Do protesto por indicacao. Protesto de Titulos Judiciais e de Certidoes de

Divida Ativa.

ASPECTOS JURÍDICOS E FUNÇÃO ECONÔMICA

1. Fale sobre a relevância social e econômica do protesto.

➔ O protesto, atualmente, tem grande relevância econômica e social. A lei outorgou

novas medidas ao procedimento de protesto (como a possibilidade de protestar qualquer

título líquido, certo e exigível, sentenças, certidões de dívida ativa, etc.), de modo que

este abandonou sua função meramente probatória ou testificante para assumir o papel de

meio rápido, seguro, menos oneroso e eficaz de satisfação de obrigações e prevenção de

litígios.

➔ Os credores, ao utilizarem os serviços de protesto, objetivam a satisfação de seu

crédito, o que pode ser obtido em pouco tempo, com segurança e legalidade. Cerca de

metade dos títulos que aportam nos tabelionatos de protesto são pagos ao término do

prazo legal. O percentual das sustações de protesto é ínfimo e boa parte das liminares

concedidas acaba sendo objeto de revogação ao final.

➔ O protesto guarda a relevante função de constranger legalmente o devedor ao

pagamento, sob pena de ter lavrado e registrado contra si ato restritivo de crédito,

evitando que todo e qualquer inadimplemento vislumbre na ação judicial, a única

providência jurisdicional possível.

➔ Ainda, vê-se a relevância econômica e social do protesto na exigência de

apresentação de certidão de protesto para o registro de incorporação e loteamento (art.

32, b, da Lei 4.951/64 e art. 18, IV, a, da Lei 8.666/79), cabendo ao Oficial Registrador

verificar em cada caso a situação econômica do incorporador ou loteador para que possa

aferir a viabilidade do registro ou sua negativa, de modo a proteger o interesse dos

futuros adquirentes.

2. Quem é o autor do protesto?

➔ A doutrina majoritária tradicional, considerando o protesto em sentido amplo, ou

seja, composto da intenção da parte de demonstrar sua diligência ou inércia do sacado

ou devedor, somada à lavratura que seguirá caso esta se consume, afirma que o protesto

é ato da parte, e que o Tabelião se limita a formalizar. Fábio Ulhoa defende que: “o

credor é quem protesta, o cartório apenas reduz a termo a vontade expressa pelo titular

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do crédito”. Vicente Amadei expressa o mesmo pensamento ao dizer que o protesto é

“formado” pelo notário e que ocorre “na presença do Tabelião”, ou, ainda, quando

afirma que o Tabelião está em condições de testificar o protesto “que o portador do

título” faz em relação ao devedor.

➔ Há, no entanto, posição contrária que, considerando o protesto em sentido estrito,

ou seja, ato notarial e registral que somente pode ser praticado por Tabelião de Protesto,

afirma que o protesto também pode e deve ser ato do Tabelião, praticado mediante

provocação da parte e com ativa participação desta. Não há como tratar o ato de protesto

como de autoria exclusiva da parte, pois o protesto não passa a existir apenas com a

apresentação, ele depende da intimação do devedor, sua inércia e consequente lavratura

e registro do protesto pelo Tabelião.

➔ Conclui-se que o ato de protesto é, a um só tempo, ato da parte e do Tabelião de

Protesto, sem que a autoria de um exclua a do outro, mas, na verdade, se

complementam.

3. Qual o regime jurídico do protesto?

➔ O protesto é regido primordialmente pela Lei n. 9.492/97 (Lei de Protesto), que dita

o procedimento a ser seguido pelo serviço de protesto, disciplinando, entre outras

matérias, a emissão de informações e certidões, a preservação do acervo e chegando à

regulação da responsabilidade dos Tabeliães de Protesto. Trata-se, pois, da principal

fonte imediata do Direito Protestual.

➔ Esse regramento é complementado pelas leis aplicáveis aos títulos de crédito, em

face do aspecto cambial que também integra o protesto. Assim contêm disposição

relativas a ele o Decreto n. 2.044/190 e a Lei Uniforme (Decreto n. 57.663/66, que

tratam da letra de cambio e da nota promissória; a Lei n. 5.474/68, referente às

duplicatas; e a Lei do Cheque (Lei n. 6.357/85).

➔ Há, em verdade, um entrelaçamento remoto do instituto com todo o ordenamento

jurídico de que faz parte. Vale citar os seguintes dispositivos: art. 202, III do Código

Civil; art. 2o, §2o, do Decreto-lei n. 911/69 (Alienação Fiduciária); art. 41 da Lei n.

10.931/2004 (Cédula de Crédito Bancário); art. 94, I, da Lei n. 11.101/2005 (Falência e

Recuperação Judicial); art. 73 da Lei Complementar n. 123/2006 (Microempresa e

Empresa de Pequeno Porte); Lei 8.935/94 (Estatuto dos Notários e Registradores); art.

75 da Lei 4.728/65 (Contrato de Câmbio); arts. 517 e 528, §1º do Código de Processo

Civil.

➔ O protesto, como todo o serviço registral e notarial, submete-se também a outra

espécie de regramento: o regulamentar, consubstanciado em normas gerais, de âmbito

estadual e com natureza administrativa, estabelecidas pelas Corregedorias Gerais de

Justiça de cada unidade da Federação.

➔ O Conselho Nacional de Justiça também exerce poder regulamentar em relação à

atividade notarial e registral, que está sujeita, portanto, às resoluções, provimentos,

recomendações ou quaisquer outros atos normativos baixados por aquele órgão.

NATUREZA E FINALIDADE

4. Qual a definição legal de protesto?

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➔ O protesto consiste, conforme Lei n. 9.492/97, Art. 1º no “ato formal e solene pelo

qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e

outros documentos da dívida”. Importante observar que essa definição diz respeito ao

ato de protesto, e não ao procedimento para protesto ou o serviço de protesto.

5. Qual a natureza jurídica do ato de protesto?

➔ É ato jurídico, público, extrajudicial, formal, unitário e misto.

➔ Protesto como ato jurídico em sentido estrito: produz efeitos que decorrem da lei,

independentes ou não vinculados às vontades das partes.

➔ Protesto como ato público: o serviço prestado pelos notários e registradores tem

natureza pública, exercidos em caráter privado, assim, se o ato de protesto nele se

compreende, é correto dizer que esse ato também é público. Sendo público, é, por

conseguinte, oficial, pois apenas o Tabelião, ou seu substituo legal, pode praticá-lo,

sendo vedado ao particular a sua lavratura.

➔ Protesto como ato extrajudicial: o protesto, em regra, é lavrado sem nenhuma

interferência judicial.

➔ Protesto como ato formal: o ato deve ser lavrado e registrado com estrito

cumprimento das formalidades elencadas na lei.

➔ Protesto como ato unitário: o ato é uno, realiza-se em um só ato e o Tabelião

protesta o título ou documento de dívida apresentado, e não o devedor.

➔ Protesto como ato misto ou híbrido: é considerado um ato notarial (lavratura) e

registral (registro).

6. Protesto é considerado um ato administrativo?

➔ Não, pois carece dos requisitos e motivos, que devem ter vinculação com o interesse

público de maneira imediata. O protesto, por seus efeitos diretos, atende a interesses

privados.

➔ Outros autores entendem que sim, como os atos notariais e registrais em geral;

7. Cite e explique três efeitos do protesto.

➔ São os efeitos do protesto: conservatório, moratório, de fixar o termo legal da

falência, de interromper a prescrição, da publicidade e do abalo no crédito do devedor.

➔ Efeito conservatório: nas hipóteses de protesto necessário, com a finalidade de

conservar direitos.

➔ Efeito moratório: denominado também efeito constitutivo, caracteriza-se por

constituir em mora o devedor, provar a sua inadimplência ou descumprimento da

obrigação. “Não havendo prazo estipulado, a data do registro do protesto é o termo

inicial de incidência de juros, taxas e atualizações monetárias sobre o valor da obrigação

contida no título ou documento de dívida” (Art. 40 da Lei 9.494/97). Contudo, entende-

se que este regramento não se aplica aos títulos cambiários, nestes casos, a correção

monetária incide a partir do vencimento do título e não do protesto ou do ajuizamento

da ação.

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➔ Efeito de fixar o termo legal da falência: o primeiro protesto serve para fixar o

termo legal da falência, momento que caracteriza o estado de falido do devedor (art. 99,

II, da Lei 11.101/2005). Tem o objetivo de propiciar a revogação (ação revocatória) de

atos que sejam nocivos aos interesses dos credores, fraudulentos por presunção legal.

➔ Efeito de interromper a prescrição: o art. 202, III, do Código Civil dispõe que o

protesto cambial interrompe a prescrição. O dispositivo é claramente taxativo e

menciona apenas o protesto cambial, de maneira que essa regra é aplicada apenas aos

títulos de crédito.

➔ Efeito da publicidade: esse efeito se verifica em relação aos protestos lavrados e

registrados. O ato de protesto ganha publicidade por meio da emissão de certidões e

informações. Não há se falar em publicidade de títulos apenas protocolizados, ou de

protestos cancelados ou sustados, salvo por requerimento do próprio devedor ou por

ordem judicial.

➔ Efeito do abalo no crédito do devedor: esse efeito é decorrência direta da

publicidade do protesto, que se amplia com a remessa de certidões em forma de relação

às entidades de proteção ao crédito e a consequente inclusão do nome do devedor no

cadastro de inadimplentes, bem como com a multiplicação de bancos de consulta

gratuita disponibilizados pelos próprios Tabeliães de Protesto. A existência de protesto

não cancelado em nome de uma pessoa acarretará a ela restrições creditícias, e esse é

um dos principais fatores que levam a altos índices de satisfação da obrigação.

LEI FEDERAL 9.492/97

8. Existe previsão legal de uma central eletrônica nacional de serviços eletrônicos

compartilhados dos tabeliães de protesto?

➔ Sim, com a Lei 13.775/2018 foi incluído o artigo 41-A na Lei 9.492/97;

9. Cite ao menos 3 serviços que deverão ser disponibilizados na Central Nacional.

I - escrituração e emissão de duplicata sob a forma escritural, observado o disposto na

legislação específica, inclusive quanto ao requisito de autorização prévia para o

exercício da atividade de escrituração pelo órgão supervisor e aos demais requisitos

previstos na regulamentação por ele editada;

II - recepção e distribuição de títulos e documentos de dívida para protesto, desde que

escriturais;

III - consulta gratuita quanto a devedores inadimplentes e aos protestos realizados, aos

dados desses protestos e dos tabelionatos aos quais foram distribuídos, ainda que os

respectivos títulos e documentos de dívida não sejam escriturais;

IV - confirmação da autenticidade dos instrumentos de protesto em meio eletrônico;

e

V - anuência eletrônica para o cancelamento de protestos.

10. O rol de serviços é taxativo ou aberto?

➔ Aberto. (“ao menos os seguintes serviços”);

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11. Quais tabeliães de protesto estão obrigados a aderir à Central Nacional

Eletrônica?

➔ Todos.

COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÕES

12. Especifique as atribuições do Tabelionato de Protesto, conforme a Lei

9.492/97.

➔ Art. 3º Compete privativamente ao Tabelião de Protesto de Títulos, na tutela dos

interesses públicos e privados, a protocolização, a intimação, o acolhimento da

devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento, do título e de outros documentos

de dívida, bem como lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência do credor em

relação ao mesmo, proceder às averbações, prestar informações e fornecer certidões

relativas a todos os atos praticados, na forma desta Lei.

13. Diferencie protesto necessário e protesto facultativo.

➔ O protesto necessário é ato indispensável para que o portador conserve

determinados direitos, como o direito de regresso contra devedores indiretos ou contra o

sacador. É um ônus (não um dever) do legítimo portador do título, e é necessário

quando sua falta gera perda de algum direito ao portador ou não o habilite para

determinada ação.

➔ É facultativo quando pode ser dispensado sem prejuízo ao legítimo portador. O

protesto facultativo tem apenas a função probatória e é visto como uma faculdade do

credor.

14. Cite três hipóteses de protesto necessário.

➔ O protesto é necessário para:

a. Requerer a falência do devedor (art. 94, I, da Lei n.11.101/2005);

b. Possibilitar ao portador do título o exercício do direito de regresso contra devedores

indiretos (devedores de regresso) ou contra o sacador;

c. Que haja o exercício da ação cambial contra o sacado não aceitante da duplicata

(art. 15, II, a, da Lei n. 5.474/68);

d. Que se promova a execução do contrato de câmbio (art. 75 da Lei n. 4.728/65);

e. Que o endosso produza seus efeitos cambiários, pois aquele lançado após o protesto

(endosso póstumo ou tardio) produz efeito de cessão de crédito;

15. O protesto do Cheque é necessário ou facultativo?

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➔ Como regra, facultativo, pois não se vale para a garantia de direito de regresso

contra os coobrigados pelo título. Será necessário, no entanto, quando seu fim for

instruir pedido de falência (protesto especial falimentar).

ORDEM DOS SERVIÇOS

16. Horário mínimo de atendimento ao público.

➔ 6 horas diárias.

17. Distribuição dos títulos para protesto é obrigatória?

➔ Será obrigatória com mais de um tabelionato de protesto no local.

18. Quais os critérios a serem adotados pelo distribuidor de títulos?

➔ Quantitativo (quantidade de títulos) e qualitativo (referente ao valor do título); No

caso de devolução de títulos por irregularidade, será feita compensação entre os

tabelionatos de protesto para que não haja desigualdade de receita.

19. O Distribuidor pode devolver o título por irregularidade formal?

➔ Como regra, pelo artigo 9º da LP, a devolução por vício formal só se dará após a

protocolização. Pelo artigo 5º da LP, todos os títulos apresentados ou distribuídos serão

protocolizados.

➔ Excepcionalmente = devolução pelo distribuidor quando for materialmente

impossível o apontamento, exemplo de formulário desacompanhado de documento ou

do título;

LIVROS E SUA ESCRITURAÇÃO

20. Quais são os livros específicos do Tabelionato de Protesto?

➔ Livro Protocolo e Livro de Protesto.

21. Dentre os Livros de Protesto, existe um Livro Específico para os protestos

falimentares?

➔ Não, o livro de protesto é o mesmo tanto para o protesto comum como para o

protesto falimentar especial.

22. De acordo com o artigo primeiro da Lei 8.935/94 os serviços notariais e de

registro devem garantir a publicidade dos atos jurídicos. A publicidade é plena no

tabelionato de protesto? Existe alguma restrição específica?

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➔ A publicidade não é plena no tabelionato de protesto. Isso porque, antes de

protestado, não existe publicidade do Livro Protocolo, vez que durante o tríduo legal o

devedor ainda tem a possibilidade de pagar a dívida e assim evitar eventuais efeitos

adversos provocados pelo protesto como, por exemplo, o abalo ao crédito.

➔ Também são exceções à publicidade: protesto com ordem judicial de suspensão de

efeitos; certidão remetida às entidades de proteção ao crédito (Serasa e Boa Vista);

protesto cancelado.

23. De que forma podem ser escriturados os Livros no Tabelionato de Protesto?

➔ Processo manual, mecânico, eletrônico ou informatizado (artigo 32 da LP).

CONSERVAÇÃO

24. Quais são os classificadores (pastas, arquivos) que o Tabelião de Protesto deve

manter?

➔ Art. 35. O Tabelião de Protestos arquivará ainda:

I - intimações;

II - editais;

III - documentos apresentados para a averbação no registro de protestos e ordens de

cancelamentos;

IV - mandados e ofícios judiciais;

V - solicitações de retirada de documentos pelo apresentante;

VI - comprovantes de entrega de pagamentos aos credores;

VII - comprovantes de devolução de documentos de dívida irregulares.

PROCEDIMENTOS E FORMALIDADES

25. Diferencie pagamento, desistência, cancelamento e sustação judicial do

protesto;

➔ Pagamento = ato do devedor ou de pessoa que, nos termos da lei civil, satisfaça a

obrigação, sendo ou não terceiro interessado, exame que escapa às atribuições do

Tabelião.

➔ Desistência = ato do apresentante acolhido pelo Tabelião, que em razão dele faz

cessar o procedimento para protesto.

➔ Cancelamento = inibir a irradiação de efeitos jurídicos, não atinge a validade nem a

existência, somente a eficácia do ato jurídico = não afeta a lavratura no protesto.

➔ Sustação judicial do protesto = ordem oriunda do juiz que no exercício do poder

geral de cautela, em processo inominado, determina ao Tabelião que suste o

procedimento para protesto.

26. Quais são as modalidades de cancelamento do protesto?

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➔ Cancelamento administrativo = requerido diretamente ao Tabelião, por qualquer

interessado com exibição do documento protestado (prova direta); carta de anuência

(prova indireta); cópia autenticada da quitação, no caso de cheque (artigo 48 da LCH).

➔ Cancelamento judicial = com ampla cognição (artigo 26 da LP), com trânsito em

julgado e dispensando a apresentação do título.

PRAZOS

27. De acordo com a Lei 9.492/97, quais os prazos para distribuição,

protocolização e protesto do título?

➔ Distribuição e entrega ao Tabelionato: no mesmo dia;

➔ Protocolização: em 24 horas;

➔ Protesto: 3 dias úteis contados da protocolização, excluindo o do início e contando

o último.

28. Quais dias se consideram não úteis para fins de contagem de prazo?

➔ Quando não houver expediente bancário para o público ou aquele em que não

obedecer ao horário normal.

29. Algum caso de dilação do tríduo legal?

➔ Quando a intimação for efetuada no último dia do prazo ou além dele, por motivo

de força maior, o protesto será tirado no primeiro dia útil subsequente (artigo 13 LP).

30. No caso de deflagração de greve bancária, como ficam os prazos se já

apresentado o título?

➔ O prazo suspende, contam-se os dias úteis já passados antes da paralisação.

INTIMAÇÃO

31. Quais são as espécies de intimação no Tabelionato de Protesto?

➔ Entrega no endereço indicado pelo apresentante ou por publicação de edital.

32. Quais são as modalidades da remessa de intimação?

➔ Portador do tabelião ou qualquer outro meio, desde que o recebimento fique

assegurado e comprovado através de protocolo, AR ou documento equivalente.

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33. A remessa por outro meio que não os correios violaria Monopólio postal da

União?

➔ STJ ARESP 954746 – artigo 14 da LP – discussão em aberto;

34. Como se considera cumprida a intimação no protesto comum? E no protesto

falimentar?

➔ Protesto comum: com a comprovação de entrega no endereço indicado pelo

apresentante.

➔ Protesto falimentar: com a comprovação de entrega e identificação da pessoa que

recebeu a intimação.

35. Menor de idade pode receber intimação?

➔ Se menor de 16 anos, incapaz absoluto, dever ser suspensa a intimação.

➔ Caso se declare maior de 16 anos e a aparência confirme poderá prosseguir na

intimação, vez que o púbere é legitimado e capaz para representar maiores de idade

(666 CC).

36. No caso de protesto falimentar, existe algum caso em que a intimação deverá

ser feita por edital?

➔ Se houver recusa em receber a intimação. Neste caso, o fato será certificado e se

procederá ao edital.

APRESENTAÇÃO E PROTOCOLIZAÇÃO

37. Quem está legitimado para fazer a apresentação do título ou documento para

protesto? (RGC)

➔ Apresentante: poderá ser o credor ou endossatário por endosso mandato.

38. Apresentado título de crédito emitido com omissões (nota promissória, por

exemplo), poderá o Tabelião aceitar o preenchimento pelo próprio credor? (RGC)

➔ Súmula 387 STF: A cambial emitida ou aceita com omissões poderá ser completada

pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.

QUALIFICAÇÃO DOS TÍTULOS E OUTROS DOCUMENTOS DE DÍVIDA

39. O protesto é ato notarial ou de registro?

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➔ A doutrina majoritária entende o ato de protesto como ato notarial; Isto porque o

tabelião lavra e registra o protesto e não o título ou documento apresentado; É atividade

de criação, tal como o tabelião de notas; O registrador qualifica o título, o tabelião cria o

título (causa do direito).

➔ “A atividade do Tabelião não retrata, pura e simplesmente, uma realidade já

existente, como é próprio aos atos registrais, mas, pelo contrário, persiste a criação de

algo novo, um instrumento, a partir da consecução de um ato jurídico stricto sensu de

natureza notarial, considerado o adjetivo em um sentido amplo” Marcelo Fortes Barbosa

Filho

40. Defina qualificação no âmbito do tabelionato de protesto.

➔ Qualificação é ato do Tabelião de Protesto consistente em examinar diretamente o

título ou documento de dívida em seus requisitos formais.

➔ Juízo positivo ou negativo de protestabilidade do título, em exame formal

extrínseco de sua admissibilidade para o protesto pretendido.

41. Pode o tabelião investigar o exercício ou não de atividade empresarial para

fins de saque de duplicata?

➔ Não, pois trata-se de requisito material, faz parte do âmago da relação jurídica.

42. Em qual momento é feita a qualificação?

➔ No momento da apresentação do título.

43. Qual é o alcance da qualificação? No que consistem os elementos formais

extrínsecos do Título? Prescrição e decadência se referem à forma ou à

substância?

➔ A qualificação do tabelião alcança apenas os requisitos formais extrínsecos, ou seja,

a forma, o modo jurídico pelo qual se deve externar a manifestação de vontade para ser

declaração desta.

➔ Não entram na qualificação aspectos relacionados à capacidade, consentimento,

objeto e causa.

➔ Prescrição e decadência são institutos que tocam ao aspecto material da relação

jurídica, por isso fogem à qualificação do Tabelião.

44. Qual é o objeto do protesto? Conceitue título de crédito. Cite três espécies de

títulos de crédito que podem ser protestados.

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➔ O objeto do protesto é composto por títulos de crédito e outros documentos de

dívida (art. 1o da Lei n. 9.492/97).

➔ “Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e

autônomo nele contido” (art. 887 do CC).

➔ Cheque, Duplicata, Nota Promissória, Letra de Câmbio, Cédulas de Crédito, Notas

de Crédito etc.

45. Diferencie os títulos de crédito cambiais e os cambiariformes.

➔ Na doutrina de Pontes de Miranda, os títulos de crédito podem ser cambiais ou

cambiariformes.

➔ Títulos de crédito cambiais ou próprios: há abstração, formalismo e circularidade. É

o caso da nota promissória e da letra de crédito.

➔ Títulos de crédito cambiariformes ou impróprios: regime do direito. É o caso do

cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito, etc.

46. Que requisito especial a lei exige para o protesto do cheque?

➔ A lei traz como requisito especial para o protesto a prévia apresentação do cheque

ao banco sacado, salvo se este tiver por fim instruir medida contra a própria instituição

financeira (art. 6o da Lei 9.492/97).

47. É possível o protesto de cheque furtado, roubado ou extraviado? Há exceção?

Qual a especificidade deste registro excepcional?

➔ Não, é vedado, conforme previsão no art. 2º do Provimento 30/2013 do Conselho

Nacional de Justiça, que regulamenta o protesto de cheque. No entanto, há uma

exceção: se os títulos circularem por endosso ou estiverem garantidos por aval, será

possível o protesto, com base no princípio da autonomia das relações cambiárias1.

➔ O registro do protesto não deverá constar o nome e número do titular da conta

bancária vinculada ao cheque, anotando-se nos campos próprios que o emitente é

desconhecido e, elaborando-se, em separado, índice pelo nome do apresentante (art. 2o,

§1º do Provimento 30/2013 do CNJ).

48. Se o cheque apresentado para protesto houver sido emitido após determinado

prazo, que informação por ele apresentada deve ser comprovada? Qual documento

ele deve apresentar? Há outra hipótese em que essa comprovação de endereço será

exigida?

➔ Quando o cheque for apresentado para protesto mais de um ano após sua emissão,

será obrigatória a comprovação, pelo apresentante, do endereço do emitente. Tal

1Art. 2o E vedado o protesto de cheques devolvidos pelo banco sacado por motivo de furto, roubo ou

extravio de folhas ou talonários, ou por fraude, nos casos dos motivos numeros 20, 25, 28, 30 e 35, da

Resolução 1.682, de 31.01.1990, da Circular 2.313, de 26.05.1993, da Circular 3.050, de 02.08.2001, e da

Circular 3.535, de 16 de maio de 2011, do Banco Central do Brasil, desde que os títulos não tenham

circulado por meio de endosso, nem estejam garantidos por aval.

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regramento está previsto no art. 3o do Provimento 30, de 2013, do Conselho Nacional

de Justiça.

➔ O apresentante de título para protesto preencherá formulário de apresentação, a ser

arquivado na serventia, em que informará, sob sua responsabilidade, as características

essenciais do título e os dados do devedor (art. 4º do Provimento 30/2013 do CNJ.

➔ Sim, igual comprovação poderá ser exigida pelo Tabelião quando o lugar de

pagamento do cheque for diverso da comarca em que apresentado (ou do município em

que sediado o Tabelião), ou houver razão para suspeitar da veracidade do endereco

fornecido (art. 3o, §1o do Provimento 30/2013 do CNJ).

49. Cheque pós datado: no que consiste? É possível seu protesto? Em que caso

será protesto indevido?

➔ Cheque emitido com data futura: é irregular, mas válido e exigível desde a emissão.

Não perde sua força executiva. A ampliação do prazo deve constar no campo específico

da cártula.

➔ Apresentação precipitada: ilícita (fere o acordo). O Tabelião pode recusar caso

ocorra, por violação da boa-fé.

50. No Protesto do cheque, havendo a indicação na cártula de dois ou mais

correntistas, quem se deve intimar e constar do índice de protesto?

➔ Apenas quem assinou (literalidade). Não há solidariedade passiva em conta

conjunta quanto à emissão do cheque. Se não for possível saber, o apresentante deve

indicar.

51. Cédula de crédito bancário: conceitue, características, motivo de protesto,

facultativo ou necessário? Modo de apresentação. Tabelionato competente.

➔ Conceito: título de crédito emitido por pessoa física ou jurídica em favor de

instituição financeira ou de entidade a esta equiparada, representando promessa de

pagamento em dinheiro, decorrente de operação de crédito.

➔ Características: formal, causal, à ordem, com força executiva.

➔ Sempre por falta de pagamento.

➔ Protesto facultativo: dispensa o protesto para o direito de regresso contra os

coobrigados.

➔ Apresentação: apenas com o original da via negociável ou por indicação com

declaração de que está na posse da única via negociável.

52. Cédula de crédito bancário: se endossada para pessoa natural, poderá exercer

todos os direitos por ela conferidos, inclusive cobrar juros e demais encargos

pactuados?

➔ Sim, possível.

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53. Qualificação da Duplicata, Nota Promissória e Letra de Câmbio: a praça de

pagamento é requisito essencial desses títulos de crédito?

➔ Embora não haja ressalva na Lei de Duplicatas, tal como ocorre na LUG, o STJ

considera requisito suprível, aplicável, portanto, o domicílio do devedor.

➔ Nos demais, não é requisito essencial.

54. Sindicato pode sacar duplicata?

➔ Não, pois não se destinam à prestação de serviços.

55. Duplicata fria: no que consiste? É possível o protesto?

➔ A duplicata fria evidencia um saque sem lastro, ausência de causa, inclusive ilícito

penal (artigo 172 do CP).

➔ Se tiver os requisitos formais, não deixa de ser válida. A entrega da mercadoria é

condição de regularidade da duplicata, não de sua validade.

➔ O que dá lastro é a existência do Negócio Jurídico, não o seu adimplemento.

➔ O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito, contendo vício

formal, sendo inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, responde

pelos danos causados em razão do protesto indevido.

56. Aponte 3 diferenças entre a Nota Promissória e a Letra de Câmbio

➔ Promessa de pagamento x ordem de pagamento.

➔ Crédito pré-existente (LC) x estabelecido com a emissão (NP).

➔ Ato cambiário de emissão (NP) x ato de saque (LC).

57. Quais os requisitos acidentais da Nota promissória?

➔ Época do pagamento (à vista) e local de emissão (domicílio do emitente).

58. Nota promissória vinculada a contrato: diferencie contrato com pagamento

pro soluto e pro solvendo. Alguma particularidade em relação ao protesto de notas

promissórias vinculadas a estes tipos de contrato?

➔ Pro soluto: a quitação é dada junto com as notas promissórias. Para fins de

protesto, para levar as notas promissórias pois desvinculadas do contrato.

➔ Pro solvendo: a quitação é dada na medida que ocorre a liquidação das notas

promissórias, estas ficam vinculadas ao contrato, necessário, portanto, a apresentação

conjunta do contrato e das notas para que se evite o duplo protesto da mesma obrigação.

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59. Em contrato com solidariedade passiva, como por exemplo, com fiança, quem

deve ser intimado e constar como devedor no termo de protesto? E no caso de

obrigação não solidária?

➔ Na obrigação solidária, o apresentante poderá indicar o devedor em face do qual

protestará o título (vejam aqui que a máxima “o que se protesta é o título” não é

absoluta!!).

➔ Na obrigação em que não haja solidariedade passiva (regra, sem menção no

contrato), ambos os devedores devem ser intimados e constar do termo de protesto.

60. Possível o protesto de Contrato de honorários advocatícios? Se sim, quais os

requisitos?

➔ Sim, não obstante a impossibilidade de saque de duplicatas pelo serviços

advocatícios, a jurisprudência vem entendendo pela possibilidade do protesto do

contrato de honorários advocatícios em virtude na bilateralidade de sua formação.

➔ Neste caso, deverá no momento da apresentação vir acompanhado de declaração do

advogado de que tentou receber amigavelmente ou valores devidos.

61. No que consiste a Taxa de Manutenção nos chamados loteamentos fechados?

São obrigações propter rem? É possível o protesto deste tipo de contribuição?

➔ Taxa cobrada por associação de moradores aos moradores do loteamento fechado.

➔ Ainda é controvertido se trata-se de obrigação propter rem, em virtude da vedação

ao enriquecimento ilícito ou se seria obrigatória somente para aqueles moradores

associados, em virtude do princípio da liberdade de associação.

➔ A orientação é que se evite o protesto de tal taxa, se não houver concordância ou

associação do eventual inadimplente.

62. O que é duplicata virtual? É possível protestá-la? Diferencie a duplicata

virtual do boleto bancário.

➔ A chamada “duplicata virtual”, hoje prevista na Lei n. 13.775/18 como “duplicata

escritural”, é aquela emitida mediante lançamento em sistema eletrônico de escrituração

gerido por quaisquer das entidades que exerçam a atividade de escrituração de

duplicatas escriturais. Uma das entidades legalmente autorizadas a escriturar esse tipo

de título é a central nacional de serviços compartilhados dos tabeliães de protesto, nos

termos do art. 41-A, I, da Lei n. 9.492/97, inserido pela Lei n. 13.775/18.

➔ Sim, é possível o protesto da duplicata escritural, nos termos dos artigos 8°, §2°, e

41-A, II, da Lei n. 9.492/97.

➔ A duplicata virtual é um título de crédito, com todos os seus requisitos formais. Por

outro lado, o boleto bancário é um aviso de cobrança enviado ao sacado, emitido pela

instituição financeira, que não tem força executiva.

63. É possível o protesto de duplicata emitida a partir de um contrato de leasing?

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➔ Não, eis que, conforme entendimento do STJ2, o negócio de leasing não admite a

emissão de duplicata. Assim, se levado a protesto, tal título deve ser recusado.

64. O que se entende por “documento de dívida”? Quais os requisitos básicos do

documento de dívida para que ele seja apto a protesto?

➔ Documento de dívida é todo título executivo (judicial ou extrajudicial) ou outro

documento que expresse dívida líquida, certa, exigível, cujo protesto não seja vedado

pela lei, por norma regulamentar ou por decisão administrativa ou jurisdicional”. A

maioria dos estados tem adotado a posição mais ampla, que não se limita à títulos

executivos.

➔ Tem como requisitos básicos: a exigibilidade, a liquidez e a certeza. Mesmos

atributos requeridos para a execução.

65. Cite três exemplos de documentos de dívida passíveis de execução.

➔ Sentenças;

➔ Certidões de dívida ativa;

➔ Contratos em geral;

➔ Contratos de locação;

➔ Contratos de honorários advocatícios;

➔ Créditos referentes às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio

edilício etc.

66. Um contrato sem testemunhas instrumentárias pode ser protestado?

➔ Sim, a exigência de testemunhas instrumentárias é requisito necessário apenas para

que o contrato tenha forca executiva. De acordo com o entendimento moderno e mais

amplo, adotado pela maioria das Corregedorias Gerais de Justiça Estaduais, não é

necessário que o documento a ser protestado seja título executivo, sendo inexigível,

portanto, a indicação de testemunhas instrumentárias.

➔ Vide item 22 Capítulo XV das normas de serviço bandeirante (SP).

67. O protesto de contrato de locação de imóveis é admissível? E quais valores o

locador pode cobrar nesse caso?

➔ Sim. O STJ3 já reconheceu o contrato de locação como título executivo

extrajudicial, ainda que não assinado por duas testemunhas.

2 LEASING. Duplicatas. Protesto. O negócio de leasing não admite a emissão de duplicata, ainda que

avençada, razão pela qual não pode tal título ser levado a protesto. Recurso conhecido em parte e, nessa

parte, provido para deferir a liminar de sustação ou cancelamento das duplicatas enviadas a cartório. (STJ

- REsp: 202068 SP 1999/0006766-5, Relator: Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, Data de

Julgamento: 11/05/1999, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 01.07.1999 p. 184RSTJ vol.

126 p. 322)

3 RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.

DESNECESSIDADE DE VIR ACOMPANHADO PELA ASSINATURA DE DUAS TESTEMUNHAS

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➔ O valor a protestar pode incluir os aluguéis vencidos e demais acessórios indicados

nos instrumentos (e não vedados por lei), desde que líquidos e exigíveis. Assim, é

possível incluir contas de energia elétrica, gás, água, despesas ordinárias de

condomínio, IPTU, multa pelo atraso no pagamento do aluguel etc.

➔ Por outro lado, em razão da iliquidez, entende-se que não é possível incluir valor

referente a danos ao imóvel, benfeitorias realizadas pelo locador, multas ilíquidas etc.

➔ Com o contrato, deve ser apresentado planilha de cálculo com especificação de

todos os itens e valores a protestar, bem como da aplicação de correção e juros cabíveis.

68. É possível o protesto de fiador em contrato de locação? Se sim, ele pode ser

indicado como devedor e protestado isoladamente, sem protesto do locatário?

➔ Sim, é possível. O fiador pode ser indicado como devedor em conjunto com o

locatário, ou isoladamente, com algumas ressalvas.

➔ Para ser possível a indicação do fiador isoladamente, é necessário que o fiador

figure no contrato como codevedor principal ou como devedor solidário e, nessa

hipótese, afastado o caráter subsidiário da obrigação, é desnecessária a renúncia ao

benefício de ordem. Será necessária a existência de renúncia ao benefício de ordem para

indicar o fiador isoladamente, se este não figurar no contrato como codevedor principal

ou devedor solidário.

69. É possível o protesto de contribuições extraordinárias de condomínio? Quem

deve ser o apresentante? E quem deve ser o devedor?

➔ Sim, o documento mencionado é título executivo judicial e como tal pode ser

apresentado a protesto4.

➔ O apresentante deve ser o síndico ou administrador que tenha poderes para tanto.

➔ O devedor deve ser o proprietário ou promissário comprador, e não o locatário ou

comodatário, tendo em vista que se trata de obrigação propter rem.

70. É possível o protesto de Termo de Ajuste de Conduta por parte do Ministério

Público?

➔ Sim, é possível. Os termos de ajuste de conduta são instrumentos de resolução de

conflitos que envolvem direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos

relacionados ao meio ambiente, defesa do consumidor, regularidade das relações de

trabalho, entre outros.

➔ Trata-se de título executivo extrajudicial5, que contém uma obrigação principal, que

pode ter por objeto obrigação de pagar certa quantia, de fazer ou de não fazer, e uma

(ART. 585, II, CPC), BASTANDO QUE SEJA SUBSCRITO PELOS PRÓPRIOS CONTRATANTES. I

Nos termos do art. 585, IV, do CPC, constitui título executivo extrajudicial o contrato de locação escrito e

devidamente assinado pelos contratantes. Não há exigência legal de que o instrumento seja, também, a

exemplo da hipótese do inciso II desse artigo, subscrito por duas testemunhas. (STJ - AREsp: 970755 RS

2016/0221190-4, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Publicação: DJ 08/11/2016)

4Art. 784, CPC: São títulos executivos extrajudiciais: X - o crédito referente às contribuições ordinárias

ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia

geral, desde que documentalmente comprovadas;

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obrigação acessória, de natureza cominatória (multa), que se torna exigível se aquela for

descumprida. Assim, podem ser objeto de protesto a obrigação principal de pagar

quantia em dinheiro, quando for o caso, e a acessória (multa) cominada pelo

descumprimento daquela.

➔ Se o valor a protestar for diverso do indicado no TAC, o apresentante deve

apresentar também uma planilha de cálculo. Caso se pretenda o protesto com a inclusão

de valor relativo à multa cominatória, deve ser apresentada a prova de descumprimento

da obrigação principal.

71. É possível o protesto de título executivo que já esteja sendo executado em

juízo?

➔ A doutrina diverge, mas o entendimento majoritário é de que a execução não é um

obstáculo ao protesto do título. Não há regra que impeça o protesto quando da

existência de execução, assim, em atenção ao princípio da legalidade, não se pode

afastar do credor a possibilidade de exercitar seu direito legal de apresentar o

documento a protesto.

➔ Ademais, hoje, a tese contrária ao protesto perde força com a previsão expressa de

protesto dos títulos executivos judiciais, que, mesmo sendo alvo de cumprimento de

sentença judicial, podem ser protestados sem problemas.

DO PROTESTO POR INDICAÇÃO

72. É possível que o tabelião de protestos recepcione um título apresentado por

indicações?

➔ Sim. Nos termos do art. 8º, §§ 1º e 2º da Lei n. 9.492/97, as duplicatas mercantis e

de prestação de serviços podem ser protestadas por indicações, sendo de inteira

responsabilidade do apresentante os dados fornecidos.

➔ Além disso, os títulos e documentos de dívida mantidos sob a forma escritural nos

sistemas eletrônicos de escrituração ou nos depósitos centralizados de que trata a Lei nº

12.810, de 15 de maio de 2013, poderão ser recepcionados para protesto por extrato,

desde que atestado por seu emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem

com o que consta na origem.

➔ A Lei n. 10.931/04 também prevê, em seu artigo 41, o protesto por indicação das

Cédula de Crédito Bancário.

➔ As Normas de São Paulo preveem ainda que os títulos e documentos de dívida de

interesse de entidades integrantes do Sistema Financeiro Nacional assinados

eletronicamente fora do âmbito da ICP-Brasil (art. 10, caput e §2º, da Medida Provisória

nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001), poderão ser recepcionados para protesto por

extrato, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações

conferem com o que consta na origem.

5Art. 5o, § 6°, da Lei 7.347/85. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados

compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia

de título executivo extrajudicial.

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PROTESTO DE TÍTULOS JUDICIAIS E DE CERTIDÕES DE DÍVIDA ATIVA

73. Qual a especificidade do protesto de sentença que condene ao pagamento de

prestação alimentícia ou decisão interlocutória que fixe alimentos em relação às

demais sentenças?

➔ A sentença ou decisão interlocutória que reconheça a exigibilidade de obrigação de

prestar alimentos pode ser realizada de ofício pelo juízo, que, nesse caso, remeterá

diretamente ao tabelião.

➔ A interpretação da previsão legal pela doutrina majoritária é no sentido de que,

transcorrido o prazo para pagamento voluntário, é de um dever do juiz protestar a

sentença, independente de manifestação do requerente6.

74. A certidão de dívida ativa pode ser considerada um documento protestável?

Já houve controvérsia em relação a esse tema? Quais foram os fundamentos do

STF para reconhecer a constitucionalidade do protesto de CDA?

➔ Sim, a CDA pode ser protestada. O tema foi já foi objeto de grande controvérsia,

hoje superada em face de expressa previsão legislativa no parágrafo único do art. 1o da

Lei 9.494/97 (acrescentado pela lei 12.767/2012), com a previsão de que as certidões de

dívida ativa incluem-se entre os documentos protestáveis, cuja constitucionalidade foi

reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal.

DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO DIRETA DE INCONSITUCIONALIDADE.

INCONSTITUCIONALIDADE. LEI No 9.492/1997, ART. 1o, PARAGRAFO UNICO.

INCLUSAO DAS CERTIDOES DE DIVIDA ATIVA NO ROL DE TITULOS

SUJEITOS A PROTESTO. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O parágrafo unico do art.

1o da Lei no 9.492/1997, inserido pela Lei no 12.767/2012, que inclui as Certidoes de

Dívida Ativa - CDA no rol dos títulos sujeitos a protesto, é compatível com a

Constituição Federal, tanto do ponto de vista formal quanto material. (...) 3. Tampouco

há inconstitucionalidade material na inclusão das CDAs no rol dos títulos sujeitos a

protesto. Somente pode ser considerada “sanção política” vedada pelo STF (cf. Sumulas

no 70, 323 e 547) a medida coercitiva do recolhimento do crédito tributário que restrinja

direitos fundamentais dos contribuintes devedores de forma desproporcional e

irrazoável, o que não ocorre no caso do protesto de CDAs. 3.1. Em primeiro lugar, não

há efetiva restrição a direitos fundamentais dos contribuintes. De um lado, inexiste

afronta ao devido processo legal, uma vez que (i) o fato de a execucao fiscal ser o

6 Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de

decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o

executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a

impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou

não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento

judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.

§ 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar

protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3

(três) meses.

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instrumento típico para a cobranca judicial da Dívida Ativa nao exclui

mecanismos extrajudiciais, como o protesto de CDA, e (ii) o protesto nao impede o

devedor de acessar o Poder Judiciario para discutir a validade do credito. De outro

lado, a publicidade que e conferida ao debito tributario pelo protesto nao

representa embaraco a livre iniciativa e a liberdade profissional, pois nao

compromete diretamente a organizacao e a conducao das atividades societarias

(diferentemente das hipoteses de interdição de estabelecimento, apreensão de

mercadorias, etc). Eventual restrição a linha de crédito comercial da empresa seria,

quando muito, uma decorrencia indireta do instrumento, que, porém, não pode ser

imputada ao Fisco, mas aos proprios atores do mercado creditício. 3.2. Em segundo

lugar, o dispositivo legal impugnado não viola o princípio da proporcionalidade. A

medida e adequada, pois confere maior publicidade ao descumprimento das

obrigacoes tributarias e serve como importante mecanismo extrajudicial de

cobranca, que estimula a adimplencia, incrementa a arrecadacao e promove a

justica fiscal. A medida é necessária, pois permite alcançar os fins pretendidos de modo

menos gravoso para o contribuinte (já que não envolve penhora, custas, honorários, etc.)

e mais eficiente para a arrecadação tributária em relação ao executivo fiscal (que

apresenta alto custo, reduzido índice de recuperação dos créditos publicos e contribui

para o congestionamento do Poder Judiciário). A medida é proporcional em sentido

estrito, uma vez que os eventuais custos do protesto de CDA (limitaçoes creditícias) são

compensados largamente pelos seus benefícios, a saber: (i) a maior eficiencia e

economicidade na recuperação dos créditos tributários, (ii) a garantia da livre

concorrencia, evitando-se que agentes possam extrair vantagens competitivas indevidas

da sonegação de tributos, e (iii) o alívio da sobrecarga de processos do Judiciário, em

prol da razoável duração do processo. 4. Nada obstante considere o protesto das

certidoes de dívida constitucional em abstrato, a Administração Tributária deverá se

cercar de algumas cautelas para evitar desvios e abusos no manejo do instrumento.

Primeiro, para garantir o respeito aos princípios da impessoalidade e da isonomia, e

recomendavel a edicao de ato infralegal que estabeleca parametros claros,

objetivos e compatíveis com a Constituicao para identificar os creditos que serao

protestados. Segundo, deverá promover a revisão de eventuais atos de protesto que, a

luz do caso concreto, gerem situações de inconstitucionalidade (e.g., protesto de

créditos cuja invalidade tenha sido assentada em julgados de Cortes Superiores por

meio das sistemáticas da repercussão geral e de recursos repetitivos) ou de ilegalidade

(e.g., créditos prescritos, decaídos, em excesso, cobrados em duplicidade). 5. Ação

direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. Fixação da seguinte tese: “O

protesto das Certidoes de Dívida Ativa constitui mecanismo constitucional e

legítimo, por nao restringir de forma desproporcional quaisquer direitos

fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim, nao constituir sancao

política.”

75. CDA protestável corresponde ao crédito de quais entes?

➔ Como título executivo extrajudicial previsto expressamente no artigo 784, IX do

CPC, em relação à União, Estado, Distrito Federal e Municípios.

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➔ Pelo artigo 1º da LP, também em relação às respectivas autarquias e fundações

públicas.

76. Qual a natureza dos créditos passíveis de protesto? Tributária ou não

tributária?

➔ Tributária (impostos, taxas e contribuições) e não tributária (fiscal, contratual,

multa, tarifa e qualquer outro valor atribuído por lei a estas entidades), pouco

importando a natureza pública ou privada desses créditos (STJ RESP 1.126.491/RS).

77. Possível o protesto de CDA que diga respeito a créditos de Enfiteuse Pública

(foro e laudêmio)?

➔ Sim, possível, CDA com dívida de enfiteuse pública, referente a foro e/ou laudêmio

de terrenos de marinha ou aldeamentos indígenas;

78. Qual o tabelionato competente para o protesto da CDA? Como se dá a forma

de apresentação da CDA no tabelionato de protesto?

➔ Regra: TP do domicílio do devedor (Portaria PGFN 429/2014).

➔ Outra opção: foro competente para a execução fiscal.

79. Quais os requisitos para o protesto de título judicial?

➔ Para que se proceda ao protesto do título judicial, é preciso que:

a. A sentença judicial tenha transitado em julgado;

b. A sentença represente obrigação pecuniária líquida, certa e exigível;

c. O exequente apresente a certidão de inteiro teor da decisão, que deve conter o nome

e a qualificação do exequente e executado, o número do processo, o valor da dívida e a

data de decurso do prazo para pagamento voluntário;

d. Tenha decorrido o prazo para pagamento voluntário (artigo 517, NCPC).

80. É possível o protesto de sentença arbitral? Se sim, quais os requisitos? Possível

a anotação de ação anulatória no termo de protesto de sentença arbitral?

➔ Sim, tem os mesmos efeitos da sentença judicial, se for condenatória de pagar

prestação pecuniária com os requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade (após o prazo

para pagamento voluntário).

➔ Dentro de uma ideia de extrajudicialização dos procedimentos e facilitação da

recuperação do crédito, rol aberto de averbações, reputo possível a averbação da

propositura da ação anulatório no termo de protesto da sentença arbitral.