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Nas ltimas semanas, talvez a frase mais repetida, mais batida, verdadeira moda (em termos concurssticos), e, diga-se de passagem, com slidos e incontestveis fundamentos, foi: Adivinhar o tema da dissertao tarefa impossvel e quem disser que adivinha pode desacredit-lo, est mentindo para voc! Vendedor de iluses! Realmente, diante do manancial de disciplinas, de tpicos, a tarefa de acertar na (mosca) ou a mosca torna-se herclea. Todavia, se, por um lado, verdadeiro que a esperana pode partir para um lugar melhor (numa viso eufmica), certo que continua sendo a ltima. Dizem por a que a f pode remover montanhas (quo forte podemos ser!). Nesse sentido, observo que, no ltimo concurso de Auditor, nossas dicas (Luiz, Luciano e Cyonil, curso on-line do ponto dos concursos) foram criticadas pela comunidade ambiental, porque ns professores matamos cinco das seis moscas. Em sntese: os temas, abaixo, talvez no estejam presentes no derradeiro dia de prova, porm, se o problema for de torcida, saibam que fao parte da maior do Mundo e estaremos ao lado de vocs, nessa reta final. Deixo aqui um agradecimento especialssimo para a amiga Lanlan (do frum concurseiros), que esteve, lado a lado, dos concursandos nesse momento to importante. uma evidncia (no aquela de auditoria): as mulheres vo dominar (ou j dominam) o Mundo. Espero que esse momento chegue logo e que mulheres, como voc amiga Lanlan, componham da base cpula da sociedade. Ah! Ns homens permaneceremos atentos a vocs mulheres, afinal de contas, somos bens (ou coisas, conforme o contexto) para os quais a alquota do IPI relativamente baixa (por vezes, alquota zero! Rsrs...). Pesadelos transformados em sonhos: - TEMA I Direito Tributrio (do geral para o especfico): competncia (caractersticas) limitaes ao poder de tributar imunidade tributria das entidades beneficentes Exigncias da Lei (natureza da lei) art. 14 do CTN. - TEMA II Direito Previdencirio: tributos classificao doutrina e STF contribuies especiais sociais previdenciria bases de financiamento princpios (anterioridade e noventena). - TEMA III Direito Administrativo: tica na Administrao Conflito de interesses conceito regras de afastamento exemplos (improbidade, nepotismo, consultoria, e quarentena de determinados agentes). - TEMA IV Direito Internacional Pblico: tratados e convenes internacionais processo de internalizao teorias (monista e dualista) direitos humanos matria tributria (art. 98 do CTN versus entendimento do STF e do STJ).

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ADMINISTRAO GERAL 1. (Cespe Cmara dos Deputados/Consultor/2002) O Prmio Qualidade do Governo Federal (PQGF) um projeto do Programa de Qualidade e Participao na Administrao Pblica. Seu principal objetivo estimular organizaes pblicas a implementarem programas de melhoria do desempenho institucional, atuando como mecanismo de reconhecimento formal e pblico dos resultados das instituies comprometidas com a qualidade da sua gesto e, conseqentemente, com os seus usurios. O PQGF um sistema de premiao alinhado aos critrios e procedimentos da Fundao para o Prmio Nacional da Qualidade, e seu papel orientar organizaes pblicas que almejam ser reconhecidas pela excelncia em sua gesto e participar do Prmio Nacional da Qualidade. Prmio Qualidade do Governo Federal (com adaptaes). Considerando as idias apresentadas no texto acima, que tm carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo, posicionando-se acerca do tema seguinte: GERENCIAMENTO DA QUALIDADE TOTAL: MODELO IMPLEMENTADO PELO GOVERNO FEDERAL PARA A GESTO DAS ORGANIZAES PBLICAS. Em sua dissertao, devem ser contemplados, necessariamente, os seguintes aspectos: A) critrios de avaliao do gerenciamento da qualidade de uma organizao; B) caractersticas do gerenciamento da qualidade total; C) ferramentas utilizadas no gerenciamento da qualidade total. Resposta fundamentada (mnimo de 60 e mximo de 90 linhas) PROPOSTA DE SOLUO A limitao dos recursos financeiros leva os empresrios e os governos a cortarem, eliminarem, adiarem planos de investimentos e programas necessrios, em um momento em que o Pas no pode dar-se esse luxo. Nesse exato momento, algumas organizaes pblicas e privadas, voltadas para o futuro, usam ferramentas da Gesto da Qualidade Total. A Gesto da Qualidade Total um conjunto de princpios, ferramentas, e procedimentos que fornecem diretrizes tanto para profissionais liberais como para a administrao de uma empresa, ou de uma entidade pblica. Dentre outras, podem ser destacadas as finalidades de conquistar a admirao do pblico, impressionando-o na qualidade do servio e no acrscimo de servios exigidos pelo pblico e necessrios a ele.

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na melhoria contnua que as organizaes conseguiram se adaptar s novas demandas da sociedade. H aplicao da filosofia japonesa Kaizen, por intermdio da qual as mudanas devem ser constantes e contnuas, com esforo lento e gradativo, originrias nos nveis operacionais das empresas. Portanto, o Kaizen uma diretriz cultural, um valor que determina o esforo de aprimoramento contnuo, remetendo-nos busca da perfeio, nunca atingida, mas sempre desejada. Foi exatamente no sistema Japons que a qualidade total foi inicialmente implantada, com base nos ideais de Deming. O alcance da qualidade assume diversas definies, entre as quais se destaca a necessidade do atendimento aos pleitos dos clientes. As expectativas devem ser atendidas e, se possvel, superadas. Portanto, a partir da identificao das satisfaes e das insatisfaes dos clientes, que se pode avaliar a implantao de um programa de qualidade total. Porm, cumpre esclarecer que a implantao de um sistema de qualidade total, com a constante melhoria dos ndices de produtividade e de reduo dos custos, no uma tarefa fcil. As organizaes que implantaram e as que desejam implantar a qualidade total devem apresentar certas caractersticas, as quais se encaixam perfeitamente no atual ambiente de negcios, tais como: a) Enxugamento (downsizing) de suas estruturas, com a reduo dos nveis hierrquicos e promoo da horizontalizao da estrutura organizacional. Para melhor cumprir esse propsito, necessrio haver o empowerment dos colaboradores, ou seja, maior entrega de capacidade aos colaboradores, desenvolvendo suas habilidades; maior autoridade; mais responsabilidade, dando-lhes poder de deciso das tarefas. Enfim, desenvolver um esprito de equipe, com a implantao de polticas de motivao dos funcionrios, essencial ao funcionamento do sistema, b) Terceirizao (outsourcing), com a transferncia de atividades noprincipais para outras empresas que possam desenvolv-las de forma melhor e mais barata. Assim procedendo, a organizao se concentrar em suas atividades essenciais,

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c) Reduo de tempo do ciclo dos processos, em outros termos, otimizao do tempo necessrio para cumprir as etapas dos processos de produo. Para a insero do programa de qualidade total, o ciclo de Deming ou PDCA (planejar, fazer, checar, agir) um dos principais instrumentos utilizados. Esse ciclo, composto por quatro etapas, prope inicialmente o planejamento, com a determinao de metas (o que fazer?) e mtodos (como fazer?). Em seguida, esse planejamento executado, contando com assessoramento e com acompanhamento das equipes responsveis pela implantao. Em terceiro instante, os resultados so examinados, certificando-se se houve ou no o cumprimento das metas estabelecidas e as melhorias so avaliadas. Por fim, a ao, oportunidade em que as correes sero propostas com a finalidade de obter respostas positivas. Alm do ciclo de Deming, outras ferramentas podem ser utilizadas pelos administradores na tentativa de abandono da gerncia tradicional, por exemplo: - O grfico de barras, capaz de comparar quantidades de dados relativos; - O diagrama de causa e efeito (denominado espinha de peixe ou grfico de Ishikawa), em que h a representao grfica da relao entre os problemas e sua causa potencial; - O grfico de controle, que monitora o desempenho de um processo; - O diagrama de Pareto, utilizado para representar dados relativos, mostrando as disfunes da empresa. Por fim, pode ser frisada a utilizao da tcnica do benchmarking. Esse instrumento gerencial defende o preceito de que ningum melhor em tudo. Sendo assim, detectar e copiar o que cada empresa tem de melhor significa economizar tempo, dinheiro e trabalho. A comparao externa permite administrao estabelecer novos objetivos e perceber como realiz-los. Representa assim uma oportunidade de aprender com a experincia alheia e poder aperfeioar seu modelo gerencial. Certo, portanto, que as organizaes encontram-se preparadas para a assuno de novos desafios, adoo de nova postura frente da realidade mundial e, consequentemente, para atender s demandas dos diversos atores envolvidos.

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Nesse processo de satisfao, o Prmio Qualidade do Governo Federal (PQGF) surge como positiva iniciativa no estmulo e na difuso da qualidade total. 2. (Cespe Cmara dos Deputados/Consultor/2002) As transformaes ocorridas na funo de recursos humanos ao longo do tempo convidam os gestores a combinar exterioridade e objetividade visando maximizao dos benefcios econmicos advindos do alinhamento entre o potencial dos empregados e os objetivos empresariais com as sutilezas e sensibilidades subjetivas, para que sejam capazes de lidar com os aspectos relacionais e intrnsecos natureza humana no mbito do trabalho e da atividade organizacional. Considerar as questes subjetivas significa que toda pessoa tem seu espao interior, percebido como completamente seu; que esse espao relaciona-se com a exterioridade; que ele historicamente construdo; que ele decisivo nas escolhas das pessoas durante a vida e acaba por provocar mudanas no entorno. Eduardo Davel e Sylvia Vergara. Gesto com pessoas, subjetividade e objetividade nas organizaes. So Paulo: Atlas, 2001 (com adaptaes). Considerando as idias acima apresentadas, que tm carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo, posicionando-se acerca do tema seguinte: GESTO COM PESSOAS, SUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE NAS ORGANIZAES. Em sua dissertao, devem ser contemplados, necessariamente, os seguintes aspectos: A) novas tendncias em avaliao de desempenho quanto objetividade da administrao de recursos humanos; B) habilidades a serem desenvolvidas pelos gestores, tendo em vista questes subjetivas das organizaes, como a interioridade, o prazer, o conhecimento e o poder. Resposta fundamentada (mnimo de 60 e mximo de 90 linhas) PROPOSTA DE SOLUO O Mundo no esttico, encontra-se sim em constantes e inexorveis transformaes, acarretando para a sociedade o encargo da adaptao: social, cultural, econmica e poltica. Esse conjunto de mudanas se observa no Estado Brasileiro. Em meados dos anos 90, iniciou-se processo de transio na forma de se enxergar a gesto pblica, com a migrao de um modelo burocrtico para um

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modelo de gesto moderno, esse que teve seus primeiros sinais com o advento do Decreto Lei 200/1967. Essas transformaes pressupem uma reorganizao no aparelho do Estado e dentre os vrios enfoques ser abordada a questo da gesto pblica considerando um dos seus maiores patrimnio: as pessoas. Buscar-se- analisar as subjetividades e objetividades das tendncias das avaliaes de desempenho, bem como as habilidades a serem desenvolvidas pelos gestores, tendo em vista as questes subjetivas: a interioridade, o prazer, o conhecimento, e o poder. Ao se considerar a evoluo ocorrida nos modelos de gesto ao longo do tempo, percebe-se claramente a diferena do foco dado s pessoas pelos gestores, conforme se exigia no momento. o que se observava na era do modelo burocrtico em que as pessoas foram encaradas como fornecedoras de mo-de-obra e seguiam um rgido processo de controle para garantir a produtividade esperada. A criatividade e a liberdade de atuao no desenvolvimento de novas atividades no eram incentivadas. Com a chegada do modelo gerencial de gesto, mudanas radicais foram requeridas em todas as esferas da Administrao Pblica, caso contrrio, o Estado no conseguiria, a contento, alcanar seu objetivo maior: atuar como regulador de atividades e de focar nos resultados das aes. Nesse cenrio, tornou-se essencial voltar a ateno para a gesto de pessoas, sendo necessrio quebrar o paradigma existente de que o importante era o processo e no o resultado. O Estado precisava mudar a cultura das pessoas e transform-las, tornando-as mais comprometidas, mais criativas, motivadas. As pessoas precisam se encaixar como engrenagem do processo e do conhecimento e, com isso, comearem a entender o real sentido da mudana, colaborando para o incremento da governana do Estado. Novas tcnicas podem ser destacadas no sentido de incorporar as pessoas a essa nova realidade. As tcnicas foram buscadas na iniciativa privada, podendo assim ser sintetizadas: valorizao e reconhecimento do servidor, definio de metas atreladas aos objetivos, e avaliao de desempenho com remunerao varivel.

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Acredita-se que uma vez estimulada a flexibilidade de atuao, a motivao faz com que as pessoas busquem naturalmente os resultados desejados. Atingidos os resultados, a recompensa e a valorizao deixam a pessoa mais inserida e, consequentemente, tende a ser mais criativa, gerando assim um ciclo virtuoso. A mudana do paradigma exige da estrutura um forte aliado representado na figura do gestor. Esse deve ter habilidade necessria para gerar o movimento do ciclo. Deve contar com sensibilidade e intuio, pois s assim conseguir explorar todas as potencialidades de seus colaboradores, bem como real-las e identificar os pontos negativos para que sejam trabalhados no plano de ao em busca da melhoria, obtendo-se assim a maximizao de resultados associados satisfao da pessoa. O desenvolvimento das habilidades por parte do gestor exige, contudo, esforo. O gestor precisa passar por baterias de treinamentos, oportunidade em que lhe sero sugeridos instrumentos, ferramentas, com o objetivo de perceber a afinidade de seus colaboradores a determinadas tarefas, por exemplo. real a necessidade de o Estado preocupar-se em melhorar as tcnicas de gesto de pessoas para garantir a governana e a governabilidade, pois, tanto a sociedade a qual legitima a atuao estatal , quanto o servidor quem efetivamente implementa seus programas , precisam estar satisfeitos. A satisfao pode ser mais facilmente contemplada na proporo direta da habilidade de cada um de entender pessoas. Dessa estruturais, forma, sociais para e poder fazer frente fica s grandes a transformaes necessidade do econmicas, evidente

desenvolvimento de um programa de avaliao de desempenho em conformidade com o novo paradigma de Gesto de Pessoas, ou seja, avaliao de desempenho ligada capacitao, remunerao, busca de talentos, aos benefcios, demisso e s suas estratgias pessoais de carreira. 3. (Cespe/2008) As organizaes esto buscando negociar com a sua fora de trabalho qual a forma mais eficaz de alcanar os objetivos organizacionais e tambm de equacionar os objetivos individuais dos seus integrantes, por meio de processo de dimensionamento mais flexvel. Cada vez mais, as pessoas esto executando trabalhos em grupos e equipes, tendo suas atividades redimensionadas em contedo e em tempo.Discursivas 7

Considerando que o texto acima tem carter exclusivamente motivador, redija um texto dissertativo que aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: _ processo de negociao cooperativa entre a organizao e seus integrantes; _ tcnicas modernas de redimensionamento de pessoal, suas vantagens e desvantagens; _ trabalho em grupo e em equipe como espao de constante negociao organizacional.

PROPOSTA DE SOLUO As transformaes constantes no ambiente, a presena de intensa competitividade e a velocidade na comunicao tm sido a marca da gesto de pessoas, em que o foco desloca-se das tarefas (dos processos) para o fator humano. Valoriza-se, cada vez mais, o conhecimento como fonte do sucesso, competindo aos gestores buscar novas ferramentas gerenciais, para o constante incremento na produtividade e na qualidade dos servios aos clientes. Nesse contexto, os novos instrumentos devem se alicerar na ideia de que as organizaes no funcionam sozinhas. As pessoas so os braos e as pernas das empresas, sendo responsveis por impulsionar a eficincia dos negcios da administrao. Assim, por meio da negociao cooperativa, as organizaes buscam equacionar a satisfao dos anseios individuais dos integrantes da equipe e a concretizao das metas organizacionais. Logo, a liderana que prima pela eficincia deve correlacionar respeito e autoridade. Consequentemente, para o alcance de timo nvel de eficincia, o ambiente organizacional deve ser dimensionado para a criao de situaes que propiciem a iniciativa e a criatividade. Entre as tcnicas de redimensionamento de pessoal, podem ser destacados o mapa de substituio, o benchmarking, e a gesto por competncias, essa que, apesar de vantajosa em termos de eficincia, no imune a desvantagens, como, por exemplo, a dificuldade de implementao, haja vista a mudana no clima organizacional. Tais tcnicas modernas de redimensionamento garantem maior flexibilidade s organizaes, garantindo-lhes melhor alocao dos recursos humanos, tornando-as competitivas no mercado, em face, sobretudo, das constantes inovaes e necessidades dos consumidores. Para tanto, a formao de equipes de trabalho contribui, decisivamente, para a flexibilidade do processo produtivo, com aumento de motivao, de colaborao e integrao s atividades. Novos arranjos estruturais so pontos centrais para o incremento da competitividade das organizaes. Por todo o exposto, no resta dvida de que a valorizao do capital humano nas organizaes deve ser cada vez maior, competindo aos administradores de recursos humanos detida ateno s constantes mudanas do mundo empresarial. No mais suficiente gostar de trabalhar com pessoas, necessrio ter perfil, habilidades, conhecimentos, boa comunicao e

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principalmente ter uma viso generalista de toda organizao para que possa desenvolver um planejamento e um todo um trabalho adequado e realista.

4. (Esaf CGU/2008) Segunda Dutra (2004), a Gesto de Pessoas passou por mudanas que podem ser resumidas em: 1. Alterao do perfil das pessoas exigido pelas empresas; 2. Deslocamento do foco de gesto das pessoas; 3. Modificao da relevncia das pessoas no sucesso do negcio. (Dutra, Joel Souza, Competncias: conceitos e instrumentos para a gesto de pessoas na empresa moderna, So Paulo: Atlas, 2004) Comente cada uma das trs mudanas percebidas relacionando-as com os processos de Movimentao, Desenvolvimento e Valorizao no modelo de Gesto de Pessoas por Competncias, descrevendo para cada uma delas: 1. A situao anterior mudana (como era antes?); 2. A justificativa da mudana; 3. O resultado da mudana (como agora?); 4. Como a mudana se relaciona com o(s) processos de Gesto de Pessoas por Competncias? Por partes. 1. Alterao do perfil das pessoas exigido pelas empresas; Empregados? Subordinados? No, o foco outro. Temos, em verdade, colaboradores. O mundo empresarial deve adaptar-se s constantes transformaes, inovaes, exigindo-se o deslocamento do perfil dos gestores. Os administradores devem ser abertos ao conhecimento e qualidade contnuos, flexveis s mudanas, com capacidade de liderana e de trabalho em equipe, com bom relacionamento interpessoal, alm de autonomia para tomar decises. Exige-se tambm alinhamento dos anseios das pessoas misso organizacional. 2. Deslocamento do foco de gesto das pessoas; A estrutura, dantes verticalizada (departamental), passa (ou deve passar) para o esquema matricial. Portanto, vemos, claramente, a tentativa de alinhamento entre as polticas de recursos humanos e os objetivos estratgicos da organizao. Outro ponto de realce a tcnica de gesto por competncias, em que se tenta o casamento entre os conhecimentos, habilidades e atitudes dos colaboradores, com os resultados pretendidos pela empresa. Equipes de trabalho so formadas e incentivada a busca contnua pelo conhecimento, dentro de uma viso compartilhada. O deslocamento do foco de gesto influencia por completo os processos de recrutamento, seleo, desenvolvimento, treinamento, controle e remunerao de pessoas.

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3. Modificao da relevncia das pessoas no sucesso do negcio. Como sobredito, os antigos empregados so reconhecidos como verdadeiros colaboradores. A viso de que os processos e os cargos so mais importantes do que as pessoas (suas atitudes, suas habilidades, enfim, suas competncias) resta (ou deve restar) superada. Nesse cenrio, os colaboradores so merecedores de maior autonomia para a adoo de decises, engajando-os aos negcios, aos objetivos estratgicos, das empresas. Dessa forma, com a ferramenta do empoderamento, as pessoas ultrapassam o limite da conduta individual, para pensarem coletivamente, aliando suas competncias s metas organizacionais, logrando-se, portanto, resultados mais eficazes e eficientes. Continua a organizadora: 1. A situao anterior mudana (como era antes?); A gesto por competncia (ou deve ser) o novo paradigma, afastando-se, portanto, o cenrio (negativo) anterior, em que vigoravam traos como: a inflexibilidade, a reatividade, a departamentalizao, e o foco nos processos. Para termos ideia, antes das mudanas na forma de se enxergar a administrao, o requisito bsico do perfil dos novos colaboradores era focado essencialmente na experincia profissional, como se s o fato de ser experiente possa traduzir engajamento com os objetivos (as misses) da empresa. 2. A justificativa da mudana; O Mundo, de hoje, no igual ao de ontem, e, provavelmente, no ser parelho ao de amanh. As transformaes ocorrem em ritmo cada vez mais acelerado. H a existncia de um fluxo interminvel de informaes e transaes, e, preponderantemente, de mudanas mercadolgicas, ambientais, polticas e sociais, tornando o mercado atual muito mais dinmico e competitivo do que fora, da a necessidade de profissionais de excelncia. 3. O resultado da mudana (como agora?); O resultado da mudana notrio, no sendo vlida to-somente a experincia profissional, sendo necessria a apreciao de outros requisitos, por vezes, mais importantes, como: proatividade, esprito de liderana, dinamicidade, sinergia. A ferramenta do planejamento estratgico passa a ser baseada, fundamentalmente, em cenrios, em que o planejamento de recursos humanos alinha-se ao referido modelo. Com outras palavras, a tentativa de previso, de antecipao s mudanas, bem como acompanh-las, contando, para tanto, da captao de profissionais com viso, flexibilidade e capacidade de atualizao constante do autoconhecimento.

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4. Como a mudana se relaciona com o(s) processos de Gesto de Pessoas por Competncias? O processo de gesto por competncias se enquadra no conhecimento, na competncia, na meritocracia. Antes, o foco era nos indivduos, desconsiderando os conhecimentos, as habilidades e as atitudes. Por exemplo: o plano de carreira, antes baseado unicamente no progresso pelo tempo de servio, passa a ser construdo com parmetros diversos, que vo desde habilidades tcnicas, psicolgicas, pessoais, at comunicao. Alguns conceitos: Conhecimento o saber Habilidades o saber fazer Atitudes a motivao para se colocar em prtica as habilidades e conhecimentos. A gesto por competncias , hoje, pressuposto para o sucesso do negcio. No h sucesso no empreendimento se no houver alinhamento do profissional com os objetivos da empresa. PROPOSTA DE SOLUO A regra que os seres vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem. Acontece que esse ciclo no exclusivo dos animais (enquanto seres vivos), s estruturais organizacionais (empresas) tal ciclo pode ser aplicado por analogia, por exemplo: nascem (com o registro na Junta), crescem (economicamente), reproduzem (filiais) e podem, igualmente, morrer (falncia). Nesse ciclo, a morte das organizaes (em sentido figurado) no algo desejado, porm, provvel. Nos dias atuais, um dos fatores decisivos para o sucesso das empresas o sincronismo entre suas misses e o perfil das pessoas (colaboradores). Enfim, o mundo empresarial deve se adaptar s constantes transformaes, inovaes, exigindo-se, dessa forma, o deslocamento do perfil dos gestores. Se antes os administradores eram reativos, inflexveis, atualmente, os requisitos so outros. Os administradores devem ser abertos ao conhecimento, flexveis s mudanas, com capacidade de liderana e de trabalho em equipe, com bom relacionamento interpessoal, alm de autonomia para tomar decises. Exige-se tambm alinhamento dos anseios das pessoas misso organizacional. Portanto, devem ser afastados os anteriores traos negativos, como: a inflexibilidade, a reatividade, a departamentalizao, e o foco nos processos. Nesse sentido, a tcnica de gesto por competncias deve ser o novo paradigma, em que os colaboradores (antes subordinados, empregados) so selecionados no mais com o fundamento nico da experincia profissional, mas, sobretudo, tomando-se por base os conhecimentos, as habilidades e as atitudes.

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A justificativa para essas transformaes simples de explicar. As mudanas ocorrem em ritmo cada vez mais acelerado. H a existncia de um fluxo interminvel de informaes e transaes, e, preponderantemente, de mudanas mercadolgicas, ambientais, polticas e sociais, tornando o mercado atual muito mais dinmico e competitivo do que fora, acarretando a necessidade de profissionais de excelncia. Assim, antigos empregados so reconhecidos como verdadeiros colaboradores. A viso de que os processos e os cargos so mais importantes do que as pessoas (suas atitudes, suas habilidades, enfim, suas competncias) resta (ou deve restar) superada. Nesse cenrio, os colaboradores so merecedores de maior autonomia para a adoo de decises, engajando-se aos negcios, aos objetivos estratgicos, das empresas. Dessa forma, com a ferramenta do empoderamento, as pessoas ultrapassam o limite da conduta individual, para pensarem coletivamente, aliando suas competncias s metas organizacionais, logrando-se, portanto, resultados mais eficazes e eficientes. O resultado da mudana notrio, subjetiva e objetivamente. As pessoas devem ser proativas, ter esprito de liderana, ser dinmicos (caractersticas essenciais na seleo dos novos colaboradores). J as estruturas organizacionais devem usar a ferramenta do planejamento estratgico em cenrios, antecipandose s mudanas, contando, para tanto, da captao de profissionais com viso e flexibilidade. Como percebido, as mudanas relacionam-se, estreitamente, com a tcnica de gesto de pessoas por competncias. O processo de gesto por competncias se enquadra no conhecimento, na competncia, na meritocracia, deslocando o foco dos indivduos para o estudo das habilidades tcnicas, psicolgicas, pessoais e at de comunicao. Por todo o exposto, no h dvida de que a gesto de pessoas por competncias , hoje, pressuposto para o sucesso do negcio. No h sucesso no empreendimento se no houver alinhamento do profissional com os objetivos da empresa.

5. (Cespe FINEP/MCT/2009) Nos anos 80 do sculo passado, um livro, hoje clssico, tornou-se popular na rea de administrao: O Gerente Minuto. Blanchard e Johnson, os autores, partem do pressuposto de que a profisso do administrador no to complicada como parece e sinalizam algumas caractersticas e habilidades que deve possuir um administrador bem-sucedido. Considerando que o fragmento de texto acima tem carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo, acerca das habilidades necessrias ao administrador. Em seu texto aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: < tipos de habilidades do administrador; < aplicao e importncia dessas habilidades nos diversos nveis da organizao.

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PROPOSTA DE SOLUO Os profissionais de recursos humanos tm como objetivo buscar, conquistar e manter as pessoas nas organizaes, trabalhando e comprometendo-se o mximo, como uma atitude positiva e favorvel. Devem ter atitudes e habilidades, com a busca incessante pelo conhecimento e pela qualificao, preparando-se para as mudanas e para realizar aes eficazes que venham a atender s necessidades da organizao. Entre as atitudes e as habilidades caractersticas administradores, podem ser registradas, entre outras: - A viso generalista (dominao dos negcios da empresa), - A preocupao com os resultados finais da empresa (ateno para a necessidade de treinamentos e com a elevao dos custos com as demisses, por exemplo), - A disposio para atuar em parcerias (sinergia entre as reas da empresa), - A ao estratgica (delegao de atividades rotineiras e concentrao no trabalho estratgico), - A atualizao (constante capacitao), - A capacidade integradora, e - A habilidade para negociar. Fcil perceber que, a cada habilidade listada (humana, tcnica e estratgica), haver a incidncia em menor ou maior grau de importncia nos diversos nveis da organizao (alta direo, nvel intermedirio e superviso). As habilidades humanas so percebidas mais comumente nos nveis intermedirio e de superviso, enquanto que as tcnicas concentram-se, de maneira geral, no nvel de superviso e, por fim, as habilidades estratgicas so percebidas na alta administrao e nvel intermedirio. Se, por um lado, verdade que a profisso de administrador repleta de desafios, de busca incessante pelo conhecimento e pela qualificao, por outro, a tarefa de ser bem-sucedido no algo inatingvel. Cabe aos profissionais de recursos humanos o desenvolvimento de suas habilidades, permitindo-lhes a conduo eficiente e eficaz dos negcios da empresa. do perfil dos

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ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL 6. (ESAF Auditor do TCE/GO/2007) Discorra sobre o instituto do acordoprograma, abordando: a) conceito; b) seus objetivos; c) quem pode celebr-lo; d) fundamentos que lhe do amparo no sistema legislativo ptrio; e e) principais crticas ao instituto. Extenso mnima: 20 linhas Amigos, os comentrios so parte integrante do curso ministrado no ponto dos concursos (www.pontodosconcursos.com.br). A marca LLC (Luiz, Luciano e Cyonil) tem tudo para arrebentar nas prximas discursivas. Conto com o constante apoio dos amigos para a divulgao do nosso trabalho. Inicialmente: ler com calma o enunciado e descobrir o que o examinador quer. O que ele quer est logo no incio do enunciado: Discorra sobre o instituto do acordo-programa... O candidato que entendeu essa ordem da banca j comeou a acertar. Discorrer falar, discursar, enfim, abordar os principais aspectos do assunto citado na questo. Mas veja tambm que a Esaf j traou todo o roteiro a ser seguido pelo candidato: ... abordando:..., e a seguir o enunciado citou, nas letras de a a e, os pontos que devem obrigatoriamente constar da redao. Assim, o roteiro do texto j est praticamente traado. O examinador, ao corrigir a prova, ir verificar se o candidato entendeu e cumpriu o que foi solicitado, isto , se a resposta apresentada abordou cada um dos tpicos requeridos. Quanto ao assunto cobrado, a questo enquadra-se no item 3 do programa de Direito Administrativo de AFRFB 2009, bem como na matria de Administrao Pblica (reforma administrativa). O acordo-programa mais conhecido como contrato de gesto. Trata-se de instrumento de cooperao firmado entre o Poder Pblico e as organizaes sociais, ou entre os prprios rgos e entidades da Administrao, para aumento da sua autonomia gerencial, oramentria e financeira. utilizado tambm para14 Prof. Cyonil da Cunha

conferir o ttulo de agncia executiva s autarquias e fundaes pblicas que possuam um plano estratgico de reestruturao e de desenvolvimento institucional em andamento. O instituto previsto no art. 37, 8., da Constituio (contrato entre rgos e entidades da Administrao); na Lei 9.637/1998 (organizaes sociais); e no art. 51 da Lei 9.649/1998, regulamentado pelo Decreto 2.487/1998 (agncias executivas). A principal crtica que se faz quanto ao contrato de gesto celebrado entre o Poder Pblico e seus prprios rgos, pois estes so meros centros de competncia, sem personalidade jurdica e, portanto, no podem ser partes em um contrato. Entende a doutrina que no se trata, neste caso, de um verdadeiro contrato, mas de um simples acordo operacional. Vejamos uma possvel proposta de soluo (elaborada pelo amigo e autor Luciano Oliveira). Ah! Livro de dissertativas da Editora Impetus. PROPOSTA DE SOLUO O acordo-programa ou contrato de gesto pode referir-se a duas realidades distintas. A primeira refere-se ao instrumento firmado entre o Poder Pblico e a entidade qualificada como organizao social, com vistas formao de parceria entre as partes, para fomento e execuo de atividades relativas s reas de ensino, pesquisa cientfica, desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade, conforme a Lei 9.637/1998. A segunda modalidade de acordo-programa o contrato firmado entre o Poder Pblico e seus prprios rgos e entidades, para conferir maior autonomia gerencial, oramentria e financeira s unidades administrativas, tendo como objeto a fixao de metas de desempenho a serem atingidas, segundo previso do art. 37, 8., da Constituio Federal. Quando o contrato de gesto celebrado entra a Administrao direta e suas autarquias e fundaes pblicas, a Lei 9.649/1998 prev a qualificao desses entes como agncias executivas, desde que eles possuam um plano estratgico de reestruturao e de desenvolvimento institucional em andamento. No tocante celebrao do ajuste entre o Poder Pblico e seus prprios rgos, a crtica que a doutrina faz que no se trata, nesse caso, de um contrato, uma vez que um rgo no possui personalidade jurdica para figurar como parte contratual. Haveria, no caso, um simples acordo operacional, por meio do qual a pessoa estatal outorgaria maior liberdade administrativa aos seus rgos, em contrapartida cobrana de metas de desempenho, com a devida fiscalizao pelas instncias superiores.

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Na proposta de soluo acima, os dois primeiros pargrafos apresentaram os dois conceitos de acordo-programa, com seus respectivos objetivos, as pessoas que podem celebr-lo e os fundamentos legislativos que os amparam. O terceiro pargrafo destacou a hiptese de qualificao de autarquias e fundaes pblicas como agncias executivas, por meio da celebrao de contrato de gesto, bem como a Lei que prev tal situao. Por fim, o ltimo pargrafo destacou a principal crtica que se faz ao instituto, referente celebrao de contrato de gesto entre o Poder Pblico e seus prprios rgos despersonalizados.

7. (Esaf Analista do TCU/2006) Dissertar, sobre o mbito de incidncia, do regime jurdico nico, estabelecido na Lei n. 8.112/90, e quanto s normas constitucionais, relativas aos servidores pblicos, regidos por aquele diploma legal, suas garantias fundamentais e fiscalizao especfica, estabelecida na Constituio, expressamente, para aferir a legalidade, de determinados atos administrativos, concernentes a suas relaes jurdico-funcionais. Extenso mxima: 60 linhas Primeira tarefa: leitura e interpretao do enunciado O enunciado desta questo no favoreceu o candidato. No entanto, com um pouco de calma e de mtodo, poder ser compreendida, de forma a se descobrir o que o examinador queria que o candidato escrevesse em sua resposta. O que o examinador quer que eu faa? Resposta: dissertar sobre.... O que exatamente? Vejamos. Segunda tarefa: elaborao do plano ou roteiro do texto Vamos montar nosso roteiro virtual, haja vista a omisso da ilustre banca: 1) mbito de mbito de incidncia do Regime Jurdico nico (Lei n. 8.112/90); 2) as normas constitucionais relativas aos servidores pblicos regidos pela Lei n. 8.112/90; 3) as garantias fundamentais dos servidores pblicos regidos pela Lei n. 8.112/90; 4) a fiscalizao especfica, estabelecida expressamente na Constituio, para aferir a legalidade de determinados atos administrativos, concernentes s relaes jurdico-funcionais dos servidores pblicos regidos pela Lei n. 8.112/90.

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Agora no ficou bem mais fcil entender o enunciado? Agora suficiente seguir o B-A-B: introduo, desenvolvimento, concluso. Terceira tarefa: redao do texto Introduo Ateno: a cola permitida na prova dissertativa! Isso mesmo. Devemos coletar as informaes do enunciado para montarmos nosso tpico frasal. Por exemplo: No mbito da Unio, o diploma normativo que rege as relaes jurdicofuncionais dos servidores pblicos federais a Lei n. 8.112, de 1990 (Estatuto dos servidores), a qual, juntamente com as normas constitucionais relativas a esses agentes, constitui o regime jurdico responsvel por delinear os direitos, os deveres e as garantias dos servidores. Com esse pargrafo, nossa misso est parcialmente cumprida. Reforamos que este apenas uma sugesto de pargrafo introdutrio. Vocs devem treinar bastante e aperfeioar o prprio estilo de redao. Item 1 Incidncia ampla a incidncia do referido diploma legal, aplicando-se a todos os servidores pblicos federais, assim entendidos os detentores de cargos efetivos e comissionados, lotados na administrao direta e indireta, compreendidas, nesse ltimo caso, apenas as fundaes pblicas e as autarquias federais, inclusive as sob regime especial, a exemplo das agncias reguladoras e executivas. Item 2 Normas constitucionais Apesar de sua larga abrangncia, o Estatuto dos servidores no esgota o rol de direitos, deveres e garantias dos servidores pblicos, pois o texto constitucional possui captulo prprio repleto de dispositivos atinentes s relaes jurdico-funcionais desses agentes, por exemplo: dever de probidade, dever de eficincia, direito s frias, direito aposentadoria. Item 3 Garantias fundamentais Alm dos deveres e dos direitos, legais e constitucionais, h a previso de garantias. Uma das principais garantias dos servidores pblicos estatutrios efetivos a estabilidade, a qual adquirida aps o decurso de trs

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anos de efetivo exerccio e avaliao positiva de desempenho por comisso constituda com essa finalidade. Ainda em termos de garantias, pode ser citada a necessidade de instaurao de processo administrativo (em sentido amplo), com contraditrio e ampla defesa, para a aplicao de penalidades administrativas aos servidores. Item 4 Fiscalizao especfica Por fim, em termos constitucionais, cumpre observar que tanto o incio (admisso) como o trmino (aposentadorias e penses) da relao funcional dos servidores estatutrios no ficam imunes fiscalizao, destacando-se, com esse objetivo, a atividade de registro a cargo do Tribunal de Contas da Unio. Concluso Por todo o exposto, no h dvida de que a existncia de um regime jurdico para os servidores pblicos civis, tanto em nvel constitucional como em mbito legal, contribui para a transparncia das relaes jurdicas travadas entre esses agentes e o Estado, em ntido fortalecimento dos princpios da Administrao Pblica e do Estado Democrtico de Direito. Quarta tarefa: reviso da resposta Agora responda: cada um dos tpicos foi citado? A resposta deve ser positiva, a abordagem obrigatria, isso porque a pontuao de vocs depende disso. Cada tpico no-citado ou citado de forma inadequada, incompleta, gerar descontos. 8. (ESAF/GESTOR/MPOG/2009) Discorra objetivamente sobre o Controle da Administrao Pblica, abordando: a) a finalidade do controle; b) o controle administrativo; c) o controle legislativo; d) o controle judicial. Por exemplo, nessa questo, voc poderia colocar no papel os seguintes pontos, em um exerccio de brainstorm: 1) Fiscalizao das atividades da Administrao Pblica; 2) Assegurar a observncia da lei e dos princpios administrativos (legalidade em sentido amplo); 3) Quando cabvel, verificar aspectos de mrito;

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4) Controle administrativo: controle interno, de legalidade e mrito, de ofcio ou por provocao; 5) Controle legislativo: controle externo, poltico e financeiro, de legalidade e mrito, de ofcio ou por provocao, auxlio do Tribunal de Contas; 6) Controle judicial: controle externo, somente de legalidade (sentido amplo) apenas de ofcio, no pode revisar o mrito administrativo. PROPOSTA DE SOLUO (Luciano Oliveira) A finalidade do controle da Administrao Pblica assegurar que ela atue com respeito lei e aos princpios que regem suas atividades, como os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia (controle de legalidade ou legitimidade). Em certos casos, abrange tambm o controle do mrito administrativo. O controle administrativo o realizado pelos rgos e entidades da Administrao, sobre suas prprias atividades. Por isso, classifica-se como um controle interno. Engloba aspectos de legalidade e de mrito e pode ser feito de ofcio ou por provocao do interessado. O controle legislativo o realizado pelo Parlamento, com o auxlio do Tribunal de Contas. Trata-se de um controle externo (realizado por um Poder sobre o outro), que pode ser de cunho poltico ou financeiro e abranger aspectos de legalidade e de mrito. Por fim, o controle judicial o realizado pelos rgos do Poder Judicirio. tambm um controle externo e pode analisar somente a legalidade da atuao da Administrao, sem revisar o mrito administrativo. Ocorre apenas por provocao da parte interessada. O controle da Administrao Pblica inerente ao modelo republicano, que envolve o conceito de responsabilidade do governante pela gesto dos recursos pblicos, sendo fundamental para assegurar o atendimento ao interesse da coletividade. 9. (DEFENSOR PBLICO/PAR/2005/ADAPTADA) No Estado X, ocorreu grave acidente de trnsito, quando um nibus, de permissionria de servio pblico municipal, avanou a preferencial em um cruzamento, vindo a atingir um automvel modelo Fiat Palio, de propriedade do Sr. Oscar Lima, ocasionando a perda total do veculo. Indignado com os prejuzos sofridos, Oscar Lima procura a sede da Defensoria Pblica, no Estado X, relatando todo o ocorrido ao Defensor Pblico, e, por isso, acaba por solicitar a entrada de competente ao de indenizao por perdas e danos contra a permissionria de servio pblico. O Defensor Pblico, por no ser conhecedor dos assuntos correlatos esfera administrativa, resolve consultar VOC, concursando da Receita Federal,Discursivas 19

especialista em Direito Administrativo e atualizado com as ltimas notcias jurisprudenciais. A respeito da situao acima apresentada, pergunta-se: a responsabilidade civil da permissionria de servio pblico feita com base no disposto no 6 do art. 37 da Constituio Federal? Redija uma dissertao, em que seja apontada a soluo correta para a situao descrita, sendo a resposta fundamentada na evoluo doutrinria da responsabilidade civil do Estado e segundo a mais recente jurisprudncia do STF. (mximo de 30 linhas)

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Montemos nosso roteiro: 1) 2) 3) 4) Introduo (o que essencial?); Responsabilidade: conceito e evoluo; Responsabilidade das prestadoras de servios pblicos (CF/1988); Concluso (no esqueam a jurisprudncia do STF).

PROPOSTA DE SOLUO Na situao apresentada, nibus de permissionria de servio pblico municipal, depois de avanar a preferencial em um cruzamento, atingiu automvel de particular, ocasionando-lhe perda total do veculo. Diante dessa problemtica, pergunta-se: a permissionria responder nos termos do 6 do art. 37 da Constituio Federal? Preliminarmente ao enfrentamento da problemtica, cumpre registrar a evoluo histrico-doutrinria da responsabilizao civil do Estado, dividida nas seguintes etapas: irresponsabilidade (o rei no pode errar), culpa civil (o Estado responsvel, desde que identificado o agente causador do dano e provados dolo ou culpa), culpa annima (falha atribuda ao servio), risco administrativo (o Estado responde independentemente de dolo ou de culpa) e risco integral (similar anterior, sem que haja excludentes de responsabilidade). Entre as teorias listadas, o texto constitucional, desde a CF/1946, erigiu o risco administrativo, em que o Estado responder pelos atos danosos dos agentes pblicos, nessa qualidade, independentemente de dolo ou de culpa (de natureza objetiva, portanto), a no ser que a culpa seja atribuda exclusivamente vtima, por exemplo. O atual texto constitucional faz referncia responsabilidade objetiva no 6 do art. 37, alcanando todas as pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado, essas desde que prestadoras de servios pblicos. Por todo o exposto, considerando que a prestadora de servios pblicos (permissionria) causou prejuzos ao Sr. Oscar Lima e que a culpa pelos danos no exclusiva do paciente, haver a incidncia do dispositivo constitucional, de forma a atrair a responsabilidade objetiva da permissionria. Essa responsabilizao reforada por recente entendimento do Supremo Tribunal Federal, no sentido de qa responsabilidade alcanar tanto os usurios dos servios como os terceiros. 10. (Cespe Procurador/PB/2008) Maria, ento servidora do estado da Paraba, requereu a sua aposentadoria no regime prprio de previdncia social, o que lhe foi concedido, e passou a receber os respectivos proventos. Quando do registro dessa aposentadoria pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), 4 anosDiscursivas 21

depois, verificou-se indevido o recebimento de certa parcela remuneratria, motivo pelo qual o TCE determinou o imediato cancelamento e restituio dessa parcela, por meio de desconto nos proventos futuros da servidora aposentada. Recebida a deciso do TCE, o secretrio de Estado da Administrao consultou a Procuradoria do Estado para que esta o informasse da (im)possibilidade de imediato cancelamento ou desconto da referida parcela nos proventos de Maria. Considerando a situao hipottica acima, redija, na qualidade de procurador do estado da Paraba, um pronunciamento (no necessria a elaborao de parecer) acerca da informao solicitada pelo secretrio de Estado da Administrao, com os argumentos jurdicos constitucionais pertinentes, abordando os seguintes aspectos: - legalidade do desconto imediato; - relao com a Smula vinculante n. 3 do STF, que dispensa o contraditrio e a ampla defesa para a anlise do ato de aposentadoria; - parcelas recebidas de boa-f pelos servidores pblicos. Extenso mxima: 20 linhas PROPOSTA DE SOLUO (Luciano Oliveira vulgo Oscar Lima. Autor do livro de questes de Direito Administrativo Editora Ferreira e autor do livro de questes dissertativas Editora Impetus) Diante da existncia indevida de parcela remuneratria nos proventos da servidora aposentada, constatada pelo Tribunal de Contas do Estado, cumpre efetuar o imediato cancelamento da referida parcela, a fim de adequar o benefcio aos ditames da lei. De acordo com a Smula Vinculante n. 3, no h necessidade do contraditrio e da ampla defesa nesse caso. Segundo o Supremo Tribunal federal STF, a aposentadoria de servidor ato complexo, que apenas se aperfeioa com o registro do Tribunal de Contas, razo pela qual no preciso a prvia oitiva da servidora para a interrupo do pagamento. Em funo da natureza complexa do ato, tambm no se aplica o prazo decadencial de cinco anos, previsto na Lei 9.784/1999, para que a Administrao possa anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios, salvo comprovada m-f. de se notar que tampouco se configurou a excepcional hiptese, conforme entendimento do STF, posterior edio da citada Smula Vinculante, em que surgiria a obrigatoriedade do exerccio do contraditrio e da ampla defesa pela servidora, quando j houvesse transcorrido o prazo de cinco anos entre a data da concesso do benefcio e a de registro do ato pelo Tribunal de Contas.22 Prof. Cyonil da Cunha

Todavia, indevida a realizao de desconto dos valores recebidos de boaf pela servidora at o momento em que ela tenha sido oficialmente comunicada pela Administrao do fato. Conforme jurisprudncia do STF, o reconhecimento da ilegalidade da parcela, nesse caso, no determina, automaticamente, o ressarcimento ao errio, salvo se ficar comprovada a m-f da servidora em seu recebimento. Considere o seguinte trecho: As agncias reguladoras federais organizam-se sob o regime autrquico especial, caracterizado pela autonomia administrativa e pelo mandato fixo de seus dirigentes. Esses mecanismos so considerados relevantes para proteger as agncias de presses polticas, dando-lhes, assim, condies de tomar decises que privilegiem o equilbrio de interesses de governo, empresrios e usurios dos servios pblicos. Agora redija um texto em forma de dissertao, com letra cursiva, a respeito do tema ESTADO REGULADOR As Agncias Reguladoras no contexto do Estado Democrtico de Direito, abordando, necessariamente, os seguintes quesitos: a) Concepo de Estado e a mudana no paradigma administrativo moderno (nova administrao pblica); b) Insero das Agncias de acordo com o Plano Diretor da Reforma do Estado; c) Agncias: caractersticas (poder normativo, independncia administrativa, poder de dirimir conflitos), com realce para a nomeao dos dirigentes e seu mandato fixo; e d) Legitimidade democrtica. Vamos aos quesitos. Concepo de Estado e a mudana no paradigma administrativo moderno (nova administrao pblica). Uma das funes primordiais da burocracia era a promoo do bem estar social, o denominado Estado de Providncia (Welfare State, entre os ingleses). Perodo marcado pela ao do Estado como principal ator no atendimento s necessidades e aos anseios sociais. Com a crescente crise fiscal, aprendemos que o modelo burocrtico tornouse insustentvel. A mquina administrativa mostrou-se ineficiente e lenta em face dos novos desafios da globalizao, exigindo-se, assim, a mudana de enfoque na atuao dos Governos. 11.

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Agora,

no

mais

como

Estado-empresrio,

mas

sim

utilizador

de

mecanismos espelhados na iniciativa privada, garantidores de maior eficincia e agilidade no atendimento dos anseios sociais.

Insero das Agncias de acordo com o Plano Diretor da Reforma do Estado. Pautado nos princpios da desestatizao, da flexibilidade, da eficincia, no foco no cliente, orientado para os resultados, o PDRAE teve como objeto a diviso do Estado em quatro grandes setores ou ncleos com funes especficas: ncleo estratgico, servios exclusivos, servios no-exclusivos, e mercado. A partir de ento, houve maior necessidade das agncias reguladoras, entendidas como autarquias sob um regime especial, localizadas precisamente no setor de servios exclusivos, com papel fundamental na transferncia de servios mediante concesses e permisses iniciativa privada. Agncias: caractersticas (poder normativo, independncia administrativa, poder de dirimir conflitos), com realce para a nomeao dos dirigentes e seu mandato fixo. Nesse novo contexto de Estado mnimo, de retirada do Estado da posio de provedor, de interventor direto na economia, para Estado Regulador, as principais funes assumidas pelas agncias tm sido: a regulatria, a sancionadora, a normativa, e a fiscalizatria. Ao lado de tais funes, h doutrinadores que acrescentam a capacidade para a arbitragem e mediaes, em busca do equilbrio entre os diversos envolvidos, sejam eles usurios, prestadores de servios pblicos ou mesmo o Estado. A independncia em relao ao centro reforada pela caracterstica do mandato fixo dos dirigentes, esse preferencialmente no-coincidente com o mandato Presidencial. Os conselheiros ou diretores das agncias so escolhidos pelo Presidente da Repblica e arguidos pelo Senado Federal. Depois disso, so nomeados pelo24 Prof. Cyonil da Cunha

Presidente, sendo que contam com mandato fixo, ou seja, s podem ser desligados com a devida motivao, com respeito aos princpios da ampla defesa e do contraditrio, diferentemente do que ocorre com detentores de cargos comissionados em geral. Legitimidade democrtica. Apesar das inmeras garantias, no pode (e sequer deve) isolar-se totalmente dos atores envolvidos, deve se comunicar com os prestadores, sem que sejam capturados; com o Estado, sem admitir a interferncia de ingerncias meramente clientelistas e corporativistas; e, finalmente, com os usurios, garantindo-lhes maiores instrumentos de participao. Com essa forma de atuao, transparente, permevel, flexvel, conquistar com os atores maior legitimidade democrtica.

12. (Cespe TRT/9R/Juiz/2007) Maria, servidora pblica federal, casada com Antnio, portador de obesidade mrbida, reconhecida por junta mdica oficial. Com vistas a proporcionar o tratamento de que o marido necessita, inexistente no seu atual domiclio, Maria requereu a sua remoo para a capital do estado. A administrao pblica, ao fundamento de que a remoo s pode ser concedida no interesse da administrao, negou o seu pedido, alegando no poder prescindir do trabalho de Maria. Alm disso, argiu que no h vagas na capital. Com base nessa situao hipottica, redija um texto em que responda, de forma fundamentada, ao seguinte questionamento. Agiu com acerto a administrao? Comentrios: nessa questo, o candidato deve saber que: a diferena entre remoo e redistribuio, a remoo no forma de provimento; a remoo pode dar-se de ofcio ou a pedido; a remoo pode ser ato vinculado (independentemente do interesse da Administrao, a remoo deve ser promovida, ainda que inexista vaga) e ato discricionrio; por fim, a remoo a pedido por motivo de doena ato vinculado. 13. (Cespe Procurador/GO/2007) Considerando que o artigo 1. da Constituio Federal dispe que a Repblica Federativa do Brasil formada pela unio indissolvel dos estados e municpios e do Distrito Federal, redija um texto dissertativo a respeito do Estado Federal, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos: - conceito de Estado Federal; - princpios caracterizadores da Federao; - pressupostos para a existncia de um Estado Federal; - princpios limitadores da autonomia dos estados-membros de uma Federao.Discursivas 25

Extenso mxima: 60 linhas O conceito de Estado no fixo no tempo e no espao. No entanto, alguns de seus elementos so constantes: o humano (povo), o geogrfico (territrio), e o poltico-administrativo (governo soberano). Nesse contexto, podem ser encontradas diversas formas de Estado, a depender da poca, do territrio ou de razes histricas, a exemplo do Estado Unitrio e do Estado Federal (NOTARAM O LINK?). Os conceitos de Estado Unitrio e Estado Federal so inconfundveis, pois, enquanto naquele existe um nico centro de poder, responsvel por todas as atribuies polticas, como o exemplo da Frana, no Estado Federal, h diferentes plos de poder, os quais atuam de forma autnoma entre si, como o caso do Brasil (VEJAM, MAIS UMA VEZ, A LIGAO COM O PARGRAFO SUBSEQUENTE).

Relativamente ao federalismo, registra-se ser ele um fenmeno moderno, cujas principais razes datam do sculo XVIII. Assim, se verdade que em qualquer poca da histria humana encontram-se referncias a alianas entre Estados, deve-se tambm reconhecer que, para identificar um efetivo Estado Federal, nos moldes hoje existentes, so exigidas determinadas peculiaridades inexistentes at 1787 (ELEMENTO DE COESO). Por tal razo, pode-se dizer que a estrutura do modelo federal de Estado surgiu primeiramente nos Estados Unidos. Em 1787, na Conveno de Filadlfia, os representantes dos recentes Estados (soberanos) buscaram aprimorar a unio dos territrios, que se mostrava frgil como organizao poltica. Elaborou-se, ento, nesse encontro, aquele documento que fundaria juridicamente os Estados Unidos: a Constituio Americana. Consolidou-se, nesse compasso, a caracterizao da nova forma de Estado: a Federao. Porm, h certos pressupostos para que se possa, efetivamente, conceituar um Estado como federal, so eles: existncia de efetiva autonomia dos estados-membros, assegurada por uma Constituio comum; inexistncia de direito de secesso; previso de um tribunal habilitado a resolver eventuais conflitos de competncia; e possibilidade de a Unio utilizar-se do instituto da interveno nos Estados, quando circunstncias desagregadoras comprometerem a sobrevivncia da Federao. A esse rol podem ser adicionadas a participao das vontades polticas dos Estados no Governo Federal, a repartio de competncias e a repartio de rendas.

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Demais disso, tem-se acrescido ao federalismo a funo de garantia da democracia participativa, com sua multiplicao de crculos de decises polticas em que o cidado fica mais prximo do poder. O Estado Federal mantm seu prestgio ainda, por preservar os particularismos, afinal de contas, a Federao mantm as caractersticas socioculturais dos Estados-membros, todos autnomos, nos termos da Constituio. No entanto, a distribuio de autonomia pelos entes federados encontra limites. O federalismo, em sua origem, reportado como a unio de estados federados, pe freios ao exerccio da autonomia dos entes polticos. Podem ser citados os seguintes exemplos de restrio autonomia: cumprimento dos princpios constitucionais sensveis, sob pena de interveno federal; notributao das rendas, do patrimnio, e dos servios entre os entes federados (a denominada imunidade recproca); observncia das normas gerais editadas pela Unio; edio das Cartas Estaduais e Leis Orgnicas em observncia s diretrizes gerais previstas na Constituio da Repblica. H autores que criticam a existncia da Federao, por exemplo, em razo dos conflitos polticos e jurdicos advindos da coexistncia de inmeras esferas autnomas, cujos limites de atuao nem sempre esto bem distribudos constitucionalmente. A despeito disso, no se pode olvidar que esse tipo de configurao de Estado assegura oportunidades mais amplas de participao no poder poltico, pois quem no obtiver ou no quiser a liderana federal poder ter acesso aos poderes locais. Dessa forma, a Federao vem sendo considerada a forma mais avanada de descentralizao poltica.

f) 14. (Cespe PGE/AP 2006) O governador do estado do Amap pretende enviar Assemblia Legislativa um projeto de lei que estabelece que todas as pessoas com at 21 anos de idade tero desconto de 50% no pagamento de ingressos para eventos artsticos, culturais e esportivos realizados no territrio do estado, sob o argumento de que o custo dos ingressos freqentemente inviabiliza o acesso de jovens a tais eventos. Considerando a situao hipottica acima descrita, redija um texto dissertativo que avalie a compatibilidade entre o referido projeto e a Constituio da Repblica, abordando tanto as questes relativas competncia estadual para regular tal matria quanto a compatibilidade do referido desconto com os princpios constitucionais. Extenso: 30 a 60 linhas.Discursivas 27

Caramba! De 30 a 60 linhas! Haja flego e inspirao! Pensemos (em voz baixa!): - Como funciona a distribuio de competncias? Ah! Considerando que vivemos em uma Federao, obviamente. - Quais os tipos de competncia? - Que tipo de assunto est sendo legislado? - Em matria de legislao concorrente, os Estados podem legislar? - H compatibilidade com os princpios constitucionais: da isonomia, da legalidade, da livre iniciativa? Depois de dissertar, veja se a redao contm essas passagens. Se as tiver, pode dormir com os anjos, a nota ser a melhor possvel. Amigos, o planejamento da redao o momento mgico da dissertao. Percam 15 minutos no planejamento da dissertao para ganhar! 15. (Cespe OAB/2009) Joo depositrio de determinado bem mvel, decorrente de contrato civil. Devidamente notificado para entreg-lo, no cumpriu com a obrigao nem indicou o local onde estaria o bem. O interessado ingressou com a ao pertinente na justia cvel e, aps o trmite regular do processo, houve determinao no mesmo sentido pelo juiz que conduzia o processo, ou seja, que Joo deveria entregar o bem. Joo permaneceu inerte, o que ocasionou a determinao de sua ordem de priso por 60 dias. Inconformado, Joo impetrou habeas corpus no tribunal competente. Diante da situao hipottica apresentada, indique a posio majoritria mais recente do Supremo Tribunal Federal sobre a legalidade da ordem de priso do depositrio infiel, informando, com fundamento nessa posio, se o habeas corpus deve ser concedido em favor de Joo. So detalhes to pequenos de ns dois! Essa frase (do Rei!) nos serve como uma luva, afinal de contas, voc e a banca (nada mais egosta, diria o participante de swings! rsrs...). A banca, malignamente, recheia (ou pode rechear) de (pequenos) detalhes nossa dissertao, logo, atentos guerreiros, como diriam os franceses: allons enfants de La Patrie Le jour de gloire est arriv. Na presente questo, suficiente o conhecimento de recente deciso do STF quanto ao afastamento da priso civil do depositrio infiel. Na viso da Corte Suprema, tratados internacionais sobre direitos humanos, apesar de no aprovados com quorum qualificado, acham-se acima da Lei e abaixo da CF/1988, a chamada supralegalidade, logo, cabvel a concesso de habeas corpus. 16. (Cespe OAB/2009) Em junho de 2008, aps processo administrativo disciplinar, Pedro foi exonerado da funo que ocupava em rgo da administrao pblica municipal. Ato contnuo, ele ingressou com mandado de28 Prof. Cyonil da Cunha

segurana para ser reintegrado ao servio pblico, arguindo a nulidade do ato em razo de no haver sido apresentada defesa tcnica por advogado inscrito na OAB, o que ofenderia a garantia do contraditrio e da ampla defesa, estipulada no art. 5. da Constituio Federal. O tribunal de justia acolheu a argumentao e concedeu a Pedro a segurana sob o argumento de que a presena obrigatria do advogado seria essencial para a garantia da ampla defesa. Em face dessa situao hipottica, na condio de procurador do municpio, aponte a medida judicial mais apropriada para impugnar a deciso do tribunal de justia. Justifique a resposta, informando o tribunal perante o qual a medida deve ser ajuizada. Os professores do Cespe devem ter lido o ltimo livro do Hannibal Lecter! Idolatram nosso sofrimento! Tm amor pela eliminao. Vejamos as pegadinhas. 1) A exonerao no ato punitivo, logo, no h necessidade da abertura de processo administrativo disciplinar (PAD); 2) Os servidores no so exonerados de funes, quando praticam atos punitivos, mas sim destitudos, oportunidade que haver a abertura de PAD; 3) A exonerao de funes dispensa o contraditrio e a ampla defesa. E mais: o ato sequer precisa ser motivado; 4) O instituto da reintegrao exige a invalidao de ato demissrio de cargo (e no exoneratrio, regra geral, e no em funo), devendo o servidor ser estvel, conforme a literalidade da Lei; 5) Apesar de o entendimento do STJ ter sido pela nulidade do PAD, quando ausente a defesa tcnica, o STF editou Smula Vinculante, para fixar que a ausncia no acarreta a nulidade do processo administrativo.

17. (Cespe Procurador/Bacen/2009) Determinado municpio editou lei que estabelece o tempo mximo de espera em fila nas instituies bancrias localizadas em seu territrio, bem como exige a instalao, nas agncias, de equipamentos de segurana, tais como portas eletrnicas com detector de metais e cmaras filmadoras. Inconformados, alguns bancos ingressaram com mandado de segurana sob a alegao de que a lei municipal versava sobre matria de competncia da Unio, uma vez que a normatizao do sistema financeiro nacional de competncia federal art. 192 da Constituio Federal de 1988 (CF). Os bancos alegaram, ainda, que a lei municipal atentava contra o art. 22, VII, da CF, que estatui ser da competncia privativa da Unio legislar sobreDiscursivas 29

poltica de crdito, cmbio, seguros e transferncia de valores, e contra o art. 48, XIII, da CF, que dispe ser da competncia reservada do Congresso Nacional dispor sobre matria financeira, cambial e monetria, instituies financeiras e suas operaes. Tendo como referncia o texto acima, responda, de forma sucinta e fundamentada, aos seguintes questionamentos: < Pode-se considerar que a lei municipal versa sobre assuntos que se encontram na esfera de competncia do municpio? < adequado afirmar que a lei municipal, ao dispor sobre o tempo de atendimento ao pblico nas agncias bancrias e sobre a obrigatoriedade de instalao de equipamentos de segurana, disps sobre matrias que a CF estabelece como sendo da competncia privativa da Unio, alm de transgredir competncia reservada ao Congresso Nacional? Vamos ao roteiro: 1) Qual o nome do princpio que fundamenta a atual distribuio de competncias entre os entes federados? 2) Que tipos de assuntos competem aos municpios? Exemplos. 3) A fixao do horrio bancrio est na rbita de atribuies dos municpios? Se negativo, a quem compete e por qu? 4) inconstitucional lei municipal que dispes sobre o tempo de atendimento ao pblico nas agncias bancrias e sobre a obrigatoriedade de instalao de equipamentos de segurana? Respostas (no necessariamente na ordem). Monta o quebra-cabea: - Competncia privativa da Unio, logo, lei municipal legislasse a respeito seria inconstitucional (usurpao da competncia do Congresso); - Assuntos de interesse local, exemplo das funerrias e do transporte intramunicipal urbano; - Predominncia do interesse rege a distribuio de competncias, por exemplo: assuntos regionais de competncia dos Estados (chamada de competncia remanescente); - Horrio bancrio nem pensar, mas h determinadas atribuies que dizem respeito diretamente aos assuntos de interesse local, logo, de competncia municipal. Montemos nosso quebra-cabea. A atual forma de Estado adotada pelo Brasil o (...), caracterizado pela (...). Essa autonomia pode ser sintetizada (...), comparecendo, neste ltimo caso, o princpio da predominncia do interesse. De acordo com o princpio (...), assuntos (...) Unio, (...) Estados e (...) municpios. Por exemplo: (...). Em matria de competncia, o texto constitucional (...). Por exemplo: a fixao do expediente bancrio assunto de competncia reservada do Congresso Nacional, sendo (...).

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Na situao apresentada, pode ser aplicado o (...), no sentido de que (...). Frise-se, por necessrio, que outro no o entendimento do Supremo Tribunal Federal tratando-se da (...), porque (...).

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DIREITO TRIBUTRIO 18. (Cespe Procurador/2006) Discorra acerca da competncia tributria, abordando, necessariamente, a sua definio, bem como a identificao e a definio das suas caractersticas, estabelecidas na Constituio Federal e no Cdigo Tributrio Nacional, detalhando cada uma delas. Contribuies colhidas diretamente do nosso frum. Considero a facultatividade, indelegabilidade e a incaducabilidade as principais caractersticas da competncia tributria. Vou escrever minha dissertao baseada nessas caractersticas. Usarei a seguinte estrutura para minha dissertao: 1 pargrafo - Conceito de competncia tributria e citar as suas principais caractersticas 2 pargrafo - Explicar a facultatividade 3 pargrafo - Explicar a indelegabilidade 4 pargrafo - Explicar a incaducabilidade 5 pargrafo - Concluso Competncia Tributria: A Competncia Tributria fruto da descentralizao poltica; manifestao do Poder Poltico na esfera tributria, sinnimo de Poder de Tributar. A Constituio e as Emendas Constitucionais tm funo de atribuir competncia tributria, descentralizando o Poder Poltico, podendo tambm extinguir competncia. Portanto, caberia s Emendas Constitucionais reformar o Sistema Tributrio Nacional, sem, no entanto, criar alteraes prejudiciais tendentes a abolir clusulas ptreas ( art 60 4. C.F), com, por exemplo, criando excees ao princpio da anterioridade. Cabe ao ente poltico a quem fora atribuda a competncia, exerc-la ou no, isto , a instituio de tributos ser por convenincia do referido ente, portanto, facultativa. No obstante o exerccio da competncia ser facultativo, cabe observar o disposto no art. 149 1. CRFB, cujo texto fora alterado pela EC 42/03, ressaltando-se a faculdade dos Estados, DF e Municpios adotarem regime prprio de Previdncia para os seus servidores pblicos. Cabe ressaltar ainda que o exerccio da competncia tributria sofrer limitaes constitucionais representadas por princpios e imunidades a serem observados pelos Entes Tributantes. Fonte: apostila do Lugon.

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A instituio de tributos como regra tarefa tipicamente legislativa e, portanto, poltica. Quando a CF no dispe de forma contraria, a instituio de um tributo, sua modificao e sua revogao se do por LEI ORDINRIA. O titular da competncia tributaria pode ate mesmo optar por no exercitala (muitos Municpios no instituram o ISS por entenderem que o custo da sua administrao seria maior que o valor arrecadado), circunstancia que no exclui a possibilidade de o tributo ser institudo a qualquer tempo (no h renuncia quanto a competncia tributaria. COMPETNCIA PRIVATIVA - UNIO, ESTADOS E MUNICPIOS A competncia privativa est ligada aos impostos. Cada entidade compete privativamente instituir certos impostos taxativamente previstos na CF. Ex. Municpios tm competncia privativa para instituir IPTU. Nesse caso a Unio no pode instituir (como regra) esse imposto, nem o DF, nem os Estados. MARCELO ALEXANDRINO & VICENTE PAULO ensinam que trs so as trs so as espcies tributarias abordadas pelo art. 145 da CF (que no exclui a existncia de outros tributos), sendo competentes para sua instituio a Unio , os Estados, o DF e os Municpios. A primeira destas espcies so os impostos,que so tributos de competncia privativa, nominados e atribudos discriminadamente a cada uma das pessoas polticas. Em principio so numerus clausus. As duas espcies restantes, as taxas e as contribuies de melhoria, so tributos de competncia comum, sendo numerus apertus e atribudos genericamente as pessoas polticas. COMPETNCIA COMUM A competncia comum esta ligada as taxas e as contribuies de melhoria. Esses tributos so comuns a todas as entidades tributantes. Por ex.: Tanto a Unio, como os Estados, como o DF, como os Municpios podem instituir taxas e contribuies de melhoria. COMPETNCIA CUMULATIVA OU MLTIPLA MARCELO ALEXANDRINO & VICENTE PAULO ensinam que o art. 147 da CF: competem a Unio, em Territrio Federal, os impostos Estaduais e se o Territrio no for dividido em Municpios, cumulativamente , os impostos municipais; ao DF cabem os impostos municipais e estaduais. Trata da competncia cumulativa (tambm denominada mltipla). Possuem-na em nossa Federao: a Unio, relativamente aos impostos estaduais nos Territrios Federais e, se no divididos em Municpios, tambm aos impostosDiscursivas 33

municipais; e o Distrito Federal, relativamente aos impostos municipais, j que no pode ser dividido em municpios (art. 32 da CF), o que lhe confere, genericamente, as competncias legislativas reservadas aos Estados e aos Municpios (CF, 1 do art. 32). No existem atualmente Territrios no Brasil embora nada impea que algum dia venham a existir, possibilidade expressamente prevista no art. 18, 2 e 3 da CF. Portanto, hoje, somente o DF exerce competncia cumulativa. INEXISTNCIA DE CONFLITOS DE COMPETNCIA VERDADEIROS Diz a CF em seu art. 146 cabe a lei complementar: I dispor sobre conflitos de competncia, em matria tributria, entre a Unio, os Estados, o DF e os Municpios; MARCELO ALEXANDRINO & VICENTE PAULO ensinam que ao delimitar rigidamente o mbito de competncia de cada uma das entidades tributantes da Federao, a CF impediu a ocorrncia de conflitos de competncia verdadeiros no plano lgico. Qualquer conflito de competncia que venha a ocorrer entre as pessoas polticas ser um conflito aparente e encontrara soluo na correta interpretao das regras e princpios do prprio texto constitucional. no mbito dos impostos que se mostra mais provvel a ocorrncia de conflitos de competncia entre os entes federados. Assim, sempre que uma lei instituidora de um imposto, ao prever seu fato gerador, exorbitar da rgida matriz constitucional, estar ocorrendo invaso de competncia, sendo a lei inconstitucional neste ponto. COMPETNCIA RESIDUAL -S a Unio tem essa competncia - previsto no art. 154, I da CF - mediante lei complementar - impostos no previstos no artigo anterior (naquela competncia privativa dos entes) -desde que no tenham fato gerador ou base de calculo dos discriminados nesta CF. MARCELO ALEXANDRINO & VICENTE PAULO ensinam que a competncia residual pode ser utilizada, exclusivamente pela Unio, no s para a instituio de impostos novos mas tambm para a criao de contribuies de seguridade social incidentes sobre fontes diversas das expressamente previstas nos incisos 195, como estabelece o 4 do mesmo artigo. Alm destas consideraes, no caso de instituio de impostos residuais, vinte34 Prof. Cyonil da Cunha

por cento do produto de sua arrecadao pertencero aos Estados e ao DF (CF, art. 157, II). Cabe observarmos que a competncia residual para instituio de impostos no foi, ate hoje, utilizada pela Unio. Embora talvez pudesse haver alguma confuso a respeito, nem a criao do extinto IPMF, nem a vigente CMPF, tiveram por base esta competncia. No caso do IPMF a criao deveria ser feita por lei complementar (mais um possvel motivo de confusao) e no da CPMF bastou lei ordinria para sua criao. De qualquer forma, em nenhum dos dois tributos foram observadas as restries pertinentes utilizao da competncia residual. Ambos so cumulativos, alem de coincidirem, em muitos aspectos de seus fatos geradores e bases de calculo, com tributos j existentes. Ademais, as Emendas autorizadoras de suas instituies expressamente previram a no repartio do produto da arrecadao destes tributos com qualquer ente federadado, o que seria devido, no caso do IPMF, se ele fosse imposto residual. Assim, mediante lei complementar, a Unio pode instituir impostos no previstos na esfera de competncia de qualquer dos entes polticos, desde que no cumulativos (o IPMF, p.ex., no constava do rol de impostos previstos expressamente pela CF, embora sua no-cumulatividade seja questionvel) e que no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos impostos j discriminados. Observao: a CF no coloca as condies para o exerccio dessa competncia residual, ao contrario do emprstimo compulsrio que traz requisitos obrigatrios para sua cobrana, por exemplo, guerra ou calamidade publica. Ambas, no entanto, devem ser disciplinadas atravs de lei complementar. OBS. No podemos nos esquecer da Taxa Rodoviria nica, que, apesar do nome, era um imposto sobre a propriedade de um automvel, suprimida quando da atribuio constitucional da Competncia aos Estados para institurem o IPVA. BITRIBUTAO Ocorre quando um poder tributante exorbitando em sua competncia, cria um imposto que da competncia de outro Poder Tributante. Por exemplo: Estado cria um Imposto similar ao IPTU. Aqui importante salientar que para falarmos em bitributao devemos Ter em mente que devem existir dois poderes tributantes, sendo que um entra na esfera de competncia de outro. Cabe a lei complementar dispor sobre os conflitos (art. 146, I, da CF). Assim, quando entes polticos distintos (p.ex.Unio e um E-M ) exigem de um mesmo contribuinte tributos idnticos, verifica-se a bitributao, conforme denominao dada pelos mestres BERNARDO RIBEIRO DE MORAES (Compndio de Direito Tributrio, 3 edicao, RJ, Forense) e DE PLCIDO E SILVA (VocabulrioDiscursivas 35

Jurdico, 8 ed, Rio de Janeiro, Forense, 1984, p.325). bom lembrar que alguns doutrinadores preferem a denominao invaso de competncia ao termo bitributao. BIS IN IDEM Bis in idem significa repetio sobre o mesmo (bis-repetido, in idem-a mesma coisa) - Mesmo poder tributrio competente - Cria um imposto repetido sobre a mesma coisa - Segundo tributo com nome diferente, advindo da mesma autoridade tributante, recaindo sobre ato j tributado. P.ex. IPVA. O competente para instituir so os EM. Depois de institudo esse imposto suponhamos que ele institua o IPAR imposto sobre automveis rodantes. Estaramos claramente diante do bis in iden. 19. (Cespe Sebrae/2007) A Constituio da Repblica estabelece que o exerccio da competncia tributria no irrestrito. Nesse sentido, discorra acerca das limitaes constitucionais ao poder de tributar. Seria um excelente quesito de prova, no acham? vspera de prova, apesar disso, sobremaneira importante termos ideia dos princpios da legalidade, da anterioridade, da irretroatividade, do noconfisco, da noventena, e mais, ateno para as excees. Em termos de imunidade, as duas mais importantes so a recproca (incondicionada e extensiva) e a relativa s entidades beneficentes de assistncia social (detalhe da natureza da lei e as exigncias nos termos do art. 14 do CTN). 20. (Cespe OAB/2008) Em 1998, Gilson deixou de cumprir determinada obrigao acessria e, por isso, foi punido com multa de R$ 1.000,00. Recorreu na esfera administrativa at a ltima instncia, mas sucumbiu em todas as decises. Recorreu na esfera judicial e, igualmente, restou sucumbente, tendo a sentena transitado em julgado em agosto de 2008. Em setembro de 2008, foi publicada uma lei que reduzia, para o valor de R$ 600,00, a pena aplicada ao tipo de descumprimento praticado por Gilson. Na situao hipottica apresentada, Gilson tem direito reduo da pena? Fundamente sua resposta de acordo com as normas gerais de direito tributrio. Comentrio: se sucumbir transitar em julgado, sabemos que o CTN veda a interpretao benigna para a excluso das multas (das infraes). Questo relativamente simples. 21. (Cespe PGE/PB/2008) A doutrina prope inmeras classificaes para os tributos, com base em suas especificidades, semelhanas e diferenas. Tais classificaes, embora ausentes na legislao, ajudam na compreenso da36 Prof. Cyonil da Cunha

natureza jurdica e aplicao de cada espcie tributria. Com foco nas principais classificaes propostas pela doutrina, redija um texto dissertativo, conceituando as espcies tributrias e mencionando, necessariamente, os seguintes critrios: natureza do fato gerador, destinao da arrecadao, finalidade, aspectos subjetivos e objetivos da hiptese de incidncia. Covardia! Isso mesmo. covardia tentar resumir o Direito Tributrio para vocs. Diferentemente dos concursos, em que a prova discursiva etapa prvia, a prova da Receita seletiva, s restam os feras para a segunda etapa, logo, nosso papel s de fichar os principais detalhes, talvez esquecidos no emaranhado de tantas disciplinas. Vamos (re) lembrar alguns conceitos: Cdigo Tributrio Nacional posio tripartida: taxas, contribuio de melhoria e impostos. Constituio Federal/1988 (posicionamento do STF) posio pentapartida: taxas, contribuio de melhoria, impostos, contribuies especiais e emprstimos compulsrios. Doutrina dualista: taxas e impostos. Fato gerador: o que determina a natureza jurdica do tributo. Irrelevantes a denominao e a destinao dos dinheiros. Se a cobrana condicionada atividade especfica, tributos vinculados (carter sinalagmtico taxas e contribuio de melhoria, por exemplo). De outra banda, se a cobrana independe de qualquer atividade do Estado, os tributos so no-vinculados (impostos, por excelncia). Sabemos que a natureza jurdica dos tributos independe do destino da arrecadao. No entanto, essa pode ser vinculada ou no-vinculada. Por exemplo: emprstimos compulsrios e as contribuies sociais (arrecadao vinculada), e impostos, taxas e contribuio de melhoria (arrecadao novinculada). Ah! Cuidado com as excees: vinculao dos impostos para a Administrao Tributria (por exemplo) e as taxas judicirias, para o custeio das atividades judicirias. Finalidades: fiscais (arrecadao para os cofres, IR, por exemplo), extrafiscais (objetiva regular uma situao econmica ou social, I.I, por exemplo) e parafiscais (antigas contribuies previdencirias quando cobradas pelo INSS, sujeito ativo era diferente do instituidor da exao delegao de capacidade tributria). Aspectos objetivo (real) e subjetivo (pessoal): real res, res coisa, ou seja, so tributos que incidem sobre coisas, como o caso do IPVA, no so considerados aspectos subjetivos. Em sentido reverso, so subjetivos os

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tributos que levam em considerao situaes pessoais do contribuinte, exemplo do IR. 22. (Cespe OAB/2009) Joo, servidor pblico estadual formado em direito, tendo sido aprovado no exame de ordem da OAB, resolveu advogar, mesmo sabendo que estaria impedido do exerccio da advocacia. Consequentemente, deixou de pagar o correspondente imposto de renda (IR) sobre os valores recebidos pelos servios prestados. Tendo sido autuado pelo no pagamento do referido IR, Joo alegou, em sua defesa, que, por estar impedido do exerccio da advocacia, no deveria pagar o imposto. Nessa situao hipottica, Joo deve pagar o IR pelo exerccio da advocacia? A situao de impedimento o exclui do polo passivo da relao obrigacional? Fundamente ambas as respostas. Comentrio: Princpio da pecnia NON OLET! O dinheiro no fede e nem cheira! Art. 118 do CTN. A capacidade tributria passiva abstrai a capacidade civil do contribuinte como sua regular inscrio, por exemplo. 23. (Cespe OAB/2008) Caso determinado contribuinte pratique uma doao com encargo visando dissimular a ocorrncia de uma transmisso onerosa de bens, tendo em vista que a alquota incidente sobre a 1.a operao inferior da 2.a, questiona-se se h previso nas normas gerais de direito tributrio para que a administrao pblica venha, nos termos da lei, a desconstituir a doao. Justifique a sua resposta. http://www.aldemario.adv.br/nga.pdf. Se tiver um tempinho, visita o link e faa a leitura das pginas 1 a 11. Ideia geral sobre o significado do art. 116, pargrafo nico, do CTN (a famosa norma geral antielisiva). 24. (Cespe ACE/TCE/TO/2009) O Cdigo Tributrio Nacional dispe que compete privativamente autoridade administrativa constituir o crdito tributrio pelo lanamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrncia do fato gerador da obrigao correspondente, determinar a matria tributvel, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicao da penalidade cabvel. Considerando que as informaes acima tm carter unicamente motivador, redija um texto a respeito de crdito tributrio. No seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: (i) modalidades de lanamento; (ii) hipteses em que o lanamento, regularmente notificado ao sujeito passivo, pode ser alterado. Sabemos que o lanamento atividade privativa da autoridade administrativa, de natureza vinculada. Com ele, o crdito tributrio formalizado (constitudo) e a obrigao tributria declarada. O crdito garante liquidez,38 Prof. Cyonil da Cunha

certeza e exigibilidade, o seu no-pagamento acarreta a inscrio em dvida ativa. H trs espcies de lanamento, as quais se diferenciam de acordo com o menor ou o maior grau de participao do contribuinte, a saber: de ofcio, por declarao e por homologao. IPTU. H participao do contribuinte? IPVA. H participao do contribuinte? No, o carn encaminhado para nossas casas, logo, lanamento de ofcio. ITBI. H participao do contribuinte? Declarao de importao (bagagem acompanhada). H participao do contribuinte? Nesses casos, h sim participao do contribuinte, mas o lanamento ato privativo da autoridade administrativa. Espcie de lanamento misto. E o IR? E lanamento por declarao? No. Nesse caso, todo o trabalho fica com o contribuinte, logo, temos um tpico lanamento por homologao. Por fim, lembramos que o lanamento tanto por ser alterado por provocao (recurso do contribuinte), pela prpria Administrao (autotutela) ou por manifestao do Poder Judicirio (princpio da inafastabilidade). 25. (Cesgranrio BNDES/2006) Beatriz domiciliada na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e decide doar seu automvel a sua amiga Carla, que mora em Salvador (BA). Ocorre que o veculo atualmente encontra-se em Belm (PA) com o pai de Beatriz, que l reside e ir entreg-lo a Carla em Salvador. Responda se o atual Sistema Tributrio Nacional permite a tributao da doao. a) Em caso negativo, esclarea se a hiptese de imunidade, iseno ou noincidncia, mencionando o princpio que afasta a possibilidade de cobrana de tributos na operao. (valor: 5,0 pontos) b) Em caso positivo, indique o(s) tributo(s) que a Constituio Federal autoriza seja(m) institudo(s), apontando o(s) ente(s) federativo(s) competente(s) para exigi-lo(s) no caso concreto. Resposta: a) No existe hiptese de no-pagamento de tributo. b) O Candidato dever mencionar que a doao ser tributada pelo imposto de competncia estadual incidente sobre transmisso causa mortis e doao (ITD), previsto no artigo 155, inciso I, da Constituio Federal. No caso em questo, o ente federativo competente para exigir o tributo ser o Estado do Rio de Janeiro, tendo em vista que, no que se refere doao

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de bens mveis, o ITD compete ao Estado onde tiver domiclio o doador (Art. 155, 1, inciso II, CF/88). 26. (FESMP/RS AUDITOR/TCE-MT/2008) Conceitue preo pblico, tarifa e taxa, exemplificando suas incidncias e estabelecendo distines e similitudes entre seus regimes jurdicos. PROPOSTA DE SOLUO Se, por um lado, verdade que as necessidades humanas so ilimitadas, por outro, no menos inverdico que os recursos disponveis so finitos, reconhecidamente escassos. Apesar de a restrio oramentria ser uma realidade, o Estado no pode se furtar ao cumprimento dos direitos fundamentais, do mnimo existencial. Para tanto, o Estado faz uso de diversos instrumentos jurdicos para o ingresso de dinheiros, a exemplo dos preos pblicos, das tarifas e das taxas Desenvolvimento (Parte I) definio e incidncias Tais ingressos apresentam, entre si, distines e semelhanas, a comear pela definio. Os preos pblicos so receitas originrias, decorrentes de alienaes ou da prestao de servios pblicos, por exemplo. J as taxas, receitas derivadas, tpica espcie tributria, incidem sobre a prestao de servios pblicos divisveis e o exerccio regular do poder de polcia. Desenvolvimento (Parte II definio e outras distines) Esclarea-se que, entre as espcies de preos pblicos, as tarifas tm sido uma das formas mais utilizadas para o custeio da prestao de servios pblicos. Nesse sentido, de executor o Estado passa a regulador, socorrendo-se de concessionrias ou de permissionrias, e, por conseguinte, afasta-se do regime tributrio das taxas de base legal e compulsria para assumir a conotao contratual e facultativa. Alm das j citadas, as taxas e os preos pblicos diferenciam-se quanto ao sujeito da relao jurdica (sempre de direito pblico para taxas) e aos princpios constitucionais (as taxas sujeitam-se aos limites ao poder de tributar, a exemplo da anterioridade e da noventena). Desenvolvimento (Parte III aproximao) Por derradeiro, registre-se que o regime jurdico dos preos pblicos e das taxas no marcado to somente por distines, h (ou pode haver), igualmente, pontos de convergncia, por exemplo: o servio pblico divisvel pode ser objeto tanto das taxas como dos preos pblicos (tarifas) e o Estado tanto pode ser sujeito ativo de taxas como de preos pblicos.

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27. (Cespe Procurador/SE/2008) Em um municpio brasileiro, estuda-se a instituio da cobrana de um valor para custear a fiscalizao a ser feita por rgo municipal nos estabelecimentos que possuem instalaes sanitrias como restaurantes, bares e outros congneres. O fato que est motivando a criao do servio e a cobrana de um valor retributivo o excesso de casos de doenas detectadas e que foram contradas pela ingesto de alimentos em estabelecimentos comerciais. A propsito da situao hipottica acima descrita, redija um texto que contemple os seguintes questionamentos e(ou) instrues. < Qual a natureza jurdica e o fato gerador do valor a ser cobrado? Como poder ser instituda a sua cobrana? Fundamente sua resposta. < Discorra sobre as diferenas entre os conceitos de taxa e de preo pblico, destacando o regimento e a natureza de ambas. Primeira tarefa: leitura e interpretao do enunciado Dica: existem duas hipteses de incidncia para taxas, sendo que apenas uma delas que se identifica com os preos pblicos. Segunda tarefa: elaborao do plano ou roteiro do texto Por que no colar? Isso mesmo. Nossa introduo est ou no construda? E o primeiro item do desenvolvimento, por que no iniciar com a distino entre as taxas e os preos pblicos? E o fechamento? Feita a distino acima, no fica melhor para se posicionar sobre a espcie adequada que serve para custear fiscalizaes? 28. (Cespe OAB/2009) O presidente da Repblica instituiu, por meio de medida provisria, emprstimo compulsrio para atender a despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica, em razo de grave seca em certa regio nordestina. No referido instrumento normativo, est previsto que 80% dos recursos provenientes do emprstimo compulsrio devem ser aplicados na soluo dos problemas diretamente relacionados a calamidade pblica e 20%, na construo de novas escolas pblicas na mesma regio. Na hiptese apresentada, legtima a cobrana do emprstimo compulsrio? Fundamente sua resposta. 1) Pode MP instituir tributos? 2) Quais as situaes descritas no texto constitucional para a instituio do emprstimo compulsrio (ECO)? 3) O ECO observa o princpio da anterioridade? 4) O ECO tributo de arrecadao vinculada ou no-vinculada?Discursivas 41

5) O Estado deve devolver os dinheiros arrecadados, a ttulo de ECO?

Vamos reunir essas informaes, em pargrafos silogsticos (falaciosos).

1) As medidas provisrias (MP) espcie legislativa apta instituio de tributos. Ora, os emprstimos compulsrios so tributos, logo, MP podem institu-los. Falso! O texto constitucional veda expressamente que medida provisria avance no campo reservado s leis complementares, como o caso da instituio dos emprstimos compulsrios. 2) O emprstimo compulsrio espcie tributria instituda exclusivamente pela Unio, nos casos de despesas extraordinrias (calamidade pblica, por exemplo) e investimento pblico relevante, logo, como as demais espcies tributrias, deve observar a anterioridade e a noventena. Ora, nem todas as espcies tributrias observam a anterioridade. Logo, sentena incorreta! S no caso de despesas extraordinrias que no sero observados tais princpios. 3) A natureza jurdica do tributo determinada pelo destino da arrecadao. O emprstimo compulsrio tributo, logo, de arrecadao vinculada. Falso! A natureza jurdica do tributo determinada pelo fato gerador. verdade, no entanto, qu