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PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS ESTUDANTES MOÇAMBICANOS RELATÓRIO DO INQUÉRITO UAL/UEM Investigadores: João Miguel, Bruno Carriço Reis, Paula Lopes, João Carlos Sousa, Carlos Pedro Dias e Inácio Júlio Macamo Coordenadores: João Miguel (UEM) Bruno Carriço Reis e Paula Lopes (UAL/NIP-C@M)

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PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS ESTUDANTES MOÇAMBICANOS

RELATÓRIO DO INQUÉRITO UAL/UEM

Investigadores: João Miguel, Bruno Carriço Reis, Paula Lopes, João Carlos Sousa,

Carlos Pedro Dias e Inácio Júlio Macamo

Coordenadores: João Miguel (UEM)

Bruno Carriço Reis e Paula Lopes (UAL/NIP-C@M)

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2

Page 3: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

3

Índice 1 - Sumário Executivo.................................................................................................................. 5

2 - Análise dos dados ................................................................................................................... 8

2.1 - Caraterização social e demográfica dos inquiridos ...................................................... 8

2.2 - Tempo e dispositivos de navegação na Internet ......................................................... 13

2.3 - Práticas e atividades digitais ........................................................................................ 16

2.4 - Direitos de autor na Internet ........................................................................................ 19

2.5 - Gestão e práticas nas redes sociais online ................................................................... 20

2.6 - Riscos e violência online ............................................................................................... 24

2.7 - Literacia digital .............................................................................................................. 25

3 - Nota Metodológica ............................................................................................................... 27

4 - Ficha Técnica ........................................................................................................................ 28

Page 4: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

4

Índice de Figuras

Figura 1 – Distribuição por sexo ................................................................................................. 8

Figura 2 – Distribuição etária ..................................................................................................... 9

Figura 3 – Residência ................................................................................................................ 10

Figura 4 – Faculdade/Escola ..................................................................................................... 10

Figura 5 – Curso ......................................................................................................................... 11

Figura 6 – Escolaridade do Pai e Mãe dos inquiridos ............................................................. 12

Figura 7 – Situação perante o trabalho do Pai e Mãe dos inquiridos .................................... 13

Figura 8 – Frequência com que navega na internet ................................................................ 14

Figura 9 – Número de horas diárias de navegação na internet ............................................. 14

Figura 10 – Dispositivo com que acede à internet .................................................................. 15

Figura 11 – Atividades online ................................................................................................... 16

Figura 12 – Frequência de Práticas online ............................................................................... 17

Figura 13 – Sites visitados ......................................................................................................... 18

Figura 14 – Natureza dos downloads feitos na Internet ......................................................... 19

Figura 15 – Conhece os "direitos de autor na Internet" ......................................................... 19

Figura 16 – Tem perfil numa ou mais redes sociais ................................................................ 20

Figura 17 – Número de amigos nas redes sociais ................................................................... 21

Figura 18 – Definições de privacidade do perfil ...................................................................... 21

Figura 19 – Informações partilhadas nas redes sociais .......................................................... 22

Figura 20 – Namorar na Internet ............................................................................................. 22

Figura 21 – Com quem namorou na internet .......................................................................... 23

Figura 22 – Configurações de privacidade nas redes sociais ................................................. 23

Figura 23 – Conhece alguém que sofreu violência e coação nas redes sociais ..................... 24

Figura 24 – Já experienciou as seguintes situações nas redes sociais ................................... 25

Figura 25 – Quem deve informar e ensinar ............................................................................. 26

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5

1 - Sumário Executivo

Este relatório expõe os resultados de um inquérito por questionário aplicado a jovens

moçambicanos. Esta investigação, realizada por investigadores do Núcleo de Investigação

em Práticas e Competências Mediáticas - NIP-COM da Universidade Autónoma de Lisboa,

insere-se num projeto mais amplo, que tem como propósito estabelecer uma rede de

investigação em práticas mediáticas em distintos países, abarcando numa primeira fase

diferentes realidades e contextos de Portugal, México, Cabo Verde, Angola e Moçambique.

O principal eixo norteador do núcleo passa pelo estudo de práticas e competências

mediáticas digitais e uso juvenil das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC),

estudando as oportunidades, riscos e danos associados a esses usos. Deste modo, os

objetivos passam por: a) identificação de conjuntos de práticas e de consumos mediáticos e

digitais, nomeadamente ao nível da produção de conteúdos; b) identificação/explicação de

situações de risco e vulnerabilidades no mundo digital, como o ciberbullying, o roubo de

perfis e de dados nas redes sociais, a exposição a conteúdos violentos e/ou a conteúdos

eróticos ou pornográficos; c) compreensão de consumos noticiosos e consumos culturais

realizados por via digital; d) Perceção de atitudes face aos novos media; e) descodificação

de sociabilidades decorrentes do processo de interação dos indivíduos na esfera digital; f)

tipificação de práticas dos indivíduos nas redes sociais, nomeadamente ao nível da

economia da partilha e das práticas colaborativas; g) realização de análise de conteúdo de

espaços/projetos digitais; h) avaliação de competências mediáticas dos indivíduos no uso

das tecnologias.

Este documento que agora se apresenta sintetiza dados recolhidos por inquérito por

questionário, aplicado a alunos do Ensino Superior moçambicano, oriundos de várias

faculdades, num estudo realizado em parceria com a Universidade Eduardo Mondlane,

coordenado pelo professor João Miguel, cujos resultados permitem configurar os seguintes

aspetos: a) caraterizar os alunos, circunstâncias sociais e profissionais dos progenitores; c)

perceber o tempo dedicado diariamente à navegação na internet; d) discernir os

dispositivos que são utilizados; e) identificar as atividades preferidas; f) apreender quais as

práticas digitais mais frequentes; g) mapear os principais sites e motores de busca

utilizados; h) identificar as práticas e estratégias de gestão da presença nas redes sociais

digitais; i) compreender as perceções e práticas de risco digital.

No que concerne à metodologia, optámos por uma aproximação de natureza quantitativa

com aplicação de um inquérito por questionário composto por 27 questões, obtendo-se uma

amostra de 175 inquéritos validados. A maioria das questões que compõem o guião de

Page 6: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

6

inquérito é de natureza fechada, contudo existem exceções, que se justificam em face da

maior riqueza e diversidade das respostas1.

Em termos orgânicos, o presente documento é composto por Sumário Executivo, Análise de

Dados, Nota Metodológica e Ficha Técnica. A Análise de Dados subdivide-se em diversas

secções: caraterização social e demográfica, tempo de navegação na internet e dispositivos

utilizados, práticas e atividades digitais, direitos de autor na Internet, gestão e práticas nas

redes sociais digitais e riscos e violência online. A exposição dos dados será apoiada pelo

recurso a figuras que permitem ilustrar os dados.

Síntese dos principais resultados:

- Estamos perante uma população maioritariamente feminina, cifrando-se essa diferença

entre géneros nos 17,2 pontos percentuais. A idade média dos inquiridos aproxima-se dos

23 anos.

- Não obstante a diversidade da área residencial, destacam-se Polana-Caniço, Matola e

Magoanine com registos acima dos 10% cada. A maioria dos inquiridos é oriunda da

Faculdade de Comunicação e Artes e seus respetivos cursos.

- O quadro familiar de origem dos inquiridos é dominado por um padrão de pais ativos no

mercado laboral, tendo habilitações académicas ao nível do Ensino Secundário ou Superior

na sua maioria.

- A larga maioria dos inquiridos declara aceder à internet “todos os dias”. Em termos médios,

o tempo dispensado a esta tarefa cifra-se nas 5h30. Relativamente aos dispositivos, o

telemóvel reúne larga preferência seguida a alguma distância do portátil.

- As atividades preferidas realizadas online encontram-se tanto no domínio puro do

entretenimento como a participação em redes sociais online, como na procura de

informação como notícias ou para realização de trabalhos escolares. Podemos falar numa

certa ambivalência no que concerne às atividades e práticas online. É escassa e pouco

frequente a realização de atividades mais complexas, como a gestão de um blogue ou a

edição de conteúdos.

- Os downloads feitos na internet são para aproximadamente 2/3 dos inquiridos legais.

Aproximadamente, nesta mesma proporção, aqueles que dizem conhecer os direitos de

autor na internet.

- A grande maioria dos inquiridos tem presença em pelo menos uma rede social online,

sendo o número de amigos mais comum até aos 200. Relativamente às informações mais

1 Dois exemplos são os minutos de navegação na internet a nível diário, bem como a identificação dos sites preferidos.

Page 7: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

7

comummente partilhadas são as fotografias de si próprio e o nome verdadeiro.

Aproximadamente 1/4 já namorou na internet, fazendo-o tendencialmente com amiga(o).

1/3 dos inquiridos diz nunca ter mudado as configurações de privacidade das redes sociais

online.

- Existe uma clara tendência de maior perceção e denuncia de situações de risco online

vividos por terceiros, comparativamente àquelas vividas na primeira pessoa, com valores

tendencialmente mais reduzidos. Ainda assim, “encontraram-se pessoalmente com alguém

que conheceram na internet” e o “envio de conteúdos eróticos ou pornográficos” são as

situações mais recorrentemente reportadas por amigos e familiares próximos dos

inquiridos. Entre as vividas pelos próprios, destacam-se para “conversar em privado no

chat”, “acesso indesejado a conteúdos violentos” e “acesso indesejado a conteúdos eróticos

ou pornográficos”.

- Cabe sobretudo aos meios de comunicação e às empresas de serviço de internet o papel

socializador, de acordo com o qual é imputada maior responsabilidade na transmissão e

ensino de práticas e competência no âmbito da literacia digital.

Page 8: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

8

2 - Análise dos dados

O relatório técnico que apresentamos é fundamentalmente de natureza expositiva e

descritiva. Desta forma, excluímos qualquer tipo de inferência ou tentativa de construção

de modelos de análise que visem o aprofundamento da reflexão. Com isto, pretende-se

apresentar as linhas gerais dos resultados obtidos de um estudo que necessariamente

requer maior aprofundamento dos investigadores e demais interessados.

Com esta exposição pretende-se aportar informação rara e preciosa aos investigadores que

atuam em áreas tão diversas como práticas digitais, cyberbullyng entre outros domínios,

como o estudo da condição jovem no continente africano. No fundo, esta é mais uma

iniciativa de divulgação e outreach que a Universidade Autónoma leva a cabo, num claro

compromisso com a comunidade envolvente.

2.1 - Caraterização social e demográfica dos inquiridos

Na presente secção serão expostos, de forma breve, os resultados genéricos que permitem

caraterizar social e demograficamente os inquiridos moçambicanos.

Figura 1 – Distribuição por sexo

Fonte: Elaboração própria

A amostra é constituída por uma maioria de entrevistados do sexo feminino (58,6%). A

categoria masculina fica-se pelos 41,4% (cf. Figura 1).

0

20

40

60

80

100

Feminino Masculino

58,641,4

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9

Figura 2 – Distribuição etária

Fonte: Elaboração própria

Em termos etários (cf. Figura 2), o destaque vai para o facto de a idade média aproximada

rondar os 23 anos. A amplitude etária tem o seu mínimo nos 17 anos com 2,3% dos

inquiridos e uma idade máxima de 47 anos para 0,6%. A idade modal cifra-se nos 20 anos

com 15,4%.

2,3

10,914,9

15,414,3

9,1

5,14

2,32,9

1,7

0,61,1

0,6

0,6

1,11,7

2,31,1

1,1

0,61,1

0,6

0,6

0,60,6

0,6

0 5 10 15 20 25 30

17

18

1920

2122

23

242526

27

2829

3031

32

333435

37

3839

4041

44

4647

Page 10: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

10

Figura 3 – Residência

Fonte: Elaboração própria

Existe alguma dispersão quanto ao bairro ou área de residência dos inquiridos (cf. Figura

3), uma vez que os inquiridos se dividem por 24 diferentes áreas residenciais. A maior

concentração verifica-se em Polana-Caniço, ao cifrarem-se em 15,6% os inquiridos

residentes. Com registos acima dos dois dígitos, existem ainda Matola e Magoanine com,

respetivamente, 12,6% e 10,2%.

Figura 4 – Faculdade/Escola

Fonte: Elaboração própria

0,6

1,2

1,2

1,2

1,2

1,8

1,8

2,4

2,4

2,4

3

3

3

3

3,6

4,2

4,2

4,2

4,8

6

6,6

10,2

12,6

15,6

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Bairro do Aeroporto

Guava

Bairro Central

Bairro Ferroviário

Zimpeto

Chamanculo

Zona Verde

Tangará

Machava

Cumbeza

Malhangalene

Albasine

Kamovata

Choupal (25 junho)

Bairro Patrice Lumumba

Bairro George Dimitrov (Benfica)

Bairro T-3

Alto-mae

Marracuene

Infulene"A"

Campo Universitário

Magoanine

Matola

Polana-Caniço

1,1

1,1

1,1

1,7

2,9

5,1

7,4

7,4

72

0 20 40 60 80 100

Escola Superior Ciências do Desporto

Faculdade Letras e Ciências Sociais

Faculdade de Direito

Faculdade Medicina

Faculdade de Ciências

Faculdade de Economia

Faculdade Agronomia e Engenharia Florestal

Faculdade de Educação

Faculdade Comunicação e Artes

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11

Tratando-se de uma amostra constituída exclusivamente por estudantes universitários,

destaca-se a Faculdade de Comunicação e Artes, com 72% do total, seguida a alguma

distância pela Faculdade de Educação e a Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal,

ambas com 7,4% de inquiridos. Os restantes inquiridos distribuem-se pelos restantes

organismos de Ensino Superior.

Figura 5 – Curso

Fonte: Elaboração própria.

Tal como se pode observar na Figura 5, relativa à distribuição por programa de formação,

existe maior equilíbrio, com pelo menos três a ascenderem a registos superiores a dois

dígitos: Marketing e Relações Públicas, com 24,1%, Arquivista, com 17,8%, e Jornalismo,

com 17,2%. Uma nota ainda para frisar a existência de 24 cursos entre os inquiridos.

0,60,60,60,60,60,60,61,11,11,11,11,71,71,72,32,32,32,9

44

9,217,217,8

24,1

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Ensino de Língua, Cultura e Literatura ChinesaEconomia

Geologia AplicadaPsicologia

Cartografia e Pesquisa GeológicaEducação Ambiental

Administração PúblicaCiências do Desporto

DireitoContabilidade e Finanças

Quimica AmbientalLíngua de Sinais de Moçambique

MedicinaGestão de Negócios

EconomiaMúsicaTeatro

AgronomiaEngenharia Florestal

Desenvolvimento e Educação de InfânciaBiblioteconomia

JornalismoArquivista

Marketing e Relações Públicas

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12

Figura 6 – Escolaridade do Pai e Mãe dos inquiridos

Fonte: Elaboração própria.

Um aspeto relevante na caraterização social e que nos permite apreender melhor o quadro

simbólico e cultural de origem dos inquiridos diz respeito à escolaridade dos pais. Desta

forma, de acordo com a Figura 6 destaca-se o facto de as mães terem a sua categoria modal

no Ensino Secundário, com 31,8%. Relativamente aos pais, a categoria modal situa-se no

Ensino Médio ou Superior, ao cifrar-se pouco acima de 1/3, o que pode constituir-se como

um indício de diferenças significativas entre os progenitores dos inquiridos. Uma nota ainda

para sublinhar a existência de valores entre os 7% e os 4,9% entre mães e pais que não

sabem ler nem escrever.

4,9

15,4

5,6

7,0

27,3

39,9

7,0

20,4

8,9

8,9

31,8

22,9

0 20 40 60 80 100

Não sabem ler nem escrever

1º ao 4º Ano

5º ao 6º Ano

7º ao 9º ano

Ensino Secundário

Ensino Médio ou Superior

Mãe Pai

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13

Figura 7 – Situação perante o trabalho do Pai e Mãe dos inquiridos

Fonte: Elaboração própria.

Ainda relativamente ao enquadramento familiar, foi ainda inquirida a situação dos

progenitores relativamente ao trabalho. Os dados relativos à situação laboral são taxativos,

uma vez que quase 2/3 dos inquiridos tem o pai a trabalhar, indicador que desce

ligeiramente, para os 45,1% quando se trata das mães (cf. Figura 7). A segunda categoria

com maiores valores refere-se a desempregados, no caso das mães com 24,4%, ao passo que

para os pais é mais saliente a situação de reformado com 15,3%.

Em síntese, dir-se-á que os inquiridos que constituem a amostra são maioritariamente do

sexo feminino, têm uma idade média de 23 anos. Distribuem-se por diversas áreas

residenciais. Verifica-se ainda uma concentração de estudantes oriundos da Faculdade de

Comunicação e Artes, e dos seus respetivos cursos. Na maioria dos inquiridos, os respetivos

progenitores têm o Ensino Secundário ou Superior, o que pode indiciar alguma reprodução

das posições sociais de partida. Finalmente, a maioria dos inquiridos declara que os seus

respetivos progenitores estão atualmente no ativo no mercado de trabalho.

2.2 - Tempo e dispositivos de navegação na Internet

A segunda secção tem como objetivo a exposição, de forma genérica, dos dados relativos ao

tempo disponibilizado diariamente na navegação na internet e a tipologia de dispositivos

utilizados para esse efeito.

10,8

3,8

0,6

15,3

7,6

61,8

13,4

1,2

9,8

6,1

24,4

45,1

0 20 40 60 80 100

Outra situação

Não sei

Nunca trabalhou

Reformado/a

Desempregado/a

Trabalhar

Mãe Pai

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14

Figura 8 – Frequência com que navega na internet

Fonte: Elaboração própria

Inicialmente era questionada a frequência com que acedem à internet (cf. Figura 8). Deste

modo, 88,8% fazem-no todos os dias. Apenas 11,2% o fazem com menor frequência. A partir

da opção “todos os dias”, aos inquiridos era solicitado que mensurassem quantitativamente

o tempo despendido diariamente nas várias tarefas que são realizadas nas mais diversas

plataformas online.

Figura 9 – Número de horas diárias de navegação na internet

Fonte: Elaboração própria

A Figura 9 ilustra o tempo que os diversos inquiridos declaram mobilizar diariamente no

desempenho das várias atividades na internet, em número de horas. Em termos médios, o

0,6

10,6

88,8

0 20 40 60 80 100

1 ou duas vezes por mês

1 ou duas vezes por semana

Todos os dias

0,7

1,4

12,1

0,7

15,6

12,1

13,5

9,9

5,7

2,1

7,1

0,7

6,4

4,3

0,7

1,4

3,5

2,1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

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15

registo diário por inquirido é de 322 minutos o quase traduz em aproximadamente 5h30

minutos. A moda situa-se nas 5 horas com 15,6%. Já a mediana situa-se nos 240 minutos de

navegação diária.

Figura 10 – Dispositivo com que acede à internet

Fonte: Elaboração própria (resposta múltipla)

Entre os dispositivos mais utilizados para a navegação na internet nos seus quotidianos, os

jovens universitários moçambicanos inquiridos referem que dão prioridade ao telemóvel

(90.9%). Destaque ainda para aproximadamente 1/3 fazê-lo com o portátil (cf. Figura 10).

2,3

4

4,6

9,1

33,7

90,9

0 20 40 60 80 100

Outro

Televisão

Tablet

Computador da escola

Portátil

Telemóvel

Page 16: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

16

2.3 - Práticas e atividades digitais

A presente secção versa sobre as atividades realizadas no espaço digital, a sua frequência e

ainda os sites mais frequentados pelos jovens moçambicanos inquiridos.

Figura 11 – Atividades online

Fonte: Elaboração própria (resposta múltipla)

Uma das questões centrais da presente exposição passava por indagar que práticas os

inquiridos priorizam quando estão a navegar na internet. As mais frequentes são: “procurar

informação que me interessa” foi selecionada por mais de metade dos inquiridos (54,9%);

“procurar informação para trabalho escolar”, com 53,1%, e “participar nas redes sociais”,

com 43,4% (cf. Figura 11). A restante distribuição empírica dos dados pulveriza-se pelas

outras atividades digitais enunciadas.

1,72,32,32,93,43,43,444,65,76,3

11,411,412,613,113,1

15,418,3

23,430,3

42,943,4

53,154,9

0 20 40 60 80 100

Colocar música na Internet (upload)Jogar online

Manter um blogueVer televisão online

Colocar videos na Internet (upload)Manter uma página Web

Editar conteúdos multimédia (som, video)Publicar e partilhar com hashtags (#)

Editar imagens (fotografias)Colocar fotografias na Internet(upload)

Descarregar programas/software da Internet…Participar em Chats

Publicar e partilhar conteúdosFazer telefonemas online

Publicar e partilhar informação no meu perfil das…Descarregar vídoes a filmes e séries da Internet…

Ouvir música onlineVer vídeos/séries/filmes online

Descarregar música na Internet (download)Enviar e receber emails

Procurar notíciasParticipar nas redes sociais

Procurar informação para trabalho escolarProcurar informação que me interessa

Page 17: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

17

Figura 12 – Frequência de Práticas online

Fonte: Elaboração própria.

A bateria seguinte de questões versa sobre a frequência de um potencial conjunto muito

diversificado de atividades digitais. A representação gráfica desta questão está sintetizada

na Figura 12 com os registos das duas categorias polarizadoras (todos os dias e nunca).

Deste modo, é percetível que “participo nas redes sociais” é a atividade que é realizada com

maior frequência por parte de 59,3% dos inquiridos. No lote de práticas com maior

frequência média encontram-se ainda “procuro notícias” e “procuro informação para

trabalhos escolares” com, respetivamente, 52,3% e 51,0%. Estas são as únicas três

atividades que têm a maioria dos inquiridos a realizá-las diariamente. Nos antípodas desta

situação, encontra-se “vejo televisão online”, “jogo online” e “mantenho um blogue”, todas

elas com mais de 2/3 dos inquiridos a admitir que nunca o faz.

A figura seguinte (cf. Figura 13)2 ilustra a distribuição empírica dos dados resultante da

2 Nesta questão em particular optou-se pela apresentação dos dados absolutos, em detrimento dos pesos percentuais uma vez que a maioria das categorias regista números muito baixos. Deste modo, ilustra-se com mais exatidão da real distribuição dos dados.

4,7

4,8

5,1

7,6

9,2

10,1

10,2

10,7

12,4

13,0

13,9

14,6

15,8

17,5

18,8

19,3

21,3

26,3

33,1

37,4

39,3

48,8

51,0

52,3

59,3

67,3

72,4

76,5

67,6

51,0

12,8

53,1

41,7

55,2

58,0

41,7

29,1

40,6

23,7

29,1

14,0

6,6

24,6

9,2

26,2

15,4

0,8

1,3

3,0

1,4

0 20 40 60 80 100

Vejo televisão online

Jogo online

Mantenho um blogue

Edito conteúdos multimédia (som, vídeo)

Altero definições de privacidade nos sites

Vejo vídeos/séries/filmes online

Publico/partilho conteúdos com hashtags (#)

Bloqueio mensagens/pessoas nas redes sociais

Apago o registo dos sites que visitei

Mantenho uma página web

Edito imagens (ex: fotografias)

Faço upload de música/vídeos/fotos, etc

Adiciono sites aos favoritos

Faço telefonemas online

Oiço música online

Publico/partilho informação no meu perfil

Faço download de música/vídeos/software, etc

Publico/partilho conteúdos na Internet

Envio e recebo emails

Bloqueio publicidade indesejada e spam

Comparo informação em sites diferentes

Procuro informação em sites diferentes

Procuro informação para trabalhos escolares

Procuro notícias

Particípo em redes sociais

Nunca Todos os dias

Page 18: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

18

questão que indagava os inquiridos sobre os sites mais acedidos. Deste modo, observa-se

que o Google é a plataforma mais utilizada (174 casos). Uma tentativa de aproximação a

uma explicação será considerar este motor de busca como o ponto de partida para a efetiva

navegação, incluindo a utilização de aplicações e ferramentas associadas à marca Google,

como o Chrome. Com registos assinaláveis surgem também a Wikipedia (15 casos) e a

Infoescola e Youtube, com cinco casos cada.

Figura 13 – Sites visitados

Fonte: Elaboração própria (resposta múltipla)

O âmago da presente secção está na avaliação das atividades realizadas e sua frequência.

Nesse sentido e olhando de forma muito genérica os dados, verificamos que existem práticas

de complexidade mais elementar entre as mais frequentes e mais complexas entre aquelas

com menor frequência entre os inquiridos. Entre as práticas mais frequentes encontramos

não só atividades marcadamente de entretenimento, mas também relacionadas com

11111111111222222222233334455

15174

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Factos.desconhecidos.comPDF

OPT.ptEuronews

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Page 19: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

19

atividade escolar e académica dos inquiridos. Os sites mais visitados versam sobretudo em

torno do motor de busca Google e algumas das suas ferramentas, como o Youtube.

2.4 - Direitos de autor na Internet

A secção que agora se inicia é composta por apenas duas questões que têm como

denominador comum a abordagem às perceções que os inquiridos têm acerca dos direitos

de autor relativamente a conteúdos que se encontram nas plataformas online.

Figura 14 – Natureza dos downloads feitos na Internet

Fonte: Elaboração própria

Quase 2/3 dos inquiridos, mais precisamente 60,7%, declaram que os downloads que fazem,

a partir de plataformas online, têm uma natureza estritamente legal (cf. Figura 14).

Antagonicamente, cifra-se em apenas 1,7%, os inquiridos moçambicanos deste estudo que

mencionam fazer downloads ilegais. Nota ainda para frisar que ¼ diz não saber a natureza

dos conteúdos retirados da internet.

Figura 15 – Conhece os "direitos de autor na Internet"

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

Legais Ilegais Legais e Ilegais Não sei

60,7

1,79,2

28,3

Page 20: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

20

Fonte: Elaboração própria

Cifra-se em aproximadamente 65% os inquiridos que mencionam conhecer os direitos de

autor na internet (cf. Figura 15). Apenas 27,4% assume não ter conhecimento da legislação

em vigor relativamente a direitos de autor na internet. A ideia geral é de que existe algum

conhecimento, pelo menos ao nível discursivo, relativamente aos direitos de autor vigentes

no espaço online.

2.5 - Gestão e práticas nas redes sociais online

A secção seguinte tem como objetivo descrever os dados obtidos acerca da gestão e os

procedimentos dos inquiridos em contexto de plataformas digitais e mais concretamente

nas redes sociais online.

Figura 16 – Tem perfil numa ou mais redes sociais

Fonte: Elaboração própria

Como é observável na Figura 16, quase 62% dos inquiridos declararam que têm perfil numa

rede social digital. Aproximadamente 30%, mais precisamente 30,3%, dizem estar

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

Sim Não Não me lembro Não respondeu

64,6

27,4

6,31,7

0

20

40

60

80

100

Sim, tenho umperfil

Sim, tenho mais doque um perfil

Não tenho Não respondeu

61,7

30,3

7,40,6

Page 21: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

21

presentes em duas ou mais redes sociais digitais. Desta forma, é bastante diminuto o

número de inquiridos que não está presente nas redes sociais online (7,4%) com pelo menos

um perfil.

Figura 17 – Número de amigos nas redes sociais

Fonte: Elaboração própria

Quanto ao número de “amigos” que estes jovens dizem ter nas redes sociais online, a

distribuição empírica dos dados da amostra tem a sua categoria modal no registo que

contempla um número entre os 1 e 200 amigos, albergando um 45,7% das respostas dadas

(cf. Figura 17). Por outro lado, há também 24% de inquiridos que dizem ter um número de

“amigos” superior a 1.500 neste tipo de plataformas.

Figura 18 – Definições de privacidade do perfil

Fonte: Elaboração própria

Quase 35% são aqueles que dizem que tudo o que publicam é explicitamente público, não

alterando a configuração dos critérios de privacidade. Cerca de 25% dizem que

45,7

13,7

12,6

4,0

24,0

0 20 40 60 80 100

1-200

201-500

501-1000

1001-1500

>1500

0

20

40

60

80

100

Público, Toda agente pode ver

Parcialmenteprivado, só osmeus amigos eos amigos dosmeus amigos

podem ver

Privado, só osmeus amigos

podem ver

Não sei Não respondeu

34,925,1 29,7

6,3 4

Page 22: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

22

parcialmente tornam público os conteúdos que partilham nas redes sociais digitais e 29,7%

dizem fazê-lo apenas “para amigos” (cf. Figura 18).

Figura 19 – Informações partilhadas nas redes sociais

Fonte: Elaboração própria (resposta múltipla)

No role de questões ilustradas pela Figura 19, tentámos perceber que tipo de conteúdos são

partilhados. Os dados são claros a esse nível: 68,9% dizem partilhar “fotografias minhas”,

visivelmente o tipo de conteúdo mais partilhado nesta amostra, seguido do “nome

verdadeiro” com 54,3%. Com 41,1% surge a “idade verdadeira”, depois com 32% o “apelido”

e o “número de telemóvel”, com 25,1%.

Figura 20 – Namorar na Internet

Fonte: Elaboração própria

Os dados contidos na Figura 20 revelam que aproximadamente ¼ dos inquiridos admite já

ter namorado na internet.

6,9

8

14,3

18,3

19,4

25,1

25,1

32

41,1

54,3

68,6

0 20 40 60 80 100

Idade que não é verdadeira

Nenhuma delas

Fotografias dos amigos

A minha morada

Preferências

Nome da escola

Telemóvel

Apelido

Idade verdadeira

Nome verdaderio

Fotografias minhas

0

20

40

60

80

100

Sim Não Não respondeu

24,0

74,3

1,7

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23

Figura 21 – Com quem namorou na internet

Fonte: Elaboração própria

A jusante da questão anterior, tentámos perceber com quem já namorou na internet. Os

dados ilustrados na Figura 21 indicam que uma parte considerável o fez com “amigo(a)”

(17,7%). Mais de 2% dos inquiridos assume tê-lo feito com alguém que lhe era desconhecido

e cuja idade era uma incógnita.

Figura 22 – Configurações de privacidade nas redes sociais

Fonte: Elaboração própria

Dos inquiridos, 30,3% afirmam nunca ter alterado as configurações de privacidade das

redes sociais online onde tem conta (cf. Figura 22) e 6,9% declaram não saber como o fazer.

Em síntese, dir-se-á que é superior a 90% o número de inquiridos que tem pelo menos uma

presença numa rede social online. O número de “amigos” nas redes sociais diferencia dois

grandes grupos: os que têm um número até 200 amigos e os que registam um valor superior

69,7

17,7

5,7

2,3

4,6

0 20 40 60 80 100

Não respondeu

Um amigo/amiga

Um desconhecdido da minha idade

Um desconhecido, mas não sei a idade

Não sei com quem namorei

2,3

30,3

7,4

46,9

6,3

6,9

0 20 40 60 80 100

Não respondeu

Nunca mudei

Mudei para permitir que toda a gente veja os meusconteúdos

Mudei para permitir que só os amigos vejam os meusconteúdos

Tentei, mas é muito difícil

Não sei fazer isso

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a 1500. Mais de 1/3 dos inquiridos sabe que tem o perfil aberto para toda a gente ver. As

fotografias de si próprio e o nome verdadeiro são as informações mais vulgarmente

partilhadas nas redes sociais online. Cerca de 1/4 dos inquiridos assume já ter namorado na

internet fazendo-o tendencialmente com amiga(o). Cerca de 1/3 dos inquiridos admite

nunca ter mudado as configurações de privacidade das redes sociais online em que

participa.

2.6 - Riscos e violência online

Na penúltima secção foram abordadas as experiências dos inquiridos, vividas na primeira

pessoa ou por alguém da sua rede social de contactos, no que diz respeito a comportamentos

e condutas que se podem catalogar como de risco nas diversas plataformas digitais.

Figura 23 – Conhece alguém que sofreu violência e coação nas redes sociais

Fonte: Elaboração própria (resposta múltipla). Não incluí “não respostas”.

Em termos gerais, dever-se-á sublinhar que três das sete preposições têm uma maioria

afirmativa no sentido de conhecer alguém que já tenha vivenciado alguma destas situações

(cf. Figura 23). Deste modo, aquela que se configura como mais recorrente (68,3%) diz

respeito a categoria de “encontraram-se pessoalmente com alguém que conheceram na

internet”. Nesta senda, são 66,2% aqueles que dizem conhecer alguém que já recebeu

conteúdos eróticos ou pornográficos via internet. Há ainda a mencionar o envio de imagens

com violência, com 54,8% dos casos. A circunstância menos frequente é a chantagem

realizada via redes sociais online ao cifrar-se nos 28,5%.

47,9

68,3

34,1

35,7

28,5

54,8

66,2

0 20 40 60 80 100

Humilhações/ameaças/Chantagerm/difamação/vídeos ou sms (cyberbulling)

Encontraram-se pessoalmente com alguém queconheceram na Internet

Roubaram-lhes o perfil nas redes sociais

Roubaram-lhes dados nas redes sociais

Fizeram chantagem com os teus amigos nas redessociais

Enviaram-lhes imagens ou conteúdos violentos

Enviaram-lhe imagens ou conteúdos eróticos oupornográficas

Page 25: PRÁTICAS, CONSUMOS E RISCOS DIGITAIS DOS JOVENS …

25

Figura 24 – Já experienciou as seguintes situações nas redes sociais

Fonte: Elaboração própria (resposta múltipla). Não incluí “não respostas”.

A segunda bateria de questões era similar à anterior, contudo focava a experiência pessoal

do inquirido (cf. Figura 24). Interessante que, em geral, os registos afirmativos são

inferiores ao conjunto de questões anteriores, particularmente na questão relativa às

humilhações, ameaças e chantagem (22,4%), mas o registo mais baixo diz respeito ao roubo

do perfil nas redes sociais, com 9,9%. Ainda no role das situações menos frequentes estão o

roubo de dados nas redes sociais (16%) e ainda a chantagem nas redes sociais, com 16,2%.

Relativamente às situações mais frequentes, existem três que se destacam e que detém

registos superiores a 50%: convite para conversar em privado, encontrar conteúdos

violentos de forma inadvertida e ainda o contacto com imagens e conteúdos de teor erótico

ou pornográfico com, respetivamente, 66,7%, 55,1% e 54,8%.

Em termos gerais, os inquiridos indiciam ter maior facilidade em identificar situações de

risco que envolvam outros atores, como amigos ou familiares, comparativamente às

experiências vividas em primeira pessoa no espaço digital.

2.7 - Literacia digital

A última secção aborda a literacia digital de forma genérica e apenas por intermédio de uma

questão que tem na Figura 25 os dados empíricos recolhidos.

22,4

47,5

9,9

16

16,2

66,7

55,1

54,8

0 20 40 60 80 100

Humilhações/ameaças/Chantagerm/difamação/vídeos ou sms (cyberbulling)

Encontraste-te pessoalmente com alguém queconheceste na Internet

Roubaram-te o perfil nas redes sociais

Roubaram-te dados nas redes sociais

Fizeram chantagem contigo nas redes sociais

Convidaram-te para conversar em privado

Encontraste, sem querer,imagens ou conteúdosviolentos

Encontraste, sem querer, imagens ou conteúdoseróticos ou pornográficas

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26

Figura 25 – Quem deve informar e ensinar

Fonte: Elaboração própria (resposta múltipla)

Da leitura da Figura 25 resulta uma primeira evidência substantiva: os inquiridos esperam

que os meios de comunicação sejam o principal agente de socialização de literacia digital

(71,4%). De forma complementar, para 58,9% dos inquiridos as empresas de serviço de

internet têm essa responsabilidade. A terceira posição é representada pela família, ao

registar 44% como agentes privilegiados nesse processo de capacitação. Uma nota ainda

para frisar os 36% de inquiridos que acreditam que essa capacitação também passa pela

proatividade dos seus professores. As restantes opções afastam-se destes registos. Deste

modo, e de acordo com os jovens inquiridos moçambicanos, cabe sobretudo aos meios de

comunicação e às empresas de serviço de internet a transmissão de competências de

literacia dos media que permitam potenciar os conhecimentos/ capacidades/habilidades e

atenuar os riscos dos atores em contexto online.

2,3

16,6

23,4

36

40,6

44

58,9

71,4

0 20 40 60 80 100

Não é preciso aprender

Outras empresas da sociedade civil

Amigos

Professores

Eu mesmo pesquisando na Internet

Família

Empresas de serviços de Internet

Meios de comunicação

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27

3 - Nota Metodológica

A operacionalização da pesquisa empírica foi perspetivada desde uma estratégia

metodológica quantitativa-extensiva, tendo por base o inquérito por questionário.

Este instrumento metodológico foi desenvolvido por um grupo de investigadores do

Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Autónoma de Lisboa, a partir

do cruzamento de diversas fontes de informação. As mais importantes foram o inquérito

europeu EU Kids Online e diversos estudos da responsabilidade do britânico Office of

Communications (Ofcom), do português Observatório da Comunicação (OberCom) e da ONG

brasileira SaferNet.

Na sua versão final, o questionário continha 27 questões, agrupadas nos seguintes blocos

temáticos:

- Dados sociodemográficos e de contexto familiar;

- Práticas digitais;

- Riscos e vulnerabilidades no mundo digital;

- Literacia mediática.

O inquérito por questionário foi aplicado a uma amostra 175 alunos que frequentavam a

Universidade Eduardo Mondlane, no polo na cidade de Maputo, instituição pública

integrada no sistema de Ensino Superior moçambicano. O questionário foi preenchido

diretamente pelos estudantes que eram abordados, solicitando-os para esse efeito.

Foram validados 175 inquéritos tendo como critério o preenchimento até à questão relativa

à frequência de práticas online (metade do inquérito).

A recolha dos dados decorreu ao longo do primeiro semestre do ano letivo de 2019-2020.

O trabalho de campo foi da responsabilidade do coordenador do estudo em Moçambique,

Professor João Miguel. O tratamento de dados foi realizado em SPSS – Versão 28.

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4 - Ficha Técnica

Título

Práticas, consumos e riscos digitais dos jovens estudantes moçambicanos

Data da realização do estudo 2019-2020

Coordenação João Miguel, Bruno Carriço Reis e Paula Lopes

Investigadores João Miguel, Bruno Carriço Reis, Paula Lopes, João Carlos

Sousa e Carlos Pedro Dias

Assistentes de investigação Inácio Júlio Macamo

Financiamento Universidade Autónoma de Lisboa (UAL)

Universidade Eduardo Mondlane (UEM)

Estudo realizado em 2021 ISBN: 978-989-9002-19-7 DOI: https://doi.org/10.26619/UAL-CC/WP012021 Universidade Autónoma Editora