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PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO - TURMA ON-LINE Coordenação Prof. Pedro Henrique Bonifácio de Sousa [email protected] Monitor Zozimar Vitor Ramonda Cabral [email protected] Requerimentos (avaliação, artigo, monografia) Danielle Mello [email protected] Bibliografia

PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO - TURMA … · quem tem poderes de trazer ao ordenamento jurídico uma nova prática que poderá gerar a obrigação de pagar algum

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PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO -

TURMA ON-LINE

Coordenação

• Prof. Pedro Henrique Bonifácio de Sousa

[email protected]

Monitor

• Zozimar Vitor Ramonda Cabral

[email protected]

Requerimentos (avaliação, artigo, monografia)

• Danielle Mello

[email protected]

Bibliografia

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Resumos de leitura obrigatória

AULA 01 - 11/02/2019

RECEITAS ORIGINÁRIAS E DERIVADAS

• Receitas originárias: riqueza produzida pelo próprio Estado. Tem origem numa

atividade do Estado (preço público), ou será uma remuneração pelo emprego de

patrimônio público.

– Compensação financeira por exploração de recursos minerais

– Compensação financeira pela exploração de recursos hídricos

– “Royalties” e outros pagamentos por exploração de petróleo e gás

– Ingressos por atividades comerciais

• Receitas derivadas: não representam riqueza nova: transferência de riqueza de

terceiros:

–Tributos: principal fonte de recursos financeiros do Estado moderno

– Multas

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CONCEITO DE TRIBUTO

• CF não define expressamente o conceito de tributo

• Papel da lei complementar

Art. 146. Cabe à lei complementar:

(...)

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação

tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies (...)

• Tributo enquanto receita derivada do Estado (Art. 9° da Lei 4.320/64; Lei dos

Orçamentos Públicos):

“Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito público, compreendendo

os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em

matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou

específicas exercidas por essas entidades.”

• Art. 3º do CTN (Lei 5.172/66)

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante

atividade administrativa plenamente vinculada.”

Assim, tributo é (Art. 9º da Lei 4.320/64):

– 1) receita;

– 2) derivada;

– 3) instituído por entidades de direito público;

– 4) nos termos da CF e das leis;

– 5) destinado o seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas

Por seu turno, o art. 3º do CTN já determina o regime jurídico aplicável a estes tipos de

receitas estatais, delimitando as características essenciais de um tributo, quais sejam:

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– 1) é uma prestação

– 2) cobrada em dinheiro

– 3) compulsória

– 4) instituída em lei

– 5) que não constitua sanção de ato ilícito

– 6) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

Se houver uma receita do Estado que não segue o regime jurídico do art. 3º (e todo o

restante do código), há as seguintes possibilidades:

– Não se trata de receita tributária, mas de outro tipo de receita estatal (e.g., receita

originária, multa etc.). Sua cobrança dependerá da possibilidade de o Estado, naquela

ocasião, cobrar este outro tipo de receita (e.g., se for uma multa, será necessário verificar

se há um ilícito e se a penalidade é proporcional; se for receita pela exploração de bem

do patrimônio do Estado, será necessário verificar se houve tal exploração, etc.)

– Trata-se de receita tributária e a sua cobrança é ilegal, pois se deu fora dos moldes

estabelecidos no ordenamento jurídico (e.g., tributo instituído por decreto e não por lei)

CÁLCULO DO IRBES - Índice de retorno de bem estar à sociedade

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CARGA TRIBUTÁRIA

• Somatória de todos os pagamentos, efetuados por PFs e PJs, de tributos para todas

esferas de governo em determinado período (ex.: 1 ano)

• Esse valor é comparado com o PIB no mesmo período

• Resultado mede o esforço financeiro da sociedade para o custeio das atividades

estatais

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• Implicações da Carga Tributária Brasileira:

– Menor vantagem competitiva sobre os demais países;

– Redução da credibilidade internacional da economia brasileira;

– Estrangulamento do potencial de crescimento econômico;

– Elevação dos preços dos produtos;

– Retardamento da diminuição da pobreza;

– Aumento da informalidade;

– Queda de investimentos;

– Maior incentivo a práticas de evasão e elisão.

Dicas:

1) Declaração de imposto de renda

https://www.youtube.com/watch?v=zVTwlxHfxZ8&t=3896s

2) Recuperação de tributos pagos indevidamente

https://www.youtube.com/watch?v=sJQ1Y8HMctM&t=1s

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Ementa:

– Apresentação do curso

– Atividade financeira do Estado

– Receitas originárias e derivadas

– Introdução ao conceito de tributo

– Carga Tributária

– Administração Tributária, Evasão e Arrecadação

– Reforma tributária

AULA 02 - 13/02/2019

CONCEITO DE TRIBUTO

• Vejamos com mais atenção cada uma das características do regime jurídico dos

tributos trazidas pelo art. 3º do CTN:

1. Prestação Pecuniária

• Quando o artigo 3º menciona que a obrigação tributária é uma prestação pecuniária,

ele na verdade, está determinando a natureza jurídica dessa obrigação, ou seja, quando

praticamos um fato gerador, qual a expectativa do ente público? Exemplo: Quando você

adquire um veículo automotor, figurando como proprietário vincula-se a obrigação

tributária do IPVA (imposto sobre a propriedade de veículos automotores). Neste ato,

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qual a expectativa do respectivo Estado detentor do direito de te cobrar? Que você faça

algo, ou pague algo? A resposta correta é que você pague algo, e por isso, temos que a

obrigação tributária principal é uma obrigação de DAR, e dar dinheiro.

• Prestações ao Estado que não têm natureza pecuniária não configuram tributo: serviço

militar, juri, mesário ou requisições em caso de guerra.

• Dação em pagamento em imóveis prevista em lei (art. 156, XI, CTN) – Lei

13.259/2016.

2. Prestação compulsória

• O tributo não é pago por um ato de vontade, mas em estrito cumprimento de uma

determinação legal.

• Se você realiza o fato previsto na norma (HI), será obrigado a pagar tributo (pois fez

nascer à obrigação tributária, com a prática do Fato Gerador). Não é uma escolha é uma

obrigação. Esse “dever compulsório” é tanto para quem tem o dever de pagar, como para

quem tem o dever de cobrar. Na leitura do artigo 142 parágrafo único do CTN, determina

que “a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de

responsabilidade funcional”.

3. Que não constitua sanção de ato ilícito

• Tributo não é uma pena imposta em decorrência do descumprimento de um

mandamento legal.

• Relação jurídica tributária decorre de um ato lícito.

• Não pode ser tributado um fato gerador que seja ilícito, como, por exemplo: tráfico

de drogas, roubar veículos, jogo de azar (proibidos no Brasil, como por exemplo, bingo).

4. Instituída em lei

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• Somente a Lei pode trazer a Hipótese de Incidência de um tributo, nem uma outra

norma é autorizada para isso.

• O Artigo 150, I da CF inclusive determina que a Instituição de tributos só possa ser

exercida através de LEI (princípio da legalidade). Este é um dos princípios que reforça o

poder democrático de um país, afinal a lei é criada por representantes do povo. Só eles, é

quem tem poderes de trazer ao ordenamento jurídico uma nova prática que poderá gerar

a obrigação de pagar algum tributo. Nem mesmo convenções particulares, como um

contrato, por exemplo, podem alterar a sujeição passiva de uma relação tributária,

conforme o artigo 123 do CTN.

*Obs.: O Fato Gerador da obrigação tributária, não pode ser oriundo de um ato ilícito,

contudo os frutos de um trabalho ilícito podem e devem ser tributados. Exemplo: auferiu

renda em virtude de um trabalho ilícito, deve pagar o Imposto sobre a Renda. O STF no

HC 77.530 imputou ser devido o pagamento, em homenagem ao Princípio da Capacidade

Contributiva (Artigo 145, §1º, CF), e até mesmo ao Princípio da Isonomia (Artigo 150,

II, CF). Não seria justo que um trabalhador que auferiu renda através da prática de um ato

lícito, seja obrigado a recolher o IR sobre seu acréscimo de patrimônio, enquanto o

traficante de drogas, que também auferiu renda não o fizesse. Importante aqui ressaltar

que a tributação de frutos de atos ilícitos homenageia também o Princípio da Pecúnia Non

Olet – que determina que “o dinheiro não tem cheiro”. Não importa de onde veio o

dinheiro. O que importa é que a renda foi auferida. Outro exemplo é quando temos a

prática de uma atividade por um sujeito não habilitado. Exemplo de um médico que

pratica atividades de medicina com o registro do seu CRM (conselho regional de

medicina) cassado. O artigo 126 do CTN determina que a capacidade tributária independe

de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importe privação ou limitação do

exercício de atividades profissionais de seus bens ou negócios. Com isso, se o um médico

presta serviços de medicina, deve recolher o respectivo imposto, que neste caso seria o

ISS. Repare que aqui, o que está sendo tributado é o ato de Prestar Serviço, sem levar em

consideração a validade do negócio jurídico praticado, conforme prevê o Artigo 118, I do

CTN que determina a análise do fato gerador, abstraindo-se a validade do negócio

jurídico. Lembre-se para o Direito Tributário importa que você pratique o fato previsto

na norma – Artigo 114 do CTN.

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5. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

• Ocorrido o Fato Gerador da obrigação Tributária, a autoridade administrativa tem o

dever de cobrar. O Artigo 142 do CTN Parágrafo Único diz que compete privativamente

a autoridade administrativa a constituição do Crédito Tributário, sendo ela vinculada e

obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional → LANÇAMENTO.

IMPORTÂNCIA DE DETERMINAR SE UMA RECEITA É UM TRIBUTO:

COBRANÇA SEGUNDO LIMITES IMPOSTOS PELO DIREITO

Resumindo: a obrigação tributária é uma obrigação de dar dinheiro em moeda, ou através

da entrega de um bem imóvel, caso a lei do tributo assim a permita, sendo obrigatório a

sua cobrança e seu pagamento, que nasceu da LEI, e deve ser cobrada através de um

lançamento tributário conforme os rigores e requisitos trazidos pela lei em vigor à época

da prática do fato gerador.

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O Código de Defesa do Consumidor se aplica a relações consumeristas. O art. 161 § 1º

do Código Tributário Nacional estabelece que “Se a lei não dispuser de modo diverso, os

juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês”. (grifo nosso).

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Súmula 614 do STJ: O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação

jurídico-tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir

indébito desses tributos.

O art. 123 do CTN não permite que contratos particulares sejam utilizados perante o Fisco

para a modificação do sujeito passivo. Nesse caso, o Fisco exigirá a satisfação do tributo

pelo sujeito passivo apontado na lei, cabendo à parte prejudicada acionar na esfera do

direito privado a parte descumpridora do contrato (Código Tributário Nacional

Comentado / Eduardo Sabbag. – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São

Paulo: MÉTODO, 2018).

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA – ARTIGO 113 AO 138, CTN

• A Obrigação Tributária, conforme determina o CTN poderá ser de duas formas:

1) Obrigação Principal – Artigo 113, §1º do CTN – A obrigação principal surge com a

ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade

pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

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2) Obrigação Acessória – Artigo 113, §2º do CTN – A obrigação acessória decorre da

legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas

no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos, ou seja, são meros deveres

formais do sujeito passivo a fim de facilitar a arrecadação e a fiscalização dos tributos.

• Temos aqui duas diferenças principais entre a primeira obrigação, tida como

principal, e esta que estamos visualizando agora. A primeira é uma obrigação de Dar,

quanto que a segunda é uma obrigação de fazer. A segunda diferença está na norma que

poderá regular tais obrigações. Enquanto a primeira só poderá vir por lei, o CTN no

parágrafo 2º do artigo 113 utilizou a expressão “Legislação Tributária”, ou seja, qualquer

uma das normas relacionadas no artigo 96 do CTN podem regular a obrigação acessória,

ou seja, uma portaria, um decreto, uma resolução, podem trazer regras correspondentes a

obrigação acessória.

• Frise-se que embora alguns entes possuam benefício fiscal, o cumprimento da

obrigação acessória não se dispensa. O Artigo 175 do CTN em seu parágrafo único

determina: “A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações

acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído ou dela consequente.”.

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– Princípio da inafastabilidade do controle judicial.

– CF, art. 5º XXXV – “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça

a direito”.

– Lei declarada inconstitucional pela ADI 1917 de 19/11/1998

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUICIONALIDADE. OFENSA AO

PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO (CF, ART. 37, XXI). I - Lei ordinária distrital - pagamento

de débitos tributários por meio de dação em pagamento. II - Hipótese de criação de nova

causa de extinção do crédito tributário. III - Ofensa ao princípio da licitação na aquisição

de materiais pela administração pública. IV - Confirmação do julgamento cautelar em que

se declarou a inconstitucionalidade da lei ordinária distrital 1.624/1997. CRÉDITO

TRIBUTÁRIO - EXTINÇÃO. As formas de extinção do crédito tributário estão previstas

no Código Tributário Nacional, recepcionado pela Carta de 1988 como lei complementar.

Surge a relevância de pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade

considerada lei local prevendo nova forma de extinção do crédito tributário na

modalidade civilista da dação em pagamento. Suspensão de eficácia da Lei Ordinária do

Distrito Federal de nº 1.624/97.

IRRELEVÂNCIA DO NOME - ARTIGO 4, CTN

Não importa, para determinar de qual espécie tributária se está a tratar, o nome que lhe

houver sido atribuído pela lei. Como em inúmeras outras ocasiões, em distintos ramos do

Direito, a essência não é determinada pelo nome. Um contrato tem sua natureza

determinada pelo conteúdo de suas cláusulas, e não pelo título com o qual as partes o

batizaram. Assim, caso a lei institua tributo, e o batize de taxa, será preciso verificar-lhe

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o fato gerador, e a base de cálculo, a fim de que se determine se realmente é de uma taxa

que se trata. E, se não for, será preciso verificar se foram atendidos os requisitos para a

instituição da espécie tributária diversa, que sob o rótulo de taxa fora instituída. A

propósito, o STF já decidiu pela invalidade de “taxa de pavimentação asfáltica”, a qual,

não obstante o nome, ostentava natureza de contribuição de melhoria. A invalidade, no

caso, decorreu da “inobservância das formalidades legais que constituem o pressuposto

do lançamento dessa espécie tributária” (STF, RE 140.779, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ

de 8/9/1995) - Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código

Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003 / Hugo de Brito

Machado Segundo. – 6. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017.

Ementa:

– Conceito de tributo

– Obrigação tributária

AULA 03 - 18/02/2019

FONTES DO DIREITO E SUAS IMPLICAÇÕES

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– Código Tributário Nacional: Lei originária.

– Constituição Federal: Novo sistema tributário - Lei complementar.

– O Código Tributário Nacional é de 1966, foi recepcionada pela Constituição Federal de

1988 com status de Lei complementar.

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– CNT é lei complementar e para alterá-lo proceder-se-á mediante formalidade dessa lei

(art. 146 CF).

• Como o próprio CTN assim define, a expressão Legislação Tributária compreende:

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– 1) as leis,

– 2) os tratados e convenções internacionais

– 3) os decretos

– 4) as normas complementares

• Classificação das fontes do direito tributário: primárias ou secundárias.

VIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA - ARTIGOS 101 A 104, CTN

• A vigência da legislação tributária diz respeito aos limites em que a lei pode ser

aplicada.

• As regras da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro são aplicáveis também

do Direito Tributário, com as exceções previstas no Código Tributário Nacional

(princípio da especificidade).

• De acordo com o art. 8º da Lei Complementar nº 95/1998, a própria lei deve dispor

sobre a data que ela entrará em vigor. Na falta de previsão na lei deve-se adotar

subsidiariamente a LINDB que determina que a lei entre em vigor 45 dias após a

publicação da lei.

• O artigo 103 do CTN, traz regras específicas sobre o momento de vigência de algumas

normas tributárias, tais como:

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– Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor na

data da sua publicação, salvo disposição em lei em contrário;

– As decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa que a lei

atribua eficácia normativa entram em vigor 30 dias após a publicação da lei, salvo

disposição de lei em contrário;

– Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os

municípios entram em vigor na data neles previstas.

APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA - ARTIGOS 105 E 106, CTN

• A legislação tributária, em regra, aplica-se aos fatos geradores futuros e aos que ainda

não estão completos, tendo em vista o princípio da irretroatividade.

Art. 105 - A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e

aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja

completa nos termos do Art. 116.

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e

rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

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PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE

• Artigo 150, III, alínea “a”, CF e artigo 144 do CTN.

• Vedado cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da

vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

• A Lei tributária não afeta fatos passados, pretéritos, apenas produz efeitos para frente.

Na Constituição Federal não temos nenhuma exceção a esse comando.

• O comando determina a proibição de que uma nova lei tributária gravosa, criadora ou

majorada de tributo, possa retroagir para tributar fatos que tenham ocorrido antes de sua

vigência.

• Existem 3 exceções ao princípio da Irretroatividade que o STF já as reconheceu como

recepcionadas pela Constituição Federal: Artigo 106 do CTN.

• A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

A) Leis que forem expressamente interpretativas. Ela não inova no mundo jurídico.

Define o conteúdo e o alcance de uma lei anterior. Há grande divergência da doutrina

quanto ao conceito de uma lei “interpretativa”. Atenção, pois não basta a lei se intitular

“interpretativa”. Na prática ela não pode alterar conceitos, ou inovar no mundo jurídico,

como assim fez a lei complementar 118/05, que tentou ser recepcionado no ordenamento

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como uma norma “interpretativa” para que assim seus efeitos fossem aplicados a Fatos

Geradores já praticados. Contudo o STF determinou que a lei não era interpretativa e

assim, aplicou a regra geral da irretroatividade. Caso realmente a norma seja meramente

interpretativa, essa poderá retroagir a ato jurídico ainda não julgado.

B) Leis benéficas em penalidade. Muito cuidado na leitura desse preceito, pois aqui a

possibilidade para retroação da norma será apenas quando uma lei nova trouxer

PENALIDADE mais benéfica, ou seja, multa. Imagine uma situação em que no ano de

2015 uma lei previa penalidade de 30% em razão da prática de certa infração, cometida

por Fulano. Em 2016 é editada nova lei que determina para a mesma infração uma

penalidade mais branda, como, por exemplo, 20%. Em 2017 Fulano é autuado pela

infração praticada em 2015 e a autoridade lança a multa no valor de 30%. Essa aplicação

da penalidade está correta? A resposta é não. A multa correta deveria ser de 20%, já que

em 2016 foi editada lei mais benéfica, a qual retroage para alcançar situações que não

foram encerradas pela coisa julgada ou pelo pagamento. Desse modo em 2017 a

autoridade lançadora deveria ter cobrado a multa de 20%, face a aplicação retroativa da

lei benéfica de 2016, que alcança a infração praticada em 2015. As leis benéficas em

penalidades não retroagirão se já houver pagamento ou coisa julgada. Ou seja, a garantia

de retroação de lei benéfica não ultrapassa os limites da coisa julgada e nem do ato

jurídico perfeito, somente alcançando atos não definitivamente julgados e evidentemente

desde que não tenha ocorrido o pagamento. A retroatividade só é válida para as

penalidades. Uma lei que reduz uma alíquota não pode retroagir, ainda que aparentemente

pareça ser benéfica ao contribuinte, já que reduz a carga tributária.

C) O artigo 144 do CTN permite a possibilidade de retroatividade da lei que altera

aspectos meramente formais do lançamento (critérios de apuração, ou processos de

fiscalização, ampliado os poderes de investigação). Com base nisso, se uma nova lei traz

novas regras para aumentar seus poderes de fiscalização, está poderá ser aplicada a fatos

já praticados.

OT PRINCIPAL E SEUS FATOS GERADORES - ARTIGOS 116, CTN

• Obrigação Tributária principal: surge com o fato gerador, previsto em lei e tem como

objeto o pagamento do tributo e da multa.

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– SITUAÇÃO DE FATO: momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais.

Exemplo: Imposto de importação – o fato gerador é a entrada da mercadoria estrangeira

no território nacional.

– SITUAÇÃO JURÍDICA: momento de constituição definitiva nos termos do direito

aplicável. Exemplo: Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana – o principal

fato gerador é a propriedade.

FATOS JURÍDICOS CONDICIONADOS - ARTIGOS 117, CTN

– Condição suspensiva - art. 117, I - a condição suspende a eficácia do ato ou negócio.

– Condição resolutiva - art. 117, II – a condição desfaz os efeitos do ato ou negócio.

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PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

• Artigo 150, III, alínea “b” e “c”.

• Nenhuma pessoa será submetida a uma nova lei de tributação no mesmo ano que ela

seja publicada, bem como sem que se passem no mínimo 90 dias a contar da informação

da data da publicação.

• Esse princípio garante que se for CRIADO ou MAJORADO um tributo, seja qual for

o dia do ano, sua aplicabilidade só poderá ocorrer no próximo ano, e ainda tendo que

respeitar um intervalo obrigatório de no mínimo 90 dias a contar da data de publicação

da lei. PELA REGRA TEM QUE SE RESPEITAR OS DOIS PRAZOS.

• Se uma lei cria um tributo no dia 29 de novembro, durante aquele ano ela não é

aplicável, pois vale a garantia da alínea “b” do “exercício financeiro seguinte”. No dia 1

de janeiro de 2010 ainda não será viável aplicar a nova tributação, pois entre os dias 29.11

a 01.01 não estará vencido o prazo mínimo de 90 dias, garantia essa assegurada na alínea

“c” – EC 42/2003. Nesse caso, somente no final de fevereiro é que a lei será aplicada.

• Se o ISS de um determinado município vem sendo aplicado com alíquota de 3% e no

meio do ano uma nova lei determina alíquota de 5%, o contribuinte poderá continuar

recolhendo com a alíquota menor. Apenas no início do ano seguinte passará a valer a

nova alíquota.

• Atenção: O STF adotava uma postura de não aplicar o princípio em caso de revogação

de isenção, contudo recentes julgados demonstram uma mudança importante no Supremo

Tribunal Federal que agora vem aplicando o princípio mencionado também aos casos de

revogação de isenção.

ICMS: revogação de benefício fiscal e princípio da anterioridade tributária. “Configura

aumento indireto de tributos e, portanto, está sujeita ao princípio da anterioridade

tributária, a norma que implica revogação de benefício fiscal anteriormente concedido. A

Turma afirmou que os mencionados atos normativos teriam reduzido benefício fiscal

vigente e, em consequência, aumentado indiretamente o aludido imposto, o que atrairia a

aplicação do princípio da anterioridade. Frisou que a concepção mais adequada de

anterioridade seria aquela que afetasse o conteúdo teleológico da garantia. Ponderou que

o mencionado princípio visaria garantir que o contribuinte não fosse surpreendido com

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aumentos súbitos do encargo fiscal, o que propiciaria um direito implícito e inafastável

ao planejamento. Ressaltou, por fim, que toda a alteração do critério quantitativo do

consequente da regra matriz de incidência deveria ser entendida como majoração de

tributo. Assim, tanto o aumento de alíquota, quanto a redução de benefício, apontariam

para o mesmo resultado, qual seja, o agravamento do encargo.”.

• A Modificação da data de recolhimento de tributo respeita o Princípio da

Anterioridade? (Resp. 34.709/SP)

Súmula 669 do STF convertida na Súmula Vinculante 50 - Norma legal que altera o prazo

de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

• Situações que se altera o prazo de vencimento da obrigação tributária, não é

necessário esperar o ano seguinte. O STF entendeu que o princípio da anterioridade não

se aplica nas situações de modificação do prazo para recolhimento do tributo, já que não

se trata de criação e nem de majoração de tributo.

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Checklist

– 1) Tributo? Art. 3, CTN

– 2) Vigência - Art. 144, CTN

– 3) Eficácia? Art. 150, III, “b” e “C”, CTN

– 4) Validade (vício formal)?

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Ementa:

– Fontes do direito e suas implicações

– Vigência na legislação tributária

– Aplicação da legislação tributária

– Princípio da irretroatividade

– Obrigação tributária principal e seus fatos geradores

– Fatos jurídicos condicionados

– Princípio da anterioridade

AULA 04 - 20/02/2019

RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR

1) Está no art. 146, CF

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados,

o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos

discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e

contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades

cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as

empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do

imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e

da contribuição a que se refere o art. 239.

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir

um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, observado que:

I - será opcional para o contribuinte;

II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;

III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos

pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou

condicionamento

IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes

federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.

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2) Está no CTN

3) CF estabelece de forma expressa

➔ SE RESPOSTA FOR SIM PARA QUALQUER DOS ITENS ACIMA A

MATÉRIA ESTÁ RESERVADA À LEI COMPLEMENTAR

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– Art. 146, III, “a”, CF - bases de cálculo de imposto é normal geral, reservada a Lei

Complementar regulamentada pela União. Ressalvado se a União não tenha

regulamentado nos termos art. 24, § 3º, CF.

– Art. 34, CTN (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) – “Contribuinte

do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer

título”.

– Alíquota não é norma geral podendo ser regulamenta por Lei Ordinária, estando correto

o art. 4 do caso. O art. 5 por sua vez trata-se de normal geral reservada a União através

de Lei Complementar, não podendo o Município alterar a base de cálculo.

• Perguntas:

1) Se a matéria é de Lei Originária pode Medida Provisória?

2) Se a matéria é Lei Complementar pode Medida Provisória?

O Artigo 62, § 1º, III, da CF veda a utilização de medida provisória apenas nas matérias

restritas a Lei Complementar. Sendo assim, com a interpretação do artigo 62 §2º da

mesma norma é possível a edição de tal expediente para criação de impostos e demais

espécies tributárias, exceto as de reserva de lei complementar.

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➔ Existe lei não vigente mas que ainda possui eficácia??? SIMMM!!!

LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA – ARTIGOS 96 A 112, CTN

• CTN define que a expressão Legislação Tributária compreende as leis, os tratados e

convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo

ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

- Exemplos do CTN (grifos nossos):

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

(...)

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,

positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos

tributos.

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária

e suficiente à sua ocorrência.

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento

do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo

notificado do lançamento.

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• Na ausência de disposição expressa, o CTN permite a integração de fontes da

legislação tributária, podendo em caso de lacunas a autoridade competente se utilizar

sucessivamente na ordem indicada das seguintes outras fontes:

I) Analogia

II) Princípios Gerais do Direito Tributário

III) Princípios Gerais do Direito Público

IV) Equidade (Senso de Justiça)

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• Tal determinação está desenhada no artigo 108 do CTN, que ainda determina que o

emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.

• O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo

devido.

“Mas a equidade, outrora já confundida com a justiça, está com ela intimamente

associada, podendo dizer-se, com os romanos, aequitas sequitur legem, como instrumento

de realização dos ideais de bem comum que a comunidade social anela. Não quis o

legislador do Código Tributário Nacional que a magnanimidade, implícita nesse valor,

chegasse a ponto de comprometer a substância dos direitos por ela alcançados,

estabelecendo, no § 2º do art. 108, que o emprego da equidade não poderia ocasionar a

dispensa do pagamento de tributo devido” (Carvalho, Paulo de Barros. Curso de Direito

Tributário / Paulo de Barros Carvalho. – 23. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.

• Para se interpretar uma norma que outorgue a isenção de um tributo, a mesma será

literalmente interpretada, por isso, para que alguém seja isento se faz necessária a

expressão previsão em lei.

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Ementa:

– Reserva de lei complementar

– Legislação tributária

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AULA 05 - 25/02/2019

TRIBUTOS EM ESPÉCIE

• O CTN traz 3 espécies: Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria – Artigo 5º do

CTN.

• A Constituição Federal além de trazer essas 3 espécies em seu artigo 145, traz também

os Empréstimos Compulsórios (Artigo 148, CF) e as Contribuições Especiais (Artigo

149, CF).

• O Supremo Tribunal Federal tem adotado a teoria da pentapartição.

• A destinação legal é relevante para a determinação do regime jurídico. Exemplo: IRPJ

e CSLL. Ambos seriam impostos no regime tripartite do CTN. No entanto, regime

jurídico constitucional é diverso. Para IR aplica-se anterioridade de exercício e não a de

90 dias, para a CSLL aplica-se a de 90 dias e não a de exercício.

• Elementos de distinção dos tributos:

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Art. 16, CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação

independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos

Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício

regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público

específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Art. 167, CF. São vedados:

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a

repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a

destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e

desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,

como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação

de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §

8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

Art. 81, CTN. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo

Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é

instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização

imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o

acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Art. 148, CF. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos

compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra

externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,

observado o disposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será

vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Art. 149, CF. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de

intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou

econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto

nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente

às contribuições a que alude o dispositivo.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e

indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...)

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➔ Só os tributos taxas e contribuição de melhoria existe contra prestação.

➔ A restituição do empréstimo compulsório deve ser feita na mesma espécie em que

tributo foi cobrado, ou seja, em dinheiro.

➔ Tributos que tem destinação: taxas, contribuição de melhoria, empréstimo

compulsório e contribuições especiais.

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“Os impostos são, por definição, tributos não vinculados que incidem sobre

manifestações de riqueza do sujeito passivo (devedor). Justamente por isso, o imposto se

sustenta sobre a ideia da solidariedade social. As pessoas que manifestam riqueza ficam

obrigadas a contribuir com o Estado, fornecendo-lhe os recursos de que este precisa para

buscar a consecução do bem comum. Assim, aqueles que obtêm rendimentos, vendem

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mercadorias, são proprietários de imóveis em área urbana, devem contribuir

respectivamente com a União (IR), com os Estados (ICMS) e com os Municípios (IPTU).

Estes entes devem usar tais recursos em benefício de toda a coletividade, de forma que os

manifestantes de riqueza compulsoriamente se solidarizem com a sociedade. Em resumo,

as taxas e contribuições de melhoria têm caráter retributivo (contraprestacional) e os

impostos, caráter contributivo. É importante perceber que os impostos não incorporam,

no seu conceito, a destinação de sua arrecadação a esta ou àquela atividade estatal. Aliás,

como regra, a vinculação de sua receita a órgão, fundo ou despesa é proibida diretamente

pela Constituição Federal (art. 167, IV). Portanto, além de serem tributos não vinculados,

os impostos são tributos de arrecadação não vinculada. Sua receita presta-se ao

financiamento das atividades gerais do Estado, remunerando os serviços universais (uti

universi) que, por não gozarem de referibilidade (especificidade e divisibilidade), não

podem ser custeados por intermédio de taxas”. (Direito tributário esquematizado /

Ricardo Alexandre. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:

MÉTODO, 2016).

1. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

• Fato gerador: realização de obras públicas + valorização do imóvel privado.

• Competência: comum - Decreto-Lei nº 195/1967.

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Art; 3º A Contribuição de Melhoria a ser exigida pela União, Estado, Distrito Federal e

Municípios para fazer face ao custo das obras públicas, será cobrada pela Unidade Administrativa

que as realizar, adotando-se como critério o benefício resultante da obra, calculado através de

índices cadastrais das respectivas zonas de influência, a serem fixados em regulamentação dêste

Decreto-lei.

• Justificativa: benefício imediato daqueles que são proprietários de imóveis nas

proximidades da obra.

• E obras que trazem malefícios??? Não cabe contribuição de melhoria e pode ser

ajuizada ação de responsabilidade civil.

• Numa contribuição de melhoria (art. 81 do CTN):

– Deve-se fazer face ao custo de obras públicas

– Deve haver valorização imobiliária decorrente destas obras

– LIMITE GLOBAL (TOTAL): despesa realizada com a obra

– LIMITE INDIVIDUAL: acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel

beneficiado

• Parâmetros no art. 82 do CTN:

A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:

I - publicação prévia dos seguintes elementos:

a) memorial descritivo do projeto;

b) orçamento do custo da obra;

c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;

d) delimitação da zona beneficiada;

e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para

cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;

II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados,

de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;

III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação

a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.

§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do

custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona

beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.

§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do

montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que

integram o respectivo cálculo.

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Resumindo: para que a cobrança da Contribuição de Melhoria aconteça, será necessário

a realização de uma obra pública, que por consequência gere a valorização de alguns

imóveis.

2. TAXAS

• Art. 145, CF; e arts. 78-79, CTN.

• Fato gerador:

– Prestação de serviços públicos específicos E divisíveis.

– Exercício de poder de polícia.

• Competência: comum (art. 80 CTN).

• Justificativa: Não forçar toda coletividade a suportar um gasto gerado por um

contribuinte.

• Tributos devidos em razão de uma atividade do Estado atribuível a um contribuinte.

2.1. Taxas por Poder de Polícia

• Fiscalização e controle. Proteção do convívio social e do interesse público.

• Art. 78 do CTN – Poder de polícia: atividade da administração pública que, limitando

ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de

fato, em razão de interesse público concernente:

– à segurança,

– à higiene,

– à ordem,

– aos costumes,

– à disciplina da produção e do mercado,

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– ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do

Poder Público,

– à tranquilidade pública ou

– ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

2.2. Taxas por Serviço Público

• Serviços públicos ESPECÍFICOS (separáveis em unidades autônomas) e

DIVISÍVEIS (suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus

usuários) (art. 79, CTN).

• Utilização efetiva.

• Utilização potencial de serviço (desde que seja compulsória, com serviço posto à

disposição do contribuinte; e.g., esgoto).

2.3. Taxas: Base de Cálculo

• Mensuração da atividade prestada ao contribuinte – custo do serviço.

• Taxas não podem ter base de cálculo própria de impostos (art. 145, §2, CF).

Súmula Vinculante 19 - A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos

de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de

imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

Súmula Vinculante 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado

mediante taxa.

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– Taxa de fiscalização da CVM – Cobrada com base no capital das companhias.

Súmula 665 do STJ: É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e

valores mobiliários instituída pela Lei 7.940/1989.

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Súmula Vinculante 29 - É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou

mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja

integral identidade entre uma base e outra.

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Ementa:

– Tributos em espécie

– Contribuições de melhoria

– Taxas

AULA 06 - 27/02/2019

TRIBUTOS EM ESPÉCIE

NÃO TEM VINCULAÇÃO / NÃO TERÁ RESTITUIÇÃO / TEM DESTINAÇÃO

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1) A espécie tributária é uma contribuição sobre iluminação pública.

2) Contribuição especial não pode ser confundido com taxa. Na taxa se paga pelo custo

do serviço, enquanto a iluminação publica não tem vinculação direta. A CF estabelece

que o dinheiro arrecadado deve ser utilizado para a sua finalidade, sob pena de

tredestinação que é vedado pela legislação tributária. Não há uma relação direta com o

custo do serviço e a base de cálculo. Por não se tratar de taxa a base de cálculo não leva

em consideração o custo do serviço.

*Obs.: Princípio da Capacidade Contributiva – art. 145, § 1, CF.

3) Não é proibido pelo Princípio da Isonomia (art. 150, II, CF) ter tributação diferenciada.

O que é proibido é tributar de forma diferente os contribuintes que se encontrem na

mesma situação. Com isto, a princípio, a distinção não fere o Princípio da Isonomia.

“A título de exemplo, o Município de São Paulo, no parágrafo único do art. 1.º da sua Lei

13.479, de 30 de dezembro de 2002, previu que o serviço custeado compreenderia a

iluminação de vias, logradouros e demais bens públicos, e a instalação, manutenção,

melhoramento e expansão da rede de iluminação pública, além de outras atividades a

estas correlatas. Pairam fortes indícios de inconstitucionalidade sobre a lei paulistana,

especificamente no que concerne à possibilidade de utilização dos recursos advindos da

COSIP para instalação, melhoramento e expansão da rede de iluminação pública, pois o

legislador constituinte, ao se referir ao custeio de um serviço, usou a palavra no

corriqueiro sentido de que a legislação financeira tem dado ao vocábulo, qual seja, o

sentido de manter, financiar um serviço já existente. Nessa linha, o § 1.º do art. 12 da Lei

Federal 4.320/1964 classifica como Despesa de Custeio “as dotações para a manutenção

de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de

conservação e adaptação de bens imóveis”. Assim, afigura-se manifestamente

inconstitucional a utilização dos recursos provenientes da COSIP para instalar, melhorar

ou expandir o serviço existente, sendo legítima a cobrança apenas como uma espécie de

contrapartida ao serviço efetivamente prestado”. (Direito tributário esquematizado /

Ricardo Alexandre. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:

MÉTODO, 2016).

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3. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

• Art. 149 da CF:

– Contribuições sociais: Para o custeio da Previdência e Assistência Social, Saúde, e

demais áreas, como educação.

– Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) – Se propõe custear as

despesas que a União suporta quanto atua desenvolvendo intervenções no domínio

econômico. No caso da CIDE Combustível, por exemplo, a Constituição determinou que

a arrecadação deverá ser destinada para projetos ambientais, especialmente ligados a

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questões conexas com a exploração do petróleo e gás, além do fortalecimento da política

nacional de transportes – Artigo 177, parágrafo 4º da Constituição Federal.

– Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas – São

contribuições que se destinam a custear a manutenção e a atividade das Entidades de

Classe, como o CRM (conselho regional de medicina) etc. O STF entende que a

contribuição paga pelos advogados a OAB não se equipararia as demais contribuições

pagas pelos demais profissionais as suas entidades de classes, firmando que a

contribuição da OAB não tem natureza tributária.

• Justificam-se por sua finalidade.

• Art. 76 (ADCT) - São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro

de 2023, 30% (trinta por cento) da arrecadação da União relativa às contribuições sociais,

sem prejuízo do pagamento das despesas do Regime Geral da Previdência Social, às

contribuições de intervenção no domínio econômico e às taxas, já instituídas ou que

vierem a ser criadas até a referida data.

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– TEM CONTRAPRESTAÇÃO, NÃO TERÁ RESTITUIÇÃO, TEM DESTINAÇÃO,

VALORIZAÇÃO DE IMÓVEIS. Atenção: art. 82 CTN – Os artigos da Lei 286/96 não

trazem o quanto que a obra valorizou os imóveis (limites legais).

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GRANDES TESES TRIBUTÁRIAS

10% de FGTS

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- Ação Processual

1. Legitimidade: Contribuinte x União e Caixa Econômica Federal.

2. Há Repercussão Judicial reconhecida mas não julgada.

3. Prazo em dobro para manifestações processuais – art. 183, CPC.

4. Honorários de Sucumbência – art. 85 §3 CPC.

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RESUMO DAS ESPÉCIES

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Cursos: GRANDES TESES TRIBUTÁRIAS e OFICINA PRÁTICA EM DIREITO

TRIBUTÁRIO - [email protected]

Dicas:

1) ICMS fora da Base de Cálculo de PIS e COFINS

https://www.youtube.com/watch?v=mev2vsaNH9I&t=3210s

2) ICMS na Energia Elétrica

https://www.youtube.com/watch?v=17f4YWTkq-4&t=21s

https://www.youtube.com/watch?v=d9qOpjsQGKE&t=447s

3) Prescrição intercorrente

https://www.youtube.com/watch?v=yATDi38e9W4&t=1815s

Anexos: FGTS 10%

Ementa:

– Contribuições especiais

– Grandes teses tributárias - 10% de FGTS

– Resumo das espécies tributárias

BONS ESTUDOS!!!!

MONITOR: ZOZIMAR RAMONDA

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TRF 4.a Região -

A Lei Complementar no 110/01 criou duas novas contribuições de modo a viabilizar o

pagamento correto da atualização monetária das contas vinculadas de FGTS, que sofreram

expurgos por ocasião do Plano Verão (janeiro de 1989) e do Plano Collor (abril de 1990),

reconhecidos pelos Tribunais Superiores quando do julgamento, pelo Plenário do STF, do RE

no 226.855-7/RS, rel. o Ministro Moreira Alves, publicado no DJU de 13.10.2000, e, pela 1a

Seção do STJ, do REsp no 265.556/Al, Rel. Ministro Franciulli Netto, por maioria, DJU de

18.12.2000.

As novas contribuições, diferentemente das anteriores, têm natureza tributária, não sendo um

encargo decorrente do contrato de trabalho. Veja-se que o STF, nas ADIns 2.556 e 2.568,

pronunciou-se pela constitucionalidade da LC 110/01, entendendo que as novas contribuições

para o FGTS são tributos e que configuram, validamente, contribuições sociais gerais.

Transcrevo a decisão:

- Novas contribuições para o FGTS. LC 110/01. Natureza tributária.

- Constitucionalidade das novas contribuições ao FGTS (LC 110/01) como contribuições sociais

gerais. Sujeição à anterioridade de exercício. STF. "Ação 45 Aqui referido como a influência

das decisões judiciais na aplicação da norma. 35 direta de inconstitucionalidade. Impugnação de

artigos e d

-

-se como contribuições sociais que se

enquadram na subespécie `contribuições sociais gerais' que se submetem à regência do artigo

149 da Constituição, e não à do artigo 195 da Carta Magna. - Não-ocorrência de plausibilidade

jurídica quanto às alegadas ofensas aos artigos 145,

-

Magna e ao artigo 10, I, de seu ADCT. - Há, porém, plausibilidade jurídica no tocante à

arguição de inconstitucionalidade do artigo 14, caput, quanto à expressão `produzindo efeitos', e

seus incisos I e II da Lei Complementar objeto desta ação direta, sendo conveniente, dada a sua

relev

seus incisos I e II, todos da Lei Complementar federal no 110, de 29 de junho de 2001." (STF,

Plenário, maioria, ADIn 2.568/DF, out/02) Vide também: ADInMC 2.556/DF.

Ocorre que a finalidade para a qual foram instituídas essas contribuições (financiamento do

pagamento dos expurgos do Plano Verão e Collor) era temporária e já foi atendida. Como as

contribuições têm como característica peculiar a vinculação a uma finalidade

constitucionalmente prevista, atendidos os objetivos fixados pela norma, nada há que justifique

a cobrança dessas contribuições. Por isso, entendo que não se pode continuar exigindo das

empresas, ad eternum, as contribuições instituídas pela Lei Complementar no 110. Verifico,

portanto, a relevância no fundamento do pedido. Saliento que a lei exige, para a análise dos

pedidos de liminar e de antecipações de tutel

-

não ter a disponibilidade imediata de recursos financeiros. O contribuinte vê-se na iminência de

ter de efetuar pagamento indevido e o Fisco na de deixar de receber prestação devida, com

prejuízo às atividades de cada qual.

absolutamente viável. Daí por que me parece

que se estabelece uma certa neutralidade quanto a tal requisito, assumindo caráter hegemônico

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para a decisão quanto aos pedidos de liminar a relevância dos argumentos, traduzida nas

fórmulas do forte fundamento de direito (mandado de segurança), da fumaça do bom direito

(cautelar) ou da verossimilhança (antecipação de tutela). Desta forma, concedo efeito

suspensivo, determinando à agravada que se abstenha de exigir as contribuições que ora se

discute. Oficie-se ao Juiz de Primeira Instância, comunicando os termos desta decisão. Intime-se

o agravado para apresentar contraminuta no prazo de 10 dias, forte no artigo 527, V, do CPC.

Publique-se. Intime-se. (AG 2007.04.00.024614-7, Segunda Turma, Relator Desembargador

Federal Leandro Paulsen. Dje 27.08.2007)

Mais de 30 decisões sucederam a essa no mesmo sentido.

A Justiça Federal de São Paulo:

No caso dos autos, a parte autora pretende afastar a exação veiculada pelo art. 1º da Lei

Complementar 110/2001, à alíquota de 10% (dez por cento) sobre o montante dos depósitos ao

FGTS, devida na hipótese de demissão sem justa causa. Consoante se verifica dos dispositivos

da LC nº 110/2001, ela instituiu duas contribuições sociais, uma, a prevista no art. 1º, devida

pelos empregadores em caso de despedida de empregado sem justa causa, à alíquota de dez por

cento sobre os depósitos devidos referentes ao FGTS, durante a vigência do contrato de

trabalho, acrescido das remunerações aplicáveis às contas vinculadas, por prazo indefinido. A

segunda, a do art. 2º, devida pelos empregadores, à alíquota de 0,5% sobre a remuneração

devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas as parcelas de que trata o art. 15 da Lei nº

8.036, de 11 de maio de 1990, pelo prazo de sessenta meses.

O E. STF, nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade n.ºs 2.556-2/DF e 2.568-6/DF,

pronunciou-se pela constitucionalidade da LC 110/01, entendendo que as novas contribuições

para o FGTS são tributos e que configuram, validamente, contribuições sociais gerais,

ressalvando-se expressamente o exame oportuno de sua inconstitucionalidade superveniente

pelo atendimento da finalidade para a qual o tributo foi criado. No voto condutor, proferido pelo

relator Ministro Joaquim Barbosa na Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 2.556-2/DF, foi

consignado que, conforme informações prestadas pelo Senado Federal, as contribuições foram

criadas visando, especificamente, fazer frente à atualização monetária dos saldos das contas

fundiárias, quanto às perdas inflacionárias dos Planos Verão e Collor I (abr/90), em benefício de

empregados que firmaram o Termo de Adesão referido no artigo 4º da LC n.º 110/01.

Assim, o tributo não se destinaria à formação do próprio fundo, mas teria o objetivo de custear

uma obrigação da União que afetaria o equilíbrio econômico-financeiro daquela dotação. E,

conforme ressaltou o relator Ministro Joaquim Barbosa a existência das contribuições, com

todas as suas vantagens e condicionantes, somente se justifica se preservadas sua destinação e

sua finalidade. Afere-se a constitucionalidade das contribuições pela necessidade pública atual

do dispêndio vinculado (motivação) e pela eficácia dos meios escolhidos para alcançar essa

finalidade. A finalidade para a qual foram instituídas essas contribuições (financiamento do

pagamento dos expurgos do Plano Verão e Collor) era temporária e já foi atendida, tendo em

vista que a última parcela dos complementos de correção monetária foi paga em 2007, conforme

cronograma estabelecido pelo Decreto n.º 3.913/01.

Desta forma, como as contribuições têm como característica peculiar a vinculação a uma

finalidade prevista, atendidos os objetivos fixados pela norma, nada há que justifique a

continuidade da cobrança dessas contribuições. Vale lembrar que o Projeto de Lei

Complementar n.º 198/07, aprovado pelo Congresso Nacional, estabelecia termo final em

01.06.2013 para a exigência da contribuição prevista no artigo 1º da LC n.º 110/01,

considerando a saúde financeira do FGTS. O veto presidencial total restou assim justific ado: A

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extinção da cobrança da 37 contribuição social geraria um impacto superior a R$

3.000.000.000,00 (três bilhões de reais) por ano nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço – FGTS, contudo a proposta não está acompanhada das estimativas de impacto

orçamentário-financeiro e da indicação das devidas medidas compensatórias, em contrariedade

à Lei de Responsabilidade Fiscal. A sanção do texto levaria à redução de investimentos em

importantes programas sociais e em ações estratégicas de infraestrutura, notadamente naquelas

realizadas por meio do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FI-

FGTS.

Particularmente, a medida impactaria fortemente o desenvolvimento do Programa Minha Casa,

Minha Vida, cujos beneficiários são majoritariamente os próprios correntistas do FGTS. Fica

evidente que a própria Administração Pública admite o desvio de finalidade da contribuição em

questão. O tributo não foi criado para fazer frente às políticas sociais ou ações estratégicas do

Governo, mas, sim, para viabilizar o pagamento de perdas inflacionárias nas contas individuais

do Fundo. Sendo assim, restando esgotada a finalidade da contribuição, reconheço a violação a

direito líquido e certo da impetrante.

Assim, ante ao exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, com resolução do mérito, nos

termos do art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para afastar a incidência da

contribuição prevista no art. 1º da Lei Complementar 110/2001, nos termos da fundamentação.

Reconheço, ainda, o direito da parte impetrante à restituição dos valores indevidamente pagos,

respeitada a prescrição quinquenal. A correção monetária e os juros devem obedecer ao disposto

no Manual de Orientações e Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal. Sendo relevante

o fundamento da demanda e havendo justificado receio de dano irreparável, já que o Autor pode

vir a ser prejudicado por medidas tomadas pelo órgão fazendário na exigência desses créditos

tributários, revejo a decisão de fls. 174/177 e concedo a tutela antecipada, nos termos do art.

461, 3º, do CPC, para determinar a suspensão da exigibilidade desses créditos tributários até

decisão final.

Condeno a Ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10%

sobre o valor da condenação. Sentença sujeita ao reexame necessário. Noticie-se nos autos do

agravo de instrumento nº 0020740-66.2014.403.0000 a prolação desta sentença. (Ação

Ordinária nº 0011685-27.2014.403.6100, JFSP, 14º Vara Federal, Juiz José Carlos Francisco.

Dje 01.07.2015)

9ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal:

Discute-se nos autos subsistência de amparo constitucional a justificar a manutenção, no mundo

jurídico, do tributo previsto no art. 1º da Lei Complementar n. 110/2001. A tese do autor, como

relatado, é basicamente a de que o tributo questionado (art. 1º da LC nº 110/2001) foi criado

com a finalidade específica de recompor as perdas geradas em decorrência dos pagamentos dos

expurgos inflacionários referentes aos Planos Econômicos Collor I e Verão, mas como essa

finalidade já foi alcançada, não mais subsistente base fática e jurídica a legitimar a sua

subsistência desde o início de 2007. 38 Trata-se, como já pacificado, de uma contribuição social

geral, que, no plano conceitual, consiste em um tributo que, apesar de ter hipótese de incidência

desvinculada de atuações estatais, é juridicamente afetado à realização de finalidade específica.

Especificamente no caso, a sua instituição foi motivada na necessidade de pagamento do

passivo dos chamados expurgos inflacionários (Planos Verão e Collor I), conforme exposição

de motivos do Projeto de Lei Complementar. O próprio Supremo Tribunal Federal adotou essa

premissa quando do julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 226.855-7, Relator Ministro

Moreira Alves, Dj de 13/10/2000. Com efeito, consta da exposição de motivos do Projeto que

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deu origem à LC 110/2001: (...) Conforme ressaltou o Ministro Joaquim Barbosa, Relator da

ADI 2. 556- “

existência das contribuições, com todas as suas vantagens e condicionantes, somente se justifica

se preservadas sua destinação e finalidade. Afere-se a constitucionalidade das contribuições pela

necessidade pública atual do dispêndio vinculado (motivação) e pela eficácia dos meios

que motivou a instituição da contribuição, esta perde seu fundamento de validade, de modo que

a exigência passa, então, a ser despida de embasamento constitucional. E é justamente essa a

situação atual da contribuição social instituída pelo art. 1º da lC 110/2001, considerando que a

última parcela dos complementos de correção monetária foi paga em janeiro de 2007, conforme

cronograma estabelecido na alínea 'e' do inciso II do art. 4º do Decreto 3.913/2001.

Não por acaso é que o Projeto de Lei do Senado 198/2007, recebido na Câmara como Projeto de

Lei Complementar 200/2012, estabelecia prazo para a extinção da contribuição social do art. 1º

da LC 110/2001. Embora o mesmo tenha sido vetado, por meio da Mensagem 300, publicada no

DOU de 25/07/2013, pág. 01, integralmente por contrariedade ao interesse público, o

exaurimento de sua finalidade legal fica bastante claro quando da leitura da motivação do veto.

'A sanção do texto levaria à redução de investimentos em importantes programas sociais e em

ações estratégicas de infraestrutura, notadamente naquelas realizadas por meio do Fundo de

Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FI-FGTS.

Particularmente, a medida impactaria fortemente o desenvolvimento do Programa Minha Casa,

Minha Vida, cujos beneficiários são majoritariamente os próprios correntistas do FGTS.' Logo,

tenho que há de se reconhecer que a contribuição instituída pelo art. 1º da lC 110 cumpriu a sua

finalidade, não havendo mais fundamento constitucional nem legal para a sua subsistência no

mundo jurídico. O desvio na destinação nada mais é do que nova destinação a demandar, se for

o caso, a instituição de nova contribuição.

Concluo, pois, pela “ ” 3

atendimento da finalidade para a qual foi criada. Como as contribuições vinculam-se a uma

finalidade constitucionalmente prevista, admitida ou ao menos justificada, não se pode mantê-

las após cumpridos os seus objetivos, ao menos não sem nova deliberação legislativa nesse

sentido. No sentido que exponho, segue a lição de Leando Paulsen: 'A finalidade para a qual

foram instituídas essas contribuições (financiamento do pagamento dos expurgos do Plano

Verão e Collor) era temporária e já foi atendida. Como as contribuições tem como característica

peculiar a vinculação a uma finalidade constitucionalmente prevista, nada há que justifique a

permanência da cobrança dessas contribuições da LC 110 após atendidos os objetivos fixados

pela norma.' (L. Paulsen, Direito Tributário, 2 Edição, Editora Livraria do Advogado, 2013, p.

118).

Ante o exposto, julgo procedente o pedido, com base no art. 269, inciso I, do CPC, para declarar

a inexigibilidade da contribuição sobre o saldo do FGTS, em caso de despedida sem justa causa,

de que trata o art. 1º da Lei Complementar 110/2001. (Ação Ordinária nº 49872-

13.2014.4.01.3400, JFDF, 9ª Vara, Juíza Liviane Kelly Soares Vasconcelos. Proferida em

08.09.2014) No entanto, como já adiantado, verifica-se que grande parte das decisões favoráveis

conquistadas pelos contribuintes em 1ª instância são revertidas pelos órgãos colegiados dos

tribunais. Para ilustrar o referido comportamento, aponta-se o acórdão do Tribunal Regional

Federal da 1° Região, que reverteu, em sede de Recurso de Apelação, a sentença proferida pela

Juíza Ivani Silva da Luz (publicada em 10.07.2014) – que declarou a inexigibilidade do crédito

tributário referente à contribuição social geral criada pelo art. 1° da LC 110/01.

A Quinta Turma entendeu que a norma não possui vigência temporária legalmente prescrita e

que inexiste disposição legal obrigando a destinação integral da arrecadação oriunda das

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contribuições instituídas ao FGTS após 2003, nos termos

ição social prevista no art. 1° da Lei

Complementar no 110/2001, ao contrario da contribuição prevista no art. 2° da mesma lei, não

teve nenhum prazo de vigência fixado. Não se trata de um preceito temporário, a viger de modo

limitado no tempo, descabendo

relevante a alegação de inconstitucionalidade da contribuição criada pelo art. 1o da Lei

Complementar

- - - - - 3 ue,

tendo sido editada a LC 110/2001 com a finalidade de recompor as perdas geradas em

decorrência do pagamento dos expurgos inflacionários referentes aos Planos Econômicos Collor

I e Verão, e tendo sido tais parcelas integralmente creditadas nas contas de FGTS dos

trabalhadores, não haveria mais razão jurídica a legitimar a sua cobrança, bastando, para tanto,

lembrar das milhares de ações ainda em curso, seja na fase de conhecimento ou fase de

execução, nas quais se postula a recomposição dos referidos expurgos inflacionários. 4. A

circunstância de ser o tributo em questão contribuição social e não imposto não implica concluir

que se destine, apenas, a cobrir os valores gastos com o pagamento dos acordos. A Lei prevê

que apenas nos exercícios de 2001, 2002 3

de valor equivalente à arrecadação das contribuições de que tratam os arts. 1o e 2o. Assim, nos

anos posteriores não há comando legal que imponha a destinação integral da receita ao FGTS. 5.

A alegação -

cobrança. 6. Apelação e remessa oficial a que se dá provimento. (Apelação n° 0061948-

40.2012.4.01.3400, TRF1, Quinta Turma, Relator Desembargador Federal Néviton Guedes. Dje

29.04.2015)

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No 3.500/2014-AsJConst/SAJ/PGR

Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DFRelator: Ministro Roberto BarrosoRequerentes: Confederação Nacional do Sistema Financeiro e Con-

federação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Ca-pitalização

Interessados: Presidente da RepúblicaCongresso Nacional

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 1º DA LEI COMPLEMENTAR

110, DE 29 DE JUNHO DE 2001. I. PRELIMINARES. INCOMPATIBILIDADE COM

EMENDA CONSTITUCIONAL SUPERVENIENTE (EC 33, DE 11 DE DEZEMBRO DE

2001): REVOGAÇÃO. DECLARAÇÃO NÃO CABÍVEL EM AÇÃO DIRETA. DESVIO

DO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. AUSÊNCIA DE

IMPUGNAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA. REAPRECIAÇÃO DA

CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º DA LC 110/2001, POR EXAURIMENTO DA

FINALIDADE PARA A QUAL FOI CRIADA A CONTRIBUIÇÃO: POSSIBILIDADE.II. MÉRITO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL GERAL DE CARÁTER PERMANENTE.DESTINAÇÃO EXPRESSA AO FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO

(FGTS).

I. Não se conhece de ação direta de inconstitucionalidadefundada em suposta incompatibilidade da lei pretérita comnorma constitucional superveniente, poisaí se tem revogaçãoda lei infraconstitucional, cuja declaração não cabe emação direta. Precedentes.

II. Desvio do produto da arrecadação de contribuição socialenseja declaração de inconstitucionalidade da norma orça-mentária que desnatura a exigência da exação, não danorma instituidora do tributo.

III. É possível rediscussão da constitucionalidade de normadeclarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, desde

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

que fundada em significativa alteração da realidade subjacenteà norma ou da interpretação constitucional.

IV. A destinação a finalidade constitucionalmente previstacompõe a estrutura da norma de competência tributáriadas contribuições. É inconstitucional tanto a lei que criecontribuição sem destinação quanto a lei orçamentária quea destine a finalidade outra que não a prevista na Constitui-ção da República.

V. A contribuição instituída pelo art. 1º da LC 110/2001,conquanto criada para recompor expurgos inflacionáriosnas contas vinculadas do Fundo de Garantia do Tempo deServiço (mens legislatoris), foi expressamente destinada peloart. 3º, § 1º, ao FGTS, em suas diversas finalidades (mens legis),com mera autorização de creditamento, às expensas do fundo,do complemento da atualização monetária relativo aos Pla-nos Verão e Collor I.

VI. A preponderância da vontade objetiva da lei (mens legis)sobre a intenção do legislador (mens legislatoris) constitui regrahermenêutica a ser observada no que se refere à destina-ção constitucional das contribuições especiais.

Parecer pelo parcial conhecimento da ação direta e, nessaextensão, pela improcedência do pedido.

I. RELATÓRIO

Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pe-

dido de medida cautelar, proposta pela CONFEDERAÇÃO NACIONAL

DO SISTEMA FINANCEIRO (CONSIF) e pela CONFEDERAÇÃO NACIONAL

DAS EMPRESAS DE SEGUROS GERAIS, PREVIDÊNCIA PRIVADA E VIDA,

SAÚDE SUPLEMENTAR E CAPITALIZAÇÃO (CNSEG) em face do art. 1º da

Lei Complementar 110, de 29 de junho de 2001, que instituiu

2

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

contribuição social incidente sobre o montante dos depósitos do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), à alíquota de

10%, a ser paga pelos empregadores nos casos de demissão sem

justa causa.

Este é o teor do dispositivo impugnado:

Art. 1º Fica instituída contribuição social devida pelos em-pregadores em caso de despedida de empregado sem justacausa, à alíquota de dez por cento sobre o montante detodos os depósitos devidos, referentes ao Fundo de Garan-tia do Tempo de Serviço – FGTS, durante a vigência docontrato de trabalho, acrescido das remunerações aplicáveisàs contas vinculadas.Parágrafo único. Ficam isentos da contribuição social instituídaneste artigo os empregadores domésticos.

Sustentam as requerentes, em preliminar, que não está sujeito

o Supremo Tribunal Federal à eficácia vinculante das decisões pro-

feridas no julgamento das ADIs 2.556/DF e 2.568/DF e que a

nova análise da constitucionalidade do art. 1º da LC 110/2001 de-

corre de fatos supervenientes referentes: (I) ao exaurimento da fi-

nalidade da contribuição social, (II) ao desvio de finalidade do

produto da arrecadação e (III) à carência de suporte no art. 149,

§ 2º , III, a, da Constituição da República (incluído pela Emenda

Constitucional 33, de 11 de dezembro de 2001).

Aduzem, como fundamentos, que:

a) a contribuição social do art. 1º da LC 110/2001 foi criada

para recompor expurgos inflacionários nas contas vinculadas do

FGTS relativos aos Planos Verão e Collor I, em face do decidido

pelo Supremo Tribunal Federal nos recursos extraordinários

3

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

248.188/SC e 226.855/RS, e que “desde junho de 2012 deixou de

existir a finalidade originalmente atrelada à instituição da contri-

buição social […], que não pode ser exigida desde então” (folha 28

da petição inicial);

b) há inconstitucionalidade superveniente da contribuição social

instituída pelo art. 1º da LC 110/2001, pois sua base de cálculo não

está entre as previstas no art. 149, § 2º, III, a, da Constituição da

República, incluído pela EC 33/2001;

c) o desvio do produto da arrecadação da contribuição social do

art. 1o da LC 110/2001 acarreta inconstitucionalidade da exação,

pois as contribuições sociais exigem destinação específica.

Requerem, ante a irreparabilidade ou insuportabilidade dos da-

nos e a necessidade de garantir eficácia à decisão, medida cautelar

para suspender os efeitos da norma e, ao final, declaração de in-

constitucionalidade do art. 1º da Lei Complementar 110/2001.

A liminar foi indeferida. Adotou-se o rito do art. 12 da Lei

9.868, de 10 de novembro de 1999 (decisão na peça 19).

A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA apresentou informações, asse-

verando caráter permanente da contribuição social em foco, a des-

tinação do produto da arrecadação a programas vinculados ao

FGTS e inexistência de violação aos arts. 149, § 2º , III, a, da

Constituição da República (peça 25).

O CONGRESSO NACIONAL aponta, preliminarmente, ilegitimi-

dade ativa ad causam da CNSEG. No mérito, afirma (I) inexistir re-

4

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

lação entre a vigência da contribuição social em causa e o paga-

mento do passivo financeiro dos expurgos inflacionários,

(II) constitucionalidade da base de cálculo da exação e (III) aplica-

ção do produto da arrecadação na manutenção da “higidez do

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço” (peça 27).

A ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO manifestou-se pela improce-

dência do pedido, com o fundamento de que “a norma não vin-

cula as contribuições por ela criadas especificamente à existência

de déficit nas contas do FGTS oriundo dos expurgos inflacioná-

rios”, pois sua finalidade está definida no art. 3º, § 1º, da LC

110/2001 e corresponde ao aporte de receitas ao FGTS. Aduz que

exposição de motivos não vincula interpretação da lei e que o dis-

posto no art. 149, § 2º, III, a, da CR, não é fundamento superveni-

ente capaz de legitimar reapreciação de sua constitucionalidade

(peça 30).

Há pedido de admissão da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE,

HOSPITAIS E ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS (CNS) como amicus curiæ,

ainda não apreciado pelo relator (petição na peça 32).

II. PRELIMINARES

II.1. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE LEGITIMIDADE ATIVA DA CNSEG

Não consta dos autos prova do registro sindical da

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS DE SEGUROS GERAIS,

PREVIDÊNCIA PRIVADA E VIDA, SAÚDE SUPLEMENTAR E CAPITALIZAÇÃO

5

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

(CNSEG), no MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, e de sua cons-

tituição por mais de três federações, para fins de qualificação como

entidade sindical de terceiro grau, na forma do art. 535 da Con-

solidação das Leis do Trabalho (CLT).

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que

a legitimidade ativa ad causam das entidades sindicais para ajuiza-

mento de ação direta de inconstitucionalidade depende do enqua-

dramento formal e material destas no conceito legal de

confederação sindical delineado pelo art. 535 da CLT.1 A CNSEG

deverá ser intimada para, querendo, regularizar a instrução proces-

sual, com prova de sua qualificação como confederação sindical,

sob pena de reconhecimento de ilegitimidade ativa ad causam.

II.2. NÃO CONHECIMENTO DE AÇÃO DIRETA FUNDADA EM

INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE

Sustenta-se inconstitucionalidade superveniente da contri-

buição do art. 1º da LC 110/2001, por não estar a base de cálculo

da contribuição entre as previstas no art. 149, § 2º, III, a, da Cons-

tituição da República, incluído pela Emenda Constitucional 33, de

11 de dezembro de 2001.

Não se conhece, porém, de ação direta de inconstituciona-

lidade fundada em incompatibilidade da lei pretérita com

norma constitucional superveniente, pois, nessa hipótese, o que

se tem é pura e simples revogação da lei infraconstitucional.

1 Revista Trimestral de Jurisprudência, v. 139, p. 486; RTJ, v. 159, p. 413.

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

Nesse sentido é, por exemplo, trecho da ementa do seguinte

julgado:

1. É da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal – mal-grado o dissenso do Relator – que a antinomia entre normaordinária anterior e a Constituição superveniente se resolveem mera revogação da primeira, a cuja declaração não sepresta a ação direta.2. O mesmo raciocínio é aplicado quando, por força deemenda à Constituição, a lei ordinária ou complementar an-terior se torna incompatível com o texto constitucional mo-dificado: precedentes.2

Ademais, na data do julgamento das medidas cautelares nas

ADIs 2.556/DF e 2.568/DF3 e do julgamento definitivo dessas

ações,4 já estava em vigor a redação dada pela EC 33/2001 ao art.

149 da CR. Como a causa de pedir na ação direta é aberta e não

houve, em relação ao parâmetro indicado, alteração significativa da

realidade constitucional subjacente, não cabe conhecer a ação di-

reta para submeter a questão a reapreciação do Supremo Tribunal

Federal.

Portanto, não se deve conhecer da ação direta de inconstitu-

cionalidade por suposta ofensa ao art. 149, § 2o, III, a, da Constitui-

ção da República, na redação dada pela EC 33/2001.

2 STF. Plenário. ADI 3.569/PE. Relator: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE.2/4/2007, unânime. Diário da Justiça, 11 maio 2007.

3 STF. Plenário. ADIs 2.556-MC/DF e 2.568-MC/DF. Rel.: Min. MOREIRA

ALVES. 9/10/2002, maioria. DJ, 8 ago. 2003.4 STF. Plenário. ADIs 2.556/DF e 2.568/DF. Rel.: Min. JOAQUIM BARBOSA.

13/6/2002, maioria. DJ eletrônico, 20 set. 2012.

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

II.3. DESVIO DO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO:AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DA NORMA ORÇAMENTÁRIA

O desvio do produto da arrecadação da contribuição social

do art. 1º da LC 110/2001 ensejaria, caso reconhecido, inconstitu-

cionalidade da lei orçamentária que desvinculou os recursos da

contribuição, não a inconstitucionalidade da norma jurídica ins-

tituidora da exação.

É, nesse sentido, a orientação desse Tribunal:

PROCESSO OBJETIVO – AÇÃO DIRETA DE

INCONSTITUCIONALIDADE – LEI ORÇAMENTÁRIA. Mostra-se ade-quado o controle concentrado de constitucionalidadequando a lei orçamentária revela contornos abstratos e au-tônomos, em abandono ao campo da eficácia concreta.LEI ORÇAMENTÁRIA – CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO

DOMÍNIO ECONÔMICO – IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE

PETRÓLEO E DERIVADOS, GÁS NATURAL E DERIVADOS DE

ÁLCOOL COMBUSTÍVEL – CIDE – DESTINAÇÃO – ARTIGO 177,§ 4º , DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. É inconstitucional interpre-tação da Lei Orçamentária no 10.640, de 14 de janeiro de2003, que implique abertura de crédito suplementar em ru-brica estranha à destinação do que [seja] arrecadado a partirdo disposto no § 4º do artigo 177 da Constituição Federal,ante a natureza exaustiva da alíneas a, b, e c do inciso II docitado parágrafo.5

A ação direta de inconstitucionalidade, contudo, não im-

pugna a lei orçamentária que tenha supostamente desviado o

produto da arrecadação da contribuição social sob exame.

Não se deve conhecer a ação direta no que concerne a esse

aspecto, por não questionar a lei orçamentária anual respectiva.

5 STF. Plenário. ADI 2.925/DF. Rel.: Min. ELLEN GRACIE. 4/3/2005, maioria.DJ, 4 mar. 2005.

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

II.4. REEXAME DA CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1O

DA LEI COMPLEMENTAR 110/2001

Não há óbice a priori à admissão de ação direta de constitucio-

nalidade para rediscutir norma já declarada constitucional pelo Su-

premo Tribunal Federal, desde que se baseie em alteração relevante

de situação de fato e das próprias concepções jurídicas em que se

lastreou a declaração de constitucionalidade, uma vez que a eficá-

cia vinculante da decisão não se impõe ao próprio Supremo.6

Esclarece LUIZ GUILHERME MARINONI:

Se a causa de pedir das ações diretas de inconstitucionalidadeé aberta, incluindo qualquer fundamento que esteja na Cons-tituição, não há como supor que a eficácia preclusiva da deci-são de (in)constitucionalidade possa liberar qualquer fundamentopara ensejar outra – no sentido de distinta ou diversa – açãode inconstitucionalidade. Se todos os fundamentos constitu-cionais podem ser livremente analisados pela Corte, aindaque não contidos em uma específica causa de pedir, não hácomo admitir que determinado fundamento não tenha sidodeduzido ou discutido na ação de (in)constitucionalidade.No entanto, é preciso ver que a noção de causa de pedir aberta,como não poderia deixar de ser, é atrelada a um instante, umavez que engloba as várias causas de pedir que podem existir emcerto momento. Ou seja, a ideia de causa de pedir aberta nãoperde algo que é essencial ao próprio conceito de causa de pe-dir, precisamente a sua dimensão temporal, concretizada medi-ante lembrança de que toda causa de pedir é o reflexo deum estado jurídico e de fato que se apresenta em determi-nado momento histórico. De modo que a causa de pedir aberta,por consequência, espelha os fundamentos constitucionais váli-dos em certo instante da história.Como se percebe, a historicidade inerente à validez dos fun-damentos constitucionais deixa entrever que a decisão de

6 Nesse sentido: STF. Plenário. Rcl 4.374/PE. Rel.: Min. GILMAR MENDES.18/4/2013, maioria. DJe, 4 nov. 2013; STF. Plenário. ADI 2.675-QO. Rel.Min. CARLOS VELLOSO. 27/11/2003, maioria. DJ, 9 dez. 2003.

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

constitucionalidade pode ser objeto de rediscussão na medidaem que os fundamentos constitucionais, bem como a suacompreensão, se alteram ao longo do tempo. É certo queesta leitura pressupõe que o controle abstrato das normas consti-tucionais não pode se desligar dos fatos sociais. A transforma-ção da realidade e dos valores sociais, bem como a alteraçãoda compreensão geral do direito, podem levar a norma a teroutro sentido, e, assim, à admissão de que uma lei antes vistacomo constitucional pode passar a ser inconstitucional.[…] No caso de definição da legitimidade de norma em faceda Constituição, a questão sempre estará situada unicamentesobre a norma e, por consequência, sobre a atuação do próprioSTF. Ou seja, diante da alteração dos valores, da realidade so-cial ou da concepção geral do direito, desaparece a legitimi-dade constitucional da norma, a obrigar o STF a proferir outradecisão acerca da constitucionalidade da mesma norma.7

O art. 1º da Lei Complementar 110, de 29 de junho de 2001,

foi declarado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no

julgamento das ADIs 2.556/DF e 2.568/DF. Assentou a Corte,

na oportunidade, que “o argumento relativo à perda superveni-

ente de objeto dos tributos em razão do cumprimento de sua fi-

nalidade deverá ser examinado a tempo e modo próprios.”

As alegações de exaurimento da finalidade para a qual foi ins-

tituída a contribuição social do art. 1º da LC 110/2001 e de desvio

de finalidade do produto de sua arrecadação são aptas a justificar

novo pronunciamento do STF acerca da legitimidade constitucio-

nal da exação.

A ação direta é passível de conhecimento nesse aspecto, por

conseguinte.

7 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO,Daniel. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tri-bunais, 2013, p. 1.058-1.062.

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

III. MÉRITO

III.1. DESTINAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES COMO CRITÉRIO

DE VALIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA

A doutrina majoritária e a jurisprudência dominante reconhe-

cem as contribuições como espécie tributária autônoma. JOSÉ

SOUTO MAIOR BORGES, com a profundidade e o rigor que o ca-

racterizam, identifica a autonomia das contribuições em relação

aos impostos pelo caráter finalístico ou teleológico daquelas, por-

quanto são criadas para atender a finalidade constitucional especí-

fica.8

MARCO AURÉLIO GRECO destaca que “quando a Constituição

atribui a competência à União para instituir contribuição não está

enumerando fatos geradores, mas qualificando fins a serem bus-

cados com sua instituição.”9 O regime jurídico autônomo das con-

tribuições é, portanto, determinado pela exigência de vinculação do

tributo a determinada finalidade constitucional.

Em voto proferido no julgamento do RE 183.906/SP, o

Ministro CARLOS VELLOSO, ao afirmar que a inconstitucionalidade

da destinação da contribuição pela lei orçamentária não atingi-

ria a exigibilidade da própria contribuição, ponderou:

8 BORGES, José Souto Maior. Alterações procedidas na CF de 1988 pelaEmenda Constitucional nº 33/2001: contribuição de intervenção no do-mínio econômico – Lei nº 10.336/2001. In: SOUZA, Hamilton Dias de(coord.). Tributação específica. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 126-129.

9 GRECO, Marco Aurélio. Contribuições: uma figura sui generis. São Paulo:Dialética, 2000, p. 38.

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Uma ressalva é preciso ser feita. É que caso há, no sistematributário brasileiro, em que a destinação do tributo diz coma legitimidade deste, e, por isso, não ocorrendo a destinaçãoconstitucional do mesmo, surge para o contribuinte o direitode não pagá-lo. Refiro-me às contribuições parafiscais – so-ciais, de intervenção no domínio econômico e de interessede categorias profissionais ou econômicas, C.F., art. 149 – eaos empréstimos compulsórios (C.F., art. 148).10

De fato, a destinação do tributo a finalidade constitucional-

mente admitida compõe a estrutura da regra matriz de incidência da

norma de competência tributária das contribuições. A destinação

desta à finalidade que lhe deu ensejo à instituição é, portanto, con-

dição necessária para sua legitimação.

A esse respeito, registra LUCIANO AMARO:

[…] há situações em que a destinação do tributo é posta pelaConstituição como aspecto integrante do regime jurídico dafigura tributária, na medida em que apresenta como condi-ção, requisito, pressuposto ou aspecto do exercício legítimo(isto é, constitucional) da competência tributária.Nessas circunstâncias, não se pode, ao examinar a figura tri-butária, ignorar a questão da destinação, nem descartá-la comocritério que permita distinguir de outras a figura analisada.11

ROQUE ANTÔNIO CARRAZZA, ao assentar o caráter finalístico das

contribuições e a relevância de sua afetação para o Direto Tribu-

tário, conclui que “a finalidade é o caminho mas seguro para a iden-

tificação do regime jurídico das contribuições, o que equivale a dizer que

10 STF. Plenário. RE 183.906/SP. Rel.: Min. MARCO AURÉLIO. DJ, 30 abr. 1998.11 AMARO, Luciano. Direito Tributário brasileiro. 12. ed. São Paulo: Saraiva,

2006, p. 77.

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qualquer desvio, neste ponto, acarretará a injuridicidade da pró-

pria cobrança destas exações.”12

MISABEL DE ABREU MACHADO DERZI, de forma semelhante,

elucida que, “inexistente o ato provocador do gasto ou desviado o

produto arrecadado para outras finalidades não autorizadas na

Constituição, cai a competência do ente tributante para legislar e

arrecadar.”13

A instituição de contribuição sem destinação a escopo consti-

tucionalmente previsto é, portanto, juridicamente inválida, assim como

a lei que destine contribuição para finalidade outra que não a pre-

vista na Constituição da República.

III.2. DESTINAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO ART. 1º DA LC 110/2001

A Lei Complementar 110/2001, no art. 3º , § 1º , expressa-

mente destina a receita das contribuições previstas nos arts. 1º e 2º

ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Seu art. 4o ape-

nas autorizou à Caixa Econômica Federal o creditamento, nas contas

vinculadas do FGTS e às expensas do próprio fundo, do comple-

mento da atualização monetária reconhecido pelas decisões judici-

ais do Supremo Tribunal Federal nos REs 248.188/SC e

12 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 26.ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 603.

13 BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. 8. ed. Riode Janeiro: Forense, 2010, p. 943.

13

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PGR Ação direta de inconstitucionalidade 5.050/DF

226.855/RS, decorrentes de expurgos inflacionários gerados pelos

Planos Verão14 e Collor I.15

Essa Suprema Corte, ao julgar a medida cautelar nas ADIs

2.556/DF e 2.568/DF, assentou que a contribuição do art. 1º da

LC 110/2001, além de haver sido instituída por prazo indetermi-

nado, possuí natureza jurídica de contribuição social geral, justa-

mente por destinar-se ao FGTS. Nas palavras do então relator, o

eminente Ministro MOREIRA ALVES:

[…] não integrando o produto da arrecadação delas [con-tribuições dos arts. 1º e 2º ] a receita pública, por ser elerecolhido pela Caixa Econômica Federal diretamente aoFundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), paradepois, com os recursos desse Fundo, que são vários, credi-tar nas contas vinculadas dos empregados o complemento deatualização monetária para cujo suporte foram essas exa-ções criadas, não há que se pretender que sejam impos-tos[,] por não gerarem receita pública.De outra parte, sendo exações tributárias que também sedestinam ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, en-quadram-se elas no disposto no artigo 217, IV e V, do Có-digo Tributário Nacional, o qual alude a contribuição destinadaa ele e admite-se a criação por Lei de outras de fins sociais.

14 O chamado “Plano Verão” foi uma das fracassadas tentativas de debelar ainflação nos anos 1980, capitaneado pelo então Presidente JOSÉ SARNEY eseu Ministro MAÍLSON DA NÓBREGA. As medidas foram introduzidas pelaMedida Provisória 32, de 15 de janeiro de 1989, que se converteu na Lei7.730, de 31 de janeiro de 1989.

15 O denominado “Plano Collor I” foi outra experiência sem resultado paracontrole da inflação, conduzida pelo Presidente FERNANDO COLLOR DE

MELLO e sua Ministra ZÉLIA CARDOSO DE MELLO. Algumas das principaisnormas que deram estrutura jurídica ao plano foram a Medida Provisória168, de 15 de março de 1990 (convertida na Lei 8.024, de 12 de abril de1990 – que instituiu o cruzeiro como unidade monetária do país), e aMedida Provisória 154, de 15 de março de 1990 (convertida na Lei 8.030,de 12 de abril de 1990 – que alterou os reajustes de preços da economia),entre outras.

14

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E, tendo ambas as exações tributárias ora impugnadas ine-quívoca finalidade social (atender ao direito social referidono inciso III do artigo 7o da Constituição de 1988), são con-tribuições sociais.16

É inegável que as contribuições sociais dos arts. 1º e 2º da LC

110/2001 foram criadas para recompor expurgos inflacionários

nas contas vinculadas do FGTS, relativos aos Planos Verão e Col-

lor I. A destinação eleita pelo legislador, sem embargo, foi ao

FGTS, em suas várias finalidades, não para atender a despesa es-

pecífica e temporária do fundo, relacionada a déficit nas contas

vinculadas, decorrente dos expurgos inflacionários.

A finalidade constitucional que legitima a contribuição so-

cial do art. 1º da LC 110/2001 é a constante do art. 7º , III, da

Constituição da República, não o reforço puro e simples, de cu-

nho transitório, de caixa do FGTS para fazer frente ao comple-

mento de atualização monetária do saldo das contas vinculadas

desse fundo.

A exposição de motivos da LC 110/2001, conquanto justifi-

que a criação das contribuições dos arts. 1º e 2º no déficit das

contas vinculadas do FGTS, não vincula desse modo a lei elabo-

rada a partir dessa proposição. Nada impede que a lei dê destina-

ção diversa da constante na justificação da proposição legislativa,

desde que para atender a finalidade constitucionalmente prevista e

desde que seja válido o suporte linguístico da norma.

16 STF. Plenário. ADI 2.556-MC/DF. Rel.: Min. MOREIRA ALVEs. 9/10/2002,maioria. DJ, 8 ago. 2003.

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A vontade objetiva da lei prevalece sobre a intenção do legis-

lador. A mens legislatoris, conquanto relevante para a interpretação

autêntica da norma jurídica, não se sobrepõe à mens legis.

Já o esclarecia muito bem CARLOS MAXIMILIANO:

A lei é a vontade transformada em palavras, uma força cons-tante e vivaz, objetiva e independente do seu prolator; pro-cura-se o sentido imanente no texto, e não o que o elaboradorteve em mira.O aplicador extrai da fórmula concreta tudo o que ela podedar implícita ou explicitamente, não só a ideia direta, clara,evidente, mas também a indireta, ligada à primeira por seme-lhança, deduzida por analogia. Eis por que se diz que – “a leié mais sábia que o legislador” […].A pesquisa da intenção ou do pensamento contido no textoarrasta o intérprete a um terreno movediço, pondo-o em riscode tresmalhar-se em inundações subjetivas. Demais, restringeo campo da sua atividade: ao invés de a estender a toda a subs-tância do Direito, limita ao elemento espiritual da norma jurí-dica, isto é, a uma parte do objeto da exegese e eventualmenteum dos instrumentos desta. Reduzir a interpretação à procurado intento do legislador é, na verdade, confundir o todo com aparte; seria útil, embora nem sempre realizável, aquela desco-berta; constitui um dos elementos da Hermenêutica; mas, nãoo único; nem sequer o principal e o mais profícuo […].Procura-se, hoje, o sentido objetivo, e não se indaga do pro-cesso da respectiva formação, quer individual, no caso do ab-solutismo, quer coletiva, em havendo assembleiadeliberante – como fundamento de todo o labor do herme-neuta. […]Com a promulgação, a lei adquire vida própria autonomia re-lativa; separa-se do legislador; contrapõe-se a ele como umproduto novo; dilata e até substitui o conteúdo respectivosem tocar nas palavras; mostra-se, na prática, mais previdenteque o seu autor. […] Logo, ao intérprete incumbe apenasdeterminar o sentido objetivo do texto, a vis ac potestas legis;deve ele olhar menos para o passado do que para o presente,

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adaptar a norma à finalidade humana, sem inquirir da von-tade inspiradora da elaboração primitiva.17

A expressa destinação legal da contribuição do art. 1º da LC

110/2001 ao FGTS (art. 3º, § 1º, combinado com o art. 13), além

de reforçar o prazo indeterminado do tributo, afasta, de pronto, o

argumento de exaurimento da sua finalidade e, sob esse aspecto,

inviabiliza modificar a decisão do Supremo Tribunal Federal no

que se refere à constitucionalidade da norma (objeto das citadas

ADIs 2.556/DF e 2.568/DF).

A contribuição em foco é, por conseguinte, compatível

com a Constituição da República.

IV. CONCLUSÃO

Ante o exposto, opina o Procurador-Geral da República pelo

conhecimento parcial da ação direta de inconstitucionalidade e, nesta

extensão, pela improcedência do pedido.

Brasília (DF), 21 de julho de 2014.

Rodrigo Janot Monteiro de Barros

Procurador-Geral da República

RJMB/WS/PC-Par.PGR/WS/1.804/2014

17 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do Direito. 19. ed. Rio deJaneiro: Forense, 2006, p. 23-25.

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DESVIO DE FINALIDADE

17 de setembro de 2015, 13h56

Por Tadeu Rover

O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral de recurso que discute aconstitucionalidade da cobrança de adicional de 10% nas multas de FGTS em caso dedemissão sem justa causa. O valor é cobrado em conjunto com a multa de 40%, mas afatia fica com a União.

O adicional foi criado pela Lei Complementar 110/2001 para cobrir uma despesaespecífica da União: a recomposição, determinada pelo Supremo, das contasvinculadas ao FGTS atingidas pelos expurgos inflacionários dos Planos Verão e Collor I,rombo então orçado em R$ 42 bilhões.

A repercussão geral foi reconhecida em recurso apresentado Indústria deTelecomunicação Eletrônica Brasileira (Intelbras). No recurso, a empresa alega que acobrança é indevida pois sua finalidade já foi atingida em 2007. Além disso, aIntelbras aponta que a Caixa Econômica Federal afirmou, em ofício, que a arrecadaçãoda contribuição está sendo remetida ao Tesouro Nacional, uma vez que as contas doFGTS já não são mais deficitárias.

A cobrança chegou a ser extinta pelo Congresso em 2013, mas a proposta foi vetadapela presidente Dilma Rousseff. Mas foi a mensagem da presidente que motivou orecurso que agora será julgado pelo Supremo.

No texto, Dilma afirma que o adicional não poderia ser cortado pois seus rendimentossão usados no financiamento de programas sociais como o Minha Casa Minha Vida.

Ao votar pela repercussão geral, o ministro Marco Aurélio, relator do RecursoExtraordinário, lembrou que o Supremo já analisou a constitucionalidade dacontribuição no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.556, darelatoria do ministro Joaquim Barbosa. No entanto, segundo o ministro, "acontrovérsia contemporânea envolve definir se a satisfação do motivo pelo qual foi

Adicional de 10% na multa de FGTS temrepercussão geral reconhecida pelo STF

ConJur - Supremo reconhece repercussão geral de multa de 10% de FGTS http://www.conjur.com.br/2015-set-17/adicional-10-multa-fgts-repercuss...

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criada implica a inconstitucionalidade superveniente da obrigação tributária".

"A controvérsia, passível de repetição em inúmeros casos, está em saber se, constatadoo exaurimento do objetivo para o qual foi instituída a contribuição social, deve serassentada a extinção do tributo ou admitida a perpetuação da cobrança ainda que oproduto da arrecadação seja destinado a fim diverso do original", registrou o ministro.

A maioria dos ministros votou pelo reconhecimento da repercussão geral.Ficaram vencidos os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Edson Fachin. Não semanifestaram os ministros Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Como só é rejeitada arepercussão geral se oito ministros votarem contra a admissão do recurso, o Supremojulgará a constitucionalidade da manutenção do adicional de 10%.

ADIsAlém do Recurso Extraordinário, há duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs5.050 e 5.051) que pedem a extinção do artigo 1º da Lei Complementar 110/2001. Ospedidos foram protocolados pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro(Consif), Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privadae Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) e pela Confederação Nacional doComércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Em ambas as ações, as entidades se utilizam do mesmo argumento da Intelbrás noRecurso Extraordinário: a finalidade da cobrança já foi atingida, como informou aCaixa Econômica Federal em julho de 2012. Por isso, segundo as entidades, desdeentão a lei passou a ser inconstitucional. Além disso, também apontam o desvio definalidade da cobrança. O ministro Roberto Barroso é o relator das ADIs.

RE 878.313/SCADI 5.050ADI 5.051

Tadeu Rover é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 17 de setembro de 2015, 13h56

ConJur - Supremo reconhece repercussão geral de multa de 10% de FGTS http://www.conjur.com.br/2015-set-17/adicional-10-multa-fgts-repercuss...

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25/07/2013 - 08:21

Dilma veta fim da multa adicional de 10% sobre FGTSem demissão

Por Mônica Izaguirre

BRASÍLIA - (Atualizada às 11h24) A presidente Dilma Rousseff vetou o projeto de lei que extinguiria a contribuiçãosocial devida pelas empresas quando demitem trabalhadores sem justa causa. Em mensagem publicada no “Diário Oficial daUnião” desta quinta-feira, ela justifica que o projeto é contrário ao interesse público porque reduziria em R$ 3 bilhões porano a receita do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Instituída por uma lei complementar em junho de 2001, a contribuição, na prática, elevou a multa paga pelas empresas nasdemissões sem justa causa. Elas pagavam 40% e passaram a pagar 50% sobre o valor dos depósitos feitos na conta de FGTSdo trabalhador demitido ao longo da duração do contrato de trabalho.

As pessoas demitidas continuaram a receber só os 40%. O adicional de 10% foi criado para ajudar a financiar os chamadoscréditos complementares do FGTS, cujo pagamento foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal, após anos de brigajudicial entre governo e entidades sindicais.

Com esse reforço, a Caixa Econômica Federal, agente operadora do FGTS, conseguiu ressarcir aos trabalhadores que tinhamsaldo de FGTS na época a correção monetária expurgada pelos planos econômicos Verão (16,64%, em janeiro de 1989) eCollor I (44,8%, em abril de 1990).

Pagos os créditos, no entanto, a contribuição criada para financiá-los permaneceu. O Senado então aprovou, no ano passado,projeto fixando prazo para sua extinção. A redação final, encaminhada para sanção em julho deste ano após aprovaçãotambém pela Câmara dos Deputados, previa que a contribuição só seria cobrada até 1 de junho de 2013.

A sanção do projeto aprovado pelo Congresso “levaria à redução de investimentos em importantes programas sociais e emações estratégicas de infraestrutura, notadamente naquelas realizadas por meio do Fundo de Investimento do Fundo deGarantia do Tempo de Serviço - FI-FGTS. Particularmente, a medida impactaria fortemente o desenvolvimento do ProgramaMinha Casa, Minha Vida, cujos beneficiários são majoritariamente os próprios correntistas do FGTS”, justificou apresidente Dilma em sua mensagem de veto .

Ela argumentou ainda que a proposta não foi acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-financeiro e das devidasmedidas para compensar esse impacto, como exige a Lei de Responsabilidade Fiscal nesses casos.

(Mônica Izaguirre | Valor)

Dilma veta fim da multa adicional de 10% sobre FGTS em demissão http://www.valor.com.br/imprimir/noticia/3210228/politica/3210228/dil...

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