8
PSDB toma três tombos em dois dias Palocci: Pré-sal fez Lula pedir propina diretamente Pág. 3 Preso ex-governador Richa. Polícia Federal na cola de Azambuja Perillo (GO) acionado por desviar 2,1 bi do ensino. Acabou foro privilegiado isse o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, na ter- ça-feira: “Tolerância zero e todo apoio à Lava Jato! A lei é para todo mun- do, não interessa de que partido é. Quem deve, paga, é punido”. No mesmo dia, foi preso o ex-governador e candidato ao Senado, do PSDB, no Paraná, Beto Richa; no dia seguinte, 14 asseclas do gover- nador Azambuja (PSDB-MS), inclusive o filho e operador deste, tiveram a prisão de- cretada; também nesse dia, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO) foi denunciado por desviar R$ 2,1 bilhão das verbas para a Educação. Pág. 3 14 a 18 de Setembro de 2018 ANO XXVIII - Nº 3.667 ‘Faça a Operação Lava Voto’, diz Marina a eleitor Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL Ciro afirma que irá revogar Emenda do Teto de gastos O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, afir- mou, em sabatina realizada na quarta-feira, que vai revogar a Emenda Constitucional do Teto de Gastos, aprovada por Temer e Meirelles, e tributar lucros, dividendos e heranças de forma progressiva. Pág. 3 Condenado mais 2 vezes, Sérgio Cabral soma 183 anos de cadeia A Justiça Federal condenou em mais um processo o ex-go- vernador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), nesta quarta-feira (12), pelos crimes de formação de cartel e fraude nas obras do Maracanã e PAC das Favelas, somando mais 12 anos de cadeia. Cabral já havia sido condenado nesta terça- feira (11) a 47 anos. Hoje suas penas somadas já ultrapassam 183 anos de prisão. Página 4 O ex-governador foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Dentro da Operação Vostok, a PF prendeu Rodrigo Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja (foto) De acordo com a promotora, ex-governador tirou da Educação 2 bilhões, 182 milhões, 345 mil e 466 reais Paraná: Casal Fernanda e Beto, ação por crime organizado e na Lava Jato Goiás: Improbidade administrativa bilionária do tucano vira ação do MP Mato Grosso do Sul: buscas na casa do governador tucano e filho preso Governador do PSDB falsifica- va contabilidade do Estado para desviar dinheiro das verbas da Educação, denunciou o MP . P . 3 Propinas da JBS, em troca de isenções de impostos, eram lava- das através de notas frias. Ope- rador era seu filho. Págs. 3 e 4 Além de Beto Richa, foram presos sua mulher e seu irmão – ambos secretários no governo Richa – e mais três sequazes. P . 3 Produção de alimentos cai 6,2% enquanto a soja sobe A safra de cereais, legumi- nosas e oleaginosas deverá atingir 225,8 milhões de tone- ladas este ano, 6,2% menor do que a obtida em 2017, de 240,6 milhões de toneladas, segundo estimativa do IBGE, divulga- da na terça-feira (11). A área a ser colhida também encurtou, foi calculada em 61 milhões de hectares, redução de 159,8 mil hectares em relação a 2017. Enquanto isso, a produção de soja - transformada em farelo e exportada para alimentação animal - cresceu 1,6%. Em um país com mais de 13 milhões de famintos, estamos substi- tuindo a produção de comida pela commoditie que não paga imposto (exportação é isenta) e pouco contribui para a Pre- vidência (rural). Página 2 Bolsonaro até hoje não conseguiu se explicar sobre a frase que disse no Estado do Amazonas no final do ano passado. O candidato afirmou na época que, para “salvar ao menos parte da Amazônia, é preciso buscar parcerias com países democráticos como os EUA para a exploração dos recursos minerais”. “Será que a Amazônia ainda é nossa? Hoje em dia, ouso dizer que dificilmente a Amazônia é nossa”, disse. Página 3 Bolsonaro quer pôr EUA infiltrados na Amazônia brasileira Para João Goulart, sem aumento real do salário mínimo, diminuir desigualdades vira conversa fiada João Goulart Filho, candi- dato a presidente pelo Pátria Livre (PPL), defendeu, na quarta-feira, que os salários brasileiros têm que ser eleva- dos como condição indispen- sável para que o país possa sair da crise. Não adianta fugir desse assunto. “Temos que encará-lo de frente. Ou então a crise persistirá. O salário mínimo é muito baixo, e isso mantém estrangulado o nosso mercado interno”, afirmou João Goulart. Pág. 3 Marina Silva, candidata à presidente pelo Rede, conclamou os eleitores a não votarem nos mesmos partidos que governaram o país recentemente: “Se as pessoas, de fato, querem combater a corrupção, faça a Operação Lava Voto”. P. 3 Reprodução Estadão Wilson Dias Reuters Estadão Flavio Bolsonaro/Twiter - Reproduçao

PSDB toma três tombos em dois dias Preso ex-governador ...§ão-3...Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja (foto) De acordo com a promotora, ex-governador tirou da Educação

Embed Size (px)

Citation preview

PSDB toma três tombos em dois dias

Palocci: Pré-sal fez Lula pedir propina diretamentePág. 3

Preso ex-governadorRicha. Polícia Federal na cola de Azambuja

Perillo (GO) acionado por desviar 2,1 bi do ensino. Acabou foro privilegiado

isse o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, na ter-ça-feira: “Tolerância zero e todo apoio à Lava Jato! A lei é para todo mun-do, não interessa de que partido é. Quem deve,

paga, é punido”. No mesmo dia, foi preso o ex-governador e candidato ao Senado, do PSDB,

no Paraná, Beto Richa; no dia seguinte, 14 asseclas do gover-nador Azambuja (PSDB-MS), inclusive o filho e operador deste, tiveram a prisão de-cretada; também nesse dia, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO) foi denunciado por desviar R$ 2,1 bilhão das verbas para a Educação. Pág. 3

14 a 18 de Setembro de 2018ANO XXVIII - Nº 3.667

‘Faça a Operação Lava Voto’, diz Marina a eleitor

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

Ciro afirma que irá revogar Emenda do Teto de gastos

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, afir-mou, em sabatina realizada na quarta-feira, que vai revogar a Emenda Constitucional do Teto de Gastos, aprovada por Temer e Meirelles, e tributar lucros, dividendos e heranças de forma progressiva. Pág. 3

Condenado mais 2 vezes, Sérgio Cabral soma 183 anos de cadeia

A Justiça Federal condenou em mais um processo o ex-go-vernador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), nesta quarta-feira (12), pelos crimes de formação de cartel e fraude nas obras do Maracanã e PAC das Favelas, somando mais 12 anos de cadeia. Cabral já havia sido condenado nesta terça-feira (11) a 47 anos. Hoje suas penas somadas já ultrapassam 183 anos de prisão. Página 4

O ex-governador foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)

Dentro da Operação Vostok, a PF prendeu Rodrigo Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja (foto)

De acordo com a promotora, ex-governador tirou da Educação 2 bilhões, 182 milhões, 345 mil e 466 reais

Paraná: Casal Fernanda e Beto, ação por crime organizado e na Lava Jato

Goiás: Improbidade administrativa bilionária do tucano vira ação do MP

Mato Grosso do Sul: buscas na casa do governador tucano e filho preso

Governador do PSDB falsifica-va contabilidade do Estado para

desviar dinheiro das verbas da Educação, denunciou o MP. P. 3

Propinas da JBS, em troca de isenções de impostos, eram lava-

das através de notas frias. Ope-rador era seu filho. Págs. 3 e 4

Além de Beto Richa, foram presos sua mulher e seu irmão

– ambos secretários no governo Richa – e mais três sequazes. P. 3

Produção de alimentos cai 6,2% enquanto a soja sobe

A safra de cereais, legumi-nosas e oleaginosas deverá atingir 225,8 milhões de tone-ladas este ano, 6,2% menor do que a obtida em 2017, de 240,6 milhões de toneladas, segundo estimativa do IBGE, divulga-da na terça-feira (11). A área a ser colhida também encurtou, foi calculada em 61 milhões de hectares, redução de 159,8 mil hectares em relação a 2017. Enquanto isso, a produção de soja - transformada em farelo e exportada para alimentação animal - cresceu 1,6%. Em um país com mais de 13 milhões de famintos, estamos substi-tuindo a produção de comida pela commoditie que não paga imposto (exportação é isenta) e pouco contribui para a Pre-vidência (rural). Página 2

Bolsonaro até hoje não conseguiu se explicar sobre a frase que disse no Estado do Amazonas no final do ano passado. O candidato afirmou na época que, para “salvar ao menos parte da Amazônia, é preciso buscar parcerias com países democráticos como os EUA para a exploração dos recursos minerais”. “Será que a Amazônia ainda é nossa? Hoje em dia, ouso dizer que dificilmente a Amazônia é nossa”, disse. Página 3

Bolsonaro quer pôr EUA infiltrados na Amazônia brasileira

Para João Goulart, sem aumento real do salário mínimo, diminuir desigualdades vira conversa fiada

João Goulart Filho, candi-dato a presidente pelo Pátria Livre (PPL), defendeu, na quarta-feira, que os salários brasileiros têm que ser eleva-

dos como condição indispen-sável para que o país possa sair da crise. Não adianta fugir desse assunto. “Temos que encará-lo de frente. Ou

então a crise persistirá. O salário mínimo é muito baixo, e isso mantém estrangulado o nosso mercado interno”, afirmou João Goulart. Pág. 3

Marina Silva, candidata à presidente pelo Rede, conclamou os eleitores a não votarem nos mesmos partidos que governaram o país recentemente: “Se as pessoas, de fato, querem combater a corrupção, faça a Operação Lava Voto”. P. 3

Reprodução

Est

adão

Wils

on

Dia

sR

eute

rs

Estadão

Flav

io B

ols

ona

ro/T

wit

er -

Rep

rod

uçao

2 POLÍTICA/ECONOMIA 14 A 18 DE SETEMBRO DE 2018HP

www.horadopovo.com.br

Editor-Geral: Clóvis Monteiro NetoRedação: fone (11) 2307-4112E-mail: [email protected]: [email protected] E-mail: [email protected]ção: Rua Mazzini, 177 - São Paulo - CEP: 01528-000Sucursais:Rio de Janeiro (RJ): IBCS - Rua Marechal Marques Porto 18, 3º andar, Tijuca - Fone: (21) 2264-7679E-mail: [email protected] Brasília (DF): SCS Q 01 Edifício Márcia, sala 708 - CEP 70301-000Fone-fax: (61) 3226-5834 E-mail: [email protected] Horizonte (MG): Rua Mato Grosso, 539 - sala 1506Barro Preto CEP 30190-080 - Fone-fax: (31) 271-0480E-mail: [email protected] Salvador (BA): Fone: (71) 9981-4317 -E-mail: [email protected] Recife (PE): Av. Conde da Boa Vista, 50 - Edifício Pessoa de Melo, sala 300 - Boa Vista - CEP 50060-004 Fones: (81) 3222-9064 e 9943-5603E-mail: [email protected]ém (PA): Avenida Almirante Barroso/Passagem Ana Deusa, 140 Curió-Utinga - CEP 66610-290. Fone: (91) 229-9823Correspondentes: Fortaleza, Natal, Campo Grande, Rio Branco, João Pessoa, Cuiabá, Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.

HORA DO POVOé uma publicação doInstituto Nacional de

Comunicação 24 de agostoRua José Getúlio,67, Cj. 21Liberdade - CEP: 01509-001

São Paulo-SPE-mail: [email protected]

C.N.P.J 23.520.750/0001-90

Escreva para o [email protected]

Queda da safra foi de 6,2%, segundo IBGE

‘Mercado’ reduz a previsão do PIB pela 12ª vez: 1,40%

“Não tem mais como fazer leilão neste ano”, anunciou secretário

A produção industrial registrou queda em 8 de 15 estados na passagem de junho para julho, de acordo com pesquisa do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada na terça-feira (11).

Entre os estados, registra-se a queda da produção em São Paulo, maior e mais desenvolvido estado do país, que amarga os efeitos da recessão.

Para além dos efeitos voláteis da greve dos caminhoneiros, segundo os dados, de junho para julho a produção das indústrias paulistas caiu 1,1%. No mesmo período, o IBGE computou que a indústria do país num geral teve perdas de 0,2%, como re-sultado de queda no volume produzido em oito dos 15 locais pesquisados.

“Além deste placar pouco favorável, dado que a maioria ficou no vermelho, o mais grave é que o núcleo industrial do Sudeste, a região do país com maior renda, maior consumo e maior densidade industrial, não se saiu bem”, avalia o Ins-tituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

As perdas na região foram disseminadas entre as 18 atividades investigadas no Es-tado. O parque de São Paulo operava em julho 17,3% abaixo do pico registrado em março de 2011.

“A trajetória de São Paulo é sintomá-tica. Em julho, sua indústria caiu muito mais do que a média nacional apontando para a possibilidade de registrar mais um trimestre de perdas na série com ajuste”.

Vale lembrar que a indústria paulista já havia declinado -0,8% no 1º trim/18 e -1,3% no 2º trim/18, descontados os efei-tos sazonais.

Os resultados registrados na indústria paulista têm grande influência não só pelo volume do que é produzido – concentra cer-ca de 30% do que é produzido no país, mas por movimentar a economia do país num geral. Não é a toa que na passagem de ju-nho para julho, grandes estados industriais também viram uma queda considerável no setor produtivo, como é o caso do Paraná (-1,3%), Minas Gerais (1%), Rio de Janeiro (-0,3%) e Pernambuco (-0,2%).

Cai a produção de arroz e feijão, enquanto soja sobe

A safra de cereais, le-guminosas e oleagi-nosas deverá atingir 225,8 milhões de to-

neladas este ano. O resul-tado é 6,2% menor do que o obtido em 2017, de 240,6 mi-lhões de toneladas, segundo estimativa do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE), divulgada na terça-feira (11). A área a ser colhida foi calculada em 61 milhões de hectares, re-dução de 159,8 mil hectares em relação a 2017.

A queda de 6,2% na produção refere-se à redu-ção de diversos produtos, e entre as exceções está a soja - principal produto de exportação do agronegó-cio, livre de impostos e de pagamento da Previdência Social - que teve um cresci-mento de 1,6% em relação ao ano anterior. No total, o país colheu 116,8 milhões de toneladas, segundo o IBGE.

De acordo ainda outro estudo, o da Companhia Nacional de Abastecimen-to (Conab), o crescimento da produção da soja será maior: 4,6% em relação a temporada anterior, al-cançando 119,3 milhões de toneladas na safra 2017/18.

A diferença, provavel-mente por questão de me-todologia, não muda o fato: enquanto cresce a produção - e consequente exportação de soja - cai o conjunto da produção de alimentos voltados para o mercado interno, como é o caso do arroz, feijão, batata, cebola, laranja, mandioca (o leitor pode verificar o estudo completo no site do IBGE).

Como dito acima, o se-tor - predominantemente controlado por empresas estrangeiras - é o que mais tem sido beneficiado por renúncias fiscais. Essa foi a base da política dos go-vernos do PT/PMDB nos últimos anos para a área da agricultura, e o resul-tado tem sido desastroso. Somente em 2017, foram R$ 26,2 bilhões em isenções de impostos.

Ao mesmo tempo que é reduzida a produção para o consumo interno, a ex-portação cresce. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a estima-tiva é que o país feche a temporada 2017/18 com ex-portações recordes de soja. Em junho, as exportações cresceram 13% na compa-ração anual. Segundo a se-cretaria, foram embarcadas

10,42 milhões de toneladas em junho contra pouco mais de 9 milhões um ano antes. Em abril, a exportação foi ainda maior, de 12,35 mi-lhões de toneladas.

Para se ter uma ideia do que isso representa no conjunto, basta observar que o arroz, o milho e a soja representaram 92,8% da estimativa da produção e responderam por 87,0% da área a ser colhida. No en-tanto, apenas a soja cresceu.

Em relação a 2017, hou-ve acréscimo de 2,6% na área da soja e reduções de 8,0% na plantação do milho e de 5,8% na área de arroz. Quanto à produção, ocor-reram reduções de 18,6% para o milho, de 5,3% para o arroz e aumento de 1,6% para a soja.

Vejamos agora a variação do conjunto dos principais produtos, segundo o IBGE:

Com as reavaliações de agosto, o feijão em grão deve ser colhido em uma safra de 3,3 milhões de to-neladas, 1,3% menor que a do ano passado.

A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,6 milhão de toneladas, queda de 0,3% em relação à estimativa de julho. A colheita está prati-camente concluída e houve reduções da produção em todas as regiões do país.

A 2ª safra foi estimada em 1,1 milhão de toneladas, recuo de 1,5% em relação ao mês anterior. Houve redu-ção de 1,6% na área a ser co-lhida e aumento de 0,1% no rendimento médio. Na pas-sagem de julho para agosto, houve declínio de 18,1 mil toneladas na estimativa da produção do feijão.

A produção de tomate deve ficar em 4,4 milhões de toneladas em agosto, redução de 1,6% em relação a julho. A área plantada e a área a ser colhida apresen-taram retração de 1,9%.

Em relação a 2017, a produção de tomate apre-sentou redução de 0,2%, em função da retração de 1,4% na área plantada e de 1,3% na área a ser colhida.

Houve aumento na esti-mativa para a produção de trigo em grão na atual safra de 5,9 milhões de toneladas, aumento de 8,2% em rela-ção ao mês anterior.

A estimativa da produ-ção de uva alcançou 1,4 milhão de toneladas, cres-cimento de 4,2% em relação ao mês anterior. O rendi-mento médio, de 19.981 kg/ha, aumentou 5,5%.

J. AMARO

Trio da impunidade da Segunda Turma do Supremo Tribunal livra Kátia Abreu

Juro do cheque especial chega a 342,51% ao ano

De acordo com a Conab, produção de soja aumentou 4,6% em 1 ano

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na terça-feira (11), por três votos a um, arquivar inquérito contra a senadora Kátia Abreu (PDT/TO), can-didata a vice-presidente da República na chapa de Ciro Gomes (PDT). A investigação, que teve ori-gem na delação da Odebre-cht, apurava denúncia de recebimento de vantagem indevida para sua campa-nha ao Senado em 2014.

O arquivamento foi pro-posto pelo relator Gilmar Mendes, primeiro a votar, sendo seguido pelos cole-gas Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. O caso deve encerrar o primado de im-punidade protagonizado pelo trio, que rendeu à Segunda Turma o apelido de “Jardim do Éden”, pelo grande número de habeas corpus concedidos a crimi-nosos e propineiros.

Com a saída de Toffoli, que assumiu a presidência do STF na quinta (13), a ministra Cármen Lúcia retorna ao colegiado. O entendimento é que a nova composição mudará o perfil anti-Lava Jato dos últimos tempos.

Apesar da Procurado-

ria-Geral da República (PGR) ter destacado que ainda estavam pendentes as perícias nos sistemas de propina da Odebre-cht, Gilmar Mendes con-siderou que os indícios apresentados são frágeis para assegurar a conti-nuidade da investigação. O ministro alegou ainda que não havia motivo que justificasse a nova coleta de provas pedida pelo Mi-nistério Público.

“Os depoimentos dos colaboradores são abso-lutamente frágeis, não dando o mínimo suporte para este inquérito com base nos investigados”, argumentou Gilmar, insi-nuando que os colabora-dores não saberiam indicar locais, datas e possíveis pessoas envolvidas na in-vestigação. “Todos são delatores de ‘ouvir dizer’. Aprenderam os fatos quan-do foram escalados para delação premiada”, disse.

O inquérito foi aberto em março do ano passado, para apurar prática de cai-xa 2, em razão da suspeita do recebimento de R$ 500 mil não contabilizados para a campanha eleito-ral da senadora. Kátia Abreu recebeu o dinheiro

da Odebrecht em duas parcelas de R$ 250 mil. Os repasses ocorreram em se-tembro e outubro de 2014, no Hotel Meliá Jardim Europa, em São Paulo.

O intermediário da se-nadora foi seu então asses-sor, e atual marido, Moisés Pinto Gomes. O dinheiro teve origem no Setor de Operações Estruturadas – o famoso departamento de propina da empresa, onde Kátia Abreu era designada pelo codinome “Machado”. As informações foram con-firmadas por quatro direto-res da Odebrecht.

Único voto pela conti-nuidade das investigações, o ministro Luiz Fachin recomendou que o inqué-rito fosse enviado à Jus-tiça Eleitoral de primeira instância. Ele citou que a investigação ainda está em andamento e a PGR pediu para coletar mais provas.

“Verifico no caso dos autos, que sem embargo dos meses transcorridos, o delegado responsável faz referência à pendência de perícia dos sistemas infor-matizados da Odebrecht”, lembrou o relator da Lava Jato. O decano Celso de Mello não estava presente no julgamento.

De acordo com pes-quisa realizada pela Fundação Procon-SP, em setembro, a taxa média de juros do che-que especial subiu pas-sando de 13,187% para 13,195% ao mês, ou 342,51% ao ano.

Com essa taxa de ju-ros, uma dívida dobra em seis meses.

A alta da taxa média foi puxada pelo banco Safra, que aumentou os juros do seu che-que especial de 12,90% para 12,95% ao mês, ou 331,15% ao ano. Os demais bancos manti-veram seus juros nas alturas, levando à taxa média de 13,19%.

Os juros do che-que especial variam de 11,92% ao mês, praticado pelo Itaú Unibanco, a 14,93%

ao mês, no Santander. O cheque especial,

assim como as compras no cartão de crédito, antes utilizados apenas para emergências e por períodos curtos de tem-po, vem sendo usados para compras do dia a dia, como alimento e medicamentos.

Com isso, vem cres-cendo também a popu-lação que se endivida e tem seu nome ne-gativado. De acordo com levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), o cheque espe-cial é responsável por 30% do endividamen-to dos usuários, junto com dívidas de credi-ário (58%) e cartão de crédito (48%).

IBGE: produção industrial cai em 8 de 15 estados

‘Mega leilão’ no pré-sal é canceladoO mega leilão do exce-

dente da “Cessão onero-sa” de petróleo no Pré Sal, foi cancelado nesta terça-feira (11), pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Már-cio Félix, que afirmou: “Não tem como fazer mais o leilão neste ano, ele vai ser no primeiro semestre do ano que vem”.

Uma informação ne-cessária e uma afirmação duvidosa, a depender do resultado eleitoral.

Sem conseguir votar no Senado a lei que daria con-dições para a transação, o governo teve que recuar da decisão do leilão, deixando para o próximo governo dar continuidade, ou não, do que seria a mais escan-dalosa e venal “queima” de reservas do pré-sal.

Em março deste ano, quando o governo anun-ciou, com êxtase entre-guista, a ideia de fazer um mega leilão e arreca-dar dinheiro e desviá-lo para pagamento de juros, Fernando Siqueira, vice-presidente da Associa-ção dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) assim se manifestou:

“Esse chamado me-galeilão do excedente da cessão onerosa é um absurdo. Já havia sido negociado que a Petro-brás iria produzir o ex-cedente em regime de partilha. Além disso, é petróleo já mapeado, sem risco nenhum para quem produzir. Apenas lucro. Esse leilão é uma entrega explícita do pré-sal”.

Em 2010 a Petrobrás

pagou R$ 74,8 bilhões para a União pelo di-reito, autorizado pela Lei 12.276/2010, de ex-plorar até 5 bilhões de barris, estimativa inicial de reservas das áreas de Florim, Franco (atual Búzios), Sul de Guará, Entorno de Iara, Sul de Tupi e Nordeste de Tupi – no pré-sal. Ocorre que as reservas se mostraram muito maiores.

O leilão visava pri-vatizar o excedente da “Cessão onerosa”, cujos números, ainda que den-tro de um intervalo muito grande, não deixam dúvi-das sobre a imensidão de petróleo que estaria sendo negociada, ou seja, de 6 a 15 bilhões de barris de petróleo.

Por mais uma semana os representantes do mer-cado financeiro consulta-dos pelo Banco Central (BC) para elaboração do boletim Focus derruba-ram a expectativa para crescimento da economia em 2018.

De acordo com o re-latório divulgado nesta segunda-feira (10), ao invés da variação positiva de 1,44% - projetada na semana passada - o PIB (Produto Interno Bruto) deve variar 1,40%. Trata-se da 12ª redução conse-cutiva nas expectativas, refletindo a descrença - até mesmo do mercado - de que há uma suposta recuperação da economia em curso.

Vale notar que as pro-jeções divulgadas são o

resultado da mediana das apostas do mercado para o desempenho da econo-mia, o que significa que a metade dos consultados acha que o resultado será ainda menor.

Desde o início do ano as apostas divulgadas no boletim Focus contrariam as estimativas oficiais do governo. O então minis-tro da Fazenda Henrique Meirelles - que hoje pauta a sua campanha para a presidência da República nos seus “grandes feitos” pela economia - dizia em janeiro que o PIB do país ia crescer 3%. A realidade e a política recessiva do governo provaram o con-trário: o desemprego não para de crescer, a produ-ção continua no limbo e os investimentos no chão.

3POLÍTICA/ECONOMIA14 A 18 DE SETEMBRO DE 2018 HP

Próceres da sigla de Geraldo Alckmin viram alvos da Justiça

Tucanos Beto Richa (PR) preso, Reinaldo Azambuja (MS) alvo de busca e apreensão em sua casa e gabinete e Marconi Perillo denunciado por maquiar contas e desviar R$ 2,1 bi da Educação

Palocci: “com o pré-sal, Lula passou a atuar no pedido de propina diretamente”

Richa, ex-governador; Azambuja, governador; Perillo, ex-governador

Juiz Sérgio Moro determina o bloqueio de R$ 50 milhões de operadores de Beto Richa

ABr

Ex-ministro dos governos Lula e Dilma

“Ou aumenta o salário mínimo ou o país não cresce”, diz João Goulart

Ciro afirma que vai rever o teto de gastos de Temer

Suellen Lima/FramePhoto/Folhapress

Marina: quem quer combater a corrupção tem que fazer também uma Operação Lava Voto

O ex-ministro Antonio Palocci afirmou, em depoimento ao Ministério Público no âmbito da Operação Greenfield, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cuidou, em alguns casos diretamente, de pe-didos de propinas. Ex-ministro da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil na gestão de Dilma Rousseff, ele foi ouvido em 26 de junho por investigadores da operação que apura irregularidades em fundos de pensão. Só agora seu depoimento se tornou público.

Palocci contou que, mesmo antes de ser eleito para o mais alto posto da República, Lula interferia nos fundos.

“Antes de ele ser candidato a presiden-te naquela campanha gloriosa de 2002 e quando pela primeira vez o PT elege um representante na Previ, portanto o PT não era governo, quem procura o presidente para procurar [sic] uma interferência nesse fundo é Emilio Odebrecht, em nome da Braskem, que tinha sociedade com os fundos e estaria tendo por parte desse re-presentante do PT muitas dificuldades. Ele nos pede para interferir nisso. Foi o evento mais antigo de atuação [de Lula] que eu conheça”, afirmou.

Segundo matéria no Jornal Nacional, o ex-ministro relatou que a descoberta do pré--sal causou um clima de “delírio político” no governo e que Lula disse “explicitamente” desejar que o esquema das sondas “pagasse a candidatura de Dilma” em 2010.

A referência é ao FIP Sondas, criado com aportes dos fundos de pensão e alguns ban-cos, comandado pela empresa Sete Brasil – arapuca de “investimentos” estruturada em 2010 para intermediar a contratação de navios-sonda pela Petrobrás.

“No governo federal em particular e junto ao presidente Lula o pré-sal apareceu como uma, ele chamava até como um passa-porte para o futuro, um bilhete premiado, quer dizer, ao final do seu governo ele recebe um senhor bilhete premiado. E como ele já tava bem avaliado naquela época, o pré-sal se torna quase um motivo de delírio político no ambiente governamental”, afirmou.

“O presidente Lula começa também a se descuidar da parte legal da sua atuação como presidente e passa a atuar diretamen-te no pedido de propina”, acrescentou.

Ler mais em www.horadopovo.org.brW. F.

OEMSGOV. PR

O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 50 milhões do ex-chefe de gabinete do governo do Paraná Deonilson Roldo e dos demais alvos da Ope-ração Piloto, 53ª fase da Operação Lava Jato em Curitiba, deflagrada na terça-feira (11).

Além do braço direito do ex-governador Beto Richa (PSDB) – que teve prisão temporária decretada pela Justiça do Paraná, a me-dida atinge o empresário Jorge Theodócio Atheri-no, apontado como elo de propinas da empreiteira Odebrecht para o tucano, a mulher dele e empresas. O confisco de R$ 10 milhões de cada um de cinco alvos da operação atendeu pedi-do da Polícia e do Ministé-rio Público Federal.

Moro assinalou que o artigo 125 do Código de Processo Penal e o artigo 4º da Lei 9.613/98 (Lei da Lavagem de Dinheiro) autorizam “o sequestro do produto do crime”.

“Viável o decreto do

bloqueio dos ativos finan-ceiros dos investigados em relação aos quais há prova de recebimento de propina. Não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram mistu-rados com valores de pro-cedência lícita”, destacou.

“O sequestro e confisco podem atingir tais ativos até o montante dos ganhos ilícitos. Considerando os valores da propina acer-tada, cinquenta milhões de reais, resolvo decretar o bloqueio das contas dos investigados até esse mon-tante”, decidiu o juiz.

A prisão de Richa se deu no âmbito da Ope-ração Radio Patrulha, também desencadeada na terça pelo Ministério Pú-blico do Estado do Paraná (MP-PR). A investigação apura desvio de recursos do Programa Patrulha do Campo, voltado à manu-tenção de estradas rurais. Roldo foi preso como alvo das duas operações.

De acordo com o (MP--PR), o ex-governador e

atual candidato ao Sena-do é chefe de uma organi-zação criminosa que, em 2011, fraudou uma licita-ção para manutenção de estradas rurais.

Após a prisão do tuca-no, o procurador regional da República Carlos Fer-nando dos Santos Lima destacou que a Operação Lava Jato é “apartidária” e que o foro privilegiado é obstáculo para respon-sabilização de políticos. “Nós não temos essa pre-ocupação (com o partido do alvo), a Lava Jato é uma investigação apar-tidária. Sempre foi. Nós já tínhamos chegado a pessoas de diversos par-tidos”, afirmou Carlos Lima. “Nesse caso é um político do PSDB, mas não escolhemos esses al-vos, são as investigações que vão nos levando”, acrescentou.

Leia mais, inclusive a transcrição do diálogo de Richa com Tony Garcia so-bre atraso de propina, em www.horadopovo.org.br

João Goulart Filho, candidato a presiden-te pelo Partido Pátria Livre (PPL), defendeu, na quarta-feira (12), em entrevista ao jornal “O Popular”, de Goiás, que os salários brasileiros têm que ser elevados como condição indispensável para que o país possa sair da crise. “As nossas empresas estão com 25% de capacidade ociosa, al-gumas chegam até a 40%, e estão fechando suas portas por falta de com-pradores. O aumento dos salários, que nós vamos implantar, vai expandir o mercado, ativar a eco-nomia e, com isso, a pro-dução vai ser retomada”, disse o candidato.

João Goulart destaca ainda que não adianta fu-gir desse assunto “como estão fazendo os demais candidatos”. “Temos que

encará-lo de frente. Ou então a crise persistirá. O salário mínimo no Bra-sil é muito baixo, e isso mantém estrangulado o nosso mercado interno”, avaliou João Goulart. “A concentração da renda, fruto dos frequentes ajus-tes neoliberais, impede o nosso desenvolvimento.

Ao mesmo tempo que temos um salário que é menor do que o do peque-nino Paraguai, os bancos que atuam no Brasil estão com a maior rentabili-dade do planeta. Batem recordes atrás de recordes de lucros. Isto não pode continuar”, observou.

Para o candidato, a violenta desigualdade social da qual o povo bra-sileiro é vitima, não é ape-nas injusta e desumana. “Ela é um empecilho real à retomada do crescimen-to econômico”. “Os recur-

sos que se concentram no topo da pirâmide não são usados para ativar a economia, eles vão para a especulação financeira e, muitas vezes, para fora do país. Segundo o Ban-co Central, sessenta mil pessoas têm aplicados no exterior R$ 2 trilhões”, afirmou o presidenciável.

“Com o mercado in-terno asfixiado, as nossas empresas se inviabilizam. Não têm para quem ven-der”, denunciou. “Nós vamos encarar de frente essa situação. Vamos du-plicar o salário mínimo em quatro anos, elevando em 20% já no primeiro ano o valor real do salário mínimo”, garantiu. “Com isso os demais salários e as aposentadorias tam-bém vão se fortalecer”, continuou.

Leia mais em www.horadopovo.org.br

Marina Silva, candida-ta à presidente pelo Rede, conclamou quem quer combater a corrupção a não votar nos mesmos partidos que governaram o país recentemente.

“Se as pessoas, de fato, querem combater a cor-rupção, faça a Operação Lava Voto. PT, PSDB, MDB fizeram coisas boas no passado, mas se perde-ram no projeto do poder pelo poder”, enfatizou.

“É incrível como agora estão entregando um país pior do que encontraram”, acrescentou Marina.

Em entrevista à rádio Super, de Minas Gerais, ela disse que o novo pre-sidenciável do PT, Fer-nando Haddad, é “muito semelhante” à ex-presi-dente Dilma Rousseff.

“[Haddad] é muito semelhante [a Dilma]. [...] As coisas ruins fo-ram aprofundadas no governo Dilma-Temer. As coisas boas foram sendo desaceleradas, e a

população brasileira não pode deixar de pedir uma prestação de contas do que levou o Brasil para o fundo do poço”, disse Marina à rádio.

“Se continuar fazendo o voto em cima apenas de quem é indicado, pode-mos ir para um poço sem fundo”, complementou.

Ela também criticou o candidato Jair Bolso-naro. E disse ter ficado “estarrecida” ao ver a forma com a qual Jair Bolsonaro (PSL) estava se aproveitando de sua saúde para fazer campa-nha eleitoral. O candidato do PSL foi esfaqueado no dia 6, durante atividade de campanha no centro de Juiz de Fora (MG).

A principal crítica de Marina é em relação a foto divulgada pelo filho de Bolsonaro, Eduardo, na qual o presidenciável está fazendo um gesto de arma com as mãos. “Eu fiquei es-tarrecida de ver o candidato (Bolsonaro), depois de ter

passado por uma situação dramática e quase perder sua a sua vida, fazendo um gesto de tiro de dentro de uma UTI. Eu acho que o Brasil inteiro ficou estarre-cido com aquela imagem”, afirmou Marina.

“Graças a Deus aque-la pessoa não estava com uma arma de fogo. Bolso-naro estava com vários policiais armados, segu-ranças pessoais, e isso não o protegeu de uma faca de uma pessoa que se aproximou dele e fez um ato inaceitável. Se não funcionou para ele, vai funcionar para você, dona de casa, sozinha, que não sabe atirar?”, completou a candidata.

Marina, contudo, tem defendido reforma na Previdência pública e propõe um sistema de capitalização, proposta de setores que querem mexer nos recursos das aposentadorias.

Continue lendo em www.horadopovo.org.br

O candidato à Pre-sidência da República pelo PDT, Ciro Go-mes, afirmou, duran-te sabatina realizada na quarta-feira (12), que pretende “revo-gar a Emenda Cons-titucional do Teto de Gastos” (EC 95/2016), aprovada por Temer e Henrique Meirelles, e tributar lucros, divi-dendos e heranças de forma progressiva.

Enquanto congela os gastos públicos com os setores sociais, isto é, saúde, educação, ci-ência e tecnologia e etc., pelos próximos 20 anos, a emenda não mexe os valores astro-nômicos que o Estado transfere para os ban-cos através dos juros. Esta foi a primeira medida de destruição nacional aprovada pelo governo Temer, ainda em 2016. Para Ciro, é urgente a revogação desta medida, como afirmou na entrevista organizada pelo jornal O Globo, Época e Valor.

Bolsonaro até hoje não conseguiu se ex-plicar sobre a frase que disse no Estado do Amazonas no final do ano passado.

O candidato afir-mou na época que, para “salvar ao menos parte da Amazônia, é preciso buscar parce-rias com países demo-cráticos como os EUA para a exploração dos recursos minerais”.

“Será que a Ama-zônia ainda é nossa? Hoje em dia, ouso di-zer que dificilmente a Amazônia é nossa”, disse.

As Forças Armadas brasileiras, responsá-veis pela Segurança Nacional, ao contrá-rio do candidato, não

Para o presidenci-ável, é necessário aca-bar com os privilégios instituídos através do atual sistema de taxa-ção, através da taxação progressiva. Ciro afir-mou que pretende taxar de forma profunda as heranças. “Na América do Norte, o imposto sobre herança é de mais de 20%. No Brasil, é 4%”, explica. Além dis-so, dificultará o acesso às isenções fiscais para setores que não preci-sam, como a indústria automobilística.

Ele resumiu: “Tri-butos sobre lucros e dividendos, imposto progressivo sobre he-rança e pente fino na renuncia fiscal”.

Apesar dessas pro-postas de Ciro na área econômica, vale regis-trar que o economista de Ciro, Mauro Bene-vides Filho, defende um “ajuste fiscal” se o pedetista chegar ao governo.

Leia mais em www.hora do povo.org.br

Bolsonaro já defendeu EUA entrar na Amazônia

admitem nem ouvir falar em entregar a Amazônia para os americanos. O coman-dante do Exército, Ge-neral Villas Boas, por exemplo, denunciou recentemente, em en-trevista à Rede Globo, a ocupação ilegal da Amazônia por ONGs internacionais que, segundo ele, “fazem a biopirataria, roubando do país a nossa biodi-versidade e patentan-do plantas que são da nossa flora”. Segundo ele, “a Amazônia é uma questão de Se-gurança Nacional”. Não é o que pensa Bolsonaro, que não vê problema nenhum os EUA se infiltrarem na Amazônia.

No dia em que o ex-go-vernador do Paraná, Beto Richa, foi preso, na 53ª fase da Opera-

ção Lava Jato, o candidato a presidente do partido de Richa, Geraldo Alckmin, declarou: “Tolerância zero e todo apoio à Lava Jato! A lei é para todo mundo, não interessa de que partido é. Quem deve, paga, é punido”.

Muito legalzinho, como di-ria o saudoso Stanislaw Ponte Preta.

Só que, se continuar desse jeito, em breve Alckmin estará sem partido – por falta de gente fora da cadeia.

No dia seguinte – quarta--feira – a Polícia Federal des-lanchou a Operação Vostok, executando mandado de busca na casa do governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azam-buja, também do PSDB.

Também na quarta, o Minis-tério Público de Goiás entrou com uma ação contra o ex--governador Marconi Perillo, outro luminar do PSDB. Um trecho da denúncia:

“Como resultado da conduta dolosa do requerido [Perillo] perpetuada ao longo de quase todo o seu mandato, foi retira-do da educação do Estado de Goiás o expressivo montante de R$ 2.182.345.466,70 [dois bilhões, 182 milhões, 345 mil, 466 reais e 70 centavos], que, por comando expresso da nossa Constituição Federal, deveria ter sido aplicado ‘nas ações de manutenção e desenvol-vimento do ensino’.”

Perillo lançava “restos a pagar não processados” como se fossem investimentos em educação. Escreve a promotora Villis Marra:

“Ficou cabalmente compro-vado que o requerido [Perillo], ardilosamente, lançou mão de várias manobras contábeis para manipular dados fi-nanceiros e simular o cum-primento da aplicação do mínimo constitucional na área da educação (grifo no original).

“A conduta do requerido Marconi Perillo, no exercício do cargo de Governador do Estado de Goiás, feriu frontalmente os postulados administrativo-cons-titucionais da moralidade, da legalidade e da eficiência, além de caracterizar violação ao de-ver de lealdade às instituições.”

O CLÃA Operação Piloto recebeu

esse nome porque, nas plani-lhas de propina da Odebrecht, “piloto” era o codinome de Beto Richa.

Sua prisão – e mais a da sua mulher Fernanda Richa, ex-secretária da Família e De-senvolvimento Social do ma-rido; seu irmão, Pepe Richa, ex-secretário de Infraestrutura; e mais três membros do círculo íntimo de Richa – foi devida ao recebimento de R$ 2,5 milhões em propina.

Nos depoimentos dos funcio-nários da Odebrecht foi revela-do um acerto com Richa para que este recebesse R$ 4 milhões.

Em troca, Richa e sua quadri-lha favoreciam a Odebrecht nas “parcerias público-privadas” (PPP) – essas mesmas que Alckmin pretende aumentar em todo o país, se for elei-to, como fizeram Lula e Dil-ma... (v. Ex-governador tucano Beto Richa é preso no Paraná).

POLO SUL Em maio de 2017, Joesley

Batista revelou que passara propinas para três governado-res do Mato Grosso do Sul: Zeca do PT, André Pucinelli (MDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB).

O primeiro está tentando se manter fora da cadeia, sob uma cascata de denúncias, mas tem, como deputado, “foro privile-giado”, e quer prorrogá-lo nas próximas eleições.

O segundo está preso por

roubar dinheiro público, com uma folha corrida que lembra a de um colega de partido e de cargo: Sérgio Cabral.

O terceiro ainda é governa-dor – e por isso ainda não foi preso, protegido pelo famigera-do “foro privilegiado”.

Porém, segundo a PF e os procuradores, o esquema é o mesmo, que passou de gover-nador para governador.

Até o fechamento desta edi-ção, na quarta-feira, dia 12/09, à noite, a PF já prendera 11 implicados, dos 14 que tiveram a prisão decretada, inclusive o filho do governador Azambuja.

Os acusados recebiam pro-pinas e lavavam o dinheiro através de notas frias. Em tro-ca, o governo do MS concedia privilégios fiscais (isenções de impostos) a empresas, sobretu-do à JBS.

Azambuja e seus asseclas receberam R$ 67.791.309,00 [sessenta e sete milhões, 791 mil e 309 reais] de propina, causando um rombo nos cofres públicos de R$ 209.750.000,00 [duzentos e nove milhões e 750 mil reais]. Isso é o que foi pro-vado, até agora.

Rodrigo, o filho do governa-dor, conhecido como “príncipe”, era o operador do pai.

A investigação da PF consta-tou que até 30% dos “incentivos fiscais” da JBS iam para a qua-drilha de Azambuja.

O nome da operação (Vostok) não é devido à famosa espaçona-ve soviética, mas à estação russa de mesmo nome, na Antártida, que, segundo os policiais, é tão fria quanto as notas emitidas pelo grupo tucano no MS (v. MS: PF cumpre mandato na casa de Azambuja).

FILAResta saber quem será o

próximo tucano a conhecer a cadeia.

Vejamos uma nota recente-mente publicada em um jornal paulista que apoia o candidato do PSDB à Presidência da Re-pública:

“Ao oferecer ação civil pú-blica contra o ex-governador e candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-secretário de Pla-nejamento Marcos Monteiro, a Odebrecht, e outros quatro, o promotor do Patrimônio Públi-co e Social – braço do Ministério Público de São Paulo – Ricardo Manuel Castro pediu liminar-mente o bloqueio de todas as contas, imóveis e veículos dos investigados no valor de até R$ 39,7 milhões. Alckmin, seu ex--secretário, a empreiteira e os outros são acusados de improbi-dade administrativa envolvendo supostos repasses na campanha de 2014. O promotor vê prejuízo de R$ 9,9 milhões aos cofres públicos”.

Houve nove entregas de di-nheiro ao esquema de Alckmin, pela Odebrecht.

Diante disso, a direção do PSDB anunciou que está “es-tudando” (tucano sempre está “estudando”) entrar com uma representação, no Conselho Nacional do Ministério Público, contra o promotor.

O tucano Gilmar Mendes, no-meado por Fernando Henrique para o STF, disse que “é preciso colocar freios” no Ministério Pú-blico - e criticou o “hiperativismo judicial” (um dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Paraná comentou: “o Gilmar prefere o inativismo judicial”).

Pois nós temos uma suges-tão: seguir o que disse o can-didato a presidente do PSDB, que, por coincidência tem o mesmo nome do ex-governador paulista que recebeu a propina da Odebrecht: “Tolerância zero e todo apoio à Lava Jato! A lei é para todo mundo, não interessa de que partido é. Quem deve, paga, é punido”.

CARLOS LOPES

4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 14 A 18 DE SETEMBRO DE 2018

A Justiça Federal condenou em mais um processo o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral

(PMDB), nesta terça-feira (11), pelos crimes de corrupção, for-mação de quadrilha e partici-pação em grupo criminoso. Ele foi sentenciado a mais 47 anos e quatro meses de prisão e agora, suas penas somadas chegam a mais de 170 anos de prisão. Na quarta-feira (12), uma nova condenação: mais 12 anos e 10 meses de prisão por crimes de fraudes a licitações na reforma do Maracanã e no PAC das favelas.

A sentença, da 7ª Vara Fede-ral Criminal, está relacionada a crimes apurados na Operação Cross Over, um desdobramento da Lava Jato.

A sentença foi assinada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal e se não houver reduções em estâncias superio-res o bandido poderá ficar em regime fechado até 2046, quando terá completado um sexto da pena, para poder ter direito à progressão de regime.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), a ação penal é um des-dobramento das Operações Ca-licute, Eficiência e Tolypeutes, que desmontou a organização criminosa que atuava no esta-do do Rio de Janeiro e que era comandada pelo ex-governador Cabral. A colaboração premiada de Ricardo Pernambuco e Ricar-do Pernambuco Júnior, ambos executivos da empreiteira Cario-ca Engenharia, foi essencial para identificar a prática de crimes em obras realizadas com verbas federais, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como o Arco Metropoli-

tano, PAC da Favelas e a Linha 4 do Metrô.

“Sérgio Cabral mercanti-lizou de forma repugnante as funções públicas que lhe foram outorgadas por meio de uma quantidade expressiva de votos pelos eleitores cariocas, que foram traídos e abandonados à própria sorte em um estado em que a corrupção se espraiou por todos os órgãos da administra-ção estadual. Político experien-te e de alto padrão social, urdiu plano criminoso antes mesmo de vencer as eleições para chefia do poder executivo estadual, e logo ao assumir o governo de estado, pôs em prática um gigantesco esquema de corrup-ção, fraudes e outros delitos. Aliciou e envolveu diversos servidores públicos, familiares e empresários na prática de um sem-número de crimes em prejuízo dos cidadãos cariocas”, escreveu Bretas.

O ex-governador agora res-ponde a 25 acusações e se en-contra preso desde 2017 por vários crimes diferentes. Adria-na Ancelmo, mulher de Cabral, condenada em parte dos crimes que envolvem o mesmo, cumpre prisão domiciliar. Os bens do ca-sal estão indo a leilão para resti-tuir ao estado um montante que pode chegar a R$ 224 milhões.

Além de Cabral, nesta sen-tença também foram condena-dos: Wilson Carlos, a 21 anos de prisão; Luiz Carlos Bezerra, a cinco anos; Hudson Braga a dez anos; Heitor Lopes de Souza Júnior, a dez anos; Luiz Carlos Velloso, a 17 anos, mas teve a penas suspensa, por ser réu co-laborador e já estar condenado a 12 anos; Wagner Jordão Garcia, a quatro anos; e José Orlando Rabelo, a quatro anos e um mês.

A advogada Valéria dos Santos, que foi algemada durante audiência de conci-liação em Duque de Caxias, condenou o caso de racismo cometido pela juíza presen-te. Em entrevista ao Portal JOTA, Valéria condenou a ação da juíza. “Perguntou se eu e minha cliente éramos irmãs, pelo fato de sermos negras. A minha cliente teve que falar ‘olha, ela é minha advogada’. A primeira im-pressão”.

Na terça-feira, a advo-gada foi presa e algemada durante audiência no 3° Juizado Especial Cível de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O ocorrido se deu depois que uma juíza leiga e a advogada Valéria dos San-tos discutiram se incluiriam ou não uma contestação no processo. O caso mostra abuso e racismo por parte da juíza.

O caso foi gravado por di-versas pessoas presentes. Ao início da audiência, a juíza

O juiz Marcello Alvarenga Leite, da 9ª Vara Pública do Rio de Janeiro, determinou que o processo de licitação do Maracanã seja suspenso. O magistrado acatou a Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público, na qual o órgão aponta que processo de conces-são por 35 anos teve vícios.

De acordo com Leite, “é lesivo aos cofres públicos do Estado do Rio de Janeiro e desne-cessário para a viabilidade econômica da con-cessão”. Ainda afirmou que o “procedimento licitatório, para a seleção da concessionária que administrará o Maracanã e o Maraca-nãzinho por 35 anos, encontra-ser viciado em decorrência de ter sido oferecido acesso privilegiado a informação em favor de apenas um dos licitantes”. No caso, a licitante é a empresa IMX HOLDING S/A.

Dentre os acionistas da IMX, estava o em-presário Eike Batista, preso posteriormente por pagamento de propina ao ex-governador Sérgio Cabral.

O juiz também afirmou todas as ativida-des destes espaços em curso é de responsabi-lidade do Estado do Rio de Janeiro, portanto é exigido o funcionamento pleno destas instalações.

Em visita ao Universitá-rio Pedro Ernesto, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o senador Romário (Podemos) candidato ao governo do esta-do do Rio, criticou o modelo de Organizações Sociais de Saúde (OSS) e falou sobre a corrupção na área.

Ele disse que para impe-dir desvios, pretende, se for eleito, fazer uma revisão em todos os contratos com as organizações sociais.

Romário conversou com a direção do Hospital Universi-tário ligado à UERJ. Depois, ele caminhou pela unidade, cumprimentou funcionários e conheceu o laboratório de estimulação elétrica do hos-pital. O candidato ao governo do Estado falou sobre a neces-

“Não devia ter sido algemada”, disse advogada vítima de racismo no Rio

“Pessoas não estão decididas a trazer o grupo do Temer para tomar conta de São Paulo”

Justiça do Rio cancela a concessão do Maracanã

Cabral é condenado por fraude no PAC e penas já somam 183 anos

MS: PF cumpre mandato na casa do governador Azambuja

Romário quer rever contratos das OSsMárcio França relembra ligações de Skaf e Temer

“Sérgio Cabral mercantilizou de forma repugnante as funções públicas que lhe foram outorgadas”, disse o juiz federal Marcelo Bretas, ao proferir a sentença

Nesta quarta-feira (12), a Polí-cia Federal cumpriu mandatos de busca e apreensão no gabinete e na casa do governador e candidato à reeleição do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), como parte da Operação Vostok. A polícia investiga os favorecimen-tos e pagamentos de propinas à cúpula do governo do Mato Gros-so do Sul em troca de isenções tributárias.

Além do governador, o filho dele, Rodrigo Azambuja e o depu-tado estadual José Roberto Tei-xeira (DEM), conhecido como Zé Teixeira, também foram alvos da operação. Rodrigo Azambuja teve o mandado de prisão emitido e ainda não se apresentou à justiça.

Dentre os demais alvos da ope-ração, estão grandes pecuaristas locais, onde os mesmos emitiam notas fiscais “frias”. Segundo a operação Vostok, o conselheiro do Tribunal de Contas Estadual e ex-secretário estadual da Fazen-da, Marcelo Monteiro – também preso na operação – emitiu notas frias para a JBS em dezembro de 2016, no valor de R$ 333 mil, segundo a planilha da JBS, em poder da PF.

O Governador de São Paulo, Márcio França (PSB), e candidato ao cargo nessas eleições criticou nesta quarta-feira (12), o MDB e seu adversário Paulo Skaf.

Para França as pessoas não estão de fato decididas a “tra-zer o MDB, o grupo do Michel Temer pra tomar conta de São Paulo”, disse. Ele também res-gatou o caos que o PMDB dei-xou o Rio de Janeiro. “Eu tenho certeza que as pessoas quando associarem o MDB, o Temer, o Rio de Janeiro à candidatura do Skaf, é difícil mesmo com todas as qualidades que ele tem, fazer com que as pessoas votem, o negócio é que as pessoas não

Ex-governador responde ainda a 25 acusações no âmbito da Lava Jato

exige que a advogada apre-sente sua carteira da OAB, o que não é obrigatório para nenhuma sessão da justiça.

Em seguida, ela paralisa a audiência até que Valéria se retire da sala e encontre a carteira. Depois da saída da advogada, a juíza decide encerrar a audiência. Valéria afirmou que ainda não tinha terminado o trabalho dela e feito às contestações do caso.

A advogada nega o pedido e insiste em permanecer sentada até que algum repre-sentante da OAB-RJ esteja presente, e a juíza então in-forma que notificará a polícia para a sua retirada.

“Estou indignada de vo-cês, como representantes do Estado, atropelarem a lei. Tenho o direito de ler a contestação e impugnar os pontos da contestação do réu. Isso está na lei! Não es-tou falando nada absurdo”, afirmou Valéria durante o ato. Logo depois, os policiais a algemaram e a prenderam.

O presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB do Rio de Janeiro, Luciano Ban-deira manifestou-se contra a arbitrariedade da juíza, lembrando que isso nunca aconteceu nem na ditadura e marcou reunião para cobrar resposta da Justiça.

“A postura da ordem é de perplexidade e indignação porque aconteceu ontem em Duque de Caxias algo que nem mesmo na Dita-dura Militar se viu. Uma advogada, no exercício da profissão, presa e algemada dentro de uma sala de au-diência. Isso é inconcebível e uma afronta ao Estado de Direito, uma afronta à advocacia brasileira, uma afronta ao direito de defesa. Estou realmente estarrecido e por isso que a resposta da Ordem dos Advogados, da advocacia, tem que ser muito firme, contundente porque isso jamais pode se repetir”, afirmou Luciano Bandeira.

Rep

rod

ução

Rodrigo Leste

A TEIA DA ARANHA

DOURADA

Marco e Geleia jogam sinuca no sa-lão do Baixinho, um salão de bilhar no centro, na Rua dos Carijós. Ambos são jogadores medíocres, verdadeiros “per-nas de pau” do taco. Concordam que o “feijão” — sorte, na gíria da sinuca — é o ingrediente mais importante do jogo.

Marco consegue arremessar uma bola azul para fora da mesa, os dois riem escancaradamente.

— Chaplin ou Fellini? — ele pergunta enquanto pega a bola no chão.

— Hum...complicado...Fellini foi foda, grande, mas o Chaplin é gênio, quase inigualável — fala Geleia fisgando com um palito um ovo de codorna no prato.

Marco tenta repor a bola azul, a dois, no mesmo lugar que ela estava na mesa.

— E o Pasqualle? Como é que foi? — pergunta Geleia.

— Ficou em cima do muro. Típico, né? Copiou a cena num pen drive, falou que vai mostrar pra uns amigos e depois dá a resposta — explica Marco, entre dois goles de cerveja.

— O cagaço dele é próprio de um cara que tem muito a perder. Não quer criar caso por causa de um filmezinho vaga-bundo... — analisa Geleia antes de se debruçar na mesa para dar a sua tacada.

— Tem a vaidade. O sujeito é o maior narciso. Vi que ele quase gozou se vendo na tela. Na verdade a atuação dele foi demais — considera Marco. — Deve ter participado do teatro na escola, há qui-nhentos anos atrás, e agora conseguiu fazer um “ministro” no capricho.

— Também tem a maior pinta de canalha, não tem que fazer muita força pra atuar.

Geleia conseguiu “suicidar”. Acertou a bola branca na caçapa.

— Acho que nos finalmente ele vai acabar topando a parada. Vai sacar que o filme é uma gota d’água no oceano, nada que possa comprometer sua ima-gem. Quase que... uma brincadeira de amador — fala Marco, enquanto apalpa a barriga pensando nos quilos a mais que tem que perder.

— Glauber ou Godard? —pergunta Geleia, abastecendo de cerveja os dois copos.

— Extremos muito opostos. Glauber é tropicalista, cangaceiro das telas. Godard é música contemporânea, com pitadas de surrealismo — analisa Mar-co pegando o seu copo; antes de beber, pergunta:

— Então, suco de uva ou de abacaxi?— Haxixe ou daime? — Chinesa ou africana? — Marco,

rindo. Geleia pega um ovo de codorna.

Enxuga-o com um guardanapo de papel. Joga para cima e consegue apará-lo com a boca. Mastiga.

— Olha só, desculpa, hem, mas pen-sando bem, o Godard e o Glauber têm em comum uma boa dose de chatice. Sei de gente que ia ficar puto de ouvir isso, mas os dois têm uns filmes difíceis de descer.

Marco finge que vai jogar um ovo de codorna em Geleia. Acaba colocando-o na própria boca.

— É, mas têm também obras primas. Gosto muito do Week End do Godard.

Geleia acerta uma tacada e consegue encaçapar duas bolas, a sete e a nove. Os dois gritam ao mesmo tempo:

— Feijão!

Fim do Episódio 5

No episódio 4, Alfredo, diretor do filme, e o professor Spencer, cientista político, tra-tam da história recente do País. Analisam a conjuntura, indo da CIA ao crime orga-nizado, tentando rastrear os protagonistas da rapinagem ora em curso.

Episódio 5

Zé Teixeira, que é o primeiro secretário, teria emitido cerca de R$ 1,6 milhão em notas frias no ano de 2016, segundo os inves-tigadores. A PF fez buscas na Assembleia Legislativa.

Em maio do ano passado, Joes-ley Batista, dono da JBS, deu um depoimento, por meio de delações premiadas, afirmando que pagou propina ao governador Azambuja e a mais dois ex-governadores do MS, Zeca do PT e André Puc-cinelli (PMDB) para conseguir incentivos fiscais e, assim, pagar menos impostos.

Em nota, a PF informou que as investigações começaram no início deste ano, tendo por base os termos de colaboração premiada de executivos da JBS. Os colaboradores detalharam os procedimentos adotados junto ao governo do Estado para a obten-ção de benefícios fiscais por meio de TARE’s (Termo de Acordo de Regimes Especiais).

Segundo apurado, do total de créditos tributários auferidos pela empresa dos colaboradores, um percentual de até 30% era revertido em proveito da organi-zação criminosa.

sabem”, afirmou.O governador comparou a can-

didatura de Skaf ao Sesi e Senai, projeto tão alardeado pelo can-didato peemedebista. “É como o Sesi Senai, se fala, fala, fala, mas tem que falar que o Sesi e o Senai são pagos, isso ele não fala”.

Marcio França também cri-ticou o candidato tucano João Doria. “No começo as pessoas optam por quem é mais famoso, depois elas votam em quem mais confiam. “Pra confiar é preciso sinceridade, proximidade de in-tenção, e eu vejo que as pessoas quando olham determinados candidatos percebem uma coisa meio fake, falsa”, afirmou.

MP que cria agência para gestão dos Museus tem caráter privatista

Candidato Romário durante campanha no Rio

O Governo Michel Te-mer (PMDB) publicou no Diário Oficial da União (DOU), nesta terça-feira (11), a Medida Provisória 850, que abre os caminhos para a privatização dos museus com a criação da Agência Brasileira de Mu-seus (Abram).

A nova agência foi cria-da com o objetivo principal de coordenar em conjunto com a iniciativa privada a reconstrução do Museu Nacional, destruído no in-cêndio, no Rio de Janeiro, no último dia 2.

A Abram será constitu-ída por um Conselho Deli-berativo, diretoria executi-va e um conselho fiscal. O Conselho Deliberativo será composto pelo ministro da Cultura, pelo diretor--presidente da Diretoria Executiva, e por quatro representantes do poder Executivo Federal titulares e quatro suplentes - além de três representantes de entidades privadas do setor de cultura e museologia titulares e três suplentes.

A Abram será um ser-viço social autônomo, se-guindo o modelo de fun-cionamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-cro e Pequenas Empresas

(Sebrae)A medida extingue o Ins-

tituto Brasileiro de Museus (Ibram), que atualmente ge-rencia de forma totalmente pública, 27 museus em todo o País .

De saída o governo Temer criou uma agência que na verdade é só a forma mais fácil encontrada para entre-gar a gerencia dos museus que hoje é pública a inicia-tiva privada. Afinal, com a existência do Ibram, qual a necessidade da criação desta agência, se não garantir a participação do setor privado no patrimônio público.

Mais um dado que de-monstra como a proposta é apenas para privatizar os museus é que as funções do Ibram, assim como o pes-soal, serão repartidas entre a Abram e a Secretaria de Museus e Acervos Museoló-gicos. Segundo o ministro da Cultura Sá Leitão, todos os funcionários do Ibram serão mantidos, tanto os servido-res, quanto os terceirizados. Os contratos e convênios também serão incorporados na nova configuração.

Segundo o museólogo Newton Soares, represen-tante dos trabalhadores do Ibram, as medidas tomadas pelo governo servirão para

“sucatear cada vez mais uma política nacional de museus”, ao tirar os 27 mu-seus da gestão do governo, transferindo-os para orga-nizações de âmbito público privado. “Tirar essa gestão de dentro do governo e passar para outras organi-zações é transformar os 27 museus do Ibram em um grande balcão de negócios. Fica-se refém da vontade do mercado. Não se tem au-tonomia para dizer quais as necessidades e para pautar as políticas públicas”, disse.

O ex-presidente do Ibram José do Nascimento Júnior divulgou nas redes sociais um vídeo no qual critica as medidas que, segundo ele, na prática significam a privatização dos museus e dos acervos “de forma autoritária”. “Termina o Ibram, termi-na a política nacional de museus, privatiza todos os museus federais, acaba com as políticas públicas na área de museus, com os pontos de memória, com todas as ações. A Agência é para criar as OS [Organi-zações Sociais], privatizar os museus de forma geral e tirar o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro”.

sidade de reabrir leitos nos hospitais e disse que se for eleito vai investir nas unida-des de saúde que já existem.

“A gente vai fazer valer a lei que determina que o esta-do tem que investir, aplicar 12% da arrecadação. E nós

vamos fazer isso. Com isso, a gente vai reabrir muitos des-ses leitos que estão fechados. A gente não vai fazer novas obras. O problema do estado é que a gente tem que refa-zer o que já existe”, afirmou Romário.

5GERAL14 A 18 DE SETEMBRO DE 2018 HP

11 deputados donos de propriedades rurais já foram autuados por graves violações das leis trabalhistas

“O reajuste foi aprovado e sancionado pelo governo que, estranhamente, o revogou

por meio de Medida Provisória”, declarou o presidente do Fonacate, Rudinei Marques

Alojamento dos trabalhadores em fazenda do deputado Beto Mansur

Servidores públicos protocolam ação no STF contra adiamento de reajuste

Desempregados passam todo o final de semana nafila em busca de vaga no ES

Docentes e funcionários cobram reajuste

O candidato do PPL, João Goulart Filho, foi o primeiro candidato a participar do “Encontro com os Presidenciáveis”, promovido pelo Fonacate

Professores municipais do Rio em “estado de greve”

Enquanto o corte de direi-tos provocado pela aprovação da reforma trabalhista, que arremessou os trabalha-dores numa situação de vulnerabilidade tem sido cada vez mais repudiado por sindicatos e trabalhadores, nas propriedades rurais de alguns deputados federais as condições de trabalho beiram a escravidão.

Casos como dos depu-tados Leonardo Picciani (MDB/RJ), ex-ministro do Esporte de Temer, e Paulo Beto Mansur (MDB/SP) saltam aos olhos.

Nas fazendas dos dois foram encontrados trabalha-dores em situação análoga a escravidão.

Dos 43 deputados fede-rais donos de propriedades rurais, 11 violaram as leis do trabalho, somando 286 autos que incluem o não pagamen-to do FGTS, o desrespeito ao tempo de descanso, exposi-ção a acidentes, utilização de seguranças armados para co-agir os trabalhadores, entre outras atrocidades. Desses 11 parlamentares, 10 são da Bancada Ruralista.

Os dados são resultado do Ruralômetro, pesquisa desenvolvida pela Repórter Brasil para monitorar a atu-ação dos deputados federais em áreas de impacto ao meio ambiente, povos indígenas e trabalhadores rurais.

As fazendas de cultivo de soja de Beto Mansur, no município de Bonópolis (GO), foram flagradas por duas vezes. Em 2004, quando Beto Mansur era prefeito de San-tos, foram resgatados 46 fun-cionários que dormiam num barracão de chão de terra e teto de palha, sem paredes. Dessa vez, além do trabalho escravo, também foi autuado por exploração do trabalho infantil. “Quando chovia, eles passavam a noite em pé para não se molharem. Tinha um trabalhador que dormia no chão, era uma situação deprimente”, afirma Sergio Carvalho, auditor-fiscal que participou da ação.

À época a Justiça de Goiás entrou com ação penal con-tra Mansur, mas o processo foi arquivado pelo Ministro

do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Melo, que entendeu que a Procuradoria Geral da República é quem deveria investigar

Em 2012 foram resga-tados 22 homens que plan-tavam soja em jornadas de 24 horas, das 7h às 7h, com intervalos ínfimos de 30 mi-nutos para almoço e jantar. O coordenador da fiscalização e auditor fiscal Roberto Men-des diz que “a jornada era tão exaustiva que eles labo-ravam até não mais ficarem acordados. Quando chegava às 2h, paravam a máquina e dormiam por alguns minutos no chão, no meio do campo”.

A jornada exaustiva expu-nha os trabalhadores a riscos de acidentes graves entre os que operavam tratores e plantadeiras, estes também não possuíam equipamentos de segurança e nem rece-beram treinamento para o manuseio adequado do maquinário.

A ação penal sobre o caso de 2012 também foi arquiva-da pelo STF, sob o argumento de que a Justiça do Trabalho de Goiás teria absolvido Man-sur em ação de danos morais coletivos após enviar uma equipe de inspeção para veri-ficar as condições na fazenda. “Foram inspecionar com dia e hora marcada, claro que en-contraram a casa arrumada. Fiscalizar não é atribuição da Justiça. A questão é que, do outro lado, tinha um deputa-do”, denunciou o procurador do Trabalho Alpiniano do Prado Lopes, que participou do flagrante.

A empresa de Leonardo Picciani, Agrovás Agropecu-ária, por sua vez, também foi autuada por manter 41 trabalhadores em condições análogas a escravidão, sendo condenado a pagar R$ 250 mil e ter que seguir normas de Termo de Ajuste de Con-duta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT).

A auditora fiscal do tra-balho do Rio Grande do Nor-te, Marivalda Dantas, que participou da operação de resgate dos 41 funcionários afirmou: “Os trabalhado-res eram tratados pior que animais. Enquanto as vacas

e os bois da fazenda eram transportados de avião para exposições agropecuárias, trabalhadores machucados esperavam dias por atendi-mento médico.”

Os funcionários de Pic-ciani ficavam sob vigilância armada para evitar fugas, moravam em barracas de lona e não tinham acesso à água potável, segundo o re-latório dos auditores. Entre os trabalhadores, havia um adolescente de 17 anos.

A Agrovás agora per-tence ao grupo Agorbilara Comércio e Participações, que também foi autuado por violar leis do trabalho em 2004 e 2015. A fazenda pertencia a Leonardo e ao pai Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que cumpre pena em regime domiciliar após ser acusado de corrup-ção passiva. A assessoria de Leonardo Picciani afirmou em nota que o ex-ministro de Temer, “cumpre rigoro-samente suas obrigações tra-balhistas, o que não impede a existência de reclamações, como ocorre em companhias de vários segmentos”.

A falta de carteira as-sinada também foi alvo de autuações do Ministério do Trabalho e Emprego. Estão nessa categoria as empresas ligadas aos deputados fede-rais João Bacelar (PR-BA), Pedro Vilela (PSDB/AL), Arthur Lira (PP/AL), Aní-bal (DEM/CE) e o deputado Newton Cardoso Jr (MDB/MG), esse último com três empresas ligadas a ele que somam 180 autuações.

Os parlamentares José Priante (MDB/PA), Vicenti-nho Júnior (PR/TO), Alfredo Kaefer (PP/PR), todos can-didatos à reeleição, e Luiz Carlos Heinze (PP/RS), que concorre a uma vaga no Se-nado, também estão ligados a empresas rurais que vio-lam os direitos trabalhistas.

Dos 11 deputados empre-sários rurais que cometeram infrações trabalhistas, 10 votaram a favor da Reforma Trabalhista. O único que não votou foi Leonardo Picciani, que à época da votação era ministro dos Esportes.

Por solicitação do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas

de Estado (Fonacate), a Confederação dos Servi-dores Públicos do Brasil (CSPB) protocolou na última terça-feira (11) no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação pedindo a inconstitucio-nalidade da Medida Pro-visória (MP 849/2018), que adiou o pagamento da segunda parcela do reajuste dos servidores públicos federais do pró-ximo ano para 2020.

“Não teria sentido fi-carmos 2 anos negocian-do com o governo, como no caso dessa negociação, para que os resultados sejam negligenciados pelo governo. Os reajus-tes tramitaram no Con-gresso Nacional, foram aprovados e sancionados pelo governo que, estra-nhamente, a revogou por meio de Medida Provisó-ria”, declarou o presiden-te do Fonacate, Rudinei Marques, explicando que a ação foi protocolada pela CSPB porque algu-mas entidades que com-põe as carreiras típicas de Estado, não possuem legitimidade para propor ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade). “A honrosa colabora-ção da CSPB é louvada por todas as entidades integrantes do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado”, argumentou Rudinei.

O reajuste dos servi-dores da administração pública federal faz parte de um acordo firmado entre o governo e os ser-vidores federais em 2015, cuja negociação resultou no pagamento do reajus-te em duas parcelas para serem pagas: uma em 2016 e a outra no ano de 2019. No entanto, Temer, que havia anunciado que não adiaria a última par-cela da reposição salarial dos servidores, mudou de ideia e publicou a medida no final do mês passado, que agora passará por aprovação na Câmara e no Senado. Os reajustes previstos na segunda parcela variam entre 4,50% a 6,5%.

INCONSTITUCIONAL

Segundo o texto da ação, a medida provi-sória “está eivada de nítida inconstituciona-lidade”. A entidade ale-ga que a matéria já foi apreciada pelo STF no ano passado, por conta de outra ação, cuja lite-ralidade é semelhante a do texto recém-pu-blicado por Temer. Na oportunidade, Lewn-dowski suspendeu a efi-cácia de vários artigos da Medida Provisória 805/2017. E o minis-tro do Supremo alegou ainda que a medida não era razoável, tendo em vista que o reajuste não atentaria, segundo dois ministros de Estado e o próprio presidente da República, contra o equilíbrio fiscal.

Para o presidente da CSPB, João Domingos Gomes dos Santos, essa ilegalidade terá pronta resistência dos servido-res públicos. “O governo

age inescrupulosamen-te. Em vários itens ele poderia cortar despesas, principalmente, no es-candaloso pagamento do serviço da dívida, cujos juros engordam os bolsos de privilegia-dos banqueiros e que consome mais de 50%do orçamento da União”.

As entidades expli-cam que a medida ju-dicial é parte de uma das diversas ações da categoria para derro-tar o que João Domin-gos considera mais uma “barbaridade” de Temer contra os trabalhadores do setor público e suas famílias. O movimento está preparando mani-festações e já iniciaram o corpo a corpo com parlamentares para con-vencê-los a não apoiar a Medida Provisória. E também não está des-cartada a possibilidade de realizar paralisações.

JOÃO GOULART FILHO ASSINA

CARTA DE PRINCIÍPIOS

O Fórum Nacional

Permanente de Car -reiras Típicas de Es-tado (Fonacate) quer que candidatos à pre-s idênc ia da repúbl i -c a s e c o m p r o m e t a m com a valorização dos servidores públicos e com o fortalecimento do estado. O primeiro candidato a assinar a “Carta de Princípios” da entidade foi o can-d idato João Goulart Filho, do Partido Pátria Livre (PPL).

A entidade está en-tregando aos presiden-ciáveis uma Carta de Princípios com o objeti-vo de que os candidatos se comprometam com dez diretrizes, e sigam elas no caso de serem eleitos. Entre as propo-sições está, por exem-plo, defender a revisão da Emenda Constitu-cional 95/2016, visando à ampliação do espaço f i s ca l no o rçamento da União, defender a estabilidade no serviço público como instru-m e n t o d e d e f e s a d o Estado diante da discri-cionariedade da agenda política dos governos, a manutenção do bem estar social e combater a terceirização dos ser-viços públicos.

João Goulart Filho foi recebido pelo presidente do Fórum, Rudinei Mar-ques, e representantes das entidades. “Nossa campanha tem como ob-jetivo o enfrentamento ao mercado financeiro, reduzir taxas de juros e promover o desenvol-vimento social. Acredi-tamos na importância de um Estado forte e de proteção ao patrimônio público”, afirmou João Goulart, que se com-prometeu ainda que, se eleito, irá “deter todos os processos de priva-tizações” e promover a “valorização do funcio-nalismo público”.

O Fonacate infor-mou que até o fim de setembro, o objet ivo é entregar a Carta de Princípios para todos os presidenciáveis.

ANTONIO ROSA

Os professores e funcionários da rede mu-nicipal de ensino do Rio de Janeiro entraram em greve de 48 horas, na última terça-feira, 11, por reajuste salarial e definição sobre o 13%. Desde o início do governo de Marcelo Crivella, a categoria não foi recebida pelo prefeito para debater as reivindicações.

A categoria se encontra em “estado de gre-ve”, e guarda a assembleia, que será realizada na quinta-feira (13), às 9h, na Quadra da São Clemente, para discutir a proposta de greve por tempo indeterminado. “Desde o anúncio da paralisação, não fomos chamados pela secretaria ou pelo governo para conversar. A assembleia pode dar início a uma greve”, disse Marta Moraes, coordenadora do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ).

A diretoria do Sepe se reuniu durante a manhã de terça-feira, em audiência com a subsecretária municipal de Educação-RJ, professora Nazaré, e assessores, para discutir a pauta de reivindicações da rede. O resultado das negociações com o governo será divulgado na assembleia.

Na quarta-feira, professores e funcioná-rios percorreram as escolas e realizaram atos públicos nos bairros para alertar a população sobre a situação da rede municipal. Entre as principais reivindicações da categoria estão: o reajuste salarial de 13% e retorno do calendário de pagamento (até o 2º dia útil); a convocação imediata dos concursados, respeito à paridade e integralidade de aposentados e pensionistas; implementação imediata do 1/3 da jornada de atividade extra-classe; jornada de 30 horas das funcionárias e funcionários da educação.

Num cenário caóti-co com mais de 13 mi-lhões de desemprega-dos no país, centenas de pessoas acampa-ram durante todo fim de semana na porta da sede do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de Linhares, no Espírito Santo, em busca de uma das 220 vagas de emprego ofe-recidas por uma rede de supermercados da região.

Às 17 horas do sá-bado (8), mais de 100 pessoas já formavam fila. No domingo (9), já eram mais de 130 pessoas, que dormi-ram na fila, esperando

o Sine abrir às 8 ho-ras da segunda feira (10). “Eu estou aqui procurando empre-go, já tem um ano e quatro meses que eu estou desempregado. Tem que enfrentar o desafio da vida. Até dormir na rua”, dis-se o desempregado Luciano Borges.

Esse é o segundo fim de semana em que as pessoas acam-pam em frente ao órgão em busca de emprego. Na semana anterior, cerca de 350 pessoas dormiram na fila para tentar uma vaga em uma meta-lúrgica na região.

Haddad é oficializado candidatoApós derrotas na

Justiça e de resistir a abrir mão da candida-tura a presidente, Lula deixou o PT oficializar Haddad como candi-dato à Presidência da República. A deputa-da estadual pelo Rio Grande do Sul Manue-la D’Ávilla (PCdoB) assumiu o lugar de can-didata a vice.

Lula insistia em ser candidato a presidente mesmo sabendo que é inelegível pela lei. Até sacou um parecer de dois dos dezoito mem-bros de um subcomitê da ONU pedindo que ele fosse candidato. Mesmo tal subcomi-tê ter zero influência sobre as leis brasilei-ras. De forma quase unânime, os ministros do TSE rejeitaram os argumentos de Lula e consideraram a sua candidatura ilegal.

No dia 2 de agosto, seu registro foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por 6 votos a 1, uma vez que ele foi condenado em segunda instância pe-los crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o que o põe em situação de “ficha suja”, e, consequentemente, o torna inelegível. O TSE

deu 10 dias para o PT mudar a chapa, prazo que se encerrou nesta terça-feira (11). Lula tentou até adiar para o dia 17 a definição da candidatura petis-ta. A ministra Rosa Weber, presidente do TSE, negou. Ou era hoje, ou o PT ficava sem candidato.

Até mesmo depois da decisão que tirou Lula do páreo, o PT afron-tou a Justiça e insistiu em lançar inserções de campanha eleitoral na televisão que afirma-vam que sua candidatu-ra estava mantida.

Todos os recursos que a coligação PT/PCdoB/PROS impe-trou no TSE foram negados, tivessem eles o intuito de manter a candidatura de Lula ou de adiar para o dia 17 a decisão de quem assumiria seu lugar.

Haddad, que foi mi-nistro da Educação de Lula, é réu de uma ação de improbidade admi-nistrativa. O ex-prefeito de São Paulo é acusado pelo Ministério Público de São Paulo de envolvi-mento num esquema de corrupção nas obras de ciclovias que custaram aos cofres da capital paulista R$ 5,2 milhões.

,

INTERNACIONAL 14 A 18 DE SETEMBRO DE 2018HP6

Mais de 100 migrantes morrem em mais um

naufrágio na costa líbiaAtos contra medidas desastrosas sob tutela do FMI se multiplicam por todo o país

O presidente Ollanta Humala no momento de sua prisão em julho de 2017

Bolívia terá seguro universal de saúde a partir de 2019

Sócia do apartheid de Israel, a Casa Branca fecha sede

da OLP em Washington

Arqu

ivo

Odebrecht devolve US$ 4,5 milhões a Peru por propinoduto em rodovia

A indenização se refere a uma confissão de suborno por parte da Odebrecht para obtenção de obras de rodovia. O acerto foi com o governador da região de Ancash, Cesar Álvarez, condenado a dois anos

Professores em greve unem-se a outras categorias para ocupar Buenos Aires contra arrocho de Macri

O Ministério da Jus-tiça e Direitos Hu-manos do Peru in-formou que a cons-

trutora brasileira Odebrecht acaba de indenizar o Estado peruano com 15,2 milhões de sóis (cerca de 4,5 milhões de dólares ou 19 milhões de reais) pelos subornos que pagou para ganhar a cons-trução de uma rodovia na região de Áncash, no oeste.

Tornado público pelas investigações da operação Lava Jato, o propinoduto da construtora brasileira distribuiu mais de US$ 1 bilhão em 12 países, irrigan-do, além dos bolsos e cofres de autoridades no Brasil, de presidentes, ministros e autoridades de Angola, Ar-gentina, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Mo-çambique, Panamá, Peru, República Dominicana e Venezuela. Muitos deles encontram-se presos.

Conforme a Procuradoria Pública Especializada em Delitos de Corrupção do Peru, vinculada ao Ministé-rio de Justiça, o pagamento foi efetivado a partir de contas correntes dos fundos de operações das empresas da Odebrecht.

LA CENTRALITA

Realizado no dia 7 de setembro, o desembolso aconteceu depois do acordo de “delação premiada” no âmbito do caso “La Cen-tralita”, que desbaratou a rede de corrupção liderada pelo ex-governador regional César Alvarez, condenado a dois anos de prisão pelos delitos de conluio, peculato, conspiração para cometer crimes, violência, resistên-cia à autoridade e lavagem de dinheiro. Constam do pormenorizado documento de acusação elaborado pelo Ministério mais de seis mil folhas e da pasta da Promotoria mais de 380 mil folhas. Com base nesta sequência de crimes, a juíza do Primeira Corte Nacional de Investigação Preparató-ria, María de los Ángeles Álvarez Camacho havia solicitado 30 anos de prisão ao ex-governador.

Além de enriquecer, por meio da rede – que cons-tava de um vasto aparato político, social e de imprensa formado por policiais, pro-motores, juízes, jornalistas, parlamentares e dirigentes sindicais regiamente pago por dinheiro procedente do pagamento dos subordnos -, Álvarez espionava e ata-cava implacavelmente seus adversários. Constam do pormenorizado documento de acusação do Ministério Público mais de seis mil folhas e da pasta da Promo-toria mais de 380 mil folhas.

Segundo apurou a in-

vestigação da Promotoria - confirmada por funcionários da empresa que buscam a diminuição da pena - a Odebrecht fez pagamentos ilícitos em troca da constru-ção da estrada Callejón de Huaylas-Chacas-San Luis. Para isso, foram realizadas inúmeras ações de lavagem de dinheiro nas quais parti-ciparam representantes da construtora e funcionários do governo regional da Án-cash, então comandado por César Álvarez.

A empresa informou que trata-se do primeiro acordo de colaboração definitivo, com pagamento de repa-ração civil vinculado a um projeto. A Odebrecht é pro-tagonista de um gigantesco escândalo de corrupção na América Latina, tendo pago propinas em pelo menos uma dúzia de países.

No Peru, o caso inclui vul-tosos subornos desembolsados entre 2005 e 2014 para conce-der contratos milionários em obras públicas e o financia-mento irregular das campa-nhas eleitorais dos principais candidatos à presidência.

DOCUMENTOS

O empresário Marcelo Odebrecht entregou no final de agosto à Promotoria do Brasil um CD com docu-mentos que comprovam que o ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, recebeu em 2011 pelo menos US$ 3 milhões em recursos ilícitos para cobrir gastos de sua campanha eleitoral a pedido do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os de-sembolsos têm como nome chave “Campanha NAC 3 – da Obra Ítalo-Italiano Eleição Peru”. Como apurou a Lava Jato, “Italiano” era o codinome utilizado pelo ex-ministro da Fazenda de Lula, Antonio Palocci, para encobrir as falcatruas.

No Brasil, o Ministério Público apurou que Palocci mantinha uma conta cor-rente junto à construtora por meio da qual recebeu os valores que posteriormente seriam repassados ao Partido dos Trabalhadores (PT). As transações constam na Pla-nilha “Caixa Livre Peru-Dó-lar”, fatiadas em diferentes transações bancárias - torna-das públicas, já devidamente descontado o dinheiro de apoio aos petistas.

De acordo com o portal de investigação peruano IDL-Reporteros, o CD contem correios eletrônicos, anota-ções encontradas no backup do computador pessoal de Marcelo Odebrecht e regis-tros do “Departamento de Operações Estruturadas” - o setor de propina da constru-tora - nas quais aparecem os pagamentos e transferências bancárias.

O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou que a partir do próximo ano o país contará com um Seguro Universal de Saúde gratuito, inteiramente financiado com recursos públicos do Tesouro Geral do Estado (TGE) e não com a contribuição dos trabalhadores.

A decisão foi comunicada por Evo após uma reunião com dirigentes da Coordena-ção Nacional pela Mudança (Conalcam), que reúne o con-junto de organizações sociais apoiadoras de seu governo.

De acordo com o presiden-te, o objetivo agora é abrir o debate sobre “temas estrutu-rais” como os novos investi-mentos em saúde e retomar os encontros regionais para constituir um novo sistema à altura das necessidades da população.

Conforme o ministro da Saúde, Rodolfo Rocabado, o Sistema Único de Saúde

(SUS) contará inicialmente com um orçamento de US$ 409 milhões, montante que será ampliado a cada ano, tendo como foco as patologias mais frequentes e comuns.

Segundo a lei 475, de Pres-tações de Serviços de Saúde Integral, as coberturas gratui-tas às mães, crianças menores de cinco anos e adultos maio-res de 60 anos são financiadas atualmente com 15,5% de coparticipação tributária. A este montante, explicou Roca-bado, se somarão outros US$ 200 milhões do Tesouro, o que garantirá recursos iniciais de mais de US$ 400 milhões.

“Já no ano seguinte tere-mos um aumento no orça-mento, porque vamos gerar benefícios com base no perfil epidemiológico, nas doenças que mais afligem a população. A cada ano vamos investir mais recursos, até chegar a um sistema universal gratui-to com todos os benefícios”,

Milhares de trabalha-dores se mobilizaram em diferentes cidades da Ar-gentina, na quarta-feira, 12, para rechaçar as políti-cas de arrocho do governo Macri, exigir o fim das de-missões nos Ministérios e outros órgãos do Estado, e demandar investimentos na indústria nacional, su-cateada pelas medidas ne-oliberais dos últimos dois anos e meio. Somaram-se ao protesto professores convocados pela Frente da Unidade Docente e pela União de Trabalhadores da Educação, UTE, que estão em greve de 48 ho-ras em rechaço aos cortes na educação pública e às propostas de aumento salarial do governo abaixo da inflação.

Trabalhadores desem-pregados também parti-ciparam dos atos contra o desastre macrista.

O Obelisco, no centro de Buenos Aires, foi um dos pontos de concentra-ção da jornada convocada pela Central de Trabalha-dores da Argentina-Autô-noma, e à qual aderiram organizações como a Bair-ros de Pé, entre outras.

Os trabalhadores do Instituto Nacional de

Tecnologia Industrial, INTI, também se manifes-taram em defesa da ciência e a tecnologia, da produção nacional e do salário. Rea-lizaram um bloqueio mo-mentâneo do trânsito no cruzamento das avenidas Constituyentes e General Paz, na capital, e depois se mobilizaram até os distin-tos pontos do protesto.

O orçamento das univer-sidades nacionais, que em vários casos se encontram tomadas por seus estudan-tes em exigência de maior financiamento, sofreu um novo corte no inicio desta semana de mais de 170 milhões de reais.

Em cada ponto onde houve uma manifestação instalou-se uma 'panela popular' para visibilizar a situação de pobreza em que ficaram milhões de pessoas que pioraram sua situação de vida por causa da infla-ção, da desvalorização do peso e dos cortes do Estado. "As políticas econômicas do governo põem em risco a paz social em nosso país. A situação social piorou muitíssimo e a população não vai ficar de braços cru-zados diante do descalabro econômico deste governo", disse Hugo Godoy, secretá-

rio-geral da Associação de Trabalhadores do Estado, ATE.

A capital da província de Buenos Aires, La Plata, foi outra das cidades onde uma multidão se manifes-tou nas ruas. Trabalhado-res estatais, professores, servidores do judiciário, médicos, estudantes, e a população em geral con-vocada por organizações sociais e sindicatos da CTA Autônoma marcharam até a Assembleia Legislativa provincial para exigir que o governo pare com o ar-rocho.

Outro dos epicentros do protesto foi a sede da secretaria da Agroindús-tria, onde foram demiti-dos há menos de um mês quase 600 trabalhadores. “Nossa responsabilidade é defender a fonte do trabalho”, afirmou o diri-gente da ATE provincial, Oscar de Isasi. “Estamos nas ruas em todo o país exigindo o fim das demis-sões, reincorporação dos desempregados, a passa-gem ao emprego perma-nente dos trabalhadores sem carteira registrada”, disse durante seu discur-so frente à sede do Poder Legislativo da província.

Mais de 100 pesso-as, incluindo ao menos 20 crianças, perderam a vida no começo de setembro após seus barcos de borracha naufragarem na cos-ta líbia, informou na última segunda-feira a organização Médi-cos Sem Fronteiras (MSF). Com as recen-tes mortes no Mar Me-diterrâneo, o “maior cemitério da Europa” já abriga oficialmente, somente neste ano, os corpos de mais de 1.700 imigrantes, se-gundo a Agência Inter-nacional de Migração (OIM) da ONU.

As duas embarca-ções haviam partido da costa africana com 160 pessoas cada um, no dia 1º de setembro, a maioria proveniente da Argélia, Camarões, Egito, Gana, Mali, Ni-géria e Sudão. Entre os mortos da última tragédia encontra-se um par de gêmeos, de cerca de 17 meses, e os seus pais.

Um dos sobreviven-tes contou que enquan-to um dos barcos estava imobilizado por uma falha no motor, o outro continuou navegando e "começou a esvaziar às 13h00. Havia 165 adultos e 20 crianças a bordo". "Quando o barco começou a afun-

dar, poucos passageiros estavam equipados com coletes salva-vidas ou sabiam nadar, e apenas os que se agarravam ao casco do barco con-seguiram se salvar", explicou. Da sua em-barcação, somente 55 pessoas sobreviveram. Entre os que perderam a vida, havia mulhe-res grávidas, crianças e bebês. Não teria ha-vido resposta da Guar-da Costeira italiana ao pedido desesperado por socorro.

Muitos sobreviven-tes foram levados para o porto líbio de Homs pela Guarda Costei-ra do país, vários com queimaduras químicas resultantes dos derra-mamentos de gasolina do motor ou pneumo-nia, por terem perma-necido na água por tão longo tempo.

Apenas em junho, na sequência da imposição de mais restrições pelo Governo de Itália e pela Guarda Costeira da Lí-bia, mais de 200 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo.

No domingo, 2 de se-tembro, a Guarda Cos-teira da Líbia conduziu 276 pessoas ao porto de Khoms, a 120 quilôme-tros de Trípoli, entre elas sobreviventes deste naufrágio. O grupo foi enviado a um centro de

“Nós condenamos nos termos mais veementes a decisão do governo norte-a-mericano de fechar a missão palestina aos Estados Unidos”, afirmou o chefe da delegação da Organização de Libertação da Palestina (OLP) nos EUA, Hussam Zomlot, destacando ainda que, pelos atuais passos da Casa Branca “isso não nos surpreende”.

“Este ato desenfreado confirma que este governo está executando cegamente a “lista de desejos” de Israel”, denuncia Zomlot.

Ele deixou claro que os direitos palestinos “não estão à venda e nós barraremos qual-quer tentativa molestar ou chantagear a liderança palestina no sentido de nos impedir de levarmos adiante nossos direitos legítimos e internacionalmente reconhecidos”.

Para o embaixador palestino, tal medida “não apenas prejudica as relações da Pales-tina com os Estados Unidos, mas torpedeia as perspectivas de paz no Oriente Médio e a integridade do sistema político e legal internacional”.

“É assim que o governo dos EUA está com-prometido a proteger os atos ilegais de Israel e lhe fornecer total impunidade quando mata a solução dos Dois Estados, e continua vio-lando os direitos humanos básicos e direitos nacionais do pvo palestino”, segue Zomlot.

Ele finalizou afirmando que, esta chanta-gem “só nos mostra que estamos na senda correta. Por isso, vamos dar os próximos passos para fazer que Israel tenha que prestar contas diante da legislação interna-cional, ao tempo em que continuaremos a construir alianças internacionais pela paz, dobrar nossos esforços para chegar até o povo norte-americano no momento em que transparece o clima de mudanças na opinião pública em apoio à causa palestina e nossos direitos legítimos”.

INTERNACIONAL14 A 18 DE SETEMBRO DE 2018 HP

Pela Paz e contra o unilateralismo Rússia e China abrem Vostok-2018

ANTONIO PIMENTA

Manobras Vostok-2018 foram iniciadas na terça-feira (11) e duram uma semana

Kim propõe a Trump nova cúpula RPDC-EUA

7

ROSANITA CAMPOS

Juncker convoca Europa a “aproveitar a chance” e virar uma “potência soberana”

As famílias migrantes nos EUA e seus grandes traumas

As maiores manobras militares da Rússia desde a URSS vão até segunda(17) com 300 mil soldados, 36 mil veículos, mil aviões e 80 navios. Putin e Xi confraternizam na “diplomacia das panquecas”

Uma criança de seis anos chora na para-da de ônibus da escola em um subúrbio de Maryland e pede à mãe que lhe prometa que não irá desaparecer de novo. Um pequeno hondurenho desperta à noite, gritando em busca da assistente social que cuidou dele vários meses. Outros menores se agacham e escondem seus rostos quando veem um agente uniformizado.

As famílias que foram separadas na fronteira entre os Estados Unidos e o México pelo governo de Donald Trump, e logo se reuniram, mostram profundos traumas e querem que o governo pague seus tratamentos psicológicos.

Afirmam que os emocionantes reencon-tros ocorridos quando se tornou sem efeito a política de separar pais e filhos que ingres-savam ilegalmente no país deram lugar a jornadas tormentosas ao retomar suas vidas, seja nos EUA ou nos países centro-america-nos dos quais tentaram emigrar. Asseguram que tanto as crianças como os pais ficaram traumatizados por suas odisseias.

Pequenos anteriormente alegres se mos-tram agora nervosos, desobedientes, irrita-dos e com medo da escola, segundo os pais. Sofrem pesadelos constantes. Choram por qualquer coisa, inclusive os adolescentes.

“Está no primeiro ano. Eu durmo com ele. Não posso dormir longe de meu filho, nem ele de mim”, disse Iris Eufragio. Ela e seu filho de seis anos, Ederson, vivem em Maryland com amigos enquanto é analisada a solicitação de asilo. Afirma ter saído de Honduras fugindo da violência.

REENCONTROO governo os separou na fronteira em

junho. O reencontro se deu por ordem judicial depois que a criança tivesse pas-sado um mês em um centro de detenção de Phoenix Para o pequeno tudo custa. Aproveitava muito do jardim de infância que frequentava em Honduras, porém ago-ra as professoras têm que se esforçar para que não saia correndo em busca da mãe.

“Somente olhar um carro de polícia já lhe dá medo”, disse Eufragio, e pergunta a todo momento se vão levá-lo novamente ao centro de detenção.

Uma ação coletiva interposta esta semana pede uma compensação econômica não espe-cificada e a criação de um fundo para custear os tratamentos psicológicos de mais de 2.000 menores que foram separados de seus pais ao ingressar nos EUA nos marcos da política de “tolerância zero”. O governo Trump declinou de fazer comentários. Numerosos profissio-nais da saúde se ofereceram para intervir.

Se se ignora o trauma, as coisas vão pio-rar. “Temos mudado o rumo da vida de um menor”, explicou a psicóloga infantil Barbara van Dahlen, fundadora do Give an Hour (Dar uma Hora), cuja rede de 7.000 profissionais do campo da saúde mental está disposta a assessorar as famílias que estão nos EUA.

São desconhecidos os efeitos a longo prazo, porém alguns estudos indicam que um estres-se persistente – sobretudo se os pais não estão próximos dos filhos – pode alterar a estrutura cerebral em regiões que afetam as emoções e regulam o comportamento. As crianças menores com cérebros que se desenvolvem rapidamente são os mais vulneráveis.

A milhares de quilômetros, em Hon-duras, o bebê Johan emite quase todas as noites gritos comoventes. Se acalma quando a mãe fala de Emily, a assistente social que o atendeu enquanto estava sob custódia do governo estadunidense. Às vezes lhe mostra vídeos que a trabalhadora lhe enviou para que não se sinta abandonado por ela.

DE FRALDAS NO TRIBUNALJohan, que se tornou mundialmente

famoso quando apareceu frente a um juiz vestindo fraldas, passou um terço da vida em um centro de detenção do Arizona após ser separado do pai na fronteira, em maio.

Ao reencontrar os pais, em julho, Johan a princípio não pareceu reconhecê-los. Se nega a brincar com seus brinquedos, a beber na sua garrafinha ou a comer, nem mesmo alimentos que lhe encantavam, como ba-nanas. Não pode dormir com as luzes apa-gadas. Ele não sabe se deve abraçar a mãe com força, bater nela ou se isolar.

“Eu acho que talvez seja normal por cau-sa da idade dele, mas quando ele chora, ele chora como se estivesse tendo pesadelos, ele grita como se estivesse traumatizado”, disse Adalicia Montecinos, que está no oitavo mês de gravidez do segundo filho. “Nós pensa-mos quando nos recuperamos que tudo iria voltar ao normal, mas está tão traumatizado que não sabemos o que fazer.”

Seu pai, Rolando Antonio Bueso Castillo, não consegue superar a culpa por tê-lo levado. Ele não tinha conhecimento da política de sepa-ração de famílias e sofre pensando que o filho, que na época tinha dez meses, foi separado dele. Afirma que concordou em ser deportado porque lhe disseram que recuperaria seu filho imediatamente. Porém Johan passou cinco me-ses em um centro de detenção de Phoenix. Foi ali que pronunciou suas primeiras palavras e deu seus primeiros passos. Bueso Castillo quer processar os Estados Unidos. No entanto, diz não ter meios para isso ganhando dez dólares por dia como motorista de ônibus. “Isto é culpa deles”, afirmou.

Isaí Valenzuela Segura, guatemalteco de 29 anos, que se reencontrou com o filho de nove anos no dia 26 de julho, queria poder fazer mais para ajudar a criança. Gostaria de poder contratar um terapeuta. Segue em frente apoiando-se em sua fé e lê a Bíblia para seu filho. “Pensei que quando nos víssemos estaria feliz, porém me pergun-tou porque o havia deixado. Me disse: ‘Me deixaste só 41 dias. Não tens ideia do que sofri’ “, relatou Valenzuela, que vive com seu filho em Tennessee, enquanto aguarda seu pedido de asilo. Chegou aos EUA para escapar da violência na Guatemala. “Com a ajuda de Deus, superaremos”, declarou.

Reportagem do jornal mexicano La Jornada

Após impressionante mobi-lização popular em grande de-monstração de unidade e força por ocasião das comemorações do 70º aniversário de fundação da RPDC – República Popu-lar Democrática da Coreia, o máximo líder político do país, Kim Jong Un, dirigiu carta ao presidente Donald Trump propondo um novo encontro de cúpula RPDC – EUA.

A porta-voz da Casa Bran-ca, Sarah Sanders, afirmou que a carta de Kim Jong Un a Donald Trump é “calorosa e positiva” e que “o presidente americano quer que a reunião entre os dois líderes se realize; ele considerou que o desfile militar ocorrido no fim de semana em Pyongyang sem mostrar os mísseis intercon-tinentais e de longo alcance foi visto em Washington como um sinal de progresso no ca-minho da desnuclearização.”

Durante conversações com a delegação sul-core-ana de alto nível enviada pelo presidente Moon Jae-in às comemorações dos 70 de fundação da RPDC em Pyongyang, Kim Jong Un referiu-se à sua confiança no presidente Donald Trump para a continuidade dos diálogos até que se chegue à desnuclearização, ao que Trump respondeu: “Obriga-do, presidente Kim. Juntos vamos conseguir!”

A situação de Trump está complicada na Ásia com as contradições comerciais e po-líticas entre os EUA e a Chi-na. Com a Rússia as coisas também não andam bem. Ao mesmo tempo Washington vê com muito maus olhos a aproximação crescente entre a China e a Rússia demonstrada explicitamente através da rea-lização dos maiores exercícios militares já realizados pela Rússia em toda a sua história

e com o apoio e participação da China.

O presidente dos EUA vai e volta em relação à RPDC, ele cancelou há dias uma visita agendada do secretário de Estado ameri-cano à China e à RPDC cul-pando à China por não fazer esforços junto à RPDC pela desnuclearização. Trump considera que a China tem obrigação de pressionar Kim Jong Un para qualquer coisa que os EUA conside-rem necessárias. Mas nem Trump está com essa bola toda com os chineses nem os coreanos se lixam para tais pressões, venham de quem quer que seja, embora prezem sobremaneira os aliados chineses.

Soma-se a isso a resposta positiva do Presidente da Coreia do Sul em fazer uma visita oficial de três dias à RPDC a convite de Kim Jong Un poucos dias antes das comemorações espetaculares em Pyongyang.

Na última segunda-feira (10), o governo da Coreia do Sul anunciou que convi-dou os principais líderes do parlamento para fazerem parte da comitiva presiden-cial que vai a Pyongyang no dia 18 de setembro para participar da cumbre Nor-te-Sul entre Moon Jae-in e Kim Jong Un.

Foram convidados o presidente da Assembleia Nacional, Moon Hee Sang, o vice-presidente da casa e os líderes de todos os cinco partidos que participam da Assembleia Nacional. Moon Jae-in disse que anterior-mente era responsabilidade do governo o intercâmbio e a cooperação entre Norte-Sul, mas avaliou que se avançaria mais na esta-bilidade se o parlamento

participasse desses esforços conjuntos.

Na primeira reunião Nor-te-Sul realizada entre os dois presidentes na região fronteiriça de Panmunjom, Moon e Kim firmaram a De-claração de Panmunjom que trata da desnuclearização, do fim dos atos hostis e do incremento do intercâmbio entre os coreanos.

A RPDC tem feito grandes esforços para que as relações com a Coreia do Sul tenham uma dinâmica própria, seja tratada e desenvolvida por coreanos, apenas entre os coreanos sem ingerência externa. Mas Kim Jong Un não tem sido menos cordial e amigável com os EUA por causas das marchas e contra-marchas de Trump. Ele sabe o que quer, e o que fazer. É um político muito inteligente.

Por outro lado, a Coreia do Sul tem interesse em se reaproximar dos compa-triotas do Norte, na paz e na distensão na Península Coreana. Moon Jae-in tem apoiado e promovido a me-lhoria das relações entre a RPDC e os EUA.

Trump não quer perder terreno na Coreia Sul, cabe-ça de ponte dos EUA entre a China e a Rússia, nem a influência que exerce sobre o governo sul-coreano. As tro-pas dos EUA estão espalhadas nas várias bases militares que o país tem na Coreia do Sul.

Ainda se terá um longo caminho de diálogos, conver-sações e reuniões de cúpulas, todas muito bem-vindas, além das idas e vindas de Trump, a percorrer. Enquanto isso, que avancem as relações interco-reanas. É um bom caminho para a paz e o equilíbrio na Península Coreana.

As maiores manobras militares russas desde a União Sovi-ética, Vostok (Leste)

2018, que tiveram início no dia 11 e vão até segunda-feira (17), com objetivo de garantir a paz em tempos conturbados e deter o unila-teralismo, foram presencia-das diretamente do Fórum Econômico de Vladivostok, pelos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping.

As manobras Vos -tok-2018, com 300 mil soldados, 36.000 veículos e blindados, mil aviões e 80 navios, têm a participação de uma força chinesa de 3.200 homens, 900 blinda-dos e 30 aviões e helicóp-teros. A Mongólia também está presente. As mano-bras são monitoradas por representantes dos EUA e mais de 50 países, além da Otan. No fórum em Vladi-vostok, Xi Jinping afirmou que Rússia e China devem trabalhar juntas para en-frentar as “abordagens unilaterais para problemas internacionais”, enquanto Putin anunciava que os dois países reafirmaram sua disposição “em usar as moedas nacionais mais ativamente em pagamen-tos recíprocos”.

A cordialidade entre Pu-tin e Xi chamou a atenção da mídia global, que cha-mou de “diplomacia das panquecas” ao almoço ofe-recido pelo presidente russo ao líder chinês. Já o China Daily saudou as “manobras militares sino-russas em prol da paz”. Putin reiterou a ampla “confiança” que une Rússia e China. Para Xi, “em uma situação inter-nacional em rápida muta-ção, com crescente instabi-lidade e imprevisibilidade, a cooperação entre a Rússia e a China assume ainda mais importância”. Ele acrescen-tou que Pequim e Moscou estão unidos “em defesa da Carta da ONU e da solução política para os problemas e conflitos atuais”.

A Vostok-2018 é mais uma demonstração de que aqueles anos após o fim da União Soviética em que Washington impunha goe-la abaixo do planeta o que queria, mesmo quase sem-pre acabando em um desas-tre, de invasões ‘humani-tárias’ e ‘excepcionalismo’ a memorando da tortura e desdém pela ONU, estão ficando inapelavelmente para trás. O que também foi confirmado, recentemente, pela apresentação, pelo presidente Putin, das novas armas hipersônicas russas - “não quiseram nos escutar, ouçam-nos agora” -, bem como pelo papel da China para impedir que o crash de 2008 se transformasse em uma depressão da mesma dimensão de 1930.

Também é um chamado aqueles de bom senso para que se detenha os cercos à Rússia e à China, política iniciada pelo governo do Obama, e mantida até agora, apesar de Trump em sua campanha – e na posse – ter defendido rela-ções normais entre as duas maiores potência nucleares do mundo, Rússia e EUA.

A bem da verdade, quem abriu a corrida para a extensão da Otan até às fronteiras da Rússia foi o democrata Bill Clinton, que também bombardeou a Iugoslávia. E foi Obama, com ajuda da CIA e do senador McWar (oportuno apelido de McCain), quem promoveu o golpe neona-zista em Kiev que jogou as relações no impasse, levou o Donbass ao levante arma-do e a Crimeia à reunifica-ção aprovada em referendo por sua população.

Também desde 2004 –

com W. Bush – começou a ser paranoicamente so-nhado pelos maníacos de guerra que seria possível desfechar o “primeiro ata-que nuclear” – ‘”decapita-ção” – contra a Rússia, com os mísseis russos rema-nescentes abatidos pelos antimísseis ianques no Mediterrâneo e na frontei-ra. Genocídio inviabilizado pelas armas hipersônicas russas.

Conforme a agência estatal alemã Deutsche Welle, essas manobras não são uma surpresa, “os mi-litares russos treinam em outra direção estratégica todos os anos, seja sul, oes-te ou leste. É a vez de Vos-tok (Leste, em russo) nova-mente. Faz parte do plano de manobra regular”. O que não é incompreensível, dada a quantidade de vezes que já sofreu invasões. No ano passado, ocorreu a Zapad-2017, na região ocidental. Como explicou a DW, as manobras no leste são sempre maiores, porque o Acordo de Viena sobre segurança na Europa limita o tamanho das tro-pas nessa parte, o que não acontece no leste asiático.

A mensagem evidente do Vostok -2018 é que a Rússia novamente está preparada para defender - e exercer plenamente - sua soberania. Ou, como dizia o item 1 do manual de guerra do general Montgomery, “não marche a Moscou”. Enquanto isso, a degene-ração no centro do império acarreta cada vez mais pre-ocupações sobre o futuro: a Rússia após a eleição de 2016 foi tornada refém nas disputas internas dos cír-culos imperialistas em Wa-shington. Via Russiagate, sanções e provocações que não cessam, convocações “anônimas” a virar a mesa nos EUA, guerra comercial incandescente e outros in-gredientes fétidos, como a xenofobia e o racismo.

SIBÉRIAOs exercícios Vostok

estão sendo realizados em cinco áreas de treinamen-to em terra – na Sibéria e Extremo Leste -, bem como no Mar do Japão, no Mar de Bering e no Mar de Okhot-sk, e são comandados desde o centro de operações em Moscou. Uma rede de co-municações protegida foi estabelecida sobre uma área de 9,8 milhões de quilômetros quadrados, segundo o Ministério da Defesa russo. Na terça-fei-ra, o objetivo era o treina-mento de deslocamento de tropas e, na quarta-feira, a defesa antiaérea, com os S-300, os S-400, meios de interferência eletrônica e outros avançados aparatos.

O atual estágio da ami-zade China-Rússia repre-senta a superação das gran-des divergências que existi-ram entre a então URSS e a China, após o amontoado de mentiras de Krushev contra Stalin no final dos anos 1950. Pode-se dizer que o desastre que foi a restauração capitalista na Rússia, mais o esmaga-mento e esquartejamento da Iugoslávia, de que a destruição com míssil ian-que da embaixada chinesa em Belgrado foi o corolário, que abriram caminho para que a reaproximação se tornasse inadiável. Para reverter que a Carta da ONU fosse rasgada de for-ma tão acintosa, vingou a ‘doutrina Primakov’, de buscar forças no leste, e China e Rússia resolveram todas as pendências nos seus 4.200 km de frontei-ra comum, até chegar ao atual patamar de amizade estratégica.

Em discurso perante o Parlamento Europeu intitu-lado “A Hora da Soberania Europeia”, o presidente da Comissão Europeia, Je-an-Claude Juncker, con-vocou a União Europeia a se transformar em “uma grande potência soberana” no cenário global e assinalou que a Europa deve se tornar “econômica e militarmente independente” dos EUA. Ele pediu aos deputados e chefes de governo que mais cedam poderes à UE para tornar tal objetivo possível.

Juncker propôs que a UE se torne “um ator global”, assim como um “pagador global”, sugerindo que as decisões de política externa passem a ser tomadas com base em uma votação por maioria qualificada, preva-lecendo a posição de 55% dos Estados membros em cada caso.

“A situação geopolíti-ca faz a hora da Europa: chegou a hora da sobera-nia europeia”, afirmou em Estrasburgo Juncker, tido como uma criatura de Frau Merkel. “É hora de a Eu-

ropa tomar o seu destino nas suas próprias mãos”, o que descreveu pelo termo inventado “Weltpolitik-fähigkeit - a capacidade de desempenhar um pa-pel, como uma união [um Estado], na definição de assuntos globais”. “A Euro-pa deve se tornar um ator mais soberano nas relações internacionais”, insistiu.

Mais tarde ele negou que sua proposta seja tornar a Europa uma “superpotên-cia”. “Superpotência, eu não gosto dessa expressão. Temos que ser super, mas não uma superpotência”. O presidente da Comissão Europeia asseverou que a ideia não é “militarizar a UE”, mas “nos tornarmos mais autônomos e cumprir-mos nossas responsabilida-des globais”. Ele voltou a condenar expressamente as ações unilaterais e as guerras comerciais e cam-biais.

Como o uso do cachimbo entorta a boca, Juncker não esqueceu de lembrar que os europeus não podem ficar para trás na disputa

pela África que, lembrou, terá um quarto da popula-ção do planeta até 2050. Ad-vertiu que outras potências globais, particularmente a China, já deixaram sua mar-ca lá, e pediu “novos acordos comerciais” e “novas parce-rias”. “Precisamos investir mais em nosso relaciona-mento com as nações deste grande e nobre continente”, esmerou-se, acrescentando que a África “não precisa de caridade, precisa de parce-rias verdadeiras e justas. E a Europa também precisa”.

Juncker não explicou como a Europa vai ser “sobe-rana” continuando ocupada por dezenas de milhares de soldados norte-americanos, em dezenas de bases mili-tares e com uma centena de bombas nucleares dos EUA ali. Talvez não saiba quem é o valente burocrata de Bruxelas que vai colocar o guizo no pescoço do gordo gato ianque. Também não foi explícito sobre a presença do austero gato germânico no meio da estrada para a “soberania”.

Nabuco: “a propriedade não tem apenas direitos, tem deveres”

ESPECIAL

JOAQUIM NABUCO

Joaquim Nabuco enfrentou, em 1884, a mais célebre campanha eleitoral de sua trajetória. Concor-rendo a deputado, em Recife, contra o conservador Machado Portela, Nabuco transformou a eleição em um plebiscito contra a escravidão.

Na eleição anterior, em 1882, Nabuco não conseguira ser eleito – mas concorrera por um distrito (a eleição no Império era distrital) da Cor te, ou seja, da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1884, foi eleito, mas “expur-gado” pela Câmara – sua eleição não foi reconhecida, o que motivou um movimento de protesto em Recife, em que dois deputados liberais (Er-mírio Coutinho e Joaquim Francisco de Melo Cavalcanti) renunciaram ao cargo para forçar a posse de Nabuco na Câmara dos Deputados.

Além de seu tempo, na campa-nha, Joaquim Nabuco abordou a relação entre a exploração sobre o proletariado supostamente livre da cidade do Recife e a existência da escravidão. É nesse momento que ele propõe uma reforma agrária – e uma reforma da pro-priedade. Nas suas palavras:

“Senhores, a propriedade não tem somente direitos, tem também deveres, e o estado da pobreza entre nós, a indiferença com que todos olham para a condição do povo, não faz honra à propriedade, como não faz honra aos poderes do Estado. Eu, pois, se for eleito, não separarei mais as duas questões, — a da emancipação dos escravos

e a da democratização do solo. Uma é o complemento da outra. Acabar com a escravidão, não nos basta; é preciso destruir a obra da escravidão.”

Ainda que nos tempos de hoje as soluções de Nabuco – inspiradas nas ideias de André Rebouças - possam parecer li-mitadas, para a época, ele estava propondo uma revolução.

Em outro lugar, nós observamos que o Nabuco abolicionista é bem melhor e mais brilhante que o Nabu-co pós-Abolição. Mas é necessário dizer que poucos homens públicos chegaram, em algum momento, a uma altura tão elevada quanto o abolicionista Joaquim Nabuco.

O discurso abaixo foi pronun-ciado no dia 5 de novembro de 1884, durante comício na Praça de S. José de Ribamar, bairro de S. José, em Recife.

Agradecemos ao jurista – e, mais, filósofo do Direito – Eno-que Feitosa o envio e a sugestão de publicar este magnífico dis-curso de Nabuco.

O texto foi extraído da cole-tânea de discursos publicada pelo autor, em 1885, “Campanha Abolicionista no Recife (eleições de 1884)”. Atualizamos a ortogra-fia, porém mantivemos palavras hoje em desuso (“dous” em vez de “dois”, “cousas” em vez de “coisas”) e a grafia do autor em outras palavras (por exemplo, a maiúscula em “Brasileiros”).

C.L.

leitores de S. José, — A minha presença nesta reunião é uma homena-gem ao eleitorado desta freguesia como entendo que se lhe deve render homenagem, isto é, con-siderando-o, primeiro, não uma serie de átomos dispersos, mas um todo

consciente, que tem uma só vontade e por isso quer que se lhe fale uma só linguagem; e segundo, uma parte distinta do eleitorado desta capital, ciosa da sua reputação liberal, resolvida a que a sua voz não seja abafada pela das outras freguesias no grande dia do pronunciamento do Recife. Também, senhores, compareço perante vós certo de que estais resolvidos a que a batalha de 1º de Dezembro, se for uma vitória para a causa da civilização, não seja ganha sem os votos, e muito menos contra os votos de S. José, firmemente dispostos a não consentir que este baluarte histórico do libe-ralismo pernambucano se con-verta de repente em trincheira da escravidão. (Aplausos).

Candidato liberal, sustentado por todas as forças do partido liberal, posso ufanar-me de ter igualmente do meu lado todos os elementos progressistas da opinião, qualquer que seja o seu nome. Se não digo que sou abo-licionista antes de ser liberal, é porque penso que o liberal deve começar por ser abolicionista, e não compreendo uma só hi-pótese em que, favorecendo o interesse do abolicionismo, eu prejudicasse os interesses do partido liberal. Mas, candidato, como sou, desse partido, repre-sento acima de tudo uma ideia, a saber, que a escravidão, palavra que os brasileiros não deviam mais pronunciar porque queima como ferro em brasa a consci-ência humana, deve ser banida para sempre das nossas leis.

É triste, senhores, que até hoje, quando apenas cinco anos nos separam do centenário glorioso dos direitos do homem, nesta América que parecia dever ser o refúgio de todos os perseguidos, o asilo de todas as consciências, a praça inex-pugnável de todos os direitos, a escravidão ainda manche a face do continente, e um grande país, como o Brasil, seja aos olhos do mundo nada mais, nada menos, do que um mercado de escravos. (Grandes aplausos)

Pois bem, é contra esse es-cândalo vergonhoso que nos levantamos e procuramos le-vantar-vos, e o que se passa aqui neste momento, esta insurrei-ção da consciência publica, é um espetáculo que deve encher-nos de contentamento a nós aboli-cionistas, a nós que entramos nesta longa, áspera e difícil campanha contra alguns deten-tores da riqueza nacional só com este interesse: o de podermos confessar que somos Brasileiros sem que se nos lance em rosto o sermos os últimos representan-tes na América, e quase que no mundo, da instituição homicida e inumana que foi o verdadeiro Inferno da história. (Aplausos)

Vede também que forças nós criamos! Vede o entusiasmo, a dedicação, o desinteresse que nos acompanham; vede que ressus-citamos o espírito público, e que o país inteiro estremece de es-perança como que nas vésperas de uma segunda Independência ! Vede tudo isto, eleitores de S. José, e dizei-me se forças tais são a criação da cabala, do empenho, da compressão, da venalidade. Se o governo podia unir esperanças e aspirações patrióticas, que nada pretendem do governo, que nada aceitariam dele. Se a miséria de alguns empregos ou um punhado de ouro das verbas secretas poderia criar assim a alma, a consciência de um povo.

O povo de S. José sabe que não tem escolha hoje senão entre dous nomes. A trégua de Deus assinada entre todos os partidos adiantados da opinião, para que a hora presente seja do abolicionismo, habilita-me a dizer-vos que não haveria can-didato mais adiantado do que eu. A vossa escolha está, pois, limitada a dous homens: um que representa o movimento que já libertou três províncias, outro que assentou praça de soldado raso nas fileiras do Sr. Paulino... Porventura os vossos sentimentos serão conservado-res? Conservar o quê? O que é que neste país não carece de reforma radical?

Para que os conservadores voltem ao poder é preciso que nós, homens da reforma e do movimento, lhes deixemos a eles, os homens da conservação, alguma cousa que mereça ser conservada! (Aprovação geral) O período atual, porém, não é de conservação, é de reforma, tão extensa, tão larga e tão

profunda que se possa chamar Revolução; de uma reforma que tire este povo do subterrâneo escuro da escravidão onde ele viveu sempre, e lhe faça ver a luz do século XIX. Sabeis que reforma é essa? É preciso dizê-lo com a maior franqueza: é uma lei de abolição que seja também uma lei agrária.

Não sei se todos me com-preendeis e se avaliais até onde avanço neste momento levantando pela primeira vez a bandeira de uma lei agrária, a bandeira da constituição da democracia rural, esse sonho de um grande coração, como não o tem maior o Abolicionismo, esse profético sonho de André Rebouças.

Pois bem, senhores, não há outra solução possível para o mal crônico e profundo do povo senão uma lei agrária que esta-beleça a pequena propriedade, e que vos abra um futuro, a vós e vossos filhos, pela posse e pelo cultivo da terra. Esta congestão de famílias pobres, esta extensão de miséria — porque o povo de certos bairros desta capital não vive na pobreza, vive na miséria — estes abismos de sofrimento não têm outro remédio senão a organização da propriedade da pequena lavoura. É preciso que os Brasileiros possam ser proprietários de terra, e que o Estado os ajude a sê-lo. Não há empregos públicos que bastem às necessidades de uma popu-lação inteira. É desmoralizar o operário acenar-lhe com uma existência de empregado pú-blico, porque é prometer-lhe o que não se lhe pode dar e desabituá-lo do trabalho que é a lei da vida.

O que pode salvar a nossa po-breza não é o emprego público, é o cultivo da terra, é a posse da terra que o Estado deve facilitar aos que quiserem adquiri-la, por meio de um imposto — o imposto territorial. É desse im-posto que nós precisamos prin-cipalmente, e não de impostos de consumo que vos condenam à fome, que recaem sobre as necessidades da vida e sobre o lar doméstico da pobreza.

A Constituição diz: “Nin-guém será isento de contribuir para as despesas do Estado em proporção dos seus haveres.” Pois bem, senhores, ninguém neste país contribui para as despesas do Estado em propor-ção dos seus haveres. O pobre carregado de filhos paga mais impostos ao Estado do que o rico sem família. É tempo de

cessar esse duplo escândalo de um país nas mãos de alguns proprietários que nem cultivam suas terras, nem consentem que outros as cultivem, que esterili-zam e inutilizam a extensão e a fertilidade do nosso território; e de uma população inteira re-duzida à falta de independência que vemos. Se eu não estivesse convencido de que uma lei agrária prudente e sábia podia criar um futuro aos Brasileiros privados de trabalho, teria que aconselhar-lhes que emigras-sem, porque a existência que levam não é digna de homens que se sentem válidos e querem dar a seus filhos uma educação que os torne independentes e lhes prepare uma condição melhor do que a da presente geração. (Adesão)

Senhores, a propriedade não tem somente direitos, tem também deveres, e o estado da pobreza entre nós, a indiferença com que todos olham para a condição do povo, não faz honra à propriedade, como não faz honra aos poderes do Estado. Eu, pois, se for eleito, não sepa-rarei mais as duas questões, — a da emancipação dos escravos e a da democratização do solo. (Longos aplausos.) Uma é o complemento da outra. Acabar com a escravidão, não nos bas-ta; é preciso destruir a obra da escravidão. Compreende-se que em países velhos, de população excessiva, a miséria acompanhe a civilização como a sua sombra, mas em países novos, onde a terra não está senão nominal-mente ocupada, não é justo que um sistema de leis concebidas pelo monopólio da escravidão produza a miséria no seio da abundância, a paralisação das forças diante de um mundo novo que só reclama trabalho.

Sei que falando assim serei acusado de ser um nivelador. Mas não tenho medo de qualifi-cativos. Sim, eu quisera nivelar a sociedade, mas para cima, fazendo-a chegar ao nível do art. 179 da Constituição que nos declara todos iguais diante da lei. (Aplausos.) Vós não calculais quanto perde o nosso país por haver um abismo entre senho-res e escravos por não existir o nivelamento social.

Sei que nos chamam anar-quistas, demolidores, petroleiros, não sei que mais, como chamam aos homens do trabalho e do salá-rio, os que nada têm que perder. Todos aqueles que de qualquer modo adquiriram fortuna entre nós, bem ou mal ganha, enten-

dem que são eles, eles os que têm que perder, quem deve governar e dirigir este país!

Não preciso dizer-vos quanto essa pretensão tem de absurda. Eles são uma insignificante minoria, e vós, do outro lado, sois a nação inteira. Eles repre-sentam a riqueza acumulada, vós representais o trabalho, e as sociedades não vivem pela riqueza acumulada, vivem pelo trabalho. (Aplausos.) Eles têm, por certo, interesse na ordem pública, mas vós tanto como eles, porque para eles mesmo grandes abalos sociais resul-tariam na privação de alguns prazeres da vida, de alguma satisfação de vaidade, de algum luxo dispendioso tão prejudicial à saúde do corpo como à do caráter — e vós, perdendo o trabalho, vos achais diante da dívida que é uma escravidão também, diante da necessidade, em cuja noite sombria murmu-ram os demônios das tentações mercenárias, os filhos sem pão, a família sem roupa, o mandado de despejo nas mãos do oficial de justiça, o raio da penhora trazendo sobre a casa todos os horrores da miséria! Quem tem à vista desse quadro mais interesse em que a marcha da sociedade seja tão regular e contínua como a de um relógio ou a das estações — o capitalista ou o operário? (Aplausos)

Quanto a mim, tenho tanto medo de abalar a propriedade destruindo a escravidão quanto teria de destruir o comércio acabando com qualquer forma de pirataria. Por outro lado, não tenho receio de destruir a propriedade fazendo com que ela não seja um monopólio e generalizando-a, porque onde há grande numero de pequenos proprietários a propriedade está muito mais firme e solidamente fundada do que onde por leis injustas ela é o privilégio de muitos poucos.

Eleitores de S. José, não é a minha causa que está em vossas mãos neste momento. Eu vos repito o que disse aos eleitores de Santo Antonio: já cheguei em nossa pátria à posição que, sem ousar aspirar a ela, me pareceu sempre a maior das medidas de uma ambição verdadeiramente patriótica, a de ser ouvido pela nação como um conselheiro leal e desinteressado.

Essa função de dizer o que me parece ser a verdade ao meu país, posso exercê-la onde quer que me ache. Se eu pudesse fazer uma distinção dentro de

mim mesmo entre o particular e o homem público, eu diria que a derrota deste seria a Vitória daquele, mas não posso porque o indivíduo desapareceu no abo-licionista, fez dos entusiasmos, das esperanças, das tristezas deste os seus entusiasmos, as suas esperanças e tristezas próprias, desde que entrou em campanha contra a escravidão. (Adesão.)

Liberais, Conservadores, Republicanos, Abolicionistas, vós tendes hoje duas únicas bandeiras diante de vós. A inscrição de uma é este brado da civilização: “— Abaixo a es-cravidão !” A inscrição da outra é um sofisma: “Respeitemos o direito de propriedade”, quando o objeto possuído é um homem como nós. Entre essas duas bandeiras a vossa consciência não deve hesitar — ela não há de sancionar por mais tempo os abusos e os horrores da es-cravidão que mancha a história da América; ela não há de ter compaixão de um regímen que degrada com uma das mãos o escravo na senzala e com a outra esmaga o operário nas cidades; ela não prolongará por um dia o prazo fatal dessa instituição que forma um Império no Império; para a qual vós, artistas e ope-rários, não sois mais do que os substitutos dos escravos, e que se atreve a querer avassalar o eleitorado desta capital, jun-tando a todas as suas opressões mais esta: a opressão da consci-ência de homens livres, e a todos os seus tráficos da dignidade humana mais este: o tráfico do voto. (Ruidosos aplausos.) Sim, senhores, vós mostrareis que a escravidão não há de produzir neste país depois do mercado de escravos o mercado de eleitores. Ela pode ter por si todos os votos de partido, e além desses todos os votos venais e todos os votos que possam ser obtidos pela compressão, mas os votos livres, os votos independentes, hão de salvar na hora suprema o nome Pernambucano.

Senhores, um antagonista meu, o qual só poderia preju-dicar-me inutilizando o grande esforço que está fazendo o par-tido liberal unido e dando ganho de causa ao partido conservador, alegou para merecer a vossa escolha o muito que tem sido preterido e o muito que tem esperado em vão... Mas há neste país quem tenha sido mais pre-terido, quem tenha esperado em vão, mais, infinitamente mais do que ele... São os escravos que esperam há três séculos (longos aplausos), é o povo Brazileiro preterido desde a Independên-cia (continuam os aplausos), e é como representante dessa enorme massa de vítimas da escravidão que eu vos peço que me mandeis ao Parlamento... Votando por mim não votais por um indivíduo, não votais somen-te por um partido... votais pela libertação do nosso território e pelo engrandecimento do nosso povo, votais por vós mesmos, e vos elevais neste país de toda a altura da liberdade e da dig-nidade humana. (Prolongadas aclamações e vivas)

Ainda que nostempos de hoje as soluções de Nabuco - inspiradas nas ideias de André Rebouças - possam parecer limitadas, para a época, ele estava propondouma revolução