30
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO ADJUVANTE PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Bruna Miyuki Yoshiga Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientador(a): Prof.(a). Dr(a) Cristina Stewart Bittencourt Bogsan São Paulo 2020

PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

ADJUVANTE PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

Bruna Miyuki Yoshiga

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da Universidade

de São Paulo.

Orientador(a):

Prof.(a). Dr(a) Cristina Stewart Bittencourt

Bogsan

São Paulo

2020

Page 2: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

1

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ······································································ 2

RESUMO ································································································ 3

1. INTRODUÇÃO ····················································································· 4

2. OBJETIVOS ························································································ 5

3. MATERIAIS E MÉTODOS ······································································ 5

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ······························································· 6

4.1 Ansiedade ························································································· 6

4.2 Microbiota intestinal··········································································· 6

4.3 Eixo cérebro-intestino ········································································ 7

4.3.1 Mecanismos neurais ········································································ 9

4.3.2 Mecanismos humorais ··································································· 10

4.3.3 Mecanismos metabólicos ······························································· 11

4.4 Efeitos dos psicobióticos em testes humanos e modelos animais ········ 12

4.4.1 Efeitos psicobióticos das bifidobactérias ········································ 13

4.4.1.1 Bifidobacterium longum (B. longum) ············································ 13

4.4.1.2 Bifidobacterium infantis (B. infantis) ············································· 13

4.4.2 Efeitos psicobióticos dos lactobacilos ············································ 14

4.4.2.1 Lactobacillus rhamnosus (L. rhamnosus) ······································ 14

4.4.2.2 Lactobacillus plantarum (L. plantarum) ········································· 14

4.4.2.3 Lactobacillus casei (L. casei) ······················································· 15

4.4.2.4 Outros lactobacilos ····································································· 15

4.4.3 Efeitos psicobióticos dos lactobacilos e bifidobactérias mistos ········· 15

5. CONCLUSÃO ···················································································· 21

6. BIBLIOGRAFIA ·················································································· 21

Page 3: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

2

LISTA DE ABREVIATURAS

BDNF

GABA

OMS

WHO TOC SNC

Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro

Ácido gama-aminobutírico

Organização Mundial da Saúde

World Health Organization

Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Sistema Nervoso Central

Page 4: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

3

RESUMO

YOSHIGA, B. M. Psicobióticos: probióticos como possível tratamento adjuvante para Transtornos de Ansiedade. 2020. 29 f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Palavras-chave: probiótico; psicobiótico; transtorno de ansiedade. INTRODUÇÃO: Os casos de Transtornos de Ansiedade aumentaram desde o início dos anos 2000 e os probióticos poderiam ser considerados para auxiliar no seu tratamento, pois estudos indicam que um estado mental equilibrado dos indivíduos pode ter relação com sua microbiota intestinal. Estes probióticos com efeitos sobre a saúde mental recebem o nome de psicobióticos. OBJETIVO: Avaliar os psicobióticos existentes já estudados até hoje e seus possíveis mecanismos de ação com foco nos possíveis efeitos dos probióticos em condições de Transtornos de Ansiedade, bem como os mecanismos envolvendo o eixo cérebro-intestino para averiguar o potencial dos probióticos serem indicados como um adjuvante no tratamento dos Transtornos de Ansiedade. MATERIAIS E MÉTODOS: Pesquisas foram realizadas em bases de dados online, como Pubmed®, ISI Web of Science®, Scielo®, Scopus®, Google Acadêmico®, de artigos publicados entre 2009 e 2019 relacionados aos possíveis efeitos dos probióticos em condições de Transtornos de Ansiedade, bem como os mecanismos envolvendo o eixo cérebro-intestino, seja por meio de testes em modelos animais ou em humanos. RESULTADOS: As cepas mais testadas para seu potencial probiótico e efeito psicobiótico são dos gêneros Lactobacillus sp. e Bifidobacterium sp. Entre os Lactobacilli ganham destaque: Lactobacillus paracasei e casei e Lactobacillus rhamnosus. Já entre as Bifidobacteria a principal é a Bifidobacterium infantis e Bifidobacterium longum. Ambos os gêneros demonstram um grau de redução na ansiedade dos indivíduos (humanos ou animais de experimentação). CONCLUSÃO: Os artigos utilizados como referência deste trabalho indicam que os psicobióticos, apesar de eficácia em estudos animais, necessitam de estudos mais aprofundados para que possam ser considerados um adjuvante ao tratamento tradicional e medicamentoso dos Transtornos de Ansiedade.

Page 5: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

4

1. INTRODUÇÃO

Em 2015, o grupo de estudos de prevalência de doenças globais (GBD)

identificou que houve um aumento de 14,9% na prevalência mundial de

Transtornos de Ansiedade em relação ao ano de 2005 além do aumento de outras

doenças psíquicas (GBD 2015 DISEASE AND INJURY INCIDENCE AND

PREVALENCE COLLABORATORS, 2016).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2007), "transtornos de

ansiedade são um grupo de transtornos mentais caracterizados por sentimentos

de ansiedade e medo, que incluem transtorno de ansiedade generalizada,

transtorno do pânico, fobias, transtorno da ansiedade social, transtorno obsessivo-

compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático" (WHO, 2017).

O tratamento tradicional envolve psicoterapias com psicólogos e terapia

medicamentosa com ansiolíticos e antidepressivos. Os efeitos colaterais como

efeitos sedativos dos medicamentos utilizados são muitas vezes incômodos aos

pacientes (RIBEIRO et al., 2010), desta forma, a utilização de métodos auxiliares

ao tratamento poderiam ser considerados para que a qualidade de vida do

paciente seja melhorada.

Estudos publicados recentemente (FOSTER et al., 2013; TILLISCH et al.,

2013; BORELLI et al., 2016; KAVVADIA et al., 2017; TRAN et al, 2019) indicam

que um estado mental equilibrado dos indivíduos pode ter relação com sua

microbiota intestinal, descrevendo seus possíveis mecanismos de ação através do

eixo cérebro-intestino, seja por meio do aumento da concentração plasmática de

triptofano, precursor da serotonina, ou aumento da concentração plasmática de

glutamato que é precursor do GABA (SAVIGNAC et al, 2015; SARKAR et al.,

2016; NADEEM et al., 2019) ou sinalização para ativação de neurotransmissores

via nervo vago (serotonina, norepinefrina e GABA) com o aumento da expressão

do gene da proteína BDNF que promove processos de neuroplasticidade

(FOSTER et al., 2013; BORELLI et al., 2016) entre outros possíveis mecanismos.

Devido ao eixo cérebro-intestino e os efeitos descritos nos artigos

científicos causados pela microbiota intestinal, os probióticos poderiam atuar como

um tratamento adjuvante aos Transtornos de Ansiedade. De acordo com a

Page 6: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

5

Organização Mundial da Saúde (OMS), probióticos são definidos como

“microrganismos vivos que quando ingeridos em quantidades adequadas, são

capazes de promover efeitos benéficos à saúde do hospedeiro” (FAO/WHO, 2002;

HILL et al., 2014; SAYAR et al., 2016). Quando os probióticos são administrados a

fim de promover efeito benéfico à saúde dos pacientes que sofrem com

transtornos psiquiátricos são chamados de psicobióticos (DINAN et al., 2013;

SAYAR et al., 2016).

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo avaliar os psicobióticos existentes já

estudados até hoje e seus possíveis mecanismos de ação com foco nos possíveis

efeitos dos probióticos em condições de Transtornos de Ansiedade para averiguar

o potencial destes serem indicados como um adjuvante no tratamento dos

Transtornos de Ansiedade.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Pesquisas foram realizadas em bases de dados online, como Pubmed®, ISI

Web of Science®, Scielo®, Scopus®, Google Acadêmico®, de artigos científicos

relacionados aos possíveis efeitos dos probióticos em condições de Transtornos

de Ansiedade, bem como os mecanismos envolvendo o eixo cérebro-intestino,

seja por meio de testes em animais de experimentação ou em humanos.

As palavras-chave “psicobiótico” (psychobiotic) “ansiedade” (anxiety),

“probiótico” (probiotic) foram pesquisadas combinadas ou separadamente. Foram

considerados artigos publicados entre 2009 e 2019, em sua maioria na língua

inglesa e excluídos aqueles que não se enquadraram aos critérios estabelecidos

ou diretamente ao tema desenvolvido.

Page 7: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

6

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Ansiedade

A ansiedade é caracterizada pela sensação de ameaça onde o indivíduo

fica em estado de alerta por um motivo desconhecido. Frequentemente é

confundida com o medo, mas o que difere medo de ansiedade é que, em quadros

de medo há a identificação do motivo pela qual se tem essa sensação. Apresentar

algum tipo de ansiedade em algum momento da vida é extremamente comum,

principalmente quando se é exposto a algum tipo de situação estressante, neste

caso, o indivíduo geralmente apresenta sintomas como taquicardia, sudorese,

inquietação, aumento da motilidade intestinal, vertigem, entre diversos sintomas.

No entanto, o desenvolvimento de um quadro de ansiedade pode ser

diagnosticado quando esses sintomas ou sensações impedem o indivíduo de

realizar suas atividades cotidianas (SADOCK, 2017).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou em 2017 um relatório

onde pode-se verificar que distúrbios de ansiedade afetam 9,3% dos brasileiros,

cerca de 18.657.943 de pessoas, sendo que muitos destes casos evoluem para

depressão, uma das doenças que mais contribuiu para o aumento na taxa de

suicídio nos últimos anos, onde a prevalência é maior em mulheres jovens.

4.2 Microbiota Intestinal

A microbiota intestinal é colonizada por milhares de microrganismos

benéficos e patogênicos que vivem em simbiose com hospedeiro, o equilíbrio

entre eles é essencial para a saúde e bem-estar do hospedeiro, no entanto, seu

desequilíbrio pode desencadear o desenvolvimento de diversas patologias,

inclusive quadros de ansiedade (PAIXÃO, 2016). O desequilíbrio da microbiota

intestinal conhecido como disbiose, ocorre quando o número de microrganismos

patogênicos presentes na microbiota é maior que os benéficos e geralmente está

associado ao uso indiscriminado de antibióticos e regulação do sistema

imunológico. (FRANCINO, 2014).

Page 8: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

7

A microbiota intestinal é composta por vários microrganismos dos Domínios

Bacteria, Archaea e Eukarya que tem funções como proteção a patógenos e

regulação imune, produção de metabólitos como vitaminas, neurotransmissores e

seus precursores e ácidos graxos de cadeias curtas, entre outras funções

fisiológicas. (DONALDSON et al., 2016; THURSBY e JUGE, 2017).

Há um debate entre pesquisadores de quando se inicia a colonização do

trato gastrointestinal pelos microrganismos: antes ou depois do nascimento, pois

já foram encontrados na placenta e no cordão umbilical, possibilitando uma

colonização pré-parto, mas também é sabido que a microbiota intestinal de bebês

pós-parto são similares às microbiotas vaginal, da pele, do leite e intestinal

maternas (THURSBY e JUGE, 2017; MOHAMMADKHAH et al., 2018).

Ao longo do crescimento do ser humano, a colonização e modificação da

população microbiana ocorre através da alimentação, do local onde reside, do

convívio com a família, amigos e pessoas diferentes e animais de estimação, do

consumo de medicamentos antibióticos, do desenvolvimento de doenças e

fenótipo (THURSBY e JUGE, 2017). A distribuição dos microrganismos em cada

segmento intestinal é heterogênea devido ao ambiente químico e a disponibilidade

de nutrientes. O intestino delgado é a porção que entra em contato com os

alimentos e medicamentos em maiores concentrações, é um ambiente mais ácido

e apresenta maior nível de oxigênio que o cólon. Com isso, a população

microbiana é dominada por anaeróbios facultativos (Proteobacteria e Clostridium)

que são resistentes os efeitos de ácidos biliares e antimicrobianos e digerem

carboidratos simples. No cólon, ocorre a metabolização de polissacarídeos que

não são metabolizados no intestino delgado. A falta de fontes de carbono simples

facilitam o crescimento da população de anaeróbios fermentativos

(Bacteroidaceae e Clostridiaceae) (DONALDSON et al., 2016).

4.3 Eixo cérebro-intestino

A comunicação no eixo cérebro-intestino pode ocorrer por vias neurais,

humorais e metabólicas de acordo com estudos realizados in vitro e em animais

(BUTLER et al., 2019; CHENG et al., 2019).

Page 9: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

8

Estudos mostraram que os processos de neurotransmissão e

neuroinflamação do eixo-cérebro-intestino relacionados ao aprendizado e humor

parecem ser regulados pela microbiota intestinal, através da mediação via nervo

vago, metabólitos bacterianos e sistema imunológico. Sendo assim, a disbiose

pode contribuir para o desenvolvimento de patologias neurológicas e modificações

de humor como ocorre em quadros de ansiedade. (SHERWIN, 2016)

Segundo Morshedi e colaboradores (2018), o comportamento pode ser

regulado pela amígdala intestinal a partir do eixo-cérebro-intestino e a introdução

de probiótico atua positivamente em marcadores sanguíneos oxidativos através do

aumento das concentrações de serotonina e fator neurotrófico derivado do cérebro

(BDNF).

As novas descobertas sobre células gliais, principalmente astrócitos,

indicam que a função dessas células não é apenas de suporte e nutrição aos

neurônios e homeostase do SNC, mas que também podem dar origem à novas

células neuronais, modular função sináptica, participar da expressão de receptores

de neurotransmissores como GABA e sintetizar citocinas inflamatórias, sugerindo

que a disfunção sináptica dessas células podem estar associadas ao

desenvolvimento de doenças neurológicas (GOMES, 2013).

FOSTER et al. (2013) e NADEEM et al. (2019) evidenciaram que bactérias

que podem estar presentes na nossa microbiota intestinal como Lachnospiraceae

(NADEEM et al., 2019) Campylobacter jejuni (FOSTER et al., 2013) desencadeiam

ansiedade e depressão (Figura 1).

Page 10: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

9

Figura 1 - Eixo cérebro-intestino (adaptado de SANDHU et al., 2017)

TILLISCH et al. (2013) percebeu que a alteração da microbiota intestinal de

roedores causam alteração nos mecanismos de sinalização, nos comportamentos

relacionados com a emoção e nos reflexos nociceptivos (modulação da dor).

4.3.1 Mecanismos neurais

A via neural atuante no eixo cérebro-intestino é a do nervo vago (FOSTER

e al., 2013; BORELLI et al., 2016).

Page 11: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

10

O nervo vago é o X nervo craniano do sistema nervoso parassimpático.

Inicia-se do tronco cerebral, passa pelo pescoço, tórax e vai até o abdômen e por

isso está relacionado ao controle de humor, digestão e frequência cardíaca. As

fibras aferentes também estabelecem conexão entre o cérebro e o trato

gastrointestinal, ligando ao eixo hipotálamo-pituitária-adrenal que recebem

estímulos dos neurotransmissores e citocinas produzidas pela microbiota intestinal

e podem desencadear efeitos positivos ou negativos dependendo da substância

produzida (BREIT et al., 2018).

Experimentos em camundongos cujos nervos vagos foram retirados

identificaram esse nervo como o maior modulador da via neural (BRAVO et al.,

2012), pois o efeito ansiolítico após a administração de cepas probióticas que foi

observado em camundongos normais não foi observado para os camundongos

sem o nervo vago apontando a sua importância na comunicação entre o eixo

(BERCIK et al, 2011).

4.3.2 Mecanismos humorais

Quando ocorre um desequilíbrio na microbiota intestinal (disbiose) devido à

má alimentação, infecção, estresse, uso de antibióticos ocorre uma produção

aumentada de citocinas pró-inflamatórias (SCHIRMER et al., 2016).

Citocinas pró-inflamatórias podem ativar inflamação neural e alteram a

concentração de neurotransmissores como a serotonina, dopamina e glutamato no

cérebro, pois chegam ao eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e desencadeiam a

liberação de cortisol. A queda do neurotransmissor serotonina já foi associada

com o desenvolvimento de ansiedade e depressão (MILLER et al, 2013).

Com o uso de probióticos, ocorre o fortalecimento da barreira mucosa

intestinal, a produção de anti-inflamatórios pelas cepas e a inibição do NF-κβ, que

não permite a transcrição de citocinas pró-inflamatórias (JONES et al., 2009).

Na figura 2, é possível observar também que o estado de inflamação leva a

ativação da enzima Indoleamina 2,3-dioxigenase, a qual converte triptofano em

ácido quinolínico e ácido quinurênico a fim de evitar que tenha disponibilidade de

Page 12: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

11

triptofano para o crescimento dos patógenos. Porém, com isso ocorre redução de

triptofano para produção de serotonina (KELLY et al., 2015).

Figura 2 - Efeito da disbiose e uso de probióticos (adaptado de KELLY et

al., 2015)

4.3.3 Mecanismos metabólicos

Algumas cepas probióticas e da microbiota intestinal sintetizam

neurotransmissores como o GABA e serotonina e seus precursores como o

triptofano.

Page 13: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

12

O GABA é um neurotransmissor inibitório que causa relaxamento do

Sistema Nervoso Central. A falta de GABA está relacionada ao desenvolvimento

de depressão e ansiedade (Figura 3).

Figura 3 - Mecanismos metabólicos (Adaptado de JOHNSON e FOSTER, 2018)

Algumas espécies de Lactobacillus e Bifidobacterium podem produzir GABA

(BARRETT et al, 2012; DINAN et al, 2013). Um estudo em ratos tratados com L.

infantis mostrou que estes animais tiveram alta na concentração plasmática de

triptofano que é o precursor de serotonina. Também houve aumento de GABA

com a administração de L. rhamnosus (NADEEM et al., 2019).

4.4 Efeito dos psicobióticos em testes humanos e em animais de

experimentação

Os efeitos psicobióticos são mais estudados em animais de experimentação

do que em humanos. Possivelmente, porque há uma variabilidade inter-humanos

Page 14: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

13

na composição da microbiota e também porque animais de experimentação

podem ser programados para serem germ-free, o que facilita no controle do

estudo.

4.4.1 Efeitos psicobióticos das bifidobactérias

4.4.1.1 Bifidobacterium longum (B. longum)

ALLEN et al. (2016) administraram Bifidobacterium longum para 22

voluntários saudáveis humanos por 4 semanas e perceberam redução no nível de

cortisol e nos níveis de ansiedade medidos através de questionários aplicados a

cada indivíduo.

Outros estudos demonstraram que o comportamento ansioso, depressivo e

os níveis de estresse foram reduzidos em camundongos saudáveis com a

administração da cepa B. longum 1714 associado a B. brevis por 11 semanas

(SAVIGNAC et al., 2014) e também em camundongos com ansiedade induzida por

colite, via nervo vago (BERCIK et al., 2010, 2011).

Pinto-Sanchez et al. (2017) avaliaram os efeitos da suplementação de B.

longum em 44 pacientes. Os níveis de ansiedade não caíram significativamente,

mas observaram que cepa reduz sentimentos negativos.

4.4.1.2 Bifidobacterium infantis (B. infantis)

DESBONNET et al. (2010) administrou Bifidobacterium infantis 35624 para

avaliar comportamento de camundongos separados de suas mães e verificou que

o comportamento depressivo após a separação foi reduzido.

A ingestão oral de B. infantis aumentou os níveis de triptofano em ratos

(DINAN et al., 2013).

Page 15: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

14

4.4.2 Efeitos psicobióticos dos lactobacilos

4.4.2.1 Lactobacillus rhamnosus (L. rhamnosus)

Lactobacillus rhamnosus tem efeito psicobiótico em humanos e ratos. Para

verificar esse potencial em zebrafish, foi administrado L. rhamnosus que possui

um BDNF (é fundamental para os neurônios em seu crescimento e diferenciação.

Está também envolvido na regulação do comportamento e de aspectos cognitivos

sendo importante o aumento de sua expressão) com 91% de identidade ao do

humano e tem rotas de síntese, metabolismo e sinalização da serotonina (5-HT)

similares ao de roedores e humanos. Houve aumento da expressão de BDNF e

deixaram de ficar parados, explorando mais seu espaço no cativeiro (BORELLI et

al., 2016)

BRAVO et al. (2011) concluíram que L. rhamnosus administrados em ratos

podem reduzir a sua ansiedade e depressão, pois a sua ingestão leva a alterações

na expressão do receptor GABA e ocorre a redução de cortisol plasmático, além

de ocorrer aumento do próprio neurotransmissor GABA (NADEEM et al., 2019).

Em ratos germ-free, houve aumento nos níveis de triptofano e serotonina em

decorrência da queda de microrganismos metabolizadores de triptofano no

intestino (CLARKE et al., 2013).

HUANG et al. (2018) administraram L. rhamnosus em camundongos por 4

semanas. Houve redução dos níveis de ansiedade em relação ao estado inicial,

medidos por testes que avaliam o comportamento do animal.

4.4.2.2 Lactobacillus plantarum (L. plantarum)

Lactobacillus plantarum PS128 reduziu comportamentos ansiosos e

depressivos em camundongos. Houve redução significativa nos níveis de

inflamações (DUARY et al., 2012) e cortisol e aumento significativo nos níveis de

serotonina (LIU et al., 2015; LIU et al, 2016).

Page 16: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

15

4.4.2.3 Lactobacillus casei (L. casei)

Em um estudo com 35 pacientes que receberam diariamente Lactobacillus

casei por 2 meses mostrou que eles tinham menores níveis de ansiedade do que

o grupo placebo (RAO et al., 2009).

Os efeitos da sua administração também foi avaliada em 47 estudantes

(homens e mulheres). O consumo de probiótico ou placebo foi realizado por 8

semanas anteriores às provas escolares. O grupo probiótico teve menores níveis

de cortisol plasmático comparado ao grupo placebo no dia anterior às provas.

Além disso, após duas semanas passadas da realização das provas, o grupo

probiótico mostrou aumento significativo nos níveis de serotonina presentes nas

fezes, indicando uma possível alteração na microbiota intestinal desses indivíduos

(KATO-KATAOKA et al., 2016).

4.4.2.4 Outros lactobacilos

A administração de Lactobacillus helveticus NS8 reduziu os níveis de

ansiedade (LUO et al., 2014) e depressão e aumentou os níveis de serotonina e

BDNF (LIANG et al., 2015)

Em 2019, WEI e seus colaboradores verificaram em seu estudo com

camundongos que o Lactobacillus paracasei PS23 reverte comportamentos

depressivos e redução da serotonina induzidos por cortisol e aumenta níveis de

BDNF.

4.4.3 Efeitos psicobióticos dos lactobacilos e bifidobactérias mistos

TILLISCH et al. (2013) perceberam que a mulheres saudáveis que

consumiram duas vezes ao dia por quatro semanas leite fermentado probiótico

contendo Bifidobacterium animalis subsp Lactis, Streptococcus thermophilus,

Lactobacillus bulgaricus e Lactococcus lactis subsp lactis tiveram alteração na

atividade cerebral em locais relacionados com o processamento de emoções e

sensações quando estão consumindo leite fermentado.

Page 17: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

16

Em um estudo randomizado, duplo-cego e com grupo controle com placebo

foi investigado o efeito de um iogurte probiótico contendo Lactobacillus acidophilus

LA5 e Bifidobacterium lactis BB12 e cápsulas contendo Lactobacillus casei, L.

acidophilus, L. rhamnosus, Lactobacillus bulgaricus, Bifidobacterium brevis,

Bifidobacterium longum e Streptococcus thermophilus) e verificaram que o nível de

cortisol foi reduzido significativamente, reduzindo o estresse e consequentemente,

o organismo ficou em maior equilíbrio (MOHAMMADI et al., 2016).

MESSAOUDI et al. (2011) fizeram um estudo duplo-cego, grupo controle

com placebo e paralelo com pessoas saudáveis dando a eles uma mistura de

Lactobacillus helveticus R0052 e B. longum R0175 ou placebo por 30 dias.

Utilizaram questionários para que eles avaliassem seus níveis de ansiedade,

depressão, estresse e o grupo tratado com probiótico estavam com seus níveis

menores do que o grupo controle.

Em 2019, CHAHWAN e seus colaboradores estudaram o efeito dos

probióticos B. bifidum, B. lactis, L. acidophilus, L. brevis, L. casei, L. salivarius e

Lactococcus lactis em 71 pacientes depressivos administrados por 8 semanas.

Eles estavam melhores cognitivamente, mas não houve diferença significativa nos

níveis de depressão e ansiedade medidos através de questionários.

Os efeitos psicobióticos acima citados estão compilados na Tabela 1.

Page 18: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

17

Tabela 1 – Quadro-resumo dos efeitos psicobióticos das cepas citadas

Cepas Efeitos observados Referência

Bifidobacterium longum

Em humanos: redução no nível de cortisol e nos níveis de

ansiedade medidos através de questionários ALLEN et al., 2016

Em humanos: os níveis de ansiedade não caíram

significativamente, mas observaram que cepa reduz

sentimentos negativos.

PINTO-SANCHEZ et al.,

2017

Em camundongos com a ansiedade induzida: Em

camundongos: o comportamento ansioso, depressivo e os

níveis de estresse foram reduzidos.

BERCIK et al., 2010, 2011

Bifidobacterium longum

associado a

Bifidobacterium brevis

Em camundongos: o comportamento ansioso, depressivo e

os níveis de estresse foram reduzidos. SAVIGNAC et al., 2014

Page 19: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

18

Bifidobacterium infantis

Em camundongos: o comportamento depressivo após a

separação de suas mães foi reduzido. DESBONNET et al., 2010

Em ratos: aumento dos níveis de triptofano. DINAN et al., 2013

Lactobacillus rhamnosus

Em zebrafish: aumento de expressão de BDNF; exploram

mais seu espaço no cativeiro. BORELLI et al., 2016

Em ratos: reduzem a ansiedade e depressão, com

aumento de GABA e redução do cortisol plasmático.

BRAVO et al., 2011

NADEEM et al., 2019

Em ratos germ-free: aumento dos níveis de triptofano e

serotonina. CLARKE et al., 2013

Em camundongos: redução dos níveis de ansiedade HUANG et al., 2018

Lactobacillus plantarum

Em camundongos: redução significativa nos níveis de

inflamações, comportamentos ansiosos e depressivos. DUARY et al., 2012

Em camundongos: redução do cortisol e aumento

significativo nos níveis de serotonina

LIU et al., 2015; LIU et al,

2016

Lactobacillus casei

Em humanos: apresentação de menores níveis de

ansiedade em relação ao grupo placebo RAO et al., 2009

Em humanos: apresentação de menores níveis de

cortisol plasmático comparado ao grupo placebo e

aumento significativo nos níveis de serotonina.

KATO-KATAOKA et al., 2016

Page 20: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

19

Lactobacillus helveticus Em ratos: redução dos níveis de ansiedade. LUO et al., 2014

Em ratos: aumento dos níveis de serotonina e BDNF. LIANG et al., 2015

Lactobacillus paracasei Em camundongos: reversão de comportamentos

depressivos, aumento de níveis de serotonina e BDNF. WEI et al., 2019

Associação de

Bifidobacterium animalis

subsp Lactis,

Streptococcus

thermophiles,

Lactobacillus bulgaricus

e Lactococcus lactis

subsp Lactis

Em mulheres: houve alteração na atividade cerebral em

locais relacionados com o processamento de emoções e

sensações.

TILLISCH et al., 2013

Associação de

Lactobacillus acidophilus

e Bifidobacterium lactis

Em humanos: o nível de cortisol foi reduzido

significativamente, reduzindo o estresse. MOHAMMADI et al., 2016

Page 21: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

20

Associação de

Lactobacillus casei, L.

acidophilus, L.

rhamnosus, Lactobacillus

bulgaricus,

Bifidobacterium brevis,

Bifidobacterium longum e

Streptococcus

thermophiles

Em humanos: o nível de cortisol foi reduzido

significativamente, reduzindo o estresse. MOHAMMADI et al., 2016

Associação de

Lactobacillus helveticus e

B. longum

Em humanos: níveis de ansiedade, depressão, estresse

menores do que o grupo controle. MESSAOUDI et al., 2011

Associação de B. bifidum,

B. lactis, L. acidophilus,

L. brevis, L. casei, L.

salivarius e Lactococcus

lactis

Em humanos: melhoria nas funções cognitivas. CHAHWAN et al., 2019

Page 22: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

21

5. CONCLUSÃO

Os casos de Transtornos de Ansiedade vêm aumentando no Brasil e no

mundo e deveriam receber maior cuidado e atenção pelas autoridades de Saúde,

de forma a prevenir e/ou encontrar alternativas ou adjuvantes para o tratamento

tradicional medicamentoso, a fim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes

acometidos por tal doença.

O tratamento tradicional medicamentoso apresenta diversas complicações

como a ausência de resposta para alguns medicamentos dependendo do paciente

e vários efeitos colaterais indesejáveis. Estudos científicos poderão aprimorar o

conhecimento em relação aos psicobióticos e assim, oferecer outras alternativas

ou adjuvantes de tratamento como os psicobióticos, sendo de fácil acesso através

de compras nas farmácias ou através de alimentos probióticos como o iogurte e

bebidas lácteas fermentadas. O uso destes, com estudos mais avançados e

completos, no futuro, poderá ser disponibilizado com esta finalidade.

A revisão bibliográfica mostrou escassez de trabalhos científicos sobre o

tema abordado com humanos. Em sua maior parte, é em animais, portanto,

necessita de maiores estudos em humanos.

6. BIBLIOGRAFIA

ALLEN, A. P.; HUTCH, W.; BORRE, Y. E.; KENNEDY, P.J.; TEMKO, A.; BOYLAN,

G.; MURPHY, E.; CRYAN, J. F.; DINAN, T.G.; CLARKE, G. Bifidobacterium

longum 1714 as a translational psychobiotic: modulation of stress,

electrophysiology and neurocognition in healthy volunteers. Translational

Psychiatry. v. 6, p. 1-7, 2016.

BARRETT, E.; ROSS, R. P.; O’TOOLE, P. W.; FITZGERALD, G. F.; STANTON, C.

γ-Aminobutyric acid production by culturable bacteria from the human intestine. J

Appl Microbiol. v. 113, n. 2, p. 411-417, 2012.

Page 23: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

22

BERCIK P.; PARK, A. J.; SINCLAIR, D.; KHOSHDEL, A.; LU, J.; HUANG, X. The

anxiolytic effect of Bifidobacterium longum NCC3001 involves vagal pathways for

gut-brain communication. Neurogastroenterol Motil. v. 23, n. 12, p.1132-39,

2011.

BERCIK, P.; VERDU, E. F.; FOSTER, J. A.; MACRI, J.; POTTER, M.; HUANG, X.;

MALINOWSKI, P.; JACKSON, W.; BIENNERHASSETT, P.; NEUFELD, K. A.; LU,

J.; KHAN, W. I.; CORTHESY-THEULAZ, I.; CHERBUT, C.; BERGONZELLI, G. E.;

COLLINS, S. M. Chronic gastrointestinal inflammation induces anxiety-like

behavior and alters central nervous system biochemistry in mice.

Gastroenterology. v. 169, n. 6, p. 2102-112, 2010.

BORELLI, L.; ACETO, S.; AGNISOLA, C.; DE PAOLO, S.; DIPINETO, L.;

STILLING, R.M.; DINAN, T.G.; CRYAN, J.F.; MENNA, L.F.; FIORETTI, A. Probiotic

modulation of the microbiota-gut-brain axis and behaviour in zebrafish. Scientific

Reports, v. 6, n. 30046, p. 1-9, 2016.

BRAVO, J. A.; FORSYTHE, P.; CHEW, M. V.; ESCARAVAGE, E.; SAVIGNAC, H.

M.; DINAN, T. G.; BIENENSTOCK, J.; CRYAN, J. F. Ingestion of Lactobacillus

strain regulates emotional behavior and central GABA receptor expression in a

mouse via the vagus nerve. Proc Natl Acad Sci USA. v. 108, n. 38, p. 16050-5,

2011.

BRAVO, J. A.; JULIO-PIEPER, M.; FORSYTHE, P.; KUNZE, W.; DINAN, T. G.;

BIENENSTOCK, J. Communication between gastrointestinal bacteria and the

nervous system. Curr Opin Pharmacology, v. 12, n. 6, p. 667-672, 2012.

BREIT, S.; KUPFERBERG, A.; ROGLER, G.; HASLER, G. Vagus Nerve as

Modulator of the Brain-Gut Axis in Psychiatric and Inflammatory Disorders. Front

Psychiatry. v. 9, n. 44, p. 1-15, 2018.

Page 24: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

23

BUTLER, M. I.; MORKL, S.; SANDHU, K. V.; CYRAN, J. F.; DINAN, T. G. The Gut

Microbiome and Mental Health: What Should We Tell Our Patients?. The

Canadian Journal of Psychiatry. p. 1-14, 2019.

CHAHWAN, B.; KWAN, S.; ISIK, A.; VAN HEMERT, S.; BURKE, C.; ROBERTS, L.

Gut feelings: a randomised, triple-blind, placebo- controlled trial of probiotics for

depressive symptoms. J Affect Disord. v. 253, p. 317–26, 2019.

CLARKE, G.; GRENHAM, S.; SCULLY, P.; FITZGERALD, P.; MOLONEY, R. D.;

\SHANAHAN, F.; DINAN, T. G.; CRYAN, J. F. The microbiome-gut-brain axis

during early life regulates the hippocampal serotonergic system in a sex-dependent

manner. Molecular Psychiatry. v. 18, p. 666–73, 2013.

DESBONNET, L.; GARRETT, L.; CLARKE, G.; KIELY, B.; CRYAN, J. F.;

DINAN, T. G; Effects of the probiotic Bifidobacterium infantis in the maternal

separation model of depression. Neuroscience. v. 170, p. 1179-88, 2010.

DINAN, T.G.; STANTON, C.; CRYAN, J.F. Psychobiotics: A Novel Class of

Psychotropic. Biological Psychiatry. v. 74, n. 10, p. 720-726, 2013.

DONALDSON, G.P.; LEE, S. M.; MAZMANIAN, S. K. Gut biogeography of the

bacterial microbiota. Nat Rev Microbiol. v. 14, n. 1, p. 20-32, 2016.

DUARY, R. K.; BHAUSAHEB, M. A.; BATISH, V. K.; GROVER, S. Anti-

inflammatory and immunomodulatory efficacy of indigenous probiotic Lactobacillus

plantarum Lp91 in colitis mouse model. Mol. Biol. Rep. v. 39, n. 4, p. 4765–75,

2012.

FAO/WHO (2002) Health and Nutritional Properties of Probiotics in Food including

Powder Milk with Live Lactic Acid Bacteria. Disponível em:

http://www.who.int/foodsafety/publications/fs_management/en/probiotics.pdf.

Acesso em 23 jun 2019.

Page 25: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

24

FOSTER, J. A.; MC VEY NEUFELD, K. A. Gut–brain axis: how the microbiome

influences anxiety and depression. Trends in Neurosciences, v. 36, n. 5, p. 305-

312, 2013.

FRANCINO M. P. Early development of the gut microbiota and immune health,

antibiotics and the human gut microbiome: Dysbioses and accumulation of

resistances. Pathogens Journal. V. 3, n. 3, p. 769-790, 2014.

GBD 2015 DISEASE AND INJURY INCIDENCE AND PREVALENCE

COLLABORATORS. Global, regional, and national incidence, prevalence, and

years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990–2015: a systematic

analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. The Lancet, v. 388, n.

10053, p. 1545-1602, 2016.

GOMES F. C. A.; TORTELLI V. P.; DINIZ L. Glia: dos velhos conceitos às novas

funções de hoje e as que ainda virão. Revista Estudos Avançados, v. 27, n. 77,

p. 61-84, 2013.

HILL, C.; GUARNER, F.; REID, G.; GIBSON, G. R.; MERENSTEIN, D. J.; POT, B.;

MORELLI, L.; CANANI, R. B.; FLINT, H. J.; SALMINEN, S.; CALDER, P. C.;

SANDERS, M. E. The International Scientific Association for Probiotics and

Prebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term

probiotic. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology. v. 11, p. 506–514,

2014.

HUANG, E.; KANG, S.; PARK, H.; PARK, S.; JI, Y.; HOLZAPFEL, W. H.

Differences in Anxiety Levels of Various Murine Models in Relation to the Gut

Microbiota Composition. Biomedicines. v. 6, n. 113, p.1-12, 2018.

JOHNSON, K.V., FOSTER, K.R. Why does the microbiome affect behaviour?. Nat

Rev Microbiol. v. 16, p. 647–655, 2018.

Page 26: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

25

KATO-KATAOKA, A.; NISHIDA, K.; TAKADA, M.; KAWAI, M.; KIKUCHI-

HAYAKAWA, H.; SUDA, K.; ISHIKAWA, H.; GONDO, Y.; SHIMZU, K.; MATSUKI,

T.; KUSHIRO, A.; HOSHI, R.; WATANABE, O.; IGARASHI, T.; MIYAZAKI, K.;

KUWANO, Y.; ROKUTAN, K. Fermented milk containing Lacto-bacillus casei strain

Shirota preserves the diversity of the gut microbiota and relieves abdominal

dysfunction in healthy medical students exposed to academic stress. Appl.

Environ. Microbiol. v. 82, n. 12, p. 3649–58, 2016.

KAVVADIA, M.; DE SANTIS, G. L.; ALWARDAT, N.A.A.A.; BIGIONI, G.;

ZEPPIERI, C.; CASCAPERA, S.; DE LORENZO, A. Psychobiotics As Integrative

Therapy for Neuropsychiatric Disorders with Special Emphasis on the Microbiota-

Gut-Brain Axis. Biomedicine & Prevention, v. 2, n. 111, p. 81-88, 2017.

KELLY, J.; KENNEDY, P.; CRYAN, J.; DINAN, T.; CLARKE, G.; HYLAND, N.

Breaking Down the Barriers: The Gut Microbiome, Intestinal Permeability and

Stress-related Psychiatric Disorders. Frontiers in cellular neuroscience. v. 9, n.

392, p. 1-20, 2015.

LIANG, S.; WANG, T.; HU, X.; LUO, J.; LI, W.; WU, X.; DUAN, Y.; JUN, F.

Administration of Lactobacillus helveticus NS8 improves behavioral, cognitive, and

biochemical aberrations caused by chronic restraint stress. Neuroscience, v. 310,

p. 561-77, 2015.

LIU, W. H.; YANG, C. H.; LIN, C. T.; LI, S. W.; CHENG, W. S.; JIANG, Y. P.; WU,

C. C.; CHANG, C. H.; TSAI, Y. C. Genome architecture of Lactobacillus plantarum

PS128, a probiotic strain with potential immunomodulatory activity. Gut Pathog. v.

7, n. 22, 2015.

LIU, Y. W.; LIU, W. H.; WU, C. C.; JUAN, Y. C.; WU, Y. C.; TSAI, H. P; WANG, S.;

TSAI, Y. C. Psychotropic effects of Lactobacillus plantarum PS128 in early life-

stressed and naive adult mice. Brain Res. v. 1631, p. 1-12, 2016.

Page 27: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

26

LUO, J.; WANG. T.; LIANG, S.; HU, X.; LI, W.; JIN, F. Ingestion of Lactobacillus

Strain Reduces Anxiety and Improves Cognitive Function in the Hyperammonemia

Rat. Science China Life Sciences. v. 57, n. 3, p. 327-35, 2014.

MESSAOUDI, M.; LALONDE, R.; VIOLLE, N.; JAVELOT, H.; DESOR, D.;

NEJDI, A.; BISSON, J-F.; ROUGEOT, C.; PICHELIN, M.; CAZAUBIEL, M.;

CAZAUBIEL, J-M. Assessment of psychotropic-like properties of a probiotic

formulation (Lactobacillus helveticus R0052 and Bifidobacterium longum R0175) in

rats and human subjects. Br J Nutr. v. 105, n. 5, p. 755-64, 2011.

MILLER, A.; HAROON, E.; RAISON, C.; FELGER, J. Cytokine targets in the brain:

Impact on neurotransmitters and neurocircuits. Depress Anxiety, v. 30, n. 4, p.

297-306, 2013.

MOHAMMADI, A. A.; JAZAYERI, S.; KHOSRAVI-DARANI, K.; SOLATI, Z.;

MOHAMMADPOUR, N.; ASEMI, Z.; ADAB, Z.; DJALALI, M.; TEHRANI-DOOST,

M.; HOSSEINI, M.; EGHTESADI, S. The effects of probiotics on mental health and

hypothalamic-pituitary-adrenal axis: a randomized, double-blind, placebo-controlled

trial in petrochemical workers. Nutr Neurosci. v. 19, n. 9, p. 387-95, 2016.

MOHAMMADKHAH, A. I.; SIMPSON, E. B.; PATTERSON, S.G.; FERGUSON, J.F.

Development of the Gut Microbiome in Children, and Lifetime Implications for

Obesity and Cardiometabolic Disease. Children (Basel). v. 5, n. 160, 20p., 2018.

MORSHEDI M.; VALENLIA K. B.; HOSSEINIFARD E. S.; SHAHABI P. ; ABBASI

M. M.; GHORBANI M.; BARZEGARI A.; ETEGHAD S. S.; ASL M. S. Beneficial

psychological effects of novel psychobiotics in diabetic rats: the interaction among

the gut, blood, and amygdala. The Journal of Nutritional Biochemistry, v. 57,

p.145-152, 2018.

NADEEM, I.; RAHMAN, M.Z.; AD-DAB’BAGH, Y.; AKHTAR, M. Effect of probiotic

interventions on depressive symptoms: A narrative review evaluating systematic

reviews. Psychiatry and Clinical Neurosciences, v. 73, n.4, p.154-162, 2019.

Page 28: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

27

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). 23 de fevereiro de 2017. Cresce o

número de pessoas com depressão no mundo. Disponível em:

https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5354:a

umenta-o-numero-de-pessoas-com-depressao-no-mundo&Itemid=839. Acesso

em: 25 junho 2020.

PAIXÃO L. A.; CASTRO F. F. S. 03 de abril de 2016. A colonização da microbiota

intestinal e sua influência na saúde do hospedeiro. Universitas: Ciências da

Saúde, v. 14, n. 1, p. 85-96, 2016.

PINTO-SANCHEZ, M. I.; HALL, G. B.; GHAJAR, K.; NARDELLI, A.; BOLINO,

C.; LAU, J. T.; MARTIN, F-P.; COMINETTI, O.; WELSH, C.; RIEDER, A.;

TRAYNOR, J.; GREGORY, C.; DE PALMA, G.; PIGRAU, M.; FORD, A. C.;

MACRI, J.; BERGER, B.; BERGONZELLI, G.; SURETTE, M. G.; COLLINS, S. M.;

MOAYYEDI, P.; BERCIK, P. Probiotic bifidobacterium longum NCC3001 reduces

depression scores and alters brain activity: a pilot study in patients with irritable

bowel syndrome. Gastroenterology. v. 153, n. 2, p. 448-59, 2017.

RAO, A. V.; BESTED, A. C.; BEAULNE, T. M.; KATZMAN, M. A.; IORIO, C.;

BERARDI, J. M.; LOGAN, A. C. A randomized, double-blind, placebo–controlled

pilot study of a probiotic in emotional symptoms of chronic fatigue syndrome. Gut

Pathog. v. 1, n. 1, 6p., 2009.

RIBEIRO, L. M.; MEDEIROS, S. M.; SAMI, J. A.; FERNANDES, S. M. B. A. Saúde

mental e enfermagem na estratégia saúde da família: como estão atuando os

enfermeiros? Rev Esc Enferm USP, v. 44, n. 2, p.376-382, 2010.

SADOCK B. J.; SADOCK V. A.; RUIZ P. Compêndio de Psiquiatria: Ciência do

Comportamento e Psiquiatria Clínica, 11.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. cap.9,

p. 387-392.

Page 29: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

28

SANDHU, K. V.; SHERWIN, K.; SCHELLEKENS, H.; STANTON, C.; DINAN, T. G.;

CRYAN, J. F. Feeding the microbiota-gut-brain axis: diet, microbiome, and

neuropsychiatry. Translational Research. v. 179, p. 223-244, 2017.

SARKAR, A.; LEHTO, S. M.; HARTY, S.; DINAN, T. G.; CRYAN, J.F.; BURNET, P.

W. J. Psychobiotics and the Manipulation of Bacteria-Gut-Brain Signals. Trends in

Neurosciences, v. 39, n. 11, p. 765-781, 2016.

SAVIGNAC, H. M.; KIELY, B.; DINAN, T. G.; CRYAN, J. F. Bifidobacteria exert

strain-specific effects on stress-related behavior and physiology in BALB/c mice.

Neuro Gastroenterol Motil. v. 26, n. 1615, 2014.

SAVIGNAC, H. M.; TRAMULLAS, M,; KIELY, B.; DINAN, T. G.; CRYAN, J. F.

Bifidobacteria modulate cognitive processes in an anxious mouse strain.

Behavioural Brain Research. v. 287, p. 59-72, 2015.

SAYAR, G.H.; CETIN, M. Psychobiotics: The Potential Therapeutic Promise of

Microbes in Psychiatry. Klinik Psikofarmakoloji Bülteni-Bulletin of Clinical

Psychopharmacology, v. 26, n. 2, p. 93-102, 2016.

SCHIRMER, M.; SMEEKENS, S. P.; VLAMAKIS, H.; JAEGER, M.; OOSTING, M.;

FRANZOSA, E. A.; HORST, R. T.; JANSEN, T.; JACOBS, L.; BONDER, M. J.;

KURILSHIKOV, A.; FU, J.; JOOSTEN, L. A. B.; ZHERNAKOVA, A.;

HUTTENHOWER, C.; WIJMENGA, C.; NETEA, M. G.; XAVIER, R. J. Linking the

human gut microbiome to inflammatory cytokine production capacity. Cell. v. 167,

n. 4, p. 1125-36, 2016.

SHERWIN E.; SHANDU K. V.; DINAN T. G.; CRYAN J. F. May the force be with

you: The light and dark sides of the microbiota–gut–brain axis in neuropsychiatry.

CNS Drugs, v. 30, n. 11, p. 1019-1041, 2016.

Page 30: PSICOBIÓTICOS: PROBIÓTICOS COMO POSSÍVEL TRATAMENTO

29

THURSBY, E.; JUGE, N. Introduction to the human gut microbiota. Biochemical

Journal. v. 474, n. 11, p. 1823-36, 2017.

TILLISCH, K.; LABUS, J.; KILPATRICK, L.; JIANG, Z.; STAINS, J.; EBRAT, B.;

GUYONNET, D.; LEGRAIN-RASPAUD, S.; TROTIN, B.; NALIBOFF, B.; MAYER,

E.A. Consumption of Fermented Milk Product With Probiotic Modulates Brain

Activity. Gastroenterology. v. 144, n. 7, p. 1394-1401, 2013.

TRAN, N.; ZHEBRAK, M.; YACOUB, C.; PELLETIER, J.; HAWLEY, D. The gut-

brain relationship: Investigating the effect of multispecies probiotics on anxiety in a

randomized placebo-controlled trial of healthy young adults. Journal of Affective

Disorders. v. 252, p. 271-277, 2019.

WEI, C. L.; WANG, S.; YEN, J. T.; CHENG, Y. F.;LIAO, C. L.; HSU, C. C.; WU, C.

C.; TSAI, Y. C. Antidepressant-like activities of live and heat-killed Lactobacillus

paracasei PS23 in chronic corticosterone-treated mice and possible mechanisms.

Brain Research, v. 1711, p. 202-213, 2019.

WHO. Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates.

Geneva: World Health Organization; 2017. Disponível em:

https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-

eng.pdf. Acesso em 22 fevereiro 2020.

____________________________ ____________________________

Data e assinatura do aluno(a) Data e assinatura do orientador(a)