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Conflitos de interesse

• Diretor Secretário da ABP• Médico psiquiatra do Ministério da Saúde• Chefe do Serviço de Psiquiatria do HMIPV• Professor e Preceptor da Residência em

Psiquiatria da UFCSPA• Presidente do CELPCYRO

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Estigma

a : arcaico: uma cicatriz feita por um ferro quente b : uma marca de desgraca ou vergonha c : uma marca característica d: um sinal especifico de uma doença

Origem:Latim stiqmat-, stigma marca, queimadura Grego stizein tatuagem (usada para identificar criminosos, escravos e traidores).

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Dimensões do Estigma

- Estereótipo: crença negativa sobre um grupopericulosidade, fraqueza;- Preconceito: reação emocional negativa a umgrupo - medo, raiva;- Discriminação: resposta comportamentalao preconceito - evitar, negar emprego.

Thornicro_ G, Rose D, Kassam A, Sartorius N. Sigma: ignorance, prejudice or discriminaion? Brit J Psychiatry 2007; 190:192- 193.‐Corrigan PW, Watson AC. Understanding the impact of sigma on people with mental illness. World Psychiatry 2002;1(1): 16–20. Es\gmada doena mental

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Estigma da doença Mental

Robert Musil 1880 - 1942

O homem sem qualidades

“ C a r a c t e r í s t i c a d e s t e s infelizes é que eles não somente tem uma saúde inferiorizada; eles também sofrem de uma doença inferiorizada.”

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Estigma da Psiquiatria

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Um estranho no ninho

“O filme retrata as peripécias de Randle McMurphy, umpresidiário acusado de estuprar uma moca de 15 anos, que alegainsanidade mental para poder ser transferido para um hospitalpsiquiátrico...”

“Rodeado por paranóides, histéricos, catatônicos e até um chefe-índio –surdo -mudo, Randle percebe que assim como ele mesmo,alguns daqueles loucos não são assim tão doidos.”

http://mediconerd.com/2011/07/medicine-07-um-estranho-no-ninho.html

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Um estranho no ninho

“São comuns ao longo desse filme os abusos aos doentes etécnicas mal-empregadas como Eletro-Convulso Terapia para otratamento de mal comportamento, como uma espécie decastigo corporal.”“O filme mostra exatamente aquilo que a nossa reformapsiquiátrica tenta eliminar dos manicômios.”

http://mediconerd.com/2011/07/medicine-07-um-estranho-no-ninho.html

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Psiquiatra e Psiquiatras

- Não é medicina “de verdade”; - Diagnósticos inválidos, não conseguem diferenciar simuladores de doentes; - Tratamentos ineficazes; - A serviço da repressão para manter a ordem; - Tratamentos (ECT) como punição e castigo; - Usam medicamentos para sedar sem curar; - Psicotrópicos viciam e mudam a personalidade

Sartorius et al, WPA guidance on how to combat stigma of psychiatry and psychiatry. World Psychiatry.9:131-144.2010

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Estigma da Psiquiatria vs. Impacto da saúde mental

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Estigma da Psiquiatria:conseqüências

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Estigma da Psiquaitria:consequencias

- Outros médicos não encaminham seuspacientes para tratamento psiquiátrico porque: Duvidam da eficácia do tratamento; Receiam estigmatizar seus pacientes;- O motivo mais freqüente para pacientes nãoseguirem o encaminhamento para tratamento psiquiátrico foi o medo do estigma da doençamental.

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Estigma da doença: conseqüências

- Co-diagnóstico psiquiátrico acarreta pior qualidade de tratamento para doenças físicas: - Clínicos tendem a pensar que sintomas físicos são

produto de uma “mente perturbada” - Menor uso de recursos diagnósticos - Maior mortalidade entre os portadores de

transtornos mentais que sofrem infarto ou AVC.

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Estigma gera auto-estigma

• Para evitar o estigma, pacientes não procuram tratamento: • Estimativa de casos de esquizofrenia nãotratados: 32% no mundo, 58% no Brasil ; • Canadá: 50% não remarcam a consulta por medo de serem estigmatizados; • Pela baixa auto-estima, pacientes deixam de procurar empregos, independentemente de suas capacidades

World Health Organization. The World Health Report, 2001.Mental Health: new understanding. New hope. Geneve: World Health Organization, 2001.

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Perpetuação do Estigma: o mito da associação com violência

• A crença de que as doenças mentais estão associadas à violência é historicamente constante e culturalmente universal. (1)

• Esta crença vem sendo perpetuada pela mídia.

• Nos EUA, de 3.300 notícias sobre doenças mentais, 39% com foco em violência e periculosidade.(2)

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Violência e doença mental na mídia 2008

• “Aposentado mata a cunhada e fere depois irmãos na zona norte”

• “Familiares e vizinhos cofirmam que o acusado era doente e tomava remédios contra a esquizofrenia.”

• “No Rio, tráfico vende o crack já misturado com a maconha”

• “O s p a c i e n t e s a p a r e c e m c o m q u a d r o s d e esquizofrenia.” (relato de “especialista”)

• “Mãe é presa acusada de atirar bebê de 8 meses do 6o andar do prédio”

• “Ela [a criança] não tinha nada a ver comigo. Acho que tenho esquizofrenia.” (relato da acusada)

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Esquizofrenia na mídia em 2011

• Aparições do termo Esquizofrenia • Sites;Folha de S. Paulo (folha.com.br);

Estadão.com.br; Oglobo.com, sites de Veja e Época;

• Reportagens, blogs, colunas, editoriais

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Esquizofrenia na mídia em 2011

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Esquizofrenia como metáfora: incoerente, contraditório, absurdo

“O que um psiquiatra poderia fazer para diminuir o estigma e a discriminação contra a doença mental? Inicialmente, deveríamos examinar nossas próprias atitudes.”

Sartorius, 1998

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Psicofármacos

“Doutor, eu melhorei muito.

Agora só falta eu me livrar

destes remédios.”

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Combate ao estigma: prioridade da Psiquiatria

- Combater o estigma nos profissionais de saúde mental;

- Divulgar o problema e suas conseqüências;- Ganhar apoio da sociedade;- E, acima de tudo, INFORMAR.

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Ganhar parceria da mídia

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Emenda

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O estigma dos transtornos mentais é a mais importante barreira a ser superada na comunidade, por impedir o tratamento e a reabilitação adequados dos pacientes.

World Health Organization

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“O estigma não se limita à doença mental:ele marca os doentes, as suas famílias atravésde gerações, as instituições que os tratam, osmedicamentos psicotrópicos, e o profissionaisde saúde mental.”

N. Sartorius

N. Sartorius,The Lancet, September. 2007

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Doentes mentais idosos de rua