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9 9 FISICA QUÂNTICA, PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo apresentar o resultado de um levantamento bibliográfico inicial para atender as exigências de conclusão do Curso de Especialização em Gestão e Aplicação de Terapias Vibracionais Holísticas, desenvolvido pelo Centro Universitário Uniradial, de São Paulo. O tema escolhido diz respeito às influências das descobertas da Física Quântica no campo da Psicologia e o que se destaca como aplicações na área educacional. A preocupação em fazer esta busca decorre do interesse da pesquisadora na área uma vez que é Doutora em Psicologia da Educação e professora dessa disciplina desde 1980. A razão desse interesse se explica, primeiramente, pela gradativa descoberta de novas concepções das teorias de desenvolvimento e da aprendizagem com forte identificação com aquelas que apresentam uma visão não mecanicista de homem e, consequentemente, de aluno, o ser que aprende. Apesar disso, sempre houve manifestação de uma inquietação pessoal e profissional, até mesmo com as correntes sócio-antropológicas que apresentam uma compressão mais ampla do ser humano, situado em um dado contexto cultural, em perceber limitações no modo de as teorias psicológicas assim circunscritas, predominantes no âmbito educacional, conceberem o ser humano em desenvolvimento e as relações com a aprendizagem. Até conhecer mais de perto as relações da Psicologia com a Teoria Quântica, em suas aulas a pesquisadora já enfatizava aos alunos a sua insatisfação pela

Psicologia e Fisica Quantica

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FISICA QUÂNTICA, PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo apresentar o resultado de um levantamento

bibliográfico inicial para atender as exigências de conclusão do Curso de

Especialização em Gestão e Aplicação de Terapias Vibracionais Holísticas,

desenvolvido pelo Centro Universitário Uniradial, de São Paulo.

O tema escolhido diz respeito às influências das descobertas da Física Quântica no

campo da Psicologia e o que se destaca como aplicações na área educacional. A

preocupação em fazer esta busca decorre do interesse da pesquisadora na área

uma vez que é Doutora em Psicologia da Educação e professora dessa disciplina

desde 1980.

A razão desse interesse se explica, primeiramente, pela gradativa descoberta de

novas concepções das teorias de desenvolvimento e da aprendizagem com forte

identificação com aquelas que apresentam uma visão não mecanicista de homem e,

consequentemente, de aluno, o ser que aprende.

Apesar disso, sempre houve manifestação de uma inquietação pessoal e

profissional, até mesmo com as correntes sócio-antropológicas que apresentam uma

compressão mais ampla do ser humano, situado em um dado contexto cultural, em

perceber limitações no modo de as teorias psicológicas assim circunscritas,

predominantes no âmbito educacional, conceberem o ser humano em

desenvolvimento e as relações com a aprendizagem.

Até conhecer mais de perto as relações da Psicologia com a Teoria Quântica, em

suas aulas a pesquisadora já enfatizava aos alunos a sua insatisfação pela

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incompletude da ciência em explicar os fracassos e sucessos dos alunos no

desempenho escolar, pois sempre questionava até que ponto esses aspectos não

tinham por trás, além das interferências de conflitos familiares e de outros tipos de

problemas de relações sociais, explicações espirituais e religiosas ou de outras

manifestações fruto de uma “química/energia cósmica” presente nos ambientes

onde esses alunos se situam,

Ao ler a obra de Fritjof Capra, O Ponto de Mutação, encontrou ela algumas das

respostas a esses questionamentos. O encontro com essa obra provocou outras

buscas que levou-a até mesmo realizar o Curso de Gestão e Aplicação de Terapias

Holísticas Vibracionais, com grande expectativa na disciplina Teoria Quântica e

Metafísica, a qual trouxe outras respostas, mas também colocou novos pontos para

aprofundamento, sobretudo no que se refere aos conceitos dessa teoria.

De inicio, para realizar essa busca, a pesquisadora não tinha conhecimento de obras

relacionadas ao assunto, a não ser O Ponto de Mutação, a qual lhe chamou a

atenção para a concepção de uma nova teoria psicológica, mas como ainda não

havia feito nenhum curso de Física Quântica (FQ), de imediato não fez a ligação

com essa área do conhecimento.

Por outro lado, a sua experiência como docente da disciplina Psicologia da

Educação revelava uma ausência de produção bibliográfica que tratasse desse

tema, sobretudo a enfocar as questões relacionadas à educação escolar, embora a

Física Quântica, praticamente com um século de existência, viesse proporcionando

uma revolução nos diversos campos do conhecimento humano, de modo a colocar

em cheque o paradigma da Física Newtoniana, com mais de três séculos de domínio

como modelo cientifico, associada ao pensamento cartesiano.

Nesse contexto, a Psicologia, enquanto ciência do estudo do comportamento

humano vem sendo questionada em muitos dos seus pressupostos. O século XX fez

emergir novas teorias sobre a visão de homem e de mundo e da compreensão do

desenvolvimento e da aprendizagem humanos.

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No entanto, as relações entre esses dois campos do saber ainda não estão

devidamente explicitadas e na área da psicologia observam-se poucas referências

às influências da Física Quântica no que se refere às renovações do conhecimento

psicológico.

Foi ao realizar o curso acima que veio o insight de procurar explicitar as relações

possíveis entre essas duas áreas do saber humano, uma vez que as descobertas na

área da Física Quântica afetaram praticamente todas as áreas do conhecimento,

além de trazer contribuições para se repensar o modelo da ciência clássica, abrindo

o caminho para o surgimento de um novo paradigma cientifico e,

consequentemente, de uma psicologia de natureza quântica.

No campo da saúde e cura Goswami (2006, p. 27) afirma que o paradigma de “uma

nova ciência dentro da consciência [...] integra a física, a psicologia e a

espiritualidade”. Assim é de se supor a sua influência também na área da educação.

5. Problema da pesquisa

Quais as principais transformações que a ciência da Psicologia Humana, sobretudo

no ramo da Psicologia da Educação, vem sofrendo de modo a oferecer novos

fundamentos a prática pedagógica após a descoberta e difusão da Física Quântica?

3. Objetivo Geral

Produzir conhecimento a partir de um levantamento das obras bibliográficas que

possam trazer as influências da Teoria Quântica sobre o campo da psicologia

humana e as possíveis aplicações na educação.

4. Objetivo Específico

Verificar as mudanças de concepções no que diz respeito à psicologia humana e

que pode atualizar o significado dos fundamentos psicológicos da educação escolar

resultantes de conceitos da nova Física.

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6. Hipótese

Assim como a descoberta da Física Quântica vem contribuindo para novas

concepções nas diversas áreas do conhecimento, ela vem afetando a compreensão

psicológica do ser humano o que se aplica à compreensão dos sujeitos que fazem

parte da relação pedagógica escolar.

7. Metodologia da pesquisa

A metodologia seguiu um caminho exploratório e a coleta dos dados foi feita por

meio de levantamento bibliográfico, procedimento de observação indireta, com a

intenção de buscar na literatura o que já havia sido publicado direta ou indiretamente

sobre o tema ou que pudesse servir de pano de fundo para inferências sobre uma

possível ligação entre as áreas escolhidas, pois de imediato busca-se maior

familiaridade com este assunto, além de verificar o que se publicou sobre ele, até

mesmo com o propósito de clarear o problema.

8. Revisão da literatura

A revisão da literatura buscou encontrar obras nas três áreas Física Quântica

Psicologia e Educação que explicitassem as relações entre elas. Essa busca se

confunde com o próprio trabalho, na medida em que ele apresenta as obras que

foram encontras sobre o tema no tempo previsto.

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CAP I

FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

1. Física Quântica – FQ

A ciência moderna, ainda em vigor na atualidade, surge no século XVII, quando

Descartes, valendo-se da lógica da geometria e da álgebra, introduziu o conceito de

universo dicotomizado, a partir de sua análise que considerou a natureza como uma

entidade (res extensa separada do sujeito pensante (ego cogitam), tanto quanto a

razão estaria separada da emoção e o corpo da alma (TESCAROLO, 2004, p.32).

Mente e corpo passam então a ser considerados como dois domínios paralelos, mas

diferentes, que podem ser estudados sem referência um ao outro – o corpo

governado por leis mecânicas e mente, ou alma, livre e imortal.

Com as descobertas mecanicistas da física newtoniana, associadas às idéias

cartesianas, o universo passa a ser concebido como uma máquina, funcionando à

semelhança de um relógio. Cria-se então a metáfora da organização do Universo

como uma maquina em contraposição à da organização como um sistema vivo. A

visão do universo como um sistema mecânico composto de peças elementares

determinou e moldou a nossa percepção da natureza, do organismo humano e da

sociedade, como mostra Capra (2005).

O desenvolvimento desse modelo, que vem dominando a cultura ocidental,

espalhando-se para o resto do mundo, nesses últimos três séculos, levou à

construção de uma ciência baseada em alguns princípios ainda vistos como dogmas

por aqueles partidários da ciência moderna, o reducionismo, que reduz o todo ao

estudo de suas partes, a objetividade e neutralidade, continuidade, dentre outros.

Com o surgimento da Física Quântica, no inicio do século XX, a partir das

descobertas da noção de quantum de Max Plank, do principio da relatividade de

Albert Einstein, e do principio de incerteza de Werner Heizenberg.a credibilidade da

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ciência moderna, realista, materialista, foi abalada em alguns dos seus dogmas,

conforme apresentado por Goswami ( 2000, pp. 41 a 52).

Um deles, o determinismo causal o qual concebe que toda mudança, ou todo

movimento, de um objeto é determinada pelas suas condições iniciais e pelas

forcas materiais que agem sobre ele, já que o mundo é concebido como uma

máquina, semelhante a um relógio.

Werner Heisenberg foi quem ilustrou a indeterminação do mundo físico com o

principio da incerteza , descobrindo que não e possível medir simultaneamente, com

precisão absoluta a posição e a velocidade de um objeto.

Também a noção de continuidade sofre o abalo quando Max Plank, ao descobrir a

idéia de quantum, mostrou que a energia não é trocada de modo continuo, como

definida pela Ciência Moderna, mas em pedaços finitos, descontínuos, ou saltos

quânticos.

Localidade com a descoberta de Einstein de que os objetos materiais estão

sujeitos ao limite da velocidade da luz, cai por terra a idéia de que todas as causas

são locais, isto é, se propagam no espaço com velocidade finita, num tempo finito.

Objetividade o mundo material e independente da consciência, ou seja, da

subjetividade dos observadores também não se sustenta. Segundo o monismo

materialista e o reducionismo tudo é feito de matéria (átomo), portanto, todo

fenômeno tem uma origem material a que pode ser reduzido

Com a FQ os objetos quânticos passam a ser vistos não só como matéria, mas

também como elétrons - ondas transcendentes em potência - que quando

observadas sofrem um colapso como partículas localizadas, e como tal podem estar

em dois lugares ao mesmo tempo. Com isso, Niels Bohr ajuda a compreender o

papel crucial do observador na configuração da realidade.

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Assim, diz Goswami, (2000, p 52), no que diz respeito à objetividade, a Física

Quântica tem elementos para provar que a realidade não independe do observador,

pois os fenômenos quando observados sofrem um colapso, na medida em que os

elétrons, na sua modalidade de onda, são ondas de possibilidades e de

probabilidades. Em termos perceptivos, a consciência escolhe como um elétron vai

se manifestar.

Na ciência, sobretudo nas ciências sociais, segundo La Plantine (1989) a volta do

observador na observação ocorreu pela nova física que reintegra a reflexão sobre a

questão do sujeito como condição de possibilidade da própria atividade cientifica. Foi

Heisenberg quem mostrou que não se podia observar um elétron sem criar uma

situação que o modifica. Daí tirou em 1927 seu principio da incerteza que o levou a

reintroduzir o físico na própria experiência física.

Outro dogma sofre também abalo: a noção de epifenomenalismo que considera

todos os fenômenos subjetivos, inclusive a própria consciência, como epifenômenos

da matéria. Assim a consciência é vista como um epifenômeno do cérebro, numa

estrita causação ascendente - as partículas elementares formam os átomos, estes

formam as moléculas , que formam as células, que formam o cérebro e este gera a

consciência. Mas para a física quântica, desde a partícula até o cérebro continuam

sendo ondas de possibilidade.

Esses abalos causam uma revolução no paradigma científico que retoma a visão do

universo como totalidade, agora visto como organizado em redes complexas de

interconexões . Essa mutação para uma compreensão da complexidade cósmica é

bem tratada por Frijof Capra, em várias de suas obras.

O modelo clássico ganhou repercussão e dominou o pensamento cientifico até inicio

do século XX, quando novas descobertas no âmbito da Física começam a produzir

idéias oposicionistas, em vários domínios do conhecimento humano, nas ciências

biológicas e sociais, na busca de uma visão sistêmica da vida humana.

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Segundo Capra, (2005), saindo das redes biológicas, nessa época havia no âmbito

social a busca de uma compreensão sistêmica também da vida em sociedade,

enquanto o pensamento era fortemente influenciado pelo positivismo de Augusto

Comte, sendo um dos princípios básicos a idéia de que cabia às Ciências Sociais o

dever de conhecer as leis gerais do comportamento, e rejeitar as explicações

subjetivas. O debate acontecia entre duas grandes correntes o funcionalismo e o

estruturalismo.

Destaca Capra (2005) que, na segunda metade do século XX, duas grandes teorias

sociais se sobressaem na busca da integração das noções de estrutura social e

atividade humana: a teoria da estruturação, de Anthony Giddens, do inicio dos anos

1970, buscou explorar as interações entre as estruturas sociais e atividade humana,

cujas ações que constituem o fluxo da condição humana tem capacidade

transformadora. Nessa mesma época Jurgen Habermas formulava sua teoria da

ação comunicativa. Como Giddens, Habermas apresenta duas perspectivas

complementares para a compreensão dos fenômenos sociais - o sistema social

ligado ao modo pelo qual as estruturas sociais constrangem as ações dos

indivíduos, e o mundo ligado às questões do significado e da comunicação. Assim,

integra dois tipos de conhecimento - o empírico-analítico, estudo do mundo externo,

e o hermenêutico, estudo do mundo interno, do sentido das coisas, que trata da

linguagem e da comunicação. Em sua teoria, traça também uma nova distinção

entre diferentes tipos de ação, todos enquadrados na idéia de processo: a ação

instrumental decorre do mundo externo – (matéria) ação estratégica, a dos

relacionamentos humanos (forma), e a ação comunicativa, o entendimento

(significado). (Capra 2005, p. 92).

Mas é preciso ressaltar que na primeira metade do século começam a surgir os

primeiros movimentos em busca de uma ciência do homem concreto,

contextualizado. Destaca-se aqui a contribuição de Levi Strauss em dar novo cunho

às Ciências Sociais na criação de uma antropologia, uma ciência para entender o

homem na integração com a cultura. Nasceria ai uma abordagem totalizadora das

relações humanas e o seu meio, um sistema de relações (LA PLANTINE 1989).

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Nessa busca de um sócio-culturalismo, importante também é destacar o papel de

Marcel Mauss que, a partir da critica à psicologia da época, propõe, considerando os

estudos antropológicos, uma psicologia social, para estudo do homem indivisível, do

concreto e do completo, conforme La Plantine, pois, continua esse autor, “o homem

só adquire significação antropológica sendo relacionado à sociedade como um todo

no qual se inscreve e dentro da qual constitui um sistema complexo” (1989, p. 156).

Constitui essa a razão pela qual toda abordagem que busca isolar

experimentalmente objetos não cabe na antropologia, pois é seu propósito estudar

o próprio contexto em que se encontram esses objetos e a rede de relações que

estas constituem com a totalidade social em sua dinâmica (LA PLANTINE, 1989).

Essas contribuições marcam a presença do estruturalismo, um novo modo de

abordar os fenômenos sociais, que mostra avanços metodológicos em relação à

corrente funcionalista.

2. O funcionalismo e o estruturalismo na Psicologia

Conforme mencionado acima, na área da psicologia duas correntes são citadas

como contribuição para o avanço desta ciência com vistas ao estudo integrado do

homem: o funcionalismo e o estruturalismo.

Segundo Figueiredo (1991) a presença da matriz funcionalista e organicista na

psicologia apresentam-se nos planos ontológico e metodológico. Neste, a psicologia,

como ciência natural, adota um modelo instrumentalista dos fenômenos mentais e

comportamentais - percepção, memória, afetividade, motivação, aprendizagem,

entre outros, são fenômenos concebidos como processos orientados para a

adaptação, que aponta para uma intencionalidade , consciente ou objetiva,

manifesta ou encoberta.

No plano metodológico, como instrumentalista, busca produzir conhecimentos que

integrem as análises funcionais, estruturais e genéticas.

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Apesar do enorme legado da corrente funcionalista, a referência inicial vinha da

psicologia funcional americana, desenvolvida no final do século XIX, tendo como

precursor William James. O ponto fundamental entre os pensadores dessa linha está

a concepção do funcionalismo biológico, cuja intencionalidade exibida pelas

operações dos sujeitos pode ser objetivamente caracterizada. Diz Figueiredo, para

essa corrente, “os comportamentos não são movimentos - são operações. A mesma

categoria se aplica aos fenômenos mentais - a consciência, por exemplo, é uma

operação seletiva e auto-reguladora das táticas comportamentais” (1991, p.78).

A ênfase na conseqüência adaptativa do comportamento instrumental tem como

expressão a lei do efeito, de Thorndike, aplicada à aprendizagem reforçadora, ou

não, do comportamento. Esse tipo de funcionalismo americano foi uma das

principais influências para o surgimento do behaviorismo, cujo representante mais

conhecido é B. F. Skinner, sobretudo no Brasil. Sua teoria do condicionamento

operante, que rejeita a participação dos estados subjetivos na análise dos

comportamentos, e considera apenas aquilo que é diretamente observável e

passível de medição, marcou muito a área educacional, dando origem a uma

educação de cunho mecanicista e tecnicista1, na primeira metade do século XX, mas

ainda muito presente na prática educativa.

No entanto, é preciso considerar que na passagem do século XIX para o século XX

já começavam a manifestar outros movimentos de oposição à compreensão da

psicologia pelo modelo das ciências naturais. A teoria da Gestalt, com os trabalhos

de Max Wetheimer e Wolfang Koheler foi uma contribuição importante para dar uma

outra direção ao estudo psicológico, na busca da superação do elementarismo, ou

seja, da análise do comportamento decomposto em suas partes (FIGUEIREDO,

1991).

Esse movimento foi importante para o surgimento da corrente estruturalista de

ideário romântico, pois é na origem da matriz estruturalista que se encontram as

teses que revolucionaram a psicologia, sendo a psicologia da forma a que ofereceu 1 No capitulo Educacional Profissional – a formação do cidadão produtivo e transformativo, de autoria da pesquisadora, do livro

por ela organizado Competência e competências - contribuição critica ao debate, publicado pela Cortez, 2010, é feita uma análise da influência mecanicista e técnica na educação, presente, inclusive, no debate sobre o emprego da noção de competências, muito enfatizada como estratégia de formação.

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a melhor alternativa à psicologia européia elementarista, associacionista e

introspectiva, conforme Figueiredo (1991, p 15I), iniciando com o estudo da

percepção e evoluindo para o estudo dos processos cognitivos , como memória e

solução de problemas.

Ao contrário do funcionalismo, no romantismo as noções de “organismo”, totalidade

ou forma supõem a interdependência, e não a complementaridade (FIGUEIREDO,

1991, 152). Apesar do avanço na compreensão dos fenômenos humanos numa

visão de totalidade, o estruturalismo se mantém metodologicamente preso ao

modelo das ciências naturais em suas análises, com ênfase na neutralidade do

observador e na preocupação com a interpretação para distinguir o verdadeiro do

falso.

Com Husserl a ciência avança para o estudo do objeto da experiência possível - os

fenômenos, a fenomenologia que, como ciência compreensiva, enfrenta também o

problema da interpretação da verdade. Enquanto o estruturalismo investe no rigor

metodológico, a fenomenologia se preocupa com o rigor epistemológico.

Para Figueiredo o objetivo da fenomenologia é o de elucidar as estruturas formais

subjacentes na organização da experiência, assumindo estatuto de uma ciência do

sujeito transcendental. A descrição fenomenológica da consciência influenciou

praticamente todas as ciências compreensivas, em grande parte mediada pelas

doutrinas existencialistas, em que Kierkegaard e Nietzsche aparecem como

precursores, pois ela representou uma esperança de proporcionar rigor

metodológico à descrição da existência concreta, em oposição a uma lógica abstrata

e universalizada.

Porém, é na psicopatologia de Jaspers que se encontra a contribuição para situar o

existencialismo entre as ciências do espírito ( FIQUEIREDO, 1991, p. 180), apesar

de no plano metodológico, fazer uso do método fenomenológico para descrever as

estruturas universais dos fenômenos subjetivos. E é em Sartre, por meio de sua

antropologia existencialista, que acontece a integração entre a metodologia analítica

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e a sintética, abrindo espaço para novas compreensões do estudo do homem numa

visão integrada.

Embora bastante enfatizada no discurso teórico, na prática percebe-se, social e

psicologicamente, a dificuldade de aplicação dessa visão, sobretudo no discurso

educacional.

Nessa área, numa abordagem funcionalista/estruturalista, foi decisiva a contribuição

do biólogo suíço Jean Piaget para o estudo e compreensão do desenvolvimento

cognitivo, numa concepção construtivista e epistemológica, que no Brasil começa a

chegar nos anos 1950.

Sua teoria partiu de duas idéias centrais: a de que o organismo possui uma

estrutura cognitiva permanente que pode se modificar por influência do meio, o que

lhe imprime uma visão estruturalista, e a segunda de que o desenvolvimento do

pensamento biologicamente atende a necessidade de equilíbrio por auto-regulação -

visão funcionalista (FIGUEIREDO, 1991, p. 93).

Por fim, por ser a área da saúde ligada também aos fenômenos psicológicos,

considerou-se importante citar aqui, na intenção de contextualizar a época em que

ocorreram as transformações nos diversos campos do conhecimento humano, em

especifico da psicologia, a obra de Gerber de 1954, publicada no Brasil em 2007,

pois se tornou ela um clássico na proposta de um novo modelo de medicina – a

medicina vibracional, em consonância com as descobertas da Física Quântica, a

partir do pressuposto de uma nova anatomia do organismo humano, tendo como um

dos seus corpos sutis os corpos mental e emocional, dimensões que dizem respeito

à Psicologia, e por extensão à Psicologia Educacional.

3. A Medicina Vibracional – uma medicina para o futuro Este conceito foi proposto pelo médico Richard Gerber, em seu livro com o titulo

acima, após onze anos de pesquisas pessoais, como uma nova abordagem para

pensar a saúde e a doença.

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Suas pesquisas têm como base o pressuposto de que o organismo humano não é

só matéria - corpo físico - mas também energia, a partir da descoberta de Albert

Einstein de que matéria e energia são duas manifestações da mesma substância

universal, um dos princípios que passaram a fazer parte dos pilares da construção

da nova ciência: a Física Quântica.

Diz Gerber (2007, p.407)

A medicina vibracional ou energética finalmente encontrou validação na ciência moderna graças à nova visão einsteniana da matéria como energia, especialmente quando esse conceito é aplicado ao estudos dos sistemas biológicos enquanto campos interativos de energia. Em outras palavras, o ponto de vista einsteniano considera os seres humanos a partir de uma perspectiva dimensional superior, de acordo com a qual eles são formandos por diversos campos de energia contidos um no outro.

Isso levou a uma concepção de multidimensionalidade do corpo humano - uma nova

anatomia composta de um corpo físico (matéria), de um corpo mental, de um corpo

emocional, de um corpo etérico, estes últimos também conhecidos por corpos sutis.

Nessa concepção, doença e cura tem origem no plano sutil, ou em padrões

emocionais, antes de se manifestar no corpo físico. Assim, “a saúde e o bem-estar

são reflexos do fluxo normal e desimpedidos das energias vibracionais superiores

através do corpo-mente-espirito” (GERBER, 2007, p. 391).

Seus estudos levaram-no a contrapor-se à visão newtoniana e mecanicista da vida,

considerada apenas uma aproximação da realidade, pois suas abordagens,

farmacológica e cirúrgica, são incompletas porque ignoram as forças vitais,

enquanto que para a nova medicina “todos os organismos dependem de uma sutil

força vital que cria uma sinergia graças a uma singular organização estrutural dos

componentes moleculares. Por causa dessa sinergia um organismo vivo é maior do

que a soma de suas partes” (GERBER, pp. 34,35).

O reconhecimento de que toda matéria é também energia constitui a base para a

compreensão de que os seres humanos podem ser considerados sistemas

energéticos dinâmicos que se interpenetram reciprocamente

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A partir dessa compreensão a medicina vibracional procura tratar as pessoas como

energia pura, com base na compreensão de que o arranjo molecular do corpo físico

é na verdade uma complexa rede de campos de energia entrelaçados. Essa rede

energética é organizada e sustentada pelos sistemas energéticos sutis que

coordenam o relacionamento entre a força vital e o corpo, e que são afetados

intensamente pelas emoções e nível de equilíbrio espiritual como pelos fatores

ambientais e nutricionais.

O autor informa que existem crescentes evidências de que as emoções podem

afetar a saúde, assim como a cura. E aqui se encontra a importante referência para

a educação – o trabalho com o campo emocional, e não apenas com o mental

entendido apenas na sua função cognitiva.

Segundo ele, problemas de auto-estima ou auto-imagem negativa podem provocar

bloqueios no chakra do coração que, de forma secundária, afetam o funcionamento

do timo e, portanto, das defesas imunológicas. Um sistema imunológico fraco deixa

o organismo vulnerável a doenças causadas por agentes internos e agentes

externos, e pode causar sérios problemas de aprendizagem, por bloqueios

cognitivos.

Além de apresentar as limitações do modelo médico assentado no paradigma

cartesiano/newtoniano, o autor expõem as bases para a compreensão da natureza

multidimensional do ser humano, de uma medicina vibracional e discute antigos e

modernos sistemas de tratamento e diagnóstico fundamentados nas energias sutis,

como a homeopatia, a acupuntura, a radiônica, os cristais, entre outros.

A lição importante, que ele deixa, é que as pessoas precisam ser ensinadas e

educadas a respeito das cruciais interações entre seus corpos, mentes, emoções e

energias espirituais. (p. 394). Postura defendida neste trabalho.

Para finalizar esta tentativa de contextualização do objeto de estudo, um dado

bastante atual é a contribuição de Franco e Ghedini, em seu livro Questões de

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método na construção da pesquisa em educação, (2008), na qual é possível ver

como as idéias da Física Quântica começam a ganhar novos espaços. Ciência ainda

muito pouco difundida, em seus oitenta anos de existência, inclusive no meio

acadêmico, contra mais de três séculos da ciência clássica, ainda bastante

dominante, começa-se observar uma certa expansão. O trabalho de Tescarolo,

abordado mais adiante, assim como este de Franco e Ghedin (2008, p. 27), são

provas importantes.

Apontam os autores que sobre a influência dos novos conhecimentos oriundos da

Física Quântica,

Tanto Miliaret (1996) quanto Santos (1996) e Morin (1982) afirmam que o abandono da física clássica, da mecânica newtoniana, e a incorporação dos conhecimentos decorrentes da mecânica quântica, da biologia molecular, da astrofísica, entre outros, impõem novo ponto de vista sobre a realidade: esta, como hoje se sabe, sofre interferências estruturais do sujeito, em sua relação com o objeto observado, comprova-se que a totalidade do real não se compõe da soma das partes e, sendo assim, a relação sujeito objeto é considerada complexa , integrativa, holística[...] (FRANCO; GHEDINI, 2008, p. 47)

As palavras de Santos (1996, p. 28) sobre essa incompatibilidade entre os

pressupostos da ciência clássica e as novas descobertas e compreensões do

mundo contemporâneo soam contundentes:

Em vez da eternidade, a história; em vez do determinismo, a imprevisibilidade; em vez do mecanicismo, a interpenetração, a espontaneidade, a auto-organização; em vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evolução; em vez da ordem, a desordem; em vez da necessidade, a criatividade e o acidental (In FRANO; GHEDINI, 2008, p. 47)

Diante do exposto, enfatizam Franco; Ghedini, decorre que a dinâmica da integração

parte todo é sempre emergencial, circunstancial, e que agir pela complexidade

significa enfrentar as contradições, as incertezas, superar o conhecimento

simplificador e encontrar caminhos para compreender as relações entre continuo e

descontinuo, entre ordem, desordem e organização.

Isto, posto tem-se mais uma razão para a importância desta pesquisa sobre as

relações da FQ com a Psicologia e a Educação, pois constitui ela mais uma

oportunidade de divulgação dos conhecimentos dessa ciência e da revolução

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paradigmática que ela provocou no modelo científico e na construção do

conhecimento. É, portanto, momento de passar para o levantamento bibliográfico

aqui proposto.

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CAP II

O LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Para esse levantamento inicial, como são poucas as obras identificadas que tratam

do tema, em especial de uma psicologia de natureza quântica voltada à educação,

as aqui selecionadas ajudam na construção do propósito de estabelecer as relações

entre FQ, Psicologia e Educação.

1) O Ponto de Mutação de Frijof Capra

Esta obra, embora não seja especifica sobre Psicologia, traz capitulo intitulado A

Psicologia newtoniana que traça de forma sintética o processo evolutivo dessa

ciência, ao mostrar sua origem na Filosofia, o momento em que se transforma em

disciplina cientifica, na segunda metade do século XIX, inspirada no modelo

cartesiano-newtoniano, o paradigma vigente na época, e as transformações

subseqüentes até retomar uma abordagem holística de mundo e de homem, agora

por influência das novas descobertas da teoria quântica.

Como se verifica em outros autores, Fritjof aponta que, ao seguir o modelo

cartesiano, a psicologia assumiu a concepção de corpo e mente humanos como

partes separadas. Para estudo do corpo, adotou-se a metodologia da Ciência

Natural e para o estudo da alma, ou mente, o método introspectivo.

Dessa visão decorreram duas escolas: as estruturalistas, que fazem uso da

introspecção mais análise da consciência em seus elementos básicos; e as

behavioristas (de origem no funcionalismo americano), cujo foco é o estudo do

comportamento, ignorando os processos mentais. Ambas adotaram o modelo da

Física Clássica, incorporando conceitos da mecânica newtoniana em sua estrutura

teórica.

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Uma terceira corrente, a Psicanálise, surge com Freud que adota o método da livre

associação para estudo da mente, também com base nos conceitos da mecânica

newtoniana.

No final do século XIX a psicologia dualista e analítica começa a ganhar oposição, a

partir de uma concepção unitária da consciência e da percepção, assumindo uma

abordagem holística. Duas correntes se destacam: para o gestaltismo os

organismos vivos percebem as coisas em termos de Gestalten, ou forma, cujas

partes se integram numa totalidade, e o funcionalismo que estabelece ligação entre

função e estrutura, com ênfase na unidade e natureza dinâmica da corrente de

consciência.

Somente na segunda metade do século XX destaca-se a corrente humanista, tendo

como principais representantes Carl Rogers e Abraham Maslow, modelos que

passam a enfatizar a experiência e não mais a análise puramente intelectual.

Surgem também outros grupos de psicólogos e psiquiatras que destacam a falta de

considerações sociais na abordagem do comportamento humano: Harry Sullivan

enfatizou as relações interpessoais – a personalidade humana não pode ser

separada da rede de relações em que está inserida, e Karen Horney traçou a

importância dos fatores culturais no desenvolvimento da neurose.

Na Psicanálise surgem também os dissidentes: Jung, Adler, Reiche Rank. Adler

busca as razões sociais dos distúrbios mentais e critica a concepção de Freud sobre

a Psicologia feminina. Reich faz a descoberta das atitudes mentais e as experiências

emocionais provocando resistências no organismo físico – “couraças de caráter”, e

amplia o conceito de libido e técnicas de trabalho com o corpo. Rank enfatiza o

trauma do nascimento com influência nos padrões neuróticos.

Segundo Capra (2006, p. 178), Carl Gustav Jung foi o que mais contribuiu para a

expansão da psicanálise, pois seus conceitos básicos transcenderam claramente os

modelos mecânicos da Psicologia Clássica. É no capitulo 11, Jornadas para além do

espaço e do tempo, (pp. 351- 379), que o autor desenvolve a influência de Jung na

nova concepção da teoria psicológica. Antes, porém, ressalta que na concepção

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sistêmica de saúde, toda enfermidade é um fenômeno mental, cuja abordagem

conceitual integra a nova biologia sistêmica e a nova psicologia sistêmica

(pressuposto da medicina vibracional), compondo uma ciência da experiência e do

comportamento humanos que percebe o organismo como um sistema dinâmico com

padrões fisiológicos e psicológicos interdependentes, inserida nos mais amplos

sistemas interagentes de dimensões físicas, sociais e culturais.

E ao romper com Freud, Jung foi talvez o primeiro a estender a psicologia a esses

novos domínios, ao abandonar os modelos newtonianos e desenvolver conceitos

compatíveis com os da física moderna, na medida que suas idéias sobre a dinâmica

dos fenômenos mentais estavam bastante próximas da concepção sistêmica: a

psique, um sistema auto-regulador, caracterizado por flutuações entre pólos

opostos, para cuja descrição utiliza o termo “libido”, mas com novo significado, isto

é, como uma energia vital a qual inclui a “energia psíquica”, manifestação da

dinâmica básica da vida, acepção semelhante a de Reich “bioenergia”.

Como diferença fundamental entre as psicologias de Freud e de Jung, Capra aponta

a concepção de inconsciente - de natureza pessoal para Freud -, enquanto Jung

distingue duas esferas: o inconsciente pessoal, pertencente ao individuo, e um

inconsciente coletivo, um estrato mais profundo da psique, comum a toda

humanidade, o que subentende um vinculo entre o individuo e a humanidade, que

não pode ser entendido dentro de uma estrutura mecanicista. Ele adota conceitos

semelhantes aos que os físicos contemporâneos empregam em suas descrições dos

fenômenos subatômicos. O inconsciente como um processo que envolve “padrões

dinâmicos” coletivamente presentes – os arquétipos: formas universais, sem

conteúdo, representando meramente a possibilidade de um certo tipo de percepção

e ação, inseridas numa teia de relações.

Outra diferença apontada é que Jung considerou a religião e a mitologia fontes

sobre o inconsciente coletivo, concluindo ser a espiritualidade parte integrante da

psique humana, aspectos não considerados por Freud.

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Com a criação da teoria dos tipos psicológicos em que destaca quatro funções da

psique - sensação, pensamento, sentimento e intuição, Jung transcende a estrutura

racional da psicanálise – voltada para a função pensante e postula que os padrões

psicológicos estão ligados não só de forma causal (Freud), mas também não

causalmente. “Sincronicidade” é o termo para as conexões não-causais entre as

imagens simbólicas do mundo interior e os eventos da realidade externa. Hoje, na

física das partículas, encontra-se a distinção entre conexões causais (ou locais) e

não-causais (ou não locais)

Suas idéias sobre a psique e a nova noção de doença mental passou a exercer

enorme influência nos psicoterapeutas recentes . A mente passa a ser entendida

como um sistema auto-regulador (hoje, auto-organizador) e a neurose um processo

para superar as obstruções que impedem esse sistema de funcionar como um todo

integrado. Com essa compreensão, o papel do terapeuta passa a ser o de apoiar o

processo que leva ao desenvolvimento pessoal ou à “individuação” - integração dos

aspectos inconscientes e conscientes, o que envolve encontro com os arquétipos –

e resultará em um novo centro da personalidade ou self. Define-se, assim uma nova

relação terapeuta-paciente – encontro pessoal envolvendo o ser total de ambos.

Com o reconhecimento de uma crescente compatibilidade e coerência entre a

psicologia junguiana e a ciência moderna (física moderna/quântica) as idéias de

Jung – inconsciente, dinâmica dos fenômenos psicológicos , a natureza da doença

mental e o processo de psicoterapia – podem exercer forte influência sobre a

psicologia e a psicoterapia do futuro, diz Capra (p. 354).

Esse futuro, no entanto, já é presente, pois é o que se observa atualmente.

1.1. O surgimento de uma nova psicologia

Capra destaca que em meados da década de 1960 com o movimento de orientação

humanista, Abraham Maslow e Stanislav Grof, preocupados com os aspectos

espirituais, transcendentes ou místicos da auto-realização, deram o nome de

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psicologia transpessoal a essa ciência psicológica que se ocupa do

reconhecimento, da compreensão e da realização de estados não-ordinários,

místicos ou “transpessoais” da consciência e das condições psicológicas que

representam barreiras para tais realizações.

Trata-se, segundo o autor, de uma nova psicologia compatível com a visão sistêmica

de vida. Longe de ser uma teoria completa, a abordagem sistêmica da nova

psicologia tem uma perspectiva holística e dinâmica, frequentemente associada ao

principio da Gestalt, já que as propriedades e funções da psique não podem ser

entendidas e reduzidas a elementos isolados. Ela considera o organismo humano

um todo integrado que envolve padrões físicos e psicológicos interdependentes.

Nessa perspectiva os fenômenos mentais só podem ser entendidos no contexto de

todo sistema corpo/mente, devendo haver compatibilidade da base conceitual da

psicologia com a da biologia. E tal como nesta última, o foco da psicologia está se

transferindo das estruturas psicológicas para os processos subjacentes.

Nessa nova orientação, a psique é vista como um sistema dinâmico que envolve

funções associadas ao fenômeno da auto-organização – em termos de um fluxo de

energia que reflete uma inteligência intrínseca - o equivalente ao conceito sistêmico

de “mentação” – que habilita a psique a criar, mas também curar a doença. Há aí o

reconhecimento de que a situação psicológica do individuo não pode ser separada

do seu ambiente emocional, social e cultural, e que o sofrimento mental decorre do

colapso das relações sociais.

Conforme a adaptação da abordagem sistêmica bootstrap (um conceito da teoria

quântica) à compreensão da psique humana, pode não haver uma teoria capaz de

explicar o espectro total de fenômenos psicológicos, tendo os psicólogos de se

contentar, tal como os físicos, com uma rede de modelos interligados.

Um dos sistemas mais abrangentes apontados é a psicologia do espectro de Ken

Wilber que unifica numerosas abordagens, em que cada um dos níveis ou faixas

desse espectro caracteriza-se por um diferente senso de identidade – o nível do

ego, o biossocial, o existencial e o transpessoal.

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Stanislav Grof apresenta outro mapa da consciência, chamado cartografia do

inconsciente que abrange três domínios: o das experiências psicodinâmicas, das

experiências perinatais e o das experiências transpessoais.

Esses dois modelos, de Wilber e Grof, indicam que a compreensão da consciência

situa-se muito além de palavras e conceitos, o que, segundo Capra (p. 367), suscita

a questão se a psicologia deve ser considerada uma ciência, já que a ciência

tradicional se ocupa de quantidades mensuráveis e não de qualidades. Ele

considera que sim, já que todo conhecimento deve basear-se na observação

sistemática e expressar-se em modelos autocoerentes, Isso, na medida em que a

teoria quântica mudou a concepção clássica de ciência ao revelar o papel da

consciência do observador no processo de observação e invalidar a idéia de uma

descrição objetiva da natureza, embora seja ela mesma baseada na medição,

devendo constituir-se em uma ciência que se ocupa mais com qualidades do que

com quantidades, sendo os mapas da consciência de Wilber e Grof exemplos dessa

nova abordagem cientifica.

Importante pois considerar que a abordagem bootstrap, ou sistêmica, da psicologia

inclui uma concepção de doença mental inteiramente compatível com as noções

gerais de saúde como um fenômeno multidemensional – aspectos físicos,

psicológicos e sociais interdependentes - que procura superar as limitações da

abordagem biomédica.

2 . A psicologia transpessoal por Márcia Tabone

Márcia Tabone é psicóloga clinica e o seu livro Psicologia Transpessoal uma

introdução à nova visão da Consciência em Psicologia e Educação apresenta uma

síntese de sua dissertação de mestrado sobre a Psicologia Transpessoal, com o

objetivo de desenvolver e aprimorar uma abordagem cientifica da prática

psicoterapêutica com orientação transpessoal.

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Como sistematização do seu trabalho fala da origem da Psicologia Transpessoal,

abordada também por Fitjof Capra, como o surgimento de uma nova psicologia por

influência das concepções oriundas da Física Quântica.

Trata-se de uma abordagem com origem nos Estados Unidos, Califórnia, nos anos

1960, a partir do movimento conhecido como a ”quarta força”, em Psicologia, após o

Behaviorismo, a Psicanálise e a Psicologia Humanista, movimento tambén citado

por Capra (2006).

Essa quarta força, fruto de uma síntese de varias áreas do conhecimento, trouxe

novas posturas na pesquisa das experiências subjetivas, que se agruparam em dois

movimentos acadêmicos: Psicologia Humanista e Psicologia Transpessoal, sendo

este considerado uma expansão do primeiro.

Baseada em Pierre Weil, Tabone diz que a Psicologia Transpessoal tem por

finalidade o estudo dos vários estados de consciência por que passa o homem,

assim como de suas relações com a realidade, com o comportamento e com os

valores humanos. Por meio de uma abordagem interdisciplinar (diria transdisciplinar)

que reúne tendências metodológicas de varias áreas disciplinas. que combina as

tendências do pensamento psicológico ocidental com as metodologias

desenvolvidas por sistemas esotéricos, também pelo budismo, o Yoga Tibetano, e

outros, a partir de evidências da relação cérebro--consciência. (In TABONE, s.d.,

p.11),

Os conceitos da Psicologia Transpessoal estão fundamentados na visão holística da

realidade e correspondem às necessidades culturais e cientificas de um novo

paradigma. Essa visão holística está vem se expandindo e influenciando as várias

disciplinas cientificas.

O enfoque básico do paradigma holístico é a percepção do universo como um todo

harmonioso e indivisível, e, conforme a teoria holográfica, cada parte constitutiva do

universo contém informações sobre o seu todo, portanto, alterações nas partes

afetam todo o universo.

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2.1. A Física Moderna e a Percepção da Realidade

Reforçando o que já foi posto acima, Tabone, (sd,, p 20) também enfatiza as

contribuições da teoria dos Quanta de Max Planck, em 1900, e a teoria da

Relatividade de Albert Einstein, 1905, propiciadoras de verdadeiras revoluções

cientificas ao se propor substituir a Física Clássica por uma nova física que passou a

ser conhecida como Física Moderna (ou pós-moderna, melhor seria), cujo

desenvolvimento alterou e transcendeu os postulados do paradigma cartesiano

newtoniano dominante por três séculos, criando um abismo entre o pragmatismo do

Ocidente e a espiritualidade do Oriente.

Citado pela autora, o paradigma clássico foi classificado por Werner Heisenberg na

década de 1980 como ”estreito e rígido”, enquanto que a Física Moderna trouxe

maior abertura conceitual. Assim, Heisenberg se manifestou:

A tendência geral do pensamento humano, no século XIX, foi na direção de uma confiança no método cientifico e no uso de termos racionais precisos, o que deu lugar a um ceticismo acerca daqueles conceitos da linguagem natural que não se encaixassem no esquema fechado do pensamento cientifico da época ; por exemplo, aqueles da religião. A Física Moderna, de muitas maneiras, veio reforçar essa atitude cética, mas ela, ao mesmo tempo, endereçou-a contra a superestimacão dos conceitos considerados precisos e, também, contra o próprio ceticismo ( In TABONE, s.d., p. 20).

No decorrer do século XX novas experimentações nos campos das teorias quântica

e relativista levaram à revisão dos conceitos básicos de matéria, espaço-tempo e

causalidade. Como conseqüência, o conceito de realidade do materialismo cientifico

que dizia respeito a coisas e fenômenos que são percebidos pelos órgãos sensoriais

ou, então, ao que pode ser observado graças ao auxilio de instrumentos refinados,

foi também revisado.

Segundo Tabone, (ver também Capra, 2006), os teóricos da abordagem

transpessoal viram na Física Moderna contribuições importantes para renovar e

ampliar a concepção de mundo, a imagem do homem, interrelacionamento homem-

cosmos, correlações entre a natureza da realidade e sua percepção nos estados de

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consciência. Do que se pode inferir o surgimento de uma nova concepção de

homem, não mais só visto em sua compreensão com a totalidade da cultura, mas

agora também com o universo - uma visão cósmica.

Apoiando-se em Mario Schenberg (1984), - assim como para Wilson, que será

abordado mais adiante -, a Física e a Psicologia são aspectos diferentes da mesma

realidade, vistos sob ângulos diferentes, autor que também considera C. G, Jung um

precursor na tarefa de reunir os conhecimentos da Física e da Psicologia.

Diz Tabone que, segundo Grof, antes mesmo do aparecimento da Psicologia

Transpessoal, como um ramo independente da Psicologia, o modelo da psique

desenvolvido por Jung já reconhecia a existência do inconsciente, ampliando o

conceito para uma visão coletiva. Assim, os conceitos junguianos de consciente

coletivo e de arquétipos são indispensáveis para a compreensão transpessoal da

consciência humana.

Na condição de uma expansão do movimento humanista, a Psicologia Transpessoal

além de manter essa visão a amplia pela inclusão e valorização da dimensão

espiritual do ser humano. Isto é, a orientação transpessoal tem como conceito

central a “autotranscendência”, o que a diferencia da idéia humanista de auto-

realização do homem como pessoa.

Assim, na Psicologia Transpessoal o homem é visto como um sistema ou totalidade,

cuja estrutura especifica emerge da interação dos níveis interdependentes de

consciência e corpo físico, emocional, mental, existencial e espiritual, em

contraposição à visão reducionista de homem fragmentado do modelo

newtoniano/cartesiano, dimensão que pode ser também considerada no âmbito da

educação.

Com essa perspectiva, houve uma redefinição dos conceitos básicos de saúde,

doença e cura - com reflexos importantes na área do desenvolvimento e formação

da personalidade humana (o que é apontado também por Capra, 2006, e Gerber,

em sua medicina vibracional).

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A saúde holística tem como preocupação o bem-estar da pessoa total, não apenas

nos sintomas: corpo, mente e espírito formam uma unidade integrada e o

desequilíbrio em um desses níveis causa a doença, e requer o equilíbrio entre o

homem total e os sistemas dos quais faz parte, o ambiental, social, cultural,

econômico e o cósmico.

Essa preocupação deve também estar presente no campo da educação, ao

considerar-se que sua atuação deve promover o ajustamento da personalidade da

pessoa, ao cuidar não só da parte intelectual, cognitiva do educando, mas também

de seu ajustamento emocional e, porque não, energético e espiritual.

Assim, como diz Tabone, se a terapia deve buscar condições e utilizar técnicas que

visam despertar as forças curativas do organismo e incentivar a sua auto-reação

para facilitar a cura, como, respiração relaxamento, biofeedback, aconselhamento,

meditação, visualização, a educação deve buscar métodos e técnicas para o

desenvolvimento global do educando,

3. A escola um sistema complexo

Desta leitura interessa de inicio a análise da colocação de Machado, na

apresentação do livro,e havendo com ela concordância, constata-se que a crise na

educação vai muito além do terreno das condições materiais, pois ela decorre de

uma sentida ausência de projetos significativos, e de enorme perda de referências

no quadro de valores sociais.

Na falta de outras perspectivas, de outros interesses imputados aos militantes da

educação escolar, restou, como diz o autor, aquilo que é imposto por uma cultura do

mercado - o que é apontado nos livros Competência e Competências contribuição

critica ao debate, (2010), e Ensino Vocacional uma pedagogia atual, (2005) ambos

organizados pela pesquisadora e publicados pela editora Cortez.

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Crescer economicamente, acumular bens e valores materiais, buscar a distinção social a qualquer preço , mesmo que para isso se perca completamente a distinção entre as idéias de valor e de preço [...], eis o terreno de onde brota o joio, que se imiscuirá inevitavelmente, indesejavelmente, com o almejado trigo educacional. (TESCAROLO, 2004, p. 7)

Neste livro Tescarolo torna publica a sua dissertação de mestrado, em que faz uma

busca de entendimento e de explicação da escola, enquanto sistema social, a partir

da descoberta do autor de uma concepção emergente de conhecimento e de

realidade que supera a noção absoluta de espaço e tempo e a ausência de um

modo que existe sem relações – conceito que vem da FQ .

Na verdade, nessa linha o autor entra em contato com uma concepção que vai

exigir, como ele mesmo diz, a descontrução de uma cultura mecanicista e

determinista que o impregnava, assim como sempre impregnou a pesquisadora e

muitos militantes da área educacional e da sociedade como um todo, Isso lhe

permitiu a elaboração de uma visão que reconhece a realidade dinâmica e fluída.

Assim, o autor entra em contato com um novo paradigma, que surge a partir do

desenvolvimento das idéias que levaram à construção de uma nova física: a

quântica.

Embora não trate especificamente de temas específicos sobre psicologia e sua

aplicação em educação, mostrou-se de interesse porquê:

Pela primeira tem-se um texto construído por educador brasileiro com base

nos pressupostos de uma ciência fundamentada em princípios específicos

da FQ, com referência explicita a essa ciência;

Porque trata de ver a escola como um sistema complexo, e não simples e

linear, a exigir uma nova compreensão da realidade se se deseja uma

superação dos entraves educacionais que impedem mudança efetiva na

direção de uma nova qualidade na formação do educando; e

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A análise dos temas psicopedagógicos faz alusão clara às influências do

novo paradigma cientifico para poder se entender o que parece ainda não

ter acontecido - o significado do planejamento coletivo do projeto da escola,

da organização interdisciplinar do currículo e das relações

interdependentes, e faltantes, entre todos os componentes da organização

escolar.

Tudo isso tem a ver com uma nova visão de mundo e de homem, apontada agora

pelos ensinamentos da nova ciência como holística. E uma nova visão de homem,

individual e coletiva, passa pelos fundamentos da psicologia geral, individual e

social.

Diz o autor que um grande obstáculo se apresentou ao seu trabalho de

descontrução e reconstrução de uma nova síntese pedagógica

a dificuldade prática de abordar, entender e explicar essa realidade com os recursos lógicos de que dispunha, na medida que ainda prevalecia (e em geral prevalece, vale bem dizer) a idéia de uma ciência separada da filosofia e de uma tradição pedagógica que fragmenta o conhecimento e se inscreve no paradigma fundador da racionalidade moderna, submetido porém a uma crise que se manifesta em uma profunda e abrangente revolução epistemológica que supera a visão de um mundo estático e fechado e incita à exploração de uma realidade aberta, mutante e flexível. (2004, p. 18 – 9).

Dificuldade essa que também encontrou a pesquisadora ao abordar o tema aqui

escolhido, não só por uma formação pessoal ainda presa a alguns padrões de

pensamento da ciência clássica, como pelo pensamento tradicional dominante no

domínio escolar.

No entanto, como o autor, percebe-se que a luta de quem busca a mudança passa

por uma perspectiva ainda emergente que exige, por sua vez, um conhecimento

concebido como uma rede de significação complexa, e não mais como um conjunto

somado de unidades isoladas em suas especializações. Reconhecida como um

conceito-problema e um novo modo de questionamento da realidade, a

complexidade sistêmica passou a ser colocada, então, no centro da reflexão do

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autor (como da pesquisadora), sugerindo a mudança das idéias construídas sobre o

conhecimento, o pensamento e o próprio ser humano.

Como já foi visto aqui, ele mostra que a complexidade sistêmica ou a idéia de

sistemas complexos, como a escola enquanto sistema social vivo, (bem explicado

por Capra, 2005) encontra sua gênese na nova leitura das ciências da natureza que

passa a descrever um universo rico de diversidades e potenciais, desde o

surgimento da mecânica quântica, que tornou insustentável a idéia de simplificação

(Serres, 1995, In TESCAROLO, 2004, p.20).

Paradoxalmente, também chama a atenção a essa visão que inaugura uma

sensação de que tudo na vida está interconectado, de um lado parece que as

nações desaparecem, os espaços se anulam e os indivíduos já não sabem a que

tempo e lugar pertencem e, de outro, os sentidos de pessoalidade e localidade se

aprofundam, provocando um impacto sobre a consciência humana que se inscreve

desconfortavelmente nesta tensão entre a imensidão global e a intimidade local

(Santos, 1997, In TESCAROLO, 2004, p 163).

Como a complexidade sistêmica propõe a superação das dicotomias conhecimento-

conhecedor, corpo-alma, razão-emoção, reforça-se a importância e a urgência na

escola de uma nova psicologia, como um dos fundamentos para alicerçar as

mudanças necessárias a serem empreendidas na educação escolar.

No que tange à análise da escola como um sistema complexo, a partir das

características de um sistema complexo ordem-desordem, linearidade-multiplicidade

de relações, simplicidade-complexidade, entre outras, apoiando-se nos conceitos de

organização, estrutura e funcionamento dos sistemas sociais, Tescarolo apresenta

as seguintes contribuições para a reflexão que se impõe sobre a área educacional:

A organização de um sistema social corresponde às relações existentes entre

os elementos que o constituem, sendo a sua própria identidade, definindo-a

como totalidade única. Assim uma escola é diferente de uma loja, ou de

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qualquer outra organização, como cada escola é uma escola, pois cada qual

tem sua própria essência.

A estrutura abrange o ordenamento e o estado de seus componentes e define

a maneira como a dinâmica de sua organização se manifesta, o que

compreende os seus elementos materiais e ideais, as relações e os

processos de comunicação, de coordenação e co-orientação entre as

pessoas, entendendo que todos eles interferem na dinâmica da organização.

Esses dois dados representam a história do desenvolvimento do sistema, o

que mostra as interações entre ele e o seu entorno.

Os elementos podem ser dispostos por níveis de organização cujas

interações podem conferir um certo grau de independência, ou autonomia

parcial, que faz com que a organização se manifeste na forma complementar

de estabilidade e flexibilidade.

Estabilidade e flexibilidade são, segundo o autor, reconhecidas como propriedades

estruturais. É por meio delas que os sistemas manifestam sua vulnerabilidade às

perturbações do ambiente e também sua plasticidade ou capacidade de absorvê-

las, o que leva ver que a evolução de um sistema social ocorre por sucessões de

desequilíbrios, ou equilíbrio dinâmico, e não gradual ou continuamente.

A estabilidade corresponde à preservação, a flexibilidade, à mudança. Isto posto,

como todo sistema social a escola precisa mudar para se preservar enquanto

essência. A escola, como a vida, diferentemente do que pensa o senso comum, só é

viável em um universo longe do equilíbrio, em que a realidade se apresenta não

como oposição da ordem e da clareza, mas sempre com um sentido novo.

Essa nova significação, segundo Tescarolo (2004, p. 90), na visão sistêmica,

assume uma posição epistemológica de critica à mutilação dos saberes, às

proposições absolutas e permanentes e principalmente ao reducionismo.

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Conforme Machado (1995, In TESCAROLO, 2004, p. 91), contra uma visão

reducionista [...] “coloca-se um conhecer-em-ação, que promove a compreensão e a

apreensão das relações que os dados e os fenômenos têm entre si, enredando-se,

entretecendo-se e articulando-se em teias”.

Ao referir-se aos componentes, subsistemas do sistema social escola, Tescarolo

aponta para o fato de, numa perspectiva sistêmica, também na prática, que ela deve

funcionar integrando-se ao subsistema curricular, que por sua vez se interconecta

com outros subsistemas como o conteúdo, a formação, o planejamento e a

avaliação, constituindo uma malha funcional que promove a organização da escola.

Dessa forma aponta para a noção de currículo integrado, noção ainda não muito

bem assimilada pela escola, como é fácil constatar. Identifica o autor um importante

obstáculo para essa assimilação do currículo escolar como rede capaz de

estabelecer uma relação ativa entre o agente formador, o sujeito que aprende e o

conhecimento. Esse obstáculo reside na rotina metodológica muito resistente que

considera os objetos do conhecimento como isolados e estáticos, plenamente

construídos e definitivos, além de na dura realidade em que se encontra mergulhado

o seu cotidiano.

Conforme Demo (2002, In TESCAROLO, 2004, p. 97), a transposição didática tem

como tarefa superar um instrucionismo linear, para o qual o conhecimento ainda se

“transmite e se adquire”, como em um passe de mágica ou “se descobre” em alguma

gaveta da memória universal.

Salienta Tescarolo a exigência de um currículo rico em situações didáticas

diversificadas, articulando-se de modos inéditos como uma trajetória de

transformação, e não como uma pista de corrida.

Nessa mesma linha, o autor analisa as questões relacionadas ao conteúdo,

planejamento, formação do formador e da avaliação, como subistemas que se

interconectam, fazendo da escola um sistema complexo e aberto, o que torna este

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livro uma leitura obrigatória para quem quer se inserir nas novas descobertas da

ciência e que se aplicam também à Educação.

4. Psicologia quântica – como o software cerebral programa você e

seu mundo

Sobre a leitura deste livro é preciso que se teça antes algumas considerações. A

pesquisadora aprendeu, enquanto estudante, que para se ter uma boa compreensão

de um texto (capitulo, livro etc) deve-se lê-lo pelo menos 4 vezes (uma para tomar

visão global, outra para assinalar os pontos chaves, a terceira para fechar as

relações entre os principais pontos e ter a arquitetura do mesmo, e a quarta para se

ter total domínio sobre o tema tratado). Com o tempo foi percebendo que essa regra

é válida para textos cujo tema o leitor não tem dele muito conhecimento. Quando se

trata de textos cujo assunto é conhecido, uma única leitura, ou talvez duas, pode ser

suficiente.

No caso do livro em questão, percebeu que muito do que é nele tratado já era do

seu conhecimento, o que significa que uma primeira leitura da mesma poderia ter

sido suficiente para completar este trabalho. Porém, como trata de um tema que

envolve conceitos da física/mecânica quântica, essa leitura apresentou um grau de

“ruído” (novos conceitos) que exigiu outras passagens por alguns capítulos a fim de

que melhor pudesse apreender os significados novos, como para estabelecer as

devidas relações entre esses conceitos e os já conhecidos e, dessa forma, poder ter

uma compreensão globalizada do conteúdo abordado.

Dos livros levantados e lidos sobre o tema especificamente, este é que atendeu o

propósito de ver a relação da Física Quântica com a Psicologia, pois, como trata o

autor, pontos de semelhança entre a mecânica quântica e o cérebro consiste num

primeiro passo para criação de uma Psicologia Quântica, ao reconhecer que o

estudo da “matéria” e da “`mente” leva ao questionamento das noções de

“realidade” – semelhança também apontada por Goswami (2000).

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Muitos são os conceitos novos trabalhados, porém nem todos foram aqui tratados.

Selecionados foram aqueles que mais permitiram, no momento, uma aplicação no

âmbito educacional, reflexão julgada de maior interesse, uma vez que a educação

está necessitando entrar em contato com mais e mais argumentos para promover a

mudança há muito esperada e ainda não totalmente vislumbrada.

A área da educação tem se revelado muito rica no discurso teórico, porém bastante

aquém do desejado na elaboração prática. A Psicologia humana, sobretudo no que

se refere ao desenvolvimento e à aprendizagem, constitui uma disciplina

fundamento para a ação docente, e há tempos uma nova visão de mundo e de

homem vem sendo debatida. Agora cada vez mais chegam as idéias de uma visão

holística, relacional e complexa, também conhecida como ecológica, para contestar

a visão reducionista, mecanicista e tecnicista fundamentada no behaviorismo, nas

abordagens do estudo do homem segundo o modelo das ciências naturais.

4. 1. O problema da realidade profunda

Titulo que discute a Interpretação de Copenhague segundo a qual não há realidade

profunda, na perspectiva da linguagem operacional, que trata das objeções do senso

comum às idéias da Teoria da Relatividade e da Mecânica Quântica, por acreditar

que uma afirmação deve conter uma verdade absoluta e objetiva, o que deriva do

Idealismo Platônico e do Essencialismo Aristotélico, cujos princípios agora parecem

falsos ou improváveis, conforme o autor.

Essa é vista como uma linguagem que elimina as abstrações que o Existencialismo

ataca e que define as coisas em termos de operações humanas.

Destaca-se as influências teóricas sobre a construção de uma psicologia quântica, e

a linguagem operacional, a ressaltar a questão da essência x existência, discussão

que vem das teses do Existencialismo a defender que a existência precede a

essência.

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Existe realidade? O que é realidade? Existe realidade profunda, entendida como

essência? Segundo o autor, a Interpretação de Copenhague não pretende afirmar

que a realidade profunda não existe, mas atesta que o método cientifico, de

natureza quantitativa, não pode demonstrar experimentalmente uma realidade

profunda que explique as realidades relativas.

Ao aplicar essa noção à área educacional, tome-se como exemplo a dificuldade de a

ciência clássica provar que um aluno fracassa porque não é “inteligente”.

Pela ciência clássica, a inteligência é uma capacidade humana predeterminada

geneticamente e, seguindo-se o principio da objetividade, perfeitamente verificável e

passível de medição. O emprego da prova tradicional tem sido o instrumento para

fazer essa verificação na prática escolar – sem sucesso.

Hoje é sabido, pelas teses do construtivismo piagetiano e pelas teses do

construtivismo sócio-histórico de Vygostky, modelos que se originam sob a influência

das novas concepções sobre a natureza e o homem, em oposição ao modelo

cartesiano/newtoniano, que essa capacidade é construída. Essa construção ocorre

sob forte influência das condições do meio ambiente social e cultural, não sendo

passível de medição objetiva, na medida em que precisa contar com aspectos

qualitativos para sua avaliação.

A escola, ainda arraigada aos princípios de clareza, certeza e objetividade, parece

não se dar conta da profundidade e complexidade das novas descobertas nesse

domínio e suas implicações na prática pedagógica, para a formação do aluno numa

outra ótica mais humanizada e humanizadora.

É bom refletir sobre o que traz Wilson (2007): Uma realidade profunda pressupõe

um Universo em dois planos: um constituído de “aparências” e o outro de uma

“realidade subjacente”. Porém, ressalta o autor, (p. 31), que a pesquisa moderna

“indica uma serie indefinida de aparências em diferentes níveis de magnificação e

não encontra nenhuma „substância‟, ou „coisa‟, ou „realidade profunda‟, subjacente a

todas as aparências registradas pelas diferentes categorias de instrumentos”.

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O texto cita o exemplo do herói e do vilão vistos de modo estereotipado: o herói

sempre herói, e o vilão, sempre vilão - comparece-se com o exemplo do aluno

inteligente ou não. Como “a ciência pós-moderna representa as coisas em fluxo e o

fluxo nas coisas”, (p. 31), a vida tem mostrado que um aluno pode não ser

inteligente na escola, mas pode ser na rua. O livro Na vida 10, na escola zero2,

pode ilustrar bem isso. O que conduz à conhecida frase do filósofo grego Heráclito

de que um homem não passa duas vezes no mesmo rio. A água já não é mais a

mesma e ele também já não é mais o mesmo, o que ajuda a entender o novo

modelo de ciência, que alguns designam como pós-moderna, representando as

coisas em fluxo e o fluxo nas coisas.

A idéia de realidade profunda suscita a imagem de um universo estático em

contraposição a de um “universo como processo ativo”, conforme o autor (p. 31).

Nesse sentido, é possível, e mesmo oportuno, questionar o fato de a escola

apresentar um currículo e programa de ensino estáticos a partir do entendimento de

que os alunos da 6ª. série do Ensino Fundamental, por exemplo, ano após ano, são

sempre iguais, trazem para a sala de aula a mesma estrutura psicológica, o mesmo

nível de maturidade, as mesmas experiências, os mesmos conhecimentos, o que

justifica sempre a mesma programação, para todos. Retome-se o que já foi dito em

Tescarolo (2004), sobre a importância de a escola começar a ver o subsistema

currículo, e os demais subsistemas que compõem a organização escola, sob a ótica

holística.

A questão da realidade profunda, conforme Wilson (2007) relaciona-se:

à noção de relatividade de Einstein - não é possível conhecer o verdadeiro

comprimento de uma vara, assim como não é possível conhecer o verdadeiro

tempo de intervalo entre dois fatos;

ao principio da incerteza de Heisenberg - não se pode mensurar, ao mesmo

tempo, o momentum e a velocidade de uma partícula; e

2 CARRAHER, T.N.; CARRAHER, D.W.; SCHLIEMANN, A. Na vida dez, na escola zero. 14ª. ed . São Paulo: Cortez, 1995.

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às demonstrações de Albert Ames, na Psicologia, de que não percebemos a

“realidade”, mas os sinais emitidos pelo ambiente, os quais a mente

interpreta.

Isto posto, sob a influência das descobertas da Física Quântica, o fenômeno da

percepção, ganha uma nova compreensão e mostra que o sujeito que percebe cria

sua própria realidade, ou “túnel de realidade”.

Assim fica fácil entender porque a explanação de uma aula pelo professor pode

receber diferentes interpretações do que foi exposto por seus alunos - cada um

apresenta o seu próprio túnel de realidade. E quando o assunto é devolvido numa

avaliação oral ou escrita, o professor fica surpreso ou espantado ao ver que alguns

alunos “não entenderam” o que foi dito, recorrendo ao julgamento de desatenção,

pouca inteligência e outros equivalentes, sem atinar para o fato dos muitos ruídos

que podem ocorrer na emissão e recepção dos estímulos enviados.

Desde os anos 1950, com a chegada das idéias de Jean Piaget, que se enfatiza a

importância de a escola e o professor considerarem, no ensino, o nível de

desenvolvimento do aluno e o conjunto de suas experiências e conhecimentos, pois

tudo isso vai interferir no modo como ele vai receber os ensinamentos, apresentando

dificuldade ou não (em diferentes níveis) para recebê-los. Tais ensinamentos foram

posteriormente ampliados e intensificados pelos seguidores de Piaget e também

pelos ensinamentos apresentados por Vygotski e seus seguidores, sobre a

influência da cultura na construção da percepção e do conhecimento.

Hoje, numa visão de uma Psicologia de natureza quântica, que os alunos vêm para

sala de aula, cada qual com seu túnel de realidade. Este deve ser um pressuposto,

oriundo de uma nova compreensão da psicologia humana, de natureza holística, a

orientar a ação docente, que não pode tratar os alunos como iguais. É preciso

reflexão sobre isso, para adequar a prática escolar a uma nova visão de aluno,

considerando que, pela visão holística, outras influências, além da cultura, da

sociedade e família fazem parte desse túnel, como por exemplo, a questão da

espiritualidade, bem como as experiências de vidas passadas. Como lidar com essa

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descoberta? Que implicações ela traz para se pensar a organização de uma classe,

o preparo de uma aula e o direcionamento das escolhas pessoais e vocacionais?

O pressuposto da incerteza de Heisenberg levou a Psicologia, como aconteceu com

a Física Quântica, a superar a noção de realidade objetiva, e a nova ciência a

desconsiderar no tratamento cientifico a neutralidade do observador , com base no

principio de que o observador cria o universo da observação. No novo modelo

cientifico nas áreas de humanas e na educação, as pesquisas estão deixando de

lado o tratamento estatístico, pura e simplesmente, para aderir ao tratamento

qualitativo dos dados observados, ou então fazendo emprego da complementação

dos dados quantitativos com os qualitativos (Ver FRANCO; GHEDIN, 2008).

Se os pesquisadores já estão atinando para essa consideração, porque fica difícil na

ação diária considerar que o que se vê ou se ouve trata-se de uma criação nossa e

não a realidade - ou, em outras palavras, uma verdade absoluta? Por que fica difícil

para o professor entender que o modo como ele vê o aluno é uma criação sua e não

a verdade sobre o aluno?

É no estudo da Percepção que Wilson (2007) enfatiza a grande contribuição da

Física Quântica na compreensão sobre o estudo do homem numa perspectiva

holística. Se pela FQ o observador cria o universo da observação, isto leva a

entender a percepção como interpretação ativa dos sinais recebidos. Portanto, a

percepção consiste em trans-ações criativas, o que faz com que cada um crie seu

próprio túnel de realidade.

Essa comparação é hoje reforçada pelos estudos da neurociência, que aponta

semelhança com a Mecânica Quântica. Isso leva a Psicologia e a Física Quântica a

superar a noção aristotélica de ”realidade objetiva”`, de que vemos um mundo

externo objetivo e o representamos mentalmente, e a ingressar em um outro

domínio para explicar os fenômenos da percepção e da consciência.

Pela nova compreensão da Teoria da Percepção, enfatiza Wilson (2007) que

“vemos” através de uma grade simbólica ou semântica. Não há comunicação fora

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desse padrão. Quando se fala ou se pensa, faz-se por meio de mapas ou modelos

simbólicos que, na verdade, não equivalem aos eventos de espaço-tempo por eles

representados. Na verdade, não há mapa capaz de representar tudo sobre o mundo

externo. Tem-se sempre um recorte do mesmo.

Os modelos ou mapas de realidade que cada um constrói sofrem influências

genéticas, mas também de impressões vividas e de aprendizagens, condicionadas

ou não, e de conhecimentos anteriores.

Por outro lado, ainda segundo o autor aqui tratado, é preciso considerar a diferença

entre o verbal e não verbal. O verbal é expresso por meio de uma grade simbólica

ou semântica, o não verbal é experiencial, o que significa que o não verbal não é

simbólico, não matemático. É experiência, portanto, indizível. E isso faz parte do

processo perceptivo.

Esse lado do não-verbal, de busca de contato com a própria experiência é

praticamente desprezado pela educação escolar, no seu modo de ser instrutiva e

instrumental.

Na comunicação pedagógica, qual a grade simbólica que o aluno traz para a sala de

aula? Quais são suas experiências e impressões já vividas? Quais

condicionamentos já se instalaram no decorrer de sua história de vida? Quais

aprendizagens significativas já se apresentam estruturadas? Como ele vivencia a

experiência do aprender na escola, um aprendizado ainda bastante descolado da

sua realidade concreta, mais formalizada e abstrata do que próxima de seus

significados? Essas e outras questões precisam fazer parte das reflexões que a

equipe pedagógica necessita considerar no planejamento e nas avaliações.

Outro aspecto considerado por Wilson (2007), em seu livro aqui abordado, trata da

contribuição de Korzybski (1933) sobre o significado da palavrinha é. Segundo este

último autor é estabelece relação de identidade, por isso deveria ser eliminado o seu

uso. Por quê?

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Porque o é ajusta o cérebro a uma estrutura lógica aristotélica, cujo universo supõe

uma reunião de coisas, com essências, ou fantasmas internos, e desse modo supõe

uma rede de relações estruturais estabelecidas, portanto, rígidas. Em suas análises,

o é significa estagnação, remete a uma essência. Por exemplo, afirmar que o aluno

é preguiçoso. Essa frase faz uma afirmação que pode levar o aluno a criar uma

identidade, ou auto-imagem de que ele é preguiçoso. Auto-imagem pode gerar uma

dimensão psicológica conhecida como “profecia auto-realizada” em que a pessoa

procura sempre se comportar de modo a confirmar essa expectativa criada.

Tal fenômeno já é conhecido por rótulos. Rotular um aluno é o mesmo que separar o

observador do objeto observado, isto é, de não levar a ver o sujeito da observação,

no caso aqui um aluno, em suas múltiplas facetas.

A sua recomendação é de se fazer uso do E-Prime, em substituição ao É, na medida

em que faz uso do princípio da inseparabilidade do quantum – o que, em termos

existenciais, não ocorre separação entre observador e objeto observado. O E-Prime

consiste em uma nova forma de mapear a realidade.

Por exemplo: o aluno parece estar mais preguiçoso, hoje. Ou por que ele parece

estar preguiçoso? Tal abordagem pode levar a importantes descobertas, muitas não

imaginadas.

Enquanto o é ajusta o cérebro a uma lógica aristotélica, que remete a uma essência,

o E-Prime, como linguagem operacional, ou fenomenológica, coloca o observador

em um universo moderno em que os eventos ocorrem num continuum de espaço-

tempo, como estabelece a Física Quântica. Ou seja, tem um fluxo dinâmico.

Assim é possível ver que os alunos – assim como os professores -, não são os

mesmos todos os dias o que denota a compreensão da vida em fluxo.

Por fim outra contribuição apresentada pelo autor Wilson (2007) para mostrar a

possibilidade de aplicação das idéias quânticas para o universo da psicologia como

fundamento da prática pedagógica. Trata-se da noção de “lógica quântica” em

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contraposição à “lógica aristotélica”. Esta última se define por uma lógica de dois

valores Verdadeiro ou Falso. John Von Neumann fala de uma lógica de três valores

Verdadeiro, Falso, Talvez, o que exclui o sem sentido.

Retomando o exemplo do aluno preguiçoso, na lógica aristotélica pode ser

interpretado como verdadeiro ou falso. Porém, ao incluir o talvez na análise, pode-se

aproximá-la mais desse fluxo contínuo. Talvez o aluno não seja preguiçoso; apenas

hoje ele parece estar, ou na escola demonstra ser. Por quê?

Muda-se assim o modo de avaliar e julgar o comportamento do aluno, aspecto que

precisa ser muito bem considerado no ato educativo, pois a escola e o professor têm

enorme responsabilidade na formação da personalidade do educando. O que pode

levá-lo a um comportamento ajustado ou desajustado. Na dependência dos

fundamentos que orientam a ação docente, a educação escolar pode contribuir para

comportamentos desajustados. Não combina com educação a construção de

personalidades desajustadas.

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CAP III

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO LEVANTAMENTO REALIZADO

3.1. O ponto de mutação Esta obra, embora não seja especifica sobre Psicologia, foi considerada de grande

importância para este trabalho por duas razões:

1) porque mostra como a nova Física, denominada Quântica, e que começa a surgir

no inicio do século XX, afeta todas as ciências a partir de uma mudança de

paradigma cientifico e prenuncia uma transformação da visão de mundo e de

homem;

2) porque traz um capitulo especifico sobre as transformações que foram ocorrendo

na Psicologia, desde sua origem, até ser afetada pela visão holística do universo e

do ser humano.

Com relação ao primeiro ponto, na qualidade de educadora, a pesquisadora

considerou que esta obra é de leitura obrigatória por educadores e professores, em

geral, e também aos terapeutas vibracionais, pois traz de forma profunda, mas ao

mesmo tempo em linguagem clara, o ponto de mutação entre a visão mecanicista e

visão sistêmica ou holística da vida. Não se trata de uma obra apenas para físicos,

nem apenas para professores de Física, cientistas ou especialistas, pois mostra o

que está acontecendo com a sociedade humana, nas ultimas décadas, nas diversas

áreas do conhecimento, como a medicina e a saúde, a biologia, a psicologia, a

economia, além de estabelecer um confronto bastante esclarecedor entre os

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paradigmas científicos clássico e moderno3, temas que são de interesse geral, bem

como ressalta os pontos importantes e as limitações de ambos.

Sobre o tema especifico da psicologia, a obra traz um capitulo intitulado A Psicologia

newtoniana (pp.156-179) que mostra essa ciência tendo origem na Filosofia e, no

momento em que se transforma em disciplina cientifica, na segunda metade do

século XIX, inspirada no modelo cartesiano/newtoniano, pois esse era o paradigma

vigente no contexto da época.

É importante considerar que, com a oposição da Gestalt a esse modelo, inicia-se no

século XX um debate sobre modelos fragmentados e integrativos do estudo do

homem.

A obra não esgota todo processo evolutivo da psicologia, mas para o presente

trabalho já constitui um importante ponto de partida. Para um trabalho mais

aprofundado, novas buscas precisam ser incrementadas. Seu mérito, portanto, está

em oferecer uma síntese sobre o histórico da evolução da Psicologia e suas

transformações até o inicio deste novo século.

3.2. Psicologia transpessoal Este livro Psicologia Transpessoal uma introdução à nova visão da Consciência em

Psicologia e Educação também não aborda a questão da psicologia geral e sua

aplicação na área educacional, explicitamente, mas como o próprio titulo insinua,

ela diz respeito também à educação, .Assim, o interesse sobre o seu trabalho, deve-

se, de um lado, por tratar do surgimento de uma psicologia com nítida contribuição

das idéias da física quântica, e, de outro, porque aqui é também possível refletir

sobre suas aplicações na prática escolar, pois muito do que se aplica na área clinica,

pode ser aplicado na educação. Afinal, esta área tem muito a ver com a questão da

saúde mental, emocional e física dos educandos.

3 Na literatura a que a pesquisado tem acesso, verifica-se que terminologia “paradigma pós-moderno” é mais

usada para designar a contraposição ao modelo clássico também designado de moderno.

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Com essa perspectiva, houve uma redefinição dos conceitos básicos de saúde,

doença e cura - com reflexos importantes na área do desenvolvimento e formação

da personalidade humana.

Conforme já visto, a saúde holística tem como preocupação o bem-estar da pessoa

total, não apenas nos sintomas: corpo, mente e espírito formam uma unidade

integrada e o desequilíbrio em um desses níveis causa a doença, e requer o

equilíbrio entre o homem total e os sistemas dos quais faz parte, o ambiental, social,

cultural, econômico e cósmico.

Essa preocupação também deve fazer parte da educação, se considerarmos que

sua atuação deve promover o ajustamento da personalidade da pessoa, ao cuidar

não só da parte intelectual, cognitiva do educando, mas também de seu ajustamento

emocional e porque não energético e espiritual?

O trabalho de Tabone não faz, como exigiria o propósito deste trabalho, uma

relação entre o desenvolvimento de uma nova psicologia da consciência e sua

aplicação no âmbito da fundamentação escolar, mas é notório que, assim como a

tarefa clinica, a tarefa pedagógica deve se preocupar em utilizar técnicas que

promovam o equilíbrio físico, emocional e mental do aluno. A educação tem a ver

com a promoção da saúde do educando ao considerar a dimensão humana na sua

totalidade, dimensão que constitui novidade no discurso pedagógico. O debate3

sobre educação global do educando de há muito vem acontecendo. O problema tem

sido sair da teoria e unir teoria e prática.

3.3. A escola - um sistema complexo

O texto de Tescarolo também não diz respeito ao tema especifico da relação da FQ,

Psicologia e Educação, mas aponta para uma influência dos conceitos da teoria

quântica com a dimensão pedagógica da prática escolar. E como a dimensão

pedagógica necessita de fundamentos da psicologia, é possível ver ai que uma nova

concepção de homem, portanto de aluno, de desenvolvimento humano e de

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aprendizagem, perpassa a sua reflexão sobre a necessidade de a escola assumir

uma organização sistêmica.

Essa nova psicologia, tem um cunho social, de natureza sócio-antropológica, em

que o aluno deve ser apreendido na sua totalidade e na sua interação com o

contexto cultural em que se insere. Nessa perspectiva, a abordagem do processo

de ensino-aprendizagem deve globalizante e globalizadora dos fenômenos

psicológicos e perceptivos.

Nessa visão, vê-se que o conceito de currículo se apóia em uma visão critica como

apontam diversos autores Sacristan (2000), Demo (2002), Doll (1997) , Morin (2000),

dentre outros, e não apenas para conservar o que já está estabelecido.

Por essa razão, assim como apontam os autores contemporâneos, o trabalho

dissertativo de Tescarolo, sem esta intenção consciente, remete-se o tempo todo

para a experiência pedagógica dos ginásios vocacionais vivida pela pesquisadora,

posta em prática na década de 1960, no Estado de Paulo, através do Serviço do

Ensino Vocacional, ligado à Secretaria da Educação.

Por que ele faz essa volta ao passado e por que deve-se mencioná-la aqui?

A proposição de Tescarolo (2004) de um projeto pedagógico cujo currículo é visto

como um subsistema conectado a outros subsistemas da organização escolar, numa

visão de totalidade sistêmica, a partir dos ensinamentos de um paradigma da

complexidade, sob influência da FQ, já foi posta em prática por essa experiência,

sob a forma de Currículo Integrado.

Consta dos documentos da época, muitos deles registrados na tese de Doutorado

da pesquisadora e sistematizada em capítulos no livro Ensino Vocacional - uma

pedagogia atual, que o currículo:

é todo conjunto de experiências proposto pela escola visando o atendimento dos objetivos e incluindo os meios de avaliação. O currículo deve funcionar como um todo dinâmico, de modo que as menores

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experiências apresentadas tenham o significado profundo de definições filosóficas. (GVive, 2008, p.12)

Com essa concepção, entendeu a proposta pedagógica dos ginásios vocacionais,

numa nítida oposição à divisão estanque entre as matérias, que a programação

isolada dos conteúdos deveria ser tratada de forma integrada. Isso porque, registra o

documento Programação Experimental em Educação,

o processo educativo, pela sua especialidade, apresenta situações globais e integradas e exige que os conceitos sejam trabalhados na sua universalidade. Assim, continua o texto, se todo conteúdo de currículo é um conteúdo de cultura, a seleção das experiências de educação exige a seleção dos diversos aspectos da cultura. (GVive, 2008, p.12)

Pela pequena amostra aqui apresentada sobre o que foi e como se organizou

sistemicamente essa experiência, avançada para o seu tempo, é possível perceber

a sua atualidade, confrontada com o trabalho de Tescarolo (2004) ( ede muitos

autores contemporaneos. Pode-se afirmar que embora não haja nenhum registro da

sua fundamentação em idéias diretas da Física Quântica, os fundamentos teóricos,

filosóficos, antropológicos, sociológicos e psicológicos, entre outros, já se inspiravam

numa visão renovada das ciências sociais e, em especial, da antropologia

existencialista e da experiência concreta.

Essa experiência é ainda hoje bastante ignorada no meio acadêmico e escolar,

apesar da insistência dos seguidores de suas idéias lutarem para mantê-la viva, pois

ela foi encerrada depois de oito anos de seu funcionamento, em 6 cidades do

Estado, por ser considerada subversiva pelo regime militar, até mesmo devido à

enorme aprovação e aceitação que vinha angariando nas comunidades onde se

instalava, com repercussão em outras cidades e até mesmo estados brasileiros4.

O trabalho de Tescarolo evidencia com mais agudez o sentido inovador e arrojado

dessa experiência não compreendida no seu tempo, e até mesmo ainda hoje. Nesse

sentido, trazer a análise da experiência educacional dos Ginásios Vocacionais, como

explicitada na tese de doutorado da pesquisadora, e sintetizada em livro, contribuiria

4 Para melhor conhecer a visão sistêmica da proposta e as conexões do currículo com o planejamento escolar, formação

continuada de professores e avaliação, enfim com o projeto pedagógico, existem hoje varias obras publicadas sobre essa experiência além do livro Ensino Vocacional uma pedagogia atual, como também é possível acessá-la através da Associação GVive, inicialmente pelo site www.gvive.com.br

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com este propósito de mostrar a importância da abordagem do fenômeno educativo

por uma nova psicologia educacional a partir de uma concepção holística de mundo

e de homem. Mas essa tarefa é extensa para o contexto de uma monografia. Fica

para uma outra oportunidade.

3.4. Psicologia quântica

O livro de Robert Anton Wilson foi o único encontrado, nesta fase inicial de um

levantamento sobre o tema objeto de estudo, que trata especificamente das relações

Teoria Quântica e Psicologia, sem contudo fazer referência à aplicação dos

conceitos a uma fundamentação da prática educacional. Apesar disso, foi ela a que

mais proporcionou a oportunidade de inferências para uma psicologia educacional,

neste momento.

As análises que se aplicam à educação já foram feitas no próprio texto, pois

considerou-se ser o espaço mais adequado para mostrar as relações entre as áreas

da FQ, Psicologia e Educação.

A ênfase do autor recai sobre uma nova concepção do fenômeno perceptivo, e a

percepção constitui uma construção psicológica básica no processo de ensino-

aprendizagem, com larga margem de exploração para uma revisão da prática

educativa.

Nem todos os conceitos apresentados por este autor foram aqui trabalhos. Apenas

aqueles que, de imediato, permitiram o emprego para uma aplicação e reflexão

sobre educação, como uma amostra do quanto é possível extrapolar das

concepções da FQ para a Psicologia, e desta para a educação.

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CONSIDERACÕES FINAIS

Como o objetivo deste trabalho foi produzir conhecimento sobre as relações da

Física Quântica, da Psicologia e da Educação, a partir do inicio de um levantamento

bibliográfico, este início de produção de conhecimento considerou poucas obras. A

pesquisadora, no decorrer do processo do trabalho de busca, foi percebendo que a

literatura na área esotérica e mesmo da nova visão de universo, de homem, de

saúde a partir dos conceitos de uma nova física é já bastante rica, mas sobre uma

psicologia quântica e suas aplicações na área educacional houve dificuldade de

encontrar textos específicos sobre o tema escolhido.

Isso aponta para a necessidade de intensificar esta pesquisa exploratória, o que

demanda um tempo maior de busca, o que extrapola o tempo de elaboração de um

trabalho de conclusão de curso. Desse modo, a produção do conhecimento

pretendido foi realizada, mas demanda ainda ser enriquecido.

Do que foi encontrado e lido é possível concluir que as influências da Física

Quântica sobre a Psicologia incidem sobre uma nova visão de homem, agora

holístico, e numa nova concepção de consciência e do fenômeno da percepção

humanas. Segundo Goswami (2000, 2006) a consciência deixa de ser um

epifenômeno do cérebro para tornar-se o fundamento do ser. É ela que cria a

realidade, e não o inverso.

Essa nova concepção afeta a compreensão do que venha a ser percepção. Esta

deixa de ser o registro objetivo dos estímulos captados pelos órgãos dos sentidos

para ser uma interpretação objetiva/subjetiva dos mesmos, e não apenas uma

representação mental. Em vez de registro, a interpretação individual do objeto

percebido. Os estímulos se transformam assim em conhecimento construído pelo

sujeito e deixam de ser apreensão e acúmulo de verdades estabelecidas e

absolutas. A isso o autor Wilson fala de túnel de “realidade” – cada um constrói o

seu.

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A nova compreensão desses dois conceitos precisa ser do entendimento dos

educadores e fundamento da prática educativa. Nesse sentido, a psicologia da

educação tem a ver com as noções de uma psicologia de natureza quântica, como

apresentada pelo livro de Wilson (2007), do qual foram extraídas as inferências

educacionais aqui trabalhadas.

Desse modo, para falar de uma psicologia holística, com influências da visão da FQ

e suas aplicações na área da educação, sobretudo escolar, foi preciso estabelecer

relações entre o que era lido e os conhecimentos já adquiridos, oriundos não só de

teorias, mas também da experiência vivida como professora, educadora. E, nesse

sentido, muitas relações ainda podem vir a ser estabelecidas. Isto fica como

sugestão para o aprofundamento deste estudo, assim como o estudo de outros

conceitos merecem ser ainda trabalhados. Exemplos: criatividade e hierarquia

entrelaçada, ambos aplicáveis à área educacional.

Este trabalho trouxe muitos elementos para continuar a acreditar que a

fundamentação teórica da educação, quanto à filosofia, às ciências sociais e

psicológicas, precisa passar por uma grande revisão. Na pretensão de melhorar a

qualidade da prática educativa e a formação de nossos jovens, com vistas à

construção de uma sociedade mais justa e solidária, a renovação precisa ocorrer.

Essa fundamentação, como mostram os textos de Franco; Ghedini (2008) e

Tescarolo (2004), assim como esta pesquisa exploratória, necessita alcançar os

pressupostos de uma concepção sistêmica, portanto complexa de universo, de

mundo e de homem.

Como já foi dito no corpo do trabalho, este estudo oferece, entre outras

contribuições para a elaboração de uma psicologia holística, a de enriquecer a

compreensão e a influência da Física Quântica na construção do conhecimento e de

um novo paradigma científico para o estudo das áreas da Psicologia e da Psicologia

da Educação.

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REFERÊNCIAS

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__________. O ponto de mutação. A ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: Cultrix, 2006.

CAPRA, F. e outros. Alfabetização ecológica – a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix Ltda, 2006.

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