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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA Renata Vale de Mattos Guimarães Orientador: Prof. Mestre Robson Materko Rio de Janeiro – RJ Agosto – 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA

Renata Vale de Mattos Guimarães

Orientador: Prof. Mestre Robson Materko

Rio de Janeiro – RJ

Agosto – 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA

Renata Vale de Mattos Guimarães

Trabalho Monográfico apresentado

como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista

em psicopedagogia.

Rio de Janeiro – RJ

Agosto – 2001

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Agradeço à Deus pelo dom da vida e por

toda disposição de aproveitá-la da melhor

maneira, agarrando todas as oportunidades

de crescimento pessoal e profissional.

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Dedico este trabalho de pesquisa a todas as

pessoas que buscam fazer da Educação o

melhor caminho para formação de pessoas

mais humanas e conscientes.

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SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................... pag. 06

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ pag. 07

CAPÍTULO 1 – HISTÓRICO DA PSICOPADAGOGIA....................................... pag. 09

CAPÍTULO 2 – DEFINIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA ....................................... pag. 11

CAPÍTULO 3 – O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO................................. pag. 13

3.1 Definição ................................................................................................................ pag. 13

3.2 Sujeitos envolvidos no diagnóstico psicopedagógico.......................................... pag. 14

3.2.1 A escola................................................................................................................ pag. 14

3.2.2 O professor........................................................................................................... pag. 15

3.2.3 O aluno................................................................................................................. pag. 15

3.2.4 A família .............................................................................................................. pag. 16

3.2.5 O psicopedagogo.................................................................................................. pag. 17

CAPÍTULO 4 – DESAFIOS DA PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA.................. pag. 20

4.1 Quem é denominado psicopedagogo? ................................................................. pag. 20

4.2 Formação do psicopedagogo ................................................................................ pag. 20

4.3 Dificuldades para a Psicopedagogia .................................................................... pag. 21

CONCLUSÃO .............................................................................................................. pag. 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... pag. 24

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RESUMO

Este trabalho de pesquisa visa traçar o histórico da Psicopedagogia desde seu

surgimento até os dias atuais.

Para tal define-se a Psicopedagogia e busca-se a formação profissional necessária para a

atuação na instituição educacional, e detecta-se os desafios enfrentados para que o trabalho tenha

sucesso.

Todas as informações aqui contidas são resultados de pesquisa bibliográfica sobre o

tema e de observações feitas no estágio na Pestallozi do Brasil.

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INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido acerca do ato de aprender. Este tema está presente em várias

etapas na vida dos profissionais de educação.

Visando a busca da identidade do ser que aprende delineia-se uma ação

psicopedagógica que tem por objetivo investigar as condições necessárias para que o aprendiz possa

atuar e pensar sobre a importância de suas ações.

Sem perder de vista as limitações impostas pela estrutura do sistema educacional no

qual a escola está inserida, o psicopedagogo focaliza o aluno em situação de aprendizagem e

registra o que ocorreu na relação professor – aluno em diferentes momentos.

Com base nesta observação são detectados os conflitos que interferiram no ato de

aprender, e inicia-se o processo de transformações necessárias, buscando recursos apropriados à

demanda emergente.

A partir daí surgem questionamentos sobre a maneira pela qual o aluno lida com o que

lhe é ensinado, mostrando as implicações das atitudes das professoras e das condições fornecidas

pelas escolas nesse processo de aprendizagem.

Esta abordagem traz à baila questões ligadas à instituição escolar e sugere perguntas do

tipo: Tem a escola acompanhado o processo de aprendizagem do aluno e as dificuldades

emergentes e lidado com elas? Como isso tem sido feito?

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Estas perguntas reiteram o fio condutor de uma trajetória profissional em busca de

definições de métodos e recursos apropriados à nossa situação educacional para o trabalho na

escola.

A Psicopedagogia está em busca deste fio condutor que visa levar o aprendiz a uma

aprendizagem significativa.

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CAPÍTULO 1 – HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

As obras dos médicos, no final do século XVIII e início do século XIX, na Europa,

deram ênfase às causas orgânicas nos comprometimentos na área escolar. Essa linha diagnóstica

procurava identificar no físico as determinantes das dificuldades do aprendiz.

Nesta linha de pensamento podemos citar Esquirol e Itard.

Seguin, discípulo de Itard, inovou a teoria de Esquirol, afirmando que todo indivíduo é

educável, basta saber o quanto de inteligência ele dispõe, determinar o grau de comprometimento

orgânico para buscar o método educacional adequado.

Estas informações põe em relevo a importância do diagnóstico médico para que se

possa traçar a ação pedagógica.

Essa linha pedagógica permaneceu nas décadas de 40 a 60 na França com a criação de

Centros-Psicopedagógicos com o objetivo de desenvolver um trabalho cooperativo médico –

pedagógico para crianças com problemas escolares ou de comportamento.

Desde a década de 60, nem todos concordavam com essa conceituação diagnóstica, quer

na área de Psicologia quer na área de Educação “Vasquez e Outy (1967) questionaram a Educação

e a Psicologia, afirmando que medir, observar, testar, rotular o aluno individualmente, sem conhecer

a funcionamento de sua classe na escola, podia levar a dissertações abstratas.” (Masini, 1993, pág.

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Na década de 70, Manonni reitera, essas críticas e afirma que a criança é encaminhada

para a reeducação para que ela se adapte ao que a sociedade e a escola esperam dela.

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“Isso não é educar, mas forçá-la a submeter-se, às instituições que reproduzem os

valores sociais, adestrando-a a uma sociedade em que deve ser eficiente. Nesse sentido o

diagnóstico é realizado para apontar como a criança deverá ser orientada a fim de desempenhar um

papel predeterminado.”(Id.)

Em 1972 o “Centro de Pesquisa de Educação Especializada e de Adaptação Escolas”

em Paris, lançou uma publicação resultante de um debate confrontando dois representantes de

posições opostas sobre o tema problema escolar x inadaptação-patologia.

Esta questão do fracasso põe, em dúvida a crença no diagnóstico.

No Brasil, Patto (1987) focaliza a política educacional diretamente responsável pela

produção do fracasso escolar.

Fonseca (1987) levanta o problema das responsabilidades das pessoas envolvidas no ato

de aprender para lidarem com o fracasso escolar.

Collares (1987) discute a ligação dos fatores orgânicos x sociais que levariam ao

fracasso escolar.

Com estes autores surge uma visão mais ampla para analisar o fracasso escolar levando-

se em conta o aspecto social, fatores intrapsíquicos, orgânicos e familiares.

No Brasil, 1958, foi criado na escola Guatemala o SOP (Serviço de Orientação

Psicopedagógica) que tinha como objetivo melhorar as relações professor – aluno, criar um clima

receptivo para aproveitar as experiências trazidas pelo aluno.

As Clínicas Pedagógicas de Viena e o SOP na então Guanabara são marcos da

Psicopedagogia nesses países e revelam a concepção de que este é um trabalho a ser desenvolvido

pela escola.

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CAPÍTULO 2 – DEFINIÇÃO DE PSICOPEDAGOGIA

Para estabelecer uma definição da psicopedagogia foi preciso pesquisar na literatura,

obras sobre o assunto e buscar o estado atual do conhecimento da Psicopedagogia no Brasil.

Foi possível descobrir que a Psicopedagogia é muito indefinida. Os trabalhos referem-se

ao relato de experiências, estudos de casos, trabalhos descritivos onde a teoria é ponto de referência

e não fundamento.

As definições que aparecem se referem à definição de aprendizagem e não à de

psicopedagogia. Na literatura psicopedagógica cito: “Tanto a linguagem científica quanto a

linguagem corrente estão cheias de expressões que aparecem num dado momento da história e são

construídas mais ou menos logicamente em relação à etimologia ou à história que testemunham a

importância mais ou menos durável de um campo científico, econômico, técnico ou político.

(Mialaret, 1987, pág. 5)

Existem vários termos precedidos do prefixo “psi”. A psicopedagogia faz parte deste

conjunto.

“A psicopedagogia baseia-se numa epistemologia convergente, termo que denomina sua

conceituação de aprendizagem e suas dificuldades em função da integração por assimilação

recíproca das contribuições das escolas psicanalíticas, piageliana e de psicologia social.” (Visca,

1987)

Na literatura psicopedagógica brasileira vemos o histórico da psicopedagogia, a

abordagem psicopedagógico da aprendizagem, a interdisciplinariedade na psicopedagogia etc., mas

conceituação continua ausente.

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Esta indefinição se deve ao fato de que a psicopedagogia encontra-se na fase do pré-

saber.

Buscando uma definição preliminar levando em conta o objeto da psicopedagogia e

como ele se configurar, pode-se dizer que é um campo do conhecimento que implica uma

integração entre a psicologia e a pedagogia tendo como objeto de estudo o processo da

aprendizagem visto como estrutural, construtivo e interacional, integrando os aspectos cognitivos,

afetivos e sociais do ser humano. A psicopedagogia tem como objetivo facilitar o processo de

aprendizagem removendo os obstáculos que impedem sua trajetória.

A psicopedagogia vê a aprendizagem como um processo, ou seja, no momento em que a

aprendizagem se faz e se constrói, de forma interativa, integrativa, estrutural e constante, por isso,

podemos dizer que ela se identifica com processo de construção do conhecimento, já que ambos se

opõem a idéia de aprendizagem como produto que reduz o fenômeno aprender a um saber fazer e

rompem a ligação ensino – aprendizagem já que o processo e aprendizagem e de construção do

conhecimento ultrapassam o ensinar.

O processo de construção do conhecimento está ancorado no sujeito sendo assim, este

ancorado no sujeito sendo assim, este passa a ser o objeto da psicopedagogia, o ser cognoscente.

A psicopedagogia pode considerar o ser cognoscente como uma unidade de

complexidades, ou seja, um ser com dimensão racional, afetiva e relacional em busca da sua

autonomia.

A psicopedagogia deve criar situações favoráveis para que o sujeito possa atuar sobre o

meio, na busca da construção do conhecimento de forma criadora.

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CAPÍTULO 3 – O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO

3.1 Definição

O diagnóstico psicopedagógico pode ser entendido como um processo no qual é

analisada a situação do aluno com dificuldades dentro do contexto da escola e de sala aula, com a

finalidade de proporcionar aos professores orientações e instrumentos que permitam modificar o

conflito manifestado.

A idéia de processo diz respeito a uma seqüência de atuações que visam transformar a

situação inicial.

A análise de dificuldades do aluno no ambiente escolar requer, no mínimo, dois

profissionais: o psicólogo e o professor.

No diagnóstico psicopedagógico, a exploração da problemática do aluno não é

responsabilidade única do psicopedagogo, o professor participa dando uma visão complementar

fundamental.

Outro aspecto importante, é que o contexto da avaliação diagnóstica está na escola, é

nela que se deve centralizar o trabalho.

Não se deve perder de vista, também, que o aluno está inserido num contexto social,

devendo-se contar com a família e a comunidade social.

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3.2 Sujeitos envolvidos no diagnóstico psicopedagógicos

3.2.1 A escola

A escola, como instituição social, pode ser considerada como um sistema aberto que

compartilha funções e que se interrelaciona com outros sistemas que integram todo o contexto

social.

Em nível interno, a escola pode-se tornar uma instituição potenciadora, ou então, ao

contrário, pode ser fonte de conflitos.

A sociedade outorga à escola a missão de educar e instruir os alunos, assim a escola não

pode agir independentemente.

A escola tende a homogeneização se distanciando do conceito de diversidade, baseando-

se em objetivos globais e formação básica igual para todos.

O psicopedagogo tem que contar com a possibilidade de haver mais ou menos

flexibilidade e acolhimento por parte da escola.

É difícil encontrar uma escola integradora e consciente das individualidades e que além

disso, obtenha bons níveis de formação.

A elaboração de projetos educativos tem se tornado um bom recurso para explicitar o

problema e para começar a buscar soluções institucionais.

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3.2.2 O professor

O professor deve agir em diferentes subsistemas ao mesmo tempo, manter contato

direto com a família do aluno.

O professor tem a responsabilidade de estimular o desenvolvimento de todos os seus

alunos pela aprendizagem de uma série, de diversos conteúdos, valores e hábitos. Na situação de

ensino – aprendizagem ele deve Ter uma atuação constante, com intervenções para todo o grupo de

aula e para cada um dos alunos em particular. Isto é muito difícil, o professor deve observar

sistematicamente o processo que os alunos desenvolvem durante a aprendizagem, para poder

intervir com uma ajuda educativa adequada.

Cabe ao psicopedagogo dar as orientações que se encaixem no estilo e no momento dos

professores e da escola, para que possam avançar rumo a compreensão e domínio do processo

educativo.

“Existem várias formas de reação do professor frente o fracasso de seus alunos em

relação a aprendizagem e/ou comportamento: negar o problema, angustiar-se e buscar ajuda, refletir

e procurar saídas, buscar ajuda de profissionais de fora da escola, aproveitar os recursos que

possuem outros profissionais da escola”. (Bassedas, 1996, pág. 30)

É importante que o psicopedagogo aprenda a entender a demanda realizada, que se

estabeleça uma situação de comunicação que o permita e que ajuste a resposta à solicitação feita,

definindo o papel que pode e quer desempenhar.

3.2.3 O aluno

Ao falar de aluno é bom determinar que ele é uma pessoa que desempenha diferentes

papéis, não perdendo de vista sua globalidade.

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A criança está inserida em dois sistemas diferenciados: a escola e a família.

Para determinar se a criança apresenta ou não dificuldades é preciso levar em conta, a

sua adaptação à realidade família x escola.

O aluno tem que ser visto como o de um sujeito que elabora seu conhecimento e a sua

evolução pessoal à partir de um sentido próprio das situações que vive e com as quais aprende.

O psicopedagogo precisa identificar as necessidades educativas, sociais e familiares do

aluno problema. Principalmente definir às necessidades educativas, para dar uma resposta à

solicitação do professor.

O psicopedagogo deve traçar diferentes caminhos para provocar uma mudança, para que

o aluno saia da situação de bloqueio ou estancamento.

3.2.4 A família

A família como sistema possui a função de proteger os seus membros e de transmitir e

favorecer a adaptação à cultura existente.

Cada família possui uma estrutura que se organiza a partir de interações que ocorrem

em seu interior e com o exterior. “Esta estrutura forma-se a partir das normas transacionais da

família, que se repetem e informam sobre o modo, o momento e com quem deve relacionar-se cada

um dos seus membros.” (Bassedas, 1996, pág. 33)

A escola e a família são dois sistemas que têm estado afastados, apesar de terem

relações ou interações, a nível institucional ou individual. Algumas vezes a escola toma para si o

papel de educadora, sem considerar a função educativa que é realizada no âmbito familiar. Embora

tenham objetivos comuns, suas funções foram separadas não havendo colaboração entre elas.

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O controle excessivo da sociedade e das famílias sobre a escola tem provocado

resistências e rivalidades que dificultam um bom entendimento.

Cada família, com base em suas experiências e crenças prévias adota atitudes em

relação à escola. A criança formará naturalmente suas expectativas em relação à escola, em cima

das atitudes da família.

Para que a criança tenha boa adaptação ao ambiente escolar é preciso que a família

demonstre confiança na escola.

Quando isso não ocorre cria-se um estado de angústia e ansiedade.

Neste momento o psicopedagogo pode ajudar, criando um ambiente propício à uma

aproximação família x escola, buscando canais mais eficientes de comunicação para criar acordos

que levem ao fim do bloqueio, contribuindo com explicações interativas sem necessidade de definir

causas e procurar culpas.

O psicopedagogo deve definir com clareza o seu papel e a função que desempenha na

escola, buscando a aceitação por parte da família, para que se possa planejar pequenas mudanças

em conjunto.

3.2.5 O psicopedagogo

O psicopedagogo está inserido em diversos sistemas, o que evidencia a complexidade

do seu campo de intervenção, sendo necessária uma visão ampla e global das diferentes situações

onde irá atuar.

Esta diversidade não afasta o profissional do seu contexto principal de intervenção que é

a escola, para abordagem de problemas demandados por ela.

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A visão interna e externa da escola oferece ao psicopedagogo uma visão enriquecedora,

já que, situado apenas dentro da escola, correria o risco de assumir um papel homeostático e

equilibrador.

“Por outro lado, se for somente um elemento externo, perde-se todo o conhecimento da

instituição, criando dificuldades para atuar dentro do contexto apropriado.” (Cols, 1997, pág. 37)

Cabe ao profissional estabelecer um contexto de colaboração com os professores e a

escola diante do objetivo estabelecido. Para isso deve-se assumir um papel complementário dos

professores para tentar resolver, discutir e atingir determinadas situações.

“Durante a intervenção psicopedagógica as relações devem ser bem definidas e claras.

Todos os procedimentos devem ser conhecidos para que ocorra um entrosamento de todas as partes

envolvidas.” (Bassedas, 1987, pág. 38)

Todo processo de mudança requer relações construtivas, a partir da dinâmica interna

dos próprios sujeitos.

O psicopedagogo parte sempre da “queixa” que o professor lhe traz, para buscar

estratégias adequadas para realizar a mudança pretendida.

Dentro do ambiente escolar é importante respeitar o seu funcionamento, os canais de

comunicação, centralizando-os para evitar desorientação com informações.

Grande parte do trabalho é centrado na colaboração com a escola em relação a

determinados alunos que apresentam dificuldades no seu processo educativo, seja a nível de

aprendizagem ou de relacionamento.

“No que concerne a estes alunos, a colaboração do psicopedagogo se dá de diversas

formas: planejar modificações na ação do professor; em função da avaliação das necessidades após

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o diagnóstico, em função da análise das circunstâncias dos diferentes sistemas (família – escola –

contexto social), e especificamente, do sistema aula.” (Cols, 1996, pág. 40)

A escola, busca o psicopedagogo com a expectativa de que o aluno problema seja

avaliado para que se possa traçar soluções e estratégias com base nas dificuldades apresentadas,

para que ele possa progredir e adaptar-se ao ritmo estabelecido.

O psicopedagogo deve buscar um tipo de ensino individualizado que se adapte as

diferenças dos sujeitos.

A escola como um todo busca homogeneizar o ensino, daí surgem os alunos tidos como

“especiais” porque não acompanham o ritmo geral durante um momento determinado.

Nesse momento, tenta-se encontrar um caminho para individualizar o ensino, utilizando

propostas e modificações que levem os profissionais da educação a assumir essa diversidade.

Diante do problema é preciso Ter uma visão ampla do aluno em contextos diferentes

(aula, recreio, família etc.) e em suas relações e interações com várias pessoas.

O psicopedagogo assume a função de buscar soluções para os problemas levantados e

em outro momento realizar a tarefa preventiva que leve a uma diminuição dos problemas que a

escola enfrenta.

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CAPÍTULO 4 – DESAFIOS DA PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA

4.1 Quem é denominado psicopedagogo?

Há uma tendência à identificá-lo como o profissional que atende alunos com

dificuldades de aprendizagem. Esse atendimento é realizado em consultórios, e constitui a quase

totalidade dos serviços profissionais na área. Alguns deles formaram-se em cursos de

psicopedagogia, outros, autodidatas, aprofundaram estudos a partir de uma prática. De modo geral,

sua formação básica na graduação é em Pedagogia ou Psicologia.

Há, por outro lado, profissionais de diferentes áreas (professores, supervisores,

fonoaudiólogos, orientadores educacionais) que procuram aprofundar seus estudos sobre

aprendizagem, buscando soluções para os problemas de fracasso escolar.

Há ainda uma clientela que freqüenta os muitos cursos de Pós-graduação “lacto sensu”

em Psicopedagogia, por diferentes motivos de ordem profissional e pessoal não ligados diretamente

ao conhecimento sobre aprendizagem, e que é portadora de certificado que comprova sua formação

na área, nem sempre se autodenominando psicopedagoga.

4.2 Formação do Psicopedagogo

Tem constituído tema de debate entre profissionais que militam nesta área o nível de

formação do psicopedagogo, isto é, se deverá ocorrer na graduação ou posterior a ela, em cursos de

Especialização ou Pós-graduação “lacto sensu”.

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Essa questão surge evidentemente quando se pensa na psicopedagogia como uma área

profissional diferente daquelas já existentes.

“Quando se pensa na Psicopedagogia como função que pode ser desempenhada por um

profissional já existente (identificado como psicopedagogo por estar lidando com processos de

aprendizagem), essa questão desaparece. Esse profissional já realizou um curso de graduação,

ficando pois a formação psicopedagógica em nível de pós – graduação”. (Masini, 1993, pág. 175)

4.3 Dificuldades para a psicopedagogia

O trabalho psicopedagógico, mesmo no atendimento individual, encontra dificuldades

localizadas no desconhecimento do processo de aprendizagem e na própria relação com o aprendiz.

Num trabalho, na escola, o psicopedagogo encontra, além dessas dificuldades, outros

tipos de resistência, pois essa ação exige mudanças no sentido de avaliar as propostas de ensino a

partir do acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno.

Ä tradicional aceitação do rendimento do aluno, sem análise do seu processo de

elaboração e das condições para sua aprendizagem, cria um falso quadro sobre a situação de

escolarização.” (Masini, 1993, pág. 179)

Nesse enfoque os maus resultados são vistos, quase exclusivamente, como de

responsabilidade do aprendiz. Apontá-lo como lento, problemático ou sem pré-requisitos é um

procedimento comum por parte das equipes educacionais, nas suas várias instâncias.

Analisar o processo do aluno em situação de sala de aula, na relação com o professor e

os colegas ante as condições de ensino que lhe são oferecidas, constitui uma drástica mudança no

quadro da escolarização exigindo dos educadores constante reflexão sobre sua ação. Isto não é fácil,

pois envolve transformações de atitudes e do pensar dos educadores.

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É preciso repensar o ato de aprender na instituição escolar utilizando uma proposta

viável em busca de uma aprendizagem significativa por parte do sujeito.

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CONCLUSÃO

Tendo em vista os aspectos observados e relatados neste trabalho de pesquisa conclui-se

que a Psicopedagogia na Escola constitui um forte aliado de todo o trabalho pedagógico.

O Psicopedagogo é o elo entre os vários componentes do processo de ensino

aprendizagem: Professor x Aluno x Família.

Cabe a ele, observar a situação, detectar o problema e levantar as estratégias possíveis

para solucioná-lo, dando toda orientação a todos os envolvidos.

Muito ainda tem-se para comentar sobre a importância da Psicopedagogia para que

todas as instituições educacionais possam perceber a valiosa contribuição que este profissional pode

dar ao processo ensino – aprendizagem para que o campo de trabalho se alargue cada vez mais para

estes profissionais.

Tomara que as instituições escolares repensem o ato de aprender, e que os educadores

repensem suas práticas visando uma aprendizagem significativa, traçando uma ação

psicopedagógica com o objetivo de salvaguardar a identidade do ser em desenvolvimento, ou seja, o

aluno que se constitui no objeto central do Psicopedagogo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASSEDAS, Eulália. Intervenção Educativa e Diagnóstico Psicopedagógico. 3a ed, Rio Grande

do Sul, Artes Médicas, 1996

DROWET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. 4a ed, Rio de Janeiro: Ática

OLIVEIRA, Vera Barros e outros. Avaliação Psicopedagógica da Criança de 7 a 11 anos.8a ed,

Rio de Janeiro, Vozes

SANTOS, Edna Maria. Psicopedagogia na Escola. 2a ed. São Paulo, Loyola, 1997

SILVA, Maria Cecília Almeida. Psicopedagogia em busca de uma fundamentação teórica. Rio

de Janeiro, Nova Fronteira, 1998