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PSICOTERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL PARA ADOLESCENTES Prof. Patrícia Melo do Mo

PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA ADOLESCENTES

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PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA

ADOLESCENTES

Prof. Patrícia Melo do Monte

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A ADOLESCÊNCIA NA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

Caráter universal; Caráter natural e organicista; Pubertät: após a latência, ocorre novo influxo

sexual (Freud); Desequilíbrio psíquico decorrente das

transformações físicas da puberdade (Anna Freud);

Vivência dos lutos (Arminda Aberastury); Síndrome Normal da Adolescência (Maurício

Knobel); Confusão de papéis X busca da identidade

(Erikson); Transformação da relação do sujeito com a

imagem (Dunker).

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A ADOLESCÊNCIA – PERSPECTIVA

COMPORTAMENTAL Invenção cultural; Diferentes culturas vivenciam padrões

diferenciados; A criança é tida como tal até que as

alterações biológicas e as influências do meio caracterizem sua passagem para o mundo adulto;

Normalmente, há um período de recolhimento, que caracteriza oficialmente a entrada nas relações adultas;

Formação baseada em modelos.

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A PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - ORIGEM

Os últimos anos têm testemunhado um desenvolvimento vertiginoso de uma abordagem psicoterapêutica denominada psicoterapia cognitiva (TC).

Baseia-se no modelo cognitivo, segundo o qual afeto e comportamento são determinados pelo modo como um indivíduo estrutura o mundo.

Suas cognições (eventos verbais ou pictóricos do sistema consciente) mediam as relações entre os impulsos aferentes do mundo externo e as reações (sentimentos e comportamento).

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A PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - ORIGEM

Distingue-se da Psicanálise na medida em que esta entende que a ação de um indivíduo está baseada em determinismos fora do seu próprio controle, enquanto a TC supõe que a origem da ação encontra-se na consciência, logo sob seu poder.

Em relação ao Behaviorismo, representa uma evolução na vertente metodológica desta escola psicológica.

Historicamente, a TC teve como precursora a terapia racional-emotiva de Albert Ellis, mas foi Aaron T. Beck que lhe deu os contornos atuais.

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A PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Tem havido uma forte tendência desta abordagem se estabelecer como a principal vertente terapêutica (Rangé, 2005)

Enfatiza os aspectos objetivos da realidade, procurando compreender as relações entre o organismo e o ambiente através de um enfoque na aprendizagem e nos aspectos cognitivos.

É fundamentada no modelo psicossocial no que concerne ao entendimento do comportamento dito “anormal ” ou “determinante”.

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A PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Tem sido aplicada e validada em domínios diversos, como os transtornos do humor, os transtornos da ansiedade, como o transtorno do pânico e a agorafobia, o transtorno da ansiedade social e as fobias específicas, o transtorno da ansiedade generalizada e o transtorno obsessivo-compulsivo e o transtorno de estresse pós-traumático.

Também tem se destacado como o tratamento de escolha em transtornos alimentares e no transtorno de déficit de atenção / hiperatividade.

Dor crônica.

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A PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Comportamentos de risco, desenvolvidos e mantidos pelas suas conseqüências reforçadoras, assim como por modelos, podem estar na base do entendimento da doença, tornando-se hábitos de difícil extinção.

Crenças disfuncionais a respeito da doença, do profissional de saúde, do tratamento, da instituição de cuidado à saúde, e sobre si mesmo, também podem gerar a vulnerabilidade à doença.

A TCC tem muito a contribuir não só com suas estratégias mas, antes de mais nada, com a compreensão do problema.

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A PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

A atuação da TCC tem sido importante não só no atendimento ao paciente já sofredor de alguma patologia física, mas também na prevenção da doença, na manutenção da saúde e na reabilitação.

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RESISTÊNCIA À PSICOTERAPIA A terapia cognitivo-comportamental focaliza a

mudança e, como tal, demanda participação ativa do cliente no processo terapêutico, reestruturação de pensamentos automáticos, realização de tarefas entre outros.

A resistência em psicoterapia é entendida como uma reação natural à mudança.

Se por um lado os clientes procuram tratamento para obter alívio de seus sintomas de ansiedade e depressão, por outro lado, eles não se sentem seguros para mudar os seus padrões de funcionamento que mantém esses sintomas.

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RESISTÊNCIA À PSICOTERAPIA Através de confrontação empática, o terapeuta

pode ajudar o cliente a se tornar consciente das origens históricas de seus esquemas de funcionamento, mostrando como esses esquemas se manifestam no presente e incentivando o cliente a modificá-los, através da exploração de outros significados.

Por outro lado, a resistência do cliente pode ativar os esquemas do terapeuta que, se não forem identificados e trabalhados, constituirão um entrave na relação terapêutica, contribuindo para perpetuar as crenças disfuncionais do cliente.

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RESISTÊNCIA À PSICOTERAPIA Algumas maneiras de o cliente manifestar

resistência:1. acusações de que o terapeuta é incompetente, frio ou insensível; 2. manifestação de hostilidade dirigida ao terapeuta, através de sarcasmo, comportamento não verbal ou comportamento passivo-agressivo; 3. desacordos a respeito de objetivos e tarefas da terapia;4. obediência excessiva seguida de ressentimento; 5. atitudes evasivas frente às intervenções do terapeuta; 6. falta de disponibilidade para responder à intervenção.

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MANEJO DAS RESISTÊNCIAS Abandono temporário das estratégias de

mudança; Falar do que está acontecendo na

interação, no momento terapêutico; Identificar o esquema de resistência do

paciente; Explorar com o cliente as origens de seu

esquema, ajudando-o a entender como este se manifesta nas suas interações sociais;

Encorajar o cliente a encontrar novas formas de entender a experiência.

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AVALIAÇÃO EM PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

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AVALIAÇÃO DO CASOBeck (1997) identifica oito passos no estabelecimento de um plano de tratamento:

1. Conceituação do problema;2. Desenvolvimento de uma relação

colaboradora;3. Motivação para o tratamento;4. Formulação do problema;5. Estabelecimento de metas;6. Educação do paciente sobre o modelo

cognitivo-comportamental;7. Intervenções cognitivo-comportamentais;8. Prevenção de recaída.

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AVALIAÇÃO DO CASO Na primeira fase, o cliente é

entrevistado em relação a cada problema ou queixa apresentada;

Cada dificuldade apresentada bem como a totalidade de seus comportamentos serão objeto de uma análise funcional;

Compilação de uma lista de problemas.

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LISTA DE PROBLEMAS (Persons, 1994)

Tentar exaurir todas as possibilidades de problemas; Descrições simples; Incluir a queixa principal; Descrever o problema de forma concreta em termos

comportamentais; Descrever componentes comportamentais, afetivos e

cognitivos do problema; Tentar quantificar o problema sempre que possível; Usar as palavras do paciente, preferencialmente; Averiguar se há uso de substâncias; Tentar, ao máximo, obter com o paciente uma concordância

sobre a lista de problemas.

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ANÁLISE FUNCIONAL ESTÍMULOS: evento ambiental que aumenta

a probabilidade de ocorrência de uma resposta;

ORGANISMO: motivações, predisposições genéticas, valores, crenças, regras;

RESPOSTAS: cognitivas, autonômicas, comportamentais;

CONSEQUÊNCIAS: qualquer ação é seguida por uma mudança no próprio organismo.

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TÓPICOS A SEREM ABORDADOS EM UMA AVALIAÇÃO INICIAL

Problema apresentado (natureza e descrição: que aspectos, quando ocorrem, onde, freqüência, variáveis moduladoras, fatores de manutenção, evitações, fatores predisponentes, compreensão do cliente sobre o problema e tentativas anteriores de enfrentar o problema);

Situação atual de vida (família, trabalho, lazer);

Desenvolvimento (história familiar, escolar/ocupacional, social);

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TÓPICOS A SEREM ABORDADOS EM UMA AVALIAÇÃO INICIAL Experiências traumáticas (relações familiares,

problemas médicos ou psicológicos, perdas, abuso sexual);

História médica e psicológica (saúde atual, problemas médicos prévios, uso de drogas, história médica da família, terapias);

Status psicológico (aparência, atitude, humor, fala e pensamento, percepção);

Rapport (abertura e auto-revelação, motivação, nível de compreensão e insight);

Metas do cliente para a terapia; Perguntas e preocupações do cliente; Formulação preliminar.

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Após os transtornos de déficit de

atenção/hiperatividade (TDAH) e de conduta, os transtornos ansiosos encontram-se entre as doenças psiquiátricas mais comuns em crianças e adolescentes.

Até 10% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno ansioso (excluindo-se o transtorno obsessivo-compulsivo ou TOC, que afeta até 2% das crianças e adolescentes.

Mais de 50% das crianças ansiosas experimentarão um episódio depressivo como parte de sua síndrome ansiosa.

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Tanto a ansiedade quanto o medo são

considerados patológicos quando exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo ou qualitativamente diversos do que se observa como norma naquela faixa etária, e também quando interferem na qualidade de vida, conforto emocional ou desempenho diário da criança.

Tais reações exageradas ao estímulo ansiogênico se desenvolvem, mais comumente, em indivíduos com uma predisposição neurobiológica herdada.

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

Em crianças e adolescentes, os quadros mais freqüentes são o transtorno de ansiedade de separação (TAS), com prevalência em torno de 4%, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG; 2,7 a 4,6%) e as fobias específicas (FE; 2,4 a 3,3%).

A prevalência de fobia social (FS) fica em torno de 1%, e a de transtorno de pânico (TP), em 0,6%.

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE A distribuição entre os sexos é equivalente

de modo geral, exceto para FE e TP, com predominância do sexo feminino.

O TAS e as FE são mais comumente diagnosticados em crianças, enquanto o TP e a FS aparecem mais freqüentemente em adolescentes.

Se não tratados, os transtornos ansiosos na infância e na adolescência (TAIA) apresentam um curso crônico, embora flutuante ou episódico.

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

A maioria das crianças com transtornos ansiosos é encaminhada para serviços de saúde mental devido a problemas de comportamento tanto em seus relacionamentos quanto no ambiente escolar.

De modo geral, o tratamento é constituído por uma abordagem multimodal, que inclui orientação aos pais e à criança, o tratamento psicoterápico, uso de psicofármacos e intervenções familiares

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

Diferentemente do que ocorre no tratamento de adultos, medicamentos psicoativos, como antidepressivos e ansiolíticos, não são considerados terapêutica de primeira escolha em crianças e adolescentes portadores de transtornos ansiosos

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

Para muitas crianças e adolescentes, particularmente quando os sintomas são muito intensos e/ou o paciente recusa-se a executar as exposições, a TCC não se mostra eficaz.

Nesses casos, a farmacoterapia como monoterapia ou em associação à TCC pode ser o tratamento de escolha.

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TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

Caracteriza-se por ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou seus substitutos, não adequada ao nível de desenvolvimento, que persiste por, no mínimo, 4 semanas.

Os sintomas causam sofrimento intenso e prejuízos significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente.

As crianças ou adolescentes, quando sozinhas, temem que algo possa acontecer a seus pais ou a si mesmas, tais como doenças, acidentes, seqüestros, assaltos, etc., algo que os afaste definitivamente deles. Como conseqüência, apegam-se excessivamente a seus cuidadores, não permitindo seu afastamento.

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TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

A abordagem cognitivo-comportamental utilizada em crianças que se recusam a ir à escola por medo de se separar de sua mãe e/ou de seu pai preconiza o retorno à escola (exposição-alvo).

No entanto, esta exposição deve ser gradual, permitindo a habituação à ansiedade, respeitando-se as limitações da criança e seu grau de sofrimento e comprometimento.

Fazer com que a criança ou jovem reconheça os diferentes estados emocionais e fazê-la/o relacionar acontecimentos externos, pensamentos e emoções.

Reforçar competências desejadas e ajudar a criança ou jovem a ganhar controle sobre os sintomas.

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TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

Traçar objetivos realísticos e ensinar a criança a recompensar-se a si própria por cada passo realizado com sucesso.

Técnicas cognitivas para reduzir as cognições relacionadas à ansiedade.

Deve haver uma sintonia entre a escola, os pais e o terapeuta quanto aos objetivos, conduta e manejo do tratamento.

As intervenções familiares objetivam conscientizar a família sobre o transtorno, auxiliá-la a aumentar a autonomia e a competência da criança e reforçar suas conquistas

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TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

A TCC enfatiza a correção de pensamentos distorcidos, treino de habilidades sociais, além de exposições graduais e prevenção de respostas baseadas em uma hierarquia de sintomas (inicia-se pelos sintomas menos intensos e, gradualmente, o paciente é exposto a sintomas mais graves).

O tratamento envolve três estágios: o psicoeducacional (que inclui o máximo de informações a respeito da doença e de seus aspectos neurobiológicos e psicológicos), a reestruturação cognitiva e as intervenções baseadas em exposições e prevenções de resposta ao estímulo ansiogênico.

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Bons estudos e boa noite a todos!