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Fazenda Ilha Grande Município de Governador Valadares
PROJETO TÉCNICO DE RECONSTITUIÇÃO DA FLORA
Agosto de 2012
Elaboração:
Jacinto Moreira de Lana Engenheiro Florestal - UFV
Especialista em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais - UFLA Mestre em Ecologia Florestal - Botânica - UFV
CREA/MG: 70.665/D Registro no IEF: 00215160-3
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 1
APRESENTAÇÃO
Este documento apresenta as informações necessárias para nortear ações visando a
reconstituição da flora na área de reserva legal da Fazenda Ilha Grande, zona rural do
município de Governador Valadares. Adicionalmente apresenta os aspectos
ambientais existentes na referida fazenda, bem como as propostas de medidas
mitigadoras voltadas para garantir a proteção dos solos e conservação da água e
ampliar as condições favoráveis para a conservação da biodiversidade local.
1. DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO
1.1. Informações Gerais
1.1.1. Do Empreendedor
Hugo Alexandre Resende
Rua Israel Pinheiro, nº 2229, Bairro São Pedro, Governador Valadares - MG, CEP:
35.020-220.
CPF: 443.301.971-20
1.1.1.1. Identificação da Empresa
Razão Social:
CNPJ:
Inscrição Estadual:
Endereço para correspondência:
1.1.1.2. Identificação do Responsável
Hugo Alexandre Resende
Rua Israel Pinheiro, nº 2229, Bairro São Pedro, Governador Valadares - MG, CEP:
35.020-220.
CPF: 443.301.971-20
1.1.2. Do Empreendimento
1.1.2.1. Área do Empreendimento
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 2
A área do empreendimento refere-se a Fazenda Ilha Grande, situada na zona rural do
município de Governador Valadares, cuja área total é de 39,2348 hectares e áreas
produtivas onde pratica-se a silvicultura de eucalipto totalizam 25,7934 hectares.
1.1.2.2. Descrição do Empreendimento
O empreendimento refere-se a uma fazenda situada na zona rural do município de
Governador Valadares, que tem como objetivo econômico principal a silvicultura de
eucalipto para produção de madeira a ser comercializada para produção de celulose,
cujos plantios são fomentados por indústria situada na região. Os demais usos do solo
existentes na referida fazenda, são infraestrutura de estradas associada à atividade
silvicultural, terras sob linhas de transmissão de energia elétrica e, em pequena
proporção, áreas remanescente que objetivam a conservação ambiental.
1.1.2.3. Roteiro de Acesso
O acesso à Fazenda Ilha Grande se dá, partindo de Governador Valadares em direção
ao município de Ipatinga. Ao alcançar a BR 381, pelo trevo de acesso a Governador
Valadares, segue em direção à Ipatinga por 750 metros. Após percorrer esta distância
observa-se a Fazenda Ilha Grande na margem direita da rodovia (Figura 1).
Figura 1- Croqui de localização e acesso à Fazenda Ilha Grande.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 3
1.1.2.4. Área Total da Propriedade
A Fazenda Ilha Grande possui uma área total de 39,2348 hectares (Trinta e nove
hectares, vinte e três ares e 48 centiares).
1.1.2.5. Área de Intervenção e do Empreendimento
A área de intervenção considera aquelas áreas onde serão realizadas as ações de
reconstituição da flora, que totalizam 8,2713 hectares e correspondem à integralidade
da área de reserva legal da propriedade. A área do empreendimento, por se tratar de
propriedade rural, considera todas as áreas da propriedade com usos econômicos,
que totalizam 25,7934 hectares.
1.1.2.6. Localização das Áreas de Interferência na Vegetação
As áreas de interferência na vegetação estão inseridas na área de reserva legal da
propriedade, onde serão realizadas as ações de reconstituição da flora. Estas áreas
estão identificadas na imagem apresentada em anexo.
1.1.2.7. Medidas Mitigadoras
A reconstituição da flora é, por natureza, uma atividade de baixo impacto ambiental
durante a fase de execução e uma medida mitigadora dos impactos ambientais das
atividades silviculturais. Portanto, a realização de ações voltadas para a reconstituição
da flora não demandam medidas adicionais de mitigação de impactos.
1.1.2.8. Medidas Compensatórias
Não haverá supressão de vegetação ou outros impactos ambientais que demandam a
compensação ambiental. As atividades previstas para serem realizadas na Fazenda
Ilha Grande serão voltadas para a reconstituição da vegetação arbórea nas áreas de
reserva legal, razão pela qual não serão adotadas medidas de compensação
ambiental.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 4
2. OBJETIVOS DO EMPREENDIMENTO
2.1. Geral
O empreendimento denominado Fazenda Ilha Grande objetiva a produção silvicultural
em uma área de 25,7934 hectares, onde é cultivado eucalipto a ser comercializado
para indústria de celulose e para outros usos, tais como construção civil, construção
de cerca, produção de carvão vegetal e comercialização como lenha.
2.2. Específicos
Produção madeireira;
Conservação de vegetação nativa;
Conservação de fauna nativa;
Conservação de recursos hídricos;
Conservação de solos.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 5
3. CARACTERIZAÇÃO GERAL
3.1. Caracterização Edáfica
3.1.1. Tipos de Solos e Processos Erosivos
Em toda a extensão da Fazenda Ilha Grande os solos são profundos e bem
estruturados, predominado latossolos. Pontualmente ocorrem cambissolos com
abrangência muito restrita. Existem processos erosivos significativos e de grande porte
com formação de ravinas. Estas ravinas originaram-se a partir do uso pastoril
intensivo, que foi abolido na propriedade. Contribuiu também para a formação das
ravinas os incêndios florestais que ocorreram na propriedade, devido, sobretudo à
proximidade desta com a rodovia BR 381. Atualmente, com a reversão das pastagens
para a atividade silvicultural, eliminou-se o pisoteio e compactação causada pelos
animais, ampliando a infiltração de água no solo com conseqüente estabilização das
erosões.
3.2. Caracterização Hídrica
3.2.1. Águas Superficiais
A Fazenda Ilha Grande não possui nascentes em seus limites territoriais. A drenagem
natural mais próxima da fazenda é o rio Doce, cuja distância mínima da fazenda é de
200 metros.
3.3. Caracterização Climática
O Estado de Minas Gerais apresenta uma diversificação climática muito grande,
originada, fundamentalmente, pelo fato de grande parte do seu território ter uma
topografia muito acidentada (Serras do Espinhaço, Mantiqueira, Caparaó, Canastra e
Cabral) conjugada com o fato de estar localizado na trajetória normal das frentes
polares (correntes perturbadas do Sul), onde freqüentemente o sistema de circulação
do anticiclone polar das altas altitudes e o sistema de circulação do anticiclone do
Atlântico Sul, das latitudes baixas, se opõem em equilíbrio dinâmico (NIMER:1979).
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 6
O clima regional tem como característica marcante a ocorrência de duas estações
principais, assim definidas: Um verão quente, com chuvas intensas e um inverno
ameno, muito seco. Esta característica do clima regional é comum em quase todo o
Estado de Minas Gerais quando as máximas temperaturas ocorrem nos meses de
outubro a março e as mínimas ocorrem nos meses de maio a agosto.
3.3.1. Clima Local
O clima de Governador Valadares caracteriza-se pela presença de invernos secos e
verões chuvosos e, é classificado como Aw, conforme a classificação de Köppen
(tropical chuvoso). Possui média anual de precipitação da ordem de 1.350 mm, sendo
as chuvas praticamente concentradas de outubro a março (estação chuvosa),
podendo ocorrer períodos superior a um mês sem chuvas no inverno (estação seca).
No mês mais frio (julho) ocorrem mínimas de 25°C e nos meses mais quentes
(dezembro e janeiro) ocorrem máximas de 42.5ºC. A temperatura média anual é de
33,4ºC, a média máxima anual é de 42,5ºC e média mínima anual é de 25,3ºC.
Há em Governador Valadares uma região com o clima temperado, denominada Pico
do Ibituruna. Neste pico as altitudes ultrapassam 1.100 metros e, portanto, são
registradas baixas temperaturas, sobretudo durante a noite, quando a temperatura
pode cair para cerca de 10ºC, intensificada por ventos muitos fortes.
O Pico do Ibituruna tem a fama de influir diretamente no clima de Governador
Valadares. Todavia, o clima é determinado pelos ventos provenientes do nordeste e
do sudeste. Outro fator que contribui para caracterizar o clima da cidade são as Serras
do Espinhaço (a oeste do Estado) e a Serra da Mantiqueira (ao Sul). As duas
cordilheiras freiam as frentes frias permitindo que se forme, na região, um bolsão de
calor, que começa em Ipatinga e vai até Linhares, no Espírito Santo, fazendo com que
o clima seja quente durante o ano todo.
3.4. Caracterização Biótica
3.4.1. Fauna
Com relação à fauna silvestre, pode se afirmar que na região onde está inserida a
Fazenda Ilha Grande as condições para abrigar um amplo grupo de espécies são
muito restritas, sobretudo aquelas dependentes florestais.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 7
Em grande parte da região onde se insere a Fazenda Ilha Grande ocorrem ambientes
alterados pela ocupação antrópica, onde predominam atividades agropastoris,
sobretudo a pecuária bovina.
Nestes locais as condições para a existência de populações da fauna silvestre são
limitadas, favorecendo apenas aqueles grupos de espécies mais adaptadas às áreas
antropizadas. Neste grupo estão incluídas as aves que ocupam áreas abertas, como
pássaros, urubus, anus, gaviões, corujas e andorinhas. Ainda neste grupo, os
mamíferos são representados por pequenos roedores, cachorros-do-mato, tapeti,
gambás e tatus.
3.4.2. Flora
A vegetação original da região onde se insere o município de Governador Valadares,
Estado de Minas Gerais, recebeu diferentes denominações segundo cada
classificação proposta. O Atlas Florestal do Brasil, empregando classificação de
HENRIQUE VELOSO (1966), denominou-a Floresta Pluvial Estacional Tropical. De
acordo com a classificação do Projeto RADAM (1982), tratava-se de uma Floresta
Estacional Semidecidual. Em 1963, RIZZINI classificou-a como Floresta Atlântica e,
em 1979, Floresta Pluvial Montana. Para GOLFARI (1975), tratar-se-ía de uma
Floresta Subperenifólia ou Perenifólia. O Mapa de Vegetação do Brasil (1988), do
IBGE, coloca as formações florestais de ocorrência natural da região como
pertencentes à Região Fitogeográfica da Floresta Estacional Semidecidual (Mata
Semicaducifólia), assinalando que dessa região florestal são dominantes os gêneros
neotropicais Tabebuia, Swietenia, Paratecoma, Cariniana, entre outros, em mistura
com os gêneros paleotropicais Terminalia e Erithrina, e com os gêneros autrálicos
Cedrela e Sterculia. Para efeitos do Decreto nº 750, de 10 de fevereiro de 1993 (art.
3º) e da Lei 11.428, de 22 de dezembro de 2006 (Lei da Mata Atlântica), encontra-se a
Floresta Estacional Semidecidual compreendida no Domínio da Mata Atlântica.
No município de Governador Valadares não existem remanescentes de vegetação
florestal primária, predominando remanescentes florestais em estágio inicial, médio e
raramente em estágio avançado de sucessão secundária. Nestes remanescentes
predominam espécies típicas dos primeiros estágios sucessionais, como as dos
gêneros Cecropia e Anadenanthera.
Na fazenda, as áreas com vegetação nativa encontram-se em estágio inicial de
regeneração secundária, conforme evidenciado pela imagem em anexo.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 8
A Figura 2 apresenta as tipologias vegetais da Mata Atlântica no Estado de Minas
Gerais e a localização do município de Governador Valadares.
Figura 2. Tipologias da Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais e a região onde se
localiza o município de Governador Valadares (retângulo vermelho).
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 9
4. ALTERAÇÕES NO MEIO AMBIENTE
É consenso que as intervenções antrópicas trazem impactos ambientais, tanto
negativos quanto positivos e benefícios sócio-econômicos. Todavia, os impactos
ambientais negativos podem ser minimizados e aqueles positivos podem ser
potencializados. Adicionalmente, pode-se ainda compensar aqueles impactos
ambientais negativos que não podem ser integralmente eliminados.
No empreendimento a que se refere este PTRF ocorrerão apenas intervenções que
impactarão positivamente o meio ambiente, significando importantes melhorias das
condições ambientais, notadamente devido às ações voltadas para a recuperação da
vegetação arbórea nativa na área de reserva legal.
As intervenções, sobretudo na fase de implantação, quando os impactos são mais
significativos, são qualificadas com relação aos efeitos sobre os fatores ambientais
dos meios físico, biótico e sócio-econômico. A avaliação adotada consiste em listar os
impactos pertinentes das intervenções, atribuindo-lhes critérios de valor. Os critérios
adotados na avaliação foram:
Probabilidade de ocorrência: confronta o impacto com as intervenções do
empreendimento e a situação de seus fatores ambientais de forma a prognosticar a
probabilidade de ocorrência dos mesmos. As categorias de valor desse critério são
desprezíveis, média e alta probabilidade de ocorrência.
Caráter: classifica os impactos quanto a sua natureza adversa ou benéfica. As
categorias de valor desse critério são negativas ou positivas.
Magnitude: classificam os impactos quanto à amplitude de seus efeitos ou sua
expressão espacial. As categorias de valor desse critério são: desprezível, média e
alta magnitude.
Transitoriedade: classifica os impactos quanto à duração de sua ocorrência. As
categorias de valor desse critério são: temporário e permanente.
4.1. Danos Físicos: Edáficos e Hídricos
Carreamento de sedimentos para cursos de água em função da abertura de covas e
construção de cercas.
• a) Probabilidade de ocorrência: desprezível, considerando a pontualidade, o
baixo nível de intervenção e a inexistência de cursos d’água na fazenda.
• b) Caráter: negativo.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 10
• c) Magnitude: desprezível.
• d) Transitoriedade: temporário.
Minimização de processos erosivos e assoreamentos;
• a) Probabilidade de ocorrência: alta, considerando que as intervenções
consistem em aumentar a proteção dos solos.
• b) Caráter: positivo.
• c) Magnitude: média.
• d) Transitoriedade: permanente.
4.2. Danos Biológicos: Fauna e Flora
Remoção da vegetação nativa, para realização do empreendimento;
• a) Probabilidade de ocorrência: desprezível, considerando que a vegetação
nativa que poderá ser alterada é representada apenas por espécies herbáceas
e arbustivas.
• b) Caráter: negativo.
• c) Magnitude: baixa.
• d) Transitoriedade: permanente.
Alteração do uso e ocupação do solo;
• a) Probabilidade de ocorrência: alta, considerando que serão revertidas para
floresta nativa áreas atualmente ocupadas com pastagens degradadas.
• b) Caráter: positivo.
• c) Magnitude: alta.
• d) Transitoriedade: permanente.
Ampliação dos valores de biodiversidade;
• a) Probabilidade de ocorrência: alta, considerando que serão revertidas para
floresta nativa áreas atualmente ocupadas com pastagens degradadas.
• b) Caráter: positivo.
• c) Magnitude: alta.
• d) Transitoriedade: permanente.
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Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 11
5. PROJETO TÉCNICO DE RECONSTITUIÇÃO DA FLORA - PTR F
5.1. Justificativas do PTRF
A execução do PTRF consiste em medida que visa mitigar os impactos de
intervenções ambientais e sua elaboração é necessária para documentar as ações
que deverão ser implantadas visando a reconstituição da flora e permitir a orientação
dos monitoramentos de tais ações.
A autorização para intervenção ambiental e a supressão de vegetação prevêem a
apresentação do Projeto Técnico de Reconstituição da Flora - PTRF. O PTRF fornece
as diretrizes para realização da reconstituição da vegetação, visando, além de vários
aspectos voltados para a mitigação e compensação ambiental, a busca da
sustentabilidade das atividades econômicas realizadas nas propriedades rurais.
5.2. Reconstituição da Flora
5.2.1. Definição da Área de Reconstituição da Flora
A área de reconstituição da flora encontra-se identificada na imagem apresentada no
anexo deste PTRF. Trata-se da área situada no interior da reserva legal identificada
com perímetro verde na imagem anexada a este PTRF. Esta área a ser reconstituída
perfaz 8,2713 hectares.
5.2.2. Coordenadas Geográficas
O mapa de averbação de reserva legal encontra-se georreferenciado e, por
interpolação, permite a obtenção das coordenadas geográficas de quaisquer pontos
de interesse. Uma cópia deste mapa está anexada neste PTRF.
5.3. Formas de Reconstituição da Flora
5.3.1. Regeneração Natural
Esta técnica de recuperação da flora consiste em dar condições de ocorrência do
processo de sucessão ecológica, que pode ser definido como a regeneração natural
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 12
de espécies arbóreas. Este processo pode demorar décadas para o estabelecimento
de vegetação arbórea em uma área, principalmente em locais distantes de fontes de
propágulos naturais e com alta incidência de espécies vegetais invasoras, como
capins e plantas daninhas.
A sucessão ecológica refere-se a uma seqüência de mudanças estruturais e
funcionais que ocorrem nas comunidades vegetais. Estas mudanças que, em muitos
casos, seguem padrões definidos, são fundamentadas por conceitos ecológicos
importantes, quais sejam:
a) Sucessão primária: Ocorre em substratos recém-formados. Envolve modificações
substanciais no ambiente causadas direta ou indiretamente pelos organismos
pioneiros.
b) Sucessão secundária: Ocorre em comunidades preexistentes seguindo um certo
distúrbio natural ou não.
c) Estágio sucessional: Toda seqüência sucessional envolve a existência de estágios
mais ou menos definidos ao que se convencionou chamar de estágio sucessional. O
ponto de convergência seria o estágio final ou clímax. Cada região tem um clímax
definido basicamente pelas condições climáticas regionais, condições edáficas,
temperatura, umidade e profundidade dos solos.
d) Clímax: Etapa de maior maturidade em uma determinada sucessão, embora não
trata-se de um limite de maturidade.
A utilização desta prática deve ser restrita àquelas condições onde há fontes de
propágulos de regeneração natural e fatores restritivos como o fogo e o pastoreio
sejam bloqueados. Contudo, pode haver necessidade de realizar plantios de
enriquecimento, sobretudo em locais onde não houver potencial de regeneração
natural, como banco de plântulas ou de sementes, como forma de aumentar a
diversidade biológica e acelerar a formação de um dossel florestal.
Ressalta-se também que esta técnica pode ser utilizada em áreas onde a ocorrência
de capins compete significativamente com a regeneração de espécies da flora nativa.
Nestes casos deve realizar ações visando à supressão das gramíneas, o que pode ser
feita por meio do uso de herbicida (glifosato) em baixas concentrações, com o objetivo
de suprimir as gramíneas e manter vivas as espécies da flora nativa.
Deve-se observar, entretanto que nem todas as espécies arbóreas em regeneração
podem ser desejáveis devendo aquelas muito agressivas quanto à competitividade ser
total ou parcialmente suprimidas. Como exemplo cita-se a espécie leucena (Leucaena
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 13
leucocephala), que possui alto poder de infestação e a espécie angico (Anadenanthera
macrocarpa) que apresenta restrições para a regeneração de outras espécies vegetais
na proximidade de sua projeção de copa, devido a efeitos alelopáticos.
Na Fazenda Ilha Grande há um grande potencial de regeneração natural de espécies
arbóreas e as áreas a serem reconstituídas já possuem árvores isoladas que atraem
aves silvestres. Este fato potencializa o processo de regeneração natural devido ao
aporte de propágulos vegetais trazidos pelas aves.
Como ação principal para promoção da regeneração natural deve ser garantido o
isolamento das áreas a serem recuperadas visando bloquear o pastoreio de bovinos,
que danifica a regeneração natural e compacta o solo, o que faz aumentar o
escoamento superficial das águas pluviais, acarretando aumento de processos
erosivos. Após esta etapa devem ser interrompidas as atividades de roçadas nas
áreas com pastagens visando aumentar o volume da cobertura vegetal. Após o
término desta etapa, que deverá ter duração de pelo menos um ano, uma avaliação
deverá ser feita para determinar o espaçamento médio da regeneração natural das
espécies arbóreas. Caso seja encontrado um número menor que uma árvore em
regeneração a cada vinte e cinco metros quadrados, recomenda-se a realização de
plantios de enriquecimento com espécies árvores nas clareiras.
5.3.2. Recuperação de Processos Erosivos
A recuperação dos processos erosivos existentes na Fazenda Ilha Grande é uma
prioridade, considerando o risco de agravamento e fato de a área ter sido averbada
como reserva legal.
Esta recuperação pode ser feita de forma a impactar pouco a vegetação existente e
com pouca movimentação de solos, sobretudo porque, embora prioritária, a
recuperação não é urgente e a área a ser recuperada será destinada a conservação
ambiental.
Desta feita, têm-se os seguintes passos que são fundamentais para promover a
estabilização e a recuperação das erosões, incluindo a formação de cobertura florestal
em toda a área de reserva legal.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 14
5.3.2.1. Desvio do Escoamento Superficial de Águas Pluviais
Esta ação deve ser feita por meio da construção de canais para desvio de águas
pluviais. Estes canais devem ser construídos em nível, de forma que, após o
recebimento das águas, possibilite também a infiltração no solo. A quantidade de
canais a serem construídos dependerá da infiltração de água à montante das erosões
e ravinas. Recomenda-se construir canais com profundidade de aproximadamente 30
centímetros e com distância entre canais de cerca de cinco metros.
Durante a estação chuvosa deve-se observar se ocorre o transbordo de águas nestes
canais e, se sim, deve-se proceder duas medidas fundamentais, quais sejam: ampliar
o comprimento dos canais e construir novos canais à montante.
5.3.2.2. Disposição de Material de Roçada no Interi or das Erosões
A condução da regeneração natural prevê a realização de roçadas para diminuir a
competição de plantas invasoras (gramíneas, cipós, ervas e arbustos). O material
vegetal gerado pelas roçadas deve ser lançado no interior das erosões e ravinas,
preferencialmente de forma que promova integralmente a cobertura de solos expostos.
Este material promoverá a proteção do solo contra impactos diretos e indiretos das
chuvas, evitando e desagregação e o transporte de solos pelas águas pluviais.
Promoverá também a redução da forma de escoamento superficial das águas pluviais,
diminuindo o seu potencial erosivo.
Adicionalmente, protegerá o solo da insolação direta, mantendo por mais tempo a
umidade e disponibilidade de matéria orgânica, fundamentais para o estabelecimento
de vegetação no interior das erosões.
5.3.2.3. Plantios no Interior das Erosões
Para a revegetação de solos expostos e com avançados processos erosivos
recomenda-se o uso de semeadura utilizando espécies herbáceas, arbustivas e
arbóreas. Esta técnica é realizada por meio do lançamento das sementes sobre os
locais com solo exposto. As sementes utilizadas são de plantas de rápido crescimento
e, portanto, adaptáveis às restrições das superfícies dos solos a semear, em razão de
apresentarem as seguintes características:
• Rusticidade e alta competitividade;
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 15
• Rápido desenvolvimento;
• Fácil propagação;
• Baixo custo de implantação;
• Pouca exigência nas condições dos solos;
• Pouca exigência de manutenção.
a) Seleção das Espécies Herbáceas
A seleção das espécies baseou-se em critérios de adaptabilidade edafoclimática,
rusticidade, capacidade de reprodução e perfilhamento, velocidade de crescimento e
facilidade de obtenção de sementes.
As espécies herbáceas selecionadas pertencem a duas famílias botânicas, Gramineae
(Poaceae) e Leguminosae (Fabaceae), que possuem as seguintes características de
interesse:
Gramíneas
Apresentam crescimento rápido, baixa exigência em fertilidade do substrato e alta
capacidade de perfilhamento. Contribui para a estabilidade do sistema através do
fornecimento de matéria orgânica, devido a sua grande capacidade de produção de
material vegetativo.
As gramíneas promovem freqüentemente associações simbióticas com fungos
micorrízicos, promovendo a incorporação substancial de fósforo não-lábil em fósforo
lábil nos ecossistemas onde é introduzida.
O sistema radicular fasciculado das gramíneas tem grande capacidade de agregação
dos solos, evitando desmoronamentos e processos erosivos.
Leguminosas
Apresentam alta capacidade reprodutiva e baixa exigência em fertilidade. Devido às
características de desenvolvimento do sistema radicular pivotante, favorecem a
captação e reciclagem de nutrientes que estão presentes em camadas mais profundas
do perfil do solo.
As leguminosas promovem freqüentemente associações simbióticas com bactérias
fixadoras de nitrogênio, promovendo a incorporação substancial de nitrogênio
atmosférico nos ecossistemas onde é introduzida. Além disso, espécies como o feijão
guandu (Cajanus cajan) possui extrema tolerância à compactação do solo. O Quadro 1
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 16
apresenta uma lista de espécies de gramíneas e leguminosas recomendadas para
hidrossemeadura e as quantidades de sementes a serem semeadas por hectare.
Quadro 1. Relação de espécies recomendadas para revegetação e quantidades de
sementes a serem utilizadas.
NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA QUANTIDADE DE SEMENTE –
(Kg / ha)
Aveia-preta Avena strigosa Gramineae 15
Braquiária Brachiaria decumbens Gramineae 30
Feijão-guandu Cajanus cajan Leguminosae 15
Crotalária Crotalaria spectabilis Leguminosae 10
As sementes a serem utilizadas deverão ter poder germinativo mínimo de 80%,
devendo-se, se necessário, aumentar as quantidade preconizadas no Quadro 1
visando obter esse percentual.
b) Técnica de Semeio Manual
No semeio manual as sementes são aplicados a lanço, o que pode ser feito também
com o uso de espalhadeiras e semeadeiras mecânicas.
Pode-se variar a quantidade de sementes a serem aplicadas devido à
heterogeneidade do local de aplicação.
Quando se pratica o semeio manual, as sementes podem permanecer no campo por
muito tempo sem que ocorra a germinação, se os solos não estiverem devidamente
úmidos. Por essa razão muitas sementes podem ser perdidas ou predadas por insetos
e aves. Recomenda-se, portanto, lançar as sementes apenas em dias úmidos.
Recomenda-se também o lançamento de sementes nas áreas adjacentes às ravinas,
onde forem observados inícios de processos erosivos em sulcos ou laminares.
c) Plantio de Árvores nas Ravinas
Recomenda-se o plantio de árvores no fundo das ravinas como forma de criar
impedimento ao escoamento superficial nestes locais e diminuir a velocidade da água
bem como seu poder erosivo.
Recomenda-se, para tal ação, a espécie sansão-do-campo (Mimosa caesalpiniaefolia)
para ser plantada nas ravinas, pois trata-se de árvore de rápido crescimento, com
muitos galhos e ramificações e com grande produção de material orgânico.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 17
Estas árvores poderão ser plantadas em espaçamento de 1,5 por 1,5 metros ao longo
do fundo das ravinas.
5.3.3. Plantio de Árvores Nativas
5.3.3.1. Áreas de Plantio de Enriquecimento
As áreas onde poderão ser plantadas árvores nativas serão as clareiras onde a
regeneração natural de vegetação arbórea não for bem sucedida. Após a avaliação da
necessidade de plantio, que deverá ocorrer decorrido pelo menos um ano após o
isolamento da área, serão identificados os locais adequados para o plantio de
enriquecimento.
5.3.3.2. Relação de Espécies Arbóreas para Plantio de Enriquecimento
No Quadro 2 estão listadas as espécies recomendadas para plantio de enriquecimento
em áreas situadas em encostas em solos bem drenados ou secos. Estas espécies
foram selecionadas visando, sobretudo, ampliar a proteção dos solos por meio do
sombreamento e favorecimento da infiltração de águas pluviais e melhorar os valores
de diversidade e riqueza da cobertura vegetal. Para tanto as espécies apresentadas
no Quadro 2 foram indicadas pelos seus potenciais de adaptação às condições locais,
além de priorizar aquelas que são comuns ao ecossistema regional, ou seja, as
espécies autóctones. Ressalta-se, entretanto, que o Quadro 2 apresenta uma lista
espécies recomendadas e que, podem não serem encontradas nos viveiros de
produção de mudas e, por essa razão, podem ser substituídas por outras árvores
nativas.
Destaca-se que as espécies recomendadas foram escolhidas pelo potencial de
atratividade da fauna silvestre, considerando a produção de frutos nativos que
fornecem importante suporte alimentar para as populações. Esta atratividade amplia o
aporte de propágulos vegetais trazidos pela fauna, ampliando também os valores de
biodiversidade da cobertura vegetal que será formada.
Destaca-se ainda que foram escolhidas espécies com qualidades paisagísticas,
sobretudo que apresentam florações de coloração variada e fenologicamente
distribuída em várias estações do ano.
Fazenda Ilha Grande
Projeto Técnico de Reconstituição da Flora 18
Quadro 2. Relação de espécies arbóreas recomendadas para plantio em áreas
degradadas.
NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA ECOFISIOLOGIA
Aleluia Senna multijuga (Rich.) Irwin et Barn. Fabaceae Secundária
Araçá Psidium cattleianum Sabine Myrtaceae Pioneira
Araticum Rollinia silvatica (St.Hill.)Mart Annonaceae Secundária
Aroeirinha Schinus terebinthifolius Raddi Anacardiaceae Pioneira
Canafístula Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. Fabaceae Secundária
Caroba Jacaranda cuspidifolia Mat. Bignoniaceae Secundária
Cassia Cassia lepdophylla Vog. Fabaceae Secundária
Caviúna Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. Fabaceae Secundária
Cedro Cedrela fissilis Vell. Meliaceae Clímax
Copaíba Copaifera langsdorffii Desf. Fabaceae Secundária
Embaúba Cecropia hololeuca Miq. Cecropiaceae Pioneira
Embaúba Cecropia pachystachya Trec Cecropiaceae Pioneira
Farinha-seca Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Fabaceae Pioneira
Fedegoso Senna macranthera (Collad.) Irwin Fabaceae Pioneira
Goiaba Psidium guajava L Myrtaceae Pioneira
Ipê-branco Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand Bignoniaceae Secundária
Ipê-roxo Tabebuia avellanedae Ex Griseb. Bignoniaceae Clímax
Ipê-tabaco Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A.DC.) Standl. Bignoniaceae Pioneira
Jabuticabeira Myrciaria trunciflora Berg Myrtaceae Secundária
Jatobá Hymenaea courbaril L Var Caesalpinaceae Clímax
Jequitibá Cariniana estrellensis Kuntze Lecythidaceae Clímax
Jerivá Syagrus romanzoffiana Glassm. Palmae Secundária
Mamoeiro Carica quercifolia (St. Hil)Hieron Caricaceae Secundária
Mulungu Erythrina mulungu Mart. Fabaceae Pioneira
Palmito Euterpe edulis Mart Palmae Clímax
Pata-de-vaca Bauhinia forficata Link Fabaceae Pioneira
Pitanga Eugenia uniflora L. Myrtaceae Pioneira
Sapucaia Lecythis pisonis Camb Lecythidaceae Clímax
Vinhático Plathymenia foliolosa Benth Mimosaceae Secundária
5.3.3.3. Implantação
A seguir estão listados os passos fundamentais, bem como os materiais necessários
para realização de plantios de enriquecimento de árvores nativas.
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a) Materiais necessários
• Mudas de espécies nativas;
• Composto orgânico ou fosfato natural e calcário;
• EPI (perneiras / botinas etc.);
• Isca formicida (Sulfluramida, faixa verde ou de baixa toxicidade);
• Ferramentas (enxadas, foices e enxadões);
b) Limpeza da área
A limpeza da área deve ser criteriosa, de forma a aproveitar a vegetação arbórea
nativa bem como a regeneração natural existente na área. Nos locais das covas
realizar o coroamento, eliminando cipós, capim, e vegetação herbácea.
c) Controle de formigas cortadeiras
Deverá ser feito controle de formigas cortadeiras na área para que estas não
comprometam o sucesso do plantio. A quantidade e forma de aplicação do formicida
serão indicadas mediante vistoria técnica na área na ocasião do plantio, seguindo os
procedimentos adequados e observância ao receituário agronômico. O formicida
recomendada é a sulfluramida, que é comercializada na forma de isca.
d) Marcação das covas
A marcação das covas deve ser feita nas áreas disponíveis para plantio, observando
um espaçamento mínimo de 3 metros entre plantas. A Figura 3 demonstra a
distribuição espacial para o plantio das mudas de acordo com a ecofisiologia de cada
espécie recomendada (ver Quadro 2). A Figura 4 demonstra, na forma de perfil, a
distribuição recomendada para o plantio de enriquecimento de forma a adequar a
ecofisiologia das espécies a serem plantadas ao sombreamento dos locais de plantio.
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Figura 3. Distribuição espacial recomendada para o plantio das mudas de acordo com
a ecofisiologia das espécies a serem plantadas, em que: P = espécie
pioneira; S = espécie secundária; e C = espécie clímax.
Figura 4. Representação em perfil dos locais adequados para plantio de
enriquecimento com árvores nativas, conforme a ecofisiologia de cada
espécie e o sombreamento do local de plantio.
e) Abertura de covas
As covas deverão ter 40 cm de profundidade por 40 cm de largura (Figura 5). Para o
enchimento das covas utilizar a terra da camada superficial do solo que apresenta
melhor estrutura, fertilidade e maior teor de matéria orgânica, mantendo, portanto, a
umidade do solo por mais tempo e possibilitando melhor desenvolvimento das raízes e
da muda.
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f) Coroamento
Consiste na eliminação da vegetação, num raio de 50 cm ao redor das mudas para
protegê-las de espécies invasoras, evitando a competição por luz, água e nutrientes.
Esta etapa é fundamental para o estabelecimento das mudas. O coroamento contribui
também para o aumento da porosidade do solo na região da muda. Este coroamento
deve ser feito com enxada e a vegetação cortada deve ser colocada sobre o solo para
mantê-lo protegido contra o impacto de águas pluviais e da insolação.
g) Plantio
As mudas devem ser plantadas evitando-se quebrar o torrão, na vertical, com o torrão
ficando totalmente coberto e formando um pequeno abaulamento ao redor das
mesmas para facilitar o acúmulo de água e a infiltração na região da cova.
h) Adubação
Para o estabelecimento e desenvolvimento das mudas recomenda-se aplicar o adubo
NPK 6-30-6, até 30 dias após o plantio das mudas, na dosagem de 200 gramas por
planta, divididas em duas porções e distribuídas em duas covetas laterais ao lado da
muda, conforme ilustrado na Figura 5. A coveta ao redor das mudas deve medir de 10
a 15 cm de profundidade e serem feitas a uma distância de 10 a 15 cm da muda.
Figura 5. Tamanho da cova para plantio e metodologia para aplicação de adubo em
muda recém plantada.
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i) Replantio
Dois meses após o plantio, replantar as mudas que morrerem, preferencialmente das
mesmas espécies anteriormente plantadas ou do mesmo grupo ecofisiológico.
j) Manutenção
Aos um, dois e três anos após o plantio, serão feitas vistorias na área. Nesta ocasião,
serão identificadas necessidades de capina em coroamento para suprimir a vegetação
invasora, de roçadas de cipós e outras plantas indesejáveis e de controlar novamente
a infestação de formigas cortadeiras.
6. QUANTIDADE DE MUDAS A PLANTAR
A quantidade de mudas a serem plantadas dependerá da avaliação do processo de
regeneração, que deverá ocorrer após pelo menos um ano de isolamento da área.
Considerando que as áreas a serem recuperadas possuem alta resiliência, o bloqueio
de fatores que impedem a regeneração natural, como o controle de formigas
cortadeiras, a proteção contra incêndios florestais e o impedimento da entrada de
gado bovino, poderá ser suficiente para promover a formação de uma cobertura
florestal nas áreas.
Considerando que a área onde poderá ser necessário realizar plantios de
enriquecimento é estimada em 8 hectares e possui alta resiliência devido a existência
de fontes de propágulos nas proximidades, estima-se que o plantio de enriquecimento
não demandará mais que 300 mudas de árvores por hectare, perfazendo um total de
até 2.400 mudas de serem plantadas caso a avaliação da regeneração julgue
necessário a realização de plantio.
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7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
As ações visando à reconstituição da flora na área de reserva legal da Fazenda Ilha
Grande, propostas neste Projeto Técnico de Reconstituição da Flora, caso sejam
validadas pelo Instituto Estadual de Florestas, serão implantadas conforme o
cronograma apresentado a seguir:
PRIMEIRA ETAPA
ATIVIDADES 2012
J F M A M J J A S O N D
Isolamento das áreas
Controle de ervas daminhas e capins
Controle de formigas cortadeiras
SEGUNDA ETAPA
ATIVIDADES 2013
J F M A M J J A S O N D
Avaliação da regeneração natural
Plantio de mudas (*)
Adubação de mudas plantadas (*)
Controle de ervas daminhas e capins
Controle de formigas cortadeiras
TERCEIRA ETAPA
ATIVIDADES 2014
J F M A M J J A S O N D
Avaliação da regeneração natural
Plantio de mudas (*)
Replantio de mudas (*)
Adubação de mudas plantadas (*)
Controle de ervas daminhas e capins
Controle de formigas cortadeiras
(*) Atividades dependentes da avaliação da regeneração natural.
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8. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE RESULTADOS
A avaliação da efetividade das ações que compõem a técnica de regeneração natural
deverá ocorrer após a passagem de pelo menos um período chuvoso após a aplicação
da referida técnica. Esta avaliação deverá preceder o próximo período chuvoso e, se o
resultado julgar ser necessária a realização de plantio de enriquecimento, deverá
haver tempo hábil para o preparo do solo para realização deste plantio.
Esta avaliação deverá ser feita por meio da contagem de árvores em regeneração em
parcelas de 200 metros quadrados (10 x 20 metros). Caso o número de árvores em
regeneração seja menor que uma árvore a cada vinte e cinco metros quadrados,
recomenda-se a realização de plantio de enriquecimento nos locais onde ocorrerem
clareiras.
Caso a avaliação indique a necessidade de realizar plantio de enriquecimento, este
deverá ser avaliado de seis em seis meses durante os dois primeiros anos. Nestas
ocasiões, deverão ser observados o desenvolvimento das mudas, a ocorrência de
formigas e a necessidade de controle, a necessidade de roçadas e de coroamento.
É importante o registro fotográfico da situação inicial das áreas a serem recuperadas
para posterior análise da evolução do crescimento da vegetação e verificação da
eficiência das ações recomendadas neste PTRF, bem como apresentação ao órgão
ambiental, caso este julgue necessário.
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9. LITERATURA CONSULTADA
ANDRADE, M. A., Aves Silvestres de Minas Gerais . 1998.
CARVALHO, André, (org.). Enciclopédia dos Municípios Mineiros . Ed. Armazém
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ANEXOS
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