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BOLETIM ESCOLAR Confluências (2ª Série) outubro / dezembro 2013 Confluências Camões: uma Escola por Tempos e Marés Nesta edição: Scriptomanias Relatos Scriptomanias Portugueses no séc. XX - Álvaro Cunhal Sciptomanias Um espetáculo camo- niano De corpo e alma Ler para viver & Feira do livro de Natal Camões em ação Coralina Testemunhos Breves p. 2 pp. 3-4 pp. 5-6 p. 7 p. 8 p. 9 pp. 10-11 p. 12 p. 13 p. 14 p. 15 p. 16 12 de novembro O arranque do novo ano letivo ficou marcado pela Grande Gala no Coliseu dos Recreios

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BOLETIM ESCOLAR

Confluências (2ª Série)

outubro / dezembro 2013

Confluências

Camões: uma Escola por Tempos e Marés

Nesta edição:

Scriptomanias Relatos Scriptomanias Portugueses no séc. XX - Álvaro Cunhal Sciptomanias Um espetáculo camo-niano De corpo e alma Ler para viver & Feira do livro de Natal Camões em ação Coralina Testemunhos Breves

p. 2 pp. 3-4 pp. 5-6 p. 7 p. 8 p. 9 pp. 10-11 p. 12 p. 13 p. 14 p. 15 p. 16

12 de novembro O arranque do novo ano letivo ficou marcado pela

Grande Gala no Coliseu dos Recreios

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Título: Confluências Iniciativa: Departamento de Línguas (Grupo Disciplinar de Românicas) Coordenação de edição: António Souto, Manuel Gomes e Lurdes Fer-nandes Periodicidade: Trimestral Impressão: GDCBP Tiragem: 250 exemplares Depósito Legal: 323233/11 Propriedade: Escola Secundária de Camões Praça José Fontana 1050-129 Lisboa Telefs. 21 319 03 80 - 21 319 03 87/88 Fax. 21 319 03 81

Pertencia-lhe

O sol batia forte, obrigando-a a semicerrar os olhos, e o vento e o mar fundiam-se num só, tornavam-se num emaranhado de lágrimas e sorrisos; liberdade. A areia branca onde se sentara era fina, como o tempo que tem a vida.

Pegou-lhe na mão e juntou-a à sua. De seguida, retirou-lhe a pulseira cor do mar e tirou uma fotografia, que guardaria para sempre. Sorriu ao observar o écrã da câmara, as mãos unidas, uma só mão que transportava o amor e o carinho de duas pessoas que há tão pouco se conheciam.

Caminhavam. O vento tinha dado lugar a feridas e sangue, o mar de lágrimas a gargalhadas verdadeiras, o calor a largos sorrisos. Aquela voz, aquela companheira que acabara de ganhar, transmitia-lhe tanta seguran-ça… confiança. Paz de que tanto precisava para acalmar a confusão em que vivia.

As duas, caminhando estrada fora, sem destino. Conversavam dos sonhos, dos soldados, das flores, dos poe-tas… Dos medos. Confessou-lhe tudo, contou-lhe do barco incerto onde tinha embarcado, onde tinha pescado a tristeza, a solidão, a obscuridade de alma… Deveria sentir-se aliviada… porém, sentia que tinha perdido algo que lhe pertencia. Sentia um vazio. Ela acalmou-a, contou-lhe histórias de lutadores, pediu que não tivesse medo. Não estava sozinha. Agora era dela. Pertencia-lhe.

Joana Almeida Flor, 10º L

De que me serve fugir Do futuro ainda não alcançado? Ou melhor, de que me serve recear Esse mesmo futuro tão distancia-do? É claro que o tempo voa E tem voado ultimamente, Que mais parece uma rola A viajar descontroladamente. Mas de qualquer forma, De que vale preocuparmo-nos com o que ainda cá não está E que só daqui a dias, meses,

anos virá, Em vez de aproveitarmos o pre-sente, Que tão inconscientemente, Deixamos escapar por entre os dedos, Permitindo desta forma que os medos Roubem o pouco tempo que ain-da temos? Além disso, se desperdiçarmos tanto do presente A pensarmos sempre no que se segue, Será que temos futuro sequer?

Anca Ciuntu,12ºE

Ontem vi um velho que andava um velho que andava e corria eu vi um velho que andava este velho andava e dizia

eu agora ando e cor-ro

um velho que corre e manda

um velho que anda e morre

um velho que morre e manda agora ando e morro

e assim o via andar dizer enquanto corria este velho capaz de sorrir de viver enquanto morria e então anoiteceu

chega um frio de gelo pó que veio cobrir o

Corpo que a sorrir morreu Ontem vi um Velho que andava um Velho que andava e sorria eu vi um Velho que andava este Velho andava e morria.

Duarte Bénard da Costa, 10º L

16. Outubro. MMXIII

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Confluências

RELATOS

Da janela do autocarro

Certa tarde, dentro de um autocarro, comecei a sentir a necessidade de escrever. Não estava a ser fácil escolher um tema, mas foi essa dificuldade que originou este texto.

Para me inspirar, ia espreitando pela janela e ia observan-do tudo e todos com atenção. Só uma coisa estragava aquele momento, só essa pequena coisa impedia uma vista clara para o exterior, era a informação impressa a vermelho no vidro: “Saída de Emergência”.

A determinada altura, apercebi-me que o tema perfeito para o meu texto estava ali, à frente dos meus olhos, e eu nem tinha dado conta. Não é um tema usual, nem sei sequer se é um bom tema, mas o que os meus olhos viram naquele momento, pareceu-me um ótimo assunto.

Aquela tarde cinzenta e triste fez-me reparar nos pormeno-res, em pormenores que normalmente passam despercebidos mas que naquele dia, eram o centro das minhas atenções: as pequenas ervas que crescem junto aos prédios, os toldos dos cafés sujos, as vedações dos jardins tortas, os passeios incli-nados, as luzes das pequenas, das grandes, de todas as lojas que iluminam as ruas e que têm um brilho diferente nos dias escuros.

Como os grandes artistas encontrei a inspiração na vida. Não sendo um grande artista, usei o seu método de inspira-ção, por isso, quem sabe, talvez esteja no bom caminho!

Renato Dias, 12.ºG Texto produzido no ano letivo transato.

“Era uma manhã muito fresca, toda azul e branca, sem uma nuvem, com um lindo sol que não aquecia, e punha nas ruas, nas fachadas das casas, barras alegres de claridade dourada. Lisboa acordava lenta-mente…”

O passado dia 3 de abril de 2013 em nada se assemelhou a esta descrição de Lisboa. O dia começou da maneira mais sombria e desanimadora possível: cheio de nuvens e de presságios de um dia cheio de chuva. Contudo, para quem nunca visitou Sintra da forma como o fizemos, o tempo não chegou a esmore-cer o entusiasmo que sentia.

O tempo continuou assim durante a viagem de autocarro, mas chegados à primeira paragem da visita (Cascais), este mostrou-nos uma cara mais sorri-dente e ofereceu-nos alguns raios de sol (acompanhados de vento, mas isso não importou). Cascais sem as multidões atraídas pelo calor intenso do verão continua a ter um toque especial. As ondas que embatiam nas rochas e na areia da praia, o seu movimento incan-sável e o seu ruido agradável, transpor-tou-me para uma realidade pacífica e de certa forma bela. Passeámos por várias praias e, de seguida, visitámos a Lagoa Azul que nos aproximou ainda mais da natureza. Após a parte geológica desta visita de estudo se ter concluído e após termos observado locais com marcas fantásticas de fenómenos geológicos, dirigimo-nos à Vila de Sintra. Foi aqui que iniciámos e experienciámos o famo-so passeio de Carlos e Cruges (já com um estado do tempo mais próximo do descrito no livro de Eça de Queirós). O primeiro ponto de paragem foi o Paço em frente ao Palácio Nacional de Sintra

(que continua a ter “cachet”, tal como Cruges afirma n’Os Maias). As famosas chaminés proeminentes do Palácio dão-nos uma clara ideia de que este foi na sua altura (e continua a ser) uma gran-de obra de arquitetura. Após nos termos afastado da escadaria principal do palá-cio, conseguimos ver o local (agora ocu-pado por um edifício que infelizmente se destaca do resto da paisagem pelas pio-res razões) em que se situava antiga-mente o Hotel Nunes, no qual Carlos e Cruges se instalaram. Seguimos pela Praça da República e continuámos pela Rua Consiglieri Pedroso, chegando ao antigo Hotel Lawrence’s (reconhecido pelo seu restaurante). Apesar de o edifí-cio não se encontrar nas mesmas condi-ções, e de já não ter o tal “ar simpático” que Cruges refere, creio que todos con-seguimos imaginar o momento em que Carlos vê o tal par de botins (que ele julgava serem da Maria Eduarda) numa das janelas, secando ao ar. Depois dessa breve paragem, e depois de alguns pas-sos dados, deparámo-nos com a grade que tanto impressionou o Cruges. Creio que essa paisagem é a que mais se asse-melhou à descrição do livro; continua a existir o tal vale consumido pelo vasto arvoredo cerrado, continua a existir uma frontaria de casa, contudo, já não tão branca, e sim, o ar continua um quanto delicioso. Devia e vou acrescen-tar, que o som do riacho que passa aí perto também dá ao quadro completo um encanto natural. De volta ao cami-nho, enfrentámos uma longa e demora-da subida que nos cansou mas também agradou, já que vários pontos pelos quais passámos, tinham pormenores que nos chamaram a atenção. Deixámos para trás a Rua Consiglieri Pedroso e seguimos pela Rua Barbosa du Bocage,

na qual encontrámos uma pequena que-da de água, que, pessoalmente, me agradou. Passámos pela Quinta da Regaleira que, apesar de apenas vista de fora, pareceu espetacular! Seguindo caminho e continuando a nossa cansati-va subida, chegámos ao jardim de Seteais e ao seu Miradouro a partir do qual vimos grande parte dos arredores de Sintra. Já virados de costas para a vista do miradouro, e contemplando o arco sob o qual passáramos, observámos o tal cume da serra, invadido por vege-tação, carregando o peso do impressio-nante Palácio da Pena. De volta à praça central, o caminho tornou-se muito mais fácil e apesar de a chuva ter começado a cair, o estado de espírito de todos estava para lá do positivo. É claro que não pudemos deixar de passar pelo café que vende as famosas queijadas, que, ao invés de Cruges, “não nos esqueceram”.

Sinceramente diverti-me bastante e adorei a visita de estudo. Passámos por locais completamente novos para mim e apesar de o cansaço estar bem presente, não nos deitou abaixo, pelo contrário, deu-nos mais determinação para apro-veitarmos o passeio e para o vencer. Registamos muitos momentos e muitos sorrisos com as câmaras fotográficas; adquirimos, sem dúvida, novos conheci-mentos e creio que ao realizarmos o percurso de Carlos e Cruges, levámos a história presente n’Os Maias para um nível mais realístico e próximo de todos nós. Fiquei convencida de que Sintra é uma vila linda, cheia de história e de encanto!

Sim, este foi, sem dúvida um dia muito bom.

Anca Ciuntu, 12ºE (autora da foto em cima à esquerda)

Texto produzido no ano letivo transato.

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Confluências

RELATOS

Sintra de Os Maias…

Num livro com pouco mais de 700 páginas, encontra-se retratada a história de 2 gerações centrais da famí-lia Maia com uma escrita artística, paixão, espírito crítico e ceticismo concentrados e de alta qualidade. A escrita é rica em figuras de estilo e em descrições infa-líveis protagonizadas pelo autor, Eça de Queirós.

No passado dia 3 de abril, a nossa turma realizou uma visita de estudo a Sintra no âmbito do estudo da obra Os Maias, mais precisamente, do estudo do capí-tulo VIII, onde é retratado um episódio da vida român-tica deste livro. Esse episódio é uma ida a Sintra, por amor, e é muito especial porque é onde estão visivel-mente expostos os dotes do autor e o poder de descrição do mesmo. Tentarei ao longo desta crónica descrever essa visita, mas será que serei capaz de alcançar os calcanhares de Eça? Duvido, mas não é impossível.

Antes da ida a Sintra, fomos à praia do Guincho, em Cascais, no âmbito da disciplina de Biologia e Geologia e já nesta fase inicial da visita, o contraste entre o que se vive na cidade e o que se vive nos arredores, é arre-batador. Quando chegámos a Sintra, tornou-se colos-sal. Consegui entrar na visão de Eça e experimentar esta diferença como ele o fez, sendo nos dias de hoje, essa diferença, muito maior. Sair do ambiente dos pré-dios, dos arranha-céus, do trânsito e da tensão e entrar no mundo rural, belo, místico, e encantador de Sintra.

Sintra tem a marca do homem em ruas simples e

rústicas naquela zona florestal, mas também tem o belo palácio da Pena e o castelo dos Mouros que prota-gonizam um papel soberbo nas descrições do Eça em certos momentos, como constatei quando estive no Palácio de Seteais em frente à paisagem que segurava o outro palácio mágico de Sintra e ouvi a leitura de uma passagem do capítulo, que descrevia esta mesma imagem que se assemelhava a uma pintura a óleo. Entrei em dimensões diferentes neste e noutro momento descritivo e de admiração de uma paisagem. A paisagem que se avistava da Lawrence. Aqui não dei só asas à visão, mas dei também à audição, como Eça sugeriu. Os pássaros, a água e as árvores em perfeita harmonia com os meus sentidos.

A cereja no topo do bolo foi fazer o percurso que as personagens fizeram, ver o que eles viram, ouvir o que eles ouviram, cheirar o que eles cheiraram, observar o que eles observaram. Simplesmente, de outra dimen-são!

No fim de tudo, ficou o peso nas pernas, mas nada comparado à satisfação verdadeira que sentia por ter tido uma experiência daquelas. Confesso que aprendi e retive mais naquela visita de estudo do que em muitas aulas que já tive acerca de Os Maias (no entanto, fugi à regra e saltei a parte das queijadas).

Fernando Loureiro, 12º E (autor da foto em cima à esquerda) Texto produzido no ano letivo transato.

O papel social dos jornais tem

mudado ao longo da sua existência. Os jornais, em suporte de papel, já não fazem parte do dia a dia da maioria da população. Muitos prefe-rem receber as notícias pelo telejor-nal ou pela internet. Mas será que as pessoas aderem aos jornais onli-ne?

O jornal não serve só para infor-mar as pessoas dos acontecimentos mais importantes. O jornal pode ser útil a todo o tipo de pessoas: as mais distraídas podem sempre resolver

os passatempos; os mais informados podem ler as crónicas; os mais aven-tureiros podem ler reportagens de grandes viagens pelo mundo fora; os mais críticos podem ler o que os outros fazedores de opinião pensam sobre qualquer coisa.

No entanto, uns tantos preferem não comprar o jornal. Preferem esperar que chegue o telejornal, ou vão a sites como a iol ou o sapo, para saber o que acontece no mun-do. Penso que esta estratégia não funciona bem porque os bons jor-nais são muito mais informativos, críticos, bem construídos, verdadei-ros que todas as outras formas de obter a informação.

Pior ainda é que a população está a deixar de ler essas “fontes de informação”. Em vez de ver o tele-jornal ao jantar, veem canais cine-matográficos ou especializados em

séries, esquecendo-se que a infor-mação, o conhecimento, é mais importante que tudo isso. A popula-ção em geral torna-se, rapidamente, num grupo de analfabetos que pode vir a destruir por completo o que os nossos antepassados tanto lutaram para obter. O mundo não está só a passar por uma crise económica, está a viver uma crise de conheci-mento. As pessoas deixaram de que-rer saber mais, apenas esperam que alguém faça por elas. Afinal, exis-tem sete mil milhões de pessoas no mundo!

Espero que, no futuro próximo, as pessoas abram os olhos e deixem de parte os filmes, as séries, os jogos de vídeo… não é preciso que os dis-pensem por completo, mas que reservem uma parte do dia para obter conhecimento.

Eduardo Gameiro, 11º B

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

“Perdi-me dentro de mim” Perdi-me dentro de mim. Porque eu não era eu, E em mim não podia encontrar-me. Vagueio lentamente pelos estilhaços, Embaciados e abandonados. Sujos e disformes, Que refletem uma alma perdida.

E assim calma flui a alma. É com tamanho espanto que a encontro, Triste e achada. Rapidamente, uma nova energia brota em mim, Já alguma vez me senti assim? Será vontade, mito ou simplesmente desassosse-go? Finalmente encontrar O que tantos procuraram E nenhum conseguiu achar!

Gonçalo Fonseca, 12ºE

Lugares comuns ou lugares fora do comum?

Desde sempre, o Homem sujeita-se a tendências criadas dentro da sociedade, independentemente da época em que estiver inserido. As tendências são vulgarmente conhecidas por “modas” ou “correntes”. Estas tendências são caracterizadas por vários aspectos, mas sempre intimamente liga-dos à expressão. Esses critérios são, por exemplo, o vestuário, a linguagem, a arte usualmente apre-ciada, quer no que diz respeito às artes plásticas, quer no que diz respeito à música, à literatura ou ao cinema, etc.

Mais do que nunca, no século XXI, estamos inseridos num cenário em que o que mais há à escolha são as “modas”. Mas todas as “modas”, sem excepção, têm um mote em comum: sê diferente e foge aos lugares comuns. A verdade é que as pessoas seguem determinada moda sem terem em conta esse mote, mas porque o próximo a segue. Quer seja uma celebridade, quer seja um amigo ou um conheci-do.

Todos fogem dos lugares comuns e todos somos culpados. Mas se todos fugimos desses lugares e migramos para os lugares fora do comum, não torna esses mesmos lugares, lugares comuns? Então, essas “modas” e seus motes são das maiores utopias que alguma vez existiram. Criaram, ao longo do tempo, uma futilidade tal nas pessoas que tudo perde o seu significado e sentido de existência. Se a arte perde o seu significado e essência, então o que estamos aqui a fazer?

Fernando Loureiro, 12º E

A educação é o futuro

Porque será que as pessoas com menos oportunidades na vida dão mais valor ao que têm?

Em África, nas zonas onde há essa possibilidade, existem crianças de seis anos que percorrem vinte quiló-metros pelo próprio pé, sem terem o conforto dos pais no caminho para a escola. Quando lá chegam, paira no ar o respeito e admiração pelo pro-fessor, que não é costume entre nós atualmente. Aqueles pequenos seres ali ficam, prontos para bebe-rem o copo diário de sabedoria.

Já nos países desenvolvidos, como o nosso, as crianças só sabem dar valor àquilo que não lhes é necessá-rio; só sabem dizer que não lhes apetece ter aulas de português ou que a aula de estudo do meio é uma seca. Levam os seus caderninhos e lá vão elas como se fossem para o inferno.

Mas, então, porque será que as crianças com oportunidades não dão valor ao que têm?!

Poderá ser por tomarem tudo o que têm como garantido, ou então por tudo ser diferente do “antigamente”. A história da huma-

nidade parece dividir-se em “antes da tecnologia” e “depois da tecnolo-gia”. De facto, antes de esta chegar ao mundo, havia mais contacto entre as pessoas. Nós não somos robôs, somos humanos, e precisa-mos de sentir, de tocar, de viver.

Todos nós sabemos o quão impor-tante é a educação. A educação é o futuro. Então, se calhar, porque é que não começam por explicar isso na escola e em casa? As crianças formam-se a partir dos adultos, por isso, estes que lhes ponham alguma coisa dentro da cabeça.

Daniela Campos, 11ºE

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

“Retrato após 20 anos” Tenho 35 anos e ainda me lembro hoje de entrar para escolas novas… o nervosismo, a

sensação assustada, o medo de não me integrar bem, das pessoas não me aceitarem… No entanto, hoje, recordo com saudade esses tempos; sinto saudade de poder chegar a casa e contar o meu dia inteiro aos meus pais até eles já não conseguirem ouvir mais.

Agora, espero que o meu filho, daqui a 3 anos, possa entrar para a escola e sentir tudo o que eu senti e, daqui a uns anos, possa também recordar tudo o que se passou, com tanta saudade como eu recordo.

Quanto à minha paixão pela escrita, que guardo desde sempre, consegui publicar um livro. Não foi nada fácil, nada mesmo, ouvi muitos “não”, mas, se tivesse desistido, não teria tido a felicidade de realizar um dos meus grandes sonhos…

Continuo bastante unida à minha família. Agora conto-lhes o que se passa no emprego e não na escola. No entanto, o entusiasmo predomina na mesma. Trabalho como jornalista, num jornal pequeno e sem muita importância; contu-do, gosto bastante de lá trabalhar, pois o ambiente é ótimo!

Posso dizer que tenho sido bastante feliz! A vida tem-me dado bastantes coisas com que me alegrar e, portanto, espero continuar assim, pelo menos por mais 35 anos… Espero poder ver os meus netos, ser uma avó galinha e, depois de tudo isso, de ter toda essa alegria, então, partirei feliz…

Inês Brandão, 10º J

Razões para ler a obra Onde está a felicidade?

O livro Onde está a felicidade? de Camilo Castelo Bran-

co é uma obra de leitura interessante, pois revela uma moral que decorre da procura de resposta a questões acer-ca da vida que são pouco abordadas, mas que não são por isso menos importantes. Para além desta vertente mais reflexiva, esta obra apresenta-nos ainda o retrato crítico da sociedade da época. Permite-nos conhe-cer e comparar a sociedade do século XIX com a do século XXI.

A construção desta narrativa, que data de 1856, permite-nos aceder a um discurso e a um léxico peculiares, que nos transportam para um passado que nos parece longínquo. A moral deste livro decorre da resposta à pergunta colocada no título da obra: Onde está a felicidade?. O autor cria uma história “modelo” de forma a apresentar-nos a sua perceção da felicidade e de como obtê-la. A surpresa surge no final da história, em que o autor revela que a felicidade: “- Está debaixo de uma táboa, onde se encontram cento e cincoenta contos de réis…” e que: “(…) a felicidade em Augusta (…) é o esque-cimento. Sabes onde é que se encontra o esquecimento? (…) é nas mil diversões que offerece o dinheiro.”

As questões abordadas ao longo da obra centram-se no triângulo: felicidade, amor e dinheiro. O tema do amor é abordado em relação às condições em que se desenvolve, quais as suas necessidades e qual a sua relação com a felicidade. Para o efeito, Camilo recorre às teorias de Stendhal. Paralelamente, o dinheiro surge como um pilar da felicidade, em vários momentos fulcrais da obra. Ao abordar o tema do dinheiro questiona-se a sua relação

com a felicidade e critica-se a ganância. Estes temas têm um caráter tão intenso que o leitor se questionará e pro-curará por si próprio refletir sobre eles.

Esta leitura aproxima-nos também das vivências sociais da época e do seu enquadramento histórico. A obra situa-se após a Segunda Invasão Francesa e decorre principal-mente no Porto. O autor utiliza Guilherme do Amaral para criticar os costumes da sociedade “Aquella scena preliminar de uma orgia não lhes parecia nova, nem

excessiva”, “Amaral retirava-se saciado do Porto, enjoado seriamente d’este delicioso burgo, (…) que abre a boca, espreguiçando-se, até deslocar as maxillas.”; “-Que juízo faz das mulheres d’este globo?/-Pessimo: mentira, matéria, venalidade, corrupção.”. As diferenças entre o discurso utilizado na obra e o discurso atual permitem-nos enri-quecer o nosso léxico e observar a mudança dos estilos de comunicação, facilitando, assim, um conhecimento comparativo da Língua Portuguesa entre o século XIX e o XXI. Podemos, também, apreciar os con-trastes culturais que surgiram em apenas dois séculos: “(…) beijo-lhe esta mão com reconhecimento (…)”; “Em tardes serenas passeiavam a cavallo (…)”; “O jornalista

tomou o braço de Amaral e conduziu-o para uma d’essas avenidas (…)”.

Em síntese, posso considerar que a leitura deste livro é altamente recomendável a todo o leitor que se sinta desa-fiado a descobrir por si próprio a felicidade e que se propo-nha refletir sobre os temas introduzidos pela obra, atra-vés da história inspiradora que nos oferece, do crítico retrato cultural e das reflexões sobre a natureza humana.

Manuel Sousa Ribeiro, 11º A

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Confluências

PORTUGUESES NO SÉC. XX — ÁLVARO CUNHAL

OS MEUS ENCONTROS COM (O DR.) ÁLVARO CUNHAL

(Texto que introduz a exposição temporária no átrio da Biblioteca)

1. Nascido, baptizado e criado em Lisboa, numa família da classe média, burguesa, de referências e valores tradicionais, na qual conviviam um republicano «almeidista» anti-Estado Novo (o meu avô), um monárquico «couceirista» (o meu pai) e duas senhoras católicas praticantes (a avó e a mãe). Neste meio, o «reviralho» e o comunismo eram considerados muito suspeitos e perversos...

2. Na minha instrução académica secundária (em tempos da «Guerra Fria») não se estudava a evolução da Rússia do Czarismo para o Socialismo totalitário mas, já na Universidade Clássica (Direito), lembro-me que uma «algo tempestuosa» intervenção numa aula de Constitucional (Prof. Armando Marques Guedes), refe-rindo a importância das revoluções de 1848 e da publicação do Manifesto Comunista de Marx e Engels, pro-vocou bastante «frisson» no anfiteatro 1 da Faculdade - tive muita sorte porque a PIDE não me questionou!

3. Quando mudei para Letras (História) tomei conhecimento, oficiosamente, da aplicação das teses sobre a luta de classes nas Ciências Sociais (creio que nos meados da década de 60 publicara-se em Paris a obra do Dr. Álvaro Cunhal sobre esse tema no Portugal medieval) mas essa abordagem era um quase completo «tabu» ao longo do curso. Tendo corno circunstâncias a escalada atómica e a espionagem, quando muito fala-va-se sobretudo da eficácia dos «planos quinquenais», da ideologia anti-capitalista e do miserabilismo da União Soviética e dos países da Europa de leste...

4. Depois, numa progressiva profissionalização para a docência, comecei a ensinar, fiz estágios, casei, nasceu-me o primeiro filho (uma rapariga) e quando chegaram os fumegantes tempos pós-25 de Abril verifiquei que, entre 1974 e 1976, como um «milagre», o país conseguira evitar que, em nome de «amplas liberdades», uma «ditadura de esquerda comunizante» viesse substituir uma nunca mais findável «ditadura de direita fascizante».

5. Em 1990 tornei-me professor efectivo do ex-liceu onde fizera os primeiros quatro anos do secundário, o Camões e, no Verão de 1991, um número de A Revista do Expresso (vide fotocópia anexa), trouxe um extenso artigo intitulado Políticos na escola que me informou que, entre 1924 e 1931, o Dr. Álvaro Cunhal fora durante um ano aluno do Pedro Nunes e os restantes seis frequentara o Camões.

6. Como, entretanto não só dava aulas de História aos 10.º,11.º e 12.º anos mas também fora convidado a tra-balhar no «Museu da Escola», as tarefas da busca da fundamentação documental das peças aí depositadas levaram-me a frequentar o Arquivo da Secretaria em cujo acesso para a cave, um dia, em cima de um armá-rio, encontrei um volume de plástico cujo conteúdo era nem mais nem menos do que os Livros de Frequência dos 6 anos curriculares do Dr. Álvaro Cunhal como aluno interno do nosso liceu. Comunicado o precioso achado ao Conselho Executivo de então, os livros foram devidamente registados e guardados nas correspon-dentes caixas francesas.

7. A primeira vez que esses livros vieram a público foi numa exposição interna histórico-institucional (meados da década de 90). Mais tarde, após devida autorização, eles foram filmados para a RTP e, com o andar dos anos, à medida que se multiplicavam as obras impressas sobre o Dr. Cunhal, principalmente após a sua morte (desde a biografia política, de Pacheco Pereira até ao «intimista» Álvaro, Eugénia e Ana, de Judite de Sousa), pelas lacunas que elas revelam, sentiu-se a necessidade imperiosa de publicitar com rigor os referi-dos 6 livros de frequência. Isso mesmo aconteceu já este ano, nos espaços do Auditório Camões, ao mesmo tempo que o PCP patrocinou duas notáveis realizações: uma exposição no Pátio da Galé e uma fotobiografia lançada no referido auditório.

8. Esse material (que eu transcrevi e o Prof. Francisco Pereira – hoje a leccionar no Pedro Nunes – magnifica-mente digitalizou) é agora exposto pela segunda vez mas integrado numa sequência de grandes figuras his-tóricas nacionais que viveram no século passado. É que o Dr. Álvaro Cunhal - mesmo para aqueles que sem-pre foram adversários da sua ideologia e da sua «utopia» políticas – pela sua inteligência, pela sua cultura e «artes» estético-literárias, pela sua coragem, determinação e coerência foi e será um permanente e incontor-nável «contraditório» na história do Portugal do século XX.

José Vasconcelos 10/11/013

[o autor não segue o novo Acordo Ortográfico]

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“Retrato após 20 anos”

setembro de 2033 Querido achado diário,

Hoje, encontrei-te no lixo. Vais ser o meu companheiro de via-gem e ajudar-me a exercitar esta cabeça que já não está tão boa. Não me lembro da última vez que escrevi um texto… Talvez na escola, quando tinha sonhos para o futuro e não me tinham tirado tudo. Agora, vagueio por aí… Já não sei escrever, já não sei falar, até porque não tenho ninguém com quem falar…

Quando a minha avó morreu, tiraram-me tudo o que tinha. Aumentaram a minha renda, eu não tinha trabalho e não me

deram nada de pensão, apenas uns trocos que a minha avó tinha e que me deram para viver cerca de um ano…

Já me habituei às ruas, já as conheço há 5 anos, mas nunca parei no mesmo sítio, vagueio por Portugal e pelo mundo.

Estou um esqueleto… A minha roupa não me serve, a minha barba e o meu cabelo chegam ao chão e já só eu pareço não sentir o meu cheiro. Os meus amigos, não sei deles, a minha família, não sabe de mim e o meu país não quer saber. Às costas, levo uma guitarra e uma mochila só com o que me é precioso e para carregar a comida que me dão ou que encontro. Os meus dias são todos iguais, mas hoje houve uma pequena diferença…

Encontrei-te, alguém com quem posso falar, que não me julga sem saber o meu passado e que pode ser um documento histórico no futuro, de como se vive em Portugal em 2033.

Não sei que dia é hoje, sei que estamos em setembro, pois começam as chuvas de outono. Gostava de poder filmar o clima de agora, tão diferente de antes… Os filmes de agora são ainda piores do que aqueles que passavam na televisão, nos sábados à tarde, quando eu que-ria seguir cinema…

Os dias estão tristes, a minha guitarra chora, a minha voz está rouca e eu vagueio por aí a espe-rar, a tentar evitar a minha hora…

Pedro Castro, 10º J

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Saudades Tenho saudades … Tenho saudades tuas… Saudades de tudo… tudo, incluindo aquilo que não vivi. Tenho saudades até do que tenho hoje, pelo simples facto de não saber o amanhã. Tenho saudades dos cheiros, do olhar, da vista, da natureza… do perfume da natureza. Tenho saudades de ter estas saudades… senti-mento bom… sentimento de orgulho! Tenho saudades tuas, sim… saudades dele e dela…

Saudades daqueles que insisto em ter no meu presente e no meu futuro.

Tenho saudades desses que pensam que saíram da minha vida e daqueles que sabem que nunca sairão! Tenho saudades do que fiz com orgulho e até do que fiz por obrigação.

Tenho saudades… e que saudades que eu sinto... Que saudades tenho daqueles dois dias… Que saudades tenho daqueles 16 anos… Que saudades tenho tuas!

Mariana Guerreiro, 12º H

Ser

Ser assim só por ser não vale nada nada significa porque na verdade não és

e não sentes e não vês e o nada que dentro de ti existe toma forma e transforma-te num ser inumano que nada vê nada sente e nada é.

Rebeca Amorim Csalog, 12º H

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COLISEU DOS RECREIOS, LISBOA, 12 DE NOVEMBRO DE 2013 A direção da escola lançou o repto e, num escasso período de tempo, com uma forte dinâ-mica que envolveu toda a comunidade escolar e a que não foi alheia a invulgar adesão de

ex-alunos, definiram-se objetivos e passou-se à ação.

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Confluências

Um espetáculo camoniano

Duração 7 horas

Produtor By The Music, Produções Musicais,

Lda. Sinopse

Todos recordamos – quantas vezes com gran-de nostalgia!? – os nossos tempos de liceu. Os professores, maus e bons que fossem, os colegas, mais ou menos camaradas, as experiências novas, os namoros, os testes em que o sucesso não foi obra de um milagre e outros em que copiámos um bocadinho… Todos recordamos esses tempos e tantas vezes os consideramos terem sido os melhores da nossa vida. Quem nos dera poder voltar atrás e refazer as mesmas coisas com a mesma paixão e entusiasmo de quem tem a vida toda pela frente.

Liceu Camões – hoje Escola Secundária de Camões – berço de tantos de nós que realizaram

os feitos possíveis, maiores ou menores, mas que reconhecem nesse lugar o marco mais importan-te da nossa formação pessoal e académica. Lugar de amizades que perduraram e de reen-contros que adoraríamos rever. Tantos anos depois. Tantas vidas depois.

É esse o sentido da grande festa que quere-mos preparar no dia 12 de Novembro de 2013 no Coliseu de Lisboa. Um apaixonante (re)encontro entre o passado e o presente, entre colegas de agora e colegas de outrora. Ver como envelhece-mos e como partilhamos ainda as mesmas memórias e as mesmas raízes. E porventura olhar para o futuro com uma réstia de esperan-ça, a esperança que não podemos deixar morrer no coração dos nossos jovens.

Nesse dia vamos fazer a grande festa. Os que sabem tocar, cantar, recitar, dançar, ou contar as suas peripécias camonianas, irão proporcio-nar, a todos os que encherem a plateia do Coli-seu, momentos inesquecíveis de confraterniza-ção e de felicidade. A festa será de arromba e contará com a presença garantida de toda a

comunidade camoniana. O objetivo central – que se prende com a nos-

sa vontade de união e festa – é tentar tudo para conseguirmos, em conjunto, reparar uma gran-de injustiça: o nosso querido e histórico liceu está degradado e incapaz de proporcionar aos seus alunos as condições para a concretização do aproveitamento académico de excelência que todos desejamos; o ginásio – histórico – em risco de ruína; os laboratórios carenciados e em que as experiências não se realizam sem risco; os telhados e paredes, onde buscamos proteção e abrigo, cheios de infiltrações, etc. E isto tudo num edifício classificado e de beleza ímpar. Um dos primeiros liceus completos, ínclita casa de tantos ilustres da nossa história.

Vamos cantar a nossa escola no Coliseu e, dessa forma, conseguir os apoios que nos permi-tam revigorar e renovar esta casa tão nossa e por isso tão querida de todos nós.

Grupo Coordenador da Organiza-ção “Camões, a nossa escola”

O Coli-seu dos

Recreios, em Lisboa, recebeu a 12 de novembro uma gala de angariação de fundos para a recuperação do cen-tenário Liceu Camões.

“Camões – A Nossa Escola”

é o nome da gala solidária que reuniu antigos e atuais alunos e professores da agora Escola Secundária de Camões.

A animação começou pelas 18h, com diferentes atuações na entrada do Coliseu, pas-sando pelo átrio e pelo bar. Desde as acrobacias de palha-ços que mostraram toda a sua coordenação e elasticidade, as vozes melódicas que ecoaram no ar, a combinação dos sons do violino, violoncelo, arpa e piano, passando pela simpli-cidade do blues, a classe do jazz e culminando num estilo mais “rockeiro”, o Coliseu dos

Recreios vestia o espírito do antigo liceu.

O diretor da escola, João Jaime Pires, conta-nos que a luta pela recuperação da escola centenária já dura alguns anos, embora não tenha tido ainda os apoios necessários: “em 2009, nas comemorações do centenário da escola, o Presidente da República e a Ministra da Educação da altura (Maria de Lurdes Rodrigues) estiveram presentes e comprometeram-se a recuperar o Liceu Camões”. Passaram-se três anos e nada aconteceu, assim no ano de 2012, “pais, alunos e professores agarraram nos pincéis e nas latas de tinta e pintaram a escola”.

Atualmente, o edifício da escola está degradado e inca-paz de oferecer aos alunos condições para a concretiza-ção da vida académica de excelência. O mítico ginásio está em risco de ruir, os labo-ratórios não têm condições e nos telhados e paredes sal-tam à vista infiltrações. Por todos estes motivos, o ator e produtor Paulo Matos,

enquanto encarregado de educação de um aluno do Liceu Camões, sugeriu à dire-ção da escola a realização de um espetáculo para angaria-ção de fundos: “a ideia é fazer um espetáculo onde se mostre ao país inteiro que o Liceu Camões é um liceu amado por todos os que frequentaram e frequentam o liceu e, que são capazes de se unir numa fes-ta de cultura e de demonstra-ção de capacidades, para através disso dizer ao poder político e empresarial «Não deixem cair o edifício!»”.

Chegada a hora do espetá-culo, Júlio Isidro, ex-aluno do liceu, sobe ao palco para dar início à gala, recordando os seus tempos de aluno no anti-go 1ºE. Para o conhecido apresentador de televisão, “é um momento histórico, é uma junção de gerações que revela o espírito da escola. Aliás, o espírito da escola está bem vivo e criativo mas o proble-ma é o corpo. Para que o cor-po se mantenha tão vivo quanto o espírito, estamos aqui para juntar 13 milhões de euros”.

Pela noite a dentro, foram várias as homenagens presta-das a grandes nomes da lite-ratura que passaram pelo liceu, como Mário Sá Carnei-ro, Mário Dionísio, Manuel da Fonseca, João Aguiar, José Gomes Ferreira, Vergílio Ferreira e tantos outros.

Em palco, a música, a inter-pretação e a representação foram uma constante que uniu diferentes gerações, desde uma turma de rebeldes antigos alunos que dá lugar aos alunos de hoje. Para João Jaime Pires a noite vivida no Coliseu dos Recreios “é uma grande mistura e é isso que carac-teriza a Escola Secundá-ria de Camões”.

Para encerrar o espetáculo, todos juntos cantaram a música “Cantando Camões”, a qual Paulo Matos acredita vir a tornar-se no hino da escola.

In Forum Estudante (em linha), 14 de novembro de

2013

http://www.forum.pt/escolas/10874-camoes-a-nossa-

escola

ANTES

DEPOIS

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Confluências

DE CORPO E ALMA

Júlio Isidro

Zé Pedro

Jorge Palma

Vitorino

Rui Mendes

Vera Mantero

Nicolau Breyner

Quarteto Lopes-Graça

Paulo Matos

Mário Moniz Pereira

Lúcia Moniz

Helena Coelho

João Paulo Esteves da Silva

Ana Paula Russo

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Confluências

DE CORPO E ALMA

Coro

da Achada

Adriano Jordão

António Saiote

Filipa Pais

João Paulo Santos

Jorge Alves Coro Sinfónico Lisboa Cantat

Olga Prats e Simão Draiblat

Pedro Branco

Henrique Garcia e José Alberto Carvalho

(e também Representação...)

Grupo de Teatro da Escola Sec. de Camões (com a respon-sável, profª Maria Clara)

(e também o Coro Camões...) (e também Fado...)

(e também Ginástica…)

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Confluências

LER PARA VIVER

Os membros do Clube LER PARA VIVER reúnem-se às sextas-feiras, a partir das 14h15m, na sala da Biblioteca da escola. A ordem de trabalhos é sempre confidencial. Quem quiser pertencer ao Clube pode assistir a uma sessão antes de apresentar o pedido de admissão. Tem, no entanto, de preencher um dos seguintes requisitos:

Artigo 1º - Ser uma pessoa fora do comum. ¶ único – Consideram-se pessoas fora do comum as que

a. têm talento e veia artística; b. jogam bilhar ou dominó; c. preferem o ócio ao negócio; d. gostam de ler em público ou às escondidas; e. pintam, recortam ou colam com requinte; f. assobiam pelo menos três vezes por semana.

Artigo 2º - Ser uma pessoa vulgar. ¶ único – Consideram-se pessoas vulgares as que

a. sabem que a liberdade é melhor que a imobilidade; b. preferem a velocidade à lentidão; c. desperdiçam o que têm, mas guardam o que desejam; d. evitam os janotas, os cínicos e os dentistas; e. gostam de literatura, de música e de futebol; f. confiam no corpo, na imaginação e na filosofia.

25 de novembro de 2013. Na aber-tura da Feira do Livro de Natal, promovida habitualmente pela Biblioteca Escolar nas proximidades da quadra natalícia, a aluna Rebeca Csalog acedeu ao convite para apresentar e autografar o seu livro Glyr-mandia.

“Daniel tem 13 anos e, embora esteja habituado a viajar bastante, vai pela primeira vez à Índia com os pais e a irmã, visi-tar a avó que aí vive. Mas, a meio

da viagem, o comboio é atacado por rebel-des e Daniel dá por si sozinho, perdido no meio da selva indiana. A partir daqui, uma aventura era inevitável. (…)”

Feira do Livro de Natal

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Confluências

Camões English Theatre Group was set up in 2010/11. The first play the com-

pany staged was Hamlet Smith and the Vani-shing Star.

We aim to inspire and train young actors, playwrights and theatre lovers to learn and experiment about different aspects of the thea-tre.

Our members are in the most part students and ex-students at Escola Secundária de Camões.

Our fouding members were 12ºJ, class of

2010/11. This year we will be organizing a variety of

activities: A play, a Festival of One-Minute Plays, a radio show, a Poetry Slam...

We will be participating at Gala Camões with a few sketches and happenings.

If you like writing in English, this could be an interesting project for you to join.

If you like acting, set design, staging, and everything related to the theatre, or if you love the English language, come and join us.

You can follow us and contact us: facebook

Camões English Theatre Company or [email protected]

CAMÕES EM AÇÃO

Fotografia inserta na “Revista” do Expresso (de 2 de novembro de 2013) Uma peça da jornalista Christiana Martins (com foto de Ana Baião) que dá conta da diver-sidade que hoje habita a Escola Secundária de Camões. Filhos e netos de ex-alunos, jovens de nacionalidades distintas, uma nova geração que veste a camisola do ‘Camões’ e que enriquece a escola com as suas culturas, as suas competências e o seu dinamismo.

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Confluências

CORALINA

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Confluências

TESTEMUNHOS

Uma história impressionante Ao longo do ano letivo transato (2012-2013), as turmas de

12º ano, na disciplina de História lecionada pela professora Cecília Cunha (na foto, ao centro), estiveram a tra-balhar o folheto atribuído a Álvaro Cunhal «Se Fores Preso, Camarada...», folheto que contém instruções sobre a resistência à tortura e por um comportamento exemplar dos comunistas e de todos os resistentes quando presos pela PIDE.

Na turma do 12º J, a aluna Clara Mendes tomou a iniciativa, conjuntamente com a referida professora, de contactar o Partido Comunista Português para lhes ser fornecida literatura a encaixar na pesquisa, aproveitan-do-se o contacto para promover a vinda de dois militantes para uma conferência que complementasse o mencio-nado trabalho de ano.

Nesta sequência se conseguiu, ainda, uma parceria para futuras iniciativas (ficando em aberto a possibilidade, por exemplo, de nova conferência).

Assim, na conferência prevista e realizada no passado dia 5 de junho, na Biblioteca, estiveram presentes Car-los Pires (na foto, à direita), tipógrafo clandestino (20 anos de clandestinidade) que imprimia o jornal Avante (inclusive o número 1, cujo exemplar mostrou na ocasião), e José Pedro Gomes (na foto, à esquerda), com uma história pessoal impressionante de 21 dias e 21 noites sem dormir e sem falar, sujeito a espancamentos e a ‘estátua’ (e que apenas saiu de Peniche depois do 25 de Abril, ao fim de três anos de prisão), e que é considerado uma referência em matéria de resistência à PIDE.

Aposentações

A todos quantos cessaram funções neste iní-cio de ano letivo, a Escola Secundária de Camões deseja um longo e venturoso futuro .

(Setembro)

Teresa Rosário Cascais

(Novembro) Aida Conceição Pontes

Ana Isabel Gamito Matos Claudina Marques Coelho Maria Alexandre Leónidas

(Dezembro)

Jorge Castro Salcedo Fernandes Luís Pimenta Martins Fernandes

No Teatro com Rui Mendes

Os alunos de Latim do 10º L assistiram à comédia de Plauto «O Aldrabão», no Teatro Nacional D. Maria II, no dia 6 de novembro. Os estudantes foram acompanhados pelo professor Mário Paulo Mar-tins e pela professora Magda Abrantes e, no final, tiveram a oportunidade de conversar com o ator Rui Mendes, antigo camonia-no.

O ator respondeu a todas as per-guntas que lhe foram colocadas e transmitiu aos alunos a importância

de estes perseguirem os seus sonhos, apesar das dificuldades. «Imaginem que tinha continuado Arquitetura e tinha desistido do Teatro. Hoje em dia, tem tanta saí-da o Teatro como a Arquitetura», exemplificou Rui Mendes, subli-nhando a importância de não haver arrependimento das decisões toma-das.

Rui Mendes recordou ainda os tempos de estudante no “Liceu Camões”, que classificou como «os melhores anos» da sua vida.

Alunos de Latim (10º L)

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Confluências

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Com o generoso apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES http://www.escamoes.pt

BE/CRE http://esccamoes.blogspot.com/

A todos quantos colaboraram com a cedência de fotos e trabalhos para este Boletim, uma palavra de agradecimento.

BR

EV

ES

A página da escola foi reformulada e apresenta agora uma nova imagem. Descobre-a e... interage!

Esta bem podia ser a história de um gigante insaciá-vel. A história breve de uma paisagem ofuscada pelo

poder desmesurado de quem pode e manda. Enquanto a Escola Secundária de Camões se verga

com a idade e paulatinamente cede perante a indife-rença de “quem passa”, há obras vizinhas que nascem

e se erguem com pompa e sobranceria.

www.escamoes.pt

Agora, pesquisar um livro na BE/CRE é muito mais fácil, basta entrar na página da escola (e clicar no íco-

ne do catálogo) http://escamoes-web.sharepoint.com/Pages/default.aspx

ou aceder pelo link http://escamoes-web.sharepoint.com/Pages/

BECRE.aspx ou, ainda, através do blogue

http://www.esccamoes.blogspot.pt/

Num recanto sim-pático da escola,

uma breve pausa a

que não faltaram castanhas para cele-brar o São Martinho!