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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e Quase ninguém chumba por causa dos exames no ensino básico Em dez anos, menos de 2% dos alunos tiveram negativa a Matemática no 9.º ano por causa do exame. Relatório técnico que acompanha parecer do CNE sublinha baixo impacto dos exames nas notas finais Portugal, 10/11 Deputados não resolveram problema. Eventual solução tem de passar pelo Orçamento ou por uma orientação do Governo p20 Hugo Soares critica Costa por não ter divulgado ainda nomeações na Internet. Governo promete fazê-lo e com salários líquidos p16 Subsídio de férias no Estado vai depender do corte salarial PSD sublinha que PS fez 154 nomeações em apenas 41 dias AMEAÇA NUCLEAR ONU PREPARA NOVAS SANÇÕES À COREIA DO NORTE Destaque, 2 a 5 e Editorial AFP PUBLICIDADE QUI 7 JAN 2016 EDIÇÃO LISBOA Ano XXVI | n.º 9396 | 1,20€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos ISNN:0872-1548 HOJE Almanaque Português 7.º vol. CineRevista (1917) Por + 6,90€ 1925-2016 PIERRE BOULEZ, O MÚSICO ABSOLUTAMENTE MODERNO Destaque, 6 a 9 D D De t t t staque, 6 6 6 6 a 9 9 9 9 Norte-coreanos celebram em Pyongyang o anúncio oficial do sucesso do teste da primeira bomba de hidrogénio *Previsão. Os prémios atribuídos de valor superior a 5.000 estão sujeitos a imposto do selo, à taxa legal de 20%, nos termos da legislação em vigor. Linha Direta Jogos 808 203 377 (das 8h às 24h). É proibida a venda de jogo a menores de 18 anos A criar excêntricos de um dia para o outro Aposta esta sexta d l erior a 5 000 estão suj j it eitos a imposto d do selo à taxa leg l al de 20% nos termos da d legi l ã slação em vigor Li Linha Direta Jogos J 808 2 i

Público 2016-07-01

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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

Quase ninguém chumba por causa dos examesno ensino básicoEm dez anos, menos de 2% dos alunos tiveram negativa a Matemáticano 9.º ano por causa do exame. Relatório técnico que acompanha parecer do CNE sublinha baixo impacto dos exames nas notas fi nais Portugal, 10/11

Deputados não resolveram problema. Eventual solução tem de passar pelo Orçamento ou por uma orientação do Governo p20

Hugo Soares critica Costa por não ter divulgado ainda nomeações na Internet. Governo promete fazê-lo e com salários líquidos p16

Subsídio de férias no Estado vai depender do corte salarial

PSD sublinha que PS fez 154 nomeações em apenas 41 dias

AMEAÇA NUCLEARONU PREPARA NOVAS SANÇÕES À COREIA DO NORTEDestaque, 2 a 5 e Editorial

AFP

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QUI 7 JAN 2016EDIÇÃO LISBOA

Ano XXVI | n.º 9396 | 1,20€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

HOJE Almanaque Português 7.º vol. CineRevista (1917) Por + 6,90€

1925-2016PIERRE BOULEZ, O MÚSICO ABSOLUTAMENTE MODERNODestaque, 6 a 9DDDe tttstaque, 6666 a 9999

Norte-coreanos celebram em Pyongyang o anúncio oficial do sucesso do teste da primeira bomba de hidrogénio

*Previsão. Os prémios atribuídos de valor superior a €5.000 estão sujeitos a imposto do selo, à taxa legal de 20%, nos termos da legislação em vigor. Linha Direta Jogos 808 203 377 (das 8h às 24h).

É proibida a venda de jogo a menores de 18 anosA criar excêntricos de um dia para o outro

Aposta esta sexta

d l erior a €€5 000 estão sujj iteitos a imposto ddo selo à taxa legl al de 20% nos termos dad legi l ãslação em vigor LiLinha Direta JogosJ 808 2i

Page 2: Público 2016-07-01

2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

AMEAÇA NUCLEAR

ONU prepara novas sanções à Coreia do Norte

A notícia de que a Coreia do

Norte detonara a primeira

bomba de hidrogénio na

sua história apanhou on-

tem o mundo de surpresa.

A ser verdade, signifi caria

que o país conseguira a tecnologia

para construir a versão mais sofi stica-

da e destruidora da bomba nuclear,

ao contrário do que se pensava. Mas

o pequeno terramoto provocado no

local de testes, demasiado pequeno

para ser o de uma destruidora bom-

ba H, acabou por trair o regime.

O mundo está agora convencido

de que Pyongyang fez um novo tes-

te nuclear, o quarto na sua história,

mas que não o fez com uma bomba

de fusão, como afi rmou na madru-

gada de ontem. A dois dias do seu

aniversário — fará 33 ou 32 anos, não

se sabe ao certo —, o líder norte-core-

ano, Kim Jong-un, surgiu a escrever

uma nota em papel em que ordenava

o teste ao novo armamento. “Que o

mundo encare, olhando de baixo,

o forte, auto-sufi ciente Estado com

armamento nuclear.”

O discurso triunfal teve pouco

impacto no Conselho de Segurança

das Nações Unidas, que respondeu

à mais recente demonstração de po-

der nuclear da Coreia do Norte como

fez com as sucessivas violações do

regime ao longo da última década:

anunciando que estão a ser prepa-

radas “mais extensas e signifi cativas

sanções” contra o país.

A Coreia do Sul já defendera esta

via antes da reunião de emergência

do Conselho de Segurança. “É uma

provocação grave para a nossa se-

gurança, ameaça a sobrevivência

e o futuro da nossa nação e desa-

fi a ainda mais a paz e estabilidade

do mundo”, afi rmou a Presidente,

Geun-hye, horas depois do teste nu-

clear. Os Estados Unidos reiteraram

que “não vão tolerar uma Coreia do

Norte nuclear”, o Japão fez o mesmo

e até os aliados tradicionais de Pyon-

gyang, China e Rússia, condenaram

o regime.

As recriminações foram duras.

Resta saber se as novas sanções

também o serão. Muitos duvidam da

efi cácia que novas medidas podem

ter sobre o programa nuclear norte-

coreano. A ONU responde cada vez

com mais agressividade sempre que

o regime viola a resolução de segu-

rança que o impede de testar e usar

tecnologia balística e nuclear. Mas

desde que as sanções começaram,

em 2006, a Coreia do Norte conse-

guiu reduziu o tamanho e detonar

três bombas nucleares, enviar um

satélite para o espaço e, há menos de

um ano, anunciou ter disparado um

míssil de um submarino submerso.

A tecnologia é duvidosa — a Coreia

do Sul diz que o míssil lançado de

debaixo de água voou pouco mais

de cem metros antes de se despe-

nhar no mar. Em todo o caso, a li-

derança de Kim Jong-un continua

a investir no seu arsenal mais peri-

goso e é pouco provável que novas

sanções a travem. A alternativa seria

retomar as negociações multilaterais

interrompidas em 2012. Para o fazer,

contudo, Washington exige que o re-

gime destrua o arsenal nuclear que

já construiu.

Bomba H ou A?Mas o pequeno Estado olha para

os seus mísseis como a melhor ga-

rantia de contenção do Ocidente. É

por essa razão que Andrei Lankov,

investigador russo e especialista na

Coreia do Norte, escreve no Guar-

dian que o mais provável é que novas

sanções sejam inúteis. “A liderança

de topo pode perder o champanhe,

mas, na sua perspectiva, isso é um

pequeno preço a pagar para fugirem

aos destinos de Khadafi e Saddam

Hussein.”

mais de três centenas de pequenas

estações de análise espalhadas pe-

lo mundo. Capturam ruídos de bai-

xa frequência, actividade sísmica e

materiais radioactivos na atmosfera.

As partículas demoram vários dias a

libertar-se, já que os testes nucleares

se fazem no subsolo, a centenas de

metros de profundidade.

O Japão enviou ontem três aero-

naves de análise de partículas para

um local próximo do centro de testes

nuclear norte-coreano — os Estados

Unidos têm um avião também, se-

gundo informações não ofi ciais. A

análise a este material é a maneira

mais exacta de se detectar que tipo

de explosivo foi detonado e a única

forma de detectar se há traços de hi-

drogénio na bomba. Mas é também

a menos viável. No segundo teste

nuclear norte-coreano, em 2009,

por exemplo, não se encontraram

quaisquer vestígios.

Consumo internoExiste uma terceira opção. Alguns

especialistas em armamento nuclear

sugerem a hipótese de o regime ter

usado pequenos vestígios de hidro-

génio na arma. Os norte-coreanos

obteriam assim aquilo que é designa-

do como uma “arma de fi ssão inten-

sifi cada”, mesmo que a diferença de

Kim Jong-un quer mostrar ao país que é um líder forte nas vésperas do congresso do partido. Mundo acredita que regime detonou apenas pequena bomba nuclear

Félix RibeiroO teste nuclear em Punggye-ri, no

Leste do país, provocou um abalo sís-

mico muito longe daquele que seria

de esperar de uma bomba de hidro-

génio. O tremor de 5,1 pontos na es-

cala de Richter sugere que a explosão

teve uma potência de cerca de seis

quilotoneladas, como calcula a co-

missão parlamentar de informação

da Coreia do Sul. É comparável com

o abalo de 5 pontos provocado pela

bomba de 2013 e que se calcula que

não ultrapassou as sete toneladas —

ou seja, sete mil toneladas de TNT.

A bomba largada pelos EUA em

Hiroxima teve uma potência de 15

quilotoneladas, mais do que o dobro

de cada um dos dois últimos testes

norte-coreanos. A primeira bomba

H foi vertiginosamente mais pode-

rosa: 15 megatoneladas; ou seja, mil

vezes mais potente do que Hiroxima.

“É altamente provável que, em vez

de uma explosão termonuclear, a

referência a uma bomba de hidro-

génio seja desinformação por parte

do regime norte-coreano”, explica

Karl Dewey, analista na consultora

de defesa IHS Jane’s.

Uma análise aprofundada e de-

fi nitiva pode demorar semanas ou

até nem ser possível. A organização

internacional que se dedica a acabar

com testes nucleares (CTBTO) tem

Page 3: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 3

energia, neste caso, pareça ter sido

menosprezável.

“Porque é, de facto, hidrogénio,

poderiam afi rmar que se trata de

uma bomba de hidrogénio”, explica

à Reuters Joe Cirincione, especialista

em armamento nuclear. “Mas não é

uma bomba de fusão verdadeira, ca-

paz de gerar as enormes energias de

várias megatoneladas que este tipo

de bombas provoca.”

Kim Jong-un precisa de mostrar

algo ao país e reforçar a sua imagem

como um líder capaz, mesmo que

isso ponha em risco a aliança chi-

nesa. O jovem líder teve já de lidar

com oposição no interior do regime

— algo que se tornou evidente quan-

do admitiu ter executado o seu tio e

antigo mentor — e tem ainda provas

por dar no desempenho económico

do país. Pela frente há o primeiro

congresso do Partido dos Trabalha-

dores Coreano em 36 anos e a me-

lhor oportunidade para se exibir.

Toshimitsu Shigemura, especialis-

ta em assuntos norte-coreanos em

Tóquio, explica-o ao Washington

Post. “Kim Jong-un precisa de gran-

des resultados antes do congresso do

partido, em Maio. O seu pai não tes-

tou uma bomba de hidrogénio, mas

agora ele pode dizer que o fez. É um

resultado muito bom para ele.”

JUNG YEON-JE/AFPExplosão provocou um abalo sísmico que sugere não estar em causa uma verdadeira bomba de hidrogénio

No tabuleiro de Kim Jong-un a China parece valer cada vez menos

No dia de Ano Novo, Kim

Jong-un fez o seu discurso

anual, usando os óculos

de massa preta e hastes

grossas que o tornam

ainda mais parecido com

o avô e fundador da nação, Kim Il-

sung. Quem procurasse nas suas

palavras os indícios de que estaria

a ser preparado um ensaio nuclear

difi cilmente os encontraria.

É verdade que o líder norte-co-

reano declarou que o país estava

pronto para a guerra, caso fosse

provocado por “invasores” estran-

geiros e “provocadores”. “Se nos

tocarem ainda que levemente, não

seremos piedosos”, avisou. Mas na-

da disse sobre armas atómicas ou

mísseis balísticos, ao contrário do

que acontecera poucas semanas

antes. A interpretação feita no dia 1

de Janeiro pela agência Associated

Press era a de que o discurso procu-

rou evitar referências que irritassem

a China, o seu mais poderoso parcei-

ro, e destinou-se sobretudo a dourar

a imagem do líder junto da elite da

Coreia do Norte.

Foi com um tom solene que on-

tem a televisão estatal anunciou a

detonação “muito bem sucedida”

de uma bomba de hidrogénio. A

notícia gerou reacções fi rmes em

vários pontos do mundo – além de

cepticismo por parte de vários espe-

cialistas — e terá deixado o Governo

chinês particularmente inquieto, até

porque não recebeu qualquer aviso

prévio de que este ensaio ia acon-

tecer. Chineses que habitam perto

da fronteira com o país vizinho, em

zonas como Jilin, onde se sentiu o

abalo sísmico provocado pelo en-

saio, foram transferidos para outras

áreas, avançou a televisão chinesa.

Das várias interpretações que se

podem agora fazer é seguro dizer

volvido uma bomba de hidrogénio.

A reacção da China foi imediatamen-

te visível: uma girl’s band norte-co-

reana, a Moranbong Band, que se

preparava para actuar em Pequim,

foi obrigada a voltar para casa horas

antes do concerto começar.

As raparigas da Moranbong Band

foram directamente escolhidas pelo

próprio Kim Jong-un para fazer fren-

te às populares bandas de K-pop do

Sul. Com as suas minissaias e saltos

altos, bateria e guitarras eléctricas,

distinguem-se radicalmente dos ha-

bituais instrumentos (muito conser-

vadores) de propaganda do regime.

Mas em vez de subirem ao palco, pa-

ra um concerto organizado só para

convidados, as raparigas, vestidas

com casacos e chapéus militares,

apanharam o avião da Air Koryo de

volta a casa.

Há um ano, num tom impaciente,

o general chinês na reforma Wang

Hongguang escrevia no Global Ti-

mes: “Se a Coreia do Norte tem de

se afundar, nem a China a salvará.”

O jornal Le Monde, que ontem re-

cordou essa citação, refere ainda

que “as extravagâncias do terceiro

elemento da dinastia Kim são vistas

como um fardo, numa altura em que

o desenvolvimento das ambições

estratégicas de Pequim, nomeada-

mente no mar da China, provocam

fricções com os seus vizinhos asiáti-

cos. E adianta que, apesar de a Chi-

na tentar aplicar reformas econó-

Francisca Gorjão Henriques

micas na Coreia do Norte seguindo

o modelo do seu próprio processo,

“Pyongyang tem-nas recebido como

um desvio. O regime de Pyongyang,

mais nacionalista do que socialista,

desconfi a da infl uência chinesa na

sua economia”.

A confi rmar-se que o regime norte-

coreano conseguiu detonar a bomba

de hidrogénio, não é de excluir que

os países da região — em particular,

o Japão e a Coreia do Sul — procu-

rem aumentar também as suas ca-

pacidades militares, com ajuda dos

Estados Unidos, algo que está longe

de ser bem recebido por Pequim. “A

China será muito sensível quanto a

movimentos do Japão ou da Coreia

do Sul que visem melhorar os seus

mísseis de defesa”, comentou à Reu-

ters Zhang Baohui, especialista em

segurança nuclear da Lingnan Uni-

versity, em Hong Kong. “A Coreia do

Norte apresenta [o teste] como uma

questão de Estado, mas os estrategos

chineses vêem-no como uma jogada

contra a China para limitar o seu po-

der de dissuasão nuclear.”

É por isso que, para Xuan Dongri,

director do Centro de Estudos do

Nordeste Asiático da Universidade

de Yanbian, no Nordeste chinês, o

ensaio de ontem “pretendia enviar

uma mensagem forte à China. A Co-

reia do Norte quer mais ajuda da

China”, cita o Washington Post.

Há anos que o programa de armas

nucleares da Coreia do Norte é usa-

do para legitimar internamente o

regime — já era assim quando Kim

Jong-il, pai do actual líder, estava no

poder. As conversações a seis (duas

Coreias, EUA, Japão, Rússia e China)

para pôr um fi m ao programa falha-

ram em 2009, com algumas acusa-

ções lançadas a Pequim de que não

tinha exercido toda a sua infl uência

junto de Pyongyang. Agora, Hua, a

porta-voz do Ministério dos Negó-

cios Estrangeiros, voltou a referi-las

como sendo “a única forma efi caz

e prática de resolver o problema da

Coreia do Norte”.

Resta saber o que será pior na

opinião de Xi Jinping: ter uma im-

previsível potência nuclear ao seu

lado, ou apanhar com as ondas de

choque de um colapso do regime

de Pyongyang.

Apesar de tudo, continua a ser para Pequim que todos se viram, quando se trata de conter as ambições nucleares de Pyongyang

que a infl uência de Pequim junto

da Coreia do Norte, um dos países

mais isolados do mundo, está en-

fraquecida.

A porta-voz do Ministério chinês

dos Negócios Estrangeiros, Hua

Chunying, manifestou a “firme

oposição” ao ensaio e exortou Pyon-

gyang “a retomar o seu compromis-

so de desnuclearização e a abster-

se de todas as acções que possam

agravar a situação”, cita a AFP. Além

disso, o embaixador norte-coreano

em Pequim foi convocado para ou-

vir um “protesto solene”.

O Governo chinês tem sido dos

poucos aliados com que a Coreia do

Norte pode contar: é o seu princi-

pal parceiro comercial, fornecedor

de petróleo e gás e de metade da

assistência estrangeira que recebe.

Mas os últimos anos foram difíceis

para as relações entre ambos, de tal

forma que, até agora, Kim não se en-

controu com o Presidente chinês, Xi

Jinping, que tomou posse em 2013

— e que num gesto bastante simbó-

lico visitou a Coreia do Sul, arqui-

inimigo do Norte, em 2014.

O clima seria brevemente desanu-

viado em Outubro passado, quando

o Governo chinês enviou um alto re-

presentante a uma parada militar

em Pyongyang com uma missiva di-

rigida a Kim apresentando “os me-

lhores cumprimentos” de Xi. Mas

dois dias depois, a Coreia do Norte

estava a declarar que tinha desen-

KCNA KCNA / REUTERS

Extravagâncias de Kim Jong-un também são um fardo para Pequim

Se a Coreia do Norte tem de se afundar, nem a China a salvaráWang HongguangGeneral chinês na reforma, há um ano, no Global Times

Page 4: Público 2016-07-01

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

AMEAÇA NUCLEAR

Fonte: Reuters

Primeiros testes da Coreia do Norte foram em 1998

E.U.A. Rússia Outros países

AUSTRÁLIA

OCEANOPACÍFICO

OCEANOÍNDICO

OCEANOATLÂNTICO

EUA

ARGÉLIA

RÚSSIA

CHINA

JAPÃOHiroxima

Nagasáqui

Atol de Enewetak44 testes

Atol de Bikini23 testes

Nevada928 testes

Em 1961 a Rússia detona a mais poderosa arma nuclear a nível mundial com 50 megatoneladas

Taechon

Yongjo-ri

Pyongsong

Seul

Musudan-ri

Punggye-ri

Chonma-sanKumho-chigu

Zona desmilitarizada

Linha limitedo Norte

Tongchang-ri

PakchonUniversidade de QuimicaIndustrial Hamhyung

Kanggye Korea National Defence College

PyongyangUniversidade Kim Il Sung Universidade de Tecnologia KimchaekMCG-20 Cyclotron

Yongbyon

Local de testes

ReactorInvestigação edesenvolvimentoReprocessamentoEnriquecimentode urânio

Local de lançamentode misseis

50 km

COREIA DO NORTE

COREIA DO SUL

Local do teste

Explosões nucleares desde 1945Teste nuclear na Coreia do Norte

Cronologia de uma escalada

Dezembro 1985A Coreia do Norte adere ao tratado de não-proliferação nuclear (TNP)

Fevereiro 1993A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) pede para inspeccionar locais suspeitos de resíduos nucleares

Junho 1994Retira-se da AIEA

Agosto 1998Lança um míssil Taepodong 1 por cima do Japão

Janeiro 2003Retira-se do TNP

Fevereiro 2005Anuncia que o paísproduziu armasnucleares

Julho 2006Testa o disparo de mísseis balísticos, incluindo um teste falhado de um Taepodong 2

9 de Outubro 2006Realiza o primeiro testenuclear subterrâneo

Fevereiro 2007Concorda em desactivar as instalações nuclearesem troca de ajudainternacional

Abril 2009Lançamento, aparentementefracassado, do míssil Unha 2

Novembro 2010Revela a peritos internacionais um local de enriquecimento de urânio

25 de Maio 2009Realiza o segundo teste nuclear subterrâneo

Abril 2012Tentativa falhada de lançar o Unha 3 (sucedâneo do Taepodong 2)

Dezembro 2012 Lança, com sucesso, o Unha 3, conseguindo colocar um satélite em órbita

12 de Fevereiro 2013Realiza o terceiro teste nuclear subterrâneo

Setembro 2015Reinicia o reactor nuclear de Yongbyon

Maio 2015Afirma ter testado o primeiro míssil balístico lançado por um submarino, mas os peritos internacionais duvidam do sucesso da operação

6 de Janeiro 2016Anuncia que realizou um teste com umabomba de hidrogénio

Kim il-Sung 1948-1994

Francisco Lopes

Kim Jong-Il 1994-2011

Kim Jong-Un 2011 - presente

Numa bomba de hidrogénio,

uma grande parte da sua

energia é obtida através da

fusão dos núcleos dos seus

átomos — reacções que

imitam o que se passa no

interior das estrelas, como o nosso

Sol, onde os átomos de hidrogénio

se fundem, dando origem a átomos

de hélio e libertando gigantescas

quantidades de energia.

Mas para que os átomos de hi-

drogénio se fundam nesta bomba,

também conhecida como bomba H

ou bomba termonuclear, primeiro

tem de haver um outro tipo de reac-

ções nucleares. Mais exactamente,

reacções de fi ssão nuclear, ou ci-

são nuclear. Neste caso, o núcleo

dos átomos (de urânio e plutónio)

é partido, em vez de fundido, e é

a energia libertada nestas primei-

ras reacções nucleares que permite

depois desencadear as reacções de

fusão dos núcleos de hidrogénio.

Resumindo, primeiro há reacções

de fi ssão nuclear e em seguida de

fusão nuclear.

O resultado é uma bomba nucle-

ar muito mais poderosa do que as

bombas unicamente de fi ssão nu-

clear, como aquelas que foram lan-

çadas pelos Estados Unidos sobre

as cidades japonesas de Hiroxima

e Nagasáqui em 1945.

Os principais pais da bomba de

hidrogénio são Edward Teller e Sta-

nislaw Ulam, que a desenvolveram

para os Estados Unidos. O primeiro

teste ocorreu em 1952, no atol de

Eniwetok, nas ilhas Marshall, no

oceano Pacífi co. O atol de Eniwe-

tok fi cou totalmente destruído. Mi-

ke, como foi baptizada a primeira

bomba H, tinha uma potência gi-

gantesca: mais de dez milhões de

toneladas de TNT. Ora uma bomba

de hidrogénio com esta potência

liberta 800 vezes mais energia do

que a bomba lançada sobre Hiro-

xima.

Três anos depois do dos Estados

Unidos, a União Soviética fez o seu

primeiro teste, com sucesso, de

uma bomba de hidrogénio.

O que é uma bomba de hidrogénio

Teresa Firmino

Page 5: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 5

Os candidatos republicanos

à Presidência dos Estados

Unidos responsabilizam o

“fracasso” da política ex-

terna do Presidente Barack

Obama pelas novas activi-

dades nucleares da Coreia do Norte,

que anunciou ter testado a sua pri-

meira bomba de hidrogénio. Donald

Trump, na liderança das sondagens

para a nomeação republicana, exigiu

à China que controle o seu aliado,

ameaçando Pequim com repercus-

sões comerciais.

Trump afi rmou que os EUA não

estão a fazer o sufi ciente para levar

a China a assumir o peso que tem

nas acções da Coreia do Norte. “Te-

mos ali este louco que provavelmen-

Republicanos culpam Obama e Clinton pelo teste norte-coreano

te usaria” armas nucleares, disse à

televisão Fox News. “Ninguém es-

tá sequer a falar com eles, esse é o

problema, e ninguém está a discutir

com a China. A China tem contro-

lo absoluto, acreditem no que digo

(...) Se eles não resolverem a situa-

ção, nós devemos tornar o comércio

com a China muito difícil”, defen-

deu Trump. “A China consegue o que

quiser dos norte-coreanos”, insistiu.

“Sem a China, eles não comiam.”

Rand Paul, senador do Kentu-

cky, também defendeu que é pre-

ciso pressionar a China e levantou

a possibilidade de agravar as sanções

contra a o país de Kim Jong-un. Criti-

cou o acordo nuclear negociado pela

Casa Branca com o Irão e defendeu

que é preciso “não cometer os mes-

mos erros”.

Outros candidatos às eleições de

Novembro apontaram o dedo a Oba-

ma e à resposta norte-americana às

crises no Médio Oriente. “Se este

teste for confi rmado, será apenas

o último exemplo da política exter-

na fracassada de Obama e Clinton”,

afi rmou num comunicado o senador

Marco Rubio, da Florida. Hillary Clin-

ton, a principal candidata democra-

ta às presidenciais, foi secretária de

Estado de Obama entre 2009 e 2013.

“Eu tenho passado esta campanha

a avisar que a Coreia do Norte é lide-

rada por um lunático que tem expan-

dido o seu arsenal nuclear enquanto

o Presidente assiste, indiferente”,

disse ainda Rubio, enquanto Chris

Christie acusou Obama e Clinton

de terem respondido com fraqueza

aos anteriores testes nucleares dos

norte-coreanos.

“No fundo, eles nunca agiram com

força sufi ciente em nenhuma parte

do mundo”, afi rmou o governador

do estado de Nova Jérsia. “Este é só

mais um exemplo — somem ao Irão,

à Síria, à Crimeia e à Ucrânia. Isto é

o que nos traz uma liderança ame-

ricana fraca.”

Quase as mesmas palavras foram

escolhidas pelo candidato Jeb Bush,

que escreveu no Twitter que este tes-

te “mostra os riscos da continuação

da política externa displicente de

Obama e Clinton”.

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Trump critica inércia da China

A China consegue o que quiser dos norte-coreanos. Sem a China, eles não comiamDonald TrumpCandidato à Presidência dos EUA

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6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

PIERRE BOULEZ (1925-2016)

Morreu o músico absolutamente moderno

Dirigia sem batuta. Dizia

que não precisava

porque os dedos das

mãos correspondiam

a dez batutas. A

originalidade de dirigir

com as mãos, referida nos

obituários, serve para ilustrar a

vida do compositor francês Pierre

Boulez, intensamente dedicada a

encontrar um novo lugar para a

música erudita contemporânea.

O compositor e maestro francês

Pierre Boulez morreu na terça-

feira à noite aos 90 anos. Boulez

nasceu em Montbrison, na França,

e morreu em Baden-Baden, na

Alemanha, onde vivia desde os

anos 60.

A sua morte foi anunciada

ontem pela família através de

um comunicado divulgado pela

Philharmonie de Paris, a nova casa

musical de Paris em cuja abertura

esteve envolvido: “Para todos

aqueles que lhe foram próximos

e que puderam apreciar a sua

energia criativa, a sua exigência

artística, a sua disponibilidade

e generosidade, a sua presença

permanecerá viva e intensa.”

No ano passado, quando fez

90 anos, a Cité de la Musique, em

Paris, dedicou-lhe uma exposição

simplesmente intitulada Pierre

Boulez, que traçava a biografi a

deste nome fundamental

da cena musical da segunda

metade do século XX. Foi na

Cité de la Musique, aliás, que

Boulez fundou, nos anos 1970,

o Ensemble Intercontemporain,

uma referência da música

de vanguarda. Nessa altura,

criou também, para o Centro

Pompidou, o IRCAM (Instituto

de Pesquisa e Coordenação de

Música e Acústica), também

especialmente dedicado à criação

musical erudita contemporânea.

“Pierre Boulez não deixou de

compor, de pensar a música e

de trabalhar para a sua inscrição

na cidade e na vida quotidiana”,

notava a Cité de la Musique

no anúncio da exposição de

aniversário.

A sua vida foi dedicada à difusão

da música contemporânea, à

evolução do seu público e da

criação, escreve-se no site do

Serviço de Música da Fundação

Gulbenkian. Boulez era uma

visita frequente em Portugal,

especialmente na Gulbenkian,

onde esteve cinco vezes com o

Ensemble Intercontemporain.

Mas dirigiu também no

Porto, em 2001, a Orquestra

de Paris e o (seu) Ensemble

Intercontemporain no concerto

que abriu o ciclo Grandes

Orquestras da Capital Europeia

da Cultura — e onde interpretou

obras de Schönberg e Béla

Bartók. Nesse ano, Jorge Sampaio,

então Presidente da República,

entregou-lhe a Grã-Cruz da Ordem

de Santiago.

“Inteligência fulgurante”António Jorge Pacheco, director

artístico da Casa da Música,

guarda no seu gabinete uma

fotografi a que regista a situação

em que, no dia 22 de Abril de

2010, participou com Pierre

Boulez num debate na Cité de la

Musique, em Paris.

Nessa altura, e desde o ano

anterior, mantinha já uma relação

de grande proximidade com

o compositor que conhecera

pessoalmente no Porto em 2001,

aquando do citado concerto

no Coliseu. “Era um homem

de enorme simpatia com

uma inteligência fulgurante”,

diz Pacheco, lamentando o

desaparecimento daquele que

considera “uma das grandes

fi guras da cultura europeia da

século XX”, e que “marca o fi m

de uma época na história da

música”. Como escreve o jornal

Le Monde no seu obituário, o

desaparecimento de Boulez “põe

verdadeiramente fi m ao século

XX musical vanguardista que ele

contribuiu notavelmente para

moldar com outros compositores

nascidos nos anos 20”, como

Bruno Maderna (1920-1973),

Luigi Nono (1924-1990), Luciano

Berio (1925-2003), Karlheinz

Stockhausen (1928-2007), György

Ligeti (1923-2006) e ainda Henri

Pousseur (1929-2009).

“Além de ser um compositor e

um maestro genial, Pierre Boulez

foi um pensador, que deixou uma

obra também importantíssima nos

livros que escreveu”.

Tocar no mundo inteiroApesar de se mover no mundo

restrito da música erudita, Pierre

Boulez conseguiu a proeza,

como escreve o jornal francês

Libération, de ser conhecido e

tocar no mundo inteiro, sendo

“considerado como uma das

personalidades mais infl uentes do

mundo musical”. O jornal lembra

o teórico e pedagogo “de grande

clareza” que “defendeu sem

descanso o lugar da música nova

nas programações dos concertos e

encorajou a criação musical mais

exigente”.

Como maestro, esteve à frente

da Orquestra de Cleveland (1967-

1972), da Orquestra Sinfónica da

BBC (1971-1975) e da Orquestra

Filarmónica de Nova Iorque (1971-

1977). É célebre a sua participação

na produção do Anel do Centenário

no Festival de Bayreuth (1976-

1980), ao lado de Patrice Chéreau.

Compositor e maestro francês, um dos nomes mais infl uentes da música erudita contemporânea, morreu aos 90 anos. Desapareceu o último dos visionários da escola de Darmstadt, “o último dos verdadeiramente modernistas da segunda metade do século XX”

ObituárioIsabel Salema,Lucinda Canelase Sérgio C. Andrade

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PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 7

Este “enfant terrible”, que se

exilou na Alemanha em 1966 por

causa da atitude conservadora do

mundo musical francês, explicou

numa entrevista ao PÚBLICO, feita

por Augusto M. Seabra em 2000,

qual era o “papel” do músico,

palavra que preferia a “dever”: “O

que para mim é importante é que

um músico entre nas instituições e

que, se não estiver satisfeito com

elas, lute pela sua transformação,

crie novas instituições ou

modifi que as existentes.”

Só em 1976 aceita regressar a

França para fundar o Ensemble

Intercontemporain, o primeiro

agrupamento francês dedicado à

música contemporânea fi nanciado

em grande parte pelo Estado.

Naquela entrevista falou

também do acto de compor e

porque gostava de usar conceitos

como “espiral” para explicar essa

experiência, além da “ideia” que

está sempre na origem. A palavra

“espiral” era evocada para dizer

que uma obra “se pode acabar

ou não” e, porque “ela é aberta,

pode-se continuar”.

A propósito da sua obra Pli

DIETER NAGL/AFPO compositor e maestro francês Pierre Boulez morreu terça-feira à noite aos 90 anos, em Baden-Baden, na Alemanha

segunda metade do século XX.

E porquê? Porque ele conseguiu

reunir, logo no pós-guerra, as

várias tendências dispersas da

primeira metade, fazendo uma

súmula coerente. “Deve-se a

Boulez uma síntese extraordinária

da heterogeneidade modernista

do início do século XX — [Igor]

Stravinsky, [Maurice] Ravel,

[Claude] Debussy. O seu

estruturalismo é exactamente isso

— uma síntese sólida e fundadora”,

defende o compositor português,

actual director artístico da

Orquestra Metropolitana de

Lisboa.

Quando Pierre Boulez

começou a trabalhar, argumenta

Pedro Amaral, a música

contemporânea, nomeadamente

o estruturalismo, estava arredada

do circuito profi ssional. O que o

compositor vem fazer, e muito

graças ao seu trabalho como

dinamizador cultural, enquanto

fundador de orquestras e de

centros de investigação (o famoso

IRCAM), é impô-la a muitas

das estruturas de produção de

relevo a nível internacional.

“Boulez institucionalizou a

contemporaneidade musical,

profi ssionalizou-a. Só ele

conseguiu fazê-lo e esse é

um dos seus contributos

extraordinários.”

Dividindo a sua actividade

entre a composição, com

“obras emblemáticas” como Le

Marteau sans Maître, peça de

1954 a partir da poesia de René

Char, a produção teórica, com

destaque para Penser la Musique

Aujourd’hui, de 1963, a carreira

de maestro e a de organizador da

vida musical, Pierre Boulez teve

um “percurso preenchidíssimo”

e assistiu ainda à concretização

de um sonho — a inauguração da

casa da Filarmónica de Paris, há

precisamente um ano.

Se tivesse de escolher apenas

uma entre as suas composições,

Pedro Amaral destacaria, muito

provavelmente, a “obra-prima”

Pli selon Pli: “Escolho-a pela sua

qualidade inquestionável mas

também porque ela tem um

espelho na teoria em Penser la

Musique Aujourd’hui. As duas são,

aliás, o espelho uma da outra,

e estão intimamente ligadas a

Darmstadt.”

Pedro Amaral refere-se à cidade

alemã onde se reuniam, nos anos

1950 e 60, jovens compositores

como Boulez, Stockhausen, Luigi

Nono e Luciano Berio formando

um núcleo que fi caria conhecido

como a escola de Darmstadt. Além

de Pli selon Pli, e da obra de 1954

que o lançou como compositor, o

director artístico da Metropolitana

salienta ainda Répons, obra dos

anos 1980 (1981-1988) também

com várias versões, em que o

compositor francês “põe a parte

electrónica e a informática a

interagir em tempo real com a

orquestra”, e Notations, peça da

década de 1990 e em que Boulez

faz uma viagem ao passado: “Ele

pega em obras muito breves,

que criou quando tinha 18 ou 19

anos, e faz a sua recomposição

para grande orquestra. É neste

processo que nos mostra como

se pode levar ao limite a arte da

escrita, como se pode, com muito

pouco, fazer imenso.”

António Jorge Pacheco lembra

que Boulez foi inúmeras vezes

“acusado de sectarismo e de secar

tudo à sua volta”. É uma ideia que

diz não corresponder à realidade.

“Ele foi sempre um espírito aberto

e atento, tendo apoiado os jovens

compositores mesmo quando

seguiam estéticas diferentes das

suas”, nota. E cita, como exemplo,

o facto de ter gravado em disco

uma peça de Frank Zappa.

Ainda a ilustrar o facto de

Boulez ter trabalhado e dirigido

“um reportório muito vasto”,

António Jorge Pacheco recorda

que o maestro lhe confi denciou,

num dos seus encontros, que lhe

faltava apenas “dirigir o Verdi

dos últimos anos”. “Mas agora

já é demasiado tarde para isso”,

lamentou.

Em 2009, quando era o

responsável directo pelo Remix

Ensemble, António Jorge

Pacheco convidou Boulez a

assistir a um concerto desta

formação portuense de música

contemporânea no Centro

Pompidou, numa altura em que

já projectava a apresentação de

uma retrospectiva da obra do

compositor francês na Casa da

Música. No fi nal do concerto em

Paris, o maestro surpreendeu-o

com esta declaração: não só

quereria dirigir o Remix, quando

regressasse ao Porto, como faria

nesta cidade a estreia mundial de

nova versão da sua peça Répons,

que entretanto iria concluir. “Foi

uma ‘prenda’ inesperada”, diz

Pacheco.

O projecto da retrospectiva

avançou, e Pierre Boulez deveria

vir ao Porto para inaugurar o

Ano França (2012), em que seria

o artista associado na Casa da

Música. Mas a doença impediu a

concretização dessa sua vontade.

A sua obra foi apresentada, ao

longo do ano, pelo Remix e pela

Orquestra Sinfónica do Porto,

mas o maestro e compositor não

chegaria a regressar à cidade onde

estivera em 2001, altura em que

conheceu a maqueta que Rem

Koolhaas projectara para a Casa

da Música, e cuja construção

foi acompanhando à distância,

adianta Pacheco.

Pedro Amaral, o maestro da

Metropolitana, não tem dúvidas

de que, caso não tivesse cegado,

Pierre Boulez teria criado até ao

fi m: “O drama de Boulez é que

ele nunca dirigiu de cor, nunca

compôs sem olhar para o papel,

sem que esse exercício de criação

passasse pela escrita.”

Com a morte do compositor,

diz Pedro Amaral, desaparece o

último dos visionários da escola

de Darmstadt, “o último dos

verdadeiramente modernistas da

segunda metade do século XX”.

selon Pli (Portrait de Mallarmé),

que disse ter trabalhado em plena

utopia, explicou exactamente

o que entendia por “espiral”

aplicado à composição: “Houve

várias obras que senti estarem

incompletas. Há obras que me

forçam a ir mais longe. [...] Senti

que não a podia ainda concretizar

pelo meu próprio gesto de chefe

de orquestra à época, que era

preciso um tempo e condições

de realização que não estavam

reunidas, e por isso revi a obra.

Eu não penso que uma obra

esteja ‘acabada’, ela está sempre

‘inacabada’, mas há um momento

em que sinto que está ‘closed’.”

Boulez começou a trabalhar

nesta obra para voz de soprano

e orquesta em 1957, tendo feito

várias versões até 1990.

Um antes e depois de BoulezPara o músico Pedro Amaral,

que estudou aprofundadamente

a sua obra, a propósito da tese

que dedicou a Stockhausen,

amigo do compositor francês,

há simplesmente um antes e um

depois de Boulez na música da

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8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

“Eu não penso demasiado

no meu lugar na

história” — Pierre Boulez

dizia-me. “Seja como for,

um belo dia você morre

e há um musicólogo que

vem inscrevê-lo na história. Você

passa a fazer parte dela e não é

certo que, em vida, conseguisse

antecipar exactamente que lugar

lhe estava destinado.”

Num homem que tanto

pensou o seu passado próximo,

a herança que pôde receber

dos antecessores, não era

surpreendente esta recusa

em descodifi car o seu próprio

papel: cada compositor cria

a sua genealogia, cada nova

era reinterpreta o passado e

reescreve-o à luz da sua própria

lógica. E hoje, no luto por Pierre

Boulez, cabe-nos refl ectir sobre

o que já é passado e deitar-lhe

um primeiro olhar retrospectivo:

quem foi Pierre Boulez? Qual foi,

afi nal, o seu papel na história? Que

obra nos deixa?

Boulez nasceu em Montbrison,

entre guerras, em Março de

1925. Em jovem, anteviu duas

vias possíveis para o seu futuro

profi ssional: a música e as ciências

exactas. Como todas as grandes

escolhas que iriam marcar a sua

vida, também esta, inicial, foi

rápida e defi nitiva: “Desde os 17

anos que me vi mestre do meu

destino, mestre, pelo menos,

da minha escolha de assumir a

música como função principal da

minha existência”.

Ao contrário da maior parte

dos músicos, no entanto, esta

escolha viria a desdobrar-se numa

pluralidade de caminhos, numa

multiplicidade de facetas tão

diversas quanto complementares:

compositor, foi um dos mais

determinantes da segunda metade

do século XX; teórico, deixou-

nos os mais importantes escritos

sobre estética e técnica musical

desde o pós-Segunda Guerra

Mundial; maestro, reinterpretou

todo o legado da primeira metade

do século XX e de uma parte do

romantismo germânico, frente

às mais importantes orquestras

mundiais; organizador, criou

instituições que alteraram

profundamente o panorama

musical contemporâneo a nível

internacional.

Como compositor, a

preocupação fundamental de

Boulez nos seus primeiros anos

foi, justamente, compreender

o seu passado próximo, fi ltrar

infl uências, criar uma genealogia,

inventar uma história de que fosse

herdeiro e que, de certo modo,

justifi casse a sua própria obra.

Não foi tarefa fácil: o seu passado

próximo era extraordinariamente

plural e heterogéneo, de uma

riqueza quase única em toda a

história da música — esquecemo-

nos facilmente de que escassos

14 anos separam a morte de

Mahler do nascimento de Boulez,

e que quase todos os grandes

vultos da primeira metade do

século XX — Stravinsky, Bartók,

Schönberg, Webern, Varèse,

Messiaen — estavam ainda em

plena actividade quando Boulez

escreveu as suas primeiras

obras (Notations, 1945; Sonatina

para Flauta e Piano, Primeira

Sonata e Le Visage Nuptial, 1946).

Que via seguir, no seio deste

labirinto de convergências e

divergências, nesta encruzilhada

de personalidades e de percursos,

de espólios, de obras mais ou

menos cataclísmicas, mais ou

menos condicionantes? O génio

de Boulez foi o de conseguir uma

síntese “cartesiana”, guiada por

uma dúvida metódica, do que lhe

parecia essencial no seu passado

próximo: a Stravinsky vai buscar o

pensamento rítmico, a Schönberg

a dimensão harmónica liberta da

tonalidade, a Webern a sintaxe

dodecafónica, a Debussy a raiz

de uma reinvenção da forma e

do timbre. “A existência cria a

essência”, escreverá num famoso

artigo de juventude. E é partindo

desta leitura da história, como

dado existencial, que irá fundar a

sua linguagem — o “serialismo” — e

a sua obra como compositor.

Obra que irá atravessar

paisagens muito diversas. As

primeiras três décadas serão

profundamente marcadas pela

presença da poesia: de René

Opinião Pedro Amaral

PIERRE BOULEZ (1925-2016)

Até sempre, Pierre!

Char em Le Visage Nuptial (1946),

Le Soleil des Eaux (1948) e Le

Marteau sans Maître (1954); de

Stéphane Mallarmé em Pli selon

Pli (1957-62) mas desde logo na

própria concepção da Terceira

Sonata para Piano (1957); e de E.

E. Cummings em Cummings ist

der Dichter (1970). A dimensão

poética será, aliás, a única base

concreta, extramusical, numa obra

praticamente fundada naquilo

a que se chama “música pura”,

onde a especulação da escrita e da

arquitectónica musical, elevada

ao seu expoente máximo, se torna

uma fi nalidade em si mesma.

Para piano, instrumento de

aprendizagem que marcou a

sua juventude, Boulez deixa

um conjunto de três sonatas

(1946, 1948, 1957) e diversas

pequenas peças; multiplicando

as possibilidades polifónicas do

instrumento escreve ainda os dois

Livros de Structures para dois

pianos; exponenciando a paleta

tímbrica e o virtuosismo técnico,

vai mais longe e coroa a sua obra

pianística com Sur Incises (1996)

para três pianos, três harpas e três

percussões, obra representativa do

género tipicamente bouleziano da

música para “ensemble”: música de

câmara, se pensarmos no limitado

número de intervenientes, mas

necessariamente dirigida por um

maestro. Nesta categoria inscreve-

se uma grande parte da sua obra:

do já evocado Le Marteau sans

Maître a Dérive II (1988), passando

por Polyphonie X (1951), Éclat

(1966), ...explosante/fi xe... (1991) e

Domaines (1968), entre outras.

Se a música para ensemble

nasce de um determinado

contexto histórico no seio do

qual a modernidade musical não

tinha um acesso fácil a meios

mais avultados, destinando-se

inicialmente a um determinado

tipo de sala, um determinado

formato instrumental e até

um determinado público,

particularmente esclarecido; a

música orquestral, essa, destina-

se aos mais amplos meios e às

mais importantes instituições da

vida musical. Obras como Rituel in

Memoriam Bruno Maderna (1974)

e Notations pour Orchestre entram

hoje no repertório das mais

importantes orquestras mundiais;

e uma criação como Répons, para

seis solistas, ensemble instrumental

e electrónica em tempo real,

só é possível como fruto de um

cruzamento fértil entre duas

grandes instituições: um instituto

dedicado à pesquisa tecnológica

na sua aplicação à criação musical

e um ensemble de grandes solistas

dedicado à criação e interpretação

da música contemporânea.

O Ircam (Instituto de Pesquisa

e Coordenação Acústica/Música)

e o Ensemble Intercontemporain

correspondem, justamente, a

estas instituições. A primeira,

fundada por Boulez em 1969, a

convite do Presidente Georges

Pompidou, é um veículo essencial

no estudo e desenvolvimento dos

meios tecnológicos aplicados à

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PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 9

Trajectória de um compositor radical

Os primeiros anos de Pierre

Boulez foram marcados pela

música e pela matemática,

dois domínios para os

quais apresentava aptidões

precoces. As expectativas do

pai, um engenheiro ligado à indústria

do aço na região de Lyon, em relação

ao futuro profi ssional do jovem Pierre

orientavam-se para o campo da

Engenharia, mas quando chegou a

Paris em 1942 preferiu trocar a Escola

Politécnica pelo Conservatório.

Os estudos anteriores de piano

mostraram-se insufi cientes no exame

de entrada, mas no domínio da teo-

ria musical e da composição rapida-

mente começou a brilhar e três anos

depois obteve o primeiro prémio na

famosa classe harmonia de Olivier

Messiaen, na qual dava provas de ex-

cepcionais habilidades no domínio

da análise musical. Boulez estudou

contraponto como aluno particular

de Andrée Vaurabourg, casada com

o compositor Arthur Honegger, e

quando René Leibowitz (1913-1972),

antigo aluno de Schoenberg, come-

çou a introduzir a música dodeca-

fónica em França, não hesitou em

recorrer aos seus ensinamentos.

Desde cedo, Pierre Boulez perse-

guiu a utopia de uma linguagem mu-

sical objectiva, baseada numa con-

cepção rigorosa e numa estrutura

conscientemente ordenada de rela-

ções internas. A lógica e a clareza que

procurava na composição transpare-

ciam igualmente da sua arte como

maestro, onde os mínimos detalhes

eram controlados e depurados com

extrema precisão. Considerando que

os compositores dos inícios do século

XX não tinham levado até às últimas

consequências o abandono da tonali-

dade — “tinham-se colado aos princí-

pios do passado ao nível da estrutura

musical e da expressão, em vez de

terem aproveitado a oportunidade

para repensar a música a partir de

novos princípios” — resolve tomar

como sua essa tarefa.

A necessidade histórica do uso

da atonalidade e o corte com o neo-

classicismo foram premissas que to-

maram forma logo nas composições

iniciais (Notations, Sonatina para

Flauta, Primeira Sonata para Piano,

Le Visage Nuptial), mas as primeiras

obras que fi zeram a reputação de

Boulez como compositor foram Le

Soleil des Eaux (1947) e a monumen-

tal Sonata para Piano n.º2 (1948).

A primeira interpretação desta úl-

tima obra em Darmstadt, em 1952,

por Yvonne Loriod, foi um aconte-

cimento. Boulez explicou mais tar-

de as suas intenções: “Foi provavel-

mente a tentativa da 2.ª Escola de

Viena para reviver antigas formas

que me fez querer destruí-las: tentei

destruir as bases da forma-sonata no

primeiro andamento; desintegrar o

andamento lento através do uso de

um tropo, assim como a forma repe-

titiva do scherzo através do recurso

a variações. Finalmente, no último

andamento tentei demolir os princí-

pios do género da fuga e do cânone.”

Estimulado pelas últimas criações

de Webern e pelos Quatre Études de

Rythme (1949-50) de Messiaen, Bou-

lez dedicou-se a desenvolver as téc-

nicas do serialismo integral, ou se-

ja, a ideia de que a série de 12 sons

aplicada às notas se deveria estender

Cristina Fernandes

Frank Zappa com Boulez em 1984

aos restantes parâmetros musicais,

nomeadamente ao timbre, à duração

e à intensidade. O auge da aplicação

do serialismo integral deu-se com

Structures I (1952) para dois pianos,

neste caso dedicando uma série aos

“modos de ataque” do som pelos in-

térpretes em vez de aos timbres.

Outra das suas obras signifi cati-

vas dos anos 50 foi Le Marteau sans

Maître (1953-5), baseada na poesia

de René Char e destinada uma voz

de contralto e a seis instrumentistas:

fl auta alto, xilomarimba, vibrafone,

percussão, guitarra e viola. O fascí-

nio pelo seu exótico colorido instru-

mental, que emerge da concepção

relativamente estática do discurso,

contribuiu para uma ampla aceitação

junto do público que, fora dos circui-

tos especializados, considerava a sua

obra de difícil e complexa audição.

O conceito de “obra aberta” foi

outro caminho explorado por Bou-

lez nessa época com destaque para

a Sonata para Piano n.º 3, iniciada

em 1956. Entre as peças marcantes

das décadas seguintes encontram-se

Pli selon Pli — “Portrait de Mallarmé”,

para soprano e orquestra (1957-1962;

1984); Eclat para 15 instrumentos de

1965, convertida em Eclat-Multiples

em 1970); ...explosante-fi xe... de 1971,

revista e incorporada em Mémoriale

em 1985; Rituel in Memoriam Bruno

Maderna (1975); Messagesquisse, pa-

ra violoncelo solo e seis violoncelos

(1976); Notations (1978); e Répons

(1981-84), primeira obra de peso com

recurso aos meios tecnológicos dis-

ponibilizados pelo Ircam, projecto

que mais uma vez aspirava a criar

uma nova linguagem musical de ba-

se racional.

A tenacidade com que Boulez de-

fendia as suas ideias vanguardistas

no campo da composição nos anos

50 e 60 e a sua postura irredutível

ligada à ideia de progresso na história

da música — que manteve inicialmen-

te nas escolhas dos repertórios como

maestro — foram-se diluindo nas últi-

mas fases do seu percurso artístico,

mas o peso do seu legado e da sua

personalidade permanecem como

peças-chave dos múltiplos percursos

coexistentes na História da Música

do século XX. Crítica de música

O seu legado e a sua personalidade permanecem como peças-chave dos percursos coexistentes na música do século XX

MIGUEL MEDINA/AFP

música, sendo hoje uma referência

mundial e constituindo um

modelo a partir do qual foram

criados muitos outros institutos no

plano internacional. O Ensemble

Intercontemporain, fundado por

Boulez em 1976, é uma orquestra

de 31 solistas de elevadíssimo nível

técnico individual, consagrada à

criação e interpretação da música

contemporânea.

Estas e outras instituições

criadas ou impulsionadas por

Boulez são a face mais visível do

grande organizador dos meios

musicais que foi Boulez. Foram

também elas que, de certo modo,

permitiram à contemporaneidade

musical “institucionalizar-

se”, tornar-se parte do mundo

profi ssional e, assim, chegar

ao grande público melómano

que, hoje, numa grande sala de

concerto de qualquer grande

cidade europeia, pode ouvir, lado

a lado, uma obra de referência

do repertório orquestral e uma

criação contemporânea — como

sucede na programação da

Philharmonie de Paris, um dos

grandes projectos pelos quais

Boulez pugnou incansavelmente,

ao longo de anos, até o ver

realizado já no fi nal da sua vida.

Boulez o organizador deu um

contributo essencial à música do

seu tempo, do mesmo modo que

o fez Boulez o maestro. Director

musical de grandes orquestras

na Europa e nos Estados Unidos,

maestro convidado das mais

importantes formações mundiais,

cabeça de cartaz das mais insignes

editoras discográfi cas, Boulez

levou sempre consigo a defesa

intransigente da modernidade,

não apenas no repertório que

escolheu dirigir, mas também

na forma de (re)interpretar a

música do passado, em particular

a grande tradição orquestral das

últimas décadas do século XIX

e das primeiras do século XX.

Todo o seu olhar para o passado

partia da sua óptica de compositor

em permanente diálogo consigo

mesmo, em permanente

procura, em permanente utopia

— “tentando ver por detrás de

um espelho inexistente para

surpreender a razão”, como

escreverá na sua última e

extraordinária carta a John Cage.

E não deixa de ser extraordinário

como Boulez conseguiu conciliar

na sua existência utopia e

realismo, sonho e realização, obra

artística e obra institucional.

Entre as duas, porventura,

surge a obra de Boulez pensador,

Boulez o teórico que, entre muitos

escritos incontornáveis, nos deixa

o último (até hoje) grande tratado

de composição e poética musical,

Penser la Musique Aujourd’hui,

escrito no início dos anos 60, na

cidade alemã de Darmstadt, em

cujos cursos de Verão se reuniam,

na época, os jovens compositores

da vanguarda musical, e onde

Boulez, Stockhausen e Maderna,

entre outros, surpreendiam com

as suas imparáveis pesquisas na

reorganização da linguagem, com

os seus permanentes avanços

técnicos, com as suas novas e

surpreendentes criações.

“Um belo dia você morre (...) e

passa a fazer parte da história.”

Até sempre, Pierre!

Compositor, professor da Universidade de Évora e director artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa

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10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Quase ninguém chumba por haver exames no ensino básico

Qual o impacto dos exames do en-

sino básico nas notas fi nais dos alu-

nos? Pequeno. Pouca gente leva para

casa uma nota negativa no fi nal do

ano por causa das provas nacionais.

Este é um ponto central no relatório

técnico que acompanha a proposta

de parecer que o Conselho Nacional

de Educação (CNE) debate hoje so-

bre os projectos de lei que acabam

com os exames do 1.º ciclo (do PCP

e do BE). Mas o documento do CNE

vai mais longe: avalia as consequên-

cias dos testes nacionais também nos

2.º e 3.º ciclos. Exemplo: nos últimos

dez anos de exames no 9.º ano (com

estes a valerem 30% da nota fi nal),

apenas 1,9% dos alunos avaliados ti-

veram negativa a Matemática por cul-

pa da prova nacional. Em Português,

o impacto foi ainda menor: 0,4%.

Em 2005, quando o exame do 9.º

se estreou valendo, a título excep-

cional, só 25% da classifi cação fi nal,

ninguém teve negativa por causa do

exame, nem a Português nem a Ma-

temática. Quem acabou estas duas

“cadeiras” com 2 valores ou menos

(numa escala que vai até 5) já se ti-

nha apresentado à prova nacional

com uma classifi cação interna ne-

gativa (“classifi cação interna” é a de-

signação dada às notas dadas pelos

professores pelo trabalho desenvol-

vido ao longo do ano, ao passo que

as notas dos exames são a “classifi -

cação externa”).

Conclui o CNE: “Dos 892.276

alunos que realizaram o exame de

Matemática entre 2006 e 2015, no

9.º ano, 843.538 (94,5%) obtiveram

classifi cação fi nal igual à classifi ca-

ção interna, não tendo havido qual-

quer efeito do resultado obtido no

exame”.

Nos 4.º e 6.º anos, o impacto é

igualmente reduzido. Desde 2014,

com os exames do 4.º ano a vale-

rem também 30% da nota fi nal, só

697 alunos (0,4% dos mais 195 mil

que prestaram provas a Português)

acabaram por ter uma classifi cação

fi nal negativa nessa disciplina por

causa do exame. Na Matemática, a

prova nacional foi responsável por

1,4% dos alunos do 4.º ano avalia-

dos acabarem o ano com negativa.

No 6.º ano, as percentagens foram

de 0,2% para Português e de 1,6%

para Matemática.

Ao PÚBLICO, o presidente do CNE,

David Justino, não quis adiantar qual

o sentido da proposta de parecer que

será hoje debatido pelos conselhei-

ros (o CNE é um órgão independen-

te, com funções consultivas, sendo o

presidente eleito pela Assembleia da

República). Diz apenas que os dados

mostram um impacto residual das

provas nacionais.

O mote do parecer foram os pro-

jectos de lei do BE e do PCP, que

põem fi m aos exames nacionais do

1.º ciclo do ensino básico e que já

foram votados na generalidade. En-

contram-se agora para apreciação na

Comissão Parlamentar de Educação

e Ciência. O PCP também apresen-

tou um projecto para acabar com os

exames do 6.º ano, lembra Justino.

E o ministro da Educação anunciou

nesta segunda-feira que o Governo

se prepara para apresentar, “ao lon-

go desta semana”, um novo modelo

de avaliação dos alunos e do sistema

— uma proposta concreta e formal

ainda não chegou ao CNE. Certo é

que o assunto não podia estar mais

na ordem do dia.

O relatório técnico do CNE fornece

um conjunto de informações sobre o

histórico dos pareceres e recomen-

dações dos conselheiros — lembra-

se, por exemplo, a Recomendação

n.º 2/2015, onde se destacava “a ex-

cessiva preocupação pela avaliação

sumativa e pelos resultados da ava-

liação externa no actual quadro do

sistema educativo sem existir a cor-

respondente preocupação quanto à

dimensão formativa da avaliação”.

Recomendava então o CNE ao execu-

tivo que se reavaliasse “a adequação

das provas fi nais de 4.º e 6.º anos

aos objectivos de aprendizagem dos

ciclos que encerram”.

Nesta quarta-feira, contactado pe-

lo PÚBLICO, o gabinete de comuni-

cação do Ministério da Educação

fez saber apenas que “tem vindo

a desenhar o modelo integrado de

avaliação e aferição para o ensino

básico” e que já foram “auscultados

encarregados de educação, profes-

sores, directores de escolas e agrupa-

mentos, associações de professores,

especialistas em Ciências da Educa-

Ministro da Educação vai apresentar, “ao longo desta semana”, um novo modelo de avaliação dos alunos

No últimos dez anos, menos de 2% dos alunos tiveram negativa a Matemática no 9.º ano por culpa do exame nacional

EducaçãoAndreia Sanchese Clara Viana

Só três países da OCDE com provas nacionais no 1.º e 2.º ciclo

Dos 39 países que forneceram informação à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Económico (OCDE) sobre a avaliação externa, só em três existiam, no ano lectivo passado, exames nacionais no 1.º e 2.º ciclo. Portugal era um deles. Estava acompanhado pela Bélgica francófona e pelos Estados Unidos. Os dados constam do Education at Glance 2015, o relatório anual onde a OCDE avalia o estado da educação, e são citados pelo CNE no seu relatório.

A distinção de partida é esta: há exames nacionais que contam para a nota final dos alunos, e que têm peso na sua

progressão; e há provas de aferição, utilizadas geralmente como meio de diagnóstico do que os alunos sabem ou não, mas que não contam para a nota final. Ambos são testes padronizados e aplicados a nível nacional.

No ano lectivo passado, os exames eram prática corrente no secundário na maioria dos países da OCDE (31), mas a sua expressão reduzia-se drasticamente nos ciclos de escolaridade anteriores: três países, como já referido, tinham exames no 1.º e 2.º ciclo; e 14 no 3.º ciclo, uma lista onde Portugal também marca presença. Nestes níveis, na maioria dos estados da OCDE, o mais comum é a realização de provas de aferição

(32 países fazem-nas nos 1.º e 2.º ciclos e 28 no 3.º ciclo).

Na segunda-feira, o ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues anunciou que pretende que haja “uma solução integrada de avaliação e aferição”. As provas de aferição poderão voltar ao 4.º e ao 6.º ano, como já aconteceu no passado. Contactado pelo PÚBLICO, João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional da Educação, defende a avaliação aferida “mas recorda que nos moldes em que ela foi feita antes e haver exames”, não contando para a nota final, “houve muitas queixas de que não era levada suficientemente a sério pelos alunos”.

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PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 11

ção e as instituições que serão res-

ponsáveis pela implementação do

modelo”. Acrescenta: “Grande parte

destes actores integra o CNE e, na

ronda de auscultações, também ao

presidente do CNE foram apresenta-

das várias modalidades e resoluções

possíveis, para ouvir a sua opinião.”

Em que data haverá uma proposta

não é dito.

Jorge Ascenção, presidente da

Confederação Nacional das Asso-

ciações de Pais, que integra o CNE,

espera “que não se caia no extre-

mo de não haver avaliação até ao

9.º ano”, diz que é preciso avaliar

antes com sentido preventivo, para

garantir que se detectam as princi-

pais difi culdades dos alunos desde

cedo e que elas são corrigidas, mas

acha que as provas ou os exames não

devem servir para chumbar alunos.

“É preciso que haja uma avaliação

externa e independente: se se chama

exames ou provas de aferição isso é

o que menos importa.”

RITA FRANÇA

PAULO PIMENTA

Concerto na Queima da Fitas foi em Maio do ano passado

O anterior vice-presidente da Federa-

ção Académica do Porto (FAP), Paulo

Santos, que deixou a instituição no

passado mês de Outubro, foi acusado

há dias no âmbito do processo co-

nhecido como Operação Fénix, de um

crime de exercício ilícito da activida-

de de segurança privada, o mesmo

imputado ao presidente da SAD do

FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Cos-

ta (ver caixa), e ao director-geral da

mesma, Antero Henrique.

Em causa está o facto de, em Maio

de 2015, o então vice-presidente da

FAP ter recorrido aos serviços de

acompanhamento e protecção pesso-

al da empresa SPDE — a que garantiu a

segurança no Estádio do Dragão e cuja

actividade está no centro deste pro-

cesso — alegadamente sabendo que a

fi rma não estava habilitada a prestar

esses serviços, por falta de alvará.

Esse conhecimento, que terá que

ser provado em tribunal, é que torna

a contratação daqueles serviços um

crime, incorrendo o dirigente estu-

dantil com 26 anos, numa pena de

prisão até quatro anos ou numa pena

de multa até 480 dias.

A protecção pessoal destinava-se

ao cantor Anselmo Ralph, que a 6 de

Maio passado, esteve no Porto para

dar um concerto integrado nos feste-

jos da Queima das Fitas da cidade.

Segundo o Ministério Público, o

contrato que a FAP assinou com a

SPDE previa expressamente “estar

aquela sociedade autorizada a pres-

tar acompanhamento pessoal e servi-

ços de segurança pessoal”, tal como

aconteceu com o contrato assinado

com o FC Porto.

Contudo, a contratação deste ser-

viço específi co, lê-se na acusação, foi

feita pelo telefone por Paulo Santos

que contactou Jorge Sousa, braço-di-

reito do dono da SPDE, Eduardo Silva

— ambos presos preventivamente — a

pedir-lhe para fazerem a segurança

ao cantor Anselmo Ralph. Este ligou

ao patrão a dar-lhe conhecimento do

pedido, tendo este concordado em

fazê-lo. Na conversa, Jorge Sousa re-

feriu que Paulo Santos estava com

o produtor do cantor e não queria

“fi car mal”. “Aí, o arguido Eduardo

Silva, brincando com a situação, dis-

Ex-vice da Federação Académica do Porto acusado de recorrer a segurança ilegal

ções com essa empresa”, acrescenta.

Questionado sobre se a FAP man-

tém o contrato com aquela socie-

dade, com sede em Matosinhos, o

dirigente diz que, nesta fase, estão a

ser renegociados os contratos, não

estando ainda o processo fechado.

Já Patrícia Almeida, responsável

pela comunicação do Grupo Chiado,

que agencia o cantor Anselmo Ralph,

confi rma que nos contratos que fa-

zem o responsável pela organização

do espectáculo, neste caso a FAP, fi ca

obrigada a garantir a segurança do

evento. “Quem contratam e como o

fazem não fi ca estipulado”, esclarece

Patrícia Almeida.

No passado sábado, o DCIAP acu-

sou 57 arguidos da prática de crimes

de associação criminosa, exercício

ilícito da actividade de segurança pri-

vada, extorsão, coacção, ofensa à in-

tegridade física qualifi cada, ofensas

à integridade física grave agravadas

pelo resultado, favorecimento pesso-

al, tráfi co e detenção de arma proi-

bida. Vários arguidos já anunciaram

que vão pedir a abertura de instru-

ção, o que signifi ca que um juiz terá

que validar ou arquivar as acusações

do Ministério Público.

se a Jorge Sousa para dizer a Paulo

Santos para perguntar ao produtor

do cantor se o ‘segurança do Pinto

da Costa’ chegava para ele”, lê-se na

acusação.

Os procuradores João Centeno e

Filomena Rosado, do Departamento

Central de Investigação e Acção Pe-

nal (DCIAP), afi rmam que “nenhum

dos arguidos” que prestou os servi-

ços “estava vinculado a entidade com

alvará para a prestação desses servi-

ços, bem como não eram detentores

de cartão profi ssional de vigilante de

protecção e acompanhamento pes-

soal”.

Contactado através de email, Paulo

Santos não respondeu às perguntas

do PÚBLICO. Já o actual presidente

da FAP, Daniel Freitas — que integra-

va a mesma direcção que o ex-vice-

presidente agora acusado —, disse-

se surpreendido com este processo,

garantindo que a associação desco-

nhecia que a SPDE não tinha alvará

para prestar serviços de protecção

pessoal. “Ninguém está à espera de

contratar um serviço ilegal”, afi r-

ma, sublinhando que a SPDE pres-

tava serviços à FAP há vários anos.

“Sempre tivemos as melhores rela-

Operação Fénix Mariana Oliveira

Contratação de protecção pessoal do cantor Anselmo Ralph, num concerto na Queima das Fitas do Porto, está na base da acusação

A Operação Fénix, que investiga graves suspeitas sobre o responsável pela segurança pessoal

de Pinto da Costa, não é o primeiro caso em que a justiça aponta o dedo ao presidente do Futebol Clube do Porto. Mas até hoje nenhum desses casos obrigou o dirigente desportivo, que tem sempre negado qualquer ligação a práticas ilícitas, a sentar-se no banco dos réus. Tal como na Operação Fénix, também o mundo dos negócios da noite era central no processo Noite Branca, onde se destacava Bruno Pidá, condenado condenado a 23 anos de prisão por homicídio. Pinto da Costa sempre garantiu não conhecer este membro dos Super Dragões, embora existam imagens que o mostram ao lado do presidente do FCP, a garantir a sua segurança. Depois há o universo do caso Apito Dourado, cujas escutas, embora não tenham sido validadas pela justiça como prova, continuam a fazer as delícias de quem as ouve.

As suspeitas do Ministério Público iam no sentido de o FC Porto recompensar os árbitros que ajudavam o clube com “fruta para dormir” e “café com leite”, ou, numa linguagem mais prosaica, de lhes fornecer prostitutas. Embora Pinto da Costa tenha sido acusado de corrupção desportiva pela procuradora Maria José Morgado, o caso também acabou por não dar em nada, apesar das graves imputações publicadas em livro por Carolina Salgado, a antiga companheira do dirigente. Em 2008, o Estado foi condenado a indemnizar Pinto da Costa em 20 mil euros, mas no ano seguinte o Supremo revoga essa decisão. Em causa estava o facto de em Dezembro de 2004 o líder dos dragões ter-se apresentado voluntariamente em tribunal para prestar declarações, mas ter recebido ordem de detenção já no interior do edifício.

Muita parra e pouca uva

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12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

GUILHERME MARQUES

PCP culpa anterior Governo por falta de resposta dos hospitais

As recentes mortes nos hospitais

por alegada falta de resposta dos

serviços levaram o PCP a responsa-

bilizar a anterior maioria PSD-CDS

pelo desinvestimento no Serviço

Nacional de Saúde (SNS). O caso da

morte de um jovem por ruptura de

aneurisma no Hospital de S. José,

em Lisboa, veio a lume nas decla-

rações políticas, na Assembleia da

República, mas o PSD considerou

que os comunistas estavam a fazer

um “aproveitamento político” de

uma “tragédia”.

O deputado João Ramos sustentou

que a morte do jovem em S. José se

deveu à falta de profi ssionais, “por-

que o anterior Governo cortou no va-

lor pago nas horas de qualidade e de

prevenção”. E citou outros casos de

doentes que terão morrido por falta

de assistência nos hospitais nas últi-

mas semanas. A culpa é do anterior

Governo, apontou. “Durante quatro

anos, o Governo PSD-CDS entendeu

que o SNS deveria ser emagrecido.

Foram anos de subfi nanciamento e

desmantelamento do SNS, de desin-

vestimento e de desvalorização dos

profi ssionais”, afi rmou, embora ad-

mitisse que “o caminho começou a

ser trilhado antes”.

Em resposta, o social-democrata

Miguel Santos criticou a bancada co-

munista por optar por uma “política

primitiva”. “Está a utilizar a desgra-

ça alheia para, com base em consi-

derações não apuradas, fazer este

aproveitamento político. Decorre

um inquérito, pelo seu Governo [PS,

com apoio de BE, PCP, PEV], com

vista ao apuramento das circunstân-

cias ocorridas”, apontou o deputado

do PSD. O social-democrata viria a

ter resposta à sua crítica por parte

da bancada bloquista. “Foram as po-

líticas que provocaram ruptura nes-

tes serviços, reduzindo orçamento

atrás de orçamento. Os hospitais es-

tão no limite da sua capacidade de

resposta. Quem lançou o anátema

foi quem os colocou neste limite de

resposta”, afi rmou Moisés Ferreira

do BE.

Depois de João Ramos assumir

que o PCP “está a contribuir para a

mudança de políticas”, ouviu-se o

deputado socialista sustentar que

com o novo Governo se abre um

novo período de esperança. O de-

putado listou as medidas tomadas

“em um mês e meio” pelo executi-

vo de António Costa: reduziu taxas

moderadoras, prometeu introduzir

mais consultas de especialidade nos

centros de saúde. Pelo Partido Eco-

logista Os Verdes José Luís Ferreira

concordou com a responsabilização

do anterior Governo pelo estado a

que a Saúde chegou. “A acção do Go-

verno PSD-CDS baseou-se nos cortes

cegos, encerramento de serviços,

preocupação com os interesses pri-

vados e em empurrar os custos para

o utente”, disse.

Ministro no ParlamentoO ministro da Saúde e os dirigen-

tes demissionários na sequência da

morte de um jovem após a ruptura

de um aneurisma no hospital de S.

José (Lisboa) vão ser ouvidos no Par-

lamento, a pedido do PS e do PCP. O

requerimento do PCP foi aprovado

na Comissão Parlamentar de Saúde,

com as abstenções do PSD e do CDS,

disse à Lusa fonte do grupo parla-

mentar comunista, acrescentando

que o Bloco de Esquerda não estava

presente.

No requerimento pede-se a audi-

ção urgente do ministro da Saúde,

Adalberto Campos Fernandes, e dos

vários dirigentes demissionários — o

presidente da Administração Regio-

nal de Saúde de Lisboa e dos presi-

dentes dos conselhos de adminis-

tração dos centros hospitalares de

Lisboa Norte e de Lisboa Central,

que inclui o S. José. Em causa está

a morte de David Duarte, que deu

entrada no Hospital de S. José numa

sexta-feira a necessitar de “uma in-

tervenção da área da neurocirugia”,

tendo acabado por não ser opera-

do porque a equipa especializada

“encontrava-se em situação de pre-

venção”.

O PCP lamenta que, “apesar de

esta situação ser conhecida das vá-

rias entidades”, só depois da mor-

te do rapaz é que os responsáveis

“apresentaram a demissão”. Para

os comunistas, “esta situação não se

desliga do desinvestimento no SNS”

e da “retracção da sua capacidade de

resposta”. O requerimento foi assim

justifi cado com a “gravidade da situ-

ação, que contraria todo o discurso

propagandístico do anterior executi-

vo quanto à capacidade de resposta

do SNS”. com Lusa

Problemas na resposta dos hospitais levaram a troca de acusações ontem na Assembleia da República

PSD acusa comunistas de “aproveitamento político” de “tragédias”. Ministro vai ser ouvido na Comissão Parlamentar de Saúde a propósito da morte de um jovem por ruptura de aneurisma no S. José

SaúdeSofia Rodrigues

Hospital de Setúbal investiga morte de mulher na urgência

Maria do Rosário Silva, de 47 anos, terá sido vítima de derrame cerebral

O Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, abriu um “processo de averiguações” às circunstâncias em que

morreu uma mulher de 47 anos que terá sofrido um derrame cerebral e que faleceu no hospital horas depois de ter dado entrada no serviço de urgências pelo próprio pé. A investigação do caso foi confirmada ontem ao PÚBLICO por fonte do Gabinete de Comunicação do Hospital de S. Bernardo que adiantou desconhecer quanto tempo poderá demorar o procedimento.

Segundo a família, Maria do Rosário Silva, mãe de dois menores de 9 e 15 anos, deslocou-se às urgências do Hospital de Setúbal no dia 28 de Dezembro passado, devido a fortes dores de cabeça, e acabou por morrer horas depois, já na madrugada de dia 29,

alegadamente devido a uma hemorragia cerebral. Paulo Silva, irmão da falecida, explicou ao PÚBLICO que a família suspeita de que a doente foi mal diagnosticada, porque já tinha recorrido ao mesmo serviço de urgências uma primeira vez, 15 dias antes, pela mesma razão de intensas dores de cabeça, e que foi medicada com antibiótico para problemas nos ouvidos.

“A família tem intenção de recorrer aos tribunais e espera informação do hospital sobre o primeiro diagnóstico, que não detectou qualquer problema, e sobre o que se passou no dia 28, porque também não sabemos os tratamentos que foram feitos, o que é que lhe deram, para resultar na morte da minha irmã”. O irmão acrescenta que a família pretende levar o caso “até às últimas consequências” por considerar que se trata de

“uma questão de planeamento e organização” dos meios hospitalares. “O hospital não tem condições na área da neurologia. À minha irmã não foi feito qualquer exame que pudesse diagnosticar o seu problema, nem uma ressonância magnética nem uma TAC [tomografia axial computorizada]”, afirma Paulo Silva.

O hospital de Setúbal tem serviço de neurologia, embora não disponha de neurocirurgia, especialidade que, nesta zona do país, é assegurada pelo Hospital Garcia de Orta, em Almada. Neste caso, o diagnóstico de Rosário Silva foi enviado ao Hospital Garcia de Orta, mas, quando a resposta chegou a Setúbal, a doente já estava em morte cerebral. Suspeita-se de uma ruptura do aneurisma. Francisco Alves Rito

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PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 13

Uma mulher com cerca de 50 anos,

doente oncológica e desempregada,

terá envenenado o fi lho de 11 e ter-

se-á suicidado, igualmente através

da ingestão de um produto tóxico.

Os dois corpos foram encontrados

na madrugada de ontem, no sítio do

Lombo de São João, Ponta do Sol, na

Madeira, por um familiar que alertou

as autoridades.

Mãe e fi lho foram encontrados pe-

las 2h30 na casa onde viviam com

outra filha, já maior, e o marido

desta. Aos dois depararam-se-lhes

as vítimas, deitadas na cama; e aler-

taram as autoridades. Quando os

Bombeiros Voluntários da Ribeira

Brava chegaram ao local, a cerca de

25 quilómetros a oeste do Funchal,

encontraram a mulher e a criança

sem vida e vários manuscritos a des-

crever o desespero em que a mulher

vivia e a justifi car o sucedido.

São estes textos, em conjunto com

as investigações preliminares das

autoridades, que levam a crer que

a mulher terá feito com que o fi lho

ingerisse um produto tóxico, tendo

feito o mesmo. “Ainda não é claro

se o menor foi forçado pela mãe a

ingerir o veneno, se foi simplesmente

convencido ou enganado”, explica

uma fonte da Polícia Judiciária, que

está a investigar o caso.

A mulher, segundo o PÚBLICO

apurou, era doente oncológica e es-

tava desempregada, razões que terão

motivado a tragédia, que está a cho-

car a população daquela pequena vi-

la na costa sul da Madeira, que conta

com menos de dez mil habitantes. O

último companheiro da mulher (que

não era o pai dos três fi lhos) também

se tinha suicidado há cerca de um

mês — igualmente através da ingestão

de um produto tóxico.

Além do menino, que completava

12 anos no próximo fi m-de-semana,

a mulher tinha mais dois fi lhos: a jo-

vem que encontrou os corpos e outro

rapaz, também maior de idade, que

vive fora do país, mas que estava na

Madeira de férias.

Bastante doente, com difi culdades

de locomoção e enfraquecida pelos

tratamentos contra o cancro, a mu-

lher é descrita pelos vizinhos como

Mulher doente terá envenenado filho de 11 anos

sendo muito próxima do fi lho. “Eram

muito amigos, ela não falava muito

na rua, mas via-se que gostavam mui-

to um do outro”, comentou uma vi-

zinha, ainda incrédula com o que

aconteceu na pequena casa de dois

andares, numa zona montanhosa.

Família e vizinhos não conseguem

encontrar explicações para a tragé-

dia e adiantam que nada fazia prever

tal acto. Mauro Paulino, psicólogo fo-

rense, diz ao PÚBLICO que este caso

pode enquadrar-se no chamado “ho-

micídio por compaixão”, tendo em

conta a situação em que a mulher se

encontrava. “É uma situação típica

em casos de doenças terminais, em

que a pessoa não consegue vislum-

brar uma saída e convence-se que

com a sua morte o outro fi cará a so-

frer e, por isso, matá-lo será a única

forma de acabar com esse sofrimen-

to”, explica Mauro Paulino. O “homi-

cídio por compaixão”, acrescenta, é

um conceito teórico, estudado pela

psicologia clínica, que poderá servir

para encontrar uma explicação.

Mas na vizinhança ninguém com-

preende. “Era um menino alegre,

respeitador, que adorava jogar à bola

por aqui”, comenta outra vizinha. A

criança, que jogava futebol no clube

da terra, era também próxima da ir-

mã mais velha. O pai dos três irmãos

saiu de casa há quatro anos. Os vizi-

nhos desconhecem o seu paradeiro

desde essa altura.

Este não é um caso inédito. Em

Janeiro de 2013, uma mulher de 40

anos envenenou fatalmente os dois

fi lhos, um de 12 anos e outro de 11,

recusando-se a aceitar uma decisão

do Tribunal de Família e Menores de

Cascais, que entregou a guarda dos

dois menores ao pai. com Mariana Oliveira

Madeira Márcio Berenguer

Mulher tinha cancroe estava desempregada e ter-se-á suicidado após envenenar o filho, na vila da Ponta do Sol

Caso está a chocar residentes na Ponta do Sol, na Madeira

Para já, os enfermeiros do serviço vão fazer horas extraordinárias

A Unidade de Alcoologia de Lisboa,

com uma capacidade de internamen-

to de 25 camas, está a acolher apenas

dez doentes e quando estes tiverem

alta não vai aceitar mais pessoas. Em

causa está a falta de profi ssionais de

enfermagem. O serviço chegou a

contar com mais de dez enfermeiros,

mas está desde fi nal de 2015 a funcio-

nar com apenas cinco, pelo que só

consegue continuar a assegurar as

consultas externas. A tutela garan-

te que está a decorrer um concurso

para substituir os dois últimos enfer-

meiros que saíram, mas o aumento

para sete profi ssionais não permitirá

dar resposta aos 25 casos e a lista de

espera está a aumentar.

O risco de encerramento da parte

de internamento motivou uma pe-

tição online por parte de utentes e

familiares desta unidade, encabe-

çada por Pedro Múrias, tratado nes-

ta unidade há cerca de 12 anos. “É

um serviço público, gratuito para os

utentes e de grande qualidade, que

valoriza a dignidade das pessoas e

lhes dá ferramentas para a vida”,

afi rma ao PÚBLICO. Na petição, os

subscritores lamentam que a unida-

de “pareça ter o seu fi m anunciado,

pela falta de enfermeiros, técnicos e

auxiliares”. “Estamos a falar de um

trabalho de décadas, com resultados

práticos”, lê-se na argumentação,

que elogia também o método de

Falta de enfermeiros compromete futuro da Unidade de Alcoologia de Lisboa

trabalho desta instituição, precisa-

mente por promover a “integração

da família no tratamento” e ensinar

os doentes a serem um “membro útil

da sociedade”.

A psiquiatra Ana Croca, directora

clínica da instituição, explicou que

só poderia falar mediante autoriza-

ção da tutela e remeteu explicações

para a Administração Regional de

Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (AR-

SLVT). Em 2015 saíram três enfermei-

ros, dois dos quais em Novembro. O

ano acabou por fechar com um total

de 274 internamentos, quando no

passado ultrapassava os 300. Nes-

te momento há mais de 60 pessoas

à espera de uma vaga e a demora

situava-se nos quatro meses, quando

não costumava ultrapassar 30 dias.

Questionado pelo PÚBLICO, o Mi-

nistério da Saúde respondeu que “a

ARSLVT se reuniu com os responsá-

veis do SICAD [Serviço de Interven-

ção nos Comportamentos Aditivos e

nas Dependências] e fi cou acertado

que, no imediato, o internamento na

Unidade de Alcoologia continuará

a ser assegurado pelos enfermeiros

do serviço em horas extraordiná-

rias”. Segundo a mesma fonte, “o

concurso que está a decorrer para

a contratação de enfermeiros vai ser

entretanto encerrado e no prazo de

15 dias dois desses enfermeiros deve-

rão ser colocados no Serviço”. Na re-

alidade este concurso foi aberto em

2013 e, portanto, pretendia suprir

necessidades anteriores. A ARSLVT

não esclareceu se há planos concre-

tos, por exemplo, para integrar esta

unidade de internamento no Serviço

de Alcoologia do Centro Hospitalar

Psiquiátrico de Lisboa (Hospital Jú-

lio de Matos), que funciona no mes-

mo recinto — o Parque da Saúde de

Lisboa.

MIGUEL NOGUEIRA

Saúde Romana Borja-Santos

Serviço já teve dez enfermeiros, mas está reduzido a cinco. Tutela diz que vai abrir concurso para dois profissionais

A Polícia Judiciária está a investigar

o caso de uma mulher encontrada

decapitada em sua casa ontem pe-

las autoridades, que iam avisá-la da

morte do companheiro. Tudo acon-

teceu em Santa Marinha do Zêzere,

no concelho de Baião.

Com 64 anos, o homem tinha si-

do encontrado morto às 7h50, na

praia junto ao porto de Leixões,

no concelho de Matosinhos, pela

Polícia Marítima, indicou fonte da

GNR do Porto. “As autoridades ten-

taram contactar a senhora para a

avisar da morte do companheiro e,

como não conseguiram, decidiram

deslocar-se a sua casa. Chegando

lá, a GNR encontrou a mulher, de

56 anos, já cadáver, na sala. Por ha-

ver indícios de homicídio, o caso

foi entregue à Polícia Judiciária”,

resumiu a GNR.

Outra fonte da GNR informou que

foi pelas 13h15 que os guardas en-

contraram a mulher decapitada na

sua residência. Suspeita-se de que

tenha sido o companheiro, ele pró-

prio um militar da GNR aposentado,

a decapitar a mulher, que tinha 56

anos, uma vez que existiam denún-

cias de violência doméstica contra

ele. O homem não estaria, porém,

sujeito a nenhuma medida de afas-

tamento coercivo da companheira,

como a pulseira electrónica, uma

vez que essas denúncias já seriam

antigas.

A confi rmar-se ter sido o com-

panheiro, este será o primeiro ho-

micídio de 2016 num contexto de

violência doméstica. Em 2015 re-

gistaram-se pelo menos 29 mortes

de mulheres, a grande maioria das

quais perpetradas pelos maridos ou

companheiros. O facto de se tratar

de um número muito inferior ao de

2014, ano em que foram assassina-

das 44 mulheres, não sossega quem

tem vindo a estudar o fenómeno.

“Não se pode falar ainda numa ten-

dência de descida dos homicídios

por violência doméstica, uma vez

que os números têm oscilado muito

de ano para ano, para cima e para

baixo. Já houve anos com apenas 22

mortes”, descreve Elisabete Brasil,

do Observatório de Mulheres Assas-

sinadas da União de Mulheres Alter-

nativa e Resposta. PÚBLICO/Lusa

GNR encontra mulher decapitada

Crime

Autoridades encontraram a mulher morta em casa quando iam avisá-la da morte do marido

Page 14: Público 2016-07-01

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

A actualidade internacional, com o

anúncio de Pyongyang de que teria

feito detonar a sua primeira bomba

de hidrogénio, acabou por motivar a

pergunta: “A Coreia do Norte é uma

ditadura ou uma democracia?” A

questão foi lançada pelo jornalista

João Adelino Faria, no debate de

ontem na RTP, aos dois candidatos

de esquerda que tinha à sua frente.

Marisa Matias, apoiada pelo BE, res-

pondeu prontamente: “Considero a

Coreia do Norte uma ditadura.” Já o

candidato Edgar Silva, apoiado pelo

PCP, repetiu a pergunta, contornou-a

e só no fi m acaba por concordar que

a democracia não é um “privilégio”

daquele país.

Embora o teor das respostas tam-

bém tivesse sido diferente — Marisa

Matias foi mais clara e directa ao ma-

nifestar a sua discordância relativa-

mente ao regime ofi cialmente socia-

lista, de partido único e com graves

violações dos direitos humanos da

Coreia do Norte —, o que saltou à

vista foi a forma como o comunista

tentou contornar a questão.

O ex-padre católico começou por

defender que um Presidente da Re-

pública deve ter com todos os países

relações de cooperação, independen-

temente da avaliação “subjectiva”

que faz desses mesmos Estados. A

seguir, reconheceu que há em vários

países do mundo “insufi ciente res-

peito pelos direitos humanos”.

João Adelino Faria insistiu: “Não

respondeu à minha pergunta.” É

uma democracia? “Não vejo que se-

ja um privilégio da Coreia do Nor-

te”, respondeu. De seguida, disse a

Marisa Matias: “Não diga que é uma

democracia avançada.” Mas a can-

didata tinha a resposta pronta: “Eu

considero a Coreia do Norte uma di-

tadura que ataca o seu povo.”

Ambos concordam com políticas

de desarmamento, de cooperação e

de paz, mas Edgar Silva tentou ata-

car a eurodeputada, dizendo que o

Parlamento Europeu votou favora-

velmente a intervenção militar na

Líbia. Marisa Matias aconselhou o

adversário a consultar as actas: “Vo-

tei contra.”

Com sucessivos debates televisi-

vos, há temas que se repetem e o

Orçamento Rectifi cativo é um deles.

Num frente-a-frente com a candida-

ta Maria Belém, Marisa Matias tinha

dito que não “assinaria de cruz” um

orçamento que serve para os contri-

buintes pagarem “desvarios fi nan-

ceiros” e que devolveria o debate à

Assembleia da República (AR). Num

outro debate, também com Maria de

Belém, Edgar Silva justifi cou a pos-

sibilidade de viabilizar aquele orça-

mento com o “sentido de responsabi-

lidade” de um chefe de Estado.

Ora, ontem, Edgar Silva admitiu

que não colocaria de parte a hipótese

do veto político e de devolver aquele

orçamento à AR. Para o comunista,

em causa está a “injustiça clamorosa”

de obrigar os contribuintes a “despe-

jar mais dinheiro na falência de um

banco”. Porém, questionou: “Numa

situação extrema, que poderes tinha

o Presidente senão, em última instân-

cia, viabilizar este orçamento? De-

mitia-se ou dissolvia a Assembleia?”,

questionou, invocando novamente o

“sentido de responsabilidade”.

Marisa Matias manteve que devol-

veria o debate à AR, num “primeiro

momento”. E, confrontada com os

poderes do chefe de Estado, esclare-

ceu saber “muito bem” que, se a AR

se pronunciasse num determinado

sentido, teria de o promulgar. Em-

bora em tese coloque a hipótese de

a decisão da AR ser outra.

A candidata entende que é “pre-

ciso uma Presidente que se bata

pelo país, que o defenda em todos

os momentos, mesmo os mais difí-

ceis”, e que “a posição da maioria e

do Governo” era a da integração do

Banif na Caixa Geral de Depósitos, o

que “seria uma mensagem forte para

Bruxelas da Presidente”.

TAP 100% estatalDurante o dia, Edgar Silva foi à sede

da TAP defender que o negócio de

privatização da empresa seja rever-

tido e que a empresa de aviação per-

maneça 100% estatal, mesmo que is-

so não seja o cenário defendido pelo

Governo do PS, partido com o qual o

PCP, que apoia o candidato, tem um

acordo político. O candidato a Belém,

que se reuniu com os representantes

dos trabalhadores da TAP, disse no

fi nal aos jornalistas ser um “impera-

tivo nacional” defender a empresa

como propriedade pública”. “Para

a prestação do serviço público, e co-

mo instrumento de coesão social e

unidade nacional, como vector do

desenvolvimento, só podemos fi car

devidamente salvaguardados quan-

do estiver garantida a propriedade

totalmente pública da TAP.”

Sobre o facto de o Governo PS

admitir a venda de apenas 49% da

companhia, Edgar Silva recorreu a

casos passados: “Temos memória

do que aconteceu em processos de

privatização parcial noutros secto-

res, como o energético ou da Cim-

por. Embora começando por uma

cedência parcial da propriedade

pública, avançou-se depois para o

desmantelamento” da natureza pú-

blica das empresas.

Por isso, apenas 51% de participa-

ção pública não chega e “100% se-

ria o ideal”. Apesar desta posição,

Edgar Silva não prevê colisão com o

Governo. Até porque, vinca, “ainda

está tudo em aberto”. Nem conside-

ra que seja mais oneroso para o país

reverter o processo: “Nada será pior

para o interesse nacional e nunca se-

rá mais oneroso para Portugal do que

Edgar Silva e Marisa Matias: o frente-a-frente mostrou diferenças relevantes entre os dois candidatos mais à e

Marisa Matias acabaria por promulgar o Orçamento Rectificativo

Coreia do Norte é uma ditadura? Marisa responde “sim”, Edgar hesita

Sobre o Orçamento Rectifi cativo, a candidata do BE esclareceu que sabe “muito bem” que, se a AR insistisse, teria de o promulgar. Edgar Silva, afi nal, também não excluía o veto

DANIEL ROCHA

Presidenciais Maria João Lopes

Page 15: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 15

o rumo da privatização que estava a

ser imposta” pela direita.”

Mas quando questionado pelo PÚ-

BLICO sobre o que fará concretamen-

te se, caso seja eleito, o Governo PS

reverter o negócio, Edgar Silva disse

que tudo fará para defender que es-

te sector se mantenha público. “De-

pois, se o Governo e a Assembleia da

República assumirem decisões que

vão noutro sentido, terei o dever de

respeitar a decisão de outros órgãos

de soberania”.

Edgar Silva mostrou-se também

preocupado com as questões labo-

rais na transportadora onde os tra-

balhadores se queixam de “inten-

sifi cação de formas de exploração

laboral, subcontratação a empresas

de trabalho temporário e situações

de precarização que estão a atingir o

limite do intolerável”, factores que,

na opinião do candidato, “degradam

a qualidade do serviço e atentam

contra princípios e direitos funda-

mentais da Constituição”.

esquerda

Sampaio da Nóvoa visitou o Comando Conjunto para as Operações Militares

Santarém foi o distrito escolhido por Maria de Belém Roseira para arrancar domingo

a campanha oficial das presidenciais, que será “simples, modesta e de proximidade”, sem ataques aos adversários e centrada no contacto com as populações. “Vou deixar de falar dos outros candidatos, senão centralizam toda a atenção naquilo que eu digo sobre eles”, afirmou a candidata presidencial, em conversa informal ontem ao almoço com os jornalistas.

Com o mandatário para a juventude da sua candidatura ao lado — o presidente da Associação Académica de Coimbra, Bruno Matias —, Maria de Belém Roseira revelou alguns pormenores da sua campanha. Depois de uma primeira semana a atravessar o país de norte a sul pelo litoral, na segunda semana a caravana deverá percorrer o interior do país — “até porque o compromisso com o interior é um dos pilares da campanha” .

Apesar de Maria de Belém Roseira garantir que, “ao contrário de outros candidatos”, não tomou iniciativa de insistir junto de ninguém para a apoiar e que a sua candidatura é “suprapartidária”, ao longo das próximas duas semanas deverão surgir a seu lado personalidades, nomeadamente do PS. “Vão aparecer, como vão aparecer outras pessoas, porque aparecem como pessoas e não como cargos”, sustentou.

Questionada se terá o apoio do antigo primeiro-ministro António Guterres, Maria de Belém Roseira garantiu não saber, tal como assegurou nunca ter falado com Seguro sobre a sua candidatura. A candidata falou ainda sobre as críticas e acusações que tem sido alvo: “Conheço o percurso que as mulheres têm de fazer para serem respeitadas (...), já ando nisto há muitos anos”, desabafou. Lusa

Belém já não fala de outros candidatos

À chegada, Sampaio da Nóvoa vinha

com pressa, já em ritmo de campa-

nha. Desceu, à chuva, do seu carro

e cumprimentou o general Pinto Ra-

malho, ex-chefe do Estado-Maior do

Exército, que vinha acompanhá-lo,

como apoiante, a esta visita ao co-

mando operacional das Forças Ar-

madas portuguesas. Com o candi-

dato viajavam outros militares, seus

apoiantes: o almirante Melo Gomes

e o general Luís Araújo, ex-chefe do

Estado-Maior da Força Aérea.

Vinham todos para um briefi ng,

reservado, sobre as missões do Co-

mando Conjunto para as Operações

Militares, no Reduto Gomes Freire,

em Oeiras, nas antigas instalações

do Comando Conjunto de Lisboa da

NATO. Entrou por uma porta com

uma inscrição em inglês que garan-

tia um “nível de alerta de segurança

A+”. E lá fi cou cerca de uma hora,

a ouvir os responsáveis deste órgão

do Estado-Maior General das Forças

Armadas.

Todas as explicações que ouviu

Nóvoa critica “falta de clareza” de Marcelo em véspera de debate

eram “reservadas”, o que impediu

a presença dos jornalistas ali pre-

sentes. Mas, à saída, Nóvoa, acom-

panhado pelos seus apoiantes e

pelo mandatário nacional, Correia

de Campos, classifi cou de “muito

importante” a reunião. O candida-

to garante que as “Forças Armadas

são um pilar central da nossa sobe-

rania” e que exercer a função de

“comandante supremo” é uma das

funções principais do Presidente da

República, para a qual se tem vindo

a preparar.

Lembrando que existem cerca de

dois mil militares portugueses en-

volvidos em missões fora do país, a

“assegurar a paz e a segurança em

muitos pontos do mundo”, Nóvoa

agradeceu ao chefe do Estado-Maior

das Forças Armadas as informações

que recebeu.

O candidato voltou a afi rmar que,

entre as suas “primeiras preocupa-

ções”, está também assegurar “a co-

operação institucional e a garantia

de estabilidade” política. Por estar

ali, em terreno militar, Nóvoa evi-

tou comentar a actualidade políti-

ca desta fase fi nal da pré-campanha

das presidenciais. Remeteu para o

primeiro-ministro, António Costa,

qualquer avaliação sobre o grau de

cooperação que os vários candida-

tos asseguram com o Governo. Mas

voltou a elogiar a solução governati-

va actual: “Sinto-me muito confor-

tável com este novo tempo.”

Mas a chuva continuava a cair e

as declarações abreviaram-se ainda

mais. A próxima pergunta era sobre

a polémica das declarações de Mar-

celo Rebelo de Sousa sobre o chum-

bo pelo Tribunal Constitucional do

primeiro Orçamento de Passos Coe-

lho, apontada pela candidata Marisa

Matias no frente-a-frente com o seu

rival. Nóvoa começou por não que-

rer responder — “terei oportunidade

de discutir com Marcelo Rebelo de

Sousa no debate” de hoje à noite.

Mas acabou por criticar a “duplici-

dade” das posições assumidas pelo

candidato, agora e enquanto era

comentador residente na TV. Para

Nóvoa, algumas das afi rmações de

Marcelo “dizem uma coisa e o seu

contrário”. E é essa “falta de clare-

za”, que critica, que, na sua opinião,

constitui “um problema”.

Paulo Pena

“Conheço o percurso que as mulheres têm de fazer para serem respeitadas”Maria de Belém

NUNO FERREIRA SANTOS

NUNO FERREIRA SANTOS

Page 16: Público 2016-07-01

16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

PSD critica Governo por não divulgar nomeações para o Estado

NUNO FERREIRA SANTOS

Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, acusou a direita de ter deixado o país “na bancarrota social”

O vice-presidente da bancada do

PSD, Hugo Soares, acusou ontem o

Governo PS de violar a lei ao não di-

vulgar na Internet as nomeações (154

em 41 dias, contabilizou) feitas pelo

executivo. No período de declarações

políticas, o PS justifi cou com uma no-

va política as exonerações no Institu-

to de Emprego e Formação Profi ssio-

nal (IEFP). O Governo veio, ao fi nal

da tarde, esclarecer que pretende

cumprir a lei, que não prevê prazo

para a publicação das nomeações.

Segundo uma nota da presidência do

Conselho de Ministros, será disponi-

bilizada a informação sobre o valor

do vencimento bruto e líquido, e o

link para o respectivo despacho.

À esquerda, BE e PCP foram suaves

com os socialistas e o Bloco de Es-

querda até saudou os despedimentos

dos dirigentes naquele instituto.

Hugo Soares (PSD) começou por

criticar o excesso de nomeações pa-

ra o Estado em “pouco tempo”, mas

apontou sobretudo a falta de trans-

parência. “O Governo esqueceu-se foi

de nomear o assessor com a compe-

tência de publicar as nomeações na

sua própria página electrónica. Uma

exigência da lei”, gracejou. “Este é um

Governo sem pudor a nomear. Mas

com muita vergonha em divulgar”,

acrescentou, apontando ainda como

um exemplo de tentativa de partida-

rização da administração pública a

exoneração de todos os “dirigentes

de topo” no IEFP (ver pág. 23)

Pelo PS, João Galamba ignorou a

divulgação das nomeações, mas con-

testou o ataque em torno do cliente-

lismo. “Não venha aqui armado em

virgem como deputado do partido

que despartidarizou a administração

pública, quando o que aconteceu foi

o contrário em todo o lado”, disse o

socialista, justifi cando o varrimento

no IEFP com uma “nova política” a

ser adoptada e com o “malabarismo”

feito com os números para agradar

ao anterior Governo PSD-CDS.

O Bloco de Esquerda foi também

prudente, mas foi mais longe ao sau-

dar a exoneração dos dirigentes do

IEFP, que contrataram 900 forma-

dores a recibo verde. Terem sido

“despedidos (...) [foi] um serviço

ao país”, disse Pedro Filipe Soares,

líder da bancada bloquista, que se

cial-democrata do “medo” sobre o

que aí vem. “Existiram sacrifícios nos

últimos quatro anos, isso deveu-se à

política do PS e que a senhora depu-

tada veio aqui dizer que estão prepa-

rados para repetir. Tenham medo,

muito medo, o pior é depois a factura

que temos de pagar. Foi uma festa. Só

espero que os custos que temos de

pagar sejam menores do que os de

2011”, atirou Carlos Abreu Amorim.

O social-democrata não fi cou sem

resposta. “Os senhores deixaram

Portugal na bancarrota social. Foi a

festa da pobreza e do desemprego”,

disse Ana Catarina Mendes, receben-

do palmas da bancada bloquista. “O

medo foi o que os senhores instala-

ram na sociedade portuguesa nos

últimos quatro anos”, rematou.

Se o BE esteve em harmonia com

o PS quanto às políticas de recupera-

ção do rendimento, já sobre o siste-

ma fi nanceiro as opiniões divergem.

A declaração política da deputada

Mariana Mortágua centrou-se no Ba-

nif, para rejeitar qualquer tentação

de privatizar a Caixa Geral de Depósi-

tos imposta por Bruxelas no momen-

to em que o banco público precisar

de ser recapitalizado. “Nesse dia,

como agora, a resposta do Bloco de

Esquerda será um redondo e rotun-

do não”, afi rmou.

Quanto ao Banif, a deputada atirou

as responsabilidades para o anterior

Governo PSD-CDS. A bancada social-

democrata já tinha assumido uma

posição, logo de manhã, ao anteci-

par-se ao PS e à esquerda e marcar

para dia 22 o debate de uma proposta

de criação da comissão parlamen-

tar de inquérito. Uma iniciativa que

poderá convergir num texto único

caso outras propostas venham a ser

apresentadas. O PS, o BE e o PCP

estavam a trabalhar num projecto

comum mas sem pressas.

Nas primeiras declarações políticas do ano, a direita começou ao ataque. PS fala num “tempo novo” da nova maioria de esquerda, mas sem receber apoio entusiástico das bancadas à sua esquerda

ParlamentoSofia Rodrigues

chamou, na sua declaração política,

a vice-presidente da bancada do PS

Ana Catarina Mendes. A dirigente

socialista enumerou algumas das

medidas já aprovadas pelo Governo

na área da protecção social e do de-

sagravamento da carga fi scal.

“O tempo novo”À esquerda, recebeu um tímido

apoio. O PCP, através de Paula San-

tos, partilhou a ideia de uma pers-

pectiva optimista para 2016 com as

medidas já aprovadas. E repetiu:

“Estamos num novo tempo, estare-

mos cá para defender e lutar pelos

trabalhadores e pelo nosso povo.” Já

Mariana Mortágua (BE) conteve-se

no entusiasmo pelo novo Governo,

focando-se mais nas consequências

das políticas do Governo PSD-CDS.

O PSD voltou a perguntar pela fac-

tura que os portugueses poderão vir

a pagar, repescando o discurso so-

assumiu contra a existência da Cre-

sap (comissão independente para as

colocações na administração públi-

ca). A sua existência, defendeu, não

impediu “nomeação atrás de nome-

ação, ora saía o bilhete ao PSD ora

saía ao CDS”.

Pelo PCP, António Filipe lembrou

que também o anterior Governo fez

muitas nomeações, mesmo quando

sabia que ia “cair”. “Não venham cá

falar de nomeações. Não andamos

aqui à procura de lugares”, susten-

tou. Para Hugo Soares, a posição do

PCP e do BE revela que não sabem

se “são do Governo ou da oposição”.

O social-democrata diz ainda que o

PS quer que as nomeações voltem a

ser como antes de 2011: “Com base

ou no cartão de militante do PCP, do

BE ou dos partidários do PS.”

As posições das bancadas mais à

esquerda refl ectem uma atitude mais

prudente. O “tempo novo”, como lhe

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PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 17

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Se as tradições políticas já não são o

que eram, ainda há hábitos que se

mantêm. Como ouvir cantar as Ja-

neiras e formular votos para o novo

ano no Dia de Reis. Ontem, os dois

primeiros-ministros da legislatura

repetiram esta tradição com pers-

pectivas diferentes para 2016.

“Neste Dia de Reis celebramos a es-

perança que o ano novo traz, mas

também aquilo que é o dever de so-

lidariedade e da partilha. A partilha

deve ser encarada como a razão de

ser pela qual estamos no mundo e

pela qual devemos todos os dias tra-

Passos Coelho espera ver a economia a crescer, António Costa fala em esperança

balhar em prol dos que mais neces-

sitam. É com base na partilha que

podemos, em conjunto, reforçar a

esperança que temos de ter no futu-

ro”, declarou o primeiro-ministro na

residência ofi cial de S. Bento.

Numa mensagem mais política, An-

tónio Costa disse depois de que do

lado do Governo “há confi ança, de-

terminação e muita vontade de que a

esperança possa crescer no país e ser

partilhada por todos”. “Sabemos que

o mundo não se torna cor-de-rosa de

um dia para o outro, mas também

sabemos que é com as nossas mãos,

com a nossa inteligência que pode-

mos construir um mundo com mais

esperança”, referiu.

Na sede do PSD, Passos Coelho

apontou noutra direcção, ao dizer

esperar que o ano de 2016 seja bem

aproveitado e que a proposta de Or-

çamento a apresentar pelo Governo

do PS não defraude a expectativa de

maior crescimento económico. O ex-

Partidos

Primeiro-ministro e líder do PSD ouviram cantar as Janeiras e fizeram votos com perspectivas diferentes para 2016

novo, com um governo novo que de-

verá, dentro de algum tempo, apre-

sentar o Orçamento para este ano.

Esperemos que esse Orçamento, que

já teve várias datas anunciadas para

apresentação, não defraude a expec-

tativa dos portugueses”, prosseguiu.

“O Orçamento, como todos sabem,

é essencial à actividade de um go-

verno. E, num país onde as contas

públicas têm um peso tão grande,

é muito importante que os recursos

possam ser bem gastos, que as prio-

ridades possam ser bem defi nidas e

que, de certa maneira, nós possamos

olhar para o futuro pensando que ele

não nos obrigará a repetir os erros do

passado”, concluiu.

Passos espera que se tenha “apren-

dido o sufi ciente com a experiência

de maus gastos e que obrigam duran-

te tantos anos a grande disciplina” e

que se faça uma gestão orçamental

evitando “que novos problemas ve-

nham a ocorrer no futuro”. Lusa

Breve

Cumprimentos de Ano Novo

PR recorda 10 anos de cooperação “correcta e leal” com ParlamentoCavaco Silva recordou ontem os 10 anos de relacionamento “muito intenso” que manteve com o Parlamento, mas em que foi sempre possível desenvolver uma cooperação institucional “perfeitamente correcta e leal”. Na apresentação de cumprimentos de Ano Novo, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, frisou que, “mesmo nos momentos mais tensos” do ponto de vista político, “houve sempre uma claríssima cordialidade entre todos”.

primeiro-ministro disse esperar que,

“com contas mais em ordem, com

uma economia a crescer mais, com

o emprego que pode ser gerado por

esse crescimento” seja possível ao

longo deste ano aumentar o comba-

te às desigualdades. “Esse é o meu

grande voto para 2016”, declarou.

Mas começara por falar do passa-

do: “2016 é um ano importante no

nosso país, é um ano que se sucede

a anos que foram difíceis, embora

necessários à recuperação quer da

nossa economia, quer da nossa con-

fi ança e da nossa auto-estima. Temos

todos ainda razoavelmente presen-

te o esforço que tivemos colectiva-

mente de fazer para que o país hoje

possa olhar para o futuro com mais

confi ança”, disse. Em seguida, afi r-

mou que espera “que o ano de 2016

seja bem aproveitado, na sequência

desses anos de esforço que foi de-

senvolvido”.

“Nós temos agora um ciclo político

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18 | LOCAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

São Brás de Alportel na vanguarda das políticas de acessibilidade

MELANIE MAPS

São Brás de Alportel é um concelho da beira-serra, mas é aquele que no Algarve mais apostou em tornar-se acessível a todos

O aumento do fl uxo de turistas pode

depender também da capacidade

das câmaras municipais de porem

em prática as normas que ditam as

regras de acessibilidades para to-

dos. A mensagem foi deixada pela

secretária de Estado da Inclusão das

Pessoas com Defi ciência, Ana Sofi a

Antunes, ontem, em São Brás de Al-

portel — um concelho algarvio sem

praia que inaugurou uma rede de

passeios acessíveis com cinco qui-

lómetros. As políticas de inclusão,

disse, não se devem fi car apenas

pela remoção das barreiras físicas,

é igualmente necessário “derrubar

as barreiras da mentalidade”. A le-

gislação existe, mas não é cumprida

nem fi scalizada.

A secretária de Estado, presiden-

te da Associação de Cegos e Am-

blíopes de Portugal e responsável

pelo plano de acessibilidade pedo-

nal de Lisboa de 2010, considera

que o problema das acessibilidades

em Portugal não reside na falta de

regulamentos. “Temos boa legis-

lação, há muita coisa que poderia

estar a ser bem feita e não está”,

sublinhou. Dois aspectos relevantes

para a mudança das mentalidades:

“Formação dos técnicos municipais

e sensibilização.”

O Algarve é um exemplo do quan-

to ainda falta percorrer para cum-

prir as normas de “inclusão” em

matéria de acessibilidades. Basta

lembrar as difi culdades em circular

pelos passeios esburacados e lancis

quase intransponíveis para cadeiras

de rodas e carrinhos de bebés, até

em zonas de hotéis de cinco estre-

las. Ana Sofi a Antunes — citando

o caso de Lisboa, que conhece de

perto — lembrou que o sector tu-

rístico é “uma das áreas que muito

benefi cia com o trabalho feito em

matéria de acessibilidades”.

São Brás de Alportel é um con-

celho da beira-serra, apenas com

uma freguesia, mas é aquele que no

Algarve mais apostou em tornar-se

acessível a todos. O processo, dis-

se o presidente da câmara, Vítor

Guerreiro, começou há 11 anos,

“mas ainda há muito por fazer”,

admitiu.

Do conjunto de trabalhos realiza-

dos na vila algarvia, o autarca lem-

No que toca a soluções para me-

lhorar as acessibilidades, a secre-

tária de Estado não fugiu a uma

questão que tem gerado muito de-

bate em Lisboa: a calçada à portu-

guesa, diz Ana Sofi a Antunes, é um

pavimento bonito, “mas, quando

está degradado, muito facilmente

potencia as quedas e as lesões —

para além de ser caro, em termos

de construção e manutenção”. Por

conseguinte, defendeu soluções al-

ternativas que passam por “conju-

gar a calçada com outras soluções

que sejam mais amigas do peão”.

Além da formação e da sensibili-

zação para que as políticas de aces-

sibilidades entrem no quotidiano, a

governante chama a atenção para

a parte menos simpática: “A partir

de determinado momento, face a

comportamentos reiterados, temos

de começar a fi scalizar.”

Ana Sofi a Antunes registou com

agrado a mudança de mentalidades

que se verifi cou no país, em maté-

ria de acessibilidades, nos últimos

15 ou 20 anos; todavia, pensa que

ainda há muito a percorrer para

corrigir erros e evitar que se re-

pitam. Tudo o que é obra feita de

novo, sublinhou, “não custa mais

pelo facto de ser acessível; corri-

gir aquilo que é mal feito, isso sim,

custa dinheiro que, efectivamente

poderia ser poupado”.

No quadro dos novos fundos co-

munitários, através do programa

“Territórios Inclusivos [antes de-

signado por Rampa], afi rmou, vai

ser dada prioridade à “execução de

obra que é aquilo que até agora não

tem sido possível fazer”. O Decreto-

Lei 163/2006 é o instrumento que

serve de “guia de acessibilidade e

mobilidade para todos” na apre-

ciação e aprovação dos projectos

públicos e privados.

Circular em segurança por um passeio com carrinho de bebé ou atravessar uma rua com uma cadeira de rodas é ainda um exercício difícil nas vilas e cidades portuguesas

AlgarveIdálio Revez

algumas melhorias e Vilamoura

requalifi cou a zona envolvente à

marinha. Por isso, o presidente

da Comunidade Intermunicipal

do Algarve — Amal, Jorge Botelho,

destacou a obra de São Brás de Al-

portel como sendo um acto “extre-

mamente simbólico” em contraste

com o que se passa no resto da re-

gião, incluindo Tavira, o concelho

a que preside.

“Amigo do peão”A governante, depois de percor-

rer um troço da rede pedonal até

à Avenida da Liberdade, lembrou

que não é a praia o que mais atrai

os turistas nesta época do ano. “Há

muitas outras belezas naturais que

querem ver”, enfatizou. Nesse con-

texto, a obra inaugurada, disse,

representa uma mais-valia por ser

de um território que é “amigo do

peão”.

brou que a construção de lombas

“não agradou muito aos automo-

bilistas, mas é uma questão de se

habituarem”, observou. As lombas,

explicou, têm muito mais impor-

tância do que obrigar a reduzir a

velocidade — funcionam como pas-

sadeiras acessíveis.

A governante aproveitou a oca-

sião para apelar aos autarcas que

vejam “estas imagens [São Brás de

Alportel] e possam entusiasmar-se”

de forma a repetir o exemplo.

Por pressão dos operadores turís-

ticos e da opinião pública estrangei-

ra, a Região de Turismo do Algarve

chegou a encomendar um plano de

acção de acessibilidades para re-

gião, tomando como referência o

trabalho realizado em Lisboa. O

que se seguiu foram apenas inter-

venções avulsas nalguns concelhos.

Dois exemplos: Albufeira, no âmbi-

to do programa Polis, introduziu

Page 19: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | LOCAL | 19

WILSON PEREIRA/PSML

A recuperação do gabinete da rainha custou 35 mil euros

A recuperação do gabinete da rai-

nha D. Amélia, no Palácio Nacional

da Pena, em Sintra, foi terminada

em Dezembro de 2015 e o espaço

já se encontra aberto ao público.

A recuperação esteve a cargo da

Parques de Sintra — empresa que

gere o parque e o Palácio da Pena

— e envolveu um investimento de

35 mil euros, feito inteiramente

pela empresa. A requalifi cação do

espaço foi desenvolvida ao longo

dos últimos quatro anos.

Para além do mobiliário e das

peças decorativas, foi restaurada a

pintura mural e renovada a instala-

ção eléctrica. Também o pavimento

foi alvo de uma limpeza profunda

e posterior estabilização.

Segundo o director do Palácio

Nacional da Pena, António Nunes

Pereira, citado em comunicado, “o

gabinete da rainha D. Amélia apre-

senta-se como um testemunho das

diferentes gerações que no palácio

deixaram a sua herança, manten-

do, no entanto, como fi gura tute-

lar a rainha D. Amélia, cujo 150.º

aniversário se celebrou em 2015 e

que fi cou assinalado com esta re-

cuperação”.

Segundo o comunicado, “a reor-

ganização do gabinete pretende ser

uma síntese de três épocas determi-

Recuperado gabinete da rainha D. Amélia no Palácio da Pena

ge com a designação de “Sala da Se-

nhora Condessa”. A partir de 1890,

a sala passa a ser conhecida como

“Gabinete de Trabalho da Rainha

Senhora D. Amélia”, tendo também

sido conhecido como “Sala de Estar

da Família Real”.

Apesar de o espaço ter estado

em manutenção durante cerca de

dois anos — os restantes correspon-

deram a uma fase de estudo —, os

percursos de visita do palácio não

foram afectados.

O investimento de 35 mil euros

foi feito pela empresa Parques de

Sintra, que, não recorrendo ao Or-

çamento do Estado, assegurou a

recuperação através das receitas

de bilheteiras, lojas, cafetarias e

aluguer de espaços para eventos.

Texto editado por Ana Fernan-des

nantes para o Palácio Nacional da

Pena”: o período de habitação de D.

Fernando II, entre 1860 até 1890; o

período de 1890 a 1910, que corres-

pondeu à ocupação dos aposentos

pela rainha D. Amélia; e, por fi m,

o período da Primeira República,

justifi cada pela pintura mural no

compartimento. Neste mural de

1917, da autoria de Eugénio Cotrim,

foi utilizada uma técnica de pintura

chamada trompe-l’oeil, que confere

tridimensionalidade à obra.

Este compartimento agora res-

taurado serviu diversas funções

ao longo do período de ocupação

doméstica do Palácio Nacional da

Pena. Num documento de 1866, o

espaço aparece referenciado como

“Sala de Música”; num inventário

de D. Fernando II, elaborado 20

anos depois, o mesmo espaço sur-

PatrimónioCláudia Carvalho Silva

O projecto, que celebrou o 150.º aniversário da rainha, envolveu a recuperação do espaço, do mobiliário e das peças decorativas

PUBLICIDADE

O presidente da Câmara de Gaia, Edu-

ardo Vítor Rodrigues, avançou com

uma queixa-crime contra um desco-

nhecido que na tarde de terça-feira

lhe telefonou, identifi cando-se como

o ministro adjunto Eduardo Cabrita e

pedindo-lhe um emprego “com bom

salário” na empresa municipal Águas

de Gaia. Além da queixa-crime, en-

tregue ontem ao Ministério Público,

o autarca socialista ordenou já uma

auditoria às telecomunicações da câ-

mara para identifi car a origem dos

contactos que recebeu e que o falso

ministro disse estar a fazer em nome

do primeiro-ministro, António Costa.

O caso foi revelado pelo próprio

Eduardo Vítor Rodrigues, na sua pá-

gina do Facebook, já depois de a quei-

xa-crime ter sido entregue. Irónico, o

autarca classifi ca o telefonema como

“burla” e refere: “Só percebi que a

fi gura não queria ser bombeiro nem

animador, queria ir para as Águas de

Gaia e com bom salário!”. Na queixa,

a que o PÚBLICO teve acesso, descre-

ve-se como alguém que se identifi cou

como chefe de gabinete do ministro

ligou para o telefone fi xo da Casa da

Presidência, em Gaia, indicando à se-

cretária do socialista que ligava do ga-

binete do ministro e pedindo-lhe que

passasse a chamada ao presidente.

O presidente ainda falou com o

suposto chefe de gabinete antes de

Presidente da Câmara de Gaia faz queixa de falso ministro que lhe queria meter “uma cunha”

BurlaPatrícia Carvalho

Autarca apresentou uma queixa-crime contra incertos junto do Ministério Público

o telefonema ser passado ao “minis-

tro”. De acordo com a queixa-crime,

o homem disse estar a falar em nome

de António Costa, que queria arran-

jar um emprego para um amigo. O

documento refere que o presidente

da câmara fi cou “incrédulo” com o

teor da conversa, mas que, “com o

intuito de tentar apurar mais dados”,

foi dizendo que não havia dinheiro

para contratar, mas que, mal hou-

vesse condições fi nanceiras, seriam

abertos concursos, como determina

a lei. Eduardo Vítor pediu ainda que

o interlocutor lhe enviasse um email,

com os dados necessários, ainda que,

segundo a queixa-crime, estivesse

convicto que tal não iria acontecer.

Mas, minutos depois, chegava ao

seu email uma mensagem, enviada

de uma morada electrónica da Sapo

e com um curriculum vitae da pes-

soa que, supostamente, precisava

de emprego, com a indicação que

“o Dr. António Costa pediu máximo

sigilo” sobre o assunto. Perante isto,

Eduardo Vítor Rodrigues contactou

o suposto ministro, perguntando-lhe

porque não usara uma morada insti-

tucional. Para “protecção de ambos”,

foi a resposta que obteve.

O presidente da câmara decidiu,

então, contactar Eduardo Cabrita,

cujo número de telemóvel tinha e

confi rmou que não tinha sido ele o

autor da chamada.

Quanto ao homem que, suposta-

mente, precisava de emprego, garan-

te desconhecer completamente o ca-

so. Ao PÚBLICO, disse que já tomara

conhecimento do uso do seu nome

e que iria apresentar uma queixa na

polícia. Além disso, garantiu, alguns

dos factos que constam do CV “não

correspondem à verdade”.

pós-graduação gestão de compras

e abastecimento

www.pbs.up.pt

OBJETIVOS

Dotar os participantes de conhecimentos analíticos, boas práticas, métodos e ferramentas que permitam definir e desenvolver uma estratégia para a área e categorias de compras e abastecimento.

INFORMAÇÕES

Sónia [email protected] t 226 153 277

DESTINATÁRIOS

Profissionais da área de gestão de compras e abastecimento que pretendam melhorar e enriquecer as suas competências com abordagens concetuais de referência e com as melhores práticas da indústria e serviços.

CALENDÁRIO

Fevereiro a dezembro de 2016.

CANDIDATURAS até 25 de janeiro de 2016

2016 2.ª edição

Page 20: Público 2016-07-01

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

FILIPE FARINHA / STILLS

Subsídio de férias no Estado vai depender do corte salarial em vigor

Há trabalhadores do Estado que não recebem o subsídio de férias no fim do mês de Junho

Os deputados do PS tinham prome-

tido esclarecer a forma como será

pago o subsídio de férias aos traba-

lhadores do Estado, para evitar que

quem recebe esta prestação no iní-

cio do ano fi que prejudicado. Mas o

diploma que extingue os cortes sa-

lariais ao longo de 2016, publicado

na semana passada, nada diz sobre

o assunto. Conclusão: o valor do sub-

sídio de férias fi cará dependente do

corte salarial que estiver em vigor no

mês em que for pago.

Questionado sobre como pretende

resolver o problema, o Ministério das

Finanças remeteu inicialmente para

a lei geral do trabalho em funções

públicas, que prevê que o pagamen-

to do subsídio de férias seja feito em

Junho. Esta norma é aplicada à gene-

ralidade dos funcionários públicos.

Mas os trabalhadores das empresas

públicas, que estão igualmente su-

jeitos aos cortes salariais, recebem

este subsídio em alturas diferentes

do ano (antes do período de férias,

em alguns casos) ao abrigo de contra-

tos colectivos específi cos. Após um

novo pedido de esclarecimento do

PÚBLICO, fonte ofi cial acabou por

adiantar que “a questão está a ser

estudada”.

Em 2016, a redução que é aplica-

da aos salários acima dos 1500 euros

varia ao longo do ano, o que acaba-

rá por também infl uenciar o corte

aplicado ao subsídio. No primeiro

trimestre, o corte oscila entre 2,1%

e 6%, no segundo entre 1,4% e 4%,

no terceiro trimestre entre 0,7% e 2%

e a partir de Outubro desaparecem

completamente.

Se a lei for aplicada como até ago-

ra, o subsídio de férias fi ca sujeito à

mesma redução que é aplicada aos

salários no mês em que é pago. Ora,

quem receber o subsídio nos primei-

ros meses, como acontece em algu-

mas empresas públicas, terá um cor-

te maior do que os trabalhadores que

o receberem em Junho.

O assunto já tinha sido colocado

em cima da mesa em Novembro do

ano passado. Na altura, o deputado

socialista Fernando Rocha Andrade

(que agora é secretário de Estado

dos Assuntos Fiscais) garantiu que

o subsídio de férias seria calculado

com base na remuneração média

anual de 2016, já tendo em conta a

reversão gradual dos cortes salariais,

para evitar que os funcionários que

o recebem nos primeiros meses do

ano fi quem prejudicados. A questão,

adiantava, seria esclarecida duran-

te a discussão do projecto de lei na

especialidade, para “evitar que haja

diferenças entre os que recebem [o

subsídio] em Janeiro e os que rece-

bem em Outubro”. Isso acabou por

não acontecer e agora não se sabe

como é que o problema vai ser re-

solvido.

Porém, confi rmou o PÚBLICO jun-

to de vários deputados, o tema aca-

bou por não ser abordado durante

a discussão do diploma. E a Lei 159-

A/2015, publicada a 30 de Dezem-

bro e que explicita a forma como os

cortes salariais aplicados aos traba-

lhadores do Estado desaparecerão

ao longo de 2016, nada diz sobre o

subsídio de férias.

João Paulo Correia, deputado do

PS e um dos coordenadores do grupo

parlamentar, lembra que a solução

defendida pelo PS é que o subsídio

deve ser pago tendo como referência

a média da remuneração anual. Mas

cabe agora ao Governo resolver a si-

tuação seja na Lei do Orçamento do

Estado — repondo posteriormente

os valor cortados —, seja através de

um regulamento específi co. Também

Joana Mortágua, deputada do Bloco

de Esquerda responsável pela área

da administração pública, diz que a

solução do problema está agora no

âmbito do Governo.

Ambos os deputados confi rmam

que o tema acabou por não ser abor-

dado no debate na especialidade, que

acabou por se fazer no plenário, em

vez de ser na comissão parlamentar

competente.

Já o subsídio de Natal dos traba-

lhadores do Estado continuará a ser

pago em duodécimos, estando su-

jeito à taxa de redução aplicada em

cada trimestre aos salários. Situação

semelhante acontece com os pensio-

nistas que recebem o subsídio de fé-

rias em Junho ou Julho e o de Natal

em duodécimos. Tanto no caso da

função pública como no dos pensio-

nistas, esta forma de pagamento é

obrigatória. No privado, o Governo

decidiu manter a possibilidade de os

trabalhadores optarem por receber

metade de cada um dos subsídios em

duodécimos ou os dois subsídios por

inteiro.

Deputados não resolveram o problema. Eventual solução tem de passar pelo Orçamento do Estado ou por uma orientação do Governo para evitar que quem recebe o subsídio no início do ano fi que prejudicado

EstadoRaquel Martins

Page 21: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | ECONOMIA | 21

A deterioração das expectativas de

crescimento do globo e a cada vez

mais fraca capacidade de entendi-

mento entre os grandes produtores

mundiais contribuíram para o pro-

longamento da queda dos preços

do petróleo nos mercados no dia

de ontem, colocando a cotação do

Brent no seu valor mais baixo des-

de 2004.

De acordo com os dados publi-

cados pela Reuters, o barril de

Brent — a medida mais usada para

o petróleo do mar do Norte — viu o

seu preço cair mais 2%, para 34,4

dólares (valor que se registava nos

mercados pelas 19h). É necessário

recuar 11 anos para encontrar um

valor tão baixo.

São duas as explicações que es-

tão a ser dadas para o acentuar da

queda de ontem.

Uma delas prolonga-se já por

várias semanas e está a associada

aos riscos que a economia mundial

enfrenta este ano. Em particular,

acentuam-se os sinais de fragilidade

das economias emergentes que nos

últimos anos têm sido o principal

motor do crescimento global, refor-

çando o peso que têm como consu-

midores de combustíveis.

A semana abriu com novos in-

dicadores negativos da produção

industrial chinesa e com a queda

acentuada dos principais índices

dos mercados accionistas do gigan-

te asiático.

A segunda explicação está do la-

do dos produtores. Se, no passa-

do, um confl ito político grave en-

tre dois grandes produtores como

Preço do petróleo nos valores mínimos dos últimos 11 anos

a Arábia Saudita e o Irão conduziria

normalmente a uma subida do pre-

ço do petróleo, na actual conjuntu-

ra o efeito está a ser precisamente

o contrário.

Ano e meio a descerA razão está no facto de nos merca-

dos haver a convicção de que a úni-

ca forma de os preços voltarem a

subir seria a existência de um acor-

do entre os países produtores para

um corte nos níveis de extracção do

petróleo. A ruptura nas relações di-

plomáticas entre a Arábia Saudita e

o Irão, que poderá envolver outros

países do Médio Oriente, torna ain-

da mais difícil que isso aconteça.

Neste momento, nos mercados, a

expectativa é a de que nenhum dos

países produtores queira abdicar

da sua quota de produção, algo que

continuará a contribuir para um va-

lor baixo no preço do petróleo.

A queda de preços tem vindo a

ocorrer quase sem interrupções

desde Junho de 2014, quando o bar-

ril de Brent era transaccionado por

um valor próximo dos 105 dólares,

cerca de três vezes mais do que o

preço actual.

ConjunturaSérgio Aníbal

Impossibilidade de um entendimento entre Arábia Saudita e Irão para o corte na produção está a influenciar os mercados

Aplicações do Estado

Fonte: UTAO PÚBLICO

Em milhões de euros

0

2000

4000

6000

8000

10.000

12.000

Depósitos em instituições de crédito

Depósitos no Banco de Portugal

Set .Jun.Mar. 15201420132012201120102009

11.462

3323

Apesar de se viver num cenário em

que as taxas de juro de depósito do

Banco Central Europeu (e portanto

também do Banco de Portugal) es-

tão em terreno negativo, o Estado

português tem vindo cada vez mais

a escolher o banco central como o

destino privilegiado das aplicações

que faz com a sua avultada almofada

fi nanceira.

De acordo com os dados publica-

dos pelo Governo em Diário da Re-

pública e divulgados ontem numa

nota da Unidade Técnica de Apoio

Orçamental (UTAO) da Assembleia

da República, mais de dois terços

do excedente de tesouraria do Es-

tado está neste momento colocado

em depósitos no Banco de Portugal,

que atingiram no fi nal de Setembro o

valor mais alto de que há registo.

Nesse momento, estes depósitos

eram de 11.462 milhões de euros,

um valor que representa 70% do to-

tal das disponibilidades e aplicações

do Tesouro português, situadas em

16.381 milhões de euros no mesmo

período.

Existem duas explicações para este

recorde. Uma é o facto de a almofada

fi nanceira acumulada pelo Estado

português se manter, desde a che-

gada da troika a Portugal em 2011,

a níveis historicamente elevados. O

total das aplicações do Estado não

passava, no fi nal de 2010, de 2621 mi-

lhões de euros, mas em 2011, com a

chegada dos empréstimos dos par-

ceiros da zona euro e do FMI, esse

valor disparou para mais de 13.000

milhões de euros. Agora, já sem no-

vos empréstimos da troika, Portugal

Depósitos do Estadoa juros negativos bateram recorde em Setembro

isso signifi caria que, ao ano, o Estado

pagaria 35 milhões ao banco central

para ter aí o seu dinheiro.

Este resultado torna-se mais pre-

ocupante se se pensar que, para

acumular esta almofada fi nanceira,

o Estado português tem necessaria-

mente de se endividar. A taxa de ju-

ro média actualmente suportada na

dívida pública portuguesa situa-se

actualmente em 3%.

Nos últimos meses de 2015, e mui-

to especialmente em Dezembro, o

cenário nos excedentes de tesouraria

do Estado português deverão ter so-

frido alterações. A injecção de capital

que teve de ser efectuada no Banif

num montante de 2,2 mil milhões

de euros foi concretizada através

da utilização de parte da almofada

fi nanceira do Estado. E não foi pos-

sível, até ao fi nal do ano, reabastecer,

através de novas emissões de dívida,

esta almofada.

Em declarações ao PÚBLICO, Cris-

tina Casalinho, a presidente da agên-

cia que gere a tesouraria do Estado,

afi rma que os depósitos do Estado

“deverão ser reforçados de modo a

cumprir-se o objectivo de cerca de

50% de pré-fi nanciamento das ne-

cessidades de fi nanciamento do ano

seguinte no fi nal de 2016.”

tem optado, como uma espécie de

seguro contra uma nova situação de

pressão nos mercados, por manter

uma almofada fi nanceira confortá-

vel, que em Setembro chegava aos 16

mil milhões de euros, um valor seme-

lhante ao já registado em 2013.

Outra explicação, contudo, vem

das opções relativamente à forma co-

mo são aplicados estes excedentes de

tesouraria, que têm vindo a mudar

ao longo dos últimos anos. Em 2011, a

maior parte das aplicações estava em

depósitos a prazo em instituições de

crédito, mas a partir de 2014 os depó-

sitos no Banco de Portugal passaram

a ser a aplicação preferida.

A razão desta escolha estará cer-

tamente relacionada com a ausên-

cia de risco nas aplicações feitas no

banco central, já que em termos de

rentabilidade, mesmo num cenário

generalizado de taxas de juro baixas,

a opção é das menos lucrativas.

Neste momento, a taxa de juro

de depósito do BCE encontra-se em

-0,30%, isto é, quem coloca as suas

aplicações no banco central, em vez

de receber juro, tem de pagá-los. Se

a taxa de juro aplicada nos depósitos

do Estado for de -0,30% e tomando

como referência os 11.462 milhões de

euros aplicados no fi nal de Setembro,

Finanças públicasSérgio Aníbal

Cerca de 70% da almofada financeira do Estado é colocada no Banco de Portugal, que aplica taxas de juro negativas

Brent está no seu valor mais baixo desde 2004

sabe mais em www.universia.pt

GANHA CONVITES para a antestreia com a

Page 22: Público 2016-07-01

22 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015

PSI-20 -0,98 5164,26 211577867 5197,90 5199,71 5115,13 -1,50 7,61ALTRI -0,94 4,63 390469 4,63 4,64 4,52 0,11 86,39BPI 1,53 1,13 6080794 1,12 1,15 1,10 -3,05 10,14BCP -3 0,05 183194391 0,05 0,05 0,05 -1,57 -26,18CTT CORREIOS -2,76 8,44 569143 8,72 8,72 8,41 -1,42 5,28EDP -0,47 3,17 7176634 3,18 3,22 3,15 -1,09 -1,40EDP RENOVÁVEIS -0,03 7,24 345564 7,24 7,25 7,14 3,33 33,94GALP ENERGIA -2,24 9,83 1508633 10,06 10,06 9,64 -7,41 16,59IMPRESA 1,23 0,49 74249 0,48 0,50 0,47 3,40 -37,56J. MARTINS -1,1 11,72 1275342 11,79 11,83 11,47 -0,13 45,01MOTA-ENGIL -4,76 1,78 668798 1,85 1,87 1,76 -2,25 -33,03NOS 0 7,10 363538 7,12 7,12 7,01 -2,53 35,60PHAROL -1,15 0,26 6026211 0,26 0,26 0,25 -8,77 -70,25PORTUCEL 0,4 3,54 354870 3,53 3,55 3,50 0,03 14,88REN -0,6 2,83 746975 2,84 2,85 2,77 3,19 17,58SEMAPA 0,79 12,71 48305 12,65 12,72 12,47 0,60 34,24TEIXEIRA DUARTE -5,1 0,30 47098 0,31 0,31 0,30 -13,02 -58,09SONAE 0,66 1,06 2706853 1,06 1,07 1,05 1,63 3,91

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 183.194.391EDP 7.176.634BPI 6.080.794Pharol 6.026.211Sonae 2.706.853

BPI 1,53%Impresa 1,23%Semapa 0,79%

Teixeira Duarte -5,10%Mota-engil -4,76%BCP -3%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

2,00

2,25

2,50

2,75

3,00

1,07530,7353127,544,32161,0861

-0,133%-0,041%

34,751091,11

0,084%2,526%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

3000

3200

3400

3600

3800

4700

4950

5200

5450

5700

-0,06

-0,03

0,00

0,03

0,06

-0,98%-1,22%-1,47%

Receber chamadas em roaming vai

ser 77% mais barato este ano, ou

seja, menos 3,86 cêntimos por mi-

nuto a partir de 30 de Abril, segun-

do as novas regras defi nidas pela

Comissão Europeia.

Em comunicado, a Autoridade

Nacional de Comunicações (Ana-

com) informa que o preço das cha-

madas recebidas em roaming (servi-

ço pago que permite utilizar o equi-

pamento móvel no estrangeiro) vai

reduzir-se em 77%, passando dos

actuais cinco cêntimos por minuto

para 1,14 cêntimos por minuto.

O preço das chamadas feitas em

roaming passará a ser aquele que é

praticado no país de origem do con-

sumidor, acrescido de uma sobreta-

xa de cinco cêntimos, exactamente

a mesma regra que vigorará para

o tráfego de dados (preço domés-

tico acrescido de cinco cêntimos

por megabyte).

No caso dos SMS enviados, o pre-

ço destas mensagens também será

igual ao que é praticado no mer-

cado doméstico, mas acrescido

de uma sobretaxa de apenas dois

cêntimos.

Estes preços estarão em vigor en-

tre 30 de Abril de 2016 e 15 de Junho

de 2017, data a partir da qual não

será cobrada qualquer taxa adicio-

nal, para além do preço retalhista

doméstico, a um cliente que em

qualquer Estado-membro da União

Europeia faça ou receba chamadas

em roaming, envie SMS ou utilize

serviços de dados.

Contudo, acrescenta a Anacom, o

organismo que regula o sector das

telecomunicações, o regulamento

permite que os operadores apliquem

a chamada política de utilização res-

ponsável, segundo a qual, quando

o roaming ultrapassar os limites da

mesma, poderá ser cobrada uma pe-

quena taxa, não superior ao limite

máximo das tarifas grossistas que os

operadores pagam pela utilização

das redes de outros países da UE.

A Comissão Europeia, com apoio

do BEREC (Body of European Re-

gulators of Electronic Communica-

tions), terá de defi nir os limites de

utilização responsável até ao dia 15

de Dezembro de 2016.

Preço das chamadas em roaming cai 77%

Telecomunicações

A partir de Junho de 2017, não serão cobradas taxas adicionais pelas telecomunicações dentro do espaço da UE

Linha entre a região autónoma e o continente tinha sete candidatos

O Governo Regional da Madeira

quer que a linha de transporte ma-

rítimo entre a região autónoma e o

continente seja enquadrada como

serviço de interesse público nacio-

nal, de forma a garantir a atribuição

de indemnizações compensatórias

aos armadores que assegurarem o

serviço.

O presidente do executivo madei-

rense, Miguel Albuquerque, enviou

no início desta semana uma carta ao

primeiro-ministro, António Costa,

no sentido de alterar o quadro legal,

depois de o concurso internacional

para a atribuição da linha ferry ter

terminado sem que nenhum dos se-

te armadores inicialmente interes-

sados avançasse com uma proposta

concreta.

O secretário regional da Economia,

Turismo e Cultura, Eduardo Jesus,

explicou ontem de manhã, em confe-

rência de imprensa no Funchal, que

os sete armadores que analisaram o

caderno de encargos e o pacote de

incentivos dados pelo governo ma-

deirense para o restabelecimento da

linha condicionaram a operação de

atribuição de indemnizações com-

pensatórias.

Eduardo Jesus acrescentou que a

sazonalidade do negócio — a maio-

ria dos passageiros viajava nos meses

de Verão — e o facto de o mercado

ser pequeno foram os argumentos

utilizados pelos armadores para

Linha marítima da Madeira sem interessados

não concretizarem uma proposta.

O pacote de incentivos dado pe-

la região incluía redução nas taxas

portuárias, com a isenção total no

primeiro ano, a escolha por parte dos

armadores dos portos de origem e

de destino, subsídio à mobilidade

dos passageiros, a exemplo do que

acontece nas ligações aéreas, apoios

à importação de matérias-primas e

80 mil euros para uma campanha pu-

blicitária no mercado nacional.

Nada disto convenceu os sete ar-

madores — Transiular, ENM (ambos

portugueses), Hellenic Shipping

(Grécia), FRS (Alemanha), Grandi

Navi Veloci (Itália), Naviera Armas

(Espanha) e Matrix Marine (Chipre)

—, que só avançam com a garantia de

indemnizações compensatórias.

O secretário regional, que não

quantifi cou o valor pretendido pelos

armadores, diz que o processo segue

agora para uma nova fase, que passa

por “reclamar” junto do Governo o

interesse público de uma linha que

foi operada entre 2008 e 2012 pelo

armador espanhol Naviera Armas. A

ligação feita por ferry, que transpor-

tava passageiros e carga-rodada, fazia

o triângulo Madeira, Canárias e Por-

timão, e terminou de forma abrupta

com o armador a pedir mais apoios

ao executivo da região.

O restabelecimento da linha foi um

dos compromissos de Albuquerque,

e a consulta pública internacional

começou em Julho do ano passado,

dois meses depois de ter sido eleito,

envolvendo o governo regional e a

Secretaria de Estado dos Transpor-

tes. Foi depois constituído um grupo

de trabalho na Madeira, que nego-

ciou directamente com os armadores

interessados. O processo deveria ter

fi cado concluído no fi nal de Novem-

bro, mas os armadores solicitaram a

prorrogação do prazo.

ADRIANO MIRANDA

Transportes Márcio Berenguer

Governo madeirense quer que Lisboa altere o quadro legal, para que o serviço passe a ser qualificado de interesse público nacional

Page 23: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | ECONOMIA | 23

NUNO FERREIRA SANTOS

Jorge Gaspar, afastado do cargo de presidente, fica agora em regime de substituição

O Ministério do Trabalho e da Segu-

rança Social decidiu afastar, na se-

mana passada, o conselho directivo

do Instituto do Emprego e Forma-

ção Profi ssional (IEFP), os delega-

dos e subdelegados regionais e dois

directores de departamento.

A decisão, noticiada pelo Jornal

de Notícias, foi confi rmada por fonte

ofi cial do Ministério do Trabalho e

Segurança Social.

Em causa estão 14 dirigentes que

tinham sido nomeados pelo ante-

rior Governo, na sequência dos

concursos realizados pela Comissão

para o Recrutamento e Selecção da

Administração Pública (Cresap).

Agora, o ministério justifi ca a dis-

solução do conselho directivo do

instituto, que era liderado por Jorge

Gaspar e por dois vogais, assim co-

mo a cessação das comissões de ser-

viço dos delegados e subdelegados

regionais, com uma “nova orienta-

ção de valorização das políticas pú-

blicas activas de promoção de em-

Governo nomeia novos dirigentes do IEFP esta semana

prego e de combate à precariedade”.

O estatuto do pessoal dirigente

prevê várias razões para a cessação

da comissão de serviço, nomeada-

mente a “necessidade de imprimir

nova orientação à gestão dos ser-

viços”. Este terá sido, de resto, o

motivo invocado pelo Governo para

tomar a decisão.

No caso de Jorge Gaspar, o presi-

dente do IEFP afastado do cargo na

semana passada, é intenção do mi-

nistro Vieira da Silva nomeá-lo em

regime de substituição. Os outros

cargos que fi caram vagos serão ocu-

pados por novos nomes, também

em regime de substituição.

O processo, adiantou ao PÚBLICO

fonte ofi cial do Ministério do Traba-

lho, será concluído esta semana.

Questionada sobre quando se-

rá dada indicação à Cresap para a

abertura dos concursos, a tutela de

Vieira da Silva não respondeu.

A dança de cadeiras nos organis-

mos públicos acompanha, geral-

mente, os ciclos políticos e as mu-

danças de governo. Mas o anterior

primeiro-ministro, Pedro Passos Co-

elho, alterou as regras de nomeação

de dirigentes de topo e entregou o

processo a uma comissão indepen-

dente — a Cresap. Contudo, dado

que a Cresap envia uma lista de

três nomes ao membro do Governo

que depois escolhe, muitas vezes a

decisão fi nal recaiu sobre pessoas

próximas dos partidos que estavam

no poder.

No caso da Segurança Social,

por exemplo, todos os dirigentes

escolhidos pelo anterior Governo

tinham ligações ao PSD e ao CDS-

PP. O processo foi muito criticado

pelo PS quando estava na oposição

e António Costa, actual primeiro-

ministro, chegou mesmo a defender

uma avaliação a estes processos.

Os trabalhadores do IEFP fi caram

a saber da cessação das comissões

de serviço, que deviam durar cinco

anos, através de um email que lhes

foi enviado pelo presidente, Jorge

Gaspar, no dia 30 de Novembro. O

PÚBLICO tentou contactar o diri-

gente, mas não foi possível. O res-

ponsável já tinha estado à frente do

instituto em regime de substituição

durante quase um ano, entre 2013

e 2014, antes do concurso da Cre-

sap que acabou por confi rmar o seu

nome como presidente.

A Comissão de Trabalhadores do

instituto já manifestou a sua estra-

nheza relativamente a esta deci-

são. “Estranhamos a decapitação

do IEFP de um dia para o outro,

esperamos que a situação se escla-

reça e normalize rapidamente e

desejamos que esta acção abrupta

indicie vontade de efectivas melho-

rias”, refere num email enviado, na

segunda-feira, aos trabalhadores do

instituto.

EstadoRaquel Martins

Ministério do Trabalho afastou conselho directivo, delegados e subdelegados regionais e dois directores de departamento

Há mais de 636 mildesempregados

Fonte: INE

* Estatística provisória

Milhares

600

650

700

750

Nov.* 2015Nov.

636,9

Taxa dedesemprego

12,4%

A taxa de desemprego em Novembro

manteve-se em 12,4% da população

activa, segundo a estimativa provi-

sória publicada ontem pelo Instituto

Nacional de Estatística (INE). Se se

confi rmarem estes dados quando

houver uma estimativa defi nitiva, a

taxa fi cará inalterada em relação ao

nível de desemprego de Outubro.

É o terceiro mês consecutivo em

que a taxa está nos 12,4%. Depois

de ter estabilizado em 12,3%, o de-

semprego subiu uma décima em

Setembro, mantendo-se neste valor

nos dois meses seguintes. Em No-

vembro havia 636,9 mil pessoas con-

tabilizadas nas estatísticas ofi ciais

como desempregadas, mais 3000

indivíduos do que no mês anterior.

O aumento não foi sufi ciente para

alterar a taxa.

O nível de desemprego aumentou

1,1% entre os homens (mais 3,4 mil),

com a taxa a passar de 12,1% para

12,2%. Entre as mulheres manteve-se

praticamente inalterada, aumentan-

do uma décima, de 12,6% para 12,7%.

Entre os jovens também se registou

um agravamento. Neste caso, a subi-

da foi mais expressiva, de 3,7% (equi-

valente a 4,4 mil pessoas), levando

a taxa de desemprego da população

dos 15 aos 24 anos para os 33,4%.

Assim, dos 636,9 mil desempre-

gados, 319,6 mil são homens e 317,3

mil são mulheres. E há 123,5 mil jo-

vens contabilizados pelo INE como

Taxa de desemprego estabiliza e está em 12,4% pelo terceiro mês consecutivo

estando fora do mercado de traba-

lho. Nesta faixa etária, o desemprego

tem vindo a aumentar nos últimos

meses. Depois de ter estado abaixo

dos 32% em Junho, Julho e Agosto, a

taxa escalou para este patamar em

Setembro e Outubro. Ao subir agora

para 33,4%, está acima dos valores

de Novembro do ano anterior.

Em Novembro, aumentaram as

novas inscrições no Instituto de Em-

prego e Formação Profi ssional (IEFP)

por parte de pessoas que estão fora

do mercado laboral. O fi m de con-

tratos a prazo foi a principal razão

(abrangeu cerca de metade destes

casos). Aos centros de emprego che-

garam 64.695 novos registos, mais

3% do que no período homólogo.

Com isso, passaram a estar ali ins-

critos 550,2 mil desempregados.

Estatísticas provisóriasA estimativa provisória do INE para

a população empregada é de 4,48

milhões de pessoas, mantendo-se

“praticamente inalterada” em re-

lação a Outubro, refere o INE. A

taxa de emprego dos homens é de

61,4%, enquanto a das mulheres está

em 53,8%. Aumentou na população

masculina (0,2 pontos percentuais)

e diminuiu na mesma proporção na

população feminina.

As estatísticas mensais do INE

referem-se a trimestres móveis, em

que há um mês de referência (neste

caso, Novembro) que corresponde

sempre ao mês central desse trimes-

tre (Outubro, Novembro e Dezem-

bro).

Os valores relativos a Outubro já

são defi nitivos. A taxa de desempre-

go não sofreu alterações, mas a do

emprego foi revista ligeiramente em

alta, em 0,1 pontos, passando para

57,5%. As estatísticas de Novembro

são ainda provisórias, sendo conhe-

cido um valor defi nitivo no próximo

mês, ao mesmo tempo em que o INE

já divulgará uma primeira estimativa

para o mês de Dezembro.

Nos números mensais não são di-

vulgadas estatísticas sobre a popula-

ção activa e inactiva. Só com a publi-

cação das estatísticas trimestrais há

informação mais completa que per-

mite avaliar algumas tendências.

A estimativa de desemprego tri-

mestral mais recente é a do período

de Julho a Setembro (terceiro trimes-

tre), quando a taxa tinha estabiliza-

do em 11,9%. A estimativa trimestral

tem pressupostos diferentes das es-

timativas mensais — consideram o

universo da população com 15 e mais

anos e os valores não são previamen-

te ajustados da sazonalidade.

Mercado de trabalhoPedro Crisóstomo

Nível de desemprego em Novembro manteve-se igual ao de Outubro e Setembro. Desemprego jovem aumentou para 33,4%

Page 24: Público 2016-07-01

24 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Vaticano acusa Charlie Hebdo de “não respeitar crentes de todas as religiões”

Para homenagear os seus mortos, o jornal satírico volta a apontar o dedo à fé. O Deus da nova capa “não ajuda ao apaziguamento” tão necessário, defende líder religioso francês

BENOIT TESSIER/REUTERS

O editorial do último número do Charlie faz uma defesa aguerrida do secularismo e denuncia “os fanáticos brutalizados pelo Corão”

A antecipar a chegada às bancas da

edição do Charlie Hebdo que assinala

um ano do atentado que dizimou a

sua redacção, o jornal do Vaticano

acusou o semanário satírico francês

de incentivar “um mundo que não

quer admitir a existência ou res-

peitar os crentes da fé em Deus,

independentemente da sua reli-

gião”. “Um ano depois, o assassino

continua à solta”, lê-se na capa do

Charlie de ontem, por cima de uma

imagem de um Deus barbudo com

pintas de sangue e uma Kalashnikov

às costas.

“O episódio não é uma novida-

de: atrás da bandeira enganadora

de uma laicidade sem compromis-

sos, a revista volta a esquecer aquilo

que tantos dirigentes religiosos de

todas as pertenças não cessam de

repetir para rejeitar a violência em

nome da religião: utilizar Deus para

justifi car o ódio é uma verdadeira

blasfémia, como disse várias vezes

o Papa Francisco”, escreve na sua

edição de terça-feira o Osservatore

Romano.

O jornal do Vaticano também cita

o presidente do Conselho Francês

do Culto Muçulmano, Anouar Kbibe-

ch, que defende que a caricatura da

capa do Charlie “fere todos os cren-

tes das diferentes religiões”. “Global-

mente, precisamos de sinais de apa-

ziguamento, de concórdia. Esta cari-

catura não ajuda num momento em

que precisamos de nos encontrar

lado a lado. É preciso respeitar a li-

berdade de expressão dos jornalistas

mas também a liberdade de expres-

são dos crentes”, insiste Kbibech.

A capa desta edição especial do

Charlie, com uma tiragem de um mi-

lhão de exemplares, já era conhe-

cida. O objectivo é homenagear os

mortos, como explicou o cartoonista

e actual director Laurent Sourisseau

(Riss). Responsável pela capa, Riss

escreve ainda o editorial, onde faz

uma defesa aguerrida do secularis-

mo e denuncia “os fanáticos brutali-

zados pelo Corão” e outros, de dife-

rentes religiões, que gostavam de ter

visto a morte do semanário por “ter

a coragem de rir das religiões”.

Foi a 7 de Janeiro que os irmãos

Cherif e Saïd Kouachi irromperam

armados pela primeira reunião de

dentemente da religião”, lê-se no co-

mentário do Osservatore Romano.

Um ano conturbadoAo choque de 7 de Janeiro seguiu-se

um ano conturbado para um jornal

que ameaçava falir (vendia menos

de 30 mil exemplares) e que ago-

ra se estabilizou nos 100 mil e tem

um fundo de 20 milhões de euros

graças às vendas depois do atenta-

do — a primeira edição vendeu 7,5

milhões em todo o mundo. Na capa,

assinada pelo principal cartoonis-

ta do jornal, Renald Luzier (Luz),

Maomé aparecia com um cartaz

onde se lia “Je Suis Charlie” (Eu Sou

Charlie), o slogan adoptado um

pouco por todo o mundo em soli-

dariedade com as vítimas, debai-

xo da frase “tudo está perdoado”.

Em Maio, Luz anunciou que aban-

donaria o jornal em breve, explican-

do que continuar seria “um peso

demasiado pesado para carregar

sozinho” e dizendo-se “esgotado”.

“Para mim, fechar cada nova edição

tornou-se uma tortura, porque ne-

nhum dos meus colegas está aqui

comigo”, afi rmou o homem que es-

capou ao ataque por se ter atrasado

para a reunião de edição.

Riss chegou a afi rmar, em Julho,

que o jornal não voltaria a publicar

caricaturas do profeta dos muçul-

manos. “Fizemos o nosso trabalho.

Defendemos o direito à caricatura”,

afi rmou numa entrevista à revista

alemã Stern. “É estranho, espera-se

que exerçamos uma liberdade de ex-

pressão que mais ninguém se atreve

a exercer”, disse então. A decisão já

terá sido revista. “Se a actualidade

nos levar a desenhar Maomé, é isso

que faremos”, garante agora Eric

Portheault, o director fi nanceiro.

“Está fora de questão a autocensura,

isso signifi caria que eles venceram.”

FrançaSofia Lorena

edição do ano, matando oito mem-

bros da redacção, incluindo Stépha-

ne Charbonnier (Charb), Bernard Ve-

lhac (Tignous) e os veteranos Jean Ca-

but (Cabu) e Georges Wolinski, num

ataque que fez um total de 12 mor-

tos. Riss fi cou ferido com gravidade.

O atentado, reivindicado pela Al-

Qaeda da Península Arábica, seguiu-

se a inúmeras ameaças aos membros

da redacção, principalmente Charb,

que estava na publicação desde 1992

e era director desde 2009.

Ameaças e uma bombaA republicação dos controver-

sos cartoons de Maomé feitos pelo

jornal dinamarquês Jyllands-Posten,

em 2006, já obrigara alguns dos jor-

nalistas a terem protecção policial,

e em 2011 a redacção foi destruída

com uma bomba incendiária, depois

de uma edição lançada com o nome

Charia Hebdo — um trocadinho com

sharia, a lei islâmica — e apresentada

como obra de Maomé.

Uma semana depois do atentado

de há um ano, o Papa condenou os

assassínios cometidos em nome de

Deus, descrevendo-os como “um

absurdo”, mas também defendeu

que “cada religião tem a sua digni-

dade”, que “há limites” nos insultos

aos crentes. “Se um bom amigo fala

mal da minha mãe, pode esperar um

soco, e isso é normal. Não podemos

provocar, não podemos insultar a fé

das outras pessoas, não podemos fa-

zer pouco disso”, disse Francisco.

Ora é precisamente isso que o Va-

ticano continua a acusar o semaná-

rio satírico de fazer. “Na escolha do

Charlie Hebdo há um paradoxo triste

de um mundo que é cada mais sensí-

vel ao politicamente correcto, quase

até ao ridículo, mas que ao mesmo

tempo não quer admitir ou respeitar

a fé dos crentes em Deus, indepen-

Page 25: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | MUNDO | 25

Horas depois de o líder trabalhista

britânico ter anunciado uma remo-

delação no “governo-sombra” para

afi rmar a sua autoridade, as divisões

no partido voltaram a falar mais alto.

Três membros da equipa demitiram-

se em protesto contra o afastamen-

to das vozes mais críticas a Jeremy

Corbyn.

A remodelação é pequena em

dimensão, mas grande em signifi -

cado. Corbyn, o veterano activista

de esquerda eleito após a derrota

do Labour nas legislativas de Maio,

afastou o porta-voz para as questões

europeias. Pat McFadden foi acusado

de “grave deslealdade” por, escreve

a imprensa, ter alinhado com os con-

servadores nas críticas ao pacifi smo

do líder trabalhista no debate parla-

mentar que se seguiu aos atentados

de Paris. A mesma justifi cação foi

avançada para a saída do “ministro-

sombra” da Cultura, Michael Dugher,

que será substituído na pasta pela até

aqui porta-voz para a Defesa, Maria

Eagle. A deputada é defensora da

renovação da frota de submarinos

nuclear Trident, que será votada este

ano no Parlamento, e Corbyn quis

para o lugar a aliada Emily Thornber-

ry, que como ele se opõe ferozmente

ao projecto governamental.

De fora das mexidas fi cou Hillary

Benn, porta-voz para os Negócios Es-

trangeiros, que ganhou estatuto de

principal rival interno de Corbyn de-

pois do discurso em que defendeu,

contra a opinião do líder sentado ao

seu lado, o início dos ataques aéreos

britânicos contra o Estado Islâmico

na Síria. A demissão de Benn arris-

cava provocar o êxodo dos centristas

do “governo-sombra”, mas só terá

fi cado depois de aceitar que, quando

estiver em desacordo com Corbyn,

terá de assumir a sua posição a partir

das bancadas no Parlamento reser-

vadas aos deputados sem funções de

liderança.

Ressalvas que não bastaram a Ke-

van Jones, porta-voz para as Forças

Armadas, que se demitiu em solida-

riedade com Benn, nem aos depu-

tados Jonathan Reynolds e Stephen

Doughty, que repudiaram as acusa-

ções feitas a McFadden, “castigado

pela sua honestidade”.

Corbyn tenta travar divisões no Labour

Reino UnidoAna Fonseca Pereira

Três membros da equipa demitem-se em protesto contra afastamento de críticos do actual líder

“Raqqa está a ser silenciosamente

massacrada” (RBSS) é o nome do gru-

po nascido na oposição ao regime de

Bashar al-Assad e que ganhou visibili-

dade internacional quando a cidade

do Nordeste da Síria foi tomada pe-

los jihadistas, no fi nal de 2013. Dois

anos depois, as atrocidades continu-

am sem fi m à vista mas são cada vez

menos silenciosas. A última vítima

conhecida é Ruqia Hassan, activista

de 30 anos, executada pelo Estado

Islâmico em Setembro, acusada de

espionagem.

A morte foi anunciada pelo colec-

tivo, que nos últimos meses perdeu

três activistas às mãos do Estado Islâ-

mico, que o repudiou como “Inimigo

de Deus”. Segundo o grupo, Hassan

foi morta em Setembro, semanas de-

pois de ter sido presa (algures entre

o fi nal de Julho e Agosto), mas só há

poucos dias os carrascos informaram

a família da sua execução.

Para os activistas, o longo silêncio

do EI, que faz das execuções públicas

a sua forma preferida de propaganda

e intimidação, tem uma explicação:

nestes três meses os jihadistas manti-

veram activa a conta de Facebook da

jovem para recolher informações so-

bre as pessoas com quem ela se man-

tinha em contacto, tanto em Raqqa

como fora da Síria. “Queriam encur-

ralar os amigos que comunicam com

ela”, contou ao jornal britânico The

Independent um activista do grupo

que se identifi ca com o pseudónimo

de Tim Ramadan. Ainda na última

semana, acrescentou, a conta estava

a ser usada para enviar mensagens a

alguns dos seus contactos, garantin-

do que ela estava viva.

Hassan não fazia parte do RBSS —

reconhecido em 2015 com o prémio

de Liberdade de Imprensa do Comi-

té para a Protecção dos Jornalistas

— mas o fundador do grupo, Abu Mo-

As vozes dissidentes de Raqqa estão a desaparecer às mãos do Estado Islâmico

hammed, republicou aquela que terá

sido a última mensagem escrita pe-

la jovem. “Estou em Raqqa e recebi

ameaças de morte. Quando o ISIS me

prender e matar, não haverá proble-

ma. Eles podem cortar-me a cabeça,

mas eu tenho dignidade e isso é me-

lhor do que viver em humilhação.” A

sua última entrada no Facebook data

da mesma altura, 21 de Julho, num

post em que, com o seu humor ne-

gro, denunciava uma nova proibição

dos jihadistas sobre o uso de redes

móveis. “Podem cortar a Internet à

vontade. Os nossos pombos-correios

não se vão queixar.”

De etnia curda, nascida em 1985,

Ruqia Hassan estudou fi losofi a na

Universidade de Alepo antes da guer-

ra, altura em que aderiu à oposição

ao regime de Assad. Quando o Estado

Islâmico conquistou Raqqa, fazendo

da cidade a sua capital, a jovem recu-

sou fugir. As redes sociais passaram

a ser a sua porta para o mundo, a

fuga às práticas e costumes medie-

vais impostos pelos jihadistas, e sob

o pseudónimo de Nissan Ibrahim ou-

sava escrever sobre o seu quotidia-

no, a repressão do Estado Islâmico,

ou o medo causado pelos bombar-

deamentos aéreos, recorda o jornal

Guardian. Pouco antes de ser detida

foi posta sob vigilância, acusada de

manter contacto com os “traidores”

do Exército Livre da Síria.

A notícia da sua morte foi conhe-

cida pouco mais de uma semana

depois de Naji Jerf, jornalista e reali-

zador sírio, ter sido morto a tiro em

pleno dia numa rua de Ganziatep,

cidade turca na fronteira com a Síria.

Jerf, director de um semanário inde-

pendente na Síria, tinha acabado de

estrear um documentário sobre atro-

cidades cometidas pelo EI em Ale-

po e nas regiões vizinhas, tendo sido

ameaçado de morte pelos jihadistas.

Dois meses antes, Ibrahim Abd al-

Qader, jornalista e um dos fundado-

res do RBSS foi morto a tiro noutra

cidade fronteiriça da Turquia.

Crimes que punem a dissensão,

mas que são sinal também da preo-

cupação da liderança da cúpula do

Estado Islâmico com a própria se-

gurança, depois de vários dos seus

cabecilhas terem sido mortos em

ataques aéreos recentes, sugerindo

que a coligação dispõe agora de uma

melhor rede de informadores, quer

em Raqqa, quer em Mossul, a gran-

de cidade do Norte do Iraque onde

estarão muitos dos dirigentes do EI.

Ainda no domingo, o grupo divul-

gou imagens da execução de cinco

homens, acusados de espionagem a

favor do Reino Unido.

SíriaAna Fonseca Pereira

Ruqia Hassan, activista de 30 anos, estava desaparecida há meio ano. Terá sido executada em Setembro

“Merkel: Onde estás? O que dizes? Isto amedronta-nos!”

Cerca de 3000 manifestantes, sobre-

tudo mulheres, reuniram-se na noite

de terça-feira na praça em frente da

catedral da cidade alemã de Colónia

para reivindicarem uma acção polí-

tica para responsabilizar os autores

dos ataques em massa a dezenas de

mulheres na noite de Ano Novo perto

daquele local.

“Merkel: Onde estás? O que dizes?

Isto amedronta-nos!”, dizia um car-

taz. A chanceler alemã terá conver-

sado com a presidente da câmara da

cidade, Henriette Reker, na terça-fei-

ra, dia em que Reker se reuniu de

emergência com as autoridades po-

liciais. De acordo com a BBC, Angela

Merkel condenou os “repugnantes

ataques e assédios” e afi rmou que os

responsáveis deveriam ser “localiza-

dos e julgados o mais rápido possível,

independentemente da sua origem

ou passado”.

Segundo o chefe da polícia local,

Wolfgang Albers, a investigação es-

tá em curso e já foram identifi cados

três suspeitos, embora não tenham

sido feitas detenções. “Os ofi ciais no

local apenas identifi caram os crimi-

nosos como homens, na sua maio-

ria jovens entre os 18 e os 35 anos, e

aparentemente de origem árabe ou

norte-africana.”

A chanceler alemã volta a estar

debaixo de fogo pela política de

portas abertas ao acolhimento de

Protestos em Colónia contra ataques a mulheres

refugiados, e terá ainda ontem reu-

nido em Munique com os membros

do seu partido para esclarecer qual

o rumo do Governo na questão dos

refugiados.

“Se os culpados das agressões [em

Colónia] forem refugiados ou emi-

grantes com pedido de asilo, será o

fi m imediato da sua estada na Ale-

manha”, declarou Andreas Scheuer,

secretário-geral da CDU, o partido

conservador de Merkel, que aumenta

agora a pressão para que a chanceler

limite a entrada dos migrantes que

diariamente chegam às fronteiras

alemãs.

Segundo a AFP, o número de de-

núncias de assaltos e ataques na noite

de Ano Novo em Colónia subiu para

mais de uma centena, e há registo de

ataques semelhantes em Hamburgo e

Estugarda, embora numa menor es-

cala. Em Colónia foram cerca de mil

os homens que, em vários grupos,

atacaram mulheres que circulavam

na zona da catedral. Agora, os habi-

tantes da cidade pedem respostas.

“De onde vêm mil pessoas assim

de repente? Dizem que são mil norte-

africanos, mas que não são migrantes

à procura de asilo, então de onde vie-

ram?”, questiona uma residente em

entrevista à BBC. As críticas também

chegaram da parte da facção popu-

lista alemã: “A Alemanha já está su-

fi cientemente colorida e aberta ao

mundo para si, Merkel?”, questionou

Frauke Petry, do Alternativa pela Ale-

manha, que nos últimos meses subiu

nas sondagens para as próximas re-

gionais de Março.

Reker apelou para que as pessoas

evitassem conclusões precipitadas:

“É completamente impróprio ligar

um grupo que parece ser do Norte

de África aos refugiados.” Texto edi-tado por Joana Amado

WOLFGANG RATTAY/REUTERS

AlemanhaInês Moreira Cabral

Número de denúncias aumentou para mais de cem. Merkel debaixo de fogo por causa do acolhimento de refugiados

Ruqia Hassan ousava escrever sobre a repressão do Estado Islâmico ou o medo causado pelas bombas

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26 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Estetoscópio

Dois séculos depois, é tempo de tomar o pulso a um ícone da medicina

O estetoscópio encontra-se numa encruzilhada. Talvez mais do que nunca, nos seus 200 anos de história, esta ubíqua ferramenta da medicina está no centro de um debate acerca do que deve ser a prática médica

Nos últimos anos, os

sons que o estetos-

cópio transmite ao

médico, vindos do

coração, dos pul-

mões, dos vasos

sanguíneos e dos

intestinos dos seus

doentes, têm sido

digitalizados, am-

plifi cados, fi ltrados e gravados. Há

quatro meses, a Food and Drug

Administration [FDA, a agência fe-

deral norte-americana de controlo

dos medicamentos] aprovou o uso

de um estetoscópio que, através de

uma app de telemóvel, consegue

reproduzir esses sons com fi deli-

dade a milhares de quilómetros

de distância e enviá-los directa-

mente para um registo médico

electrónico.

Já há algoritmos capazes de ana-

lisar os indícios recolhidos por um

estetoscópio e de propor um pos-

sível diagnóstico. Mas a questão

de saber se tudo isto representa um

renascimento do potencial do este-

toscópio como ferramenta de diag-

nóstico ou o último estertor de um

dispositivo obsoleto tem sido o tema

de discussão acesa em cardiologia.

O uso generalizado de ecocar-

diogramas e o desenvolvimento de

aparelhos de ecografi a que cabem

no bolso estão a pôr em causa o facto

de os médicos continuarem a andar

com auriculares e um tubo de bor-

racha à volta do pescoço.

“O estetoscópio morreu”, diz Jagat

Narula, cardiologista e vice-reitora da

Escola de Medicina Icahn no Hospital

Monte Sinai de Nova Iorque. “A era

do estetoscópio acabou.”

William Reid Thompson, profes-

sor associado de Pediatria na Escola

de Medicina da Universidade Johns

Hopkins (EUA), discorda. “Ainda não

chegámos ao ponto, e falta provavel-

mente muito tempo para lá chegar-

mos”, em que ouvir os sons do corpo

possa ser substituído por imagens.

“Isso ainda é valioso”, acrescenta.

Uma coisa em que ambas as partes

concordam, contudo, é em dizer que

viam os investigadores na revista Ar-

chives of Internal Medicine.

Isso não foi certamente o que o

médico francês René Laennec te-

rá vislumbrado em 1816, quando,

incomodado por ter de encostar

o ouvido ao peito de uma mulher

para ouvir o seu coração, enrolou

várias folhas de papel, formando

um tubo para amplifi car o som. A

seguir, Laennec inventou o estetos-

cópio, sendo hoje considerado o pai

da auscultação.

Em 2016, este dispositivo continua

a ser um dos poucos instrumentos

que os profi ssionais dos cuidados de

saúde usam para determinar a natu-

reza de um problema quando não o

conseguem visualizar directamen-

te. Os médicos “são as pessoas mais

conservadoras do mundo”, diz Sanjiv

Kaul, director da Divisão de Medicina

Cardiovascular da Universidade de

Saúde e Ciência do Oregon (EUA).

“Quando aprendem uma coisa, não

querem aprender outra.”

Claro que o estetoscópio também é

um ícone. Porém, o seu valor é mais

do que simbólico. Encurta a distân-

cia física entre o médico e o doente.

Obriga ao contacto humano.

A lista dos males médicos hoje

mais frequentes é em parte respon-

sável pelo declínio do estetoscópio. E

a carga de trabalho do pessoal hospi-

talar faz com que os clínicos passem

muito menos tempo com os doentes.

Isso implica menos tempo para os

examinar, em particular com a aju-

da do estetoscópio. Muitos médicos

também se queixam de que as exi-

gências da manutenção de registos

médicos electrónicos têm feito dimi-

nuir ainda mais o tempo que dedi-

cam aos doentes.

“As rondas médicas são só gráfi cos

e folhas de computador impressas.

É horrível. Faz-me estremecer”, diz

John Criley, professor emérito de Me-

dicina e de Ciências Radiológicas na

Escola de Medicina David Geff en da

Universidade da Califórnia.

Há décadas que se tornou mais fá-

cil enviar um doente cardíaco fazer

um ecocardiograma. E esse exame

de imagiologia, cada vez mais sofi sti-

cado, tem demonstrado ser mais fi el

do que a interpretação através de um

Lenny Bernsteinos médicos não sabem usar muito

bem o estetoscópio — e que esta situ-

ação já dura há muito tempo.

Em 1997, uma equipa de cientistas

analisou a capacidade de 453 médi-

cos em formação e de 88 estudan-

tes de Medicina interpretarem a in-

formação obtida pelo estetoscópio.

Segundo esse estudo, “tanto os for-

mandos de Medicina Interna como

os de Medicina Geral apresentavam

uma taxa preocupantemente baixa

na identifi cação de 12 eventos cardí-

acos importantes e frequentes”.

Dezanove anos mais tarde, outra

equipa tentou determinar quando é

que os médicos param de progredir

nas suas capacidades de “ausculta-

ção” — a arte de ouvir o corpo para

detectar doenças. Resposta: após o

terceiro ano do curso de Medicina.

Ainda pior: essa competência “po-

de vir a declinar ao longo dos anos

de prática clínica, o que tem impli-

cações importantes para a tomada

de decisão médica, para a segurança

dos doentes, para a gestão económi-

ca dos cuidados de saúde e para o

futuro da educação médica”, escre-

Page 27: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | CIÊNCIA | 27

estetoscópio de tum-tuns, cliques,

galopes e sopros produzidos pelo

coração humano.

Alguns médicos fazem notar com

tristeza que, por outro lado, os for-

necedores e os hospitais podem exi-

gir um pagamento adicional por um

ecocardiograma, ao passo que um

exame do peito com um estetoscópio

não lhes dá lucro nenhum.

Estamos perante um círculo vicio-

so, uma vez que os jovens médicos

têm agora menos mentores capazes

de lhes transmitir a boa prática da

auscultação. Por isso, num esforço

destinando a contrariar esta situa-

ção, Thompson, Criley e mais um pu-

nhado de peritos dão aulas especiais

aos jovens internos.

Numa dessas sessões, no fi m de

Dezembro, no Centro Pediátrico da

Universidade Johns Hopkins, dois

jovens médicos e um estudante de

Medicina em visita da Síria ouviram

com atenção os sons de um coração

gravados através de estetoscópios

especiais que recebiam sinais infra-

vermelhos de um computador [simu-

lando, portanto, um coração]. O “do-

ente” assim auscultado era um atleta

adolescente que tinha de repente de-

senvolvido difi culdades em aguentar

o ritmo do campo de futebol. Teria

ele um problema cardíaco?

Os três formandos sugeriram que

esse era efectivamente o caso — tal-

vez um buraco na parede que separa

as duas câmaras superiores do cora-

ção? A doença, conhecida como de-

fi ciência do septo atrial, era de facto

a resposta certa. “Pensem na impor-

tância do que acabaram de fazer”,

disse Thompson ao trio. “Sem outra

ajuda nem tecnologia para além do

vosso estetoscópio... vocês disseram:

‘Acho que ele tem uma defi ciência do

septo atrial’.”

Thompson coligiu milhares de sons

cardíacos e criou o MurmurLab.org,

onde qualquer pessoa pode aprender

a ouvir os sons do coração. E já este

mês inaugurará o site MurmurQuiz.

org, que permitirá a profi ssionais,

estudantes e a qualquer um testar

as suas capacidades na interpretação

do signifi cado desses sons.

No entanto, algumas faculdades de

Medicina escolheram uma aborda-

diçar o tempo dos estudantes”, diz

Narula. “O que me impede de ter um

ecocardiógrafo na mão, se ele for tão

pequeno como um estetoscópio?”

Por enquanto, estes ecocardiógra-

fos de bolso são sobretudo utilizados

nos serviços de urgência dos hospi-

tais, onde a rapidez é crucial. A sua

qualidade, diz Thompson, ainda não

é sufi cientemente boa para serem

usados de forma rotineira noutras

circunstâncias clínicas.

Todavia, um estudo publicado em

2014 na revista Journal of American

Cardiovascular Imaging sugere que

a fi abilidade destes instrumentos

electrónicos portáteis é, no mínimo,

superior à do exame físico. Os cardio-

logistas que os usavam conseguiram

identifi car correctamente 82% dos

doentes com anomalias cardíacas,

enquanto os cardiologistas que re-

corriam à auscultação apenas apa-

nharam 47% das anomalias.

“Chegou a hora de descartarmos o

impreciso, embora icónico, estetos-

cópio e de nos juntarmos ao resto da

humanidade nesta revolução tecno-

lógica”, escreveu na altura Kaul, um

dos autores do estudo, num edito-

rial [na revista Echo Research and

Practice].

Há também quem pergunte o

que se poderá perder quando os

médicos pararem de encostar es-

se disco, tantas vezes frio, à pele

dos doentes. Num ensaio publi-

cado no mês passado na revista

New England Journal of Medicine,

Elazer Edelman — um médico que

dá aulas na Escola de Medicina da

Universidade de Harvard e no

Instituto de Tecnologia do Massa-

chusetts — fazia notar que o exame

estetoscópico é uma oportunidade

para criar um laço entre o médico

e o doente.

“A relação entre o doente e o mé-

dico (...) é diferente de qualquer

outra relação entre duas pessoas

não relacionadas entre si”, salien-

tou Edelman numa entrevista. “Ao

distanciarmo-nos cada vez mais,

estamos a deteriorar ou rasgar es-

se elo. Não é possível confi ar em

alguém que não nos quer tocar.”

Exclusivo The Washington Post/PÚBLICO

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Esta história remonta a 1816, quando o médico francês René Laennec enrolou folhas de papel para ouvir o coração de uma mulher

gem diferente. Desde 2012 que o Hos-

pital Monte Sinai começou a fornecer

aos seus estudantes dispositivos de

ecografi a, pouco maiores do que um

telemóvel, mas que conseguem gerar

imagens em tempo real do coração

mesmo à cabeceira do doente. Várias

outras faculdades deverão juntar-se à

experiência no próximo Outono.

Os especialistas concordam em

dizer que o estetoscópio continua a

ser valioso para ouvir os pulmões e

os intestinos. Mas no que respeita ao

sistema cardiovascular, “a ausculta-

ção é supérfl ua. Estamos a desper-

Page 28: Público 2016-07-01

28 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Jeff rey Tambor, um “aliado orgulhoso da comunidade transgénero”

Os genitais e a biologia são destino?

Foi assim que Laverne Cox, a pri-

meira mulher transgénero a ser capa

da Time, pôs o tema numa revista

que proclamava em manchete ter-se

atingido nos últimos anos um pon-

to de viragem na visibilidade desta

comunidade. E se ela é actriz secun-

dária em Orange is the New Black,

Jeff rey Tambor é actor principal na

agridoce Transparent, que hoje re-

gressa ao canal TV Séries e que pela

primeira vez põe uma personagem

transgénero (Maura Pfeff erman), no

centro de uma comédia. “Orgulho-

me tanto de ser um aliado da co-

munidade transgénero”, diz o actor

norte-americano por telefone.

Jeff rey Tambor não soçobra, por-

tanto, sob o peso da representação

de uma comunidade que viveu em

2015 um dos seus grandes anos, se

não o seu ano maior. Considerado

um dos melhores actores de com-

posição a trabalhar actualmente,

foi Oscar e George Bluth em Arres-

ted Development — De Mal a Pior e

com Transparent, que se estreou

em Fevereiro de 2014, venceu os

seus primeiros Emmy e Globo de

Ouro de Melhor Actor de Comé-

dia. Transparent ganhou também o

primeiro Globo de Ouro para uma

série de um serviço de streaming

para a Amazon, no mesmo ano em

que, com Orange is the New Black,

o serviço concorrente Netfl ix teve

também direito a prémios da Guilda

dos Actores e diversas nomeações.

Transparent conta a história de

uma família com três fi lhos solip-

sistas e um pai que se afi rma como

“moppa” — a aglutinação de mom e

pappa, do inglês para mamã e papá

— depois de se ter debatido com uma

identidade de homem atribuída à

nascença quando, na verdade, se

identifi cava como mulher. É, no fun-

do, uma história sobre “o que acon-

tece numa família quando essas coi-

sas mudam”, explica Tambor numa

entrevista telefónica com jornalis-

tas de Portugal e da Bélgica poucos

dias depois da estreia norte-ame-

ricana desta segunda temporada.

Jill Soloway, criadora da série e ar-

gumentista de títulos de culto como

Sete Palmos de Terra, considera que

Transparent é mais do que um pro-

grama. É “parte de um movimento”.

Tambor concorda que a série teve

um enorme impacto: “Comparo-a

a uma seta que foi disparada para

um zeitgeist já existente e que ex-

plodiu com o movimento em si, o

que é muito bom porque o mundo

precisa de mudança. Somos parte

da mudança.” Responde ao PÚBLI-

CO sobre os objectivos de Soloway,

contar histórias sobre “fl uidez de

género, representação de género

e transição de género”, e sublinha

que o que Transparent faz é sobre-

tudo gerar conversas. Param-no em

todo o lado, nos aeroportos ou no

teatro, para falar não só do que é

ser transgénero, mas também sobre

famílias. “É uma altura emocionan-

te”, diz sobre o papel pelo qual está

tão grato porque o enriqueceu como

pessoa — e sobre um momento que

durará já desde 2012, ano em que o

vice-presidente dos EUA, Joe Biden,

considerou que os direitos transgé-

nero são “o tema de direitos civis do

nosso tempo”.

Olhando à volta, ou passando com

o dedo no comando à distância ou

nas teclas do computador, vê-se a

história de Caitlyn Jenner, que o

mundo conhecia como Bruce Jen-

ner, atleta olímpico norte-america-

no e patriarca do clã da reality TV

Kardashian, na série I am Cait (canal

E!). O zapping pode levar-nos ainda

à experiência da adolescente Jazz

Jennings, cuja transição de menino

para menina é acompanhada em

I am Jazz (canal TLC). Nos últimos

anos soubemos também que uma

metade dos irmãos Wachowski de

Matrix se identifi ca como a realiza-

dora Lana Wachowski ou que a acti-

vista e denunciante militar Chelsea

Manning já não queria ser conheci-

da como Bradley.

A popular série juvenil Glee aco-

lheu a história da personagem Wa-

de “Unique” Adams (FoxLife); no

cinema, este é o ano para ver Eddie

Redmayne como Einar, mas a des-

cobrir-se como Lili, em A Rapariga

A personagem de Maura deu a Jeffrey Tambor o Emmy e o Globo de Ouro de Melhor Actor de Comédia

Transparent regressa hoje ao TV Séries. É a segunda temporada da comédia que pela primeira vez põe um transgénero ao centro — o protagonista defende que “o mundo precisa de mudança”

TelevisãoJoana Amaral Cardoso

é servida ao público com um toque

de ironia e com a ajuda de actores

como Josh Charles ou de consultores

como a escritora e activista Jennifer

Finney Boylan, que contribuiu pa-

ra a construção da personagem de

Maura — a história, por seu turno,

vem da experiência de Soloway com

o pai, que fez a sua transição já de-

pois da meia-idade.

“A comédia, para mim, tem zigues

e zagues. Jill Soloway é uma mestra

nisto. A comédia dela às vezes faz-

nos rir em funerais e chorar quan-

do alguém passa o pão à mesa. A

verdadeira comédia tem essa mis-

tura, não é só uma quantidade de

gargalhadas — é quantidade de mo-

vimentos”, refl ecte Tambor sobre

a sua família fi ccional e sobre a sua

própria educação. Evoca Tchékhov,

diz seguir as “migalhas deixadas pe-

la escrita brilhante” dos argumen-

tistas e fala sobre Maura, retratada

sem clichés, interpretada com hu-

manidade. “É como uma amiga: é

da minha idade, também usa óculos

para ler, também tem artrite no jo-

elho e tem um maravilhoso sentido

de humor, muito seco. E também

me parece uma adolescente que está

a descobrir a vida — como se vestir,

como fazer compras, quem são os

seus amigos, com quem falar, como

se maquilhar, como viver sozinha,

se voltará a amar ou a ser amada. É

interessante ser Maura hoje.”

Na sua entrevista à Time em Abril

de 2014, Laverne Cox, bela e exube-

rante, frisava que “não há uma só

história trans. O que é preciso per-

ceber é que nem toda a gente que

nasce sente que a sua identidade de

género está alinhada com o que lhe é

atribuído à nascença, com base nos

seus genitais.” As pessoas “querem

acreditar que a biologia e os genitais

são como o destino!”, defende a ac-

triz. Mas “há cada vez mais pessoas

transgénero que querem avançar e

dizer ‘Isto é o que sou’”.

Ainda assim, contesta-se, me-

Dinamarquesa, ou About Ray, em

que Elle Fanning quer viver como

o rapaz Ray. A BBC2 programou es-

te ano Boy Meets Girl, uma série so-

bre transição de género no país que

mais respeita os direitos de lésbicas,

gays, bissexuais e transgénero e in-

tersexuais segundo o ranking Rain-

bow Europe elaborado anualmente

pela ILGA-Europa. (Portugal é, em

49 países, o décimo na lista relativa

a 2014.)

“Nas minhas conversas com as

pessoas, no que leio, o tema da série

está na boca de toda a gente e todos

estão muito cientes da mudança não

só na questão da liberdade e da fl ui-

dez de género”, explica Jeff rey Tam-

bor. “Sempre achei que a comédia

faz isso, que a interpretação, a pala-

vra escrita... as histórias são muito

importantes, curam, investigam”,

afi rma, valorizando a representa-

ção mediática das questões de géne-

ro e em particular da comunidade

transgénero. Que, em Transparent,

Page 29: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | CULTURA | 29

lhoradas que estão a diversidade

e a qualidade das representações

das pessoas transgénero na fi cção,

e neste caso na dominante produção

anglo-saxónica, 2015 foi o ano em

que o homicídio de pessoas trans-

género atingiu um recorde históri-

co: 21 mortes até Novembro de 2015

nos EUA, nenhuma das quais julga-

da como crime de ódio, segundo a

Human Rights Campaign.

É um tempo Transparent, em que

são celebrados manequins transgé-

nero na moda — Lea T é um dos ros-

tos da marca de cosmética Redken

e Andreja Pejic tornou-se em 2015

a primeira mulher transgénero na

Vogue americana —, mas em que há

também quem peça perspectiva. Vi-

sibilidade (ainda) não é tudo. “Tal

como o racismo difi cilmente acabou

com a eleição de Obama, a transfo-

bia não vai desaparecer em breve”,

avisava no New Republic Eric Sasson,

autor do livro sobre identidade gay

Margins of Tolerance.

SONY PICTURES TELEVISION INC.

NUNO FERREIRA SANTOS

Ruínas estreia-se em Lisboa numa altura em que a Europa tenta integrar um milhão de refugiados

A dramaturga Lynn Nottage quis

“alertar para um drama que não es-

tava a receber a atenção devida” e

assim nasceu a peça Ruined, baseada

em testemunhos de refugiadas da

República Democrática do Congo

violadas por militares e rebeldes.

António Pires apaixonou-se pelo tex-

to quando o leu, em 2010 ou 2011.

Aconteceu só agora conseguir ence-

ná-lo (a estreia é hoje no S. Luiz, em

Lisboa) e, “de repente, a peça tem

uma actualidade extrema”.

Tudo se passa no bordel gerido pe-

la Mamã Nani (Zia Soares), que aco-

lhe mulheres recusadas pelas suas

comunidades e não fecha a porta a

combatentes de nenhum dos lados.

Salima (Elizabeh Pinard) recorda o

momento em que foi raptada, tinha

o marido ido comprar a panela nova

que ela tanto pedira. “Finalmente,

naquele dia, o diabo do homem havia

de ir comprá-la. Uma panela nova.”

Nottage estava obcecada com a

guerra do Congo e com a falta de

informação sobre as mulheres que

a viviam. “Havia notícias, poucas, e

eram mais estatísticas, não havia tes-

temunhos”, diz ao PÚBLICO, numa

conversa por Skype. “Na altura, que-

ria adaptar o texto Mãe Coragem, de

[Bertolt] Brecht, falei com a [ence-

nadora] Kate Whoriskey e perguntei-

lhe se queria ir comigo ao Congo”,

recorda.

Whoriskey aceitou o desafio e

encenou a versão que se estreou no

início de 2009, em Nova Iorque. O

sucesso foi tanto que se adiou nove

vezes o fi m da carreira e o texto ga-

nhou o Pulitzer de Dramaturgia no

mesmo ano.

A viagem aconteceu em 2004. “Fo-

mos para o Uganda, mas era muito

difícil passar a fronteira e decidimos

entrevistar congolesas que estavam

em fuga da guerra. No início, pensá-

mos que só uma ou duas iam querer

falar. Mas muitas sentiam necessida-

de de contar o que lhes tinha acon-

tecido e todas, de todas as idades,

tinham sido violadas”, diz Nottage.

Brecht ficou pelo caminho.

“Quis abordar o tema do ponto

de vista do género, dar-lhe uma

voz de mulher”, explica a autora.

“O teatro consegue devolver a identidade a quem foge de uma guerra”

Teatro Griot, que nasceu para incen-

tivar africanos e afro-descendentes a

contarem as suas histórias. Precisava

de actores negros e já tinha traba-

lhado com eles no Teatro do Bairro,

onde é um dos responsáveis. “Para o

coro fi z um casting e apareceu imen-

sa gente. Nem tinha como lhes pagar

ordenados a tempo inteiro”, conta.

“Mas todos quiseram fi car, sinto que

toda a gente sabe que está a fazer

alguma coisa especial.”

Iniciar outra conversaRuínas estreia-se em Lisboa quando

o mundo enfrenta a maior crise de

refugiados desde a II Guerra Mundial

e a Europa tenta fazer frente ao mi-

lhão de pessoas que aqui chegaram

em 2015, a maioria sírios. “As pesso-

as falam muito, mas as conversas são

sobre os passaportes, os números,

por onde vêm, se têm roupa”, diz o

encenador. “O que a peça faz é dar

Ruined, Ruínas na adaptação por-

tuguesa, é um musical. “A música

é muito importante no Congo, é o

que une as pessoas”, diz Nottage. Ao

mesmo tempo, “pode ser uma for-

ma escondida de passar mensagens

fortes”. O mesmo acontece com o

riso, e há muito humor aqui. “Mui-

tas vezes, depois de uma gargalha-

da, as pessoas param para pensar”,

afi rma. “Eu tinha uma urgência e o

humor ajuda a mostrar a humani-

dade. Normalmente, pensa-se que

a guerra é guerra, guerra e guerra,

mas as pessoas continuam a viver, e

também se riem.”

Pires viveu uma guerra e esse foi

um dos motivos para trabalhar este

texto. “Saí de Angola com a minha

família quando já tinha começado

a guerra civil. Tinha oito anos, mas

lembro-me de algumas coisas”, diz.

“E sei que muitas pessoas em Por-

tugal passaram pelo mesmo.” Daí a

decisão de fazer música original —

composta por Filipe Raposo e com

letras de Kalaf — e de “limpar a peça

de algumas referências muito especí-

fi cas àquele confl ito”. Por um lado,

Pires quis dar “um tom lusófono” à

peça e, assim, “aproximar as pessoas

das histórias”. Por outro, quis “que

esta pudesse ser uma guerra qual-

quer”. Os confl itos “têm particula-

ridades, mas o horror e o disparate

são sempre os mesmos”.

Para escolher o elenco, chamou o

MusicalSofia Lorena

Ruínas, o musical de Lynn Nottage que hoje chega ao S. Luiz, parte das histórias reais de refugiadas congolesas

caras a estas pessoas, devolver iden-

tidade a quem fugiu da guerra.”

Por tudo isto, a peça teve de ser

mais do que uma peça. Há uma ex-

posição entre o Teatro do Bairro e o

S. Luiz com os retratos de seis das en-

trevistadas por Nottage, fotografadas

pelo seu marido, o documentarista e

fotógrafo Tony Gerber. E umas horas

antes da estreia desta noite, a partir

das 18h30, há um debate no Teatro

do Bairro que junta Gerber, a euro-

deputada Ana Gomes, a historiado-

ra Irene Pimentel, o psiquiatra João

Redondo e membros de associações

que trabalham com refugiados. Às

21h começa a peça, que Pires acredita

poder “contribuir para iniciar outra

conversa, levar as pessoas a questio-

narem as suas perspectivas”.

Nottage alcançou mais do que

esperava. “Fomos à ONU testemu-

nhar numa comissão sobre a violên-

cia contra as mulheres no Congo e

no Sudão, depois estivemos com

refugiados no Parlamento britâ-

nico”, lembra. Antes, a produção

conseguiu levar o secretário-geral

da ONU, Ban Ki-moon, a assistir à

peça com 24 membros da organi-

zação. “No fim, um funcionário

disse-me: ‘Sabes, passei anos a ver

esta violência todos os dias e ho-

je foi a primeira vez que chorei.’

Ele tinha erguido uma capa para

aguentar, mas fi nalmente estava a

sentir. E eu só pensava: ‘Consegui.’”

“Entrevistámos congolesas que estavam em fuga da guerra. Todas, de todas as idades, tinham sido violadas”, diz Lynn Nottage

Page 30: Público 2016-07-01

30 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Cartoon de Florence Cestac, a única vencedora do Grande Prémio

A polémica estalou ontem em Fran-

ça, após o anúncio da lista dos 30

autores nomeados para a 43.ª edi-

ção do Grande Prémio do Festival

Internacional de Banda Desenhada

(FIBD) de Angoulême, que decorre

de 18 a 31 deste mês. E já teve conse-

quências. O facto de não surgir ne-

nhuma mulher entre os escolhidos

pelo comité designado pela direcção

do festival motivou em cadeia acu-

sações de sexismo e discriminação,

e houve até dez autores que deci-

diram recusar integrar a lista, num

gesto de solidariedade. A própria

ministra da Cultura, Fleur Pellerin,

entrou em cena a considerar a situ-

ação “anormal”.

Pressionada por esta polémica,

a direcção do festival decidiu justi-

fi car-se num comunicado sugesti-

vamente intitulado O festival de An-

goulême ama as mulheres... mas não

pode refazer a história (da banda de-

senhada). No fi nal, anuncia que irá

acrescentar mulheres à lista dos 30

nomeados para o Grande Prémio.

Num texto em que reforça a po-

sição já anteriormente manifes-

tada pelo delegado-geral Franck

Bondoux, o festival explica que o

Grande Prémio visa “coroar um au-

tor (ou autora) pelo conjunto da sua

obra e pela sua contribuição para a

evolução da banda desenhada”. E

nota que, nesta perspectiva históri-

ca, é “objectivamente mais rápido

contar as autoras (quase pelos dedos

de uma só mão) do que os autores”.

A direcção do festival lembra tam-

bém toda a sua vasta programação,

que tanto nas secções ofi ciais como

nas iniciativas paralelas dá grande

atenção à BD no feminino.

O boicoteHoras antes, logo após a divulgação

da lista, o francês Riad Sattouf, já du-

as vezes premiado com o principal

galardão do festival, em 2010 (com

o terceiro volume de Pascal Brutal)

e no ano passado (com o primeiro

volume de O Árabe do Futuro, já edi-

tado em Portugal), foi o primeiro a

reagir: “Descobri que estava na lista

dos nomeados para o Grande Pré-

mio do FIBD. Isso deu-me imenso

Acusado de sexismo, o festival de Angoulême assegura que “ama as mulheres”

através do blogue do Colectivo das

Criadoras de BD contra o Sexismo,

que reúne perto de duas centenas

de artistas: “Manifestamo-nos con-

tra esta discriminação evidente, esta

negação total da nossa representa-

tividade num medium que cada vez

conta com mais mulheres.” E ape-

laram mesmo ao boicote ao festival,

cujo grande prémio se recusarão a

votar, através de uma mensagem no

Twitter em que lançaram a palavra

de ordem #WomenDoBD.

Também a ministra de Cultura,

Fleur Pellerin, veio lamentar a se-

lecção do FIBD, considerando “bas-

tante anormal”, segundo a AFP, que

nela não surja nenhuma mulher. Em

declarações à France Info, Pellerin

disse-se afectada “enquanto mulher

e enquanto ministra”. “Falamos da

BD como podíamos falar de música

clássica, de direcção de orquestra,

de muitas outras coisas; a cultura

deve ser exemplar em matéria de

paridade, de representar a diversi-

dade”, acrescentou.

Questionado pelos jornais Le Mon-

de e Libération, Franck Bondoux re-

alçou o facto de o Grande Prémio ser

a consagração do conjunto de uma

obra. “Quando olhamos para o pal-

prazer. Mas acontece que só contém

homens. Isso irrita-me, porque há

muitas grandes artistas que mere-

ceriam estar nessa lista”, reagiu Sat-

touf no Facebook, acrescentando

preferir dar o seu lugar a autoras

como Rumiko Takahashi, Julie Dou-

cet, Anouk Ricard, Marjane Satrapi

ou Catherine Meurisse.

O também francês Joann Sfar

associou-se imediatamente ao pro-

testo: “Apoio a mil por cento a ini-

ciativa de Riad. Nenhum autor pode

desejar fi gurar numa lista exclusi-

vamente masculina. Isso passaria

uma mensagem desastrosa a uma

profi ssão que em todo o lado se

feminiza. Naturalmente peço que

o meu nome seja retirado da lista

dos nomeados.” O norte-americano

Daniel Clowes foi o terceiro a ade-

rir “voluntariamente ao boicote”,

recusando a inclusão do seu nome

na lista de candidatos a um prémio

que considerou fi car “esvaziado de

sentido”. Ao longo do dia, mais sete

autores se juntaram, num imparável

efeito dominó: Etienne Davodeau,

Christophe Blain, François Bourge-

on, Pierre Christin, Charles Burns,

Chris Ware e Milo Manara.

Por seu lado, as autoras reagiram

Banda desenhada Sérgio C. Andrade

Ausência de autoras entre os nomeados para o Grande Prémio motivou um boicote em cadeia — e a direcção vai rever a lista

marés, constatamos que os artistas

que o compõem testemunham uma

certa maturidade e uma certa idade.

Infelizmente, há poucas mulheres

na história da BD. É uma realidade.

Se formos ao Louvre, também en-

contraremos poucas artistas”, disse,

acrescentando que não está na ca-

beça da direcção do FIBD “instaurar

quotas”.

Estas declarações motivaram a

réplica do Colectivo das Criadoras

de BD contra o Sexismo, que, atra-

vés de Joanna Schiff er, classifi cou a

argumentação como “falaciosa — é

a serpente a morder a cauda”. “As

mulheres estão presentes há mui-

to tempo na BD. O problema é que

elas não conseguem chegar à meta,

[porque] não apostam nelas.” A au-

tora compara o mundo da BD aos

restantes meios artísticos e cultu-

rais, “onde os homens se escolhem

entre eles”.

42 anos, uma mulherA história de 42 anos do Festival de

Angoulême, criado em 1974, mostra,

de facto, uma presença ínfi ma da

mulher tanto nos programas como

nos palmarés. Apenas uma autora

ganhou o Grande Prémio, em 2000:

Florence Cestac, que ontem mesmo

reagiu à lista com um cartoon mor-

daz. No ano passado, a única mulher

a integrar a lista dos 26 nomeados

foi a franco-iraniana Marjane Sa-

trapi, a criadora de Persépolis, que

na edição de 2014 também entrara

na lista, ao lado da britânica Posy

Simmonds.

Em 1983, a assinalar a décima

edição, o FIBD de Angoulême dis-

tinguiu Claire Brétécher com “um

prémio especial do décimo aniver-

sário”. É muito pouco, em termos

quantitativos. E mesmo se um re-

latório recente da Associação de

Críticos e Jornalistas da BD diz que

as autoras mulheres representam

apenas 12,4% dos profi ssionais exis-

tentes em França, estas consideram

continuar a ser menosprezadas pe-

los critérios da direcção do festival

num ano — 2015 — em que foram

publicados “excelentes álbuns as-

sinados por mulheres”, reivindica

Chatal Montellier, presidente da

associação Artemisa, que se ocupa

precisamente da defesa e da promo-

ção da BD no feminino. Entre eles,

diz, estão títulos como Piano Orien-

tal, de Zeina Abirached (Casterman);

California Dreamin, de Pénélope Ba-

gieu (Gallimard); Glen Gould, une vie

à contretemps, de Sandrine Revel

(Dargaud); ou Fatherland, de Nina

Bunjevac (Ici même).

Apesar da popularidade à escala pla-

netária, muito por causa de séries

como House of Cards ou Orange Is

the New Black, o Netfl ix estava até

agora em pouco mais de 60 países —

em Portugal chegou em Outubro. O

cenário mudou ontem, dia em que o

serviço de streaming passou a estar

disponível em quase todo o mun-

do, salvo excepções como China ou

Coreia do Norte. “É a revolução da

televisão. Acabou a espera”, anun-

ciou Reed Hastings, CEO do Netfl ix,

na abertura do CES — Consumer Ele-

tronics Show, em Las Vegas.

“Estamos a assistir ao nascimento

de um novo canal global de televi-

são pela Internet”, disse Hastings,

anunciando que o Netfl ix está agora

em mais 130 países, naquela que é a

maior expansão da empresa.

O CEO contou como ao longo des-

te ano lhe perguntaram, em muitos

dos países por onde passou, quando

é que o serviço ali estaria disponível.

“Nós ouvimos, aprendemos e me-

lhoramos”, disse, explicando que

mais idiomas foram acrescentados

aos 71 já existentes, nomeadamente

árabe, coreano, chinês simplifi cado

e chinês tradicional.

Apesar de agora disponibilizar

legendagem e dobragem em chi-

nês, ainda não é desta que o Netfl ix

chegará à China. Mas a vontade de

entrar neste mercado fi cou explíci-

ta — a empresa tem encontrado al-

guns entraves no país e continua a

procurar opções que lhe permitam

fornecer o serviço. “A China é um

mercado muito grande. Leva tempo,

estamos a trabalhar com o Governo,

é preciso permissão específi ca”, dis-

se depois Hastings em conferência

de imprensa. A Coreia do Norte, a

Síria e a região da Crimeia continu-

arão também a não ter Netfl ix, devi-

do a restrições impostas a empresas

americanas pelo Governo dos Esta-

dos Unidos, esclareceu.

Antes do grande anúncio, subiu

também ao palco Ted Sarandos,

responsável pelos conteúdos do Ne-

tfl ix, para apresentar as novidades

do novo ano. Nada que não se sou-

besse já: novos, apenas os trailers

para algumas das novas séries como

The Crown, a primeira produção do

Netfl ix fi lmada no Reino Unido.

“Queremos fi car cada vez mais

locais, queremos levar as histórias

locais para o mundo, como fi zemos

com Narcos ou Clube de Cuervos”,

disse Sarandos.

Netflix já está em quase todo o mundo

TecnologiaCláudia Lima Carvalho

Page 31: Público 2016-07-01

COLECÇÃO INÉDITA JORNAL PORTUGUÊS:REVISTA MENSAL DE ACTUALIDADES

Vol. 5 - Jornal Português 75-95 (Abril 1948 - Abril 1951)Abrangendo o período entre 1948 a 1951, o último disco regista várias notícias sobre a renovação das ligações ferroviárias

e a inauguração de duas barragens. Os tempos do pós-guerra reflectem-se na série de notícias sobre o acolhimento

de crianças austríacas ou na visita do General Eisenhower. Dois números especiais cobrem a Festa dos Tabuleiros

em Tomar e o 2º Congresso Internacional das Capitais do Mundo. Mas o grande destaque deste disco vai para os três

números inteiramente dedicados à visita de Francisco Franco. A última notícia do Jornal Português regista uma visita

de Salazar às obras da ponte sobre o Tejo.

DE ABRIL DE 1948 A ABRIL DE 1951,ESTAS ERAM AS NOTÍCIAS.Redescubra as actualidades do Portugal do Estado Novo.

SÁBADO, 9 JAN. COM O PÚBLICO

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Page 32: Público 2016-07-01

Insolvência de “José Casimiro Miranda Roldão e Lídia Maria Nicolau Faria”

Processo n.º 20632/15.1T8LSB na Comarca de Lisboa,Barreiro - Inst. Central - 2.ª Sec. Comércio - J3 de Barreiro

Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à venda através de proposta por carta fechada, dos bens que a seguir se identifi cam:Verba UM: Fracção autónoma designada pela letra “A”, correspondente ao R/C Dt.º do prédio urbano sito na Urbanização Quinta de Matos Lote 1, Pinhal Novo, descrito na Conservatória do Registo Predial de Palmela com o n.º 3122 inscrito na matriz da Freguesia de Pinhal Novo sob o artigo 7185, com o valor-base de € 88.235,30.REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% do supra-indicado, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 19 de Janeiro de 2016.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indi-cada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Proposta de compra por carta fechada - Insolvência de José Casimiro Miran-da Roldão e Lídia Maria Nicolau Faria - Proc. 20632/15.1T8LSB”, deverão ser acompanhadas de um cheque/caução de 5% do valor proposto, à ordem da massa insolvente, e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:

Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º

2870-239 Montijo4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indi-cação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas.7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nome-adamente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Co-missão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]úblico, 07/01/2016

INSOLVÊNCIA DE“PAULO MANUEL TEIXEIRA DE

QUEIROZ MOURA DOS SANTOS”Comarca de Lisboa - Lisboa

Instância Central - 1.ª Secção Comércio - J4Proc. n.º 20177/15.0T8LSB

Conforme deliberado pela Assembleia de Credores, vai a Exma. Sra. Administradora da Insolvência, no supra-identifi -cado processo de insolvência, proceder à venda nos termos abaixo indicados, do seguinte imóvel no estado físico e jurí-dico em que se encontra:1 - Fracção autónoma designada pelas letras “BD”, cor-respondente ao rés-do-chão direito, destinada a habita-ção do prédio urbano em regime de propriedade horizon-tal, sito na Rua Sam Levy (Quinta de Sto António), 1-A, 1-B e 1-C, n.º 1, freguesia de Belém, concelho de Lisboa, descrito na Conservatória do Registo Predial de Lisboa sob o n.º 614 da freguesia de Ajuda e inscrito na matriz da freguesia de Belém sob o art.º 39.º;Valor mínimo: €218.000,00Qualquer interessado que pretenda visitar o identifi cado pré-dio, poderá contactar, para o efeito, a Sra. Administradora da Insolvência, telf. 21 446 70 77/8. As propostas deverão ser formuladas por escrito, em carta registada dirigida a “In-solvência de PAULO MANUEL TEIXEIRA DE QUEIROZ MOURA DOS SANTOS”, Rua Quinta das Palmeiras, n.º 28, 2780-145 Oeiras, até ao dia 18 de Janeiro de 2016 e deverão conter a identifi cação completa do proponente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identidade, car-tão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empre-sa, bem como cheque caução no valor de 10% da proposta efectuada.A Exma. Sra. Administradora da Insolvência e o credor hipo-tecário, no dia 19 de Janeiro de 2016, pelas 16 horas e na indicada morada, apreciarão as ofertas apresentadas, reser-vando-se o direito de não aceitar as propostas recebidas que não atinjam o indicado valor mínimo. Caso existam propos-tas de igual valor será aberta licitação entre os proponentes.

Público, 07/01/2016

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AvisoEncontram-se abertos procedimentos concursais comuns para constituição de vínculo de emprego público, na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado com vista ao preenchimento de dez postos de trabalho das carreiras/categorias de Técnico Superior e Assistente Técnico (m/f) do Mapa de Pessoal da Câmara Municipal do Porto:Ref.ª A - para dois postos de trabalho da carreira/categoria de Assistente Técnico (m/f) 12.º Ano de Escolaridade ou de curso que lhe seja equiparado, para o Departamento Municipal de Desenvolvimento Social;Ref.ª B - para oito postos de trabalho da carreira/categoria de Técnico Superior (m/f) Licenciatura em Direito, Ciências Sociais ou áreas afi ns, sem possibilidade de substituição do nível habilitacional por formação ou experiência profi ssional, para o Departamento Municipal de Desenvolvimento Social.Âmbito do recrutamento: trabalhadores detentores de vínculo de emprego público por tempo indeterminado (cfr. art.º 30.º, n.º 3 da LTFP)A formalização de candidaturas deverá ser feita até 2016-01-19, nos termos precisos do aviso n.º 71-D/2016, publicado no 2.º Suplemento do Diário da República n.º 2, 2.ª Série, de 05-01-2016.Poderá obter informações adicionais em http://balcaovirtual.cm-porto.pt/PT/cidadaos/guiatematico/edu_emp/emp_at_prof/empregonaautarquia/procedimentosconcursaisadecorrer/Paginas/procedimentosconcursaisadecorrer.aspx.

Porto, 06 de janeiro de 2016

A Diretora de Departamento Municipal de Recursos HumanosSónia Cerqueira

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Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 Lisboa

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Page 33: Público 2016-07-01

NOTIFICAÇÃOProcesso de contraordenação

n.º 57/2010Ao abrigo do disposto no artigo 411.º, n.º 2, parte fi nal, do Código dos Valores Mobiliários (CVM), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 486/99, de 13 de novembro, notifi ca-se Rogério Paulo Dias Seixas, titular do NIF 222.764.295, e com as últimas moradas conhecidas na Rua dos Ciprestes, n. º 66, 1.º Esquerdo, Charneca de Caparica e, também, na Rua Alexandre Cabral, n.º 4, 3.º Direito, Charneca de Caparica, da decisão de condenação em coima de € 7.500 proferida, em processo sumaríssimo, no processo de contraordenação n.º 57/2010, pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, por violação do artigo 292.º do CVM (publicidade a serviços de intermediação fi nanceira por entidade que não intermediário fi nanceiro ou agente vinculado), o que constitui uma contraordenação menos grave, punível com coima de € 2.500 a € 500.000, nos termos conjugados dos artigos 400.º, alínea a) e 388.º, n.º 1, alínea c) ambos do CVM.

A conduta do arguido consistiu, enquanto gerente da sociedade CMBN - Currency Markets Broker National, Lda., na promoção e publicitação do serviço de receção e execução de ordens por conta de outrem em instrumentos fi nanceiros (corretagem) numa página na internet, entre maio e julho de 2010.

Esta notifi cação através de anúncio é efetuada por não ter sido possível notifi car o Arguido por via postal, bem como através das autoridades policiais.

Informa-se o arguido que, nos termos do artigo 414.º, n.ºs 4 e 5 do CVM, lhe assiste o direito de recusar esta decisão, no prazo de cinco dias, e que a recusa ou silêncio do arguido neste prazo, o requerimento de qualquer diligência complementar ou o não pagamento da coima no prazo de dez dias sobre esta notifi cação, determinam o imediato prosseguimento do processo de contraordenação, fi cando sem efeito esta decisão. Informa-se ainda que poderá consultar e ter acesso a cópia da decisão nas instalações da CMVM.

Mais se informa que, nos termos do artigo 406.º, n.º 2 do CVM, “o produto das coimas e do benefício económico apreendido nos processos de contraordenação reverte integralmente para o Sistema de Indemnização aos Investidores”, criado pelo Decreto-Lei n.º 222/99, de 22 de junho, “independentemente da fase em que se torne defi nitiva ou transite em julgado a decisão condenatória”.

O Conselho de Administraçãoda Comissão do Mercado de Valores Mobiliários

Público, 07/01/2016

CARTA FECHADAINSOLVÊNCIA DE JORGE MANUEL BAPTISTA FROIS

Tribunal Judicial da Comarca de Santarém- Instância Central de Santarém

- Secção do Comércio - J2 - Proc. 833/09.2TBALR

Por determinação do Exmo. Sr. Dr. Administrador da Insolvência, vamos proceder à venda extrajudicial, com apresentação de propostas em car-ta fechada, do bem a seguir identifi cado:

BEM IMÓVELVerba 1: Fracção autónoma designada pela letra “J” do prédio urbano sito na Rua de São José, Bloco D, n.º 54, Fazendas de Almeirim, Almei-rim, destinado a estacionamento coberto no R/C, descrito na CRP de Almeirim sob a fi cha n.º 23 e inscrito na respectiva matriz sob o art.º 4455.º. Valor mínimo: 3.952,00€.

REGULAMENTO1. Os interessados deverão remeter sob pena de anulação as propos-

tas em carta fechada até ao dia 15.01.2016 e dirigidas à Leiloeira do Lena.

2. As propostas terão de conter: Identifi cação do proponente (nome ou denominação social, morada, n.º contribuinte, telefone, fax e email); valor oferecido por extenso e o envelope no exterior deve identifi car o nome e processo.

3. A proposta tem de vir acompanhada de cheque de 20% de sinal, valor da nossa comissão e o respectivo IVA.

4. A adjudicação será feita à proposta de maior valor e após parecer favorável do Administrador da Insolvência.

5. As propostas serão abertas no dia 20.01.2016 às 14h30m na sede da Leiloeira do Lena, Urb. Planalto, Lote 36 r/c Dt.º, Leiria e desde que exista mais do que um proponente, com propostas válidas de igual valor, os mesmos estão convidados a comparecer pessoalmente ou representados no dia da abertura das propostas acima indicado para licitarem entre si.

6. O imóvel é vendido no estado físico e jurídico em que se encontra.7. Será pago como sinal 20% no acto da adjudicação do imóvel e os

restantes 80% no dia da escritura.8. Ao valor da venda é acrescido a comissão de 5% para e respectivo

IVA referente aos serviços prestados pela Leiloeira do Lena, pagos com a adjudicação.

INFORMAÇÕES: tel: 244 822 230 / fax: 244 822 170 Rua do Vale Sepal Lote 36, r/c Dt.º

Urb. Planalto 2415-395 LEIRIASiga-nos no facebook

E-mail: [email protected] Site: www.leiloeiradolena.com

TRIBUNAL DE COMARCA DE LISBOAInst. Central - 1.ª Sec. Comércio Lisboa - J4

Processo: 1404/13.4TYLSBInsolvência de Pessoa Coletiva

Insolvente: Sociedade de Construções Rotacasa, Lda.Administrador Judicial: Dr. José Augusto Machado Ribeiro Gonçalves

ANÚNCIO(VENDA MEDIANTE PROPOSTAS EM CARTA FECHADA)

José Augusto Machado Ribeiro Gonçalves, nomeado administrador judicial no âmbito do processo supramencionado:FAZ SABER que foi designado o dia 20 de janeiro de 2016, pelas 15.30 horas, para a abertura de propostas em carta fechada que sejam entregues até esse momento, no seu domicílio profi ssional, sito na Avenida D. João II, Lote 1.06.2.5B, Parque das Nações, 1990-095 Lisboa, pelos interessados na compra das seguintes verbas:LOURES - CAMARATEVERBA SETE: Fração autónoma designada pela letra “D”, destinada a ha-bitação, sita na Quinta da Areeira, Lote 31, correspondente ao 1.º andar es-querdo, com um arrumo com a letra D e um lugar de estacionamento com a letra D, ambos na cave, do prédio urbano descrito na 2.ª Conservatória do Registo Predial de Loures sob o n.º 3407, freguesia de Camarate e inscrito na Matriz sob o artigo 7613 da U.F. de Camarate, Unhos e Apelação (anterior 5116 de Camarate), com um valor-base de venda de € 112.747,05.PALMELA - QUINTA DO ANJOVERBA VINTE E UM: Prédio urbano, composto por lote de terreno para cons-trução urbana, com área de 811,6m2, sito na Rua José Zeferino de Matos, Casal do Monte - Cabanas, Lote n.º 28, descrito na Conservatória do Registo Predial de Palmela sob o n.º 3300, freguesia de Quinta do Anjo e inscrito na Matriz sob o artigo 7937, com um valor-base de venda de € 81.200,00.MAÇÃO - CARDIGOSVERBA VINTE E TRÊS: Prédio rústico, sito em Cale Caneleiro, com área total de 440m2, composto por terra de cultura arvense, descrito na Conser-vatória do Registo Predial de Mação sob o n.º 641, freguesia de Cardigos e inscrito na Matriz sob o artigo 64, Secção C, com um valor-base de venda de € 220,00.As propostas em carta fechada deverão conter a indicação do processo de insolvência, o número da verba a licitar, devendo delas constar o nome, morada, fotocópia do documento de identifi cação civil e fotocópia do cartão de contribuinte do proponente. Os proponentes devem ainda juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado / bancário à ordem da Massa Insolvente de Sociedade de Construções Rotacasa, Lda., no montante cor-respondente a 20% do valor da proposta, ou garantia bancária do mesmo valor.As propostas deverão ser efetuadas por valor igual ou superior a 85% do valor-base de venda.Nota: O bem poderá ser visto no local, no dia 13 de janeiro de 2016 das 9.30 às 10.30 horas, mediante marcação prévia a estabelecer com o escritório do administrador judicial.Informações adicionais poderão ser obtidas junto do escritório do admi-nistrador judicial, via email [email protected], telefone 234371181 ou fax 234371188.Público, 07/01/2016 - 2.ª Pub.

Insolvência de “Cristina Del CármenLourenço Gata Gonçalves”

Processo n.º 4039/15.3T8LSB na Comarca de Lisboa,Inst. Central - 1.ª Sec. Comércio - J2 de Lisboa

Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à venda por negociação particular, dos bens que a seguir se identifi cam e que constam do respectivo auto de arrolamento e apreensão:Verba Um: Fracção autónoma designada pelas letras “EB” correspondente à loja 4, destinada a comércio, do prédio ur-bano sito na Rua Pinheiro Borges, n.º 22 a 22-C, descrito na Conservatória do Registo Predial de Amadora sob o n.º 30 e inscrito na matriz da freguesia de Alfragide sob o artigo 329, com o valor-base de € 16.762,00.Verba Dois: Fracção autónoma designada pelas letras “EZ” correspondente à loja 21, destinada a comércio, do prédio ur-bano sito na Rua Pinheiro Borges, n.º 22 a 22-C, descrito na Conservatória do Registo Predial de Amadora sob o n.º 30 e inscrito na matriz da freguesia de Alfragide sob o artigo 329, com o valor-base de € 11.177,10.Os interessados deverão manifestar por escrito o seu interes-se com indicação de nome ou denominação do proponente/interessado; morada; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indicação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso, se for o caso, até às 17 horas do dia 19 de Janeiro de 2016, a qual deverá ser enviada para o Administrador de Insolvência:

Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º

2870-239 MontijoO imóvel será vendido no estado físico e jurídico em que se encontra, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilida-de do comprador todos os custos relacionados com a venda. A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador c/ a antecedência mínima de 15 dias.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Ad-ministrador de Insolvência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]úblico, 07/01/2016

Insolvência de“Manuel Moreira Alves Monteiro”

Processo n.º 13344/13.2T2SNT no Juízo de Comércio de Sintra do Tribunal de Comarca da Grande Lisboa - Noroeste

Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à ven-da através de proposta por carta fechada, do bem que a seguir se identifi ca:Verba Única: Fracção autónoma designada pela letra “BD” do prédio urbano sito na Avenida Luís de Camões n.º 14, Santo António dos Cavaleiros, descrito na Conservatória do Registo Predial de Loures com o n.º 144, inscrito na matriz da freguesia de Santo António dos Cavaleiros sob o artigo 494, com o valor-base de € 57.058,82.REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% do supra-indicado, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 19 de Janeiro de 2016.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indi-cada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Proposta de compra por carta fechada - Insolvência de Manuel Moreira Alves Monteiro - Proc. 13344/13.2T2SNT”, deverão ser acompanhadas de um che-que/caução de 5% do valor proposto e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:

Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º

2870-239 Montijo4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indi-cação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas.7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nome-adamente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Co-missão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]úblico, 07/01/2016

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O Despertar da Força M12. 12h40, 13h25, 15h45, 17h50, 20h40, 23h50, 00h10; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 12h50, 15h40, 18h50 (2D), 21h35, 00h15 (3D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 20h50, 23h55; Hotel Transylvania 2 M6. 13h15, 15h45, 18h15 (V.Port./2D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20, 15h55, 18h30 (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 20h55, 23h45; Solace: Premonições M12. 13h15, 16h05, 21h50, 00h20; Um Presente do Passado M16. 18h55; 007 Spectre M12. 21h55; A Viagem de Arlo M6. 13h25, 16h05 (V.Port./2D); O Leão da Estrela M12. 12h40, 15h25, 18h05, 21h15, 23h55; Diário de Uma Criada de Quarto M12. 19h; Amor Impossível M12. 18h35, 21h30, 00h25; 99 Casas M12. 13h30, 16h20, 21h25, 00h10; Heidi M6. 13h35, 16h10, 18h50 (V.Port./2D)

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 21422103099 Casas M12. 13h10, 15h20, 19h40, 21h50, 24h; Joy M12. 13h35, 16h, 18h35, 21h10, 23h45; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h20, 15h25, 17h30, 19h35, 21h40, 23h55 (2D), 22h, 00h20 (3D); Hotel Transylvania 2 M6. 19h30 (V.Port./2D); Heidi M6. 13h15, 15h20, 17h35, 19h40 (V.Port./2D); 007 Spectre M12. 21h15, 00h15; O Leão da Estrela M12. 17h30; Star Wars: O Despertar da Força M12. 13h30, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10 (2D), 13h10, 16h10, 19h (3D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h30, 15h50, 18h40, 21h45, 00h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h35; A Ponte dos Espiões M12. 18h45; Amor Impossível M12. 16h20; A Última Noitada M12. 00h25; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h40, 15h45, 17h50 (V.Port./2D); A Viagem de Arlo M6. 13h40 (V.Port./2D); No Coração do Mar M12. 21h55, 00h20; Solace: Premonições M12. 13h25, 15h25, 17h25, 19h55, 21h30, 23h35 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221A Viagem de Arlo M6. 13h50, 16h (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 14h, 17h, 21h15 (3D), 18h30, 21h30 (2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 14h10, 16h45, 19h15, 21h55; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h05, 16h35, 21h45 (2D), 19h10 (3D); Muito à Frente M12. 13h45, 16h10 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 18h50, 21h35; O Principezinho M6. 14h, 16h25 (V.Port.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h20; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h40, 16h15, 18h40 (V.Port.); Solace: Premonições M12. 18h55, 21h35; Amor Impossível M12. 21h40; Heidi M6. 14h10, 16h30, 19h05 (V.Port.); O Leão da Estrela M12. 21h25; Hotel Transylvania 2 M6. 14h05, 16h30 (V.Port./2D), 18h45 (V.Port./3D); Creed: O Legado de Rocky M12. 13h35, 16h15, 19h, 21h40; Joy M12. 13h55, 16h40, 19h15, 21h50

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789Point Break - Caçadores de Emoções M12. 15h30, 21h30 (2D), 18h20 (3D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 21h20 (2D), 18h30 (3D); Hotel Transylvania 2 M6. 15h05, 17h10 (V.Port./2D); No Coração do Mar M12. 15h05, 19h05; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h, 17h (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12.

Impossível M12. 18h20; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h10, 18h10, 21h10, 00h10 (2D); Star Wars: O Despertar da Força M12. Sala IMAX/3D ? 13h, 15h50, 18h45, 21h40, 00h35 ; Creed: O Legado de Rocky M12. 12h35, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Joy M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h35, 00h25; Heidi M6. 10h45, 13h20, 15h55, 18h35 (V.Port./2D); Solace: Premonições M12. 21h05, 23h40; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h05, 15h45, 18h25 (2D), 21h25, 00h15 (3D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 12h50, 15h35, 21h15, 24h Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 13h30, 16h10, 18h20 (V.Port./2D); Joy M12. 13h20, 16h, 18h50, 21h50, 00h30; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h, 15h30, 18h (2D), 21h20, 24h (3D); O Leão da Estrela M12. 21h, 23h40 ; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h40, 15h40, 18h30, 21h30, 00h20 ; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h10 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h50, 15h50, 18h40, 21h40, 00h40; A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h20, 18h10, 21h10, 23h50 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Rapsódia em Agosto M12. 13h; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30; Diário de Uma Criada de Quarto M12. 15h, 16h45, 18h30, 20h20, 22h10; Foxfire - Raposas de Fogo M14. 18h45; 45 Anos M12. 11h30, 13h20, 15h10, 16h55, 21h30; Minha Mãe M12. 13h30, 15h45, 17h45, 22h; Que Horas Ela Volta? M12. 11h30, 19h40; A Juventude M12. 19h30; A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h, 17h15, 21h45 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Coração de Cão M12. 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45; UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. Foxfire - Raposas de Fogo M14. 13h50, 18h55, 00h15; Solace: Premonições M12. 14h15, 16h35, 22h, 00h20; Diário de Uma Criada de Quarto M12. 16h50, 19h10, 21h35, 23h50; 007 Spectre M12. 21h20; Só Podiam Ser Irmãs M12. 00h25; 45 Anos M12. 14h10, 16h30, 18h50, 21h15, 23h30; Heidi M6. 13h50, 16h15, 18h45 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 14h, 17h, 21h30, 00h25 (3D); Creed: O Legado de Rocky M12. 14h30, 18h, 21h20, 00h15; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 14h05, 16h15, 18h25 (V.Port./3D); Amor Impossível M12. 21h15, 00h05; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h, 18h30, 22h; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h, 16h45, 21h55 (2D), 19h15, 00h20 (3D); A Juventude M12. 16h20, 19h, 21h40, 00h25; No Coração do Mar M12. 13h40; A Modista M12. 13h55, 16h40, 21h45; As Sufragistas M12. 19h15; A Ponte dos Espiões M12. 14h20, 18h15, 21h25, 00h20; A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h45, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; Joy M12. 13h40, 16h25, 19h05, 21h50, 00h30

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h40, 00h25; Creed: O Legado de Rocky M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Joy M12. 12h35, 15h25, 18h20, 21h10, 00h05; No Coração do Mar M12. 12h55, 15h50, 18h35, 21h20, 00h20; Star Wars:

99 CasasDe Ramin Bahrani. Com Andrew Garfield, Michael Shannon, Laura Dern, Clancy Brown. EUA. 2014. 112m. Drama. M12. Recentemente desempregado

e a atravessar um momento

difícil, Dennis Nash vive com o

fi lho pequeno e a mãe. Um dia

é-lhe anunciado que foi alvo

de penhora e que tem apenas

algumas horas para abandonar

a casa onde vive. Rick Carver,

o responsável pelo despejo, é

um homem implacável que fez

fortuna no negócio de penhoras.

Ao perceber o seu desespero,

Carver propõe-lhe que trabalhe

para si. Esta proposta, apesar

da aversão que lhe causa - pois

obriga-o a despejar outras

famílias -, é a luz ao fundo do

túnel que precisava.

Foxfire - Raposas de FogoDe Laurent Cantet. Com Raven Adamson, Katie Coseni, Madeleine Bisson. CAN/FRA. 2012. 143m. Drama. Nova Iorque, década de 1950.

Várias raparigas decidem juntar-

se e criar um grupo a que dão

o nome de Foxfi re. Cada uma

delas possui uma tatuagem que

as identifi ca e as liga àquilo em

que acreditam. O que pretendem

é libertar-se da opressão de uma

sociedade machista que pouco

valoriza o sexo feminino. Assim,

de forma a marcar posição,

decidem usar de todos os

métodos para se vingarem das

humilhações sofridas nas mãos

dos homens...

HeidiDe Alain Gsponer. Com Anuk Steffen, Bruno Ganz, Katharina Schüttler, Jella Haase. ALE/SUI. 2015. 106m. M6. Após a morte dos pais, a pequena

Heidi vai viver para os Alpes com

o avô, um homem solitário e de

poucas palavras. Apesar de, a

princípio, se sentirem distantes e

de a energia típica de uma criança

vir alterar a paz a que o velho se

acostumou, depressa nasce entre

eles um entendimento profundo.

Até que um dia a tia decide

levá-la para a cidade, para que

faça companhia a uma menina

paraplégica confi nada a uma

cadeira de rodas. Porém, com

o passar do tempo, as saudades

tornam-se cada vez mais difíceis

de suportar...

JoyDe David O. Russell. Com Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Robert De Niro. EUA. 2015. 124m. Drama, Biografia. M12. Criativa e decidida, Joy esforça-

se por conciliar a difícil vida de

mãe solteira com a de inventora.

Um dia descobre algo inovador

que lhe abre as portas para o

sucesso. Porém, ao mesmo

tempo que ganha notoriedade

e se transforma numa das mais

bem-sucedidas empresárias dos

EUA, vê-se obrigada a enfrentar

a traição, a falsidade e a falta de

generosidade dos que lhe são

próximos.

Point Break - Caçadores de EmoçõesDe Ericson Core. Com Teresa Palmer, Luke Bracey, Édgar Ramírez. ALE/EUA/China. 2015. 113m. Thriller, Acção. M12. Utah é um jovem agente do FBI

cuja missão é infi ltrar-se num

grupo de surfi stas suspeito de

uma série de assaltos no Sul da

Califórnia (EUA). Mas depressa

se sente seduzido pelo líder

do grupo, Bodhi, um homem

generoso e totalmente viciado em

adrenalina, que está disposto a

tudo para estar bem com a vida

e sentir fortes emoções. Por seu

lado, Bodhi aprende a gostar dele,

integrando-o no grupo como um

dos seus.

99 Casas

Page 35: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | 35

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Coração de Cão mmmmm mmmmm mmmmm

Creed — O Legado de Rocky mmmmm mmmmm –Diário de uma Criada de Quarto mmmmm – –Foxfire - Raposas de Fogo – mmmmm mmmmm

Joy mmmmm – –Minha Mãe mmmmm mmmmm mmmmm

99 Casas – mmmmm mmmmm

45 Anos mmmmm mmmmm mmmmm

A Rapariga Dinamarquesa mmmmm mmmmm mmmmm

Star Wars: O Despertar da Força mmmmm mmmmm mmmmm

21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 19h, 21h35

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h50, 18h30, 21h10, 23h50; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 12h40, 15h10, 17h50 (2D), 21h30, 00h20 (3D); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h25, 15h20, 18h10, 21h, 24h; Joy M12. 12h50, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h40, 18h50, 22h; Hotel Transylvania 2 M6. 13h10, 16h, 18h40 (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 20h50, 23h40; Solace: Premonições M12. 21h05, 23h30; Heidi M6. 13h, 15h35, 18h (V.Port./2D) O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2. T. 215887311Foxfire - Raposas de Fogo M14. 14h15, 18h50, 21h30; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 14h30, 17h (V.Port./2D); Joy M12. 14h10, 16h35, 19h15, 21h30; A Rapariga Dinamarquesa M12. 14h, 16h40, 19h, 21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 16h30, 19h20, 21h50

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653A Rapariga Dinamarquesa M12. 17h; 45 Anos M12. 15h; Joy M12. 15h30, 21h30; A Juventude M12. 17h; 45 Anos M12. 15h

Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Amor Impossível M12. 19h20; 007 Spectre M12. 18h45, 21h40; A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h10, 19h30, 21h50; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 18h30, 21h20 (2D), 16h (3D); Point Break - Caçadores de Emoções M12. 15h25, 17h30, 19h35, 21h40 (2D), 22h (3D); A Ponte dos Espiões M12. 21h45; O Principezinho M6. 17h35 (V.Port./2D); No Coração do Mar M12. 19h10; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h30, 17h30 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 16h10, 21h45; Joy M12. 16h, 18h50, 21h30; Heidi M6. 15h20, 17h35, 19h40 (V.Port./2D); Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789O Despertar da Mente M12. 15h50, 21h20 (2D), 18h40 (3D); Joy M12. 16h, 18h30, 21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 15h30, 18h20, 21h25; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 15h40, 21h30 (2D), 15h40, 18h50 (3D); Hotel Transylvania 2 M6. 15h20, 17h25 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 19h15, 21h45; A Viagem de Arlo M6. 17h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 19h10; Solace: Premonições M12. 21h50; Amor Impossível M12. 21h50; Heidi M6. 15h10, 17h20, 19h20 (V.Port./2D)

Leiria Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h, 19h (3D), 16h30, 21h30 (2D); A Viagem de Arlo M6. 16h20 (V.Port.); Star Wars: O

Despertar da Força M12. 15h40, 21h20 (2D), 12h50, 18h30 (3D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 14h20, 19h20; Creed: O Legado de Rocky M12. 18h40, 21h30; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h30, 17h30, 19h30 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 16h50, 21h50; Amor Impossível M12. 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h10; Hotel Transylvania 2 M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Joy M12. 15h, 18h, 21h

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. Hotel Transylvania 2 M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Amor Impossível M12. 21h10; Solace: Premonições M12. 14h40, 19h30; Creed: O Legado de Rocky M12. 16h50, 21h40; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port./2D); Joy M12. 15h, 18h, 21h; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h, 19h (3D), 16h30, 21h30 (2D); O Leão da Estrela M12. 22h10; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 18h30, 21h20; Só Podiam Ser Irmãs M12. 21h50; Heidi M6. 15h10, 17h30, 19h50 (V.Port./2D)

Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 13h40, 16h, 18h10 (V.Port./2D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h, 15h50, 18h20 (2D), 21h20 (3D); O Leão da Estrela M12. 21h10; No Coração do Mar M12. 21h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h10, 15h20, 18h (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h50, 15h40, 18h40, 21h40; Joy M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h45

Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h, 18h, 20h50; Joy M12. 15h30, 18h20, 21h10; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h50 (V.Port./2D); Point Break - Caçadores de Emoções M12. 15h40,

18h40, 21h20; O Leão da Estrela M12. 21h30; Hotel Transylvania 2 M6. 15h20, 18h30 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 18h10, 21h

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 12h55, 15h15, 18h (V.Port./2D); Amor Impossível M12. 21h, 24h; A Rapariga Dinamarquesa M12. 12h35, 15h30, 18h20, 21h15, 00h05; Joy M12. 12h40, 15h40, 18h30, 21h20, 00h15; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h20, 15h20, 18h25, 21h30, 00h30; Creed: O Legado de Rocky M12. 13h30, 16h30, 21h, 00h10; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h, 16h, 18h45 (2D), 21h40, 00h25 (3D); O Leão da Estrela M12. 21h45, 00h20; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h15, 15h50, 18h10 (V.Port./2D)

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAA Última Noitada M12. 21h20; Hotel Transylvania 2 M6. 15h20, 17h40 (V.Port./2D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h, 18h, 21h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h10, 17h30 (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 21h10; Joy M12. 15h30, 18h30, 21h30

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 21h20 (2D), 18h30 (3D); Hotel Transylvania 2 M6. 15h10, 19h15 (V.Port./ 2D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h, 17h10 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 21h30; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h10, 18h20 (3D), 21h40, 00h15 (2D)

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h30, 18h30, 21h30; Joy M12. 15h40, 18h25, 21h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h; Hotel Transylvania 2 M6. 16h10, 18h15 (V.Port./2D); Creed: O Legado de

Rocky M12. 16h, 18h50, 21h45; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 16h20, 19h (2D), 21h40 (3D)

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Hotel Transylvania 2 M6. 14h50, 18h50 (V.Port./2D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 16h50 (V.Port./2D); Amor Impossível M12. 21h; A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h40, 18h20, 21h15; O Leão da Estrela M12. 21h45; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 21h10 (2D), 18h20 (3D); Heidi M6. 15h, 17h15, 19h30 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 15h50, 18h30, 21h20; Joy M12. 16h, 18h40, 21h30

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Foxfire - Raposas de Fogo M14. 18h

Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. Hotel Transylvania 2 M6. 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port./2D); Um Presente do Passado M16. 21h50; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h, 19h (3D), 16h30, 21h30 (2D); No Coração do Mar M12. 16h20; A Viagem de Arlo M6. 15h30, 17h40 (V.Port./2D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 18h30, 21h20; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Solace: Premonições M12. 19h50, 22h; Creed: O Legado de Rocky M12. 18h50, 21h40; Amor Impossível M12. 21h10; Joy M12. 15h, 18h, 21h

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20, 15h50, 18h10 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 21h, 23h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h20, 00h05; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h20, 18h15, 21h10, 24h; Joy M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h15; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h10, 16h, 18h40 (2D), 21h40, 00h10 (3D)

TEATROLisboaA BarracaLargo de Santos, 2. T. 213965360 Clarabóia Comp.: A Barraca. Enc. Maria do Céu Guerra. De 10/12 a 28/2. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h e 21h30. Dom às 16h. Casino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Três é Demais De 7/1 a 31/1. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Duração: 90m. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 Boas Pessoas De David Lindsay-Abaire. Enc. Marta Dias. De 17/12 a 28/2. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Cinderela De Charles Perrault. Comp.: TIL - Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. A partir de 17/10. Sáb e Dom às 15h.

3ª a 6ª às 11h e 14h30 (para escolas). M/3. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 Depois o Silêncio De Arne Lygre. Enc. Álvaro Correia. De 6/1 a 17/1. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Auto da Barca do Inferno De Gil Vicente. Comp.: Companhia da Esquina. Enc. Sérgio Moura Afonso. De 1/1 a 30/6. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Ulisses De Homero (a partir). Comp.: Musgo Produção Cultural. Enc. Mário Trigo. De 1/10 a 30/6. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). M/6. Duração: 60m. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Quarteto Comp.: Heiner Müller. Enc. Jorge Silva Melo. De 6/1 a 13/2. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Na Ponta da Língua Com Salvador Martinha. Até 16/1. 5ª a Sáb às 21h30. M/16. Teatro Maria VitóriaAv. da Liberdade (Parq. Mayer). T. 213461740 Revista Quer... É Parque Mayer! De Mário Raínho, Flávio Gil. Enc. Mário Raínho. Coreog. José Carlos Mascarenhas. A partir de 29/10. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb e Dom às 16h30 e 21h30. M/12. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Ruínas De Lynn Nottage. Enc. António Pires. Mús. Kalaf. De 6/1 a 16/1. 3ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30 (na Sala Principal). M/16. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. A partir de 30/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Plaza Suite Enc. Adriano Luz. De 7/1 a 17/1. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 Ramboia Enc. Paulo Barbosa. Coreog. Ruben Saints. Até 16/1. 5ª a Sáb às 21h30. . Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 Matei Por Amor De Nuno Gil. Enc. Nuno Gil. Coreog. Vera Mantero. Até 10/1. Todos os dias às 21h.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 O Meu Vizinho é Judeu Enc. Beatriz Batarda. Até 31/1. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12.

EXPOSIÇÕESLisboa3 + 1 Arte ContemporâneaRua António Maria Cardoso, 31. T. 210170765 Banhados pela luz brilhante do pôr do sol De Carlos Noronha Feio. De 13/11 a 16/1. 3ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das 11h às 16h. Pintura, Desenho. A MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Coda De Vasco Futscher. De 5/12 a 17/1. Todos os dias 24h. Instalação, Outros. Arquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 Mi.nús.cu.lo De Eduardo Portugal. De 25/9 a 23/1. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia.

A pianista Joana Gama assinala os 150 anos do nascimento de Erik Satie com um recital onde interpreta obras do compositor francês e de autores como John Cage, Carlos Marecos, Arvo Pärt, John Adams ou Alexander Scriabin, que com ele partilham o interesse pela “desformalização” da música. O encontro, transmitido em directo pela Antena 2, está marcado para hoje, às 19h, na Sala Luís de Freitas Branco do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com bilhetes a 5€.

Por SatieEDUARDO BRITO

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Fading, pintura de Paiva Raposo no Centro Cultural Palácio do Egipto

DR

SAIRBaginski Galeria/ProjectosR. Capitão Leitão, 51/53. T. 213970719 Perseguindo o Invisível De Lúcia Prancha. De 18/11 a 8/1. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Desenho, Fotografia, Vídeo, Outros. Biblioteca Municipal de São LázaroRua do Saco, 1. T. 218852672 Presépios de Natal De 7/12 a 7/1. 3ª a 6ª das 11h às 19h. 2ª das 11h às 13h e das 14h às 19h. Sáb das 11h às 18h. Objectos. Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 Captura Transitória De Diogo Pimentão. De 20/11 a 9/1. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Escultura, Desenho. Edifício TransBoavistaRua da Boavista, 84. T. 213433259 Geração 2015. Proyectos de arte Fundación Montemadrid De vários autores. De 19/11 a 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Vídeo, Fotografia, Escultura, Pintura, Desenho. I stood up and... never sat down again De vários autores. De 19/11 a 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Pierre Larauza, Cazenga vs Luanda De 19/11 a 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Fotografia. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 No Atelier De Teresa Magalhães. De 30/9 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Calouste S. Gulbenkian e o Gosto Inglês De 27/11 a 28/3. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. D. Manuel II e os livros de Camões De 13/11 a 15/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Documental, Objectos. Os Magos do Oriente. Miniaturas da Colecção Calouste Gulbenkian De 2/12 a 1/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Objectos. Wentworth-Fitzwilliam. Uma Colecção Inglesa De Philip de Laszlo, Sir Joshua Reynolds, Sir Anton van Dyck, entre outros. De 27/11 a 28/3. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. Galeria Av. da ÍndiaAvenida da Índia, 170. T. 218170847 Retornar - Traços de Memória De 4/11 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Fotografia, Outros.

Évora

Fundação Eugénio de AlmeidaPáteo de São Miguel. T. 266748300 Ah, Finalmente, Natureza De Gabriela Albergaria. De 19/9 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Instalação, Desenho. Departamento dos Futuros Abandonados De Joachim Koester. De 19/9 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 19h. Instalação, Vídeo. Micro-eventos ou a Possibilidade de nos Equivocarmos De Nicolás Paris. De 18/4 a 1/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Prece Geral De Daniel Blaufuks. De 7/11 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia.

OeirasCentro Cultural Palácio do EgiptoRua Álvaro António dos Santos. T. 214408781 Fading De Paiva Raposo. De 11/12 a 17/1. 3ª a Dom das 12h às 18h. Pintura.

Vila Nova da BarquinhaVila Nova da Barquinha Parque de Escultura Contemporânea Almourol De Ângela Ferreira, Alberto Carneiro, Cristina Ataíde, Carlos Nogueira, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Zulmiro Carvalho, Xana. A partir de 6/7. Todos os dias. Escultura.

MÚSICALisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 The Peakles Hoje às 21h (Arena Lounge). Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Joana Gama . Hoje às 19h. Satie.150: 150 anos do nascimento de Erik Satie. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 João Barradas De 7/1 a 9/1. 5ª a Sáb às 22h30 e 24h. Directions.

Lux FrágilAv. Infante D. Henrique - Armazém A (Cais da Pedra a Santa Apolónia). T. 218820890 C.R.E.A.M.: DJ Glue + DJ Ride + Stereossauro + Holly Hoje às 23h45. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Lucky Lupe + Rick Montalvor + KDM + David Polido Hoje às 22h30. Teatro IbéricoRua de Xabregas, 54. T. 218682531 Pepito Enc. Laureano Carreira. Até 17/1. 5ª a Sáb às 21h30 (dias 7, 8, 9 e 15). Dom às 17h .

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Bárbara Lagido Quarteto Hoje às 22h30

OuriqueCine-Teatro Sousa TellesOurique. T. 286512794 Orquestra Clássica do Sul Hoje às 21h. Concerto de Reis - Lendas e Personagens.

DANÇAAmadoraCentro Comercial Alegro AlfragideAv. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Branca de Neve no Gelo Enc. João A. Guimarães. De 20/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários).

CIRCOLisboaLisboa Circo Chen De 27/11 a 17/1. Todos os dias (vários horários, na Avenida da Índia). Parque das NaçõesRecinto da Expo 98. Circo Victor Hugo Cardinali De 27/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários).

SAIRGaleria BangbangRua Dr. Almeida Amaral, 30B. T. 213148018 Selected Stories De Catarina Lira Pereira. De 21/11 a 9/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Pintura. Selected Stories De Catarina Lira Pereira. De 4/12 a 16/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Outros. Galeria Belo-GalstererR. Castilho 71, RC, Esq. T. 213815891 Dangerous Looking-Back De Mel O’Callaghan. De 26/11 a 30/1. 3ª a 6ª das 12h às 19h. Sáb das 14h às 19h. Vídeo, Fotografia. Scriptorium De Ramiro Guerreiro. De 26/11 a 30/1. 3ª a 6ª das 12h às 19h. Sáb das 14h às 19h. Instalação. Galeria das SalgadeirasRua da Atalaia nºs 12 a 16. T. 213460881 Das sombras e do nevoeiro De Joanna Latka. De 21/11 a 9/1. 3ª a Sáb das 15h às 21h. Desenho, Obra Gráfica. Galeria Filomena SoaresRua da Manutenção, 80. T. 218624122 A Última Carta ao Pai Natal De Igor Jesus. De 26/11 a 16/1. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Instalação, Vídeo, Escultura, Fotografia. Galeria João Esteves de OliveiraRua Ivens, 38. T. 213259940 Página Sagrada De Álvaro Siza. De 12/11 a 7/1. 3ª a 6ª das 11h às 19h30. Sáb das 11h às 13h30 e das 15h às 19h30. 2ª das 15h às 19h30. Desenho. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Within Light. Inside Glass De vários autores. De 16/9 a 9/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Instalação. Galeria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 O Gesto e o Espaço De Gonzalez Bravo. De 26/11 a 20/1. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Tirée par... a Rainha D. Amélia e a Fotografia De 30/9 a 20/1. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última entrada às 17h30). Fotografia, Documental. Vera Cortês - Agência de ArteAvenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. T. 213950177 Wilderness De Nuno da Luz. De 20/11 a 16/1. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação, Outros.

AlgésCentro de Arte Manuel de Brito - Palácio dos AnjosAlameda Hermano Patrone . T. 214111400 Os Artistas do KWY na Colecção Manuel de Brito De Lourdes Castro, entre outros. De 24/9 a 24/3. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb e Dom das 12h às 18h. Pintura, Outros.

AlmadaCasa da Cerca - Centro de Arte ContemporâneaRua da Cerca (Almada Velha). T. 212724950 Espaços [Públicos] De Inês Lobo. De 17/10 a 31/1. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb e Dom das 13h às 18h. Arquitectura, Fotografia. Viagem Desenhada De Ricardo Cabral. De 26/9 a 10/1. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb e Dom das 13h às 18h. Ilustração, Banda Desenhada.

AmadoraBiblioteca Municipal Fernando Piteira SantosAv. Conde Castro Guimarães. T. 214369054 As Viagens Portuguesas e o Encontro de Civilizações De 16/3 a 29/1. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Documental. BD Facebook - A culpa é do like De vários autores. De 26/11 a 31/3. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. BD, Ilustração, Desenho.

EstorilGaleria de Arte do Casino do EstorilPç José Teodoro dos Santos. T. 214667700 XXIX Salão de Outono De António Joaquim, entre outros. De 21/11 a 15/1. Todos os dias das 15h às 00h. Pintura.

FARMÁCIAS LisboaServiço PermanenteAscenso (Encarnação) - Praça do Norte, 11 - A - Tel. 218511216 Latina - Avenida António A Aguiar, 17-A - Tel. 213542312 Líbia (Alvalade) - Avenida da Igreja, 4 B - C - Tel. 218491681 Restelo (Restelo) - R. Duarte Pacheco Pereira, 11 - C - Tel. 213031650 Silmar (Hosp. S.José - Desterro) - Rua de São Lazaro, 128 - Tel. 218852829 Camões (Encarnação) - Praça Luis de Camões, 22-24 - Tel. 213473589

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Magalhães Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Varela Aljustrel - Pereira Almada - Vale Fetal, Galeno Almeirim - Barreto do Carmo Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança)

Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Jardim, Nunes, Remédios Ansião - Medeiros (Avelar) , Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Fidalguinhos Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Silveira Suc. Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Hipodermia Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - Alvide (Alvide) , Artur Brandão (Parede), Primavera (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Progresso Castelo de Vide

- Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Almeida Covilhã - Crespo Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Moutta Entroncamento - António Lucas Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Avó Faro - Helena Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - Telo Loulé - Miguel Calçada , Pinheiro, Paula (Salir) Loures - Nacional , Rocha Santos Lourinhã - Marteleirense , Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Barros (Igreja Nova) , Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Moderna Marvão - Roque Pinto

Mértola - Pancada Moita - Aliança (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Nataniel Pedro Mourão - Central Nazaré - Silvério , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Sena Belo , Aniceto Ferronha (Urb. Bons Dias - Odivelas) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Nobre Sousa Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - de Palmela Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Central Pombal - Vilhena Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Elvas Portel - Fialho Portimão - Rosa Nunes Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Central Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Vitorino Santiago do Cacém - Barradas

São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - de Santana (Santana) Setúbal - Costa , Monte Belo Silves - Guerreiro Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Clotilde Dias, Rodrigues Rato, Simões Lopes (Queluz) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Central Torres Novas - Lima Torres Vedras - Simões Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Madragoa , Central de Alverca (Alverca), Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira Montemor-o-Novo - Sepúlveda Oeiras - Nova de Carnaxide (Carnaxide) Ourém - Avenida Redondo - Alentejo Seixal - Pinhal de Frades

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PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | 37

RTP 16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.11 Os Nossos Dias 14.53 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.09 O Preço Certo 20.00 Telejornal 20.42 Debates Presidenciais 2016 21.18 Factura da Sorte 21.29 The Big Picture 22.28 Charlie: Hebdo: Três Dias Que Chocaram Paris 23.26 Terapia 00.03 Automobilismo: Rali Dakar 2016 00.24 Dexter 1.22 Ainda Bem Que Vieste! 2.04 Os Nossos Dias

RTP 207.00 Zig Zag 11.34 Tarbossauro, o Rei do Cretácico 12.23 O Mentalista 13.08 Viagem às Profundezas 14.00 Sociedade Civil - Vila Real 15.07 A Fé dos Homens 15.39 Euronews 16.09 Zig Zag 20.28 Cougar Town 21.00 Jornal 2 - Directo 21.47 Página 2 22.02 Revolução 22.50 Super Diva - Ópera para Todos - Hansel e Gretel - Engelbert Humperdink 23.34 Death of a Stasi Man 00.27 Rockefeller 30 00.50 No Ar - Moullinex (Luis Clara Gomes) 1.17 Olhar o Mundo 2.00 Universidade Aberta 2.22 Um Crime, Um Castigo 3.17 Sociedade Civil - Natal: Consumo e Gastronomia 4.21 Euronews

SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 08.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Dancin Days 16.00 Grande Tarde 18.35 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.40 Coração d´Ouro 22.50 Poderosas 23.55 A Regra do Jogo 1.00 Ray Donovan 2.00 Cartaz Cultural 2.40 Podia Acabar o Mundo

TVI06.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.43 Mundo Meu 16.00 A Tarde é Sua 19.30 A Quinta - Diário 20.00 Jornal das 8 21.40 A Única Mulher 22.57 Santa Bárbara 23.55 A Quinta - Extra 00.56 Eureka 1.48 Autores 2.50 Fascínios 3.50 Sonhos Traídos

TVC19.05 A Mamã, os Rapazes e Eu! 10.30 Intruso Suspeito 11.55 Por Falar de Amor 13.50 Noite de Folga 15.30 A Felicidade Nunca Vem Só 17.20 À Noite No Museu: O Segredo do Faraó 19.00 Mil e Uma Maneiras de Bater as Botas 21.00 Próximo Plano 21.30 Paddington (V.O.) 23.05 Divergente 1.20 À Noite No Museu: O Segredo do Faraó 3.00 Mil e

Uma Maneiras de Bater as Botas 05.00 Paddington (V.O.)

FOX MOVIES9.10 Legalmente Loira 2 10.43 Profundo Azul 12.30 Os Fugitivos de Alcatraz 14.19 A Idade da Inocência 16.28 A Mulher do Viajante no Tempo 18.05 Giras e Terríveis 19.40 Dinheiro Vivo 21.15 O Regresso do Ninja Americano 22.43 Um Ninja Americano 00.16 Sin City - A Cidade do Pecado 2.23 Expiação 4.27 Os Cavaleiros do Asfalto

HOLLYWOOD9.20 Mentes Perigosas 10.55 Um Dia de Doidos 12.30 Ratatui (V.P.) 14.20 The Final Cut - A Última Memória 16.00 Sim! 17.45 Sinais 19.35 O Cume de Dante 21.30 Os Vingadores 23.55 Jovem Procura Companheira 1.50 RocknRolla: A Quadrilha 3.50 Hollywood News Feed 4.05 Perseguido Pelo Passado

AXN13.33 O Mentalista 14.23 Inesquecível 16.03 Investigação Criminal 17.49 O Mentalista 19.29 Inesquecível 21.17 C.S.I. 22.15 Como Defender Um Assassino 23.13 C.S.I. 01.01 Investigação Criminal 02.32 O Mentalista 03.59 C.S.I. Nova Iorque 5.27 Como Defender Um Assassino

AXN BLACK14.28 Fast Track - Velocidade Sem Limites 16.06 8mm 18.05 Os Filhos de Huang Shi 20.09 O Elo do Amor 22.00 Babel 00.17 Batalha em Seattle 1.52 Os Filhos de Huang Shi 3.54 O Elo do Amor 5.43 Babel

AXN WHITE14.16 Trocadas à Nascença 15.01 Pequenas Mentirosas 15.46 Radio 17.30 Família de Acolhimento 19.04 Gossip Girl 19.52 Doutora no Alabama 20.40 Criadas e Malvadas 21.30 Radio 23.16 Corrigindo Beethoven 00.57 Criadas e Malvadas 1.42 Gossip Girl 2.27 Doutora no Alabama 3.12 Descobrindo Nina 4.42 Trocadas à Nascença 5.27 Gossip Girl

FOX13.19 Sob Suspeita 14.05 Hawai Força Especial 15.45 Investigação Criminal: Los Angeles 17.25 Sob Suspeita

19.04 Investigação Criminal: Los Angeles 20.38 Hawai Força Especial 23.10 Scorpion 00.09 Investigação Criminal: Los Angeles 00.55 Hawai Força Especial 1.53 Sob Suspeita 3.25 Spartacus: A Vingança

FOX LIFE13.31 A Patologista 14.18 Secrets of the Summer House 15.48 A Patologista 17.22 The Surrogacy Trap 18.56 Rizzoli & Isles 19.39 A Patologista 21.27 Rizzoli & Isles 22.20 Code Black 23.07 Power 00.05 Ties That Bind 01.38 My Kitchen Rules 2.40 Em Contacto 4.22 Power 5.07 Scandal

DISNEY15.05 Aladdin 15.30 Aladdin 15.55 Gravity Falls 16.20 Os 7A 16.31 Os 7A 16.45 Galáxia Wander 17.10 Phineas e Ferb 17.20 Phineas e Ferb 17.35 Littlest Pet Shop 18.00 Violetta 19.20 Liv e Maddie 19.44 Austin & Ally 20.05 The Next Step 20.30 Violetta - A Viagem 22.14 O Meu Cão Tem um Blog 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 00.33 Casper - O Fantasminha

DISCOVERY17.30 Monstros do Rio: O Refúgio dos Gigantes 18.20 A Febre do Ouro - América do Sul 19.15 A Febre do Ouro - América do Sul 20.05 Overhaulin’ 21.00 Jóias sobre Rodas 22.55 Corridas Ilegais 23.50 Overhaulin’ 00.40 Jóias sobre Rodas 2.20 Mestres do Restauro 4.35 Perdido, Vendido

HISTÓRIA17.00 O Universo: Enigmas Ancestrais 17.43 Caça Tesouros 19.12 O Preço da História 2.17 Alienígenas 3.02 O Universo: Enigmas Ancestrais 3.47 Restauradores 4.29 Restauradores

ODISSEIA17.08 Rude Tube 17.34 Descobrindo os Macacos 18.23 Planeta Terra 19.14 Planeta Humano 20.03 Lugares Frenéticos 20.49 Rude Tube 22.30 Eco Warriors 23.15 Decifrando o Estado Islâmico 00.07 Rude Tube 1.49 Eco Warriors 2.34 Os Tontos Mais Loucos 3.00 Os Tontos Mais Loucos 3.28 Descobrindo os Macacos 4.18 Natureza Letal 360

[email protected]

FICAR

CINEMASim! [Yes Man]Hollywood, 16h00Carl Allen ( Jim Carrey) está preso

numa rotina de negatividade,

afastando-se dos amigos e do

mundo em geral. Tudo isso

muda quando, a contragosto,

participa num seminário de

auto-ajuda que acredita no poder

do “Sim”, no sentido de aceitar

novas experiências, mesmo que

relutantemente. Ao abraçar esta

nova perspectiva, a vida de Carl

transforma-se, especialmente

ao conhecer Allison (Zooey

Deschanel), mas falta-lhe

encontrar algum equilíbrio.

A Revista de Goldwyn [The Goldwyn Follies]TVC2, 22h00Foi o primeiro fi lme produzido

por Samuel Goldwyn com a

tecnologia Technicolor e o ú ltimo

com banda sonora de George

Gershwin. A Revista de Goldwyn

é um musical que segue todos

os câ nones do gé nero, sobre um

produtor que escolhe uma bela

mulher para ser a avaliadora dos

seus fi lmes, de forma a testá -

los e certifi car-se de que está a

corresponder aos desejos das

audiências.

DOCUMENTÁRIOS

Charlie Hebdo: Três Dias Que Chocaram Paris [Charlie Hebdo: Three Days That Shook Paris]RTP1, 22h28A 7 de Janeiro de 2015, dois

extremistas islâmicos armados

forçaram a entrada na redacção

da revista satírica francesa

Charlie Hebdo e abriram fogo,

tendo morto 12 pessoas e ferido

11. No dia em que se assinala a

passagem de um ano sobre o

acontecimento, ocorre a emissão

do documentário Charlie Hebdo:

Três Dias Que Chocaram Paris,

que narra não só a fatídica

história do massacre, mas

também o ambiente generalizado

de pânico que se viveu em Paris,

na altura.

Death of a Stasi ManRTP2, 23h34Estreia do docudrama Death of a

Stasi Man, sobre Werner Teske,

que foi o último cidadão a ser

executado na RDA (República

Democrática Alemã, Oriental) por

tentar fugir para a RFA (República

Federal da Alemanha, Ocidental).

Werner Teske era um brilhante

estudante de Economia, bem

como um comunista convicto.

Durante a sua estadia na

universidade, colaborou com a

Stasi, a polícia secreta da RDA. Em

1981, desiludido, decidiu desertar.

Como consequência, foi preso e

condenado à morte.

SÉRIE

Blunt TalkTVS, 22h30Walter Blunt (Patrick Stewart),

emigrante britânico que se

mudou para Los Angeles (EUA),

quer conquistar o mundo das

notícias na televisão por cabo

norte-americana. Enquanto pivot

do seu programa de informação,

Blunt Talk, Blunt oferece a sua

sabedoria no sentido de guiar

e mudar o estilo de vida dos

americanos. E se o seu sotaque

inglês traz à memória a imagem

de um homem conservador e

recatado, Walter Blunt revela-se

tudo menos isso. O jornalista

bebe de mais, consome drogas,

envolve-se com mulheres casadas,

e, mesmo assim, revela-se

irresistível.

ENTRETENIMENTO

Overhaulin’Discovery, 21h05A nova temporada do programa

de restauro de carros apresentado

pelo restaurador Chip Foose

estreia-se com um episódio que

conta a visita do actor Johnny

Depp. Depp vai deixar nas mãos

de Foose um Ford Mustang de

68 que pertence à sua esposa,

a actriz Amber Heard. Após ter

sido alvo de dois roubos, este

carro clássico apresenta-se em

mau estado e necessita de uma

intervenção profunda.

INFORMAÇÃO

Debates Presidenciais 2016RTP1, 20h42Os candidatos Maria de Belém,

Vitorino Silva, Cândido Ferreira

e Jorge Sequeira encontram-se

para um debate sobre as suas

propostas eleitorais.

No Ar, RTP2, 00h50

Os mais vistos da TVTerça-feira, 05

FONTE: CAEM

TVITVISICSIC

RTP1

16,313,212,811,010,3

Aud.% Share

32,327,225,422,822,1

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

A Única Mulher IIJornal das 8Coraçao D'ouroJornal da NoiteTelejornal

14,5%1,6

17,825,5

30,4

No Ar, RTP2, 0

Page 38: Público 2016-07-01

38 | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

JOGOSCRUZADAS 9396

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã

PontaDelgada

Funchal

Sol

Viana do Castelo

Braga13º 16º

Porto15º 16º

Vila Real12º 14º

15º 16º

Bragança11º 13º

Guarda8º 11º

Penha Douradas6º 8º

Viseu11º 13º

Aveiro15º 18º

Coimbra14º 16º

Leiria15º 17º

Santarém14º 17º

Portalegre11º 12º

Lisboa15º 17º

Setúbal13º 18º Évora

11º 15º

Beja11º 16º

Castelo Branco12º 15º

Sines15º 17º

Sagres16º 18º

Faro15º 18º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

12º 15º

12º 16º

Flores

Terceira12º 16º

13º 19º

14º 20º

13º 17º

16º

18º

07h55

Nova

17h31

01h3010 Jan.

1-2m

3-4m

16º

3-4m

20º1-1,5m

19º 1,5-2,5m

13h12 2,901h31* 3,1

07h03 1,019h19 1,0

12h48 2,901h10* 3,1

06h31 1,118h43 1,0

4-5m

3-4m

4m

17º

16º

17º

12h47 3,001h07* 3,2

06h39 1,218h52 1,1

12h47 3,001h07* 3,2

06h39 1,218h52 1,1

Horizontais: 1. Porção de um todo. Referente à Arábia. 2. Que não tem fim. Cerúleo. 3. Substância escura que cer-tos moluscos cefalópodes, como o cho-co, produzem e que é empregada em pintura. Lugar de refúgio. 4. Autoridade Tributária e Aduaneira. Cada um dos ca-bos fixos na proa, que aguentam a mas-treação do navio para vante. 5. Redução das formas linguísticas “a” e “o” numa só. Juntei. Símbolo de miliampere. 6. Do lado norte. Conjunto de atuns. 7. Relativo aos campos cultivados. Atender. 8. Soberano. Estão em fogo. 9 – Prefixo (amigo). Forma que a Web uti-liza para especificação dos endereços na Internet (Uniform Resource Locator). Cálcio (s.q.). 10. Atmosfera. Contundido. 11. Casaco curto de abas. Adição.

Verticais: 1. Apanha na água (o peixe). Respirar com dificuldade. 2. Preposição que designa limite. Cada uma das abe-lhas de uma colmeia, dirigidas pela abe-lha-mestra. 3. Cabelo raro e delgado. Curral de ovelhas. 4. Mói. Prefixo (om-bro). 5. Eia! (interj.). Redução das formas linguísticas “em” e “ela” numa só. Prefixo que exprime a ideia de privação. 6. Interjeição que se emprega para excitar ou animar. Sulco na pele. 7. Elas. Latido. 8. Vestígio. Rolo cilíndrico de cera, que contém interiormente um pavio e que serve para dar luz (pl.). 9. Acidez do es-tômago. Termo. República Dominicana (domínio de Internet). 10. Sensação constante de fome. Preposição que indi-ca companhia. 11. Ligação (fig.). Grande artéria.

Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Sándor Márai (6 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Ente. MADURA. 2. Nuance. Ámen. 3. Glutona. Aca. 4. Ao. Reuma. AT. 5. Des. Brama. 6. CI. Ovo. Ma. 7. DUAS. Espada. 8. Ut. Aar. Eros. 9. Realidade. 10. Ali. Sevilha. 11. Roaz. Seroar.Verticais: 1. Engar. Durar. 2. Nulo. Cutelo. 3. Tau. Dia. Aia. 4. ENTRE. Sal. 5. Coeso. Ais. 6. Menu. VERDES. 7. Ambos. Ave. 8. Dá. Ar. Pedir. 9. UMA. Amarelo. 10. Recamado. Ha. 11. Anata. Aspar.Provérbio: Entre duas verdes, uma madura.

Oeste Norte Este Sul1♥ X passo 2STpasso 3ST Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre.

Carteio: Saída: J♥. Qual a melhor linha de jogo?Solução: Sul dispõe de seis vazas diretas, contando com a Dama de copas após a saída, mas não pode perder mais do que uma vez a mão e Oeste tem certamente os dois ases que faltam (ele abriu o leilão). Logo que Oeste faça um dos seus ases, ele abrirá o naipe de copas e Sul terá de ter as suas nove vazas prontas a encaixar.O naipe de paus poderá oferecer duas vazas, mas apenas duas e isso não é su-ficiente para cumprir. As espadas, apa-rentemente, também só podem oferecer duas vazas, mas é o naipe certo a explorar em primeiro lugar. Mas atenção! Não par-ta de Dama de espadas, apresente o 7 de espadas (técnica de contratempo): Oeste não poderá prender de Ás impunemente. - Se Oeste prender já de Ás, terá à sua dis-posição três vazas a espadas, as suficien-tes para garantir o contrato. - Se Oeste jogar pequena, o Valete de es-padas faz a vaza – e tem já sete vazas – vire agora a sua atenção para o naipe de paus, para ir buscar as duas vazas que faltam.

Dador: OesteVul: Ninguém

Problema 6566 Dificuldade: fácil

Problema 6567 Dificuldade: difícil

Solução do problema 6564

Solução do problema 6565

NORTE♠ KJ43♥ 95♦ AK93♣ KQ6

SUL♠ Q7♥ AQ63♦ Q1085♣ J54

OESTE♠ A62♥ KJ1084♦ 42♣ A87

ESTE♠ 10985♥ 72♦ J76♣ 10932

João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1STpasso 2♣ passo 2♠

passo 3♣ passo ?

O que marcaria em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠KJ54 ♥KQ10 ♦AQ3 ♣J63 2. ♠Q8542 ♥KJ6 ♦AQ5 ♣K63. ♠A1062 ♥AJ8 ♦AQ ♣Q862 4. ♠K1064 ♥J84 ♦AQ6 ♣AQ8

Respostas: 1. 3ST – Esta voz de 3 paus é natural e for-cing de partida. O respondente deve ter uma razão forte para mostrar o seu menor, seja por ter uma dúvida quanto a jogar 3ST (por ter um singleton ou uma chica-na no outro menor), seja por ter ambições de jogar um cheleme nesse menor. Com esta mão, sejam quais forem as intenções do parceiro, com uma boa defesa a ouros e uns paus pouco convidativos, 3ST é cer-tamente o melhor contrato.2. 3ST – Poderia, pois claro, sugerir a voz de 3 espadas para mostrar o naipe de cinco cartas. Contudo, não há qualquer garantia de que um eventual fit 5-3 a es-padas venha a produzir o melhor resulta-do. As espadas são más e esse naipe não deverá ser empregue para os 3ST. Se hou-vesse alguma falha no naipe de ouros en-tão 3ST seria arriscado e a voz de 3 espa-das seria a mais indicada.3. 4♣ – Apesar da distribuição regular, es-ta mão é excelente para os paus: máxima, três ases e um bom fit de quatro cartas. Se o parceiro tinha alguma esperança de cheleme então estamos lá.4. 3♦ – Comece por anunciar a boa para-gem a ouros. Se o parceiro estava ape-nas na dúvida quanto a jogar 3ST, então essa dúvida deixa de existir, mas se for o caso de querer jogar cheleme então es-tamos interessados em conversar mais um pouco.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 39: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESPORTO | 39

Bruno César teve uma estreia particularmente feliz com a camisola do Sporting

FRANCISCO LEONG/AFP

Sporting goleia Vitória em Setúbal e é mais líder do campeonato

O Sporting respira saúde neste arran-

que de 2016 e, em apenas cinco dias,

transformou uma desvantagem de

um ponto para o FC Porto na Liga nu-

ma liderança isolada, a quatro pontos

de distância dos dois mais directos

oponentes na luta pelo título. Depois

do triunfo frente aos “dragões” em

Alvalade (2-0), os “leões” foram a

Setúbal golear o Vitória, por 6-0, no

resultado mais desnivelado da equi-

pa de Jesus esta temporada.

Frente a um conjunto sadino que

ocupava o quinto posto da classi-

fi cação e que tem no ataque a sua

principal arma, o Sporting não só

conseguiu anular à nascença qual-

quer iniciativa ofensiva do adversá-

rio, como foi particularmente efi caz

na fi nalização. Em apenas uma hora

de jogo construiu cinco golos e mais

fi caram pelo caminho antes de en-

cerrar a contabilidade já nos instan-

tes fi nais do encontro.

Bruno César foi a surpresa de Jor-

ge Jesus para a partida do Bonfi m e

o ex-jogador do Benfi ca e do Estoril

mostrou ser um reforço de peso nes-

ta reabertura de Inverno do mercado

de transferências. Desviado para o

lado esquerdo do meio-campo, o bra-

sileiro mostrou estar perfeitamen-

te integrado nas rotinas da equipa.

Logo aos 18’, assistiu Slimani para o

primeiro golo dos “leões”, antes de

marcar ele próprio aos 41’ e 60’.

Para além de Bruno César, os lisbo-

etas apresentaram o seu “onze” mais

utilizado, sem poupanças, assumin-

do as difi culdades que esperavam en-

contrar em Setúbal, onde apenas o

Benfi ca tinha vencido nesta época

(4-2). A atitude da equipa foi propor-

cional à responsabilidade e tornou

fácil o que poderia ser complicado.

A pressionar muito alto, logo na pri-

meira fase de construção do Vitória,

os “leões” dominaram o adversário

e controlaram toda a partida, sem

qualquer sobressalto.

Ao intervalo, a vantagem de 2-0 era

perfeitamente natural, mas o Spor-

ting queria mais e não baixou o ritmo

para a segunda metade. Aos 52’, na

melhor jogada colectiva do ataque

dos lisboetas, Bryan Ruiz, lançado

por João Mário na esquerda, cruzou

para a cabeça de Slimani, que bisou

no encontro e encerrou todas as es-

peranças dos sadinos.

O Vitória chegou a prometer uma

partida mais disputada, mas não con-

seguiu disfarçar as fraquezas, nome-

adamente no sector mais recuado. O

Sporting explorou essa intranquili-

dade e os golos foram surgindo com

naturalidade e até com nota artísti-

ca, como aconteceu no quarto (58’),

após um grande remate de João Má-

rio. A contagem foi encerrada, aos

85’, por Aquilani (entrara aos 77’).

Crónica de jogoPaulo Curado

“Leões” somam oito golos em 2016 e ainda não sofreram nenhum. Slimani e Bruno César bisaram no Bonfi m, numa partida em que os lisboetas alcançaram o resultado mais desnivelado da temporada

Vitória de Setúbal 0

Sporting 6Slimani, Bruno César 41’, Slimani 52’, João Mário 58’, Bruno César 60’ e Aquilani 85’

Positivo/Negativo

Jogo no Estádio do Bonfim, em Setúbal.

Assistência 8500 espectadores

V. Setúbal Lukas Raeder, Toni Gorupec (William, 46’), Frederico Venâncio, Fábio Pacheco, Nuno Pinto, André Horta, Dani, Paulo Tavares (Vasco Costa, 46’), Costinha, André Claro (Arnold, 63’) e Suk. Treinador Quim Machado.

Sporting Rui Patrício, João Pereira, Paulo Oliveira, Naldo, Jeff erson, João Mário, Adrien Silva (Aquilani, 77’), William Carvalho, Bruno César (Gelson Martins, 70’), Bryan Ruiz (Matheus Pereira, 76’) e Slimani. Treinador Jorge

Bruno CésarUma grande estreia de “leão” ao peito, abrilhantada com dois golos e uma assistência. Demonstrou grande empatia com os restantes companheiros e será mais uma solução para Jesus.

Islam SlimaniMarcou os dois golos do triunfo frente ao FC Porto e voltou a bisar no Bonfim. Soma 16 em todas as competições (12 na Liga), mais um do que em toda a época passada.

João MárioMais uma grande exibição do jovem médio e não apenas pelo grande golo que apontou.

V. SetúbalIniciou a partida com mais golos marcados do que o Sporting no campeonato, mas desta vez o seu ataque não teve oportunidades frente à melhor defesa da prova. Na realidade, acabou por ser um adversário dócil.

REACÇÕES

“Hoje não fomos a equipa que costumamos ser”

“Foi mais fácil do que pensávamos. [Sobre Rui Vitória] Continuo obcecado pelos meus grandes rivais, por isso é que já ganhamos três vezes ao Benfica. Como eu não o qualifico como treinador... Para ser treinador tem de se ser muito mais do que aquilo”

Quim Machado V. Setúbal

Jorge Jesus Sporting

Page 40: Público 2016-07-01

40 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

O golo de Herrera não foi suficiente para garantir o triunfo ao FC Porto

MIGUEL RIOPA/AFP

Adeptos do FC Porto ofereceram trégua, jogadores não aproveitaram

Os adeptos tentaram ajudar e, du-

rante praticamente todo o jogo, não

se viram lenços brancos, nem se ou-

viram assobios para os jogadores,

mas o FC Porto de Julen Lopetegui

voltou a jogar à FC Porto de Julen

Lopetegui e os “dragões” voltaram

a ser medíocres. Num dia em que a

concorrência resolveu os seus pro-

blemas à meia-dúzia, os “azuis e

brancos” deixaram-se empatar em

casa por um Rio Ave que se apresen-

tou debilitado pela ausência de uma

mão-cheia de habituais titulares, e,

após mais um resultado negativo,

os portistas foram alcançados pelo

Benfi ca e estão a quatro pontos do

líder Sporting.

Nas horas seguintes à derrota do

FC Porto em Alvalade, que relegou

os “azuis e brancos” novamente

para a vice-liderança do campeona-

to, parecia inevitável que os adep-

tos portistas tornassem a recepção

ao Rio Ave hostil para Lopetegui e

companhia, mas a intervenção dos

Super Dragões mudou tudo. Depois

de, na véspera do jogo, ter apela-

do, através de um comunicado,

para que os portistas “nem por um

só minuto” deixassem “de apoiar a

equipa”, cerca de meia centena de

elementos da claque “azul branca”

recebeu com aplausos e cânticos de

incentivo o autocarro dos jogado-

res. Cumpria-se o apelo de Lope-

tegui, que tinha reclamado apoio

para os seus “jovens” atletas, mas

a resposta que veio do relvado não

ajudou à trégua e, depois de mais

um doloroso tiro no pé portista, pa-

rece inevitável que a contestação ao

treinador espanhol aumente e torne

tempestuosos os próximos dias para

os lados do Dragão.

Quatro dias depois de cair frente

ao Sporting, Lopetegui mexeu na

defesa (Marcano no lugar de Mai-

con) e meio-campo (um mês depois,

André André voltou a ser titular para

o campeonato). O sistema e a ideia

de jogo mantiveram-se, a prestação

também: o FC Porto voltou a ser

uma equipa previsível, sem inten-

sidade e fácil de anular.

Do outro lado, na ressaca de uma

surpreendente derrota caseira com

o “lanterna vermelha” Tondela, Pe-

dro Martins entrou no Dragão com

problemas para todos os gostos e

feitios para resolver. Para além de

atravessar o pior momento da épo-

ca no campeonato — cinco derrotas

nos últimos seis jogos —, o treinador

dos vila-condenses viu-se privado

de meia-dúzia de habituais titula-

res e foi obrigado a revolucionar o

“onze”: apenas Cássio, Edimar, Mar-

celo, Wakaso e Ukra mantiveram a

titularidade. Sem uma mão-cheia de

jogadores de peso na formação de

Vila do Conde, Martins promoveu o

baptismo a titular na prova de um

trio (Pedrinho, Krovinovic e Kizito)

e lançou ainda Roderick, que não

era utilizado no campeonato desde

Setembro. O cenário parecia pouco

animador, mas, com a ajuda do ad-

versário, Pedro Martins regressou

a Vila do Conde com motivos para

estar satisfeito.

Ao apoio inicial recebido por par-

te dos adeptos, os jogadores do FC

Porto responderam de forma posi-

tiva nos primeiros 20 minutos. Os

“dragões” até começaram bem e

empurraram os vila-condenses para

a sua área, e, depois de ameaçarem

por Marcano, marcaram aos 22’: um

remate de Herrera desviou num de-

fesa e traiu Cássio.

Para uma equipa que jogava sobre

brasas, o mais difícil parecia que es-

tava feito, mas estranhamente com

o golo reapareceu o lado mau do FC

Porto. Em desvantagem, o Rio Ave

assumiu o controlo, deixou os pri-

meiros avisos aos 26’ e 28’, e empa-

tou aos 33’: tal como no golo portis-

REACÇÕES

“Fizemos uma grande primeira parte, com muitas ocasiões, e depois encaixámos um golo. Na segunda parte não tivemos clareza nem tranquilidade para chegar à baliza. Eu tenho forças para continuar e começar a preparar o próximo jogo”

“Depois do último jogo, com castigos, lesões e problemas burocráticos, a entrega, a dedicação e a forma como os jogadores foram solidários é um facto fantástico. A reacção foi óptima, num jogo que poderia deixar marcas”

Julen LopeteguiFC Porto

Pedro MartinsRio Ave

Crónica de jogoDavid Andrade

Com o empate em casa com o Rio Ave (1-1), os “dragões” deixaram-se alcançar pelo Benfi ca, fi caram a quatro pontos do líder Sporting e a contestação ao treinador Julen Lopetegui saiu reforçada

FC Porto 1Herrera 22’

Rio Ave 1João Novais 33’

Positivo/Negativo

Estádio do Dragão, no PortoEspectadores 19.116

FC Porto Casillas, Maxi Pereira, Marcano, Martins Indi, Layún (Varela, 86’), Danilo a48’ (Rúben Neves, 64’), André André, Herrera, Jesús Corona (André Silva, 71’), Brahimi, Aboubakar. Treinador Julen Lopetegui

Rio Ave Cássio, Pedrinho, Marcelo, Roderick, Edimar, Wakaso a90+4’, João Novais (André Vilas Boas, 87’), Ukra (Lionn, 80’), Krovinovic (Zé Paulo, 61’), Kizito, Yazalde. Treinador Pedro Martins

Árbitro Rui Costa (AF Porto)

KrovinovicO jovem médio de 20 anos teve uma estreia prometedora a titular no campeonato. O sérvio mostrou ter uma técnica acima da média e não teve receio de rematar à baliza.

João NovaisTal como Krovinovic, João Novais aproveitou bem a oportunidade criada pelas muitas baixas nos vila-condenses. Foi feliz no golo que marcou, mas a sua exibição valeu pelo que fez durante os 87 minutos que esteve em campo.

Julen LopeteguiO destaque negativo podia recair sobre qualquer um dos 14 jogadores portistas que estiveram ontem em campo, mas depois de ver realizado o pedido de apoio aos adeptos, Lopetegui estava obrigado a retribuir de outra forma. A equipa voltou a mostrar um enorme vazio de ideias e o treinador espanhol é o principal responsável por isso.

ta, o remate de João Novais desviou

num adversário e Casillas foi buscar

a bola ao fundo da baliza. Mesmo

sem jogar bem, antes do intervalo

os “azuis e brancos” podiam ter re-

gressado à vantagem, mas o poste e

Cássio impediram que André André

marcasse.

A segunda parte foi a reprise de

um espectáculo tantas vezes visto

nos últimos tempos no Estádio do

Dragão. Muita posse de bola e uma

avalanche de cantos resultaram nu-

ma mão-cheia de nada e, com mais

ou menos difi culdade, o Rio Ave foi

resolvendo o problema, perante a

impaciência dos adeptos “azuis e

brancos”, que, após o apito fi nal

de Rui Costa, fi zeram regressar a

contestação a Lopetegui.

ns

ui

Page 41: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESPORTO | 41

CLASSIFICAÇÃOLIGAJornada 16União da Madeira-Boavista 1-0Arouca-Estoril 1-0Tondela-Paços de Ferreira 0-2Moreirense-V. Guimarães 3-4Belenenses-Nacional 2-2Sp. Braga-Académica 3-0Benfica-Marítimo 6-0FC Porto-Rio Ave 1-1V. Setúbal-Sporting 0-6

J V E D M-S P1. Sporting 16 13 2 1 32-7 412. FC Porto 16 11 4 1 30-10 373. Benfica 16 12 1 3 41-10 374. Sp. Braga 16 8 5 3 23-8 295. Paços de Ferreira 16 7 4 5 23-17 256. Arouca 16 5 8 3 20-17 237. V. Setúbal 16 5 7 4 27-28 228. V. Guimarães 16 6 4 6 20-24 229. Rio Ave 16 6 4 6 25-24 2210. Marítimo 16 5 3 8 21-34 1811. Belenenses 16 4 6 6 20-34 1812. Moreirense 16 4 5 7 18-22 1713. Estoril 16 4 5 7 12-19 1714. Nacional 16 4 5 7 16-19 1715. União da Madeira 16 4 5 7 10-21 1716. Académica 16 3 4 9 14-30 1317. Boavista 16 2 4 10 9-22 1018. Tondela 16 2 2 12 9-25 8

Próxima jornada Estoril-Belenenses,Rio Ave-União da Madeira, V. Guimarães-Arouca,Académica-Tondela, Nacional-Benfica,Paços de Ferreira-V. Setúbal, Sporting-Sp. Braga,Boavista-FC Porto, Marítimo-Moreirense

II LIGAJornada 24Oriental-Oliveirense sábado, 15hSp. Braga B-Desp. Chaves sábado, 15hBenfica B-Olhanense sábado, 16h, BTV Portimonense-FC Porto B sábado, 20h30, SP-TVFeirense-Sporting B domingo, 11h15, SP-TVSp. Covilhã-Desp. Aves domingo, 15hMafra-Gil Vicente domingo, 15hSanta Clara-V. Guimarães B domingo, 15hFarense-Ac. Viseu domingo, 15hLeixões-Penafiel domingo, 15hFreamunde-Atlético domingo, 16hFamalicão-Varzim domingo, 16h

J V E D M-S P1. FC Porto B 23 15 4 4 52-27 492. Desp. Chaves 23 10 10 3 28-19 403. Freamunde 23 11 6 6 28-18 394. Feirense 23 10 9 4 27-21 395. Gil Vicente 23 10 7 6 29-21 376. Sp. Braga B 23 10 7 6 26-21 377. Portimonense 23 9 9 5 33-29 368. Sporting B 23 10 5 8 29-26 359. Famalicão 23 8 9 6 31-26 3310. Ac. Viseu 23 8 8 7 26-29 3211. Atlético 23 8 7 8 22-21 3112. Olhanense 23 9 4 10 22-26 3113. Desp. Aves 23 8 6 9 23-21 3014. V. Guimarães B 23 8 6 9 25-28 3015. Santa Clara 23 8 4 11 25-28 2816. Varzim 23 7 7 9 23-27 2817. Farense 23 7 6 10 24-27 2718. Benfica B 23 8 3 12 24-33 2719. Penafiel 23 6 8 9 23-29 2620. Sp. Covilhã 23 5 11 7 22-29 2621. Mafra 23 5 9 9 19-22 2422. Leixões 23 5 9 9 25-31 2423. Oriental 23 5 4 14 25-36 1924. Oliveirense 23 3 8 12 20-36 17

Próxima jornada V. Guimarães B-Oriental, Gil Vicente-Sp. Braga B, Olhanense-Famalicão,Oliveirense-Farense, Varzim-Freamunde,Sporting B-Mafra, Ac. Viseu-Portimonense,Atlético-Leixões, Desp. Aves-Feirense, Desportivo de Chaves-Sp. Covilhã, FC Porto B-Santa Clara, Penafiel-Benfica B,

MELHORES MARCADORESI Liga15 golos Jonas (Benfica) 12 golos Slimani (Sporting) 9 golos Suk (V. Setúbal), Bruno Moreira (Paços de Ferreira)8 golos Léo Bonatini (Estoril)II Liga11 golos Platiny (Feirense), André Silva (FC Porto B)10 golos Clemente (Santa Clara), Pires (Portimonense)

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Benfica recuperou a vocação goleadora e apanhou o FC Porto

É uma coincidência estatística reve-

ladora. O Benfi ca tem quatro jogos

no campeonato em que não marcou

qualquer golo e esses jogos (Arouca,

Sporting, FC Porto e União da Madei-

ra) resultaram em três derrotas e um

empate. Claro que qualquer equipa

precisa de marcar para ganhar, mas

os “encarnados” têm passado pela

Liga portuguesa com duas identi-

dades: uma de vocação goleadora

sem par, a outra de absoluta falta de

inspiração. Ontem, apresentou-se

na Luz a identidade que deixa Rui

Vitória mais feliz. O Benfi ca goleou

o Marítimo por 6-0 e vai-se manten-

do bem vivo na luta pelo título, até

porque benefi ciou da escorregadela

do FC Porto e alcançou os “dragões”

na segunda posição.

Numa jornada a meio da sema-

na, coisa rara na Liga portuguesa,

os “encarnados” voltaram a ter um

resultado gordo no campeonato —

igualaram a maior goleada da época,

um 6-0 ao Belenenses — e reforça-

ram o estatuto de melhor ataque (41

golos) naquele que foi o seu sétimo

jogo a ganhar por três ou mais de

FutebolMarco Vaza

“Encarnados” igualam melhor resultado da época com triunfo por 6-0 na Luz sobre o Marítimo

diferença. Ainda assim, os “encar-

nados” mostraram uma primeira

meia-hora de futebol pouco ligado

que ainda arrancou alguns (poucos)

assobios da Luz. Isto claro, antes dos

seis minutos que decidiram o jogo.

Depois, foram só aplausos.

Antes dos golos, duas referências

importantes. O internacional mar-

roquino Carcela González foi titular

PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

Pizzi (com a bola na mão) marcou dois golos e foi uma das figuras do jogo

pela primeira vez no campeonato

porque Gaitán não estava disponí-

vel. O Marítimo, por seu lado, foi

obrigado a trocar de guarda-redes

aos 5’ por lesão do titular Salin. José

Sá entrou para o jogo, sem saber ain-

da o que iria acontecer, e até deu boa

impressão aos 13’, quando defendeu

um remate de Jiménez após passe

brilhante de Jonas. E também é justo

dizer que o Marítimo, enquanto o

jogo esteve a zeros, ainda assustou

Júlio César duas vezes, a mais peri-

gosa aos 20’, quando Dyego Sousa

não deu o melhor seguimento ao

passe de Edgar Costa.

Depois, as bolas começaram a en-

trar com enorme facilidade na baliza

do Marítimo. Os dois primeiros go-

los tiveram os mesmos protagonis-

tas com os mesmos papéis. Carcela

a criar e Pizzi a marcar, aos 29’ e

aos 34’. Aos 35’, Jiménez marcou na

recarga após um primeiro remate de

Jonas desviado por Sá.

Na segunda parte, a defesa ma-

deirense entrou em colapso total e

em três minutos fez dois penáltis, o

primeiro de João Diogo sobre Jonas,

o segundo de Raul Silva sobre Car-

cela. Ambos foram convertidos por

Jonas aos 51’ e 54’. E ainda faltava

Talisca voltar aos golos, algo que já

não fazia precisamente desde a tal

goleada ao Belenenses. Aos 69’, na

primeira vez que tocou na bola (ti-

nha acabado de entrar), fez uso do

seu pé esquerdo e deu mais cor ao

marcador.

Benfica 6Pizzi 29’, Pizzi 34’, Jiménez 35’, Jonas 51’ (g.p.), Jonas 54’ (g.p.), Talisca 69’

Marítimo 0

Positivo/Negativo

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.

Assistência 31.590 espectadores

Benfica Júlio César, André Almeida, Lisandro Lopez, Jardel, Eliseu, Fejsa, Pizzi, Renato Sanches (Gonçalo Guedes, 69’), Carcela, Jonas (Talisca, 68’) e Raúl Jimenez a51’ (Mitroglou, 76’). Treinador Rui Vitória.

Marítimo Salin (José Sá, 7’), João Diogo a49’ (Romário, 76’), Deyvison, Raul Silva a10’, Briguel, Fernando Ferreira a53’, Tiago Rodrigues a62’, Eber Bessa a37’, Marega (Xavier, 68’), Dyego Sousa a51’ e Edgar Costae a, N. Treinador Ivo Vieira.

Árbitro Fábio Veríssimo (Leiria)

CarcelaFez a sua estreia como titular no campeonato e deixou excelentes impressões. Foi ele que criou as jogadas dos dois primeiros golos e ainda sofreu o penálti do quinto. Foi mais que um digno substituto de Gaitán e provou que merece outras oportunidades.

PizziDepois de ter sido reconvertido com algum sucesso em médio-centro, aquele que é o jogador mais caro da história do Benfica (14 milhões) voltou nesta época à sua posição de origem e tem brilhado a grande altura. Frente ao Marítimo, teve mais uma noite de grande inspiração, ao marcar os dois primeiros golos do Benfica. MarítimoDuas boas jogadas quando ainda estava 0-0 e um desastre total depois disso. A defesa comprometeu e de que maneira, especialmente os laterais. O guarda-redes José Sá, que entrou aos 5’, acabou por ser o menos culpado.

REACÇÕES

“Sabíamos como poderíamos causar problemas [ao Marítimo]. Os jogadores interpretaram bemessa situação e desbloquearam o jogo”

“Em cinco minutos sofremos três golose a equipa foi-se abaixoem termos anímicos”

Rui VitóriaBenfica

Ivo VieiraMarítimo

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42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Camp Nou assistiu ontem a uma grande noite de Messi

Dois golos e dois passes decisivos. Foi

este o contributo de Lionel Messi no

folgado triunfo, em Camp Nou, do

Barcelona sobre os rivais do Espanyol

por 4-1, na partida da primeira mão

dos oitavos-de-fi nal da Taça do Rei

disputada ontem. Poucos dias depois

de não ter ido além de um empate a

zero, num duelo a contar para o cam-

peonato, desta vez o campeão espa-

nhol não deu hipóteses e colocou-se

em vantagem na eliminatória.

Dispondo de um Iniesta a atraves-

sar um dos melhores períodos da sua

carreira e de um Neymar velocíssimo,

o Barcelona impôs-se com naturali-

dade a um adversário que terminaria

a partida com menos dois jogadores

em campo, após a expulsão Hernan

Pérez (72’) e Pape Diop (76’).

O Barcelona ainda apanhou um

susto quando viu o equatoriano Fe-

lipe Caicedo inaugurar o marcador,

concluindo um contra-ataque perfei-

to logo aos 9’. Mas bastaram quatro

minutos para que Messi igualasse

de novo o resultado, na conversão

de uma grande penalidade, bisando

pouco antes do intervalo, ao execu-

tar de forma exímia um livre.

Na segunda parte, o internacional

argentino continuou a mostrar clas-

se, assistindo primeiro Piqué (49’) e,

fi nalmente, Neymar, autor do último

golo dos “blaugrana”, a dois minutos

dos 90’.

O jogo serviu ainda para o Barce-

lona utilizar, pela primeira vez, dois

Messi de galadá uma ajudaao Barcelona

jogadores contratados durante o pas-

sado Verão mas que, devido ao cas-

tigo imposto ao clube pela FIFA, só

agora puderam ser utilizados: o turco

Arda Turan, titular, e o lateral catalão

Aleix Vidal, suplente utilizado.

Nos outros encontros da Taça do

Rei, o Sevilha também deu um passo

em frente na direcção aos “quartos”

da competição ao derrotar o Betis no

terreno dos rivais andaluzes por 2-0.

Os golos de Michael Krohn-Dehli (13’)

e Grzegorz Krychowiak (49’) fi xaram

o marcador, até porque Ruben Cas-

tro desperdiçou uma grande pena-

lidade ao minuto 81 para os homens

da casa.

Também bem encaminhado para

a fase seguinte da prova está o Valên-

cia, que goleou o Granada por 4-0.

Destaque para o hat-trick de Alvaro

Negredo, sendo que dois dos golos

foram de penálti.

Já o Atlético de Madrid não foi além

de uma igualdade a um golo no ter-

reno do Rayo Vallecano, enquanto

o Athletic Bilbau, fi nalista vencido

da edição do ano passado da Taça

do Rei, derrotou o Villarreal por 3-2,

recuperando de uma desvantagem

de 2-0.

Em Itália, o Inter manteve a lide-

rança isolada da Liga, após um difícil

triunfo por tangencial 1-0 na visita ao

Empoli, na 18.ª jornada.

Horas depois de a Fiorentina de

Paulo Sousa ter derrotado na Sicília

o Palermo por 3-1, o conjunto de Ro-

berto Mancini venceu o oitavo clas-

sifi cado, num jogo em que o lateral

Mário Rui foi titular. O Nápoles tam-

bém sofreu, mas derrotou o Torino

por 2-1, mantendo-se a um ponto do

Inter e ao lado da Fiorentina. Quem

se atrasou dos primeiros foi a Roma

ao empatar a três golos na visita ao

Chievo.

PAU BARRENA/AFP

Futebol internacional

Na Taça do Rei, os campeões espanhóis bateram o Espanyol de forma folgada. Atlético empata

O Sporting de Braga derrotou sem dificuldades a Académica, que se viu em inferioridade numérica desde o minuto 26 devido à expulsão de Nuno Piloto por acumulação de amarelos (uma decisão exagerada). Os bracarense começaram a construir a vantagem cedo, por intermédio de Hassan, que iria bisar já perto do final da partida. Pelo meio, Stojiljkovic também marcaria contra uma Académica que teve dois jogadores lesionados.

Sp. Braga 3Hassan 4’, Stojiljkovic 45’+2’, Hassan 85’

Académica 0

União da Madeira 1Toni Silva 55’

Boavista 0

Moreirense 3Rafael Martins 6’ (g.p.), Boateng 50’, Iuri Medeiros 68’

Vitória de Guimarães 4Ricardo Valente 8’, Henrique Dourado 19’, Luís Rocha 41’, Henrique Dourado 58’

Arouca 1David Simão 20’ (g.p.)

Estoril 0

Belenenses 2Kuka 52’, Tiago Caeiro 70’

Nacional 2Luís Aurélio 13’, Boubacar 61’

Tondela 0

Paços de Ferreira 2Bruno Moreira 26’, Diogo Jota 85’

Estádio Municipal, em Braga.

Assistência Cerca de 4000 espectadores

Sp. Braga Kritciuk, Baiano, Boly, André Pinto, Marcelo Goiano, Filipe Augusto (Mauro, 51’), Luiz Carlos, Alan, Pedro Santos a41’ (Rafa, 63’), Hassan e Stojiljkovic (Crislan, 69’). Treinador Paulo Fonseca.

Académica Pedro Trigueira, Aderlan, Iago, João Real, Qualembo, Leandro Silva, Nuno Piloto a13’ e 26’ a26’, Rui Pedro (Obiora, 35’, Gustavo, 41’), Nii Plange, Ivanildo e Gonçalo Paciência (Rafael Lopes, 57’). Treinador Filipe Gouveia.

Árbitro Nuno Almeida (Algarve)

Centro Desportiva da Madeira, na Ribeira Brava.

Assistência Cerca de 800 espectadores

U. Madeira André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro, Diego Galo, Joãozinho, Soares, Shehu, Breitner, Toni Silva (Rúben Andrade, 78’), Amilton e Jhonder Cadiz. Treinador Norton de Matos.

Boavista Gideão, Hackman a50’, Henrique a69’, Paulo Vinicius, Anderson Correia, Idrissa (Samu, 76’), Tengarrinha, Anderson Santos (Renato Santos, 71’), André Bukia (Uchebo, 64’), Luisinho e José Manuel. Treinador Erwin Sánchez.

Árbitro Luís Ferreira (Braga)

Estádio Com. Joaquim Almeida Freitas, em M. Cónegos.

Assistência 2520 espectadores

Moreirense Stefanovic, Sagna a22’, Marcelo Oliveira, Danielson, Evaldo, Palhinha, Filipe Gonçalves (Alons Shons, 63’), André Fontes (Boateng, 46’), Iuri Medeiros, Fati (Luís Carlos, 70’) e Rafael Martins a41’. Treinador Miguel Leal.

V. Guimarães Miguel Silva, Bruno Gaspar, João Afonso a5’, Pedrão, Luís Rocha, Cafú, Bouba Saré, Otávio (Josué, 87’), Licá (Xande Silva, 68’), Henrique Dourado e Ricardo Valente (Dalbert, 79’). Treinador Sérgio Conceição.

Árbitro Tiago Martins (Lisboa)

Estádio Municipal, em Arouca.

Assistência Cerca de 400 espectadores

Arouca Bracalli, Jaílson a30’, Velázquez, Hugo Basto, Lucas Lima, Nuno Coelho a34’, David Simão, Nuno Valente a80’, Artur a48’ (Adilson, 56’), Ivo Rodrigues a83’ (Nildo, 84’) e Maurides (Walter, 90’+3’). Treinador Lito Vidigal.

Estoril Kieszek, Anderson Luís a19’, Yohan Tavares, Diego Carlos a42’ e 58’ a58’, Mano, Esiti, Diogo Amado, Mattheus (Kakuba, 78’), Afonso Taira (Dieguinho, 71’), Gerso (Billal, 85’) e Léo Bonatini i a70’, J). Treinador Fabiano Soares.

Árbitro Artur Soares Dias (Porto)

Jogo no Estádio do Restelo, em Lisboa.

Assistência Cerca de 400 espectadores

Belenenses Ventura, André Geraldes, João Afonso (Rúben Pinto, 66’), Gonçalo Brandão, Filipe Ferreira, Ricardo Dias, André Sousa a58’ (Miguel Rosa, 66’), Fábio Sturgeon, Tiago Silva (Betinho, 83’), Kuca e Tiago Caeiro. Treinador Julio Velázquez.

Nacional Gottardi, João Aurélio, Miguel Rodrigues, Zainadine, Sequeira, Washington (Nenê Bonilha, 62’), Boubacar, Salvador Agra (Willyan, 54’), Luís Aurélio, Witi e Gustavo (Soares, 56’). Treinador Manuel Machado.

Árbitro Bruno Paixão (Setúbal)

Estádio João Cardoso, em Tondela.

Assistência 909 espectadores

Tondela Cláudio Ramos, Oto’o Zue, Bruno Nascimento, Tikito, Tinoco, Luís Alberto, Lucas Souza, Raphael Guzzo (Romário Baldé, 62’), Dolly Menga (Wagner, 54’), Nathan Júnior e Jhon Murillo (Piojo, 78’). Treinador Petit.

P. Ferreira Marafona, Marco Baixinho, Hélder Lopes, Romeu, Bruno Moreira a40’ (João Silva, 76’), Barnes (Edson Farias, 67’), João Góis, Diogo Jota, Ricardo, André Leal (Christian, 46’ a49’) e Pelé. Treinador Jorge Simão.

Árbitro Manuel Oliveira (Porto)

OUTROS JOGOS

“A expulsão limitou o nosso jogo. Enquanto estiveram onze para onze o Sp. Braga não foi melhor do que a Académica”Filipe Gouveia Académica

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PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESPORTO | 43

MARCOS BRINDICCI/REUTERS

Paulo Gonçalves: “Há muito Dakar pela frente”

À quarta etapa, um vencedor portu-

guês. Paulo Gonçalves (Honda), um

dos mais sérios candidatos ao triun-

fo no Dakar 2016, assumiu ontem a

liderança da prova entre as motos,

benefi ciando de uma penalização

imposta ao espanhol Joan Barreda

(Honda), que tinha sido o mais rápi-

do do dia. Foi o terceiro triunfo do

currículo do nortenho em etapas na

maior competição de todo-o-terreno

do planeta.

Numa etapa com partida de e

chegada a Jujuy, na Argentina, Bar-

reda cumpriu a “especial” de 429

quilómetros em 4h05m30s, ou seja,

foi 1m49s mais rápido do que Paulo

Gonçalves, enquanto o também por-

tuguês Ruben Faria (Husqvarna) foi

o terceiro, a 4m24s. Acontece que

o espanhol voltou a ser penalizado

por excesso de velocidade, tal como

acontecera na terça-feira, desta vez

em cinco minutos.

A vitória permitiria a Barreda vol-

tar à liderança, perdida na véspera

para o eslovaco Stefan Svitko (KTM),

mas a penalização teve como con-

sequência a cedência do comando

a Paulo Gonçalves e a queda para a

terceira posição.

Quarto classifi cado à partida para

esta tirada, o português lidera agora

o Dakar com 10h35m17s e 2m17s de

vantagem sobre o argentino Kevin

Benavides (Honda), o perseguidor

directo. “Foi um dia muito bom, saí

na frente e consegui permanecer na

frente até ao fi nal, sem cometer er-

ros, por isso estou muito satisfeito.

Esta é uma etapa-maratona, sem as-

sistência, e amanhã [hoje] será uma

etapa que obriga a atenção redobra-

da. Há muito Dakar pela frente e o

importante é manter um bom ritmo

e muita concentração”, reagiu Paulo

“Speedy” Gonçalves, citado pela sua

assessoria de imprensa.

Mas o piloto nascido em Espo-

sende há 36 anos não foi o único

português em destaque, já que Ru-

ben Faria também tirou partido do

castigo de Barreda para terminar

no segundo posto. Na geral, ocupa

a quinta posição, a dois segundos

apenas do quarto, Svitko, enquanto

Hélder Rodrigues (Yamaha) está é o

14.º, a 15m40s do líder.

“Speedy” Gonçalves acelera até ao comando do Dakar

Apesar do brilharete de Peterhan-

sel, o compatriota Sébastien Loeb

mantém o comando da geral, com

9h44m51s, surgindo o qatari Qatari

Nasser Al-Attiyah (Mini), a 11m09s,

no terceiro posto — o vencedor da

edição de 2015 terminou a tirada no

quarto lugar.

Hoje, a 5.ª etapa da competição

— 642 quilómetros, com um sector

cronometrado de 327 — assinala a

entrada da 38.ª edição do rali na Bo-

lívia, ligando Jujuy a Uyuni, cidade

que foi a primeira no país a receber

uma ligação de caminhos-de-ferro

proveniente do Chile, em Novem-

bro de 1890.

Nos automóveis, o dia foi da Peu-

geot. Em 3h42m42s, Stéphane Pe-

terhansel conquistou a etapa, depois

de uma maratona de 630 quilóme-

tros, 429 dos quais cronometrados,

tendo sido seguido pelos compa-

nheiros de equipa Carlos Sainz (a

11s) e Sébastien Loeb (a 27s).

Dono de um palmarés intermi-

nável, Peterhansel alcançou a 66.ª

vitória numa etapa do Dakar, prova

que já conquistou por 11 vezes, seis

em motos e cinco em automóveis.

De resto, esse notável registo divi-

de-se em partes iguais (33 triunfos

em cada categoria) e constitui um

recorde.

Todo-o-terrenoNuno Sousa

Português tirou partido da penalização de Barreda. Peterhansel venceu a 66.ª etapa do currículo

Novak Djokovic e Rafael Nadal vão

fazendo o que lhes compete para,

em Doha, atingirem a tão desejada

fi nal na primeira semana da época.

Para já, ambos alcançaram os quar-

tos-de-fi nal do Qatar ExxonMobil

Open: Djokovic venceu Fernando

Verdasco (49.º), com um duplo 6-2;

Nadal ultrapassou o holandês Robin

Hasse (66.º), cedendo mais um jogo

que o rival.

“Estou muito contente com a for-

ma como comecei esta época, com

dois encontros em dois sets. Hoje

[ontem], foi mais difícil que a pri-

meira ronda, mas esperava isso, pois

Verdasco já foi do top 10, tem muitas

armas no seu jogo e pode criar muita

potência da sua direita. Quis tirar-

lhe tempo, então variei o jogo e servi

bem nos momentos importantes”,

explicou Djokovic. Segue-se o argen-

tino Leonardo Mayer (35.º).

Hora e meia depois do triunfo do

líder do ranking, Nadal selou a segun-

da vitória em Doha. “Joguei a um ní-

vel muito elevado diante de um bom

adversário. O meu serviço esteve um

pouco pior, mas estou contente com

a vitória e com o meu nível de ténis”,

disse o espanhol. O próximo adver-

sário do número cinco mundial é o

russo Andrey Kuznetsov (79.º).

Nos “quartos” de Doha está igual-

mente Tomas Berdych (6.º), após

afastar o bósnio Damir Dzumhur

(82.º), por 6-0, 6-4.

Em Brisbane, Kei Nishikori es-

treou-se sem problemas, ao vencer

o cazaque Mikhail Kukushkin (65.º),

por 6-3, 6-4. Mais tarde, o oitavo do

ranking voltou ao court, ao lado de

Grigor Dimitrov, para derrotar (4-6,

6-1 e 10/7) os campeões do Open dos

EUA, os franceses Pierre-Hugues Her-

bert e Nicolas Mahut.

O terceiro mais cotado na prova

australiana é Marin Cilic, que obte-

ve a terceira vitória em outros tantos

duelos com o promissor sul-coreano

Hyeon Chung (51.º), de 19 anos, com

números apertados: 7-5, 7-6 (7/3).

No Aircel Chennai Open, foi dia de

Stan Wawrinka (4.º) entrar em ac-

ção, frente ao russo Andrey Rublev

(185.º), e o bicampeão do torneio in-

diano justifi cou o estatuto de favori-

to, ganhando por 6-3, 6-2.

Djokovic e Nadal cada vez mais perto

TénisPedro Keul

Números um e cinco do ranking mundial já estão nos quartos-de-final do Qatar Open

CrónicaMiguel Barbosa

O Dakar entrou numa fase do

rali em que as especiais são

disputadas a grande altitude. A

etapa que ontem se disputou foi

toda ela realizada acima dos 3500

metros. A altitude é bastante

perigosa porque, fi sicamente,

pode mexer muito com os pilotos.

De qualquer forma, o modo

como cada um sente a altitude

varia muito. Eu, particularmente,

habituei-me a andar em altitude

e, por isso, não senti qualquer

problema. Estou certo de que

todas as equipas já vão preparadas

Os perigos da altitude

Piloto, campeão nacional de todo-o-terreno

para a altitude. Nas minhas

participações no Dakar as próprias

assistências usavam oxigénio,

nós usávamos oxigénio, porque o

esforço físico é muito maior.

Nestas ocasiões temos de ter

noção de que estamos mais

debilitados fi sicamente. Não

podemos fazer seja que tarefa

for com a mesma intensidade

que o faríamos numa situação

normal, porque o nosso corpo

não vai reagir da mesma forma.

Se não tivermos isso em atenção

podemos cair num estado de

exaustão física tal, que prejudique

o desempenho na prova. Há que

gerir essa questão. Em altitude

temos de ir parando, ir bebendo

água. Em especial não há grande

coisa a fazer, há somente que

estar atento e ir gerindo a

situação tendo em conta estas

condicionantes.

Este ano acho que vai ser

complicado, precisamente porque

os pilotos terão de cumprir muitas

etapas em altitude. E atenção

que a superação dos efeitos da

altitude não tem propriamente

que ver com preparação física.

Pode ser a pessoa mais bem

preparada fi sicamente, mas ter

difi culdade em lidar com altitude,

porque esta é uma condicionante

muito específi ca, que joga com

diversos factores. Por outro lado,

as próprias viaturas também

se ressentem. Em altura, os

carros costumam baixar a sua

performance e isso penaliza mais

uns que outros. Principalmente

os carros a gasolina, os que

não têm turbo, são muito mais

penalizados.

CLASSIFICAÇÃOMotos4.ª etapa1. Paulo Gonçalves (Honda) 4h07m19s2. Ruben Faria (Husqvarna) a 2m35s3. Kevin Benavides (Honda) a 2m37s4. Joan Barreda (Honda) a 3m11s5. Toby Price (KTM) a 4m01s(...)15. Hélder Rodrigues (Yamaha) a 7m34s31. Mário Patrão (KTM) a 14m50s50. Pedro Bianchi Prata (Honda) a 38m26s

Geral1. Paulo Gonçalves (Honda) 10h35m17s2. Kevin Benavides (Honda) a 2m17s3. Joan Barreda (Honda) a 3m03s4. Stefan Svitko (KTM) a 5m22s5. Ruben Faria (Husqvarna) a 5m24s(...)14. Hélder Rodrigues (Yamaha) a 14m51s29. Mário Patrão (KTM) a 36m21s55. Pedro Bianchi Prata (Honda) a 1h39m01s

Carros4.ª etapa1. Stéphane Peterhansel (Peugeot) 3h42m42s2. Carlos Sainz (Peugeot) a 11s3. Sébastien Loeb (Peugeot) a 27s4. Nasser Al-Attiyah (Mini) a 4m57s5. Cyril Desprès (Peugeot) a 5m44s(...)24. Carlos Sousa (Mitsubishi) a 20m56s

Geral1. Sébastien Loeb (Peugeot) 9h44m51s2. Stéphane Peterhansel (Peugeot) a 4m48s3. Nasser Al-Attiyah (Mini) a 11m09s4. Leeroy Poulter (Toyota) a 12m31s5. Carlos Sainz (Peugeot) a 13m04s(...)53. Carlos Sousa (Mitsubishi) a 2h39m33s

Próxima etapa (hoje)San Salvador de Jujuy-Uyuni642km (327km cronometrados)

Page 44: Público 2016-07-01

44 | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA

O desafio de Kim e os temores a Oriente

Dar o peito às balas

Fazer explodir uma bomba à porta de um

amigo não será a melhor maneira de lhe

pedir ajuda, mas foi isso que a Coreia

do Norte fez neste início de 2016. O

amigo, neste caso, é a China, e a bomba

serviria para lhe enviar uma mensagem: mais

ajuda, por favor. Há algo de caricato nesta

encenação da ditadura norte-coreana, mas

o anúncio ofi cial, por Pyongyang, de que

teria feito detonar com êxito a sua primeira

bomba de hidrogénio (o que levará algum

tempo a provar, já que o sismo resultante

da explosão deixa dúvidas aos especialistas)

levantou um justo clamor internacional. Com

particular incidência no Japão e na Coreia

do Sul, vizinhos próximos, mas também na

“aliada” China, que reagiu com desagrado e

fi rmeza ao anúncio da explosão. A verdade

é que, desde 2012, ano em que acabaram as

Kim Jong-un não hesitará em sacrificar o seu próprio povo para perpetuar a ditadura que herdou

negociações para o desarmamento nuclear

da Coreia do Norte, esta não desistiu de

desafi ar o mundo, manifestando-se, por

várias vezes, pronta para “uma guerra”.

Ainda agora, no primeiro dia do ano,

enquanto na gigantesca praça de Pyongyang

desfi lavam milhares em poses belicistas,

Kim Jong-un voltou a ameaçar: “Se nos

tocarem, ainda que levemente, não seremos

piedosos.” Por isso, o regime fez acompanhar

o “feito” da explosão com uma série de

fotografi as ofi ciais mostrando cidadãos

e soldados a aplaudir, com expressões

de júbilo. Mais teatro, antecipando já as

consequências: a ONU decretará medidas

severas, o Japão e a Coreia do Sul tentarão

reforçar as defesas militares com o apoio dos

EUA e, perante tal quadro, a China acabará

por vir em auxílio da Coreia do Norte, o

“amigo” mais próximo. Isto é o que planeará

Pyongyang, que antes divulgara fotografi as

com Kim Jong-un em poses resolutas e

desafi adoras, acompanhado da habitual

trupe militar de cadernos em punho. Seja

mais um golpe de propaganda ou um xeque à

China, o certo é que Kim Jong-un não hesitará

em sacrifi car o seu próprio povo para

perpetuar a ditadura que herdou.

O PSD emancipou-se do CDS e

apresentou sozinho o projecto

para a criação de uma comissão de

inquérito ao caso Banif. Foi uma

boa iniciativa no reajustamento do

xadrez político saído das legislativas de

2015. A saída de Paulo Portas da liderança

centrista vai permitir que o regresso

dos sociais-democratas à sua autonomia

estratégica surja menos dramática aos olhos

de um eleitorado ainda mal recomposto do

“drama” pós-eleitoral. Mas se o momento

actual do CDS é especialmente propício

a essa emancipação, não terá sido isso o

factor decisivo desta iniciativa sobre o Banif.

Em causa está a necessidade de passar uma

mensagem de total tranquilidade sobre

um caso cujo desfecho se apresenta como

uma pesada e mal explicada herança de

um Governo cujo primeiro-ministro e a

titular das Finanças são fi guras de proa do

PSD. Esta proposta pretende mostrar que o

partido não só não tem medo como até dá

o peito às balas, acrescentando-lhe o apoio

à realização de uma auditoria externa.

Veremos como se saem.

E esta, hein?

Quem não se lembra de Bernardino

Soares, antigo deputado do PCP

na AR, questionado sobre o

regime da Coreia do Norte, ter dito

que se tratava de um país com a

democracia a funcionar em pleno.

Hoje, fi camos a saber que o actual

dirigente máximo daquela ditadura,

Kim Jong-un, o Grande Sucessor e

grande belicista, acaba de testar uma

bomba de hidrogénio que tem uma

capacidade de destruição milhares

de vezes superior ao das bombas

libertadas em Hiroxima e Nagasáqui,

em 1945. Estou a imaginar

Bernardino Soares, hoje autarca

da Câmara de Loures, questionado

sobre este assunto, a responder:

não estou a ver o mal que virá ao

mundo o uso do hidrogénio, pois a

cidade do Porto já tem autocarros

movidos a hidrogénio e os resultados

são de tal forma positivos que até eu

próprio estou a fazer estudos para

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

os implantar na minha autarquia. E

esta, hein? Jorge Morais, Porto

Parabéns a Obama e ao PÚBLICO

É um prazer enorme ver um

Presidente a chorar por um boa

causa. É-o igualmente ver um jornal

noticiar o facto com o relevo de

quase toda a primeira página.

O primeiro é Barack Obama e

o segundo é o PÚBLICO e com

ambos me congratulo neste dia

6 de Janeiro. Na vida de todos

os tempos, mas talvez mais nos

contemporâneos, todos sabemos o

quão difícil é manter uma coerência

total na política e no existir, mas

há traços estruturantes no carácter

das pessoas que não devem vergar

e deixam marcas, boas ou más

consoante aquele também o é. No

caso de Barack Obama, deixando

o acordo nuclear com o Irão e

o diálogo com Cuba (por terem

também contornos políticos), há

que relevar duas atitudes no foro

interno, puramente humanísticas,

que marcam muito impressivamente

pela positiva o mandato que está

quase a terminar: os Medicare e

Medicaid, que trouxeram (irão

acabar com eles?) bens de saúde a

30 milhões de pessoas e a muitos

idosos e esta tentativa de proibir

(ou minorar, ao menos) a compra

livre de armas que tanta morte e

sofrimento tem trazido a cidadãos

norte-americanos. Esta última foi

a provocadora das lágrimas que

o “meu” jornal tão dignamente

retratou. Daqui digo singelamente

ao actual Presidente dos EUA:

seja bem-vindo ao “clube dos

abençoados chorões”, daqueles que

não têm medo de soltar as lágrimas

sem fi ltros, ao sabor do orgulho

que sentem em poder chorar com

verdade! E é nesta última que, a

liberdade também se enraíza...

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

ApeloO PÚBLICO às vezes está tão magro

que abre uma angústia de medo

que certos rumores de difi culdades

se transformem num fi m. Mas há

uma coisa que gostava de salientar

(...) nestes últimos domingos: As

reportagens de Portugal sobre

Rodas. São histórias verdadeiras

que nos dão esperança de que ainda

há responsáveis que de maneira

simples fazem sorrir muitas das

nossas gentes que lá longe vão

sobrevivendo. (...) Guardei as folhas

destas histórias verdadeiras e estou

ansiosa pelas próximas (...). Peço ao

PÚBLICO que não pare este tipo de

informação. Precisamos de saber

até para tentar que ao pé da nossa

porta os responsáveis copiem estes

exemplos e o nosso país, pouco a

pouco, se transforme num paraíso,

não só para os turistas mas para

todos os nossos fi lhos e netos.

Maria Clotilde Moreira, Algés

Page 45: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

Dois Estados: uma responsabilidade moral das Nações Unidas

Israel nasceu através de uma resolução

da Assembleia Geral da ONU 181

“Plano de Partilha”, aprovada em

1947. Só metade dessa resolução foi

implementada em 1948, quando um

Estado de “Israel” foi estabelecido. A

outra metade, que é o estabelecimento

do Estado da Palestina, ainda está à

espera de implementação até hoje.

Por outro lado, a aceitação de Israel

como um Estado-membro das Nações

Unidas, em 1949, deu-se com as condições

de este se comprometer na criação do

Estado da Palestina e no regresso de todos

os palestinianos que foram forçados a deixar

as suas casas, nas mãos de gangues sionistas,

durante a guerra de 1948, mais conhecida

por a Nakba palestiniana (catástrofe).

Como é evidente, os detalhes das

atrocidades nas mãos das forças de

ocupação israelita, contra os palestinianos

actualmente, tornaram-se bem

conhecidos e bem documentados, local

e internacionalmente. Todos os dias

civis palestinianos, incluindo crianças e

mulheres, são atacados, mortos a sangue-

frio e feridos pelas forças de ocupação

israelita, soldados e colonos terroristas.

Todos os dias, estão a ser detidos e

aprisionados civis palestinianos, são

implementadas medidas de punição

colectiva, tal como demolições de casas

que deixam famílias inteiras desabrigadas,

ao mesmo tempo que as restrições ao

movimento dos palestinianos os sufoca

ainda mais e desencadeia um impacto

negativo em todos os aspectos da sua vida

socioeconómica.

A Comunidade Internacional,

representada pelas Nações Unidas, apelou

em muitas ocasiões a Israel, o poder

ocupante, para congelar todas estas acções

desumanas e para abdicar de todas as suas

outras acções ilegais, como por exemplo

o roubo de mais terras palestinianas para

construir colonatos e transferir os seus

cidadãos para lá, no entanto sem sucesso.

A selectividade na aplicação do Direito

Internacional e as suas almofadas, no

caso das violações israelitas e na falta de

acções contra essas violações, concedeu,

consequentemente, a Israel um estatuto de

país acima do Direito Internacional e, como

resultado disso, anulou todas as resoluções

pertinentes da ONU.

Apesar de tudo o que foi mencionado,

a Comunidade

Internacional

adoptou a solução

de dois Estados

como uma solução,

internacionalmente

reconhecida, para

o confl ito israelo-

palestiniano de

quase 70 anos.

Neste contexto, o

estatuto da Palestina

foi actualizado para

o de um Estado

não-membro

da ONU. Israel,

desde a assinatura

dos Acordos

de Oslo, tem,

aparentemente,

aprovado esta

solução de

dois Estados

publicamente,

mas tem agido,

explicitamente,

contra a sua

implementação.

Todos nós ainda nos lembramos da

declaração de Netanyahu a este respeito

durante a sua campanha eleitoral, dizia que

não haveria nenhum Estado palestiniano

enquanto ele estivesse no cargo. Esta

declaração irresponsável mostra bem que

todos aqueles que colocaram Netanyahu no

poder (a maioria) são contra a solução de

dois Estados.

O vice-ministro da Defesa de Israel,

Eli Ben-Dahan, disse a 9 de Outubro

do passado ano que “os palestinianos

têm de entender que não terão um

Estado, e que Israel irá dominá-los.” De

acordo com o Centro de Jerusalém para

os Assuntos Públicos, 75% dos judeus

israelitas opõem-se a uma solução de dois

Estados, independentemente do que quer

que seja. O mesmo Eli Ben Dahan disse

em 2013, quando era vice-ministro dos

Serviços Religiosos: “Para mim, eles (os

palestinianos) são como animais, nem

sequer são seres humanos.” Dois anos

depois, Benjamin Netanyahu convidou

Dahan para ser vice-ministro da Defesa.

Em conclusão, está a fi car claro como

água que desde que Netanyahu assumiu

o seu cargo, em 1996, a liderança israelita

foi, constantemente, enganando o mundo,

fazendo todos os possíveis para encobrir

o seu lento assassínio da única solução

internacionalmente aceite para o confl ito

israelo-palestiniano — os dois Estados. O

resultado natural deste desafi o israelita

ao Direito Internacional é este terror na

região e fora dela. Localmente, o resultado

revela-se com a juventude palestiniana a

tomar a lei nas suas próprias mãos, pois

sentem que foram traídos pela Comunidade

Internacional e rejeitam, absolutamente,

viver sob um regime de apartheid no que é

chamado Israel.

A paz na Terra Santa, única garantia

possível da estabilidade na região, só será

alcançada através da implementação da

solução de dois Estados, com base nas

pertinentes Resoluções das Nações Unidas.

Embaixador da Palestina

A vida velha

Desde que perfi z 60 anos

tenho estado a acumular uma

lista de sinais seguros de ter

envelhecido. O primeiro é o

do TMN: o transeunte mais

novo. A minha mulher estava

com pressa e eu parei para

deixar passar um homem com

um bonsai nos braços. Ele

demorou-se na passadeira.

Desabafa a Maria João: “O sacana do velho

nunca mais se despacha!” Eu meço a olho

a idade do senhor: mesmo sendo pouco

generoso é mais novo do que eu. Terá,

quanto e quando muito (porque é sempre

muito), 58 anos. Se ele é velho, sendo menos

velho do que eu, eu sou velho de certeza.

Quando anuncio este descobrimento à

Maria João, ela sorri. O amor pela verdade é

uma coisa muito inteligente.

Outro sinal seguro é o respeito pelas

minhas opiniões. Quando se é novo, as nossas

opiniões não são ouvidas ou, caso sejam

ouvidas por um defeito de funcionamento,

são vigorosamente contestadas por serem

ignorantes. Chegando-se a uma idade

provecta — um adjectivo cujo signifi cado

tenciono desconhecer para além da minha

morte —, as nossas opiniões passam a ser

dolorosamente ouvidas e toleradas com o

mesmo espírito de fair play com que se aceita

a papeira e a chegada do Inverno.

A velhice é um estado de misericórdia. A

estupidez é não aproveitá-la, na ganância

deselegante de querer continuar a ser novo.

A velhice é a última novidade das nossas

vidas. Porque havemos de querer arruiná-

la, adiando-a como se toda a existência

dependesse de cada um de nós, se é essa a

beleza que nos escapa?

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

SHARIF KARIM/REUTERS

Debate Israel e PalestinaHikmat Ajjuri

A paz na Terra Santa, única garantia possível da estabilidade na região, só será alcançada através da implementação da solução de dois Estados

Page 46: Público 2016-07-01

46 | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016

Augusto Santos Silva e as novas prioridades da política externa

Francisco Assis

1. Até há alguns anos atrás era

fácil estabelecer uma separação

nítida entre a política externa

e a política interna de cada

país. Mesmo nas grandes

potências, onde a dimensão

externa adquiria naturalmente

uma importância maior, era

possível manter essa distinção.

Com a internacionalização das

economias e o surgimento de entidades

políticas supranacionais, a realidade

tornou-se bastante diferente. Hoje em

dia, em países como Portugal, estas duas

vertentes são praticamente inextricáveis.

Por isso mesmo passaram a adquirir

grande relevância as opções fundamentais

estabelecidas por qualquer governo

em matéria de política externa. Ora, há

momentos especiais, com carácter quase

ritual, em que se publicitam essas mesmas

opções de modo a tornar claros os grandes

compromissos internacionais de um país.

No caso português, realiza-se todos os

anos um seminário diplomático que conta

com a presença dos nossos embaixadores

espalhados pelo mundo, de membros do

governo e de representantes da sociedade

civil. O ministro dos Negócios Estrangeiros

aproveita a ocasião para enunciar as

grandes prioridades da acção externa.

Quando muda a natureza do executivo,

cria-se uma natural expectativa em torno

desta declaração. Por razões óbvias, este

ano a expectativa era ainda maior.

O discurso proferido pelo ministro dos

Negócios Estrangeiros, Augusto Santos

Silva, merece, por isso, uma apreciação

atenta. Sem a pretensão de uma análise

exaustiva, procurarei salientar os aspectos

a meu ver mais relevantes da declaração

proferida. Desde logo há uma inferência

imediata a salientar: a reiteração absoluta

dos principais compromissos internacionais

assumidos ininterruptamente por Portugal

ao longo dos anos de vivência democrático-

constitucional. Estes consistem

fundamentalmente na valorização da

opção pela integração europeia, na adesão

à ideia da importância de uma relação

preferencial com os Estados Unidos da

América e na natural promoção de uma

ambição lusófona. Haverá talvez que

acrescentar ainda uma predilecção pela

noção de um país vocacionado para facilitar

o diálogo entre espaços culturais e políticos

historicamente muito diferenciados.

Esta linha de orientação tem o mérito de

inscrever as opções presentes num vasto

consenso preestabelecido, sem contudo

impedir uma reavaliação das mesmas

em função do contexto presente e das

perspectivas futuras.

Do meu ponto de vista, Augusto Santos

Silva tratou bem todos estes assuntos.

Na questão europeia, reafi rmou uma

vontade clara de participação empenhada

de Portugal no grupo dos países mais

orientados para o reforço da integração

institucional, o que não pode ter outro

signifi cado que não seja o da abertura a

um acréscimo de partilha de soberania

sempre que se criem as condições para que

tal suceda. Estando em curso um debate

em torno de uma substancial alteração do

modelo institucional da União Económica e

Monetária, é assim possível antecipar uma

atitude favorável do governo português

perante uma expectável evolução num

sentido mais federalista. Esta posição não

impede uma refl exão sobre a necessidade

de encontrar um

equilíbrio mais

justo entre as

preocupações

de ajustamento

orçamental e

o objectivo do

crescimento

económico, o que

Santos Silva faz de

forma manifesta,

deixando mesmo no

ar uma interrogação

sobre se a estratégia

do bom aluno

adoptada pelos

vários governos

portugueses nos

últimos 30 anos

deve ou não ser

considerada a mais

adequada. Neste

aspecto merece

especial destaque

o facto de o actual ministro dos Negócios

Estrangeiros não identifi car à risca tal

estratégia com o último governo, antes

a associando ao conjunto dos governos

das últimas três décadas, incluindo os

do Partido Socialista. Só isso estabelece

uma ruptura signifi cativa em relação a um

certo discurso de natureza estritamente

partidária até aqui prevalecente. A

própria referência que faz à política

austeritária remete sobretudo para um

plano europeu, sem imputação exclusiva

de responsabilidades a quem quer que

seja. Esta postura alarga a capacidade de

intervenção crítica do Estado português.

Há que reconhecer que nada no presente

circunstancialismo interno apontava para

tal posicionamento.

Ainda mais curiosa é a posição assumida

em relação à cooperação transatlântica

com os Estados Unidos. Numa altura em

que por toda a Europa a extrema-esquerda

e a extrema-direita antiamericanas,

profundamente proteccionistas, apregoam

a importância de impedir a concretização

do acordo comercial entre a UE e os EUA,

reveste-se de excepcional signifi cado a

vontade enunciada de reforçar a ligação

transatlântica e de valorizar o referido

acordo. Aliás, esta atitude é tão mais

relevante quanto alguns sectores do próprio

Partido Socialista Europeu começam a

decair para uma atitude receosa em relação

a um entendimento com os EUA. Ora, a

garantia de que o governo socialista se

vai empenhar, no contexto do Conselho

Europeu, na defesa da importância deste

tratado, pode reforçar a capacidade de

promoção dos nossos próprios interesses

nacionais. A questão, contudo, sobreleva

O que Santos Silva disse em matéria de política externa tem reflexos imediatos na vida política interna

Eurodeputado (PS). Escreve à quinta-feira

em muito o quadro puramente nacional, já

que tem que ver com o tema fundamental

da estratégia de integração da União

Europeia no mundo globalizado. Num outro

plano, o ministro dos Negócio Estrangeiros

reafi rma a vocação atlântica no domínio

político-militar, propugnando uma maior

valorização da componente sul-americana

e africana no âmbito da nossa participação

na NATO. Ainda que esta aliança — militar,

como o próprio nome indica — tenha como

palco principal de actuação o Atlântico

Norte, não podemos ignorar a importância

crescente que têm vindo a assumir aquelas

regiões no domínio da segurança colectiva.

No que diz respeito à lusofonia e às

ligações mais vastas com outros países

do Hemisfério Sul, percebe-se uma nítida

vontade de prosseguir um caminho já

adoptado, reforçando mesmo os meios

necessários à sua plena concretização. Se

tivermos em conta o papel que Portugal

poderá desempenhar no desbloqueamento

dos entraves que têm impedido a

celebração de um acordo de associação

entre a UE e os países do Mercosul,

perceberemos de imediato a importância

de uma atitude desta natureza. Há muito a

fazer neste domínio. Por último, esperemos

que seja possível levar a cabo uma política

séria de valorização da língua portuguesa, o

que pressupõe uma disponibilidade para a

promoção de investimentos avultados mas

imprescindíveis.

Ao afi rmar o que afi rmou, Augusto

Santos Silva, que não é propriamente uma

fi gura subalterna ou periférica no governo,

contribuiu decisivamente para a defi nição

da identidade programática do actual

executivo. Tudo o que ele disse em matéria

de política externa tem refl exos imediatos

na nossa vida política interna. Quais sejam

esses refl exos é assunto em que não quero

de momento entrar. Ficará para outras

ocasiões. Uma coisa é certa: o governo dá

sinais de não renegar em nada a história

do PS em questões fundamentais como as

atrás analisadas. Isso só pode ser motivo de

satisfação e de aplauso.

2. O que se está a passar na Venezuela

demonstra infelizmente como o

“chavismo”, sob a liderança de Maduro,

degenerou em absoluto num projecto

político antiliberal e antidemocrático. A

forma como o Presidente da República

e os seus apaniguados estão a tratar o

Parlamento recém-eleito deve suscitar

atitudes de repulsa por parte dos

parlamentares de todos os países

democráticos. Seria incompreensível

que a Assembleia da República não se

pronunciasse sobre este assunto. Vai com

certeza fazê-lo sem se deixar subordinar aos

apelos de uma realpolitik inspirada na pura

salvaguarda de interesses económicos.

DANIEL ROCHA

Page 47: Público 2016-07-01

PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | INICIATIVAS | 47

AGENDA DA COLECÇÃO

12 de Dezembro1.º VolumeJornal Português 1-17 (Março 1938 – Junho 1940)

19 de Dezembro2.º VolumeJornal Português 18-33 (Julho 1940 – Agosto 1942)

26 de Dezembro3.º VolumeJornal Português 34-54 (Novembro 1942 – Dezembro 1945)

2 de Janeiro4.º VolumeJornal Português 55-74 (Abril 1946 – Março 1948)

9 de Janeiro5.º VolumeJornal Português 75-95 (Abril 1948 – Abril 1951)

O Jornal Português foi o principal instrumento de propaganda cinematográfica produ-zido pelo Estado Novo entre 1938 e 1951. Para além de ser um documento importante para a história da ditadura salazarista, é também um registo incontornável da história de Portugal na década de 1940. Em conjunto com a Cinemateca, o PÚBLICO lança agora a colecção Jornal Português: Revista Mensal de Actualidades, que compila, pela primeira vez em DVD, todos os números deste jornal de actualidades. Esta edição inédita é com-posta por cinco volumes, que incluem 5 DVD com mais de 16 horas de imagens, uma hora de material inédito, som original recuperado, legendas em Português e Inglês e um livro ilustrado. Todos os sábados com o PÚBLICO por mais 4,95 euros.

O imaginário do nacionalismo

português moderno formou-se ao

longo do século que antecedeu o

Estado Novo. Quer isto dizer que o

regime, antes de ser o encenador

da nação, foi em grande medida

ele próprio a criatura política desse

processo. Mais do que a história

da ascensão ao poder por parte de

António de Oliveira Salazar, aquilo

a que hoje chamamos salazarismo

deve assim ser entendido como

a materialização de uma cultura

política nacionalista. Muitos dos

temas do imaginário salazarista

sobreviveram para além de Salazar

porque, precisamente, já existiam

antes dele: a sujeição do presente

ao intemporal, seja uma certa

idealização histórica do passado,

a narrativa dos evangelhos ou os

ritmos cíclicos da temporalidade

rural; uma inclinação para

identifi car Portugal com esse

mesmo mundo campestre e o povo

português com o campesinato;

ou a consequente redução da

sociedade às suas parcelas mais

pequenas, do município à aldeia,

do bairro à família.

Mais do que a doutrina presente

nestas imagens familiares, o

que verdadeiramente conta na

formação do salazarismo é o

modo como se banalizaram:

ao fazer coincidir a nação

com o seu passado, com a sua

espiritualidade ou com o que nela

parecia imutável, o nacionalismo

subtraiu Portugal a qualquer tipo

de transformação histórica ou

mudança social. Mas também aqui,

as grandes linhas do discurso já

estavam escritas antes do Estado

Novo e da criação do Secretariado

de Propaganda Nacional (SPN).

De facto, pode mesmo dizer-se

que o êxito de todo o processo

de materialização dos ideais do

nacionalismo na cultura política

do salazarismo se deveu a um

compromisso de enorme efi cácia

entre uma geração de escritores

neo-românticos que, desde

fi nais do século XIX, vinham

sistematizando a imagem do

Portugal nacionalista, e os jovens

modernistas dos anos 20 e 30 que

lhe deram forma audiovisual.

A Exposição do Mundo

Português de 1940 foi o exemplo

acabado dessa articulação:

idealizada e dirigida por infl uentes

escritores e intelectuais como

Augusto de Castro e Júlio Dantas,

foi depois em parte executada

pelos artistas (arquitectos,

desenhadores, cineastas) do

SPN. O resultado foi exemplar. A

monumentalidade dos edifícios e

da encenação paisagística, ou seja,

os elementos de grandiosidade

política e sofi sticação técnica

que fi zeram a propaganda dos

fascismos, é posta ao serviço do

mundo de coisas pequenas que

era o Portugal do salazarismo.

Mas se este acontecimento e as

suas imagens mostram bem as

potencialidades da propaganda

na banalização do nacionalismo,

são também reveladores dos seus

limites. É que um acontecimento

grandioso não é coisa que se

mostre todos os dias, e fora

do espaço e do tempo de uma

exposição pensada para encenar a

vida portuguesa, é difícil imaginar

como a intemporalidade e as

permanências do nacionalismo

poderiam constituir matéria

fílmica.

É nestas condições que devemos

ver, hoje, o Jornal Português

( JP), pois este não só incide

exclusivamente sobre aquilo que

pertence à esfera do nacionalismo

navios à água ou a passagem de

um contratorpedeiro pelo Tejo

— onde há planos que exploram

o movimento das máquinas (à

maneira do cinema modernista

dos anos 20), a imagem é

convencional e ilustrativa. A

própria falta de espectacularidade

das cerimónias ofi ciais deixa

pouca margem aos aspectos

visuais. Neste contexto, o sentido

nestes fi lmes é defi nido pelos

elementos sonoros, a começar

pela narração que, sobretudo

nos primeiros anos, insiste nos

recursos estilísticos do neo-

-romantismo, mas também pela

música, sinfónica ou folclórica,

sempre impositiva.

Mas pode também ser que a

efi cácia destas imagens resida

precisamente na sua falta de

autonomia. Um dos aspectos mais

interessantes dos últimos fi lmes

do JP é a insistência no potencial

turístico do país. A C.P. organiza

‘circuitos turísticos’, a instalação

da via dupla na Linha de Sintra

é justifi cada pelas exigências do

turismo (difi cilmente o motivo

para tal investimento) e a própria

visita de Franco (que mereceu três

edições do jornal) parece servir

como pretexto para mostrar os

monumentos mais notáveis. Nesta

defi nição do Portugal turístico,

ou melhor, nesta redução do

país à sua paisagem, é visível um

aspecto decisivo do processo

de formação do imaginário do

nacionalismo. Da etnografi a

oitocentista ao monumental Guia

de Portugal organizado nos anos

20 por dezenas de intelectuais,

o nacionalismo elaborou uma

verdadeira sistematização, ou

classifi cação, de Portugal e

dos Portugueses. Num mundo

tão estável e ordenado, até as

inaugurações de infra-estruturas

e indústrias (com que também

se mostrou a modernização

do país no pós-guerra) fi cavam

irremediavelmente enquadradas

numa ordem por natureza

imutável.

Portugal como paisagem

(uma ideia de Portugal de onde

está ausente a sociedade), como

se limita aos momentos mais

controláveis, os acontecimentos

ofi ciais ou festivos. Longe de lhe

retirar o seu interesse, porém, é

possível sugerir que estes limites

nos ajudam a reconstituir a

constelação de meios onde se

pode situar o jornal. Ao deixarmos

os silêncios da propaganda falar

(assumindo que a propaganda

esconde tanto quanto mostra),

podemos identifi car, pela negativa,

todo um quotidiano informativo

e de entretenimento que não se

limita ao país do nacionalismo

nem muito menos à agenda ofi cial

do regime. Um mundo de jornais

diários, de actualidades e fi lmes de

fi cção de outros países, de canções

noutras línguas ouvidas pela

rádio, um mundo onde, apesar

da censura, a sociedade aparece

como uma realidade plural,

onde os horizontes de leitores,

espectadores e ouvintes se alargam

muito para além das fronteiras

nacionais e onde a própria vida

não se reduz ao que era controlável

pelo Estado.

À luz desta constelação de

indústrias de informação e de

entretenimento massifi cadas,

o impacto do JP sai, à partida,

enfraquecido. Desde logo, pelo

modo como quase todos os

elementos dos fi lmes parecem

concorrer para submeter as

imagens à narrativa mais literária

do nacionalismo. À excepção de

alguns episódios com elementos

tecnológicos – o lançamento de Historiador

OpiniãoLuís Trindade

ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA

Page 48: Público 2016-07-01

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ESCRITO NA PEDRA

“Não ter temor da morte é não temer-se ameaças”Pierre Corneille (1606-1684), dramaturgo francês

QUI 7 JAN 2016

Ferramenta da Medicina no centro de debate sobre o que deve ser a prática médica p26

Jornal satírico acusado de “não respeitar crentes de todas as religiões” p24

FC Porto empatou com Rio Ave e aumenta contestação ao treinador p39 a 41

O estetoscópio, ícone da Medicina, faz dois séculos

Capa de ontem do Charlie não agradou ao Vaticano

Sporting e Benfica goleiam e Lopetegui em maus lençóis

Totoloto

8 12 15 43 47 1

3.800.000€1.º Prémio

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Dezembro 32.431 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

SOBE E DESCE

Paulo Gonçalves

O piloto português passou desde ontem a liderar o Dakar na

vertente motos, beneficiando da penalização atribuída ao espanhol Barreda, que perdeu a vitória na etapa para Paulo Gonçalves. Portugal fez a dobradinha na quarta etapa, com Ruben Faria a ser segundo e a subir ao quinto lugar da classificação. Destaque ainda para Stéphane Peterhansel, que ganhou a etapa nos carros, alcançando a sua 66.ª vitória em etapas da prova todo-o-terreno. (Pág. 43)

Bruno César

Não podia ter corrido melhor a Bruno César a estreia no Sporting.

O jogador que o Sporting foi buscar ao Estoril, e que já

passou pelo Benfica, apontou dois dos cinco golos que o líder do campeonato marcou em Setúbal.

Sabendo da goleada do Benfica ao Marítimo, o Sporting respondeu à pressão que daí advinha com outra goleada de igual tamanho, onde Slimani também apontou dois golos, e aumentou a distância para o segundo classificado. (Pág. 39)

Rui Vitória

O Benfica está num bom momento e ontem, apesar do início difícil da

partida, por culpa do Marítimo, impôs uma goleada à mesma equipa que não há muitos dias foi vencer o FC Porto no Dragão para a Taça da Liga. Pizzi, que se tornou no jogador mais caro na história do clube — o Benfica acabou de comprar os restantes 50% do passe ao Atlético de Madrid — “agradeceu” o investimento com dois golos. (Pág. 41)

Julen Lopetegui

O treinador mais pressionado do momento precisava

muito de uma vitória e de uma boa exibição da sua equipa. Mas no dia em que os rivais ganharam ambos por 6-0, o FC Porto, a jogar perante o seu público, não foi além de um empate que não é mais do que achas para a contestação que o seu treinador tem sofrido nos últimos dias. O FC Porto divide agora o segundo lugar com o Benfica e Lopetegui vai continuar a não ter descanso. (Pág. 40)Jornalista

[email protected]

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

A passeata de Marcelo

Eu percebo a frustração

dos adversários de

Marcelo: pensavam que

se tinham inscrito para

uma corrida presidencial

de primeiro mandato e

estão a descobrir que entraram

numa corrida de segundo.

É como se os portugueses

considerassem que Marcelo já

exerceu o seu primeiro mandato

e respectiva “magistratura de

infl uência” aos domingos à

noite na televisão, reservando-

lhe o tratamento consensual

que é próprio oferecer aos

presidentes reeleitos. Não é uma

má interpretação: entre Marcelo

e Cavaco, há dúvidas legítimas

sobre qual deles mais infl uenciou,

nos últimos anos, o rumo do

país. Resta-nos, portanto,

aguardar pacientemente que seja

entronizado em Belém, após uma

passeata que só por hábito, fastio

e simpatia podemos classifi car

como campanha eleitoral.

Por muito que lhe apontemos

contradições, traições e avarias,

não há volta a dar: Marcelo tem

qualidades únicas e é difícil

não gostar dele. Esteja de férias

no iate de Ricardo Salgado ou

a comer febras na Festa do

João Miguel Tavares

Avante!, é sempre o mesmo

Marcelo, é sempre divertido, é

sempre inteligente e é sempre

genuinamente simpático.

Se eu não quisesse votar em

Marcelo, penso que a minha

mão direita o faria por mim.

A idade fez-lhe bem, a barba

mefi stofélica esfumou-se, ganhou

ar de avô bonacheirão e parece

menos cínico e manobrista

do que antigamente. Vamos

ser optimistas e admitir que

está mesmo menos cínico e

manobrista do que antigamente —

mais equilibrado, mais ponderado

e menos dado à intriga. É certo

que teve alguns comentários

lamentáveis durante a queda do

BES, mas Marcelo é como o Blob,

uma massa gelatinosa que absorve

tudo à sua volta.

A velha piada de Groucho Marx

— “Estes são os meus princípios,

e se não gostarem, bom, eu tenho

outros” — aplica-se na perfeição às

opiniões de Marcelo: foi tão longa

e tão marcante a sua carreira

de comentador que sobre toda

a gente ele já disse bem e mal,

já elogiou e já criticou, e sobre

cada assunto já disse tudo e o seu

contrário. Foi curioso ouvir Marisa

Matias afi rmar no debate entre

ambos: “Acho que é incompatível

ter todas as posições.” Mas não se

trata bem de ter todas as posições.

Marcelo não tem todas as posições

ao mesmo tempo — tem apenas

uma de cada vez e utiliza aquela

que em cada momento lhe dá

mais jeito.

E o que lhe deu mais jeito

durante toda a campanha

eleitoral foi uma postura

que cruza o rigor mortis

com a hiperactividade — o

que só mostra o quanto

consegue ser criativo. Marcelo

anda há meses a fi ngir-se de

morto, mas é um morto que fala

muito, que não pára de aparecer,

de debater. A forma que arranjou

para não dizer nada é não se

calar, é lutar pela igualdade das

candidaturas, é disponibilizar-

se para dezenas de debates,

com todos os candidatos e, se

necessário, com os seus animais

domésticos. É uma deserção

por excesso, até ao ponto de os

debates se transformarem numa

espécie de sarampo televisivo,

que infecta todos os canais, mas

dos quais não temos qualquer

interesse em nos aproximarmos.

A multiplicação de confrontos,

conjugada com o prodígio de a

sua candidatura ao centro ter,

ainda assim, nove candidatos à

esquerda, foi a estratégia perfeita.

Eu ainda me dei ao trabalho

de assistir ao debate a dez na

Antena 1 e só faltou Marcelo levar

um livro para se entreter entre

intervenções. Mas está bem assim.

Basta ver como PS, PSD e CDS

desertaram destas eleições. Está

toda a gente feliz por não se estar

a passar nada, não é? Parabéns,

senhor Presidente.

Um “lugar elevado de ondese avista um horizonte largo”

TODOS OS SÁBADOS

20 miradouros de Portugal na Fugas até Fevereiro20 miradouros de Portugal na Fugas até Fevereiro

SÁBADO Forte de Paimogo • Lourinhã

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