PURA VISIBILIDADE

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Areinvenodorealismocomo artedoinstante* LuizRenatoMartins o textoreexaminaointe rpretaoformalistacorrentedoobradeManetcomo marcodeorigemdoartemodernoemvirtudedocartersupostamenteatemtico desuopintura.Comopreliminarparaorecolocaodoquestodorealismo,por Manet,eorecontextualizaodesuoobra,abordoantesoprocessohistricode in tensoespecializaoedissoluodoesferapblicoilumini sta, quepropicioo doutrinopositivistado"puravisibilidade",opartirdoqualocrticoeo historiografiaformalistalanaram,entreofinaldosculo19eosprimeiras dcadasdosculo20,oidiodeumapinturapuramentetico,cujomelhor paradigmaviriaoseroarteabstrato,tomadocomoessnciadoartemo derno. Int roduo:aimport ncia estratgicadeManet Osproblemasdecorrentesdarupturados vnculosdacivilizaocomanaturezaecom atradi osepemaolongodosculo19 para todasasesferasdavidasocialeno sparaacultura.Ocultoaonovo,corrente desdeentonoconsumo,reage irrefletidamentenecessidadederemediar arpidacaducidadedosmodelosna cenamoderna. Nocampodaarte,umavezvarridasas premissasontolgi castradicionaisda visualidade,aquestodarefundaoda pinturaedoolharseimpeemmeadosdo sculoacadapintor conseqente. O princpionegativo,dadopelaausnciado argumentodanatureza,permeiatodoato artsticomodernoesvariamasestratgias frenteaoproblema. Apesardeessacriseter penetrado, deummodooudeout ro,o tododasrelaes,nombitoda historiografiatornou-secorrenteofatode encarar aartemodernacomofenmeno nico, dotado,deacordocomoformali smo, deumalgicaexclusi va;efi coutambm usualencontrar, segundoessaperspectiva,a obradeManetcomomarcozerodo modernismonapintura. lv1a ne l.arte ( OI mo lism o. Adeterminaodaartemodernacomo fenmenopurocorresponde tendncia modernadedivisoedeespecializaodos camposdesaber. Adeterminaoespecfica deManetcomofocooriginriodaarte modernacaractersticadahistoriografia formalista.Manetfoierigidoemparadigma dapinturapura, atemticaouindependente demotivo,esefezdanegaodotema umap,-emi ssadaartemoderna. Oinciodadcadade1980marcaa emergnciadenovasleiturasdeManet.em geraldeacordocomaproblemticarealista. Em1983,anodocentenriodamortedo pintor,ocorreramimportantesmostras: a maior,noGrand-Palais,emParis(22/41/ IO)enoMetropolitanMuseumof Art.em Nova York( 10/ 9- 27/ I I). A TateGallery tambmexpsseuacervodeManet. A curadoriaeot extodocatlogo,agudo, emboracommenosde50pginas.sode Michael Wilson.'Wilsonreelaboraa significaodapinturadeManet, reinscrevendo-oemseumeiooriginale salientandoseucomprometimentocom questesgeraisdamodernidade.No mesmoano,GiulioCarloArganpublicao ensaioManeteapinturaitali ana(Manetela pitturaitaliana), 2 ressaltandooantiidealismo eorealismodapinturadeManet. coLABoRAAoLUIZRENATorv; ARTINS103 a/eR E v 1ST ADOP R o G R A M AD EP oS - G R A D U A A oE MA R T E SV I SUA I SE B AU F R J2o o 1 contrapondo-osaoneoplatonismoeao classicismodapinturaquinhentistaitaliana, daqualManetextraimodelos,Noano seguinte, TimothyClarkpublicaoli vroThe Paintingof ModemLife/Parisinthe Artof ManetandhisFo/lowers,levantando minuciosamentearecepocrticanegativa deManet.poca, edestacandoosvnculos desuapinturacomoimpactoda reestruturaodeParis,executadapelo BaroHaussmannnasdcadasde\ 850e 1860,duranteoSegundoImprio,Na esteira,surge, deFranoiseCachin,3diretora doMused'Orsay(Paris),Manet(1990),4 ArecontextualizaodaobradeManetse penacontracorrentedamaioriados estudoscrticosformalistas,quehaviam eclipsadooambientehistricoepictrico dopintoremnomedopurismodeuma linhaevolutivadaartemoderna,daqual Manetconstituiriaomarcozeros As interpretaesformalistasenvolverama obradeManetapartir dosanosfinaisdo sculo19ederamatnicadavisosobreo pintordurantequasetodoosculo20, ouseja, noperododealtoprestgioda artemoderna. Emlinhasgerais,odestinocrticodeManet seconfunde, pois,comaqueledaarte moderna.Quandoavisoformalistasobre estaseafirmanofinaldosculo19,em sintoniacomoprestgiodoimpressionismo,6 oManetmaldito,dostemasimprpriose condenadopelaopiniopblica contempornea, somesoboartista desinteressadoepioneirodaartepura.E s quando,hcercaduasdcadas, declinaa interpretaodaartemodernacomoarte pura,cujomelhorparadigmaseriaaarte abstrata,queseabreapossibilidadepara arediscussodadimensosemnticada pinturadeManetou,melhordizendo,para oreexamedasarticulaesentresua pinturaeoprocessoextra-artsticoda modernidade7 comoumtodo. Emsntese, adiscussodeManetimplica tambmacontrovertidaquestodos destinosdomodernismo.E areaberturado problemaManetseassociareaberturade vriosdossiersdaartemoderna, Tanto 104 quantoapremissadocarter atemticoda artedeManet, maisduasinterpretaesse pemcomopilaresdaconcepoformalista daartemoderna. Nasuposiodo classicismodeCzanneedo teor abstrato docubismo, aoladodapurezadeManet. estassentadootripdeapoiodaleitura formalistadomodernismo. Domodelodanatureza aos modeloshistricos Acrticadoparadigmadacontemplao envolveadosmodelosdoorganismo,logo, adoprincpiodeunidadeesttica,eado belonatural,cujamatrizemltimaanlise adomitocriacionista,aPorsuavez,acrtica damodernidadeimplicaumaanlise histricaconjugadadapinturaeda sociedade. Anovidadedotrabalhode Manetassenta-senumadialticacombinada, estruturadadasuperaodoparadigmada naturezaedeumaincessantereflexo histrica. Arelevnciadaquestotemticapara a compreensodaobradeManetdadapor umnovoprincpioderelaoentreoautor eomotivo. Nessepadro,Manetforjauma novaposioautoral:arquiteta minuciosamenteseusmodeloseseus cenrios, eexpesuaintervenocomo umafissuraaberta,Lidandocomaimagem comomanufatura,afasta-sedetodanoo deorganicidadeoudaidiadeformacomo emanaodeumcriador. Rompidaateiadeanalogiascomanatureza, apinturadeManetseaproximado jornalismoedelinguagenscongneres, que envolvemobjetosnonaturais,umpblico vastoepadresdelinguagemno artesanais, almdeumaconcepono imediatadoreal. Almderomper comacontraposio apriorsticaentreaesferaestticaeas demais, Manetassimilaumasriede elementos vulgares, queaproximama aparnciafinaldesuapinturadasartes grficas,bemcomoaproximam-nada abrangnciaediversidadejornalsticas. Manetdosprimeirosasevaler sistematicamentedemateriaisordinrios, antecipando,naesteiradeDaumierede Courbet, asoperaesdeincorporao derecortesedetritosscolagensedos objetosencontrados(objets-trouvs)s esculturas. Manet comomitodeorigemda artemoderna omitodeManetcomoprimeiro impressionistaemarcozerodomodernismo nascecomaconsolidaopblicado impressionism09 Emvida,Manet,aindaque nointeiramenteidentificadoescolade Courbet, era tidocomoumrealistae reivindicavaaheranadeDelacroix,como muitoscompanheirosdegerao.Noera absolutamentetidocomopraticanteou adeptodeumaartepura.Manetfoitomado comorefernciaporl'1eier-Graefe,autor de MonetundderImpressionismus(1897-8)e deumahistriadaartemoderna(1903). J anoode"artemoderna",associadade "inocnciadoolho",apresenta-sedesde ModemPointers(1843),deRuskin.Graefe adotaa frmulaparalela,daartemoderna comotbularasaeassociaasuaorigema Manet.Meier-GraefeatribuiaManeto reconhecimentodapinturacomodecorao plana;[porsua]implacvelsupressode todosaqueleselementosusadospelos antigosmestresparaseduziroolho medianteailusoplstica;e[porsua] insistnciadeliberadaemtodososelementos pictricos(.. .).10 Ottulodeiniciadordomodernismoede primeiroimpressionistafezescola. A atribuiofoiendossadaporRogerFryno catlogodahistricaepolmicaexpo'sio MonetondthePost-Impressionists(8/ I 1/19 10 - 15/1/1911),11quelevouInglaterraa pinturamoderna,doisanosantesdo ArmoryShow,deNova York.Almde conquistarFrynaInglaterrae Venturi 12na Itlia,talversofoidifundidanosEUApor Greenberg,queafirma: douardManet(.. .)foioprimeiropintorem nossatradioanivelarsistematicamenteos objetosnoprimeiroenosegundoplanosea trazerofundoparaafrente,fixando, medianteagudoscontrastesdecor,seus contornos(tolocktheiroutlines). Almdo mais,eleatribuiu,vezporoutra,luzuma corcrua,dominandoostonsescurose sombrios,eatquandopermitiuo predomniodopretoedocinza,como gostavadefazer,essesatuarammaiscomo coresindependenteseplanasdoquecomo sombras,in definiesougradaes.Porque aspinturasdeManetpareciamtoplanas, emcontrastecomtudooqueprecedia,ele foiacusadodepintar'cartasdebaralho',por seuscontemporneosnaFrana. '3 Afunodemarcodeorigemdaarte abstrataexigesilncioemtornodaquesto temticaemManet. Talmitoobtevetanto favor,que,mesmoumescritor:nosantpodas deposiesformalistasemarcadamente independenteesingular,comoGeorges Bataille,tambmadotouessaversoem 1955. '4Algicadaestratgiaformalista, emresumo,cortar asligaesentreManete os"engajados"CourbeteDaumier,e,POIoutrolado,conectarManetao"opticalismo" dosimpressionistas- decujasexposies, alis,osocivelManet,noobstantea amizadeeoconvviocomMoneteoutros, jamaisparticipou. 'sOesforoformalista vingou:consolidou-seafiguralendriado Manet-dndioudoartistadetemas "pastorais"[sic] 16einiciadordapinturapura. OqueGreenberg,comoumdosprincipais expoentesdoformalismo,nacrticaps-1945, entendecomoo"puramenteptico"e analogamentecomoo"puramentepictrico" podeser depreendidodesuaexplicaoda ilusopticanapinturamoderna: A planaridade(flatness),rumoquala pinturamodernistaseorientanopode,de modoalgum,serumaplanaridadeabsoluta. A intensificaodasensibilidade,quantoao planopictrico,podenopermitirmaisa ilusoescultricaouotrompeI'oeil,mas elapermiteetemquepermitirailuso ptica. A primeiramarcafeitanumatela destrisuaplanaridadeliteraletotal,eo resultadodasmarcasnelafeitasporum artista,comoMondrian,aindaumaforma deiluso,quesugereumaformadeterceira dimenso.Sque,agora,umaterceira dimensoestritamentepictrica, estritamenteptica.Osantigosmestres COLABORAOLUIZRENATOM ARTIN5105 a/eR E VIS T Ao oP R o G R A M Ao EP 6S .G R A o U A oE MA R T E SV I S U A I SE B AU F R )2 o o 1 criaramumailusodeespaoem profundidade,quepermitiaseimaginarque sepudesseandarnele,masailusoanloga, criadapelopintormodernista,spodeser vista;spodeserpercorridopeloolho,literal oufigurativamente. 17 o formalismoprivilegiaa experinciavisual pura,postacomoautnomae intrinsecamentedistintadomodelo discursivodaprosa, Tambmoteorhlbrido deoutraslinguagens, quecombinam elementosvisuaisa outros(arquitetura, teatro),descartadoemproldoidealde purezaformal.Dessepontodevista, pretende-seconstituir oexercciodaviso comoatividadecognitivaautnomae exclusiva,independentedeoutrasfaculdades doesprito,conferindo-lheaomesmo tempoumaconsistnciadetipocientfico, Odesideratodeconsistnciacognitiva atribudopor Greenberg"tendnciaautocrticaquecomeoucom( .. ,)Kant",Essa tendnciaprovmdacrticailuminista, pormsedistinguedestaltima, segundo Greenberg, pelofatodeo"Ilumini smo criticar defora,conformea crtica, na acepocorrente; [enquanto]o modernismocriticadedentro, medianteos prpriosprocedimentosdaquiloqueest sendocriticado",18 Adoutrinada"pura vi sibil idade" Ahistoriografiaea crticaformalistastm comocorrelatotericoa doutrinada"pura visibi lidade", 19 Oidealiluministade autonomiadosaber,aoqualasduas tendncias associadassefiliam,originou-se deumaprticapoltico-jurdica antiabsolutista, queassinalava avontade democrtico-republicanadocidadode ajuizarelegislar, Sntesedasestticasdoperodo,a Crticodo Juzo(1790),deKant,tempor princpio carterpblicoenopodeser compreendidasemremissosociabilidade, Anoodeautonomiaestticaouocarter livredojuzodegosto, frenteaosinteresses privados,possuiinter-relaointrnsecacom apretensouniversalidadedoprazer est t icoe, est e,coma noode 106 sociabilidade, dadoqueacomunicabilidade constituicaractersticafundamentaldo prazer esttico,deacordocomKant.20 O carterdesinteressadoelivredojuzosobre obelo,desligadodafaculdadededesejar atuantenosinteressesprivados,fundaa pretensouniversalidadedoprazer estticoeovinculaindissociavelmente noodesociabilidade21 Porcerto, oprincpioda"puravisibilidade", contemporneodoimpressionismo,ouseja, geradonofinaldoscu lo19, por umlado, consideradoestritamenteemtermos especficosfilosofia,descende conceitualmentedadistinokantianaentre obelo,obomeoagradvel 22 Porm,, precisoatentar,por outrolado,paraas' modificaesprovenientesdocontexto histricoemqueseconstituiua teoriada "puravisibilidade",Parapromover a distino entreosprazeresmeramenteprivadose aquelesuniversais,Kantseapianuma antigadiviso,deorigemneoplatnica,que distinguiaessencialmentea ati vidadede contemplaodobelo, comoli vreou desinteressadaepropriamentevinculadaao supra-sensvel,daquelasquediziamrespeito aoeumundano,subjetivoeindividual,preso por interessesaoprpriobemestar. Entretanto,Kanttinhaemvistaatender ao idealdesociabilidadeilumini staquando propstaldistino,paradesparticularizare socializarogosto,distinguindo-o,por exemplo,dosprazeresdoapetite,postos comoparticulareseinteressadosou meramentepatolgicos, Adoutrinada"puravisibilidade"estruturase,por suavez,quaseumscul oapsa publicaodaCrticodoJuzo,Omundo outro: seosculo18odafundaodas formasrepublicanasmodernase tempor corolrioarevolucionriaDeclaraodos DireitosdoHomem, oscu lo19odo imperialismoedocoloniali smo, eda explicitaodalutadeclasses, Nosculo segu inteaodeKant,nohmai s lugarpara universalismos:a intensificaodadiviso socialdotrabalhoinduz multiplicaodos especialistaserestringeocart er pblico dasquestes; a modernizaodaproduo geranovasformasdedesigualdadesocial; aburguesiafrancesarepenogoverno monarqui asobscurantistasedespticas, para garantirprivil gios,cancela, agolpesdepena edefuzil,asconqui stasdemocrticaseas metasuniversali st asdoIluminismo; acincia esvaziaoidealilumini stadeKant,de sociabilizaodosaber, et c .. Nonovocontexto,nadaunive rsalista,do SegundoImpri oedoregimerepublicano quevemasegu ir,burgusecolonialista,23 fundadonomassacredaComuna,ignoramseosaspectosdascategoriasest t icasde Kant,ligadoscomunicabilidadee uni ve rsalidadedasquestesdogosto. Conserva-sesadi st inomai scondizente comoprocessodeafirmaodosinteresses privados:aquelaentreasat ividadesvoltadas paraaposse,produtivaseinteressadas,e aquelasmetafsicas,aprioristi camente contempl ati vasedesinteressadas. Emresumo,noplanodasidiasedos valoresgeraisdacultura,aconstituiode especialidades,queencerramquestes exclusivas,inacessveisaopblicoamploe noexercitadonarea,correspondeao processodedi st inocrescentedas aptideshumanas, segundoadivisosocial dotrabalho.Asbelasartes, assimcomoas cinciaseossaberesemgeral, voltam -se paracircuitosespecial izadoseparaa formaodepblicosespecficos. Paraadoutrinada"puravisibili dade",a noodeautonomiavisualtraduz-seem especi ficaoeisolamentodocampovisual, deacordocomomodelodeobjetividade dascinci aspositivas, ouseja,apura visibi lidadeeaauto nomiavisual,naacepo positivi sta,semdime nsopblicaou dialgicaefetiva,implicamdistinodos sabe reseauto-exclusodasoutrasesferas designifica024 C OLA BORAAoLUI ZR ENA TOMAR T INS107 a/eREVISTADOPROGRAMADEPOS-GRADUAAOEMARTESVISUAISEBAU fRJ2o01 Dessemodo,adivisodasartesfoi traduzidapeloformalismocomodistino dosrgossensrios,25ecoando, alis,a substituioefetuadapelacincia,noincio dosculo19,doparadigmageomtricoda visopor aquelefisiolgico.Nasltimas dcadasdosculo19, AloisRiegl,alunodo formalistaZimmerman,elaboraasnoes de"ptico"e"hptico"(ttil),segundouma linhaanti positivista, vitalistaeidealista, subordinandoadistinosensorialao conceitofundamentaldeKunstwollen. 26 J Hildebrand,entreosfundadoresdadoutrina da"puravisibilidade",medianteformulaes queaproveitamadivisoesquemticaentre "ptico"e"ttil",diversamentedeRiegl, instituiroprograma"opticalista"do formalismo,aoafirmarqueavisoartstica puramenteptica.2?E Fiedler,por suavez, insistirna"produtividadedoolhoena autonomiadoverartstico"28Emoutras palavras,Fiedlerdesfazoparalelonateoria daartedestacomanatureza,afavor daquelecomacincia,sancionandoofimdo acervocomumdaculturacomanatureza, bemcomolegitimandonaarteonovo paradigmafisiolgicodaviso.29 Fiedler pressupe"umaprodutividadedover separadaeentretantoaptaaalcanarum conhecimento",evisa"conscinciaartstica comocriaoautonomamentesignificativa, despojadadetodofundamentomimtico"30 Tornaram-semarcoshistricosda concepoformalistadapinturacomo essencialmente"ptica"aafirmaode Laforgue,poetasimbolistaeimpressionista, dovercomoindependentedopensar31 easentenadeMauriceDenis,pintore escritorsimbolista: Umquadro- antesdeserumabatalhade cavalaria,umamulhernuaouanedtico- essencialmenteumasuperfcieplana,coberta comcores,dispostasnumacertaordem.32 Emsuma,areestruturaodacultura segundoespecializaesdissolveaesfera pblica,geradanoIluminismo.Nodecorrer dosculo18,aprioridadedadarazo propiciouaderrubadadomandodacoroa edoclerosobreacapacidadedejulgar,ao situarcadacidadocomopotencialmente 108 aptoasepronunciar,comogeneralista, sobreamaioriadasquestesculturaise sociais.Nosculo19,adistinopositiva dossabereslevaparaoutradireo,do pontodevistapoltico.Oespecialista,em seudomnio,estsujeitosregrasracionais: foradessedomnio,ouseja,naextenso restantedavidasocial,sobressaicomo autoridadeinconteste,imuneaosjuzos comuns.Dopontodevistadatotalidade social,oespecialista, aorevsdogeneralista, reforaacoesodospodereserenovaa alianaentreosaber eopoder, reinstituindohierarquias. Jaartedevanguarda,quandocrticafrente ordemsocial,procurarrefundar-sena percepocomum, comonocasodeManet, contrapondo-semarchadaespecializao. Nodia-a-dia,apercepointeragecomas demaisfaculdadeshumanas,dentroda unidadecorporal,esabstratamente passveldeconsideraoisolada. LuizRenatoMartinsDoutor emFilosofia(USP)eprofessor deEstticaeHistriadaArtedaUnicamp. Notas -,Estetextoconsistenumextratodoprimeirocaptulo datesededoutoramento AFabricaodaPintura: deManetaRothko.apresentadaaoDepartamento deFilosofia.USRsobaorientaodoprof.Paulo Eduardo Arantes. IVerMichael Wilson,MonetotWorkcatlogodamostra comemora.tivadocentenriodamortedeManet, Londres:TheNationalGallery.1993. 2VerGiulioCarlo Argan.Manetelapitturaitaliana.in DoHogorthoPicossolL'ArteModernoinEuropa, Milano:Feltrinelli,1983:340-7. JVerFranoiseCachin, Monet.New York:Konecky& Konecky,199 I . 4OmaisrecenteestudoabrangentesobreManet.de MichaelFried,Monet'sModernismarTheFaceo( Pointinginthe1860s(ChicagoandLondon, The Universityof ChicagoPress,1996,645pp.), tambmumdosmaisabalizadoseomaisvolumoso edetalhado,rivalizandonissocomaobracitadade Clark. Monet'sModernism ...altimapeadeuma trilogiadeestudosdeFriedsobreapinturafrancesa iluministaeps-iluminista,investigandoosurgimento dapinturamoderna: Absorptionond Theotrico/ity: Pointingond8eholderinthe Ageo( Diderot (Universityof CaliforniaPress,1980: ed.revista, Unlversityof ChicagoPress,1988)eCourbet's Reo/ism(ChicagoandLondon,Universityof Chicago Press,1990).Fried,aqui,apesardesuanotria I filiaocrticaaClementGreenberg. noseguea leit uradeManetconsagradanoformalismo.que. sobinflunciadosvaloresdecorativos.uni tanstas. opticalistas- ou"oculares",comoprefereagora dizerFried- , prpnosdoimpressionismo,si tuavaa obradeManetcomopr-impressionista.Ocit ado t rabalhodeFnedinsere-senatendncia.que emergenadcadade1980. derecontextualizao daobradeManet.Diferencia-se.assim. deum estudode1965. doprprioFried.elaboradoento apartil'deumpontodevistaacercadeManet.que. deacordocomaautocrticadoautor.era"ahistricoeessencialista",Fried, agora, enfatizamaisa importnciadasreleiturasdatradiopictrica empreendidaspor Manetedestacaafi liaodo pintor "geraode1863"(Fantin-Latoul'. Whistler. Legros).bemcomoinscreve-anocursodos debates. lanadospor Michelet.querecol ocavama questonacionalluzdarevoluo.Emsntese.o estudodeFrieddesprende-se.nessestermos. dos parmetrosda"planaridade"eda"puravisibilidade". quehaviampresidi dosinterpret aesformalist as deManet.paraprivilegiar areest ruturaoda relaoentreapinturaeoobservador(beholder) . deacordocomumaproblemticamaisprximada filosofiadalinguagem.Paraatranscriodos comentnosdeFriedsobreManet,em1965. esuarevisoatual.incluindoaautocrticacitada, verop. cie.:465-7(nota62). 5"ComManeteosimpressionistasaquesto[da autonomiadapintura]deixoudeser definidacomo aqueladaCOI'versusodesenhoesetornouaquela daexperinciapuramentepti ca(purelyapticol) contraa experinciaptica revisadaoumodificada por associaes tteis(cactile).Foiemnomedo puraeli t el'almenteptico.noemnomedacor. queosimpressionistassepuseramasolapar a graduaodos tons(shading)eomodelado. etudo maisqueconotasseoescultriconapintura."Cf. ClementGreenberginO'Brian. John(ed.)The Col/eetedEssoysandCritieismlModernismwitha Vengeanee.1957- 1969. vaI.4,Chicago:Chicago UniversityPress.1995: 89. Acrticadessanoode autonomiacomopurezaserabordadaadiante. 6"Ainterpretaomodernistacomumdapint urade Manetdosanos60comopioneira, sobret udopai' suaasse rodepl anari dade emlarga medidaumresult adodoimpressionismoou, colocandooproblemademodomaisamplo.a preocupaocomaplanari dadeenoesaela relacionadas. comounidade'decorativa'.isto .a noodequeaunidadepictricaera. essencialmente.umaquestodesuperfcie(surface). noemergiu,ounoemergiuporinteiro,comoa caractersticadefinidoradaprticapictrica modernista. antesdaarticulaodeumpontode vistadistintamenteimpressioni sta,noincioeem meadosdadcadade1970". Cf.Fried.op.cie.:17; 18-9.ParaumaIndicaodaevoluopassoapasso. nacrticafrancesadapoca. dessasnoes.de modogeralassociadasobradeClaudeMonet. ver tambmp. 461(nota44);paraumadisc ussodo enquadramentosimultneo.por partede Greenberg.deManetedosimpressionistassob o signoda"planaridade"eda"opticalidade".eparao desenvolvimento. poca doimpressionismo.da idiadeumapinturabasicamentept icaoudaqui lo queumcrticodapoca.MarcdeMontifaud. denominoucoledesyeux,ver p.18-9e462-3 (notas5 1-4). 7Pormodernidadeentende-seaquioprocessohistrico amploimplantadoapartirdaIndustrializao. Jo t ermomodernismo,aqui . emacepoprximaao deartemoderna,abrangeasobrasartsticaseo pensamentocrticoesttiCOcorrelato. 8Paraumexemplodopapelestratgicoatribudo naturezacomotermocomparativofrentesbelas artes. ver o#45daCriticado juzo.deKant("Belaarteumaarte,namedidaemque, aomesmo tempo.parecesei'natureza").Paraumcomentl' io acercadaconsideraodanaturezanocomo mecanismoenecessidadeesimcomoartee intenclonalidade, justifi candoaanalogia,acima,entre arteenat ureza.verLuigiPareyson. L'EsteticadiKan t. I"'lilano: Mursia,1968:177,9.Demodoanlogo.esse cotejoprivilegiadotamb mcondicionaadefini o dogniocomofaculdadedasidiasestticas. conformeadefinio: "gnioadisposiomental inata(ingemum).pelaqualanat urezadartea regra"(C). #46).Cf.ImmanuelKant,CrticadojlJza. trad.RubensRodrigues TOCl'esFilho. inidem,Textos Selecionado s.seI.detextosdeManlenaChau. SoPaulo. Abri l Cult ural. 1980:245-6.ColeoOs pensadores. Sobreaunioe ntrenaturezaobjetiva enaturezasubjetiva,nognio, verPareyson, op.cit.:185.188. 9Sobreaadesogeral aoparadigmaopt icalistado impressionismoou. emoutraspalavras,"aprofunda mudanadesensibil idade".quelevaaceitao pblicadoimp,'essionismo, nadcadade1980, e releituradaobl'adeManetcomoimpressionista.a partir damostrapst umade1884- sobre aqualo crtico AlbertPinard(L'xpositionManet.leRadical. 101II 1884)afirmou,emblemticae apoteoti camente: "SeManetsofreupelo impressionismo,por causadoimpressionismoque eledevetriunfar"-. veridem:455(nota15)e463-7 (notas55,62). 10 ApudBeverlyH. Twitchell.CzanneandFo,-rnaflsmin Bloomsbury. AnnArbol'(Michigan):U1"'1 IReseal'ch Press.1987:57. IICf.RichardShiff.CzanneandtheEnd01 Impressionisml A 5tudy01 theTheo,-y.Techmque. and CriticaiEvaluation01!viodem Art.Chicago: The Universit yof ChicagoPress.1986:144e277(n.I). "Venturi.inOuenciadopela"teonadapuravisibilidade". afirma:liAexpressodeummododever;deuma visopura.deumtodoplstico-cromti co.dafor ma pelaforma( ... )esseopontoderupt ura. fo rado por Manet. queresultounonascimentoda"rte moderna". Cf. Venturi,FourSteps TowardModern Art(1956). apud Greenberg.op.cit.. va I. 3:264. 13 Ver ClementGreenberg. Czanne: gateway to contemporarypainting in op. cit.,vol.3:. ! '.Ver tambmidem.ManetinPhiladelphia.vol.4:240-3;e idem,vol2: 77, entreoutraspassagens. COL ABORAAoLU1 ZRENATooVo ART1 i'i S109 a/eREVISTADOPROGRAMADEPS-GRADUAAoEMARTESVISUAISEBAU fR J2O O 1 14 GeorgesBataille,Manet,intrFranoiseCachin, Genve: AlbertSkira,1983:45. 15 Ve rMeyerSchapiro, and Perceptions,New York: GeorgeBraziller,1997:136, 16 VerGreenberg, op.cit, vol. 2:51-2, Queaimagem pblicadeManetpocacompreendesseaspectos diferentes,podeser depreendidodaobservaode Degas,amigoprximo, quenopor acasoo comparaaGiuseppeGaribaldi , comoambos, um aliadoefetivodaComuna. Cf.Cachin,Introduction, inBataille,op.ct.:10. 17 Ver Greenberg, 0(>.ct" vol. 4:90. "Cf.Greenberg, op. ct. vol.4: 85.Osdesdobramentos politico-sociaisdaoposioestabelecidapor GreenbergentreKant("oprimeiromodernista real")eoIluminismoinserem-senalinhadeum certoneokantismoesoconhecidos. Acrtica iluminista, visandoa objetosexternos,fomentoua revoluo;acrticakantiana,assegurandoparasi mesmaolivreexercciodopensamento,masse abstendodecriticar asituaosocialepol tica,no interferiudiretamentenaordempolticaautoritria da Alemanha, Omodernismo,pensadonessa acepopor Greenberg,novisariatampouco alteraodaordemsociopoltica.Entretanto,se fatohistricoqueKant- talvezcomoGalileu outrora-, seesquivouaochoquefrontalcomo poder doestadomonrquico, dirigindo-lheapenas crticasindiretasouparciais, maneiradaterceira mximadamoralprovisriadeDescartes,sua reflexonopodeser,concretaeefetivamente, desligadadocontextohistrico-poltiCOeuropeu, marcadopelasrevoluesliberaisinglesasnosculo 17epelaRevoluoFrancesanosculo18,que, comosesabe,afetamdemodoconstitutivoa filosofiadeKant.Nesseenfoque, oidealuniversalista dofilsofopertencenitidamenteaoascenso histricodaburguesia, comoclasseento revolucionria. Jaretomadaa-histricaoudeshistoricizadadopensamentodeKant, independentementedocontextohistrico revolucionriooriginal.ocorridanosculo19eno sculo20,sobosignodeumcertoneokantismo,na basedaoperaodeGreenberg,postulandoa soluodosproblemasexatamentenos termosem quefoiapresentada, ouseja, tomandocomo paradigmaadeduoalgbrica,configuraum discursocientif,cizanteeliberal-burgus, doponto devistapoltico,comaexpressaedeclarada intenode se contl-aporideologicamenteao marxismo. Paraoutrasconsideraessobreessa questo. ver aseguir adiscussodaaspirao cientificidadedateoriada"visibilidadepura", engendradaapartir doneokantismo, eacrticade Argan,transcritaemnota, aFiedlereWlmin, como expoentes dessatendncia. 19At eoriada"puravisibilidade",naqualse assentaa leituraformalistadaarte moderna,configura-sea partirdoconcursoassociadodetrsautores,quese ligamtambmpor amizade:opintorHansvon Mares, oescultor Adolf vonHildebrandeo pensador epatronodasartesKonradFiedler.O primadodavisodominaaspreocupaes dostrs. 110 Assim,paraMares, "aprender avertudo". Apud Kultermann,op.cir.:171.SegundoKultermann, essa mximadeMaresecoaoutra, deAlexandervon Vi llers,datadade1868: "Ver nover, conhecer". Cf.idem,ib. Adoutnnadapura visibilidadepode ser si ntetizada,apartir dapremissafiedlerianadaarte como"puraforma visivae[que)excluicomo espriotodo contedoquenosejaapr pria {orma". Cf.RobertoSalvini(ed), LaCriticod'Arte del/oPuroVisibiJi tedeiFormalismo,Milano: Argmenti/Garzanti,1977: 60:ver tambmp. 8. Ver Kultermann,op.cit:I 76. 20 "Seoprazer faceaoobjetodadotivesseprecedncia, enoIu zo-de-gostosomentesuacomunicabilidade universalfossereconhecidarepreser>taodo objeto, talprocedimentoficariaemcontradio consigomesmo.Poisumprazer comoessenoseria outrodoqueoagradonasensaodossentidos,e por isso,conformesuanatureza,spoderiater validadeprivadaporquedependeriaimediatamente darepresentaopelaqualoobjetodado".Cf. Kant,op.cit.:#9("Investigaodaquesto:seno juizo-de-gostoosentimentodeprazerprecedeo julgamentodoobjeto,ouesteprecedeaquele"):219, 21 Ocarternoprivadodasatisfaocomobelo claramenteafirmadopor Kantno#6daCj("O beloaquiloque, semconceitos,representado comoobjetodeumasatisfaouniversal"):"...aquilo dequealgumtemconscinciadequeasatisfao quantoaomesmo,nelemesmo,semnenhum interesse,elenopodejulgardeoutromodo, ano ser quetemdeconter umfundamentodesatisfao paratodos. Pois,comonosefundasobre alguma inclinaodosujeito(nemsobrealguminteresse refietido),ecomoaquelequejulgasesente, quanto satisfaoquededicaaoobjeto,plenamentelivre: entonopodeencontrar comofundamentosde satisfaocondiesprivadas,squaisseprende somenteseusujeito,etemdeconsider-Ia,por isso, comofundadasobreaquiloqueelepodepressupor tambmemtodooutro:conseqentemente, temde acreditar ter fundamentoparapresumirem todos umasatisfaosemelhante"Cr.Kant,op.de: 2 15. 22 NaCj,Kantestabeleceaoposio crucialentrea satisfaocomO belo- quedesinteressadaou independentedaexistnciadarepresentaodo objeto correspondente -, easatisfaocomo agradvel , "queaprazaossent idosnasensao"e objetodafaculdadede deseja r, Analogamente, a sati sfaocomobeloouoprazer esttico tambm se opesatisfaode carter moralcomobom, que vinculaosujeitorepresentaodadoobjeto, medianteafaculdadededesejar Ver Kant, AnalticadoBelo,inop.dt. #2-5:210-215. Ver tambmL.Pareyson,op.de:36-7. 23 Napoleo111 concebe aidiadeuma"LigaLatina", abrangendoospasesmediterrneoseasantigas possessesdospasesibricos,nocontinente americano. AocupaodoMxico,apartirdofinal de1861,portropasfrancesas,espanholaseinglesas, sobpretextodeumadvidanopagapelogoverno refonmistamexicanodopresidente Juarez,fornecea NapoleoIII oqueelesupeserumaplataforma estratgica,comvistassfuturasconquistas;da. 'I alis.onome"AmncaLatina",quesobreviveuaseu I ~ criadorepermaneceu.Emborafracassado,obrevee funestoreinadodeMaximiliano,de1864a1867, sustentadopor Napoleo111 epelasfacesmais reacionriasdaoligarquiamexicana,indicaquea questocolonial.abrangendoacampanhade mobilizaodaopiniopblicaafavordacustosa expansodosterritrioscoloniaIs.ps-se. demodo pleno, duranteavidadeManet,muitoembora, de fato,agrandeescaladadocolonialismofrancs, realizadapelogovernorepublicanoconservador,que seseguiuaoII Imprio,sseiniciasse,maistarde, pocadosanosfinaisdeManet,comaaquisio francesada Tunsia,em1881 ; continuadacomado norteedocentro do Vietn(TonquimeAnam; 1883), deMadagascar (1885)edo Congo(1884-85). 24 Exemplocabaldaacepoapolti cadeautonomia, comomeroisolamentodeumaespecializao, pode ser encontradonoempregoqueGreenbergfarda noo,em1960: "Paraalcanarautonomia,apintura tevesobretudoquesedespir dequalquer coisaque elapudessepartilhar comaescultura, efoinoseu esforoemproldisso,eno tanto- eurepito-paraexcluirorepresentacionalouoliterrio, quea pinturasefezabstrata". Cr.Greenberg, op.cit., vol.4:88. 25 Zimmermann,professor dauniversidadede Vi ena, discpulodoneokantianoHerbart( 1813)quefoia "fonteprimeiradateoriadavisibilidade",estabelece, emEstticaGeralcomoCinciadaForma( 1865), umareinterpretaodeLessing,quedistingueas artesem trstipos,segundoosrgosdestinatrios: aplsticaouttil.apticaeaacstica. Oprimeiro tipocompreende aesculturaeaarquitetura, temo tatocomoessencialeavisocomosuprflua-tantoqueZimmermannchegaaprotestar contra a proibionosmuseusdesetocar asesttuas, Aarte detipopticolimita-sepintura, enquanto a acsticacompreende todasasartes dapalavra, incluindoapoesia, edosom(amsica). Aobra de Zimmermannsofreureparos,massuadivisodas artesecoounopensamentodeseualunoAlots Riegletambmemexpoentesda"pura visibilidade", comoKonradFiedlereAdolf vonHildebrand. Cr. Salvini,op, cir.:I 1-2. 26 AtraduodeKunstwollen,conceitomanifestamente oposto obrapositivistadeGottfriedSemper, inspiradanaqueladeDarwin,controvertidaem diferenteslnguas.umavezqueoconceito"temsido entendidosegundoumavariedadedemodos diferentes", destacaFernie.Enquantosignifica literalmente, paraesteltimoautor,"aquele' que quer arte"(thatwhichwillsart) , eletambmjfoi traduzidocomo"urgnciaesttica"(oestheticurge) porPacht,"vontade-de-forma"(will-to-form),por Gombrich, e"intenoartstica"(artistic;ntene),por Iversen, etemsidoparafraseadocomoprocesso criativoativo,noqual novasformasafloramda vontadedoartistaderesolverproblemas artsticos especficos,segundo Schapiro. Paraasreferncias completasacercadessasdiferentesinterpretaes, ver EricFerni e(seleoecomentri os), Ar!History anditsMethods/oCriticai Anthology,London: Phaidon,1998:I 17.Noitaliano,ascontrovrsias tambmexi stem; segundoSalvini,otermojfoi traduzidocomo"querer aarte"(volere/'orte) , "querer daarte"(valered'orre) , e"vontadede arte"(volontd'arte);porsuavez, Salvinl,como adeptode Croce, sugere"intenodaarte" (intenziondell'arte)eexplica:"oestilono determinado,comoqueriaocampeodaesttica positivista(G.Semper), pelamatria, pelatcnicae por umfimprtico,massimpor umprincpio espiritual,queconsistenumaintenodeterminada ou,sequisermos,numgostoformalquevaria( ... ) nasdiversaspocasenosdiversospovos", Cf. Salvini,op.cir.:24. 27ConformeresumeSalvini, referindo-seaHildebrand, "naVisoprxima,oolhodevecumprirmovimentos anlogosquelesdamo,queapalpa,enofundo tem-seumtatear comoolho,emlugardover. A visoadistncia,porm, correspondesexigncias prpriasdoolho, que,restandoimvel, percebe imediataetotalmenteaimagem. Aimagemartstica, portanto, aimagemadistncia, porquesessa respondesexignciasdavisibilidade".Cf.idem:20. 28 Veridem:13. 29 DeacordocomArgan,"Ateoriafiedlerianada visibilidadepeaartecomopuraforma,aforma comoconhecimento(verdadeiroeobj etivo)( ... ).O modocorreto deseocupar daarte, portanto, parecerianoserahistria,mas acincia. Val ea penanotar comojesseprimeiroconviteaanulara historicidadedoestudodaarteseincluinuma Weltanschouungautoritria: oartistanoO produtodeumacultura,mascomparecede repente, esuatarefaade 'abrir os olhosdo mundo, demodoqueoshomenspensemter sido cegosatento"'. Cr. Argan, Lastoriadelrarte, in idem,Storiadell'ArtecomeStoriade liaCitt,Bruno Contardi(ed.),Roma:Riuniti,1984: 53,54.Sobreo carter.politicamenteanlogo, daobradeHeinri ch Wblffl in,cujosesquemascognitivo-formais, vinculadosauma"justificaometa-histrica:esprito mediterrneoeespritonrdico",abremcaminho, "semquerer,paraperigosasteoriasdasconstantes nacionaise,pior,raciais",veridem:54,56. Emcontraposio, Argansalientaadimenso histricaeacomponenteliberaledemocrticadas investigaescontemporneasde AloisRiegl,que buscavaopor-seaopositivismodarwinianode GottfriedSemper. Vertambm,paraumaanlise apontandoaspectosantiproletriosdaobra de Wlffl ln,MargaretIversen,Politicsandthe Hi storiographyof ArtHistory:Wlfflin'sC/assicArt, inOxford Ar! Joumol , 4(I),198 1: 31-4, opud E.Fernie, op.cit.:134(nota5). lO Cf.MaxImdahl,Osservazionistorico-artistiche, trad. CarloGentili,inHansRobert Jauss,Apologia dell'EsperienzaEstetica, Torino,1985: 52-3. liCf.R.Shiff,op.cit: 22-3. Ver tambmJulesLaforgue, Llmpressionisme( 1883), MlangesPosthumes, OeuvresCompletes,vaI.3,Paris,1919:136-7,140-1 . 12 Cf.MauriceDenis, "Deflnitionof Neotraditionism" (1890:#I), apudHerschelB.Chipp,Theorie s of Modem Art, Berkeley:Universityof CaliforniaPress, 1968:94. coLA8oRA.oLUIZRENATOMARTINSIII