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Puxaram Meu Tapete Mas Deus Não Me Defendeu!

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Líderes magoados, frustrados e com o sentimento de que fizeram algo errado. Como vencer a solidão, o abandono, as privações, as traições e a ingratidão?Uma palavra de encorajamento. Uma profunda reflexão e o encontro com soluções que vem de Deus. Autor: Simão Alberto Zambissa. Formato: 11x18. Número de páginas: 96. ISBN: 85-7459-244-2

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Primeiras Palavras

Com frequência tenho me deparadocom colegas e amigos pastores magoados, res-sentidos e desgostosos com o ministério.Estão feridos por causa de atitudes de algunsirmãos que fazem parte do rebanho por elespastoreado.

Esse fato me faz lembrar os enfrenta-mentos vivenciados pelo apóstolo Pauloquando de sua prisão. Paulo, o maior apóstoloque o cristianismo do mundo já conheceu,sentiu-se só, traído, abandonado e até mesmoinjustiçado por aqueles que se diziam irmãos.Sua desolação ocorreu exatamente no momen-to em que ele tanto precisava de Deus e doapoio dos irmãos. Aqueles que outrora fize-ram parte do seu convívio, agora, o deixaramsó. Os cooperadores do ministério viraram ascostas a Paulo, demonstrando seu maior amore interesse pelas coisas deste mundo.

No Antigo Testamento, Jó viveu expe-riência desse tipo, quando abandonado pelosseus amigos Zofar, Beldade e Elifaz. Jó, servoreto, fiel e temente a Deus, não escapou da

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zombaria de sua própria esposa: “Ainda con-servas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus, emorre” (Jó 2:9).

Numa visão meramente humana, o sofri-mento de Jó teria conotação de omissão deDeus, pois, sendo íntegro, Deus não poderiapermitir tamanha desgraça ao ponto de perdertudo o que possuía. Por esse e por outros mo-

tivos, este livro, desde aescolha do título, preten-de levar a profunda re-flexão visando entendermelhor as razões pelasquais servos fieis não fo-ram poupados de lutas eaflições. Aliás, Deus sen-do conhecedor das virtu-

des e dos fracassos humanos, como poderiater permitido tamanho sofrimento para ser-vos íntegros como Jó? Como Deus teria per-mitido que Satanás, usando de suas artima-nhas, puxasse o tapete de homens como Jó,Paulo e outros, sem defendê-los?

Acredita-se que, na atualidade, esse fatotem se repetido inúmeras vezes, produzindo

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Numa visão meramente

humana, o sofrimento

de Jó teria conotação de

omissão de Deus, pois,

sendo íntegro, Deus não

poderia permitir tama-

nha desgraça ao ponto

de perder tudo o que

possuía.

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suas vítimas. Aliás, é perceptível o sofrimentode muitos pastores, missionários e demaismembros, cujos corações estão machucados eferidos. Dir-se-á que os pastores e obreiros es-tão vivendo em situações-limites1 (situações estas

que até certo ponto parecem ser insuperáveis), noexercício de seus ministérios.

Mudou-se o cenário, mas as atitudes im-pensadas de vários membros em nossas igre-jas têm feito suas vítimas. Assim, partindo deminhas experiências pastorais, quero partilharalgumas inquietações, na intenção de ajudá-loa superar com grandeza os desafios de vida,pois Deus não desampara os seus filhos, istoé, Sua presença é permanente, conforme o re-lato de salmista: “Ainda que meu pai e minhamãe me desampararem, o Senhor me acolhe-rá” (Salmo 27:10).

Este livro, composto de cinco capítulos,traz em resumo como as coisas acontecem nointerior das igrejas. Não se trata, aqui, de umfato isolado, pois minhas andanças pelo mun-

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1 Situações-limites é um conceito usado pela 1ª vez por Karl Jas-pers e está presente na literatura da pedagogia freireana, refe-rindo-se às situações que até certo ponto parecem difíceis deser superadas.

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do e pelo Brasil afora me habilitam a descre-ver a aflição que assombra pastores, missioná-rios e líderes de várias denominações.

Em meu gabinete pastoral, repetidas ve-zes atendo colegas pastores, homens e mulhe-res íntegros que com instância demonstramcerta indignação e me dizem: “Zambissa, tudoestava tranquilo. Minha permanência na igrejapara o ano seguinte estava certa. A igreja vaibem, mas apesar disso alguns não me querem.Colocaram-me à disposição. Estou muito tris-te. Não é dessa forma que eu gostaria de sair.O meu ministério acabou. E, agora, o que eufaço? O que deveria fazer para permanecer noministério que Deus me deu? Eu só sei serpastor, como agir?”

Diante de tantas indagações, espera-seque esta leitura suscite outros questionamen-tos que poderão ser compreendidos com oauxílio do Espírito de Deus, por ser Ele o nos-so intercessor e, também, o nosso assistente emnossas fraquezas (Romanos 8:26-28). E quedurante a leitura o Senhor libere o óleo da un-ção capaz de cicatrizar as feridas ocultas da al-ma advindas de atitudes conscientes ou in-

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conscientes das pessoas. Que o Senhor lheconceda um coração perdoador em nome doSenhor Jesus.

Simão Alberto Zambissa - Autor

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1TUDO ESTAVA CERTINHO E,

AGORA, TUDO MUDOU

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem

daqueles que amam a Deus, daqueles que são cha-

mados segundo o seu coração (Romanos 8:28).

No ministério pastoral da pós-modernidadetudo é surpresa. Nada está decidido. Os relacio-namentos interpessoais são descartáveis, a pa-lavra não tem mais valor e a ética desapareceuno convívio com as pes-soas. Tudo é passageiro enada mais é duradouro.

O cristianismo mo-derno deixou-se envolverpelas artimanhas diabóli-cas deste mundo. O amordesapareceu e a Palavra deDeus, que outrora nor-teava o estilo de vida de muitos cristãos, trans-formou-se numa simples poesia. O que se

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O cristianismo moderno

deixou-se envolver pelas

artimanhas diabólicas

deste mundo. O amor

desapareceu e a Palavra

de Deus, que outrora

norteava o estilo de vida

de muitos cristãos,

transformou-se numa

simples poesia.

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pode esperar do cristianismo atual, indaga-mos? É possível transformar nossas igrejasem comunidades terapêuticas? Eu creio nisso,pois tenho esperança no porvir de dias melho-res. Trata-se de uma utopia possível.

Conheço vários amigos e colegas pasto-res decepcionados no ministério. Homens emulheres que decidiram dedicar suas vidas aoserviço do Reino, mas estão tristes, magoadose frustrados porque passaram por dificulda-des e não obtiveram apoio de ninguém. Senti-ram-se desamparados por Deus e pelas pes-soas. E isso tem gerado revolta, não só dospastores, mas também das esposas e filhos.

A tristeza é maior quando nos depara-mos com pessoas que realmente viveram in-tensamente o ministério e, hoje, estão aban-donadas à sua sorte pelos amigos que outrorase diziam amá-las. Quando me deparo com osservos de Deus que estão nessa condição, mevem à mente a história de um homem chama-do Jó. Um homem reto, temente a Deus e quese desvia do mal (Jó. 1:1-3).

Jó, um homem cristão e exemplar, po-rém abandonado à sua sorte. O mais triste é

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que Deus sabia de tudo que se passava com Jóe nada fez para defendê-lo (Jó 1:6-12). É estra-nho, porque Deus tinha o conhecimento dapresença de Satanás no meio do Seu povo,mas não impediu a desgraça contra Jó. Pelocontrário, instigou Satanás a agir como lheconviesse (Jó 1:6-12). Movidos pela racionali-dade pergunta-se: que Deus é esse que vê osofrimento do seu povo e nada faz em proldele? Será que Deus torce pela desgraça deseus eleitos?

A situação de Jó tornou-se ainda graveporque sua luta deixou de ser externa e passoua ser interna, isto porque sua esposa entrouem ação para lhe pedir a renúncia da fidelida-de a Deus: “Ainda conservas a tua integrida-de? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2:9).

Diante dessa triste realidade, vivida porJó, tem-se a sensação de que Deus só defendeos injustos. Fazem o que querem contra ospastores e servos, mas Deus nada faz para de-fendê-los. Por esse motivo, muitos buscampromover a justiça com as próprias mãos, oque não é correto. A esse respeito a maior li-ção de como se tornar servo foi ensinada pelo

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Puxaram o meu tapete, mas Deus não me defendeu

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próprio Mestre. Jesus foitentado, caluniado, difa-mado e injustiçado de to-das as maneiras, mas nãose defendeu. Simplesmen-

te pediu a seu Pai para que perdoasse os seusagressores: “Pai perdoe-lhes porque não sa-bem o que fazem” (Lucas 23:34).

Não é nenhuma novidade que quando sepassa por lutas e aflições, o sentimento deabandono torna-se muito forte. Foi assim queeu me senti em um determinado momento domeu ministério. Quando tudo parecia cami-nhar bem, isto é, estando no meu oitavo anodo pastorado de uma determinada igreja. Le-vantou-se uma minoria dentre os irmãos, fa-zendo campanha contra minha permanêncianaquela igreja. Essa minoria não queria que eufosse reconduzido para o pastorado para oano seguinte. Minha permanência foi confir-mada pela assembleia por uma maioria abso-luta. Apesar disso meu coração não estava empaz, pois havia tomado conhecimentos dosnomes daqueles que queriam interromper oprojeto de Deus para aquela igreja e, conse-quentemente, do meu ministério. É importan-

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Jesus foi tentado, calu-

niado, difamado e injus-

tiçado de todas as

maneiras, mas não se

defendeu.

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te dizer que os referidos irmãos, até então nãohaviam exercido nenhuma função de lideran-ça, antes do meu pastorado. Formei-os líderese, agora, se levantaram contra mim. Que de-cepção! Nessas horas só me lembrava dahistória de Judas Iscariotes quando traiu oMestre.

Como foi difícil encarar uma atitude tãoestranha no meio de uma comunidade que di-zia amar o seu pastor, que na ocasião era eu.Para mim, o discurso da irmandade estavalonge de ser verdadeiro e prático. Não obstan-te, o comportamento dos irmãos mostrou cla-ramente o que dominava seus corações.Apóstolo Lucas diz: “[...] porque a boca falado que está cheio o coração” (Lucas 6:45).

Confesso que minha reação naquele mo-mento era a de vingança, pois os que se opuse-ram a minha permanência são os mesmos queelogiavam meus sermões e direta ou indireta-mente foram por mim ajudados.

Ao vivenciar momentos como esses,conclui que o pastorado tinha se tornado in-justo comigo. Cheguei até a pensar que Deusera defensor da impunidade. Pois não casti-

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gou os opositores que se levantaram contra oservo do Senhor. Permitiu ao servo fiel en-frentar humilhações de maneira inesperada.Indagava-me: “O ministério vai bem, porquea igreja está vivendo tempos de crescimento.Por que, então, passar por humilhação tama-nha?” Com essa e outras perguntas sentia-mecompletamente abandonado. Na minha con-cepção humana, o meu ministério havia che-gado ao fim, porque o ocorrido tinha ares dederrotas e fracassos. Pensava ainda: Nestemundo, muitas vezes, aqueles que zombam deDeus, escarnecem da verdade, pisam a justiça,corrompem os inescrupulosos, torcem a lei eesmagam os indefesos, prosperam e aquelesque andam na retidão são afligidos e injustiça-dos2.

Felizmente, hoje, quando olho para trás,só tenho a dizer: Deus nunca me abandonou.Ele não abandona os seus filhos. Ele se preo-cupa com os seus filhos, mesmo não os pou-pando de angústias e aflições. Diz o salmista:“Ainda que meu pai e a minha mãe me desam-pararem, Deus me acolherá” (Salmos 27:10).

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2 Fala do Reverendo Hernandes Dias Lopes, extraída no seusermão intitulado Milênio e Juiz final.