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Instituto Politécnico de Santarém Escola Superior Agrária de Santarém Pyrus communis L.: caracterização de cultivar, avaliação dos voláteis do fruto e optimização das condições de micropropagação Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Produção de Plantas Medicinais e para Fins Industriais Susana Cristina Fernandes Lucas Orientadores Ana Cristina Figueiredo Helena Trindade Co-Orientador José Grego Março 2012

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Instituto Politécnico de Santarém

Escola Superior Agrária de Santarém

Pyrus communis L.: caracterização de cultivar, avaliação dos voláteis do fruto e optimização das condições de micropropagação

Dissertação

apresentada para obtenção do grau de Mestre em

Produção de Plantas Medicinais e para Fins Industriais

Susana Cristina

Fernandes Lucas

Orientadores

Ana Cristina Figueiredo

Helena Trindade

Co-Orientador

José Grego

Março 2012

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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE SANTARÉM

Pyrus communis L.: caracterização de cultivar, avaliação dos voláteis do fruto e optimização das condições de micropropagação

Dissertação

apresentada para obtenção do grau de Mestre em

Produção de Plantas Medicinais e para Fins Industriais

Susana Cristina

Fernandes Lucas

Orientadores

Ana Cristina Figueiredo

Helena Trindade

Co-Orientador

José Grego

Santarém

Março 2012

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i

Agradecimentos

À Escola Superior Agrária de Santarém e à Faculdade de Ciências da Universidade

de Lisboa, pela disponibilidade dos meios utilizados.

Às supervisoras do estágio Dra Ana Cristina da Silva Figueiredo, Dra Maria Helena

Machado Trindade, ao orientador do estágio Eng. José A. B. Grego, pela amizade,

disponibilidade, dedicação e orientação pedagógica.

À Empresa Picos de Couto, em particular ao proprietário Sr Fernando Tavares, e ao

Dr Mário Vicente e a cedência graciosa do material vegetal.

À Universidade do Algarve em especial Professora Graça Miguel, as análises de

avaliação de actividade biológica.

À Escola Superior Agrária de Coimbra no nome da Eng. Justina Franco, as análises

de caracterização dos frutos.

Ao Eng. Rui Sousa e à Eng. Arminda Lopes, os esclarecimentos e a cedência de

referências sobre variedades regionais de pêras.

À Técnica Superior Isabel Adrega, do Ministério da Agricultura, Mar e Ordenamento

do Território, o tratamento e a cedência de dados recentes sobre a comercialização de

pêra.

À Técnica Superior Maria de Fátima R. Lopes, pela sua amizade, dedicação e apoio.

À Técnica Superior Fernanda Rebelo pelo apoio e dedicação.

À Mestre Marta Mendes o apoio laboratorial

Ao meu marido, pela paciência e colaboração.

Aos meus Pais, que me apoiaram e contribuíram para a realização desta etapa.

A todos aqueles que directa ou indirectamente colaboraram e tornaram possível a

realização deste trabalho.

Dedico este trabalho aos meus filhos, António e Mariana.

O meu obrigado,

Susana Lucas

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“Na natureza nada se cria,

nada se perde,

tudo se transforma”

Lavoisier, Antoine Laurent (1743 – 1794)

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Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos

% - Percentagem °C – Graus centrigados µA – micro Ampere µl – microlitro 2,4-D - ácido diclorofenoxiacético ABTS – Ácido 2,2'-azinobis-3-etilbenzotiazolina-6-sulfónico ANOVA - análise de variâncias ANP – Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha AUC – Area Under Curve B - Boro BAP – Benzil Amino Purina Ca - Cálcio CaCl2 - Cloreto de cálcio CE - condutividade eléctrica CEN - Comité Europeu de Normalização CGL - Cromatografia Gás-Líquido CGL/EM - Cromatografia Gás-Líquido / Espectrometria de Massa Cl - Cloro cm - centímetro Co - Cobalto CPVO - Community Plant Variety Office CSS – Concentração de sais na solução do substrato CSV – Concentração de sais por unidade de volume de substrato CTC - Capacidade de troca catiónica Cu - Cobre Da – Densidade aparente do substrato DGPC - Direcção Geral de Protecção de Culturas DIC - Detector de Ionização de Chama DOP - Denominação de Origem Protegida DRAPCentro - Direcção Regional Agricultura e Pescas do Centro DTPA – Ácido Diamino Tretra Acético FAOSTAT – Divisão Estatistica da Food and Agriculture Organization Fe - Ferro GAE - Ácido gálhico GPS - Geo-Posicionamento por Satélite h - hora I - Iodo IAA – Ácido indol acético IBA - Ácido idol butírico INE – Instituto Nacional de Estatística IPGRI - International Plant Genetic Resources Institute IR – Índice de retenção

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IR - Índice de Refracção ISA - Ionen-Starke-Adjustierlosung K - Potássio Kg - quilograma kPa – quilopascal L - litro m - metro mbar – milibar mg - miligrama Mg - Magnésio min - minuto mL – microlitro mm - milimetro Mn - Manganês Mo - Molibdénio mol - Mole ms – milissegundo MS – Meio de cultura de Murashige e Skoog mV – milivolt mW – miliwatt N – Azoto NAA - Ácido naftaleno acético NaOH – Hidróxido de sódio Ni – Níquel nm - nanometro ORAC - Oxygen Radical Absorbance Capacity P - Fósforo pH – Potencial de hidrogénio rpm – rotações por minuto S - Enxofre s - segundo SO - Substrato orgânico SPSS – Statistical Package for the Social Sciences TEAC - Trolox Equivalent Antioxidant Capacity u - unidade de massa UPGMA - Agrupamento segundo a associação média UPOV - International Union for the Protection of New Varieties of Plants UV – Ultra violeta v - volume μm - micrometro

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Pyrus communis L.: caracterização de cultivar, avaliação dos voláteis

do fruto e optimização das condições de micropropagação

Resumo

A pereira (Pyrus communis L.) é uma espécie de elevada importância na fruticultura

Portuguesa. O presente estudo teve como objectivo micropropagar e caracterizar uma

cultivar de pereira proveniente de uma “semente do acaso” originada numa quinta em

Tábua, Portugal.

Optimizaram-se as condições de micropropagação, e dos substratos utilizados para

aclimatação, o substrato orgânico (SO) e SO + perlite revelaram-se os mais

adequados, porque deram origem a maior biomassa.

O fruto revelou um calibre médio, coloração verde, matizado raiado de vermelho. A

polpa branca, revelou-se doce, não ácida, sumarenta e de óptimo paladar.

O acetato de hexilo, o trans,trans-α-farneseno, o acetato de butilo e o ácido palmítico

foram os compostos dominantes da componente volátil da pêra em estudo, que revelou

alguma semelhança quando comparada com a da pêra Rocha. A análise da água de

decocção dos frutos revelou para a pêra em estudo uma actividade antioxidante

semelhante à da pêra Rocha.

Palavras-chave: Pyrus communis L.; micropopagação; substrato; componentes

voláteis, actividade antioxidante

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Pyrus communis L.: Cultivar characterization, fruit volatile

coumpounds determination and optimization of micropropagation

conditions

Abstract

The common pear (Pyrus communis L.) is the second most cultivated fruit crop in

Portugal. This study goal was to micropropagate and to characterize a pear cultivar

resulting from chance seedling originated on a farm located at Tábua, Portugal.

The micropropagation conditions were optimized, and the highest ex vitro

development was observed on organic substrate (OS) and perlite + OS substrate.

The fruit showed yellow, green variegated red colour appearance, a smooth pulp

texture, sweet flavour, not acid and juicy.

Hexyl acetate, trans,trans-α-farnesene, butyl acetate and palmitic acid dominated the

volatiles of the pear under study, which were similar to those from Rocha pear. The

study of both pears decoction waters showed similar antioxidant activity between the

pear under study and Rocha pear.

Key words: Pyrus communis L.; micropopagation; substrates; volatile components,

antioxidant capacity

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Índice

Agradecimentos ......................................................................................................................................................... i Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos .............................................................................................................. v Resumo .................................................................................................................................................................... vii Abstract ..................................................................................................................................................................... ix Índice ......................................................................................................................................................................... xi Índice de Figuras .................................................................................................................................................... xiii Índice de Tabelas .................................................................................................................................................... xv 1 – Introdução ............................................................................................................................................................ 1 

1.1 – Objectivos ...................................................................................................................................................... 2 1.2 - Breve caracterização da espécie ................................................................................................................... 3 

1.2.1 – Propagação vegetativa: macro e micropropagação ............................................................................. 3 1.2.1.1 - Aclimatação .................................................................................................................................... 5 1.2.1.2 – Substratos ...................................................................................................................................... 5 

1.3 - Caracterização de variedades de Pyrus communis L. .................................................................................. 6 1.3.1 - Caracterização varietal .......................................................................................................................... 6 1.2.2 - Caracterização da componente volátil ................................................................................................... 8 

1.2.2.1– Óleos essenciais e componente volátil .......................................................................................... 8 1.2.2.2 – Capacidade antioxidante ............................................................................................................... 9 

2 – Material e Métodos ............................................................................................................................................ 11 2.1 – Material Vegetal .......................................................................................................................................... 11 2.2 - Micropropagação e aclimatação .................................................................................................................. 11 

2.2.1 - Iniciação e estabelecimento ................................................................................................................. 11 2.2.2 – Multiplicação e alongamento ............................................................................................................... 11 2.2.3 – Enraizamento ...................................................................................................................................... 12 2.2.4 – Aclimatação ......................................................................................................................................... 12 2.2.5 – Análise de substratos .......................................................................................................................... 13 

2.3 - Caracterização da variedade de Pyrus communis L. em estudo ................................................................ 15 2.3.1 – Caracterização fenológica ................................................................................................................... 15 2.3.2 – Caracterização dos frutos ................................................................................................................... 16 

2.3.2.1 – Dureza ......................................................................................................................................... 16 2.3.2.2 – Índice de Refracção (ºBrix) ......................................................................................................... 17 2.3.2.3 – Titulação (acidez titulável) ........................................................................................................... 17 

2.3.3 – Caracterização da componente volátil ................................................................................................ 17 2.3.3.1 – Material vegetal ........................................................................................................................... 17 2.3.3.2 - Isolamento da componente volátil ............................................................................................... 18 2.3.3.3 – Cromatografia Gás-Líquido ......................................................................................................... 18 2.3.3.4 – Cromatografia Gás-Líquido / Espectrometria de Massa ............................................................ 19 2.3.3.5 – Análise estatística dos resultados ............................................................................................... 19 

2.3.4 – Água de decocção dos frutos.............................................................................................................. 19 2.3.4.1 – Quantificação de fenóis pelo reagente de Folin-Ciocalteu ......................................................... 20 2.3.4.2 – Trolox Equivalent Antioxidant Capacity (TEAC) ou método ABTS ............................................ 21 2.3.4.3 - Oxygen radical absorbance capacity (ORAC) ............................................................................. 21 

3 - Resultados e Discussão.................................................................................................................................... 24 3.1 - Micropropagação ......................................................................................................................................... 24 

3.1.1 – Estabelecimento e multiplicação ......................................................................................................... 24 3.1.2 – Enraizamento ...................................................................................................................................... 24 3.1.3 – Aclimatação ......................................................................................................................................... 26 3.1.4 – Análise de substratos .......................................................................................................................... 27 

3.2 - Caracterização da variedade de Pyrus communis L. em estudo ................................................................ 28 3.2.1 – Caracterização fenológica ................................................................................................................... 28 3.2.2 – Caracterização dos frutos ................................................................................................................... 30 3.2.3 – Caracterização da componente volátil dos frutos ............................................................................... 34 3.2.4 – Avaliação da actividade antioxidante da água de decocção dos frutos ............................................. 37 

4 – Conclusões e perspectivas futuras ................................................................................................................ 39 5 – Bibliografia ......................................................................................................................................................... 40 

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xiii

Índice de Figuras

Figura 2.1 - Escala de Fleckinger (DRAPCentro, s.d.) .................................................................................................. 16 

Figura 3.1 – A Gomos apicais, B Detalhe de gomo apical, C Contentor com plântulas em multiplicação, D Detalhe

do enraizamento, E Plantas em início da aclimatação, F Planta com 5 semanas de aclimatação......................... 25 

Figura 3.2 – Distribuição do número e comprimento máximo (cm) das raizes com os três tratamentos. A linha a

negrito representa a mediana entre o 1º Quartil (extremo inferior da caixa e o 3º Quartil (extremo superior da

caixa). As barras inferiores e superiores representam, respectivamente o mínimo e o máximo das

distribuições. Nº 16, 18 e 23 – outliers. .................................................................................................................... 26 

Figura 3.3 – Distribuição do peso fresco e seco das raízes e parte aérea com 3 tratamentos. As letras diferentes

correspondem a valores significativamente diferentes de acordo com o teste HSD de Turkey seguido das

comparações múltiplas de médias para α=0,05. Nº 2, 15,16, 24 e 27 – outliers..................................................... 27 

Figura 3.4 – A Pré abrolhamento, B Abrolhamento, C Detalhe de ramo, D Detalhe de abrolhamento, E Detalhe do

botão verde, F Detalhe do botão rosa, G Detalhe sépala. ....................................................................................... 29 

Figura 3.5 – H Exemplar da cultivar em estudo, I Desabrochamento, J Detalhe do desabrochamento, L Ramo

com página superior da folha, M Ramo com página inferior da folha, N Detalhe página superior da folha, O

Ramo com página inferior da folha. .......................................................................................................................... 30 

Figura 3.6 – P Frutos da cultivar em estudo, Q Detalhe dos frutos. .............................................................................. 31 

Figura 3.7 - R Detalhe do interior do fruto, S Detalhe da semente. ............................................................................... 32 

Figura 3.8 - Dendrograma obtido por análise aglomerativa em grupos (clusters). A correlação foi seleccionada

como medida de semelhança e utilizou-se o agrupamento segundo a associação média (UPGMA) na

definição dos clusters. Para definição de códigos vide Tabela 2.1. ......................................................................... 37 

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xv

Índice de Tabelas

Tabela 1.1 – Pereiras regionais caracterizadas por fichas varietais (AGRO 158, 2006; Godinho e Lampreia,

2006). ........................................................................................................................................................................... 7 

Tabela 2.1 - Dados relativos ao tipo de pêra analisada e condições de armazenamento. ........................................... 18 

Tabela 3.1 – Média de enraizamento, número médio de raízes, comprimento da maior raiz e comprimento médio

da parte aérea. .......................................................................................................................................................... 24 

Tabela 3.2 – Elementos determinados (mg.L-1) de extrato em extração aquosa 1:1½ (v/v) e em extração

CaCl2.DTPA (1:5 v/v). ............................................................................................................................................... 27 

Tabela 3.3 - Datas de ocorrência dos estados fenológicos para a pêra Tavares. ........................................................ 28 

Tabela 3.4 – Parâmetros de caracterização comparativos entre diferentes cultivares e a pêra Tavares. ................... 33 

Tabela 3.5 - Composição química percentual da componente volátil isolada dos frutos de dois cultivares de pêra

(Pyrus communis L.), em dois anos consecutivos e mantidas em diferentes condições de armazenamento

(vide Tabela 2.1). ...................................................................................................................................................... 34 

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1

1 – Introdução

A inovação varietal assume grande importância no desenvolvimento e

manutenção de uma fruticultura competitiva e capaz de gerar rendimentos, sendo

a Pereira uma espécie de grande importância na fruticultura Nacional.

Com um preço médio anual, no produtor, de cerca de 69€/100 Kg, a pêra

ocupou, em 2010, a segunda posição nos frutos frescos mais produzidos em

Portugal (26%), só ultrapassado pela laranja (28%) e seguido de perto pela maçã

(24%) (INE, 2011).

Também segundo o INE (2011), os dados de 2010 em Portugal revelaram que

de entre as culturas permanentes de laranja, maçã, pêra e pêssego, a pêra

ocupou, igualmente, o segundo lugar (31%), precedida pela cultura de laranja

(34%), e seguida pelas culturas de maçã (29%) e pêssego (6%). Durante o

mesmo período, a cultura da pereira ocupou cerca de 10969 ha, e a produção

estimada de pêra foi de 176870 t. No Continente, a zona Centro deteve 95% da

produção, seguida do Alentejo (3%) e Norte (2%). Lisboa e Algarve foram

responsáveis por valores <0.5% de produção de pêra. A zona centro do país é

assim a região que maior importância assume na produção de pêra, o que é

provavelmente justificado pelas óptimas condições naturais para fruticultura

exibidas por toda a região do Oeste.

A nível internacional, Portugal ocupava, em 2009, o 11º lugar no Top 20 dos

exportadores mundiais de pêra (FAOSTAT, 2009). Dados de 2011 (Adrega c.p.,

2012), revelam que 71% da exportação nacional de pêra, correspondente a cerca

de 68490 t de pêra, é direccionada para o Brasil (39%), para França (16%) e para

o Reino Unido (16%). Portugal importa cerca de 14881 t de pêra, 97% das quais

vêm de Espanha (38%), da Argentina (36%) e da África do Sul (23%) (Adrega

c.p., 2012).

De todas as espécies de pêra em produção em Portugal, a pêra Rocha é a

variedade por excelência, tendo registo de Denominação de Origem Protegida

(DOP). A sua época de produção inicia-se em meados de Agosto, estendendo-se

até ao fim de Setembro. A sua comercialização pode prolongar-se até Abril,

quando as pêras são mantidas em câmaras de atmosfera controlada (ANP, 2009).

Outras variedades regionais, como, por exemplo, a pêra de S. Bartolomeu

apresentam grande relevância em nichos de mercado próprios (Fragata, 1996;

Guiné et al., 2010).

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2

Acresce a importância alimentar da pêra, fruto com elevadas concentrações de

antioxidantes (compostos fenólicos e vitamina C), em particular na epiderme onde

as concentrações são muito superiores às presentes na parte carnuda do fruto

(Sánchez, et al., 2003).

Apreciada pelo seu valor alimentar, a pêra, ou outras partes da pereira, são

igualmente utilizadas para outros fins. Os pequenos frutos das pereiras bravas

(periqueiros), mais duros que os cultivados, bem sorvados são utilizados em

compotas (Ribeiro et al., 2000), bem como a generalidade das diferentes

variedades de pêra. Muito aplicada em doçaria, é considerada uma delicada

sobremesa se cozida em calda de açúcar, ou em vinho. Com o fruto obtém-se

uma aguardente, considerada uma das mais famosas aguardentes de frutas de

Portugal.

Do ponto de vista medicinal, o infuso das folhas de pereira, simples ou

juntamente com casca de maçã, é usado como diurético e uricolítico, isto é, para

dissolver ou eliminar o ácido úrico e os cálculos renais (Feijão, 1979; Tecedeiro,

1996). A pereira brava tem também muito valor como porta-enxerto de pereira

cultivada (Ribeiro et al., 2000). A madeira de pereira é ainda apreciada para

trabalhos delicados de marcenaria.

Reconhecida a relevância da pereira em Portugal, pretendeu-se, com o

presente estudo, dar início à caracterização, e propagar, uma cultivar de pereira

proveniente de uma “semente do acaso” originada numa quinta em Tábua,

Concelho de Oliveira do Hospital, Portugal, entre 1999 e 2000. Numa avaliação

preliminar, esta cultivar apresentou-se como promissora em termos de riqueza

organoléptica e poder de conservação em pós-colheita.

1.1 – Objectivos

A valorização de variedades regionais de pereira, tendo em vista o seu registo

e plena utilização, passa por um processo de caracterização detalhada e

propagação da variedade de interesse.

Neste contexto, partindo de uma cultivar de pereira proveniente de uma

“semente do acaso”, que se mostrou promissora em termos de ulterior

comercialização, tiveram-se, neste trabalho, como objectivos:

1) Optimizar as condições de micropropagação (enraizamento dos explantes e

aclimatação das plântulas).

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2) Caracterizar fenologicamente a cultivar em estudo, designada pêra Tavares,

3) Caracterizar morfologicamente o fruto, por avaliação de diferentes

parâmetros,

4) Isolar e caracterizar quimicamente os voláteis da pêra a caracterizar,

5) Analisar comparativamente os voláteis de pêra Rocha,

6) Avaliar o efeito da frigorificação na composição de voláteis, e

7) Determinar a actividade antioxidante das águas de decocção de ambos os

frutos.

1.2 - Breve caracterização da espécie

A pereira, Pyrus communis L., pertence à Ordem Rosales, à Família Rosaceae,

e Sub-família Pomoideae. O género Pyrus L. possui cerca de 30 espécies com

porte de arbusto ou árvore de folha caduca, pode ser encontrada em estado

natural em bosques, encostas e locais rochosos, na Europa, Ásia e no Norte de

África. Com porte que pode atingir cerca de 15 m de altura e 10 m de largura

possui folhas ovadas a elípticas, de cor verde-escuro brilhante, com cerca de

10 cm de comprimento. Os frutos podem apresentar-se de coloração verde a

amarelo (Brickell, 2003).

Pyrus communis L. (= P. communis subsp. achras Gaertn. ex Syme, P.

pyraster (L.) Baumg., P. communis subsp. pyraster (L.) Ehrh., P. communis subsp.

boreana (Roy & É.. Camus) Tourlet) é um arbusto ou árvore, de copa ampla e

irregular, cultivada sob muitas cultivares e conhecida em Portugal por pereira,

pereira-brava, pereira-comum ou catapereiro (Aedo e Aldasoro, 2010; FDP 2012).

Pyrus communis L. reúne um conjunto de formas muito variáveis em que se

tentou distinguir, sem sucesso, as formas cultivadas, de frutos maiores e mais

doces, das formas silvestres, de frutos mais pequenos e de sabor mais áspero. As

pereiras actualmente cultivadas parecem provir de cruzamentos entre P.

communis e, provavelmente, P. nivalis, P. pyrifolia (Brum. Fil) Nakai, P. pyraster

Burgsd., P. syriaca Boiss., P. salvifolia DC. e P. austriaca A. Kerner (Franco,

1984; Aedo e Aldasoro, 2010).

1.2.1 – Propagação vegetativa: macro e micropropagação

Os métodos de propagação vegetativa dividem-se em macropropagação

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(estacaria, enxertia, mergulhia, alporquia e amontoa) e micropropagação,

podendo ser consideradas ainda outras técnicas de cultura in vitro, como a

embriogénese somática e organógenese. A propagação vegetativa permite captar

a variância genotípica, aumentando os ganhos genéticos a curto prazo em

relação à propagação por via seminal.

A micropropagação consiste na produção rápida de clones de uma planta, a

partir de uma única célula vegetal somática ou de um de tecido vegetal (explante).

A técnica de micropropagação baseia-se em métodos modernos de cultura de

tecidos vegetais in vitro. Deste modo, a micropropagação é utilizada para

multiplicar plantas jovens, produzidas pelos métodos convencionais de produção

de plantas. Pode ser utilizada para fornecer um número elevado de propagulos

destinados à plantação, clonados a partir de uma planta stock que não produza

semente ou que não responda bem à obtenção de clones por multiplicação

vegetativa convencional. Na produção de plantas geneticamente modificadas, a

micropropagação tem também um papel importante.

Na micropropagação utiliza-se meio de cultura sendo este uma formulação de

substâncias em forma sólida, líquida ou semi sólida que contêm constituintes

naturais ou sintéticas para promover a multiplicação e crescimento das plantas.

Os meios de cultura de tecidos possuem vários compostos tais como: sais

minerais, vitaminas, amino ácidos, reguladores de crescimento, açúcar, agar ou

Gelrite™ e água. Nos meios de cultura os sais dividem-se segundo as

necessidades das plantas em macro-elementos e micro-elementos. Dos primeiros

fazem parte o Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Fósforo (P), Enxofre (S), Azoto (N) e

Potássio (K). Os micro-elementos mais importantes são o Ferro (Fe), Cobre (Cu),

Cobalto (Co), Manganês (Mn), Molibdénio (Mo), Boro (B), Iodo (I), Níquel (Ni) e

Cloro (Cloro), (Kors,2010).

Os meios de cultura sólidos ou semi-sólidos normalmente são solidificados com

agar. A consistência do meio de cultura depende da concentração e qualidade de

agar utilizado, do pH, da concentração de sais e da presença de outras

substâncias como o carvão ativado, os quais interferem na gelificação

(Murashige, 1974).

Existem diversos reguladores de crescimento tais como auxinas, giberelinas,

citocininas, ácido absicico, brassinosesteróides, jasmonato e etileno e hormonas

polipeptídicas desempenhando um importante papel no desenvolvimento das

plantas bem como no seu sistema de defesa. Na micropropagação normalmente

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utiliza-se uma combinação de citocininas e auxinas para promover a multiplicação

sendo o enraizamento promovido pelas auxinas. A auxina natural das plantas é o

ácido indol acético (IAA), mas existe um conjunto de auxinas sintetizadas tais

como o ácido diclorofenoxiacético (2,4-D) o ácido naftaleno acético (NAA) e o

ácido idol butírico (IBA), entre outras.

As auxinas estão envolvidas no processo de alongamento das células,

desenvolvimento de raízes, dominância apical, resposta à gravidade e

fototropismo, respiração, manutenção do potencial das membranas, síntese das

paredes celulares, regulação e transcrição, (Bernner, 2008).

1.2.1.1 - Aclimatação

A aclimatação é a fase que decorre em estufa de modo a preparar a plantas as

condições ex vitro, desde que se transfere a plântula da condição in vitro para

estufa, tendo por objectivo promover a autonomia da planta. Para que haja

sucesso na aclimatação, terão de ser superadas as dificuldades que as plântulas

obtidas por cultura de tecidos enfrentam quando são removidas das condições in

vitro. É um processo crítico, pois as plântulas passam de um ambiente de baixa

transpiração, dado os elevados teores de humidade presentes nos contentores in

vitro, para outro que exige maiores taxas de transpiração. Nestas situações pode

ocorrer stress hídrico. Por outro lado, a plântula terá de passar de um

metabolismo heterotrófico para outro autotrófico, sendo a disponibilidade de sais

minerais diferente da existente no meio de cultura; finalmente, a planta sai de um

estado asséptico para um meio ambiente onde existem microorganismos, ficando

sujeita ao ataque de agentes patogénicos (Grattapaglia, 1990).

1.2.1.2 – Substratos

Os substratos são materiais, naturais (minerais e orgânicos) ou artificias, onde

se desenvolvem as raízes das plantas cultivadas, na ausência de solo, em vasaria

especial (vaso), e que devem servir para suprir as suas necessidades de ar, água

e nutrientes.

Actualmente existe uma ampla gama de sistemas de cultura de plantas

frutíferas e ornamentais em vasos. Tais sistemas utilizam substratos de origem

mineral ou orgânica, natural ou sintética, cujas características diferem

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marcadamente das do solo, não existindo um material ou uma mistura de

materiais considerada universalmente válida como substrato para todas as

espécies. O cultivo em vaso requer irrigações e fertilizações frequentes, tornando-

se necessário o conhecimento das propriedades químicas e físicas dos

substratos, por serem factores determinantes no manutenção e controlo de

qualidade das culturas. As propriedades químicas geralmente utilizadas a nível

mundial para a caracterização de um substrato são: o pH, a capacidade de troca

catiónica (CTC), a salinidade e a percentagem de matéria orgânica nele presente.

Entre as propriedades físicas mais utilizadas, destacam-se: a densidade, a

porosidade, o arejamento e a disponibilidade hídrica (volumes de água

disponíveis em diferentes potenciais de água). Para cada uma destas

propriedades, já foram estudados e definidos padrões e faixas de valores que

caracterizam as condições ideais a serem verificadas num substrato utilizado para

produção de plantas ornamentais e frutíferas em recipientes com irrigação e

fertilização ocasionais. (Bilderback et al., 1982; Conover, 1967; Kämpf, 2000;

Penningsfeld, 1983; Verrdonck e Gabriels, 1988).

1.3 - Caracterização de variedades de Pyrus communis L.

1.3.1 - Caracterização varietal

O número de variedades regionais de pereira existentes no país é muito

elevado, sendo o seu grau de conservação muito variável, e nem todas com

expressão a ponto de serem comercializadas (AGRO 158, 2006).

O trabalho de caracterização morfológica e organoléptica é moroso e

complexo, dificultado por diferentes proveniências, existência de sinonímias

(designações diferentes para a mesma variedade) e homonímias (o mesmo nome

para variedades diferentes) (AGRO 158, 2006).

A caracterização dos frutos de diferentes variedades Portuguesas de pêra,

realizado por (Natividade, 1932) é ainda hoje considerado um trabalho basilar,

sobretudo na caracterização de alguns tipos de frutos menos comuns.

(Borges,1999) compilou, sempre que possível, a par das características do fruto,

alguns caracteres sobre a respectiva árvore.

Nos mais recentes trabalhos de caracterização das variedades Portuguesas

(AGRO 158, 2006; Godinho e Lampreia, 2006), utilizaram-se os critérios da

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International Union for the Protection of New Varieties of Plants (UPOV), do

International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI) e do Community Plant

Variety Office (CPVO), conforme fichas elaboradas pela Direcção Geral de

Protecção de Culturas (DGPC). Os parâmetros de caracterização analisados para

a pereira incluíram, entre outros, o porte da árvore, e para o fruto, a sua forma, a

posição do maior diâmetro, a profundidade da cavidade peduncular e ocular, e a

largura da cavidade ocular (AGRO 158, 2006; Godinho e Lampreia, 2006). Dos

trabalhos de recolha e caracterização efectuados resultaram dados publicados

referentes a parte do material avaliado, Tabela 1.1.

A valorização das variedades regionais, algumas de grande tipicidade, passa

pela sua completa caracterização, por forma a reconhecer produtos diferenciados

que podem ser valorizados em nichos de mercado próprio. É de salientar que a

perfeita adaptação de algumas variedades às condições ambientais nacionais é

uma mais valia importante em termos sócio-económicos.

Tabela 1.1 – Pereiras regionais caracterizadas por fichas varietais (AGRO 158, 2006;

Godinho e Lampreia, 2006).

Fichas varietais publicadas de pereiras regionais caracterizadas

Bela de Junho Amendoa

Boticas Inverno Amendoa I

Coradinha Amendoa II

Fim de Século Amorim

Malheira Baguim

Marmela Bela de Junho

Nacional Cabaça Redonda

Pêra Cabaça Cabacinha Precoce

Pêra do Rabo Torto Carapinheira Branca

Pêra Joaquina Carapinheira Parda

Pêra Marmelo Carvalhal

Pérola Corada Parda

Rabiça Coradinha

Rosadinha de Inverno

Rugosa Dona Joaquina

São Bento Fim de Século

Malheira

Marmela

Marquezinha

Nacional

Pêra Cabaça

Pêra do Rabo Torto

Pêra Marmelo

Pérola

Pérola amarela

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Fichas varietais publicadas de pereiras regionais caracterizadas

Pigarça

Rabiça

Rosa

Rosadinha

Rugosa

Santo António

São Bartolomeu

São Bento

São João

Sete Cotovelos

(AGRO 158, 2006) (GODINHO & LAMPREIA, 2006)

1.2.2 - Caracterização da componente volátil

Vários atributos, incluindo o aspecto, o sabor, a textura e a aspereza

determinam a qualidade do fruto. Os compostos voláteis definem o odor, e o

sabor do fruto, pelo que o estudo da sua composição pode dar um contributo

importante no reconhecimento da qualidade da pêra e na preferência do

consumidor.

1.2.2.1– Óleos essenciais e componente volátil

Os óleos essenciais são os princípios odoríferos voláteis, produzidos pelas

plantas e utilizados não só pelas suas propriedades medicinais mas também pela

sua importância na indústria farmacêutica, cosmética e alimentar. Os óleos

essenciais estão entre os compostos mais valiosos produzidos pelas plantas

(Craker, 1990).

Os óleos essenciais são obtidos por destilação, hidrodestilação ou destilação

por arrastamento de vapor, de uma planta ou das suas diferentes partes, ou, no

caso do epicarpo de frutos de espécies de Citrus, por um processo mecânico,

sem envolvimento de calor (expressão) (Council of Europe, 2008). Os óleos

essenciais podem ser incluídos num conceito mais abrangente da componente

volátil da planta, que engloba compostos que podem ser isolados por terem em

comum, a capacidade de vaporizar espontaneamente, ou quando sujeitos a

processos extractivos adequados (Rubiolo, 2010).

Estudos elaborados em mais de 50 variedades de pêras permitiram identificar

mais de 300 constituintes na componente aromática, dos quais sobressaem os

álcoois (alifáticos e aromáticos), os aldeídos (alifáticos e aromáticos), as cetonas,

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os ésteres (formatos, acetatos, propanoatos, butanoatos, pentanoatos,

hexanoatos, heptanoatos, octanoatos, nonanoatos, decanoatos, e outros C12 a

C18), os hidrocarbonetos, os terpenos, os ácidos, os compostos com enxofre,

entre outros. Os ésteres alifáticos são os componentes qualitativa- e

quantitativamente dominantes na componente aromática das pêras (Rapparini e

Predieri, 2003).

Diferentes tecnologias têm sido utilizadas na análise dos voláteis de pêra. A

comparação dos resultados é muitas vezes complicada porque a composição dos

voláteis está dependente do processo analítico utilizado (Rapparini e Predieri,

2003). A maioria dos métodos dos métodos na análise dos voláteis de pêra

envolvem os processos clássicos de isolamento de compostos voláteis: destilação

e/ou extracção por solvente. A destilação é um dos métodos mais frequentes na

extracção selectiva de voláteis de pêra e tem como vantagem a facilidade de

separação de compostos não voláteis, normalmente muito abundantes na pêra,

de outros muito voláteis (Rapparini e Predieri, 2003).

1.2.2.2 – Capacidade antioxidante

Antioxidante pode ser definido como sendo uma substância que, quando

presente em quantidades pequenas em comparação às do substrato oxidável,

impede ou atrasa significativamente a oxidação deste. Os lípidos, as proteínas, os

ácidos nucleicos, os hidratos de carbono e outras biomoléculas podem sofrer

oxidação, isto é, ser o substrato oxidável (Halliwell e Gutteridge, 1999). A

oxidação destas moléculas pode ser responsável pelo aparecimento de algumas

patologias (cataratas, doenças neuro-degenerativas, cancro, doenças

cardiovasculares, entre outras) (Pearson et al., 1999). Contudo, a oxidação

também é um problema na indústria alimentar. Por exemplo, os lípidos podem

sofrer oxidação durante os processos de processamento e armazenamento com o

consequente aparecimento da rancidez (Jadhav, 1995).

A oxidação dos substratos pode ocorrer devido à presença de radicais livres,

como por exemplo, as espécies reactivas de oxigénio (HO, O2-, COO) e as

espécies reactivas de azoto (NO, ONOO-). Contudo, as espécies reactivas de

oxigénio e os derivados oxidantes não radicalares (H2O2) estão presentes nas

células em concentrações muito baixas. As concentrações destes radicais são

“reguladas” por um equilíbrio entre a sua taxa de produção e a sua taxa de

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eliminação através de sistemas antioxidantes, de natureza enzimática, ou não

(Beaudeux e Vasson, 2005). As principais enzimas antioxidantes intracelulares

são: superóxido dismutase, a catálase e a glutationo peroxidase. Os antioxidantes

não enzimáticos intracelulares incluem: glutationo, bilirrubina, hormonas sexuais

(estrogénios), ácido úrico, coenzima Q, melanina, melatonina, ácido ascórbico e o

ácido lipóico (Beaudeux e Vasson, 2005).

Para além dos sistemas antioxidantes intracelulares existem os sistemas

extracelulares obtidos através da alimentação. Vitamina E, vitamina C, vitamina

B2, vitamina B3, ácido fólico, carotenóides, fenóis, zinco, selénio são alguns

exemplos de antioxidantes obtidos através de uma alimentação saudável

(Roussel et al., 2005).

Uma alimentação rica em antioxidantes naturais (vitaminas e fenóis) aumenta a

capacidade antioxidante do plasma e consequentemente reduz o risco do

aparecimento de algumas doenças (Wang et al., 1996).

Os mecanismos de acção antioxidante podem ser: supressão da formação das

espécies reactivas ou por inibição das enzimas promotoras da oxidação ou por

complexação de metais ou iões metálicos envolvidos na formação do radical livre;

captação das espécies reactivas de oxigénio; e protecção do sistema de defesa

antioxidante (Hassimotto, 2005).

Os antioxidantes podem desactivar os radicais por dois mecanismos principais:

por transferência de átomos de hidrogénio e/ou por transferência de um electrão.

Ambos os mecanismos podem ocorrer em simultâneo e o mecanismo dominante

é determinado pela estrutura do antioxidante, sua solubilidade e coeficiente de

partilha (Wright et al., 2001). Na avaliação da actividade antioxidante de uma

amostra é sempre desejável, então, que se faça pelo menos dois métodos que se

baseiem naqueles dois mecanismos. O método “Trolox Equivalent Antioxidant

Capacity” (TEAC) baseia-se na transferência de um electrão ao passo que o

método “Oxygen Radical Absorbance Capacity” (ORAC) baseia na transferência

de um átomo de hidrogénio (Huang et al., 2005).

No presente trabalho a actividade antioxidante de amostras de pêra foi

analisada no sentido de avaliar a sua capacidade antioxidante. Dois métodos

foram utilizados: o método “Trolox Equivalent Antioxidant Capacity” (TEAC) e o

método “Oxygen Radical Absorbance Capacity” (ORAC).

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2 – Material e Métodos

2.1 – Material Vegetal

O material vegetal, necessário para os diferentes ensaios, foi recolhido de uma

cultivar de pereira proveniente de uma “semente do acaso”, datado de entre 1999

e 2000. O exemplar único é propriedade da Quinta Picos do Couto, em Tábua,

Concelho de Oliveira do Hospital, Portugal, com coordenadas de Geo-

Posicionamento por Satélite (GPS): Latitude 40º 22min 53,48s Norte; Longitude 7º

56min 39,46s Oeste.

A designação adoptada para referir a pêra em estudo foi de pêra Tavares, em

referência ao proprietário da Quinta.

2.2 - Micropropagação e aclimatação

As plântulas para o estudo de aclimatação foram produzidas em laboratório (in

vitro) num processo que decorreu em três fases:

2.2.1 - Iniciação e estabelecimento

Foi utilizado tecido caulinar apical proveniente do abrolhamento de ramos do

ano anterior para a iniciação das culturas in vitro. Os explantes que foram

utilizados para a iniciação foram previamente desinfectados de forma a garantir a

assepsia das culturas. Utilizou-se uma solução desinfectante de hipoclorito de

sódio (comercial) a 50% durante 45 min., seguindo-se as lavagens em água

destilada estéril. Os explantes foram inoculados individualmente em meio de

multiplicação e repicados mensalmente.

2.2.2 – Multiplicação e alongamento

As culturas foram submetidas a um processo de proliferação in vitro: meio ½

MS (Murashige e Skoog, 1962); 3% de sacarose; 0,8% agar; 2,2 µM BAP +

0,5 µM IBA; fotoperíodo 16 h luz com intensidade de 32 µEm-2s-1com uma

temperatura de 23 ± 2ºC e repicagens de 5 em 5 semanas. Foram utilizados

contentores “Combiness”® com filtros XXL.

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2.2.3 – Enraizamento

O enraizamento in vitro foi efectuado em meio ½ MS, 2% sacarose, 0,8% agar,

sem hormonas. Os explantes foram individualizados e colocados a enraizar após

imersão numa solução 1 mM IBA durante 5 s, depois incubados 5 dias na

escuridão e em seguida transferidos para a luz, nas mesmas condições das

culturas em multiplicação. Foram colocados 9 explantes por contentor e os

ensaios foram levantados após 5 semanas. Os ensaios foram repetidos ao longo

de 3 meses, tendo-se avaliado a percentagem de enraizamento, número de

raízes por explante, comprimento da maior raiz e comprimento da parte aérea,

determinando-se a média e o desvio padrão.

2.2.4 – Aclimatação

A aclimatação fez-se em estufa de vidro com refrigeração por ventilação

dinâmica de painel húmido e bancada aquecida a 25ºC (temperatura constante).

A estufa estava equipada com um sistema de pulverização de água na bancada

de modo a permitir um humedecimento constante das plantas. De forma a inibir a

dormência de Inverno e a consequente abscisão foliar, as plântulas foram sujeitas

a um fotoperíodo de dias longos (16 h luz) com recurso a ampliação de período

de iluminação natural usando lâmpadas de sódio pressurizado (400 W – SON/T)

com uma irradiância de 2000 mW.m-2 (N.V.Philips’Gloeilampenpenfabrieken,

1977).

Avaliou-se a percentagem de sobrevivência, número de raízes por plântula,

comprimento da maior raiz e comprimento da parte aérea, determinando-se ainda

o peso fresco e seco antes e 4 semanas após a aclimatação. Os valores foram

tratados em SPSS (2009).

Os dados foram tratados usando a aplicação “PASW Statistics” (SPSS, versão

18). Para determinar se as diferenças amostrais observadas nos valores médios

das variáveis das diferentes cultivares, sugerem diferenças entre as respectivas

populações, ou se são apenas variações casuais que podem ser esperadas entre

amostras aleatórias da mesma população, recorreu-se a técnicas de inferência

estatística paramétrica, dado que as variáveis consideradas provêm de

populações com distribuição normal e variâncias homogéneas. Para testar a

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normalidade utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk e para testar a homogeneidade

das variâncias o teste de Levene (Marôco, 2010).

A comparação de médias para as populações/substratos em estudo, fez-se por

análise de variâncias (ANOVA) (Fisher, 1936). Calculou-se a probabilidade de

significância (valor-p) para a estatística de teste e considerou-se um nível de

significância α = 0,05. Regra de decisão: rejeitar H0 se, ao nível de significância α,

F ≥ f1-α; (K-1,N-K) i.e. rejeitar H0 se valor - p ≤ α. Para as médias significativamente

diferentes comparou-se K médias, duas a duas, isto é. fez-se uma comparação

múltipla de médias usando o “teste post-hoc” Tukey. As diferenças significativas

para um intervalo de confiança de 95% estão marcadas com letras diferentes.

Fez-se a análise do desenvolvimento radicular e da parte aérea: número e

comprimento máximo das raízes das raízes; peso fresco e seco das raízes e parte

aérea (Folhas e caules).

2.2.5 – Análise de substratos

Foi testado o efeito do uso de diferentes substratos na aclimatação ex vitro de

plantas micropropagadas. As plantas foram conduzidas em estufa de vidro com

bancada aquecida a 25ºC (temperatura constante) e com sistema de pulverização

de água de modo a permitir um humedecimento constante das plantas. Usaram-

se três tipos de substrato: Substrato orgânico (SO); SO + perlite (½ + ½ , v/v) e

Perlite.

Fez-se a análise do desenvolvimento radicular e da parte aérea: número e

comprimento das raízes; peso fresco e seco das raízes e parte aérea. A avaliação

química do substrato “SO” foi feita por extracção aquosa [Grego e Rebelo (2011),

método Sonneveld e Voogt (2009) modificado] e por cloreto de cálcio + DTPA

(extracção CAT), [Grego e Rebelo, 2011, método CEN/TL 223 modificado (CEN),

2007]. Usou-se a extracção aquosa para: NO3; P; K; Ca; Mg e Na. Para os

micronutrientes Fe, Mn, Zn e Cu, usou-se a extracção CAT (Sonneveld e Voogt,

2009).

A – Extracção aquosa – modo operatório.

Colocou-se substrato numa forma metálica com altura – 11,28 cm e diâmetro –

5,3 cm e compactou-se a 10 kPa. Retirou-se uma porção de 100 mL e fez-se a

extracção com água destilada em frasco de plástico na relação de 1:1½ (v/v).

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Agitou-se durante 1 h, seguidamente filtrou-se com papel de filtro de filtração

rápida. No filtrado procedeu-se às leituras de pH, condutividade eléctrica (C.E.)

(ms.cm-1) e azoto nítrico (mg.L-1).

A leitura de pH foi feita por electrometria e o doseamento por eléctrodo

combinado de prata/cloreto de prata. A C.E. foi feita por electrometria e o

doseamento por sonda de condutividade. A determinação do azoto nítrico (mg.L-1)

efectuou-se por método electrométrico, com utilização de eléctrodo selectivo do

ião nitrato. Procedeu-se ao traçado da curva padrão em “Microsoft Excel” com as

concentrações de 6200, 62, 6,2 e 0,62 mg.L-1 em solução aquosa, registando-se

em abcissas as concentrações de azoto nítrico (escala logarítmica) e em

ordenadas (escala linear) os valores das leituras potenciométricas (mV). A força

iónica é corrigida pela adição de solução ISA (Ionen-Starke-Adjustierlosung) para

inibição de interferências, devidas por exemplo aos ácidos orgânicos.

B – Extracção por cloreto de cálcio (CaCl2) + DTPA (Extracção CAT)

Colocou-se o substrato em forma tronco-cilíndrica com h – 11,28 cm e Ø –

5,3 cm e compactou-se a 0,9 kPa. Retirou-se um volume de 50 mL e fez-se a

extracção em frasco de plástico com o extractante: CaCl2 (0,01 mol.L-1 + DTPA a

0,002 mol.L-1, na relação 1: 5 (v/v). Agitou-se durante uma hora e a seguir filtrou-

se com papel de filtração rápida.

Filtrou-se de novo o extracto (A e B) com papel de filtro quantitativo e de

filtração lenta, retirou-se uma alíquota de extracto para balão de 25 ml e fez-se as

leituras de acordo com as rectas de calibração, para os elementos a determinar:

Ca, Mg, K, Na, Cu, Fe, Zn, Mn e P. A partir das soluções padrão a 100 mg.L-1 de

Ca, Mg, K, Na, Cu, Fe, Zn e Mn, procedeu-se às respectivas diluições, em matriz

aquosa ou cloreto de cálcio (CaCl2) + DTPA e adicionou-se um inibidor de

interferências. As concentrações dos padrões para execução das respectivas

curvas de calibração são: Ca – 0; 5; 10 e 15 mg.L-1; Mg – 0; 0,5; 1,0; e 1,5 mg.L-1;

K – 0; 2; 4 e 6 mg.L-1; Na – 0; 1; 2 e 3 mg.L-1; Cu – 0; 0,5; 1,0; 2,5; 5,0; 10,0 e

15,0 mg.L-1; Fe – 0,0; 0,5; 1,0; 2,5; 5,0; 10,0 e 15 mg.L-1; Zn – 0,0; 0,2; 0,5; 0,75;

1,0, 2,0 e 3,0 mg.L-1; Mn – 0,0; 0,5; 1,0; 2,0; 3,0; 6,0 e 9 mg.L-1.

Procedeu-se à diluição do extracto aquoso, de modo a obter leituras dentro dos

limites de linearidade dos elementos. Doseamento das concentrações por

espectrofotometria de absorção atómica.

Na matriz aquosa procedeu-se à determinação de Fósforo (P), por

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espectrofotometria de absorção molecular, de visível, tendo por base uma curva

de calibração com as concentrações de 0, 20, 40, 80, 120, 160, 200 mg.L-1 de P.

Procedeu-se à diluição do extracto aquoso, de modo a obter leituras dentro do

intervalo da concentração dos padrões e utilizou-se uma solução de molibdato de

amónio/ácido ascórbico para desenvolvimento da cor.

As concentrações dos sais nas soluções extractantes foram convertidas em

concentrações de sais na solução do substrato (concentrações de sais na fase

aquosa do substrato) à capacidade de retenção para a água. Esta representação

oferece a vantagem de comparar a composição química da solução do substrato

e a composição das soluções nutritivas que possam ser aplicadas em fertirrega

nos substratos.

A conversão é feita utilizando a fórmula de Dartigues,1980.

CSS = (1,27 + da2) X [ CSV]

Em que: CSS – Concentração de sais na solução do substrato. Da – densidade

aparente do substrato. CSV – Concentração de sais por unidade de volume de

substrato. Para a determinação da salinidade total a partir da condutividade

eléctrica (CE) considerou-se um valor ponderal médio de 1 ms.cm-1 = 0,8 g de

sais dissolvidos por litro.

2.3 - Caracterização da variedade de Pyrus communis L. em estudo

2.3.1 – Caracterização fenológica

A observação dos estados fenológicos foi realizada no pomar de ocorrência da

pereira Tavares a caracterizar, por registo das datas de ocorrência de cada

estado fenológico, utilizando como referência a escala de Fleckinger

(DRAPCentro, s.d.), Figura 2.1.

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Figura 2.1 - Escala de Fleckinger (DRAPCentro, s.d.) 

2.3.2 – Caracterização dos frutos

2.3.2.1 – Dureza

A dureza, ou firmeza, da pêra foi medida em kg/cm2 com um penetrómetro

digital de bancada, com ponteira de 8 mm. Com auxílio de um descascador

apropriado, retirou-se um pouco da epiderme e polpa superficial em quatro pontos

equidistantes de cada fruto, de forma a tornar a superfície plana, no local a ser

perfurado pelo êmbolo do penetrómetro. O teste foi efectuado quatro vezes por

fruto, em quatro frutos de calibres distintos. O valor apresentado corresponde à

média das dezasseis determinações realizadas.

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2.3.2.2 – Índice de Refracção (ºBrix)

O Índice de Refracção (IR), ou teor de sólidos solúveis, expresso em ºBrix, foi

determinado com recurso a um Refractómetro digital Aago. Após calibração,

foram colocadas algumas gotas de sumo sobre o leitor do aparelho. O teste foi

efectuado quatro vezes por fruto, a partir dos mesmos frutos utilizados para a

determinação da dureza. Foi ainda realizada uma determinação adicional, com o

sumo conjunto obtido dos quatro frutos utilizados na determinação da acidez

titulável. O IR apresentado corresponde à média das cinco determinações

realizadas.

2.3.2.3 – Titulação (acidez titulável)

Para a determinação da acidez titulável obteve-se, com recurso a uma

centrifugadora, o sumo dos mesmos quatro frutos da amostragem do IR. Após

homogeneizar e filtrar a amostra, foram adicionadas 3 gotas fenolftaleína a 10 ml

de sumo. De seguida utilizou-se o método de titulação com hidróxido de sódio

(NaOH) a 0,1 N a fim de neutralizar os ácidos existentes no sumo. O ponto de

neutralização foi determinado quando a cor da solução mudou para tonalidade

rosa devido à presença da fenolftaleína. A determinação foi realizada em

duplicado.

O ácido málico é um dos ácidos orgânicos mais abundantes na pêra. O valor

de acidez, expresso em ácido málico (g/l), obteve-se multiplicando o volume gasto

de NaOH (em mL) por 0,67. O valor apresentado corresponde à média das duas

determinações realizadas.

2.3.3 – Caracterização da componente volátil

2.3.3.1 – Material vegetal

Nos diferentes ensaios de estudo da componente volátil foram avaliadas,

comparativamente, a pêra Tavares e a pêra Rocha, de acordo com a amostragem

referida no Tabela 2.1.

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Tabela 2.1 - Dados relativos ao tipo de pêra analisada e condições de armazenamento.

Amostra Data de Condições Data de P.E. Rendimento Código

Colheita Extracção (%, v/p.f.)

Pêra Tavares Agosto /

2010

Câmara 6ºC, 4 meses Novembro / 2010 H <0.05 T_C_10

Agosto /

2011

Câmara 6ºC, 2 meses Setembro / 2011 H <0.05 T_C_11

Agosto /

2011

Câmara 6ºC, 2 meses + Frigorífico,

1 mês a 4ºC

Outubro / 2011 H <0.05 T_CF_11

Pêra Rocha Agosto /

2010

Pêra de Agricultura Biológica* Novembro / 2010 H <0.05 R_10

Agosto /

2011

Câmara 6ºC, 2 meses Setembro / 2011 H <0.05 R_C_11

Agosto /

2011

Câmara 6ºC, 2 meses + Frigorífico,

1 mês a 4ºC

Outubro / 2011 H <0.05 R_CF_11

*adquirida numa Superfície Comercial; P.E.: Processo de extracção, por Hidrodestilação (H).

2.3.3.2 - Isolamento da componente volátil

A componente volátil (óleo essencial) foi isolada por hidrodestilação, durante

3 h, num aparelho do tipo Clevenger (Council of Europe, 2007), com uma

velocidade de destilação de 3 ml/min. As amostras de óleo essencial foram

armazenadas a -20ºC até análise.

2.3.3.3 – Cromatografia Gás-Líquido

As análises de Cromatografia Gás-Líquido (CGL) foram efectuadas num

cromatógrafo Clarus 400 equipado com dois Detectores de Ionização de Chama

(DIC), um sistema de tratamento de dados e um injector, no qual foram instaladas

duas colunas de polaridade diferente: DB-1 de sílica fundida, de fase imobilizada

de metilsilicone, (30 m x 0,25 mm d.i., espessura de filme 0,25μm; J & W Scientific

Inc.) e DB-17HT de sílica fundida (30 m x 0,25 mm d.i., espessura de filme

0,25μm; J & W Scientific Inc.). A temperatura do forno foi programada de 45°C a

175°C, com incrementos de 3°C/min, e subsequentemente a 15°C/min até 300°C.

Atingidos os 300°C a temperatura foi mantida isotérmica durante 10 min.

Temperatura do injector e dos detectores, 290°C e 280°C, respectivamente. Gás

de arrastamento, hidrogénio, ajustado para uma velocidade linear de 30cm/s.

Relação de repartição de fluxo, 1:50. A composição percentual dos óleos foi

determinada pela integração das áreas dos picos sem utilização de factores de

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correcção. Os valores apresentados correspondem ao valor médio de duas

injecções.

2.3.3.4 – Cromatografia Gás-Líquido / Espectrometria de Massa

Nas análises de Cromatografia Gás-Líquido / Espectrometria de Massa

(CGL/EM) utilizou-se um Clarus 600 equipado com uma coluna de sílica fundida

DB-1 (30 m x 0,25 mm d.i., espessura de filme 0,25μm; J & W Scientific Inc.)

ligado a um Perkin-Elmer Turbomass Clarus 600T (versão de programa 4.1). A

temperatura do forno foi programada de 45 a 175˚C, com incrementos de 3˚C/min,

e subsequentemente a 15˚C/min até 300˚C. Atingidos os 300˚C a temperatura foi

mantida isotérmica durante 10 min; temperatura da linha de transferência, 280˚C;

temperatura da câmara de ionização, 220˚C; gás de arrastamento, hélio, ajustado

para uma velocidade linear de 30 cm/s; relação de repartição de fluxo, 1:40;

energia de ionização, 70 eV; corrente de ionização, 60 µA; gama de massas, 40-

300 u; tempo de varrimento, 1 s.

A identidade dos compostos foi determinada por comparação dos seus índices

de retenção, em relação aos dos n-alcanos C8-C24 e espectros de massa, com os

de padrões comerciais e compostos de referência presentes em óleos existentes

no laboratório e por comparação com uma biblioteca de espectros de massa

desenvolvida no laboratório.

2.3.3.5 – Análise estatística dos resultados

A composição percentual dos voláteis foi ainda utilizada na determinação da

relação entre as diferentes amostras, pela análise de cluster, usando o programa

NTSYS (Rohlf, 1992). A correlação foi seleccionada como medida de semelhança

e utilizou-se o agrupamento segundo a associação média (UPGMA) na definição

dos clusters. O grau de correlação foi avaliado de acordo com Pestana e Gageiro

(2000) em: muito elevado com uma correlação entre 0.9 e 1, elevado, entre 0.7 e

0.89, moderado, entre 0.4 e 0.69, baixo, entre 0.2 e 0.39 e muito baixo se <0.2.

2.3.4 – Água de decocção dos frutos

As águas de decocção, obtidas após destilação dos frutos de pêra Tavares e

de pêra Rocha, e sob a forma de extractos liofilizados, foram utilizadas na

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determinação do conteúdo em fenóis totais e na avaliação da actividade

antioxidante. Para obtenção dos extractos liofilizados, as águas de decocção

foram congeladas durante 24 h, após o que foram colocadas num liofilizador

Alpha I-5 (Christ) a uma pressão de 10-1mbar, a -42°C, durante 3 dias.

2.3.4.1 – Quantificação de fenóis pelo reagente de Folin-Ciocalteu

A quantificação dos fenóis totais é geralmente feita por este método que se

baseia no número de grupos fenólicos ou noutros potenciais grupos oxidáveis

presentes nos compostos da amostra. A natureza química do reagente de Folin-

Ciocalteu não é conhecida exactamente, mas crê-se que contenha hetero-

polifosfotungstatos-molibdatos. Sequências de reacções de redução reversíveis

envolvendo um ou dois electrões, originam espécies azuis, muito possivelmente

(FenóisMoW11O40)-4. Crê-se que o Mo é mais fácil de ser reduzido no complexo e

as reacções de transferência do electrão ocorrem entre os agentes redutores e o

Mo(VI) + e- → Mo(V).Os compostos fenólicos só reagem com o reagente de Folin-

Ciocalteu em meio básico. Esta é a razão pela qual é necessário adicionar

carbonato de sódio para que a solução fique com um pH próximo de 10. A este

pH forma-se o anião fenolato a partir do composto fenólico, por perda do protão.

O ião fenolato é capaz de reduzir o reagente de Folin-Ciocalteu, formando-se

compostos azuis. Estes são independentes da estrutura dos compostos fenólicos

(Huang et al., 2005).

Para a determinação dos fenóis totais foi necessário preparar uma solução de

Folin-Ciocalteau (Merck) numa proporção de 1:10 (1 ml do reagente Folin-

Ciocalteau em 10 ml de etanol a 75%), uma solução aquosa de carbonato de

sódio (Pronolab) (75 g/100 ml) e diluir as amostras numa diluição apropriada.

Adicionou-se 0,8 ml da solução de carbonato de sódio, 0,2 ml da amostra

diluída e 1 ml da solução de Folin (1:10). Homogeneizou-se a mistura num vórtex

e deixou-se repousar durante 30 min à temperatura ambiente e ao abrigo da luz.

Ao fim de 30 min centrifugou-se a mistura (5000 rpm) durante 5 min e fez-se a

leitura da absorvância por espectrofotometria UV-Visível num espectrofotómetro

Ultrospect 1100 pro a um comprimento de onda de 765 nm.

O conteúdo fenólico total foi estimado a partir de uma curva padrão de ácido

gálhico e os resultados expressos em mg de ácido gálhico equivalente por 100

gramas de amostra fresca [mg GAE / 100 g (p.f.)].

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2.3.4.2 – Trolox Equivalent Antioxidant Capacity (TEAC) ou método ABTS

Neste método utiliza-se um oxidante, o ABTS•-, que se forma por oxidação do

ácido 2,2’-azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-sulfónico) (ABTS2-) por acção do

persulfato de potássio (Reet al.,1999). Este método consiste em determinar a

redução do radical ABTS•-, resultante da oxidação do ABTS por adição de uma

amostra contendo antioxidantes. A quantidade de ABTS•- consumido é

determinada pela reação deste com os fenóis existentes na amostra. O ABTS•-

absorve na região dos 600-750 nm, podendo ser facilmente determinado por

espectrofotometria. Na ausência de compostos fenólicos, o ABTS é estável, no

entanto, reage facilmente com uma espécie dadora de eletrões, sendo então

convertido na forma incolor de ABTS2- (Huang et. al., 2005).

Preparou-se previamente uma solução ABTS – ácido 2,2'-azinobis-3-

etilbenzotiazolina-6-sulfónico (FlukaAnalytical), misturando em partes iguais (v:v)

de solução ABTS 7,0 mM e de solução de persulfato de potássio 2,47 mM (Acros

Organics). Esta reagiu por 12-16 h, em temperatura ambiente e ausência de luz.

Após formado o radical ABTS•- adicionou-se etanol à solução até se obter um

valor de absorvância de 0,700 a 0,800 a 735 nm (a diluição pode ser feita até 1/50

em etanol a 96%). O radical é estável sobre esta forma por mais ou menos dois

dias quando guardado no escuro a uma temperatura ambiente.

A determinação da absorvância das amostras foi realizada em temperatura

ambiente, após 6 min de reação, por espectrofotometria (Shimadzus

pectrophotometer 160-UV). Numa cuvette colocou-se 990 µl de ABTS leu-se a

735 nm e registou-se o seu valor e colocou-se 10 µl da amostra, agitou-se e

esperou-se 6 min, leu-se outra vez e registou-se o seu valor. Procedeu-se de

igual modo na preparação dos padrões, substituindo os 10 µl de amostra por 10 µl

de padrão.

2.3.4.3 - Oxygen radical absorbance capacity (ORAC)

Neste ensaio mede-se a capacidade antioxidante ou a capacidade de

absorvância dos radicais peroxilo presentes nas amostras. Neste método há uma

fonte controlável que produz os radicais peroxilo, geralmente, a termo-

decomposição do composto α,α’- azodiisobutiramidina, 2HCl (AAPH):

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R-N=N-R + O2→ N2 + 2ROO•.

Uma forma simples de quantificar a actividade antioxidante consiste na

utilização de um espectrofluorímetro, medindo a diminuição da fluorescência nos

comprimentos de onda de excitação e de emissão de 485 nm e 528 nm,

respectivamente:

ROO•+ substância fluorescente (fluoresceína) → ROOH + fluoresceína oxidada

(sem fluorescência).

A determinação do poder antioxidante pelo método ORAC baseia-se na medida

da redução da concentração de um substrato oxidável (Fluoresceína) ao longo do

tempo, de acordo com Chandrase kara et. al. (2011).

A determinação do ORAC realizou-se usando uma placa de 96 micropoços,

preta e estéril (VWR) que se colocou a incubar num Synergy™ 4 Multi-detection

Microplate Reader, com um comprimento de onda de excitação em 485 nm e de

emissão em 528 nm. Utilizou-se como sonda sintética, a fluoresceína (Sigma-

Aldrich), cuja fluorescência decai, indicando assim, a intensidade da sua reacção

com os radicais formados.

Os extratos das amostras foram centrifugados a 14000 rpm durante 5 min

numa Microcentrifugadora (Hetich Refrigerada Micro 200R) e o sobrenadante foi

utilizado para a análise, depois de se ter efetuado uma diluição apropriada com a

solução de tampão fosfato 75 mM (pH 7,4).

O ABAP (0,4 g) foi completamente dissolvido em 4 ml de tampão fosfato

75 mM (pH 7,4) e foi mantido no congelador. A solução “stock” de fluoresceína

(mM) foi feita em tampão fosfato 75 mM (pH 7,4) e foi mantida a 4 °C, no escuro.

A solução de trabalho (solução intermédia) de fluoresceína foi feita diluindo-se

0,4 ml da solução stock em 10 ml de tampão fosfato 75 mM (pH 7,4). A solução

de fluoresceína foi feita no próprio dia, diluindo-se 0,2 ml da solução intermédia

em 10 ml de tampão fosfato 75 mM (pH 7,4).

Assim, para a preparação do controlo pipetou-se directamente para os poços

50 µl de tampão fosfato de potássio (K2HPO4 a 1M, Merck), 150 µl de fluoresceína

e deixou-se incubar durante 10 min a 37 °C. Após os 10 min, adicionou-se 25 µl

de ABAP. A placa foi agitada durante 30 s e foram iniciadas as leituras. O leitor da

placa foi programado para efetuar agitação adicional ao conteúdo dos poços

antes de se efetuar cada leitura, de forma a obter uma sensibilidade máxima.

Para a preparação das amostras colocaram-se 150 µl de fluoresceína e 25 µl

de amostra. Deixou-se incubar tal como efetuado no controlo durante 10 min, com

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a posterior adição de 25 µl de ABAP, sendo realizadas três leituras independentes

para cada uma das amostras.

Para a curva padrão, o procedimento é idêntico ao utilizado para preparar as

amostras, no entanto, a amostra é substituída pelas diferentes concentrações de

padrão Trolox. A gama de concentrações utilizadas para construir a reta de

calibração foi de 3,125; 6,25 12,5 e 25 µM.

Os valores finais ORAC foram calculados usando a reta de calibração entre a

concentração de Trolox e o Net AUC obtido das leituras.

O AUC foi calculado pelo aparelho pela seguinte expressão:

AUC = 0.5 + f1/f0 + ... fi/f0 + ... + f180/f0 + 0.5(f181/f0).

Onde:

f0 é a leitura inicial da fluorescência no tempo 0 e f1 é a leitura de fluorescência

no momento da leitura.

O net AUC é obtido subtraindo-se a AUC do branco a partir de uma amostra:

[(AUCamostra - AUCbranco)/(AUCTROLOX – AUCbranco)]

A capacidade antioxidante é expressa em micromoles de Equivalentes Trolox

por grama de massa seca.

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3 - Resultados e Discussão

3.1 - Micropropagação

3.1.1 – Estabelecimento e multiplicação

Os meristemas apicais isolados foram estabelecidos em cultura com sucesso

(Figura 3.1A e 3.1B).

A fase de multiplicação iniciou-se 3 meses após a inoculação das culturas. Na

produção de novos rebentos axilares não foi observada formação de callus nem

produção de fenóis que poderiam inibir a proliferação in vitro. As plântulas

multiplicadas apresentavam morfologia semelhante a planta mãe. No

alongamento prévio ao enraizamento as plântulas apresentavam dimensão média

de 1 cm (Figura 3.1C).

3.1.2 – Enraizamento

Na fase de enraizamento não se verificou a formação de callus basal como se

pode observar na Figura 3.1D. Os primórdios radiculares foram observados ao fim

de 8 dias. Na Tabela 3.1 apresentam-se os resultados dos diferentes

enraizamentos efectuados. Verificou-se que a média de enraizamento foi de

87,9%, em cada plântula verificou-se um número médio de 2,5 raízes, obteve-se o

valor de 6,8cm do comprimento da parte aérea e o comprimento médio da parte

aérea de 1,9cm.

Tabela 3.1 – Média de enraizamento, número médio de raízes, comprimento da maior

raiz e comprimento médio da parte aérea.

09-3-2011 20-5-2011 22-6-2011 Média Final

Percentagem de enraizamento 77,6 88,2 97,8 87,9

N.º médio de raizes por explante 2,4 2,8 2,3 2,5

Comprimento médio da maior raiz (cm) 5,9 7,6 7,0 6,8

Comprimento médio da parte aérea (cm) 1,9 1,9 1,9 1,9

Nas plântulas de pereira enraizadas verificou-se que as raízes possuíam

poucos pêlos radiculares de acordo com o referido por Debergh & Maene (1981) e

Simmonds (1983), que afirmaram que as raízes crescidas em agar geralmente

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não possuem pêlos absorventes.

AB

C D

E

A

E F

Figura 3.1 – A Gomos apicais, B Detalhe de gomo apical, C Contentor com plântulas em

multiplicação, D Detalhe do enraizamento, E Plantas em início da aclimatação, F Planta

com 5 semanas de aclimatação.

Contrariamente ao referido por estes autores não se verificou mortalidade

excessiva na aclimatação. Zimmerman (1981) referiu que o enraizamento em

agar é insatisfatório, devido ao volume de calo produzido, com as raízes

formando-se acima dele, no entanto na espécie de pereira em estudo este

problema não foi encontrado.

Estudo feitos na formação de raizes in vitro em explantes da cultivar

'Conference' e 'Doyenne d'Hiver' demostra que estes são afectados pela luz e por

auxinas externas. Para os explantes de 'Doyenne d'Hiver' o suplemento de IBA é

essencial para o aparecimento e consistência das raízes (Bertazza,1995). A

mergulhia em IBA é significativamente melhor do que o controlo, mas não possui

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diferença significativa perante o tratamento com o meio com a adição de 10mM

IBA, ambos induzem raízes (Reed, 1995). Com altas concentrações de

reguladores de crescimento (0.5-2.0 mgl-1), a resposta da rizogenese é mais

significativa no IBA do que no NAA (Takura, 2008).

3.1.3 – Aclimatação

As plantas foram colocadas em tabuleiros para se proceder a aclimatação Figura

3.1E, e passado 4 semanas fez-se o levantamento (Figura 3.1.F).

Em todos os tratamentos obteve-se uma percentagem de plantas aclimatadas

de 100%.

Os substratos utilizados não permitiram efeitos estatisticamente significativos

sobre o número e comprimento máximo das raízes. Os substratos geraram pesos

frescos de raízes e parte aérea com diferenças (p= 0,014 e =0,000,

respectivamente). Os substratos SO e SO + perlite deram origem a maior peso

fresco de raízes e SO a maior peso de parte aérea. Não existem diferenças para

os pesos secos (Figuras 3.2 e 3.3).

Legenda:

Figura 3.2 – Distribuição do número e comprimento máximo (cm) das raizes com os três

tratamentos. A linha a negrito representa a mediana entre o 1º Quartil (extremo inferior da

caixa e o 3º Quartil (extremo superior da caixa). As barras inferiores e superiores

representam, respectivamente o mínimo e o máximo das distribuições. Nº 16, 18 e 23 –

outliers.

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- I- II- III- IV

I

I

I

II II II

III

III

III

IV IVIV

a

b

b

c c

d

Legenda:

Figura 3.3 – Distribuição do peso fresco e seco das raízes e parte aérea com 3

tratamentos. As letras diferentes correspondem a valores significativamente diferentes de

acordo com o teste HSD de Turkey seguido das comparações múltiplas de médias para

α=0,05. Nº 2, 15,16, 24 e 27 – outliers.

3.1.4 – Análise de substratos

A análise ao substrato “SO” determinou os seguintes elementos determinados

em (mg.L-1) de extrato. Valores representados na seguinte Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Elementos determinados (mg.L-1) de extrato em extração aquosa 1:1½ (v/v)

e em extração CaCl2.DTPA (1:5 v/v).

Elementos determinados (mg.L-1)

de extrato

Extração aquosa 1:1½ (v/v) Extração CaCl2.DTPA (1:5 v/v)

Ca 256,00 -

Mg 107,00 275,00

K 130,00 191,00

Na 45,60 89,50

Cu 0,01 0,01

Fe 0,70 29,30

Zn 0,60 2,50

Mn 0,20 6,70

N-NO3- 761,00 -

pH 5,60 3,67

Condutividade elétrica (ms.cm-1) 1,58 3,98

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3.2 - Caracterização da variedade de Pyrus communis L. em estudo

3.2.1 – Caracterização fenológica

O registo das datas de ocorrência dos diferentes estados fenológicos da pêra

Tavares são detalhados na Tabela 3.3, e o registo fotográfico do aspecto dos

diferentes estados nas Figura 3.4 e 3.5.

Das observações realizadas aos estados fenológicos, verificou-se que a pereira

Tavares é uma pereira de Verão, uma vez que apresenta frutos que amadurecem

em Agosto.

Tabela 3.3 - Datas de ocorrência dos estados fenológicos para a pêra Tavares.

Estado fenológico Data

A- Repouso vegetativo 28-02-2011

B – Pré-abrolhamento 06-03-2011

C - Abrolhamento 08-03-2011

D - Botão verde (aparecimento das pontas verdes das flores) 15-03-2011

E- Botão branco 19-03-2011

F1- Desabrolhamento 1.ª Flor aberta 24-03-2011

F2 - Plena floração

G - Inicio da queda das pétalas

H - Queda das ultimas pétalas

I - Vingamento dos frutos

J - Frutificação

Segundo comunicação pessoal do Engenheiro responsável da quinta onde se

encontra o exemplar da espécie em estudo, a frutificação de 2010 mostrou um

desfasamento de 10 dias, comparativamente com o observado para a pêra

Rocha, no mesmo ano.

Por motivos alheios ao decurso deste trabalho não foi possível completar a

caracterização fenológica, pelo que seria da maior importância fazer a recolha de

dados durante o corrente ano.

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A B C

D E

F G

Figura 3.4 – A Pré abrolhamento, B Abrolhamento, C Detalhe de ramo, D Detalhe de

abrolhamento, E Detalhe do botão verde, F Detalhe do botão rosa, G Detalhe sépala.

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H I

J

L

M

NO

Figura 3.5 – H Exemplar da cultivar em estudo, I Desabrochamento, J Detalhe do

desabrochamento, L Ramo com página superior da folha, M Ramo com página inferior da

folha, N Detalhe página superior da folha, O Ramo com página inferior da folha.

3.2.2 – Caracterização dos frutos

Na caracterização de variedades de pomóideas regionais são tidos em conta um

conjunto de parâmetros, entre os quais parâmetros específicos do fruto. Com

vista a caracterizar a cultivar de pereira Tavares, foi realizada uma avaliação

preliminar, de um conjunto de critérios analíticos específicos do fruto (Tabela 3.4).

A pêra Tavares tem forma cónica, mais ou menos alongada, com um pedúnculo

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curto e carnudo. O calibre médio é de 60 e 70mm (Figuras 3.6 e 3.7). A coloração

do fruto é verde, matizado raiado de vermelho na face voltada para o sol.

Normalmente o fruto não apresenta a rugosidade típica de muitas pêras,

designada por carepa. A polpa é branca, doce, não ácida, sumarenta e de óptimo

paladar (Tabela 3.4).

Com base na análise comparativa dos diferentes parâmetros verificou-se que a

pêra Tavares não se identifica com nenhuma das cultivares descritas, inicialmente

referenciadas como potenciais cultivares (Tabela 3.4).

P

Q

Figura 3.6 – P Frutos da cultivar em estudo, Q Detalhe dos frutos.

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R

S

Figura 3.7 - R Detalhe do interior do fruto, S Detalhe da semente.

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Tabela 3.4 – Parâmetros de caracterização comparativos entre diferentes cultivares e a

pêra Tavares.

Frutos Pêra

Parâmetro Marmela S. Bartolomeu Rocha Williams's Tavares

Outras Designações

(Nacional)

Flamenga,

Marmela de

Verão, Moscatel

Passa de

Viseu,

Carvalhal, de

secar, Rouval,

Ruival,

Vermelha ou de

Viseu

Outras Designações

(Internacional)

França: Bom

Chrétien d'Eté,

Itália: Gracioli

França: Bom

Chrétien,

USA: Bartlett

Coloração Verde, matizado

raiado de

vermelho na face

voltada para o sol

Verde-

amarelado,

matizado

manchado de

vermelho na

face voltada

para o sol

Verde-amarelado.

Por vezes mancha

ténue vermelha na

face voltada para o

sol

verde,

amarela a

maturação

Verde, matizado

raiado de

vermelho na face

voltada para o

sol

Carepa Normalmente

sem carepa.

Quando presente

ocorre na base e

na face apical

Normalmente

com carepa na

base e na fossa

apical

Sempre com

carepa. Unida na

base e dispersando

pela superfície

Normalmente

sem carepa.

Quando presente

ocorre sobretudo

na base

Pontuações Evidentes Evidentes Evidentes Evidentes Evidentes

Sépalas Divergentes Divergentes Convergentes

Pedúnculo (cm) 3 4 3 2

Forma Arredondada Oblonga

Piriforme

obovada

Variável.

Predominantes as

formas redonda

ovada, redonda

piriforme, piriforme

ovada e oblonga

piriforme

Piriforme,

regular,

simetrica com

pedunculo

carnudo

Oblonga

Piriforme

obovada

Polpa (Textura) Granitada Granitada Granitada Macia Macia

Polpa (Facilidade de

oxidação)

Baixa Baixa Baixa (apenas

por apreciação

visual)

Dureza (Kg/0.5cm2) 3,5 4,2 5.6 a 6.5 1.5 a 2.5 2,2

Índice Refractométrico

(IR) (ºBrix)

13 14 11 a 13 11 a 15 18

Acidez (Ácido málico)

(g/l)

2 5 2 a 3 2 a 4 2

Calibre médio (↔ ↕)

(mm)

83 e 75 54 e 74 60 e 65 65 a 70 60 e 70

Peso (g) 246 95 130 138

Matéria seca (%) 17 19 22

Referência AGRO 740,

BORGES 1999

AGRO 740,

BORGES 1999

ANP (s.d.),

BORGES 1999

VAYSSE et al.

2000

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3.2.3 – Caracterização da componente volátil dos frutos

A componente volátil isolada, quer da pêra Tavares, quer da pêra Rocha, foi

obtida num rendimento <0.05% (v/p.f.).

A análise comparativa do perfil de compostos voláteis dos frutos de ambos os

cultivares (Tabela 3.5), mostrou, nos dois casos, a dominância do mesmo tipo de

compostos, ainda que se verifiquem diferenças importantes, em termos de

compostos minoritários. Estas diferenças podem determinar a desigualdade

aromática dos dois cultivares.

Tabela 3.5 - Composição química percentual da componente volátil isolada dos frutos de

dois cultivares de pêra (Pyrus communis L.), em dois anos consecutivos e mantidas em

diferentes condições de armazenamento (vide Tabela 2.1).

Pyrus communis L.

Componentes Tavares Rocha

IR T_C_10 T_C_11 T_CF_11 R_10 R_C_11 R_CF_11

Álcool isopentílico 836 1.6 1.4 1.1 0.4 1.0 0.6

n-Hexanal 854 0.1 v v v v v

Acetato de butilo 854 11.7 v 8.8 18.2 0.9 22.5

n-Hexanol 882 3.8 0.6 3.3 4.4 4.7 5.3

Acetato de 2-metil butilo 882 1.8 v v v v v

Acetato de pentilo 908 0.7 v 0.4 0.9 v 2.1

5-Metil furfural 938 0.3

n-Heptanol 952 v v v 0.1 v v

6-Metillhept-5-en-2-ona 960 v v v v v v

2-Pentil furano 973 v v v v v v

Acetato de hexilo 995 55.1 0.4 20.8 36.4 1.4 38.4

Benzeno acetaldeido 1002 v v v v v v

A 0.1 v

n-Octanol 1045 v v v 0.4 0.6 0.1

n-Nonanal 1073 0.1 0.5 0.1 0.5 8.7 1.1

Ester hexilico do ácido propiónico 1079 v v v v v v

Acetato de heptilo 1086 v v v 0.2 v v

n-Undecano 1100 v v v v v v

Isobutanoato de hexilo 1127 0.1 v v v v v

n-Nonanol 1151 0.2 v v v v v

Metilo chavicol 1163 0.3 v 0.6 0.1 v 0.3

Butanoato de hexilo 1173 0.4 v 0.5 0.1 0.6 v

Octanoato de etilo 1170 v v v

n-Decanal 1180 v v v 0.6

Acetato de octanol 1189 0.2 v v v v 0.3

Éster hexilico do ácido 2-metil butírico 1220 0.1 v 0.1 v v v

2-trans-Decenal 1224 v v 0.1 v 1.8 v

Hexanoato de isoamilo 1240 v v v v v

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Pyrus communis L.

Componentes Tavares Rocha

IR T_C_10 T_C_11 T_CF_11 R_10 R_C_11 R_CF_11

trans-Anetole 1254 v v v v v

2-trans,4-trans-Decadienal 1286 0.1 v v v v

n-Undecanal 1288 0.6

Ácido decanóico 1350 v v v v v

cis-β-Damascenona* 1352 0.1 v 0.5 v 0.6 v

trans-4-Decenoato de etilo* 1371 0.2 1.5 0.4

α-Copaeno 1375 v 0.7 v v 1.6 v

Hexanoato de hexilo 1375 1.0 0.7 1.4 0.7 1.6 0.7

Ester metilico do ácido 2-trans,4-cis-

decadienóico 1376 v v 0.5 0.7 v 0.5

Decanoato de etilo 1387 0.2 v v 0.9 v 0.6

β-Elemeno 1388 v v v

n-Dodecanal 1397 v v v v 1.6 v

Ester metilico do ácido 2-cis,4-trans-

decadienóico 1408 0.1 v v v v

trans-2-Decenoato de etilo 1433 0.2 v

Acetona de geranilo 1434 v v v v v v

B 1440 0.4 0.6

C 1447 0.9 0.7

α-Humuleno 1447 v v v

2trans, 4cis-Decadienoato de etilo 1450 v v 0.5 3.6 6.4

trans-Metilisoeugenol 1471 0.4 v

Miristicina 1493 0.5

cis,trans-α-Farneseno* 1493 0.1 v 0.8 0.3 0.8 3.2

B' 1493 v v v v v

α-Muuroleno 1494 v 0.2 v

n-Tridecanal 1499 v 0.2 v 0.8 2.1 v

trans,trans-α-Farneseno 1500 4.0 12.0 32.8 14.9 7.1 6.3

n-Pentadecano 1500 v v v v v v

δ-Cadineno 1505 0.3 4.1 1.0 0.2 1.7 v

Benzoato de hexilo 1550 0.1 0.4 1.0 0.1 v

Nonil valerato 1574 0.3 v

Dodecanoato de etilo 1580 0.3 v

n-Tetradecanal 1596 1.8

n-Hexadecano 1600 v

β-Atlantona 1653 0.1 v 0.1

D 1666 0.7 0.8 1.3 0.7 0.5

cis,cis-Farnesol 1672 0.9 0.4 0.4

n-Pentadecanal 1688 1.3

Acetato de trans,trans-farnesilo* 1691 2.9 0.8 8.2 1.3 1.2

E 1718 0.5 2.2

F 1719 1.1 2.4

G 1720 3.0 1.5

Ácido tetradecanóico 1723 1.4

Tetradecanoato de etilo 1774 0.2 v

n-Hexadecanal 1776 1.7

n-Hexadecanol 1821 0.5 5.6

n-Nonadecano 1900 0.6

Hexadecanoato de metilo 1904 0.1 0.4 v 0.2 v

Ácido palmítico 1908 0.6 13.9 1.4 0.2 10.8 0.1

Hexadecanoato de etilo 1936 0.1 0.6 0.2 0.3 v

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Pyrus communis L.

Componentes Tavares Rocha

IR T_C_10 T_C_11 T_CF_11 R_10 R_C_11 R_CF_11

2-Etilo hexil salicilato 1974 3.8 1.3

n-Octadecanal 2008

Miristato de isopropilo 2055

n-Octadecanol 2071 0.9

Acido linoleico 2125 0.3 5.0 1.2 0.3 1.6 v

Linoleato de etilo 2137 1.8 2.6 1.9

H 2162 0.9 0.4

Estereato de etilo 2163 1.3 4.7 1.7

Hexadecanoatoisoamilo 2476 0.5

n-Docosanol 2498 2.5 4.9

% de Identificação 91.0 57.7 90.7 95.9 71.4 98.7

IR: Índices de retenção relativos a uma série de n-alcanos C8-C25, numa coluna DB-1; v: vestigial

(<0,05%); A-H: compostos não identificados; *Compostos identificados apenas com base no espectro de

massa.

Entre os compostos dominantes, isto é, compostos presentes numa

percentagem >10% em pelo menos uma das amostras analisadas, Tabela 3.5;

destacaram-se o acetato de hexilo (0.4-55%), o trans,trans-α-farneseno (4-33%),

o acetato de butilo (v-23%) e o ácido palmítico (0.1-14%). Os ésteres e compostos

terpénicos revelaram-se assim maioritários, em ambos os cultivares.

A análise do dendrograma, Figura 3.8, revela a formação de dois

agrupamentos (clusters) muito pouco correlacionados (Scor<0.2), e que parecem

discriminar as amostras com base no processo de armazenamento dos frutos.

Dentro de cada agrupamento encontram-se, em simultâneo, as amostras de

pêras Tavares e de pêra Rocha, revelando correlação na composição da

componente volátil dos dois tipos de frutos.

Sendo o acetato de exilo um composto presente numa percentagem elevada

quer na pêra Rocha, quer na Tavares, e também descrito na literatura como

abundante em outras variedades de pêra, como a William’s (Rapparini e Predieri,

2003), a presença deste composto não parece constituir um caracter

diagnosticante entre as várias cultivares.

Dois dos compostos dominantes, o acetato de hexilo e o acetato de butilo, são

compostos frequentes na componente volátil de muitos frutos e responsáveis pelo

característico odor, e sabor, frutado. O trans,trans-α-farneseno, igualmente

abundante, é um dos compostos responsáveis pelo aroma de “maçã verde”.

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Coeficiente de Correlacção0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

MW

T_C_10

R_10

R_CF_11

T_CF_11

T_C_11

R_C_11

Figura 3.8 - Dendrograma obtido por análise aglomerativa em grupos (clusters). A

correlação foi seleccionada como medida de semelhança e utilizou-se o agrupamento

segundo a associação média (UPGMA) na definição dos clusters. Para definição de

códigos vide Tabela 2.1.

Uma revisão de Rapparini e Predieri (2003) identificou como compostos mais

frequentemente referenciados na literatura na componente volátil da pêras os

(1) ésteres, nomeadamente os acetatos de etilo, propilo, butilo e hexilo, e os

decanoatos, como o decanoato de etilo, o 2-trans,4-cis decadienoato de metilo, e

o decanoato etilo, e (2) terpenos, como o α-farneseno.

Os esteres metílicos e hexílicos do ácido 2-trans,4-cis decadienóico são os

compostos característicos da pêra William’s, e outros ésteres incluindo o acetato

de exilo, o acetato de 2-metil propilo, o acetato de butilo o butil butanoato, o

acetato de pentilo e hexanoato de etilo contribuem para o aroma de pêra

(Rapparini e Predieri, 2003).

Todos estes compostos foram identificados na pêra Tavares e na pêra Rocha,

sendo as diferenças mais marcantes resultado das condições de armazenamento.

3.2.4 – Avaliação da actividade antioxidante da água de decocção dos frutos

O teor em fenóis totais na pêra Rocha e na pêra Tavares, medido pelo método

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de Folin, foi de 9,21,3 e 8,51,4 mg/g (peso seco). Estes valores são superiores

aos descritos para algumas frutas (Hassimotto et al., 2005) e mesmo para a pêra

(Keverset al., 2011). Também a actividade antioxidante encontrada nas amostras

medida pelo método ORAC foi bastante superior à descrita por Kevers et al

(2011). Para a pêra Rocha, a actividade encontrada foi: 1005,6364,3 M TE/g

(ps) e 1322,8352,7 M TE/g (ps) para a pêra Tavares. Os resultados obtidos

podem dever-se às diferentes cultivares usadas no presente trabalho em relação

às descritas pelos autores (Kevers et al., 2011) como também se ter trabalhado

com material liofilizado (seco), ao passo que os autores trabalharam com material

fresco. Apesar da diferença das actividades encontradas nas duas cultivares, ela

não foi relevante.

A actividade antioxidante determinada pelo método TEAC, também revelou que

ambas as peras têm actividade e sem diferenças importantes entre elas. Os

valores encontrados foram: 3164,9107.5 M TE para a pêra Rocha e

3433,7197,0 M TE para a pêra Tavares.

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4 – Conclusões e perspectivas futuras

A pêra ocupa, actualmente, a segunda posição nos frutos frescos mais

produzidos em Portugal. Reconhecida a relevância da pereira em Portugal, e

tendo como objectivo contribuir para a propagação e uma melhor caracterização

de uma cultivar de pereira proveniente de uma “semente do acaso”, designada

pêra Tavares, originada numa quinta em Tábua, Concelho de Oliveira do Hospital,

foi possível com este trabalho:

1) Optimizar as condições de micropropagação desta variedade,

2) Definição dos substratos e condições de aclimatação, adequadas para uma

boa taxa de aclimatação,

3) Dar início à caracterização fenológica da cultivar em estudo,

4) Realizar uma caracterização morfológica preliminar do fruto, por avaliação

de diferentes parâmetros,

5) Isolar e caracterizar quimicamente os voláteis da pêra Tavares e compará-

los com os da pêra Rocha,

6) Determinar a actividade antioxidante das águas de decocção de ambos os

frutos.

Em termos de perspectivas futuras seria de todo o interesse:

1) Fazer um estudo para avaliar o comportamento das plantas em campo,

2) Em relação à determinação de Potássio deverá ser feita uma reavaliação da

metodologia de análise dos substratos de forma a optimizar a mesma,

3) Repetir a caracterização fenológica da cultivar em estudo,

4) Proceder a uma reavaliação da caracterização morfológica do fruto,

comparativamente com outros frutos de variedade devidamente estabelecida,

5) Elaborar uma caracterização com recurso a marcadores moleculares de

forma a poder comparar com outras cultivares,

6) Repetir a caracterização dos voláteis da pêra Tavares e compará-la com a

de outras variedades de pêra,

7) Avaliar o efeito da frigorificação na composição de voláteis.

A obtenção destes dados permitiria futuramente a completa caracterização

desta variedade Portuguesa de acordo com os descritores actualmente existentes

e dessa forma contribuir para a conservação da biodiversidade agrícola Nacional.

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