Quadra Aberta

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    Quadra aberta

    Uma tipologia urbana rara em São Paulo

    texto de Abilio Guerra

     

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    Les Hautes Formes, Paris. Arquiteto Christian de Portzamparc, 1975 [PORTZAMPARC, Christian de. A terceira era

    da cidade]

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    Christian de Portzamparc, em texto já clássico no meio arquitetônico brasileiro, defende a quadra aberta

    como uma solução contemporânea para os grandes aglomerados urbanos. Segundo o arquiteto francês, seria uma

    conciliação entre as cidades da primeira e segunda eras, abrindo as portas para a terceira era da cidade.Uma conciliação entre as qualidades da rua-corredor da cidade tradicional e dos edifícios autônomos da

    cidade moderna. Estamos diante de um urbanismo de síntese, aonde a resultante 

    "quadra aberta permite reinventar a rua: legível e ao mesmo tempo realçada por aberturas visuais e pela

    luz do sol. Os objetos continuam sempre autônomos, mas ligados entre eles por regras que impõem vazios e

    alinhamentos parciais. Formas individuais e formas coletivas coexistem. Uma arquitetura moderna, isto é,

    uma arquitetura relativamente livre de convenção, de volumetria, de modenatura, pode desabrochar sem ser

    contida por um exercício de fachada imposto entre duas fachadas contíguas" (1).

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    Cidades da primeira e segunda eras, croquis. Arquiteto Christian de Portzamparc [PORTZAMPARC, Christian de. A

    terceira era da cidade]

    Ao contrário do que os críticos mais apressados disseram - alguns até em tom de chacota -, Portzamparc não

    estava se propondo "inventar" a quadra aberta, mas sim preocupado em dar sentido histórico e consistência

    conceitual para um fenômeno urbano que acontecia de forma crescente em diversas grandes cidades.

    Na cidade de São Paulo, mesmo que na forma de exceção, alguns exemplos de "quadra aberta" podem ser

    encontrados, sendo ao menos quatro deles de excelente qualidade. Os projetos são de períodos diferentes -

    anos 1960, 1970, 1980 e 2000 - e o tipo de investimento, o aporte tecnológico e os princípios formais

    presentes nas edificações expressam em grande medida características específicas de cada período. Contudo,

    as diferenças flagrantes da arquitetura dos edifícios não prejudica a percepção do elemento urbano que os

    aproxima: a permeabilidade do solo, que possibilita a integração de edificações privadas com o espaço

    público que os envolve. Pode-se observar também, nesta aproximação inicial, que tais diferenças demonstram

    que a tipologia urbana "quadra aberta" não é exclusiva de determinados mecanismos econômicos e/ou

    princípios estéticos, mas uma possibilidade potencial, que pode ou não ser usada, dependendo da escolha

    dos projetistas e, principalmente, dos investidores.

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    Centro Comercial, implantação, Bom Retiro, São Paulo. Arquiteto Lucjan Korngold

    Mapamontagem de Luis Espallargas

    O primeiro deles é o Centro Comercial do Bom Retiro, projeto de 1959 e inaugurado durante os anos 1960, no

    Bom Retiro, de autoria de Lucjan Korngold. O arquiteto, judeu polonês que migra para o Brasil em 1940,

    projeta o empreendimento comercial para um grupo de investidores da comunidade hebraica formado porCharles Wolkowitz, Jose Solboln, Filip Citron, Erwin Citron e Benjamin Citron. Segundo Anat Falbel,

    arquiteto e investidores fazem parte de uma"imigração específica, cosmopolita, com origens na média e alta

    burguesia judaica europeia, que [..] traz consigo uma experiência empresarial, e que no Brasil divide suas

    iniciativas imobiliárias entre um restrito número de arquitetos imigrantes, pertencentes ao mesmo

    grupo,criando assim as associações entre o capital e o trabalho profissional" (2).Aproveitando o miolo de

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    quadra, que pode ser acessado por dois lotes em ruas distintas - José Paulino e Ribeiro de Lima -, o

    arquiteto polonês projetou uma edificação contínua, com quatro pisos, que se encosta nos muros dos fundos

    dos lotes lindeiros, conformando uma clareira, no centro da qual dispôs uma pequena torre com dez andares.A arquitetura é fortemente marcada pela simplicidade geométrica do modernismo europeu, que se acomoda às

    restrições orçamentárias de um edifício voltado ao empreendimento imobiliário.

    Ao contrário de Hautes Formes, onde Portzamparc solta a maioria de suas pequenas torres das construções

    lindeiras, Korngold – seguramente para aproveitar ao máximo o terreno disponível, afinal se tratava de um

    empreendimento privado e voltado para o mercado imobiliário – preferiu encostar a edificação contínua na

    linha divisória do terreno. Contudo, a disposição distinta dos volumes em Hautes Formes e no Centro

    Comercial do Bom Retiro não impede uma curiosa semelhança entre as duas implantações, com seus dois

    acessos locados em vias em lados opostos do terreno.

    Centro Comercial, acesso rua José Paulino, Bom Retiro, São Paulo. Arquiteto Lucjan Korngold [KORNGOLD, Lucjan.

    Centro comercial do Bom Retiro. Acrópole, São Paulo, n. 253, nov. 1959]

    Mesmo tendo sido publicado, ainda na condição de projeto, na revistaAcrópole (3), a crítica de arquitetura

    não deu muita atenção a centro comercial. Anat Falbel, a pesquisadora que foi mais a fundo sobre a obra de

    Korngold, menciona-o rapidamente em artigo para a revista AU , mas com a suficiente clareza acerca da

    qualidade do projeto:

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    "a proposta inovadora do Centro Comercial do Bom Retiro (1957) na Rua José Paulino (iniciativa original

    entre os inúmeros projetos de galerias comerciais construídas no Centro de São Paulo no período)"(4).

    Centro Comercial, acesso rua Ribeiro de Lima, Bom Retiro, São Paulo. Arquiteto Lucjan Korngold [KORNGOLD,Lucjan. Centro comercial do Bom Retiro. Acrópole, São Paulo, n. 253, nov. 1959]

    O centro comercial encontra-se até hoje em pleno funcionamento, totalmente adequado ao comércio popular da

    região. A conservação não é muito esmerada e algumas das lojas no avarandado superior – correspondente ao

    terceiro piso e que circunda todo o complexo – encontram-se fechadas. Mas a ocupação no térreo é total e o

    edifício no centro do lote abriga serviço e comércio em todos os seus pisos.

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    Centro Comercial, plantas, Bom Retiro, São Paulo. Arquiteto Lucjan Korngold [KORNGOLD, Lucjan. Centro comercial

    do Bom Retiro. Acrópole, São Paulo, n. 253, nov. 1959]

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    Centro Comercial, corte longitudinal, Bom Retiro, São Paulo. Arquiteto Lucjan Korngold [KORNGOLD, Lucjan.

    Centro comercial do Bom Retiro. Acrópole, São Paulo, n. 253, nov. 1959]

    A segunda quadra aberta bem resolvida na capital paulista é a Cetenco Plaza, localizada na esquina daavenida Paulista, esquina com a alameda Ministro Rocha Azevedo, projeto de Rubens Carneiro Vianna e

    Ricardo Sievers, construída nos anos 1970, no momento em que a cidade de São Paulo vivenciava a mudança

    importante deslocamento de atividades econômicas entre regiões distintas da cidade. Heitor Frúgoli

    relaciona o surgimento de "dois edifícios de inspiração modernista" – o Conjunto Nacional (David

    Libeskind, 1956) e o Masp (Lina Bo Bardi, 1968) – antecipação de

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    "uma série de significativas alterações na região, respectivamente nas atividades comercial e cultural,

    incluindo as primeiras etapas da migração de outras atividades do Centro tradicional para ali, o que

    consolidaria plenamente na passagem dos anos 70, com a ida de várias empresas para a Paulista, quandopassa a constituir efetivamente uma nova centralidade na metrópole" (5).

    Neste momento, os principais bancos do centro velho, em geral localizados na rua Boavista e imediações, se

    mudam para o divisor de águas entre o centro e o Jardim Paulista, como parte da dinâmica paulistana dos

    anos 1960 e 1970. O novo complexo da Avenida Paulista, construído pela Cetenco para locação para serviços,

    vai abrigar principalmente atividades bancárias (a Caixa Econômica Federal e o extinto Banespa ocuparam

    por anos os térreos das duas torres), confirmando o processo apontado acima de mudança de

    centralidade.Atendendo ao programa proposto pelos investidores, os arquitetos Rubens Carneiro Vianna e

    Ricardo Sievers projetam duas torres gêmeas, de planta quadrada, totalmente envidraçadas em tom

    esverdeado, com radical simplificação do volume graças à supressão da tradicional divisão tripartite entre

    embasamento, corpo e coroamento, ainda muito presente nos edifícios modernos até os anos 1960. A dupla dearquitetos opta por posicionar uma das torres na esquina e deslocar a segunda torre do conjunto para o

    fundo do terreno, o que permitiu a criação de um espaço livre rico em diversidades, com praças e

    passagens, inclusive com um percurso por detrás do Banco Sul-americano – atual Banco Itaú, projeto do

    escritório Rino Levi Arquitetos Associados –, permitindo o acesso ao conjunto por uma terceira rua, a Frei

    Caneca. O projeto paisagístico, uma solução bema articulada ao projeto arquitetônico, é de autoria do

    arquiteto paisagista Luciano Fiaschi.

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    Cetenco Plaza, esquina da Avenida Paulista e Alameda Ministro Rocha Azevedo, São Paulo. Arquitetos Rubens

    Carneiro Vianna e Ricardo Sievers [Norma Fonseca. Espaços coletivos. Espaços privados com áreas coletivas, p.

    60]

    O resultado final é uma grande permeabilidade disponível ao pedestre, que pode andar pelo interior dos

    terrenos privados, sem maiores obstáculos. Um dos edifícios lindeiros, localizado na avenida Paulista, seaproveitou muito bem da potencialidade da quadra aberta, pois os arquitetos José Magalhães Júnior e Samuel

    Szpigel abriram os fundos do edifício para a área livre, ampliando as conexões na cota do térreo (6).

    Contudo, poucos anos depois da inauguração do complexo, a avaliação de Ruth Verde Zein não era muito

    positiva. Em texto onde faz ampla avaliação das torres da avenida Paulista, Zein ressalta “o jogo de

    reflexos frios e cambiantes da desolada praça ‘nova-iorquina’ entre o edifício do Banco de Crédito

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    Comercial, de José Magalhães e Samuel Szpigel, e as duas torres da Caixa Econômica Federal”, opinião

    crítica reforçada na legenda das fotos: “a desolada praça ‘nova-iorquina’, o império da rainha do gelo, um

    cenário de reflexos cambiantes” (7).

    Cetenco Plaza, Alameda Ministro Rocha Azevedo, São Paulo. Arquitetos Rubens Carneiro Vianna e Ricardo Sievers

    Foto Abilio Guerra

    Que as eventuais qualidades da área livre tenham escapado a uma crítica tão experiente é prova concreta do

    quanto as avaliações dependem de um tacão de medida estabelecido. A quadra aberta não era um valor em

    meados dos anos 1980. Contudo, o uso mais restrito da Avenida Paulista naquele período – a diversificação

    de usos só vai ocorrer após a inauguração da linha verde do metrô, em 1991 –, talvez realmente desse às

    áreas livres o ar desértico apontado pela crítica. O que, em certo sentido, demonstra a antevisão dos

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    arquitetos responsáveis, que previram com enorme acerto o uso intenso que teria o espaço muitos anos

    depois, quando as largas ruas da Avenida Paulista são tomadas por multidões nas horas de pico e as áreas

    livres lindeiras passam a funcionar como bem vindos escapes do tumultuado vai e vem de pessoas.

    Centro Empresarial Itaú, implantação. Itauplan e Aflalo & Gasperini [CUPERTINO, Jaime Marcondes. Centro

    Empresarial Itaú: do edifício à cidade, p. 47]

    O Centro Empresarial Itaú é nosso terceiro exemplo de quadra aberta qualificada em São Paulo. Trata-se deum empreendimento absolutamente incomum na capital paulista no que diz respeito aos aspectos legais e

    urbanísticos, pois na prática se efetivou uma PPP – Parceria Público-Privado – bem antes que este tipo de

    iniciativa fosse discutido conceitualmente no Brasil e colocado em vigência através de lei.

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    Centro Empresarial Itaú, plantas do embasamento. Itauplan e Aflalo & Gasperini [CUPERTINO, Jaime Marcondes.

    Centro Empresarial Itaú: do edifício à cidade, p. 50-56]

    Uma lei municipal específica atribui a gestão do empreendimento à Emurb – Empresa Municipal de Urbanização

    –, empresa pública, o que permitiu a conciliação dos interesses públicos presentes na implantação da

    estação Conceição da linha norte-sul do metrô e os interesses privados, representados pelo Banco Itaú,proprietário do terreno, e investidores imobiliários. O projeto contou com duas fases, a primeira a cargo

    da Itauplan, sob a liderança dos arquitetos João De Gennaro, Javier Judas y Manubens e Jaime Marcondes

    Cupertino, quando foi desenvolvido o embasamento do conjunto, conciliando a presença da estação no

    subsolo, sua relação com a praça externa e os acessos diversos às áreas públicas e privadas.

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    A segunda fase, voltada para as torres, foi encomendada pelos empreendedores ao escritório Aflalo e

    Gasperini, com a equipe de trabalho liderada pelos arquitetos Eduardo Martins Ferreira, Felipe Aflalo e

    Jaime Marcondes Cupertino (este último é o único a participar das duas fases). No total, são cinco torres,construídas em momentos diferentes. As três primeiras – dispostas junto à rua das Carnaubeiras – têm

    formato cúbico – com estrutura periférica e caixa central com elevadores, escadas e banheiros – e

    elevações que alternam faixas horizontais opacas (estrutura e alvenaria) e transparentes (esquadrias

    envidraçadas), modelo seguido, com algumas modificações nas proporções, pela quinta torre, a última a ser

    construída junto à Avenida Dr. Hugo Beochi. A quarta torre, destinada à Itausa, é totalmente envidraçada e

    conta com estrutura central na periferia da caixa de circulação vertical e banheiros, resultando em

    arrojado balanço da periferia da edificação.

    Centro Empresarial Itaú, alternativas de implantação das torres. Itauplan e Aflalo & Gasperini [CUPERTINO,

    Jaime Marcondes. Centro Empresarial Itaú: do edifício à cidade, p. 31]

    O complexo – projeto e construção datados dos anos de 1980 a 1985 – localiza-se em gleba na zona sul de

    São Paulo, delimitada pela Avenida Armando Arruda Pereira e ruas locais. O contraste entre as torres com

    desenho prismático e o embasamento com formas orgânicas resulta da divisão original do projeto, que foi

    levado à frente por arquitetos de duas equipes distintas. O projeto original do embasamento é de autoria

    de Javier Judas y Manubens e Jaime Cupertino, sendo que este último explica assim a decisão projetual: “a

    única fonte comum aos dois [arquitetos] era a grande admiração por Oscar Niemeyer, o que aparece de forma

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    “Outra decisão de grande importância para o projeto foi a integração da área do terreno com a praça

    pública lindeira, inclusive com passagem de pedestres por dentro do conjunto [...]. O convênio entre o

    Grupo Itaú e a prefeitura municipal permitiu essa integração, exigindo que o tratamento das áreas públicasfosse executado às expensas do CIC. Com isso obteve-se um caráter extremamente urbano, apenas encontrável

    no centro das grandes cidades, onde galerias e passagens particulares são uma extensão das calçadas e

    ruas” (9).

    O quarto exemplo é o Brascan Century Plaza (10), de autoria dos arquitetos Jorge Königsberger e Gianfranco

    Vannucchi, implantado no início dos anos 2000 no Itaim Bibi. Bairro que passou, ao longo dos anos 1990,

    por profunda transformação, com verticalização intensa e mudança de usos, o Itaim torna-se uma região

    nobre, com prédios de apartamentos, equipamentos e serviços adequados aos novos habitantes locais. Antigas

    moradias de baixo padrão e antigas plantas industriais são erradicadas e é em um terreno anteriormente

    ocupado pela fábrica de chocolates Kopenhagen que vai ser erguido o novo conglomerado projetado pela

    Königsberger & Vannucchi. Hoje se encontra esgotado o estoque de terrenos de porte no bairro, o quepraticamente inviabiliza novos investimentos do tipo – "no Itaim não tem mais um terreno deste à

    disposição" (11), assinala Gianfranco Vannucchi – e provoca o deslocamento dos investimentos imobiliários

    para outras regiões da cidade, em especial para a Avenida Berrini e proximidades.

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    Brascan Century Plaza, implantação. Arquitetos Jorge Konigsberger e Gianfranco Vannucchi

    Imagem KV

    O conjunto Brascan Century Plaza conta com três torres com típicas preocupações contemporâneas –

    tecnologia de última geração e grande variedade formal não só entre os edifícios, mas até mesmo entre as

    elevações da mesma edificação –, encravadas na área livre do térreo, que, por sua vez, se articula com ascalçadas de três das ruas que conformam a quadra - Joaquim Floriano, Bandeira Paulista e Tamandaré Toledo.

    O grande jardim – que ocupa praticamente toda a área livre do térreo e dá acesso às lojas, cafés e cinemas

    – foi projetado por Benedito Abbud e conta com espelho d'água, vegetação e escultura em madeira de Elisa

    Brancher. Um dos autores do projeto, o arquiteto Gianfranco Vannucchi, comenta o valor urbano aportado no

    projeto: "as pessoas não aguentam mais ficar fechadas dentro de um shopping. [...] É um projeto [...] que

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    vai na contramão dos condomínios fechados, das grades, dos muros, quer dizer, do enclausurar; pelo

    contrário, é um projeto que se abre para a cidade" (12).

    É justamente este projeto, o mais recente dos quatro exemplos selecionados, que é o mérito da entrevista

    com um dos seus autores, o arquiteto Jorge Königsberger, que se mostra muito animado em sua avaliação da

    potencialidade da quadra aberta, com áreas privadas se articulando com as áreas públicas da cidade:

    "Vimos, já há anos, desenvolvendo projetos imobiliários privados e vimos nos opondo ás tendências

    segregacionistas entre espaços públicos e privados. Consideramos ser perfeitamente possível suprir boa

    parte das carências e fragilidades urbanísticas brasileiras através do maior suprimento de novos espaços

    públicos privados qualificados integrados ao espaço público existente, dentro do modelo econômico vigente"

    (13).

    Convidamos o leitor a ler neste número da revista Projetos do portal Vitruvius a íntegra da entrevista com

    Jorge Königsberger.

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    Brascan Century Plaza, praça de acesso coletivo, Itaim Bibi, São Paulo. Arquitetos Jorge Konigsberger e

    Gianfranco Vannucchi

    Foto Nelson Kon

    notas 

    1

    PORTZAMPARC, Christian de. A terceira era da cidade. Óculum, São Paulo, n.9, FAU PUC-Campinas, 1997, p. 47. A

    publicação deste número da Óculum,editada pelo autor, reflete não só suas preocupações pessoais, mas também as

    pesquisas e orientações de trabalhos de final de curso (TGI) durante os anos 1990 e primeira metade dos

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    ZEIN, Ruth Verde. A harmonia e a melodia de uma orquestra onde cada instrumento ensaia sozinho. Projeto, São

    Paulo, n. 78, ago.1985, p. 83 e 80, respectivamente. 8

    CUPERTINO, Jaime Marcondes. Centro Empresarial Itaú: do edifício à cidade. Dissertação de mestrado. Orientador

    Ruth Verde Zein. São Paulo, FAU Mackenzie, 2009, p. 82. Este trabalho acadêmico descreve e explica todo o

    processo de concepção, projetação e construção do complexo. Ver também VIANNA, Norma Fonseca. Op. cit.,

    capítulo 3 - Centro Empresarial Itaú Conceição (CEIC), p. 72-83. 

    9

    ZEIN, Ruth Verde. Centro Itaú Conceição: exercício de urbanismo. Projeto, São Paulo, n. 85, mar. 1986, p. 29. 

    10

    Brascan Century Plaza, projeto de Jorge Königsberger e Gianfranco Vannucchi. Projetos, São Paulo, n. 04.044,

    Vitruvius, ago. 2004 . Ver também: VIANNA, NormaFonseca. Op. cit., capítulo 4, "Brascan Century Plaza". 

    11

    Entrevista com o Arquiteto Gianfranco Vannucchi - Brascan Century Plaza, São Paulo, 31 de maior de 2007. In

    VIANNA, Norma Fonseca. Op. cit., anexos, p. 128-129. 

    12

    Idem, ibidem, p. 127. 

    13

    GUERRA, Abilio; SILVA, Aline Alcântara. Conversa com Jorge Königsberger. Brascan Century Plaza. Projetos, São

    Paulo, n. 11.124, Vitruvius, abr. 2011 . 

    sobre o autor Abilio Guerra é arquiteto, professor da graduação e pós-graduação da FAU Mackenzie e editor do portal Vitruvius

    e da Romano Guerra Editora.