7
Av. Profª Ida Kolb, 551, Casa Verde, CEP 02518-000, São Paulo- SP, Brasil Tel.: (+55) 11 3855-2100 Fax: (+55) 11 3951-7313 Caixa Postal 16.381, CEP 02599-970, São Paulo-SP, Brasil PUBLICIDADE Diretor: João Queiroz – joaoqueiroz@escala. com.br AGÊNCIAS Gerente: Fernanda Dias – fernandadias@ escala.com.br Executivos de Negócios: Fernanda Berna, Mariana Galvão, Paulo Sérgio de Moraes, Ricardo Inocêncio Pereira, Rogério Oliveira e Ulisses Martins DIRETOS Gerente: Claudia Arantes – [email protected] Executivos de Negócios: Adriana Mauro, Bruno Guerra, Marcelo Pires, Miriam Campanhã, Yone Catoira e Zélia Oliveira REGIONAIS Gerente: Alessandra Nunes [email protected] REPRESENTANTES: Brasília e Goiânia: Solução Publicidade - Beth Araújo (61) 3226 2218 / Ceará: Dialogar Comunicação – Izabel Cavalcanti (85)3264 7342 / Interior de São Paulo: L&M Editoração – Luciene Dias (19) 32317887 / Minas Gerais e Espírito Santo: NS&AMG – Newton Santo, Roberto Lúcio e Vera Santo (31) 2535 7333 / Paraná: Starter – Paulo Roberto Cardoso (41) 3332 8955 / Rio de Janeiro: Marca 21 - Marta Pimentel (21) 2224 0095 / Rio Grande do Sul: Starter - Cristina Zimmermann e Marcelo Lima (51) 3327 3700 / Santa Catarina: Starter – Wiviani Wagner (48) 3024 4398. ASSISTENTES COMERCIAIS: Luciane Freitas (11) 3855 2247 - Taciana Oliveira (11) 3855 2244 TRÁFEGO: Adriana Neiva (11) 3855-2179, Carolina Venturini e Joel Brogliato – [email protected] MARKETING E COMUNICAÇÃO Gerente de Marketing: Suelene Veludo Assistente de Marketing: Jackelin Wertheimer Assistente de Marketing Web: Bruna Pelligotti Gerente de Comunicação: Patricia Filgueira Assessora de Imprensa: Júlia Furquim Assistente de Criação: André Martins Assistentes de Arte: Priscila Fosco e Bruno Miramontes Gerente de Projetos Especiais, Eventos e Parcerias: Ritha Corrêa Assistente: Luiz Eduardo Oliveira VENDAS DE REVISTAS E LIVROS (+55) 11 3855-1000 [email protected] ATACADO – REVISTAS E LIVROS (+55) 11 4446-7060 [email protected] CENTRAL DE ATENDIMENTO Tel.: (+55) 11 3855-1000 Fax: (+55) 11 3857-9643 [email protected] Distribuição com exclusividade para todo o BRASIL, Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907. Tel.: (+55) 21 3879-7766. Números anteriores podem ser solicitados ao seu jornaleiro ou na central de atendimento ao leitor, ao preço do número anterior, acrescido dos custos de postagem. Disk Banca: Sr. jornaleiro, a Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá os pedidos dos anteriores da Editora Escala enquanto houver estoque. www.escala.com.br Filiada à IMPRESSÃO E ACABAMENTO Oceano Indústria Gráfica Ltda. Nós temos uma ótima impressão do futuro RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na Gráfica Oceano, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos. HOUVE ALTERAÇÕES SOMENTE AQUI 60 | RAÇA BRASIL QUADRINHOS CARTOONS IMAGENS DIVULGAÇÃO Em março do ano passado uma cópia da edição nº 1 da revista All-Negro Comics, publicada originalmente em 1947, foi a leilão. Hoje, muito rara e de grande valor, mas na época vendida por 15 centavos. Uma criação do jornalista negro Orrin C. Evans, da Filadélfia. Na verdade, ele vivia um momento histórico delicado, apesar de os quadrinhos já serem populares desde os anos 1930. Como qualquer outra arte, os gibis sempre foram espelho dos anseios e preconceitos de uma época. E como personagens ou super- heróis, a cultura negra contribuiu – e muito – para o desenvolvimento das histórias em quadrinhos Influência nos por ALEXANDRE DE MAIO 60 | RAÇA BRASIL

Quadrinhos Negros

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Matéria sobre personagens negros em quadrinhos

Citation preview

Page 1: Quadrinhos Negros

Redação diretora de Núcleo: Ethel Santaella; diretora de Redação: Maria Helena da Fonte. editora-chefe: Wivian Maranhão; Redatora: Shirley Santos; Chefe de arte: Luciana Cestini; assistente de arte: Marcela de Barros; estagiárias: Priscila Moreira e Tatiana Duarte; assistentes de redação: Denise Mello e Juliana Centamori Produção gráfica: Carolina Venturini e Marcelo de Castro, [email protected] Consultores: Roseli Rossi, Luiz Alberto Py, Valéria Goulart, Cynthia Antonaccio e Marcia Dal Médico. Colaboradores: Fabiana Gonçalves, Rita Trevisan, Rosani Andreani, Maria Araujo, Cláudia Zani e Ivonete Lucírio (texto); Marcela Pereira de Almeida (revisão); Priscila Prade, Marko Fortes e Fábio Mangabeira (foto); Cristian Heverson e Alê Duprat (produção); Elcio Aragão e Érica Monteiro (make); Tratamento de imagens: Giliard Andrade e Eduardo Barbosa

ononononono é uma publicação mensal da Editora Escala Ltda. ISSN 9999-9999. onononono não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo esse último de inteira responsabilidade dos anunciantes.

Av. Profª Ida Kolb, 551, Casa Verde, CEP 02518-000, São Paulo-SP, Brasil Tel.: (+55) 11 3855-2100 Fax: (+55) 11 3951-7313 Caixa Postal 16.381, CEP 02599-970, São Paulo-SP, Brasil

PUBLICIdade diretor: João Queiroz – [email protected] agêNCIas gerente: Fernanda Dias – [email protected] executivos de Negócios: Fernanda Berna, Mariana Galvão, Paulo Sérgio de Moraes, Ricardo Inocêncio Pereira, Rogério Oliveira e Ulisses Martins dIReTos gerente: Claudia Arantes – [email protected] executivos de Negócios: Adriana Mauro, Bruno Guerra, Marcelo Pires, Miriam Campanhã, Yone Catoira e Zélia Oliveira RegIoNaIs gerente: Alessandra Nunes – [email protected] RePReseNTaNTes: Brasília e goiânia: Solução Publicidade - Beth Araújo (61) 3226 2218 / Ceará: Dialogar Comunicação – Izabel Cavalcanti (85)3264 7342 / Interior de são Paulo: L&M Editoração – Luciene Dias (19) 32317887 / Minas gerais e espírito santo: NS&AMG – Newton Santo, Roberto Lúcio e Vera Santo (31) 2535 7333 / Paraná: Starter – Paulo Roberto Cardoso (41) 3332 8955 / Rio de Janeiro: Marca 21 - Marta Pimentel (21) 2224 0095 / Rio grande do sul: Starter - Cristina Zimmermann e Marcelo Lima (51) 3327 3700 / santa Catarina: Starter – Wiviani Wagner (48) 3024 4398. assIsTeNTes CoMeRCIaIs: Luciane Freitas (11) 3855 2247 - Taciana Oliveira (11) 3855 2244 TRÁFego: Adriana Neiva (11) 3855-2179, Carolina Venturini e Joel Brogliato – [email protected]

MaRkeTINg e CoMUNICação gerente de Marketing: Suelene Veludo assistente de Marketing: Jackelin Wertheimer assistente de Marketing Web: Bruna Pelligotti gerente de Comunicação: Patricia Filgueira assessora de Imprensa: Júlia Furquim assistente de Criação: André Martins assistentes de arte: Priscila Fosco e Bruno Miramontes gerente de Projetos especiais, eventos e Parcerias: Ritha Corrêa assistente: Luiz Eduardo Oliveira

VeNdas de ReVIsTas e LIVRos(+55) 11 3855-1000 [email protected]

aTaCado – ReVIsTas e LIVRos(+55) 11 4446-7060 [email protected]

CeNTRaL de aTeNdIMeNToTel.: (+55) 11 3855-1000 Fax: (+55) 11 3857-9643 [email protected]

Distribuição com exclusividade para todo o BRASIL, Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907. Tel.: (+55) 21 3879-7766. Números anteriores podem ser solicitados ao seu jornaleiro ou na central de atendimento ao leitor, ao preço do número anterior, acrescido dos custos de postagem.

disk Banca: Sr. jornaleiro, a Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá os pedidos dos anteriores da Editora Escala enquanto houver estoque.

www.escala.com.br

LOGO E SITEDA REVISTA

DADOS

DA

REDAçÃO

Filiada à

IMPRessão e aCaBaMeNToOceano Indústria Gráfica Ltda.

Nós temos uma ótima impressão do futuro

ResPoNsaBILIdade aMBIeNTaLEsta revista foi impressa na Gráfica Oceano, com emissão

zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos.

HOUVE ALTERAçÕES SOMENTE AQUI

ATENçÃO: LOGO ESCALA MUDOU ----->

60 | RAÇA BRASIL

QUADRINHOS

CARTOONS

IMA

GEN

S D

IVU

LGA

ÇÃ

O

Em março do ano passado uma cópia da edição nº 1 da revista All-Negro Comics, publicada originalmente em 1947, foi a leilão. Hoje, muito rara e de grande valor, mas na época vendida por 15 centavos. Uma criação do jornalista negro Orrin C. Evans, da Filadélfia. Na verdade, ele vivia um momento histórico delicado, apesar de os quadrinhos já serem populares desde os anos 1930. Como qualquer outra arte, os gibis sempre foram espelho dos anseios e preconceitos de uma época. E como personagens ou super-heróis, a cultura negra contribuiu – e muito – para o desenvolvimento das histórias em quadrinhos

Influência nos

por ALEXANDRE DE MAIO

60 | RAÇA BRASIL

Page 2: Quadrinhos Negros

60 | RAÇA BRASIL

QUADRINHOS

CARTOONS

IMA

GEN

S D

IVU

LGA

ÇÃ

O

Em março do ano passado uma cópia da edição nº 1 da revista All-Negro Comics, publicada originalmente em 1947, foi a leilão. Hoje, muito rara e de grande valor, mas na época vendida por 15 centavos. Uma criação do jornalista negro Orrin C. Evans, da Filadélfia. Na verdade, ele vivia um momento histórico delicado, apesar de os quadrinhos já serem populares desde os anos 1930. Como qualquer outra arte, os gibis sempre foram espelho dos anseios e preconceitos de uma época. E como personagens ou super-heróis, a cultura negra contribuiu – e muito – para o desenvolvimento das histórias em quadrinhos

Influência nos

por ALEXANDRE DE MAIO

60 | RAÇA BRASIL

Page 3: Quadrinhos Negros

RAÇA BRASIL | 61WWW.RACABRASIL.COM.BR

Os primeiros personagens negros refletiam estereótipos e discriminação. Nas publicações estavam sempre restritos a coadjuvantes ou a personagens cômicos, como na história Donald na África (Voodoo Hoodoo, publicada pela primeira vez em 1949), onde o zumbi Corongo perseguia o Tio Patinhas, e os nativos africanos eram caracterizados com inteligência limitada ou como pessoas que queriam tirar proveitos dos turistas. Seu conteúdo “discriminatório” fez com que várias cenas fossem alteradas ou apagadas quando a história rodou o mundo. Outros gibis traziam os mesmos preconceitos nos anos 1930,

como Fantasma, Jim das Selvas, Ka-zer e Tarzan, fatos que incomodavam os militantes negros que ganhavam força. Um deles era o jornalista Orrin C. Evans, membro da histórica Associação Nacional pelo Progresso das Pessoas de Cor (NAACP). Como muitos, ele acreditava no potencial educativo dos gibis em que heróis negros poderiam servir como referência positiva para as crianças afro-americanas. Assim, Orrin convocou várias artistas e, em 1947, lançou o All Negro Comics. O trabalho, porém, não passou da edição 1, devido a muitos problemas e pressões.

O primeiro personagem fixo negro dos quadrinhos foi Whitewash. Lançado como grande destaque da Marvel, era caracterizado como um “mano” do Harlem, sempre salvo pelos poderosos parceiros. Uma garantia de gargalhadas com seu jeito atrapalhado. Will Eisner, com sua série Spirit também trouxe o Ébano Branco, que se destacava pelo jeito errado de falar, fazendo com que o grande mestre dos quadrinhos, anos mais tarde, admitisse que tinha errado a mão. Coisa semelhante aconteceu com Lothar, criado por Lee Falk para a série Mandrake, o Mágico. Os anos se passaram e esse nicho de mercado foi ocupado por outras editoras como a Fawcett, que publicou uma revista chamada Negro Romance, em 1955.

Alguns atletas negros como Joe Lewis e Jack Robinson chegaram a ter suas biografias quadrinizadas. Em 1953, a editora EC Comics publicou In Gratitude, onde um veterano de guerra questionava seus conterrâneos por se recusarem a enterrar um amigo negro. Em outra história intitulada Judgement Day, um astronauta vai a um planeta e desafia a segregação da sociedade de robôs dividida em azuis e laranjas. Só no último quadro ele se revela um homem negro. Perseguida pelos puritanos da época, a editora foi à falência. Tempos difíceis...

O COMEÇO DA OUSADIA

John Stewart é um personagem negro de quadrinhos publicados pela DC Comics. Ele apareceu pela primeira vez em Green Lantern vol. 2 # 87 (Dezembro 1971), e foi criado por Dennis O’Neil e Neal Adams.

Raridades: edições All-Negro Comics, a primeira revista em quadrinhos com personagens negros

RAÇA BRASIL | 61WWW.RACABRASIL.COM.BR

Page 4: Quadrinhos Negros

62 | RAÇA BRASIL62 | RAÇA BRASIL

CARTOONS

As alas mais radicais do movimento negro, como a Nação do Islã, de Malcom X, e o Partido dos Panteras Negras, tinham simpatizantes dentro do universo dos quadrinhos e isso influenciava diretamente a produção da Marvel. Em 1965, Stan Lee lançou um gibi de guerra, Sargento Fury e o Comando Selvagem, que tinha o personagem Gabe Jones – soldado e músico de jazz que se expressava em um inglês impecável e sua bravura no campo de batalha era sempre ressaltada. Mas o grande personagem da época veio no ano seguinte, inspirado pelo surgimento do Partido Panteras Negras, onde os artistas Stan Lee e Jack Kirby (mesmo sem nunca terem confessado) introduziram na edição 52 do Quarteto

Fantástico o primeiro super-herói negro da história dos comics: o Pantera Negra! Ele assumiu o trono de um fictício reino africano chamado Wakanda, depois da morte de seu pai. Viajou para a América, onde estudou e se transformou em um brilhante cientista. Ao retornar a Wakanda, ingeriu uma erva sagrada que expandiu sua força, agilidade e sentidos. Negociando o metal vibranium - só encontrado em Wakanda - transformou seu reino na nação mais evoluída tecnologicamente do Universo Marvel. O público gostou do que viu e o personagem fez mais algumas aparições no título. Em 1968, no gibi Avengers 52, o Pantera Negra tornou-se membro de Os Vingadores.

PRIMEIRO HERÓI DA RAÇA

O personagem Pantera Negra, de Stan Lee foi inspirado na facção de mesmo nome, que pregava o uso da violência

OS PRIMEIROS PERSONAGENS NEGROS REFLETIAM ESTEREÓTIPOS E DISCRIMINAÇÃO. NAS PUBLICAÇÕES ESTAVAM SEMPRE RESTRITOS A COADJUVANTES OU A PERSONAGENS CÔMICOS”

62 | RAÇA BRASIL

Page 5: Quadrinhos Negros

RAÇA BRASIL | 63WWW.RACABRASIL.COM.BRWWW.RACABRASIL.COM.BR RAÇA BRASIL | 63

FOTO

ARQ

UIV

O P

ESSO

AL

FOTO

ARQ

UIV

O P

ESSO

AL

Tudo era motivo para estarem juntos: festas juninas...

... ou �m-de-semana no campo, para “bebemorar”

Na mesma época, a DC Comics (concorrente da Marvel), de personagens como Super-Homem e Batman, publicou timidamente gibis que discutia a negritude. Mas um terrível caso marcou a editora, em 1969. Os diretores invadiram a gráfica e mandaram suspender o gibi que trazia a história da Turma Titã #20 que, na opinião deles, pregava o racismo “ao contrário”. No roteiro frases como “eu vou dar um jeito nesses últimos 300 anos de racismo, seus brancos metidos!”. Uma história onde um herói negro chamado Jericó ajudava o seu irmão – manipulado por um vilão - querendo provar a ele que mais importante que o uso da violência era a luta pacífica pela igualdade entre as raças. Mas os editores não entenderam assim, ou, mais provavelmente, tinham medo de uma reação negativa dos conservadores. O desenhista Neal Adams ainda se prestou ao papel de refazer a história, transformando o negro Jericó em um adolescente branco com novos diálogos. Os negros foram pintados de azul. As mudanças enfureceram os roteiristas, que saíram da DC, acusando a editora de racismo por ter censurado uma história que tinha um super-herói negro. Ainda nesse ano o personagem Falcão ganhou tanto destaque nas histórias do Capitão América que a revista passou a se chamar Captain America and the Falcon.

Nos anos 1970, as reivindicações dos negros se concretizavam e uma grande “invasão” aconteceu nos cinemas, na música e, é claro, nos quadrinhos. Foram dezenas de personagens, como Vykin, da revista Povo da Eternidade (1971) – o primeiro super-herói negro da DC, com poderes magnéticos e grande inteligência, feito por Jack Kirby. A editora não parava, talvez movida pelo fiasco da acusação de racismo envolvendo a Turma Titã 20. Um ano antes ela revelou que em Krypton (planeta natal do Super-Homem) havia negros e que a Mulher-Maravilha tinha uma irmã afro-descendente. A Marvel não ficava atrás e, a partir da edição 5 do gibi Jungle Action, finalmente começou a publicar as aventuras-solo do Pantera Negra. Na mesma época, surgiu o primeiro super-herói negro a estrear em seu próprio título, o glorioso Luke Cage. O gibi de estreia, Luke Cage Hero for Hire (Luke Cage Herói de Aluguel), lançado em 1972, contava sua origem: injustamente condenado por um crime que não cometeu, ele foi enviado à prisão de Seagate, onde participou de um experimento científico sabotado por um guarda racista, porém, isso fez com que o herói ganhasse superforça e invulnerabilidade. Usando seus novos dons, ele fugiu da cadeia e se refugiou no bairro americano do Harlem. Em 1975, surgiu um dos personagens mais famosos da atualidade: a exuberante Tempestade, na revista Giant Size X-Men 01. Outro, que mais tarde fez sucesso no cinema e que nasceu nos anos 1970, foi Blade, o Caçador de Vampiros, estreando na edição 10 de Tomb of Dracula, em 1973. Em 1977, chegou às bancas Pantera Negra 1, que teve vida curta, assim como o gibi solo de Raio Negro. O mais bem-sucedido dessa época foi Cyborg, membro do grupo de heróis Novos Titãs, surgindo no gibi de estreia da equipe (New Teen Titans 1, de 1980).

UM CASO DE RACISMO

A EXPLOSÃO NEGRA

Na mesma época, a DC Comics (concorrente da Marvel), de personagens como Super-Homem e Batman, publicou timidamente gibis que discutia a negritude. Mas um terrível caso marcou a editora, em 1969. Os diretores invadiram a gráfica e mandaram suspender o gibi que trazia a história da Turma Titã #20 que, na opinião deles, pregava o racismo “ao contrário”. No roteiro frases como “eu vou dar um jeito nesses últimos 300 anos de racismo, seus brancos metidos!”. Uma história onde um herói negro chamado Jericó ajudava o seu irmão – manipulado por um vilão - querendo provar a ele que mais importante que o uso da violência era a luta pacífica pela igualdade entre as raças. Mas os editores não entenderam assim, ou, mais provavelmente, tinham medo de uma reação negativa dos conservadores. O desenhista Neal Adams ainda se prestou ao papel de refazer a história, transformando o negro Jericó em um adolescente branco com novos diálogos. Os negros foram pintados de azul. As mudanças enfureceram os roteiristas, que saíram da DC, acusando a editora de racismo por ter censurado uma história que tinha um super-herói negro. Ainda nesse ano o personagem Falcão ganhou tanto destaque nas histórias do Capitão América que a revista passou a se chamar Captain America and the Falcon.

RAÇA BRASIL | 63WWW.RACABRASIL.COM.BR

Capitão América e Falcão Negro

Cyborg

Page 6: Quadrinhos Negros

64 | RAÇA BRASIL64 | RAÇA BRASIL

CARTOONS

Spawn

64 | RAÇA BRASIL

Page 7: Quadrinhos Negros

RAÇA BRASIL | 65WWW.RACABRASIL.COM.BR RAÇA BRASIL | 65WWW.RACABRASIL.COM.BR RAÇA BRASIL | 65

Em 1992, Todd McFarlane, embalado pelo estilo único e seu sucesso em Homem Aranha, se juntou aos artistas mais fortes da época e, rompendo o monopólio, fundaram sua própria editora, a Image Comics. Novamente a indústria passava a ser comandada pelos autores, pelos desenhistas. O grande símbolo dessa reviravolta foi o personagem Spawn. Sua tradução seria algo como a “Cria do Inferno”. Um mercenário negro americano se vê transformado em demônio desfigurado com grandes poderes depois de fazer um pacto para voltar à

vida, impulsionado pelo seu amor à esposa. A mistura de herói clássico com capa e uniforme e a influência de literatura e mitologia pelos traços impecáveis e revolucionários de Todd McFarlane fizeram da publicação o maior sucesso nos quadrinhos e criaram uma nova fase na indústria dos brinquedos. É o personagem negro mais bem-sucedido do ponto de vista comercial nos quadrinhos. Outro fato da história recente é a Milestone Media, que se propõe à criação de personagens negros e latinos feito por artistas dessas etnias. No Brasil, a Milestone teve algumas aventuras publicadas na única edição impressa do gibi Black Force, da falida Editora Magnum. Em 1994, a Marvel voltou com Blade. O projeto teve poucas edições, mas isso se refletiu em 1999, quando na pele do astro Wesley

NOVOS TEMPOS

Snipes, o título ganhou as telas, se tornando um tremendo sucesso de bilheteria, sendo o estopim que a Marvel precisava para lançar X-Men, Hulk e Homem Aranha nos telonas. Em 1998,

o personagem Triatlo gerou polêmica por entrar na equipe de Os Vingadores por um sistema de cotas, afinal o grupo

de super-heróis atuava sobre licença governamental. Em 2002, a minissérie

Truth – Red, White and Black, que recontou a origem do Capitão

América, trazia um paralelo com fatos reais que aconteceram nos Estados Unidos onde, nos anos trinta e quarenta, o governo patrocinava pesquisa sobre a sífilis em comunidades negras pobres. Ao invés de

tratar os doentes, os médicos-pesquisadores davam para

eles placebo (remédio inócuo e sem efeito) apenas para poderem

estudar os efeitos da sífilis no organismo humano. Nos quadrinhos é revelado que

os experimentos que deram origem ao Capitão América vitimaram vários soldados negros, exceto um, que teve seu destino contado na série. O herói Falcão Noturno (Nighthawk) foi reformulado e na sua nova origem é um negro milionário e radical que, quando combate o crime, prefere salvar pessoas negras a brancas, devido ao fato de seus pais terem sido mortos por racistas.

A influência da cultura negra nos quadrinhos pode ser notada em alguns personagens, como Azeitona, do trio humorístico Reco-Reco, Bolão e Azeitona, do cartunista Luis Sá, no início dos anos 1930. Nos anos 1970, Ziraldo, inspirado no folclore brasileiro, criou Pererê. O personagem Pedrão foi destaque nas aventuras de Zé Carioca. Mauricio de Sousa introduziu na Turma da Mônica o menino Jeremias e, no final dos anos setenta, lançou o gibi Pelezinho.

E NO BRASIL...

Blade

A influência da cultura negra nos quadrinhos pode ser notada em alguns personagens, como Azeitona, do trio humorístico Reco-Reco, Bolão e Azeitona, do cartunista Luis Sá, no início dos anos 1930. Nos anos 1970, Ziraldo, inspirado no folclore brasileiro, criou Pererê. O personagem Pedrão foi destaque nas aventuras de Zé Carioca. Mauricio de Sousa introduziu na Turma da Mônica o menino Jeremias e, no final dos anos setenta, lançou o gibi Pelezinho.

E NO BRASIL...

RAÇA BRASIL | 65WWW.RACABRASIL.COM.BR