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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Profª. Magali Ribeiro Collega FACULDADE ANHANGUERA DE BAURU Página 1 Direito – 4º Termo QUADRO SINÓTICO PONTO N.05 OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS E SOLIDÁRIAS OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS 1. INTRODUÇÃO; 2. OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS (ou CONJUNTAS); OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 1. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS A) SOLIDARIEDADE ATIVA; B) SOLIDARIEDADE PASSIVA; C) SOLIDARIEDADE MISTA; 2. DA SOLIDARIEDADE ATIVA 2.1 CARACTERISTICAS DA SOLIDADERIEDADE ATIVA 2.2 EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SOLIDARIA 3. SOLIDARIEDADE PASSIVA 3.1. PRINCIPAIS EFEITOS DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA 3.2. PAGAMENTO PARCIAL 4. EXTINÇÃO DA SOLIDARIEDADE 5.RELAÇÕES DOS CO-DEVEDORES ENTRE ELES

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QUADRO SINÓTICO PONTO N.05 OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS E SOLIDÁRIAS

OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS

1. INTRODUÇÃO;

2. OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS (ou CONJUNTAS);

OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

1. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

A) SOLIDARIEDADE ATIVA;

B) SOLIDARIEDADE PASSIVA;

C) SOLIDARIEDADE MISTA;

2. DA SOLIDARIEDADE ATIVA

2.1 CARACTERISTICAS DA SOLIDADERIEDADE ATIVA

2.2 EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SOLIDARIA

3. SOLIDARIEDADE PASSIVA

3.1. PRINCIPAIS EFEITOS DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA

3.2. PAGAMENTO PARCIAL

4. EXTINÇÃO DA SOLIDARIEDADE

5.RELAÇÕES DOS CO-DEVEDORES ENTRE ELES

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OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS

1. INTRODUÇÃO

Quando se fala em pluralidade de sujeitos, é preciso que se saiba se a relação é parciária ou solidária. A regra geral é a da parcialidade porque, para que a obrigação seja solidária, deve resultar diretamente da lei ou da vontade das partes. No, Direito Civil, a solidariedade não se presume (art.265 do CC).

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

A fixação convencional da solidariedade não carece de fórmulas

sacramentais; basta que as partes, ao contratar, deixem expresso no contexto expressões tais como: “in solidum”, “solidariamente”, “cada um pelo outro” etc. A contrário senso, se o contexto nada diz e se não decorre de texto legal, a obrigação é parciária.

2. OBRIGAÇÕES PARCIÁRIAS (ou CONJUNTAS)

As obrigações parciárias estão relacionadas com as divisíveis e com elas se confundem, porque têm como critério o fracionamento da prestação. Ademais, esta figura obrigacional está baseada no art.257 do CC, isto é, sendo a prestação divisível, a obrigação também será parciária, pois presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto os credores, ou devedores.

Assim, são parciárias as obrigações quando, havendo pluralidade subjetiva, cada um dos credores tem direito a uma fração do crédito e cada um dos devedores responde apenas parcialmente pelo débito. De acordo com os vários sujeitos da relação jurídica obrigacional podem ser: ativa, passiva e mista.

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Na ativa, cada um dos credores poderá exigir do devedor comum apenas uma fração do crédito. Ex.: Joaquim e Antônio emprestam a João R$ 100.000,00. Sendo parciária a obrigação, haverão dois vínculos distintos, o que equivale dizer que cada um das credoras poderá exigir apenas R$ 50.000,00 de João (se outra proporção não foi convencionada).

Na passiva de cada um dos devedores só poderá ser exigida, pelo credor

comum, uma fração do débito.

Ex.: João é credor de Antônio e Joaquim pela importância de R$ 100.000,00. Ele terá de dirigir-se a um e outro para conseguir o integral cumprimento da obrigação.

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Na mista, há vários devedores. Na hipótese de dois devedores, cada um dos credores só poderá exigir uma quarta parte de cada um dos devedores. A obrigação divide-se em quatro vínculos: o número de credores multiplicado pelo número de devedores.

QUADRO GERAL

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OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

1. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

A definição de obrigação solidária está contida no art.264, in verbis “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado à dívida toda”.

Caracteriza-se a obrigação solidária pela multiplicidade de credores e/ou devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor únicos, ou estando cada devedor obrigado, pela dívida toda como se fosse o único devedor. Ex. Se Augusto e Bartolomeu danificarem o edifício de Carlos, causando-lhe estragos no valor de 9.000 cruzeiros, como a obrigação em que incorrem é solidária (art. 1.518, CC de 1916; art. 942 CC/2002), Carlos poderá exigir de um só deles, se quiser o pagamento dos 9.000 cruzeiros. Por outro lado, se Augusto pagar o total da indenização, Bartolomeu fica plenamente liberado perante o credor comum”. Na realidade, na solidariedade não se tem uma única obrigação, mas tantas obrigações quantos forem os titulares. Cada devedor passará a responde não só pela sua quota como também pelas dos demais; e, se vier a cumprir por inteiro a prestação, poderá recobrar dos outros as respectivas partes.

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à

reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão

solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas

designadas no art. 932.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do

trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,

mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

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A) SOLIDARIEDADE ATIVA:

Diz-se que há solidariedade ativa, ou entre credores, quando sendo vários os sujeitos ativos (vários credores), qualquer deles pode exigir do devedor comum a satisfação integral da obrigação. Ex.: Se Antônio e Joaquim forem credores solidários de João, pela quantia de R$ 100.000,00, qualquer um deles tem o direito de reclamar e receber a importância integral do devedor comum, sem que este possa alegar que a prestação não lhe cabe por inteiro, ou seja, que cada uma é credor de apenas parte. Sabe-se, portanto, que, pelo princípio da solidariedade estabelecida entre elas, qualquer uma pode exigir o cumprimento da obrigação pelo integral.

B) SOLIDARIEDADE PASSIVA:

Verificar-se quando, sendo vários os obrigados, qualquer deles se responsabiliza, perante o credor comum, pela satisfação integral da obrigação. Ex.: Se João empresta R$ 100.000,00 a Joaquim e Antônio, estipulando-se o regime da solidariedade, o credor poderá exigir de qualquer um dos devedores, à sua escolha, o cumprimento integral da prestação debitória.

C) SOLIDARIEDADE MISTA:

É a que se dá, concomitantemente, quanto a credores e devedores. Assim, qualquer um dos credores poderá exigir de qualquer um dos devedores o cumprimento integral, como podem ambos os credores exigir de ambos os devedores.

A mais vantajosa das modalidades de solidariedade, do ponto de vista do credor, é a passiva, já que ela representa uma forte garantia para o direito do credor, que pode dirigir-se, indistintamente, contra qualquer dos devedores, sem necessidade de fracionar seu crédito.

Há que atentar-se, finalmente, para a solidariedade resultante da lei. Ex.: A fiança importa, em tese, o compromisso de solidariedade, resultante diretamente de texto legal. O mesmo quanto ao “aval” – o avalista está tão obrigado ao pagamento da dívida quanto o devedor – eles são co-devedores e, nessa qualidade, estão coobrigados ao cumprimento da obrigação.

2. DA SOLIDADERIEDADE ATIVA

Solidariedade ativa é a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o devedor comum, em virtude da qual cada um tem o direito de exigir deste o

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cumprimento da prestação por inteiro. Pagando o débito a qualquer um dos co-credores, o devedor se exonera da obrigação. É raro encontrar-se hoje um caso de solidariedade ativa no mundo dos negócios, por oferecer alguns inconvenientes: o credor que recebe pode tornar-se insolvente; pode, ainda, não pagar aos consortes as quotas de cada um. Por essa razão, afirma ARNOLDO WALD, constitui ela instituto decadente, de importância diminuta, “pois visa a permitir a representação recíproca dos credores, que é alcançada, com maiores garantias, pelo mandato que um credor pode outorgar a outro. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO afirmava que, “nessa espécie de solidariedade, os credores ficam à mercê uns dos outros, fiados exclusivamente na sua probidade e honradez. Se todos são dignos e corretos, nada existe a temer. Aquele a quem seja pago o débito entregara certamente aos consortes, com a maior pontualidade, as quotas de cada um. Se o accipiens, todavia, não tem escrúpulo nem prima pela honestidade, dissipara a prestação recebida e se for insolvente, desamparados estarão os concredores, que nada mais poderão reclamar do primitivo devedor”. A solidariedade ativa, apesar das desvantagens que traz aos credores, oferece ao devedor a comodidade de poder pagar a qualquer dos credores, à sua escolha, sem necessidade de procurar os demais. Por outro lado, qualquer dos credores solidários pode reclamar cumprimento integral da prestação, sem que o devedor possa arguir o caráter parcial do direito pleiteado pelo requerente. O devedor conserva-se estranho à partilha, não podendo pretender pagar ao postulante apenas uma parte, a pretexto de que teria de ser rateada entre todos a importância paga.

2.1 CARACTERISTICAS DA SOLIDARIEDADE ATIVA

Dispõe o art. 267 do Código Civil:

Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.

O devedor não pode pretender pagar ao credor demandante apenas quantia equivalente à sua quota-parte, mas terá, isto sim, de pagar-lhe a dívida inteira. Em outras palavras, o devedor acionado por qualquer dos credores não pode opor a exceção de divisão e pretender pagar por partes, visto ser-lhe estranha a relação interna entre os credores. Por sua vez, preceitua o art. 268 do Código Civil:

Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.

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Enquanto não houver cobrança judicial, o devedor poderá pagar a qualquer dos credores à sua escolha. Cessará, todavia, esse direito de escolha, na hipótese de um ou alguns deles ajuizarem ação de cobrança. Em tal hipótese, “pelo princípio da prevenção, bastante parecido com o que vige no direito processual (CPC, arts. 58 ao 60), o devedor só se libera pagando ao próprio credor que tomou a iniciativa. Não se exonerará, porém, se vier a pagar a qualquer outro concredor, arriscando-se, se o fizer, a pagar duas vezes”. Se todos os credores ajuizarem conjuntamente a demanda, não terá havido concentração e o devedor conservará a sua liberdade de escolha. O pagamento será, contudo, do todo. Pelo mesmo fundamento, o devedor será reintegrado no direito se opção , se o credor que ajuizou a demanda dela desistir, ou se for extinta sem exame do mérito. Proclama o art. 270 do Código Civil:

Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

Trata da denominada refração do credito, tradicional critério que serve para distinguir critério que serve para distinguir a solidariedade da indivisibilidade. Os herdeiros do credor falecido não podem exigir, por conseguinte, a totalidade do credito e sim apenas o respectivo quinhão hereditário, isto é, própria quota no credito solitário de que de cujus era titular, juntamente com outros credores.

Assim não acontecerá, todavia, nas hipóteses seguintes:

Se o credor falecido só deixou um herdeiro;

Se todos os herdeiros agem conjuntamente;

Se indivisível a prestação. Em qualquer desses casos, pode ser reclamada a prestação por inteiro. Para os demais credores, nenhuma inovação acarreta o óbito do consorte; para eles permanece intacto, em toda a plenitude e em qualquer hipótese, o vínculo da solidariedade, com todos os seus consectários.

Observa-se, assim, que o vínculo solidário, transferindo-se aos herdeiros, perde em eficácia e extensão, uma vez que os direitos do credor solidário falecido se transmitem aos herdeiros em conjunto, e não a um só deles, isoladamente. Ao herdeiro, isoladamente considerado, os direitos do falecido se transmitem pro parte.

Estatui, por sua vez, o art. 271 do Código Civil:

Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.

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Mesmo com a conversão em perdas e danos, a unidade da prestação não é comprometida. Liquidada a obrigação e fixado seu valor pecuniário, continua cada credor com direito a exigir o quantum total, tendo em vista que a solidariedade permanece, pois emana da vontade contratual ou da lei, que não foram alteradas, e não da natureza do objeto.

Prescreve, ainda, o art. 273 do Código Civil:

Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.

Trata-se de inovação do Código Civil de 2002. O devedor não pode opor a um dos credores solidários exceções pessoais que poderia opor a outros credores, isto é, exceções que prejudicariam outros credores.

Assim, por exemplo, se o devedor esta sendo cobrado em juízo por um credor plenamente capaz, não pode alegar, em seu benefício, e em detrimento daquele, defeito na representação ou assistência de outro credor solidário, pois tal exceção, sendo pessoal, só a este pode ser oposta.

Dentre as exceções pessoais que podem ser arguidas, as mais comuns são: vícios de consentimento (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo), incapacidade jurídica, inadimplemento de condição que lhe seja exclusiva, moratória etc.

Podem ser opostas, ainda, exceções objetivas, como as concernentes ao próprio negocio, como inexistência de causa, objeto ilícito, impossibilidade da prestação, extinção da obrigação etc.

Podem ser opostas, ainda, exceção objetivas, como as concernentes ao próprio negocio, como inexistência de causa, objeto ilícito, impossibilidade da prestação, extinção da obrigação etc.

Exceção é palavra técnica que tem hoje o significado de defesa. Dispõe, por fim, o art. 274 do estatuto civil:

Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.

O julgamento contrário a um deles não impede que os demais acionem o devedor e cobrem dele o valor integral da dívida. Mesmo porque díspares podem ser as relações jurídicas referentes a cada titular, isoladamente considerado, evidenciando assim a presença de múltiplas obrigações a integrarem o conteúdo da obrigação solidária.

Já se disse, com efeito, que na solidariedade não se tem uma única obrigação quantos forem os titulares. Assim, a obrigação solidária não se encerra numa só obrigação, mas se desdobra. Intuitivo, pois, que o julgamento contrário a um dos credores não suprime o direito dos demais.

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Aduz o dispositivo ora comentado que o julgamento favorável a um dos credores aproveita aos demais – o que se justifica plenamente, porque a solidariedade tem por escopo estabelecer o tratamento da pluralidade pela unicidade, ou seja, unificar o múltiplo. Unem-se os credores para conseguir o mesmo fim. Embora se tenha, na solidariedade, mais de um credor, qualquer deles representa a totalidade ativa.

Não haverá tal conseqüência, contudo, se julgamento favorável fundar-se em exceção pessoal ao credor que o obteve (CC, art. 274, ultima parte).

Cada devedor pode opor em sua defesa, nas obrigações solidárias, as exceções gerais, bem como as que lhe são próprias. Não aproveitara aos demais credores, por exemplo, o julgamento favorável ao único credor que cumpriu a condição suspensiva ao qual o pagamento estava subordinado.

2.2 EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA

Prescreve o art. 269 do Código Civil:

Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.

O art. 269 restrotranscrito deixa claro que não é todo e qualquer pagamento feito a um dos credores, senão o integral, que produz a extinção total da dívida. O parcial a extingue somente “até o montante do que foi pago”.

A quitação do accipiens libera o devedor em face de todos os outros co-credores, ate o montante do que foi pago, podendo estes exigir a diferença, ou, se for o caso, provar, por todos os meios admitidos em direito, a simulação ou fraude que porventura a macule.

Tudo o que se diz a respeito do pagamento direto procede com relação a qualquer outro ato que, de alguma forma, fulmine o elemento objetivo da obrigação, ate o montante desse aniquilamento.

Desse modo, tanto vale o pagamento direto quanto o efetuado por formas indiretas. A compensação total operada com a dívida do accipiens, por exemplo, extinguirá inteiramente a dívida; se parcial, a extinguira até o montante abatido. O mesmo se diga da novação e da remissão.

3. SOLIDARIEDADE PASSIVA

A solidariedade passiva consiste na concorrência de dois ou mais devedores, cada um com dever de prestar a dívida toda.

Ao contrario da solidariedade ativa, a passiva é muito freqüente. Na solidariedade passiva unificam-se os devedores, possibilitando ao credor, para maior segurança do crédito, exigir e receber de qualquer deles o adimplemento, parcial ou total, da dívida comum.

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Para melhor compreensão, a solidariedade passiva deve ser analisada pelos lados extenso e interno da relação jurídica: nas relações dos devedores com o credor e nas dos devedores ente si. Encarada pelo lado externo, o conjunto de devedores se apresenta como se fosse um devedor único, pois dele pode o credor exigir a totalidade do credito.

Desse principio, decorre:

Que o credor pode dirigir-se à sua vontade contra qualquer dos devedores e pedir-lhes toda a prestação (CC, art. 275);

Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.

Que o devedor escolhido, estando obrigado pessoalmente pela totalidade, não pode invocar o beneficium divisionis e, assim, pretender pagar só a sua quota ou pedir que sejam convencidos os co-obrigados;

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Que uma vez conseguida de um só toda a prestação, todos os outro ficam livres (CC, art. 277);

Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.

Que consequência, assim como o credor pode agir contra um ou contra todos ao mesmo tempo, da mesma forma quanto tenha agido sem resultado ou com resultado parcial contra um ou vários, pode depois agir ainda contra os outros até completa execução da prestação;

Que se a prestação se torna impossível por culpa ou durante a mora de um ou de vários devedores, as consequências do fato culposo devem recair sobre o seu autor, mas não pode, por outro lado servir para libertar os outros obrigados solidariamente; o devedor, que esteja em culpa ou em mora, será por isso obrigado a responder na mais larga medida da indenização do dano, devendo todos os outros, pelo contrario, responder nos limites da aetimatio rei (CC, art. 279).

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.

Se, todavia, encaramos a questão sob o aspecto interno, encontraremos vários devedores, uns responsáveis para com os outros.

A solidariedade pode ser estipulada na convenção, como segurança para defesa do crédito. Às vezes a lei a prevê, para maior garantia das relações jurídicas. São inúmeros os exemplo de solidariedade instituída no próprio Código Civil, podendo ser destacados:

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Art. 942 e parágrafo único – entre autores, co-autores e as pessoas designadas no art. 932 (pais, tutores, empregadores etc.), pelos atos ilícitos que praticaram;

Art. 154 – entre terceiro autor da coação e a parte a quem ela aproveita, se a conhecia;

Art. 585 – entre as pessoas que forem simultaneamente comodatárias da mesma coisa, para com o comodante;

Art. 828, II – entre devedor principal e fiador, se este se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário;

Art. 1003 e parágrafo único – entre cedente e cessionário de quotas de sociedade.

3.1. PRINCIPAIS EFEITOS DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA

Direito individual de persecução. Cada credor (se for mais de um) tem direito de reclamar de qualquer dos devedores a totalidade da dívida (art.275). Não é aconselhável, no entanto, que o credor demande a mais de um devedor em processos diversos, concomitantemente, pois processualmente é inconveniente. Poderão ocorrer decisões contraditórias e não é isso que busca o sistema. Deverão, portanto, ser reunidas as ações para um julgamento conjunto. Com essa tônica deve ser visto o § único do art. 275.

Art.275: O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial, ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigado solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

Ao credor assiste o direito de exigir de um ou de alguns dos devedores

solidários a prestação da obrigação, o que fará da melhor forma que aprouver, podendo, inclusive, escolher um ou alguns dos devedores e exigir o pagamento integral ou parcial.

Embora, à primeira vista, possa parecer estranha a permissão contida no artigo supra, uma vez que a cobrança já se está procedendo, nada mais lógico e coerente do que o que vem ali disposto. É que, nos termos do art.275, o credor tem o direito de escolher qualquer dos devedores solidários, para dele exigir o pagamento, ou exigí-lo de todos eles conjuntamente.

Assim sendo, embora já proposta a ação contra um deles, mas se o pagamento ainda não foi efetuado integralmente, o direito do credor em receber a

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totalidade da dívida permanece integro, podendo assim, acionar outros devedores que não tenham figurado na primeira ação. O fato de o credor ter ajuizado a ação contra um dos devedores não significa renúncia quanto aos demais, mesmo porque, como se sabe, a renúncia não se presume.

Efeitos e consequência do pagamento parcial e da remissão. O pagamento parcial também pode ser efetuado, assim como a remissão –

art.277. Art.277: O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtidas não aproveitam aos outros devedores, senão até à ocorrência da quantia paga, ou relevada.

O pagamento parcial naturalmente reduz o credito. Sendo assim, o credor

só pode cobrar do que pagou, ou dos outros devedores, o saldo remanescente. Essa redução da prestação afeta a relação jurídica externa entre credor e devedores. O dispositivo em estudo pretende obstar um enriquecimento indevido do credor, que ocorreria se ainda lhe fosse permitido cobrar a dívida inteira.

A remissão ou perdão dado pelo credor a um dos devedores solidários não extingue a solidariedade em relação aos co-devedores, acarretando tão somente a redução da divida, em proporção ao valor remitido.

Os co-devedores não contemplados pelo perdão só poderão ser demandados com abatimento da quota relativa ao devedor relevado, não pela totalidade da dívida.

Na solidariedade ativa, ver o art. 272, nesta o perdão de um dos credores

exonera o devedor. Enfim, temos o art. 284, que assim dispõe:

Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.

A morte de um dos devedores solidários não extingue a solidariedade – art.276

Art.276: Se falecer um dos devedores solidários, deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

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Tal se deve pelo fato de que os herdeiros respondem pelos débitos do de

cujus desde que não ultrapassem as forças de herança (princípio do benefício do inventário). Cada herdeiro fica responsável por sua quota na parte do falecido, a menos que a obrigação seja indivisível, caso em que se mantém a solidariedade por impossibilidade material.

Verifica-se desse modo, que a morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade, que continua a onerar os demais co-devedores.

Cláusula, condição ou obrigação adicional:

Art.278: Qualquer cláusula, condição, ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros, sem consentimento destes.

O princípio geral é que ninguém pode ser obrigado a mais do que desejou,

a não ser que concorde expressamente. Os atos descritos nesse artigo alteram a relação obrigacional, prejudicando os devedores solidários. Poderão apenas obrigar o devedor que estipulou tais cláusulas, sem aquiescência dos demais.

Consequentemente, se um dos devedores estipula com o credor, á revelia dos demais, clausula penal, taxa de juros mais elevada ou outra vantagem, claro que semelhante, estipulação será pessoal restrita exclusivamente ao próprio estimulante, não podendo afetar, destarte, a situação dos demais co-devedores, alheios à nova estipulação.

Impossibilidade da prestação

Culpa. Se a obrigação se extingue sem culpa dos devedores, o princípio geral que extingue a dívida para todos. Porém, pode ocorrer que haja culpa de algum dos devedores.

Art.279: Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.

Se por exemplo, 3 pessoas tomaram emprestado um animal, pertencente

ao vizinho, tomando-se solidariamente responsáveis pela restituição, e o animal, objeto do comodato falecer em decorrência de um raio (força maior) antes que qualquer dos comodatários estivesse em mora, todos estão liberados, pois tal fenômeno da natureza, instável, afasta a responsabilidade dos devedores.

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Todavia, se a morte do animal, se der por culpa de todos ou quanto todos já estivessem em mora → TODOS RESPONDEM CONJUNTAMENTE PELAS CONSEQUANCIAS DA CULPA.

Portanto, a apenação de perdas e danos só será carreada ao culpado, igual solução ocorrerá se a impossibilidade da prestação se deu quando o devedor já estava em mora. Este responderá pelos riscos, mesmo que tenha havido caso fortuito ou força maior a tal propósito acrescenta o art.909.

Responsabilidade pelos juros

Art.280: Todos os devedores respondem pelos juros de mora ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.

Exceções pessoais e exceções gerais. Esse aspecto deve ser examinado com maior detalhe:

Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.

Fixemos, de plano, que o termo exceção significa forma e meio de defesa. Na obrigação solidária, embora haja uma única prestação devida, há

multiplicidade de vínculos motivada pela existência de mais de uma pessoa no pólo passivo ou no pólo ativo. De acordo com o dispositivo estudado, tudo que disser respeito à própria obrigação pode ser alegado por qualquer devedor demandado. Situações tais como inexistência da obrigação, quitação, ilicitude da obrigação, ausência de forma prescrita, prescrição, extinção da obrigação, tudo isso fere diretamente a obrigação, pois esse fenômenos colhem a obrigação em si, e não os diversos vínculos. Essas exceções, por isso, são denominadas comuns ou reais, e que nós preferimos denominar gerais, porque possibilitam a qualquer coobrigado alegá-las.

Porém, como essa obrigação é subjetivamente complexa, podem existir meios de defesa, exceções, particulares e próprias só a um (ou alguns) dos devedores. Aí, então, só o devedor exclusivamente atingido por tal exceção é que poderá alegá-la. São as exceções pessoais, que não atingem nem contaminam o vínculo dos demais devedores. Assim, um devedor que se tenha obrigado por erro, só poderá alegar este vício de vontade em sua defesa. Os outros devedores, que se obrigaram sem qualquer vício, não podem alegar em sua defesa a anulabilidade da obrigação, porque o outro coobrigado laborou em erro. Destarte, cada devedor pode opor em sua defesa, nas obrigações solidárias, as exceções gerais (todos coobrigados podem fazê-lo), bem como as exceções que lhes são

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próprias, as pessoais. Assim, não pode o coobrigado, que se comprometeu livre e espontaneamente, tentar invalidar a obrigação porque outro devedor entrou na solidariedade sob coação.

Em apertada síntese , podemos dizer que as exceções pessoais são meios de defesa que podem ser opostos por um ou vários dos co-devedores; exceções gerais são os meios de defesa que podem ser opostos por todos os co-devedores da obrigação solidária.

4. EXTINÇÃO DA SOLIDARIEDADE

A solidariedade, quer ativa ou passiva, pode desaparecer, deixando de existir, portanto, a faculdade ínsita a essa modalidade de obrigação, que é a de o credor exigir a dívida por inteiro de qualquer coobrigado ou de qualquer credor; na solidariedade ativa, pode exigir também a dívida toda do devedor.

Na solidariedade ativa, os credores poderão abrir mão da solidariedade, do mesmo modo que a criaram, isto é, convencionalmente: a partir de então, cada credor só poderá exigir sua quota-parte no crédito. O devedor só deverá pagar a quota respectiva a cada credor.

Há uma hipótese legal, contudo, na qual o vínculo da solidariedade, embora não desapareça, fica irregular. É a hipótese do art.276 do Código Civil.

Art.276: Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

Nesse caso, a solidariedade só desaparece para os herdeiros do falecido credor, persistindo essa espécie de vínculo para os credores solidários sobrevivos. Notemos, no entanto, que os herdeiros em questão, em conjunto, são tratados como o credor falecido; podem todos eles, em conjunto, exigir a dívida toda.

Como diz a lei, no caso de obrigação indivisível, os herdeiros do credor falecido podem, qualquer um deles, exigir a dívida por inteiro. Tal decorre da natureza material da prestação e não do vínculo jurídico. existe impossibilidade do cumprimento parcelado da obrigação.

No caso de solidariedade passiva, as situações de extinção são mais freqüentes.

Na hipótese de morte de um dos devedores solidários, deixando herdeiros – art.270

Art.270 Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a

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exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

Os herdeiros, portanto, serão responsáveis apenas por sua quota na dívida. Em conjunto, são considerados um único devedor. Enquanto não houver partilha, o crédito pode ser exigido do monte-mor. Após a partilha, o credor só poderá pedir a quota de cada herdeiro na dívida, não podendo os co-herdeiros ser compelidos a saldar a dívida toda.

Nos termos do art.282 também a renuncia pode extinguir a solidariedade.

Art.282 O credor pode renunciar à solidariedade em favor de , alguns, ou de todos os devedores. Parágrafo único: Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais

Entretanto, se houver rateio entre os co-devedores, para reembolso do devedor que solveu a obrigação, todos contribuirão, mesmo aqueles que tiveram a dívida remitida (art.284.sso porque se, por um lado é dado ao credor abrir mão de seu direito, tal não interfere ao relacionamento entre os vários devedores, porque nesse caso específico haveria agravamento da situação dos devedores em benefício de um (ou mais de um) deles.

Renunciar é abrir mão de direitos. Todos aqueles plenamente capazes podem fazê-lo. Deve a renúncia ser cabal. Pode ser expressa, quando o credor declara que não deseja mais receber o crédito, ou que, no caso, abre mão da solidariedade. Pode ser tácita, quando na falta de declaração expressa a atitude do credor é incompatível com a continuidade da solidariedade. É o caso, por exemplo, de o credor receber parcialmente de um devedor e dar-lhe quitação. Aí o credor demonstra desinteresse em receber a integridade da dívida. O mesmo ocorre quando o credor demanda judicialmente apenas parte do crédito a um devedor, ou recebe, reiteradamente, pagamentos parciais, sem qualquer reserva.

Na prática, são muitos os casos em que pode ocorrer extinção da solidariedade, ainda que não descritos em lei.

5. RELAÇÃO DOS CO-DEVEDORES ENTRE ELES

Extinta a divida, o que surge é um complexo de relações entre os próprios co-devedores. Nessa nova fase tudo o que importa é a apuração ou o rateio da responsabilidade entre os próprios co-devedores, pois entre eles a obrigação é divisível.

Dispõe, com efeito, o art. 283 do Código Civil:

Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua

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quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

Os efeitos da solidariedade passiva decorrem, em regra, de dois princípios:

unidade de dívida e pluralidade de vínculos. Perante os credores, todos os devedores, e cada um de per si, respondem pela dívida inteira. Entretanto, em face de seus consortes e da pluralidade de vínculos existentes, a obrigação já não é uma. O debito se divide e cada devedor responde apenas pela sua quota na divida comum.

Desse modo, a obrigação é solidária apenas na relação externa entre os devedores e o credor. Quem paga toda a dívida ao credor. Quem paga toda a divida ao credor, solve a sua parte e adianta a rata de seus consortes. Por essa razão faz jus ao reembolso, pela via regressiva.

As quotas dos co-devedores presumem-se iguais. Nada impede, contudo, que sejam desiguais, pois a referida presunção é apenas relativa. Incumbe ao devedor, que pretende receber mais, o ônus da prova da desigualdade nas quotas, da mesma forma que compete tal encardo ao devedor acionado, que pretende pagar menos (CPC, art. 373, II).

O acerto entre os co-devedores se faz por meio da ação regressiva (actio de in rem cerso).

5.1 INSOLVENCIA DE UM DOS CO-DEVEDORES SOLIDARIOS

O estado de insolvência de um dos co-devedores solidários impede o procedimento do rateio de forma igualitária, determinando ao acréscimo da responsabilidade dos co-devedores para cobrir o desfalque daí resultante. Disciplina o assunto o art. 284 do Código Civil:

Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.

Assim, por exemplo, se quatro são os devedores solidários e um deles cai

em insolvência, os outros três respondem, em partes iguais, pela quota deste, ainda que um deles tenha sido exonerado da solidariedade pelo credo.

Para melhor compreensão, ilustra-se: O credor de “A”, “B, “C” e “D”, pela quantia de R$ 360.000,00, renunciou à solidariedade em prol do primeiro (“A”), que lhe pagou sua parte , correspondente a R$ 90.000,00. Posteriormente , “D” caiu em estado de insolvência, ficando impossibilitado de contribuir para o pagamento da dívida, tendo “B” efetuado sozinho o pagamento dos R$ 270.000,00 restantes. Nesse caso, este ultimo (“B”), como titular do direito de regresso, poderá exigir de “C” a soma de R$ 120.000,00 (R$ 90.000,00 da sua quota + R$30.000,00 de participação na quota do insolvente), de “A”

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(exonerado da solidariedade), ficando ele próprio desfalcado também de R$ 120.000,00 (R$ 90.000,00 da sua quota inicial, acrescidos da participação, no montante de R$ 30.000,00, na parte do insolvente).

É direito dos coobrigados repartir entre todos, inclusive o devedor exonerado pelo credor, a parte do insolvente. Pode o credor romper o vinculo da solidariedade em relação ao seu credito, mas não pode dispor do direito alheio.