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“Quais outras filhas de Jericó”: prostituição e escravização na fronteira da Banda Oriental do Uruguai. Dr. Olgário Paulo Vogt (UNISC) Dr. Roberto Radünz (UCS/UNISC) A escravidão como tema de pesquisa tem sido abordado de múltiplas formas. Como réu ou vítima, o negro no século XIX foi responsabilizado judicialmente por seus atos na condição de cativo ou alforriado. Uma vez livre, não havia garantias de que essa alforria fosse condição de liberdade plena. Os casos de alforriados que, por circunstâncias espúrias ou meandros jurídicos, voltaram aos grilhões da escravidão, estão em parte registrados pela historiografia especializada do tema. Paralelo a esse processo, negros nascidos no Estado Oriental do Uruguai foram trazidos para o sul do Império e reduzidos ilegalmente à condição de escravos. No território vizinho, a escravidão havia sido abolida na década de 1840 e, portanto, o negro nascido nesse território havia sido concebido de ventre livre. O objetivo dessa comunicação é problematizar o caso de negros livres nascidos no território vizinho do Uruguai que foram reduzidos à escravidão. A base empírica é um processo crime de escravização (APERS: Civil e Crime. 1853, N. 2367, M. 71, E. 99) de pessoa livre. A abolição da escravidão no Uruguai

Quais Outras Filhas de Jericó

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Quais outras filhas de Jeric: prostituio e escravizao na fronteira da Banda Oriental do Uruguai.Dr. Olgrio Paulo Vogt (UNISC)Dr. Roberto Radnz (UCS/UNISC)

A escravido como tema de pesquisa tem sido abordado de mltiplas formas. Como ru ou vtima, o negro no sculo XIX foi responsabilizado judicialmente por seus atos na condio de cativo ou alforriado. Uma vez livre, no havia garantias de que essa alforria fosse condio de liberdade plena. Os casos de alforriados que, por circunstncias esprias ou meandros jurdicos, voltaram aos grilhes da escravido, esto em parte registrados pela historiografia especializada do tema. Paralelo a esse processo, negros nascidos no Estado Oriental do Uruguai foram trazidos para o sul do Imprio e reduzidos ilegalmente condio de escravos. No territrio vizinho, a escravido havia sido abolida na dcada de 1840 e, portanto, o negro nascido nesse territrio havia sido concebido de ventre livre. O objetivo dessa comunicao problematizar o caso de negros livres nascidos no territrio vizinho do Uruguai que foram reduzidos escravido. A base emprica um processo crime de escravizao (APERS: Civil e Crime. 1853, N. 2367, M. 71, E. 99) de pessoa livre.

A abolio da escravido no UruguaiAs leis abolicionistas uruguaias de 1842 e 1846 causaram um grande impacto nos proprietrios de escravos rio-grandenses, entre as dcadas de 1840 e 1860.Antes da Lei abolicionista uruguaia de 1842 (Anexo A), de Montevido, muitos proprietrios brasileiros encontravam-se de certa forma protegidos pelas medidas que o governo oriental adotava em relao entrada e permanncia de seus escravos no territrio.Foi isto que permitiu que durante a Revoluo Farroupilha (1835-1845), mais especificamente at o incio da dcada de 1840, proprietrios sul-rio-grandenses que procuravam evitar a requisio de seus escravos para o engajamento militar por tropas rebeldes ou realistas, os depositassem em propriedades no territrio oriental. (...) No entanto, a partir de 1841, a aproximao do confronto de Juan Manuel Rosas e Manuel Oribe contra Fructuoso Rivera no territrio oriental trouxe novos riscos para os proprietrios de escravos. Inverteu-se, dessa forma, a perspectiva de proteo no territrio oriental (...). (CA, 2012, pp. 3-4).A partir da a fronteira a fronteira entre o Imprio e a Repblica aparece de modo ambguo, sendo utilizada tanto com o fim de alcanar a liberdade como para a reescravizao.No s os escravos fugiam para solo uruguaio em busca da liberdade, como muitos traficantes e negociantes de escravos aproveitaram o momento para vender negros orientais livres. (CARATTI, 2013, p. 51).Era, portanto, uma fronteira imprecisa e mutvel, assim como a condio do escravo, que, mesmo conquistando a liberdade, no estava nem perto de ter uma condio estvel. A fronteira entre a liberdade e escravido era tnue. Mesmo no Estado Oriental do Uruguai, a liberdade no vinha seno com uma condio:De acordo com os historiadores uruguaios Alex Borucki, Karla Chagas e Natalia Stalla[footnoteRef:1], o nmero de escravos incorporados foi de algo em torno de 1600, dentre os quais 200 teriam ficado como trabalhadores forados a servio do governo. Esta lei de 1842 promoveu um crescimento progressivo de fugas de escravos do territrio brasileiro para o oriental. (...) Durante o perodo de 1842 a 1851, o fato dos escravos do Brasil terem conseguido a sua liberdade na fuga para o Uruguai, se devia mais a um princpio de liberdade por servio militar do que a um princpio de territrio livre. No bastava fugir e pisar em solo livre (apesar da relutncia, principalmente nesses tempos de guerra, o governo oriental teoricamente se comprometia a devolver tais escravos) para conseguir o perpetuamento de sua condio de liberdade, o escravo deveria se engajar no servio militar na Repblica Oriental. (CA, 2012, pp. 5-6). [1: BORUCKI, Alex; CHAGAS, Karla; STALLA, Natalia. Esclavitud y Trabajo: un estudio sobre los afrodescendientes en la frontera uruguaya (1835-1855). Montevidu: Plmon, 2004.]

Mesmo com essa condio, possvel imaginar que, do ponto de vista dos proprietrios brasileiros, o risco da fuga de escravos atravs da fronteira era muito grande, o que os levou a cobrar do Imprio a devoluo, por parte do Estado Oriental, dos escravos fugidos. Essa indenizao, pelo menos em teoria, foi uma das garantias conquistadas pelo Brasil nas negociaes ocorridas aps os conflitos platinos que ficaram conhecidos pela historiografia argentina e uruguaia como Guerra Grande.

A Guerra GrandeGuerra Grande ou Guerra Civil do Uruguai foi o enfrentamento ocorrido no Uruguai entre 1839 e 1851, entre os partidos blanco e colorado. Tais faces eram apoiadas, respectivamente, pelos dois principais partidos da Confederao Argentina: os federalistas e os unitrios. Alm disso, houve tambm a interveno temporria da Frana, do Imprio Britnico e do Imprio do Brasil, pendendo aos colorados.Conforme Jonas Moreira Vargas apresenta no captulo O Rio Grande do Sul e a Guerra do Paraguai, do livro O continente em armas: uma histria da guerra no sul do Brasil (VARGAS. In: GRIJ; NEUMANN. 2010. p. 123-152), vrios interesses estiveram envolvidos na interveno brasileira, que se deu principalmente pela Campanha contra Oribe e Rosas, em 1851.Desde meados do sculo XIX o preo acessvel da terra e a qualidade superior dos pastos uruguaios foram atrativos para que a regio se tornasse, praticamente, um apndice econmico e social dos estancieiros rio-grandenses:A campanha oriental era um imenso campo de engorda de gado para as charqueadas do Rio Grande do Sul e a criao extensiva das reses fazia com que estes estancieiros se expandissem cada vez mais para o interior do territrio vizinho. Nesse sentido, a economia charqueadora do Rio Grande apresentava-se fortemente dependente do gado daquela regio e qualquer fator que impedisse a continuidade dessa atividade produtiva poderia provocar uma crise econmica e poltica considervel (SOUZA & PRADO, 2004). (VARGAS, 2010. p. 126).Outro fator foi que, durante a guerra civil, o confisco de bens para servirem ao exrcito oriental passou a atingir altos nveis, o que levou os deputados rio-grandenses a pressionarem o Imprio, no sentido de obterem mais proteo, seja militarmente, seja por meio de acordos diplomticos. Porm, a negligncia da corte acabou induzindo a aes particulares em que vrios estancieiros, acompanhados de seus bandos, agiam por conta prpria. Essas incurses ficaram conhecidas como Califrnias.O governo imperial, portanto, foi obrigado a intervir, porm principalmente com o interesse de manter a livre navegao dos rios e o comrcio exterior, fator que fez com que apoiassem o partido colorado.

As tropas imperiais no UruguaiUm relato muito importante para a compreenso da rotina do exrcito brasileiro na campanha foi o do capito Carl Eduard Sieber [footnoteRef:2], que serviu junto com as tropas mercenrias alems alugadas em Hamburgo, totalizadas em mil e oitocentos homens. No cabe aqui uma descrio detalhada do relato, apenas afirmar que bastante crtico, pois, at o final da tropa, cerca de dois teros dos homens desertou, em diversos momentos, e pelos mais variados motivos, sendo principalmente pelo descaso das autoridades brasileiras quanto situao dos alemes. O autor confirma alguns dos elementos importantes para analisar o processo em questo. Primeiro, que muitas mulheres e crianas acompanhavam as tropas: [2: SIEBER, Carl Eduard. Retrospecto da Guerra Contra Rosas. In: Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro Tomo LXXVIII. Rio de Janeiro, 1916.]

Como se tem que conduzir consigo tudo o que preciso manuteno da vida, como as mulheres e as crianas acompanham em grande numero, principalmente na Guarda Nacional, aos maridos, succede que qusi sempre o trem quasi to grande quanto o proprio exercito, e uma fila, variegada e em continua movimentao, de mulas carregadas, conduzidas pelas ordenanas dos officiaes, de cavallos montados pelos diversos no combatentes, ou por mulheres, com ou sem crianas, accompanha, a pequena distancia direita, a columna de marcha de cada batalho, com o qual procura manter o passo. (p. 434). Tambm a fragilidade da fronteira brasileira-oriental, sendo o contrabando uma prtica muito comum:Os Castelhanos, ainda assim, excedem aos Brasileiros na habilidade em furtar cavallos, e, na Banda Oriental, aquelle que pela manh ainda encontrar o seu cavallo no mesmo logar em que amarrou na noite anterior, pode-se considerar feliz. (p. 413).Jaguaro, j de si o emporio do commercio da fronteira, estava ento muito movimentado pelo affluxo de numerosas familias de Castelhanos refugiados e como ponto de partida das columnas brasileiras de invaso pela esquerda, e, mesmo presentemente, acha-se em crescente florescimento, graas ao contrabando alli impudentemente practicado. (p. 468).Outro ponto a posio social que os negros ocupavam nos exrcitos, tanto no brasileiro quanto nos platinos:Si, pois, quizermos classificar o exercito brasileiro pelas cres, poderemos dizer que a infantaria preta, a artilharia branca e preta, e a cavallaria principalmente branca. (p. 408).Os efeitos do processo abolicionista no Uruguai:A escravido desappareceu completamente, neste paiz [Uruguai], com a conquista de sua independencia; mas, tambem, a totalidade da populao negra, que na verdade nunca foi aqui to numerosa como na provincia do Rio Grande, foi quasi inteiramente anniquilada. Os pretos libertos tomaram parte, como soldados, nas prolongadas guerras civis, e nellas succumbiram na maioria. (p. 398).Ainda, e de forma ambgua, defende a conduta dos homens comandados por Caxias, ao mesmo tempo em que denuncia as irregularidades cometidas por outros corpos da Guarda Nacional, mais ou menos independentes:Os habitantes de uma regio, atravessada por um exercito brasileiro sob o seu commando [conde de Caxias], certamente jamais tiveram motivo para pronunciar o seu nome com odio, pois, sua politica humana e concilliadora extranha qualquer natureza de oppresso (...). (p. 418).Si aos j mencionados accrescentarmos ainda alguns antigos officiaes dos Farrapos, como Chico Pedro e baro de Jacuhi, que commandavam corpos mais ou menos independentes de Guarda Nacional, e gozavam muito especialmente do qualificativo de , teremos conhecido todos os heres brasileiros deste drama incruento. (p. 421).Por fim, confirma os interesses do Imprio Brasileiro em empreender uma campanha to dispendiosa, que s poderia ter como justificativa fortes interesses econmicos:O inicio da regularizao das fronteiras , at hoje, a vantagem unica que o Brasil obteve de sua dispendiosa interveno. (p. 522).

As CalifrniasAs califrnias foram incurses armadas promovidas por estancieiras sulriograndenses, que invadiam o territrio uruguaio, visando obter gado e escravos fugidos, e que promoveu vrios sequestros de negros livres orientais, reescravizados em solo gacho. (...) o Comandante de Armas da Provncia, o Presidente da Provncia da mesma e o Ministro dos Negcios da Guerra trocavam ofcios reservados. Num deles, de 23.05.1863, so dadas informaes de pessoa residente no Termo de Uruguaiana, que parece bem informada dos acontecimentos e projetos que ali se do, relativamente a invaso do Estado Oriental por brasileiros, com desgnio de levarem a efeito a pilhagem de gados ou uma nova Califrnia, como por ali se denominam esses atos de verdadeiros salteadores. Isso seria promovido pelos membros da numerosa famlia Azambuja e denunciavam que cerca de 2.500 califrnios atravessaram a fronteira e que os viajantes que tem vindo ultimamente da oriental dizem que do Salto para baixo ningum fala nem pensa em Flores, no partido colorado, que todos encaram esse movimento como uma Califrnia de gados, planejada e executada somente por brasileiros. (CARATTI, 2013, p. 29).Entende-se ento, por fora das guerras oficiais, a prtica do roubo e do rapto foram comuns na fronteira entre o Rio Grande do Sul e a Repblica Oriental no sculo XIX. O prprio Simes Lopes Neto, no seu livro Contos Gauchescos & Lendas do Sul [footnoteRef:3], escreve: [3: Lopes Neto, Joo Simes, 1865-1916. Contos Gauchescos & Lendas do Sul / Simes Lopes Neto Porto Alegre: L&PM, 2012. 224p. (Coleo L&PM POCKET).]

Vai ento, os estancieiros iam em pessoa ou mandavam ao outro lado, nos espanhis, buscar plvora e balas, pras pederneiras, cartas de jogo e prendas de ouro pras mulheres e preparos de prata pros arreios...; e ningum pagava dzimos dessas coisas. (...) Isso veio mais ou menos assim at a guerra dos Farrapos; depois vieram as califrnias do Chico Pedro; depois a guerra do Rosas. A inundou-se a fronteira da provncia de espanhis e gringos emigrados. A coisa ento mudou de figura. A estrangeirada era mitrada, na regra, e foi quem ensinou a gente de c a mergulhar e ficar de cabea enxuta...; (...) No se lidava com papis nem contas de coisas: era s levantar os volumes, encangalhar, tocar e entregar!... (...) Rompeu a guerra do Paraguai. O dinheiro do Brasil ficou muito caro (...). Comeou-se a cargueirear de um tudo: panos, guas de cheiro, armas, minigncias, remdios, o diabo a quatro!... (...) Apareceram tambm os mascates de campanha, com bas escangalhados e canastras, que passavam pra l vazios e voltavam cheios, desovar aqui... Polcia pouca, fronteira aberta, direitos de levar couro e cabelo e nas coletarias umas papeladas cheias de benzedouras e rabioscas... Ora... ora!... Passar bem, paisano!... A semente grelou e est a rvore ramalhuda, que vanc sabe, do contrabando de hoje. (pp. 106-107).

O ProcessoO processo aberto em 1853 na vila de Jaguaro trata da crioula de nome Rita, 9 anos, natural da Colnia do Sacramento, Uruguai, filha de Raimunda e Maria, ambos livres e j falecidos. A r Domingas Gracelina, viva, 24 anos, natural da Provncia de So Pedro, moradora de Bag, filha de pais naturais do Estado Oriental, que vivia de suas rendas, e que acompanhara um regimento Colnia do Sacramento poca em que o Exrcito brasileiro intervira na Banda Oriental. Em Colnia a r contraiu amizade privada, ntima e ilcita com o capito Jos Caetano, da Guarda Nacional. Dali o acompanhara para Montevideo. Ao separarem-se, deu-lhe o capito como em prmio de suas condescendncias, e fragilidades, a crioula Rita. Regressando Provncia, enlaara-se com o cadete Cndido Xavier de Brito. Em Jaguaro, com a participao de seu amasiado, vendeu a menor Rita por 150 pataces Joaquina Maria Vieira. Esta procurou legalizar a propriedade ao pagar quatorze mil e quatrocentos reis na Coletoria da vila a ttulo de meia siza. O caso suscitou a abertura de um inqurito pelo subdelegado de Jaguaro. A Justia Pblica pronunciou Domingas como incursa no Artigo 179 do Cdigo Criminal de 1830. Julgada pelo Tribunal do Jri de Jaguaro e defendida por Guilherme Candido de H. Brito, a r acabou sendo absolvida e solta. Esse caso ilustra a existncia de trfico entre fronteiras, na qual no se enquadra nem o Atlntico nem o interno. No caso do Sul do Brasil, a fronteira com a Estado Oriental foi utilizada tanto para a fuga como para a escravizao ilegtima.

Consideraes Finais...

BibliografiaCA, Rachel da Silveira. Territorialidade e escravido: a questo do trnsito fronteirio de escravos entre Brasil e Uruguai (1830-1850). In: Revista OQ Dossi Abolio e Ps Abolio Ano 1 Nmero 1. Novembro de 2012.CARATTI, Jnatas Marques. O solo da liberdade: as trajetrias da preta Faustina e do pardo Anacleto pela fronteira rio-grandense em tempos do processo abolicionista uruguaio (1842-1862). So Leopoldo: Oikos; Editora Unisinos, 2013.LOPES NETO, Joo Simes, 1865-1916. Contos Gauchescos & Lendas do Sul / Simes Lopes Neto Porto Alegre: L&PM, 2012. 224p. (Coleo L&PM POCKET).SIEBER, Carl Eduard. Retrospecto da Guerra Contra Rosas. In: Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro Tomo LXXVIII. Rio de Janeiro, 1916.VARGAS, Jonas Moreira. O Rio Grande do sul e a Guerra do Paraguai. In: GRIJ, Luiz Alberto; NEUMANN, Eduardo (Org.). O continente em armas: uma histria da guerra no sul do Brasil. Rio de Janeiro: Apicuri, 2010, p. 123-152.

ANEXO A Lei abolicionista uruguaia de 1842 (Montevido)Artculo 1 - Desde la promulgacion de la presente resolucion, no hay ya esclavos en todo el territorio de la Republica.Artculo 2 - El Gobierno destinar los varones tiles que han sido esclavos, Colonos e pupilos, cualquiera que sea su denominacin, al servicio de las armas, por el tiempo que crea necessario.Artculo 3 - Los que no sean tiles para el servicio militar, y las mujeres se conservarn em clase de pupilos, al servicio de sus antiguos amos, com sujeccion, por ahora, la Ley Patria, sobre pupilos o colonos africanos.Artculo 4 - Los derechos que se consideran prejudicados por la presente resolucion sern indemnizados por leyes posteriores.Artculo 5 - Comunquese al Poder Ejecutivo para su cumplimento.Montevideo, Diciembre, 12 de 1842.Fonte: PICCOLO, Helga I. L. (org.). Coletnia de discursos parlamentares da Assemblia Legislativa da Provncia de So Pedro do Rio Grande do Sul: 1835-1889. Porto Alegre: Assemblia Legislativa do Estado do RS, 1998. p. 390.