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QUAL O CURRÍCULO PARA OS BEBÊS? ANGELA M. S. COUTINHO [email protected] NEPIE/UFPR Cândido Portinari

QUAL O CURRÍCULO PARA OS BEBÊS? ANGELA M. S. … · para a Educação Infantil •Art. 4º As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro

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QUAL O CURRÍCULO PARA OS BEBÊS?

ANGELA M. S. COUTINHO – [email protected]

NEPIE/UFPR

Cândido Portinari

Ponto de Partida

• Afirmação de Maria Malta Campos (2012, p.

19):

“[...] uma dificuldade [...] é a ausência de

propostas curriculares claras, aceitas e conhecidas

de todos os que atuam nas instituições”.

• Currículo/Orientações curriculares:

- Não é uma categoria estática, universal, homogênea e de significado óbvio.

- Socialmente construído.

• [...] não é um elemento inocente e neutro de transmissão

desinteressada do conhecimento social. O currículo está

implicado em relação de poder, o currículo transmite

visões sociais particulares e interessadas, o currículo

produz identidades individuais e sociais particulares

(MOREIRA; SILVA, 2002, p. 8, grifos nossos).

- EDUCAÇÃO INFANTIL: CONTEXTO MULTIFACETADO

- Instituições com finalidades diversas, gestadas em momentos históricos

concomitantes ou diferenciados, mas com uma marca: a co-existência

Guarda

Preparatória Compensatória

Com fim em si mesma

Creches e pré-

escolas

1995 – Critérios para o atendimento em creche que respeite os direitos

fundamentais das crianças – (indicativos ou mediadores curriculares):

documento que revela consonância com o paradigma de infância presente nos

debates acadêmicos e políticos, gestado de modo participativo, que antecedeu a

promulgação da LDBEN n. 9394/1996 - que inclui a Educação Infantil como

primeira etapa da Educação Básica.

1999 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – (mandatário) –

institui três princípios para as propostas pedagógicas: éticos, políticos e

estéticos.

1999 – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – (indicativos ou

mediadores curriculares) – analisado como demasiadamente prescritivo e

dissonante a todo o movimento vivido até então.

2009 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – (mandatário) –

reapresenta os princípios, ampliando suas dimensões, bem como apresenta uma

preocupação com os eixos de trabalho com as crianças pequenas – brincadeira e

interações, articulados com as concepções vigentes, bem como com as

diretrizes para a educação básica.

Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Básica

• Art. 6º Na Educação Básica, é necessário

considerar as dimensões do educar e do

cuidar, em sua inseparabilidade, buscando

recuperar, para a função social desse nível

da educação, a sua centralidade, que é o

educando, pessoa em formação na sua

essência humana (BRASIL, 2010).

Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Infantil

• Art. 3º O currículo da Educação Infantil é

concebido como um conjunto de práticas que

buscam articular as experiências e os saberes das

crianças com os conhecimentos que fazem parte

do patrimônio cultural, artístico, ambiental,

científico e tecnológico, de modo a promover o

desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos

de idade.

Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Infantil

• Art. 4º As propostas pedagógicas da Educação

Infantil deverão considerar que a criança, centro

do planejamento curricular, é sujeito histórico e de

direitos que, nas interações, relações e práticas

cotidianas que vivencia, constrói sua identidade

pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,

deseja, aprende, observa, experimenta, narra,

questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a

sociedade, produzindo cultura.

[...] as propostas pedagógicas das instituições de

Educação Infantil deverão prever condições para o

trabalho coletivo e para a organização de materiais,

espaços e tempos que assegurem:

• I - a educação em sua integralidade, entendendo o

cuidado como algo indissociável ao processo educativo;

• II - a indivisibilidade das dimensões expressivo-motora,

afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e

sociocultural da criança;

• III - a participação, o diálogo e a escuta cotidiana das

famílias, o respeito e a valorização de suas formas de

organização; [...].

Art. 9º As práticas pedagógicas que compõem a

proposta curricular da Educação Infantil devem

ter como eixos norteadores as interações e a

brincadeira, garantindo experiências que:

• VI - possibilitem situações de aprendizagem

mediadas para a elaboração da autonomia das

crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-

organização, saúde e bem-estar;

• Para Kramer (2002) um currículo ou proposta

pedagógica, reúne tanto as bases teóricas quanto

as diretrizes práticas nelas fundamentadas, bem

como aspectos de natureza técnica que viabilizam

sua concretização. Partindo do pressuposto de que

uma proposta pedagógica é um caminho, não um

lugar e de que toda proposta pedagógica tem uma

história que precisa ser contada, a proposta nasce

de uma realidade que pergunta e é também busca

de uma resposta; é diálogo.

• Precisamos:

- Conhecer as indicações existentes para a elaboração

das orientações curriculares.

- Retomar o percurso vivido e as experiências

elaboradas.

- (Re)Conhecer as especificidades do trabalho na

Educação Infantil dando visibilidade ao o que

selecionamos para organizar experiências que dão

corpo a um currículo para crianças de 0 a 3 anos.

- Conhecer as crianças: seus interesses, culturas, as

práticas sociais das suas famílias, os saberes que

possuem, o momento da vida em que se encontram –

se são bebês, crianças bem pequenas etc.

A questão do olhar torna-se fundamental para

retomarmos o tema da alteridade: “o olhar convoca

nossa dimensão ética na relação com o outro”

(Amorim, 1997). Ao reconhecer a diferença no

“Outro”, recuperamos a dignidade de nos

reconhecermos nos nossos limites, nas nossas

faltas, na nossa incompletude permanente, enfim,

em tudo isso que é essencial e verdadeiramente

humano e, ao mesmo tempo, inefável (PEREIRA;

SOUZA, 1998, p. 39)

O olhar...

humaniza.

- Relações Sociais

- Brincadeira

- Linguagens

- Relações com a natureza

- Categorias fulcrais a toda ação pedagógica:

*Educar-cuidar

*Espaço e tempo

*Relação com as famílias

TRÍADE RELACIONAL

CRIANÇA

PROFISSIONAIS FAMÍLIAS

DIÁLOGO

CONFRONTO

- Concepções basilares: Criança, infância e educação infantil

- Considerar os princípios que orientam o trabalho pedagógico na EI

- Tomar o processo de organização do trabalho pedagógico como fundamental à estruturação das experiências a serem propostas às crianças

DOCÊNCIA COM AS CRIANÇAS

PEQUENAS

• INTENCIONALIDADE

- A partir das orientações para o trabalho pedagógico na educação infantil, das observações e seu estudo, as professoras definem as proposições que serão planejadas no sentido de ampliar o repertório de experiências e saberes das crianças.

• MARAVILHAMENTO

- Dimensão a ser considerada como fundamental no trabalho pedagógico com as crianças pequenas: o ser humano nunca deve perder a capacidade de maravilhar-se com as pequenas coisas, mas para isso ele precisa, desde a mais tenra idade, saber que tem esse direito.

“O trabalho de cuidado requer

competência delicada e profunda e a

capacidade de um pensamento reflexivo

e interrogativo da parte do adulto que se

ocupa do crescimento da criança.

Necessita de um diálogo contínuo entre

o pensamento e a ação.” (COLOMBO,

2008, p.21)

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Algumas questões:

- Como lidar com a assimetria de poder na elaboração

de orientações curriculares?

- Como assegurar a dimensão do coletivo no processo

de sistematização?

- Como “orientar” sem prescrever?

- Como assumir e deixar claro a provisoriedade das

escolhas? Como assumir as escolhas?

- Temos que ter atenção a obrigatoriedade do 4 e 5,

pois esse processo não pode provoque um retrocesso

educação de 0 a 3 anos.

NECESSÁRIO:

• Estruturar processos coletivos de estudo e

sistematização das orientações curriculares

para a educação infantil, por meio da

formação em serviço, dos grupos de estudos

nas instituições etc. Esses processos

precisam envolver todos/as os/as

profissionais e o estudo em profundidade do

que constitui o contexto educativo para as

crianças pequenas.

• A maior riqueza do homem

é a sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como sou - eu

não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que

abre portas,

que puxa válvulas, que olha o relógio,

que compra pão às 6 horas da tarde,

que vai lá fora, que aponta lápis,

que vê a uva etc.

Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.

Eu penso renovar o homem usando

borboletas.

• Manoel de Barros

OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

Para continuar o diálogo,

acessem os sites:

www.nepie.ufpr.br

www.ced.ufsc.br/nupein

REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil. Resolução 05/2009 - Câmara da Educação Básica. Brasília, 2009. ______. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Básica. Resolução 04/2010 - Câmara da Educação Básica. Brasília, 2010. CAMPOS, Maria Malta. Infância como construção social: contribuições do campo da

Pedagogia. In: VAZ, Alexandre F.; MOMM, Caroline M (orgs.). Educação infantil: questões contemporâneas. Nova Petrópolis: Nova Harmonia, 2012, p. 11-20.

COUTINHO, Angela S.; ROCHA, Eloísa A. C. Bases Curriculares para Educação

Infantil. Ou isto ou aquilo. In: MEC. Revista criança. Brasília, ago. 2007, p. 09 -11. KRAMER, Sonia. Propostas pedagógicas ou curriculares de educação infantil: para

retomar o debate. In: 25ª Reunião Anual da ANPED. Caxambu, MG, 2002.

MOREIRA, Antonio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu (orgs). Currículo, cultura e sociedade. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.