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1 QUAL O PAPEL DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO NA INTENÇÃO EMPREENDEDORA DE ALUNOS DOS CURSOS DE CARATER PROFISSIONAL? Carla S. Marques, [email protected], UTAD e CETRAD Research Unit Anderson Rei Galvão, [email protected], UTAD Ricardo G. Rodrigues, [email protected], UBI e NECE-UBI Research Unit Carmem T. Leal, [email protected], UTAD and CETRAD Research Unit Carlos P. Marques, [email protected], UTAD e CETRAD Research Unit RESUMO: Este estudo pretende contribuir para a investigação na área da intenção empreendedora (IE), avaliando a importância da educação para o empreendedorismo dos alunos de cursos profissionais, recorrendo à Teoria do Comportamento Planeado como instrumento de aferição dessa intenção. Nesse contexto, considerou-se que, além de atributos psicológicos e características demográficas dos formandos, o seu contacto com conteúdos de empreendedorismo contribuirá para a explicação da intenção empreendedora. Para avaliar empiricamente este modelo, a recolha de dados primários foi feita através de questionários aplicados a alunos que frequentavam o último ano de cursos de caracter profissional com e sem contacto com a educação para o empreendedorismo de uma região no norte de Portugal, e os dados analisados através de modelo de equações estruturais. Os resultados obtidos mostraram que as dimensões relacionadas com a TPB explicam quase na totalidade a IE destes alunos, enquanto os fatores psicológicos e demográficos, bem como o ensino de empreendedorismo, apresentam uma influência residual e pouco significativa. Perante estes resultados, propomos uma discussão alargada sobre a importância da introdução de uma disciplina de empreendedorismo no currículo destes cursos. PALAVRAS-CHAVE: Educação para o empreendedorismo, intenção empreendedora (IE), cursos profissionais, PLS. ABSTRACT: This study aims to contribute to research in the area of entrepreneurial intention (IE), assessing the importance of entrepreneurship education for students of professional courses, using the Theory of Planned Behaviour (TPB) as a means of measuring its intention. In this context, it was considered in addition to graduates’ psychological attributes and demographic characteristics, their contact with entrepreneurship content contribute to the explanation of entrepreneurial intention. To empirically evaluate this model, primary data collection was done through questionnaires given to students attending the final year of professional courses with and without contact with entrepreneurship education in a region in northern Portugal, and data was analyzed using structural equation model. The results show that the dimensions related to the TPB explained almost entirely these students’ IE while the psychological and demographic factors, as well as entrepreneurship education, have a residual and insignificant influence. Given these results, we propose a broad discussion on the importance of introducing an entrepreneurial subject in the curriculum of these courses. KEY-WORDS: Entrepreneurship education, Entrepreneurial intention, vocational courses, PLS

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QUAL O PAPEL DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO

NA INTENÇÃO EMPREENDEDORA DE ALUNOS DOS CURSOS DE

CARATER PROFISSIONAL?

Carla S. Marques, [email protected], UTAD e CETRAD Research Unit

Anderson Rei Galvão, [email protected], UTAD

Ricardo G. Rodrigues, [email protected], UBI e NECE-UBI Research Unit

Carmem T. Leal, [email protected], UTAD and CETRAD Research Unit

Carlos P. Marques, [email protected], UTAD e CETRAD Research Unit

RESUMO:

Este estudo pretende contribuir para a investigação na área da intenção empreendedora (IE), avaliando a

importância da educação para o empreendedorismo dos alunos de cursos profissionais, recorrendo à Teoria do

Comportamento Planeado como instrumento de aferição dessa intenção. Nesse contexto, considerou-se que,

além de atributos psicológicos e características demográficas dos formandos, o seu contacto com conteúdos de

empreendedorismo contribuirá para a explicação da intenção empreendedora. Para avaliar empiricamente este

modelo, a recolha de dados primários foi feita através de questionários aplicados a alunos que frequentavam o

último ano de cursos de caracter profissional com e sem contacto com a educação para o empreendedorismo de

uma região no norte de Portugal, e os dados analisados através de modelo de equações estruturais. Os resultados

obtidos mostraram que as dimensões relacionadas com a TPB explicam quase na totalidade a IE destes alunos,

enquanto os fatores psicológicos e demográficos, bem como o ensino de empreendedorismo, apresentam uma

influência residual e pouco significativa. Perante estes resultados, propomos uma discussão alargada sobre a

importância da introdução de uma disciplina de empreendedorismo no currículo destes cursos.

PALAVRAS-CHAVE: Educação para o empreendedorismo, intenção empreendedora (IE), cursos

profissionais, PLS.

ABSTRACT:

This study aims to contribute to research in the area of entrepreneurial intention (IE), assessing the importance of

entrepreneurship education for students of professional courses, using the Theory of Planned Behaviour (TPB) as

a means of measuring its intention. In this context, it was considered in addition to graduates’ psychological

attributes and demographic characteristics, their contact with entrepreneurship content contribute to the

explanation of entrepreneurial intention. To empirically evaluate this model, primary data collection was done

through questionnaires given to students attending the final year of professional courses with and without contact

with entrepreneurship education in a region in northern Portugal, and data was analyzed using structural equation

model. The results show that the dimensions related to the TPB explained almost entirely these students’ IE

while the psychological and demographic factors, as well as entrepreneurship education, have a residual and

insignificant influence. Given these results, we propose a broad discussion on the importance of introducing an

entrepreneurial subject in the curriculum of these courses.

KEY-WORDS: Entrepreneurship education, Entrepreneurial intention, vocational courses, PLS

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1. INTRODUÇÃO

Face ao cenário de instabilidade e incerteza que os mercados vivenciaram na última

década, o empreendedorismo ganha visibilidade na comunidade científica, politica e

empresarial, e passa a ser encarado como um dos principais agentes de crescimento e

desenvolvimento económico (e.g., Wennekers, Thurik & Buis, 1997; Kuratko, 2005;

Rasmussen & Sørheim, 2006; Vanevenhoven, 2013) e social (e.g., Hitt, Ireland, Camp &

Sexton, 2002). Através do Global Entrepreneurship Monitor (2013) é possível verificar que o

empreendedorismo tem um impacto positivo no desenvolvimento económico das regiões e

dos países, visto que a criação de novas empresas fará com que haja um investimento local,

conduzindo à criação de novos postos de trabalho, à promoção da competitividade e,

consequentemente, ao desenvolvimento económico e social.

Como resultado desta visão, a educação para o empreendedorismo está no topo da agenda

política, e é, de há 15 anos para cá, um item de alta prioridade em países de todo o mundo

(Mitra & Matlay, 2004). A própria União Europeia, em 2006, definiu o empreendedorismo

como uma life skill, apelando aos Estados-membros para promover o desenvolvimento de

atitudes empreendedoras, “desde o primeiro ciclo do ensino básico até à universidade,

incluindo o ensino profissional de nível secundário e os institutos técnicos de nível superior”

(Comissão das Comunidades Europeias, 2006: p. 5). Em 2013 a Comissão Europeia cria um

plano de ação chamado de “Empreendedorismo 2020”, que consiste em ações para o fomento

do empreendedorismo na Europa, tais como a inclusão do ensino e a prática do

empreendedorismo nos programas escolares.

A questão em debate, atualmente, está relacionada com o grau de ensino em que deve ser

dada mais atenção a essa educação. Na literatura tem sido argumentado que a educação para o

empreendedorismo deve começar tão cedo quanto possível (e.g., Hynes, 1996; Rodrigues,

Raposo, Ferreira & Paço, 2010; Paço, Ferreira, Raposo, Rodrigues & Dinis, 2011a; Paço,

Ferreira, Raposo, Rodrigues & Dinis, 2011b). Um dos argumentos avançados para justificar

esta visão está relacionado com o facto de que quanto mais cedo se começar a incutir nos

jovens os valores e o pensamento empreendedor, mais efetivos serão os resultados.

Apesar da investigação na área da educação para o empreendedorismo ter registado um

aumento substancial nos últimos anos (e.g., Liñan & Fayolle, 2015), Von Graevenitz, Harhoff

e Weber (2010) referem que os efeitos provenientes da educação para o empreendedorismo

ainda são pouco conhecidos e não são conclusivos, implicando que estudos mais detalhados

sejam necessários para obter um melhor entendimento dos efeitos contingentes da educação

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para o empreendedorismo. Neste sentido, existem vários apelos na literatura para a realização

de mais estudos que contribuam para a aferição do impacto da educação para o

empreendedorismo na intenção empreendedora (e.g., Krueger & Brazeal, 1994; Von

Graevenitz, et al., 2010). Posto isto, podemos considerar que as vantagens de estudos de

campo neste contexto são consideráveis e que esta continua a ser uma área fértil para o

desenvolvimento do conhecimento científico da área do empreendedorismo.

Pautado na capacidade da educação em estruturar o comportamento das pessoas, este estudo

pretende contribuir para a investigação na área da intenção empreendedora, avaliando a

contribuição da educação para o empreendedorismo dos alunos de cursos profissionais no

quadro da TPB.

Atualmente os cursos profissionais equivalem ao ensino secundário e caraterizam-se por

promover um conjunto de competências e aprendizagens para o desempenho de uma

profissão. Nesta perspetiva, qual a importância da educação para o empreendedorismo para

alunos que frequentem estes cursos? Será que a educação para o empreendedorismo aumenta

a intenção empreendedora destes alunos? Existindo poucos estudos nesta área, salientamos

um estudo realizado na Áustria por Frank, Korunka, Lueger e Mugler (2005) onde foi

possível verificar que os alunos do ensino secundário que frequentam cursos de carácter

profissional demonstram uma maior intenção empreendedora do que os alunos no ensino de

carácter geral.

Depois deste ponto introdutório será feita uma breve abordagem teórica à educação para o

empreendedorismo e intenção empreendedora e fatores relacionados. No ponto três iremos

descrever a metodologia utilizada. No ponto seguinte serão apresentados os resultados e no

último ponto deste artigo será feita a discussão e apresentadas as limitações e implicações do

estudo.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.Intenção empreendedora individual (IEI)

Sobre a intenção empreendedora destacam-se três perspetivas que foram defendidas por

alguns autores. Uma delas, baseada em McClelland (1961) e defendida por Wortman (1987),

centra-se na procura de traços psicográficos, nomeadamente de personalidade, que podem

estar relacionados com a propensão para a atividade empresarial. Já outra perspetiva passa por

dar importância às variáveis demográficas, como sejam a idade, a origem, o sexo, a

experiência de trabalho, a religião, o nível de estudos, entre outros (Reynolds, Storey &

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Westhead, 1994; Davidsson, 1995; Liñán & Chen, 2009). Para Liñán, Rodríguez-Cohard e

Rueda-Cantuche (2005), as duas linhas de análise têm permitido a identificação de relações

significativas entre certos traços ou características demográficas do indivíduo e a

concretização de comportamentos empreendedores. Por fim, a terceira perspetiva refere que

após ser tomada a decisão de ser empreendedor, torna-se necessário tentar perceber como essa

decisão é tomada (Krueger, Reilly & Carsrud, 2000).

Rodrigues, Dinis, Paço & Ferreira (2008), Rodrigues, Dinis, Paço, Ferreira, & Raposo (2012)

e Marques, Gomes, Rodrigues e Ferreira (2012) defendem que a melhor forma de medir a

intenção empreendedora passa por incorporar as premissas da abordagem psicológica e

comportamental. Será esta a abordagem que iremos seguir também neste estudo.

Fatores que podem influenciar a intenção empreendedora individual

Vários investigadores têm realçado o aumento do interesse dos alunos em empreendedorismo

como uma escolha de carreira (Brenner, Pringle & Greenhaus 1991; Kolvereid 1996;

Zellweger, Sieger, & Halter 2010), uma vez que o emprego tradicional em grandes empresas

parece ser menos óbvio (Katz, 2003; Kuratko, 2005; Oosterbeek, Van Praag & Ijsselstein

2010). Este aumento da intenção empreendedora é influenciado por uma série de fatores

pessoais e ambientais, entre os quais podemos distinguir os fatores ligados à educação e

formação em empreendedorismo e às características demográficas (Fayolle & Gailly, 2015).

Ao longo deste ponto pretende-se perceber quais são os fatores que influenciam a intenção

empreendedora.

Abordagem psicológica e variáveis demográficas

De acordo com Nandram e Samsom (2007) a literatura sobre o comportamento empreendedor

como elemento preditivo do sucesso ou fracasso é amplamente baseada em características

demográficas dos empreendedores. Krueger (1994) e Fernandez, Barreiro e Otero (2006)

abordou nos seus estudos o impacto de fatores como o género, a educação, a experiência

prévia e os antecedentes familiares no desenvolvimento das percepções e, consequentemente,

na intenção de empreender. De salientar que alguns estudos referem uma elevada propensão

para o empreendedorismo nos indivíduos cujos familiares são empresários (Hisrich, 1990;

Crant, 1996; Mathews & Moser, 1996; Ferreira, Santos & Serra, 2008). Drennan, Kennedy e

Renfrow (2005) aditam que, para os indivíduos que têm uma visão positiva da experiência

empreendedora dos familiares, criar uma empresa é algo desejável e exequível.

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Tendo em conta a nossa população-alvo (estudantes de cursos profissionais) parece-nos

pertinente abarcar neste estudo as variáveis género e antecedentes familiares, dando origem à

seguinte hipótese de investigação:

H1: Existe uma relação entre as variáveis demográficas (género e antecedentes

familiares) e a IE dos alunos do ensino de carácter profissional.

Os fatores psicológicos foram estudados por vários autores na tentativa de identificar traços

que distinguissem indivíduos empreendedores e não empreendedores (e.g., Begley & Boyed,

1987; Green, David & Dent, 1996). Segundo Gartner (1989) e Sánchez (2013) os traços

psicológicos são determinantes para a intenção empreendedora. No entanto, de acordo com

Ferreira, Santos e Serra (2008), um empreendedor não consegue possuir todas as

características definidas nos vários estudos sobre este tema. Torna-se, assim, complexo

estudar o perfil empreendedor uma vez que não existe uma concordância entre os autores

sobre quais as principais características que o mesmo deve conter.

De forma a contornar este problema, vários autores, entre os quais Zhao, Seibert e Lumpkin

(2010) e Brandstätter (2011) reuniram as características comuns referenciadas pelos principais

autores que estudaram este tema: locus of control, propensão ao risco, autoconfiança,

necessidade de realização, tolerância à ambiguidade e capacidade de inovar. Estes serão os

traços psicológicos utilizados neste estudo, à semelhança de outros estudos aplicados ao

mesmo tipo de população (e.g., Rodrigues et al. 2011; Marques et al., 2012; Sánchez, 2013),

dando origem à segunda hipótese de investigação:

H2: Existe uma relação entre os traços psicológicos e a IE dos alunos do ensino de

carácter profissional.

Abordagem comportamental

As abordagens psicológicas e demográficas referidas nos pontos anteriores são insuficientes

para identificar a IE, sendo necessário envolver uma terceira perspetiva, que nos permite uma

melhor compreensão desta intenção: a abordagem comportamental. Frank et al. (2005),

Rodrigues et al. (2008) e Marques et al. (2012) defendem que a abordagem comportamental

complementa a abordagem psicológica de forma a alargar novos horizontes de pesquisa.

A TPB procura explicar a intenção de um indivíduo para executar um determinado

comportamento. Segundo Ajzen (1991) a ativação de um comportamento depende da intenção

e do controlo comportamental percebido. Por sua vez, a intenção resulta da atitude pessoal em

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relação ao comportamento, das normas subjectivas que o sujeito lhe atribui e também do

controlo comportamental. Esta teoria tem vindo a ser muito aplicada na área do

empreendedorismo (Tegtmeier, 2012; Fayolle, Liñán & Moriano, 2014; Liñan & Fayolle,

2015). De acordo com vários autores, a TPB é uma teoria bem estruturada e detalhada, com

resultados consistentes (Liñán, 2004a,b; Van Gelderen, Brand, Van Praag, et al., 2008; Liñán

& Chen, 2009; Moriano, Gorgievski, Laguna, Stephan & Zarafshani, 2012; Sánchez, 2013),

sendo o modelo escolhido nesta investigação. Com base nesta teoria, apresentamos as

seguintes hipóteses de investigação:

H3a: Existe uma relação positiva entre a atitude pessoal favorável ao

empreendedorismo e a IE dos alunos do ensino de carácter profissional.

H3b: Existe uma relação positiva entre a norma subjetiva favorável ao

empreendedorismo e a IE dos alunos do ensino de carácter profissional.

H3c: Existe uma relação positiva entre o controlo comportamental percebido e a IE dos

alunos do ensino de carácter profissional.

2.2 Educação para o empreendedorismo

Começa a tornar-se claro, pela análise de vários estudos, que o empreendedorismo, ou

certas facetas deste, pode ser ensinado. Assim, cai por terra a tese de que o empreendedorismo

é fruto de herança genética, ou seja, é possível que as pessoas aprendam a ser empreendedoras

(Filion, 1991). Citando Drucker (1985, p.143), o empreendedorismo “não é mágico, não é

misterioso e não tem nada a ver com genes. É uma disciplina. E, como qualquer disciplina,

pode ser aprendido”. Volkmann (2004) também realça que o empreendedorismo não é algo

que se adquira à nascença, algo inato, mas sim desenvolvido pela educação. O

empreendedorismo é, então, uma atitude de vida, que pode ser construída e desenvolvida.

O número e a variedade de programas de empreendedorismo oferecidos aumentou

significativamente na Europa, Ásia, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia (Gartner &

Vesper, 1994). Este crescimento e desenvolvimento dos currículos e programas voltados para

o empreendedorismo e criação de empresas têm sido de tal forma notável, que os cursos

ligados ao empreendedorismo têm vindo a ser implementados nas universidades, escolas

secundárias e até nas escolas primárias (Liñán, 2004b).

Em Portugal, o panorama é semelhante. Ao nível do ensino secundário, o empreendedorismo

faz parte de algumas unidades curriculares como tema optativo, como é o caso da disciplina

de Área de Integração (inserida nos cursos profissionais).

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Apesar da falta de consenso patente na literatura sobre o que se pode entender por ‘educação

para o empreendedorismo’, que origina vários problemas, tais como a discussão decorrente

dos vários objetivos e diferentes variedades de educação, Liñán, (2004a: p.163) define

educação para o empreendedorismo como “o conjunto de atividades de educação e formação,

no âmbito do sistema educativo ou não, que tentam desenvolver nos participantes a intenção

de executar comportamentos empresariais, ou alguns dos elementos que afetam essa intenção,

como o conhecimento empreendedor, o desejo pela atividade empreendedora ou a sua

viabilidade”.

Vanevenhoven (2013) afirma que o empreendedorismo é um conjunto de traços que podem

ser apreendidos e portanto, podem ser ensinados. Assim a educação para o empreendedorismo

pode cultivar atitudes e intenções nos alunos, bem como a criação de uma nova empresa

(Liñán, 2008; Bea, Qian, Miao & Fiet, 2014).

Grande parte dos estudos realizados sobre a temática do ensino para o empreendedorismo

centram-se no ensino do empreendedorismo nas universidades (Solomon, Duffy & Tarabishy

2002; Souitaris, Zerbinati, & Al-Laham 2007; Rodrigues et al., 2010; Sánchez, 2013),

existindo ainda poucos estudos relacionados com cursos pré-universitários de carácter

profissional (e.g., Rodrigues et al., 2008; Marques et al. 2012) que têm também uma grande

importância na formação e preparação de jovens para o mercado de trabalho (Ribeiro, 2013).

A combinação entre a educação para o empreendedorismo e os cursos profissionais pode

trazer um forte impacto na criação de empresas, uma vez que as bases das formações

profissionais passam por práticas empresariais. Assim, perspetiva-se que a formação

profissional assente numa pedagogia empreendedora promotora de um conjunto de

habilidades, aptidões e atitudes, preparando os jovens para a inserção no mercado de trabalho,

evitando o desemprego (Duarte, 2012).

Tendo em consideração o objetivo principal deste estudo e o que foi referido nos parágrafos

anteriores, levantamos a seguinte hipótese de investigação:

H4: A educação para o empreendedorismo influencia positivamente a IE dos alunos do

ensino de carácter profissional.

Salientamos a opinião de Fayolle (2013), quando refere que o futuro da Educação do

Empreendedorismo está relacionado com a auto-consistência, utilidade, eficácia e eficiência

dos cursos e programas de empreendedorismo nos vários níveis de educação. O “cliente” da

educação de empreendedorismo é a sociedade, isso significa que os resultados de

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aprendizagem do empreendedorismo devem atender as necessidades sociais e económicas de

todos os atores envolvidos (alunos, estudantes, famílias, organizações e países).

2.3 Modelo conceptual

De acordo com o objetivo e as hipóteses de investigação fundamentadas na revisão de

literatura que apresentadas nos pontos anteriores, é proposto o modelo conceptual de

investigação que se apresenta na Figura 1.

Figura 1 – Modelo conceptual de investigação

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi desenvolvida com uma amostra de 289 alunos que frequentavam cursos

de formação profissional no norte de Portugal. A coleta de dados foi realizada com recurso a

um inquérito por questionário constituído por grupos de questões relacionadas com as

características demográficas, comportamentais, psicológicas e com a intenção empreendedora

dos inquiridos.

As escalas utilizadas foram validadas em outros estudos realizados em Portugal por Rodrigues

et al. (2010), Rodrigues et al. (2012) e Marques et al. (2012). As escalas comportamentais

foram desenvolvidas originalmente por Liñán e Chen (2009) e as escalas psicológicas por

Koh (1996).

O estudo é transversal, comparando dois grupos de alunos: aqueles que tiveram educação para

o empreendedorismo (230) e aqueles que não (59). Os resultados foram analisados usando

H4

TPB

H1

H2

H3c

H3b

H3a

9

equações de modelagem estrutural, através da técnica de mínimos quadrados parciais (PLS)

recorrendo ao software v3.1.15 SmartPLS. Este método consiste numa técnica baseada na

modelização estatística por meio de equações estruturais que permite a estimativa simultânea

de um conjunto de equações, através da medição dos conceitos (modelo de medida) e das

relações entre eles (modelo estrutural) (Chin, 1998; Chin, Marcolin, & Newsted, 2003).

4 RESULTADOS

4.1 Caracterização da amostra

De acordo com o quadro 1, salienta-se que são os alunos com ‘familiares que criaram

empresas’ e os alunos do ‘género feminino’ e que têm mais contacto com esta temática,

registando, respetivamente, os valores relativos de 83.2%. e de 82.6%. No entanto, constata-

se que o ‘género’, a ‘idade’, a ‘existência de familiares que tenham criado uma empresa’ e a

‘intenção empreendedora’ dos alunos que frequentam as escolas profissionais não estão

significativamente associados ao facto de os alunos terem tido, ou não, algum contacto com a

temática do empreendedorismo.

Quadro 1 - Caraterização da amostra segundo o contacto com a temática do empreendedorismo

Contato com Empreendedorismo

χ2 p Sim Não Total

N % N % N %

Género Masculino 116 76.8% 35 23.2% 151 52.2% 1.49 0.223

Feminino 114 82.6% 24 17.4% 138 47.8%

Idade 15-18 anos 93 91,2% 19 18,6% 102 38,8% 2.29 0.514

+ de 18 anos 137 77.4% 40 22.6% 177 61.2%

Antecedentes

Familiares

Sim 124 83.2% 25 16.8% 149 51.6% 2.50 0.114

Não 106 75.7% 34 24.3% 140 48.4%

Atrai-me

muito a

hipótese de

ser

empregado

Discordo totalmente 18 75.0% 6 25.0% 24 8.3% 1.30 0.114

Discordo 37 82.2% 8 17.8% 45 15.6%

Não concordo nem

discord 79 82.3% 17 17.7% 96 33.2%

Concordo 69 77.5% 20 22.5% 89 30.8%

Concordo totalmente 27 77.1% 8 22.9% 35 12.1%

Atrai-me

muito a

hipótese de

ser

empresário

Discordo totalmente 5 71.4% 2 28.6% 7 2.4% 1.97 0.741

Discordo 33 84.6% 6 15.4% 39 13.5%

Não concordo nem

discord 76 79.2% 20 20.8% 96 33.2%

Concordo 75 76.5% 23 23.5% 98 33.9%

Concordo totalmente 41 83.7% 8 16.3% 49 17.0%

10

Analisando o tipo de ‘contacto com a temática do empreendedorismo’, constata-se que a

maioria dos alunos teve-o através de alguns módulos inseridos em disciplinas ou em

seminários, Workshops e Palestras (Figura 2).

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Figura 2 – Contacto com a temática do empreendedorismo

Após uma breve caracterização que nos permite conhecer melhor a amostra deste estudo, no

ponto seguinte irão ser apresentados os resultados da fiabilidade e validação dos instrumentos

de medida utilizados, utilizando a análise fatorial confirmatória, bem como os resultados do

modelo de equações estruturais que utilizaremos para testar o modelo conceptual de

investigação proposto.

4.2 Validação do instrumento de pesquisa

Fiabilidade e validez do instrumento de medida “Fatores Psicológicos”

Os “Fatores Psicológicos” propostos para instrumento de medida do nosso modelo são os

seguintes: “Locus of control” (7 itens), “Aversão ao risco” (6 itens), “Autoconfiança” (6

itens), “Necessidade de realização” (6 itens), “Tolerância à ambiguidade” (6 itens) e

“Capacidade de inovar” (5 itens). Foi necessário remover os itens com valores fatoriais

baixos. Após estas alterações ficou-se com um instrumento de medida (Fatores Psicológicos)

simplificado, constituído apenas por três fatores: “Locus of control” interno (3 itens),

“Aversão ao risco” (2 itens) e “Tolerância à ambiguidade” (3 itens).

No Quadro 2 são apresentados valores dos três fatores do instrumento de medida (Fatores

Psicológicos) do modelo final simplificado, onde é tido em conta a fiabilidade compósita (FC)

e a variância extraída média (VEM).

4

11

21

47

147

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Outros

Concurso de criação de junior empresa a nivel nacional +Em alguns módulos inseridos em disciplinas

Em alguns módulos inseridos em disciplinas + Emseminários / Workshops / Palestras

Em seminários / Workshops / Palestras

Em alguns módulos inseridos em disciplinas

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Quadro 2 - Pesos fatoriais padronizados dos itens (λ), fiabilidade compósita (FC) e variância extraída média

(VEM) do instrumento de medida fatores “Psicológicos”

Fator Item Questão λ FC VEM

Locus of control

(interno)

LC3

Não gosto de resultados, ainda que sejam muito

favoráveis, se eles não advierem dos meus próprios

esforços.

.628

.755 .506 LC4

Estou disposto a aceitar as consequências positivas e

negativas das minhas decisões e ações. .775

LC5 Sou eu, não a sorte ou o destino, que influencio o

resultado do que acontece na minha vida. .730

Aversão ao risco

PR1 Não me importo se o lucro for pequeno, desde que

seja assegurado e constante. .788

.784 .645

PR5 Só considero que vale a pena assumir um risco

quando a probabilidade de sucesso for 60% ou mais. .818

Tolerância à

ambiguidade

TA1 A segurança é extremamente importante para mim .764

.787 .552 TA2

Um bom trabalho tem instruções claras acerca do que

há a fazer e como o fazer. .752

TA4 Tenho o planeamento do meu trabalho, que tento

seguir cuidadosamente .712

De acordo com as indicações de Fornell e Larcker (1981) um constructo apresenta validez

convergente se VEM > 0,5 e é fiável se FC > 0,7. Por outro lado, exige-se que apresente

validade discriminante, isto é, seja distinto de conceitos relacionados, o que, no contexto

fatorial, implica que a média dos pesos fatoriais (isto é, a raiz quadrada da VEM) de uma

variável latente seja superior às correlações entre esta e qualquer outra relacionada.

No Quadro 2 pode verificar-se que todas as dimensões cumprem as condições de VEM > 0,5

e FC > 0,7. No Quadro 3 verifica-se que as três variáveis têm validade discriminante.

Quadro 3 - Correlações entre os fatores “Psicológicos” (raiz quadrada da VEM na diagonal)

Locus of control Propensão ao risco Tolerância à

ambiguidade

Locus of control .714

Aversão ao risco .435 .803

Tolerância à ambiguidade .499 .446 .743

Fiabilidade e validez do instrumento de medida “TPB”

O modelo baseado na “TPB” proposto para instrumento de medida é constituído por 4 fatores:

“Atitudes pessoais” (5 itens), “Norma subjetiva” (3 itens), “Controlo comportamental

percebido” (6 itens) e “Intenção empreendedora” (6 itens). Após remover os itens com cargas

fatoriais baixas, ficou-se com um instrumento de medida simplificado e constituído com os

seguintes quatro fatores (Quadro 4): “Atitudes pessoais” (4 itens), “Norma subjetiva” (3

itens), “Controlo comportamental percebido” (2 itens) e “Intenção empreendedora” (4 itens).

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No Quadro 4 são apresentados valores dos 4 fatores do instrumento de medida (TPB) do

modelo final simplificado, juntamente com a fiabilidade compósita (FC) e a variância extraída

média (VEM).

Quadro 4 - Pesos fatoriais padronizados dos itens (λ), fiabilidade compósita (FC) e variância extraída média

(VEM) do instrumento de medida “TPB”

Fator Item Questão λ FC VEM

Atitudes pessoais

PA1 Ser empresário dar-me-ia mais vantagens do que

inconvenientes .665

.805 .514 PA3

Se tivesse oportunidade e recursos, adoraria criar

uma empresa .773

PA4 Ser empresário dar-me-ia grande satisfação .846

PA5* Tendo várias opções, preferia ser qualquer outra

coisa que não empresário .548

Norma subjetiva

SN1 A minha família mais próxima aprovaria a minha

decisão de criar uma empresa .815

.868 .688 SN2 Os meus amigos aprovariam a minha decisão de

criar uma empresa .789

SN3 Os meus colegas aprovariam a minha decisão de

criar uma empresa .881

Controlo

comportamental

percebido

PBC3 Estou preparado para controlar o processo de

criação de uma nova empresa .885

.796 .663

PBC4 Um bom trabalho tem instruções claras acerca do

que há a fazer e como o fazer. .737

Intenção

empreendendora

EI1 Estou disposto a fazer qualquer coisa para ser

empresário .732

.836 .561 EI2 O meu objetivo profissional é ser empresário .744

EI3 Vou esforçar-me para criar e dirigir a minha

própria empresa .782

EI4 Estou decidido a criar uma empresa no futuro .735

* Item invertido

Conforme o Quadro 4 a fiabilidade compósita dos fatores “Atitudes pessoais”, “Norma

subjetiva”, “Controlo comportamental percebido” e “Intenção empreendedora” registam

valores de .805, .868, .796 e .836 respetivamente, superiores ao valor mínimo desejável (.7).

O indicador variância extraída média (VEM) valida a convergência dos itens de cada fator:

“Atitudes pessoais” (.514); “Norma subjetiva” (.688); “Controlo comportamental percebido”

(.663); e “Intenção empreendedora” (.561).

O Quadro 5 apresenta as correlações entre os fatores “TPB” que permite avaliar a validez

discriminante, já que todos os fatores apresentam correlações entre inferiores às médias dos

respetivos pesos fatoriais.

14

Quadro 5 - Correlações entre os fatores “TPB” (raiz quadrada da VEM da diagonal)

Atitudes

Pessoais

Controlo

Comportamental

Percebido

Intenção

Empreendedora

Norma

Subjetiva

Atitudes Pessoais .717

Controlo Comportamental Percebido .387 .814

Intenção Empreendedora .651 .626 .749

Norma Subjetiva .410 .336 .279 .829

Face aos resultados anteriores, constata-se que o instrumento é fiável e possui validez

convergente e discriminante, pelo que é adequado para a utilização de modelos de equações

estruturais, neste caso com base no método PLS (Partial Least Squares).

4.1.4 Análise do modelo estrutural

No modelo estrutural (Figura 3 e Quadro 6) é possível verificar que as trajetórias

“Antecedentes Familiares → IE” (βAF.IE=.106, p=.003) “Controlo comportamental percebido

→ IE” (βCCP.IE=.444, p≤.001) e “Atitudes pessoais → IE” (βAP.IE=.503, p≤.001) são as que

possuem um coeficiente positivo significativo. Em relação à trajetória “Norma subjetiva →

IE” verifica-se um peso negativo com significância estatística (βNS.IE=-.087; p=.028), isto é

quanto mais elevada é a Norma Subjetiva menor a Intenção Empreendedora. Os caminhos

“Traços Psicológicos → IE” (βTP.IE=.018; p=.516) e “Contacto com Empreendedorismo →

IE” (βCE.IE=-.007; p=.760) não são significativos.

Figura 3 – Modelo estrutural completo

15

De referir que os fatores relacionados com a TPB, em conjunto com os antecedentes

familiares, explicam 60,5% da variação de IE. De acordo com Liñan e Chen (2009), este é um

resultado altamente satisfatório em relação a investigações que usam modelos lineares, e

próximo de outras investigações similares (Ferreira, Raposo, Rodrigues, Dinis & Paços, 2012;

Marques et al., 2012).

Quadro 6 – Coeficientes padronizados estimados

Original Bootstrapping EP t p

Antecedentes Familiares -> IE .106 .107 .036 2.972 .003

Psicológicos -> IE .018 .037 .028 .649 .516

Atitudes Pessoais -> IE .503 .506 .046 1.919 .000

Norma Subjetiva -> IE -.087 -.082 .039 2.210 .028

Controlo Comp. Percebido -> IE .444 .439 .044 9.983 .000

Contacto com Empreendedorismo -> IE -.007 -.029 .022 .306 .760

EP - erro padrão das estimativas por bootstrapping

De acordo com as hipóteses formuladas nesta investigação expõem-se nos parágrafos

seguintes os resultados da respetiva verificação:

H1: “Existe uma relação entre as variáveis demográficas (género e antecedentes

familiares) e a IE dos alunos do ensino de carácter profissional” – Verifica-se uma

relação positiva entre os antecedentes familiares e a intenção empreendedora dos

alunos do ensino profissional, reforçando assim as conclusões de alguns autores

que defendem que os indivíduos que têm familiares empresários apresentam uma

maior intenção empreendedora (Hisrich, 1990; Crant, 1996; Mathews & Moser,

1996).

É importante referir que de acordo com o estudo de Drennan et al. (2005), os

indivíduos que possuem uma imagem positiva da experiência empreendedora dos

familiares, têm uma maior intenção empreendedora. Em relação ao género não foi

encontrada qualquer relação entre esta variável e a IE.

H2: “Existe uma relação entre os traços psicológicos e a IE dos alunos do ensino de

carácter profissional” – Os dados desta amostra sugerem a rejeição desta hipótese.

Este resultado pode estar relacionado com as características da própria amostra,

uma vez que incide sobre uma população que se encontra na fase de

desenvolvimento da sua personalidade, encontrando-se, ainda, a desenvolver

algumas capacidades, tais como a aptidão para lidar com a certeza e a insegurança.

H3a: “Existe uma relação positiva entre a atitude pessoal favorável ao

empreendedorismo e a IE dos alunos do ensino de carácter profissional” – Nesta

hipótese em estudo verificou-se que a mesma é suportada, o que se pode afirmar

16

que a atitude ativa de um empreendedor influencia positivamente a intenção

empreendedora, tal como defendem os estudos realizados por Paço et al. (2011a,b).

H3b: “Existe uma relação positiva entre a norma subjetiva favorável ao

empreendedorismo e a IE dos alunos do ensino de carácter profissional” – Para a

amostra em estudo não foi encontrado um suporte estatístico que possa sustentar

esta hipótese. Apesar disso a trajetória “Norma subjetiva → IE” apresentam um

peso negativo (βNS.IE=-.087; p=.028).

Esta variável está relacionada com a perceção que o estudante tem de que a família,

amigos e colegas aprovariam a decisão de se tornar um empreendedor. A reflexão

sobre esta relação negativa levanta algumas questões, nomeadamente acerca dos

valores desta geração, que parece querer “remar contra a corrente”. Salientamos,

ainda, a baixa contribuição desta variável para a explicação da intenção

empreendedora. Na revisão da literatura realizada, verificou-se o pouco poder

explicativo das normas subjetivas apontado em outros estudos (e.g., Krueger et al.,

2000; Liñán & Chen, 2009; Paço et al., 2011a; 2011b).

H3c: “Existe uma relação positiva entre o controlo comportamental percebido e a IE

dos alunos do ensino de carácter profissional” – Tal como defendem Liñán e Chen

(2009) e Paço et al. (2011a; 2011b), o controlo comportamental percebido tem uma

relação positiva na intenção empreendedora, facto também comprovado nesta

investigação.

H4: “A educação para o empreendedorismo influencia a IE dos alunos do ensino de

carácter profissional” – Os resultados não suportaram o impacto da educação para o

empreendedorismo na formação da intenção empreendedora dos estudantes desta

amostra.

Embora estes resultados sejam um pouco surpreendentes, estes resultados não são

inéditos. Estudos como os de Boissin e Emin (2007), Rodrigues et al. (2010),

também demonstraram a falta de impacto da educação para o empreendedorismo na

intenção empreendedora. Oosterbeek et al. (2010) concluíram que o efeito da

educação para o empreendedorismo na intenção empreendedora pode, por vezes,

ser negativo.

Segundo McCrae et al. (2000: p.183), “o funcionamento dos genes não está determinado à

nascença, são como um interruptor (que se liga e desliga) ao longo da nossa vida […] o

cérebro continua a crescer e a desenvolver-se até cerca dos 20 anos, pelo que não é de

estranhar que os traços de personalidade também mudem neste período”, o que nos mostra

17

que muitos destes jovens inquiridos ainda estão numa fase em que os seus traços de

personalidade se encontram em evolução pronunciada, causando assim um estado de

incertezas.

Outro facto a ter em conta nesta amostra, é que o contacto com o empreendedorismo que estes

alunos tiveram foi escasso, o que levanta um conjunto de questões que devem ser discutidas e

estudadas por parte da comunidade científica e governamental:

Qual será a melhor idade para implementar a educação de empreendedorismo?

De que forma é que o empreendedorismo deve ser abordado nas escolas profissionais?

Qual seria a melhor metodologia de educação para o empreendedorismo a implementar?

Apesar de existir uma série de questões à qual este estudo não consegue dar resposta, é

possível constatar que a escassez do contacto com o empreendedorismo e/ou forma como o

mesmo se produziu, poderá ter sido insuficiente para que a sua intenção empreendedora

aumentasse, o que nos leva a sugerir o desenvolvimento e implementação de metodologias de

ensino de empreendedorismo que consigam influenciar positivamente a intenção

empreendedora deste tipo de formandos.

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Esta investigação surge pelo facto dos alunos finalistas do ensino profissional encontrarem

dificuldades de entrada no mercado de trabalho, considerando-se que o empreendedorismo é

um mecanismo de criação de emprego(s).

Como se pode ler no documento “Empreendedorismo 2020” desenvolvido pela Comissão

Europeia em janeiro de 2013, o investimento na educação de empreendedorismo é um dos

maiores retornos que a Europa pode ter. Sendo assim o principal objetivo é incluir o ensino e

a prática do empreendedorismo em programas escolares.

Face ao exposto achou-se pertinente perceber de que forma o ensino de empreendedorismo

contribui para a intenção empreendedora. Para isso recorreu-se à TPB como instrumento de

avaliação dessa intenção, tendo-se acrescentado fatores psicológicos e demográficos como

explicativos da mesma.

Os resultados sugerem que a Educação para o Empreendedorismo não influencia a IE, o que

leva a concluir que o contacto de empreendedorismo que estes alunos tiveram não foi

suficiente para fomentar IE nestes alunos.

Autores como Cunha e Heckman (2007) defendem a importância da educação/formação nos

primeiros anos de vida, já que as competências adquiridas nessa fase têm um papel

18

fundamental na aquisição de competências cognitivas e não-cognitivas. O ensino de

empreendedorismo não deve ser visto como criação de pessoas para serem empreendedoras

ou criarem o seu próprio emprego, mas sim formação de pessoas para assumirem o seu futuro,

para serem criativos, autónomos e capazes de encontrar soluções para os problemas com que

venham a ser confrontados.

Outro aspeto que pode ter influenciado estes resultados foi o facto da nossa cultura

Portuguesa não ser particularmente propícia ao empreendedorismo (Dantas & Valente, 2014),

pois as normas sociais e culturais podem encorajar ou dificultar a atividade empreendedora

(Amorós & Bosma, 2014; Filion, 1999). Neste caso específico a região onde foi feito o estudo

está inserida no interior do país, sendo uma região pouco dinâmica e pouco inovadora.

Contudo é possível perceber que ainda existe um longo caminho a percorrer no que diz

respeito à educação de empreendedorismo em escolas profissionais. Apesar de ser da opinião

de todos os responsáveis de curso/escola que o empreendedorismo é importante para os seus

alunos, o que se verifica é que a maioria dos docentes não tem formação específica em

empreendedorismo, pelo que é natural que a sua atuação para promover/reforçar as

competências não-cognitivas desejáveis para atividade empreendedora fique aquém do

desejável.

Espera-se assim que esta investigação venha a ter implicações futuras tanto na comunidade

científica, reforçando a importância do ensino de empreendedorismo na intenção

empreendedora, como na comunidade governamental, de forma que possa ser implementado

o ensino de empreendedorismo nos cursos profissionais. Contudo espera-se também que as

escolas profissionais venham a diferenciar-se implementando programas de

empreendedorismo (palestras, módulos curriculares, criação de projetos) de forma a aumentar

a intenção empreendedora e as competências dos seus formandos.

Por se tratar de cursos profissionais de caracter bastante prático, é fundamental que a

disciplina de empreendedorismo criada seja também prática, para que motive e assegure o

interesse destes alunos. Para que seja possível aumentar a intenção empreendedora é

fundamental que esta disciplina desenvolva uma série de competências pessoais e técnicas

essenciais à realização de um plano de negócios, de forma a possibilitar uma visão mais

ampla e estratégica do mundo empresarial.

Assim sugere-se que esta disciplina seja leccionada ao longo dos três anos de curso,

fomentando a criatividade e a identificação de oportunidades de negócio. Ao longo destes três

19

anos, os alunos teriam de constituir uma empresa fictícia, bem como participar em todo o seu

funcionamento, podendo no final do curso optar por registá-la.

Ao longo do decorrer desta investigação foi-se encontrando algumas limitações que se

deverão ter em conta em futuras investigações. Uma das limitações observadas corresponde

ao facto dos questionários estarem apenas restringidos aos alunos de escolas profissionais

numa região da zona norte de Portugal, pelo que seria aconselhável estende-lo a outras regiões

do país.

Outra limitação a ter em conta é a temporal, visto que seria desejável aplicar os questionários

aos alunos antes e depois de terem o contacto com o ensino de empreendedorismo, tal como

foi realizado por Fayolle, Gailly e Lassas-Clerc (2006), Boissin e Emin (2007) e Rodrigues et

al. (2008).

Através das limitações apresentadas no ponto anterior é possível sugerir algumas sugestões

para investigações futuras: (1) repetir o estudo com uma amostra mais diversificada,

abrangendo um maior número de escolas, de preferência em mais do que um distrito; (2) um

estudo temporal, incluindo a aplicação do questionário antes dos alunos terem contacto com o

ensino do empreendedorismo (inicio do ano lectivo) e um segundo questionário depois do

contacto com o ensino do empreendedorismo (final do ano lectivo); (3) desenvolver uma

metodologia de ensino ajustada a estes cursos e proceder a um estudo piloto, procedendo à

aplicação e avaliação desta metodologia ao longo de um ano lectivo numa escola profissional

em todos os Cursos que esta oferece.

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