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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR - FACULDADE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Qualidade de Vida e
Doença Inflamatória Intestinal
AVALIAÇÃO DE UM GRUPO DE DOENTES NA
CONSULTA DE DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL DO
CENTRO HOSPITALAR COVA DA BEIRA
Dissertação do Mestrado Integrado em Medicina
Maria Isabel Dias Coelho
Covilhã, Junho 2010
UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR - FACULDADE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Qualidade de Vida e
Doença Inflamatória Intestinal
AVALIAÇÃO DE UM GRUPO DE DOENTES NA
CONSULTA DE DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL DO
CENTRO HOSPITALAR COVA DA BEIRA
Orientação: Professor Doutor José Augusto Silva Medeiros
Co-orientação: Doutora Célia Maria Duarte Lemos Vicente
Dissertação do Mestrado Integrado em Medicina
Maria Isabel Dias Coelho
Covilhã, Junho 2010
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Universidade da Beira Interior – Junho 2010
i Maria Isabel Dias Coelho - FCS
PENSAMENTO
“Escrever é um exercício de investigação e de lógica; um exercício que
obriga a definir, ordenar e desenvolver o que se pensa.
E também uma tentativa para comover, convencer, informar ou
instruir o próximo.”
Vasco Pulido Valente
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Universidade da Beira Interior – Junho 2010
ii Maria Isabel Dias Coelho - FCS
AGRADECIMENTOS
A todos os doentes que de forma solícita e paciente aceitaram
participar neste estudo.
Ao Sr. Prof. Doutor J. Medeiros pelo apoio e dedicação, exemplo e
motivação necessários nos momentos mais decisivos.
À Doutora Célia Vicente, pela disponibilidade e ajuda durante o
processo de recolha de informação.
Ao Director e elementos do Serviço de Gastrenterologia do CHCB,
pessoal administrativo e de enfermagem, pelo acolhimento e apoio na
realização das entrevistas.
Ao Luís Matos, pela preciosa ajuda na estatística.
À Mariana, minha grande amiga, que me acompanhou de perto nas
preocupações, anseios, inseguranças que conduziram à finalização deste
projecto.
Aos meus mestres que me fizeram crescer profissionalmente.
À minha família e aos meus grandes amigos que me deram o suporte e
encorajamento necessários à concretização deste trabalho.
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Universidade da Beira Interior – Junho 2010
iii Maria Isabel Dias Coelho - FCS
ÍNDICE GERAL
PENSAMENTO ..................................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... ii
ÍNDICE GERAL ................................................................................................................... iii
Índice de Gráficos ........................................................................................................ iv
Índice de Tabelas .......................................................................................................... v
ABREVIATURAS ................................................................................................................. vi
RESUMO ............................................................................................................................. 1
ABSTRACT .......................................................................................................................... 3
I - INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
II - MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 8
Desenho do estudo ....................................................................................................... 8
Participantes no estudo ............................................................................................... 8
Método de recolha de dados .................................................................................... 9
Tratamento estatístico dos dados ............................................................................ 10
III - RESULTADOS ............................................................................................................ 12
1. Análise Descritiva .................................................................................................. 12
2. Inferências Estatísticas ....................................................................................... 17
IV - DISCUSSÃO ............................................................................................................. 23
Limitações do trabalho: ............................................................................................. 29
V- CONCLUSÃO ............................................................................................................. 30
Projectos Futuros ......................................................................................................... 30
VI – REFLEXÃO FINAL .................................................................................................... 31
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 32
VIII. ANEXOS ................................................................................................................... 38
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Universidade da Beira Interior – Junho 2010
iv Maria Isabel Dias Coelho - FCS
Índice de Gráficos
Gráfico 1– Número de participantes no estudo 12
Gráfico 2– Distribuição por grupo e tipo de patologia mais frequente 13
Gráfico 3 – Distribuição dos doentes por nº de dias de abstenção ao trabalho
nos 60 dias anteriores ao questionário 14
Gráfico 4 – Características do score Total para o IBDQ – Global (15 dias)
15
Gráfico 5 – Questões mais frequentes em relação a uma QV mais baixa
(valores 1 ou 2) 16
Gráfico 6 – Questões mais frequentes em relação a uma QV mais alta (valores
3 ou 4) 16
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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v Maria Isabel Dias Coelho - FCS
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Sumário dos dados sócio-demográficos para o total de
doentes, segundo o tipo de DII 12
Tabela 2 – Sumário dos dados clínicos para o total de doentes, segundo
o tipo de DII 13
Tabela 3 – Estatística descritiva para os 4 domínios e score global do
IBDQ (referente aos últimos 15 e 60 dias anteriores à aplicação do
questionário) 15
Tabela 4 – Resultados da análise entre o IBDQ para os 4 domínios e
score global (referente aos últimos 15 e 60 dias anteriores à aplicação do
questionário) 17
Tabela 5 – Resultados da análise entre as variáveis sócio-demográficas
e clínicas e o score Global do IBDQ (15 dias) 18
Tabela 6 – IBDQ (15 dias) segundo Hábitos Tabágicos 19
Tabela 7 – IBDQ (15 dias) segundo presença de doenças concomitantes
20
Tabela 8 – IBDQ (60 dias) segundo abstenção ao trabalho 20
Tabela 9 – IBDQ (60 dias) segundo ocorrência de internamentos
hospitalares 21
Tabela 10 – Resultados da análise de regressão múltipla (método
Stepwise), entre as variáveis sócio-demográficas e clínicas e o IBDQ (15 dias),
como factor dependente 21
Tabela 11 – Resultados da análise de regressão múltipla (método
Stepwise), entre as variáveis abstenção ao trabalho e ocorrência de
internamentos hospitalares e o IBDQ (60 dias), como factor dependente 22
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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vi Maria Isabel Dias Coelho - FCS
ABREVIATURAS
FCS – Faculdade Ciências da Saúde
CHCB – Centro Hospitalar Cova da Beira
DII – Doença Inflamatória Intestinal
DC – Doença de Crohn
CU – Colite Ulcerosa
QV-RS – Qualidade de vida relacionada à saúde
SII – Síndrome Intestino Irritável
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Universidade da Beira Interior – Junho 2010
1 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
RESUMO
Introdução
Analisar a qualidade de vida relacionada com a saúde (QV-RS) tem
reconhecida importância na abordagem da Doença Inflamatória Intestinal (DII).
Os doentes têm a sua qualidade de vida (QV), de certo modo, comprometida
nas suas vertentes física, social e emocional. O seguimento baseado apenas em
sinais clínicos é insuficiente, por isso deve avaliar-se a percepção global do
doente, o que contribuirá para o seu melhor acompanhamento.
Objectivos
Caracterizar um grupo de pacientes com DII e a QV-RS associada,
seguidos na consulta de DII do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB);
investigar a relação entre os níveis de QV e os factores clínicos e sócio-
demográficos; verificar se o acréscimo ao questionário original utilizado, de um
período mais alargado de resposta traria vantagens na gestão do doente com
DII.
Metodologia
Estudo observacional, descritivo, transversal e retrospectivo, através da
aplicação de um questionário por entrevista directa a uma amostra não
aleatória por conveniência, de 58 doentes seguidos na consulta externa de DII
do CHCB. Aplicou-se um questionário específico da doença para avaliação da
QV – IBDQ-32, e um questionário para recolha de dados sócio-demográficos e
clínicos. Estudou-se os doentes em dois períodos distintos de tempo, aos 15 e
aos 60 dias prévios ao questionário.
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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2 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
Resultados
A amostra estudada é constituída sobretudo por indivíduos do sexo
feminino, casados, em actividade profissional, com nível de escolaridade menor
que o 9º ano, não fumadores, e com uma duração de doença entre os 2 a 10
anos. Do total de doentes, 44,8% tinham comorbilidades e a ocorrência de
cirurgias intestinais registou-se em apenas 10,3 % da amostra. Ocorreram 5
internamentos hospitalares que se sucederam apenas no período que antecede
o questionário em 60 dias, assim como a maioria dos registos de abstenção ao
trabalho. A QV dos doentes era média alta, em que 63,2% se considerou
bastante satisfeito com o seu bem-estar no geral. Não se registaram diferenças
entre os dois períodos considerados no questionário (15 dias e 60 dias). Os
hábitos tabágicos foram associados a uma melhor QV. A presença de doenças
concomitantes, a ocorrência de internamentos e a abstenção ao trabalho foram
preditivos de uma pior QV. As restantes características sócio-demográficas e
clínicas não foram determinantes na QV.
Conclusões
Conclui-se que QV dos doentes estudados é relativamente boa. A
maioria dos factores sócio-demográficos e clínicos considerados não influencia
a QV. Dado o volume reduzido da amostra, não foi possível concluir acerca da
vantagem em acrescentar um período mais alargado de resposta ao
questionário.
Palavras-chave: Doença Inflamatória Intestinal; Colite Ulcerosa; Doença de
Crohn; Qualidade de Vida; “Intestinal Bowel Disease Questionnaire”.
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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3 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
ABSTRACT
Introduction
Analyze Health-Related Quality of Life (HRQoL) is of the utmost
importance when dealing with chronic inflammatory bowel disease (IBD).
Patients have their quality of life (QoL) compromised, both at a physical, social
and emotional level. Accompanying these patients through their clinical chart is
insufficient; therefore it is essential to assess the global perception of the
patient, this will contribute for an improved patient’s care.
Goals
Characterize a group of patients suffering from IBD as well as their
HRQoL; these individuals where being followed in their IBD appointment at
“Centro Hospitalar Cova da Beira” (CHCB). Investigate the connection between
levels of Quality of Life and socio-demographical and/or clinical factors. Verify
whether an enlarged period in the original Quality of Life questionnaire
provides advantages in managing an IBD patient.
Methodology
Observational, descriptive, crosscut and retrospective study through the
application of a direct questionnaire to a convenient non-random sample of 58
patients followed in the IBD external appointment of CHCB. A specific
questionnaire was given out to patients to assess the Quality of Life - IBDQ-32,
and another one to collect socio-demographical and clinical data. The patients
were studied in two different time lags: 15 and 60 days before the
questionnaire.
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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4 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
Results
In this study, the sample is mostly made of female individuals, married,
non-smoker, with some professional activity and with an educational level below
the 9th grade. 67.9% with the condition detected from 2 to 10 years. In this
sample, 44.8% of the patients had two or more diseases, and bowel surgery
had been performed to 10.3%. Most of the records of absenteeism as well as
five hospital internments happening only in the extended 60 days period
before the questionnaire. The patients’ Quality of Life is medium-high: 63.2%
have considered very satisfied with their well-being. No substantial differences
were detected between both periods considered in the questionnaire (15 and
60 days). The smoking habits were associated to a better QoL. The presence of
two or more diseases, internments, absenteeism was predictive of a lower
Quality of Life. The remaining socio-demographical and clinical characteristics
were not essential to assess QoL.
Conclusions
We conclude that QoL for the patients in this study is mildly good. Most
of the socio-demographical and clinical parameters considered do not influence
the QoL. Due to the small size of the sample it was not possible to guarantee
the advantage of considering a larger period for the questionnaire.
Keywords: Inflammatory Bowel Disease (IBD); Health-Related Quality of Life
(HRQoL); Intestinal Bowel Disease Questionnaire (IBDQ-32)
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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5 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
I - INTRODUÇÃO
A Doença Inflamatória Crónica Intestinal (DII) divide-se em: Colite
Ulcerosa (CU), Doença de Crohn (DC) e algumas formas de Colite
Indeterminada (1,4,6). A sua incidência é mais elevada na Europa do Norte e
América do Norte, sobretudo nas áreas urbanas e nas classes económicas mais
elevadas. Afecta sobretudo indivíduos na faixa etária dos 15-40 anos, com
distribuição semelhante em ambos os sexos. De etiologia desconhecida,
acarreta nos indivíduos com predisposição genética, uma função imune
desregulada da mucosa intestinal (1-6). O curso da doença é intermitente e
inesperado, com períodos de maior ou menor actividade, podendo ocorrer
manifestações clínicas intestinais (dor abdominal, diarreia, aerocolia, urgência
na defecação, perda de peso, fadiga, ansiedade, rectorragias) e extra-
intestinais (envolvimento ocular, articular, entre outras). O carácter crónico
implica muitas vezes um tratamento farmacológico sustentado e um seguimento
atento pelo clínico, requerendo frequentemente hospitalizações repetidas e
tratamento cirúrgico (1-3,6).
A Qualidade de Vida (QV) é um conceito associado à satisfação global
do indivíduo relativamente a todas as componentes da vida humana.
Transportando-o para a Saúde, Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QV-
RS), caracteriza-se como sendo o impacto da doença na QV dos doentes.
Existem determinantes fundamentais no estado de saúde, entre as quais:
variáveis biológicas, funcionais, emotivas, psicológicas e sociais. A integração
destas componentes reflecte a percepção geral de saúde, uma avaliação
subjectiva do doente sobre a influência da doença nas várias dimensões da
vida humana (10). Deste modo, a QV-RS, revela-se importante na gestão dos
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6 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
doentes com DII, pois é conhecida a sua interferência em vários domínios. O
clínico terá de considerar não apenas aspectos biológicos e físicos, mas também
as repercussões psicossociais da doença. Sendo um dos objectivos principais dos
cuidados de saúde o restabelecimento da QV do doente, a sua avaliação
revela-se altamente benéfica e um elemento chave no tratamento de doenças
crónicas (11,12).
A revisão da literatura sobre DII permite clarificar a importância e o
valor da QV nesta patologia, existindo a percepção de uma diminuição do
bem-estar geral. São vários os estudos que mostram como este pode estar
comprometido, não só qualitativa como quantitativamente (13,17-28). Do ponto
de vista clínico, os períodos de actividade da doença constituem o aspecto mais
preponderante na redução da QV do doente (19-33). O número de
hospitalizações, as complicações associadas ao uso de determinados fármacos,
ou a necessidade de cirurgia intestinal são também determinantes na QV
(23,25,29). Do ponto de vista sócio-demográfico, a população do sexo
feminino, o desemprego, a recorrência de períodos de suspensão transitória da
actividade profissional e um nível educacional mais baixo, estão relacionados
com uma pior QV (19-25,29). Factores psicológicos, como a angústia, a
ansiedade e a depressão afectam directa e indirectamente a QV dos doentes
(30,34).
Da reflexão sobre o tema proposto surgiu a motivação para a
elaboração deste trabalho de investigação. Pretendeu-se estudar um conjunto
de doentes com a DII e avaliar a sua QV correlacionando os factores que a
determinam, de forma a identificar os grupos com maior risco de sentirem
dificuldades no curso da doença e a definir estratégias terapêuticas que as
reduzam, melhorando os cuidados de saúde.
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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7 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
Assim, os objectivos deste trabalho são:
Caracterizar um grupo de indivíduos diagnosticados com DII e a
QV-RS associada, seguidos na consulta de DII do Centro
Hospitalar Cova da Beira (CHCB).
Investigar a relação entre os níveis de QV e os factores clínicos
e sócio-demográficos.
Verificar se o acréscimo ao questionário original do IBDQ-32,
de um período mais alargado de resposta, isto é, relativa aos
anteriores 60 dias e não apenas aos anteriores 15 dias da
data do questionário, daria mais informação sobre a QV dos
doentes.
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8 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
II - MATERIAL E MÉTODOS
Desenho do estudo
Trata-se de um estudo observacional, transversal e retrospectivo, com
recolha e tratamento de dados para descrição e análise estatística dos dados.
Efectuada entrevista directa através de questionário a uma amostra não
aleatória por conveniência.
Participantes no estudo
Selecção da amostra:
Doentes com DII (DC ou CU), seguidos na Consulta Externa de DII do
CHCB.
Critérios de Inclusão:
Doentes diagnosticados com DII, e incluídos segundo data de consulta
previamente marcada. O período de consultas diz respeito aos meses de
Novembro e Dezembro de 2009 e Janeiro de 2010, com um total de 80
consultas marcadas, tendo sido 63 doentes entrevistados.
Critérios de Exclusão:
Dos 80 doentes previstos, 17 foram excluídos por falta de
comparecimento à consulta, ou por indisponibilidade dos entrevistadores para
aplicação da entrevista. Outros 5 foram excluídos posteriormente à aplicação
do questionário, por inexistência de diagnóstico compatível com DII (ainda em
estudo na altura da recolha de dados).
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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9 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
Método de recolha de dados
Foram aplicados dois questionários de hetero-resposta, um específico
da doença e relativo à QV e outro relativo a dados clínicos e sócio-
demográficos. Estiveram envolvidas duas equipes de entrevistadores: a aluna e
autora do estudo, com um total de 52 entrevistas desenvolvidas, e 3
enfermeiros, que entrevistaram 11 doentes.
Questionários
Dados clínicos e sócio-demográficos (Anexo 1):
Questionou-se o doente sobre o tipo de DII, sexo, idade, estado civil, nível
educacional, profissão e hábitos tabágicos, duração da doença, doenças
concomitantes, cirurgias intestinais, nº de internamentos, nº de dias de
abstenção ao trabalho. Nos dois últimos parâmetros questionou-se o doente
relativamente a dois períodos distintos: 15 dias e de 60 dias anteriores à
entrevista.
Avaliação da qualidade de vida relativa à saúde (QV-RS) (Anexo 2):
Existem vários instrumentos para avaliar a QV-RS, sendo o mais comummente
utilizado o IBDQ-32, originalmente criado por Gyatt et al (13). Este
questionário é específico da DII e foi traduzido, validado, e testadas as
propriedades psicométricas para a língua portuguesa (15,16). Consiste em 32
questões que avaliam diferentes aspectos da QV relativos aos 15 dias
anteriores, e que são agrupadas em quatro domínios: sintomas Intestinais e
Sistémicos, função Social e Emocional. Originalmente, o score é obtido segundo
uma escala de Likert de 1 a 7, sendo o 1 correspondente ao pior estado de
saúde e o 7 ao melhor estado de saúde. Efectua-se a soma dos pontos obtidos
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10 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
em cada domínio, e a soma do total de cada domínio resultará no score global
do paciente. Um score mais alto corresponderá a um melhor bem-estar geral
(13). Neste estudo, optou-se por simplificar ligeiramente a escala, com menor
número de hipóteses de resposta, considerando valores do 1 ao 4, mantendo-
se o 1 como o pior, e o 4 como o melhor estado de saúde. Para testar um dos
objectivos deste estudo, considerou-se um novo período, pedindo aos doentes
para se recordarem dos aspectos referentes aos últimos 60 dias, verificando a
vantagem ou não, da inclusão de um período mais alargado no questionário.
Este estudo foi previamente avaliado e aceite pela Comissão de Ética
do CHCB, tendo sido emitido um parecer favorável à sua realização (Anexo 3).
A todos os doentes foram explicados os objectivos do trabalho, garantindo-se
a confidencialidade dos dados e foi solicitada a assinatura de um documento -
Consentimento Livre e Informado (Anexo 4).
Tratamento estatístico dos dados
Foi utilizado o Programa SPSS 17.0 para Windows no tratamento e
análise dos dados recolhidos.
Inicialmente, foi aplicado o método de estatística descritiva, recorrendo
a frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central (médias,
medianas) e dispersão (desvio padrão, mínimo e máximo).
Efectuou-se a análise entre cada variável e cada um dos domínios e
score global do IBDQ para determinar quais as variáveis sócio-demográficas e
clínicas que influenciavam a QV-RS. A análise dos dados (histograma e teste
Kolmogorov-Smirnov), revelou que as dimensões do IBDQ não seguiam uma
distribuição normal, e por isso, as variáveis contínuas foram descritas utilizando
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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11 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
medianas, mínimos e máximos. Foram aplicados testes não paramétricos: Mann-
Whittney e Kruskal Wallis, para análise da distribuição do IBDQ entre as
classes das variáveis categóricas, e o teste de Wilcoxon para comparar o
IBDQ aos 15 e 60 dias. O teste de correlação de Spearman foi utilizado para
testar a correlação entre o IBDQ e as variáveis contínuas.
Por último, os factores estatisticamente significativos na análise anterior
foram incluídos numa análise de regressão múltipla (método Stepwise) com os
resultados IBDQ como variável dependente.
Em todas as análises, a significância estatística foi aceite para um valor
de p <0,05.
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12 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
III - RESULTADOS
1. Análise Descritiva
Do total de 80 doentes com consulta de DII previamente marcada para
o período estabelecido, apenas 58 foram analisados (Gráfico 1).
1.1) Dados sócio-demográficos
Tabela 1 – Sumário dos dados sócio-demográficos para o total de doentes, segundo o tipo de DII.
DII DC CU
N 58 31 27
Sexo M/F
(%)
21/37
(36,2/63,8)
13/18
(41,9/58,1)
8/19
(29,6/70,4)
Idade M (d.p) 48,5 (19,0) 42,4 (18,9) 55,6 (16,8)
Estado Civil N (%) Solteiro/a 12 (20,7) 9 (29,0) 3 (11,1)
Casado/a 38 (65,5) 19 (61,3) 19 (70,4)
Divorciado/a 3 (5,2) 1 (3,2) 2 (7,4)
Viúvo/a 5 (8,6) 2 (6,5) 3 (11,1)
Profissão N (%) Activo/a 26 (44,9) 13 (41,8) 13 (48,1)
Desempregado/a 5 (8,6) 3 (9,7) 2 (7,4)
Estudante 6 (10,3) 6 (19,4) 0 (0,0)
Reformado/a 14 (24,1) 6 (19,4) 8 (29,6)
Outra 7 (12,1) 3 (9,7) 4 (14,9)
Nível Educacional N (%)
<9º Ano escolaridade
33 (56,9) 15 (48,4) 18 (66,7)
≥9º Ano escolaridade
25 (43,1) 16 (51,6) 9 (33,3)
Hábitos tabágicos N (%)
Não fumador 54 (93,1) 27 (87,1) 27 (100,0)
Fumador 4 (6,9) 4 (12,9) 0(0,0)
DII – Doença Inflamatória Intestinal; DC – Doença Crohn; CU – Colite Ulcerosa; N – número de doentes; M -
masculino; F – feminino; M – média; d.p.-desvio-padrão
585
17
Participação no Estudo
Amostra
Excluídos
Não inquiridosGráfico 1 - Número de
participantes no estudo
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13 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
1.2) Dados Clínicos
Tabela 2 – Sumário dos dados clínicos para o total de doentes, segundo o tipo de DII.
DII DC CU
Idade ao diagnóstico M (d.p.)
41,5 (18,1) 37,0 (19,2) 46,7 (15,9)
Duração da Doença N (%)
≤ 1 ano 6 (10,3) 5 (16,1) 1 (3,7)
2 a 10 anos 39 (67,2) 21 (67,8) 18 (66,7)
≥ 11 anos 13 (22,5) 5 (16,1) 8 (29,6)
Cirurgias Intestinais prévias N (%)
6 (10,3) 5 (16,1) 1 (3,7)
Doenças concomitantes N (%)
26 (44,8) 11 (35,5) 15 (55,6)
DII – Doença Inflamatória Intestinal; DC – Doença Crohn; CU – Colite Ulcerosa; M– média; d.p.-
desvio-padrão; N – número de doentes;
A presença de doenças concomitantes ocorreu em 44,8% da amostra
em estudo. O aspecto cumulativo de mais do que uma doença concomitante
ocorre em 14 destes doentes.
As doenças consideradas mais frequentes são: cardiovasculares,
respiratórias, reumatológicas e psiquiátricas (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Distribuição por grupo e tipo de patologia mais frequente.
HTA – hipertensão arterial
Cardiovasc Respirat Reumatol Psiquiát Diabetes Outras
Grupo 14 8 7 5 2 5
Tipo 11 4 5 5 0 0
02468
10121416
Doenças Concomitantes
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14 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
1.3) Internamentos hospitalares e dias de abstenção ao trabalho
A ocorrência de internamentos foi nula para os 15 dias anteriores à
recolha de dados, mas nos anteriores 60 dias, 5 doentes foram internados.
Estes internamentos ocorreram todos em doentes com DC.
Nos 15 dias anteriores ao questionário, apenas 2 doentes referem
abstenção ao trabalho de 1-2 dias. Nos anteriores 60 dias, 10 doentes
referem abstenção ao trabalho, sendo os sujeitos a internamento os que se
ausentam por períodos mais longos (11-20 dias e 21-30 dias). Em ambos os
períodos, os casos de abstenção são apenas relatados por doentes com DC.
Gráfico 3 – Distribuição dos doentes por número de dias de
abstenção ao trabalho nos 60 dias anteriores ao questionário
1-2 dias 3-10 dias11-20 dias
21-30 dias
nº de doentes 4 2 2 2
0246
Abstenção ao trabalho - 60 dias
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15 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
1.4) Resultados Parciais e Totais do “Intestinal Bowel Disease
Questionnaire”: IBDQ – 32
Os resultados do IBDQ foram mais elevados no global e nos 4 domínios
para os 15 dias do que para os 60 dias anteriores ao questionário (Tabela 3).
Tabela 3 – Estatística descritiva para os 4 domínios e score global do IBDQ
(referente aos últimos 15 e 60 dias anteriores à aplicação do questionário)
DII
Scores 15 dias 60 dias
Mediana Mín Máx Mediana Mín Máx
Intestinal 34,0 22 40 34,0 19 40
Sistémico 16,0 10 20 16,0 10 20
Social 19,0 13 20 19,0 12 20
Emocional 39,0 25 48 39,0 27 48
GLOBAL 110,0 72 127 107,5 70 126
A QV dos doentes inquiridos era média alta. O valor mais baixo para o
IBDQ - score global foi de 72 (valores possíveis: 32 a 128) (Gráfico 4).
Gráfico 4 – Características do Score Total para o IBDQ- score global (15 dias)
Nenhum doente atribuiu os valores mínimos e poucos doentes atribuíram
os valores máximos a cada um dos domínios ou score global do questionário.
No domínio social, porém, 46 doentes (73,0%), atribuíram 18 a 20, nos últimos
15 dias (valores possíveis: 5 a 20).
128 72 32
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1.5) Questões do IBDQ-32
A grande maioria dos doentes considera-se bastante satisfeito e
contente (63,8%) com a sua vida no geral, e cerca de 20,7% considera-se algo
insatisfeito e descontente (questão 32).
Para cada domínio e suas questões, os doentes pontuaram mais
frequentemente (Gráfico 5 e 6).
Quando questionados sobre o(s) aspecto(s) que, exceptuando aqueles
já abordados no questionário, maior impacto teria(m) na vida diária, 52,4%
respondeu o tipo de alimentação e as suas consequências no trânsito intestinal,
e 35,3% respondeu a utilização prolongada de medicação.
0 5 10 15 20 25 30
preocupação não ter WC perto
dificuldade actividades lazer/desporto
fadiga/cansaço
ter gases
QV mais baixa
nº de doentes
SISTÉMICO
SOCIAL
EMOCIONAL
INTESTINAL
40 45 50 55 60
dificuldade relações sexuais
vergonha por cheiros/ruídos
acordar nocturno
sujar roupa interior
QV mais alta
nº de doentes
INTESTINAL
SISTÉMICO
SOCIAL
EMOCIONAL
Gráfico 5 –
Questões mais
frequentes em
relação a uma QV
mais baixa (valores
1 ou 2)
Gráfico 6 –
Questões mais
frequentes em
relação a uma QV
mais alta (valores 3
ou 4)
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2. Inferências Estatísticas
2.1) IBDQ 15 dias vs IBDQ 60 dias
Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os
resultados obtidos para os 4 domínios e score global referentes aos 15 dias e
60 dias anteriores à aplicação do questionário (Tabela 4)
Tabela 4 – Resultados da análise entre o IBDQ
para os 4 domínios e score global (referente
aos últimos 15 e 60 dias anteriores à aplicação
do questionário)
IBDQ - 32
Scores Valor de p (1)
Intestinal
15 dias
0,170
60 dias
Sistémico 0,440
Social 0,220
Emocional 0,280
GLOBAL 0,180
Wilcoxon (1)
2.2) Variáveis sócio-demográficas e clínicas e a QV na DII
Tendo em conta o resultado anterior, o tratamento estatístico foi
realizado utilizando os resultados do IBDQ referentes aos 15 dias anteriores.
No caso particular de ocorrência de internamentos e dias de abstenção ao
trabalho, são tidos em conta os resultados do IBDQ relativos aos 60 dias
anteriores ao questionário.
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O cruzamento dos resultados do IBDQ, mostrou não existir, neste estudo,
influência entre o tipo de doença (DC vs CU) e a QV. Por isso, a análise
estatística é realizada para o grupo de 58 doentes, independente o tipo de
doença (Tabela 5).
Tabela 5 – Resultados da análise entre as variáveis sócio-demográficas e
clínicas e o score global do IBDQ (15 dias)
IBDQ - score global
Variáveis Z (1) X2 (2) Spearman (3) Valor de p
Tipo DII (CU vs DC) -0,3
0,700
Sexo (M/F) -0,5
0,700
Idade -0,2 0,100
Estado civil 7,1
0,060
Profissão 5,8
0,200
Nível Educacional -1,6
0,100
Hábitos Tabágicos -2,2
0,020
Idade ao diagnóstico -0,2 0,120
Duração da doença 0,4
0,500
Doenças concomitantes -2,3
0,020
Cirurgias intestinais -0,1
0,900
Teste Mann-Whitney (1); Teste Kruskal-Wallis (2); Correlação de Spearman (3)
Não foi encontrado nenhum significado estatístico neste estudo entre as
variáveis sexo, idade, estado civil, profissão, nível educacional e a QV no
global, bem como nos seus 4 domínios separadamente (Tabela 5).
No entanto, verifica-se que a QV no global e em todos os seus
domínios (1) é melhor pontuada no sexo masculino do que no feminino, (2) é
melhor pontuada pelos indivíduos desempregados e pior pontuada pela
actividade profissional doméstica, com a designação “outra” (3) e o nível
educacional <9º ano apresenta valores mais baixos do que o nível ≥9º ano.
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Os doentes fumadores apresentam valores mais elevados para os 4
domínios e resultado global da QV, sendo encontradas diferenças
estatisticamente significativas nos domínios Sistémico, Emocional e score Global
(Tabela 6).
Tabela 6 – IBDQ (15 dias) segundo Hábitos Tabágicos
Hábitos tabágicos
Scores Mediana Mín Máx Valor de p
Sistémico NF 16,0 10,0 20,0
0,020 F 20,0 15,0 20,0
Emocional NF 39,0 25,0 48,0
0,020 F 47,0 39,0 48,0
GLOBAL NF 109,0 72,0 125,0
0,020 F 123,5 104,0 127,0
Teste Mann-Whitney ; NF – não fumador; F – fumador;
O cruzamento dos resultados obtidos sobre QV e as variáveis (tipo e
duração da doença, idade ao diagnóstico e cirurgias intestinais prévias), não
apresentou neste estudo diferenças estatisticamente significativas (Tabela 5).
No entanto, verifica-se o que a QV no global e em todos os seus
domínios obteve (1) pior pontuação pelo grupo com DC comparativamente ao
grupo com CU, (2) melhor pontuação pelos doentes com DII diagnosticada entre
2 a 10 anos prévios ao estudo, e (3) pior pontuação pelos doentes com
diagnóstico há mais de 10 anos. Registam-se melhores resultados nos domínios
Intestinal e Sistémico, quando ocorridas cirurgias intestinais, e melhor pontuação
nos domínios Social, Emocional e resultado Global se nunca submetidos a
intervenções cirúrgica.
A presença de doenças concomitantes traduz-se em valores mais baixos
no IBDQ global e em todos os scores, sendo esta diferença estatisticamente
significativa nos domínios Intestinal, Emocional e resultado Global (Tabela 7).
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Tabela 7 – IBDQ (15 dias) segundo presença de doenças
concomitantes
Doenças concomitantes
Scores Mediana Mín Máx Valor de p
Intestinal Não 35,5 25,0 40,0
0,040 Sim 33,5 22,0 40,0
Emocional Não 41,0 33,0 48,0
0,010 Sim 37,5 25,0 48,0
GLOBAL Não 112,0 87,0 127,0
0,020 Sim 102,0 72,0 122,0
Teste Mann-Whitney
2.3) Abstenção ao trabalho, internamentos hospitalares e QV na DII
Verifica-se na generalidade, uma pontuação menor na QV dos
indivíduos que se abstiveram ao trabalho devido à DII em todos os domínios e
score global, tanto mais baixa quanto maior o período de abstenção. Foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre a abstenção ao
trabalho e a QV nos domínios Social e score Global (Tabela 8).
Tabela 8– IBDQ (60 dias) segundo abstenção ao trabalho
Abstenção ao trabalho
Scores Mediana Mín. Máx. Valor de p
Social
1-2 dias 19,5 17 20
0,016 3-10 dias 18,0 16 20
11-20 dias 12,5 12 13
21-30 dias 12,5 12 13
GLOBAL
1-2 dias 109,5 98 114
0,04 3-10 dias 102,5 102 103
11-20 dias 82,5 79 86
21-30 dias 82,5 70 95
Teste Kruskal-Wallis
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A ocorrência de internamentos traduz-se em piores resultados em todos
os domínios e score global para os doentes sujeitos a internamento. Esta
diferença é estatisticamente significativa em todos os domínios e score global
do IBDQ (60 dias) (Tabela 9).
Tabela 9 – IBDQ (60 dias) segundo ocorrência de
internamentos hospitalares
Internamentos hospitalares
Scores Mediana Mín. Máx. Valor de p
Intestinal Não 34,0 25 40
0,044 Sim 28,0 19 37
Sistémico Não 17,0 10 20
0,021 Sim 12,0 10 16
Social Não 20,0 13 20
<0,001 Sim 13,0 12 16
Emocional Não 40,0 27 48
0,003 Sim 33,0 28 37
GLOBAL Não 110,0 81 126
0,00 Sim 86,0 70 102
Teste Mann-Whitne
2.4) Análise de regressão linear múltipla: Amostra Total
Para as variáveis abstenção ao trabalho e ocorrência de internamentos,
são novamente tidos em conta os resultados para o IBDQ referente aos 60 dias
anteriores ao questionário.
Tabela 10 – Resultados da análise de regressão múltipla (método Stepwise), entre as variáveis
sócio-demográficas e clínicas e o IBDQ (15 dias), como factor dependente
Variáveis Intestinal Sistémico Social Emocional Global
Hábitos tabágicos Valor de p
0,040
Doenças concomitantes 0,030 0,003 0,006 0,014
R2 ajustado 0,064 0,055 0,164 0,110 0,088
β -2,507 3,065 -2,407 -3,858 -8,224
R2 ajustado (coeficiente de determinação do modelo ajustado); β (coeficiente de regressão)
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Ficou demonstrado nesta análise que: ser fumador está associado a uma
melhor QV a nível Sistémico e que a presença de doenças concomitantes
implica uma pior QV a todos os níveis, com excepção do Domínio Sistémico
(Tabela 10).
Uma segunda análise pelo mesmo método sobre quais as doenças
concomitantes preditoras de uma pior QV a nível do score global do IBDQ
verificou-se que as doenças psiquiátricas (R2 ajustado=0,245; β=-5,628;
p=0,004) e reumatológicas (R2 ajustado=0,119; β=-5,745; p=0,008) estão
associadas a uma pior QV.
Tabela 11 – Resultados da análise de regressão múltipla (método Stepwise), entre as variáveis
abstenção ao trabalho e ocorrência de internamentos e o IBDQ (60 dias), como factor
dependente
Variáveis Intestinal Sistémico Social Emocional Global
Internamentos 60 dias
Valor de p
0,011 <0,001
Abstenção ao trabalho 60 dias
0,003
0,002 <0,001
R2 ajustado 0,15 0,11 0,482 0,152 0,235
β -1,776 -3,275 -5,592 -2,136 -6,34
R2 ajustado (coeficiente de determinação do modelo ajustado); β (coeficiente de regressão)
Por outro lado, a ocorrência de internamentos e a abstenção ao
trabalho predizem negativamente a QV dos doentes. No primeiro caso, o
domínio Sistémico e Social, e no segundo, os domínios Intestinal, Emocional e
Global (Tabela 11).
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23 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
IV - DISCUSSÃO
A revisão da literatura sobre este tema, permitiu estabelecer alguns
paralelismos entre as características da QV-RS da amostra estudada,
relativamente a outros estudos até então publicados.
Os indivíduos com DII apresentam uma QV alterada comparativamente
à população em geral (13,17,18). Apesar disso, os valores médios obtidos nos
4 domínios e resultado global estão acima dos valores médios esperados.
Assim, esta amostra tem uma QV relativamente boa (34), com uma
percentagem grande de doentes que se consideram bastante satisfeitos com a
sua vida no geral.
Tal como sugerido por Casellas et al (24), na nossa amostra os domínios
Intestinal, Sistémico e Emocional são os mais comummente afectados e de uma
forma similar. Pelo contrário, o domínio Social, com pontuação maioritariamente
próxima do máximo, constitui o domínio menos afectado pelos doentes
analisados. Outros estudos referem o domínio sistémico como sendo o mais
afectado (22,23).
Canavan et al (32) verificaram que a possível necessidade de cirurgia e
a falta de energia eram a preocupações mais comuns dos doentes com DC.
Num estudo realizado em Portugal, Veríssimo et al (28) notaram uma maior
preocupação com o receio de morte precoce e aspectos relativos à vida íntima.
Nesta amostra a fadiga e o cansaço, ou a presença de aerocolia são as mais
apontadas como associados a pior QV. Questões como, sujar a roupa interior
ou a dificuldade sentida nas relações sexuais, são sobretudo pontuadas com a
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24 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
hipótese “nunca”. A presença do entrevistador poderá ter condicionado esta
resposta, visto serem temas de difícil abordagem.
A QV dos doentes do sexo masculino é mais elevada do que no sexo
feminino (apesar de não ser significativa). Alguns autores tentaram determinar
a influência do género na QV-RS em doentes com DII. Uns mostram que o sexo
masculino é preditivo de uma melhor QV (20,23,24); para outros o género não
é preditivo (19,25).
Em relação à variável idade, não está neste caso relacionada com a
QV (25). Rubin et al (20) demonstraram, no entanto, que os indivíduos com DII
mais novos apresentam uma pior QV relativamente aos mais velhos.
Casellas et al (23) verificaram que o nível educacional mais alto está
associado a uma melhor QV-RS. Nesta amostra, verifica-se a mesma tendência,
(apesar de não ser significativa). Este facto poderá estar relacionado com a
capacidade de obtenção de melhor informação, traduzindo-se numa melhor
vivência da doença, e menores níveis de ansiedade.
De todos os dados sócio-demográficos analisados, o único associado ao
IBDQ, foi os hábitos tabágicos. Nesta amostra, como em outros estudos
(7,19,23,24), o padrão é diferente entre tipos de DII, havendo maior número
de fumadores com DC do que com CU. Comprovado como determinante
ambiental etiológico da DII, o tabaco é um factor de risco e de agravamento
na DC, e a qualidade de não fumador é um factor de risco na CU (4,7). Ficou
demonstrado que os fumadores, todos eles com DC, têm uma QV superior aos
não fumadores. Uma leitura atenta da bibliografia mostra que esta variável,
não está relacionada ou não prediz a QV (19,24,25). Sabendo que o tabaco é
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25 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
factor de risco e de agravamento para a DC (4), os resultados da amostra são
algo contraditórios. Russel et al (9) estabeleceram que a relação entre tabaco e
QV estará relacionada com o tipo de DII, idade e género. No entanto, a
influência do tabaco na QV dos doentes com DII ainda é motivo de estudo.
Na presente amostra, a QV é mais baixa nos doentes com DC do que
com CU (apesar de não ser significativa), corroborando os vários estudos que
mostram esta relação (17,20,22,27), enquanto que em outros estudos a
diferença entre grupos não é significativa (19,23,33). Drossman et al (34),
demonstram a mesma tendência, provavelmente por ser uma doença mais
grave, pelas complicações associadas à terapia com corticoesteróides e a uma
maior incidência de cirurgia intestinal. Este último aspecto está também
presente na nossa amostra, na qual 5 dos 6 doentes submetidos a cirurgia
intestinal têm DC, todos eles com uma QV diminuída, mas não significativa em
relação à CU. A bibliografia refere que a QV dos doentes com DC parece
melhorar no período pós-operatório imediato, mas não a longo termo (22).
Outras características estão mais presentes na DC, justificando a pior QV
relatada, nomeadamente a abstenção trabalho e a ocorrência de
internamentos, exclusivos deste subtipo de DII.
A variável idade ao diagnóstico, não estabeleceu relação entre a QV
dos indivíduos com diagnóstico mais tardio ou mais precoce. Mouzas et al (35),
numa coorte Europeia demonstra isto mesmo, com excepção do domínio Social,
cujos resultados são mais positivos no grupo de indivíduos mais novos. O autor
refere que esta diferença pode estar relacionada com outros aspectos
inerentes à idade e não directamente com a DII. Outros estudos não encontram
relação entre a idade e a QV-RS (19,25).
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26 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
No que diz respeito à duração da doença, os que têm diagnóstico mais
recente, poderiam lidar com a doença de forma mais ansiosa, pelo carácter
novo e curso inesperado da doença, reflectindo-se numa QV inferior aos que
têm diagnóstico mais prolongado. Estes últimos, teriam adquirido com o tempo,
formas menos ansiosas de lidar com a doença. No entanto, neste estudo, os
mais experientes na doença não mostram ter uma QV superior à dos menos
experientes. Há até alguns domínios onde a QV é inferior nos que já têm a
doença há mais de 10 anos. Alguns autores revelam que ou não há diferença
entre grupos (25,29,32), ou que quanto mais longa a duração, melhor é a QV
(23,24). Kuryyama et al (29), demonstraram existirem factores associados mais
proeminentemente a um e a outro grupo. A actividade da doença é o aspecto
mais importante para aqueles com doença há menos tempo, vendo os seus
sintomas como os seus únicos problemas. Os mais experientes, preocupam-se
mais com a necessidade das faltas temporárias ao trabalho profissional ou
hospitalização ou com os efeitos da utilização de corticosteróides a longo
prazo.
Uma das variáveis clínicas que mostrou predizer a QV foi a presença
de doenças concomitantes. A QV é pior quando estas estão presentes, sendo
um factor preditivo negativo em todos os domínios, com excepção do Sistémico.
A análise entre cada um dos tipos de doenças concomitantes e o score global
IBDQ indica que as doenças reumatológicas e psiquiátricas são preditivas de
uma má QV. Pizzi et al (33), num estudo sobre o impacto de doenças crónicas
em indivíduos com DII, verificaram que a presença de artrite, doença
cardiovascular, depressão e ansiedade seriam as mais preditivas de pior QV.
Num estudo de Vidal et al (30), ficou comprovado que a presença de
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27 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
psicopatologia contribui para uma QV mais pobre nos doentes com DII,
podendo esta ser causa ou efeito da presença da DII. Também a osteoporose,
consequência frequente do uso prolongado de corticosteróides, pode ser
resultado da DII (9,29).
Está demonstrado que a ocorrência de internamentos implica uma QV
inferior (23,24,29). O mesmo se verificou neste estudo, pois aqueles que foram
sujeitos a internamentos, todos no período dos anteriores 60 dias ao
questionário, obtiveram valores de IBDQ inferiores, significativo no domínio
Sistémico e Social.
Os doentes com taxas de abstenção ao trabalho mais longos, foram os
que obtiveram resultados mais baixos, em todos os scores IBDQ. Esta variável
mostrou-se preditiva de pior QV a nível Intestinal, Emocional e Global. Num
outro estudo, a necessidade de suspensão transitória da actividade profissional
mostrou-se preditiva de pior QV (29). Este facto deve estar naturalmente
associado a complicações sistémicas da actividade da doença e à necessidade
de internamento.
Revela-se interessante neste contexto comparar o impacto da DII e
outras doenças crónicas na QV-RS. Num estudo realizado por Seres et al (39),
comparou-se a CU com o Síndrome do Intestino Irritável (SII). Verifica-se a
existência de níveis mais elevados de stress psicológico e ansiedade, e pior QV
do que na CU. Neste último grupo, a QV varia sobretudo em função da
actividade da doença, contrariamente ao carácter cognitivo e psicológico
enfatizado na SII. Comparativamente com a doença reumatológica crónica,
como a artrite reumatóide, Oliveira et al (40), e Klitz et al (41), verificaram que
a QV dos doentes é significativamente inferior à da população em geral. A
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28 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
limitação funcional é mais afectada pela doença do que a saúde mental, sendo
a presença de dor e a fadiga, os factores isolados mais preditivos de uma pior
QV. Num estudo realizado em Portugal, Pontinha et al (42) analisaram a QV na
doença oncológica, verificando que, no doente oncológico, os sintomas
associados à doença são os mais considerados, sendo a fadiga, a dor, a
insónia e a perda de apetite o que mais afecta a QV. Por outro lado, em
termos funcionais, o funcionamento físico e cognitivo são menos afectados que o
funcionamento social.
Por último surge a questão sobre as potenciais vantagens em incluir um
período mais alargado de resposta ao questionário, ou seja, 60 dias
anteriores, ao invés dos 15 dias, originalmente presentes no IBDQ-32.
Naturalmente que a sua formulação, por equipas treinadas e conceituadas, e a
sua posterior validação tornará esta questão algo controversa. Não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois períodos,
mas a verdade é que, na nossa amostra de apenas 58 doentes, 5 doentes
foram internados no período dos 60 dias anteriores, com comprovadas
implicações ao nível físico, emocional e económico. Os doentes vistos em regime
de consulta externa, são observados de tempos em tempos, podendo a sua
percepção de QV variar bastante nesse período. É por isso importante
estender o máximo possível a capacidade de memórias relativas à doença e à
vivência da mesma. Mesmo que no presente estudo não se possam tirar
conclusões torna-se importante estudar, em amostras com maior número de
doentes, períodos mais alargados.
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Limitações do trabalho:
Foram sentidas algumas dificuldades na aplicação do IBDQ: a
morosidade no preenchimento e a necessidade, por vezes, de adequação da
linguagem à heterogeneidade sociocultural da amostra. Pode ter ocorrido
algum fenómeno de discretização, pela tentativa de respostas socialmente
aceites, ou a renitência em revelar dados como os hábitos tabágicos.
A necessidade em incluir como entrevistadores um conjunto de
profissionais de saúde não treinados em conformidade na técnica de recolha
de dados pode diminuir a fiabilidade.
O tamanho da amostra é pequeno, traduzindo-se num poder estatístico
inferior. A necessidade de um período de aplicação de questionários
relativamente curto e a falta de comparência de alguns doentes à consulta,
limitaram o tamanho da amostra.
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30 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
V- CONCLUSÃO
Foram neste estudo estabelecidos alguns paralelismos entre a amostra
estudada e as fontes bibliográficas já publicadas.
A QV deste conjunto de doentes é relativamente boa, com parâmetros
de bem-estar superiores aos perspectivados ao iniciar o trabalho.
A maioria dos factores sócio-demográficos e clínicos não foram
determinantes da QV, mas a presença de doenças concomitantes, a ocorrência
de internamentos e consequente abstenção ao trabalho estão associados a uma
pior QV. Os hábitos tabágicos relacionam-se positivamente com a QV. Este
estudo demonstra, entre outros aspectos, que a QV depende de factores
potencialmente controláveis e modificáveis.
Apesar de não ser conclusivo acerca das vantagens no estabelecimento
de um período mais alargado no questionário, fica o registo da variação
importante na QV dos doentes entre períodos de tempo diferentes.
Projectos Futuros
A autora tenciona continuar com esta linha de investigação clínica.
Parece interessante um alargamento da amostra, incluindo os doentes do
Hospital da Guarda e de Castelo Branco. Com trabalhos ainda mais
abrangentes, de âmbito Nacional, conhecer-se-ia melhor a realidade da
doença, permitindo um melhor apoio clínico e social aos doentes com DII.
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31 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
VI – REFLEXÃO FINAL
Tendo em conta as repercussões conhecidas da DII na QV dos doentes,
a sua avaliação ganha notoriedade. A compreensão de factores sintomáticos,
ou o papel que factores sociais e emocionais têm na progressão da doença,
permitem a avaliação subjectiva da percepção do estado de saúde. A longo
prazo, a avaliação da QV na prática clínica poderá ajudar o clínico não só
num maior conhecimento dos doentes, assim como no estabelecimento de
estratégias terapêuticas e de actuação na doença.
Após a realização deste trabalho, ficou assegurado um conhecimento
mais profundo sobre o tema. Além do enriquecimento pessoal, ficará também a
sensibilização da opinião pública para um problema, que se reveste de
critérios subjectivos e não perceptíveis se a doença for abordada de forma
superficial ou compartimentada.
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32 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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38 Maria Isabel Dias Coelho - FCS
VIII. ANEXOS
Anexo 1: Questionário relativo a dados clínicos e sócio-demográficos
Anexo 2: Questionário IBDQ-32 (versão adaptada)
Anexo 3: Autorização da Comissão de Ética do Centro Hospitalar Cova
da Beira
Anexo 4: Consentimento Livre e Informado
Anexo 5: Protocolo/ Projecto de Investigação
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(ANEXO 1)
QUESTIONÁRIO
O questionário que se segue tem como objectivo a realização de um
trabalho de investigação subordinado ao tema: “Qualidade de vida e
Doença Inflamatória Intestinal”, para obtenção do Grau de Mestre na
licenciatura de Medicina da FCS – UBI.
1. Doente nº:
2. Tipo DII: Doença Crohn
Colite Ulcerosa
Variáveis sócio-demográficas
3. Sexo: F
M
4. Idade (dd/mm/aa):
5. Estado civil: Solteiro
Casado
Divorciado
Viúvo
6. Profissão: Empregado 6.1 – Se sim, qual a ocupação?
Desempregado
Estudante
Reformado
Outra 6.2 – Qual?
7. Nível Educacional: Sem estudos
Com estudos 7.1 – Qual o ano de estudos?
8. Hábitos Tabágicos: Não fumador
Ex-Fumador
Fumador
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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Variáveis clínicas
9. Data de diagnóstico DII:
10. Doenças concomitantes: Não
Sim 10.1 – Se sim, quais:
11. Cirurgias intestinais prévias: Não
Sim 11.1 – Se sim, quando:
12. Abstenção ao trabalho:
12.1 - Últimos 15 dias: Não
Sim 12.1.1 – Se sim, quantos dias?
12.2 - Últimos 2 meses: Não
Sim 12.2.2 – Se sim, quantos dias?
13. Internamentos Hospitalares:
13.1 – Últimos 15 dias: Não
Sim 13.1.1 - Se sim, quantos?
13.2 – Últimos 2 meses: Não
Sim 13.2.1 – Se sim, quantos?
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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(ANEXO 2)
QUESTIONÁRIO
O questionário que se segue tem como objectivo a realização de um
trabalho de investigação subordinado ao tema: “Qualidade de vida e
Doença Inflamatória Intestinal”, para obtenção do Grau de Mestre na
licenciatura de Medicina da FCS – UBI.
Doença Inflamatória Intestinal – Questionário IBDQ – 32
(versão adaptada)
Este questionário destina-se a avaliar o efeito que a sua doença tem no seu
dia-a-dia, relativamente a sintomas e sensação de bem-estar no geral.
Leia cuidadosamente cada uma das 32 perguntas que se seguem, e para cada
uma delas, assinale com um X, a resposta que no seu entender, melhor
descreve como se tem sentido nos últimos 15 dias e nos últimos 2 meses.
1 – Com que frequência, foi à casa de banho, nos últimos… ?
2 – Com que frequência lhe causaram transtorno, a sensação de fadiga e
cansaço, por causa do seu problema intestinal, durante os últimos… ?
3 – Com que frequência se sentiu frustrado, impaciente ou inquieto, por causa
do seu problema intestinal, durante os últimos… ?
15 dias 2 meses
Com muita frequência
Moderado aumento na frequência
Pequeno aumento na frequência
Normal, sem nenhum aumento na frequência
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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4– Com que frequência se sentiu incapaz para estudar ou trabalhar, por
causa do seu problema intestinal, durante os últimos… ?
5 – Com que frequência, teve diarreia, nos últimos… ?
6 – Qual o grau de energia que sentiu nos últimos… ?
7 - Com que frequência se preocupou com a possibilidade de ser operada/o,
por causa do seu problema intestinal, nos últimos… ?
8 – Com que frequência teve de adiar ou anular um compromisso social, por
causa do seu problema intestinal, nos últimos… ?
9 – Com que frequência teve cólicas abdominais, nos últimos… ?
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Nenhuma energia
Pouca energia
Alguma energia
Muita energia
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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10 – Com que frequência sentiu mal-estar geral, por causa do seu problema
intestinal, nos últimos… ?
11 - Com que frequência se preocupou por temer não encontrar uma casa de
banho perto, nos últimos… ?
12 – Qual a dificuldade sentida nas actividades de lazer ou desporto, por
causa do seu problema intestinal, nos últimos… ?
13 – Com que frequência sentiu dor abdominal, nos últimos… ?
14 – Com que frequência acordou durante a noite, por causa do seu
problema intestinal, nos últimos… ?
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Muita dificuldade
Alguma dificuldade
Um pouco de dificuldade
Nenhuma dificuldade
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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15 - Com que frequência se sentiu desanimada/o ou deprimida/o, por causa
do seu problema intestinal, nos últimos dois meses?
16 – Com que frequência, teve de abandonar um compromisso social por
não ter uma casa de banho disponível, nos últimos dois meses?
17 – Em geral, até que ponto foi um problema ter gases, nos últimos… ?
18 – Até que ponto foi um problema, manter ou alcançar o peso que gostaria,
nos últimos… ?
19 – Com que frequência, se sentiu preocupada/o ou ansiosa/o por poder
desenvolver cancro, ou ter uma recaída, por causa do seu problema
intestinal, nos últimos… ?
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Um grande problema
Algo problemático
Muito pouco problemático
Nenhum problema
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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20 – Com que frequência sentiu a barriga inchada, nos últimos… ?
21 - Com que frequência se sentiu relaxada/o e descontraída/o, nos últimos…?
22 – Com que frequência sangrou ao ir à casa de banho, nos últimos…?
23 – Com que frequência se sentiu envergonhada/o em público por cheiros
desagradáveis ou ruídos, por causa do seu problema intestinal, nos
últimos… ?
24 – Com que frequência teve vontade de ir à casa de banho sem realmente
defecar, nos últimos… ?
25 - Com que frequência se sentiu vontade de chorar, por causa do seu
problema intestinal, nos últimos… ?
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Universidade da Beira Interior – Junho 2010
26 – Com que frequência sujou a roupa interior sem querer, nos últimos… ?
27 - Com que frequência se sentiu aborrecida/o por causa do seu problema
intestinal, nos últimos… ?
28 - Até que ponto o seu problema intestinal foi uma dificuldade para as
suas relações sexuais, nos últimos… ?
29 – Com que frequência sentiu enjoado ou com vontade de vomitar, durante
os últimos… ?
30 - Com que frequência se sentiu mal-humorada/o ou facilmente irritável,
por causa do seu problema intestinal, nos últimos… ?
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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31 - Com que frequência sentiu falta de compreensão por parte dos outros,
nos últimos… ?
32 - Até que ponto se sentiu satisfeito, contente ou feliz com a sua vida
pessoal, durante os últimos… ?
15 dias 2 meses
Sempre
Muitas vezes
Poucas vezes
Nunca
15 dias 2 meses
Muito insatisfeito, infeliz
Algo insatisfeito, descontente
Bastante satisfeito, contente
Muito satisfeito, feliz
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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(ANEXO 4)
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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(ANEXO 5)
Consentimento Livre e Informado
Maria Isabel Melo Cruz Dias Coelho, aluna do 5º ano de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, a realizar um trabalho de investigação no âmbito da disciplina de Gastrenterologia, subordinado ao tema ”Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal”, vem solicitar a sua colaboração neste estudo. Informo que a sua participação é voluntária, podendo desistir a qualquer momento sem que por isso venha a ser prejudicado nos cuidados de saúde prestados pelo CHCB, EPE; informo ainda que todos os dados recolhidos serão confidenciais.
Consentimento Informado
Ao assinar esta página está a confirmar o seguinte:
Entregou esta informação
Explicou o propósito deste trabalho
Explicou e respondeu a todas as questões e dúvidas apresentadas pelo doente.
Isabel Dias Coelho Nome do Investigador (Legível) _____________________________________ ______________ (Assinatura do Investigador) (Data)
Consentimento Informado Ao assinar esta página está a confirmar o seguinte:
O Sr. (a) leu e compreendeu todas as informações desta informação, e teve tempo para as ponderar;
Todas as suas questões foram respondidas satisfatoriamente;
Se não percebeu qualquer das palavras, solicitou ao investigador que lhe fosse explicado, tendo este explicado todas as dúvidas;
O Sr. (a) recebeu uma cópia desta informação, para a manter consigo. ________________________________ _________________________ Nome do Doente (Legível) Representante Legal _________________________________ ____________ (Assinatura do Doente ou Representante Legal) (Data)
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
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(ANEXO 6)
PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO
Tese de Mestrado
Nome: Maria Isabel Melo Cruz Dias Coelho, nº 17940. Aluna do 5º ano da
Licenciatura e Mestrado Integrado em Medicina da Universidade da Beira
Interior.
Contacto: [email protected]; Tlm. 912181715
Orientador: Prof. Dr. José Augusto Silva Medeiros
Co-orientador: Dra. Célia Lemos Vicente
Tema: Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Introdução:
Medir e analisar a qualidade de vida relacionada com a saúde tem
reconhecida importância na abordagem e seguimento do doente com Doença
Inflamatória Intestinal. Trata-se de uma doença crónica, com variados quadros
clínicos (Doença de Crohn, Colite Ulcerosa e Colite Indeterminada), cujo
diagnóstico pode ser estabelecido em qualquer idade, mas a incidência é
maior entre 15 e 30 anos, período este geralmente de grande actividade, e no
qual o impacto da doença pode ser muito importante. Tradicionalmente, o
seguimento destes doentes é baseado em sinais clínicos. No entanto, estes
aspectos não reflectem a experiência subjectiva do doente perante a doença.
Estes pacientes têm a sua qualidade de vida comprometida, com possível
disfunção da vida social, do estado físico e emocional. Um estudo mais
Qualidade de Vida e Doença Inflamatória Intestinal
Universidade da Beira Interior – Junho 2010
aprofundado poderá completar os meios de diagnóstico acima referidos,
permitindo uma percepção mais global da visão do paciente perante a
doença, e assim contribuir, no geral, para um melhor seguimento do doente.
Objectivos:
1- A partir de um questionário específico, adaptado à população em
questão, avaliar a qualidade de vida percepcionada por um grupo de
doentes diagnosticados com DII, seguidos na consulta externa do serviço
de Gastrenterologia do CHCB;
2- Comparar a realidade portuguesa com diferentes realidades, segundo
os resultados obtidos, e a literatura já disponível sobre o assunto;
Metodologia:
Aplicação de um questionário previamente aprovado, a uma amostra
de doentes, número ainda não definitivo. Esta amostra será composta
por doentes diagnosticados com a DC e CU, seguidos na Consulta
Externa do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Cova da
Beira.
Consulta e análise dos processos clínicos hospitalares de cada um dos
doentes previamente seleccionados para o estudo em causa.
Confidencialidade e divulgação de resultados
Durante a realização do trabalho e respectivo tratamento de dados, será
salvaguardada a confidencialidade dos mesmos, tendo em consideração o
cumprimento das normas vigentes para o efeito.
Covilhã, Junho de 2009