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BOLETIM TÉCNICO Nº 76 OUTUBRO/2011 ISSN 0100-3054 INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ Londrina 2011 QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ João Ari Gualberto Hill André Luis Finkler da Silveira Francisco Migliorini Graziela Zoculoo Norma Kiyota José Antônio Nunes Vieira José Augusto Horst Laerte Francisco Filippsen José Antônio Cogo Lançanova Livro Qualidade Leite 25-06-12.indb 1 25/06/2012 16:33:13 VERSÃO DE AVALIAÇÃO PROIBIDA A DISTRIBUIÇÃO E A REPRODUÇÃO

QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ … · A produção de leite no Brasil praticamente duplicou nas duas últimas décadas e, para que esse crescimento se mantenha,

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BOLETIM TÉCNICO Nº 76OUTUBRO/2011

ISSN 0100-3054

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁLondrina

2011

QUALIDADE DO LEITENA REGIÃO SUDOESTE

DO PARANÁ

João Ari Gualberto HillAndré Luis Finkler da Silveira

Francisco MiglioriniGraziela Zoculotto

Norma KiyotaJosé Antônio Nunes Vieira

José Augusto HorstLaerte Francisco Filippsen

José Antônio Cogo Lançanova

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Comitê Editorial

Rui Gomes Carneiro - CoordenadorSéphora Cloé Rezende CordeiroTelma PassiniTiago Pellini

Editor ExECutivo

Álisson Néri

rEvisão

Joice Ferreira

Editor dE layout/diagramação

Nelson Maier Junior

Capa

Nelson Maier Junior

Crédito das imagEns

Edino Ferreira da SilvaFrancisco MiglioriniGraziela Zoculotto

distribuição

Área de Difusão de Tecnologia - [email protected] | (43) 3376-2373

tiragEm: 2.000 exemplares

Impresso na Gráfica Midiograf.

PubliCação finanCiada Com rECursos do Cnpq.

Todos os direitos reservados.É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.É proibida a reprodução total desta obra.

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ

Impresso no Brasil / Printed in Brazil2011

Qualidade do leite na região sudoeste do Paraná / João Ari Gualberto Hill...[et al.]. – Londrina : IAPAR, 2011.

56 p. : il. – (Boletim Técnico ; n. 76)

Inclui bibliografia.ISSN: 0100-3054

1. Leite – Qualidade – Paraná. 2. Leite – Cuidado e higiene. 3. Leite – Microbiologia. I. Hill, João Ari Gualberto. II. Instituto Agronômico do Paraná. III. Série.

CDU 664:631.7

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João Ari Gualberto HillMédico-veterinárioMestre em Produção Animal Doutor em Clínica VeterináriaPesquisador da Área de Zootecnia do IAPAR

André Luis Finkler da SilveiraMédico-veterinárioMestre e Doutor em ZootecniaPesquisador da Área de Nutrição Animal do IAPAR

Francisco MiglioriniEngenheiro-agrônomoMestrando em AgronomiaBolsista da Fundação Araucária

Graziela ZoculottoMédica-veterináriaBolsista da Fundação Araucária

Norma KiyotaEngenheira-agrônomaMestre em Administração Rural Doutora em Desenvolvimento RuralPesquisadora da Área de Socioeconomia do IAPAR

José Antônio Nunes VieiraMédico-veterinárioExtensionista da EMATER

José Augusto HorstEngenheiro QuímicoGerente do Laboratório da Rede Brasileira de Qualidade de Leite da Associação Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa

Laerte Francisco FilippsenMédico-veterinárioDoutor em Medicina VeterináriaPesquisador e Coordenador da Área de Sanidade Animal do IAPAR

José Antônio Cogo LançanovaZootecnistaMestre e Doutor em Zootecnia Pesquisador da Área de Nutrição Animal eLíder do Programa de Produção Animal no IAPAR

AUTORES

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INTRODUÇÃO ....................................... 5

METODOLOGIA EMPREGADA NO LEVANTAMENTO DA QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ ........................................ 12

RESULTADOS DAS ANÁLISES DA QUALIDADE DO LEITE ................... 14

Análises Físico-Químicas ............... 15Análises Microbiológicas e de Contagem de Células Somáticas ......................... 20Contagem Total de Bactérias .................................. 20Contagem de Células Somáticas ......................... 26

CONCLUSÕES ..................................... 29

REFERÊNCIAS ..................................... 30

RECOMENDAÇÕES ............................. 35Recomendações Gerais ................. 37Recomendações Específicas ......... 37Cuidados com a Água.................... 38Cuidados na Ordenha ................... 39Limpeza dos Equipamentos .......... 50Limpeza e Desinfecção de Sistemas Latão ao Pé ............... 53Limpeza do Tanque de Expansão .................................. 55Outras Medidas Importantes ........ 56

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO

O Brasil se destaca no cenário mundial por possuir o segundo maior rebanho bovino, com 202 milhões de cabeças. Pouco mais de 10% deste to-tal está destinado à produção leiteira, que em 2008 totalizou 21 milhões de vacas em ordenha, com produção de 27,5 bilhões de litros/ano (FAO, 2010) (Figura 1). O país é considerado, se-gundo dados de 2008, o sexto maior produtor mundial de leite, porém apre-senta baixa produtividade anual (1,3 t/vaca), muito aquém de países como Estados Unidos (9,3 t/vaca) e Alema-nha (6,8 t/vaca) onde o regime inten-sivo prevalece, mas também em com-paração a países como Argentina (4,8 t/vaca) e Nova Zelândia (3,5 t/vaca) (Figura 2), cujo regime de criação é baseado em pastagens (FAO, 2010).

O Estado do Paraná tem cerca de 1,333 milhão de vacas ordenhadas e é o terceiro maior produtor nacional de leite, com 11,5% da produção (3,333 bilhões de litros/ano) (DERAL, 2010).

Dentre os fatores que justificam a baixa produtividade das vacas no Brasil

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Figura 1. Classificação mundial dos principais países produtores de leite em 2008 (FAO, 2010).

está o fato de que os sistemas de produção não são adequados à produção de leite. As áreas destinadas às pastagens, em geral, são aquelas consideradas inadequadas para a produção de grãos. A preocupação com a fertilidade do solo e o manejo adequado das pastagens ainda está aquém do ideal. Aliado a isso, existe a dificuldade de acesso à assistência técnica adequada por parte dos produtores. Mais da metade dos bovinocultores de leite (54%) produz até 50 litros/dia, o que corresponde a 10% da produção total. Por outro lado, produzindo mais de 200 litros/dia estão 10% dos produtores, com produção correspondente a 50% da produção total de leite (COSTA, 2002).

A melhoria da produção das pastagens e do manejo com os animais tem proporcionado maior produtividade e produção de leite (Tabela 1). A bovinocultura de leite tem se tornado uma

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Figura 2. Produtividade de leite dos principais países produtores em 2009 (FAO, 2010).

atividade muito importante em virtude do número de famílias envolvidas. Na Região Sudoeste do Estado do Paraná são 29.932 famílias produtoras de leite (IBGE, 2011), atividade que está gerando emprego e renda para a agricultura familiar, sendo fundamental o aumento da produtividade e da qualidade deste produto para que estas famílias tenham melhores condições de vida no meio rural.

A produção de leite no Brasil praticamente duplicou nas duas últimas décadas e, para que esse crescimento se mantenha, é necessária a melhoria da qualidade do leite, tema de importância fundamental para toda a cadeia produtiva. O diferencial no preço pago ao produtor pela qualidade poderia representar uma oportunidade importante para as propriedades aumentarem suas receitas e um instrumento para incentivar a melhoria da qualidade do leite.

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Tabela 1. Produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade animal no Brasil de 1989 a 20081.

Ano Produção de leite (milhões de litros/ano)

Vacas ordenhadas (mil cabeças)

Produtividade (L/vaca/ano)

1989 14.095 18.673 755

1990 14.484 19.073 759

1991 15.079 19.964 755

1992 15.784 20.476 771

1993 15.591 20.023 779

1994 15.783 20.068 786

1995 16.474 20.579 801

1996 18.515 16.274 1.138

1997 18.666 17.048 1.095

1998 18.694 17.281 1.082

1999 19.070 17.396 1.096

2000 19.767 17.885 1.105

2001 20.510 18.194 1.127

2002 21.643 18.793 1.152

2003 22.254 19.256 1.156

2004 23.475 20.023 1.172

2005 24.621 20.820 1.183

2006 25.398 20.943 1.213

2007 26.134 21.122 1.237

2008 27.083 21.484 1.2611Estimativa Embrapa Gado de LeiteFonte: Adaptada de Mezzadri (2009) com dados de R. Zoccal - Embrapa Gado de Leite/IBGE (PPM)

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Com a intenção de melhorar a qualidade do leite, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) instituiu a Instrução Normativa no. 51 (IN 51), de 18 de setembro de 2002, determinando que o processo de coleta de leite cru seja feito por caminhões isotérmicos, a granel, não permitindo mais o transporte de leite da propriedade ao laticínio em latões e sem refrigeração. Exceção somente é permitida aos produtores que ordenham as vacas uma vez ao dia e que entregam o leite em resfriador comunitário, posto de resfriamento ou indústria processadora até às dez horas da manhã do dia em que se realizou esta ordenha.

O resfriador por expansão direta deve ser dimensionado de maneira que permita refrigerar o leite até uma temperatura igual ou inferior a 4oC, no tempo de no máximo três horas após o término da ordenha. No caso dos resfriadores por imersão, a temperatura deve ser igual ou inferior a 7oC, também em três horas, independente da capacidade do resfriador.

A qualidade do leite é fundamental para os produtores e as indústrias, tendo em vista sua grande influência nos hábitos de consumo e na produção de derivados. Ao levar a sua matéria-prima a um centro processador ou industrial, o produtor tem o seu leite submetido a testes de avaliação que permitem verificar sua qualidade (Tabelas 2 e 3). As análises são efetuadas conforme as normas vigentes, com o objetivo de garantir produtos que ofereçam o menor risco possível à população.

No processo de produção de leite, a ordenha é uma das tarefas mais importantes para o sucesso da atividade, pois atua na qualidade do produto e na produtividade, e na saúde e vida útil dos animais.

A Região Sudoeste do Paraná1 tem apresentado crescimento contínuo na produção de leite. Segundo o Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2011), dos 49.934 estabelecimentos rurais existentes na região, 29.932 (60%) produzem leite com mais de cinco vacas ordenhadas ao ano. Nesses estabelecimentos foram ordenhadas 189.405 vacas, com produção total de 405.551.839 litros de leite1Região composta por 42 municípios: 37 municípios da mesorregião Sudoeste paranaense e cinco municípios da microrregião de Palmas (IBGE, 2011).

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Tabela 2. Requisitos físicos e químicos do leite segundo a Instrução Normativa no. 51 de 18/09/2002, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Requisito LimitesMatéria gorda (g/100 g, mínimo) 3Densidade relativa a 15oC (g/mL) 1,028 a 1,034Acidez titulável (g ácido lático/100 mL) 0,14 a 0,18Extrato seco desengordurado (g/100 g, mínimo) 8,4Índice Crioscópico máximo -0,530oHProteínas (g/100 g, mínimo) 2,9

Fonte: Instrução Normativa no. 51, de 18/09/2002, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

Tabela 3. Requisitos microbiológicos e de Contagem de Células Somáticas avaliados pela Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite na Região Sul do Brasil.

Índice medido (por propriedade rural ou tanque comunitário)

A partir de 01/07/2008

até 01/07/2011

A partir de 01/07/2011

(prazo prorrogado)

Contagem Padrão em Placas (Contagem Bacteriana Total), expressa em UFC/mL (mínimo de uma análise mensal, com média geométrica e sobre período de três meses). Método FIL 100 B: 1991

Máximo de 7,5 x 105

Máximo de 1,0 x 105

(individual) ou 3,0 x 105

(leite de conjunto)

Contagem de Células Somáticas (CCS), expressa em células/mL (mínimo de uma análise mensal, com média geométrica sobre período de três meses). Método FIL 148 A: 1995

Máximo de 7,5 x 105

Máximo de 4,0 x 105

Fonte: Instrução Normativa no. 51, de 18/09/2002, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

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no ano de 2006, o que corresponde a 2.141 litros/vaca/ano. Esses números demonstram a importância da atividade leiteira na região, principalmente nas pequenas propriedades.

Com o objetivo de verificar a qualidade do leite produzido na Região Sudoeste do Estado do Paraná, foi realizado levantamento baseado nos parâmetros exigidos pela Instrução Normativa no. 51. Com os resultados obtidos será possível elaborar campanhas para a melhoria da qualidade do leite com foco nos principais problemas da região.

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METODOLOGIA EMPREGADA NO LEVANTAMENTO DA QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Os dados analisados foram forne-cidos pelo laboratório da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), um dos laboratórios credenciados para análise de leite no Brasil.

Foram analisadas cerca de 240.000 amostras de leite coletadas entre os anos de 2007 e 2009, agrupadas con-forme as seguintes microrregiões e seus respectivos municípios:

• Capanema: Ampére, Bela Vista da Caroba, Capanema, Planalto, Pranchita, Realeza e Pérola do Oeste;

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13QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

• Francisco Beltrão: Barracão, Boa Esperança do Iguaçu, Bom Jesus do Sul, Cruzeiro do Iguaçu, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Manfrinópolis, Marmeleiro, Renascença, Nova Prata do Iguaçu, Salto do Lontra e Verê;

• Pato Branco: Chopinzinho, Coronel Vivida, Itapejara d’Oeste, Mariópolis, Pato Branco, São João, Saudade do Iguaçu, Sulina e Vitorino;

• Palmas: Mangueirinha e Palmas.

A coleta das amostras foi realizada no momento imediatamente anterior à transferência do leite para o caminhão-tanque, isto é, amostrado no resfriador ou no recipiente utilizado para armazenagem do leite na propriedade, após a homogeneização. Para as análises de proteína, gordura, Sólidos Totais (ST) e Contagem de Células Somáticas (CCS) foram utilizados frascos com tampas vermelhas com o conservante bronopol. As amostras para realização da Contagem Bacteriana Total (CBT) foram acondicionadas em frascos com tampas azuis contendo o bacteriostático azidiol. Os frascos foram conservados em recipiente isotérmico com gelo reciclável, conforme descrito no manual de operações de campo (coleta de amostras) do laboratório de análise do leite da Associação Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (HORST, 2009).

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RESULTADOS DAS ANÁLISES DA QUALIDADE DO LEITE

Para a avaliação da qualidade do lei-te foram utilizados os dados percentuais de Sólidos Totais, proteína e gordura, as-sim como a Contagem Bacteriana Total expressa em Unidades Formadoras de Colônias (UFC) e a Contagem de Células Somáticas (células/mL). Estas determi-nações foram comparadas ao padrão exi-gido pela IN 51.

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15QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Análises Físico-QuímicasNa composição média do leite bovino, a água representa 87,5%

e os sólidos totais compostos de suas frações proteicas, de gordura, lactose e minerais, 12,5%. Cada uma destas frações é composta por diversas outras. Na Tabela 4 são apresentadas algumas das diferentes frações da proteína, dos minerais e vitaminas que fazem parte da composição do leite bovino (LUCCI, 1989; PINOTTI e ROSI, 2006; GEORGIEV, 2008).

Ao serem analisadas, as amostras de leite da Região Sudoeste do Paraná apresentaram variação da composição do leite durante os meses nas várias microrregiões (Figura 3). Os meses de março, abril e maio coincidem com o vazio forrageiro outonal (período de transição entre as pastagens de verão e inverno). Nesse período, as pastagens de verão estão no final do ciclo, portanto mais fibrosas. Nos meses seguintes, a oferta das pastagens de inverno (aveia e azevém), semeadas nas áreas de cultivo de grãos, já é predominante e tem seu pico em setembro.

Os teores de sólidos totais apresentaram queda a partir do mês de outubro, quando, geralmente, as forragens de inverno são dessecadas para a semeadura das lavouras de grãos e as pastagens de verão começam a produzir, mas pouco (vazio forrageiro primaveril). Este sistema de integração lavoura-pecuária é bastante utilizado na região, em especial, nos locais mais frios como Pato Branco e Francisco Beltrão.

Para a microrregião de Capanema, com clima mais quente, o vazio forrageiro outonal acontece mais tardiamente. Além disso, o uso das pastagens de inverno acontece com menor frequência e por um período menor. Assim, a diminuição nos teores de Sólidos Totais é observada a partir do mês de junho, não ocorrendo o comportamento de elevação, característico das regiões de Pato Branco e Francisco Beltrão, que utilizam mais as pastagens de inverno.

O aumento de Sólidos Totais no leite é fundamental para as indústrias produtoras de derivados como queijos, iogurtes e também para aquelas que produzem leite condensado e leite em pó,

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16INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Tabela 4. Composição do leite bovino baseado nos dados de Lucci (1989)1; Georgiev (2008)2 e Pinotti e Rosi (2006)3.

Componentes Leite

Água (%) 87,5Gordura (g/100 g)1 3,5-4,0Sólidos não gordurosos (g/100 g)1 8,6Proteína (g/100 g)1 3,25

Caseína (g/100 g)1 2,6 Albumina (g/100 g)1 0,47 Imunoglobulina (mg/mL)2

IgG2 0,5-7,5 IgG12 0,25-0,5 IgG22 0,05

IgM2 0,04-0,05 IgA2 1,7 Hormônios (ng/mL)2

Insulina (ng/mL)2 0,042-0,34 Cortisol total (ng/mL)2 0,35 Cortisol livre (ng/mL)2 0,3 Prolactina 50 Progesterona 0,8 Leptina3 6,14 Fatores de crescimento IGF1(µg/L)2 4-10

Lactose1 (g/100 g) 4,6Cinzas1 (g/100 g) 0,75Carotenoides1(µg/g de gordura) 7Vit. A1 (µg/g de gordura) 8Vit. D1(U.I./g de gordura) 0,6Vit. E1 (µg/g de gordura) 20

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17QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

12,2

12,3

12,4

12,5

12,6

12,7

12,8

12,9

Porc

enta

gem

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Mês

Sólidos

Microrregião de Francisco Beltrão

Microrregião de CapanemaMicrorregião de Pato Branco

Figura 3. Teores médios de Sólidos Totais em amostras de leite cru coletadas nas microrregiões de Francisco Beltrão, Capanema e Pato Branco, nos diferentes meses do ano (1: janeiro e 12: dezembro), no período de 2007 a 2009.

implicando no rendimento de seus produtos finais e na diminuição dos custos com transporte e efluentes. Quando o leite é envasado após o processo de pasteurização ou Ultra High Temperature (UHT), a preocupação maior das empresas é com o seu volume.

Na Região Sudoeste do Paraná, grande parte do leite é transformado em queijo ou condensado para posterior desidratação (leite em pó). Em virtude dessa realidade, há interesse por parte das indústrias no aumento dos teores de Sólidos Totais presentes no leite.

Algumas ferramentas estão disponíveis para manipular os principais componentes desses sólidos, gordura e proteína, dentre elas, a nutrição animal. De maneira geral, dietas com alto teor de carboidratos fibrosos, como hemicelulose e celulose, favorecem a produção de gordura e, consequentemente, a obtenção de teores mais elevados de sólidos totais.

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18INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

A gordura e a proteína podem ser consideradas os componentes mais importantes do leite. Em países onde existe o pagamento diferenciado do leite pela qualidade, a seleção do rebanho está voltada à produção de gordura e proteína.

Pode ser observado na Figura 4 que, quanto à gordura, o leite de todas as regiões está acima do padrão mínimo exigido pela IN 51. Todas as microrregiões analisadas apresentaram pico entre os meses de abril e junho, demonstrando que a forragem se tornou mais fibrosa ou houve elevação na disponibilidade de forragem na dieta, o que pode aumentar o percentual de gordura no leite.

A energia necessária pelo metabolismo dos animais ruminantes provém basicamente de ácidos graxos voláteis (acético, propiônico e butírico) produzidos no rúmen pela fermentação dos diferentes alimentos. Dependendo da composição da dieta, ocorrerá uma variação entre a produção dos ácidos graxos acético e butírico, que são precursores de parte da gordura do leite. Cerca de 44% da

Gordura

3,6

3,7

3,8

3,9

4,0

4,1

4,2

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Porc

enta

gem

Mês

Microrregião de Francisco Beltrão

Microrregião de Capanema

Microrregião de Palmas

Microrregião de Pato Branco

Figura 4. Teores médios de gordura em amostras de leite cru coletadas nas microrregiões de Francisco Beltrão, Capanema, Pato Branco e Palmas, no período de 2007 a 2009.

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19QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

gordura do leite provém de triglicerídeos ingeridos pela vaca e o restante de síntese endógena (GONZÁLEZ e SILVA, 2003). Os teores de gordura são aqueles que podem apresentar a maior variação no leite devido a fatores como alimentação, raça, estação do ano e período da lactação, podendo haver variação de duas a três unidades percentuais (BARBOSA, 2007).

A gordura do leite é composta por ácidos graxos de cadeia longa, média e curta. Os ácidos de cadeia longa são provenientes da alimentação ou reservas armazenadas no organismo, enquanto os de cadeia curta e média são oriundos da fermentação ruminal (AMÉDÉO, 1997).

Os teores de proteína apresentaram dois picos extremos durante o ano, 3,28% e 3,27% nos meses de maio e agosto, respectivamente, com declínio ao ponto mínimo em dezembro (3,1%). Porém, o valor médio ficou 11% acima do mínimo exigido pela IN 51 (Figura 5).

Porc

enta

gem

3,05

3,10

3,15

3,20

3,25

3,30

3,35

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Mês

Proteínas

Microrregião de Francisco Beltrão

Microrregião de Capanema

Microrregião de Palmas

Microrregião de Pato Branco

Figura 5. Teores médios de proteína em amostras de leite cru coletadas nas microrregiões de Francisco Beltrão, Capanema e Pato Branco, no período de 2007 a 2009.

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20INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Os teores de proteína do leite variaram numa amplitude inferior aos teores de gordura. Fatores como energia e proteína da dieta, raça e período de lactação também são grandes responsáveis por esta variação.

Pelos resultados das Figuras 3, 4 e 5, pode-se atribuir as variações encontradas nos diferentes períodos principalmente à nutrição animal e, em especial, à oferta e qualidade da forragem nos diferentes períodos.

Neste levantamento não foi possível verificar a variação na quantidade de leite produzido, mas as informações permitem inferir que com o aumento na produção e qualidade da forragem e, principalmente, com a diminuição da sazonalidade forrageira, não só a produção de sólidos totais (ST), gordura e proteína seriam maiores, mas também a quantidade de leite produzido se elevaria muito, o que teria um impacto econômico positivo para os produtores de leite da região.

Análises Microbiológicas e de Contagem de Células Somáticas

Contagem Total de BactériasA Contagem Bacteriana Total (CBT) do leite cru é o teste uti-

lizado para avaliar a qualidade microbiológica do leite. O resulta-do pode indicar como está sendo realizada a higiene na obtenção e no manuseio do leite na propriedade. Valores altos indicam falhas na limpeza dos equipamentos, na higiene da ordenha e/ou proble-mas no resfriamento do produto. O resultado é dado em UFC/mL (Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de leite). A Instru-ção Normativa no. 51 estabelecia o valor máximo (média geomé-trica de três meses) de 7,5 X 105 (750.000 UFC/mL). A partir de 01/07/2011, este valor passaria a 1,0 x 105 (100.000 UFC/mL) e 3,0 x 105 (300.000 UFC/mL) para leite armazenado em resfriadores individuais e em conjunto (ou comunitário), respectivamente (ver Tabela 3), mas este prazo foi prorrogado.

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21QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Os resultados de CBT e CCS estão na Tabela 5. O valor médio das amostras do leite coletado no Sudoeste do Paraná está 28 vezes acima da média exigida pela IN 51 para CBT (ver Tabela 3), com destaque negativo para a microrregião de Palmas, com 3.401.000 UFC/mL. Portanto, a CBT é um problema a ser enfrentado por todos aqueles ligados à cadeia produtiva do leite na região.

No entanto, os dados de CBT estão apresentados em média aritmética e não em média geométrica, como utilizado no quesito bonificação do preço pago ao produtor. A IN 51 estabelece que seja realizada no mínimo uma análise mensal, com média geométrica sobre um período de três meses. Como as amostras analisadas nem sempre apresentavam identificação, como nome do produtor, estas não puderam ser analisadas pela média geométrica.

Na Figura 6, pode-se observar a diferença na CBT entre as microrregiões estudadas. Em todas elas, embora a CBT seja alta durante todo o ano, observa-se uma tendência de aumento no período de julho a dezembro, indicando que nesses meses há maior contaminação do leite.

Para definir melhor a causa direta da elevada CBT, seria necessária uma investigação mais minuciosa para detectar qual ou quais grupos de bactérias estão causando essa contaminação; embora a causa provável seja a associação de vários fatores.

Tabela 5. Teores médios de Contagem Bacteriana Total (CBT x 1000 UFC/mL), Contagem de Células Somáticas (CCS x 1000/mL) coletadas nas microregiões de Francisco Beltrão, Capanema, Pato Branco e Palmas, no período de 2007 a 2009.

Francisco Beltrão Capanema Pato Branco Palmas

CBT 2.378 2.996 2.504 3.401CCS 709 653 683 756

No. de amostras 87.575 77.115 74.291 4.789

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22INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

x 10

0/m

l

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Mês

CBT

Microrregião de Francisco Beltrão

Microrregião de Capanema

Microrregião de Palmas

Microrregião de Pato Branco

Figura 6. Contagem Bacteriana Total (CBT), como média aritmética de amostras de leite cru coletadas nas microregiões de Francisco Beltrão, Capanema, Pato Branco e Palmas, no período de 2007 a 2009.

Supõe-se que entre estes estão o resfriamento inadequado, a qualidade da água para limpeza e desinfecção dos equipamentos, a não utilização de detergentes e desinfetantes adequados na antissepsia dos tetos, em especial nas épocas de maior precipitação pluviométrica, e o estado de conservação dos insufladores.

Dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2006 (IBGE, 2007) apontam que somente 7.454 dos 29.932 estabelecimentos leiteiros (24,9%) da Região Sudoeste do Paraná possuem tanque de resfriamento. Hartmann (2009) afirma que deficiências no processo de resfriamento do leite estão entre as principais causas da alta CBT no Oeste do Paraná. O mesmo autor apresenta uma estimativa de produtores segundo o principal método de armazenamento do leite por região (Tabela 6). Nesta tabela, observa-se que a Região Sudoeste apresenta grande número de produtores que armazenam o leite em geladeira ou freezer comum, equipamentos que não têm

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23QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Tabela 6. Estimativa de produtores segundo o principal método de armazenamento do leite por região no Estado do Paraná, em outubro de 2007.

Paraná e regiões Produtor

Principal local dearmazenamento do leite (%)

Latão Gela-deira

Freezer comum

Refrigerador

Imersão Expansão

Ponta Grossa 2.243 9,4 7,6 6,3 7,9 68,8Oeste 20.731 3,1 10,6 25,4 34,5 26,4Sudoeste 25.343 0,8 11,0 49,8 24,7 13,6Demais regiões 51.256 21,2 11,6 23,4 15,1 28,7

Paraná 99.573 11,9 11,2 30,1 21,5 25,3Fonte: Hartmann (2009), com dados do IPARDES-EMATER (2008)

condições de realizar o resfriamento com a rapidez necessária para manter a qualidade desejável do leite.

Na Circular Técnica Manejo Correto da Ordenha e Qualidade do Leite, editada pela Embrapa-Sul, Silva et al. (2002) citam a importância do resfriamento, mas também da temperatura e do tempo de armazenamento, assim como da contaminação inicial a que este leite é submetido (Tabela 7). Na Região Sudoeste, 54% dos produtores produzem menos de 50 L por dia, portanto, grande parte das amostras do leite é oriunda de pequenas propriedades (IBGE, 2011). A captação diária deste leite pode ser considerada inviável economicamente em grande parte das linhas de transporte, devido ao custo do frete. Esta condição potencializa a importância da higiene da ordenha e dos equipamentos e, também, da eficiência do equipamento de resfriamento.

Quando as amostras foram classificadas em cinco faixas diferentes quanto à CBT, menos da metade delas ficou abaixo de 750.000 UFC/mL (Figura 7). A microrregião que mais se destacou

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24INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Tabela 7. Evolução na carga bacteriana no período de 48 horas após a ordenha em função da carga inicial do leite cru e temperatura de conservação.

Temperatura de conservação (oC)

Número de bactérias/mL de leite cru

Após a ordenha 24 horas 48 horas

4,4

4.300

4.130 4.56010,0 13.960 127.720

15,5 1.587.300 33.011.100

4,4

39.100

88.028 127.720

10,0 177.500 831.600

15,5 4.461.100 99.120.000

4,4

136.500

281.600 538.800

10,0 1.170.500 113.662.10015,5 24.673.600 639.884.600

Fonte: Silva et al. (2002)

na faixa de 0-100.000 UFC/mL foi a de Francisco Beltrão, com mais produtores enquadrados nas exigências previstas pela IN 51 a partir de 2011. No entanto, metade das amostras de leite coletadas nas propriedades apresentou elevada contagem bacteriana, resultando em um produto com menor rendimento para o queijo, diminuição do tempo de prateleira e falta de estabilidade do produto, prejudicando o processo de Ultra High Temperature (UHT).

A CBT do leite da Região Sudoeste do Paraná pode ser considerada alta se comparada aos padrões exigidos pela IN 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em especial com aqueles que deveriam ter sido instituídos a partir de julho de 2011. Entretanto, esta condição não difere muito de outras realidades do Brasil relatadas por Nero et al., 2005.

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25QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Porc

enta

gem

0-100 101-400 401-750 751-9998 >9998

x 100/mL

CBT

Capanema Francisco Beltrão Pato Branco Palmas

Figura 7. Contagem Bacteriana Total (CBT), amostras agrupadas em cinco faixas distintas em cada microrregião do Sudoeste do Paraná (Capanema, Francisco Beltrão, Pato Branco e Palmas), coletadas de 2007 a 2009 no momento da entrega do leite no caminhão tanque.

Quando a produção de leite provém de produtores com pequenas produções, para os quais o custo para aquisição de resfriadores adequados é alto e a frequência de coleta do leite pela indústria é superior a 24 horas, o cumprimento das exigências impostas pela IN 51 a partir de julho de 2011, mas que foram prorrogadas, torna-se quase impossível de ser realizado. Com isso, há a necessidade de buscar sistemas de refrigeração adequados para estes produtores, com custos compatíveis à sua produção.

Apesar da ênfase dada ao processo de resfriamento, apenas isso não basta. Em levantamento feito na Região Sudoeste do

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26INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Paraná, Campos et al. (2008) verificaram que 88% das águas de propriedades rurais estão contaminadas por coliformes totais. Tais águas, se não passarem por tratamento, são inadequadas para limpeza dos equipamentos, instalações e tetos dos animais. Benato e Perondi (2010) propõem a proteção de fontes para evitar a contaminação, pois em trabalho realizado na mesma região, verificaram que 76% das fontes contaminadas submetidas à proteção apresentaram índice menor ou nulo de contaminação por coliformes.

A limpeza e desinfecção dos equipamentos, utensílios, tetos dos animais e mãos do ordenhador também são fundamentais. No Paraná, estima-se que apenas 30,8% dos produtores utilizam produtos recomendados para a desinfecção dos equipamentos de ordenha (IPARDES, 2008). A dificuldade para a aquisição desses produtos e a falta de aquecedores de água nas propriedades colocam em risco a qualidade do leite, principalmente no que se refere à CBT.

Contagem de Células SomáticasO leite apresenta algumas células epiteliais (muito poucas) e

algumas células de defesa (macrófagos, linfócitos e neutrófilos), indicadas pela CCS. Existe ainda bastante divergência entre autores sobre o que seria considerado normal no leite da vaca. Em estudo realizado no Brasil (Figura 8), Coldebella et al. (2004) observaram que CCS superior a 17.000 células/mL levaria a perdas na produção de leite, principalmente em vacas multíparas (com mais de 1 parto).

O exame da CCS, assim como o California Mastitis Test (CMT), são testes confiáveis utilizados para determinar a qualidade do leite e avaliar a saúde da glândula mamária (DELLA LIBERA et al., 2009). A mastite é quase sempre causada por infecção intramamária, sendo considerada o principal fator que afeta a CCS do leite. Quando os microrganismos da mastite invadem o úbere, o organismo direciona os leucócitos do sangue para o interior da glândula mamária, com intuito de combater a agressão tecidual (PALES et al., 2005).

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27QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Na Figura 9, a CCS apresenta-se semelhante em todas as microrregiões da Região Sudoeste do Paraná, com exceção de

CCS (Mil células/mL)

Pe

rda

s n

a p

rod

uçã

od

e le

ite

(kg

/dia

)

Multíparas

Primíparas

200 300 400 500 600 700 800 900 10000 100

0,0

-1,0

-2,0

-7,0

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

Figura 8. Perdas de produção de leite em função do aumento da Contagem de Células Somáticas (CCS) e da ordem de lactação (Adaptado de COLDEBELLA et al., 2004).

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300CCS

x 10

00/m

L

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Mês

Microrregião de Francisco Beltrão

Microrregião de Capanema

Microrregião de Palmas

Microrregião de Pato Branco

Figura 9. Contagem de Células Somáticas (CCS) em amostras de leite coletadas na Região Sudoeste do Paraná, no período de 2007 a 2009.

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Palmas, que apresenta grande variação durante o ano, mas isso pode ter ocorrido em virtude do menor número de amostras analisadas. Porém, o valor médio para a região se encontra em 700.000 CCS/mL, acima do que estaria previsto na IN 51 para o ano de 2011. Tal característica pode estar reduzindo a produção de leite em torno de 7% (PALES et al. 2005), além de apresentar relação direta e indicativa da presença de mastite em vacas do rebanho, o que causa alteração na composição, elevação dos riscos de contaminação com antibióticos e aumento da probabilidade da presença de bactérias patogênicas no leite.

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As análises das amostras de leite da Região Sudoeste do Paraná permitem concluir que:

• Os teores de sólidos totais, gordura e proteí-na estão, na média, acima dos padrões míni-mos exigidos pela IN 51, o que é desejável;

• Existe oscilação dos teores de sólidos totais, gordura e proteína causados, principalmen-te, pela sazonalidade forrageira. Isso indica que a melhoria no manejo da pastagem alia-do a uma suplementação racional poderiam aumentar a produção de leite e os teores de seus componentes sólidos;

• A elevada CBT é o principal problema do leite da Região Sudoeste do Estado do Pa-raná. Medidas urgentes devem ser tomadas para solucioná-lo;

• A quantidade de células somáticas presen-tes no leite da região, em média, apresenta--se dentro dos padrões mínimos exigidos na época em que o leite analisado foi coletado. Com a intensificação das exigências sobre a qualidade do produto, a elevada CCS torna--se um problema, porém em menor grau que a CBT. A diminuição da CCS no leite da re-gião ocorrerá na medida em que os cuidados para diminuição da CBT sejam adotados.

CONCLUSÕES

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AMÉDÉO, J. L’alientation et la pathologie nutritionelle. In: LES RENCONTRES QUALITÉ DU LOIT, 1997, Rennes. Anais... 1997, p. 16-24.

BARBOSA, J. G. Influência da suplementação sobre as características físico-químicas e sensoriais do leite de vacas Sindi, mantidas a pasto. Areia, PB: UFP, 2007. 49 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.

BENATO, J. A.; PERONDI, M. A. Água e qualidade de vida: apoio a um processo de gestão ambiental. Relatório final de atividades. PIBIC/CNPq. – UTFPR – Pato Branco, 2010.

BRASIL. Instrução normativa no. 51, de 18 de setembro de 2002. Regulamentos técnicos de produção, identidade, qualidade, coleta e transporte de leite. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Secretaria de Inspeção de Produto Animal, 2002, 39 p.

REFERÊNCIAS

Livro Qualidade Leite 25-06-12.indb 30 25/06/2012 16:33:17

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31QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

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37QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Para que a qualidade do leite na Região Sudoeste

do Paraná melhore, é necessário que medidas simples,

mas fundamentais e urgentes, sejam adotadas pelos

produtores e pelas indústrias.

Recomendações Gerais

> Efetuar o pagamento pela qualidade do leite,

privilegiando sensivelmente o produtor cujo

produto apresente CBTs inferiores a

100.000 UFC/mL e penalizando aqueles com

contagens superiores a esse valor;

> Dar preferência para a captação do leite a cada

24 horas. Excepcionalmente, o leite poderá ser

coletado a cada 48 horas. Jamais poderá ocorrer

o transporte de leite armazenado por tempo

superior a 48 horas.

Recomendações Específicas

Medidas simples e eficientes no manejo da água

e da ordenha devem ser adotadas (DURR, 2005;

SANTOS, 2000; 2004):

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Cuidados com a Água

> Utilizar água de boa qualidade;

> Proteger as fontes de água e monitorar

sua qualidade através de análises

microbiológicas periódicas e, quando

houver necessidade, tratar a água (com

cloro, por exemplo).

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39QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Cuidados na Ordenha

> Lavar as mãos e mantê-las limpas durante

toda a ordenha e, se possível, usar luvas de

borracha;

> O ordenhador deve ter boa saúde, unhas

cortadas, utilizar roupas e botas limpas

e não tocar em partes do animal que não

sejam os tetos;

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40INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Cuidados na Ordenha

> Se as vacas estiverem com o úbere sujo de

esterco ou lama, lavar somente os tetos

com sabão e água corrente;

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41QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Cuidados na Ordenha

> Imergir os tetos em solução desinfetante

(iodada ou clorada) antes da ordenha

(pré-dipping), deixando a solução agir por

aproximadamente 30 segundos antes de

secar com papel toalha;

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42INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Cuidados na Ordenha

> Secar os tetos com papel toalha descartável, utilizando uma folha de

papel toalha por teto. Não usar panos

para a secagem, pois estes aumentam

a contaminação dos tetos;

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43QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Cuidados na Ordenha

> Retirar os três primeiros jatos de cada

teto em uma caneca de fundo escuro,

deixando para o final da ordenha as

vacas cujo leite apresente grumos,

filamentos, pus ou sangue;

> Quinzenalmente, realizar o teste California

Mastitis Test (CMT);

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Cuidados na Ordenha

> Colocar as teteiras, ordenhar a vaca e

interromper o vácuo antes de retirá-las;

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45QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Cuidados na Ordenha

> Imergir os tetos em solução desinfetante

(iodada, clorada ou clorexidine, todas com

emoliente – glicerina, por exemplo) após a

ordenha (pós-dipping);

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46INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Cuidados na Ordenha

> Manter os animais em pé, após a ordenha,

por um período mínimo de 30 minutos.

Para isso, pode-se colocar algum alimento

como ração e/ou concentrado no cocho

ou comedouro;

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47QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Cuidados na Ordenha

> Manter o local de ordenha sempre limpo;

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48INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Cuidados na Ordenha

> Usar roupas limpas para ordenhar as vacas;

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49QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Cuidados na Ordenha

> Fazer o resfriamento do leite a 4°C em

tanques de refrigeração por expansão

direta e a 7°C em tanques de imersão em

água gelada. Esta temperatura deverá

ser atingida, no máximo, 3 horas após a

ordenha. Para o leite da segunda ordenha,

a temperatura não deverá ultrapassar

10°C, retornando a 4°C em 2 horas.

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50INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Limpeza dos Equipamentos

A limpeza dos equipamentos deve começar logo

após a ordenha, quando as tubulações ainda estão

mornas e não ocorreu a formação de depósitos de

resíduos. Deve-se desconectar a tubulação de leite do

tanque resfriador e deixar drenar todo o resíduo de leite

da unidade final e da bomba de leite. É recomendada a

limpeza manual externa das unidades finais e manguei-

ras antes de acoplar as unidades de ordenha na linha

de limpeza, fechando o circuito por onde as soluções de

limpeza circularão, a partir do tanque de limpeza.

> Enxágue inicial: o enxágue com água aquecida

(38-55oC) tem o objetivo de remover os resíduos

de leite grosseiros e que facilmente se dissolvem

em água. Não é recomendada a recirculação deste

enxágue. Descartar a água após a passagem pelo

equipamento. A temperatura da água não pode

ser inferior a 35oC ou superior a 53oC, pois abaixo

desse valor ocorre a solidificação da gordura e

acima a desnaturação de proteínas;

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51QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

> Limpeza com detergente alcalino clorado:

nesta etapa, o principal objetivo é a remoção da

gordura e proteína após o enxágue inicial. Com

a temperatura ajustada entre 43-77oC, faz-se

a limpeza, sendo que a eficácia do detergente

aumenta com o aumento da temperatura da água e

diminui com o aumento da dureza. A alcalinidade

da solução para circulação é de 250-500 ppm

(expressos como Na2O) para ordenhadeiras e

400 ppm para tanques resfriadores. Nesta etapa,

a maior dificuldade das propriedades leiteiras

é a falta de um bom suprimento de água quente

e a monitoração para saber se a temperatura

adequada está sendo alcançada;

> Limpeza com detergente ácido: é feita com

a função de remover os depósitos minerais

originados da água e do leite. Neste ciclo, a água

pode ser fria ou morna (35-43oC). Recomenda-

se a realização desta prática pelo menos duas

vezes por semana, dependendo da qualidade da

água usada para a limpeza. A solução deve ter

pH menor ou igual a 3,5 para uma ação efetiva,

diminuindo a capacidade de multiplicação

microbiana e facilitando a ação do sanitizante;

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52INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

> Desinfecção ou sanitização: esta etapa

visa reduzir a contaminação bacteriana. Os

sanitizantes são aplicados por circulação após os

ciclos de limpeza para eliminar microrganismos

que resistiram e que podem se multiplicar. Os

compostos a base de cloro são os mais utilizados

por serem de amplo espectro de ação e de boa

eficácia. A solução deve apresentar de 100 a

200 ppm de cloro disponível. Os produtos mais

usados são os hipocloritos de cálcio (CaOCl) e de

sódio (NaOCl).

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53QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Limpeza e Desinfecção de Sistemas Latão ao Pé

> Enxágue: ao final da ordenha, o enxágue deve

ser feito em cada unidade de ordenha com

água aquecida (38-43oC). A água deve ser

passada através da teteira com a unidade em

funcionamento. Após o enxágue, desligar o vácuo

e enxaguar as demais superfícies;

> Limpeza com detergente alcalino: fazer a

limpeza de todos os componentes que entram

em contato com o leite através da imersão em

solução detergente alcalina, em concentração

adequada, com temperatura entre 52oC e 54oC.

Esfregar todos os componentes com escova

apropriada para remover resíduos orgânicos;

> Limpeza com detergente ácido: deve ser

realizada periodicamente, como já descrita

anteriormente, para remover resíduos minerais.

Ao término da lavagem, todos os componentes

devem ser colocados em local limpo e arejado

para secar e drenar;

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54INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

> Limpeza automática da unidade de ordenha:

promove a circulação das soluções de limpeza no

interior da unidade de ordenha, não descartando

a limpeza manual externa e dos locais de

difícil acesso. Recomenda-se passar solução

desinfetante como no procedimento de enxágue.

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55QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Limpeza do Tanque de Expansão

> Enxágue: enxaguar as superfícies com água

morna (38-43oC) após esvaziar o tanque;

> Limpeza com detergente: preparar 5-10

litros de solução de detergente alcalino clorado

à temperatura de 49-54oC. Esfregar todas as

superfícies com escova apropriada, em especial

a pá do agitador e a saída do leite. Recomenda-

se desmontar a torneira de saída para completa

limpeza dos componentes;

> Enxágue e sanitização: pode-se utilizar uma

solução de detergente ácido para reduzir a

formação de pedra do leite. Antes da próxima

utilização do tanque, é aconselhável utilizar uma

solução desinfetante à base de cloro para reduzir

a contaminação. Atenção para que ocorra a

drenagem completa da água residual.

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56INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR

Outras Medidas Importantes

> Fazer a manutenção dos equipamentos de

ordenha seguindo as recomendações do

fabricante ou quando ocorrerem rachaduras

e desgaste das teteiras (insufladores);

> Descartar as vacas com mastite crônica;

> O tempo máximo de conservação do leite na

propriedade, da ordenha até o momento do

transporte à indústria, é de no máximo

48 horas.

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