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neuza-teixeira
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poema
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Quando as via, tão jovens e já tristes,
Olhar a mãe chorando, Eu cismava, e o infortúnio pressentia, Vago ainda, os meus dias ameaçando.
E o infortúnio chegou. Era uma noite,
E eu ainda infante Despertei aos gemidos dolorosos
Das órfãs junto à mãe agonizante!
Transportaram-me ao leito aonde a triste
Lutara na agonia, Era tarde! A primeira vez na vida,
Ao beijá-la, as suas bênçãos não colhia!
E as lágrimas, tão fluentes na infância
Os meus olhos não banhavam!
Então senti que os dias de ventura
Com ela para sempre me deixavam.
Depois os mesmos anjos, que na infância
No berço me sorriam, Em vez das vestes cândidas de outrora, Agora negras túnicas cingiam.
Nunca mais como a flor na Primavera
Eu as vi radiantes;
Mas sim como no Outono ela se ostenta, Pendendo as alvas pétalas fragrantes.
Pobres flores! tão cedo sem abrigo,
Dia a dia enlanguescem
Como as que adornam virginais capelas, E ao fim de um baile pelo chão fenecem.
Como cândidas pombas surpreendidas
Por furiosa tormenta,