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Quando havia partidos...

A libertação chegou a 25 de Abril e com ela a esperança de um futuro melhor. Houve eleições livres, as primeiras em muitos anos, e o país entrou assim numa era verdadeiramente democrática. O regime consolidou-se, as lutas eleitorais resumiram-se quase sempre aos mesmos partidos políticos. Mas começaram entretanto a apa-recer os escândalos, depois a instabilidade política. O descontentamento do povo com a classe política aumentou, transformando-se depois em puro e absoluto desin-teresse. Alguma coisa tinha de mudar. Um resumo da história recente de Portugal? Podia ser. Mas o 25 de Abril não é de 1974 e sim de 1945, quando a Itália festejou a libertação do jugo nazi. Será desca-bido comparar a história de Itália do pós-guerra com a história de Portugal depois da queda da ditadura? O nosso país ainda só tem 35 anos de vida em democracia, Itália já vai a caminho dos 65 anos. A tagline da estreia em Portugal de “Il Divo” é “Quando Havia Partidos em Itália”. E não os há hoje? Há, mas já não são os mesmos que dominaram o panorama político italiano durante meio século: A Democracia Cristã, o Partido Comunista, o Partido Socialista. Nenhum deles hoje existe, mortos e enterrados na década de 90 do século XX pelo escândalo de corrupção Tangentopoli. Os italianos fartaram-se de Giulio Andreotti, Bettino Craxi e de muitos outros nomes que aos portugueses pouco ou nada dirão. Hoje, Itália vota no Il Popolo della Libertà de Silvio Berlusconi, suces-sor da Forza Italia, e no Partito Democratico, força que reúne várias tendências de centro-esquerda, desde os seguidores de Romano Prodi aos sociais-democratas de Massimo D’Alema. O nosso país nada tem que se assemelhe a um Tangentopoli, e os partidos portu-gueses estão consolidados e seguros. Estarão mesmo? Basta andar na rua, ouvir as conversas de café: os portugueses começam a ficar cansados de PS e PSD, como aliás o demonstra a subida percentual de BE, PCP e CDS. Os portugueses estão cada vez mais desinteressados da política e dos políticos, como demonstra a subida, de eleição para eleição, da taxa de abstenção. Não será hoje, nem sequer amanhã, que os partidos portugueses como hoje os conhecemos deixarão de existir. Portugal não é Itália. Mas já reparou nas semelhan-ças?

Aprendemos nos Evangelhos quequando perguntaram a Jesus qual era a verdadeele não respondeu. Giulio Andreotti

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Sinopse Curta

Giulio Andreotti é um dos políticos mais poderosos do pós-guerra italiano. Eleito sete vezes Primeiro-Ministro, Andreotti viu o seu percurso político e a sua vida privada marcados por batalhas eleitorais, atentados terroristas e acusações difamatórias sem que alguma vez tenha perdido a compostura ou a sua sublime ironia. O realizador Paolo Sorretino oferece-nos um retrato da vida atribulada, e de certa forma espec-tacular, de Giulio Andreotti; um retrato satírico mas comprometido, surrealista mas profundo. Deixando transparecer um talento visionário, Sorrentino constrói um filme envolvente e provocador. IL DIVO ganhou o Prémio do Júri no Festival de Cannes de 2008.

Sinopse Longa

Itália, início dos anos 90. De madrugada, quando toda a gente dorme, um homem está acordado. Esse homem é Giulio Andreotti, e está acordado porque tem de trab-alhar, escrever livros, mover-se nos círculos elegantes e, claro, rezar. Calmo, astuto e impenetrável, Andreotti é, em Itália, sinónimo de poder há mais de quatro décadas. No início da década de 90, esta figura impassível mas insinuante, ambígua mas reconfortante prepara-se, sem arrogância mas também sem humildade, para assumir o seu sétimo mandato como primeiro-ministro. À beira dos 70 anos, Andreotti é uma velha raposa que, com todos os atributos de um deus, não teme ninguém e não conhece o significado do medo, que está acos-tumado a ver estampado nos rostos dos seus interlocutores. A sua satisfação é muda, impalpável. Para ele, a satisfação é o poder, com o qual tem uma relação simbiótica. Poder da forma que ele gosta: inabalável e imutável desde o início. Sai sempre ileso de tudo: batalhas eleitorais, massacres terroristas, acusações difamatórias. É intocável. Até que o mais forte contra-poder de Itália, a Máfia, declara-lhe guerra. É então que as coisas mudam, talvez mesmo para o enigmático e imortal Andreotti. Mas a verdadeira questão é: mudam mesmo ou parecem apenas mudar? De uma coisa podemos ter a certeza: é difícil manchar Andreotti, o homem que sabe melhor do que ninguém como este mundo é.

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Nota de Intenções

Giulio Andreotti é o mais importante político que a Itália teve nos últimos 50 anos. O seu fascínio reside na sua ambiguidade e a sua complexidade psicológica intrigou toda a gente ao longo dos anos. Sempre quis fazer um filme sobre Andreotti, mas quando comecei a ler sobre ele dei por mim a debater-me com literatura tão vasta quanto contraditória. Acreditei durante muito tempo que todo este “material” nunca poderia ser canalizado para a estrutura essencial que um filme, com as suas regras, exige. Além disso, a imagem de Andreotti como a essência da ambiguidade não só foi já analisada por académicos, jornalistas e italianos em geral como foi também cultivada por ele próprio ao representar e explorar essa ambiguidade. Dizendo, primeiro, que o seu filme preferido é “Dr. Jekyll e Mr. Hyde”. Depois, ao escrever os seus urbanos, irónicos e reconfortantes bestsellers, foi deixando alusões sobre o seu arquivo pessoal recheado de nomes e actos secretos de que só ele parecia conhecer a existência. Esta dualidade constante entre a máscara de um homem normal e previsível e uma personalidade privada negra e misteriosa deu origem a incontáveis histórias sobre Andreotti. Tamanha quantidade de literatura exigia o dom raro da síntese. Vou assim citar duas mulheres que possuem tal talento em maior grau do que eu ou outros. Uma delas é Margaret Thatcher, que não é delicada nas palavras com que de-screve Andreotti: “Ele parecia ter uma aversão positiva aos princípios, mesmo uma convicção de que um homem de princípios estava condenado a ser uma figura de gozo.” A outra é Oriana Fallaci: “Ele assusta-me. Porquê? Este homem recebeu-me com cortesia. O seu humor fez-me rir às gargalhadas. Não parecia nada ameaçador. Com aqueles ombros arre-dondados, tão estreitos como os de uma criança. Com aquelas mãos delicadas e de-dos longos e brancos, como velas. Estava sempre na defensiva. Quem tem medo de uma pessoa fraca, quem tem medo de uma tartaruga? Só depois, muito depois, é que me apercebi que foram precisamente essas coisas que me assustaram. O verdadeiro poder não precisa de arrogância, uma barba comprida e uma voz forte. O verdadeiro poder estrangula-nos com fitas de seda, charme e inteligência.” Dos milhares de relatos que li, foram estes dois comentários acerca do mais influ-ente homem de Itália que revelaram conceitos poderosos e essenciais, nos quais um filme poderia assentar.

Paolo Sorrentino

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Entrevista com Paolo Sorrentino

Realizadores de todos os períodos falaram de Itália. Os seus filmes são so-bre o sul de Itália, o país em geral? Considera-se um realizador do sul? Vê-se a pertencer à tradição política de realizadores como Rosi e Rossellini? Antes de mais, sou muito curioso sobre as outras pessoas. Sobre a sua psicolo-gia, os seus sentimentos, o seu comportamento, seja ele imprudente, louco ou roti-neiro. Interesso-me pelas personagens, mais do que por tudo o resto. Na vida real e, logo, nos filmes. Estas pessoas que me intrigam, fascinam ou repulsam, podem ser italianas e assim representativas, mesmo que parcialmente, da sociedade italianas, e às vezes um símbolo dela, como no caso de Andreotti. Realizadores políticos como Rosi e Petri são gigantes que nunca poderão ser igualados. Podemos vê-los, mas não imitá-los. Isso não quer dizer que não possamos tentar fazer hoje filmes políticos. Pelo contrário, devemos fazê-los. Temos apenas de encontrar uma nova abordagem para podermos acompanhar o cinema de hoje, que mudou tanto desde os tempos dos realizadores acima citados. Retrata uma Itália corrupta no seu último filme. A situação melhorou desde os anos de Andreotti? Aparentemente, não. Mas hoje ninguém fala de corrupção em Itália, embora ela exista prolifere. Acho que as pessoas não falam disso porque a Tangentopoli foi para nós um choque. Uma revolução que não se limitou a decidir quem era honesto e desonesto mas que, de forma consciente ou não, mudou a política e a anterior classe política, com polémicas sem fim, retrocessos e terríveis tragédias pessoais. Os personagens nos seus filmes existem sempre fora do sistema, como o cantor Tony e o futebolista Antonio, em L’Uomo In Piu’”, o exilado na folha de pagamentos da Máfia em “Le Conseguenze dell’Amore”, o esquálido usurário em “L’Amico di Famiglia” e agora o político excepcional. A marginalidade é para si uma fonte de inspiração? O que diz sobre a marginalidade aplica-se aos meus filmes anteriores mas não a “Il Divo”. Na verdade, acontece o oposto. Andreotti é tudo menos marginal. Ele é um homem de poder que sabe como o mundo funciona melhor do que ninguém, que sabe integrar-se, tomar a dianteira ou misturar-se de acordo com o que lhe for mais vantajoso. É um homem que combina a astúcia com a inteligência ao nível mais alto que se possa imaginar, o que lhe permitiu governar a Itália durante muitos anos. Este é o terceiro filme que faz com Toni Servillo. Como é que trabalha com ele, como é que o dirige? Como é que ele entrou no papel de Andreotti? A minha forma de dirigir Servillo torna-se progressivamente minimal a cada filme que fazemos. Não quero com isto dizer que já não o dirija, mas conhecemo-nos tão bem que nos compreendemos imediatamente e não há necessidade de explicar tudo ao pormenor. São estas as vantagens de nos conhecermos bem um ao outro. Acho que o segredo da nossa parceria, que, tudo somado, tem sido frutuosa, é a confiança. Um elemento indispensável, principalmente, quando o personagem é tão delicado e carregado de significados como Andreotti. Fiquei muito impressionado com a forma

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como Toni Servillo se colocou na pele de Andreotti. Eu tinha-lhe preparado uma série de filmes do verdadeiro Andreotti mas ele optou por não ver. Preferiu cingir-se ao ar-gumento e às características fundamentais que eu escolhi para retratar Andreotti. A coisa mais difícil neste personagem é a sua impassibilidade, a sua contenção extrema, porque pensamentos e estados de espírito tiveram de ser mostrados através de ínfi-mas mudanças de expressão, ao mesmo tempo que mantinha a impassibilidade. Não foi, assim, um papel fácil de interpretar. E a cena em que Andreotti se confessa enquanto olha para a câmara? É um sonho ou um elemento fictício que nada tem a ver com a História com H maiús-culo, já que sabemos que Andreotti nunca confessou? Talvez esta cena cause escândalo em Itália... Para mim, é um sonho. Não podia ser de outra maneira. Mas é também catártico, para o espectador e, talvez, para Andreotti. Não sei se estive perto da verdade mas, como autor da história, senti, pelo menos durante um momento, que tinha de desviar o meu olhar objectivo do personagem e dos acontecimentos e arriscar uma interpre-tação das coisas, estabelecer uma responsabilidade política mas não penal. No que diz respeito à última, nunca tive a presunção de agir como juiz. Outra cena que exibe a ambiguidade do personagem é aquela em que An-dreotti e a sua mulher estão a ver o cantor pop italiano Renato Zero na televisão: filmar os personagens em close-up apertado parece mostrar melhor as suas emoções. É mais uma cena-chave do filme. Tentei aplicar aos Andreotti uma dinâmica eston-teante, que pode acontecer na relação de qualquer casal. Noutras palavras, aquele sentimento terrível de que a pessoa com quem partilhamos a vida é um completo estranho. É um momento agonizante, que nos deixa completamente perdidos. Tenho a certeza que acontece a todos os casais que estão juntos há algum tempo. Quando a mulher de Andreotti sente essa dúvida, esta multiplica-se inevitavelmente a milhares delas. Já não se trata das dúvidas habituais, se o esposo está a traí-la, mas sim dúvi-das relacionadas com o destino de um estado, de um país, de milhões de pessoas normais, porque Andreotti deteve tanto poder ao longo dos anos que coube a ele decidir muito do que aconteceu em Itália.

Descobrimos sempre o culpado nos romances policiais,mas nem sempre na vida real. Giulio Andreotti 1981

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Maus rapazes

O novo e impressionante novo filme de Paolo Sorrentino enfureceu o político nele retratado. O realizador explica porque valeu a pena correr um risco tão incendiário. Alguém cometeu um erro terrível. Vai estrear no Reino Unido o novo filme de Paolo Sorrentino, “Il Divo” ao mesmo tempo que a banda de Simon Cowell com o mesmo nome está em digressão europeia. “Quem?”, pergunta Sorrentino enquanto fuma na rua, à porta dos escritórios de Londres do seu distribuidor. “Nunca ouvi falar deles”. São um quarteto de harmonias, pseudo-operático cujo último álbum incluiu versões de “The Power of Love” e “The Winner Takes It All”. “OK, sim, agora lembro-me. São fantásticos”. Ele está a ser, acho eu, sarcástico. O Il Divo de Sorrentino é infinitamente menos meloso do que o grupo homónimo. É um biopic incendiário mas elegante sobre a vida de um dos mais antigos e alegada-mente corruptos políticos de Itália, Giulio Andreotti, apelidado pelos seus fãs de Il Divo Giulio, pelos seus detractores de Belzebu.Para aqueles que não querem saber das minudências das lutas de poder em Itália no pós-guerra, o mais importante é saber que estamos perante uma excelente peça de cinema, merecedora das comparações feitas pela crítica com Scorsese e Sokurov e confirmando a promessa deixada pelos filmes anteriores de Sorrentino, “Le Conseg-uenze dell’Amore” e “L’Amico di Famiglia”. “Il Divo” venceu o prémio do júri em Cannes no ano passado e proporcionou ao realizador a fúria do sujeito retratado. Sorrentino, que admite que a antipatia que sente por Andreotti é proporcional ao quanto ele o intriga, poderia considerar isso um elogio. “Fui inspirado por “A Rainha”, de Stephen Frears”, diz Sorrentino. “Tomei a de-cisão de fazer o filme depois de ver ‘A Rainha’. Ele faz o que eu gosto, que é não fazer um filme que é apenas preto e branco mas sim explorar as complexidades. Frears encontrou a solução para lidar com a biografia de uma pessoa cuja vida foi muito complicada focando-se num período de tempo muito curto. Foi também o que eu fiz. Debrucei-me sobre os anos 1991 a 1992 e mostrei os outros momentos em flash-back.” E são esses engenhosos flashbacks que mereceram a Sorrentino as justas com-parações com Scorsese e Coppola. O filme começa com uma estonteante montagem de assassinatos ao som de música rock. Sentem-se imediatamente as semelhanças com sequências similares de atentados mafiosos em “Tudo Bons Rapazes” ou “O Padrinho, Parte II”. Mas, pelo menos para o público italiano, a montagem é um angus-tiante quem é quem de personalidades assassinadas – o antigo primeiro-ministro Aldo Moro, o banqueiro Roberto Calvi e o juiz siciliano Giovanni Falcone, que se especial-izou em acusar membros da Cosa Nostra. Sorrentino corta a seguir para um grande plano da cabeça de Andreotti, que se assemelha, graças ao posicionamento da luz, a um balão de banda desenhada vazio. É uma imagem engenhosa, sugerindo o vazio moral no coração das muitas corrup-ções da política italiana e também o carácter esfíngico de Andreotti, impenetrável e inculpável por tudo. Ainda assim, é possível deduzir a partir desta sequência inicial que Andreotti tem sangue nas mãos por todas estas mortes. O assassinato de Moro depois de 55 dias

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de cativeiro às mãos das Brigadas Vermelhas em 1978 é ainda atribuído em Itália à inépcia de Andreotti em lidar com os captores do seu colega. Alguns críticos americanos sugeriram que o filme não fará carreira fora de Itália devido à especificidade do seu tema. Isso é não ter em consideração a criatividade cinematográfica do biopic de Sorrentino, que através da sua audacidade visual atrai-nos para o mundo doentio da política italiana. Sorrentino utiliza igualmente muito bem a música, principalmente - e extraordinari-amente – o hit de 1982 “Da DaDa”, pelos Trio. “Tive o sonho de criar uma espécie de ópera rock sobre política”, afirma Sorrentino. “Os filmes de Fellini, Scorsese e outros são uma inspiração para o modo como se usa a música. Eu queria alternar música clássica com pop. É por isso que no filme ouve-se Sibelius e Beth Orton. Tentei não ver quaisquer filmes antes porque queria fazer o meu próprio protótipo e também porque o chamado cinema político é altamente codificado, e eu queria quebrar o có-digo.” Sorrentino não tem medo de pôr em prática esta mistura musical. Numa cena bril-hante, Andreotti e a sua mulher (a quem ele, de forma memorável, propôs casamento num cemitério) estão sentados em frente à televisão depois de uma conversa em que ela percebe que o casamento deles é, e possivelmente foi sempre, uma charada. Eles estão a ver o cantor italiano Renato Zero a cantar “I Migliori Anni della Nostra Vita” (os melhores anos da nossa vida). Se os melhores anos são estes, dizem os olhos tristes da Signora Andreotti, porque desperdicei eu a minha vida com este homem? Com grande dano para Andreotti, o filme de Sorrentino dramatiza o momento – veementemente negado pelo político – em que Andreotti, então primeiro-ministro, en-contra e beija simbolicamente um capo di capo da Máfia, selando a aliança pouco sa-grada entre a política e a Máfia. “É absolutamente verdade”, concorda Sorrentino. “Por lei o beijo não pode existir porque é tido como uma mentira dita por informadores. É o testemunho deles e a única prova de que o beijo existiu. Consequentemente, por lei, não é admissível como prova.” Porque o dramatizou então? “Cinematograficamente é muito forte e eu não consegui resistir. Mas mesmo que nunca tivesse existido um beijo entre as duas pessoas houve ainda assim, durante aqueles anos, um abraço a ligar a Máfia e a classe política. Mesmo que não fosse um abraço verdadeiro, andaram de mãos dadas.” Mas Andreotti não o pode processar? “Escrevemos o filme com o aconselhamento de advogados, mas tivesse ele querido poderia sempre apresentar uma queixa e levar-nos a tribunal”. Sorrentino encolhe os ombros. “É claro que isso não quer dizer que ele ganhasse”. Andreotti deve ter-se sentido tentado a procurar algum tipo de vingança por causa da forma sistematicamente pouco abonatória como é retratado no filme. Numa das primeiras cenas, podemos vê-lo com agulhas de acupunctura a saírem-lhe do rosto para curar as suas dores de cabeça incessantes. Parece o Pinhead dos filmes do Hell-raiser. Toni Servillo (presença habitual nos filmes de Sorrentino) representa Andreotti, evocando a sua curvatura, o seu torso rígido, o seu rosto impassível, usando ainda um par de ridículas orelhas de prótese – como se o primeiro-ministro italiano fosse parte burro. É claro, digo a Sorrentino, que o departamento de maquilhagem exagerou nas orelhas. Não são nada parecidas com as que vi em qualquer imagem do homem. Digo

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a Sorrentino que me fazem lembrar o Cremaster de Matthew Barney e mostro-lhe uma fotografia para o provar. “Não, não, não!”, exclama Sorrentino. “Tentei não exag-erar as orelhas. Era muito difícil conseguir fazer aquelas orelhas. Talvez elas tenham, por vezes, ficado mais curvas do que são na vida real.” O que levou Sorrentino a fazer um filme sobre ele? Será que a sua história sim-boliza o que correu mal na política italiana depois da guerra? “A razão pela qual ele é fascinante é que é uma pessoa que faz muitos comentários banais mas que deixa sempre a impressão que, por trás de tudo isso, está alguém de uma enorme inteligên-cia. Nunca conseguimos pô-lo em perspectiva. É a natureza elusiva da sua personali-dade. Foi isso, mais do que a sua corrupção, que me atraiu nele.” Encontrou-se com ele? “Antes de escrever o argumento estive duas vezes com ele. Fui dizer-lhe que tinha uma ideia para um filme, falámos durante duas ou três horas e discutimos sobre vários assuntos.” Gostou dele? “Não. É muito difícil falar di-rectamente com ele porque ele usa sempre a mesma técnica, em que mesmo que lhe faça uma pergunta directa, ele desvia-a refugiando-se nalguma anedota que parece destinada a clarificar a discussão mas que na realidade serve apenas para confundir ainda mais a questão. Tinha sempre resposta pronta e isso exasperou-me.” Há uma cena no filme em que Andreotti é entrevistado por um jornalista que enu-mera os crimes em que Il Divo está implicado. Faz-me lembrar uma cena similar em Frost/Nixon, de Ron Howard, em que o ex-presidente diz que fazer o mal no interesse do bem. A resposta de Andreotti ao seu interlocutor italiano é semelhante. Existem paralelismos entre os dois homens? “Talvez, mas as palavras colocadas na boca de Andreotti são inventadas. São as minhas palavras colocadas na sua boca. Aquela entrevista é fictícia e é a minha oportunidade de dizer o que quero. Pelo menos Nixon pediu desculpa, Andreotti nunca o fez.” Sorrentino tem um cameo no filme “O Caimão”, de Nanni Moretti, sobre o outro monstro da política italiana do pós-guerra, Silvio Berlusconi. Aprendeu com Moretti a fazer um biopic político? “Nem por isso. Acho que sou menos político do que Moretti, que admira claramente Berlusconi. Nesse sentido sou mais como Andreotti, sou mais ambíguo. Há coisas com as quais eu não concordo mas que me fascinam à mesma.” Como se assume politicamente? “Situar-me-ia à esquerda, embora de um ponto de vista humano eu tenha a tendência de achar que os políticos de direita são mais fáceis de gostar, mesmo que por vezes sejam um pouco rudes.” Andreotti deve odiar o filme, sugiro. “Aparentemente, Andreotti esteve presente numa sessão para jornalistas e ficou absolutamente furioso. É preciso compreender quão espantoso é obter esse tipo de reacção de um homem que é tão impassível como uma esfinge.” Ficou feliz com a reacção dele? “Feliz é um exagero, mas sinto-me agradado por ter obtido uma reacção de uma esfinge. Não houve muitas pessoas que conseguissem isso.”

Stuart JeffriesArtigo publicado no Guardian de 13 de Março de 2009

Não tenho vícios menores. Giulio Andreotti 1959

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Saído de Fellini directamente para o “O Padrinho”, a vida de um político

“Não acredito na sorte, acredito na vontade de Deus”. Este credo, dito por uma voz seca e sem paixão, sai mais de uma vez da boca de Giulio Andreotti (Toni Servillo), o homem que, por entre vários escândalos, foi sete vezes primeiro-ministro de Itália, na exuberante fantasia biográfica de Paolo Sorrentino, “Il Divo”. Um epíteto antes aplicado a Júlio César, IlDivo é apenas uma das populares alcunhas de Andreotti, que entrou na arena política italiana no final da década de 40 e tem agora 90 anos. Ao explorar as possíveis ligações de Andreotti a uma série de assassinatos políti-cos e outras mortes travestidas de suicídio, que começaram nos anos 70 e prolong-aram-se até ao início da década de 90, “Il Divo” tem o tom e o estilo de uma opereta encharcada de sangue. A densidade do crime violento nesta história especulativa de desonestidade ao mais alto nível remete para “Eu, Cláudio”, “Os Sopranos” ou os filmes de “O Padrinho”. No retrato de Toni Servillo, Andreotti, o derradeiro político de Teflon – foi condenado a 24 anos de prisão em 2002 pela morte de um jornalista mas acabou por ser absolvido das acusações – sugere uma paródia de Henri Kissinger ao estilo de Peter Sellers através do olhar de Peter Bogdanovich. “Il Divo” desvela uma série de sequências, a solo e corais, que culminam em duas árias. Na primeira, um jornalista que entrevista Andreotti enumera os presumíveis crimes e define-o ou como o maior criminoso da história de Itália que nunca foi apan-hado ou o homem mais perseguido do país. Na segunda, Andreotti imagina-se a con-fessar a sua culpa à mulher, Livia (Anna Bonaiuto); é o único momento em que perde a compostura. “Il Divo” é filmado de forma sensacional. Da bizarra imagem inicial de Andreotti com agulhas de acupunctura espetadas na cabeça – um retrato do primeiro-ministro como um ouriço humano que podia ter saído de um filme de Fellini – “Il Divo” é um “tour de force” feito de imagens impressionantes. O filme remete várias vezes para a trilogia de “O Padrinho”, principalmente a parte 3. Embora volte atrás no tempo, concentra-se nos últimos anos de Andreotti no poder e termina com o seu julgamento de 1999 por associação com a Máfia. Uma das muitas sequências brilhantes do filme mostra o assassinato, em 1992, de Salvo Lima (Giorgio Colangeli), a ligação siciliana de Andreotti, numa cena que intercala plano de Andreotti na pista de corridas com o assassino perseguindo, de mota, a sua presa.

Stephen Holden New York Times

A mesquinhez de um homem bom é muito perigosa. Giulio Andreotti 1970

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Giulio Andreotti

“O poder só cansa quem não o tem” Chamaram-lhe Il Divo, como Júlio César, mas também Belzebu, Príncipe das Tre-vas e Papa Negro. Durante meio século, Giulio Andreotti foi a grande figura da política italiana, para o bem e para o mal. Nascido em Roma a 14 de Janeiro de 1919, foi um dos expoentes do partido da Democracia Cristã, dominando a arena política italiana durante 50 anos. Em meio século, foi sete vezes primeiro-ministro; oito vezes ministro da Defesa; cinco vezes ministro dos Negócios Estrangeiros; duas vezes ministro da Defesa, do Orçamento e do Planeamento Económico e da Indústria e do Comércio; e uma vez ministro do Te-souro, do Interior e das Relações Comunitárias. Foi apontado como senador vitalício em 1991. A política chegou cedo à vida de Andreotti, quando estudava jurisprudência na universidade. Foi aí que conheceu Aldo Moro, a quem sucedeu como presidente na-cional da Federação Universitária Católica Italiana entre 1942 e 1944.Foi eleito como deputado da Assembleia Constituinte em 1946 e da Câmara de Depu-tados em 1948. O primeiro cheiro de poder teve-o em 1947, quando integrou o gov-erno de Alcide de Gasperi como chefe-adjunto de gabinete, cargo que manteve até 1954. O primeiro governo que liderou, em 1972, foi o mais curto da história da repúbli-ca italiana: durou apenas nove dias. Foi primeiro-ministro pela sétima e última vez em 1992, num governo que durou pouco mais de um ano. A partir daí, nunca mais teve descanso. Um ano depois, em 1993, vários mafiosos “pentiti” (arrependidos) acusaram-no de estar ligado à Cosa Nostra. Devidamente autorizado pelo senado italiano, o julgamento de Giulio Andreotti – o mais importante que envolveu um político italiano – começou em 1996. Absolvido em primeira instância em 1999 “porque o facto não existe”, em 2003, no apelo, foi acusado de manter “uma cumplicidade autêntica, firme e amigável com mafiosos até à primavera de 1980”, um crime que acabou por prescrever. Andreotti foi também julgado pelo homicídio do jornalista Mino Pecorelli. Absolvido em 1999, foi condenado a 24 anos de prisão em 2002. Acabou por ser absolvido das acusações em 2003 pelo Supremo Tribunal. Actualmente, Giulio Andreotti integra o 3.º Comité Permanente (Negócios Es-trangeiros e Emigração) e o Comité Especial para a Protecção e Promoção dos Direi-tos Humanos. Tem 11 graus honorários e escreve com regularidade para o Corriere Della Sera. Ligações:

http://en.wikipedia.org/wiki/Giulio Andreottihttp://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/483295.stm

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Glossário Italiano (para entrar melhor em “Il Divo)

Badalamenti, Gaetano - Don Tano foi uma figura de topo na Cosa Nostra. A justiça italiana provou que tinha ligações a Giulio Andreotti, com quem terá conspirado para matar o jornalista Mino Pecorelli. Banco Ambrosiano - Banco italiano acusado de lavar dinheiro para a máfia que faliu escandalosamente em 1982. Na origem do colapso esteve o seu principal execu-tivo, , ligado à loja maçónica P2. Banco do Vaticano - Accionista principal do Banco Ambrosiano, o seu papel no escândalo de 1982 está ainda por esclarecer completamente. Berlusconi, Silvio - O actual primeiro-ministro de Itália fez parte dos “quadros” da loja P2. Brigadas Vermelhas - Grupo terrorista de inspiração marxista-leninista, autores do rapto e do homicídio de Aldo Moro. Buscetta, Tommaso - Foi o primeiro membro importante da Cosa Nostra a que-brar a “omertà”, a lei do silêncio dos mafiosos, dando o exemplo a muitos futuros “pentiti”. Calvi, Roberto - O “banqueiro de Deus”, presidente do Ambrosiano, apareceu enforcado em 1982 no bairro financeiro de Londres. Cosa Nostra - A máfia siciliana manteve (mantém?) um papel obscuro mas deci-sivo na política italiana do pós-guerra. Cossiga, Francesco - Presidente de Itália entre 1985 e 1992, foi dos poucos políticos italianos consensuais. Craxi, Bettino - Líder do Partido Socialista e primeiro-ministro italiano entre 1983 e 1987, foi apanhado no escândalo de corrupção Tangentopoli. Condenado a 27 anos de prisão, morreu foragido na Tunísia em 2000. Dalla Chiesa, Carlo Alberto - General dos carabinieri assassinado em 1982 em Palermo pela Cosa Nostra. Falcone, Giovanni - O juiz italiano, que foi o mais implacável perseguidor da má-fia, pagou com a vida a sua ousadia. Foi assassinado em Palermo, em 1992.

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Gelli, Licio - Líder da loja maçónica P2, é uma das mais controversas e sinistras figuras da Itália do século XX. Marcinkus, Paul - O arcebispo americano presidiu ao Banco do Vaticano entre 1971 e 1989, foi implicado no escândalo do Banco Ambrosiano. Moro, Aldo - Duas vezes primeiro-ministro de Itália, foi raptado e assassinado pelas Brigadas Vermelhas em 1978. P2 - A loja maçónica Propaganda Due viu o seu nome incluído na maior parte dos escândalos que marcaram a vida política italiana nos anos 70 e 80. Pecorelli, Mino - Jornalista italiano assassinado em Roma, em 1979. Andreotti e o mafioso Badalamenti chegaram a ser condenados pela sua morte, mas o Supremo Tribunal anulou a sentença. Pentiti - Os arrependidos. O mafioso Tommaso Buscetta foi o mais famoso. Riina, Totò - Apelidado de “A Besta”, foi o mais poderoso chefe da Cosa Nostra na década de 80. Foi capturado em 1993. Sindona, Michele - Banqueiro italiano ligado à P2, morreu envenenado na prisão em 1986. Tangentopoli - Nome dado ao sistema de corrupção na política italiana nos anos 80 e início dos anos 90. Foi posto a descoberto em 1992 com a operação Mani Pulite (Mãos Limpas).

A ditadura mais difícil de odiar é a nossa.Giulio Andreotti 1988

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Cronologia Histórico-política

25 Abril 1945 - Libertação de Itália da ocupação nazi. 1946 - Giulio Andreotti é eleito deputado. 1947 - Primeiro cargo governativo de Giulio Andreotti, como chefe-adjunto de gabinete. 11 Março 1978 / 20 Março 1978 - Quarto governo Andreotti. 16 Março 1978 - Aldo Moro, presidente do Partido da Democracia Cristã, é rap-tado pelas Brigadas Vermelhas. 9 Maio 1978 - É encontrado o corpo de Aldo Moro na Via Caetani, em Roma. 8 Julho 1978 - Sandro Pertini torna-se o sétimo Presidente de Itália. 20 Março 1979 / 4 Agosto 1979 - Quinto governo Andreotti. 20 Março 1979 - O jornalista Mino Pecorelli é assassinado. 12 de Julho 1979 - Giorgio Ambrosoli, comissário da liquidação da Banca Privata Italiana, é assassinado. 17 Junho 1982 - É encontrado o corpo de Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano. 3 Setembro 1982 - O general Carlo Alberto Dalla Chiesa é assassinado. 4 Agosto 1983 / 1 Agosto 1986 - Giulio Andreotti é ministro dos Negócios Es-trangeiros no primeiro governo Craxi. 25 Outubro 1983 - Os chefes da máfia Gaetano Badalamenti e Tommaso Bus-cetta são detidos em São Paulo, no Brasil. 25 Junho 1985 - Francesco Cossiga torna-se Presidente de Itália. 10 Fevereiro 1986 - Começa em Palermo o “mega-julgamento” contra a Máfia, baseado no testemunho do arrependido Tommaso Buscetta.

21 Março 1986 - Michele Sindona morre por envenenamento na prisão. 1 Agosto 1986 / 17 Abril 1987 - Giulio Andreotti é ministro dos Negócios Es-trangeiros no segundo governo Craxi.

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17 Abril 1987 / 28 Julho 1987 - Giulio Andreotti é ministro dos Negócios Es-trangeiros e dos Assuntos Comunitários no quarto governo Fanfani. 28 Juho 1987 / 13 Abril 1988 - Giulio Andreotti é ministro dos Negócios Es-trangeiros no primeiro governo Goria. 22 Julho 1989 / 12 Abril 1991 - Sexto governo Andreotti. 13 Abril 1991 / 24 Abril 1992 - Sétimo governo Andreotti. 1 Junho 1991 - Giulio Andreotti é nomeado Senador Vitalício pelos “Méritos nos campos sociais e literários”. Fevereiro 1992 - A investigação Tangentopoli começa com a detenção do político socialista Mário Chiesa. 12 Março 1992 - O deputado democrata-cristão Salvo Lima é assassinado em Palermo. 23 Maio 1992 - O juiz Giovanni Falcone é assassinado em Palermo. 25 Maio 1992 - Oscar Luigi Scalfaro torna-se no nono Presidente de Itália. 15 Janeiro 1993 - O “chefe dos chefes” da Cosa Nostra, Totó Riina, é detido em Palermo. 25 Fevereiro 1993 - Sérgio Castellari, antigo director-geral do ministério do Pat-rimónio implicado no caso Enimont, desaparece. O seu corpo é encontrado uma semana depois. 27 Março 1993 - Pedido de autorização para instaurar um processo ao senador Giulio Andreotti. 30 Abril 1993 - A Câmara de Deputados recusa a autorização para instaurar um processo a Bettino Craxi.

20 Julho 1993 - O antigo presidente da Eni, Gabriele Cagliari, suicida-se na prisão de SanVittore, em Milão. 23 Julho 1993 - O presidente da Enimint, Raul Gardini, suicida-se na sua casa de Milão. 26 Setembro 1995 - Começa em Palermo o julgamento em que Giulio Andreotti é acusado de conivência com a Máfia.

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30 Abril 1999 - Julgamento, em Perugia, do assassinato do jornalista Mino Pecorelli. Os procuradores pedem a prisão perpétua para todos os acusados: An-dreotti, Vitalone, Badalementi e Calò, como instigadores do homicídio, e LaBarbera e Carminati, como autores materiais. 24 Setembro 1999 - O tribunal de Perugia absolve todos os acusados do homicí-dio de Pecorelli. 23 Outubro 1999 - O tribunal de Palermo absolve Giulio Andreotti da acusação de conivência com a Máfia com o fundamento de que o facto não existe. 16 Novembro 2002 - O Tribunal de Apelo de Perugia condena Giulio Andreotti e Gaetano Badalamenti a 24 anos de prisão, absolvendo os outros réus. 2 Maio 2003 - O Tribunal de Apelo de Palermo declara que não pode julgar Giulio Andreotti pelo crime de conspiração cometido até à primavera de 1980 já que este prescreveu, confirmando no entanto o resto da sentença que estava sob apelo. 30 Outubro 2003 - O Supremo Tribunal anula, sem apelo, a sentença do Tribu-nal de Apelo de Perugia. Giulio Andreotti e Gaetano Badalamenti são absolvidos do homicídio de Mino Pecorelli. 15 Outubro 2004 - A Segunda Secção Criminal do Supremo Tribunal confirma a sentença do Tribunal de Apelo de Palermo.

Bem sei que sou homem mediano, mas olho à minha voltae não vejo quaisquer gigantes. Giulio Andreotti

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Paolo Sorrentino

O realizador e argumentista Paolo Sorrentino nasceu em Nápoles, em 1970. Em 2001, a sua primeira longa-metragem, “L’ Uomo In Piu’”, foi seleccionado para o Festival de Veneza, a que se seguiu em 2004 “Le Conseguenze dell’ Amore”, que integrou a secção competitiva do Festival de Cannes e foi aclamado quer pelos críti-cos italianos quer pelos críticos internacionais (o filme venceu também cinco prémios David diDonatello: melhor filme, melhor realizador, melhor argumento, melhor actor e melhor fotografia). Três anos depois, foi novamente seleccionado para a competição em Cannes com o seu terceiro filme, “L’Amico di Famiglia”. Em 2008, com “Il Divo”, competiu em Cannes pela terceira vez. Ligações:

Toni Servillo (Giulio Andreotti) Nascido em Afragola (Nápoles) em 1959, Servillo é encenador e actor. Em 1977, fundou o Teatro Studio em Caserta, onde encenou e interpretou várias peças incluindo “Propaganda” (1979), “Norma” (1983) e “Guernica” (1985). Em 1986, começou a trab-alhar com o grupo Falso Movimento. No ano seguinte foi co-fundador do Teatro Uniti, onde levou à cena várias peças. Servillo passou por Portugal em 1997 com a peça “De Pirandello a Eduardo”, que levou à cena, com actores portugueses, no Teatro Nacional de São João, no Porto. Ligações:

Nem sempre é fácil explicar o nosso país a estrangeiros.Em Itália, os comboios mais lentos chamam-se “rápidos” e o “Corrieredella Será (notícias da tarde) sai de manhã.Giulio Andreotti 1989

http://www.imdb.com/name/nm0785842/ http://en.wikipedia.org/wiki/Toni Servillo

http://www.imdb.com/name/nm0815204/ http://en.wikipedia.org/wiki/Paolo Sorrentino

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Uma produção INDIGO FILM - LUCKY RED PARCO FILM em co-produção comBABEFILMS - STUDIOCANAL e ARTE FRANCE CINÉMA

Um filme de PAOLO SORRENTINO

Com TONI SERVILLO ANNA BONAIUTO GIULIO BOSETTI FLAVIO BUCCI CARLO BUCCIROSSO GIORGIO COLANGELI ALBERTO CRACCO PIERA DEGLI ESPOSTI LORENZO GIOIELLI

PAOLO GRAZIOSI GIANFELICE IMPARATO MASSIMO POPOLIZIO ALDO RALLIGIOVANNI VETTORAZZO

Assistente realização DAVIDE BERTONI casting ANNAMARIA SAMBUCCO montagem de som SILVIA MORAES som EMANUELE CECERE guarda-roupa DANIELA CIANCIO set design LINO FIORITO música TEHO TEARDO editada por EMI PUBLISHING ITALIA orga-

nizada por VIOLA PRESTIERI GENNARO FORMISANO montagem CRISTIANO TRAVAGLIOLI fotografia LUCA BIGAZZI

Uma co-produção ITÁLIA-FRANÇA em cooperação com THE FILM COMMISSION TORINO PIEMONTE apoiado por REGIONE CAMPANIA ASSESSORATO AL TURISMO E AI BENI CULTURALI e THE MINISTERO PER I BENI E LE ATTIVITÀ CULTURALI DIREZIONE GENERALE PER IL CINEMAvendas internacionais BETA CINEMA produtores associados STEFANO BONFANTI GIANLUIGI GARDANI co-produzido por FABIO CONVERSI argumento e realização PAOLO SORRENTINO

Produzido porNICOLA GIULIANO FRANCESCA CIMA ANDREA OCCHIPINTI MAURIZIO COPPOLECCHIA