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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA CENTRO INTERDISCIPLINAR EM ENERGIA E AMBIENTE (CIEnAm) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENERGIA E AMBIENTE Débora Correia dos Santos QUANTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE ARSÊNIO E ANTIMÔNIO PRESENTES EM MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA Salvador 2012

QUANTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE ARSÊNIO E ANTIMÔNIO … Debora... · foi ensinado pelo tempo afora. ... 5.1.3 Condições de Analise 73 5.1.4 Validação do método proposto 73

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U N I V E R S I D AD E FE D E R A L D A B A H I A

C E N T R O I N T E R D I S C I P L I N A R E M E N E R G I A E A M B I E N T E ( C I E n A m )

P R O G R A M A D E P Ó S - G R A D U A Ç Ã O E M E N E R G I A E A M B I E N T E

Débora Correia dos Santos

QUANTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE ARSÊNIO E ANTIMÔNIO

PRESENTES EM MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO NA

BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA

Salvador

2012

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DÉBORA CORREIA DOS SANTOS

QUANTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE ARSÊNIO E ANTIMÔNIO

PRESENTES EM MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO NA BAÍA

DE TODOS OS SANTOS, BAHIA

Tese submetida ao Colegiado de Pós-Graduação em

Energia e Ambiente como requisito para o titulo de Doutor

em Energia e Ambiente, da Universidade Federal da

Bahia.

Orientador: Prof. Dr. Jailson Bittencourt de Andrade

Co-orientador: Prof. Dr. Sérgio Luís Costa Ferreira

Salvador Julho de 2012

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Sistema de Bibliotecas/IQ - UFBA

Santos, Débora Correia dos. Quantificação de espécies de arsênio e antimônio presentes em material particulado atmosférico da Baía de Todos os Santos, Bahia / Débora Correia dos Santos. - 2013. 104 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Jailson Bittencourt de Andrade. Co- orientador: Prof. Dr. Sérgio Luís Costa Ferreira Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Escola Politécnica,CIEnAm, Salvador, 2012. 1. Ar - Poluição - Salvador (BA). 2. Arsênio - Poluição. 3. Antimônio – Poluição. 4. Poluição - Aspectos ambientais. 5. Poluição - Metais. 6. Material particulado atmosférico. I. Andrade, Jailson Bittencourt de. II. Ferreira, Sérgio Luís Costa. III. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, CIEnAM. IV. Título.

CDD – 363.7392 CDU – 504.3.054

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Agradeço primeiramente a Deus por permitir realizar mais essa etapa ao lado

das pessoas que amo e por tudo que tens feito em minha vida: pela alegria de

viver, por minha família, pelos meus amigos, pelos dons que me deste e pelos

relacionamentos que possibilitam que eu cresça a cada dia.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Jailson Bittencourt de Andrade por sua orientação, amizade e apoio

durante o desenvolvimento desse trabalho.

Ao professor Sergio Luis pelo carinho, respeito, orientação e parceria que

encontramos nas pessoas que amamos.

Aos colegas e amigos do LPQ e GRPQQ pela amizade, colaboração e apoio durante

a realização desse trabalho. Cabe aqui um agradecimento especial a Geraldo , pelo

fundamental auxílio na edição da Tese.

Aos meus Pais José Carlos e Elisete por seu amor, carinho e incentivo em tudo que

faço.

A minha irmã Sandra, aos meus irmãos Luis Antônio, Eduardo, José Carlos, Carlos

José, meus cunhados Ivan e Edileide, meus sobrinhos Rebeca e José Carlos Neto

por tudo que conquistamos juntos.

Ao meu marido, amigo e companheiro Maurício Muñoz por seu amor, compreensão

e colaboração no desenvolvimento desse trabalho.

A CAPES pela bolsa concedida.

A todas as pessoas que contribuíram de maneira direta e indireta para realização

desse trabalho, o meu muito obrigado!!!

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Se eu pudesse deixar algum presente a você,

deixaria aceso o sentimento de

amor à vida dos seres humanos.

A consciência de aprender tudo o que nos

foi ensinado pelo tempo afora.

Lembraria os erros que foram cometidos,

como sinais para que não mais se

repetissem a capacidade de escolher novos rumos.

Deixaria para você, se pudesse, o respeito,

aquilo que é indispensável:

além do pão, o trabalho e a ação.

E, quando tudo mais faltasse,

para você eu deixaria, se pudesse, um segredo:

O de buscar no interior de sí mesmo a resposta para

encontrar a saída. (Gandhi)

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SUMÁRIO

Página

ÍNDICE DE FIGURAS ix

ÍNDICE DE TABELAS x

RESUMO 05

ABSTRACT 06

CAPITULO I - INTRODUÇÃO 07 1.1 Introdução 07

1.2 Objetivos 10

1.2.1 Objetivo geral 10

1.2.2 Objetivos específicos 10

CAPITULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 11 2.1 Poluição Atmosférica 11

2.2 Histórico da Poluição Atmosférica 14

2.3 Classificação dos poluentes atmosféricos 18

2.4 Principais poluentes atmosféricos 21

2.5 Amostradores de grande volume (HI-VOL) 29

2.6 A qualidade do ar 31

2.7 Monitoramento da qualidade do ar 36

2.8 Presença de metais e metaloides no material particulado 40

2.8.1 Arsênio: Ocorrência e distribuição 41

2.8.1.1 Arsênio em material particulado atmosférico 43

2.8.1.2 Toxicidade dos compostos de arsênio 44

2.8.2 Antimônio: Usos, propriedades químicas e toxicidade 47

2.8.2.1 Antimônio em sistemas ambientais 49

2.8.3 Determinação de arsênio e antimônio em amostras de material

particulado atmosférico

51

2.9 Espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos (HG AAS) 52

2.10 Amostragem de suspensão 55

CAPÍTULO III - PONTO DE AMOSTRAGEM 58

3.1 Localização, clima e aspectos geológicos da Baía de Todos os Santos 58

3.2 Ponto de Amostragem :

Bananeiras na Ilha de Maré

61

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Porto de Aratu

Ilha de Itaparica

61

CAPÍTULO IV - PARTE EXPERIMENTAL 65 4.1 Reagentes e Soluções 66

4.2 Limpeza do Material 67

4.3 Instrumentação e acessórios 67

4.4 Amostragem por suspensão de As e Sb 68

4.5 Preparação das amostras utilizando um bloco digestor e “dedo frio”: 68

4.6 Procedimento para determinação de As total e As (III) 68

4.7 Procedimento para determinação de Sb total e Sb (III) 69

CAPÍTULO V - RESULTADO E DISCUSSÃO 70 5.1.Análise de especiação de arsênio inorgânico em MP10 70

5.1.1 Método de extração 70

5.1.2 Estudo do processo de especiação de arsênio 72

5.1.3 Condições de Analise 73

5.1.4 Validação do método proposto 73

5.1.5 Comparação dos métodos por HG-AAS 74

5.1.6 Análise de especiação de arsênio em amostras de MP10 75

5.2 Antimônio inorgânico em MP10 77

5.2.1 Método de extração 77

5.2.2 Estudo do processo de especiação de antimônio 78

5.2.3 Condições de Analise 80

5.2.4 Validação do método proposto 80

5.2.5 Análise de especiação de antimônio em amostras de MP10 81

CAPITULO VI – CONCLUSÕES 84 CAPITULO VII – PERSPECTIVAS 85 CAPITULO VIII- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 86

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

BTS: Baía de Todos os Santos

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

EPA: Environmental Protection Agency

HI-VOL: High Volume Sampler

HPA: Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICP-AES: Espectrometria de emissão atômica por plasma indutivamente acoplado

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

LOD: Limite de detecção LOQ: Limite de quantificação

NIST: Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (National Institute of Standards e Technology)

OMS: Organização Mundial da Saúde

PM10 : Material particulado de diâmetro inferior a 10 μm

PM2,5: Material particulado de diâmetro inferior a 2,5 μm

PQAR: Padrões de qualidade do ar

PTS: Partículas totais em suspensão

RMS: Região Metropolitana de Salvador

RSD: Desvio Padrão Relativo (Relative Standard Deviation)

WHO: World Health Organization

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ÍNDICE DE FIGURAS

Página

Figura 1: Representação da atmosfera terrestre................................................... 11

Figura 2: Fontes de poluentes atmosféricos......................................................... 18

Figura 3: Convenção para partículas respiráveis, torácicas e inaláveis em

função da % de PTS ............................................................................

24

Figura 4: Locais de deposição de partículas no trato respiratório em função do

seu tamanho.........................................................................................

26

Figura 5: Faixas de tamanho de partículas........................................................... 27

Figura 6: Esquema da distribuição de tamanho do aerossol atmosférico............. 28

Figura 7: Amostrador de grande volume (HI-VOL) para a coleta de PTS e

menores que 10µm de diâmetro aerodinâmico.....................................

29

Figura 8: Esquema de um impactador em cascata............................................... 30

Figura 9: Emissão, transporte e imissão de poluentes ......................................... 32

Figura 10: Estações de Monitoramento da Qualidade do Ar da Região

Metropolitana de Salvador .................................................................

38

Figura 11: Mapa da Bahia de todos os Santos..................................................... 59

Figura 12: Influência da concentração de HCl na extração de As........................ 70

Figura 13: Avaliação de possíveis mudanças no estado de oxidação de ♦-As

(III) e ■-As (V) durante o procedimento de extração.............................

71

Figura 14: Avaliação do volume de tempão ácido cítrico/citrato de sódio

(0,5/0,5 mol L-1) sobre o sinal analítico de ♦-As (III) e ■- As ...............

72

Figura 15: Avaliação da recuperação de Sb em função da concentração de HCl

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em 30 min de sonicação ................................................................... 77

Figura 16: Avaliação de possíveis mudanças no estado de oxidação de ♦-Sb

(III) e ■-Sb (V) durante o procedimento de extração.........................

78

Figura 17:Avaliação do volume de ácido cítrico (0,5 mol L-1) sobre o sinal

analítico de ♦-Sb (III) e ■-Sb (V)...........................................................

79

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ÍNDICE DE TABELA

Página

Tabela 1: Padrões de qualidade do ar para os principais poluentes

segundo Environmental Protection Agency- EPA ,EUA....................................

17

Tabela 2: Poluentes primários e secundários............................................. 19 Tabela 3: Classificação dos poluentes atmosférico.................................... 20 Tabela 4: Fontes e efeitos dos principais poluentes atmosféricos.............. 22 Tabela 5: Padrões de qualidade do ar resolução CONAMA n° 03/90 ....... 34 Tabela 6: Critérios para episódios agudos de poluição do ar (Resolução

CONAMA nº 3 de 28/06/90).......................................................................

35

Tabela 7: Padrões nacionais de qualidade do ar para material

particulado...................................................................................................

36

Tabela 8: Alguns compostos de arsênio comumente encontrados em

análises de especiação...............................................................................

47

Tabela 9: Propriedades químicas do antimônio.......................................... 49 Tabela 10: Resultado da determinação de As total após digestão ácida e

As total e As (III) empregando amostragem de suspensão em material de

referência certificado (SRM 1649a)............................................................

74 Tabela 11: Resultado da determinação do As total e de As ( III ) em

amostra de material particulado atmosférico, após amostragem em

suspensão....................................................................................................

74 Tabela12: Valores de massa de As total e As (III) em amostras de

material particulado atmosférico por volume de ar amostrado ..................

75

Tabela 13: Determinação de As total e As(III) de material particulado

atmosférico em amostras coletadas em Itaparica, na Bahia de Todos os

Santos com intervalo de confiança de 95%................................................

76 Tabela 14: Determinação de As total e As (III) de material particulado

atmosférico em amostras coletadas no Porto de Aratu com intervalo de

confiança de 95%.......................................................................................

76 Tabela 15: Resultados da determinação de Sb total e Sb (III)

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empregando amostragem de suspensão no materia de referência de

poeira urbana...............................................................................................

81

Tabela 16: Determinação de Sb total e Sb (III) em amostras de material

particulado atmosférico na Vila de Bananaira com intervalo de confiança

de 95%.........................................................................................................

82 Tabela 17: Determinação de Sb total e Sb (III) de material particulado

atmosférico em amostras coletadas em Itaparica, na Bahia de Todos os

Santos com intervalo de confiança de 95%.................................................

83 Tabela 18: Determinação de Sb total e Sb (III) de material particulado

atmosférico em amostras coletadas no Porto de Aratu com intervalo de

confiança de 95%. ......................................................................................

83

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RESUMOA presença de metalóides tóxicos, como arsênio e antimônio, mesmo em baixas

concentrações, presentes no material particulado atmosférico é motivo de

preocupação em nível mundial nos últimos anos. Considerando esses aspectos,

neste trabalho, foi desenvolvido um método para determinar as concentrações de

As e Sb total e As(III) e Sb(III) em amostras de material particulado atmosférico do

tipo PM10 em três locais diferentes em torno da cidade de Salvador (Bahia, Brasil).

Os locais referidos foram: (1) Vila Bananeira, na ilha de Maré, não influenciada

pelo tráfico de veículo, (2) Porto de Aratu, impactado por um intenso movimento

de mercadorias e perto dos centros industriais e (3) Itaparica, localizado na Baía

de Todos os Santos. A quantificação das espécies inorgânicas de arsênio e

antimônio presentes no material particulado atmosférico foi realizada por geração

de hidretos acoplado ao espectrômetro de absorção atômica (HG AAS)

empregando amostragem de suspensão, usando HCl e sonicação por 30 min. A

precisão dos resultados, expressão como desvio padrão relativo (RSD), foi sempre

inferior a 6,2% para a concentração de arsênio e antimônio em todas as amostras

coletadas. O método utilizado viabilizou a determinação de As e Sb total com

limites de detecção de 0,1 μg L−1 para ambos os metais e As(III) e Sb(III) com

limites de detecção de 0,2, e 0,06 μg L−1, respectivamente. As concentrações

encontradas nas amostras de Itaparica de arsênio total variaram de 1,1 a

1,6 ng m-3, As(III) de 0,8 a 1,1 ng m-3, antimônio total de 0,6 a 1,3 ng m-3 e Sb(III)

nas amostras ficaram abaixo do limite de quantificação. Enquanto em amostras de

Aratu, as concentrações para arsênio total variaram de 2,1 a 87,0 ng m-3, As(III)

de 1,8 a 31,4 ng m-3, antimônio total 5,3 a 12,4 ng m-3 e Sb(III) de 0,43 a

0,67 ng m-3. Para as amostras coletadas na Vila Bananeira, a concentração de

arsênio total variaram de 3,8 a 20,0 ng m- 3, As(III) de 2,7-10,5 ng m-3, antimônio

total de 4,32 - 4,60 ng m-3 e para Sb(III), variam de 0,33 - 0,67 ng m-3. O método

proposto foi validado com material certificado de poeira urbana (SEM 1649a,

NIST) com nível de 95% de confiança, apresentando precisão, exatidão e limite de

quantificação adequado para a determinação de arsênio e antimônio em amostras

de material particulado. Os valores encontrados para arsênio e antimônio

presentes no material particulado atmosférico indicam contribuições antrópicas.

Palavras-chave: Material particulado, Arsênio, Antimônio, HG-AAS.

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ABSTRACT

The presence of toxic metalloids, such as arsenic and antimony, even at low

concentrations present in atmospheric particulate matter is of concern worldwide in

recent years. Considering these aspects, in this paper, a method was developed to

determine the concentrations of As and Sb and total As(III) and Sb(III) in samples

of atmospheric particulate matter PM10 type in three different locations around the

city of Salvador (Bahia, Brazil). The places referred to were: (1) Bananeira Village

on the island of Maré, not influenced by vehicle traffic, (2) Porto de Aratu, impacted

by an intense movement of goods and close to industrial centers, and (3) Itaparica,

located in Baía de Todos os Santos. The quantification of inorganic species of

arsenic and antimony present in atmospheric particulate matter was performed by

hydride generation coupled to atomic absorption spectrometry (HG AAS)

employing slurry sampling, using HCl and sonication for 30 min. The accuracy of

the results, expression as relative standard deviation (RSD) were less than 6.2%

for the concentration of arsenic and antimony in all samples collected. The method

allowed the determination of total As and Sb with detection limits of 0.1 μgL-1 for

both metals and As (III) and Sb (III) with detection limits of 0.2 and 0.06 μg L− 1,

respectively. The concentrations found in samples of Itaparica total arsenic ranged

from 1.1 to 1.6 ng m-3, As (III) from 0.8 to 1.1 ng m-3, antimony Total 0.6 to 1, 3 ng

m-3 and Sb (III) in the samples were below the quantification limit. While in Aratú

samples, for total arsenic concentrations ranged from 2.1 to 87.0 ng m-3, As (III)

from 1.8 to 31.4 ng m-3, antimony Total 5.3 to 12, 4 ng m-3 and Sb (III) from 0.43 to

0.67 ng m-3. For samples collected at Banana Village, the concentration of total

arsenic ranged from 3.8 to 20.0 ng m-3, As (III) from 2.7 to 10.5 ng m-3, antimony

total of 4.32 - 4.60 ng m-3 and Sb (III) ranging from 0.33 to 0.67 ng m-3. The

proposed method was validated with certified material of urban dust (SRM 1649a,

NIST) with 95% confidence, with precision, accuracy and limit of quantification

suitable for the determination of arsenic and antimony in samples of particulate

matter. The values found for arsenic and antimony present in atmospheric

particulate matter indicate anthropogenic contributions.

Keywords: Particulate matter, Arsenic, antimony, HG-AAS.

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CAPITULO I

1.1 INTRODUÇÃO

No último século, têm-se assistido ao apogeu da intervenção do homem no

planeta com o surgimento dos motores à combustão, com a queima de

combustíveis fósseis e o surgimento das usinas siderúrgicas e de produtos

químicos. Estes processos não foram acompanhados de análise que pudessem

avaliar seu impacto sobre o meio ambiental, a toxidade dos resíduos produzidos

ou os prováveis danos a saúde. Por isso, atualmente estudos tem sido realizados

para diminuir o impacto ambiental, resultante dos resíduos gerados pelos

processos desordenados dessa corrida desenvolvimentista. Considera-se poluição

química a adição de qualquer espécie química na água, ar, solo ou alimento que

cause desequilíbrio e ameace a saúde ou a sobrevivência dos organismos vivos

da terra (Mascarenhas et al., 2008; Martina & Latorre 2008).

O ar atmosférico tem sido agredido pelo homem e sua poluição desde a

primeira metade do século XX, tornou-se um grave problema dos centros urbanos

industrializados. Devido à presença cada vez maior dos automóveis que vieram a

somar com as indústrias como fontes poluidoras, torna o estudo sobre o tema, um

fator imprescindível para a qualidade de vida da população urbana.

A poluição do ar é uma mistura heterogênea de gases, líquidos e material

particulado, derivado de uma variedade de fontes, das quais, a principal é a

combustão de produtos fósseis. Os produtos podem ser classificados pela fonte

de origem, pela composição química, tamanho e modo de liberação nos

ambientes internos e externos (Carvalho et al, 2000)

Os poluentes atmosféricos conhecidos como material particulado (MP) não

constitui uma espécie química definida, e sim um conjunto de partículas no estado

sólido e/ou líquido com diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm, que incluem

pós, poeira, fumaças e aerossóis que são emitidos para atmosfera de diversas

maneiras. Os efeitos dessas partículas podem variar muito em função de sua

natureza química e de suas dimensões. A classificação por tamanho das

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partículas depende do diâmetro aerodinâmico. O termo partículas totais em

suspensão (PTS) refere-se a partículas com diâmetro aerodinâmico ≤ 100 µm.

Com a evolução das metodologias para análise de dados, a utilização de

equipamentos mais sofisticados, assim como grande impacto na saúde, as

atenções têm sido direcionadas, nos últimos anos, as partículas finas conhecidas

como partículas inaláveis (Martins & Latorre, 2008; Carvalho et al., 2000).

Diferente das partículas finas, o particulado grosso, com diâmetro

aerodinâmico de 2,5 a 10 μm, é retido nas vias superiores do aparelho

respiratório, enquanto que o particulado fino, com diâmetro aerodinâmico menor

2,5 μm, pode atingir os alvéolos pulmonares. Alguns materiais particulados podem

ainda se acumular nos pulmões ocasionando doenças pulmonares causadas pela

inalação de poeiras, doenças oftalmológicas, cardiovasculares além de contribuir

com a mortalidade infantil (Baird, 2002; Miguel & Fiendlander, 1978; Rocha et al.,

2009)

Os metais traço presentes no material particulado quando transportados por

via aérea representam risco à saúde humana, podendo liberar radicais livres no

fluido do pulmão causando inflamação celular, durante o processo de respiração

(Preciato & Li, 2006).

As fontes de emissoras de poluentes são numerosas e variáveis, podendo

ser antropogênicas ou naturais, sendo classificadas como inorgânica ou orgânica.

As partículas inorgânicas são compostas por vários elementos, alguns emitidos

por fontes naturais e outros introduzidos pelas atividades humanas. As partículas

orgânicas que maior atenção tem atraído são os hidrocarbonetos aromáticos

policíclicos (HAPs), que consistem em moléculas aromáticas condensadas

presentes tanto no material particulado em suspensão atmosférica quanto em

outras matrizes ambientais e apresentam propriedades mutagênicas e efeitos

cancerígenos (Lopes & Andrade, 1996; Lin et al., 2005; Perreira,2007).

Em trabalhos anteriores, foram determinadas as concentrações

atmosféricas de PTS e de PM10 de Fe, Mn, Cu, Zn presentes em Salvador, na

área do Porto de Aratu, na Vila Bananeira e na estação da Lapa e os resultados

indicaram que as fontes de emissão dos sítios estudados são principalmente de

origem antrópica, como o tráfego automotivo, descarga no porto, fumaça de

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9

cigarro, queima de carvão e madeira, emissão de diesel entre outras (Lopes,

2006; Rocha et al. 2009).

Freqüentemente, as emissões antrópicas fazem com que os níveis de metais

no material particulado atmosférico estejam bem acima dos níveis permissíveis

determinados pela agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, EPA,

especifica através do National Ambient Air Quality Standards (NAAQS), havendo a

necessidade de um constante monitoramento.

As aplicações analíticas de técnicas espectroscópicas em questões de

química ambiental têm apresentado um significativo aumento nos últimos anos.

Este aumento pode ser atribuído à disponibilidade de instrumentos mais sensíveis

e às necessidades decorrentes do estudo de problemas de complexidade cada

vez maior, que exigem combinações de diferentes técnicas. Por essa e outras

razões, as técnicas analíticas têm sido muito usadas em aplicações in situ e em

tempo real (Mascarenha et al., 2008; Castanho, 1999).

No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelece os

padrões de qualidade do ar em termos da quantidade máxima de partículas em

suspensão permitida. Entretanto, o controle qualitativo desse material ainda é

escasso.

Deste modo, ações devem ser realizadas para prevenir ou reduzir os efeitos

da degradação da qualidade do ar, principalmente devido ao inevitável

desenvolvimento industrial e social. Entretanto, as relações do material particulado

com o meio ambiente são bastante complexas, e para melhor descrever o seu

comportamento e efeitos sobre o meio ambiente é necessário o conhecimento dos

níveis dos poluentes na atmosfera de uma região.

Com base nesse contexto, neste trabalho foi desenvolvido método para

quantificação de arsênio e antimônio inorgânico em amostras de material

particulado atmosférico, por geração de hidredos acoplado ao espectrômetro de

absorção atômica (HG-AAS) empregando a amostragem de suspensão como

estratégia analítica para minimização do preparo das amostras.

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10

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver um método rápido e simples para a determinação de arsênio e

antimônio em amostras ambientais de material particulado atmosférico, utilizando

a geração de hidreto aliada a espectrometria de absorção atômica.

1.2.2 Objetivos Específicos

(i) Avaliar o perfil de As e Sb associados ao material particulado

atmosférico.

(ii) Utilizar a amostragem de suspensão para pré-tratamento da

amostra evitando a perda e contaminação do analito.

(iii) Avaliar a quantidade biodisponível de arsênio e antimônio

presente no material particulado atmosférico.

(iv) Avaliar o impacto de fontes antropogênicas sobre as regiões

em estudo

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11

CAPITULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Poluição atmosféricaA atmosfera é um sistema constituído por gases, partículas sólidas e

líquidas, que mantêm, entre si, um processo de interação física e química

constante. A atmosfera é constituída principalmente de gases como o nitrogênio

(78,10 %), o oxigênio (20,94 %), o argônio (0,93 %) e o dióxido de carbono

(0,03 %). Participam também de sua composição outros gases, mas em pequenas

concentrações: hélio, metano, hidrogênio, xenônio e ozônio entre outros, que,

somados, representam menos de 0,003 % (30 ppm) da composição total da

atmosfera (composição em volume de ar seco) . A atmosfera contém quantidades

variáveis de vapor d’água que vão desde 0,02 % (em volume) nas regiões áridas

até 4 % (em volume) nas regiões equatoriais úmidas (Raven et al.,1995, Braga et

al., 2002)

A atmosfera é descrita em termos de camadas, as quais são caracterizadas

por gradientes específicos de temperatura, conforme mostra a Figura 1. A

troposfera é a camada da atmosfera mais próxima à superfície da Terra. Ela se

estende desde o solo até uma altitude de aproximadamente 10 km (existe uma

variação deste valor quando medido nos pólos e sob a linha do equador)

(Martins et al., 2003).

Figura 1: Representação da atmosfera terrestre (Martins et al., 2003)

Page 22: QUANTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE ARSÊNIO E ANTIMÔNIO … Debora... · foi ensinado pelo tempo afora. ... 5.1.3 Condições de Analise 73 5.1.4 Validação do método proposto 73

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Em uma área urbana, além dos componentes naturais presentes na

troposfera, são lançados na atmosfera gases e partículas poluentes ou não que,

sob diferentes condições meteorológicas, de pressão, temperatura, umidade e

radiação solar, sofrem reações formando poluentes adicionais aos já emitidos,

contribuindo para o agravamento da poluição local.

A temperatura na troposfera, na sua condição normal, decresce com a

altitude, fato esse importante para a diluição das substâncias lançadas no ar, uma

vez que essa condição favorece a ascensão da poluição. Processos naturais

podem modificar essa condição, reduzindo ou diminuindo a taxa de decréscimo,

chegando mesmo a invertê-lo, em geral por pouco tempo (algumas horas),

ocasionando o fenômeno denominado inversão térmica, muito prejudicial à

dispersão dos poluentes (Braga et al., 2002; Baird, 2002). Devido ao intenso

movimento de energia térmica e das significativas diferenças de temperatura, a

troposfera é a camada mais instável da atmosfera. É nela que ocorrem as

“condições meteorológicas”, sendo esta a principal característica que a distingue

das demais (Almeida, 1999)

Os principais problemas globais decorrentes da poluição do ar são:

aumento da temperatura do planeta, denominado efeito estufa, alteração da

intensidade da radiação ultravioleta causada pela destruição da camada de ozônio

na estratosfera e o aumento da acidez das águas da chuva, denominado chuva

ácida (Braga et al., 2002).

A poluição é essencialmente produzida pelo homem e está diretamente

relacionada com os processos de industrialização e a conseqüente urbanização

da humanidade. Esses são os dois fatores contemporâneos que podem explicar

claramente os atuais índices de poluição, principalmente, porque o

desenvolvimento vem se efetivando em detrimento ao meio ambiente, sem um

planejamento adequado ou uma política de crescimento sustentável (Cho et al.,

2005).

Ao comparar a qualidade do ar atualmente com o da era pré-industrial,

especialmente nas grandes metrópoles é possível observar uma imensa diferença.

Apesar do avanço tecnológico nas últimas décadas, fontes como indústrias,

veículos automotivos continuam a lançar na atmosfera grandes quantidades de

espécies químicas gasosas e particuladas. Estes processos não foram

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acompanhados de análises que pudessem avaliar seu impacto sobre o meio

ambiente, a toxicidade dos resíduos produzidos e os prováveis danos à saúde

resultando em um aumento da poluição atmosférica (Freitas, 2003).

A poluição atmosférica pode ser definida como a presença de substâncias

estranhas na atmosfera, resultantes da atividade humana ou de processos

naturais, em concentrações suficientes para interferir direta ou indiretamente na

saúde, segurança e bem estar dos seres vivos (Elson, 1992; Colombini, 2008)

Dentre as partículas suspensas no ar, as respiráveis podem conter

componentes tóxicos ou mutagênicos. Dessa forma, o grande interesse atual

sobre o material particulado atmosférico é devido principalmente aos seus efeitos

sobre a saúde humana, a fauna e a flora, além de causar diminuição da

visibilidade e contribuir para o desgaste de edificações e monumentos (Dingenen

et al., 2004; Rocha et al., 2009).

Os poluentes atmosféricos provocam processos inflamatórios no organismo

quando expostos por minutos, horas ou dias. No aparelho respiratório a

inflamação pode destruir o epitélio das vias aéreas; no sistema cardiovascular,

provoca inflamação de vasos sanguíneos e do músculo do coração. Isso pode

significar eventos como obstrução das artérias e quadros de arritmia cardíaca

(Colombini, 2008)

O sistema respiratório é a principal via de entrada de partículas no ar,

sendo que o efeito sobre o organismo humano depende da composição química

das partículas, tempo de exposição e susceptibilidade individual. Partículas de

metais traço suspensas no ar são consideradas perigosas para a saúde, podendo

ser absorvida pelos tecidos do pulmão humano durante a respiração (Finlayson &

Pitts, 2000; Quiterio et al., 2005). A presença de metais como Fe, Zn e Cu, em

uma fração de material particulado podem liberar radicais livres causando

inflamação celular (Pereira et al., 2007) .

O agravamento das concentrações dos poluentes atmosféricos tem como

resultados impactos na saúde, na biodiversidade além de contribuir para as

mudanças climáticas no planeta.

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2.2 Histórico da poluição atmosférica

Desde que surgiram os primeiros ancestrais do homem, na superfície da

Terra, há aproximadamente um milhão de anos, na porção mais ao sul do

continente africano, estes têm atuado de forma transformadora e, muitas vezes,

predatória sobre a natureza. A partir da descoberta do fogo o Homem passou a

contribuir de forma atuante, porém não consciente, para a deterioração da

qualidade do ar e a sofrer as conseqüências desse ato. Desta maneira, a poluição

simbolizava expansão econômica e progresso tecnológico (Stern et al., 1994;

Dingenen et al. 2004). A civilização industrial desenvolveu-se gerando resíduos

que, ainda hoje, são lançados no ar, no solo, nos rios, nos lagos e nos mares

(Rocha et al., 2009).

Com um modelo de produção linear, em que, bens são concebidos,

projetados, construídos, utilizados e, após sua vida útil, são acumulados no meio

ambiente juntamente com os resíduos do processo de produção. Tinha-se um

pensamento implícito de que os recursos da natureza eram infinitos e o meio

ambiente tinha capacidade para absorver indefinidamente os detritos gerados pela

sociedade industrial (Braga et al., 2001; Freitas, 2003).

As primeiras preocupações com a qualidade do ar apareceram na era pré-

cristã. Devido ao uso do carvão como combustível, as cidades dessa época já

ostentavam ares de qualidade aquém do desejável. Esta situação veio se

agravando durante os primeiros séculos da história pós-cristã,quando os primeiros

atos de controle de emissão de fumaça foram determinados na Inglaterra no final

do século XIII, passando pela revolução industrial e pelo crescimento das cidades

(Miguel, 1995; Cançado et al., 2006)

Historicamente, temos que o agravamento da situação ambiental no planeta

iniciou-se no final do século XVIII, após a Revolução Industrial. A melhoria das

condições de vida na sociedade, verificada a partir desta época, contribuiu para o

crescimento populacional, o qual gerou a necessidade de investimento em novas

técnicas de produção, voltadas ao atendimento da demanda, cada vez maior, por

bens e serviços. Tal fato resultou na intensificação da exploração dos recursos

naturais e, conseqüentemente, no aumento da produção de resíduos poluentes

(Franco & Druck, 1998).

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No século XX, a evolução da percepção dos problemas ambientais ocorreu

de maneira diferenciada ao longo do tempo. Numa primeira etapa, ocorreu a

percepção de problemas ambientais localizados. Numa segunda etapa, a

degradação ambiental foi percebida como um problema generalizado, porém

confinado nos limites territoriais dos países. Somente nas últimas décadas a

degradação ambiental passou a ser percebida como um problema global e que

atinge a todos (Cançado et al., 2006).

No período de 1900 a 1925, houve uma grande mudança na tecnologia e,

conseqüentemente, nas fontes de emissão da poluição atmosférica e no seu

controle. Entretanto, não houve nenhuma mudança significativa na legislação,

nem mesmo conhecimento do problema ou manifestações públicas a esse

respeito. E à medida que as cidades e fábricas aumentavam de tamanho

agravavam-se os problemas de poluição (Franco & Druck, 1998; Alves, 2005).

Episódios de poluição excessiva causaram aumento do número de mortes

em algumas cidades da Europa e Estados Unidos. O primeiro episódio ocorreu em

1930, no vale de Meuse, Bélgica, entre as cidades de Huy e Liége, uma região

com grande concentração de indústrias. Nos cinco primeiros dias do mês de

dezembro, condições meteorológicas desfavoráveis, como a ausência de ventos

agravada por uma inversão térmica, impediram a dispersão dos poluentes,

principalmente material particulado, na faixa de 2-6 μm, que permaneceram

estacionados sobre a região. Imediatamente foi registrado um aumento do número

de doenças respiratórias e um excesso de mortes (60 mortes) até dois dias após o

início do episódio (Franco & Druck, 1998; Cançado et al., 2006).

Alguns anos após, um episódio semelhante ocorreu durante o período de

25 a 31 de outubro de 1948 na cidade de Donora, Pensilvânia. Os produtos da

combustão das indústrias locais como SO2, material particulado e CO

permaneceram sobre a cidade devido à ocorrência de inversões térmicas. Durante

este período foram observadas 20 mortes ao invés das duas mortes esperadas

normalmente em uma comunidade de 14.000 pessoas (Shrenk et al., 1949:

Cançado et al., 2006).

Porém o mais clássico, e mais grave, dos episódios acerca dos efeitos dos

poluentes do ar foi o acontecido em Londres, denominado “The Great Smog2”.

Durante o inverno de 1952, um episódio de inversão térmica impediu a dispersão

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de poluentes, gerados então pelas indústrias e pelos aquecedores domiciliares

que utilizavam carvão como combustível, e uma nuvem, composta principalmente

por material particulado e enxofre (em concentrações até nove vezes maiores do

que a média de ambos), permaneceu estacionada sobre a cidade por

aproximadamente três dias, levando a um aumento de 4.000 mortes em relação à

média de óbitos em períodos semelhantes ( Logan, 1953).

Esses episódios estimularam a realização de diversos estudos

epidemiológicos e experimentais, que identificaram os principais poluentes e suas

repercussões sobre a saúde. Baseados nos achados decorrentes, vários países

estabeleceram padrões de qualidade, ou seja, os limites máximos tolerados como

mostra a Tabela 1, a partir dos quais, a população exposta sofreria danos à saúde.

A fim de efetivar esse controle, criou-se a Agência de Proteção Ambiental dos

Estados Unidos, EPA. Várias medidas de controle foram, então, implantadas,

visando não só atingir as fontes de emissão móveis, como também as

estacionárias (Cançado et al., 2006)

À medida que os países desenvolvidos foram aperfeiçoando formas de

controle ambiental, várias indústrias passaram a migrar para países onde a

legislação e o controle fossem mais a menos ou mesmo inexistentes. Entre as

décadas de 60 e 70, inúmeros países periféricos economicamente, ávidos por

novas fontes de recursos e desenvolvimento, receberam indústrias multinacionais

de produtos de base, principalmente na área petroquímica. Muitas dessas

indústrias tinham como sede países onde a legislação ambiental determinava que

altos investimentos em tecnologia fossem efetivados, principalmente para a

prevenção de possíveis acidentes ambientais (Cançado et al., 2006).

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Tabela 1: Padrões de qualidade do ar para os principais poluentes segundo

Environmental Protection Agency - EPA, EUA (Cançado et al., 2006).

PoluentesPadrões Primários

(g m-3)Tempo Médio

Partículas Inaláveis (PM10) 50 Media aritmética anual

150 Nível limite para 24 horas

Ozônio (O3) 235 Media de 1 hora máximo diaria

Dióxido de enxofre (SO2)80 Media aritmética anual

365 Nível Maximo em 24 horas

Monóxido de carbono (CO)10 Media máxima de 8 horas

40 Nível Maximo em 1 hora

Dióxido de nitrogênio (NO2) 10 Media aritmética anual

Contudo, outros episódios envolvendo o aumento das concentrações de

poluentes atmosféricos continuaram a ocorrer, mas desta vez, nos países em

desenvolvimento.

No Brasil, em 1990, o CONAMA adotou os mesmos padrões. Vale ressaltar

que esses não são os únicos, mas os principais poluentes atmosféricos.

Posteriormente, novos estudos mostraram que não existem níveis seguros de

concentração de poluentes para a saúde humana, questionando a segurança dos

padrões de qualidade do ar estabelecidos (Bascom et al., 1996; Pereira et al.,

2007).

Pode-se observar que o desenvolvimento da sociedade humana não se fez

acompanhar do controle e planejamento adequados, gerando assim mais

problemas que soluções. Recentemente, com a globalização, imaginou-se que os

problemas mundiais seriam solucionados, percepção esta decorrente da assunção

dos inúmeros compromissos internacionais, inclusive sobre a preservação do meio

ambiente, porém, inversamente às expectativas geradas, este processo vem

conseguindo apenas globalizar desigualdade social, desemprego crescente e

estrutural, poluição, esgotamento de recursos naturais, desastres ecológicos.

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2.3 Classificação dos poluentes atmosféricosPoluentes atmosféricos são substâncias indesejáveis que, pela elevação

de sua concentração no ar além de limites toleráveis, causam a sua contaminação

e o tornam impróprio ou nocivo para a saúde humana ou para a preservação dos

demais recursos ambientais. Os principais poluentes atmosféricos são

classificados em função de sua origem, estado físico e classe química. De acordo

com sua origem, os poluentes atmosféricos são classificados em dois grupos:

primários e secundários, como mostra a Figura 2 (Braga et al.,2002)

Figura 2: Fontes de poluentes atmosféricos

Poluentes primários são aqueles emitidos diretamente na atmosfera.

Incluem: os particulados, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxidos de

nitrogênio e hidrocarbonetos (Godish, 1991; Baird, 2002)

Poluentes secundários são aqueles produzidos através de reações

químicas entre poluentes primários e componentes atmosféricos normais, como

apresentado na Tabela 2 Os poluentes secundários reagem física e quimicamente

na atmosfera, convertendo-se, às vezes, em outras formas ainda mais danosas,

como o ozônio (O3), poluente formado na troposfera a partir do subproduto de

reações entre os óxidos de nitrogênio (NOx) e os compostos orgânicos voláteis

(VOC’s) e luz solar. Essa distinção é importante, pois a redução do precursor não

leva obrigatoriamente à diminuição proporcional do poluente secundário. Não é

sempre possível classificar os poluentes como sendo primários ou secundários,

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alguns poluentes podem ser primários se emitidos de determinada forma e tornar-

se secundários, devido a reações que venham a ocorrer posteriormente à emissão

( Covile et al., 2003; Lyra, 2008).

Tabela 2 - Poluentes primários e secundários (Seinfeld & Pandis,1998)

Tipo Poluente PrimárioPoluente

secundárioFontes

Compostos deEnxofre

SO2, H2S SO3, H2SO4,Sulfatos

Combustão

Compostos deNitrogênio NO, NH3 NO2, Nitratos

Combustão aAltas

temperaturasCompostos de

Carbono Hidrocarbonetos Aldeídos, cetonasÁcidos orgânicos Combustão

CompostosHalogenados HF, HCl - Indústria Petroquímica

Oxido deCarbono CO, CO2 - Combustão

Materialparticulado

Partículas totais emSuspensão e

inaláveis-

Petroquimica,MetalúrgicasCombustão,Fertilizantes

Em função do estado físico os poluentes atmosféricos podem estar

dissolvidos na atmosfera como gases ou vapores, ou também se apresentando

nos estados líquido e sólido, finamente divididos, de tal modo que permanecem

suspensos na atmosfera por um tempo considerável. Neste caso, forma se um

aerossol em que o ar é a fase contínua e as partículas líquidas ou sólidas

constituem a fase dispersa.

Os aerossóis podem afetar a saúde humana, a visibilidade e o clima. Os

parâmetros mais determinantes para tais efeitos são usualmente o tamanho de

partícula, concentração e a composição química. O tamanho das partículas de

aerossol abrange uma faixa de quatro ordens de magnitude, desde nanômetros

até 100 μm. Desta forma, quanto ao estado físico os poluentes atmosféricos

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podem ser classificados, em dois grandes grupos: material particulado, gases e

vapores (Alves, 2005; Baird, 2002)

Entre os principais contribuintes para as emissões de particulados estão os

processos e operações industriais vinculados a atividades da construção civil,

mineração e queimadas. Já os transportes e a indústria em geral são as principais

fontes de poluentes gasosos. Segundo a classe química que pertence os

poluentes atmosféricos também podem ser classificados, como poluentes

orgânicos e poluentes inorgânicos. Exemplos de poluentes atmosféricos segundo

esta classificação são apresentados na Tabela 3 ( Assunção, 1998; WHO, 2006;

Cançado et al.,2006).

Tabela 3: Classificação dos poluentes atmosférico (Assunção, 1998)

Classificação Exemplos

Material Particulado Poeiras, fumos, fumaças, Nevoas

Gases e Vapores CO, CO2, SO2, O3, NOx, NH3, Cloro, H2S, hidrocarbonetos

Poluentes Primários CO, SO2, cloro, NH3, H2S, CH4, Mercaptanas

Poluentes

SecundáriosO3, aldeídos, sulfatos, ácidos orgânicos, nitratos orgânicos

Poluentes Orgânicoshidrocarbonetos, aldeídos, ácidos orgânicos, nitratos orgânicos,

partículas orgânicas

Poluentes InorgânicosCO, CO2, Cloro, SO2, NOx, poeira mineral, névoas acidas e

alcalinas

Compostos de

EnxofreSO2, SO3, H2S, Sulfatos

Compostos

NitrogenadosNO, NO2, HNO3, NH3, Nitratos

Carbonados

Orgânicoshidrocarbonetos, aldeídos, alcoóis

Compostos

HalogenadosHCl, HF, CFC, cloretos, fluoretos

Óxidos de Carbono CO, CO2

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2.4 Principais poluentes atmosféricosO nível de poluição do ar é avaliado através das substâncias poluente

presentes, e que o tornam nocivo à saúde pública e prejudicial aos materiais, à

fauna e a flora. Os poluentes incluem qualquer elemento ou compostos químicos,

naturais ou artificiais, capazes de permanecer em suspensão no ar ou ser

arrastado pelo vento. As concentrações de poluentes dependem do clima, da

topografia, da densidade populacional, do nível e do tipo das atividades industriais

locais e resultam da interação dinâmica de emissões contaminadoras e

transformações atmosféricas (Godish, 1991; Elson, 1992; Lyra, 2008).

Os principais poluentes atmosféricos ocorrem na forma de gases ou

particulados. Esses dois grupos de poluentes atmosféricos, ditos tradicionais, têm

sido objeto de um considerável número de pesquisas científicas e

regulamentações. Isso se deve em parte aos impactos negativos que estes

acarretam sobre a atmosfera, a vegetação, a saúde humana, aos animais e os

materiais (Braga et al., 2002).

Os processos naturais podem produzir grandes problemas de poluição do

ar se os poluentes forem gerados em grandes quantidades e próximo à civilização.

Os processos antropogênicos são mais significativos para o controle de poluição

do ar, em função da quantidade e diversidade de poluentes gerados, localização

das fontes antropogênicas e possibilidade de exercer alguma forma de controle da

poluição (Neves, 1999; Kawano, 2003).

Os poluentes naturais são lançados em teores e em velocidades

relativamente baixas para permitir sua gradual e praticamente inofensiva absorção

pela atmosfera. O mesmo não se pode dizer da poluição artificial, provocada pelo

homem e que reconhece como causas agentes orgânicos (produtos químicos

voláteis expelidos pelas fumaças e vapores das indústrias), minerais (vapores e

fumos nitrosos, sulfurosos, iodo, cloro, difundidos pelas indústrias, e o monóxido

de carbono saído dos canos de exaustão dos veículos a motor de combustão

interna) e os agentes radioativos (subprodutos da usinas atômicas e resultantes

das explosões dos engenhos nucleares) (Desboeufs et al., 2005; Honkis, 1977).

As causas e efeitos dos principais poluentes atmosféricos estão mostrados na

Tabela 4.

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Tabela 4: Fontes e efeitos dos principais poluentes atmosféricos

Pesquisas conduzidas nos últimos anos resultaram em importantes

contribuições na obtenção de uma base de dados sobre a concentração de

Poluentes Fontes Processos Efeito

Oxido deEnxofre(SOx)

Antropogênicas

Combustão(refinarias, centraistérmicas, veículos adiesel)

ProcessosIndustriais

Afeta o sistemarespiratório

Chuvas ácidas Danos em

materiaisNaturais

Vulcanismo Processos

biológicos

Oxido deAzoto(NOx

Antropogênicas Combustão

(veículos eindustria)

Afeta o sistemarespiratório

Chuvas ácidasNaturais Emissões devegetação

CompostosorgânicosVoláteis(COV’s)

Antropogênicas

Refinarias Petroquímica Veículos Evaporação de

combustíveis esolventes

Poluiçãofotoquímica

Incluem compostostóxicos ecarcinogênicos

Monóxidode Carbono

(CO)

Antropogênicas Combustão(veículos)

Reduz acapacidade detransporte deoxigênio no sangueNaturais Emissão da

vegetação

Dióxido deCarbono

(CO2)

Antropogênicas Combustão

Efeito de estufaNaturais Emissões da

vegetação Fogos florestais

Chumbo(Pb) Antropogênicas

Gasolina comchumbo

Incineração deresiduos

Tóxico acumulativo Anemia e

destruição detecido cerebral

PartículasAntropogênicas

Combustão Processos

Industriais Condensação de

outros poluentes Extração de

minerais

Alergiasrespiratórias

Vector de outrospoluentes (metaispesados,compostosorgânicoscarcinogênicos)Naturais Erosão Eólica

Vulcanismo

CFC’s eHalons Antropogênicas

Aerossóis Sistemas de

refrigeração

Destruição dacamada de ozônio

Contribuição para oefeito estufa

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poluentes urbanos particulados e gasosos, características físicas, mutagenicidade,

efeitos da meteorologia e de mudanças na política de uso de combustíveis na

qualidade do ar. Os principais poluentes atmosféricos atualmente monitorados

são: Ozônio, Dióxido de Enxofre, Monóxido de Carbono, Compostos de

Nitrogênio, Hidrocarbonetos, Compostos Halogenados, Material Particulado

(Miguel, 1995; Colombini, 2008; Rocha et al., 2009).

Material particulado

O material particulado atmosférico é uma mistura complexa de substâncias

orgânicas e inorgânicas, e varia em tamanho, composição e origem, podendo se

apresentar nos estados sólido ou líquido. As concentrações ambientais de material

particulado são medidas em μg m-3 e podem ser caracterizados por suas

propriedades físicas (que influenciam no seu transporte e deposição) e

composição química (que influencia nos efeitos à saúde humana). Sua

composição e tamanho dependem das fontes de emissão (Baird, 2002; Ning et al.,

1996; WHO, 2006).

Em geral, as partículas podem ser divididas em dois grupos (Carvalho et al.,

2000; Gomes, 2002; Cançado et al., 2006):

partículas grandes, com diâmetro entre 2,5 e 30 μm de diâmetro, também

chamadas “tipo grosseiro” (coarse mode), resultantes de combustões

descontroladas, dispersão mecânica do solo ou outros materiais da crosta

terrestre, que apresentam características básicas, contendo silício, titânio,

alumínio, ferro, sódio e cloro. Pólens e materiais biológicos, também se encontram

nesta faixa;

partículas finas, que são derivadas da combustão de fontes móveis e

estacionárias, como automóveis, incineradores e termoelétricas, em geral, são de

menor tamanho, apresentando diâmetro menor que 2,5 μm (fine mode) e têm

maior acidez, podendo atingir as porções mais inferiores do trato respiratório,

prejudicando as trocas gasosas.

Devido à complexidade e aos diferentes tamanhos das partículas na

determinação dos efeitos sobre a saúde humana e o meio ambiente, diversos

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termos são utilizados para designar as partículas em suspensão, ou material

particulado atmosférico. Alguns termos são derivados a partir de métodos

analíticos ou de amostragem que definem parâmetros previstos na legislação

ambiental: partículas totais em suspensão (PTS), estimativa de massa das

partículas de diâmetro entre 0,3 μm e 100 μm coletadas pelo método do

amostrador de grandes volumes; partículas inaláveis (PM10), estimativa de massa

das partículas de diâmetro inferior a 10 μm coletadas pelo método da separação

inercial (Melo, 1997); Outros termos se referem ao local de deposição do material

particulado no trato respiratório: partículas inaláveis são aquelas de diâmetro

inferior a 10 μm e que são inaladas através da boca e do nariz; partículas

respiráveis são aquelas de diâmetro inferior a 2,5 μm e que penetram até os

alvéolos pulmonares. O termo “partículas inaláveis” tem conotações fisiológicas e

de amostragem (WHO, 2003). A Figura 3 mostra a percentagem de massa total

das partículas em suspensão incluídas nas convenções inalável, respirável e

torácica em função do seu tamanho.

Figura 3: Convenção para partículas respiráveis, torácicas e inaláveis em

função da % de PTS (UNEP/WHO, 1994)

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Dentre as partículas inaláveis, as mais grossas ficam retidas na parte superior

do sistema respiratório. Dentre estas, as mais finas, penetram mais

profundamente. As submicrômicas podem inclusive atingir os alvéolos

pulmonares. O sistema respiratório é o mais afetado pelas partículas. O material

particulado afeta a saúde humana de várias maneiras, com a irritação dos olhos e

das vias respiratórias, a redução da capacidade pulmonar, a redução da

performance física, o agravamento de doenças crônicas do aparelho respiratório,

dentre outras .(Pope et al., 2002; WHO, 2005).

Atualmente, em algumas cidades brasileiras, o controle do material

particulado é feito pelo monitoramento das partículas totais em suspensão, a

fumaça e o particulado inalável. Entretanto, diversos estudos mostram que, dentre

as diferentes faixas de tamanho do material particulado, as partículas grossas, de

diâmetro superior a 2,5 μm, são menos prejudiciais à saúde humana, pois

sedimentam rapidamente, reduzindo a exposição humana por inalação. Quando

inaladas, tais partículas são filtradas nos pêlos do nariz ou retidas na garganta.

Devido ao acumulo nas vias aéreas superiores, as partículas grossas

agravam problemas como a asma em pessoas com deficiência respiratória. Nas

vias aéreas superiores existem mecanismos naturais de expulsão do particulado

cuja eficiência é diferenciada entre pessoas saudáveis e com problemas

respiratórios. Ao contrário, as partículas finas respiráveis, de diâmetro inferior a

2,5 μm, chegam aos brônquios e aos alvéolos pulmonares. Nas vias aéreas

inferiores não há mecanismos eficientes de expulsão destas partículas (Castanho,

1999; Gomes, 2002; Braga et al., 2001 ).

O particulado fino possui superfície específica maior que das partículas

grossas, o que aumenta sua capacidade em adsorver e transportar poluentes com

efeitos tóxicos e carcinogênicos até o trato respiratório, tais como metais tóxicos

além de moléculas orgânicas de grandes dimensões e baixas pressões de vapor,

onde podem reagir ou catalisar reações bioquímicas (Quitério, 2004; Baird, 2002;

Melo, 1997). A Figura 4 mostra os diferentes locais de deposição das partículas no

sistema respiratório.

Muitos problemas de saúde estão relacionados à longa exposição ou ainda

exposição diária ou de picos (1 hora, por exemplo); são exemplos: asma,

bronquites, alergias, arritmia cardíaca e ataques do coração. As crianças e idosos

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26

são os mais afetados. Além de ser um problema de saúde pública, o material

particulado também causa outros impactos ao meio ambiente como a redução de

visibilidade, impactos à vegetação e ecossistemas, danos a edificações, poluição

dos solos e das águas, entre outros.

Figura 4: Locais de deposição de partículas no trato respiratório em função do seu

tamanho (EPA ,1999).

A deposição de partículas em diferentes partes do sistema respiratório

depende do tamanho da partícula, forma e densidade. Os efeitos são também

influenciados em função da composição química, da duração de exposição e de

suscetibilidade individual (Kawano, 2003).

As partículas suspensas na atmosfera são de distintas origens e

composições, e formadas em determinados períodos de tempo e diversos locais.

Desse modo, existe uma grande distribuição nos tamanhos do material

particulado. As menores partículas atingem diâmetro de 0,002 μm. O limite

superior corresponde a um diâmetro de 100 μm (Baird, 2002). As faixas de

tamanho para os tipos de partículas mais comuns estão representadas na

Figura 5.

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Figura 5: Faixas de tamanho de partículas. Fonte: Baird (2002).

As partículas grossas, de diâmetro maior que 2,5 μm, resultam

principalmente da desintegração de grandes partículas e podem ser geradas por

emissões naturais, como erupções vulcânicas e ressuspensão do solo em áreas

sem cobertura vegetal, ou podem ter origem antropogênica, como o cultivo da

terra e atividades de mineração. Consequentemente, sua composição é similar

àquela da crosta terrestre, com alta concentração de alumínio, ferro, cálcio, silício

e oxigênio na forma de óxidos e silicatos, ou mesmo alcalinas, devido à presença

de carbonato de cálcio (Baird, 2002; Magalhães, 2005).

As partículas finas, de diâmetro menor que 2,5 μm, formam-se

principalmente por meio de reações químicas ou a partir da coagulação de

espécies ainda menores (Seinfeld & Pandis, 1989). Estudos mostram que

aproximadamente 50% de material particulado PM10 no interior das casas é

proveniente do ambiente externo e que o restante tem origem no fumo, fogão a

gás e de origem indeterminada.

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28

O tempo de permanência das partículas suspensas no ar é função do seu

tamanho, podendo chegar a dias ou semanas e serem as partículas transportadas

por correntes de ar favoráveis, afetando o ar não somente em escala local mas

também em escala regional e até global. Partículas grossas podem deixar

atmosfera em minutos ou horas e normalmente percorrem pequenas distâncias.

São partículas que sofrem influência gravitacional e sedimentam rapidamente,

sendo freqüentemente resuspensas pela ação dos ventos e tráfego de veículos.

Entretanto, quando densamente misturadas na atmosfera, como em tempestades

de poeira, as partículas grossas de menor diâmetro podem percorrer distâncias

elevadas (Resende, 2007; Magalhães 2005)

As partículas ultrafinas percorrem trechos menores, pois são mais

rapidamente transformadas na atmosfera, muitas vezes passando para o modo de

acumulação ou extinguindo-se (Resende, 2007). Os processos de remoção das

partículas suspensas ocorrem basicamente por deposição seca e úmida como

mostrado Figura 6. A deposição seca ocorre devido à ação da gravidade sobre as

partículas, sendo mais eficiente na fração grossa. A deposição úmida ocorre por

remoção de partículas dentro e abaixo das nuvens, devido à precipitação

(Magalhães, 2005).

Figura 6: Esquema da distribuição de tamanho do aerossol atmosférico(Yonue,

2004, adaptado de Finlayson-Pitts & Pitts, 2000)

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2.5 Amostradores de grande volume (HI-VOL)

Na amostragem de material particulado atmosférico, em geral são utilizados

amostradores ativos, que com auxílio de uma bomba aspiram o ar que deve

passar através de filtros por um determinado período de tempo. No mercado

existem equipamentos que são projetados para coletar de acordo com a

necessidade, diferentes tamanhos de partículas podendo ser amostrados grande,

médio e pequeno volume de ar. São considerados amostradores ativos de

material particulado os amostradores de grande volume (Hi-Vol), médio volume

(medium-vol) e pequeno volume (low-vol), que variam basicamente em termos de

volume de ar amostrado.

Na amostragem de partículas totais em suspensão segundo a norma NBR

9547, utiliza-se amostradores de grandes volumes (Hi-Vol), como mostra a Figura

7.

Figura 7: Amostrador de grande volume (Hi-Vol) para a coleta de PTS e menores

que 10µm de diâmetro aerodinâmico

Durante a amostragem, o ar ambiente é succionado para o interior do

recipiente, através de uma bomba, passando por um filtro de fibra de vidro de 8” x

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10”, a uma vazão de 1,1 a 1,7 m3 min-1 por um período de 24 horas,consistindo

cerca de 2000 m3 dia-1 O material particulado com diâmetro entre 0,1 e 100 µm é

retido no filtro e um medidor de vazão registra a quantidade de ar succionada. A

concentração de partículas em suspensão no ar ambiente (µg m-3) é então

gravimetricamente determinada relacionando-se a massa retida no filtro e o

volume de ar succionado (Lisboa & Kawano, 2007).

Material particulado da fração PM10 (dp ≤ 10µm) também é coletado,

segundo a norma NBR 13412, por meio de amostradores HI-VOL acoplado a um

separador inercial de partículas. As chicanas separam por inércia o material

particulado superior a 10 µm, e as partículas que atravessam as chicanas ficam

retidas no filtro. Podem ser utilizados os filtros de membranas de teflon, fibra de

quartzo, fibra de vidro, nitro celulose, etc. Um cuidado especial deve ser tomado

para manusear o filtro, seja na retirada do amostrador, evitando a perda de

partículas, ou na instalação do filtro no equipamento, evitando a inserção de

partículas estranhas (Thompson, 2010).

Para a amostragem de partículas em faixas de diâmetro aerodinâmico

específico são utilizados impactadores em cascata, os quais exigem maior tempo

de amostragem devido à baixa velocidade do fluxo de ar. Neste sistema as

partículas são desviadas da direção do fluxo de ar pelas forças inerciais e colidem

com os obstáculos (placas de coleta) onde são retidos. Os impactadores em

cascata, (Figura 8) , têm de dois a quatro estágios constituídos de dispositivos

arranjados em série (Miguel, 1984; Lopes, 1996; Freitas, 2009).

Figura 8: Esquema de um impactador em cascata (Lopes, 2006)

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31

Amostradores de pequeno volume (Low-Vol), operam com vazão menor

que 10 m3.min-1 e têm sido usados para amostragem de PM10 por um período de

24 h utilizando substrato de fibra de quartzo com finalidade de determinar

elementos traço (Lopes, 2006; Tursic, 2008).

Um amostrador de médio volume opera com volume de aspiração em torno

de 2 m3. h-1 e filtros de fibra de quartzo são usados como substrato para a coleta

de material particulado atmosférico. Após a coleta das amostras, os filtros

retornam para o laboratório para secagem em dessecador e posteriormente são

pesados e armazenados sob refrigeração. Após tratamento adequado, a

concentração dos analitos é determinada por técnicas analíticas instrumentais

2.6 A qualidade do ar

A convivência dos seres vivos, em especial a do homem, com a poluição do

ar tem trazido conseqüências sérias para a saúde (Braga et al., 2001; Braga et al.,

2002). A partir da industrialização dos grandes centros, vários episódios de altas

concentrações de poluentes emitidos pelas indústrias, associados às condições

meteorológicas desfavoráveis, mostraram na prática os efeitos dos poluentes

sobre a saúde humana. O termo qualidade do ar se usa, normalmente, para

expressar o grau de poluição no ar que respiramos. A poluição do ar é provocada

por uma mistura de substâncias químicas, lançadas no ar ou resultantes de

reações químicas, que alteram a constituição natural da atmosfera. Estas

substâncias poluentes podem ter maior ou menor impacto na qualidade do ar,

dependendo da sua composição química, concentração e condições

meteorológicas. Assim, por exemplo, a existência de ventos fortes ou chuvas

poderão dispersar os poluentes, entanto, a presença de luz solar poderá acentuar

os seus efeitos negativos (Cavalho, 2000;Freitas, 2003).

O processo de poluição do ar pode ser descrito resumidamente em três

momentos: (a) emissão de poluentes para a atmosfera; (b) os poluentes são

transportados, diluídos e modificados química ou fisicamente na atmosfera; (c)

imissão ou os poluentes chegam a um receptor, onde podem ocorrer danos à

saúde, materiais ou de maneira geral ao meio ambiente (Seinfeld, 1986). A Figura

9 demonstra o processo de poluição do ar.

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Figura 9: Emissão, transporte e imissão de poluentes

O nível da poluição do ar ou da qualidade do ar é medida pela quantificação

das substâncias poluentes presentes neste ar. A qualidade do ar é caracterizada

através da utilização de indicadores diversos, geralmente expressos pela

concentração de um dado poluente num determinado intervalo de tempo. Os

indicadores mais utilizados são os poluentes SO2, NOx, CO e PTS, sendo também

classificados como poluentes primários, uma vez que são emitidos diretamente

para a atmosfera (Mazzera et al., 2001).

Os parâmetros adotados como padrões pela legislação medem o nível de

degradação da qualidade do ar, referindo-se a determinadas espécies químicas

(SO2, CO, O3, NO2) ou a conjuntos de substâncias medidos por métodos de

referência, tais como PTS, PM10 e Fumaça ( Melo, 1997; Magalhães, 2005)

Os padrões de qualidade do ar definem para cada poluente a concentração

máxima à qual as pessoas podem ficar expostas, de modo a garantir proteção à

sua saúde e bem estar, baseados em estudos de caracterização de efeitos de

cada poluente na saúde (Cetesb, 2009).

A legislação brasileira de qualidade do ar tem como referência as leis

norte-americanas. A agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, EPA,

especifica através do National Ambient Air Quality Standards (NAAQS) os níveis

máximos permitidos para diversos poluentes atmosféricos, de modo que a máxima

concentração de um poluente é especificada em função de um período médio de

tempo (WHO, 2006)

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Foram estabelecidos nacional e internacionalmente dois padrões de

qualidade do ar. O padrão primário estabelece o limite máximo tolerável para a

saúde da população e o secundário, mais rigoroso, prevê um mínimo de efeito

adverso à população, fauna e flora, deterioração de materiais e comprometimento

à visibilidade. Nas áreas urbanas aplicam-se somente os padrões primários, os

secundários são aplicados em áreas de preservação (Braga et al., 2002; Gomes,

2002).

O CONAMA, órgão normativo e deliberativo, que tem a responsabilidade de

estabelecer as diretrizes, padrões e métodos, regras e regulamentações relativas

ao meio ambiente. Através da Portaria Normativa nº 348 de 14/03/90 e Resolução

CONAMA nº 03/90, o IBAMA estabeleceu dois tipos de padrões nacionais de

qualidade do ar: os primários e secundários (Carvalho et al., 2000; CONAMA,

2009).

Padrões primários de qualidade do ar - as concentrações de

poluentes que, ultrapassadas poderão afetar a saúde da população. Podem ser

entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes

atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo.

Padrões secundários de qualidade do ar - as concentrações de

poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o

bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos

materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis

desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo

prazo.

Os padrões de qualidade do ar válidos em todo território do Brasil,

apresentados na Tabela 5, são definidos pela Resolução do CONAMA nº 03, de

28 de junho de 1990.

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Tabela 5: Padrões de qualidade do ar resolução CONAMA n° 03/90

O objetivo do estabelecimento de padrões secundários é criar uma base

para uma política de prevenção da degradação da qualidade do ar. Devem ser

aplicados a áreas de preservação (parques nacionais, áreas de proteção

ambiental, estâncias turísticas, etc.). A mesma resolução estabelece ainda os

critérios para episódios agudos de poluição do ar, sendo que esses critérios são

apresentados na Tabela 6 (Carvalho et al., 2000; CONAMA, 2009).

PoluenteTempo de

Amostragem

PadrãoPrimário

(g m-3)

PadrãoSecundário

(g m-3)

Método deMedição

Partículastotais em

suspensão

24 horas (1)MGA (2)

24080

15060

Amostrador degrandes volumes

Dióxido deenxofre

24 horas (1)MAA (3)

36580

10040 Pararosanilina

Monóxido decarbono

1 hora (1)8 horas (1)

40000(35% (v/v))

10000(9% (v/v))

40000(35% (v/v)

10000(9% (v/v))

Infravermelho nãodispersivo

Ozônio 1 hora (1) 160 160 Quimiluminescência

Fumaça 24 horas (1)MAA (3)

15060

10040

Reflectância

PartículasInaláveis

24 horas (1)MAA (3)

15050

15050

SeparaçãoInercial/Filtração

Dióxido deNitrogênio

1 hora (1)MAA (3)

320100

190100

Quimiluminescência

(1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano

(2) Medida geométrica anual (MGA)

(3) Medida aritmética anual (MAA)

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Tabela 6 - Critérios para episódios agudos de poluição do ar (ResoluçãoCONAMA nº 3 de 28/06/90).

ParâmetrosNíveis

Atenção Alerta Emergência

Dióxido de enxofre

(g m-3) - 24 h

800 1600 2100

Partículas totais em suspensão (PTS)

(g m-3) - 24 h

375 625 875

SO2 X PTS (g m-3) - 24 h 65000 265000 393000

Monóxido de carbono

(% v/v) – 8 h 15 30 40

Ozônio (g m-3) – 1 h 400* 800 1000**

Partículas Inaláveis (g m-3) - 24 h 250 420 500

Fumaça (g m-3) - 24 h 250 420 500

Dióxido de Nitrogênio

(g m-3) - 1 h

1130 2260 3000

* O nível de atenção de ozônio declarado pela CETESB, com base na legislação

Estadual de SP, é mais restritivo (200 μg m-3).

** O nível de emergência de ozônio declarado pela CETESB, com base na

legislação Estadual de SP, é menos restritivo (1200 μg m-3).

A Resolução CONAMA n° 3 de 28/06/90 estabelece padrões nacionais de

qualidade do ar específicos para o material particulado em suspensão, tanto para

períodos curtos de exposição com médias de 24 h, assim como para períodos

longos com médias anuais. A Tabela 7 apresenta os valores desses padrões, para

as duas classes de material particulado, juntamente com os respectivos critérios

para episódios agudos de poluição do ar.

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Tabela 7 - Padrões nacionais de qualidade do ar para material particulado

(CONAMA,2009)

PoluenteTempo de

Amostragem

PadrãoPrimário

(g m-3)

Padrãosecundário

(g m-3)

Critérios para episódios

agudos (g m-3)

Atenção Alerta Emergência

Partículastotais em

suspensão

24 h (1)

MGA (2)

240

80

150

60

375 625 875

Partículasinaláveis

24 h (1)MAA (3)

15050

15050

250 420 500

(1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano.(2) Média geométrica anual.(3) Média aritmética anual.

2.7 Monitoramento da qualidade do ar

Os principais objetivos do monitoramento da qualidade do ar são: fornecer

dados para ativar ações de emergência durante períodos de estagnação

atmosférica quando os níveis de poluentes possam representar risco à saúde

pública; avaliar a qualidade do ar à luz de limites estabelecidos para proteger a

saúde e o bem estar das pessoas; acompanhar as tendências e mudanças na

qualidade do ar devidas a alterações nas emissões dos poluentes (CETESB,

2009; CONAMA, 2009)

No Brasil, o monitoramento da poluição atmosférica e o controle da

qualidade do ar são previstos por legislação e utiliza como indicadores de

qualidade do ar os principais poluentes atmosféricos (dióxido de enxofre,

partículas em suspensão, monóxido de carbono, oxidantes fotoquímicos

expressos como ozônio, hidrocarbonetos e dióxido de nitrogênio). A tecnologia de

gestão da qualidade do ar a cada dia se encontra mais avançada. Dentre as

técnicas mais atuais destaca-se (Lyra, 2008):

Monitoramento contínuo de partículas muito finas (MP2,5);

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Previsão de eventos da qualidade do ar com antecedência de até

72h;

Modelos de dispersão atmosféricas com reação química

(fotoquímicos).

Dentre os poluentes atmosféricos, o material particulado em suspensão é

um dos mais mencionados na literatura, e em conseqüência, os particulados têm

sido mais extensivamente monitorados por períodos muito maiores do que os

outros poluentes. A representatividade de uma amostra de material particulado

está associada à obtenção de informações de alguns parâmetros próprios da

amostra tais como: concentração, distribuição granulométrica e composição

química (Pereira et al., 2007; Rocha et al., 2009).

As análises químicas permitem-nos obter uma série de informações

referentes ao material que está sendo estudado. Informações como a identificação

dos elementos químicos presentes (análise qualitativa) e a sua quantificação

(análise quantitativa). Através delas, também podem ser obtidas informações

quanto à origem, características e particularidades do material analisado.

De acordo com a UNEP/WHO (1994), existem disponíveis sete técnicas

analíticas que são utilizadas na obtenção da caracterização química de elementos

presentes em amostras de MPS. São elas:

Fluorescência de raios-x (XRF)

Análise por ativação de neutrons (NAA)

Emissão de raios-x por partículas induzidas (PIXE)

Espectrometria de absorção atômica (AAS)

Espectrometria de emissão atômica por plasma indutivamente acoplado

(ICP-AES)

Espectrometria de massa por plasma induzido (ICP-MS)

Cromatografia iônica (IC)

A Cidade de Salvador não possuía qualquer tipo de monitoramento até

outubro de 2010, apesar de ser uma das maiores cidades do país. Em novembro

de 2010, entrou em operação a primeira das dez estações da Rede de

Monitoramento da Qualidade do Ar de Salvador (nove fixas e uma móvel).

Somando-se às estações de Camaçari e de Dias D'Ávila, região cuja qualidade do

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ar já é monitorada há 16 anos, a Bahia passará a contar com um total de 24

estações, 10 na capital e 14 na região metropolitana (Seia, 2011).

Na região metropolitana existem duas redes privadas de monitoramento da

qualidade do ar totalizando 14 estações automáticas que são responsáveis pela

avaliação da qualidade do ar na área de influência da Refinaria Landulfo Alves e

no Pólo Petroquímico de Camaçari, conforme ilustra a Figura 10.

Figura 10: Estações de Monitoramento da Qualidade do Ar da Região

Metropolitana de Salvador

A Região Metropolitana de Salvador (RMS) é formada por 10 municípios,

com uma região com áreas predominantemente residenciais, como por exemplo,

Salvador e Lauro de Freitas, e outras áreas industriais como Camaçari e

Candeias. A sua população é de aproximadamente 3 milhões de habitantes

divididos entre a zona urbana (98%) e rural (2%), sendo que a cidade de Salvador

corresponde a 81% da população da RMS (Cetrel, 2004; Prodetur, 2009).

A região de maior desenvolvimento na indústria química e petroquímica do

Estado é o Eixo Metropolitano. Esse eixo caracteriza-se pela maior concentração

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industrial e dos investimentos direcionados para a Bahia, com uma participação de

63% da produção do Estado, 21,5% da população baiana e três principais centros

industriais da região ligados ao setor químico e petroquímico, relacionados abaixo

(www.dominiopublico.gov.br):

Pólo Petroquímico de Camaçari (COPEC): Município de Camaçari,

a 35 km de Salvador. O COPEC ocupa área de 233,53 km² na RMS e é formado

por 60 empresas, dentre elas 34 químicas e petroquímicas. O Pólo tem

capacidade instalada de 8 milhões de toneladas por ano de produtos químicos e

petroquímicos básicos, intermediários e finais e fornece praticamente a metade

das necessidades de produtos químicos e petroquímicos do país. O Pólo é o

maior e mais importante complexo industrial integrado da América Latina. São

produzidos cerca de 2,4 milhões de toneladas/ano de petroquímicos básicos

destinados ao suprimento de cerca de 40 indústrias de segunda geração

petroquímica ou à exportação. Além do setor químico/petroquímico,

complementam o COPEC, indústrias dos segmentos de celulose, bebidas,

metalurgia do cobre, têxtil e automotivo (Santan et al., 2003, Lyra 2008).

Centro Industrial de Aratu (CIA): Complexo industrial multissetorial,

fundado em 1967, está localizado na RMS, nos municípios de Simões Filho e

Candeias, distando 18 km de Salvador, 22,5 km do Pólo Industrial de Camaçari

(PIC), 15 km do Aeroporto Internacional Dep. Luís Eduardo Magalhães e 25 km do

Porto de Salvador. Área total de 196 km². O CIA possui 150 km de rodovias

internas, que o conectam aos portos de Aratu e Salvador, por onde escoam seus

produtos industriais. Suas empresas totalizam 170 e operam em atividades da

indústria química, metal-mecânica, calçadista, alimentos, metalurgia, minerais não

metálicos, plásticos, fertilizantes, eletro-eletrônicos, bebidas, logística, moveleiro,

têxtil, serviços e comércio (htpp://www.sudic.ba.gov.br).

Refinaria Landulfo Alves (RLAM): Localizada no município de São

Francisco do Conde, com área construída de 6,4 km². Seus principais produtos

são propano, propeno, iso-butano, gás de cozinha, gasolina, diesel, nafta

petroquímica, querosene, querosene de aviação, parafinas, óleos combustíveis e

asfaltos. A refinaria possui uma capacidade instalada de 307 mil barris/dia. A

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RLAM é a principal fornecedora de matéria-prima (Nafta) ao Pólo Petroquímico de

Camaçari (Lyra, 2008).

Estudos realizados concluíram que é necessária a implantação de uma

rede de monitoramento em locais estrategicamente posicionados para avaliação

de poluentes específicos e a realização de pesquisas com enfoque na presença

de metais em material particulado (Pereira, 2007, Rocha et al., 2009).

2.8 Presença de metais e metaloides no material particulado

Existem vários metais e metaloides considerados tóxicos para os seres

humanos, tais como, Hg, Cd, Pb, As, Mn, Ti, Cr, Ni, Se, Te, Sb, Be, Co, Mo, Sn, W

e V. Destes, os dez primeiros são os de maior utilização industrial e por isso os

mais estudados sob o ponto de vista toxicológico.

Os metais diferenciam-se dos compostos orgânicos tóxicos por serem não-

degradáveis, de maneira que podem acumular-se no ambiente e manifestar sua

toxicidade. Os metais pesados são assim denominados por possuírem altas

densidades em comparação a de outros materiais. Embora seus locais de fixação

final sejam os solos e os sedimentos, eles são em sua maioria transportados de

um lugar para outro por via aérea, seja como gases ou como espécies adsorvidas

ou absorvidas em material particulado em suspensão (Baird, 2002).

Os metais na forma de elementos livres condensados, não são

particularmente tóxicos. Porém, são perigosos nas suas formas catiônicas e

também quando ligados a cadeias curtas de átomos de carbono. Os íons

metálicos formam complexos com uma grande quantidade de ligantes e exercem

influência sobre as funções biológicas, afetando o desenvolvimento normal dos

tecidos do corpo humano e seu funcionamento adequado. Partículas em

suspensão, especialmente as inaláveis, com diâmetro inferior a 10 μm, contêm

altas concentrações de metais de interesse toxicológico, como Cu, Ni, Mn, Zn, Pb

e Cd, dentre outros (Mohanraj et al, 2004; WHO, 2003).

As principais fontes antropogênicas de metais e metaloides no ambiente

são fertilizantes, pesticidas, queima de biomassa, emissões veiculares,

incineração de resíduos urbanos e industriais, combustão de carvão e óleo.

Existe uma demanda e produção crescente de muitos metais nos países

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desenvolvidos e em desenvolvimentos. Tal fato sugere um aumento da dispersão

e contato destes metais com os diversos compartimentos ambientais. Um

metalóide pode ser disperso desde o momento da extração de seu minério,

durante o tempo que se constitui produto utilizável, até depois que o produto é

descartado, reciclado ou destruído. Desta forma, o homem esta transformando

parte dos metais imobilizados nos depósitos em metais mobilizados no ambiente

(Alloway & Ayres, 1997).

Estudos têm mostrado os efeitos sobre a saúde humana decorrentes da

inalação de material particulado de diferentes tamanhos e a presença de metais

nas partículas. Estes potenciais efeitos devem ser estudados levando-se em conta

outros fatores além do tamanho das partículas e as concentrações dos metais, tais

como, suas características físico-químicas, sua solubilidade nos fluidos biológicos,

o tempo total de exposição humana e o estado de saúde da população (Voutsa

&Samara, 2002).

Na maioria dos estudos é determinada apenas a concentração total dos

metais no material particulado. Entretanto, a determinação das frações que são

solúveis em diferentes agentes lixiviantes pode fornecer informações úteis sobre a

especiação de vários elementos, sua origem a partir de fontes de emissão

específicas ou sua potencial biodisponibilidade. É o caso dos metais provenientes

de fontes antropogênicas, existentes principalmente em formas solúveis em água,

ao contrário das partículas originadas de fontes naturais, geralmente sob a forma

de óxidos e silicatos, pouco solúveis em água ou em meio ácido diluído

(Fernandez, 2000; Fernandez et al., 2002).

2.8.1 Arsênio: Ocorrência e distribuição

O arsênio é um metaloide, muito quebradiço, cristalino, e sob aquecimento

oxida-se rapidamente para óxido arsenioso. Pode apresentar-se em duas formas

alotrópicas: o cinza metálico e o amarelo, e ocasionalmente, ser encontrado na

forma livre; porém, o mais comum é na forma de minerais. Isolado em 1250 por

Albertus Magnus, o As tem sido motivo de controvérsias durante toda a história da

humanidade. Na forma metálica e com elevado grau de pureza, é empregado na

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indústria eletrônica para produção de diodos e compostos semicondutores. Alguns

compostos do elemento são empregados na agricultura, como matéria prima para

produção de pesticidas. Na indústria química, é empregado como agente

descolorante e espessante na produção de vidros e na purificação eletrolítica do

zinco. Na medicina, é usado em algumas formulações de uso médico e veterinário

(Mandal & Suzuki, 2002; Borba et al., 2009).

O arsênio (As) ocorre na natureza em uma variedade de formas químicas,

incluindo espécies orgânicas e inorgânicas. Sua presença é proveniente tanto de

fontes naturais quanto antrópicas. As fontes naturais de arsênio abrangem os

minerais e rochas que contêm o elemento, os solos e sedimentos formados a

partir dessas rochas, além da atividade geotermal e vulcânica. As fontes

antrópicas incluem atividades relacionadas à preservação de madeira, à utilização

de pesticidas, aos rejeitos provenientes da mineração e também da queima de

carvão, rico em As (Matschullat et al., 2000; Borba et al., 2009).

O elemento As é classificado como um metalóide do grupo 15 (VA) da

tabela periódica (numero atômico 33, massa atômica 74,92) e apresenta estados

de oxidação arsenato (+5), arsenito (+3), arsênio metálico (0) ou arsina (-3). As

espécies solúveis geralmente ocorrem nos estados de oxidação +5 e +3 e o

arsênio metálico não ocorre naturalmente no ambiente. O arsênio normalmente é

encontrado ligado a vários elementos, tais como oxigênio, enxofre e cloro para

formar compostos de arsênio inorgânico e carbono e hidrogênio para formar

compostos de arsênico orgânicos (Azevedo & Chasin, 2003; Leermakers et al.,

2006).

O As é o vigésimo elemento mais abundante e está presente na

composição de mais de 200 espécies de minerais, dentre as quais,

aproximadamente 60% são arsenatos, 20% sulfetos e sulfossais, e os outros 20%

correspondem aos arsenitos, óxidos e silicatos (Mandal & Suzuki 2002). O mineral

de As mais abundante é a arsenopirita, FeAsS (Smedley & Kinniburgh 2002), que

ocorre freqüentemente associada a outros minerais, especialmente nos depósitos

e ocorrências de minérios sulfetados (Figueiredo et al., 2000; Matschullat et al.

2000). Outras fontes de As para o ambiente resultam de sua participação em

complexos biológicos, processos químicos e aplicações nas indústrias:

metalúrgica, farmacêutica, química, de tintas, vidros e semicondutores (Barra et al.

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2000; Matschullat et al. 2000; Nriagu 1994). Também é utilizado como

conservante para madeira e promotor de crescimento de aves e porcos.

2.8.1.1 Arsênio em material particulado atmosférico

Na atmosfera, o arsênio existe predominantemente na forma inorgânica

absorvido sobre a superfície de partículas finas (PM2,5) em suspensão, sendo

normalmente encontrado como uma mistura de arsenito e arsenato. Estas

partículas podem ser transportadas por correntes de vento, retornando ao solo e

às superfícies aquáticas por deposição seca ou por precipitações (Azevedo &

Chasin, 2003). No sentido inverso, a erosão provocada pelo vento e pela chuva

pode levar o arsênio presente no solo para atmosfera, rios e lençóis freáticos.

Entretanto, as distâncias percorridas pelo arsênio liberado pela ação da água

tendem a ser pequenas, porque ele é novamente readsorvido pelo solo (Azevedo

& Chasin, 2003).

O tempo de residência das partículas na atmosfera depende não apenas

do tamanho de partículas e condições meteorológicas, mas também as condições

operacionais do processo industrial. Por exemplo, os níveis de arsênio no ar

variam de acordo com a distância da fonte; a altura da torre; a velocidade de saída

dos gases de combustão e velocidade do vento predominante. O período de

residência na atmosfera de metais ou metaloides que estão associados a

partículas, é geralmente de curta duração (inferior a 40 dias). Apesar disso, podem

ser transportadas e alcançar longas distâncias causando perturbações nos

ecossistemas em uma escala global (Pallares et al., 2007).

A taxa de deposição seca eficaz do arsênio presente no aerossol é de

0,2 cm s-1 , próximo as fontes de emissão. Durante o transporte na atmosfera, a

taxa de deposição diminui devido à remoção preferencial de partículas maiores.

Para os Países Baixos, a remoção por meio de deposição seca ocorre a uma taxa

média de 0,5% por hora e por meio de deposição úmida em 1,2-1,5% por hora

(Slooff et al., 1990). Quanto ao tempo de permanência do arsênio na atmosfera, a

estimativa é que seja em torno de nove dias, dependendo do tamanho das

partículas a que o arsênio esteja agregado e das condições atmosféricas.

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Várias pesquisas relacionam o tamanho, a área de superfície, assim como

a composição química como fatores importantes na determinação dos efeitos à

saúde quando associados ao material particulado (Krull,1991; Lobinski &

Marczenko, 1996; Artaxo et al.,1999; Goshe et al., 2005). Entretanto, as

legislações nacional e estadual estabelecem critérios de qualidade do ar

considerando apenas a concentração e a granulometria do material particulado

sem, no entanto, considerar a sua composição química (Tsopelas et al., 2008;

Allen et al., 2001; Birmili, 2006)

Os padrões de qualidade do ar definem legalmente o limite máximo para a

concentração de um determinado poluente na atmosfera, que garanta a proteção

da saúde e o bem-estar das pessoas. Muitos países estão identificando os

aerossóis presentes em suas atmosferas e relacionando a concentração de seus

constituintes com os casos de saúde registrados e com as fontes de emissão

local. Os governos estaduais e suas agências ambientais vêm regulamentando as

emissões de uma variedade de fontes de degradação (Hansen & Pergantis, 2008).

2.8.1.2 Toxicidade dos compostos de arsênio

Os efeitos nocivos do arsênio à saúde humana levou recentemente a União

Européia a estabelecer um valor limite de 6 ng m-3 de As em material particulado

(PM10) a serem cumpridos até Dezembro de 2012. No entanto, os níveis de

toxicidade para As (III) e As (V) são tão diferentes que não é suficiente determinar

apenas o conteúdo total de arsênio para a maioria das aplicações ou estudo

(Kumar & Riyazuddin, 2008).

A toxicidade do As é conhecida desde a época dos antigos romanos,

quando compostos como As2O3 eram usados por suicidas e assassinos (Baird

2002). A definição de toxicidade apresentada por Smith & Huyck (2001) diz que

esta é a capacidade de um elemento ou composto químico de afetar

adversamente qualquer função biológica. A exposição crônica aos compostos

inorgânicos de arsênio pode causar várias doenças como: conjuntivite,

hiperqueratose, hiperpigmentação, doenças cardiovasculares, distúrbios no

sistema nervoso central e vascular periférico, câncer de pele e pulmão, gangrena

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nos membros e aumento na freqüência de abortos espontâneos (Chiu et al., 2004;

Simenova & Luster, 2004).

O alto potencial de toxicidade do arsênio para o ser humano já é bem

conhecido. Muitas espécies químicas oriundas desse elemento são facilmente

absorvidas, tanto após exposição oral quanto por inalação, sendo que a

quantidade absorvida depende da solubilidade de cada composto/espécie em

particular (Barra et al., 2000). A toxicidade do As depende de sua forma química e

do seu estado de oxidação. Além disso, outros fatores como estado físico do

elemento, velocidade de absorção nas células, velocidade de eliminação, natureza

dos substituintes, entre outros (Mandal & Suzuki, 2002).

O efeito tóxico das diferentes espécies de As depende, diretamente, de sua

forma química. O arsênio elementar não é tóxico, mas é rapidamente convertido a

produtos tóxicos pelo organismo humano.

A toxicidade das espécies químicas relevantes decresce na seguinte

ordem: compostos de As(III) inorgânico > compostos de As(V) inorgânico >

compostos de As(III) orgânico > compostos de As(V) orgânico. Para as formas

inorgânicas, o As(III) é 60 vezes mais tóxico que o As(V) e estas, por sua vez, são

100 vezes mais tóxicas que as espécies orgânicas de As (Mandal & Susuki 2002).

Suas espécies orgânicas mais comuns são os compostos metilados ácido

monometilarsônico (MMA) e ácido dimetilarsínico (DMA). Portanto, o

conhecimento apenas da concentração total deste elemento é uma informação

limitada, especialmente, com relação aos danos que pode causar à saúde, em

particular, e ao meio ambiente em geral (Irgolic et al., 1994; Borba et al., 2009).

De acordo com Anderson et al. (1986) e Burguera et al. (1993), a ordem

decrescente de toxicidade dos compostos de As é a seguinte: arsina (AsH3) >

arsenito > arsenato > ácidos alquil-arsênicos > compostos de arsônio > arsênio

elementar (Chatterjee et al., 1995, Carrero et al., 2001).

A metilação do As inorgânico no corpo humano é um processo de

desintoxicação que ocorre nos rins e reduz a afinidade do composto para com o

tecido. Através da urina (a principal via de eliminação) que As inorgânico quando

ingerido e os seus metabólitos são eliminados (Barra et al. 2000). Assim, a

concentração de As na urina, é o bio-indicador mais apropriado para se avaliar a

exposição humana aos seus compostos.

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Para avaliação dos impactos ambientais provocados por elementos tóxicos

é fundamental a compreensão do conceito químico de especiação química. Na

química analítica, o termo refere-se à identificação e quantificação das diferentes

formas químicas de um dado elemento numa dada matriz, sendo que a

concentração total corresponde à somatória das concentrações parciais de todas

as espécies presentes. A definição apresentada pela IUPAC sobre a especiação

química diz que esta consiste em um processo no qual se evidencia a forma

atômica ou molecular de um dado analito (Macedo et al., 2009). De acordo com

Havezov (1996), ela foi definida, em 1991, como a identificação e quantificação de

diferentes e definidas espécies, formas ou fases na qual o elemento ocorre.

Assim, no caso do As, a biodisponibilidade, o transporte e as propriedades

físico-químicas podem diferir grandemente, dependendo de sua forma química.

Portanto, informações sobre as espécies são tão importantes para avaliar as

implicações toxicológicas, quanto para elucidação do ciclo biogeoquímico do

elemento (Borba et al., 2009). A Tabela 8 lista os compostos de As que são objeto

da análise de especiação química.

As técnicas mais usadas para a detecção de arsênio são: espectrometria de

absorção e emissão atômicas e espectrometria de massas. Como a

instrumentação para a espectrometria de absorção atômica é amplamente

disponível, essa técnica é freqüentemente empregada em conjunto com a geração

de hidretos. A espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica

(ETAAS), também tem sido bastante usada para análise de diferentes tipos de

amostras (Moreda-Piñeiro,J. et al.,1997; Kalähne, R. et al., 1997; Barra, C. M. et

al, 2000).

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Tabela 8: Alguns compostos de arsênio comumente encontrados em análises de

especiação

2.8.2 Antimônio: Usos, propriedades químicas e toxicidade

O antimônio (Sb) foi descoberto em 1450 e pode ser encontrado na crosta

terrestre e, em menor quantidade nos diversos ambientes aquáticos. O antimônio

tem sido utilizado pelas culturas humanas desde o inicio da Idade do Bronze.

Diferentes documentos atestam que os alquimistas e charlatões usaram

compostos de antimônio na medicina, medicina veterinária e cosmética. Este

metaloide foi prescrito no passado como remédio universal para sífilis, dores no

peito e especialmente para febre (Nriagu, 2005). Por volta de 1990, o Sb era

utilizado principalmente para fazer ligas, pigmentos, tintas, produtos

farmacêuticos, agente opacificante de esmaltes, vidros para cerâmica e telhas,

corantes para papel e tecidos e para vulcanização de borrachas (Smichowski,

2008). Atualmente parte da produção total deste elemento destina-se a produção

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de trióxido de antimônio (Sb2O3), empregado largamente na fabricação de

materiais retardantes de chama. Sendo utilizado também como catalisador na

fabricação de PET, como revestimento de cabo, munições e rolamentos, ligas

metálicas para revestimento de baterias, lâminas, tubos e moldes metálicos (Fillela

et al., 2002).

O antimônio é geralmente considerado um elemento não essencial e

tóxico, sendo um contaminante atmosférico comum, procedente das emissões

industriais, dos automóveis, da incineração de lixo, da fumaça do tabaco, etc. O

tráfego de automóveis é uma importante fonte de antimônio no meio ambiente,

visto que este elemento é utilizado nas pastilhas e lonas de freio e na fabricação

de pneumáticos. As fontes naturais são também responsáveis por emissões Sb no

ambiente, cerca de 5 toneladas ano-1 são liberados para atmosfera por vulcões,

representando 3-5% de emissões de Sb mundial além do intemperismo de rochas

e drenagem do solo (Smichowski, 2008).

O antimônio pertence ao grupo 15 (VA) da tabela periódica sendo

classificado como um metaloide. As qualidades físicas e químicas entre Sb e

As são semelhantes. No passado, estes dois elementos e os seus compostos

foram muitas vezes determinada em conjunto (Gebel, 1997). O Sb apresenta uma

rara característica, sua forma sólida é menos densa do que a líquida. Algumas

propriedades importantes do Sb são apresentadas na Tabela 9.

A exposição aos compostos de antimônio causa efeitos adversos para a

saúde humana devido à sua toxicidade acumulativa, semelhante ao arsênio,

sendo potencialmente tóxico em concentrações muito baixas.

A toxicidade e risco ambiental do antimônio dependem do seu estado de

oxidação e das formas dos compostos em que ele pode ser encontrado .

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Tabela 9: Propriedades químicas do antimônio

Propriedade Valor

Massa atômica (g mol-1) a 121,75

Número atômico (Z) a 51

Isótopos estáveis a

(% abundância natural)

121Sb (57,21) e123Sb (42,78)

Ponto de fusão a 631 ºC

Ponto de ebulição a 1750 ºC

Estados de oxidação a 0, -3, +3 ou +5

Raio iônico: Sb (V) b 62 pm

Raio iônico: Sb (III) b 76 pm

Raio iônico: Sb3- b 245 pma Handbook of Chemistry and Physics - 74a.ed.,2000; b Filella et al.,2002b

O antimônio pode ocorrer em quatro estados de oxidação, isto é, -3, +3, 0,

+5. O Sb elementar é mais tóxico do que os seus sais e espécies inorgânicas de

Sb são mais tóxicas do que as orgânicas. O Sb(III) é aproximadamente 10 vezes

mais tóxico do que o Sb(V). O Sb(III) se oxida facilmente a Sb(V) em meio neutro;

no entanto, em meio ligeiramente ácido, pode permanecer estável durante anos. O

papel biológico de antimônio não foi completamente compreendido. IARC

(Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer) concluiu que há provas

suficientes obtidas a partir de testes em animais para reconhecer Sb2O3 como um

composto carcinogênico. Entretanto, nos EUA, a Agência de Proteção Ambiental e

da Comunidade Alemã de Pesquisa categoriza o antimônio como principal

poluente, mas não indicam a sua atuação no organismo (Michalski, 2012).

2.8.2.1 Antimônio em sistemas ambientais

Ainda há pouca informação sobre a transformação e o transporte de

antimônio em diferentes compartimentos do meio ambiente. Estudos de

especiação, que ainda são escassos, ajudarão a esclarecer estas questões,

permitindo um entendimento sobre os efeitos de um elemento no ecossistema, tais

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como toxicidade, biodisponibilidade e características metabólicas, pois, dependem

de suas propriedades físico-químicas.

A determinação do Sb total e sua análise de especiação em matrizes

ambientais apresentam alguns problemas, tais como, baixas concentrações do

elemento em aerossóis atmosféricos; a falta de estabilidade dos compostos Sb

durante o processo analítico; baixa eficiência no processo de extração de

compostos inorgânicos e orgânicos de antimônio a partir de matrizes ambientais e

a falta de materiais mais adequados para a matriz de referência com

concentrações certificadas para determinação de Sb total (Smichowski, 2004).

O antimônio não é um elemento abundante na natureza, apesar de estar

presente como constituinte principal em diversos minerais. Este elemento forma

sulfetos estáveis e poucos solúveis. O principal minério de antimônio é a estibinita

(Sb2S3), encontrado em grande quantidade na China, África o Sul, México, Bolívia

e Chile (Smichowski, 2008; Filella et al., 2009)

A preocupação em relação ao antimônio vem crescendo consideravelmente

devido, justamente, à emissão antrópica, responsável pelo marcante aumento da

sua concentração no meio ambiente. Não chega a ser surpreendente que as

concentrações de Sb em matrizes naturais, tais como carvão, rochas, sedimentos

e cinzas vulcânicas são significativamente menores que em matrizes provenientes

de locais urbanos e/ou industrializados. Nas proximidades de fontes industriais, a

concentração de antimônio pode chegar a atingir níveis 100 vezes maiores do que

o nível natural (Ljima et al., 2007; Dietl et al., 1997)

No meio ambiente, acredita-se que a maior parte do Sb permaneça retido

nas camadas superficiais do solo, não se acumulando em sistemas ambientais

nem migrando para lençóis subterrâneos de água. Tal fato poderia ser explicado

pela presença de compostos de Sb insolúveis ou de baixa solubilidade no solo.

Esta baixa solubilidade das espécies de Sb presentes no solo também impediria a

sua bioacumulação nas cadeias alimentares (Smichowski et al., 2004)

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2.8.3 Determinação de arsênio

Atualmente, sabe-se que a determinação da concentração total de um

elemento é uma informação limitada, especialmente sobre o seu comportamento

no meio ambiente e os danos que pode causar à saúde, pois não indicam os

verdadeiros níveis de cada espécie individualmente.

As interações químicas de metalóides no ambiente, aliadas às diferenças

entre as propriedades dos compostos de origem natural e antropogênica, tornam a

determinação dos elementos bastante complexa (Barra et al., 2000).

A determinação de As total por espectrometria de absorção atômica com

geração de hidretos (HG AAS) tem sido largamente utilizada em função da

sensibilidade adequada à determinação em amostras ambientais (Hung,2004,

Barbosa, 2009). Este método envolve a determinação da concentração de As total

através da pré-redução das espécies de As(V) para As(III), geralmente com iodeto

de potássio. Como o processo de formação da arsina possui cinética diferenciada

para as espécies As(III) e As(V) é possível realizar a determinação seletiva da

primeira espécie selecionando as condições adequadas. Além disso, quando há

concentrações consideráveis de arsênio inorgânico na amostra ou quando estas

são de interesse, a pré-redução pode ser realizada usando compostos que

contenham o grupo tiol, como a L-cisteína e o tioglicerol, permitindo a obtenção de

um único sinal para todas as espécies de arsênio em solução nas mesmas

condições de acidez (Carrero et al., 2001; Chen, 1992; Borba et al, 2009).

As técnicas instrumentais analíticas utilizadas para a determinação

de elementos em nível de traços são a espectrometria de absorção atômica com

chama (FAAS), espectrometria de absorção atômica com atomização

eletrotérmica ou forno de grafite (GF AAS), a espectrometria de fluorescência

atômica (AFS), a espectrometria de emissão óptica com plasma de argônio (ICP

OES), a espectrometria de massas com plasma de argônio (ICP-MS), a análise

por ativação neutrônica (NAA), emissão de raios X induzido por partículas (PIXE),

espectrometria por fluorescência de Raios X (XRF), a cromatografia líquida de alta

eficiência (HPLC), cromatografia iônica (IC) e métodos polarográficos,

voltamétricos e potenciométricos.

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Outra técnica baseia-se na formação seletiva de arsina pelas diferentes

espécies de As através da variação do pH e das concentrações do pré-redutor

(L-cisteína) e do redutor (NaBH4) envolvidos na reação de formação de arsina,

sem a necessidade de pré-concentração e separação das espécies por

cromatografia (HPLC) ou por trapeamento criogênico (Shraim et al.,1999). Assim,

é de grande importância o desenvolvimento de métodos analíticos eficientes,

apropriados para análises de rotina e adequados para monitoração do elemento

em regiões com prováveis contaminações pelo mesmo (Barra et al., 2000).

2.9 Espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos (HG AAS)

A espectrometria de absorção atómica com geração de hidretos baseia-se

na formação, por redução, de hidretos covalentes voláteis do elemento a

determinar, os quais são posteriormente atomizados e analisados.

Na geração de vapor químico, o analito é separado da matriz da amostra

pela geração de espécies gasosas como resultado de uma reação química. Esta

técnica é aplicada a elementos que formam hidretos covalentes voláteis, como:

arsênio (As), bismuto (Bi), germânio (Ge), índio (In), chumbo (Pb), antimônio (Sb),

selênio (Se), estanho (Sn), telúrio (Te) e mais recentemente o cádmio, o tálio e o

cobre (Ure et al., 1992; Hill et al., 1995; Welz & Sperling, 1999).

O processo de determinação espectrométrica por geração química de

hidreto pode ser dividido em três partes: a geração do hidreto volátil, ou seja, a

reação química; o transporte do hidreto volátil para o atomizador (que inclui

também sua liberação da solução); e a atomização/quantificação dos hidretos.

a) Sistema de Redução NaBH4/Ácido

Metais em pó em meio ácido como zinco metálico/HCl, suspensão de

alumínio/HCl e mistura de magnésio e cloreto de titânio em meio HCl e H2SO4

foram utilizados no desenvolvimento da técnica de geração de hidretos. O

emprego desses agentes redutores limitou a técnica, que ficou restrita a poucos

elementos formarem os seus respectivos hidretos (As, Se e Sb), sinais elevados

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para os brancos (devido à dificuldade de obtenção de metais com alto grau de

pureza) e medidas pouco reprodutíveis (Dedina & Tsalev,1995).

O NaBH4 é o agente redutor mais empregado em geração de hidreto por

mostrar-se mais eficiente e versátil, podendo ser empregado tanto por sistemas

em batelada quanto por sistemas em fluxo, visto sua rápida cinética de reação e

maior reprodutibilidade, qualquer que seja o método de detecção empregado

(Dedina & Tsalev,1995). Foi observado que os sinais de As e Se diminuem, ao

longo do tempo, devido a degradação da solução de NaBH4. Portanto, ela deve

ser preparada em meio alcalino (geralmente NaOH, KOH), pouco antes do uso,

para evitar sua decomposição. Por outro lado, a concentração de NaOH deve ser

adequada para não causar supressão do sinal analítico (Lee & Choi, 1996; Feng,

1998).

O primeiro mecanismo descrito de geração de hidreto indica que o processo

de formação do hidreto ocorre a partir da evolução de hidrogênio atômico, também

chamado de hidrogênio nascente, que é formada através da hidrólise ácida do

agente redutor (Dedina & Tsalev,1995).

Outros mecanismos foram propostos por outros autores que discordam com

a hipótese de formação do hidreto a partir do hidrogênio nascente. Sabe-se hoje

que o mecanismo de formação do hidreto ocorra através da ação do hidrogênio

ligado diretamente ao boro, por formação de alguns intermediários (D’Ulivo, 2007;

D’Ulivo, 2005).

De acordo com essa hipótese, o processo pode ser escrito da seguinte

maneira:

NaBH4 + H3O + 2H2O → intermediários → H3BO3 + H2 (1)

NaBH4/intermediários + analito → hidretos (2)

O uso de reagentes deuterados em vários trabalhos tem demonstrado que

o hidrogênio ligado diretamente ao boro é o responsável pela formação do hidreto.

b) Transporte dos Hidretos Voláteis

O processo de transporte do hidreto ao sistema de detecção pode ser

dividido em dois modos: transferência direta ou coleta. No modo de transferência

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direta, os hidretos voláteis formados são transportados para o sistema de

atomização para quantificação.

Procedimentos envolvendo o transporte de hidretos com tubo de grafite

foram muito utilizados quando os agentes redutores metal/ácido eram

empregados. Estas reações eram relativamente lentas, podendo levar alguns

minutos. Assim, a coleta do hidreto e sua liberação ao sistema de medida

produziam sinais maiores, devido à pré-concentração, e sinais mais reprodutíveis

(Dedina & Tsalev,1995)

c) Mecanismo de Atomização

Elevadas temperaturas de plasmas e chamas permitem um mecanismo de

atomização via decomposição térmica. Em tubos de quartzo, as temperaturas são

relativamente baixas, menores que 1000 °C, assim, a atomização não deve ser

provocada devido à decomposição térmica (Dedina & Tsalev,1995). Acredita-se

que a atomização dos hidretos gasosos no tubo de quartzo aquecido ocorre

devido aos átomos de hidrogênio livres (Welz, 1999). Foi observado que o As não

produz sinal de atomização quando a arsina é introduzida em uma célula de

quartzo aquecida, em uma atmosfera contendo apenas o gás inerte (Welz,1983).

O fato da influência do hidrogênio, na atomização do hidreto de As, ser menor em

temperaturas maiores no forno de grafite sugere que o mecanismo de atomização

por decomposição térmica desempenha a principal função (Dittrich,1986).

Os mecanismos envolvidos na atomização da arsina, em atomizadores de

tubo de quartzo, são dependentes da reação do hidreto com radicais hidrogênio

presentes no interior do tubo, sendo necessário um suprimento de oxigênio

(Dedina,1992).

Para a formação dos radicais hidrogênio, traços de oxigênio desempenham

um papel fundamental, conforme é apresentado nas reações abaixo (Welz, 1999):

H (g) + O2 (g) → OH (g) + O (g) (4)

O (g) + H2 (g) → OH (g) + H (g) (5)

OH (g) + H2 (g) → H2O (l) + H (g) (6)

Assim, a decomposição da arsina pela ação da temperatura reação com

radicais hidrogênio, resultando em átomos livres em fase gasosa.

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Alguns parâmetros que influenciam diretamente na sensibilidade quando

utilizado atomizadores de quartzo são: suprimento de oxigênio, vazão de gás

inerte, temperatura, modelo do atomizador e condições da superfície interna do

tubo (Dedina & Tsalev,1995).

Se estiver presente em quantidade inadequada o oxigênio pode induzir a

uma atomização ineficiente e, consequentemente, a uma redução na sensibilidade

causando, na maioria das vezes, problemas com a redução da faixa linear.

Entretanto altos suprimentos de oxigênio (na faixa de mililitros por minuto) podem

acabar reduzindo a sensibilidade devido à maior expansão térmica causada pela

formação de micro-chamas internas. Entretanto, a quantidade de oxigênio

dissolvido, presente na solução das amostras e padrões é suficiente para uma boa

eficiência de atomização (Dedina & Tsalev,1995).

2.10 Amostragem de suspensão

A maioria das análises realizadas através das técnicas de emissão e/ou

absorção atômica requerem a dissolução total das amostras. Sendo assim, a

decomposição das mesmas torna-se necessária antes da realização da

determinação do analito, o que faz aumentar o tempo total de análise e o risco de

contaminação, devido ao grande número de etapas requerido para estes

procedimentos (Gunter, 1999; Kufus, 1998)

A amostragem de suspensões foi proposta por Brady et al. em 1974

combinando as vantagens da amostragem sólida e líquida empregando forno de

grafite. Este método consiste em uma amostra sólida, finamente dividida,

suspensa em um líquido. Suas principais características incluem a simplificação

do pré-tratamento da amostra, bem como evita/minimiza a contaminação,

diminuindo consideravelmente a perda de analitos voláteis, além de diminuir

custos e o uso de reagentes frequentemente perigosos. Além de permitir que

sejam usados padrões aquosos para a construção da curva analítica e/ou

métodos de adição de analito (Miller-Ihli,1992; Langmyr, 1979).

A amostragem de suspensão tem sido objeto de pesquisa para

determinação de vários elementos acoplada à geração de vapor químico.

Entretanto, o tamanho de partícula e a falta de homogeneidade da amostra são

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fatores que podem afetar a precisão e a exatidão das análises, quando a

amostragem de suspensão é utilizada. O tamanho de partícula é um fator crítico

no preparo das suspensões e, portanto, os erros de quantificação podem ser

minimizados quando se trabalha com pequenos tamanhos de partícula (Miller-

Ihli,1994; Majidi,1990).

Desta maneira, na amostragem de suspensão, alguns fatores devem ser

considerados, tais como: método de moagem; granulometria; solvente;

particionamento do analito; massa da amostra e proporção de volume de diluente;

reagentes estabilizantes e; sistema de homogeneização da suspensão (Ferreira et

al., 2010).

a) Método de moagem e granulometria: Na preparação da suspensão o método de

moagem deve ser empregado considerando a natureza da matriz, o analito, o

tempo de moagem e a técnica de detecção. Uma aplicação simples de

procedimento de moagem é a trituração do sólido pelo atrito com o pistilo e o

almofariz, onde a eficiência na redução das partículas pode ser aumentada pelo

maior tempo de moagem ou com uso de peneiras de porosidades adequadas.

Pode-se utilizar para redução do tamanho das partículas, moinhos criogênicos,

moinhos de bolas, moinhos de facas e moinhos de moagem com disco (Vieira et

al.,2002; Matusiewicz, 2003)

b) Solvente e partição do analito: Os solventes empregados para o preparo das

suspensões são componentes cruciais, pois podem funcionar como diluentes

extratores do elemento de interesse para a fase líquida, de modo que a eficiência

da transferência influencia para melhorar a exatidão e a precisão do processo

analítico.A quantidade de analito extraído das partículas para o solvente pode ser

influenciado pela matriz da amostra, a natureza do analito, a interação entre o

analito e a matriz, o tamanho das partículas sólidas, o tipo e a concentração do

solvente e do tempo de exposição ao solvente. A seleção do solvente é

comumente feita com base na matriz da amostra, características do analito e a

técnica de detecção (Ferreira et al., 2010; Vale, 2006).

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c) Massa de amostra e volume do diluente: A quantidade de amostra sólida e

volume de diluente devem ser selecionados tendo em conta tanto a

homogeneidade da amostra como o nível de concentração final do analito que

possa ser quantificado. Com uma proporção adequada, entre massa e volume de

diluente, para um determinado método analítico, uma relação linear da quantidade

de suspensão da amostra contra o sinal analítico deve ser esperada (Mierzwa &

Dobrowolski,1997). Entretanto, é importante afirmar que as suspensões com

proporções diferentes entre massas de amostra e volumes de diluentes, podem

fornecer resultados analíticos completamente diferentes (Chen & Jiang, 2009;

Caballo-López, 2003).

d) Estabilizantes e homogeneização das suspensões: estabilizar a suspensão é

dispersar aglomerados e/ou evitar a sedimentação de partículas evitando

gradientes de concentração da suspensão. Existe um grande número de

alternativas para a homogeneização da suspensão, porém a abordagem mais

simples é a agitação manual. Entretanto pode ser utilizado agitadores magnéticos,

A aplicação de ultra-som como fonte de energia externa através de banho de ultra-

som ou uma sonda de ultra-sons, são alternativas empregadas para a

homogeneização das suspensões antes da análise. (Torres et al. et al., 2007;

Vieira et al., 2002; Gurleyuk, 2000; Matusiewicz, 2003)

Quando se utiliza sistemas em batelada, a estabilização e homogeneização

da suspensão são feitas antes da tomada da alíquota para o frasco de reação pois

dentro do frasco, o fluxo de argônio e o próprio hidrogênio formado durante a

reação de geração de hidreto favorecem a homogeneização do sistema (Vieira et

al.,2000; Torres et al.,2007 Mierzwa & Dobrowolski,1997). Entretanto, em sistema

de fluxo a suspensão deve apresentar estabilidade durante a introdução para

evitar diferenças de concentração introduzidas ao longo do tempo. A suspensão

pode ser estabilizada também através de um meio altamente viscoso (Gurleyuk,

2000; Mierzwa et al., 1998).

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CAPÍTULO III

3.0 PONTO DE AMOSTRAGEM

3.1 Localização, clima e aspectos geológicos da Baía de Todos os SantosA Baía de Todos os Santos (BTS), localizada no Recôncavo Baiano, é a

maior baía navegável do Brasil. Com aproximadamente 1.052 km² de extensão, e

profundidade de até 45 metros, sua orla é recoberta por extenso manguezal e

sedimentos recentes. A BTS possui um contorno litorâneo de 300 Km, sendo na

realidade um pequeno golfo composto por três baías, sendo a Baía de Aratu que

abriga atualmente as instalações do porto de mesmo nome e da Refinaria

Landulfo Alves. Suas margens possuem uma das maiores reservas de petróleo

em terras continentais do Brasil. De uma ponta à outra da baía medem-se 14

metros de amplitude, sendo que da Ponta da Penha até a Ponta de Itaparica tem-

se aproximadamente 9 Km de extensão, como mostra a Figura 11 (Lopes et al.,

1998; Prodetur, 2009).

Figura 11: Mapa da Bahia de todos os Santos (Cirano e Lessa, 2007).

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Com relação à geomorfologia, a baía de Todos os Santos pode ser

considerada como uma baía de maré (uma categoria especial de estuário formada

por processos tectônicos de larga escala) (Celino, 2006). Na região norte estão

localizadas as ilhas dos Frades, Maria Guarda, Bom Jesus, Paty, das Fontes, das

Vacas, Bimbarra, Cajaíba e Madre de Deus (Leão & Dominguez, 2000). Trata-se

de uma baía fortemente influenciada pelas massas oceânicas, com salinidade

variando entre 28 e 36%, com características claramente marítimas. Alguns

fatores morfológicos contribuem para o baixo tempo de residência da água no seu

interior: profundidade de 6,9 metros, volume de 6,39 x 109 m3 e correntes com

velocidade de 41,0 cm.s-1. (Orge et al., 2000). A baía apresenta ecossistemas

ricos em belíssimas paisagens, biodiversidade como manguezais, Mata Atlântica

remanescente, coqueirais, bananais e recifes de corais onde estão presentes

inúmeros riachos que desembocam nas águas do oceano Atlântico)

(Seia, 2009)

A Baía pode ser entendida como um grande complexo estuarino que recebe

contribuições significativas de rios do porte do Paraguaçu, Subaé, Jaguaripe, e da

Dona. Isso, sem se falar dos inúmeros tributários de menor porte que deságuam

no seu interior. Pela porção leste, a Baía banha a cidade do Salvador, que define

uma área especial onde existe o maior aglomerado urbano de todo o sistema

( Brito, 2001; Celino, 2006).

A nordeste fica outro complexo interno formado pela Baía de Aratu e Ilha de

Maré, onde ainda se pode contemplar uma paisagem híbrida formada por

indústria em contraste com praias paradisíacas de águas calmas e cristalinas.

Mais ao norte, a paisagem muda drasticamente, devido ao enorme complexo de

refino e translado de petróleo, com suas chaminés competindo em forma e função

com as antigas palmeiras trazidas nos tempos do Império. A noroeste ficam São

Francisco do Conde e seu povoado, São Bento das Lajes, São Brás, Acupe

distrito de Santo Amaro, Saubara e seus distritos, Cabuçu e Bom Jesus dos

Pobres e a enseada de Monte cristo (Brito, 2001).

O arquipélago da BTS é formado por cinquenta e seis ilhas tropicais onde

se destacam as ilhas de Itaparica (a maior ilha marítima do Brasil), Madre Deus,

ilha de Maré, Frades, Medo, Bom Jesus dos Passos, Vacas, Maria Guarda,

Cajaíba, Cal, São Gonçalo e Matarandiba sendo o uso de embarcações

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particulares ou escunas o principal meio de transporte para o acesso a estas ilhas.

Estas embarcações são disponibilizadas principalmente por agências de turismo

receptivo que fazem passeios tendo como pontos de embarques diários o Centro

Náutico da Bahia, Bahia Marina ou Terminal de Ilha Madre de Deus com o destino

principal às ilhas dos Frades, Ilha de Maré, ilha de Itaparica, bem como o Terminal

Marítimo de São Joaquim em Salvador que disponibilizam Ferry Boats e

Catamarãs para a travessia até o terminal de Bom Despacho em Itaparica.

Os principais limites da BTS são: o Porto da Barra ao Norte (na cidade de

Salvador) e a Ponta do Garcês no extremo sul (município de Jaguaripe) e sua

área propicia diversas opções para o lazer como o turismo em suas ilhas ou a

prática de esportes náuticos como o mergulho que vislumbra recifes de corais e

destroços de navios e galeões naufragados ao longo da colonização brasileira

onde é encontrada uma grande variedade de vida marinha em cenários

submarinos com profundidades entre 12 e 45 metros e visibilidade entre 10 a 20

metros (Peixoto, 2008).

Na BTS estão concentradas atividades portuárias e industriais que afetam,

sobretudo, a ecologia da região em decorrência da poluição de origem urbana e

industrial, acentuada por um intenso processo de ocupação desordenada que vem

destruindo os manguezais (Santos 1973; Bahia Pesca 1994).

Em suas proximidades estão instaladas, desde a década de 1950, diversas

atividades ligadas à indústria petrolífera (refinaria, porto, campo de produção em

mar). A região norte da BTS sofreu, na segunda metade do século XX, inúmeros

acidentes ambientais envolvendo derrames de óleo (Celino, 2006).

Entretanto, a BTS ainda é um corpo d’água que reúne os maiores atributos

ambiental ainda preservado do litoral brasileiro onde se implantaram aglomerados

urbanos. A Baía, longe de ser uma área profundamente degradada, ainda é um

depositário de recursos para o desenvolvimento dessa parte especial da RMS.

Obviamente que existem focos pontuais de risco ambiental, como na sua parte

norte e nordeste, onde se encontram o complexo petrolífero e o complexo

industrial do CIA e também nas franjas que tangenciam as cidades e vilarejos

(Celino, 2006).

A baía foi considerada alvo de medida de preservação, através do Decreto

Estadual 7.595 (de 5 de junho de 1999), como Área de Proteção Ambiental - APA

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BTS. Nela estão incluídas as águas da baía e suas ilhas. Abrange os municípios

de Cachoeira, Candeias, Itaparica, Jaguaripe, Madre de Deus, Maragogipe,

Salinas da Margarida, Salvador, Santo Amaro, São Francisco do Conde, Saubara,

Simões Filho e Vera Cruz. Atualmente, a biodiversidade local está ameaçada pela

poluição hídrica e atmosférica (SEMA, 2009)

O excesso de indústrias, o descontrole das atividades portuárias e

petrolíferas, a realização de um tipo de turismo que impacta o meio ambiente, o

crescimento das atividades de carcinicultura (cultivo do camarão) nos manguezais,

a poluição no fundo do mar com mercúrio e chumbo, o esgotamento sanitário

deficiente, a pesca com bomba, a destruição da mata atlântica, e a poluição

atmosférica são destacados como os maiores complicadores para o

desenvolvimento sustentável desse espaço, que compreende 56 ilhas, 14

municípios, um espelho d'água de 1.100 quilômetros quadrados, áreas

remanescentes de mata atlântica, além de manguezais

(http://www.setur.ba.gov.br/roteiros/baia/baia.asp) .

3.2 Pontos de Amostragem :

Bananeiras na Ilha de Maré

Os resíduos ambientais das indústrias presentes na Baía de Todos os

Santos colaboram para saturar o ar com poluição e odores provenientes de

resíduos. O problema possui um impacto particularmente importante para as

comunidades moradoras das ilhas, especialmente em Bananeiras, na Ilha de

Maré. No local, os moradores se queixam de dificuldades respiratórias, alergias e

mau cheiro constantes (http://correio24horas.globo.com/noticias).

A Ilha de Maré considerada a terceira maior ilha da Baía de Todos os

Santos, está situada ao leste da Baía, em frente à foz do Rio Cotegipe e à Baía de

Aratu, tem uma área de 13,87 quilômetros quadrados e abriga cerca de 4000

habitantes. Situada à apenas 20 minutos de Salvador, o seu principal acesso é

através do terminal Marítimo de São Tomé de Paripe, de onde saem barcos de

hora em hora, das 8h às 18h. Ilha de paisagens belíssimas, com praias de águas

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claras e areia fina, é cercada por todos os lados de uma vegetação densa,

formada por mangueiras, coqueiros, cajueiros, bananeiras e cana brava, que

serve de matéria prima para a fabricação de cestas. Formada por pequenos

vilarejos, com casas de pescadores nativos da comunidade negra nagô e das

rendeiras de bilro e de veranistas à beira-mar. Possui águas transparentes,

calmas e mornas, propícia para o banho de mar e a prática de mergulho .

Toda a economia da ilha é voltada para a agricultura familiar, a pesca e o

artesanato, principalmente para a confecção das rendas de bilro, que guardam as

origens das tradições lusitanas.Seus principais atrativos turísticos são as praias de

Itamoabo, com seus artesanatos de rendas e bicos e das Neves, sendo a Igreja de

Nossa Senhora das Neves um outro atrativo importante. Além de Itamoabo,

outros sete povoados se destacam na ilha: Botelho, Santana das Neves, Praia

Grande, Bananeiras, Porto dos Cavalos e Martelo, sendo o Arraial de Santana

considerado o coração da ilha.

Bananeira, na Ilha de Maré, está localizada na Baía de Todos os Santos,

cerca de 300 m de distância do Porto de Aratu, em uma direção norte-noroeste. O

acesso a aldeia local é apenas de barco e não há influência de veículo, composta

por 1000 habitantes, cujas atividades são essencialmente com base no trabalho

artesanal e da pesca. Neste lugar, dependendo da direção do vento, as emissões

podem ser provenientes do porto ou de zonas industriais, como o CIA e o

Complexo Petroquímico de Camaçari. Na comunidade de Ilha de Maré, difícil é

encontrar quem não tenha um caso de doença ou alergia de pele, cansaço ou

dificuldade respiratória (Perreira, 2007; Rocha et al., 2009).

A poluição não atinge apenas pescadores e marisqueiras, mas também a

própria pescaria, ameaçada na quantidade e na qualidade disponível. Na

localidade de Bananeiras, mariscos como saupiro, perna-de-moça e o tapu-cavalo

desapareceram. Embora seja possuidora de um cenário belíssimo, a qualidade

do ar na região necessita de investigações referentes as contribuições antrópicas

no local.

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Porto de AratuFoi criado no dia 11 de abril de 1966 o Centro Industrial de Aratu (Cia), para

facilitar o escoamento portuário das produções do novo pólo industrial. O Governo

Federal autorizou em 17 de dezembro de 1968 a Usina Siderúrgica da Bahia S/A

(Usiba) a construir um terminal portuário de uso privativo, na Ponta da Sapoca, na

Baía de Todos os Santos (BA). Após a autorização, o Governo do Estado da

Bahia iniciou as construções do Porto de Aratu na enseada de Caboto, região

nordeste da Baía de Todos os Santos, próximo à entrada do canal de Cotegipe,

em frente à costa leste da Ilha da Maré.O Porto de Aratu fica localizado a 50 km

do centro de Salvador, na cidade de Candeias (http://www.codeba.com.br/).

A partir de 17 de fevereiro de 1977, o Porto de Aratu passou a ser

administrado pela Codeba, oferecendo suporte indispensável ao CIA e ao Pólo

Petroquímico de Camaçari. Tipicamente graneleiro, o Porto de Aratu foi

constituído de terminais especializados: um para produtos gasosos –TPG

(butadieno, propeno amônia, buteno, MVC), outro para granéis líquidos –TGL

(nafta metanol, soda cáustica, dicloroetano, xilenos acrilatos, benzeno, alcoóis e

estireno) e dois para granéis sólidos –TGS ( alumina, concentrado de cobre,

carvão mineral, enxofre, fertilizante, rocha fosfática, Minério Manganês e

magnezita).

Ilha de Itaparica

A Ilha de Itaparica é a maior das ilhas da Baía de Todos os Santos, Bahia,

Brasil. Esta dividida em dois municípios: Itaparica e Vera Cruz, que juntos

possuem uma área total de 246km2. O clima da região é tido como tropical úmido

e a temperatura varia entre 20°C e 34°C. Com uma população de 17.975

residentes, distribuídos em seus 35km2, Itaparica conta com alguns povoados:

Amoreiras, Manguinhos, Misericórdia, Ponta D'areia e Porto dos Santos (Lopes &

Miranda 1995).

Itaparica é a única instancia hidromineral do país localizada a beira mar.

Sua população é preponderantemente urbana. No município de Itaparica, a taxa

de urbanização é de 100%, ao passo que este percentual decresce para 93,41%

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quando nos referimos ao município de Vera Cruz. Sua sede municipal, em relação

a Salvador, capital do Estado da Bahia, fica distante 12 milhas por via marítima,

que podem ser percorridas por meio de barcos, navios, saveiros e pelas

embarcações do sistema Ferry-Boat (Lima, 1998)

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CAPÍTULO IV

4.0 PARTE EXPERIMENTAL

Inicialmente foi realizado um estudo para saber a metodologia analítica

mais adequada no pré-tratamento das amostras para determinação de arsênio

em material particulado atmosférico , com objetivo de diminuir o tempo de preparo

da amostra, reduzindo o risco de contaminação e evitando perdas de analitos por

volatilização. Foi avaliado o processo de preparação de amostra por suspensão e

utilizando um bloco digestor e “dedo frio”.

Neste estudo foi utilizado amostra certificada de material atmosférico SRM

1649a (NIST), que contém concentrações de referência para o arsênio e

antimônio e amostras de material particulado recolhidas em Bananeira na Ilha de

Maré, Itaparica e Porto de Aratu usadas para validar a proposta analítica na

determinação de partículas atmosféricas de As e Sb total e As e Sb( III ).

As amostras de material particulado nas regiões de estudo foram coletado

utilizando um amostrador TSP do tipo Hi-vol com fluxo médio de 1,16m3 min-1

com filtros de quartzo de 22,8 x 17,7cm coletadas entre setembro e outubro de

2005, em períodos de 24 h, devido à baixa concentração de partículas. As

massas das amostras coletadas foram determinadas por pesagem dos filtros

antes e depois da amostragem. Os filtros foram dobrados e enrolados em folhas

de alumínio, colocados dentro de sacos plásticos selados e mantido em

refrigerador até análise. Antes de pesar os filtros brancos e amostrados, os filtros

foram equilibrados por 24 horas em umidade relativa constante inferior a 50 ± 5%

e em temperatura constante entre 15 e 30 °C (±3°C), colocando-os dentro de um

dessecador. As analises foram realizadas no período de junho de 2009 a

setembro de 2011.

Antes da análise, cada amostra individual de filtro foi cortada em pedaços

inferiores a 1cm2, com tesoura de aço inoxidável, sendo utilizado uma massa

aproximada de 8 mg. O material 1649a certificado, foi pesado diretamente no

balão e as amostras de material particulado atmosférico de Bananeira foram

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66

analisados conforme descrito a seguir, para investigar as concentrações

atmosféricas de arsênio inorgânico.

4.1 Reagentes e Soluções

Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico e todas as soluções

foram preparadas com água desionizada por um sistema Milli-Q (Millipore, Belford,

MA, USA, com resistividade igual 18,2 MΩ cm).

Solução padrão de 1000 mg L-1 de As (III) foi preparada por dissolução de

0,1320g de As2O3 em 25,0 mL de solução de KOH 1 mol L-1. Esta solução foi

neutralizada com H2SO4 2,0 mol L-1 e diluída para 100,0 mL com água

desionizada.

Solução padrão de As (V) foi preparada dissolvendo 0,1465g de

Na2HAsO4.7H2O em uma mistura de ácido sulfúrico 5% (v/v) e ácido clorídrico

20% (v/v) em balão volumétrico de 100 mL.

Soluções padrão de 1000 mg L-1 de Sb (III) e Sb (V) foram preparadas por

dissolução de SbCl3 e SbCl5, respectivamente, em 20 % de HCl e diluídas para

100,0 mL com água desionizada.

Foi preparada uma solução de ácido clorídrico (6 mol L-1) a partir de HCl

concentrado (37%, v/v, Merck). As soluções estoque foram armazenadas em

geladeira. As soluções de trabalho foram preparadas diariamente nas mesmas

condições das amostras. As soluções aquosas de tetrahidroborato de sódio 2 %

(m/v) foram preparadas diariamente dissolvendo NaBH4 em 0,5 % (m/v) NaOH e

filtrando com membrana de 0,45 μm. A solução de pré-redução (10/2,0 % (m/v) de

KI/ácido ascórbico), uma solução tampão ácido cítrico/citrato de sódio (0,5/0,5 mol

L-1, pH 7,1) e uma solução de ácido cítrico 0,5 mol L-1 foram preparadas com água

desionizada.

Para validação do método foi utilizado o material de referência certificado

de partículas em suspensão de poeira urbana atmosférica (SRM 1649a), fornecido

pelo National Institute of Standards and Technology (NIST,Gaithersburg, MD,

EUA).

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67

4.2 Limpeza do material

Todas as vidrarias utilizadas no preparo das soluções, os tubos de centrífuga e as

ponteiras das micropipetas foram previamente descontaminadas em um banho

contendo solução de ácido HNO3 10 % (v/v), por no mínimo 24 h e depois lavadas

com água desionizada antes da sua utilização.

4.3 Instrumentação e acessórios

Foi utilizado um espectrômetro de chama com absorção atômica (FAAS)

modelo Varian SpectrAA 220 (Mulgrave, Victoria, Austrália), com lâmpada de

cátodo oco como fonte de radiação. As medidas foram feitas utilizando uma

lâmpada com corrente de 10 mA e largura de fenda de 0,5 nm para arsênio e

antimônio. O comprimento de onda empregado foi fixado em 193,7 nm e 217,6 nm

para arsênio e antimônio respectivamente. A correção de fundo foi feita

empregando-se uma lâmpada de deutério. A atomização das espécies foi

conduzida em tubo de quartzo com formato em T, com comprimento de 165 mm e

um diâmetro de 12 mm, aquecido por uma chama de composição acetileno (2,0 L

min-1) e ar (13,5 L min-1). O gás de purga utilizado foi argônio com elevado grau de

pureza (99,99%), com uma taxa de fluxo de 100 mL min-1.

Um sistema de simples operação foi desenvolvido para a determinação de

elementos que formam espécies voláteis. Este sistema é composto por um tubo

cônico com tampa, confeccionada em vidro borossilicato com duas entradas, uma

para o borohidreto (1) e outra para o gás inerte (2), e uma saída (3) para o vapor

do analito. O sistema proposto é uma adaptação com base em sistemas, em

batelada, disponíveis na literatura (Pineiro, 2012; Dadina, 1995). Para a

introdução do borohidreto e do gás inerte foram colocadas mangueiras de teflon

que vai desde a entrada da tampa até o fundo do tubo, ficando imerso na solução

das amostras e padrões.

Uma bomba peristáltica, Alitea C-6 XV (Estocolmo, Suécia), foi usada para

impulsionar todas as soluções. Todas as pesagens foram feitas utilizando balança

analítica (Sartorius Analítica, Goettingen, Alemanha). Na amostragem de

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68

suspensão as amostra foram sonicadas em temperatura ambiente usando um

banho ultra-sônico modelo 75D (Cortland, New York, USA).

4.4 Amostragem por suspensão de As e SbAs suspensões foram preparadas através de 8 mg de amostra para

determinação de arsênio e 4,0 mL de ácido clorídrico 4,0 mol L- 1 em balões de 25

mL. Para determinação de antimônio foi utilizado 20 mg de amostra. Em seguida,

a mistura foi sonicada à temperatura ambiente durante 30 min e completando o

volume com água desionizada. As soluções do branco analítico foram preparadas

em triplicatas seguindo o mesmo procedimento utilizado para suspensões das

amostras.

4.5 Preparação das amostras utilizando um bloco digestor e “dedo frio”:Foram transferidas para tubos de vidro digestor, 8 mg do filtro das amostras

de material particulado atmosférico, seguido por 2 mL de HNO3 concentrado. Os

tubos foram tampados, usando o dedo frio contendo água à temperatura

ambiente. Em seguida, os tubos foram aquecidos até ao ponto de ebulição de

HNO3 (135 °C) durante 2 h. As soluções finais foram transferidas para balões de

25 ml e os volumes completados com água desionizada.

4.6 Procedimento para determinação de As total e As (III)Após a etapa de pré-tratamento, o procedimento para a determinação de

arsênio total foi aplicado nas amostras de suspensões e também nas amostras

digeridas, após uma etapa de redução do As(V) a As(III). Alíquotas de 2mL das

soluções das amostras foram adicionadas aos frascos de reação contendo 3,0 mL

de HCl 6 mol L-1 e 1 mL da solução de pré-redução (KI/ácido ascórbico 10/2 %

(m/v)). Após 30 min, estas soluções resultantes foram diluídas para 10,0 mL com

água desionizada. As curvas de calibração foram preparadas, com padrões

aquosos (3,0 mL de HCl 6,0 mol L-1 e 1,0 mL da solução de pré-redução). O As(III)

foi determinado nas amostras de suspensão, mascarando o As(V) com 2,0 mL da

solução tampão (pH=7,1) de ácido cítrico/citrato de sódio e alíquotas de 4 mL das

suspensões foram transferidas para os frascos de reação e diluídas para 10,0 mL

com água desionizada.

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69

4.7 Procedimento para determinação de Sb total e Sb (III)

a) Antimônio Total

Para determinação do antimônio total, 3,0 mL de uma solução de ácido clorídrico

6 mol L-1 , 1 mL da solução de pré-redução (KI 10% + 2% de ácido ascórbico(m/v))

e alíquotas de 3 mL das soluções das amostra foram adicionados aos frascos de

reação. Após 30 min, as soluções resultantes foram diluídas para 10 mL com água

desionizada. Em seguida, o boridreto de sódio foi introduzido no sistema fechado

com uma vazão de 2,00 mL min-1 usando uma bomba peristáltica, e o vapor de

hidreto gerado foi transportado para o espectrômetro de AAS usando argônio (100

mL min-1). As curvas de calibração foram preparadas diariamente, com padrões

aquosos, da mesma forma que as amostras (com adição de 1,0 mL de ácido

cítrico).

b) Antimônio (III)

Para a determinação de antimônio (III), alíquotas de 3 mL das suspensões das

amostra foram transferidas para frascos de reação contendo 1,0 mL de solução de

ácido cítrico e diluídas para um volume de 10 mL com água desionizada.

Boridredo de sódio foi introduzido no sistema fechado com de 2,00 mL min-1

usando uma bomba peristáltica, e o vapor hidreto gerado foi transportado para o

espectrômetro de AAS usando argônio (100 mL min-1).

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70

CAPÍTULO V

5.0 RESULTADO E DISCUSSÃO

5.1 Análise de especiação de arsênio inorgânico em MP10

5.1.1 Método de extração

Para uma extração eficiente do arsênio presente no material particulado

atmosférico para a fase líquida, diferentes concentrações de ácido clorídrico foram

investigadas. Como mostra a Figura 12, não houve diferença significativa entre os

valores de concentrações de ácido clorídrico e a medida de absorvância. Desta

forma, a concentração de solução de HCl de 4 mol L- 1 foi considerada adequada

para extração do analito utilizando banho ultra-sônico não sendo necessário fazer

outros procedimentos, pois o uso de HCl permitiu remover todo o material

particulado para análise.

Para avaliar se o procedimento de extração influencia na mudança do

estado de oxidação do arsênio presente nas amostras, foi realizado um estudo

com padrões de As(III) e As(V) em triplicatas e com concentrações conhecidas.

Figura 12-Influência da concentração de HCl na extração de As.

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71

Os padrões foram adicionados a balões de 25 mL e levados a um banho de ultra-

som por 30 min, nas mesmas condições de extração das amostras (4 mL de HCl

4mol L-1). Alíquotas dessas soluções foram adicionas aos frascos de reação

contendo 2 mL do tampão e diluídas para volume de 10 mL. Este procedimento foi

realizado em triplicata e o resultado obtido está mostrado na Figura 13.

Figura 13: Avaliação de possíveis mudanças no estado de oxidação de ♦-As (III) e

■-As (V) durante o procedimento de extração

Os resultados obtidos na análise mostram que não houve mudança significativa

no sinal analítico de As(III) e As(V) quando comparado com os sinais destas

espécies, sem passar pelo procedimento de extração. Desta maneira, o método

proposto de extração permite a especiação de arsênio inorgânico, de forma rápida

pois as espécies individuais de arsênio não sofreram mudança no estado de

oxidação.

Para investigar a biodisponibilidade de arsênio presente no material

particulado atmosférico, como partícula respirável, foi realizada a extração de

arsênio presente na amostra, na ausência de ácido clorídrico, utilizando apenas

água desionizada. Após o procedimento de extração aquosa, verificou-se que nas

amostras analisadas 70% de As total foi extraído indicando que uma fração do

arsênio pode estar disponível como partícula inalável.

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72

No ambiente, a biodisponibilidade deste elemento está atrelada à forma química

em que esse elemento se encontra, interferindo na sua solubilidade, precipitação

e/ou adsorção em superfícies.

5.1.2 Estudo do processo de especiação de arsênio

O efeito da adição de diferentes volumes de solução tampão ácido

cítrico/citrato de sódio (0,5/0,5 mol L-1, pH=7,1) em soluções padrão de As(III) e

As(V) com concentrações de 3 μg L-1, sobre o sinal analítico de ambas as

espécies foi estudado para determinar a condição em que somente o As(III) possa

formar hidreto.

Preparou-se 10 mL de solução padrão de As(III) e As(V) 3 μg L-1 contendo

1, 2 e 3 mL do tampão. Para as soluções aquosas, contendo 1, 2 e 3 mL do

tampão, não foi observado diferença significativa no sinal de As(III). Entretanto,

para as soluções contendo As(V) o sinal diminuiu com a adição do tampão, não

sendo observado sinal perceptível a partir de 2 mL desse tampão (Figura 14), isso

indica que a adição de 2 mL de tampão é suficiente para mascarar o As(V) e

impedir de formar hidreto.

Figura 14: Avaliação do volume de solução tampão ácido cítrico/citrato de sódio

(0,5/0,5 mol L-1) sobre o sinal analítico de ♦-As(III) e ■- As(V).

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73

5.1.3 Condições de Análise

Com base em trabalhos anteriores (Santos et al., 2009), as condições

experimentais para a geração de hidretos foram estabelecidas mediante uso de

técnicas de otimização multivariada. Os fatores otimizados foram: concentração de

HCl, concentração e fluxo do tetrahidroborato, sendo então estabelecido a

concentração de HCl de 2,0 mol L- 1, NaBH4 concentração de 2,15%, NaBH4 vazão

2,7 mL min- 1 e 15 s de tempo de atraso.

5.1.4 Validação do método proposto

Nas condições otimizadas para HG-AAS, a absorvância varia com a

concentração do arsênio num intervalo de linearidade entre 0,3-5,0 μg L-1 para As

total e 0,5-5,0 μg L-1 para As(III). As equações de regressão para As total e As

(III) são Astotal=0,082C+0.011 (R2=0.9991) e As(III)=0,084C+0.011 (R2=0,9990),

respectivamente, em que , A é a absorvância; C é a concentração de As em μg L-

1. O limite de detecção (LOD) e de quantificação (LOQ) foi de 0,1 μg L-1 e 0,3 μg

L-1 para As total e 0,2 e 0,5 μg L-1 para As(III), respectivamente. A precisão do

método proposto de geração de hidreto, foi avaliada através de cálculos de desvio

padrão relativo (RSD = 4,3%) obtido através de dez medidas do sinal de As(III)

com concentração de 0,8 μg L-1.Com base, nesses valores encontrados a

amostragem de suspensão com HG-AAS é adequada para a determinação de

arsênio em analise ambiental.

A exatidão do método foi avaliada através da análise do material de

referência: SRM 1649a. O valor certificado da concentração de arsênio total e os

resultados obtidos por amostragem de suspensão e após digestão ácida

empregando HG-AAS são apresentados na Tabela 10.

Os valores da concentração de arsênio total encontrado nos dois métodos

estão em concordância com o resultado do valor do material de referência

certificado.

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74

Tabela 10: Resultado da determinação de As total após digestão ácida e As total e

As (III) empregando amostragem de suspensão em material de referência

certificado (SRM 1649a)

CRM

Digerido As total

(mg kg-1)

SuspensãoAs total

(mg kg-1)

SuspensãoAs III

(mg kg-1)

CertificadoAs total(mg kg-1)

SRM 1649a 65 ± 2 68 ± 1 36 ± 2 67 ± 2

5.1.5 Comparação dos métodos por HG-AAS

O sistema de SS HG-AAS foi testado em triplicada com SRM 1649a. Nestas

amostras, a concentração de arsênio total, utilizando amostragem de suspensão e

digestão ácida empregando HG-AAS foi determinada como uma comparação

entre os métodos.

Uma comparação estatística utilizando teste t pareado (nível de confiança

de 95%) não apresentaram diferenças significativas entre os resultados obtidos

pelos dois métodos (Christian,1994). As concentrações de As total e As(III) em mg

kg – 1 são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11: Resultado da determinação do As total e de As(III) em amostra de

material particulado atmosférico, após a amostragem em suspenção (n = 3)

Amostra

Digerido As total

(mg kg-1) RSD %

Suspensão As total

(mg kg-1) RSD%

Suspensão As III

(mg kg-1) RSD%

1

2

263 ± 12 3,7

93 ± 5 4,8

248 ± 8 1,8

88 ± 5 4,1

185 ± 4 1,7

63 ± 1 0,6

3 644 ± 22 2,8 626 ± 20 2,6 342 ± 20 4,7

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75

Como observado na Tabela 12, as concentrações de As total e As(III)

presentes no material atmosférico também foram calculadas através da relação

entre a massa de arsênio no filtro e o volume de ar coletado em 24h, com o

objetivo de observar a concentração desse elemento no ambiente atmosférico. As

concentrações encontradas variaram de 3,8 e 19,0 ng m-3 para As total e 2,7 e

11,0 ng m-3 de As(III).

Tabela12: Valores de massa de As total e As (III) em amostras de material

particulado atmosférico por volume de ar amostrado (n = 3).

Amostra

DigeridoAs total(ng m-3)

SuspensãoAs total(ng m-3)

SuspensãoAs III

(ng m-3)

1

2

9,6 ± 0,5

3,9 ± 0,3

9,1 ± 0,2

3,8 ± 0,3

6,8 ± 0,1

2,7 ± 0,1

3 20 ± 0,7 19 ± 0,8 11 ± 0,7

O LOQ para amostras de PM10 é 0.6 ng m-3 e 1 ng m-3 para As total e As

(III), respectivamente, levando em consideração o volume total de ar coletado de

3339–3378 m3 e LOQ na solução líquida. As sensibilidades alcançadas, intervalos

de concentração linear e limites de detecção são adequados para determinações

confiáveis em amostras de material particulado atmosférico.

5.1.6 Análise de especiação de arsênio em amostras de MP10

A técnica de amostragem de suspensão para a preparação da amostra e

HG AAS para a quantificação de arsênio, foram utilizadas na determinação da

concentração de As total e As(III) nas amostras das regiões de Itaparica e Porto

de Aratu. As concentrações de As total e As(III) foram calculadas tendo em conta

a relação entre a massa do arsênio encontrado no filtro e o volume de ar coletado

em 24h. Os resultados são mostrados na Tabela 13 e 14.

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76

Tabela 13:Determinação de As total e As(III) de material particulado atmosférico

em amostras coletadas em Itaparica, na BTS com intervalo de confiança de 95%.

(n=3)

Amostra

As total(ng m-3)

As (III)(ng m-3)

1 1,1± 0,1 0,8 ± 0,1

2 1,5 ± 0,2 1,1 ± 0,1

3 1,6 ± 0,1 0,9 ± 0,1

Tabela 14:Determinação de As total e As (III) de material particulado atmosférico

em amostras coletadas no Porto de Aratu com intervalo de confiança de 95%.

(n=3)

Amostra

As total(ng m-3)

As (III)(ng m-3)

1 13,8 ± 1,7 8,9 ± 0,1

2 15,9 ± 0,9 10,3 ± 1,2

3 2,1 ± 0,3 1,8 ± 0,4

4 7,5 ± 1,2 6,0 ± 0,3

5 5,5 ± 0,5 3,1 ± 0,6

6 87,3 ± 3,2 31,4 ± 5,0

Nas amostras de Itaparica, a concentração de arsênio total variaram de 1,1

a 1,6 ng m-3, enquanto a As(III) as concentrações variaram de 0,8 a 1,1 ng m -3.

Enquanto em amostras do Porto de Aratu, as concentrações de arsênio total

variaram de 2,1 a 87,0 ng.m-3, enquanto que As(III) concentrações variaram 1,8 a

31,4 ng.m-3, indicando que os valores no porto de Aratu, foram superiores aos

valores permitidos pelos padrões brasileiros, enquanto que em Itaparica os valores

menores determinados pode está relacionado com a distância da ilha com as

possíveis fontes de emissões. O limite de quantificação, calculado considerando a

massa de partículas coletadas em cada filtro, foi de 0,3 ng m-3 de As total e 0,5

ng.m-3 para As (III).

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77

5.2 Antimônio inorgânico em MP10

5.2.1 Método de extração

Para determinar as condições experimentais para a extração do antimônio

em amostras de material particulado atmosférico, foram preparadas várias

amostras em balões de 25 mL usando 20 mg de SRM 1649a (poeira urbana) e 4

mL de soluções de ácido clorídrico. As concentrações das soluções de ácido

clorídrico variaram entre 0,0 e 12.0 mol L-1. Estas misturas foram sonicadas à

temperatura ambiente por 30 min e aferidas com água desionizada. As

amostras foram preparadas em triplicadas e as medidas de recuperação de

antimônio obtido estão mostrados na Figura 15.

Figura 15: Avaliação da recuperação de Sb em função da concentração de HCl

em 30 min de sonicação

Os resultados demonstram que na ausência de HCl, a extração de

antimônio total foi de 60% na amostra analisada indicando que este elemento

esta biodisponível representando um perigo para a saúde, uma vez que pode ser

absorvido pelos tecidos do pulmão humano durante a respiração.

Usando as soluções de ácido clorídrico com concentrações maiores ou

iguais a 2,0 mol L-1, a extração é sempre quantitativa, com recuperações de Sb

total em material particulado atmosférico, variando entre 93 e 104%. Portanto, o

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78

método proposto para a preparação de amostra por suspensão utilizou 4 mL de

de soluções de HCl 2 mol L-1.

Para avaliar se o antimônio presente no material particulado atmosférico

sofrem oxidação durante o processo de extração, padrões de Sb (III) e Sb (V),

com concentrações conhecidas, foram adicionados a balões de 25 mL e

sonicados por 30 min, nas mesmas condições das amostras

(4 mL de HCl 2 mol L-1). Alíquotas dessas soluções foram adicionas aos frascos

de reação contendo 1 mL de ácido cítrico e aferidas para 10 mL (Figura 16).

Figura 16: Avaliação de possíveis mudanças no estado de oxidação de ♦-Sb (III) e

■-Sb (V) durante o procedimento de extração

Não houve mudança significativa no sinal analítico de Sb (III) e Sb (V)

quando comparado com os sinais destas espécies, sem passar pelo procedimento

de extração. Afirmando assim, que não ocorre mudança no estado de oxidação

das espécies durante o procedimento de extração.

5.2.2 Estudo do processo de especiação de antimônio

O antimônio (III) e antimônio (V) reagem com boridreto de sódio para

geração de hidretos. No entanto, alguns pesquisadores relataram o uso de ácido

cítrico como um reagente de mascaramento eficiente de antimônio (V) (Fuentes,

2003).

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79

Avaliou-se então o efeito da adição do ácido cítrico 0,5 mol L-1 em soluções

padrão de Sb (III) e Sb (V) com concentrações de 3 μg L-1, sobre o sinal analítico

de ambas as espécies. Preparou-se 10 mL de solução padrão de Sb (III) e Sb (V)

3,0 μg L-1 com volumes variados de ácido cítrico como mostra a Figura17.

Com base na Figura 17, não foi observada diferença significativa no sinal

de Sb (III) para diferentes volumes de ácido cítrico. Entretanto, os resultados

demonstram que usando 0,5 mL de 0,5 a 3,0 mol L-1 ácido cítrico permite a

determinação de antimônio (III) na presença de antimônio (V). Desta maneira, a

quantidade de ácido cítrico necessária para mascaramento de Sb(V) foi de 1,0 mL

do ácido cítrico (0,5 mol L-1) empregado em todas as análises. Assim, somente Sb

(III), presente nas amostras, forma hidreto e é quantificado.

Figura17:Avaliação do volume de ácido cítrico (0,5 mol L-1) sobre o sinal analítico

de ♦-Sb (III) e ■-Sb (V).

Para determinar o antimônio total, Sb(V) primeiro deve ser reduzida para Sb(III).

Dados apresentados em outros trabalhos mostram que 1,0 mL de solução pré-

redutora (KI 10% + 2% de ácido ascórbico) também pode ser usado de forma

satisfatória (Macedo et al., 2009).

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80

5.2.3 Condições de Análise

Com base em estudos anteriores (Macedo et al., 2009) as condições

experimentais para a geração de hidretos foram estabelecidas mediante uso de

técnicas de otimização multivariada. A otimização foi conduzida utilizando 10,0 mL

de uma solução 3,0 μg L -1 de Sb(III). As variáveis escolhidas para a otimização,

que influenciam na etapa de geração de hidreto, foram: fluxo de NaBH4,

concentração de NaBH4 e concentração do ácido clorídrico.

5.2.4 Validação do método proposto

Usando as condições experimentais otimizadas para HG AAS, o método

utilizado permite a determinação de Sb total e Sb (III) como uma função linear da

concentração de antimônio na faixa de 0,3-5,0 μg L− 1 de Sb total e 0,2- 5.0 μg L− 1

para Sb (III). As equações de regressão para Sb total e Sb (III) são Sb total =

0,0847C + 0,0080 (R2 = 0,9997) e Sb(III) = 0,0851C + 0,0062 (R2 = 0,9998),

respectivamente, onde A é a absorbância integrada e C é a concentração do Sb

em μg L− 1. Os limites de detecção (LOD) e quantificação (LOQ) para Sb total e

Sb (III) foram calculados utilizando a recomendação da IUPAC, onde LOD = (3/S)

e LOQ = (10/S), com () como o desvio-padrão das medições de solução em

branco e (S) como a inclinação da curva analítica. O LOD e LOQ obtidos para o

antimônio total e antimônio (III) são 0,1 e 0,3 μg L−1 e 0,06 e 0,2 μg L−1,

respectivamente.

A precisão foi avaliada como um desvio-padrão relativo (% RSD) inferior

6,23% obtido através do sinal de Sb(III) com concentração de 0,6 μg L−1 . O valor

certificado da concentração de antimônio total e os resultados obtidos por

amostragem de suspensão empregando HG-AAS são apresentados na Tabela 15.

Page 91: QUANTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE ARSÊNIO E ANTIMÔNIO … Debora... · foi ensinado pelo tempo afora. ... 5.1.3 Condições de Analise 73 5.1.4 Validação do método proposto 73

81

Tabela 15: Resultados da determinação de Sb total e Sb(III) empregando

amostragem de suspensão no material de referência de poeira urbana (n=3)

Espécie

Valor Certificado

(mg kg-1)

Suspensão

(mg kg-1) RSD%

Sb total

Sb (III)

29,9 ± 0,7

----

28,5 ± 1,3 1,7

6,5 ± 0,6 3,7

A concentração de antimônio total obtida pelo método proposto foi

concordante com o valore certificado.

5.2.5 Análise de especiação de antimônio em amostras de MP10

O método proposto foi aplicado para análise de especiação de antimônio

inorgânico em amostras de material particulado atmosférico coletadas em

Bananeira, localizado na BTS. Inicialmente o antimônio (III) foi determinado por

HG AAS na presença de ácido cítrico como um mascarante de antimônio (V). O

antimônio total foi quantificado, empregando HG AAS após a redução do Sb(V)

para Sb(III) com uma solução que contém simultaneamente iodeto de potássio e

ácido ascórbico.

As concentrações de Sb total e Sb (III) foram calculadas tendo em conta a

relação entre a massa do antimônio encontrado no filtro e o volume de ar coletado

em 24h. Os resultados são mostrados na Tabela 16 para as amostras que ficaram

acima do limite de quantificação.

Os resultados demonstram que as amostras analisadas, as concentrações

de Sb total variam de 4,32 a 4,60 ng m-3; para Sb (III), variam de

0,33 a 0,67 ng m-3. Estes resultados estão de acordo com aqueles encontrados

por outros autores para o antimônio em amostras de material particulado

atmosférico (Smichowski, 2004; Pineiro, 2007; Johansson, 2009; Hansen &

Pergantis, 2008 ).

O LOQ para Sb total e Sb (III) também foram calculados com base de massa de

antimônio em (ng) e o volume total de ar coletado em (m3).

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82

Tabela 16: Determinação de Sb total e Sb (III) em amostras de material

particulado atmosférico na Vila de Bananeira com intervalo de confiança de 95%.

(n=3)

Amostra

Sb total(ng m-3)

Sb (III)(ng m-3)

1

2

4,6 ± 0,3

4,3 ± 0, 7

0,6 ± 0,1

0,3 ± 0,1

3 4,4 ± 0,2 0,7 ± 0,1

4 4,5 ± 0,2 0,7 ± 0,1

Os valores obtidos foram 0,5 e 0,2 ng m-3 para Sb total e Sb(III), respectivamente.

Estes valores LQ´s demonstram que este método é adequado para determinação

destas analitos em amostras de partículas atmosféricas.

O método desenvolvido também foi aplicado na determinação de antimônio

em amostras coletadas em Itaparica e no Porto de Aratu. As concentrações de Sb

total e Sb(III) foram calculadas tendo em conta a relação entre a massa do

antimônio encontrado no filtro e o volume de ar coletado em 24h. Os resultados

são mostrados na Tabela 17 e 18.

Nas amostras de Itaparica, a concentração de antimônio total variou de 0,6

a 1,3 ng m-3. Entretanto, as concentrações de Sb(III) nas amostras estão abaixo

do LOQ, assim, os valores de concentração encontrados correspondem

predominantemente de Sb(V). Para as amostras de Aratu, as concentrações de

antimônio total variaram 5,3 a 12,4 ng.m-3, enquanto que Sb(III) as concentrações

variaram 0,43 a 0,67 ng.m-3 .

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83

Tabela 17: Determinação de Sb total e Sb(III) de material particulado atmosférico

em amostras coletadas em Itaparica, na Bahia de Todos os Santos com intervalo

de confiança de 95%. (n=3)

Amostra

Sb total(ng m-3)

Sb (III)(ng m-3)

1

2

1,3 ±0,1

0,6 ±0,1

<LOQ

<LOQ

3 0,6 ±0,1 <LOQ

Tabela 18: Determinação de Sb total e Sb(III) de material particulado atmosférico

em amostras coletadas no Porto de Aratu com intervalo de confiança de 95%.

(n=3)

Amostra

Sb total(ng m-3)

Sb (III)(ng m-3)

1 7,6 ± 0,3 0,52 ± 0,13

2 12,4 ± 0,5 0,56 ± 0,07

3 5,3 ± 0,2 0,43 ± 0,01

4 6,8 ± 0,7 0,65 ± 0,02

5 9,6 ± 2,4 0,67 ± 0,01

6 8,1 ± 0,2 0,47 ± 0,02

A precisão dos resultados, expressa como desvio padrão relativo (RSD), foi

sempre inferior a 5%. O limite de quantificação, calculado considerando as

partículas coletadas em cada filtro, foi de 0,2 ng m-3 de Sb total e 0,3 ng.m-3 para

Sb(III). O método proposto apresentou especificidade, sensibilidade, linearidade,

precisão, exatidão e limite de quantificação adequado para determinação de Sb

total e Sb(III) em amostras de material particulado, permitindo sua utilização no

monitoramento ou estudo de material atmosférico.

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84

CAPITULO VI

6.0 CONCLUSÕES

O método SS HG AAS demonstrou exatidão, limites de detecção e precisão

adequados para a determinação das concentrações de arsênio e antimônio em

material particulado atmosférico de forma simples e com boa velocidade analítica.

Além disso, apresenta uma série de vantagens entre elas: a eliminação da

necessidade de abertura de amostras, independência em relação à forma química

dos elementos, necessidade de pequena quantidade de amostra permitindo a

determinação dos elementos em concentrações da ordem de ng m3 até

porcentagens do elemento em amostra de material particulado.

A separação do arsênio da amostra, por geração de hidreto, elimina interferências

causadas pela matriz em instrumentos de detecção, além de aumentar a eficiência

de transporte do analito quando comparado com outras técnicas analíticas. Assim,

limites de detecção menores podem ser atingidos, tornado-se adequados para a

quantificação destes metalóides em amostras ambientais.

O processo de extração utilizado na amostragem de suspensão permite que o

estado de oxidação das espécies presentes nas amostras não varie. Os

resultados demonstram que na ausência de ácido clorídrico durante o processo,

mais de 50 % de arsênio e antimônio total são extraídos, indicando a

biodisponibilidade destas espécies como partículas inaláveis, podendo ser

capturadas durante o processo de respiração.

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Os valores encontrados para arsênio e antimônio presentes no material

particulado atmosférico, coletado na vila de Bananeiras, Itaparica e Porto de Aratu

indicam contribuições antrópicas. Na vila de Bananeiras, local que não viabiliza o

acesso de veículos automotivos, dependendo da direção do vento, as emissões

podem ser provenientes do Porto de Aratu e / ou a planta de siderurgia, não muito

distante da local. As concentrações de Sb(III) nas amostras coletas na ilha de

Itaparica estão abaixo do limite de quantificação. Assim, os valores de

concentração encontrados correspondem predominantemente a Sb(V).

A metodologia utilizada na determinação de arsênio e antimônio em amostras de

material particulado atmosférico mostrou-se efetiva e, devido aos bons resultados,

abre a possibilidade de ser utilizada a outras matrizes ambientais.

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86

CAPITULO V II

7.0 PERSPECTIVAS

A partir dos resultados obtidos neste trabalho, pode-se propor as seguintes

investigações:

7.1 Avaliar partículas presentes no material particulado do tipo PM2,5, que em

função de seu tamanho (diâmetro menor ou igual a 2,5 µm) causam maiores

danos à saúde da população. A análise desta forma de material particulado pode

ajudar a esclarecer os processos que ocorrem na atmosfera da região e a saúde

da população local .

7.2 Estudar a influência da deposição seca e úmida de material particulado

atmosférico em determinada região em períodos diferentes do dia e estações do

ano.

7.3 Utilizar a amostragem em suspensão para avaliar outros metais e metaloides

em diferentes matrizes ambientais.

7.4 Investigar a composição química e morfologia das partículas de diferentes

fontes antropogênicas, com o objetivo de contribuir com iniciativas para promover

o controle da qualidade do ar e minimizar os efeitos nocivos das substâncias sobre

a saúde humana local.

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CAPITULO VIII

8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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