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QUANTIFICAÇÃO DAS ÁREAS VERDES URBANA DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ, PR Américo José Marques 1 Mirian Vizintim Fernandes Barros 2 1 Doutorando do Programa. de Pós-Graduação em Geografia/UEL e Prof o . Assistente/UEM. [email protected] 2 Professora Associada/UEL. [email protected] INTRODUÇÃO A vegetação é capaz de gerar expressivas melhorias no ambiente, promovendo a redução da poluição atmosférica, melhorando a sensação referente ao conforto térmico, além de causar bem-estar físico e psíquico à população. Tendo em vista que a grande maioria da população atualmente vive nas áreas urbanas, é necessário sempre avaliar se a vegetação está cumprindo o seu papel, assegurando o mínimo de qualidade de vida aos habitantes. Para tanto foi realizado o mapeamento das áreas verdes aplicando-se o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI, em inglês) à imagem GEOEYE, com 0,5 metros na banda Pancromática. Foram considerados como áreas verdes as matas, a arborização de ruas e as áreas com reflorestamento. Como parâmetro para a elaboração do mapa temático utilizou-se o Índice de Áreas Verdes (IAV) públicas adotado na Carta de Londrina e Ibiporã, (índice sugerido pela Sociedade Brasileiras de Arborização Urbana – SBAU – em 1996), que é de 15 m² por habitante, como sendo o mínimo de área verde para assegurar a qualidade de vida da população. Tanto o mapeamento como a elaboração do mapa temático foram executados com a utilização do aplicativo SPRING na versão 5.2.6, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A partir dos resultados obtidos, Maringá, cidade reconhecida nacionalmente pela preservação de suas áreas verdes, apresentou índices acima do determinado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.

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QUANTIFICAÇÃO DAS ÁREAS VERDES URBANA DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ, PR

Américo José Marques 1 Mirian Vizintim Fernandes Barros 2

1 Doutorando do Programa. de Pós-Graduação em Geografia/UEL e Profo. Assistente/UEM. [email protected]

2 Professora Associada/UEL. [email protected]

INTRODUÇÃO

A vegetação é capaz de gerar expressivas melhorias no ambiente, promovendo a

redução da poluição atmosférica, melhorando a sensação referente ao conforto térmico,

além de causar bem-estar físico e psíquico à população. Tendo em vista que a grande

maioria da população atualmente vive nas áreas urbanas, é necessário sempre avaliar se

a vegetação está cumprindo o seu papel, assegurando o mínimo de qualidade de vida

aos habitantes.

Para tanto foi realizado o mapeamento das áreas verdes aplicando-se o Índice de

Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI, em inglês) à imagem GEOEYE, com 0,5

metros na banda Pancromática. Foram considerados como áreas verdes as matas, a

arborização de ruas e as áreas com reflorestamento.

Como parâmetro para a elaboração do mapa temático utilizou-se o Índice de

Áreas Verdes (IAV) públicas adotado na Carta de Londrina e Ibiporã, (índice sugerido

pela Sociedade Brasileiras de Arborização Urbana – SBAU – em 1996), que é de 15 m²

por habitante, como sendo o mínimo de área verde para assegurar a qualidade de vida da

população.

Tanto o mapeamento como a elaboração do mapa temático foram executados

com a utilização do aplicativo SPRING na versão 5.2.6, desenvolvido pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A partir dos resultados obtidos, Maringá,

cidade reconhecida nacionalmente pela preservação de suas áreas verdes, apresentou

índices acima do determinado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.

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OBJETIVO

O presente trabalho visa quantificar a distribuição das áreas verdes urbana do

município de Maringá, em cada uma de suas zonas fiscais. Estas zonas finais foram

definidas pela Lei Complementar Municipal no 50/94 com o intuito de disciplinar o

crescimento do município.

LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Maringá é uma cidade planejada que está localizada no norte do estado do

Paraná, região sul do Brasil, entre as coordenadas geográficas de 23o 15’ 14’’ e 23o 33’

40’’ de latitude Sul e 51o 50’ 01’’ e 52o 05’ 40’’ de longitude Oeste. As zonas fiscais

(Figura 1) foram determinadas a partir da Lei Complemantar Municipal no 50/94 para

disciplinar o crescimento do município.

O sítio urbano do município se encontra no divisor de águas entre as bacias do

rio Ivaí, ao sul, e rio Pirapó ao norte. Nesta área o relevo é de planalto, apresentando

patamares e mesetas com colinas suaves, características adequadas para a implantação

de um núcleo urbano e que, neste caso, foi de primordial importância na determinação

das características urbanísticas implantadas na cidade município.

Por apresentar altitudes variando de 350 a 600 metros (QUEIROZ, 2003), o

município de Maringá apresenta resquícios de floresta estacional semidecidual

submontana que se estende pelos planaltos com altitudes inferiores a 500 metros,

enquanto a floresta estacional semidecidual montana ocorre em altitudes superiores a

500 metros.

Essas matas recobriam extensivamente o planalto arenítico/basáltico, nas suas

porções mais elevadas do leste e do norte do Paraná onde se encontram solos férteis e

argilosos originários da decomposição das rochas basálticas, popularmente conhecidos

por terra roxa. Esta floresta original caracteriza-se por apresentar espécies decíduas,

perdendo suas folhas devido à secas fisiológica de inverno ou a exposição a

temperaturas baixas, raras geadas nos meses mais frios, geralmente entre junho e agosto

(MARQUES, 2004).

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Aspectos Históricos da Colonização do Norte do Paraná e o Município de Maringá

A região habitualmente designada como Norte do Paraná poder ser determinada

“como a soma territorial dos vales muitos férteis formados pelos afluentes da margem

esquerda dos rios Paraná e Paranapanema, no arco que esse dois cursos d’água traçam

entre as cidades de Cambará e Guaíra” (CMNP, 1975, p. 35).

Segundo Serra (1992), o deslocamento do movimento expansionista à região

norte, tendo o café como carro chefe, teve início por volta da década de 1860 a partir

das correntes migratórias de mineiros e paulistas provenientes, principalmente, das

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Figura 1: Localização das zonas fiscais no município de Maringá – PR.

zonas onde estavam localizadas as lavouras de café mais antigas e em fase decadente de

produção.

Conforme a época e a origem da colonização, o Norte do Paraná pode ser

dividido em três fases (LUZ, 1997; SERRA, 1992):

• A primeira fase compreendeu o período do final do século XIX até a segunda década

do século XX, designada Norte Velho ou Norte Pioneiro, foi marcada pela

colonização espontânea, estendendo-se desde a divisa com São Paulo até o rio

Tibagi.

• A segunda fase, chamada de Norte Novo, dá-se a partir de 1930 de forma lenta até o

final de segunda guerra mundial, acelerando posteriormente. Esta área se estende do

rio Tibagi, passando por Maringá, até as margens do rio Ivaí.

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• A última etapa do processo de colonização no norte do Paraná ocorre entre 1940 e

1960, definindo o Norte Novíssimo, compreendendo a região que se estende do rio

Ivaí até o rio Piquiri.

A colonização efetuada a partir de 1930 (segunda etapa de colonização, o

designado Norte Novo), foi realizada pela empresa inglesa Companhia de Terras, atual

Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP). Esta adquiriu diversas áreas que

totalizaram 515 mil alqueires e posteriormente comprou mais 30 mil alqueires de terras

situadas a oeste da gleba principal.

O planejamento realizado nas terras adquiridas pela CMNP obedeceu aos

seguintes critérios, conforme relatado por Herman Moraes de Barros (Diretor Gerente

da CMNP):

Os núcleos básicos de colonização foram estabelecidos progressivamente, distanciados

cerca de 100 quilômetros uns dos outros, na seguinte ordem: Londrina, Maringá, Cianorte e

Umuarama. (...) Entre estes núcleos principais, fundaram-se, de 15 em 15 quilômetros,

pequenos patrimônios, cidades bem menores cuja finalidade é servir como centro de

abastecimento para a numerosa população rural. (BARROS, 1975, p. 125).

De acordo Meneguetti (2007, p. 117), a cidade de Maringá foi concebida como

parte importante de um empreendimento comercial de características singulares. A

autora ainda descreve que

“[...] a localização da cidade, sobre o espigão, em uma área de relevo suave e vários cursos

d´água, e a contratação de um profissional de fora do corpo técnico da companhia,

denotavam a preocupação com aquela que seria a cidade símbolo do empreendimento”

(MENEGUETTI, 2007, p. 117).

O profissional do qual a autora faz menção é o engenheiro Jorge de Macedo

Vieira, o qual iniciou sua carreira na Companhia City (ou Cia. City), empresa que

contratou o escritório de arquitetura de Raymond Unwin e Barry Parker, expoentes do

movimento em prol da cidade-jardim na Inglaterra, para implantar os primeiros bairros-

jardins em São Paulo (STEINKE, 2007, p. 86).

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Segundo Rego (2001, p. 1571), Jorge de Macedo Vieira, durante o período em

que trabalhou na Cia. City (1917 – 1919) teve sua carreira muita ligada a esses dois

profissionais, principalmente a Barry Parker do qual não deixou de sofrer a influência

das ideias e das soluções formais do estilo cidade-jardim desenvolvidas nos loteamentos

da empresa.

No projeto elaborado por Jorge de Macedo Vieira, baseado nos trabalhos de

Inwin e Parker,

[...] se traduz os conceitos de cidade-jardim nos cuidados em se proteger as nascentes

sujeitas à erosão e em preservar exemplares da vegetação nativa, bem como de promover

farta arborização das vias públicas, a fim de se recuperar um agradável microclima à área

de temperaturas elevadas que seria totalmente desmatada (MENEGUETTI, 2009, p. 18).

Dois parques foram preservados para a proteção das nascentes: o Parque do

Ingá e o Bosque II. Posteriormente, implantado contiguamente à zona 5, à sudoeste da

projeto inicial, o Horto Florestal, além de servir como proteção à nascente do córrego

Borba Gato, serviu também como viveiro de mudas para a implantação da arborização

de ruas, completando assim as concepções de cidade-jardim aplicadas por Jorge de

Macedo Vieira e materializando-se na área urbana relacionada ao projeto inicial

idealizado no município.

Com isto, segundo destaca Gartland (2010), tanto a arborização de ruas como a

reservas florestais promovem um agradável microclima refrescando sua

circunvizinhança através da evapotranspiração, que converte a energia solar em água

evaporada ao invés de calor, mantendo as temperaturas da vegetação e do ar mais baixas

e através das árvores e vegetação, que promovem sombras para as superfícies e

protegem-nas do calor do sol, mantendo essas superfícies mais frescas e reduzem o

calor armazenado por elas.

Índice de Vegetação por Diferença Normalizada

Pela análise da Figura 2 (‘a’ e ‘b’), verifica-se que a vegetação (representada na

Figura pelo Parque do Ingá, pelo Bosque II e pela arborização de ruas) não aparece com

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a mesma tonalidade nas duas bandas porque a quantidade de energia refletida por ela

varia ao longo do espectro eletromagnético. Como no visível a vegetação absorve mais

energia para a realização da fotossíntese, ela reflete menos e, consequentemente, uma

quantidade menor de energia chega ao sensor se comparado com o intervalo

infravermelho próximo. Quanto maior a quantidade de energia que atinge o sensor, mais

claro se torna o objeto na imagem.

Os índices de vegetação mais simples são baseados nas operações aritméticas

entre duas bandas espectrais, sendo geralmente as duas bandas apresentadas acima

(bandas vermelho e infravermelho próximo). O mais comum e mais utilizado entre eles

é o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (TUCKER, 1979), obtido pela

expressão:

sendo NIR o valor do pixel na banda do infravermelho próximo e RED o valor do pixel

com o mesmo “endereço” na banda do vermelho. Os valores do NDVI são obtidos no

intervalo de -1 a 1.

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Figura 2: Espectro eletromagnético apresentando o comportamento espectral da vegetação de acordo com o comprimento de onda. Imagens da mesma área (Parque do Ingá e Bosque II) obtidas pelo sensor multiespectral Geoeye no canal 3, vermelho (a) e no canal 4, Infravermelho próximo (b). Fonte: Adaptado de Novo (1995).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para o mapeamento da vegetação da área urbana do município de Maringá por

meio do NDVI, foi utilizada a imagem do Geoeye de 22 de janeiro de 2013, com

resolução espacial de 2 metros e resolução radiométrica de 11 bits. A imagem foi

importada para o programa Spring, versão 5.2.6, onde foram processadas a banda 3 do

vermelho (faixa espectral de 0,63 – 0,69 µm) e a banda 4 do infravermelho

próximo(faixa espectral de 0,77 – 0,89 µm), através da ferramenta “operações

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aritméticas” contida no menu “Imagem”, onde está disponível a equação para a

aplicação do NDVI.

A partir base cartográfica com a divisão das zonas fiscais foram individualizadas

as zonas e calculado a área de vegetação de cada zona fiscal. Os valores foram

armazenados no banco de dados e, a partir deles, foi gerado o mapa do Índice de Áreas

Verdes (IAV) com cinco classes baseadas na técnica dos percentis (BUSSAB e

MORETTIN, 2004).

RESULTADOS

A Figura 3(A) apresenta a distribuição espacial da vegetação da área urbana no

município de Maringá. No total, a cidade conta com uma área de 23.174.972 m2

recoberta por vegetação, o que representa aproximadamente 9,37% do total da área

urbana. Segundo o último censo do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística

(IBGE, 2010), a área urbana de Maringá apresenta uma população de 350.653

habitantes. Desta forma, em sua totalidade, a área urbana do município de Maringá

apresenta um índice de 66,09 m2 por habitante, bem superior ao adotado na Carta a

Londrina e Ibiporã, (índice sugerido pela Sociedade Brasileiras de Arborização Urbana

– SBAU – em 1996), que é de 15 m² por habitante, como sendo o mínimo de área verde

para assegurar a qualidade de vida da população

Para atingir a esse índice satisfatório, cabe destacar as três principais reservas

florestais: o Parque do Ingá, o Bosque II e o Horto Florestal. Outro ponto importante a

ser destacado são as matas ciliares, que estão representadas por praticamente todos os

seguimentos alongados na área urbana e se apresentam, aparentemente, bem

preservadas, uma vez que elas aparecem de forma contínua na Figura 3(A).

Compete ainda salientar que a vegetação se encontra bem distribuída por toda

área urbana. Porém nas zonas fiscais correspondentes ao projeto inicial (zonas 1, 2, 3, 4,

5, 6 e 9) e algumas zonas da região norte (zona 7, 11, 23 e 24), fica evidente que a

ocorrência da vegetação urbana segue praticamente o padrão de arruamento destas

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áreas. O motivo é que são áreas mais antigas e a vegetação se encontra num estágio bem

mais desenvolvido se comparado com as demais áreas.

Apesar das zonas fiscais implantadas mais recentemente não apresentarem ainda

o padrão de arruamento mostrado pela vegetação como ocorreu nas zonas mais antigas,

a obrigatoriedade da implantação de arborização em todos os loteamentos novos da

zona urbana certamente definirá em algum tempo este padrão.

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Figura 3: A) Mapeamento da vegetação e B) índice de áreas verdes (IAV) públicas nas zonas fiscais.

No que tange ao Índice de Áreas Verdes (IAV), em nenhuma das zonas fiscais o

valor foi inferior ao adotado na Carta a Londrina e Ibiporã, conforme é apresentado na

Figura 3(B). O menor valor encontrado foi para a zona 1 (16,8 m2 por habitante). Porém

deve se atentar para o fato de que a divisão em zonas é meramente administrativa e o

Parque do Ingá, situado na Zona 2, é lindeiro à Zona 1. Levando-se em conta tal fator,

pode-se considerar ambientalmente que esta zona tenha valor maior para o índice.

As zonas 16 e 32 não foram avaliadas por não haver dados relacionados à

população no censo realizado pelo IBGE em 2010. Na área relativa ao projeto inicial, os

resultados mais positivos para o índice foram encontrados nas zonas 2 e 4, justamente

onde se encontram as duas principais reservas florestais do município, o que deixa claro

a influência delas na elevação do índice nesta duas zonas.

Na zona leste da área urbana percebe-se também uma concentração de zonas

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com valores do índice bem elevados. No caso da zona 40, o que ocorre é que ela é

diretamente influenciada por outra reserva de mata: o Horto Florestal. As demais zonas

desta área tem uma elevada área de mata, aliado a pouca área urbanizada e

consequentemente uma quantidade pequena no número de habitantes, o que eleva o

índice.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os valores encontrados para o Índice de Áreas Verdes públicas foram

todos superiores ao (índice sugerido pela Sociedade Brasileiras de Arborização Urbana

– SBAU – em 1996, que é de 15 m² por habitante.

É interessante frisar que os valores positivos obtidos é resultado da

própria legislação municipal que rege a favor da arborização urbana, instituindo

cobrança de multas para danos causados à arborização urbana de ruas, sendo que, desta

forma, qualquer que seja a alteração na questão de arborização das ruas, deve passar

pelo crivo da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Maringá.

Outro ponto que merece ser realçado, apesar das zonas fiscais

implantadas mais recentemente não apresentarem ainda o padrão de arruamento

mostrado pela vegetação como ocorreu nas zonas mais antigas, é a obrigatoriedade da

implantação de arborização em todos os loteamentos novos da zona urbana, o que

definirá em algum tempo este padrão.

Conforme constatado no mapeamento da vegetação, a Secretaria do

Meio Ambiente também está preocupada com a preservação das matas ciliares,

aplicando rigidamente as penas legais aos infratores, acarretando um resultado

satisfatório para este tipo de vegetação, uma vez que elas estão contínuas ao longo dos

cursos d’água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Hermans Moraes de. In CMNP. Colonização e desenvolvimento do norte do Paraná. São Paulo: “Ave Maria” Ltda., 1975, 295 p.

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BUSSAB, Wilson de O; MORETTIN, Pedro A. Estatística básica. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2004, 526 p.

CMNP. Colonização e desenvolvimento do norte do Paraná. São Paulo: “Ave Maria” Ltda., 1975, 295 p.

GARTLAND, Lisa. Ilhas de calor: como mitigar zonas de calor em áreas urbanas. São Paulo: Oficina de textos, 2010.

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MARQUES, Américo José. Mapeamento de fragmentos de mata no município de Maringá, PR: Uma Abordagem da Ecologia da Paisagem. Dissertação (Mestrado em Ciências Cartográfi cas)- Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2004, 92 p.

MENEGUETTI, Karin Schwabe. Cidade-Jardim, cidade sustentável: a estrutura ecológica urbana e a cidade de Maringá. Maringá: Eduem, 2009, 206 p.

NOVO, Evelyn M. L. de Moraes. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. 2ª Ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1995, 308 p.

QUEIROZ, Deise Regina Elias. Atlas geoambiental de Maringá - da análise à síntese: a cartografia como subsídio ao planejamento de uso e ocupação do espaço. Maringá: Clichetec, 2003, 56 p.

REGO, R. L. O desenho urbano de Maringá e a ideia de cidade-jardim. Acta Scientiarum,

REGO, Renato Leão. Curvas, descompassos, aproximações e distanciamentos. In: Pensar Maringá: 60 anos de Plano. Org. MACEDO, Oigres Leici Cordeiro de; CORDOVIL, Fabíola Castelo de Souza; REGO, Renato Leão. Maringá: Massoni, 2007, pp. 11 – 21.

SERRA, Elpídio. Os primeiros processos de ocupação da terra e a organização pioneira do espaço agrário no Paraná, In: Boletim de Geografia, Maringá, v.10, n. 1, 1992, pp. 61 - 93.

STEINKE, Rosana. Ruas curvas versus ruas retas: a trajetória do urbanista Jorge de Macedo Vieira. Maringá: Eduem, 2007, 212 p.

TUCKER, Compton. J. Red and photographic infrared linear combinations for monitoring vegetation. Remote Sensing of the Environment, 1979, 8, pp. 127–150.