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Tribo Maria Cecília Moura Iniciado o semestre, lembramos das vivências anteriores mais marcantes e reafirmamos o nosso compromisso de conviver de forma harmoniosa, respeitosa e produtiva. A tribo sempre foi um espaço onde as crianças reconhecem suas possibilidades criando, através do diálogo, a autonomia individual e a do grupo. Um espaço de transmissão dos valores, para um cotidiano escolar cada vez mais saudável e solidário. Vinculamos as vivências específicas da Tribo às demais instâncias da comunidade escolar e às questões do mundo atual. Buscando uma sintonia com o Projeto Institucional "A Aventura do Trabalho", assistimos a alguns filmes da Série “Minha Escola”. Ao término de cada episódio, conversamos sobre os diversos trabalhos observados e o quanto todos são importantes e interdependentes. Pouco a pouco, aprofundaram essa percepção, refletiram sobre diferentes questões presentes no espaço escolar, buscando ter uma postura adequada e comprometida consigo mesmo, com os colegas e com as aprendizagens. O Trabalho Infantil foi outro assunto discutido que gerou grande mobilização. Utilizamos os livros "Zezé Trabalho não é 1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F4T Quarto Ano - F4T Ensino Fundamental Relatório do Segundo Semestre de 2008 alice casaccia amarante / ana hermeto kubrusly / arthur alvarez dos santos jobim / bernardo corsini aleotti maia / breno gentile muglia oliveira pinto / cecilia nunes certo / clara buarque de freitas / diana correa vidal leite ribeiro / diogo ariel de abreu barcellos / dora buarque de hollanda / francisco candiota bevilaqua / gabriel correa barbosa brun fausto / gabriela saad campos / gustavo teixeira koifman / joão pedro alencar olivio / leo levy carneiro da cunha salerno / leonardo de almeida schultz / liora souza geiger / lucas cardoso adamczyk / luisa annik guimaraes gouyou beauchamps / maria luiza de moraes amaral peixoto / marina rocha lopes / natália carpenter modé / nina neder de lima / tarcila silveira de paula fonseca / teresa domingos brandi cachapuz /

Quarto Ano - F4T - escolasapereira.com.br · Confeitaria Colombo e lá fizemos um gostoso lanche, num grande clima de encantamento e confraternização. Mas, gostoso, mesmo foi esse

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TriboMaria Cecília Moura

Iniciado o semestre, lembramos das vivências anteriores mais

marcantes e reafirmamos o nosso compromisso de conviver de forma harmoniosa, respeitosa e produtiva. A tribo sempre foi um espaço onde as crianças reconhecem suas possibilidades criando, através do diálogo, a autonomia individual e a do grupo. Um espaço de transmissão dos valores, para um cotidiano escolar cada vez mais saudável e solidário.

Vinculamos as vivências específicas da Tribo às demais instâncias da comunidade escolar e às questões do mundo atual. Buscando uma sintonia com o Projeto Institucional "A Aventura do Trabalho", assistimos a alguns filmes da Série “Minha Escola”. Ao término de cada episódio, conversamos sobre os diversos trabalhos observados e o quanto todos são importantes e interdependentes. Pouco a pouco, aprofundaram essa percepção, refletiram sobre diferentes questões presentes no espaço escolar, buscando ter uma postura adequada e comprometida consigo mesmo, com os colegas e com as aprendizagens.

O Trabalho Infantil foi outro assunto discutido que gerou grande mobilização. Utilizamos os livros "Zezé Trabalho não é

1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F4T

Quarto Ano - F4TEnsino FundamentalRelatório do Segundo Semestre de 2008

alice casaccia amarante / ana hermeto kubrusly / arthur alvarez dos santos jobim / bernardo corsini aleotti maia / breno gentile muglia oliveira pinto / cecilia nunes certo / clara buarque de freitas / diana correa vidal leite ribeiro /

diogo ariel de abreu barcellos / dora buarque de hollanda / francisco candiota bevilaqua / gabriel correa barbosa brun fausto / gabriela saad campos / gustavo teixeira koifman /

joão pedro alencar olivio / leo levy carneiro da cunha salerno / leonardo de almeida schultz / liora souza geiger / lucas cardoso adamczyk / luisa annik guimaraes gouyou

beauchamps / maria luiza de moraes amaral peixoto / marina rocha lopes / natália carpenter modé / nina neder

de lima / tarcila silveira de paula fonseca / teresa domingos brandi cachapuz /

Brincadeira!", de Guto Lins, Ed Larousse Júnior; "Serafina e a Criança que Trabalha", de Jô de Azevedo, Iolanda Huzak e Cristina Porto, da Ed Ática. Assistimos "Bilú e João", um dos filmes que compõem o longa "Crianças Invisíveis", de Kátia Lundi. Foi bonito ver como nossas crianças se sensibilizam, se colocam diante dessa realidade tão dura e injusta. Muitos foram os depoimentos que trouxeram sobre o que ouvem, sabem, sentem e vêem no dia a dia, nas ruas da nossa Cidade, nem tão maravilhosa como tantos dizem. Por isso, não esquecemos de valorizar as importantes iniciativas que existem para proteger essas crianças. Hoje, nossos alunos sabem que essa realidade precisa ser combatida, esperam a criação de políticas públicas que possam minimizar o problema, valorizam o trabalho dos que lutam pelos direitos da infância e reconhecem a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente para protegê-los. Através da leitura e do cinema, tivemos acesso a relatos de vida que ficarão na memória de nossos pequenos.

Acreditamos que todo esse trabalho tenha dado suporte para que as crianças possam olhar a realidade de forma mais crítica e construir um sentimento esperançoso para viver neste mundo, mesmo com todas as dificuldades que ele apresenta.

Com tanta conversa sobre o universo do trabalho, não faltou o momento para se projetarem no futuro, trocando informações sobre o que desejam ser quando crescer. Vimos que nossas crianças pensam grande e são muitos os desejos e expectativas que têm.

Em nossos encontros, sempre privilegiamos um tempo para olharmos para dentro de nós mesmos. Esse momento é esperado e apreciado pela maior parte das crianças que, no escurinho e ao som de uma música tranqüila, relaxam o corpo,

buscam o auto-controle, imagens, respiram e se revigoram.

Para finalizar o processo que vivemos este ano, resgatamos o registro de nossos desejos e expectativas que fizemos na primeira Tribo de 2008. Comentamos sobre quais foram alcançados e os que ainda precisaremos de mais tempo e investimeto para se realizarem. Num ritual alegre, sentamos em

roda e queimamos os papéis num grande panelão. Enquanto as chamas se mantinham acesas e quentes, refletimos sobre nossas conquistas e transformações, buscando a esperança guardada em cada um de nós e nos desejamos um ano novo e bom.

ProjetoRita de Cássia

Iniciamos o semestre avaliando os estudos do projeto anterior através de registros escritos e com a preparação de uma apresentação para o Terceiro Ano. Foi ótimo revisitar o que vivemos. Percebemos, com isso, não apenas o quanto as crianças aprenderam, mas as relações que fazem com o projeto institucional. Elas se entendem como parte de um todo maior, conhecem o tema gerador e fazem escolhas, traçando caminhos para seus próprios estudos.

Não demoraram a pensar em um novo projeto. Trouxemos, então, algumas imagens de Debret para que discutíssemos e destacássemos as transformações ocorridas através dos tempos, nos diferentes setores da vida cotidiana. Falaram da importância de se inventar e descobrir coisas, da importância do cientista e das idéias... Falaram que a necessidade de inventar e descobrir coisas novas se dá pela necessidade que o homem tem de ter uma vida melhor, de ter menos trabalho, porque assim, segundo elas, os inventores ainda teriam tempo para inventar mais coisas. Eu brinquei e perguntei: “Quer dizer que o homem descobre e inventa coisas para ter mais tempo para continuar trabalhando e inventando mais?” Algumas continuaram afirmando e outras complementaram: “Não, eles também precisam facilitar suas vidas para ter mais tempo para se divertir, fazer outras coisas, relaxar...” No final de tantas análises, ainda constataram que a descoberta da energia elétrica tinha contribuído e muito para outras descobertas.

Assim, com a retomada desses estudos, despertou na garotada uma vontade danada de saber mais sobre a “energia elétrica”.

Enquanto íamos tendo as primeiras conversas, muitos olhinhos brilhavam ao saber da possibilidade de fazer experiências, de apresentá-las na Feira Moderna, de montar maquetes... Enfim, adoraram e ficaram muito motivados para esses difíceis e

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complexos aprendizados.

Para dar início aos estudos, recebemos a visita do Anselmo que nos trouxe fios, lâmpadas, interruptores e baterias para que todos pudessem experimentar e montar circuitos, acendendo luzes e movimentando objetos. Tudo parecia mágica! E foi nesse clima de curiosidade, encantamento e surpresa que começamos.

Assistimos, também, ao filme “De Volta Para o Futuro”, de Robert Zemeckis, para ilustrar situações relacionadas à energia, eletricidade e tecnologia. Depois disso fomos passear. Visitamos o Centro Cultural da Light para apreciarmos a exposição da sala “Planeta Energia”, onde as crianças puderam ouvir um pouco da história dos primeiros estudos e descobertas sobre a eletricidade, fazendo relação com as breves pesquisas que já haviam feito sobre alguns inventores e cientistas que se destacaram nessa área. Lá, pudemos observar inventos que nos mostravam, claramente, a eletricidade. A visita despertou nos alunos interesses, dúvidas e muito fascínio. Afinal, conseguir visualizar faíscas elétricas é realmente incrível, pura mágica! Assim, numa eleição entre as turmas de Quarto Ano foi escolhido um nome para o nosso projeto: “Eletricidade ou Mágica? Eis a questão!”

A partir das experiências que realizaram, do que observaram e, principalmente, das questões que surgiram no grupo, buscamos organizar os conteúdos aprendidos no caderno e em fichas. Nesses momentos, ao tentar entender um pouco mais a respeito da eletricidade através de leituras e registros, parecia que estávamos revelando alguns segredos de “mágica” e isso mantinha a todos muito “ligados”.

Logo chegou o momento dos preparativos para a Feira. Nossos meninos e meninas vivenciaram dias de cientistas. Arriscaram realizar experiências, lidando com a frustração de experiências fracassadas, mas não desanimando. Queriam descobrir erros, levantavam hipóteses, testavam, conferiam e se divertiram muito. O resultado de tanto estudo e empenho foi conferido por todos na Feira Moderna. Tínhamos uma equipe de pequenos cientistas, organizados e afinados, conhecedores dos assuntos e disponíveis para ensinar, demonstrar e explicar. Foi muito bacana!

Literatura e LínguaEscolhemos a leitura da biografia de Machado de Assis para apresentá-lo aos pequenos. Não apenas porque esse foi o ano da comemoração do centenário de sua morte, mas também porque esse ilustre escritor brasileiro vivenciou um período de transição percebido pelas crianças durante nossos estudos: escravidão / abolição, escuridão / iluminação. E, ainda, por descrever com ricos detalhes o cotidiano de uma época numa cidade tão querida por nós e por ele, o Rio de Janeiro.

A leitura encantou as crianças. Adoraram pensar e visualizar o Rio de Janeiro daquela época. A cada pausa na leitura, era um reboliço, pois não queriam parar de ler, de saber, queriam até levar o livro para casa. Desse modo, quando apresentamos a apostila com os três contos de Machado: “Conto de Escola”, “Uma História Comum” e “Um Apólogo”, o interesse foi enorme. Sem dificuldade, percebiam e comentavam o jeito diferente de sua narrativa rica em detalhes e repleta de palavras difíceis. Livros do escritor começaram a chegar à sala, assim como comentários sobre suas obras. O enredo da história de Dom Casmurro foi trazido para discussão e, junto com ela, a constatação de que Machado queria que seus leitores pensassem e refletissem com seus textos, questionando e discutindo valores.

Tantas leituras afetaram, diretamente, as suas produções escritas. Todos cresceram muito em seus textos, cuidando mais para rechear suas narrativas com caracterização de personagens ou descrições de lugares.

Muitas são as crianças que se destacam nesse exercício de escrever, demonstrando um estilo próprio, sendo autores de suas idéias.

Escreveram, revisaram suas produções e as dos colegas, compartilharam muito os seus textos, um aprendendo com o jeito de escrever do outro, e aprenderam muito com essa prática.

Para ilustrar nossas leituras de Machado, fomos à exposição na ABL. Lá, ficaram muito atentos a tudo que viam e ouviam sobre o escritor e, ainda, compartilhavam com os guias os conhecimentos que já possuíam. São muito sabidos!

Para encerrar o semestre, voltamos no tempo seguindo os

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passos do “Bruxo do Cosme Velho”. Fomos de bonde à Confeitaria Colombo e lá fizemos um gostoso lanche, num grande clima de encantamento e confraternização.

Mas, gostoso, mesmo foi esse tempo que passamos juntos. Acompanhar essa turma por dois anos foi muito bom. Não apenas nos conhecemos, mas aprendemos juntos, estreitamos laços de amizade, construímos afetos e compartilhamos gostos comuns.

Para me despedir, só posso agradecer a oportunidade de ter feito parte da história desse grupo amigo, levado, sabido e por mim muito amado. Saudades

MatemáticaEm Matemática, retornamos das férias discutindo, de forma mais sistemática, as relações entre as tabuadas. Perceber, por exemplo, que saber a tabuada do 3 pode ajudar no aprendizado da tabuada do 6 foi motivo de muitas conversas e tarefas. Todos ficaram envolvidos com essa descoberta e alguns afirmaram com animação: ”Puxa! Assim não precisamos decorar e sim entender.”

Na verdade, todas as dinâmicas realizadas nas aulas, incluindo atividades em fichas ou cadernos e jogos, foram aproveitadas para ajudar nesse aprendizado que, é claro, também necessitou de uma boa parcela de estudo em casa.

Não por acaso, a técnica operatória da divisão é a última a ser apresentada. De difícil apropriação, por ser a síntese de todas as operações, a divisão, aqui na escola, é apresentada com um procedimento diferente do que os adultos estão acostumados a ver e utilizar.

As operações que nos ajudam a resolver as divisões mais complexas, e que muitas vezes ficam apenas na cabeça, ganham destaque e passam a ser anotadas numa caixa de ajuda, ao lado dos algoritmos. Esse é mais um estímulo para que as crianças mostrem como estão pensando para que possamos planejar intervenções adequadas e promover novas aprendizagens. Para isso foi importante valorizar e cobrar a organização e a clareza dos registros.

A opção por esse jeito de dividir possibilita às crianças entenderem melhor o que estão fazendo, percebendo e registrando todas as etapas da operação. A técnica

convencional de resolução da operação será apresentada no Quinto Ano.

Continuamos resolvendo problemas, discutindo as informações do enunciado, o que é relevante e o que não é. Os textos se tornaram mais complexos, fazendo com que as crianças precisassem estar ainda mais atentas para resolvê-los. Apareceram problemas cujas resoluções necessitaram de mais de uma ou de duas operações diferentes, colocando em prática os conhecimentos que já possuíam.

Outro destaque durante o semestre ficou com os estudos do Tangram. Apresentamos sua lenda e brincamos com suas várias formas. Com ele estudamos geometria, discutindo figuras planas como quadriláteros e triângulos.

Mas o Tangram também chegou para iniciar os estudos das frações que será continuado no Quinto Ano.

Para finalizar, em parceria com a Moema, nas aulas de Artes, as crianças prepararam uma animação que foi por elas batizadas de “Animagram”.

Assim, chegamos ao final de mais um ano, certos de que é nesse clima de descontração, muito trabalho, estudos e descobertas que se aprende Matemática na Sá Pereira.

InglêsRenata Santos

Ao longo do segundo semestre, visitamos conteúdos da língua, selecionados para o ano, e mantivemos a integração com o projeto institucional, ampliando o vocabulário relacionado ao tema Trabalho. Para isso, escolhemos a profissão de "chef".

Assistindo a uma animação da Disney de 1940, “Chef Donald”, as crianças puderam, em meio a gargalhadas, reconhecer várias palavras relacionadas ao universo da cozinha e da arte culinária. No vídeo, Donald se vê enrascado quando troca fermento por cola na receita de “Waffles”.

Para registrarmos as trapalhadas de Donald, fizemos uso de uma forma verbal que usamos para falar sobre situações e ações que estão acontecendo enquanto estamos falando:

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“Present Continuous Tense”. Como as crianças já se apropriaram bem do uso do verbo “to be” no presente, compreenderam, com tranqüilidade, quando e como usar essa nova ferramenta na elaboração de frases e pequenos textos.

O vídeo alimentou o desejo de retornarmos à cozinha, universo que já havia sido visitado pela turma quando estavam no primeiro ano. E lá fomos nós! Munidos de ovos, farinha, leite, batedeira e máquina de fazer waffles, invadimos a cozinha da escola! As crianças se divertiram e se deliciaram!

Como estávamos “in the kitchen”, cada criança fez uma ilustração de um “chef” em seu local de trabalho.

As ilustrações fizeram parte de atividades em que todos elaboraram frases para descrever a cena, oportunidade para revermos “there is / there are”, conteúdo do ano anterior.

Ainda envolvidos com o tema, e com os olhos vendados, as crianças experimentaram diversos sabores e odores. As crianças também puderam observar e perceber como os nossos sentidos se manifestam e em quais nos apoiamos na falta de um deles. Como funciona o nosso paladar quando estamos com o nariz congestionado? Quais são os sentidos importantes para sermos bons “chefs” de cozinha? Essas e outras questões foram discutidas em nossas aulas.

Finalizamos o ano com duas músicas dos “Beatles” que trazem a idéia da possibilidade traduzida do “can x can’t”: “We can work it out” e “Can’t buy me love”. Foram oportunidades de

reconhecer alguns dos conteúdos estudados durante o ano, e de se praticar a fluência oral e a competência auditiva em reconhecer palavras e sons. Foi um ano de muitas descobertas e sistematizações importantes para o aprendizado da língua inglesa.

ArtesMoema SantosA inspiração para o trabalho nas aulas de Artes Visuais surgiu da leitura e apreciação do livro "Carybé e Verger: Gente da Bahia", de José Jesus de Barreto. O livro propõe um diálogo entre o trabalho desses dois consagrados artistas brasileiros que fizeram grande amizade e parceria. Sua produção é uma preciosa contribuição à preservação e divulgação da memória

cultural afro-baiana. O desafio proposto

às crianças foi o mesmo que Barreto se propôs. Só que no lugar de Carybé, as próprias crianças dialogaram com as fotografias de Verger, fazendo intervenções através de desenhos e recortes. O resultado dessa produção gratificou bastante as crianças, que puderam observar o traço e o estilo autoral de seus amigos em diferentes trabalhos que ficaram bastante caprichados e interessantes. Acreditamos que, se os dois artistas estivessem vivos, ficariam felizes de compartilhar seus desenhos e fotografias com as crianças.

Concluída essa primeira etapa, fizemos uma pausa para conhecer a história de Marc Ferrez, um dos primeiros e mais importantes fotógrafos do Brasil. Sua famosa série sobre os ambulantes que povoavam o Rio Antigo serviu como ponto de partida para o curta O Amolador. Nossa intenção com esse estudo era sensibilizar o olhar das crianças para que pudessem participar de uma sessão de cinema especial, com direito a conversa com o cineasta Abelardo de Carvalho e o produtor Cavi Borges. Muitas curiosidades sobre esse universo de trabalho puderam ser esclarecidas. E a experiência foi o fechamento dos nossos estudos do primeiro semestre sobre a linguagem fotográfica.

Embarcamos, então, numa parceria com as aulas de Matemática, que utilizaram o "Tangran" para apresentar as primeiras noções de fração. Porém, o tratamento que demos ao antigo jogo oriental foi bem diferente. Nossa questão era

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puramente estética. Assim, além de criarmos novas formas, tratamos de colocá-las em movimento criando, em grupos menores, pequenas animações que, juntas, formaram nosso Animagran.

Para fechar o semestre ainda nos dedicamos à arte popular, mais especificamente ao trabalho com a argila. Apreciamos um conjunto de obras de artistas renomados, do qual não poderia faltar as do mestre Vitalino. O fato de diferentes ofícios estarem bastante presentes nessa manifestação artística chamou a atenção das crianças que, imediatamente, se propuseram a escolher uma profissão para retratar através da modelagem. Estamos, nesse momento, discutindo a curadoria da mostra que pretendemos fazer antes que o ano acabe. Mas a tarefa é árdua. Como organizar, de forma interessante, a centena de pequenas esculturas, conseguindo comunicar nossas idéias e pensamentos aos visitantes?

Sem dúvida, trabalhamos muito nesse período, tentando desmistificar a idéia de que a arte é um trabalho dissociado da vida. Que o interesse e gosto pela produção artística os acompanhem trazendo prazer e instigando novas ações criativas que, certamente, produziremos no próximo ano.

MúsicaJoão Santos

Na volta das férias, um desafio diferente foi apresentado às crianças nas aulas de Música: compor coletivamente uma música para ser tocada na flauta doce. Para alcançar este objetivo, brincamos com ritmos e melodias simples, improvisando, lendo e grafando-os em partitura. Caminhamos ao som do violão, prestando atenção às pausas e aos diferentes andamentos, trabalhado as noções de pulsação e andamento. Durante esta última atividade, aproveitamos para escolher como seria o acompanhamento harmônico da música a ser composta. Essa parte, feita com o violão, ajuda a conferir

um caráter mais alegre ou mais triste à música.

Tendo revisitado todos esses conteúdos musicais e escolhido a harmonia da música, partimos para a composição propriamente dita. Com as sugestões das crianças, definimos toda a parte rítmica da música e depois, ainda com bastante experimentação e improvisos, a melodia que preencheu os ritmos foi surgindo. Quando o longo processo terminou e a música ficou pronta, cada aluno recebeu uma cópia da partitura e a turma fez uma votação para decidir como a composição se chamaria. Assim a batizaram de Boing Boing.

Com a composição pronta e sendo ensaiada, foi apresentada às crianças uma música que resgatou um tema estudado nas aulas de Projeto do primeiro semestre: Berimbau , de Baden e Vinícius. Conhecemos melhor esse instrumento afro-brasileiro que dá nome à música conversando sobre ele e ouvindo seu som. A música fez bastante sucesso e a turma se divertiu ouvindo e cantando com a gravação. Depois de aprendida toda a letra, passamos a trabalhar algumas partes na flauta, mas sem partitura. Decorar a música representou um desafio a mais para as crianças. Para encerrar o ano fizemos um arranjo para ela utilizando a voz e as flautas que, juntamente com a composição da turma foi apresentado internamente para as outras turmas com o maior sucesso!

Neste segundo semestre a turma fez um grande esforço para focar sua atenção nas aulas de Música, o que garantiu uma produção musical muito boa. O envolvimento e a animação ajudou a contornar os momentos de agitação e transformá-los em mais disposição para trabalhar e superar os desafios vivenciados.

Encerrando o trabalho de dois anos com ênfase na flauta doce, podemos constatar que as crianças fizeram aquisições importantes que permitirão, às mais interessadas, prosseguir desenvolvendo suas habilidades. Que continuem com alegria e disposição a trilhar a nova etapa de sua jornada musical.

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CoralFernando Ariani

É hora de fazermos um balanço do nosso trabalho. Foi mais um ano muito produtivo. Pudemos desenvolver, satisfatoriamente, os diversos aspectos que estão envolvidos nessa atividade, que tem como objetivo desenvolver a sensibilidade e a inteligência musical, a percepção auditiva, o aparelho fonador, a capacidade de concentração e propiciar mais um espaço coletivo onde se busca um objetivo comum, que depende da contribuição de cada um dos participantes do grupo em favor do resultado do conjunto, o que contribui significativamente para o desenvolvimento individual. O resultado foi colocado à prova tanto em nossa apresentação interna, na Mostra de Artes, como também na oportunidade de compartilhar nosso trabalho além dos muros da escola, experiência da maior importância.

Durante todo o processo que envolveu a nossa participação no Festival CantaPueblo, na Sala Cecília Meireles, foi possível percebermos o que significa o nosso trabalho em outros contextos e, também, dar a oportunidade às nossas crianças de conhecerem outros grupos, propostas e realidades. O comparecimento de uma maioria expressiva atesta o quanto se envolveram com entusiamo na atividade, já que não havia a obrigatoriedade de participação. Esse fato denota, além do interesse pela experiência, uma clara noção de compromisso e solidariedade aos colegas e ao grupo, que acaba se refletindo no próprio resultado sonoro do Coral que cumpriu o seu papel com a maior dignidade. As crianças estão mesmo de parabéns! As últimas semanas do ano foram dedicadas à festa de encerramento. Uma menção especial deve ser feita ao quarto ano pela competência demonstrada na superação dos novos desafios que a atividade propõe. E também ao quinto ano que, já trazendo a experiência do ano anterior, se colocou disponível para interagir de forma generosa com os novos cantores. Essa vivência é uma bagagem preciosa para seu trajeto futuro. Sabemos que poderemos, também, contar com o quinto ano de 2009 para apoiar os futuros cantores com as competências desenvolvidas em 2008.

Expressão CorporalAna Cecília Guimarães

Nos primeiros encontros do semestre exploramos os materiais, realizando algumas manobras preferidas e desenvolvendo, individualmente e em grupo, habilidades corporais no solo, nos tecidos pendurados e em deslocamento pelo espaço da sala.

Apreciamos, juntos, a abertura dos Jogos Olímpicos no telão. Valorizando a estética do movimento coletivo, realizamos diferentes formações e deslocamentos, em quatro dinâmicas que propunham sincronicidade e ritmo.

Em seguida, começamos um processo de composição e

colagem de movimentos criados coletivamente. O exercício durou um mês, passando por algumas etapas. Primeiro utilizamos uma marcação, no tempo quaternário, para improvisar livremente e perceber o ritmo através de gestos e locomoções. Pequenos grupos selecionaram movimentos para compor uma seqüência. Apresentamos as composições produzidas que foram filmadas e apreciadas. Na última etapa, juntamos os movimentos de cada grupo transformando as seqüências numa coreografia. Foi bem rica a experiência de compartilhar idéias e vencer as dificuldades na realização das variadas combinações. Foi também interessante o desafio de ter como objetivo conseguir escolher, em grupo, os níveis e posições no espaço, memorizando movimentos e decidindo as direções para os deslocamentos.

Num processo rico de criação, improvisação e costura de movimentos, terminamos o ano ensaiando uma coreografia para a Festa do Final do Ano com a música “Rotina”, dos Titãs.

TeatroRaquel Libório

Reiniciamos o semestre desenvolvendo diversos jogos dramáticos, retomando alguns conceitos básicos do fazer teatral, tais como atenção, concentração, foco e ritmo. A idéia era capacitá-los, através desses exercícios, para uma etapa posterior, a criação de um roteiro, produção e execução de uma

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propaganda de TV, com o tema “A Eletricidade”

Para isso, também pesquisamos no YouTube diversas propagandas das décadas de 50 e 60, cuja ênfase era o lançamento de algum produto eletrodoméstico que tenha revolucionado os hábitos e facilitado a vida da dona-de-casa. Analisamos o quanto a variedade, o design e o conceito de eletrodoméstico mudou desde então, especialmente depois do advento do computador, bem como o próprio conceito de propaganda. Fizemos algumas reflexões críticas sobre o excesso de propaganda que, hoje, nos induz ao consumo de produtos eletro-eletrônicos, muitas vezes desnecessários.

Após essa etapa, partimos para a prática. Subdivididos em duplas ou em grupos de até quatro crianças, criaram não só a propaganda como o próprio produto a ser vendido. Depois, foi só filmar.

O passo seguinte foi a leitura do texto teatral “Iluminando a História”, de Karen Acioly, cuja temática era perfeita para complementar os estudos sobre a iluminação elétrica, iniciados por eles nas aulas de Projeto. O texto nos fala, justamente, da chegada da iluminação elétrica à cidade do Rio de Janeiro, ocorrida no início do século XX, e a reforma de hábitos provocou. A leitura do texto de Karen também foi ponto de partida para alguns exercícios teatrais quando pudemos trabalhar algumas técnicas de memorização de texto e criação de personagens.

Educação FísicaRenata Regazzi

Iniciamos o semestre animados com a proximidade das Olimpíadas de Pequim e com a realização de mais uma

Olimpíada da Sá Pereira.

As equipes eram compostas por crianças de todas as turmas divididas por cores e nomeadas por diferentes profissões. Alegres, entoaram seus gritos de guerra, mostrando criatividade. Além disso, participaram, com muita garra e determinação, das modalidades oferecidas.

Neste momento de integração pudemos observar que, apesar da competição, há um forte espírito de cooperação e solidariedade entre as crianças.

Acreditamos que essa é uma oportunidade para que exercitem o controle de suas emoções e conheçam suas habilidades, trocando valiosas experiências.

Foi emocionante vê-los reunidos no pátio de baixo, cantando o Hino Nacional, com os olhinhos atentos e ansiosos, aguardando a premiação!

Um segundo pátio sobre rodas trouxe, para os recreios, skates, patins e patinetes. As crianças se equilibraram e se empenharam em cumprir o circuito que, dessa vez, continha placas de trânsito. Batidas, ultrapassagens perigosas, tráfego na contramão e em local proibido, entre outros exemplos de desrespeito às leis de trânsito, geravam multas cuja cobrança era a suspensão temporária do brinquedo e seu empréstimo a um colega.

Contamos, também, com o auxílio de guardas de trânsito para verificar o cumprimento das regras. Uma farra!!!

Nas partidas de câmbio, uma adaptação do voleibol, as turmas experimentaram e vibraram com os saques, rodízios, passes e pontos marcados.

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Futebol e queimado continuam sendo os preferidos da garotada, porém também temos disputadas partidas de basquete, handebol e pique-bandeira animando as manhãs e tardes.

A liberdade para a escolher suas brincadeiras prediletas e se organizarem com autonomia em pequenos grupos, também foi vivida nos "Pereirões Livres", nos quais o espaço era dividido de forma a que todos pudessem se divertir ao mesmo tempo.

Neste semestre, apesar de ainda bastante tagarelas, começaram a perceber que quanto mais papo, menos tempo de jogo e, então, foi comum escutar pedidos de silêncio deles próprios para que a divisão dos times fosse feita e a partida iniciada.

Criativos e cheios de energia, criaram dois times, “Os coiotes” e “O azulão” que, animadamente, disputavam o título de torcida mais animada enquanto aguardavam a sua vez de jogar. Era como se estivéssemos em pleno Maracanã, como dizia Rita. Por vezes, houve necessidade de pedir-lhes que diminuíssem o som, para que os times em campo pudessem ouvir o apito do juiz.

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