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União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) Quem está contra e a favor das taxas moderadoras na IVG? JULIANA MARTINS e ALEXANDRA CAMPOS 02/07/2015 21:00 A principal proposta de alteração da lei do aborto passa pela introdução de taxas moderadoras no caso das mulheres que interrompem a gravidez por opção, até às 10 semanas. A proposta é polémica e muitos já tomaram posição. A favor ou contra. NELSON GARRIDO NÃO SIM TAXAS MODERADORAS NA IVG?

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União de Mulheres Alternativa eResposta (UMAR)

               

Quem está contra e a favor dastaxas moderadoras na IVG?JULIANA MARTINS e ALEXANDRA CAMPOS  02/07/2015 ­ 21:00

A principal proposta de alteração da lei do aborto passa pela introduçãode taxas moderadoras no caso das mulheres que interrompem agravidez por opção, até às 10 semanas. A proposta é polémica e muitosjá tomaram posição. A favor ou contra.

NELSON GARRIDO

NÃO SIMTAXAS MODERADORAS NA IVG?

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A UMAR considera que a revisão da lei põe emcausa “o direito ao sigilo”, mas acima de tudo,empurra “de novo as mulheres para o abortoclandestino”. Introduzir taxas moderadorasseria “colocar em causa a gratuitidade dasaúde sexual e reprodutiva”, considera.Conclui que o que pode acontecer com aexistência de taxas moderadores é oretardamento “através de procedimentos semsentido, da decisão de interrupção da gravidezcom risco de se ultrapassar o prazo legal das10 semanas, já de si tão escasso, e empurrar asmulheres a abortar de forma insegura e ilegal”.Acusa a ILC Pelo Direito de Nascer de tentar“culpabilizar as mulheres” com a proposta deassinatura das ecografias.

José Manuel Silva, Bastonário da Ordemdos Médicos

“Infelizmente parece que algumas mulheresentendem a IVG como método contraceptivo.E não é esse o espírito nem a letra da lei”,considera o Bastonário. Considera que aoisentar de taxas moderadoras as mulheres queoptam pela IVG, está a ser­lhes dado direitos“iguais a mulheres que tiveram uma gravidezde termo”. Considera que não há razão para seequiparar a IVG a uma doença ou àmaternidade.

Movimento Democrático de Mulheres(MDM)

Para o MDM, a alteração na lei do abortoconstitui uma “ofensa aos direitos dasmulheres”, “uma ofensa ao progresso e aosdireitos humanos”. Aplicar taxas moderadorasseria “mais um obstáculo para as mulherescom poucos recursos financeiros” e lembraque muitas “ver­se­iam empurradas para oaborto clandestino”. Explica que não fazsentido aplicar as taxas moderadoras, já que a

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IVG faz parte de “um pacote de direitossexuais e reprodutivos”. Lembra tratar­se deum serviço barato já que a maioria das vezesnão necessita de intervenção cirúrgica,realizando­se por via medicamentosa. Insurge­se também contra a ILC Pelo Direito deNascer, o direito da mulher à IVG foiconquistado em 2007 e para o MDM “é umdireito que não pode voltar atrás”.

Luís Graça, director do Serviço deObstetrícia do Centro Hospitalar LisboaNorte

Desde 2007 que o médico se afirmoupublicamente a favor da lei da IVG. Mas, noque toca às taxas moderadoras, considera “umcontra­senso” que para a IVG seja aplicada alei de protecção da maternidade. “É umaquestão de moral até. Não se trata de umadoença, é uma opção”, explica. Ainda assim, omédico esclarece que não acha que a alteraçãona lei seja absolutamente necessária: “ficoconfortado se as coisas continuarem namesma”, conclui.Conselho regional do Sul da Ordem dos

Médicos

Depois do Bastonário da Ordem dos Médicos,José Manuel da Silva, ter emitido um parecerem que afirmava ser a favor da alteração da lei,o conselho regional do sul disse sentir­sesurpreendido. Em comunicado, considerouserem “opiniões que nunca foram discutidasou sequer abordadas pelo conselho nacionalexecutivo da Ordem dos Médicos”. O conselhoregional do sul contrapôs e explicou que “asconsultas de IVG devem ser gratuitas e de livreacesso, garantindo assim que ninguém serádiscriminado ou atrasará a sua ida à consultapor motivos económicos”. Os médicosafirmaram que o crescimento sustentávelatravés do aumento da natalidade não seconsegue com o aumento da gravidez

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indesejada, que está “associada a problemasde integração social, potenciando eperpetuando um ciclo de pobreza”.

Nuno Montenegro, director do serviçode Ginecologia/Obstetrícia do CentroHospitalar de S. João (Porto)

É “absolutamente” a favor do pagamento detaxas moderadoras pelas mulheres queinterrompem a gravidez a pedido. “Não estoudisposto a financiar com os meus impostos aIVG, ainda para mais com estatuto deexcepção”, diz o médico que se bateu pelo“Não” na campanha pela despenalização daIVG por opção da mulher, em 2007. “Esta é”,justifica, “uma questão de equidade, se aspessoas pagam taxas em tudo o que é serviçode saúde, porque é que esta há­de ser umaexcepção?”, pergunta.

Associação para o Planeamento daFamília (APF)

Para a APF “a IVG não pode ser um actomédico considerado menor ou sujeito apunições e a outras formas de estigmatização”.Em comunicado, sublinhou que não se verificaqualquer banalização da IVG e que asmulheres portuguesas não estão a usar oaborto como forma de contracepção. “Osdados existentes revelam que nos últimos anosaumentou o uso de contraceptivos emPortugal, aumentou o recurso às consultas deplaneamento familiar e diminuiu o número deIVG realizadas”. Alertou ainda para anecessidade de uma audição prévia dosprofissionais de saúde, da Direcção­geral daSaúde e das organizações da sociedade civilque têm estado envolvidas no assunto antes deefectuar qualquer mudança na lei. O director

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executivo da APF, em declarações à TSF,considerou as taxas moderadoras “punitivas eexigências ignóbeis”.

Maria do Céu Machado, ex AltaComissária para a Saúde

A directora do Serviço de Pediatria do CentroHospitalar de Lisboa Norte, Maria do CéuMachado, não tem dúvidas em relação ànecessidade de instituir taxas moderadorasnos casos de reincidência na IVG. Já nasoutras situações, não tem tantas certezas.Ainda assim, defende que “é falta de coerênciaque os tratamentos de fertilidade continuem aser pagos em parte [os medicamentos não sãocomparticipados a 100% e o Estado apenaspaga os primeiros ciclos de tratamento]enquanto a interrupção de gravidez égratuita”.

Plataforma portuguesa para os direitosdas mulheres (PpDM)

A PpDm é clara quando acusa, emcomunicado, a ILC Pelo Direito a Nascer de“atentar contra os direitos das mulheres”.Relembra que a actual lei da IVG entrou emvigor depois de um debate prolongado de noveanos, objecto de dois referendos. Se desde2014 o número de IVG tem vindo a diminuir,considera não fazer sentido qualquer alteraçãona lei. “Esta iniciativa não promove nenhumdestes objectivos, limitando­se a tentar alterar,sem fundamento, uma lei que é um marco nahistória dos direitos sexuais e reprodutivos dasmulheres em Portugal e propondo, decaminho, formas inaceitáveis de coacçãocontra as mulheres”, acusa.

Miguel Oliveira e Silva

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O ex­presidente do Conselho Nacional de Éticapara as Ciências da Vida, o obstetra MiguelOliveira e Silva, que se bateu peladespenalização da IVG até às 10 semanas em2007, já defendeu publicamente a instituiçãode taxas moderadoras para casos dereincidência e a obrigatoriedade de consultasde aconselhamento e encaminhamento para oplaneamento familiar. "É vergonhoso que oMinistério da Saúde ou se tenha esquecido ounão tenha tido a coragem de impor uma taxamoderadora no aborto recorrente. Não háqualquer explicação", afirmava em 2012,citado pela Lusa. Dois anos mais tarde, o seudiscurso era já muito mais cauteloso. “Hápaíses que o fazem [responsabilizar asmulheres] com taxas moderadoras, mas secalhar há medidas melhores. O que éimportante é discutir isto”, sublinhava, então.Agora, recusa­se a prestar declarações sobreesta matéria. “Não quero falar sobre isso”, diz.

Sociedade Portuguesa da Contracepção(SPC)

A Sociedade Portuguesa da Contracepçãoalerta para o risco da aprovação do fim daisenção das taxas moderadoras que podesignificar um “desvio de mulheres para oaborto clandestino e não seguro”. E realça aimportância de intervir no aconselhamentocontraceptivo, defendendo qie com aintrodução das taxas “perde­se a oportunidadede intervir”. Além das taxas moderadoras,critica as propostas da ILC Pelo Direito aNascer, referindo que durante a realização daecografia para a interrupção da gravidez, éperguntado à mulher se quer ou não ver aimagem, “a obrigatoriedade de ver o ecrã ouassinar a imagem ecográfica constitui umatentado ao princípio ético da autonomia: o

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doente tem o direito de saber tudo que quisere de tomar livremente uma decisão, tambémtem o direito a querer ser informado”.

Inspecção-Geral das Actividades emSaúde

No relatório de actividades de 2012, os entãoesponsáveis pela Inspecção­Geral dasActividades em Saúde defendiam que seria de"equacionar" o pagamento de uma taxamoderadora no caso das interrupçõesvoluntárias de gravidez “recidivas”. Estamedida, justificavam, teria “um efeitomoralizador” no acesso à IVG, pretendendo­sedesta forma "que esta interrupção não sejavista como um método anticoncepcional, massim como recurso para resolução de umasituação pontual”.

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