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Queridos irmãos e irmãs, Também nesta manhã desejo apresentar-vos uma figura feminina, pouco conhecida, a quem a Igreja, no entanto, deve um grande

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Queridos irmãos e irmãs,

Também nesta manhã desejo apresentar-vos uma figura feminina, pouco conhecida, a quem a Igreja, no entanto, deve um grande reconhecimento, não somente pela sua santidade de

vida, mas também porque, com o seu grande fervor, contribuiu para a instituição da solenidade litúrgica mais importante do ano, aquela de Corpus Domini (Corpus Christi).

Trata-se de Santa Juliana de Cornillon, conhecida também como Juliana de Liège.

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Conhecemos alguns dados sobre sua vida sobretudo através de uma biografia, escrita provavelmente por um eclesiástico seu contemporâneo, em que são narrados vários

testemunhos de pessoas que conheceram diretamente a Santa.Juliana nasce 1193 nos arredores de Liège, na Bélgica. É importante sublinhar esse lugar,

porque naquele tempo a Diocese de Liège era, por assim dizer, um verdadeiro "cenáculo eucarístico".

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Antes de Juliana, insignes teólogos haviam ilustrado o valor supremo do Sacramento da Eucaristia e, sempre em Liège, havia grupos de mulheres generosamente dedicados ao culto eucarístico e à comunhão fervorosa. Guiadas por sacerdotes exemplares, viviam

juntas, dedicando-se à oração e às obras de caridade. Órfã aos cinco anos, Juliana, com a irmã Agnese, foi confiada aos cuidados das monjas agostinianas do convento-leprosário de

Mont-Cornillon. Foi educada especialmente por uma monja, de nome Sapienza, que acompanhou seu amadurecimento espiritual, até quando a própria Juliana recebeu o hábito

religioso e tornou-se também ela monja agostiniana.

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Adquiriu uma notável cultura, a ponto de ler as obras dos Padres da Igreja em língua latina, em particular Santo Agostinho e São Bernardo. Além de uma vivaz inteligência, Juliana

mostrava, desde o início, uma propensão particular para a contemplação; tinha um sentido profundo da presença de Cristo, que experimentava vivendo de modo particularmente intenso o Sacramento da Eucaristia e detendo-se frequentemente a meditar sobre as

palavras de Jesus: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20).

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Aos 16 anos teve a primeira visão, que após repetiu-se mais vezes nas suas adorações eucarísticas. A visão apresentava a lua no seu pleno esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. O Senhor a fez compreender o significado disso que lhe havia aparecido. A lua simbolizava a vida da Igreja sobre a terra, a linha opaca representava, por sua vez, a ausência de uma festa litúrgica, para a instituição da qual era pedido a Juliana

que trabalhasse de modo eficaz: uma festa, isto é, na qual os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé, avançar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao

Santíssimo Sacramento.

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Por cerca de 20 anos, Juliana, que nesse meio tempo tornou-se a priora do convento, conservou em segredo essa revelação, que havia preenchido de alegria o seu coração. Depois, confiou-o a outras duas fervorosas adoradoras da Eucaristia, a beata Eva, que conduzia uma vida eremítica, e Isabella, que a havia conhecido no mosteiro de Mont-Cornillon. As três mulheres estabeleceram uma espécie de "aliança espiritual", com o

propósito de glorificar o Santíssimo Sacramento. Desejaram envolver também um sacerdote muito estimado, Giovanni di Losanna, canônico na igreja de São Martinho em Liège,

rogando-lhe que interpelasse teólogos e eclesiásticos sobre o quanto estava em seus corações. As respostas foram positivas e encorajadoras.

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Aquilo que aconteceu a Juliana de Cornillon repete-se frequentemente na vida dos Santos: para ter a confirmação de que uma inspiração vem de Deus, é preciso sempre imergir-se na

oração, saber esperar com paciência, buscar a amizade e o encontro com outras almas boas, e submeter tudo ao juízo dos Pastores da Igreja. Foi exatamente o Bispo de Liège, Roberto di Thourotte, que, após hesitações iniciais, acolheu a proposta de Juliana e das suas companheiras e instituiu, pela primeira vez, a solenidade de Corpus Domini na sua

Diocese. Mais tarde, outros bispos o imitaram, estabelecendo a mesma festa nos territórios confiados aos seus cuidados pastorais.

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Aos Santos, todavia, o Senhor pede frequentemente o superar das provas, para que a sua fé seja incrementada. Aconteceu também isso a Juliana, que teve que submeter-se à dura

oposição de alguns membros do clero e do próprio superior do qual dependia o seu mosteiro. Então, por sua própria vontade, Juliana deixou o convento de Mont-Cornillon com algumas companheiras e, por dez anos, de 1248 a 1258, foi hospedada por vários mosteiros de irmãs cistercienses. Edificava a todos com a sua humildade, não tinha nunca palavras de crítica ou de reprovação para seus adversários, mas continuava

a difundir com zelo o culto eucarístico.

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Morreu em 1258 em Fosses La Ville, na Bélgica, na cela onde estava exposto o Santíssimo Sacramento e, segundo as palavras do biógrafo, Juliana morreu contemplando com uma última explosão de amor Jesus Eucaristia, que tinha sempre amado, honrado e adorado.

À boa causa da festa de Corpus Domini foi conquistado também Tiago Pantaléon di Troyes, que tinha conhecido a Santa durante seu ministério de arquidiácono em Liège. Foi

exatamente ele que, tornado Papa com o nome de Urbano IV, em 1264, instituiu a solenidade do Corpus Domini como festa de preceito para a Igreja universal,

na quinta-feira sucessiva a Pentecostes.

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Na Bula de instituição, intitulada Transiturus de hoc mundo (11 de agosto de 1264), Papa Urbano lembrava com discrição também as experiências místicas de Juliana, confirmando sua autenticidade, e escreve: "Embora a Eucaristia seja celebrada solenemente todos os dias, consideramos justo que, ao menos uma vez por ano, se faça mais honrosa e solene memória. As outras coisas, de fato, de que fazemos memória, nós as aproveitamos com o espírito e com a mente, mas não obtemos por isso a sua real presença. Por sua vez, nessa

sacramental comemoração do Cristo, ainda que sob outra forma, Jesus Cristo está presente entre nós na própria substância. Enquanto estava prestes a ascender ao céu, disse: "Eis

que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20).

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O Pontífice mesmo desejou dar o exemplo, celebrando a solenidade de Corpus Domini em Orvieto, cidade em que então morava. Foi por sua ordem que, na Matriz da Cidade, conservava-se – e conserva-se ainda – o célebre corporal com os traços do milagre

eucarístico acontecido um ano antes, em 1263, em Bolsena. Um sacerdote, enquanto consagrava o pão e o vinho, foi tomado por fortes dúvidas sobre a presença real do Corpo e

do Sangue de Cristo no Sacramento da Eucaristia. Milagrosamente, algumas gotas de sangue começaram a fluir da Hóstia consagrada, confirmando, desse modo, aquilo que

nossa fé professa.

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Urbano IV pediu a um dos maiores teólogos da história, São Tomás de Aquino – que naquele tempo acompanhava o Papa e encontrava-se em Orvieto –, para compor os textos do ofício litúrgico dessa grande festa. Esses, ainda hoje em uso na Igreja, são obras-primas, em que

se fundem teologia e poesia. São textos que fazem vibrar as cordas do coração para expressar louvor e gratidão ao Santíssimo Sacramento, enquanto a inteligência, adentrando com espanto no mistério, reconhece na Eucaristia a presença viva e verdadeira de Jesus, do

seu Sacrifício de amor que nos reconcilia com o Pai, e nos dá a salvação.

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Embora após a morte de Urbano IV a celebração da festa do Corpus Domini tenha sido limitada em algumas regiões da França, da Alemanha, da Hungria e da Itália setentrional, foi ainda um Pontífice, João XXII, que, em 1317, restaurou-a para toda a Igreja. Daí em diante, a festa sofreu um desenvolvimento maravilhoso, e é ainda muito querida pelo povo cristão.Desejo afirmar com alegria que hoje, na Igreja, há uma "primavera eucarística": quantas pessoas permanecem silenciosas diante do Tabernáculo, para entreter-se em diálogo de

amor com Jesus!

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É consolador saber que não poucos grupos de jovens redescobriram a beleza de rezar em adoração diante do Santíssimo Sacramento. Penso, por exemplo, na nossa adoração

eucarística em Hyde Park, em Londres. Rezo para que esta "primavera" eucarística difunda-se sempre mais em todas as paróquias, em particular na Bélgica, a pátria de Santa Juliana. O Venerável João Paulo II, na Encíclica Ecclesia de Eucharistia, constatava que "em muitos lugares, é dedicado amplo espaço à adoração do Santíssimo Sacramento, tornando-se fonte

inesgotável de santidade.

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A devota participação dos fiéis na procissão eucarística da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é uma graça do Senhor que anualmente enche de alegria quantos nela

participam. E mais sinais positivos de fé e de amor eucarísticos se poderiam mencionar. Recordando Santa Juliana de Cornillon, renovamos também nós a fé na presença real de

Cristo na Eucaristia. Como nos ensina o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, "Jesus Cristo está presente na Eucaristia de um modo único e incomparável. De fato, está presente de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a

sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem" (n. 282).

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Queridos amigos, a fidelidade ao encontro com o Cristo Eucarístico na Santa Missa dominical é essencial para o caminho de fé, mas busquemos também ir frequentemente

visitar o Senhor presente no Tabernáculo! Olhando em adoração a Hóstia consagrada, nós encontramos o dom do amor de Deus, encontramos a Paixão e a Cruz de Jesus, bem como a sua Ressurreição. Exatamente através do nosso olhar em adoração, o Senhor nos atrai para si, dentro de seu mistério, para transformar-nos como transforma o pão e o vinho. Com as

palavras do Hino eucarístico Adoro te devote, repetimos diante do Senhor, presente no Santíssimo Sacramento: "fazei que eu creia sempre mais em Ti, que em Ti eu tenha

esperança, que eu Te ame!". Obrigado.

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