30
ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL DE ARTES QUERO SER INCENTIVADO, MAS COMO? MARCELO TAVARES DOS SANTOS THIAGO GARCIA

Quero Ser Incentivado, Mas Como

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Breve estudo sobre a política cultural no Brasil

Citation preview

ESCOLA TCNICA ESTADUAL DE ARTES

QUERO SER INCENTIVADO, MAS COMO?

MARCELO TAVARES DOS SANTOSTHIAGO GARCIA

SO PAULO2015ESCOLA TCNICA ESTADUAL DE ARTES

QUERO SER INCENTIVADO, MAS COMO?

Trabalho apresentado na disciplina Planejamento do Trabalho de Concluso de Curso (TCC) em Arte Dramtica, sob a orientao do Prof. Guilherme Vidal

SO PAULO2015Sumrio

Introduo..........................................................................................................................3Desenvolvimento...............................................................................................................4Consideraes finais........................................................................................................16Referncias bibliogrficas...............................................................................................17

Introduo

Apresentaremos trs leis que esto relacionadas ao incentivo estatal e privado esfera cultural no Brasil.Este excerto importante para conhecermos melhor a situao de levantamento de recursos nessa esfera.Acreditamos que esse trabalho deva ser til a aqueles que se iniciam na produo cultural, tais como agentes culturais, funcionrios pblicos, advogados, marquetlogos, entre outros.Inicialmente, faremos um breve histrico da realidade brasileira no incio dos anos 90. Em seguida, as leis em questo sero apresentadas, para, enfim, fazer as ltimas consideraes.

Desenvolvimento

A Queda do Muro de Berlim e a instaurao duma Nova Ordem Mundial imps a todos uma nova realidade. Isso afetou os Estados, e claro, os artistas e seus entusiastas. Em 1990, Fernando Collor de Mello assumiu a presidncia do Brasil, numa situao de hiperinflao. Diante da realidade externa e interna, as ideias liberais voltaram tona como tentativa de solucionar a celeuma. A crise sugeriu uma nova postura do Estado com a classe artstica, mais focada em arranjos empresariais.Collor nomeou o diplomata Srgio Paulo Rouanet para chefiar a Secretaria da Cultura. Meses depois, aps ouvir propostas de artistas, Rouanet lanou medidas de incentivo cultural com base na deduo do imposto, o Programa Nacional de Apoio Cultura (PRONAC) ou a Lei Rouanet (Lei n 8313/91).Em 1995, no governo do socilogo Fernando Henrique Cardoso, implantou-se o Ministrio da Cultura (MINC), presidido pelo intelectual Francisco Weffort. Procurou-se desburocratizar os mecanismos para tornar a captao de recursos mais gil e estimulou-se a profissionalizao dos gestores culturais.O acesso arteO Estado brasileiro tem-se preocupado em democratizar o acesso cultura, mas com muitos limites, pois, em geral, seu foco expresses mais bem prestigiadas e consolidadas (teatro, museu, concerto) e esquecendo-se das barreiras sociolgicas (nvel de escolaridade, localizao dos equipamentos culturais etc.), o que acaba por favorecer os mais escolarizados. Pesquisas tm mostrado que a herana cultural familiar crucial para o acesso a bens culturais. Como poltica, o Estado busca diminuir preos e estimular o acesso a uma obra menos vendvel.Na cidade de So Paulo, os equipamentos culturais esto distribudos de forma muito desigual, concentrados no Centro e seus arredores, onde est parte da populao mais escolarizada, de maior nvel de renda, e regio com melhor rede de transporte. A administrao pblica tem srias dificuldades em corrigir essa distoro em face da dinmica econmico-social da urbe.Entre os frequentadores habituais, temos uma subdiviso ente os assduos e os regulares. Os primeiros diferenciam-se do segundo, por no se preocuparem em aliar outras atividades aos espetculos, geralmente vo sozinhos a eles e os recomendam s pessoas que fazem parte de seu grupo social. Os frequentadores ocasionais denotam um comportamento cultural menos ativo e diversificado.Economia Criativa

Atualmente, o avano atravs da rede mundial de computadores est acelerando, duma forma extremamente cada vez mais rpida, a produo, o consumo e o comrcio de servios culturais; e influenciando as tomadas de decises de polticas pblicas.O mundo contemporneo exige que tais polticas sejam feitas de forma multidisciplinar, a fim de obterem resultados positivos, sobretudo, em pases de menor desenvolvimento.Diante dessa realidade, surgiu o conceito de economia criativa, um conceito amplo para a vinculao de comrcio, cultura e tecnologia, utilizando-se de produtos e servios cotidianos. Ela est relacionada a atividades criativas que antes quase no tinham importncia econmica. O que est por trs dela a reserva cultural intangvel, que traz ideias, valores simblicos, uma herana antropolgica, ligada ao valor econmico do capital intelectual. Ela engloba campos dinmicos da criao humana, desde os mais tradicionais (festas populares, artesanato, artes dramticas) at os mais recentes e com grande aplicao tecnolgica (design, videogames).Incerteza da demanda uma das caractersticas mais marcantes da economia criativa. O comportamento do consumidor varia conforme o modismo, o poder aquisitivo, o estilo de vida. Esses produtos tambm podem ser singulares, capazes de causar diferentes emoes no receptor. Outrossim, percebeu-se que, geralmente, os mais bem-sucedidos atentam-se para a circulao em meios digitais.Na economia criativa, as formas de desenvolvimento aplicadas majoritariamente devem sofrer mudanas, a fim de que possam captar as significativas mudanas culturais e tecnolgicas em curso na sociedade (Santos-Duisenberg, Edna dos. In: Medeiros, 2007, p. 40). Uma simbiose entre tecnologia, cultura e economia necessria.A economia criativa no deve gerar apenas crescimento econmico, no obstante aumentar a participao social das pessoas. Nos ltimos anos, ela tem crescido mais que a economia tradicional.Em pases em desenvolvimento, a economia criativa est muito aqum de seu verdadeiro potencial. Isso se deve por questes polticas internas, bem como da grande distoro econmica entre desenvolvidos e subdesenvolvidos (barreiras tarifrias, participao diminuta no que tange distribuio de bens).A diplomacia brasileira no tem medido esforos para incrementar a economia criativa, buscando defender os interesses dos pases em desenvolvimento no campo do direito autoral, a fim de aumentar a democratizao da oferta cultural no Mundo.Dentre as causas internas nos pases em desenvolvimento, Santos-Duisenberg (Ibid., p. 55) arrola algumas, como capacidade e diversidade de oferta criativa limitada; falta de capacitao na rea de marketing voltada para as artes e criao; estratgias de promoo de exportaes ineficazes; marco regulatrio inadequado, principalmente no que tange a polticas fiscais e creditcias; acesso limitado ao financiamento de tecnologias avanadas; ausncia de marcas e produtos de padro de qualidade internacional; polticas pblicas ineficientes para atrair investimentos e promover parcerias pblico-privadas para o setor criativo; polticas de concorrncia inadaptadas que limitam a capacidade dos criadores nacionais a competir com grandes conglomerados internacionais; estratgias de promoo de exportaes ineficazes; falta ou inabilidade de empreendedorismo cultural criativo; e infraestrutura logstica de facilitao do comrcio ineficaz.Santos-Duisenberg (Ibid., p. 48) defende as intervenes governamentais, a fim de aumentar o nvel educacional da populao, ampliando uma perspectiva local, enaltecendo a diversidade cultural. Deve-se encorajar o crescimento da quantidade e qualidade de oferta de produtos/servios criativos (arquitetura, moda, joias). Investir em recursos humanos para capacitao em comercio digital, em tcnicos de som e iluminao etc. Promover parcerias com artistas de pases vizinhos, bem como entre empresas e centros universitrios. Melhorar as relaes comerciais com pases do MERCOSUL e outros em desenvolvimento. Enfim, necessrio ter polticas pblicas sincronizadas nas trs esferas de poder, conciliando polticas industriais, artsticas, tecnolgicas, de comrcio e de turismo, para fortalecer a economia criativa nacional, dentro e fora do pas.

Direito na criao

Ser tico no exigvel juridicamente, entretanto a criao artstica v-se envolvida por esse aspecto. A apresentao de ideias seja na linguagem factual ou ficcional deve ser sempre pautada pelo dever tico de acreditar-se que a mensagem mostrada ser verdadeira. Assim, deve-se sempre saber quem so os receptores da obra, as regras legais impostas pelo Estado e o objetivo do contedo.A Constituio traz como princpio fundamental da Repblica Federativa do Brasil a dignidade humana (artigo 1, III). Nosso Cdigo Civil celebra a boa-f (art. 4222) entre os contratantes.A apresentao artstica configura-se tambm como uma relao jurdica. As leis e os investimentos pblicos para a produo criativa torna a questo tica ainda mais tormentosa, a fim da defesa do interesse pblico.Na Carta Magna em seu artigo 5, inciso XXVII, o Estado brasileiro concede aos autores o direito exclusivo de utilizao, publicao ou reproduo de suas obras. A Lei de Direito de Autor (9610/98) tambm confere a possibilidade ao titular duma obra reter os direitos, por ele considerar que sua exibio foi deturpada. Os artigos 28 e 29 desta Lei revela que cabe o autor tem o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor de sua obra, e que depende de sua autorizao a utilizao da obra.Diante dessa realidade faz-se necessrio os acordos serem especficos, detalhados impedindo que eles no tenham uma interpretao ampla. Outrossim, a existncia de rgos de fomento nessa rea exige uma superviso jurdica queles que se verem relacionados pelas regras de incentivo.Cabe ressaltar que as expresses artsticas sofrem restries do Cdigo do Consumidor e do Estatuto da Criana e Adolescente (ECA), onde o criador deve levar em conta o no prejuzo de direitos de consumidores, crianas e adolescentes.Cabe ao produtor tecer contratos civis, comerciais e pblicos com titulares de direitos e prestadores de servios tangentes s operaes de aquisies, investimentos, emprstimos, parcerias, patrocnios, incentivos, comercializao, comunicao ao contedo da obra.Relacionamos os direitos autorais a aqueles que se referem reproduo fiel ou a que serve de inspirao para uma obra pr-existente. Outrossim, temos os direitos conexos que no servem para salvaguardar as obras propriamente, mas situaes expressamente mencionadas em lei. Direitos relacionados personalidade da pessoa humana (nome, imagem, pseudnimo, identidade, intimidade, honra e privacidade), garantidos pela Constituio e Cdigo Civil, so inalienveis e imprescritveis.Acerca dos contratos financeiros, temos o funding que se relaciona com os recursos para pagamento da atividade criadora. Muitas vezes, os recursos so conjuntamente privados e pblicos. A essa troca pode se estender sobre uma parte do direito patrimonial em relao obra (coproduo), ou no se preocupar em conceder titularidade patrimonial alguma, apenas referindo-se a algum resultado patrimonial especfico (alienao).

Lei Rouanet

Na Declarao dos Direitos Humanos, em seu artigo XXVII, assinala-se que todo indivduo tem o direito a usufruir de expresses artsticas. A Constituio Federal vai alm, versando que o Estado deve incentivar e valorizar as diversas manifestaes culturais em nosso territrio.Prosseguindo na Carta Magna, ela, no art. 170, assinala que se deve haver estmulo livre iniciativa e buscar reduzir os desequilbrios regionais. Dentro duma perspectiva contempornea Administrao Pblica, deve-se galgar pelo desenvolvimento atravs de formas incentivadoras e no de coao. A fim de estimular setores estratgicos, dentre eles o cultural, o governo concede estmulos na forma de incentivos fiscais renncia arrecadao de determinado tributo, tais como, isenes, alquota reduzida, suspenso de imposto, tributao especial para atividades de menor interesse econmico etc.No MINC, a Secretaria de Fomento e Incentivo Cultura que uma das responsveis por projetos incentivados. O PRONAC alm de promover a produo cultural tupiniquim no pas, tambm responsvel por promover projetos nacionais a serem apresentados no alm-mar.A lei possibilita incentivar a formao cultural atravs da concesso de bolsas de estudo, pesquisa e trabalho, de prmios em concursos, e manuteno de cursos. Dar fomento realizao de espetculos de artes. Estimular distribuio gratuita de ingressos e pesquisas na rea cultural. Apoiar misses no Brasil e no estrangeiro.O financiamento aos bens culturais ocorreria atravs de:Fundo Nacional de Cultura (FNC), para qualquer modo de produo cultural com menor possibilidade de retorno financeiro. Um rgo competente analisa projetos, oramento e viabilidade. O dinheiro vem do Tesouro Nacional, de doaes e legados, 1% de arrecadao de Fundos e Investimentos Regionais, 3% das loterias esportivas, da converso da dvida externa e do reembolso de emprstimos. O FNC chega a financiar at 80%. Permite que a Unio realize convnios to somente com entidades pblicas ou privadas, sem fins lucrativos. Uma comisso responsvel por selecionar os projetos, bem como apreciar as diretrizes presentes em editais para seleo pblica de projetos, com recursos do FNC.Fundos de Investimentos Culturais e Artsticos (FICART), para financiar formas de reproduo fonovideogrfica, espetculos, edio comercial de artes; compra, reparao e construo de equipamentos para salas de espetculos. O valor do projeto dividido em cotas, colocados no mercado por corretoras. As empresas compram as cotas como se estivessem numa bolsa de valores. Caso haja lucro, a empresar ser taxada; prejuzo, a empresa poder abat-lo no imposto de renda.Incentivo a Projetos Culturais, onde os contribuintes (pessoas fsicas ou jurdicas) patrocinem um projeto, onde o dinheiro pode ser abatido no imposto de renda Essa prtica em conceder essa opo, na forma de doaes ou patrocnios, em projetos culturais chama-se mecenato. Na doao, contrariamente ao patrocnio, o doador no pode ter sua marca veiculada nas peas publicitrias do espetculo. O Incentivo serve para a rea de artes cnicas e visuais, livros de humanidades ou arte, msica, doaes para museus e afins, produes videogrfica e cinematogrfica, e preservao de patrimnio cultural imaterial e material. Pessoas jurdicas podem utiliz-lo para distribuio gratuita de ingressos a espetculos o que equiparado modalidade de doao, bem como destinar seus recursos a projetos do FNC. Podem-se contemplar projetos que prevejam pagamento de previdncias de artistas.

O pr-projeto dever conter o cronograma de execuo e o plano de aplicao de recursos. Os projetos tm que sofrer aprovao estatal, atravs duma avaliao meritocrtica, o que torna a produo artstica lenta. Para protocolar os projetos deve-se utilizar formulrio especfico. Os incentivos tornam-se tangentes por meio do recibo do valor transferido conta bancria do responsvel pelo projeto o proponente.Podem propor projetos pessoas fsicas ou jurdicas (sociedades com ou sem fins lucrativos). Todos devem ter atuao no segmento cultural. A pessoa jurdica sem finalidade lucrativa pode obter recursos atravs de patrocnio ou doao; a lucrativa, patrocnio apenas.A pessoa fsica deve apresentar cpias similares reprogrficas autenticadas do registro de identidade e do Cadastro de Pessoas Fsicas CPF, comprovante de regularidade fiscal na Receita Federal. As com fins lucrativos: cpia autenticada do contrato social e do carto do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica), cpia autenticada da identidade e do CPF do scio-gerente, currculo da empresa (focando a atuao na esfera cultural), comprovaes de regularidade fiscal, negativa de dbitos com o Fundo de Garantia de Tempo do Servio (FGTS), com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e de tributos (estaduais e municipais). As sem fins lucrativos: cpias autenticadas do estatuto, da ata de constituio, do carto do CNPJ, da identidade e CPF do dirigente; currculo, comprovaes de regularidade fiscal, negativas de dbitos com o FGTS, com o INSS e de tributos. Pessoas jurdicas de direito pblico: cpias autenticadas do termo de posse do governante, do carto de CNPJ, da cdula de identidade e do CPF do governante, lei criadora da instituio, comprovaes de regularidade fiscal, negativas de dbitos com o FGTS e com o INSS.O proponente deve especificar o preo de seu espetculo de mercado ou abaixo, proporcionar acesso a pessoas idosas e com deficincia, a possibilidade de cotas de ingresso gratuitas e as formas de divulgao.O formulrio deve conter tambm a identificao do projeto (ttulo, rea cultural, localidade, forma de apoio), identificao do proponente, objetivos, justificativas, estratgia de ao (da formatao prestao de contas), realizao (pblico-alvo, forma de distribuio) e oramento.O oramento deve conter despesa de no mximo de 15% com despesas administrativas, de 20% com a mdia, de 10% com elaborao. Se houver, tambm se deve especificar a origem dos recursos (prprios, outras leis de incentivo). Se convnio, o valor da contrapartida.Para projetos destinados para a rea de artes cnicas deve-se enviar a sinopse do texto, autorizao dos autores, caso seja de terceiros; perodo e roteiro da temporada (nmero de apresentaes, lotao dos teatros, forma de distribuio de ingressos).O projeto pode ser protocolado no prprio Ministrio, numas de suas representaes ou via correio. Ao chegar ao MINC, o projeto recebe um nmero de referncia. O projeto pode ser acompanhado pelo stio do Ministrio. Ocorre uma pr-anlise onde h o exame documental, de possibilidades jurdicas ou tcnicas. Em seguida, ser remetido a um parecerista, o qual fornecer sua anlise tcnica. Se aprovado, o projeto vai Comisso Nacional de Incentivo Cultura (CNIC). Caso aprovado, o proponente deve assinar o tempo de compromisso para que a portaria habilitadora de captao de recursos seja publicada no Dirio Oficial da Unio DOU.O art. 18 da Lei Rouanet deduz integralmente o valor transferido para projeto s artes cnicas e outras reas. Empresas com base no lucro presumido ou arbitrado no podem sofrer benesses de incentivo fiscal cultura. Outrossim, vedado ao patrocinador qualquer vantagem financeira ou material em decorrncia do patrocnio. As transferncias efetuadas pela empresa ao projeto no sofrero recolhimento de Imposto sobre a Renda na Fonte. No pode haver doao ou patrocnio a instituio ou pessoa vinculada ao agente (ter scio como cnjuge, parente at terceiro grau e os dependentes; pessoa jurdica da qual o transferidor seja titular, administrador, gerente, acionista ou scio). Isso no vale apenas para entidades culturais sem fins lucrativos. Pessoa fsica pode investir at 6% do seu Imposto de Renda (IR) devido a projetos culturais.O recibo deve servir de comprovante aos recursos transferidos do incentivador ao proponente. Uma via deve ser remetida para a secretaria autorizadora da captao em at cinco dias teis. Ressalta-se que a liberao de recursos deve ser autorizada pelo Ministrio, e que o valor mnimo de recursos disponvel do total aprovado seja de 20% para que haja a tal permisso de autorizao. Pode ocorrer que o recibo seja referente a bens ou servios e que para isso deve estar j previsto no oramento aprovado. vedada ao proponente pessoa fsica ou jurdica com finalidade lucrativa a aquisio de bens a partir da Lei de Incentivo, exceto materiais adquiridos para serem consumidos no prprio evento. As sem fins lucrativos podem adquirir tais bens, desde que deixem expressos no oramento. A pessoa fsica tem carga tributria superior ao da jurdica, motivo pelo qual o proponente d preferncia a ter incentivadores como pessoa jurdica. Em relao ao pagamento a pessoas fsicas deve-se se observar que IR e ISS (Imposto sobre servios) so descontados do valor bruto que o prestador de servio deve receber. O INSS de responsabilidade do pagador. Para pessoas jurdicas, alm da reteno do IR, deve-se sempre ficar atento s notas fiscais ao consumidor - bens ou servios devidamente discriminados, a tquetes de caixa, a recibos de passagens etc. Como servios que interessam a projetos culturais e sobre os quais incidem alquota de 1,5% sobre o IR na fonte, temos: engenharia (execuo fsica de obras, orientao tcnica), assessoria (trabalhos jurdicos, contbeis, de marketing, de publicidade), recrutamento de pessoal, conservao de bens imveis (segurana, limpeza), cooperativas de trabalho, agenciamento de projetos. Empresas que participam do Simples Nacional regime tributrio diferenciado destinado micro e pequenas empresas no sofrem reteno de pagamentos, tampouco incidncia de IR na fonte.Aps a concluso do projeto cultural em si, o proponente tem trinta dias ulteriores para mostrar a prestao de contas final, contendo todos os valores pagos a terceiro, inclusive impostos e receitas. O extrato bancrio que apresenta as movimentaes financeiras dos recursos da conta-corrente deve apresentar saldo zero. Vale ressaltar que os bens de capital aqueles que incorporam o bem ativo do proponente, bem como os imveis s podem ser adquiridos por pessoa jurdica sem fins lucrativos.O relatrio final deve apresentar os objetivos e metas (explanar o que foi ou no foi realizado, dificuldades na captao), cronograma (dados numricos que envolvam as apresentaes), custos (fontes de capitao com seus respectivos gastos)Pode-se precisar suplementao ao oramento: correo de custos por defasagem temporal (do momento de cotao at a utilizao real dos recursos), alterao de alquotas de impostos etc. O pedido, fundamentado muito bem, deve ser feito ao titular da secretaria em que estiver o projeto, a ser remetido a um parecerista.Se houver parcial ou nenhuma captao e existindo ainda a possibilidade de execuo, o perodo para tal captao ter renovao automtica igual ao perodo inicial, desde que tambm no haja alguma manifestao contrria. A aprovao no garante recursos para a execuo de projetos necessariamente. Vale lembrar tambm que o perfil do projeto montado, pode servir de limite ao perfil de empresas interessadas.So passveis de punio todos aqueles que infringirem qualquer mecanismo de incentivo. Caso haja fraude, dolo ou simulao (incorreta utilizao de recursos, no realizao do projeto) pode-se aplicar ao incentivador e ao proponente a multa corresponde a duas vezes o valor da vantagem. O projeto pode ser interrompido pelo Ministrio caso se perceba o no cumprimento do cronograma, dificultar a fiscalizao, tornar-se inadimplente com rgo pblico ou, em razo do projeto, com qualquer pessoa fsica ou jurdica. Fraudar a reduo do IR tipificado como crime (recluso de dois a seis meses e multa no valor de 20% do projeto).A logomarca do Ministrio da Cultura deve ser inserida em produtos materiais ou em peas promocionais resultante de programas de incentivo.Para Cesnik (2007, p. XVII), o envolvimento entre o ente privado e o governo nas relaes com produtores culturais e artistas criou uma profissionalizao do mercado. Prossegue ele que as formas de incentivo fizeram com que as organizaes empresariais se atentassem para a manifestao cultural, como uma forma alternativa de divulgao de seu produto/servio, possibilitando benesses com o marketing indireto. Elas trouxeram incrementos sociais e econmicos, com a gerao de empregos. Outrossim, possibilita isso ao artista no a transformao de sua obra em mero produto mercadolgico, mas com que ela seja apresentada ao pblico com melhor estrutura.

Lei de incentivo cultura do Estado de So Paulo (PROAC) Lei n 12.268/06

Os recursos so originados a partir do oramento da Secretaria de Estado de Cultura, O Fundo Estadual de Cultura e o mecenato. A apresentao de projetos pode ser feita por pessoa fsica e jurdica que tenha como objeto atividades culturais, e que comprovem domiclio ou sede no Estado h dois anos, ao menos.Os proponentes devem fazer o cadastro junto Secretaria, devendo apresentar: cpia do comprovante de CNPJ, cpia do contrato social, do estatuto ou da ata de constituio, cpia do termo de posse do dirigente, cpias da cdula de identidade e do CPF do representante da instituio, comprovante do endereo da empresa, certido negativa de dbito do INSS e do FGTS, declaraes em papel timbrado assinadas pelo representante da instituio de regularidade perante o Ministrio do Trabalho e a Administrao pblica.Caso o cadastro seja aprovado, o proponente recebe por correio eletrnico um nmero de cadastro Cadastro Geral do Proponente (CGP). O proponente pode, a partir de agora, apresentar seu projeto.A lei assinala que pessoas jurdicas com estabelecimento em So Paulo podem descontar at 3% de seu Imposto de Circulao de Mercadoria e Servios (ICMS), conforme a apurao anual do imposto.O incentivador deve fazer cadastro na Secretaria da Fazenda. No pode ter participao alguma em qualquer tipo de direito (patrimonial, autoral ou de receita) com o projeto a ser custeado, no podendo tambm apoiar projetos em que seja beneficiria a empresa patrocinadora, scios, diretores, cnjuges e parentes em primeiro grau, exceto casos especficos.A Comisso de Anlise de Projetos (CAP) levar em conta a compatibilidade de custos, capacidade para a realizao do projeto entre outros. Sendo aprovado, ser emitido um Certificado de Incentivo Cultural, estando apto a receber recursos de abatimento fiscal durante o mesmo exerccio fiscal da aprovao. A primeira renovao no exerccio seguinte automtica. Caso o projeto receba investimentos doutras fontes pblica, o proponente deve informar a Secretaria em at quarenta e oito horas.

Lei Mendona (10.923/90) Municpio de So Paulo

Nome dado em homenagem ao autor da lei, o vereador Marcos Mendona. Regulamenta os incentivos fiscais, concedendo aos contribuintes do Imposto Predial e Territrio Urbano (IPTU) e do Imposto Sobre Servio (ISS) benesses fiscais a investimentos para projetos culturais.O ttulo de transferncia pode ser em doao, patrocnio ou investimento, generalizando o limite de 20% do valor devido do ISS ou IPTU, e sob a forma de pecnia, bens ou servios. O mecenas no pode estar em dvidas com a Prefeitura de So Paulo. A anlise dos projetos deve se restringir somente ao aspecto oramentrio. D-se prioridade a aqueles em que os incentivadores desejem participar do projeto, bem como os que possibilitem o desenvolvimento do turismo na urbe e a valorizao das manifestaes paulistanas. O empreendedor o proponente chamado pela referida lei deve residir no municpio. O projeto deve ocorrer em maior na urbe paulistana, podendo, portanto, expandir-se a outros municpios. O empreendedor deve abrir conta corrente especfica.As pessoas fsicas devem ter como documentos: cpias da cdula de identidade e do CPF, cpias de comprovante de domiclio na urbe de So Paulo (qualquer tipo de correspondncia em seu nome ou contrato de aluguel de imvel etc.), currculo profissional. Jurdicas: cpias do instrumento constitutivo da instituio, cpias da ata de eleio da diretoria, cpia do carto de inscrio no CNPJ, currculo da instituio ou de seus scios principais, cpias do comprovante de domiclio no municpio de So Paulo, RG e CPF do representante legal. A tramitao comea com a abertura do edital pela Secretaria Municipal de Cultura para a percepo de projetos, para aps o fim do prazo, ser publicada a relao de todos os projetos inscritos. O Grupo de Trabalho (GT) faz a primeira anlise, a qual ser remetida Comisso de Averiguao e Avaliao de Projetos Culturais (CAAPC) que definir o valor do incentivo a cada projeto conforme a disponibilidade oramentria, aqueles que priorizam as aes que visem atingir as comunidades com menor acesso a bens culturais, a capacidade econmica de autossustentao. A aprovao ocorre consoante comprovao de documentos por parte do empreendedor, dentro de trezentos e sessenta e cinco dias, contados a partir da publicao do resultado pr-qualificatrio: manifestao do incentivador (valores, forma de transferncia, cronograma de repasses), cpia do carto de contribuinte mobilirio do incentiva ou carn do IPTU de que conste ser ele o proprietrio, comprovao de regularidade do empreendedor junto Previdncia Social, comprovao de regularidade do empreendedor relativamente ao ISS, IPTU e Previdncia Social.Caso aprovado, o municpio emite o certificado de investimento vlido por dois anos a partir da data de expedio. O incentivo pode ser usado para pagamento do montante do imposto devido, com a excluso de multa e juros de mora e desde que os dbitos no estejam inscritos na Dvida Ativa.O empreendedor deve apresentar o comprovante de despesas e o parecer do contador responsvel at sessenta dias aps a finalizao do trabalho artstico. Entre os documentos esto: demonstrativo de recursos e despesas, notas fiscais, tquetes de caixa, cpia de carto de iseno ou guia de recolhimento dos impostos, extrato bancrio com saldo zerado. Os comprovantes de despesas devem citar nominalmente o executor do projetor. As notas fiscais, recibos, recolhimento do ISS e IR devero conter o nome e o endereo do empreendedor, e identificao do projeto, quando possvel. As despesas com aquisio de material permanente sero aceitas somente se o empreendedor for pessoa jurdica sem finalidade lucrativa. Pode haver sano de dez vezes ao empreendedor uso incorreto da aplicao de recursos.

Consideraes finais

Inicialmente, gostaramos de falar acerca das dificuldades encontradas na pesquisa. A cultura como arte est relacionada a diferentes ramos do conhecimento humano. Dando como exemplo apenas a legislao referente a incentivos na cultura, constatamos diversas reas presentes, como Civil, Constitucional, Administrativo, Econmico, Previdencirio e Penal. Isso sem falar em antropologia, marketing, administrao etc. Com perodo de pesquisa diminuto, ns no conseguimos nos aprofundar melhor na rea jurdica, nem em outras igualmente importantes.Num mundo extremamente globalizado, intoxicado pela cultura mainstream, faz-se mister conhecer a cultura de diferentes povos. O Brasil um expoente dessa diversidade, com uma potencialidade fantstica, permitindo a combinao dessa cultura genuna e miscigenada em demasia com a atividade turstica.Felizmente, a partir da dcada de 90, o Estado voltou a olhar para a cultura com maior carinho. As leis especficas de fomento a essa rea deram uma vitalidade enorme, permitindo a execuo de projetos importantes em prol do nosso povo. Preciso constituir um pacto contnuo, suprapartidrio e republicano, atenuando as divergncias polticas, a fim de avanar ainda mais, capaz de promover a cultura tupiniquim em diversas partes do Planeta.

Referncias bibliogrficas

BRASIL. Constituio Federal da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF, 5 out. 1988. Disponvel em: . Acesso em: 2 abr. 2015.BRASIL. Lei n 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Restabelece princpios da Lei n 7.505, de 2 de julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio Cultura (Pronac) e d outras providncias., Disponvel em: . Acesso em: 2 abr. 2015.BRASIL. Lei n 9610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias. Disponvel em: . Acesso em: 2 abr. 2015.BRASIL. Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Cdigo Civil. Disponvel em: . Acesso em: 2 abr. 2015.CESNIK, Fbio de S. Guia do incentivo cultura. Barueri: Manole, 2007.MARSON, Melina Izar. Cinema e Polticas de Estado: da Embrafilme Ancine. So Paulo: Escrituras, 2009.MELEIRO, Alessandra (Org.). Cinema e Economia Poltica. So Paulo: Escrituras, 2009.Ministrio da Cultura. Disponvel em: . Acesso em: 1 abr. 2015.SO PAULO (Municpio). Lei n 10.923, de 30 de dezembro de 1990. Dispe sobre incentivo fiscal para a realizao de projetos culturais, no mbito do Municpio de So Paulo. Disponvel em: . Acesso em: 1 abr. 2015.Secretaria de Estado de Cultura. Disponvel em: . Acesso em: 1 abr. 2015.