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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH/UFRJ Instituto de Psicologia – IP/UFRJ Psicanálise/IPA Nome: Filipe Maia Antunes DRE: 114093210 Questão: COMO O CONCEITO DE FANTASIA SE RELACIONA COM A SEXUALIDADE INFANTIL E A SUA DESCOBERTA? A fantasia é uma atividade mental que camufla um desejo ou lembrança traumática que, por extrapolar os limites impostos pela censura do inconsciente, foi recalcada. Ao se tratar da gênese da neurose, Freud explica que a fantasia é um mecanismo que tenta mascarar um desejo iniciado na infância e que, através de lembranças traumáticas, tenha sido evocado na adolescência, agora com maturidade suficiente para elaborar tal lembrança, o que causa tremendo desconforto e desprazer por influência da censura, portanto, esse desejo da infância do sujeito é recalcado e sua lembrança é mascarada por uma fantasia que substitui tal imagem traumática por uma que seja aceitável e que não cause tanto impacto ao indivíduo. Ainda assim, a fantasia pode ser um motivo de vergonha para esse indivíduo, fazendo com que o conteúdo dessa fantasia também seja recalcado. Dessa forma, a fantasia pode ser traduzida por meio de mímica em ataques histéricos ou por meio de representações distorcidas em sonhos, tendo em vista que (i) a fantasia e os sonhos compartilham da mesma natureza e dos mesmos mecanismos que os compõem e (ii) as distorções alucinatórias dos sonhos e das representações mímicas da fantasia se dão devido ao fato de que o desejo ligado a fantasia tenha sido reprovado pela censura imposta pelo inconsciente antes que este [o desejo] se tornasse consciente.

Questão de Psicanálise - UFRJ

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Questão de psicanálise dada na disciplina de psicanálise da UFRJ, respondida pelo aluno Filipe Maia Antunes.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCentro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH/UFRJ

Instituto de Psicologia – IP/UFRJ

Psicanálise/IPA

Nome: Filipe Maia Antunes

DRE: 114093210

Questão: COMO O CONCEITO DE FANTASIA SE RELACIONA COM A SEXUALIDADE INFANTIL E A SUA DESCOBERTA?

A fantasia é uma atividade mental que camufla um desejo ou lembrança traumática que, por extrapolar os limites impostos pela censura do inconsciente, foi recalcada. Ao se tratar da gênese da neurose, Freud explica que a fantasia é um mecanismo que tenta mascarar um desejo iniciado na infância e que, através de lembranças traumáticas, tenha sido evocado na adolescência, agora com maturidade suficiente para elaborar tal lembrança, o que causa tremendo desconforto e desprazer por influência da censura, portanto, esse desejo da infância do sujeito é recalcado e sua lembrança é mascarada por uma fantasia que substitui tal imagem traumática por uma que seja aceitável e que não cause tanto impacto ao indivíduo. Ainda assim, a fantasia pode ser um motivo de vergonha para esse indivíduo, fazendo com que o conteúdo dessa fantasia também seja recalcado.

Dessa forma, a fantasia pode ser traduzida por meio de mímica em ataques histéricos ou por meio de representações distorcidas em sonhos, tendo em vista que (i) a fantasia e os sonhos compartilham da mesma natureza e dos mesmos mecanismos que os compõem e (ii) as distorções alucinatórias dos sonhos e das representações mímicas da fantasia se dão devido ao fato de que o desejo ligado a fantasia tenha sido reprovado pela censura imposta pelo inconsciente antes que este [o desejo] se tornasse consciente.

Juntando isso ao fato de que os sintomas histéricos têm relação com um retorno a um modo de satisfação sexual presente na infância e que, a partir daí, tem sido reprimido (FREUD, 1908) e que, além disso, são resultado de um embate entre pulsões antagônicas (uma de afirmação do desejo e outra de repressão do mesmo), afere-se que a sexualidade está presente na vida infantil e, não somente isso, mas também influencia ativamente nos processos de desenvolvimento físico, psíquico e social na vida adulta. Um bom exemplo de fantasia presente na infância é a da relação com os pais explicada pelo Complexo de Édipo, onde a criança recalca a ideia de uma investida erótica em relação aos pais após o momento de castração. A menina se vê impossibilitada de possuir um pênis e o menino se vê castrado pelo pai. Ambos reconhecem, inconscientemente, a incapacidade da realização desse investimento erótico, inclusive por uma questão fisiológica e intelectual, entrando no

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período de latência do complexo de Édipo. Essas questões serão retomadas com força superior na adolescência, onde o adolescente precisa deslocar seus pais da posição de objeto de investimento de desejo e procurar fora do seio familiar algo ou alguém que preencha esse espaço.