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Questões Direito Penal Comentadas (PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) Com relação ao erro de tipo e ao erro de proibição, assinale a alternativa INCORRETA: a) O erro de tipo permissível inescusável é aquele que recai sobre situação de fato, excluindo a culpabilidade dolosa, mas permitindo a punição do agente a título de culpa. b) De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, todo e qualquer erro que recaia sobre uma causa de justificação é erro sobre a ilicitude do fato.

Questões Comentadas Direito Penal

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Algumas questões de Direito Penal com gabarito e comentários.

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Questes Direito Penal Comentadas

Questes Direito Penal Comentadas

(PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polcia) Com relao ao erro de tipo e ao erro de proibio, assinale a alternativa INCORRETA:a) O erro de tipo permissvel inescusvel aquele que recai sobre situao de fato, excluindo a culpabilidade dolosa, mas permitindo a punio do agente a ttulo de culpa.

b) De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, todo e qualquer erro que recaia sobre uma causa de justificao erro sobre a ilicitude do fato.c) O erro, sobre a causa do resultado, afasta o dolo ou a culpa, tendo em vista que recai sobre elemento essencial do fato.

d) O erro de proibio mandamental aquele que recai sobre uma norma impositiva e, se inevitvel, isenta o agente de pena.Comentrios:

a) CORRETA (pela banca, mas absurda a forma que foi escrita).O erro (de tipo) pode ser sobre o tipo permissivo ou incriminador, sobre o fato ou sobre o direito ou ainda inescusvel ou escusvel. Assim, no lgico afirmar que o "Erro permissivo (e a banca ainda escreveu "permissvel") inescusvel aquele que recai sobre situao de fato".

O erro permissivo (descriminante putativa) pode ser tanto sobre elementos do fato (erro de tipo permissivo, de acordo com a teoria limitada da culpabilidade) ou sobre o direito do fato (erro sobre os limites autorizadores das excludentes por exemplo, erro de permisso - erro de proibio, segundo a teoria limitada da culpabilidade).

E por que a assertiva escreveu "excluindo a culpabilidade dolosa"?

Essa premissa do sistema clssico de Liz, Beling e RadBruch. Culpabilidade Dolosa coisa do sistema clssico (causal) em que o dolo permanecia na culpabilidade, como espcie desta.

Assertiva temerosa.

b) CORRETA.Sim, para a teoria extremada (diferente da limitada), no importa que o erro tenha sido sobre pressupostos fticos de uma situao de justificao, limites ou at mesmo existncia de uma justificante. Para esta teoria, tudo ser considerado como erro de proibio.

c) ERRADA.O erro sobre o nexo causal no incide sobre elemento essencial e sim sobre o nexo que une a conduta ao resultado (ABERRATIO CAUSAE). Est dentro do conceito de DOLO GERAL onde o agente imagina que o crime se consumou com sua 1 conduta porm somente houve a consumao devido condutas posteriores.

Ex: Agente atira para matar, imagina ter se consumado o homicdio, e enterra a vtima para ocultar o cadver e a mesma acaba morrendo por asfixia.

Fato que a responsabilidade penal do autor continua, mas o nexo causal foi distinto do que esse imaginava.

O aberratio causae no exclui o dolo nem a culpa, no isentando o agente de pena, respondendo o agente pelo crime provocado, mas com qual nexo?

1 corrente Responde pelo crime considerando o nexo efetivo, ocorrido, real. Considera-se o nexo real, suficiente para provocar o resultado desejado (o agente quer matar de qualquer jeito) posio majoritria;2 corrente Responde pelo crime considerando o nexo pretendido, projetado, virtual. Considera-se o nexo visado, (pretendido), evitando-se responsabilidade penal objetiva;

3 corrente ZAFFARONI princpio do in dubio pro ru considera-se o mais benfico ao ru.

d) CORRETA.O erro mandamental ocorre nos crimes omissivos. O erro do agente recai sobre uma norma impositiva, que manda fazer, que est implcita nos tipos omissivos. Por exemplo, algum que deixa de prestar socorro porque acredita, por erro, que esta assistncia lhe trar risco pessoal, ou seja, pensa que h o risco, quando este no existe, comete erro de tipo.

Porm, se esta mesma pessoa, consciente da ausncia de risco pessoal, consciente da situao de perigo e da necessidade de prestar socorro no o faz, porque acredita que no est obrigado a faz-lo pela ausncia de qualquer vnculo com a vtima, incide em erro de proibio mandamental.

Questo comentada - Teoria do Delito(MPE-PR - 2012 - MPE-PR - Promotor de Justia) Sobre a culpabilidade, assinale a alternativa correta:

a) O legislador penal brasileiro adotou o critrio biolgico para aferio da idade penal e o critrio psicolgico para aferio da sanidade mental;

b) O erro de proibio direto, incidente sobre a existncia, a validade ou o significado da lei penal, possui tratamento jurdico diverso do erro de proibio indireto, incidente sobre os limites jurdicos de uma causa de justificao legal ou sobre a existncia de uma causa de justificao inexistente;

c) B realiza ao tpica de dano qualificado (CP, art. 163, nico, inciso III), supondo situao de fato que, se existente, caracterizaria o estado de necessidade: de acordo com a teoria da culpabilidade adotada pelo Cdigo Penal, a ao de B, nesta hiptese, no resulta em qualquer responsabilidade penal, seja o erro evitvel ou inevitvel;

d) O cidado comum que, ao realizar priso em flagrante delito, acredita que est autorizado legalmente a praticar leses corporais no preso, encontra-se em situao de erro de proibio direto, incidente sobre a existncia da lei penal;

e) A coao moral, se irresistvel, constitui causa legal de excluso da culpabilidade do coagido, e se resistvel, constitui causa especial de diminuio de pena.

Comentrios:

Impende ressaltar que a questo exige uma boa dose de conhecimento quanto Teoria Geral do Delito. Vamos aos comentrios das assertivas:

A letra A est ERRADA. Insta frisar que a INIMPUTABILIDADE exclui a IMPUTABILIDADE e, como conseqncia, exclui a prpria culpabilidade, haja vista que os trs elementos da mesma (potencial conscincia da ilicitude, imputabilidade e exigibilidade de conduta diversa) so CUMULATIVOS. Excluindo qualquer um deles, a prpria culpabilidade cai por terra.

Assim, temos que para que se fale em INIMPUTABILIDADE, dois so os sistemas adotados pelo nossa Lei substantiva penal: O critrio biopsicolgico (Art. 26, CP) e o biolgico (Art. 27, CP).

Para a menoridade penal, o critrio adotado o estritamente BIOLGICO. Dispensa-se qualquer anlise psicolgica da mente do menor. To somente sua idade gera uma presuno Juris et de jure, ou seja, absoluta de inimputabilidade.

Agora, com relao sanidade mental, o critrio adotado NO o psicolgico (o qual no encontra guarida em nosso ordenamento jurdico) e sim o BIOPSICOLGICO, consoante o artigo 26 do Cdigo Penal.

A letra B est ERRADA. Tanto o erro de proibio DIRETO (Art. 21, CP) quanto o erro de proibio INDIRETO (aquele que se perfaz quando o agente atua com erro sobre a existncia ou limites de uma justificante penal) possuem o mesmo tratamento jurdico. Ambos so causas excludentes de culpabilidade (pela ausncia de potencial conscincia da ilicitude) se ESCUSVEIS, ou minorantes, se INESCUSVEIS.

A letra C est CORRETA. A assertiva diz, claramente, que o sujeito ativo agiu supondo situao de fato que, se existente, caracterizaria o estado de necessidade (uma justificante penal). Assim, de acordo com a teoria da culpabilidade adotada pelo nosso Cdigo Penal (Teoria limitada, consoante o item 19 da exposio de motivos do CP), este tipo de erro configura uma espcie de ERRO DE TIPO PERMISSIVO ou ERRO DE TIPO ESSENCIAL INDIRETO ou CULPA IMPRPRIA (Art. 20, 1, CP). Assim, a conseqncia jurdica a mesma do erro de tipo propriamente dito; Se escusvel, exclui-se dolo e culpa; Se inescusvel, exclui-se o dolo e permite a Culpa, se for prevista em Lei a possibilidade de punio do delito na sua forma culposa.

Destarte, a questo fala no crime de DANO (Art. 163, CP). Ocorre que este delito NO admite a modalidade culposa. Assim, seja o erro evitvel ou inevitvel no ser possvel punio!

Cuidado: Quando se fala em que no admite a modalidade culposa, significa dizer que o seu cometimento culposo NO interessa ao Direito Penal, pois no foi previsto em Lei. No significa dizer que no se possa danificar o bem de algum culposamente, mas, nesta situao, outros ramos do direito (notadamente o Direito Civil) iro atuar.

A letra D est ERRADA. Bom, consabido que a priso em flagrante constitui dever das autoridades pblicas e faculdade dos particulares.

Se uma autoridade pblica prende algum em flagrante, ela est praticando um fato tpico, todavia no ilcito por atuar em estrito cumprimento do dever legal (Art. 23, III, CP).

Se um particular prende algum em flagrante, ele est praticando um fato tpico, contudo no ilcito por atuar em um exerccio regular de um direito (Art. 23, III, CP).

Bom, temos, portanto que se o agente atua com conscincia de que pode realizar a priso em flagrante delito, mas supe poder causar leses corporais no preso, ele age em ERRO DE PERMISSO ou ERRO DE PROIBIO INDIRETO, no em situao de erro de proibio direto, pois, in casu, no houve erro sobre a ilicitude do fato, e sim erro sobre os limites de uma causa de justificao.

A letra E est ERRADA, pois a coao moral, se irresistvel, realmente constitui causa legal de excluso da culpabilidade do coagido, como causa de inexigibilidade de conduta diversa. Entretanto, se a coao for RESISTVEL, no h que se falar em causa especial de diminuio de pena, mas sim em circunstncia ATENUANTE, conforme dispe o artigo 65, III, c do Cdigo Penal.

Questo dificlima sobre a Teoria do Erro(CESPE - 2013 - TJMA - Juiz de Direito) A respeito do erro em matria penal, assinale a opo correta:a) Erro de pessoa e aberratio ictus so espcies de erro na execuo do crime, no tendo nenhuma relao com a representao que o agente faz da realidade.b) Consoante a teoria estrita da culpabilidade, o erro penalmente relevante referido a uma causa de excluso da ilicitude pode, ou no, configurar erro de permisso, ou seja, erro de proibio indireto.c) De acordo com a teoria limitada da culpabilidade, o erro de tipo permissivo inconfundvel com a hiptese descrita expressamente no Cdigo Penal brasileiro como descriminante putativa.d) Segundo a teoria extremada do dolo, o erro inevitvel, seja em relao aos elementos do tipo, seja em relao conscincia da ilicitude, sempre exclui o dolo e, em consequncia, tambm a culpabilidade.COMENTRIOS:Desde logo necessrio dizer que a Questo em tela de alto nvel, muito bem elaborada e que exige muito estudo dos candidatos (j o "chute certeiro", claro, dispensa comentrios - risos).A questo exige tanto estudo dos candidatos que ela contempla, inclusive, as teorias extrema e limitada do dolo, que so legal e doutrinariamente consideradas "peas de museu", haja vista que h muito tais teorias foram superadas pelas denominadas "teorias da culpabilidade no estudo do erro nas causas de justificao (descriminantes putativas)".Passemos a um breve resumo das teorias do dolo e da culpabilidade:A) Teoria Estrita, Extrema ou Extremada do Dolo: O dolo normativo (conscincia das elementares do tipo penal + vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado + conscincia ATUAL da ilicitude) e reside na culpabilidade. Assim sendo, seja quando o agente incorre em erro quanto existncia de uma elementar do tipo penal, seja quando ele atua sem ter a ATUAL conscincia da ilicitude, o dolo excludo. Uma vez excludo, a culpabilidade excluda. Desse modo, para a teoria em comento, todo erro quanto a uma causa de justificao (quanto aos pressupostos fticos; ou quanto existncia ou limites da causa de justificao) exclui a culpabilidade ao argumento da inexistncia do dolo normativo.B) Teoria Limitada do Dolo: O dolo normativo (conscincia das elementares do tipo penal + vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado + conscincia POTENCIAL da ilicitude) e reside na culpabilidade. Assim sendo, seja quando o agente incorre em erro quanto existncia de uma elementar do tipo penal, seja quando ele atua sem ter a POTENCIAL conscincia da ilicitude, o dolo excludo. Uma vez excludo, a culpabilidade excluda. Desse modo, para a teoria em comento, todo erro quanto a uma causa de justificao (quanto aos pressupostos fticos; ou quanto existncia ou limites da causa de justificao) exclui a culpabilidade ao argumento da inexistncia do dolo normativo.A distino entre as teorias do dolo no tratamento das causas de justificao diz respeito unicamente a que na teoria extremada o dolo normativo exige conscincia ATUAL da ilicitude; na teoria limitada o dolo, que tambm normativo, requer apenas que a conscincia da ilicitude seja meramente POTENCIAL. Seja como for, as teorias do dolo foram superadas pela teoria finalista da ao, de Hans Welzel, pela qual o dolo foi removido da culpabilidade conduta (e esta integra o tipo penal incriminador), e o elemento normativo do dolo foi deste removido e inserido na culpabilidade sob a denominao de "conscincia potencial da ilicitude". A culpabilidade, enfim, passou a ser totalmente normativa (sem qualquer elemento psicolgico, portanto), com os seguintes elementos: imputabilidade; conscincia potencial da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. No tratamento da natureza do erro quanto s causas de justificao (descriminantes putativas) surgiram, ento, as chamadas "teorias da culpabilidade", para as quais o agente sempre age com dolo quando opera naquele erro (no se fala, assim, em excluso do dolo).C) Teoria Estrita, Extrema ou Extremada da Culpabilidade: minoritria na doutrina e NO foi adotada pelo nosso Cdigo Penal. Ela proclama que todo e quanto erro quanto a uma causa de justificao (seja o erro quanto existncia dos pressupostos fticos da justificante, seja o erro quanto existncia ou limites da justificante) SEMPRE ERRO DE PROIBIO INDIRETO.D) Teoria Limitada da Culpabilidade: majoritria na doutrina e FOI adotada pelo nosso Cdigo Penal (vide item 19 da Exposio de Motivos do Cdigo Penal), de sorte que tal teoria que deve nortear os candidatos na resoluo de questes de concursos pblicos sobre erro nas causas de justificao. Com relao pergunta: "o erro quanto a uma causa de justificao (descriminante putativa) erro de proibio indireto ou erro de tipo permissivo?". A teoria extremada da culpabilidade responderia sem hesitao: " SEMPRE erro de proibio indireto (art. 21 do CP)!". J a teoria limitada da culpabilidade responde com um singelo "DEPENDE do caso concreto". Para esta teoria, o erro quanto a uma causa de justificao pode ser "erro de proibio indireto" (art. 21 do CP), caso o erro recaia sobre a existncia ou os limites de uma justificante; ou, na linguagem de Jescheck e Gallas, a descriminante putativa ocorre por "erro de tipo permissivo" (tambm denominado "erro de permisso") (art. 20, 1, do CP), na eventualidade de o erro do agente incidir sobre os pressupostos fticos de uma justificante.Observe-se, logo, que enquanto a teoria limitada da culpabilidade oferece "opes" quanto natureza do erro na causa de justificao (descriminante putativa), podendo ser erro de tipo permissivo (art. 20, 1, do CP) ou erro de proibio indireto (art. 21 do CP), a teoria extrema diz que este erro sempre o mesmo: erro de proibio indireto.Passemos doravante anlise das alternativas da Questo Comentada...A) A letra A est INCORRETA. Erro sobre a pessoa ("error in persona"), art. 20, 3, do CP, e "aberratio ictus" (erro na execuo), art. 73 do CP, so espcies do gnero ERRO DE TIPO ACIDENTAL. A questo equivoca-se ao equiparar o erro sobre a pessoa com o erro sobre a execuo, posto que so espcies de erro (do gnero acidental) distintas.

No erro sobre a pessoa existe ERRO DE REPRESENTAO DA VTIMA. Numa linguagem simples, o agente "confunde" o alvo. Ex: Quer matar seu tio, mas acaba matando seu pai, por confundi-lo com seu tio.J na "aberratio ictus" existe ERRO DE EXECUO, dizer, h uma execuo defeituosa, da porque o alvo atingido diverso. Ex: Quer matar seu tio, mas como o agente tem uma pssima pontaria, atinge e mata apenas seu pai, que se encontrava a alguns metros do tio.Como complemento, insta salientar que, embora sejam modalidades de erros distintas, a consequncia jurdica a mesma entre os arts. 20, 3, e 73 do CP: o agente responde pelo crime doloso; todavia, de acordo com as caractersticas da vtima virtual (almejada, visada), no da vtima real (efetivamente atingida). Assim, nos exemplos retro citados, o agente responde por homicdio sem a incidncia da agravante (crime praticado contra ascendente - art. 61, II, e, do CP).B) A letra B est INCORRETA. Para a teoria estrita ou extremada da culpabilidade, qualquer erro sobre uma descriminante (pressupostos fticos, existncia ou limites) tido como erro de proibio indireto (art. 21 do CP), a ter repercusses no campo da culpabilidade. Para a assertiva ser correta, ela teria que tratar da teoria limitada da culpabilidade, pois, para esta, se o erro for sobre pressupostos fticos, estaremos diante de erro de tipo permissivo (art. 20, 1, do CP). Se o erro for sobre limites ou existncia da descriminante, estaremos diante de erro de proibio. Outra falha da alternativa: da forma como est redigida, o erro de tipo permissivo e o erro de proibio indireto seriam a mesma coisa, o que no verdade.C) A alternativa C tambm est INCORRETA. Ela diz que o erro de tipo permissivo no aquele erro estampado no art. 20, 1, do CP. Ora, esse dispositivo versa exatamente sobre o erro de tipo permissivo. Muito evidente o erro da alternativa.D) A alternativa D, finalmente, a CORRETA. Com efeito, segundo exposto acima, na teoria extrema(da) do dolo o erro que recai sobre o aspecto psicolgico cognoscitivo do dolo (conscincia das elementares do tipo penal incriminador) ou sobre a conscincia atual da ilicitude exclui o dolo e, por conseguinte, exclui a culpabilidade (na acepo que a doutrina tinha antes da teoria finalista da ao).

EFICCIA DA SENTENA PENAL ESTRANGEIRA(CESPE 2012 TCE-ES Auditor de Controle Externo Direito)A eficcia da sentena penal condenatria proferida no estrangeiro depende de homologao tanto para obrigar o condenado reparao do dano, a restituies e a outros efeitos civis quanto para o reconhecimento da reincidncia.( )Certo ( )Errado

Comentrio:ERRADO. Aqui vai uma dica: A sentena penal condenatria proferida no estrangeiro, a rigor do que dispe o artigo 9 do CP, necessita de homologao (atravs do STJ, aps a EC/04) para obrigar o condenado reparao do dano, a restituies e outros efeitos civis e para sujeit-lo medida de segurana. Entretanto, vos digo DUAS situaes em que a homologao desnecessria:Reconhecimento da reincidncia(Art. 63, CP) e para fins de detrao (Art. 42, CP).

CRIMES CONTRA A VIDA(CESPE 2011 PC-ES Escrivo de Polcia Especficos)Juca, portador do vrus HIV, de forma consciente e voluntria, manteve relaes sexuais com Jssica, com o objetivo de transmitir-lhe a doena e, ao fim, alcanou esse objetivo, infectando-a. Nessa situao, Juca incorreu na prtica do crime de perigo de contgio venreo.( ) Certo ( ) Errado

COMENTRIO:ERRADO. O reconhecimento do homicdio privilegiado causa de diminuio (minorante) de pena, no de iseno. Neste sentido: Informativo 603-STF, HC 98712/SP, rel. Min. Marco Aurlio, 5.10.2010. (HC-98712) Chegou ao STF um caso especfico de um portador de vrus HIV, no qual o indivduo sabendo que possua tal doena, mantinha de forma deliberada relaes sexual sem o uso de preservativo, omitindo-a de seus parceiros. Apesar de a doutrina majoritria entender que se trata de tentativa de homicdio, a jurisprudncia da Suprema Corte conclui que se deve afastar a imputao desse delito e que, de forma no consensual, se trata de leso corporal qualificada pela enfermidade incurvel.

ATENO: SE O DOLO FOR DE MATAR, SE HOUVER O ANIMUS NECANDI, PODER SE CARACTERIZAR TENTATIVA DE HOMICDIO.CRIMES CONTRA A VIDA

(CESPE 2012 DPE-AC Defensor Pblico)Uma mulher grvida, prestes a dar luz, chorava compulsivamente na ante-sala de cirurgia da maternidade quando uma enfermeira, condoda com a situao, perguntou o motivo daquele choro. A mulher respondeu-lhe que a gravidez era espria e que tinha sido abandonada pela famlia. Aps dar luz, sob a influncia do estado puerperal, a referida mulher matou o prprio filho, com o auxlio da citada enfermeira. As duas sufocaram o neonato com almofadas e foram detidas em flagrante. Nessa situao hipottica,a) a mulher e a enfermeira devero ser autuadas pelo crime de infanticdio; a primeira na qualidade de autora e a segunda na qualidade de partcipe, conforme prescreve a teoria monista da ao.

b) a mulher e a enfermeira devero ser autuadas pelo crime de infanticdio; a primeira na qualidade de autora e a segunda na qualidade de co-autora, visto que o estado puerperal consiste em uma elementar normativa e se estende a todos os agentes.

c) a mulher dever ser autuada pelo crime de infanticdio e a enfermeira, pelo crime de homicdio, j que o estado puerperal circunstncia pessoal e no se comunica a todos os agentes.

d) a mulher e a enfermeira devero ser autuadas pelo crime de homicdio, consoante as determinaes legais estabelecidas pelas reformas penais de 1940 e 1984, que rechaam a compreenso de morte do neonato por honoris causae.

e) a mulher dever ser autuada pelo crime de infanticdio e a enfermeira, pelo crime de homicdio, uma vez que o estado puerperal circunstncia personalssima e no se comunica a todos os agentes.

COMENTRIO: LETRA B. Infanticdio crime prprio. Como regra, apenas a me, sob influencia do estado puerperal, pode ser sujeito ativo deste delito. Todavia, como crime prprio, admite co-autoria e participao. Neste caso, de acordo com o artigo 30 do CP, a condio do puerprio, por ser elementar do delito de infanticdio, se comunica ao co-autor ou partcipe. Explicado isto, temos que as duas iro responder por infanticdio. Agora, a enfermeira ser co-autora ou partcipe? De acordo com a teoria restritiva do concurso de pessoas, a enfermeira, por ter praticado o verbo ncleo do tipo, juntamente com a me, ser co-autora e no partcipe, posto que fez mais do que induzir, instigar ou auxiliar.EXTINO DA PUNIBILIDADE - PRESCRIO(FCC - 2008 - MPE-CE - Promotor de Justia) No caso de concurso de crimes, a prescrio incidir:

a) sobre a pena de cada um, isoladamente, apenas na hiptese de prescrio da pretenso executria.

b) sempre sobre o total da pena.

c) sobre o total da pena, se o concurso for material, e sobre a pena de cada um, isoladamente, se formal.

d) sobre a pena de cada um, isoladamente, se corresponder a crime continuado, e sobre total, se o concurso for material ou formal.

e) sempre sobre a pena de cada um, isoladamente.

RESOLUO:Primeiramente, observem que a FCC trocou"extino da punibilidade"por"prescrio", apenas para tentar diferenciar da literalidade do Art. 119 do CPB que assim diz:

" Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extino da punibilidade incidir sobre a pena de cada um, isoladamente."Porm, todos sabem que a prescrio uma das causas de extino da punibilidade. Logo, a regra do artigo a mesma para a prescrio.

Em seguida, ainda quanto ao enunciado, quando ele fala em "concurso de crimes", esta regra vale para qualquer um deles: Concurso material, formal, bem como crime continuado.a) Errada. Seja na prescrio da pretenso punitiva, quanto na prescrio da pretenso executria, sempre ser sobre a pena de cada um, isoladamente.b) Errada. Nunca sobre o total da pena, sempre ser sobre a pena de cada um, isoladamente.c) Errada. Sempre ser sobre a pena de cada um, isoladamente, em qualquer modalidade do concurso de crimes.

d) Errada. Mesma explicao da letra C.

e) Correta!CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA(FCC 2012 TRF 2 REGIO Tcnico Judicirio Segurana e Transporte) A respeito dos Crimes contra a Administrao Pblica, considere:I. O preso que foge do presdio, aproveitando-se de um descuido dos policiais, no responde por nenhum delito relacionado sua fuga.

II. A ao de vrias pessoas, retirando, mediante violncia, pessoa presa da guarda da escolta que o tinha sob custdia, para fins de linchamento, caracteriza o delito de arrebatamento de preso.

III. A conduta do preso que permite ao seu companheiro de cela assumir sua identidade e assim se apresentar ao carcereiro encarregado de dar cumprimento a alvar de soltura, logrando xito em fugir, no comete nenhum delito, pela ausncia de grave ameaa ou violncia pessoa.

Est correto o que consta SOMENTE ema) III.

b) I e III.

c) II e III.

d) I.

e) I e II.

Resoluo:Gente, essa questo versa sobre CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO DA JUSTIA.

Vamos, por partes.

Item I:Item correto.De fato, apesar de soar estranho, um preso fugir de um presdio no incide em crime. No h tipificao para tal conduta. Sabemos que, pelo princpio da legalidade, o direito penal s pode punir condutas previamente tipificadas como crime. A situao seria diferente caso houvesse violncia contra o guarda, por exemplo. A responderia pelo Art. 352 do CPB (evaso mediante violncia contra a pessoa).

Item II: Nada mais, nada menos que a transcrio legal do Art. 353 do CPB (arrebatamento de preso). Observe que, pela transcrio legal, tratas-se de um crime plurisubjetivo eventual, ou seja, apesar de poder ser praticado por uma s pessoa, admite, eventualmente, concurso de pessoas, como no exemplo da assertiva.Item correto.Item III: Transcrio do Artigo 351 do CPB (Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurana).

Art. 351 Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurana detentiva:

Pena deteno, de seis meses a dois anos.

No importa se a facilitao ou promoo da fuga advm de outro preso. A lei no faz qualquer distino, no cabendo, portanto, ao intrprete fazer.Item falso.Gabarito: E.