5
7/31/2019 Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família http://slidepdf.com/reader/full/questoes-fundamentais-da-terapia-de-casal-e-familia 1/5 Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família Iara L. Camaratta Anton Psicóloga – CRP 07/0370 Introdução Tenho recebido inúmeros telefonemas, de pessoas que desejam fazer terapia de casal ou de família, e que me fazem uma pergunta singela: como funciona? A esta, seguem-se outras, o que me faz pensar que seja interessante escrever algo a respeito, de uma forma igualmente singela, dirigida ao público leigo. Assim, redijo esse texto como se fosse uma entrevista, o que talvez simplifique sua leitura. Aí vai! Terapia de Casal ou de Família: quando é indicada? Penso q ue tudo pode servir como indicação para uma terapia de casal e de família, desde as questões mais simples, do cotidiano, em relação às quais surgem conflitos que vão se tornando crônicos, até às questões graves, que envolvem sofrimentos e doenças físicas e psíquicas, com ou sem a formação de sintomas, tais como irritabilidade constante, ansiedade, depressão… Nem sempre são as pessoas mais prejudicadas emocionalmente que procuram terapia. Geralmente são aquelas com maior sensibilidade, que se questionam a respeito de suas vivências e que ambicionam relações de maior qualidade e conforto. Assim sendo, é  bem possível que a maior parte das pessoas, casais e famílias que “se tratam” sejam  justamente as que estão em um patamar de desenvolvimento mais evoluído  – tanto é que colocam entre seus principais valores conteúdos de caráter simbólico e prático: amor, lealdade, companheirismo, compreensão e respeito mútuos, alegria de viver e de conviver, por exemplo. O que quero dizer com “patamar de desenvolvimento mais evoluído”? Aqui, não refiro a níveis sócio-econômico e culturais, mas sim ao desenvolvimento emocional. Vou até tomar emprestado o título de um famoso livro escrito por Goleman: “Inteligência Emocional”. Esta, mais ligada ao plano psíquico e vincular, permite que as pessoas se questionem sobre suas vivências, o que inclui sentimentos, pensamentos e ações. Vemos algumas pessoas muito cultas e com alto poder aquisitivo que não desenvolveram muito esta faceta de suas personalidades, enquanto algumas pessoas humildes, com “pouco estudo”, que executam trabalhos braçais e mal remunerados que, no entanto, são sábias sob o ponto de vista emocional. Em suma, entendo como um “patamar de desenvolvimento mais evoluído” aquele que nos permite pensar e conversar sobre conteúdos que pertencem ao mundo dos sentimentos e das relações humanas. Você concorda comigo? Claro que todos nós temos nossos sofrimentos e conflitos. Isto não deveria ser motivo de quaisquer constrangimentos, pois faz parte de nossa condição de seres humanos. Por que alguns se tratam e outros não? Isso depende de hierarquia de valores, de

Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

7/31/2019 Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

http://slidepdf.com/reader/full/questoes-fundamentais-da-terapia-de-casal-e-familia 1/5

Questões Fundamentais da Terapia de

Casal e Família 

Iara L. Camaratta Anton

Psicóloga – CRP 07/0370

Introdução 

Tenho recebido inúmeros telefonemas, de pessoas que desejam fazer terapia de casal oude família, e que me fazem uma pergunta singela: como funciona? A esta, seguem-seoutras, o que me faz pensar que seja interessante escrever algo a respeito, de uma formaigualmente singela, dirigida ao público leigo. Assim, redijo esse texto como se fosseuma entrevista, o que talvez simplifique sua leitura. Aí vai!

Terapia de Casal ou de Família: quando é indicada? 

Penso q ue tudo pode servir como indicação para uma terapia de casal e de família,desde as questões mais simples, do cotidiano, em relação às quais surgem conflitos quevão se tornando crônicos, até às questões graves, que envolvem sofrimentos e doençasfísicas e psíquicas, com ou sem a formação de sintomas, tais como irritabilidadeconstante, ansiedade, depressão… 

Nem sempre são as pessoas mais prejudicadas emocionalmente que procuram terapia.Geralmente são aquelas com maior sensibilidade, que se questionam a respeito de suasvivências e que ambicionam relações de maior qualidade e conforto. Assim sendo, é

 bem possível que a maior parte das pessoas, casais e famílias que “se tratam” sejam justamente as que estão em um patamar de desenvolvimento mais evoluído  –  tanto éque colocam entre seus principais valores conteúdos de caráter simbólico e prático:amor, lealdade, companheirismo, compreensão e respeito mútuos, alegria de viver e deconviver, por exemplo.

O que quero dizer com “patamar de desenvolvimento mais evoluído”? Aqui, não refiroa níveis sócio-econômico e culturais, mas sim ao desenvolvimento emocional. Vou atétomar emprestado o título de um famoso livro escrito por Goleman: “Inteligência

Emocional”. Esta, mais ligada ao plano psíquico e vincular, permite que as pessoas sequestionem sobre suas vivências, o que inclui sentimentos, pensamentos e ações.Vemos algumas pessoas muito cultas e com alto poder aquisitivo que nãodesenvolveram muito esta faceta de suas personalidades, enquanto algumas pessoashumildes, com “pouco estudo”, que executam trabalhos braçais e mal remunerados que,no entanto, são sábias sob o ponto de vista emocional. Em suma, entendo como um“patamar de desenvolvimento mais evoluído” aquele que nos permite pensar econversar sobre conteúdos que pertencem ao mundo dos sentimentos e das relaçõeshumanas. Você concorda comigo?

Claro que todos nós temos nossos sofrimentos e conflitos. Isto não deveria ser motivo

de quaisquer constrangimentos, pois faz parte de nossa condição de seres humanos. Porque alguns se tratam e outros não? Isso depende de hierarquia de valores, de

Page 2: Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

7/31/2019 Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

http://slidepdf.com/reader/full/questoes-fundamentais-da-terapia-de-casal-e-familia 2/5

esclarecimentos e da busca de oportunidades. A questão financeira não serve comodesculpa, pois há diversas instituições de ensino nas quais alunos pós-graduandos, sobsupervisão individual e coletiva, atendem em terapias individuais, de casais e defamílias. A questão de tempo também não serve como justificativa, pois todos nóstemos 24h por dia  – nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Nestas horas,

cabe aquilo que for mais importante para nós.

Como funciona uma terapia de casal e de família? 

Há diversas linhas teóricas e técnicas. Sinto-me mais à vontade para falar sobre osmétodos com os quais me identifico, pois os outros, mesmo que eu tenha estudadoteoricamente, não me são tão claros, a ponto de eu poder falar a respeito, sem correr orisco de estar enganada.

Sei de colegas que atendem casais em separado, eventualmente até mesmo em gruposformados exclusivamente por homens e por mulheres. Não sou adepta deste sistema.

Penso que, quando um casal ou uma família buscam tratamento, é porque quereminvestir na qualidade de sua comunicação, tendo em vista uma melhor qualidadevincular. Em relação à terapia de casal, muitos destes dizem que se amam, mas que osconflitos vividos são tão intensos, que vão acabar se separando; ou dizem que seodeiam, mas não conseguem se separar. Em se tratando de famílias, por sua vez, o quemais constato são as três tendências abaixo:

1. pais unidos em suas preocupações em relação a um de seus filhos, ou aofuncionamento de todo o grupo familiar;

2. casal em guerra, a serviço de joguetes de seus filhos, que descobriram a máxima deMaquiavel: “dividir para governar”; 

3. pais preocupados, que buscam a ajuda terapêutica por indicação de médicos oueducadores, ou por se darem conta da importância de alguns cuidados, a partir davivência de suas terapias individuais ou de casal. Em todos os casos, o mais comum éobservarmos (entre outros fatores) importantes falhas na comunicação, ou seja: aspessoas se querem bem, importam-se umas com as outras, mas o que falam ou deixamde falar acaba resultando em brigas, em ressentimentos, em afastamentos. Assim sendo,uma das coisas que uma boa terapia proporciona é um espaço de “escuta”, em que o quese diz não é apenas “ouvido”, mas acolhido e compreendido. Faz diferença a “presença

do terapeuta” em suas vidas (o que não tem nada a ver com a presença solidária defamiliares e amigos, mesmo que estes sejam psicólogos…), sendo que esta diferença écomumente expressa pelos pacientes com uma indagação, em ar de surpresa:

- Estes são os assuntos que temos discutido durante uma vida inteira. Por que aqui édiferente?

Bem, certamente porque o contexto é diferente. Não apenas existe a acolhida, por partedo terapeuta, mas existem intenções que vão muito além do simples desabafo ou da

 busca de cúmplices para nossos sofrimentos. O casal ou a família procuram uma “ajudaterapêutica”, isto é, vão ao consultório para “se tratarem”. O que significa isto?  

Isto significa que todos, de mangas arregaçadas, procuram compreender o que se passadentro de si mesmos e entre si (casal ou família), indo além das aparências. Este

Page 3: Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

7/31/2019 Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

http://slidepdf.com/reader/full/questoes-fundamentais-da-terapia-de-casal-e-familia 3/5

princípio básico serviu como orientação para o título de meu último livro, editado pelaCasa do Psicólogo (SP): “O Casal diante do Espelho”. Em meu entender, de sabafos,conselhos, exercícios  –  empregados em algumas orientações terapêuticas  –  têm bemmenos efeito do que as pessoas efetivamente examinarem compreenderem mais a fundosuas motivações e objetivos inconscientes, ou seja, a dinâmica que move seus vínculos.

É preciso que “se olhem no espelho”, percebendo suas próprias imagens e olhando umao outro sob aspectos até então insuspeitos. Este livro, além de princípios teóricos epráticos, traz diversas ilustrações clínicas, devidamente autorizadas. Daí o sub-título“Psicoterapia de Casal –  teoria e técnica”. 

Espera-se que o terapeuta tenha se preparado para o atendimento a casais e a famílias,talvez mais ainda do que se espera em relação a psicoterapias individuais. Não cabe umrecém-formado precipitar-se na área clínica, sem uma sólida formação prévia e sem elemesmo ter passado ou estar passando por um bom processo terapêutico. O fato é que,quando o contexto terapêutico (que denominamos “setting”) abriga mais do que umpaciente, alguns fatos merecem uma atenção muito especial. Por exemplo:

1. A “aliança de trabalho” deve incluir a todos os membros do grupo em terapia (casalou família, no caso). Quando isto não se estabelece de imediato, será cuidadosamente“trabalhado” ao longo do processo. 

2. É preciso proporcionar-se espaço para que todos possam se manifestar claramente,sendo escutados com atenção e respeito, tendo em vista a compreensão dos fenômenosque, ao mesmo tempo, os une e os separa.

3. Resistências são esperadas. Delas fazem parte:

3.1 Desejar que o terapeuta seja seu aliado, de modo a convencer ao parceiro e à famíliaque ele “tem razão”, ou que, pelo menos, “não tem culpa” e, portanto , o outro é quemtem que mudar;

3.2 Desejar que o(s) parceiro(s) assuma(m) suas culpas e responsabilidades  –  sejamestes o cônjuge, os filhos, os pais…; 

3.3 Desejar que o processo seja completamente indolor. Evidentemente, a maior partede nós prefere, aberta ou secretamente, encontrar no terapeuta um aliado, para que ooutro mude. Essa tendência está fortemente alicerçada em nossos aspectos mais infantis,

regressivos, neuróticos. Cabe ao terapeuta ajudar ao casal ou à família a se darem contade suas participações nestes jogos, e no quão importante é a mudança de regras tãoprimárias para outras, mais maduras e com chances de, enfim, trazer melhoresresultados para todos. Claro que nós resistimos e, muito facilmente, podemos imaginarque o terapeuta é aliado de nosso parceiro, de um ou de ambos os pais, de um ou detodos os filhos… Essa tendência corre o risco de ficar insuportavelmente aumentadaquando o terapeuta atende ao casal ou à família em separado. Não que isto nunca possaser feito. Eu mesma emprego esse tipo de recurso, mas preciso ter certeza de que aaliança terapêutica é bastante sólida, e que ambos confiam no vínculo que têm comigo,enquanto terapeuta, a ponto de não temerem que eu me associe ao outro, em seudesfavor. E mais: temos que ter bem claros os objetivos que nos levam, em se tratando

de uma terapia vincular, a optarmos pela possibilidade de sessões individuais  – que nãodeveriam ocorrer com desconhecimento ou desaprovação do parceiro ou dos demais

Page 4: Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

7/31/2019 Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

http://slidepdf.com/reader/full/questoes-fundamentais-da-terapia-de-casal-e-familia 4/5

membros da família. A conversação terapêutica inclui narrativas, perguntas, impressõescompartilhadas. Pode basear-se em fatos do cotidiano, em análise da história deste casalou desta família e, mesmo, na análise de fenômenos que vêm reaparecendo geraçãoapós geração. A análise de sonhos é mais comum em psicoterapias individuais, mas asde casal e de família também, ocasionalmente, apresentam-nos esse tipo de recurso. No

livro “O casal diante do espelho”, coloco um bonito exemplo através do qual um sonhorepetitivo por parte de um dos cônjuges ilustra divinamente a dinâmica de seu vínculo eo desenvolvimento do processo terapêutico. Para mim, emocionante.

Quanto tempo? 

De novo, há controvérsias. Algumas linhas sugerem que as sessões sejam quinzenais ou,até, com intervalos maiores entre elas. Não trabalho desta forma, pois acredito muito naimportância da regularidade e da proximidade entre os encontros, o que favorece oestabelecimento do vínculo terapêutico e o investimento do casal ou da família em seus

 próprios laços. Afinal, 15 dias correspondem a “meio mês” – é muuuuuito tempo. Por

outro lado, são poucos os casais ou as famílias que atendo mais do que uma vez porsemana. De qualquer forma, “cada caso é um caso” e merece ser acolhido como tal.  Algumas abordagens estabelecem um número máximo de sessões, com programa maisou menos estabelecido. Prefiro agir de um modo diferente: a terapia dura o temponecessário, considerando-se as particularidades de cada casal ou família. Alguns, sódesejam apoio para a superação de momentos críticos. Está bem. Outros, maisambiciosos, querem investir mais a fundo, e seguem por muito mais tempo, apreciandocada instante vivido. Está ótimo. Aqueles, em muitos casos, retornam, ao viveremoutras crises, sejam estas as “normais” (o nascimento de um filho, a adolescência deoutro, a aposentadoria…) ou inesperados (como uma doença, um desemprego, a perdade um ente querido…). Dentre os que retornam, há os que retornam inúmeras vezes epermanecem em terapia por curtos espaços de tempo, e há os que, finalmente, decideminvestir com mais empenho em suas vidas psíquicas e relacionais.

Para mim, é praticamente nulo o conceito de “alta” , especialmente em terapias de casale de família. Penso que, ao atingir seus objetivos conscientes, alguns casais e famíliaschegam a um bom termo, sentindo-se plenamente satisfeitos e prontos para seguireminvestindo em si mesmos e em seus vínculos, já fora do contexto terapêutico. Outros,pelo contrário, ao atingirem determinado patamar, querem mais, dispondo-se aexaminarem até mesmo temas antes inimagináveis. Além disso, o que para algumaspessoas é simplesmente o máximo, para outros representa a base, o início, de um

processo mais ambicioso.Aqui não há certo ou errado. Há desejos e ambições, limites e impedimentos, pontos departida e pontos de chegada que, por sua vez, representam pontos de partida para asnovas etapas de nossas vidas… E um ponto de fundamental importância é que aquiloque descobrimos e ressignificamos, bem como os recursos que desenvolvemos ao longode um processo terapêutico são “nossos”, e vão conosco, acompanhando-nos até olimite máximo de nossas existências. Tenho tido a agradável experiência de, aoreencontrar antigos pacientes em novas etapas de suas vidas nas quais decidem, maisuma vez, buscar pela ajuda terapêutica, testemunhar que eles já não são os mesmos quepartiram pois, como acontece com as pessoas saudáveis, seguem se desenvolvendo, se

enriquecendo, amadurecendo, ano após ano, passo após passo. Assim é a vida. Competeao terapeuta ocupar o lugar de parceiro de viagem, em determinada etapa, certo de que

Page 5: Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

7/31/2019 Questões Fundamentais da Terapia de Casal e Família

http://slidepdf.com/reader/full/questoes-fundamentais-da-terapia-de-casal-e-familia 5/5

deixará lembranças e de que fará a diferença, mas que deverá estar disposto a cumprirsagrada missão de vir a se tornar desnecessário, graças à autonomia e aos recursos daspessoas que têm vindo ao seu encontro.

Um ponto a ficarmos atentos é que, por vezes, alguns pacientes deixam a terapia não

por estarem satisfeitos, mas por não conseguirem abertura suficiente para demonstrareme examinarem seus descontentamentos. É muito mais fácil revelar sentimentosdesagradáveis (raivas, invejas, ciúmes, desconfianças…) ou, até mesmo, positivos(ternura, amor, gratidão…) em relação a alguém que não se encontra fisicamentepresente, do que frente à frente, aqui e agora. Isso tudo pode acontecer na relaçãopaciente-terapeuta, e merece ser muito bem examinado. Aliás, é por isto mesmo, porestas inibições e dificuldades de comunicação, que muitos casais e famílias, em vez deconversar, se afastam, ou alteram a voz e partem para a violência. A terapia ofereceoportunidade de diálogo e, enquanto processo, pode ser comparada a uma viagem, daqual o terapeuta é parceiro, em determinada etapa e em determinadas circunstâncias,tendo que reconhecer que o mais árduo e efetivo investimento está nas mãos de quem

dos pacientes –  não podemos fazer nada “por eles” ou “em lugar deles” – nada mais doque estar a seu lado, enquanto fazem as suas buscas, estar diante deles, quando buscameco, olhar, acolhimento, novas respostas para suas velhas perguntas e novas perguntas apartir de suas novas respostas.

Com a palavra, o leitor - Se você quiser explorar um pouco mais o tema acima,questionando, compartilhando seu modo de pensar e suas experiências a respeito,escreva para o e.mail [email protected], registrando como assunto “Terapia deCasais e de Famílias”.