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Nome: Es c ola: m  : l  : 2 a  SÉRIE  E N S I N O D I O Caderno do Professor  V olume 1 QUÍMICA  C i ê nci a s d a N a t ure z a

Química 2S EM Volume 1 (2014)

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  • Nome:

    Escola:

    NNoomee:

    EEsscssoolaa:cc

    2a SRIEENSINO MDIOCaderno do ProfessorVolume 1

    QUMICACincias da Natureza

  • MATERIAL DE APOIO AOCURRCULO DO ESTADO DE SO PAULO

    CADERNO DO PROFESSOR

    QUMICAENSINO MDIO

    2a SRIEVOLUME 1

    Nova edio

    2014-2017

    GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO

    SECRETARIA DA EDUCAO

    So Paulo

  • Governo do Estado de So Paulo

    Governador

    Geraldo Alckmin

    Vice-Governador

    Guilherme Af Domingos

    Secretrio da Educao

    Herman Voorwald

    Secretrio-Adjunto

    Joo Cardoso Palma Filho

    Chefe de Gabinete

    Fernando Padula Novaes

    Subsecretria de Articulao Regional

    Rosania Morales Morroni

    Coordenadora da Escola de Formao e Aperfeioamento dos Professores EFAP

    Silvia Andrade da Cunha Galletta

    Coordenadora de Gesto da Educao Bsica

    Maria Elizabete da Costa

    Coordenadora de Gesto de Recursos Humanos

    Cleide Bauab Eid Bochixio

    Coordenadora de Informao, Monitoramento e Avaliao

    Educacional

    Ione Cristina Ribeiro de Assuno

    Coordenadora de Infraestrutura e Servios Escolares

    Ana Leonor Sala Alonso

    Coordenadora de Oramento e Finanas

    Claudia Chiaroni Afuso

    Presidente da Fundao para o Desenvolvimento da Educao FDE

    Barjas Negri

  • Senhoras e senhores docentes,

    A Secretaria da Educao do Estado de So Paulo sente-se honrada em t-los como colabo-

    radores nesta nova edio do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e anlises que

    permitiram consolidar a articulao do currculo proposto com aquele em ao nas salas de aula

    de todo o Estado de So Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com

    os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analtico e crtico da abor-

    dagem dos materiais de apoio ao currculo. Essa ao, efetivada por meio do programa Educao

    Compromisso de So Paulo, de fundamental importncia para a Pasta, que despende, neste

    programa, seus maiores esforos ao intensificar aes de avaliao e monitoramento da utilizao

    dos diferentes materiais de apoio implementao do currculo e ao empregar o Caderno nas aes

    de formao de professores e gestores da rede de ensino. Alm disso, firma seu dever com a busca

    por uma educao paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso

    do material do So Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.

    Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa So Paulo Faz Escola, apresenta orien-

    taes didtico-pedaggicas e traz como base o contedo do Currculo Oficial do Estado de So

    Paulo, que pode ser utilizado como complemento Matriz Curricular. Observem que as atividades

    ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessrias,

    dependendo do seu planejamento e da adequao da proposta de ensino deste material realidade

    da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposio de apoi-los no planejamento de suas

    aulas para que explorem em seus alunos as competncias e habilidades necessrias que comportam

    a construo do saber e a apropriao dos contedos das disciplinas, alm de permitir uma avalia-

    o constante, por parte dos docentes, das prticas metodolgicas em sala de aula, objetivando a

    diversificao do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedaggico.

    Revigoram-se assim os esforos desta Secretaria no sentido de apoi-los e mobiliz-los em seu

    trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofcio de ensinar

    e elevar nossos discentes categoria de protagonistas de sua histria.

    Contamos com nosso Magistrio para a efetiva, contnua e renovada implementao do currculo.

    Bom trabalho!

    Herman Voorwald

    Secretrio da Educao do Estado de So Paulo

  • SUMRIOOrientao sobre os contedos do volume 5

    Situaes de Aprendizagem 9

    Situao de Aprendizagem 1 Propriedades da gua para consumo humano 9

    Situao de Aprendizagem 2 Dissoluo de materiais em gua e mudana de suas propriedades 19

    Situao de Aprendizagem 3 Concentrao de solues 31

    Situao de Aprendizagem 4 Utilizando a grandeza quantidade de matria para expressar a concentrao de solues 41

    Situao de Aprendizagem 5 Oxignio dissolvido na gua: uma questo de qualidade 47

    Situao de Aprendizagem 6 Tratamento da gua: uma questo de sobrevivncia 54

    Situao de Aprendizagem 7 As quantidades em transformaes que ocorrem em soluo: um clculo importante no tratamento da gua 61

    Situao de Aprendizagem 8 Como o ser humano utiliza a gua? Podemos interferir nos modos como a sociedade vem utilizando a gua? 66

    Situao de Aprendizagem 9 Explicando o comportamento de materiais: modelos sobre a estrutura da matria 70

    Situao de Aprendizagem 10 Explicando o comportamento de materiais: as ligaes entre tomos, ons e molculas 97

    Situao de Aprendizagem 11 Transformaes qumicas: uma questo de quebra e formao de ligaes 119

    Situao de Aprendizagem 12 Representando a energia envolvida nas transformaes: o uso de diagramas de energia 127

    Propostas de Situao de Recuperao 134

    Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreenso do tema 137

    Consideraes finais 139

    Quadro de contedos do Ensino Mdio 140

  • 5Qumica 2a srie Volume 1

    ORIENTAO SOBRE OS CONTEDOS DO VOLUMEPrezado(a) professor(a),

    Ao pensar no ensino da Qumica, devemos

    considerar que esta disciplina no Ensino M-

    dio deve possibilitar ao aluno a compreenso

    tanto dos processos qumicos em si quanto da

    construo de um conhecimento cientfico

    em estreita relao com as aplicaes tecno-

    lgicas e suas implicaes ambientais, sociais,

    polticas e econmicasa, de maneira a con-

    tribuir para que ele possa participar mais efe-

    tivamente da sociedade, emitindo juzos de

    valor e tomando decises de maneira respon-

    svel e crtica.

    Com essa perspectiva, propomos, como fio

    condutor do ensino de Qumica na 2a srie, o

    estudo dos materiais e suas propriedades. A

    gua e os metais so temas muito interessantes

    para desenvolver esse contedo, com a finali-

    dade de valorizar as aplicaes e implicaes

    sociais do conhecimento qumico. O compor-

    tamento da matria, por meio da elaborao

    de ideias sobre a sua constituio, tem sido

    preocupao constante desde os mais anti-

    gos pensadores at os cientistas atuais. Essas

    ideias esto em contnua transformao, pois,

    conforme novos conhecimentos so adquiri-

    dos, elas podem se mostrar insuficientes para

    explic-los.

    O propsito deste Caderno conscienti-

    zar os alunos de que as teorias cientficas so

    aproximaes da realidade e que uma dada

    teoria s vlida enquanto explicar satisfato-

    riamente os fatos. A partir do momento em

    que se mostrar limitada, pode ser abandona-

    da, substituda por novas ideias explicativas

    (mais prximas da realidade) ou aperfeioada

    por elas, j que nenhuma representa uma des-

    crio completa dos fenmenos naturais.

    Procuramos, tambm, desenvolver a ideia

    de que o processo de elaborao do conheci-

    mento qumico envolve o trabalho de muitos

    pesquisadores, bem como os conflitos que o

    acompanham. Acertos e erros convivem nes-

    se processo, em um caminho de idas e vindas,

    ora em direo ao que se entende por verdade,

    ora a caminho da dvida, sempre em busca de

    uma melhor explicao.

    As atividades sugeridas procuram investi-

    gar conhecimentos relevantes, priorizando o

    desenvolvimento de competncias dos alunos

    para compreender, argumentar e propor for-

    mas de interveno na sociedade.

    As propriedades exibidas pelas substncias

    se constituram, ao longo do tempo, em pon-

    tos de partida para que se procurasse entender

    a Parmetros Curriculares Nacionais (Ensino Mdio): parte III Cincias da Natureza, Matemtica e suas tecno-logias. p. 31. Disponvel em: . Acesso em: 1 nov. 2013.

  • 6a natureza da matria. O conhecimento das

    relaes entre as propriedades e a estrutura

    assume importante papel na previso de com-

    portamentos que as diferentes substncias po-

    dem manifestar, assim como na obteno de

    materiais com certas propriedades especficas.

    Inicialmente, a gua ser o foco do estudo

    das propriedades, tendo em vista sua impor-

    tncia para a vida no nosso planeta. A ques-

    to da potabilidade ser abordada a partir do

    estudo das concentraes das solues aquo-

    sas, bem como do tratamento que a gua rece-

    be para se tornar potvel.

    Tambm pretendemos, neste estudo, que

    os alunos desenvolvam em sua estrutura cog-

    nitiva a ideia de modelo cientfico como uma

    criao da mente humana por isso provis-

    rio , e no como uma cpia em miniatura da

    realidade. A partir do conhecimento e da an-

    lise das propriedades de alguns materiais, mo-

    delos atmicos sero propostos para explicar

    a constituio da matria e as interaes entre

    as partculas que constituem uma substncia

    ligaes qumicas , explicando algumas di-

    ferenas de comportamento que as substn-

    cias, de um modo geral, apresentam.

    Conhecimentos priorizados

    As guas naturais so imensas solues

    aquosas. Sendo assim, a gua na natureza no

    se encontra quimicamente pura. Retomare-

    mos, portanto, o conceito de substncia, esta-

    belecendo a diferena entre a pureza, do ponto

    de vista qumico, e a potabilidade. Apresenta-

    remos algumas propriedades da espcie qumi-

    ca gua, para discutir as mudanas causadas

    pela presena de solutos e possveis problemas

    ambientais. Sobre esse aspecto, discutiremos a

    importncia do oxignio dissolvido na gua,

    bem como os processos envolvidos no seu tra-

    tamento com o objetivo de torn-la adequada

    ao consumo.

    Tratando-se de solues aquosas, consi-

    deramos importantes os conceitos de solubi-

    lidade e diluio. Expressar a concentrao

    das solues por meio de unidades convenien-

    tes envolve o desenvolvimento da linguagem

    usual da Qumica, assim como clculos este-

    quiomtricos de solues. Alm disso, sero

    dispostas informaes que permitem uma re-

    flexo sobre os diferentes usos da gua, consi-

    derando sua qualidade, conforme o fim a que

    se destina, e sobre a escassez de gua tratada,

    seu mau uso e desperdcio.

    Em relao s transformaes qumicas

    em vrios de seus aspectos, pretendemos for-

    mar alunos capazes de compreender os pro-

    cessos qumicos em si, alm de estabelecer

    relaes entre o conhecimento cientfico e

    suas aplicaes e implicaes, sejam de natu-

    reza social, ambiental, poltica ou econmi-

    ca. importante que eles desenvolvam uma

    viso mais global do mundo, a ponto de sa-

    ber avaliar resolues e solues propostas e

    se posicionarem perante elas com tica e res-

    ponsabilidade.

    Sendo assim, ao final deste estudo, espera-

    mos que os alunos sejam capazes de:

  • 7Qumica 2a srie Volume 1

    f perceber que o conhecimento qumico di-nmico, portanto, provisrio;

    f compreender os modelos explicativos como construes humanas em um dado

    contexto histrico e social;

    f compreender e utilizar as ideias de Ruther-ford para explicar a natureza eltrica da

    matria;

    f identificar a ligao qumica como resul-tante de interaes eletrostticas (atrao e

    repulso eltricas);

    f reconhecer a transformao qumica como resultante de quebra e formao de ligaes;

    f compreender a estrutura da tabela peridi-ca e fazer previses sobre o tipo de ligao

    dos elementos em funo de sua localiza-

    o na referida tabela;

    f compreender as variaes de energia que acompanham as reaes e utilizar as ener-

    gias de ligao para o clculo de entalpia

    de reao;

    f representar, por meio de diagramas de ener-gia, transformaes endo e exotrmicas.

    Competncias e habilidades

    1. Dominar e fazer uso da linguagem qumi-ca expressando quantidades dissolvidas em

    gua por meio de unidades de concentra-

    o (g L1; mol L1; ppm; % massa), e

    estabelecer relaes quantitativas de massa

    e quantidade de matria nas transforma-

    es qumicas que ocorrem em solues de

    acordo com suas concentraes.

    2. Construir e aplicar os conceitos de pure-za e potabilidade para a compreenso de

    fenmenos naturais e processos tecnolgi-

    cos.

    3. Selecionar, organizar, relacionar e interpre-tar dados e informaes sobre parmetros

    de qualidade da gua, para tomar decises

    e resolver situaes-problema.

    4. Relacionar informaes, apresentadas de diferentes formas, aos conhecimentos dis-

    ponveis sobre o uso e a preservao da

    gua no mundo e tambm sobre as fon-

    tes causadoras da poluio da gua, para

    construir argumentaes consistentes.

    5. Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos neste estudo para elaborao de propos-

    tas de tratamento da gua, tendo em vis-

    ta torn-la potvel, respeitando os valores

    humanos e considerando a diversidade

    sociocultural.

    6. Compreender e utilizar os smbolos, cdi-gos e nomenclatura prprios da Qumica

    no processo de elaborao e comunicao

    do conhecimento.

    7. Construir e aplicar conceitos de vrias reas do conhecimento para a compreen-

    so das propriedades dos materiais e sua

  • 8utilizao, reconhecendo a necessidade e

    os limites de modelos explicativos relati-

    vos natureza dos materiais e suas trans-

    formaes.

    8. Selecionar, organizar, relacionar e inter-pretar dados e informaes sobre a es-

    trutura e o comportamento dos materiais

    para tomar decises e resolver situaes-

    -problema.

    9. Relacionar informaes, apresentadas de diferentes formas, aos conhecimentos dis-

    ponveis a fim de construir argumentaes

    consistentes a respeito dos usos dos mate-

    riais na sociedade, em situaes concretas.

    10. Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos neste estudo sobre propriedades dos ma-

    teriais e ligao qumica para apresentar

    propostas de intervenes na realidade, vi-

    sando melhoria da qualidade de vida das

    pessoas.

    Metodologias e estratgias

    Neste Caderno, procuramos utilizar meto-

    dologias e estratgias de ensino que favoream

    a participao efetiva dos alunos na constru-

    o de seu prprio conhecimento e no desen-

    volvimento de competncias relacionadas ao

    aprimoramento de sua cidadania. Valoriza-

    mos, assim, aquilo que os alunos j sabem e

    conhecem do mundo fsico, ou seja, seus co-

    nhecimentos prvios. De maneira geral, as ati-

    vidades iniciais tm o objetivo de envolver os

    alunos na temtica por meio de questes para

    as quais ele pode apresentar alguma ideia.

    Em seguida, sugerimos problemas cuja reso-

    luo exige novos conhecimentos; atividades

    experimentais para construo de conceitos e

    conhecimentos de fatos qumicos; leituras de

    textos que introduzem dados e informaes

    novas ou que problematizam determinada si-

    tuao. So apresentadas, tambm, sugestes

    de explorao dessas atividades, solicitando,

    por exemplo, a elaborao de textos, pesqui-

    sas em diferentes fontes de informao, exer-

    ccios e outros.

    Avaliao

    Para a avaliao do processo de aprendi-

    zagem, propomos algumas atividades, tais

    como resoluo de exerccios, elaborao de

    relatrio ou texto, construo de grficos e

    sua interpretao. Por meio das tarefas rea-

    lizadas, voc, professor, pode detectar o n-

    vel de desenvolvimento dos conceitos e das

    competncias leitoras, escritoras e as rela-

    cionadas capacidade de argumentao, de

    proposio de formas de interveno na so-

    ciedade, bem como o uso das habilidades de

    comparar, analisar, relacionar, generalizar,

    inferir, argumentar, propor ideias explicati-

    vas e outras.

  • 9Qumica 2a srie Volume 1

    O conceito de substncia, desenvolvido na

    srie anterior, deve ser retomado para que se

    possa aplicar atual atividade. Para isso, voc

    pode iniciar a aula solicitando aos alunos que

    respondam s seguintes questes a fim de co-

    loc-las em discusso:

    f De onde vem a gua que chega sua casa? Ela pura?

    f Como reconhecer se uma amostra pura? f A gua que voc bebe potvel? O que gua potvel?

    SITUAES DE APRENDIZAGEMSITUAO DE APRENDIZAGEM 1

    PROPRIEDADES DA GUA PARA CONSUMO HUMANO

    Contedos e temas: conceitos de pureza e potabilidade.

    Competncias e habilidades: fazer uso da linguagem qumica para expressar conceitos relativos pureza das solues e concentrao de solutos em sistemas lquidos; interpretar dados apresentados em tabe-las e grficos concernentes ao critrio brasileiro de potabilidade da gua; aplicar o conceito de concen-trao para avaliar a qualidade de diferentes guas; reconhecer como algumas propriedades especficas da gua possibilitam a vida no planeta.

    Sugesto de estratgias de ensino: leitura de texto; trabalho em grupo; questes propostas; elaborao de textos; discusso geral; leitura de tabelas; experimentos.

    Sugesto de recursos: material experimental; textos; fontes de pesquisa.

    Sugesto de avaliao: atividades propostas; questes propostas.

    A partir de questes propostas visando

    identificar conhecimentos que os estudantes j

    possuem, retoma-se o conceito de substncia

    pura ou, mais corretamente, substncia, e

    procura-se estabelecer a diferena entre os con-

    ceitos de pureza e potabilidade. Com vistas ao

    desenvolvimento da cidadania, o aluno convi-

    dado a refletir sobre a escassez de gua tratada,

    o mau uso e o desperdcio da gua, e as poss-

    veis atitudes individuais e/ou coletivas que tm o

    objetivo de minimizar os problemas detectados.

    Ao mesmo tempo, propiciam-se informaes

    sobre como as propriedades peculiares da gua

    possibilitam a existncia de vida no planeta.

  • 10

    No se espera que eles deem respostas corre-

    tas. O que se pretende levantar ideias e mostrar

    a eles a necessidade da compreenso dos signifi-

    cados de gua pura e de gua potvel. Registre

    na lousa as diferenas entre esses tipos de gua

    apontadas pelos alunos e pergunte se esses tipos

    apresentam as mesmas propriedades. impor-

    tante lembrar que a densidade, as temperaturas

    de fuso e de ebulio, assim como a solubili-

    dade, so propriedades que caracterizam uma

    substncia pura. Aps a discusso, voc pode

    propor a leitura dos textos A gua pura e A

    gua potvel, apresentados a seguir.

    A leitura de texto um dos recursos que

    podem atuar como poderoso auxiliar na cons-

    truo de significados atribudos a determi-

    nado objeto de ensino. O que se pretende no

    momento estabelecer a diferena entre os

    conceitos de gua pura e de gua potvel e uti-

    liz-los como desencadeadores e motivadores

    para a aprendizagem, de modo que se preveja,

    ao mesmo tempo, a atuao autnoma dos

    alunos. Alm disso, pretende-se tambm colo-

    car no contexto das guas naturais o estudo

    das solues aquosas.

    Voc pode propor a leitura dos textos

    como trabalho individual, em duplas ou

    como leitura conjunta, com toda a classe

    participando. Em seguida, apresente ques-

    tes cujas respostas so encontradas dire-

    tamente no texto para, depois, propor sua

    discusso.

    Outra estratgia que tem dado bons re-

    sultados dividir os textos em pequenos

    trechos, que podero ser lidos sucessiva-

    mente por diversos alunos, um de cada vez.

    Enquanto um deles faz a leitura, outro de-

    ver ir escrevendo na lousa as ideias princi-

    pais, para serem posteriormente colocadas

    em discusso, envolvendo toda a classe, sob

    sua coordenao. Outra maneira de agilizar

    a aula, visando economia de tempo para

    a leitura, dividir a classe em dois grupos.

    Cada um deles dever ler um dos dois tex-

    tos e depois apresentar para toda a classe

    as ideias principais nele contidas. Isso pode

    ser feito utilizando a lousa, transparncias,

    cartazes etc. Essa dinmica til por desen-

    volver no aluno a autonomia e a capacidade

    de comunicao.

    A gua pura

    A vida, como a conhecemos, depende da

    gua, a substncia mais abundante nos tecidos

    animais e vegetais, bem como na maior parte do

    mundo que nos cerca. Trs quartos da superfcie

    terrestre so cobertos de gua: 97,2% formam

    os oceanos e mares; 2,11%, as geleiras e calotas

    polares; e 0,6%, os lagos, os rios e as guas sub-

    terrneas. Esta ltima a frao de gua apro-

    veitvel pelo homem, que pode utiliz-la para

    abastecimento domstico, indstria, agricultura,

    pecuria, recreao e lazer, transporte, gerao

    de energia e outros.

  • 11

    Qumica 2a srie Volume 1

    Propriedades caractersticas de algumas substncias

    SubstnciaTemperatura de ebulio a 1 atm

    (oC)

    Temperatura de fuso (oC)

    Densidade20 oC (g cm-3)

    Solubilidade em gua (g 100 g1

    de gua)

    gua 100 0 0,998

    Etanol 78,5 117 0,789

    Benzeno 80,1 5,5 0,880 0,070

    NaCl 1 473 801 2,17 36,0

    Conforme estudado na srie anterior, para

    reconhecer se uma amostra se encontra pura, do

    ponto de vista qumico, necessrio verificar se

    ela apresenta um conjunto de propriedades cons-

    Para abastecer 19 milhes de habitantes da

    Grande So Paulo so produzidos 5,8 bilhes de

    litros de gua tratada por dia. Essa gua provm

    dos Sistemas Cantareira, Alto do Tiet e Rio

    Grande. Embora a ONU recomende o consumo

    per capita de 110 litros de gua, a mdia da ca-

    pital tem sido de 221 litros por dia por habitante

    (dados de 2008). Levando-se em conta no s o

    consumo, mas tambm a perda de gua por va-

    zamentos, desperdcio e outros, o Instituto So-

    cioambiental (ISA) est promovendo uma cam-

    panha para combater o desperdcio de gua.

    Tanto as guas doces como as salgadas

    so imensas solues aquosas, que contm muitos

    materiais dissolvidos. Assim, a gua na natureza

    no se encontra quimicamente pura. Mesmo as

    guas da chuva e a destilada nos laboratrios apre-

    sentam gases dissolvidos, como o CO2, o O2 e o N2,

    provenientes de sua interao com a atmosfera.

    a presena desses gases e tambm de sais e outros

    compostos que torna a gua capaz de sustentar a

    vida aqutica os peixes e outros seres no pode-

    riam viver em gua pura: eles necessitam do oxig-

    nio dissolvido na gua para sua respirao.

    Uma substncia apresenta um conjunto de

    propriedades especficas que podem ser usadas

    para a sua identificao.

    Elaborado por Maria Eunice Ribeiro Marcondes e Yvone Mussa Esperidio especialmente para o

    So Paulo faz escola.

    tantes, como a temperatura de ebulio, a tempe-

    ratura de fuso, a densidade e a solubilidade, alm

    de algumas caractersticas qumicas especficas da

    substncia, de acordo com a tabela a seguir.

    Tabela 1. Elaborado especialmente para o So Paulo faz escola. Fonte dos dados: LIDE, D. R. (editor-in-chief). Handbook of Chemistry and Physics. 73. ed. Boca Raton: CRC Press, 1992-1993.

  • 12

    A gua potvel

    A palavra potvel vem do latim potabilis, que

    significa prpria para beber. Para ser ingerida,

    essencial que a gua no contenha elementos

    nocivos sade. Muitas vezes, as guas superfi-

    ciais provenientes de rios, lagos ou de afloramen-

    tos naturais, destinadas ao consumo humano ou a

    outros fins, no apresentam a qualidade sanitria

    exigida. Por essa razo, a gua para consumo hu-

    mano deve passar por tratamento a fim de torn-la

    potvel, isto , atender a certos requisitos estticos,

    tais como ser isenta de cor, sabor, odor ou aparn-

    cia desagradvel, ou seja, ser prpria para beber.

    Tambm pode ser utilizada no preparo de alimen-

    tos ou para lavar louas e roupas. Deve ser tam-

    bm isenta de substncias minerais ou orgnicas

    ou organismos patognicos que possam produzir

    agravos sade. Assim, o critrio de potabilidade

    diferente do critrio de pureza. A potabilidade

    tem como fim o auxlio da manuteno dos seres

    vivos, inclusive o ser humano. A pureza indica que

    a nica espcie qumica existente H2O, que tem

    propriedades especficas que a caracterizam.

    Questes para anlise do texto

    1. Por que se afirma que a vida depende da gua? Onde a utilizamos? Qual sua im-

    portncia para o ser humano?

    A gua est presente nos tecidos animais e vegetais. Apenas

    0,6% da gua do planeta aproveitada pelo ser humano para

    abastecimento domstico e industrial, agricultura, pecuria,

    recreao e lazer, transporte, gerao de energia e outros.

    2. Compare, em termos de ordem de grande-za, a frao de gua aproveitvel pelo ser

    humano com as fraes dos demais corpos

    de gua do planeta.

    A frao utilizvel aproximadamente 160 vezes menor que

    a frao correspondente aos oceanos e mares (97,2/0,6) e 3,5

    vezes menor que a frao correspondente s geleiras e calo-

    tas polares (2,11/0,6).

    3. Compare o consumo de gua per capita recomendado pela ONU com o consu-

    mo per capita, por dia, na cidade de So

    Paulo. Cite algumas possveis causas dessa

    discrepncia.

    O consumo per capita, por dia, recomendado pela ONU

    de 110 litros; a mdia da capital de 221 litros por dia por

    habitante. Atribui-se essa discrepncia perda de gua por

    vazamentos, mau uso, desperdcios etc.

    4. gua tratada e gua pura so expresses com o mesmo significado?

    Quando pensamos em Qumica, gua tratada e gua pura

    no tm o mesmo signicado. A gua de rios, lagos e repre-

    sas usadas para beber, cozinhar, tomar banho, lavar louas e

    roupas etc. deve passar por tratamento para torn-la adequa-

    da para o consumo humano. Tal tratamento envolve diversas

    etapas e realizado por empresas como a Companhia de

    Saneamento Bsico do Estado de So Paulo (Sabesp) ou r-

    gos ligados ao setor pblico. Com relao gua pura, uma

    amostra considerada pura quando apresenta um conjun-

    to de propriedades fsicas constantes que podem ser usadas

    para sua identicao, como a densidade, as temperaturas de

    ebulio e de fuso, e algumas caractersticas qumicas espe-

    ccas da substncia de que se constitui a amostra.

  • 13

    Qumica 2a srie Volume 1

    Atualmente, grandes problemas esto afetan-

    do o suprimento da gua, como a poluio dos

    rios, lagos e lenis freticos por resduos indus-

    triais, agrcolas e humanos, alm da contamina-

    o por micro-organismos. Muitas vezes, essas

    guas contaminadas, se ingeridas, podem causar

    srios danos sade.

    No entanto, dependendo da finalidade a

    que se destina, permitida nas guas a presen-

    a de espcies orgnicas e inorgnicas, como o

    flor recomendado pelos dentistas. Entretan-

    to, suas quantidades devem ser monitoradas,

    pois, em represas ou outros tipos de reserva-

    trios, pode ocorrer contaminao por micro-

    -organismos patognicos, por metais como o

    chumbo, o zinco e outros, ou por compostos

    orgnicos em concentraes superiores s es-

    tabelecidas pela legislao, como mostra a ta-

    bela a seguir.

    Tipos de contaminantes da guaContaminantes da gua Exemplos

    Resduos que consomem O2 dissolvido Resduos de animais e vegetais em decomposio

    Agentes patognicos Micro-organismos

    Nutrientes vegetais Fosfatos e nitratos

    Compostos industriais inorgnicoscidos, bases e ons de metais (Fe2+, Hg2+, Cd2+, Cr3+, Pb2+)

    Produtos industriais orgnicos Praguicidas, detergentes e petrleo

    Material radioativoRestos de minerao e processamento de materiais radioativos

    Material em suspenso Sedimentos de eroso da terra

    Calor gua usada para resfriamento na indstria

    Tabela 2.

    Uma ocorrncia no Rio de Janeiro, no ano

    2000, que alarmou a populao, foi a srie de

    notcias sobre a contaminao da gua por

    chumbo. Esse metal, na forma de Pb2+ (ction

    chumbo II), havia sido detectado em amostras

    de gua coletadas em residncias onde as tubu-

    laes ainda eram constitudas de chumbo. Esse

    metal, no ser humano, deposita-se nos ossos,

    na musculatura, nos nervos e rins, provocando

    estados de agitao, epilepsia, tremores, perda

    de capacidade intelectual, anemias e, em casos

    extremos, uma doena chamada saturnismo.

    Atualmente, minimizou-se esse mal, pois o uso

    de tubulaes de chumbo foi descartado, tor-

    nando-se obrigatria a utilizao de tubulaes

    fabricadas com cloreto de polivinila (PVC).

  • 14

    O alumnio outro contaminante que tem

    causado temor populao. Alguns pesqui-

    sadores acreditam que sua presena na gua

    potvel pode ser aumentada caso em seu trata-

    mento seja utilizado o alume. O uso de panelas

    de alumnio tambm pode aumentar a quantida-

    de desse contaminante nos alimentos nelas pro-

    cessados. As pesquisas indicam que o consumo de

    gua potvel com mais de 100 ppb (0,1 mg L1)1

    de alumnio pode causar danos neurolgicos,

    como perda de memria, e contribuir para

    agravar a incidncia do mal de Alzheimer.

    Alm desses contaminantes, deve-se considerar

    ainda os nitratos. O excesso de nitratos na gua

    que bebemos pode causar, tanto em bebs re-

    cm-nascidos quanto em adultos com certa de-

    ficincia enzimtica, a doena conhecida como

    metemoglobinemia ou sndrome do beb

    azul. Bactrias presentes no estmago do beb

    ou em mamadeiras mal lavadas e mal esterili-

    zadas podem reduzir o nitrato a nitrito, como

    mostra a equao:

    NO3 (aq) + 2 H+(aq) + 2 e NO2

    (aq) + H2O (l)

    nitrato nitrito

    Interagindo com a hemoglobina, o nitrito a

    oxida impedindo, dessa forma, a absoro e o

    transporte adequados de oxignio s clulas do

    organismo. Em razo da falta de hemoglobina,

    na sua forma reduzida e que d a cor vermelha

    ao sangue, o beb acometido de insuficincia

    respiratria, perdendo a sua cor natural para

    uma cor azul-arroxeada. Nos adultos, essa doen-

    a pode ser controlada, pois a hemoglobina oxi-

    dada pode retornar com facilidade sua forma

    reduzida, transportadora de oxignio, e o nitrito

    se oxidar novamente a nitrato.

    A Portaria no 2.914, de 12 de dezembro de

    2011, do Ministrio da Sade, estabelece os proce-

    dimentos e responsabilidades relativos ao controle

    e vigilncia da qualidade da gua para consumo

    humano e seu padro de potabilidade. Alguns des-

    ses dados so mostrados nas tabelas a seguir.

    Alguns componentes que afetam a qualidade organolptica da guaComponentes que afetam a qualidade

    organolpticaConcentrao mxima permitida (miligramas

    por litro de gua)

    Alumnio (Al3+) 0,2

    Cloretos (Cl) 250,0

    Cobre (Cu2+) 1,0

    Zinco (Zn2+) 5,0

    Ferro total (Fe2+ e Fe3+) 0,3

    Mangans (Mn2+) 0,1

    Tabela 3.

    1 1 ppb = 0,01 ppm; 100 ppb = 0,1 ppm = 0,1 mg L1.

  • 15

    Qumica 2a srie Volume 1

    Valores de concentrao mxima permitida de alguns elementos na gua potvel e seus efeitos sobre a sade no Brasil

    Elementos que afetam

    a sadeFontes principais

    Concentrao mxima permitida

    (mg L-1)Efeitos sobre os seres humanos

    Arsnio Despejos industriais, efluentes de mineraes, inseticidas, herbicidas

    0,01Distrbios gastrintestinais, cancergeno e teratognico2

    BrioAtividades industriais e de extrao da bauxita

    0,7 Paralisia muscular

    Chumbo Aditivos de gasolina, tintas 0,01Nuseas, irritabilidade, danos no crebro

    Crmio Indstrias galvnicas 0,05 Cancergeno e mutagnico

    Mercrio Indstria eletroqumica 0,001 Neurotxico e mutagnico

    CianetosDescarte de processos de minerao e da indstria eletroqumica

    0,07Irritante para os olhos, venenoso em contato com a pele, letal

    NitratosDejetos humanos, atividades agrco-las e algumas atividades industriais

    10 Metemoglobinemia

    Cdmio Despejos de processos industriais 0,005Disfuno renal, hipertenso, arteriosclerose

    Alumnio guas potveis purificadas com alume 0,2Perda de memria, mal de Alzheimer

    Tabela 4.

    Padro microbiolgico de potabilidade da gua para consumo humano

    Parmetro Valor mximo permitido

    gua para consumo humanoEscherichia coli ou coliformes termotolerantes

    Ausncia em 100 mL

    gua na sada do tratamento Coliformes totais Ausncia em 100 mL

    gua tratada no sistema de distribuio (reservatrios e redes)

    Escherichia coli ou coliformes termotolerantes

    Ausncia em 100 mL

    Tabela 5.

    2 Teratognico: alterao no hereditria no feto.

    De acordo com a legislao brasileira vi-

    gente, a gua potvel deve estar em confor-

    As instituies responsveis pelo controle da

    qualidade da gua em termos de potabilidade

    realizam periodicamente anlises bacteriolgi-

    cas para verificar a existncia e a quantidade de

    micro-organismos, identificando-os como prejudi-

    ciais ou no sade, bem como anlises fsico-

    -qumicas para determinar a existncia e a quan-

    tidade das espcies qumicas dissolvidas em gua.

    midade com o padro microbiolgico aqui

    apresentado.

  • 16

    Lembrando o que ocorreu em Caruaru, no Esta-

    do de Pernambuco, em 1996, quando muitas mor-

    tes foram causadas em razo do tratamento inade-

    quado da gua usada em hemodilises, , portanto,

    dever do cidado estar atento qualidade da gua

    que usa e exigir monitoramento contnuo de esp-

    cies que possam afetar a sade humana e a sobre-

    vivncia de outras espcies animais e vegetais.

    Elaborado especialmente para o So Paulo faz escola.Fonte das tabelas: Portaria no 2.914, de 12 de dezembro

    de 2011. Disponvel em: .

    Acesso em: 27 maio 2013.

    Aps a leitura dos textos, discuta com a

    classe pormenores importantes que foram

    tratados. Em seguida, dialogue com os alunos

    sobre o que sabiam a respeito desse assunto

    antes da leitura e o que sabem no momento,

    aps a leitura, fazendo na lousa uma sntese

    dos novos conhecimentos.

    Alm disso, uma estratgia que motiva

    muito os alunos um trabalho interdiscipli-

    nar envolvendo professores de outras reas,

    no qual se prope pesquisar no somente os

    transtornos sade causados por micro-or-

    ganismos, mas tambm outros aspectos do

    problema, relacionados s diferentes reas

    de estudo.

    Questes para anlise do texto

    1. O que gua potvel? O critrio de potabi-lidade significa o mesmo que o critrio de

    pureza?

    gua potvel aquela que prpria para beber e para ser

    ingerida. Ela deve ser isenta de cor, sabor, odor ou aparncia

    desagradvel. O critrio de potabilidade indica que a gua

    pode conter substncias dissolvidas em certas quantidades

    (ou concentraes). H limites estabelecidos pela legislao,

    que precisam ser monitorados. J o critrio de pureza consi-

    dera pura a amostra que tem propriedades especcas, como

    temperatura de ebulio e de fuso e a ausncia de outras

    espcies qumicas.

    2. O que gua contaminada? Por que no prpria para beber?

    gua contaminada a que contm substncias txicas e or-

    ganismos patognicos nocivos sade em concentraes

    superiores aos parmetros ou aos ndices de qualidade esta-

    belecidos pela legislao. No pode ser consumida para no

    afetar a sade dos seres humanos.

    3. Que danos sade pode causar a presen-a de chumbo na gua potvel? Qual a

    concentrao mxima permitida para esse

    elemento na gua potvel, segundo a legis-

    lao brasileira? Quais so suas fontes?

    O chumbo, no ser humano, deposita-se nos ossos, na mus-

    culatura, nos nervos e nos rins, provocando estados de agita-

    o, epilepsia, tremores, reduo da capacidade intelectual,

    anemia e, em casos extremos, uma doena chamada satur-

    nismo. A concentrao mxima permitida pela legislao

    de 0,01 mg L1 ou 0,01 ppm. As fontes de chumbo so algu-

    mas tintas, aditivos de gasolina e tubulaes feitas desse metal.

    4. Por que atualmente no se considera reco-mendvel o uso de panelas de alumnio?

    O uso dessas panelas no recomendvel porque pode au-

    mentar a quantidade desse contaminante nos alimentos nela

    processados. Sabe-se que o consumo de gua potvel com

  • 17

    Qumica 2a srie Volume 1

    mais de 100 ppb (0,1 mg L1) de alumnio pode causar da-

    nos neurolgicos, como perda de memria, e contribuir para

    agravar a incidncia do mal de Alzheimer.

    5. Que malefcios sade pode causar a presena de nitratos na gua que bebemos?

    A presena de nitratos pode causar a doena conhecida

    como metemoglobinemia ou sndrome do beb azul. Bac-

    trias presentes no estmago do beb ou em mamadeiras

    mal lavadas podem causar a transformao do nitrato em

    nitrito, de acordo com a equao:

    NO (aq) + 2 H(aq) + 2 e NO2 (aq) + H2O (l)

    nitrato nitrito

    Interagindo com a hemoglobina, o nitrito a oxida, impedin-

    do, dessa forma, a absoro e o transporte adequado de oxi-

    gnio s clulas do organismo.

    Consequentemente, o beb acometido de insucincia

    respiratria, o que altera a sua colorao natural para uma

    colorao azulada.

    1. Faa, no caderno, uma snte-se das ideias desenvolvidas nos

    textos, utilizando uma tabela se-

    melhante que segue. Entregue-a ao pro-

    fessor.

    A elaborao de uma sntese visa favorecer os alunos na

    compreenso da leitura e na organizao de seu raciocnio.

    As ideias principais apresentadas dizem respeito diferena en-

    tre os conceitos de gua potvel e gua pura, aos critrios de

    potabilidade, segundo a legislao brasileira, e a problemas de

    contaminao da gua para consumo. A escolha dos pormeno-

    res vai depender da avaliao dos alunos, de sua histria e seus

    conhecimentos, e no ser to relevante. Um aluno, por exem-

    plo, pode achar que so importantes os efeitos do chumbo ou

    do alumnio no organismo enquanto outro pode considerar que

    as quantidades relativas que so importantes; um outro aluno

    pode achar importantes as concentraes-limite estabelecidas

    legalmente. Quanto s concluses e s implicaes, o importan-

    te que eles percebam o papel que a sociedade e eles prprios

    exercem no uso e na manuteno da qualidade da gua.

    2. Segundo um levantamento informal de 1992, a gua potvel de 13 das casas de uma certa cidade tinha nveis de chum-

    bo da ordem de 10 ppb. Supondo que um

    morador de uma dessas casas beba apro-

    ximadamente 2 litros de gua por dia,

    calcule quanto de chumbo esse adulto

    ingere diariamente.

    Informe ao aluno que a concentrao expressa em 1 ppb

    corresponde a 0,001 mg L1 (uma parte em um bilho

    de partes, ou seja, 1 g em 109 g, ou, para a gua, 1 g em

    106 L, ou 1 mg em 103 L, ou 0,001 mg em 1 L). As unidades

    de concentrao sero abordadas na Situao de Apren-

    dizagem 3.

    Ideia principal Pormenores importantes Concluses e implicaes

    Tabela 6.

    3

  • 18

    1 ppb = 0,001 mg L1

    10 ppb = 0,01 mg L1

    Bebendo 2 L de gua, a pessoa ingere 0,02 mg de chumbo

    (0,01 mg L1).

    3. Examine a tabela apresentada a seguir, que contm resultados de anlises de algumas

    guas, distribudos de acordo com os ele-

    mentos qumicos presentes (As, Ba, Pb, Hg,

    Al, Cu e Mn), levando em conta que a unida-

    de mg L1 significa que em 1 L da gua ana-

    lisada est contido 1 mg da espcie qumica

    considerada. Avalie a potabilidade dessas

    guas, utilizando as informaes das tabelas

    do texto A gua potvel. Aponte tambm

    os possveis efeitos que essas guas podem

    causar se forem ingeridas. Apresente o resul-

    tado de sua anlise em forma de tabela.

    Espciequmica

    Amostra A(mg L1)

    Amostra B(mg L1)

    Amostra C(mg L1)

    Amostra D(mg L1)

    As 0,05 1 0,001

    Ba 0,8 0,50 0,001 1 000

    Pb 0,015 0,05 0,01

    Hg 0,00010 10

    Al 0,1 0,18 0,20 10

    Cu 1,09 0,89 0,90

    Mn 0,01 0,10 1,00 0,98

    Tabela 7. Elaborado especialmente para o So Paulo faz escola.

    AmostraConcentrao maior que a

    mxima permitida Efeitos txicos possveis

    A Ba e Cu Paralisia muscular

    B As e Pb Distrbios gastrintestinais, cancergeno, danos no crebro, nuseas e irritabilidade

    C As, Pb e Mn Semelhante amostra B

    D Ba, Hg, Al e Mn Paralisia muscular, distrbios neurolgicos e mutagnicos, mal de Alzheimer

    Tabela 8.

    Nenhuma das amostras obedece aos ndices de qualida-

    de para a gua previstos por lei; todas so nocivas sade

    humana.

    Embora ainda no tenha sido abordado o tpico concentra-

    o de solues, voc poder explicar o signicado da re-

    presentao mg L1. Por exemplo, para a espcie qumica Ba,

  • 19

    Qumica 2a srie Volume 1

    0,8 mg L1 signica que em 1 litro da gua analisada esto

    contidos 0,8 mg de Ba. Assim, os alunos cam sabendo que

    em cada 1 litro da gua analisada est contida a massa indicada

    nessa tabela, correspondente espcie qumica considerada.

    Grade de avaliao da Situao de Aprendizagem 1

    Para a realizao desta Situao de Apren-

    dizagem, esperamos que os alunos j tenham,

    SITUAO DE APRENDIZAGEM 2 DISSOLUO DE MATERIAIS EM GUA E

    MUDANA DE SUAS PROPRIEDADES

    em etapa anterior, construdo em sua estru-

    tura cognitiva o conceito de substncia, que

    deve ser retomado por meio de uma discusso

    geral. So explorados os conceitos de gua

    potvel e o padro de potabilidade. No exerc-

    cio referente s anlises de amostras de gua,

    os alunos tiveram de fazer a leitura de tabe-

    las, comparar dados e avaliar a potabilidade,

    apresentando argumentos que justificassem

    suas decises.

    Uma propriedade importante da gua

    sua ao solvente. Ela interage com mui-

    tos slidos, lquidos e gases, dissolvendo-os.

    Alguns se dissolvem em quantidades apre-

    civeis, como o cloreto de sdio. Outros, em

    quantidades to diminutas que so consi-

    derados insolveis, como o carbonato de

    clcio. Nesta Situao de Aprendizagem,

    descreveremos ainda algumas das proprieda-

    des da gua, como o calor especfico, a den-

    sidade, a condutibilidade eltrica, a acidez e

    a alcalinidade (pH) e, tambm, as mudanas

    causadas nessas propriedades pela presena

    de solutos.

    Contedos e temas: calor especfico; densidade; temperatura de ebulio da gua com a presena de solutos; solubilidade; outras propriedades.

    Competncias e habilidades: reconstruir o conceito de solubilidade em um nvel mais amplo, como ex-tenso da dissoluo; compreender como as propriedades peculiares da gua possibilitam a existncia de vida no planeta; concluir, a partir da anlise de dados experimentais, como a presena de solutos afeta as propriedades caractersticas da gua; aplicar esses conhecimentos na resoluo de problemas ambientais, industriais e relacionados sade.

    Sugesto de estratgias de ensino: leitura e anlise de tabelas; interpretao de grficos; demonstraes experimentais.

    Sugesto de recursos: materiais para a realizao de experimentos; descrio de experimentos; questes.

    Sugesto de avaliao: trabalhos executados no decorrer das atividades; trabalho individual.

  • 20

    Atividade 1 At quanto um slido solvel em gua?

    Demonstrao experimental ou descrio de um experimento

    Nesta atividade, o conceito de solubili-

    dade ser reconstrudo, considerando-o em

    um nvel mais amplo, como extenso da

    dissoluo.

    Para iniciar esta etapa, procure conhecer o

    que os alunos j sabem sobre o assunto utili-

    zando questes como:

    f Quais materiais vocs conhecem que se dis-solvem em gua?

    f H materiais que no se dissolvem em gua?

    f Que quantidade de um material consegui-mos dissolver em certo volume de gua?

    Dialogando com os alunos sobre as ques-

    tes levantadas, procure chamar a ateno

    deles para o experimento que ser realizado.

    Essa estratgia mostra-se til porque muitos

    detalhes experimentais que podem passar des-

    percebidos por eles so destacados por voc no

    momento da apresentao. Dessa forma, a clas-

    se fica mais atenta para compreender melhor o

    que voc est demonstrando e explicando.

    A substncia a ser usada o sulfato de co-

    bre pentaidratado, CuSO4 5H2O. Sendo um

    slido azul, pela intensidade da cor da soluo

    resultante, pode-se estimar a massa de sulfato

    de cobre dissolvida em dado volume de gua

    temperatura ambiente (considerando tubos de

    ensaio de iguais dimenses).

    Materiais e reagentes

    f 5 tubos de ensaio de mesmas dimenses (al-tura e dimetro);

    f estante para tubos de ensaio;

    f 5 rolhas para vedao;

    f 1 basto de vidro;

    f 1 proveta de 50 mL;

    f massas conhecidas de CuSO4 5H2O: 1,5 g; 2,5 g; 4,2 g; 5,0 g; 6,0 g;

    f gua destilada.

    Procedimento

    1. Coloque nos tubos de ensaio as diferentes

    massas de sulfato de cobre e indique no rtu-

    lo de cada um a massa nele contida.

    2. Disponha-os na estante para tubos de ensaio

    em ordem crescente de massas.

  • 21

    Qumica 2a srie Volume 1

    Quando no existir tempo para a exe-

    cuo da atividade com os alunos, uma al-

    ternativa fazer uma preparao prvia e

    apresentar a eles apenas o resultado. Quan-

    do a escola no dispe do material neces-

    srio, um recurso que d bons resultados

    trabalhar com a descrio do experimento e

    com os dados experimentais obtidos por ou-

    tros pesquisadores. Seria importante dirigir

    3. Mea com a proveta o volume de 20 mL de

    gua e adicione-o ao primeiro tubo.

    4. Vede o tubo com a rolha e agite a mistura v-

    rias vezes. Recoloque-o na estante.

    5. Proceda do mesmo modo com os outros tubos.

    Compare as misturas resultantes em relao

    ao aspecto homogneo ou heterogneo, cor e

    presena ou no de slido. Anote suas observa-

    es na tabela a seguir.

    TuboMassa de

    CuSO4 5H2O (g)

    Volume de gua (mL)

    Aspecto homogneo ou heterogneo

    Comparao de corPresena ou no de

    slido

    I 1,5 20 Homogneo Azul

    II 2,5 20 Homogneo Azul mais intenso que I

    III 4,2 20 Homogneo Azul mais intenso que II

    IV 5,0 20Heterogneo

    Corpo de fundo

    Azul de intensidade igual ao tubo III Sim

    V 6,0 20Heterogneo

    Corpo de fundo

    Azul de intensidade igual ao tubo III Sim

    Tabela 9.

    a ateno dos alunos para o controle de va-

    riveis. Nesse caso, para estudar quanto de

    sulfato de cobre pentaidratado se dissolve

    em 20 mL de gua temperatura ambien-

    te, as variveis consideradas foram a massa

    dissolvida e o volume de gua utilizado. As-

    sim, fixou-se o volume de gua em 20 mL e

    variou-se a massa de sulfato de cobre pentai-

    dratado colocada para dissolver.

  • 22

    Em discusso com a classe, voc poder

    lanar as questes que seguem, procurando

    respond-las em conjunto com os alunos, con-

    siderando suas ideias, sem refut-las, pois tal

    atitude os desestimula para a aprendizagem.

    O que se pretende a construo do conceito

    de extenso da dissoluo, que, por sua vez,

    ser tambm ampliado no estudo.

    1. Ocorreu dissoluo total do slido em to-dos os tubos? Se quiser complementar sua

    resposta, descreva suas observaes por

    meio de um desenho no seu caderno ou

    numa folha avulsa.

    Ocorre dissoluo total do slido nos tubos I, II e III. Nos tu-

    bos IV e V parte do slido se depositou, formando corpo de

    fundo, no tubo V mais do que no IV.

    2. Como explicar o depsito de slido (corpo de fundo) nos tubos IV e V?

    Nos tubos IV e V a massa de sulfato de cobre que foi colocada

    para ser dissolvida deve ter ultrapassado a quantidade-limite

    que pode ser dissolvida em 20 mL de gua, temperatura da

    experincia, ou seja, ultrapassou o limite de solubilidade do

    sulfato de cobre a essa temperatura.

    20 ml

    15 ml

    10 ml

    20 ml

    15 ml

    10 ml

    15 ml

    10 ml

    20 ml 20 ml

    15 ml

    10 ml

    20 ml

    15 ml

    10 ml

    C

    laud

    io R

    ipin

    skas

    Figura 1.

    3. possvel relacionar a constncia da cor com a quantidade dissolvida? Justifique.

    A constncia da cor nos tubos IV e V acontece em razo de se

    ter atingido a quantidade mxima de sulfato de cobre que se

    pode dissolver nesses dois tubos.

    4. O que poderia ocorrer se fosse adicionado mais 1,0 g de slido ao tubo II? E ao tubo

    IV? Justifique.

    A adio de mais 1,0 g de soluto ao tubo II poder intensicar

    a cor da soluo, pois, nesse tubo, ainda no foi atingida a

    quantidade-limite que pode ser solubilizada, havendo a pos-

    sibilidade de dissoluo de mais soluto. Ao contrrio, no tubo

    IV, a tonalidade da soluo no se modicar, pois a quanti-

    dade-limite foi ultrapassada o excesso de slido adicionado

    aumentar a quantidade de corpo de fundo ali presente.

    5. Pode-se estimar a quantidade mxima de CuSO4 5 H2O capaz de se dissolver em

    20 mL de gua? E em 100 mL de gua?

    Pode-se estimar que a quantidade de soluto possvel de ser

    dissolvida em 20 mL de gua est entre 4,2 e 5,0 g, pois no

    tubo III ainda no restou slido, ou seja, no foi ultrapassada

    a quantidade mxima que pode ser dissolvida em 20 mL, e

    no tubo IV isso j acontece. Como a cor da soluo do tubo

  • 23

    Qumica 2a srie Volume 1

    Tabela 10. Elaborado especialmente para o So Paulo faz escola. Fonte dos dados: LIDE, D. R. (editor-in-chief). Handbook of Chemistry and Physics. 73. ed. Boca Raton: CRC Press, 1992-1993.

    Solubilidade de alguns solutos da gua do mar (25 C e 1 atm)

    Soluto Frmula Solubilidade (g 100 g1 de gua)

    Cloreto de magnsio MgCl2 54,1

    Sulfato de clcio CaSO4 6,8 10-3

    Carbonato de clcio CaCO3 1,3 10-3

    Cloreto de sdio NaCl 36,0

    Brometo de sdio NaBr 1,2 102

    Sulfato de magnsio MgSO4 36,0

    IV a mesma que a do tubo III, pode-se inferir que esse va-

    lor deve ser prximo a 4,2 g. Quando se consideram 100 mL

    de gua, proporcionalmente, ser possvel dissolver 5 vezes

    mais, ou seja, em torno de 21 g de soluto.

    Observao: Nesta questo, desejvel que seja enfatizada a

    proporcionalidade entre a massa dissolvida e o volume de gua.

    Voc pode trabalhar os dados da tabela

    apresentada no exerccio a seguir chamando

    a ateno para o fato de as solubilidades se-

    rem variadas: alguns sais so muito solveis

    e outros muito pouco solveis. Espera-se que

    os alunos construam o conceito de solubilida-

    de, que, em outro momento, ser diferencia-

    do como uma situao de equilbrio qumico.

    Algumas questes podem animar uma dis-

    cusso geral.

    1. Faa um pequeno resumo sobre o que voc aprendeu ao fim desta ati-

    vidade. Esse resumo pode ser feito

    na forma de um fluxograma que mostre os

    passos seguidos e as concluses elaboradas.

    Em folha parte, entregue-o ao professor.

    Os alunos podero mencionar os assuntos que aprenderam

    relacionados dissoluo e solubilidade.

    2. Considere a tabela a seguir que indica as solubilidades de alguns solutos da gua do

    mar em g 100 g1 de gua.

  • 24

    a) Por que possvel comparar as solubili-dades dos diferentes solutos?

    Porque as massas dissolvidas referem-se mesma massa de

    gua (100 g), mesma temperatura e presso (25 oC e 1 atm).

    b) Qual dos sais o mais solvel? Qual o menos solvel?

    O mais solvel o NaBr (1,2 102 g 100 g1 de gua), e o me-

    nos solvel o CaCO3 (1,3 103 g 100 g1 de gua).

    c) 20 g de cloreto de sdio foram colocados para dissoluo em 50 g de gua. A mis-

    tura resultou homognea? Justifique.

    Desafio!

    Em exames radiolgicos gastrintestinais,

    utiliza-se para contraste soluo saturada de

    sulfato de brio (BaSO4). No entanto, para um

    indivduo de 60 kg de massa corprea, o limite

    de tolerncia da espcie qumica on brio (Ba2+)

    no organismo humano de 0,7 g. Levando-se

    em conta que a solubilidade do BaSO4 em gua

    de 2,3 103 g para 1 litro de gua, explique por

    que a ingesto de um copo (200 mL) de soluo

    saturada de sulfato de brio no letal para esse

    indivduo.

    Nesse exerccio, que expe um fato do cotidiano, os alunos

    iro utilizar os conhecimentos construdos, avaliaro dados

    quantitativos e elaboraro concluses. Sugerimos, na sua

    correo, que, em vez de aplicar simplesmente uma regra

    de trs, a questo da proporcionalidade seja levantada.

    233 g BaSO4137 g Ba2+

    4,6 104

    X=

    2,3 103 g de BaSO41 000 mL de gua

    4,6 104 g200 mL

    ou

    Ou 0,00027 g de Ba2+ ou 2,7 104 g de Ba2+ em 200 mL. Ento,

    temos que 0,00027 g < 0,7 g, portanto, s h 0,00027 g do

    on Ba2+ em 200 mL da soluo, no atingindo a quantida-

    de letal, que de 0,7 g.

    Como a solubilidade do NaCl de 36,0 g para 100 g de gua,

    a mistura resultar heterognea. Em 50 g de gua, 18,0 g de

    NaCl se dissolvem e 2,0 g permanecem sem se dissolver, for-

    mando corpo de fundo.

    d) Uma soluo aquosa contm como so-lutos os cloretos de sdio e de magnsio

    em iguais concentraes. Submetendo-

    -se essa soluo evaporao, qual s-

    lido se deposita primeiro, separando-se

    da soluo? Justifique.

    O primeiro slido a se depositar, no caso, o NaCl porque

    o menos solvel.

    Grade de avaliao da atividade 1

    Nessa atividade, o conceito de solubilidade

    foi reconstrudo com a realizao ou a descri-

    o do experimento.

    As questes propostas na seo Lio de

    casa para anlise da tabela de solubilidade de

    alguns solutos teve o objetivo de mostrar que as

    solubilidades so variadas, dependendo da na-

    tureza do soluto, do solvente, da temperatura e

    da presso. A questo do Desafio!, que envolve

    o uso do BaSO4 em exames radiolgicos, rela-

    ciona o conhecimento qumico com a sade.

  • 25

    Qumica 2a srie Volume 1

    Deve ficar claro para os alunos o signifi-

    cado de extenso da dissoluo, ou seja,

    que existe para dado material uma quanti-

    dade-limite que pode se dissolver em certa

    quantidade de solvente, numa temperatura

    determinada. Essas ideias serviro para o es-

    tudo posterior de equilbrio qumico. Com a

    realizao dessa atividade, os alunos devem

    ser capazes de realizar a leitura compreensiva

    de tabelas e grficos, analisar dados, estabele-

    cer relaes, elaborar concluses e, ao mesmo

    tempo, compreender que as diferentes solu-

    bilidades s podem ser comparadas quando

    as quantidades dissolvidas se referem a uma

    mesma quantidade de solvente e mesma

    temperatura.

    Atividade 2 A vida depende da gua: outras propriedades do solvente gua

    Nessa segunda atividade, outras proprie-

    dades importantes da gua sero abordadas:

    calor especfico, densidade e condutibilidade

    eltrica. O conceito de densidade j foi in-

    troduzido anteriormente (1a srie) e pode ser

    retomado. No se trata de aprofundar esses

    conceitos nem de explor-los em nvel de mo-

    delos explicativos, mas de mostrar a impor-

    tncia deles nas caractersticas que a gua

    apresenta.

    Caso tenha condies, voc pode antecipa-

    damente apresentar aos alunos, como traba-

    lho a ser realizado em grupos, as trs situaes

    descritas a seguir, cujas respostas devem ser

    pesquisadas e elaboradas em forma de texto

    para serem discutidas e avaliadas. Voc tam-

    bm pode trabalhar em sala de aula, dividindo

    a classe em grupos e atribuindo uma das situa-

    es a cada grupo.

    Situao 1 Calor especfico

    A espcie qumica gua apresenta proprie-

    dades muito peculiares e diferentes da maioria

    dos outros lquidos. So essas propriedades que

    a tornam responsvel por vrias das interaes

    e transformaes que ocorrem no planeta.

    Uma das caractersticas mais importantes

    o seu calor especfico capacidade de absor-

    ver ou perder calor.

    Calor especfico de alguns lquidos a 1 atm e a 25 oC

    LquidoCalor especfico

    (J g1 oC-1)

    gua 4,18

    Etanol 2,44

    Acetona 2,17

    Benzeno 2,37

    Glicerina 2,37

    Tabela 11. Elaborado especialmente para o So Paulo faz escola. Fonte dos dados: LIDE, D. R. (editor-in-chief). Handbook of Chemistry and Physics. 73. ed. Boca Raton: CRC Press, 1992-1993.

    A gua um dos lquidos de maior ca-

    lor especfico que se conhece, cujo valor

    4,18 J g-1 oC-1. Comparando-a com o etanol

    (lcool comum), vemos que o calor especfico

    dele 2,44 J g-1 oC -1. Isso significa que, para

    elevar em 1 oC a temperatura de 1 g de gua,

    so necessrios 4,18 J e, para elevar em 1 oC a

  • 26

    temperatura de 1 g de etanol, so necessrios

    2,44 J.

    Exerccios para a sala de aula

    1. Considere a seguinte situao: dois frascos fechados contendo respectivamente 1 kg de

    gua e 1 kg de etanol ficaram expostos ao

    sol durante certo tempo. Qual deles estar

    mais quente aps esse tempo de exposio?

    Qual deles levar mais tempo para se res-

    friar? Justifique.

    O frasco que contm o etanol apresentar temperatura mais

    elevada e resfriar em menor tempo. Isso porque, para ele-

    var em 1 oC a temperatura de 1 kg de gua, so necessrios

    4,18 kJ. Para elevar em 1 oC a temperatura de 1 kg de etanol

    so necessrios 2,44 kJ, ou seja, preciso menos energia para

    aumentar sua temperatura. Portanto, quando massas iguais

    de gua e de etanol recebem a mesma quantidade de ener-

    gia, em certo intervalo de tempo, o etanol car mais quen-

    te. O etanol resfriar mais rapidamente, pois perder uma

    quantidade de energia menor, comparada com a gua, para

    baixar a temperatura em 1 oC.

    2. Como essa caracterstica peculiar da gua mantm, praticamente sem grandes va-

    riaes, tanto a temperatura do ambiente

    aqutico como o clima terrestre?

    Em razo do seu elevado calor especco, a gua oferece

    grande resistncia s variaes de temperatura. Grandes

    quantidades de calor tero de ser absorvidas ou cedidas pelas

    massas de gua para que elas sofram elevaes ou redues

    da sua temperatura. tambm em virtude do elevado calor

    especco que o clima se mantm estvel em cada latitude

    ou altitude, nas diferentes regies do planeta, em cada poca

    do ano.

    Situao 2 Densidade

    Uma outra propriedade importante da

    gua a densidade.

    Normalmente, para os lquidos comuns, a

    densidade decresce com a elevao da tempe-

    ratura. No caso da gua, porm, os dados da

    tabela mostram que a densidade aumenta de

    0 a 4 oC, em que ela mxima, e depois de-

    cresce. Como densidade a relao massa/vo-

    lume, isso significa que, quando a temperatura

    aumenta de 0 a 4 oC, a gua se contrai, dimi-

    nuindo o volume e, consequentemente, aumen-

    tando a densidade, uma vez que a massa no

    se altera com a temperatura. Acima de 4 oC,

    como o volume aumenta, a densidade decresce.

    Densidade da gua lquida a vrias temperaturas

    Temperatura(oC e 1 atm)

    Densidade (g cm-3)

    0 0,99984

    2 0,99997

    4 1,0000

    6 0,99997

    8 0,99988

    10 0,99970

    16 0,99910

    20 0,99821

    25 0,99707

    30 0,99565

    Tabela 12. Elaborado especialmente para o So Paulo faz escola. Fonte dos dados: LIDE, D. R. (editor-in-chief). Handbook of Chemistry and Physics. 73. ed. Boca Raton: CRC Press, 1992-1993.

  • 27

    Qumica 2a srie Volume 1

    Exerccios para a sala de aula

    1. Com base nessas informaes e sabendo que a densidade do gelo 0,92 g cm3, o

    gelo flutuaria na gua a 0 oC? E a 25 oC?

    Os dados da tabela de densidade da gua a vrias tempera-

    turas levam a concluir que o gelo vai utuar, pois apresenta

    densidade menor nas duas temperaturas.

    2. O que poderia ocorrer com a gua de um rio em um local onde a temperatura

    ambiente fosse igual ou inferior a 0 oC?

    Justifique.

    Se a gua de um rio congelar (0 oC ou abaixo), o gelo se

    formar na superfcie e no afundar.

    3. O que poderia acontecer com a vida em um lago se a densidade do gelo fosse maior

    que a da gua lquida, em um dia em que

    a temperatura ambiente fosse igual ou me-

    nor que 0 C?

    Os seres aquticos que vivem submersos poderiam morrer,

    pois cariam presos no gelo e tambm no disporiam de oxi-

    gnio para sua respirao.

    Situao 3 Condutibilidade eltrica da gua

    Para observar a manifestao da conduti-

    bilidade eltrica associada a materiais, pode-se

    usar um dispositivo semelhante ao da figura,

    em que as ligaes so feitas em paralelo.

    Quando as extremidades do fio so intro-

    duzidas no material, uma ou mais lmpadas

    podero acender, dependendo da capacidade

    que o material tem de conduzir corrente el-

    trica. Na gua destilada, por exemplo, quan-

    do os dois fios so introduzidos, nota-se que

    somente a lmpada de nenio (a menor) se

    acende. Como corrente eltrica pressupe

    movimento de cargas eltricas, o fato obser-

    vado leva a supor que na gua esto presentes

    partculas portadoras de cargas eltricas livres

    (chamadas de ons), capazes de se movimentar,

    interruptor

    fios desencapados

    interruptor

    Figura 2.

    S

    amue

    l Silv

    a

  • 28

    transportando energia eltrica. Contudo, ao

    se colocar o dispositivo de medir condutibili-

    dade eltrica na gua de torneira, percebe-se

    um brilho mais intenso do que o observado

    anteriormente. Se o dispositivo for colocado

    em gua do mar, as trs lmpadas acendero.

    Podemos, assim, afirmar que a gua do mar

    apresenta um grau de condutibilidade el-

    trica maior que a gua potvel, que, por sua

    vez, possui maior condutibilidade que a gua

    destilada.

    Exerccios para a sala de aula

    1. Considerando essas informaes, poss-vel relacionar o fato de certas espcies qu-

    micas estarem dissolvidas na gua potvel

    com o fato de seu grau de condutibilidade

    eltrica ser maior que o da gua destilada?

    Proponha argumentos que justifiquem sua

    resposta.

    Considerando que o grau de condutibilidade eltrica da

    gua potvel maior que o da gua destilada, razovel su-

    por que na gua potvel o nmero de partculas portadoras

    de cargas eltricas livres maior que na gua destilada.

    2. Esses argumentos poderiam ser utilizados para explicar a condutibilidade eltrica ob-

    servada na gua do mar?

    Na gua do mar h um nmero considervel de esp-

    cies portadoras de cargas eltricas (ons), o que intensica

    seu grau de condutibilidade eltrica, que se torna maior

    que o da gua potvel e o da gua destilada.

    3. Ao se adicionar sal de cozinha em gua des-tilada e medir a condutibilidade eltrica com

    o dispositivo, o que voc espera observar?

    Espera-se observar grande aumento na condutibilidade el-

    trica por causa do aumento de cargas eltricas surgidas da

    dissoluo do sal de cozinha na gua.

    4. Apresente um resumo da situao analisa-da e destaque a propriedade que estudou,

    qual sua importncia para a vida etc.

    Ao solicitar um resumo, o que se pretende desenvolver nos

    alunos as capacidades leitora e escritora, a busca de informa-

    es e a autonomia. No caso do calor especco, espera-se

    que eles reconheam, como j foi visto, que, por causa do

    elevado calor especco que a gua apresenta, ela oferece

    grande resistncia s variaes de temperatura. Grandes

    quantidades de calor tero de ser absorvidas ou cedidas pelas

    massas de gua para que elas sofram elevaes ou redues

    da sua temperatura. tambm por causa do elevado calor

    especco que o clima se mantm relativamente estvel em

    cada latitude ou altitude, nas diferentes regies do planeta,

    em cada poca do ano. J a importncia da gua para os

    seres vivos deve-se sua ao solvente e ao fato de muitas

    das substncias por eles absorvidas, em razo das reaes de

    seu metabolismo, ocorrerem em meio aquoso. Alm disso,

    o comportamento peculiar da gua em relao s variaes

    da densidade em funo da temperatura tem efeito positivo

    na sobrevivncia dos seres aquticos. De fato, a densidade da

    gua aumenta com a elevao da temperatura, de 0 a 4 oC,

    em que ela mxima, e depois decresce. Se a gua de um

    rio, numa regio onde a temperatura ambiente for igual ou

    inferior a 0 oC, se congelar, o gelo, por ser menos denso do

    que a gua lquida, se formar na superfcie e no afundar.

    A gua no fundo do rio ser lquida. Se no fosse assim, no

    inverno, em regies de climas muito frios, a gua congela-

    ria formando uma camada de gelo no leito do rio, lago ou

    oceano e, provavelmente, s existiria gua no estado slido,

    impedindo a vida de seres aquticos, animais e vegetais, pois

    cariam presos ao gelo e no disporiam de oxignio para

    sua respirao.

  • 29

    Qumica 2a srie Volume 1

    Grade de avaliao da atividade 2

    Nessa atividade, situaes foram propostas

    para que os alunos utilizassem as proprieda-

    des da gua e percebessem sua importncia no

    sistema natural. Na situao 1, pode-se enfati-

    zar o controle de variveis (massas iguais) para

    responder questo 1. A situao 2 impor-

    tante para que os alunos percebam o compor-

    tamento singular da gua. Na situao 3, so

    dadas informaes para que os alunos possam

    relacionar a presena de partculas carregadas

    livres em gua com a condutibilidade eltrica.

    Atividade 3 Como a presena de solutos afeta as propriedades do solvente?

    A atividade 3 enfocar, em outro contex-

    to, os conceitos j estudados de solubilidade

    e densidade. Para iniciar, faa para a classe a

    demonstrao experimental descrita a seguir,

    conforme previsto no Caderno do Aluno.

    1. Sabendo que a densidade do ovo no mu-dou com a adio de sal, explique a flutua-

    o do ovo.

    Para o ovo utuar, a densidade da soluo deve ter au-

    mentado. A adio de sal gua causa um aumento de sua

    densidade.

    2. Analise os dados a seguir:

    Desafio!

    Demonstrao experimental

    O professor vai colocar gua em um

    copo grande at de sua altura. Com cui-

    dado, introduzir um ovo cru nessa gua.

    Como era de se esperar, ele afunda porque

    mais denso que a gua. O professor adi-

    cionar sal de cozinha gua, agitando

    cuidadosamente, at que o ovo flutue.

    Solues de NaCl (% massa)

    Densidade a 25 oC (g cm3)

    0,53 1,000

    3,0 1,010

    5,4 1,035

    14,3 1,101

    Tabela 13. Elaborado especialmente para o So Paulo faz escola. Fonte dos dados: LIDE, D. R. (editor-in-chief). Handbook of Chemistry and Physics. 73. ed. Boca Raton: CRC Press, 1992-1993.

    Agora relacione o que ocorreu com o ovo

    ao que ocorre com a densidade da soluo

    de NaCl, medida que aumenta a quanti-

    dade de cloreto de sdio.

    Os dados de densidade de solues de NaCl em diferentes

    concentraes mostram que a densidade da soluo au-

    menta com o aumento da concentrao. O ovo utua por-

    que, com a adio de sal, a densidade da soluo aumenta,

    tornando-se maior que a densidade do ovo.

  • 30

    lago, a concentrao de sais dissolvidos nove

    vezes maior que a das guas dos oceanos. Um li-

    tro de gua do Mar Morto pesa 1170 g. Um litro

    de gua de rios pesa 990 g.

    1. Por que as pessoas boiam mais facilmente no Mar Morto?

    A elevada concentrao de sais no Mar Morto torna a gua

    muito densa, por isso, possvel boiar facilmente nesse mar.

    2. Se voc determinasse a temperatura de ebulio de uma amostra da gua do Mar

    Morto, ela seria maior, menor ou igual de

    uma amostra de gua do mar do litoral do

    Estado de So Paulo? Explique.

    A temperatura de ebulio seria maior se comparada gua

    do litoral do Estado de So Paulo, pois h grande quantidade

    de sais dissolvidos, mais do que na gua do nosso litoral, e a

    presena de sais eleva a temperatura de ebulio da gua.

    3. Por que a alta salinidade do Mar Morto impede que nele existam peixes e vida ve-

    getal? (Sugesto de leitura: GEPEQ. Inte-

    raes e transformaes: Qumica para o

    Ensino Mdio: livro de laboratrio. So

    Paulo: Edusp, 1998, v. 1. p. 47-49.)

    Os alunos podem apresentar vrias sugestes, como men-

    cionar que pode haver pouco oxignio dissolvido, uma vez

    que a quantidade de sal dissolvida muito grande e pode

    impedir a dissoluo do gs; tambm podem citar questes

    relacionadas osmose, perda de gua pelas clulas.

    Grade de avaliao da atividade 3

    O objetivo da atividade mostrar, de modo

    qualitativo, como a presena de solutos modifi-

    ca as propriedades da gua.

    3. Ser que a presena de sal tambm altera a temperatura de ebulio da gua pura?

    Justifique sua resposta considerando os da-

    dos da tabela a seguir.

    Temperaturas de ebulio de diferentes solues aquosas de NaCl

    Concentrao de NaCl (g L1)

    Temperatura de ebulio da soluo (oC)

    presso de 1 atm

    30 100,5

    58 101,1

    115 102,3

    170 103,3

    Tabela 14.

    O efeito sobre a temperatura de ebulio semelhante.

    Quanto maior a concentrao de sal, mais elevada a tem-

    peratura de ebulio da soluo.

    Enfatize que a temperatura de ebulio a da mistura gua e

    sal, e no da gua pura.

    So apresentadas a seguir mais algumas

    questes para que os alunos ampliem e apli-

    quem os conhecimentos construdos de forma

    a auxili-lo na avaliao da aprendizagem.

    Eles podem elaborar respostas escritas, que

    podero ser discutidas em classe.

    A gua do Mar Morto a mais salga-

    da do mundo. O Mar Morto um

    lago situado na foz do Rio Jordo, na

    fronteira entre Israel e Jordnia, na regio ociden-

    tal da sia (300 m abaixo do nvel do mar). Nesse

  • 31

    Qumica 2a srie Volume 1

    A importncia de conhecer a concentrao

    de uma soluo pode ser evidenciada por meio

    de alguns dos parmetros que determinam a

    qualidade da gua para consumo humano.

    Portanto, entender o significado de concen-

    trao, bem como reconhecer as diferentes

    maneiras que a sociedade tem usado para ex-

    press-la, passa a ser um contedo relevante

    no Ensino Mdio. At o momento, foram uti-

    lizados diferentes modos de expressar as quan-

    tidades de solutos dissolvidos em certo volume

    de gua, ou seja, de expressar a concentrao

    de soluo, como % massa g L-1. Nesta Si-tuao de Aprendizagem, essas representaes

    sero retomadas, colocando-as no contexto

    das solues aquosas, com o intuito de com-

    preend-las e saber como e quando utiliz-las.

    Tambm abordaremos como preparar tecni-

    camente uma soluo e como preparar uma

    soluo diluda a partir de uma concentrada.

    Contedo e temas: solues unidades de concentrao: % massa; g L-1; ppm.

    Competncias e habilidades: compreender o conceito de concentrao; compreender as unidades que expressam a composio das solues e utiliz-las adequadamente; realizar clculos envolvendo as dife-rentes unidades de concentrao e aplic-los no reconhecimento de problemas relacionados qualidade da gua para consumo.

    Sugesto de estratgias de ensino: anlise de dados e informaes; demonstrao experimental; exerc-cios utilizando as diversas unidades de concentrao; discusso geral.

    Sugesto de recursos: materiais no convencionais para a realizao de experimentos; descrio de ex-perimentos; fontes de pesquisa.

    Sugesto de avaliao: trabalhos executados no decorrer das Situaes de Aprendizagem; trabalho in-dividual.

    SITUAO DE APRENDIZAGEM 3 CONCENTRAO DE SOLUES

    Atividade 1 Entendendo o significado da concentrao de uma soluo

    Para problematizar a questo da concen-

    trao, retome alguns dados apresentados

    sobre as concentraes mximas de elemen-

    tos qumicos na gua potvel. Para isso,

    voc pode utilizar o exerccio a seguir, auxi-

    liando os alunos a interpretar a tabela nele

    apresentada.

    1. As concentraes mximas permitidas por lei de certos elementos qumicos na

    gua potvel esto apresentadas na tabela

    a seguir.

  • 32

    Interprete os dados da tabela, comparando

    as quantidades dissolvidas em 1 litro de gua

    potvel e em 2 litros, e complete os dados da

    ltima coluna. A razo massa do soluto/vo-

    lume da soluo (gua potvel) a mesma?

    Comparando os dados, observa-se que h uma relao de pro-

    porcionalidade entre as massas dissolvidas em 1 L, em 2 L e em

    4 L de soluo. No caso do arsnio, nas trs situaes, a relao

    massa de soluto/volume de soluo constante: 0,01 mg L1.

    Assim, 0,02 mg/2 L = 0,04 mg/4 L = 0,01 mg/1 L. Esta mesma

    anlise pode ser feita considerando-se os outros elementos.

    Tabela 15.

    Elementos que afetam a sade

    Concentrao mxima permitida

    (mg L-1)

    Quantidade mxima contida em 1 L (em mg)

    Quantidade mxima contida em 2 L (em mg)

    Quantidade mxima contida em 4 L (em mg)

    Arsnio (As) 0,01 0,01 0,02 0,04

    Brio (Ba) 0,7 0,7 1,4 2,8

    Chumbo (Pb) 0,01 0,01 0,02 0,04

    Mercrio (Hg) 0,001 0,001 0,002 0,004

    Com esse exerccio voc pode introduzir

    o conceito de concentrao, apresentando os

    significados de soluto, solvente e soluo.

    Nesse momento, mostre aos alunos como

    se prepara tecnicamente uma soluo. In-

    forme-os de que dois aspectos precisam ser

    considerados: a concentrao (quantidades relativas de seus componentes) e a quantidade de soluo desejada (quanto de soluo deve ser preparada).

  • 33

    Qumica 2a srie Volume 1

    Esquema do preparo de 100 mL de uma soluo

    Ateno: este esquema no se aplica ao pre-

    paro de solues de cidos a partir da soluo

    concentrada. Nesses casos, adiciona-se lenta-

    mente o cido gua.

    Procedimentos

    f Pesar, em um bquer, a quantidade do material que se quer dissolver.

    f Acrescentar ao bquer pequena quanti-dade de gua e agitar cuidadosamente.

    f Observar se todo o slido foi dissolvido; caso contrrio, adicionar mais um pouco

    de gua.

    f Transferir a soluo obtida para um balo volumtrico de 100 mL e comple-

    tar o volume com gua at a marca dos

    100 mL.

    C

    laud

    io R

    ipin

    skas

    Figura 3. Balo volumtrico de 100 mL.

    H bales volumtricos com outras ca-

    pacidades, permitindo preparar quantidades

    maiores e menores que 100 mL. Podem ser

    dados alguns exemplos:

    Quantidade pesada e dissolvida em 100 mL

    Quantidade para 1 L Concentrao

    2,0 g 20 gTem-se: 100 mL de uma soluo de

    concentrao igual a 20 g L1

    Tabela 16.

  • 34

    Para oferecer mais subsdios construo

    do conceito, voc pode trabalhar com rtu-

    los de gua mineral. Solicite aos alunos que

    providenciem rtulos ou use os dados forne-

    cidos no rtulo do exerccio 2 (apresentado a

    seguir), que fornece informaes sobre a com-

    posio e as caractersticas de uma gua mine-

    ral. Assim como as guas naturais, ela contm

    muitos solutos dissolvidos e tambm uma

    soluo aquosa.

    Solicite aos alunos que interpretem essas

    informaes permitindo que eles percebam

    que a composio da gua mineral expres-

    sa pela relao entre a massa de cada um dos

    componentes e o volume da soluo aquosa

    (gua mineral), especificamente, a massa em

    miligramas do componente presente no volu-

    me de 1 L de gua mineral.

    Concentrao em g L1

    Enfatize que a relao quantidade de solu-

    to/quantidade de soluo chamada de con-

    centrao da soluo.

    Voc pode se reportar composio da gua

    mineral e lanar a pergunta: Qual a concen-

    trao do hidrogenocarbonato de sdio nessa

    gua? Como expressar essa informao em

    g L1?".

    Sugerimos o seguinte encaminhamento:

    f Interpretar a informao 37,40 mg L1, dizendo que em 1 L da gua mineral esto

    contidos 37,40 mg de hidrogenocarbonato

    de sdio.

    f Lembrar que 1 g = 1000 mg.

    f Se 1 g _____ 1000 mg

    ? _____ 37,40 mg

    f Concluir que em 1 L de gua mineral esto presentes 0,03740 g de hidrogenocarbona-

    to de sdio (representao II).

    E, ento, representar assim:

    I II

    Esse encaminhamento pode ser acompa-

    nhado pelos alunos para a resoluo do exer-

    ccio a seguir:

    2. Analise as informaes contidas em um r-tulo de gua mineral.

    FONTE SO SEBASTIO COMPOSI-O QUMICA PROVVEL (mg L1)

    Sulfato de estrncio: 2,25. Sulfato de clcio: 15,84. Hidrogenocarbonato de clcio: 102,72. Hidrogenocarbonato de magnsio: 36,52. Hi-drogenocarbonato de potssio: 6,40. Hidro-genocarbonato de sdio: 37,40. Cloreto de sdio: 11,62. Fluoreto de sdio: 0,52. Fluore-to de ltio: 0,08. xido de zinco: 0,01.

    CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS

    pH a 25 oC: 7,2 Temperatura da gua na fon-te: 23 oC Condutividade eltrica a 25 oC em mhos cm1: 2,5 10-4 Resduo de evaporao a 180 oC: 171,82 mg L1.

    REGISTRO NO M. S. PORT. No 00000/000/00 CNPJ 000000000/0000-00

    INDSTRIA BRASILEIRA

    Hidrogenocarbonato de

    sdio

    37,40 mg L1

    Hidrogenocarbonato de

    sdio

    0,03740 g L1

  • 35

    Qumica 2a srie Volume 1

    a) Como est expressa a composio dessa gua mineral? Seria mais conveniente ex-

    pressar a concentrao em g L1? Justifique.

    A composio est expressa em mg L1. Ela tambm pode-

    ria ser expressa em g L1, mas seria menos conveniente, pois

    as quantidades presentes so pequenas. Por exemplo, mais

    conveniente expressar a concentrao de sulfato de estrncio

    como 2,25 mg L1 do que 0,00225 g L1 ou 2,25 103 g L1.

    Pode ser organizada uma tabela com os dados sobre a com-

    posio da gua mineral.

    Tabela 17.

    Soluto mg L1 Soluto mg L1

    Sulfato de estrncio 2,25

    Hidrogenocarbo-nato de potssio 6,40

    Sulfato de clcio 15,84 Hidrogenocarbo-nato de sdio 37,40

    Hidrogenocarbo-nato de clcio 102,72 Cloreto de sdio 11,62

    Hidrogenocarbo-nato de magnsio 36,52 Fluoreto de sdio 0,52

    xido de zinco 0,01 Fluoreto de ltio 0,08

    Observao: enfatizar o uso de algarismos signicativos.

    b) Qual a concentrao de hidrogenocar-bonato de sdio nessa gua?

    37,40 mg L1.

    c) Se forem colocados 100 mL dessa gua em um copo e 200 mL em outro, qual

    ser a concentrao de hidrogenocarbo-

    nato de sdio em cada um dos copos?

    Justifique sua resposta.

    Alguns alunos respondero que ser a mesma, outros podem

    achar que um copo contm 100 mL e o segundo, 200 mL, e

    ento as concentraes so diferentes.

    A concentrao (relao massa de soluto/volume de soluo)

    ser a mesma nos dois copos: 37,40 mg L1; ela no se altera

    com o volume, mas com a quantidade do soluto presente em

    diferentes volumes de gua. Nos dois casos, a relao massa

    de soluto em miligrama por litro de gua (mg L1) a mesma.

    d) Que massa de hidrogenocarbonato de s-dio uma pessoa ingere ao beber 100 mL

    dessa gua? E ao beber 200 mL?

    3,740 mg e 7,480 mg, respectivamente.

    e) Que volume de gua uma pessoa deve beber para ingerir 18,7 mg de hidroge-

    nocarbonato de sdio?

    37,40 mg 1 L

    18,70 mg X

    X = 0,5 L

    f) Considerando todos os hidrogenocar-bonatos presentes nessa gua mine-

    ral (hidrogenocarbonato de clcio, de

    magnsio, de potssio e de sdio), que

    massa total de sais hidrogenocarbona-

    to uma pessoa ingere ao beber 100 mL

    dessa gua? E ao beber 200 mL?

    Em 100 mL dessa gua, tm-se 10,27 mg de hidrogenocarbonato

    de clcio (102,7 mg L1); 3,65 mg de hidrogenocarbonato

    de magnsio (36,5 mg L1); 0,64 mg de hidrogenocarbonato de

    potssio (6,40 mg L1); e 3,74 mg de hidrogenocarbonato de

    sdio (37,4 mg L1), o que d um total de 18,3 mg de hidrogeno-

    carbonatos. Em 200 mL, a massa ser o dobro, ou seja, 36,6 mg.

    Os outros dados de concentrao de outros

    sais podem ser trabalhados da mesma forma.

    Como uma ampliao dos conhecimentos elabo-

    rados, possvel propor uma tarefa extraclasse.

    Os exerccios da seo Voc aprendeu? po-

    dem ser feitos pelos alunos em grupo e as res-

    postas, entregues ao professor.

  • 36

    1. Muitos medicamentos com os quais lidamos em nosso dia a dia

    informam em seus rtulos ou bu-

    las a concentrao do componente ativo.

    Por exemplo, um medicamento antiespas-

    mdico (X) contm 75 mg do componente

    ativo (dimeticona) por mL. Outro medica-

    mento, antitrmico (Y), contm 200 mg do

    componente ativo (paracetamol) por mL.

    Antiespasmdico X Concentrao:

    Antitrmico Y Concentrao:

    75 g L1

    200 g L1

    a) Indique nos respectivos rtulos as con-centraes dos componentes ativos des-

    ses medicamentos em g L1.

    75 mg mL1 = 75 103 g/1 103 L = 75 g L1

    200 mg mL1 = 200 103 g/1 103 L = 200 g L1

    b) A importncia de conhecer a composio de um medicamento est na dose que o

    mdico deve recomendar. Para o medica-

    mento antiespasmdico, a dose recomen-

    dada para adultos de 16 gotas, trs vezes

    ao dia. Como possvel saber a massa de

    dimeticona que se pode ingerir por dia?

    (Considere o volume de 1 gota = 0,05 mL.)

    16 gotas 0,05 mL/gota = 0,8 mL

    [0,8 mL 3 vezes/dia = 2,4 mL/dia]

    75 mg mL1 2,4 mL = 180 mg

    2,4 mL = 180 mg de dimeticona/dia ou 0,18 g de dimeticona/dia

    2. Voc precisa preparar 250 mL de uma so-luo de NaOH de concentrao igual a

    20 g L1. Que massa de NaOH voc deve usar?

    Usando a relao de proporcionalidade: 250 mL 4 vezes

    menor que 1 000 mL. A massa dissolvida dever ser 4 vezes

    menor que 20 g, ou seja, 5,0 g.

    Resolvendo por regra de trs:

    20 g de NaOH 1 000 mL

    mNaOH 250 mL

    mNaOH = 5 g

    Deve-se dissolver 5 g de NaOH em gua suciente para com-

    pletar o volume de 250 mL.

    1. Um frasco contm uma solu-o de sulfato de cobre pentai-

    dratado 50 g L1. Que volume

    dessa soluo deve ser medido para se ter

    12,5 g de sulfato de cobre?

    12,5 g a quarta parte de 50 g. O volume a ser medido deve

    ser a quarta parte de 1 000 mL, ou seja, 250 mL ou:

    2. Determinou-se a massa de 4,0 g de hidr-xido de sdio. Que volume de soluo deve

    ser preparado para que sua concentrao

    seja 20 g L1?

    20 g

    1 000 L V

    4,0 g= V = 200 mL

    Deve-se dissolver 4,0 g de NaOH em gua suciente para

    200 mL de soluo.

    Atividade 2 Expressando a concentrao em porcentagem em massa e porcentagem em volume

    comum encontrarmos na vida diria a

    concentrao expressa em porcentagem. Por

    isso, importante que os alunos conheam e

    saibam utilizar essa unidade em seu dia a dia.

    O exerccio a seguir aborda esse assunto e, ao

    50g

    1L V

    12,5g=

    V = 0,25 L ou 250 mL

  • 37

    Qumica 2a srie Volume 1

    resolv-lo, importante que os alunos inter-

    pretem e saibam expressar detalhadamente

    os valores apresentados na tabela, para que

    percebam que se trata de uma relao entre as

    quantidades do soluto e da soluo.

    1. Considere as informaes a seguir.

    cido actico no vinagre 4 a 6% (m/V)

    NaCl no soro fisiolgico0,9% em massa

    (m/m)

    Cloro na gua sanitria 2 a 2,5% (m/m)

    Essa unidade pode expressar a massa de so-

    luto em 100 g da soluo (porcentagem em

    massa) ou a massa de soluto em 100 mL da

    soluo (porcentagem em massa/volume) e

    ainda pode expressar o volume de soluto em

    100 mL da soluo (porcentagem em volume).

    a) A concentrao de NaCl no soro fisio-lgico est expressa em porcentagem

    em massa. Qual a massa de NaCl pre-

    sente em 100 g de soro? Qual a massa

    de gua nessa quantidade de soro?

    0,9 g de NaCl e 99,1 g de gua.

    b) Qual a massa de NaCl necessria para se preparar 500 g de soro?

    Em 100 g tem-se 0,9 g do sal. Para preparar 500 g, ser neces-

    sria uma quantidade 5 vezes maior, ou seja, 5 0,9 = 4,5 g de

    NaCl. Ou, em forma de proporo:

    x = 4,5 g de NaCl

    Tabela 18.

    0,9 g

    100 g de soro 500 g de soro

    X=

    importante observar que para obter 500 g de soro, a massa

    de gua ser 495,5 g.

    Aqui, voc pode trabalhar tambm por

    um outro caminho, que fazer o clculo por

    meio da densidade da soluo, se achar ade-

    quado para seus alunos. O valor da densidade

    do soro fisiolgico, a 25 oC, 1,009 g cm3.

    Assim, pode-se calcular o volume de 500 g de

    soro (495 mL) e a massa de sal necessria para

    seu preparo (4,5 g):

    Volume de 500 g de soluo:

    1 mL _____ 1,009 g

    V _____ 500 g V 495,5 mL

    Volume de 100 g de soro = 99,1 mL

    0,9 g de NaCl _____ 99,1 mL de soro

    mNaCl _____ 495,5 mL mNaCl 4,5 g

    Atividade 3 Expressando a concen-trao em partes por milho ppm

    A unidade ppm indica quantas partes de um

    componente esto presentes em 1 milho de par-

    tes da mistura. Essas partes podem ser massa,

    volume etc. Por exemplo, uma soluo de con-

    centrao igual a 10 ppm significa que 10 g do

    soluto esto dissolvidos em 106 g da soluo.

    Deve-se informar aos alunos que essa unidade

    til quando os componentes da soluo esto

    presentes em quantidades muito pequenas.

    Os exerccios a seguir abordam a concen-

    trao em ppm.

    1. A legislao brasileira estabelece que a gua, para ser potvel, deve conter no

  • 38

    mximo 0,0002 mg L1 de mercrio. Ex-

    presse essa concentrao em ppm.

    0,0002 mg L1 signica que em 1 L de gua potvel esto

    contidos 0,0002 mg de Hg ou 2 10-4 mg de Hg.

    Para transformar mg L1 em ppm preciso calcular a massa

    de 1 L de gua potvel, o que se pode fazer supondo que a

    densidade da gua d = 1 g mL1.

    1 L = 1 000 mL massa de 1 L de gua = 1 000 g ou 106 mg

    1 mg L1 = 1 mg/106 mg = 1 pp