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APÍTULO 4 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA COLOIDAL E DE ELETROQUÍMICA APLICADOS AOS ESTUDOS DE CONTROLE DA QUALIDADE DAS ÁGUAS 4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................. 4.2. ESTUDO DOS SISTEMAS COLOIDAIS............................................ 4.2.1. Conceitua!o "#$ica............................................. 4.2.2. %&o'&ie(a(e$ )e&ai$ (o$ co*+i(e$.................................. 4.2.2.1.Ta,an-o (a$ 'a&t cu*a$........................................ 4.2.2.2. Re*a!o #&ea $u'e&/icia*0 o*u,e e*e a(a...................... 4.2.2.4. A($o&!o $u'e&/icia*......................................... 4.2.2.3. Di#*i$e......................................................... 4.2.2.6. Mo i,ento "&o niano........................................ 4.2.2.7. E/eito T5n(a**............................................. 4.2. . ato&e$ (e e$ta"i*i(a(e (a$ 'a&t cu*a$ co*oi(ai$................. 4.2. .1. %otencia* 8eta............................................. 4.2.4. ato& (e :in$ta"i*i(a(e: e e$;ue,a (a$ 'a&t cu*a$ co*oi(ai$....... 4.2.3. Mecani$,o$ (e coa)u*a!o.......................................... 4.2.6. Con$i(e&a<e$ a &e$'eito (a /*ocu*a!o............................ 4.2.7.En$aio$ (e /*ocu*a!o............................................ 4.2. . %&inci'ai$ coa)u*ante$ uti*i8a(o$................................. 4.2. .1. Rea<e$ ;u ,ica$ = E$te;uio,et&ia............................ 4. . UNDAMENTOS DE ELETRO>U?MICA........................................... 4. .1. Conceito (e 'otencia* (e e*et&o(o................................. 4. .2. Conceito (e co&&o$!o.............................................. 4. .2.1. o&,a$ e ,eio$ (e co&&o$!o.................................. 4. .2.2. %otenciai$ (e e*et&o(o i&&e e&$ ei$........................ 4. . . %&ote!o cont&a a co&&o$!o....................................... 4.4. >UESTÕES %RO%OSTAS....................................................... 95

Química Coloidal e Eletroquímica

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E = Eo ( RT/nF ) x Log (AMe+n / AMe )

1120

CAPTULO 4

Fundamentos de Qumica Coloidal e de Eletroqumica Aplicados aos Estudos de Controle da Qualidade das guas

964.1. CONSIDERAES INICIAIS

974.2. ESTUDO DOS SISTEMAS COLOIDAIS

974.2.1. Conceituao bsica

974.2.2. Propriedades gerais dos colides

974.2.2.1.Tamanho das partculas

984.2.2.2. Relao rea superficial/volume elevada

984.2.2.4. Adsoro superficial

994.2.2.5. Dilise

994.2.2.6. Movimento browniano

994.2.2.7. Efeito Tyndall

994.2.3. Fatores de estabilidade das partculas coloidais

1014.2.3.1. Potencial zeta

1024.2.4. Fator de "instabilidade" e esquema das partculas coloidais

1034.2.5. Mecanismos de coagulao

1074.2.6. Consideraes a respeito da floculao

1084.2.7.Ensaios de floculao

1084.2.8. Principais coagulantes utilizados

1094.2.8.1. Reaes qumicas Estequiometria

1104.3. FUNDAMENTOS DE ELETROQUMICA

1104.3.1. Conceito de potencial de eletrodo

1144.3.2. Conceito de corroso

1174.3.2.1. Formas e meios de corroso

1184.3.2.2. Potenciais de eletrodo irreversveis

1184.3.3. Proteo contra a corroso

1194.4. QUESTES PROPOSTAS

1204.5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

CAPTULO 4

Fundamentos de Qumica Coloidal e de Eletroqumica Aplicados aos Estudos de Controle da Qualidade das guas

4.1. CONSIDERAES INICIAIS

A dificuldade de remoo de partculas da gua funo de seus tamanhos. Partculas em suspenso, que possuem dimetro mdio superior a 1 (m, podem ser removidas por sedimentao simples. Intermediariamente, as partculas coloidais, visveis atravs de microscopia eletrnica, com dimetros variando na faixa de 1 nm a 1 (m, exigem a coagulao e floculao antes de sua separao por operao unitria como a sedimentao ou flotao. Isto ocorre at mesmo em processos biolgicos de tratamento de guas residurias onde, em ltima anlise, a interao entre microrganismos e matria orgnica resulta na formao de flocos. Na teoria mais moderna voltada explicao desse fenmeno, considera-se que os microrganismos, durante suas atividades metablicas ao degradar matria orgnica, produzem polmeros extra-celulares responsveis pela floculao. Constitui a chamada floculao biolgica. Alis, at mesmo a antiga teoria da coagulao e floculao de natureza fsicoqumica, complexa em seus conceitos de eletroqumica, ainda no pode ser considerada devidamente esclarecida. A teoria da dupla camada de Stern a mais aceita, mas no pode, segundo alguns autores, ser considerada absoluta na elucidao desse fenmeno. Finalmente, as partculas com dimetro inferior a 1 nm, dissolvem-se na gua em nvel de soluo verdadeira e so muito estveis, praticamente cargas eltricas dispersas na gua, removveis apenas atravs de processos especiais de tratamento, como os que recorrem ao emprego de membranas semi-permeveis e os processos base de troca inica.

A importncia de se planejar e executar bem um processo de coagulao e floculao muito grande, uma vez que normalmente so unidades iniciais de tratamento e o seu mau funcionamento pode prejudicar o funcionamento das unidades subseqentes. a tradicional idia de uma estao convencional ou clssica de tratamento de gua para abastecimento pblico, em que, quando se tem problemas nas etapas de coagulao e floculao, ocorre mau funcionamento dos decantadores, podendo levar a sobrecargas nos filtros. Se chegar-se a tal ponto de prejuzo em que ocorra escape de flocos dos filtros, a gua poder ser distribuda contaminada, mesmo sofrendo processo de desinfeco atravs de clorao.

4.2. ESTUDO DOS SISTEMAS COLOIDAIS

4.2.1. Conceituao bsica

Em suas experincias realizadas em 1861, Graham observou que certas partculas, como as de gelatina, possuam grande mobilidade na gua e sofriam dilise, separao atravs de membranas, enquanto que outras no, como as partculas de sal ou acar. Chamou as primeiras de colides e as segundas de cristalides. Depois, observou que algumas substncias, a princpio coloidais, possuam comportamento de cristalide na gua, enquanto que partculas de ouro, grafite e enxofre, cristalides, comportavam-se na gua como disperso coloidal. Deste fato, resulta a concluso bastante importante de que existem sistemas coloidais e no simplesmente substncias coloidais. Colides representam, portanto, um estado particular da matria.

4.2.2. Propriedades gerais dos colides

4.2.2.1.Tamanho das partculas

Conforme mencionado anteriormente, as partculas coloidais apresentam dimetro variando na faixa de 1 nm a 1 (m. Esta propriedade a base para o desenvolvimento de todas as outras.

4.2.2.2. Relao rea superficial/volume elevada

Quanto mais se reduz o tamanho de uma partcula, mais se aumenta a relao rea superficial/volume. Um cubo de 6 cm de aresta possui rea superficial de 6 cm2 e volume de 1 cm3. Se fracionarmo-lo em pequenos cubculos de m de aresta, a rea superficial total aumentada para 600 m2, enquanto que o volume total se mantm em 1 cm3. As partculas em estado coloidal so suficientemente pequenas, de forma a possuir relao rea superficial/volume bastante elevada, isto , estas partculas manifestam grandes reas expostas ao meio onde se inserem, podendo intercambiar com ele, gerando o que se conhece pelos chamados fenmenos de superfcie.

4.2.2.3. Propriedades eltricas e eletrocinticas

So as propriedades mais importantes que decorrem desta anterior, que resulta no fato de que todas as partculas coloidais so carregadas eletricamente. guas com pH entre 5 e 10, o que compreende a grande maioria das guas naturais, apresentam predomnio de partculas com saldo de carga negativa, gerando um potencial mdio estimado em 30 mV. Quando imergimos eletrodos na gua, isto , aplicamos uma diferena de potencial, as partculas coloidais migram para o polo de sinal oposto, propriedade eletrocintica conhecida por eletroforese.

4.2.2.4. Adsoro superficial

Devido grande rea superficial das partculas coloidais, o poder de adsoro grande. Ocorre seletividade na adsoro de ons pelos colides e esta a base fundamental da estabilidade das disperses coloidais, entendendo-se por estabilidade a dificuldade na remoo da gua, ou seja, estas barreiras de natureza eletrosttica impedem que as partculas se aglutinem e formem flocos que possam ser posteriormente separados por operao fsica.

4.2.2.5. DiliseAs partculas coloidais podem ser separadas por membranas semi-permeveis. Hoje em dia, o avano tecnolgico tem permitido a separao de partculas mais finas, at mesmo ons podem ser separados da gua atravs da osmose reversa, que um processo de separao por membrana.

4.2.2.6. Movimento browniano

As molculas de gua permanecem em estado constante de vibrao. Este fato faz com que as partculas coloidais sejam bombardeadas pelas molculas de gua que, desta forma, impem um movimento desordenado s partculas coloidais que tm massas relativamente pequenas, conhecido como movimento browniano. Este efeito visvel atravs de ultra-microscopia e considerado favorvel ao processo de floculao.

4.2.2.7. Efeito Tyndall

As partculas coloidais, embora pequenas, so suficientemente grandes de modo a interferir na passagem da luz, provocando o seu espalhamento (difrao), o que conhecido por efeito Tyndall. Este conceito anlogo ao conceito da turbidez, que provocada em maior escala por partculas mais grosseiras como os slidos em suspenso.

4.2.3. Fatores de estabilidade das partculas coloidais

Existem dois principais fatores que dificultam a aglutinao das partculas coloidais: a camada de solvatao e a carga eltrica. A camada de solvatao uma fina pelcula de gua fortemente aderida partcula coloidal. A afinidade dessas partculas pela gua resulta da presena de certos grupos polares como OH, COOH e NH2 em sua superfcie. Os colides que possuem camada de solvatao so chamados hidrfilos ou hidroflicos e so mais difceis de flocular. Os colides que no possuem camada de solvatao so chamados hidrfobos e so mais fceis de flocular, por no possurem esta barreira contrria ao dos agentes empregados para a sua desestabilizao.

A carga eltrica que se manifesta na superfcie das partculas coloidais chamada carga eltrica primria. Ela pode ser originada da dissociao de grupos reativos presentes nas extremidades das molculas contidas na estrutura da micela do colide, ou simplesmente pela adsoro seletiva de ons dispersos na gua. A carga eltrica primria de colides hidroflicos resulta principalmente da dissociao de grupos como COOH e NH2, por exemplo, da seguinte forma:

PROTENA-COOH + H2O ( [ PROTENA-COOH ] - + H3O+ (soluo verdadeira)

PROTENA-NH2 + H2O ( [ PROTENA-NH3 ]+ + OH- (soluo verdadeira)

Observa-se, atravs dessas reaes de dissociao, que ocorrem efeitos sobre o pH da gua. A seguinte experincia poderia ser feita em laboratrio: dissolver uma certa quantidade de protena em um copo contendo gua com pH inicial igual a 7,0. Se o pH aps a dissociao se reduzir, foi porque havia um saldo de grupamentos carboxlicos em relao ao grupo amina. Continuando a experincia, adicionando-se agora sucessivamente gotas de uma soluo diluda de cido clordrico, o valor do pH da gua continuar diminuindo. Com base na lei de Chatelier, ou o princpio do deslocamento do equilbrio, pode-se imaginar que se chegar a um valor de pH em que a dissociao de grupos amina igualar-se- dos grupos carboxilcos, pois a introduo de cido no meio inibir esta ltima. Este pH conhecido por ponto isoeltrico da partcula. O inverso tambm poder ocorrer: adicionar a protena gua e o pH subir. Neste caso ocorreu saldo de grupos amina e a elevao adicional de pH com hidrxido de sdio levar ao ponto isoeltrico dessa partcula. O conceito de ponto isoeltrico importante nos estudos de coagulao e floculao, demonstrando claramente a importncia do pH da gua nestes fenmenos sequenciais. O ponto isoeltrico da partcula um valor de pH bastante favorvel para a aplicao de agentes coagulantes, por reduzir as barreiras eletrostticas. Alguns efluentes industriais floculam em alguns casos mediante apenas a variao de pH, notadamente efluentes contendo metais e que so alcalinizados durante o tratamento.

medida que a partcula coloidal manifesta sua carga primria, passa em seguida a atrair contra-ons, formando um campo eletrosttico ao redor do ncleo da partcula e de sinal contrrio ao da carga primria. Quanto mais prximo o contra-on estiver da superfcie da partcula, maior a fora de atrao. Assim, forma-se uma primeira camada de contra-ons que, na teoria da dupla camada de Stern, chama-se camada compacta. Os ons mais afastados so atrados mais fracamente, e a camada que se inicia aps o final da camada compacta e se estende at o meio neutro, onde a fora de atrao pela partcula praticamente zero, chama-se camada difusa. esta configurao que faz com que, quando se colocam duas partculas coloidais de mesmo sinal prximas entre si, ocorra a interao entre os campos eletrostticos que se formam ao redor de cada uma, resultando em foras de repulso que impedem a coagulao.

4.2.3.1. Potencial zeta

Quando a partcula coloidal submetida a uma diferena de potencial, ela migra para o polo de sinal contrrio sua carga primria. Os contra-ons que se encontram na camada compacta esto fortemente atrados partcula e so capazes de migrarem junto com ela. Mas os que esto na camada difusa, nem todos possuem esta capacidade. Pode-se imaginar um plano no interior da camada difusa que corresponde ao limite desta capacidade de acompanhamento da partcula, isto , as cargas que esto at este plano so capazes de acompanhar a partcula e as que esto fora no. Este plano chamado de plano de cisalhamento. O potencial mximo de repulso eletrosttica ocorre exatamente na superfcie da partcula; ele que tem que ser neutralizado para a desestabilizao da partcula, mas muito difcil de ser medido. O que pode ser medido o potencial manifestado no plano de cisalhamento, que o chamado potencial zeta, porque corresponde ao potencial das cargas que esto dentro do plano de cisalhamento e pode ser medido por eletroforese, uma vez que estas cargas migraro com a partcula para o polo de sinal contrrio. Certamente este potencial zeta menor que o total, mas por poder ser medido mais facilmente, serve de referncia para as intervenes nas estaes de tratamento de gua, como o estabelecimento das dosagens de coagulantes. O potencial zeta dado por:

Z = 4(dq / D

Em que:

q= carga da partcula

d = espessura da zona de influncia da carga da partcula

D = constante dieltrica do lquido

4.2.4. Fator de "instabilidade" e esquema das partculas coloidais

Favoravelmente ao processo de coagulao, atuam sobre as partculas coloidais as foras de Van der Waals. So interaes moleculares que se manifestam como foras atrativas nos trs estados fsicos da matria. Atuam em distncias em que h pouca ou nenhuma sobreposio ou troca de eltrons e geralmente envolvem fracas energias. So de natureza eltrica. Em ltima instncia, so devidas ao fato de a matria ser composta de ncleos carregados positivamente envolvidos por eltrons carregados negativamente. Envolvem trs tipos de interaes: dipolo-dipolo, dipolo-dipolo induzido e interaes de disperso (molculas polares e apolares). A molcula de gua forma um dipolo e quando uma partcula coloidal se posiciona ao seu redor, ficar sempre do lado do polo de sinal contrrio. Assim, de acordo com a lei de Coulomb da eletrosttica, em que as foras desta natureza so inversamente proporcionais ao quadrado da distncia, as foras de Van der Waals resultaro sempre em atrao, uma vez que a distncia entre as cargas de sinal contrrio ser sempre maior do que a distncia entre as cargas de mesmo sinal. Desta forma, as foras de Van der Waals atuaro sempre favoravelmente em relao ao processo de coagulao; mas, infelizmente, se reduzem mais depressa com a distncia do que as foras repulsivas, devendo-se trazer as partculas o mais prximo entre si quanto for possvel, alm de principalmente reduzir as foras de repulso por algum mecanismo, para se vencer a barreira de energia naturalmente criada e para que seja possvel a ocorrncia da coagulao.

Com base nesses conceitos anteriores, pode-se ilustrar esquematicamente uma partcula coloidal da forma da Figura 4.1 a seguir.

Figura 4.1. Esquema de uma partcula coloidal. Fonte: CAMPOS(1972), VIANNA (1992).4.2.5. Mecanismos de coagulao

Na qumica como um todo, mecanismos de coagulao como a ebulio ou o congelamento, podem ser aplicados. A ao do aquecimento sobre a disperso coloidal hidrfoba no atribuda reduo no potencial superficial e sim a uma modificao no grau de hidratao das partculas ou aumento na energia cintica, permitindo que as partculas ultrapassem a barreira energtica que as separa. Mas uma soluo cara demais para as aplicaes em saneamento ambiental, como o caso do tratamento de grandes vazes de gua para o abastecimento de uma cidade. Por outro lado, durante o processo de congelamento so formados cristais de gua relativamente pura. Assim, os materiais de natureza coloidal ou cristalide so forados a uma condio mais concentrada. Dois efeitos que resultam em coagulao podem ocorrer: medida que a suspenso coloidal torna-se mais concentrada, aumenta-se a oportunidade para um contato mais efetivo entre as partculas. Ao mesmo tempo, a concentrao de eletrlitos aumenta, resultando em um decrscimo na espessura da camada difusa; mas tambm invivel economicamente para as aplicaes em saneamento.

A precipitao mtua tambm um mecanismo de coagulao no utilizado em saneamento devido aos grandes volumes de gua a serem tratados. Ocorre quando colides de cargas opostas so misturados. Se forem adicionados em quantidades equivalentes em termos de cargas eletrostticas, a coagulao ocorre quase que completamente. Os colides carregados positivamente que resultam das adies de sais de alumnio ou ferro trivalentes podem, de certa forma, agir desta maneira e remover os colides carregados negativamente.

Nas estaes de tratamento de gua para abastecimento pblico e no tratamento de certos efluentes industriais por processo fsico-qumico base de coagulao e usados sais simples como o cloreto frrico e o sulfato de alumnio, que so chamados de coagulantes e funcionam como eletrlitos.

Os principais mecanismos de coagulao que decorrem da ao de eletrlitos so:

Compresso da camada dupla das partculas coloidais: Se uma concentrao elevada de um eletrlito adicionada a uma disperso coloidal, a concentrao de ons em sua camada difusa aumentar e sua espessura, consequentemente, diminuir. Isto resultar em uma diminuio mais acentuada da carga com a distncia interface da partcula, resultando em um decrscimo ou, talvez, a eliminao da barreira de energia.

Neutralizao da carga: De fato, um modo como os eletrlitos agem a compresso da camada dupla. Uma concentrao suficiente de ons monovalentes, tal qual os decorrentes da adio de NaCl, podem promover a coagulao dessa maneira. Contudo, foi notado que sais contendo ons bivalentes de carga oposta da partcula coloidal possuem maiores poderes de coagulao. Os sais contendo ons trivalentes de carga oposta so ainda mais eficientes. Este conceito decorrente da regra de Schulze-Hardy: a precipitao de um colide afetada pela adio de eletrlitos contendo ons de carga oposta e o efeito aumenta significativamente com a carga do on. Aproximadamente, um on bivalente cerca de 20 a 30 vezes mais eficiente que um monovalente e um trivalente cerca de 100 vezes mais eficiente que um bivalente. Na Tabela 4.1 a seguir so apresentados os poderes relativos de coagulao de diversos eletrlitos:Tabela 4.1. Poderes relativos de coagulao de alguns eletrlitosELETRLITOPODER RELATIVO DE COAGULAO

Colides PositivosColides Negativos

NaCl11

Na2SO4301

Na3PO410001

BaCl2130

MgSO43030

AlCl311000

Al2(SO4)330>1000

FeCl311000

Fe2(SO4)330>1000

Obs: Valores aproximados e para solues de concentraes inicas equivalentes.

Fonte: Sawyer & McCarty (1994)Considera-se que os ons multivalentes e de carga oposta so capazes de penetrar na camada difusa da partcula coloidal e neutralizar, em parte, a carga primria. Os sais trivalentes, Fe+++ e Al+++, so os mais usados como coagulantes.

Adsoro em um precipitado: Quando uma quantidade suficiente de sal de um metal como alumnio e ferro so adicionados a uma soluo, eles podem combinar-se com os hidrxidos disponveis no meio formando precipitados de hidrxidos metlicos, como os hidrxidos de alumnio, de ferro, etc., que se precipitam. Os hidrxidos metlicos so bastante solveis e, neste caso, precipitam-se de forma polimerizada, formando molculas de peso molecular elevado e ainda mais insolveis. Ao se precipitarem estes complexos insolveis polinucleares, que geralmente possuem carga positiva, adsorvem e neutralizam carga, ou simplesmente aprisionam partculas coloidais que se sedimentam conjuntamente. Este mecanismo, denominado floculao por varredura, um dos mais atuantes em diversos casos de tratamento de guas naturais, superando at mesmo a neutralizao de carga. A quantidade de hidrxidos metlicos positivamente carregados geralmente maior que a necessria para reagir com as partculas coloidais negativas que tenham escapado da neutralizao de carga pelos ctions metlicos trivalentes. O excesso de hidrxido metlico coloidal deve ser coagulado de alguma maneira. a que os nions associados aos metais assumem importncia. Esses ons, preferivelmente sulfato ou cloreto, comprimem a camada difusa do colide e ajudam a completar a coagulao do sistema. O entrelaamento do colide original no sal metlico enquanto coagula e se sedimenta, serve para promover uma remoo adicional dos colides. A adio de polieletrlitos isolados ou em conjunto com os eletrlitos metlicos pode aumentar a eficincia dos processos de coagulao e floculao.

Formao de pontes entre partculas: Os polieletrlitos, polmeros naturais ou sintticos de cadeia longa e carregados eletricamente, podem desestabilizar as partculas coloidais formando uma ponte entre um colide e outro. Uma carga situada ao longo da cadeia do polmero pode aderir ou adsorver um colide, enquanto que o restante da molcula se estender pela soluo podendo adsorver outros colides em outros pontos, removendo a ambos conjuntamente. Os polieletrlitos, alm de cadeia longa, possuem agrupamentos de cargas eltricas distribudos de forma assimtrica ao longo da molcula. O saldo de carga poder ser positivo (polieletrlitos catinicos), negativo (polieletrlitos aninicos) ou nulo (polieletrlitos no inicos), mas de qualquer forma, os colides so removidos em pontos especficos de suas molculas e a estrutura se sedimenta como um todo porque, devido ao longo comprimento da cadeia do polmero, partculas de mesmo sinal no se repelem significativamente pois podem ser mantidas em distncias relativamente grandes.4.2.6. Consideraes a respeito da floculao

Coagulao e floculao no so sinnimos e sim, fenmenos seqenciais. Coagular significa desestabilizar a partcula coloidal, diminuir as barreiras eletrostticas entre partculas pelos mecanismos anteriormente descritos. Nas estaes de tratamento de gua este processo ocorre logo no incio em algum ponto onde se tenha gradiente de velocidade elevado que permita a rpida disperso do coagulante empregado. Esta etapa do tratamento chama-se mistura rpida e normalmente no necessria a construo de um tanque especfico para este fim, utilizando-se pontos de estrangulamento no canal de chegada da gua na estao, como a calha Parshall, dispositivo de medio de vazo onde ocorrem velocidades elevadas.

Uma vez que as partculas estejam desestabilizadas, a etapa seguinte a formao dos flocos. Para isso necessrio que se introduza energia ao meio de forma adequada. Deficincia de energia provoca a formao de flocos com ms caractersticas de sedimentao. Energia excessiva provoca a ruptura de flocos formados e o fornecimento adequado de energia provoca a formao de flocos grandes e densos contendo ramificaes que promovem entrelaamentos entre os flocos formando estruturas maiores e mais pesadas. Nas estaes de tratamento de gua a etapa de floculao chamada de mistura lenta. Os floculadores hidrulicos so tanques com chicanas onde o grau de mistura controlado pelo espaamento entre elas produzindo perda de carga adequada. Nos floculadores mecnicos, os tanques so munidos de turbina sendo o grau de mistura comandado pela potncia do motor.

O principal parmetro de controle da energia para mistura o chamado gradiente de velocidade, que est associado variao da velocidade do escoamento, ponto a ponto, segundo uma direo perpendicular a ele. Expressando-se matematicamente, G = dv/dy , sendo v a velocidade e y o eixo perpendicular ao escoamento. A dimenso do gradiente de velocidade 1 / tempo e normalmente expresso em s-1.

Nos estudos de floculao, alm do gradiente de velocidade, o tempo de mistura tem influncia decisiva nos resultados. Por isso criou-se o nmero de Camp, o adimensional igual a G . t , cujos valores so utilizados na interpretao da adequao do grau de mistura a ser imposto no tanque de floculao.

Alm da energia para a mistura, a floculao influenciada pelas caractersticas fsicas e qumicas da gua como o pH, a alcalinidade, a temperatura e a distribuio de partculas. Neste ltimo caso, importante a presena de partculas maiores, slidos em suspenso, que atuem como ncleos para a formao de flocos grandes e densos.

4.2.7.Ensaios de floculao

As condies de floculao a serem empregadas em uma estao de tratamento de gua ou de efluentes industriais podem ser previstas em escala de laboratrio utilizando-se equipamentos conhecidos como aparelhos de Jar Test, ou Teste de Jarros. Estes jarros possuem sistema de mistura e permitem a escolha do tipo de coagulante e dosagem ideal, pH de floculao, gradiente de velocidade e tempo de mistura, influncia das adies de polieletrlitos, etc. Aps cada condio ensaiada, pode-se medir a qualidade da gua tratada aps a separao dos slidos floculados, atravs de sedimentao ou filtrao.

4.2.8. Principais coagulantes utilizados

Conforme discutido, os coagulantes necessitam ter propriedades desejveis, como as capacidades de reagir com lcalis e produzir compostos floculentos, e de produzir em soluo ctions metlicos de grande poder de reduo do potencial eletrosttico, manifestado pelas partculas coloidais. Alm disso, precisam apresentar baixo custo e facilidade de obteno, no podendo tambm trazer prejuzos para a sade pblica.

O sulfato de alumnio um dos coagulantes mais empregados por apresentar baixo custo, ser fcil de transportar e por ser produzido em diversas regies brasileiras. Em condies normais, sua aplicao mais eficiente na faixa de pH de 5 a 8. O sulfato ferroso indicado para o tratamento de guas com pH elevado, uma vez que a faixa ideal de pH para a sua aplicao de 8,5 a 11. O sulfato frrico recomendado para guas com cor elevada ou cidas. A faixa de pH indicada para a sua aplicao vai de 5 a 11. O cloreto frrico tambm bastante usado, atuando em uma faixa ampla de pH, que vai de 5 a 11. O sulfato ferroso clorado, tambm chamado de caparrosa clorada, atua a partir de valores de pH superiores a 4 e obtido pela reao do cloro com o sulfato frrico, de acordo com a equao:

6 FeSO4.7H2O + 3 Cl2 ( 2 Fe2(SO4)3 + 2 FeCl3 + 7 H2O

4.2.8.1. Reaes qumicas Estequiometria

As principais reaes com os dois principais coagulantes utilizados, so:

a) Sulfato de Alumnio

Com a alcalinidade natural das guas:

Al2(SO4)3.18H2O + 3Ca(HCO3)2 ( 3CaSO4 + 2Al(OH)3 + 6CO2 + 18H2O

666,4 g 300 g 408 g 156 g 264 g

Ou seja, 1 mg/L de sulfato de alumnio requer 0,45 mg/L de alcalinidade em CaCO3, converte 0,45 mg/L de dureza temporria em dureza permanente e provoca a liberao de 0,4 mg/L de CO2.

Reao do sulfato de alumnio com a cal adicionada:

Al2(SO4)3.18H2O + 3Ca(OH)2 ( 2Al(OH)3 + 3CaSO4 + 18H2O

666,4 g 232 g 156 g 408 g

Cada mg/L de sulfato de alumnio requer 0,33 g de Ca(OH)2 (ou 0,25 mg/L CaO), e eleva a dureza permanente em 0,45 mg/L.

Reao do sulfato de alumnio com a barrilha:

Al2(SO4)3.18H2 O + 3Na2CO3 + 3H2O ( 3Na2SO4 + 2Al(OH)3 + 3CO2 + 18H2O

666,4 g 118 g

Portanto, l mg/L de sulfato de alumnio requer 0,48 g de barrilha.

b) Compostos de Ferro

Reao do sulfato ferroso com a cal:

FeSO4.7H2O + Ca(OH)2 ( CaSO4 + Fe(OH)2 + 7H2O

278 g 56gCaO 136 g 90 g

Reao do cloreto frrico anidro com a alcalinidade:

2FeCl3 + 3Ca(HCO3)2 ( 3CaCl2 + 2Fe(OH)3 + 6CO2 325 g 300gCaCO3 408 g 214 g

Reao do sulfato frrico anidro com a alcalinidade:

Fe2(SO4)3 + 3Ca(HCO3)2 ( 3CaSO4 + 2Fe(OH)3 + 6CO2

4.3. FUNDAMENTOS DE ELETROQUMICA

4.3.1. Conceito de potencial de eletrodo

Potencial de eletrodo a diferena de potencial que se manifesta entre um metal e o meio, quando imerso em uma soluo aquosa contendo ons desse metal (Figura 4.2). O valor do potencial padro depende da natureza do metal e da concentrao de seus ons em soluo.

O potencial de eletrodo dado pela equao de Nernst:

E = Eo ( RT/nF ) x Log (AMe+n / AMe )

Sendo:

E = Potencial padro (Volts)

F = Constante de Faraday = 96 500 Coulomb

E = Potencial de eletrodo

Eo = Potencial padro do eletrodo

R = Constante dos gases = 8,314 Joule / oK . mol

T = Temperatura em oK

n = Nmero de eltrons envolvidos no processo

AMe = Atividade do metal

AMe+n = Atividade do on metlico na soluo

Conforme visto anteriormente, para solues diludas os valores de concentrao ativa e molar so praticamente coincidentes. Para a temperatura de 25oC pode ser escrito:

E = Eo - ( 0,0592 / n ) . Log [ Me+n ]

Podem ser encontrados valores de Eo tabelados para grande nmero de reaes de oxidao diferentes. Por definio, o potencial padro do H2 a 1 atm considerado igual a zero. Quando a concentrao de ons metlicos na soluo igual a 1 M, o segundo termo da equao de Nernst nulo e E = Eo. Na Tabela 4.2 a seguir so apresentados valores de potencial padro de oxidao:

Tabela 4.2. Potenciais padro de oxidao

ReaoPotencial Padro ( V )

Mg = Mg++ + 2e+ 2,370

Al = Al+++ + 3e+ 1,660

Zn = Zn++ + 2e+ 0,736

Fe = Fe+++ + 3e+ 0,440

Sn = Sn++ + 2e+ 0,136

Pb = Pb++ + 2e+ 0,126

H2 = 2H+ + 2e0,000

Cu = Cu++ + 2e- 0,337

Ag = Ag+ + 2e- 0,799

Hg = Hg++ + 2e- 0,854

2H2O = O2 + 4H+ + 4e- 1,229

2Cl- = Cl2 + 2e- 1,370

Fonte: Agudo (1988)

Quando dois eletrodos diferentes se combinam, forma-se uma pilha eletroltica cuja fora eletromotriz (FEM) dada por:

FEM =Potencial do Anodo (oxidao) Potencial do Catodo (reduo)

Exemplo 1: Quando combinamos um eletrodo padro de cobre com outro de ferro, ocorre a seguinte reao:

Cu+2 + Fe ( Cu + Fe+2Qual o sentido da reao espontnea?

a) Cu+2 + 2e ( Cu Reduo Eo = + 0,337 V

Fe ( Fe+2 + 2e Oxidao Eo = + 0,440 V

------------------------- --------------------------------

Cu+2 + Fe ( Cu + Fe+2 FEM = + 0,777 V

b) Cu ( Cu+2 + 2e Oxidao Eo = - 0,337 V

Fe+2 + 2e ( Fe Reduo Eo = - 0,440 V

--------------------------------- -------------------------------

Cu + Fe +2 ( Cu+2 + Fe FEM = - 0,777 V

A reao espontnea aquela que possui uma fora eletromotriz positiva.

Exemplo 2: Qual o potencial de oxidao para a meia pilha Pb = Pb++ + 2e, quando a concentrao de Pb++ for igual a 0,001 M? Dado Eo = + 0,126 V.

E = Eo - ( 0,0592 /2 ) . Log (0,001) E = + 0,215 V

Exemplo 3: Qual o potencial desenvolvido por uma pilha eletroltica formada com Zn / Zn++ (0,01 M) e Cu / Cu++ (0,1 M)? Qual ser a reao produzida? Dados: Eo (Zn) = + 0,763 V e Eo (Cu ) = - 0,337 V (Figura 4.3).

Eletrodo de Zinco:

E = 0,763 - ( 0,0591 / 2 ) . Log 10-2 = 0,822 V

Eletrodo de Cobre:

E = - 0,337 - ( 0,0591 / 2 ) . Log 10-1 = - 0,307 V

Para que a FEM da pilha seja positiva, o zinco dever sofrer oxidao e o cobre reduo.

FEM = 0,8222 - ( - 0,307 ) = + 1,129 V

Zn + Cu++ = Zn++ + Cu

FEM = ( FEM )o - ( 0,059 / n ) . Log {oxid.] / {reduz.]}

Caso se deseje que a reao ocorra no sentido contrrio, deve-se aplicar uma diferena de potencial externa superior a 1,129 V, de maneira a neutralizar o potencial da pilha e inverter o sentido de funcionamento, constituindo uma clula eletroltica.

4.3.2. Conceito de corroso

Define-se corroso como sendo o resultado da ao qumica e fsica destrutiva do meio ambiente sobre os materiais, sobretudo peas metlicas, alm de concreto, plstico, borracha, etc. O material atacado constitui-se em um sistema que apresenta maior energia livre do que os produtos da reao, da a espontaneidade. O fenmeno da corroso acontece toda vez que se estabelece uma pilha com fora eletro-motriz positiva. O exemplo mais tradicional o da formao da ferrugem (Figura 4.4).

Reaes:

Fe ( Fe+2 + 2e- (anodo)

H2O + O2 + 2e- ( 2OH-

Ferrugem:

Fe+2 + 2 OH- ( Fe(OH)22Fe(OH)2 + O2 + H2O ( 2Fe(OH)3 ( Fe2O3

A corroso pode ocorrer em diversas situaes, tais como: contato de metais diferentes (diferena de potenciais padro), ligas metlicas com composio diferente, um mesmo metal em contato com solues de concentraes diferentes (pilhas de concentrao), um mesmo metal em contato com solues onde existem reas com diferentes concentraes de oxignio dissolvido (pilhas com aerao diferencial), ou em metais sujeitos a temperaturas diferentes.

Para os meios corrosivos aquosos mais comuns, os processos catdicos mais importantes so:

a) Quando o meio est em equilbrio com o ar atmosfrico, o processo catdico mais comum :

2H2O + O2 ( 4 OH- (transferncia de 4 e-) ou

4 H+ + O2 ( 2 H2O (transferncia de 4 e-)

O potencial de eletrodo dado por:

E = Eo - ( 0,059 / 4) . Log ( pO2 / [H+]4 )

E = Eo - 0,015 Log pO2 + 0,059 pH

A reao de corroso ser: M (s) + H2O + O2 = M (OH)2

b) Quando o meio no contm ar ou oxignio dissolvido, o processo catdico mais comum representado por:

2 H+ + 2e- = H2O potencial de eletrodo dado por:

E = Eo - ( 0,059 / 2 ) . Log [ H+] / pH2E = Eo - 0,03 pH2 - 0,059 . Log {H+]

A reao de corroso ser:

M(s) + 2 H2O = M(OH)2 (s) + H2Exemplo: Um reservatrio de cobre contendo uma soluo 0,2 M de CuSO4 a pH 6,7, em equilbrio com o ar atmosfrico poder ser corrodo? Dado: pO2 = 0,2 atm.

Ecatodo = - 1,229 - 0,015 .Log 0,2 + 0,059. 6,7 = - 0,822 V

Eanodo = - 0,337 - 0,059 /2 . Log 0,2 = - 0,316 V

FEM = Eanodo - Ecatodo = - 0,316 - (-0,822 ) = + 0,506 V

Portanto, o reservatrio poder sofrer corroso.

4.3.2.1. Formas e meios de corroso

Os processos de corroso podem ser classificados quanto ao mecanismo eletrnico em (i) corroso qumica, em que h transferncia direta de eltrons; (ii) corroso eletroqumica, que indireta a partir da gerao de corrente eltrica por reaes qumicas heterogneas que ocorrem geralmente na superfcie de separao entre o metal e o meio corrosivo; e (iii) corroso por eletrlise, onde o material estabelece ligao eltrica com o polo positivo de um gerador de corrente contnua. Quanto natureza do agente fsico concomitante, tem-se corroso sob frico, eroso, fadiga, cavitao, tenso, radiaes, etc.

Os meios corrosivos mais comuns so a atmosfera, as guas naturais, gua do mar, solo, produtos qumicos, etc. A ao corrosiva da atmosfera influenciada pela poeira, gases e umidade. A poeira pode influenciar de diferentes maneiras. Quando o material no metlico, pode criar condies de aerao diferencial. Quando o material higroscpico, isto , retm umidade, favorece a corroso. Caso seja de natureza metlica, xidos, sulfatos, etc, podem formar pilhas de eletrodos diferentes. Alguns dos gases contaminantes da atmosfera possuem poder corrosivo. O mais importante o dixido de enxofre que pode ser oxidado a trixido pelo oxignio atmosfrico e que, com a umidade, forma cido sulfrico. Por esse motivo, em atmosferas secas os processos de corroso so menos acentuados.

Dependendo das impurezas que as guas naturais contenham, os materiais metlicos que entram em contato com elas esto sujeitos corroso. Gases dissolvidos como O2, CO2, SO2, H2S, etc, sais dissolvidos como o cloreto de sdio, bicarbonatos de clcio e magnsio, cloreto de ferro, etc, matria orgnica e microrganismos, so exemplos, e o efeito corrosivo dependente do pH e da temperatura da gua tambm. Dentre as guas naturais, a gua do mar merece ateno especial, onde a elevada concentrao de sais, que funcionam como um eletrlito forte, a torna um dos agentes corrosivos naturais mais enrgicos.

Com relao ao solo, existem algumas caractersticas relacionadas com a sua capacidade corrosiva. A porosidade, associada com a aerao, condutividade eltrica, sais dissolvidos, umidade, pH, e a presena de microrganismos so exemplos importantes. Como em geral o solo no uniforme, muito comum encontrar-se reas com diferentes caractersticas em contato com o mesmo corpo metlico, possibilitando a formao de pilhas diferenciais. A corroso devida ao solo de grande importncia, vista a grande quantidade de estruturas metlicas que permanecem enterradas como, por exemplo, as adutoras de gua.

Quanto ao efeito observado no material, pode ou no ocorrer desgaste aparente. Quando o material apresenta desgaste aparente, este pode ser uniforme como, por exemplo, o enferrujamento atmosfera; localizado, como por detrito sob o metal ou a corroso galvnica; por pitting, que so pequenos alvolos de largura e profundidade variveis em diversos pontos da pea, e seletivo, onde a corroso ocorre apenas em um dos metais da liga, como o caso da zincificao do lato. Quando no h desgaste aparente do material, a corroso ocorre de forma intergranular, produzindo hidrognio atmico, tornando o material quebradio e levando-o fratura.

4.3.2.2. Potenciais de eletrodo irreversveis

No estudo da corroso, em geral no se tem o caso de potenciais reversveis e sim metais imersos em solues de ons diferentes dele como, por exemplo, ferro metlico em contato com ons Cl-, Na+, H+, OH-, etc. Os potenciais de oxidao obtidos nestes casos so chamados de potenciais de oxidao irreversveis, e sobre eles no se aplica a equao de Nernst. Os valores dos potenciais irreversveis so obtidos experimentalmente e so chamados potenciais de corroso.

4.3.3. Proteo contra a corroso

Os objetivos bsicos da proteo contra a corroso so o de diminuir a energia livre, fator termodinmico como a proteo catdica, ou o de diminuir o fator cintico, que pode ser feito atravs de revestimentos. Na prtica, objetiva-se aumentar a resistncia do material metlico, diminuir a corrosividade do meio atravs de tratamento ou interpor uma barreira entre o material e o meio.

Proteger um sistema contra a corroso significa evitar a formao de pilhas galvnicas ou, eventualmente, forar a criao de uma pilha controlada que ataque apenas um eletrodo especial que colocado no sistema com essa finalidade.

O primeiro mecanismo consiste em escolher os materiais metlicos que no formem pilhas, ou proteg-los superficialmente com material que impea a corroso, como o caso de tintas, compostos betuminosos, epoxi, galvanizao, cromeao, etc.

O segundo mecanismo consiste na proteo catdica, aplicvel a todos os metais, na qual, para proteger estruturas de ferro, coloca-se um eletrodo de zinco ou de magnsio, para serem corrodos no lugar do ferro. A proteo catdica pode ser feita ligando a estrutura a ser protegida no polo negativo de um gerador de corrente contnua, que a chamada proteo catdica imposta ou com corrente impressa, ou ligando a estrutura a um material metlico garantidamente andico, que consiste na chamada proteo catdica galvnica ou com eletrodos de sacrifcio (Figura 4.5).

4.4. QUESTES PROPOSTAS

1. O que ponto isoeltrico de um sistema coloidal?

2. Quais os principais fatores de estabilidade de uma partcula coloidal na gua?

3. Conceituar potencial zeta.

4. Qual a diferena entre coagulao e floculao?

5. Que mecanismos de coagulao ocorrem quando se aplica na gua um eletrlito como o sulfato de alumnio?

6. Qual o papel dos polieletrlitos em um processo de floculao?

7. O que se entende por floculao por varredura?

8. Qual a importncia da realizao de ensaios de Jar Test?

9. Explicar o que se entende por potencial de eletrodo.

10. Conceituar corroso.

11. Explicar o mecanismo da formao da ferrugem.

12. Que substncias podem ser encontradas na gua, no ar e no solo e que tornam esses meios corrosivos?

13. Que principais grupos de medidas podem ser tomadas para a atenuao de processo corrosivo de determinado material?

14. Que tipo de proteo contra a corroso pode ser dada a uma tubulao de ferro ao atravessar sob uma via ferroviria? Explicar.

15. Calcular a fora eletromotriz que se desenvolve ao se construir uma pilha com Sn / Sn++ (0,05 M) e Cu / Cu++ (0,2 M)?

16. A que valor de pH deve ser mantido um reservatrio de cobre contendo soluo 0,3 M de CuSO4 em equilbrio com o ar atmosfrico para que no seja corrodo?

4.5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

1. Agudo, E.G., Eletroqumica, Corroso e Proteo. Fundamentos Qumicos do Saneamento, Curso de Ps-Graduao em Saneamento Ambiental Universidade Mackenzie. 1988.

2. Campos, J.R., Ensaios Sobre a Aplicao de Polieletrlitos na Floculao de guas de Abastecimento. Dissertao de Mestrado. Escola de Engenharia de So Carlos USP, 1972.

3. SAWYER, C.N. & McCARTY, P.L., Chemistry for Environmental Engineers. Mc Graw Hill Book Company, 4th ed, 1994.

4. SCHUKIN, E.D., PERTSOV, A.V., Qumica Coloidal. Editorial Mir Mosc. Traduo de K. Steinberg, 1988.

5. VIANNA, M.R., Qumica para Tratamento de gua: Fundamentos. Hidrulica Aplicada s Estaes de Tratamento de gua. Instituto de Engenharia Aplicada Editora. 2 Edio. 1992.

Figura 4.2. Potencial de eletrodo

Me+n

Me

V

Figura 4.3.: Pilha eletroltica formada por zinco e cobre

Cu+2 (aq.)

SO4-2 (aq.)

Zn+2 (aq.)

SO4-2 (aq.)

2

1

NH4NO3

Ponte Salina

Cu+2 Cu

Zn Zn+2

SO4-2

Zn+2

V

Fe+2

Fe

2e-

Fe3C

2e-

H2O

OH-

O2

Atmosfera

Ferrugem

Figura 4.4.: Formao de ferrugem

Correntes de fuga

trilho

Eletrodo de sacrifcio

Cu / CuSO4

Figura 4.5.: Proteo catdica