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Q U Í M I C A 12 por Gabriela Di Giulio Setor de tintas cresce, inova e foca na questão ambiental A indústria de tintas no Brasil tem focado seus esforços na pesquisa e desen- volvimento. A principal motivação é ganhar mais espaço no mercado inter- nacional. Motivo: o setor está de olho no exterior, com vistas a aumentar a ven- da de produtos manufaturados pinta- dos no Brasil (como é o caso de automó- veis e eletrodomésticos) que, graças à qualidade das tintas brasileiras, têm sido procurados por mercados altamente exi- gentes. O setor também quer aproveitar o aquecimento do mercado brasileiro, principalmente nos setores imobiliário e automobilístico, devido à ascensão da construção civil e à maior produção e venda de veículos nacionais, respectiva- mente. Para isso, as dez maiores empre- sas do setor, tidas como líderes em desen- volvimento tecnológico, têm investido nos últimos anos cerca de 5% do seu fatu- ramento em P&D. Como resultado, o Brasil é atualmente um dos cinco maio- res mercados mundiais de tinta, atrás apenas dos Estados Unidos, China, Alemanha e Japão. Para acompanhar a atualização tec- nológica e competência técnica dos mais avançados centros de produção do mundo, as empresas do setor no país aceitaram o desafio de, além de acom- panhar tendências internacionais e novidades, também investir na quali- dade dos produtos e sua adequação à questão ambiental. "No país, fabricam-se tintas destina- das às mais variadas aplicações com tec- nologia de ponta. Grandes fornecedores mundiais de matérias-primas e insumos para tintas atuam aqui, de modo direto ou através de seus representantes, jun- tamente com empresas nacionais, mui- tas delas detentoras de alta tecnologia e com perfil exportador", analisa Dilson Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati). Hoje, a cadeia produtiva de tintas no Brasil emprega diretamente 16 mil pes- soas e conta com cerca de 300 fabrican- tes, de grande, médio e pequeno porte, espalhados por todo país. Os dez maio- res respondem por 65% a 70% do total das vendas. Em 2006, a comercializa- ção atingiu 968 milhões de litros de tin- ta, com um faturamento equivalente a US$ 2,05 bilhões; desse montante, per- to de 5% foi gerado pela exportação. Embora crescente, a venda externa con- tabiliza pouco mais de US$ 100 milhões ao ano. "Esse valor deverá crescer nos próximos anos, especialmente com a venda de tintas com maior valor agre- gado", considera Ferreira. O volume total vendido cresceu 2,8% em relação ao ano anterior, segundo dados da Abrafati. O otimismo do setor se mantém para 2007: "os efeitos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da queda de juros e a expansão dos financiamentos imobiliários no desempenho da construção civil ani- mam os fabricantes de tintas destina- das a este segmento, com expectativa de vendas superiores às do ano passa- do", diz Ferreira. O setor também conta com aumento de venda das tintas auto- motivas, industriais e de manutenção. A previsão de crescimento nesse setor, baseada nos resultados dos primeiros meses de 2007, está entre 6% e 6,5%. O grupo BASF, responsável pela mar- ca de tinta Suvinil, comemora o aqueci- mento do mercado brasileiro. "O volume de operações de crédito imobiliário con- tratadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) cres- ceu 71% em relação ao ano passado. Tal desempenho repercutiu positivamente na indústria de tintas, que atingiu taxas de até 25% de crescimento, percentual digno de um país asiático", diz Osmar Caliman, químico formulador do labo- ratório de tintas imobiliárias da BASF para a América do Sul. A Suvinil, em 2006, respondeu por 39% do mercado nacional de tintas e as tintas imobiliá- rias, que fazem parte do segmento de DE OLHO NO MERCADO MUNDIAL DE PRODUTOS MANUFATURADOS PINTADOS NO BRASIL, EMPRESAS LÍDERES INVESTEM CERCA DE 5% DO FATURAMENTO EM P&D

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por Gabriela Di Giulio

Setor de tintas cresce, inova e foca na questão ambiental

A indústria de tintas no Brasil temfocado seus esforços na pesquisa e desen-volvimento. A principal motivação éganhar mais espaço no mercado inter-nacional. Motivo: o setor está de olho noexterior, com vistas a aumentar a ven-da de produtos manufaturados pinta-dos no Brasil (como é o caso de automó-veis e eletrodomésticos) que, graças àqualidade das tintas brasileiras, têm sidoprocurados por mercados altamente exi-gentes. O setor também quer aproveitaro aquecimento do mercado brasileiro,principalmente nos setores imobiliárioe automobilístico, devido à ascensão daconstrução civil e à maior produção evenda de veículos nacionais, respectiva-mente. Para isso, as dez maiores empre-sas do setor, tidas como líderes em desen-volvimento tecnológico, têm investidonos últimos anos cerca de 5% do seu fatu-ramento em P&D. Como resultado, oBrasil é atualmente um dos cinco maio-res mercados mundiais de tinta, atrásapenas dos Estados Unidos, China,Alemanha e Japão.

Para acompanhar a atualização tec-nológica e competência técnica dosmais avançados centros de produçãodo mundo, as empresas do setor no paísaceitaram o desafio de, além de acom-panhar tendências internacionais enovidades, também investir na quali-dade dos produtos e sua adequação àquestão ambiental.

"No país, fabricam-se tintas destina-

das às mais variadas aplicações com tec-nologia de ponta. Grandes fornecedoresmundiais de matérias-primas e insumospara tintas atuam aqui, de modo diretoou através de seus representantes, jun-tamente com empresas nacionais, mui-tas delas detentoras de alta tecnologiae com perfil exportador", analisa DilsonFerreira, presidente-executivo daAssociação Brasileira dos Fabricantesde Tintas (Abrafati).

Hoje, a cadeia produtiva de tintas noBrasil emprega diretamente 16 mil pes-soas e conta com cerca de 300 fabrican-tes, de grande, médio e pequeno porte,espalhados por todo país. Os dez maio-res respondem por 65% a 70% do totaldas vendas. Em 2006, a comercializa-ção atingiu 968 milhões de litros de tin-ta, com um faturamento equivalente aUS$ 2,05 bilhões; desse montante, per-to de 5% foi gerado pela exportação.Embora crescente, a venda externa con-tabiliza pouco mais de US$ 100 milhõesao ano. "Esse valor deverá crescer nospróximos anos, especialmente com a

venda de tintas com maior valor agre-gado", considera Ferreira.

O volume total vendido cresceu 2,8%em relação ao ano anterior, segundodados da Abrafati. O otimismo do setorse mantém para 2007: "os efeitos doPrograma de Aceleração do Crescimento(PAC), da queda de juros e a expansãodos financiamentos imobiliários nodesempenho da construção civil ani-mam os fabricantes de tintas destina-das a este segmento, com expectativade vendas superiores às do ano passa-do", diz Ferreira. O setor também contacom aumento de venda das tintas auto-motivas, industriais e de manutenção.A previsão de crescimento nesse setor,baseada nos resultados dos primeirosmeses de 2007, está entre 6% e 6,5%.

O grupo BASF, responsável pela mar-ca de tinta Suvinil, comemora o aqueci-mento do mercado brasileiro. "O volumede operações de crédito imobiliário con-tratadas pelo Sistema Brasileiro dePoupança e Empréstimo (SBPE) cres-ceu 71% em relação ao ano passado. Taldesempenho repercutiu positivamentena indústria de tintas, que atingiu taxasde até 25% de crescimento, percentualdigno de um país asiático", diz OsmarCaliman, químico formulador do labo-ratório de tintas imobiliárias da BASFpara a América do Sul. A Suvinil, em2006, respondeu por 39% do mercadonacional de tintas e as tintas imobiliá-rias, que fazem parte do segmento de

DE OLHO NO MERCADOMUNDIAL DE PRODUTOS

MANUFATURADOS PINTADOSNO BRASIL, EMPRESAS LÍDERES

INVESTEM CERCA DE 5% DO FATURAMENTO EM P&D

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ção mais eficiente com geração de menosresíduos, prevenção de poluição e redu-ção da emissão de compostos orgâni-cos voláteis (VOC).

O desafio é grande. Recente estudo,coordenado pela pesquisadora Kai LohUemoto, da Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo (USP), junta-mente com o Programa Habitare e aFinanciadora de Estudos e Projetos(Finep), analisou o teor de VOCs nas tin-tas comercializadas no mercado de SãoPaulo. O estudo, com apoio da Abrafati,envolveu a coleta e análise de cerca de30 amostras de produtos para a pintu-ra, como tintas látex e esmaltes sintéti-cos. A pesquisa, segundo aponta KaiUemoto, mostra que as tintas do merca-do paulista contêm ingredientes quepodem prejudicar a qualidade do ar no

interior de edifícios, além de causar ris-cos à saúde do trabalhador nas obrasdurante a construção. "Apesar de indi-car a necessidade de ajustes e o investi-mento na conscientização de algunsfabricantes, o estudo mostrou que todasas tintas brasileiras pesquisadas aten-dem às atuais diretivas européias e algu-mas tintas látex, que representam emtorno de 80% das tintas imobiliárias, jáatendem essas diretivas nos níveis exi-gidos na Europa apenas para o ano 2010",explica o presidente-executivo daAbrafati.

A redução do nível de VOC, no Brasil,tem dois pontos relevantes a serem con-siderados. O primeiro é que ainda nãohá no país uma norma que regulamen-te o nível aceitável de VOC, ao contrárioda Europa, em que esse número gira emtorno de 250g/litro. "O segundo ponto éque o nível do VOC para os produtos dosetor decorativo é muito menor quandocomparado com os produtos de usoindustrial", diz Osmar Caliman. No mer-cado, já estão disponíveis algumas tin-tas totalmente isentas de VOCs e mui-tas com teores bem baixos desses com-ponentes.

Na tentativa de garantir produtos eprocessos que levem em conta a ques-tão ambiental e a saúde ocupacional, aAbrafati coordena o Programa CoatingsCare, que prevê a atuação responsávelem tintas no Brasil. Trata-se de uma ini-ciativa da IPPIC - International Paintand Printing Ink Council, que oferece,aos fabricantes de tintas um conjuntode procedimentos e soluções integradaspara administrar os aspectos de suasatividades relacionadas com o meioambiente, a segurança e a saúde ocupa-cional. Treze fabricantes brasileiros par-ticipam do programa. Entre eles, a BASF.Há também o programa Sistema Globalpara Classificação e Rotulagem deProdutos Químicos (GHS), que visa tra-zer novos parâmetros para a condução

produtos de performance, representa-ram 33% do faturamento da BASF naAmérica do Sul no ano passado. Alémda Suvinil, a BASF tem as marcasGlasurit e Novinil em tintas imobiliá-rias e atua também no setor de tintasautomobilísticas, para repintura auto-motiva e industrial com as marcasGlasurit e Salcomix.

FOCO NO MEIO AMBIENTEGarantir produtos e processos quí-

micos mais seguros e ambientalmentelimpos são uma tendência em cresci-mento no setor de tintas nacional. Paraisso, indústrias e fornecedores têm inves-tido em técnicas e desenvolvimentosque permitem obter produtos comimpacto ambiental minimizado, redu-ção do uso de energia e de água, produ-

Divulgação/

BASF/

Suvinil

Em 2006, vendas

atingiram 968 milhões

de litros de tinta

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ambientalmente responsável dos negó-cios da indústria de tintas. A idéia é pro-mover um sistema global que padroni-ze a classificação de produtos químicose de sua rotulagem.

Visando essas preocupações, a BASF,que concentra no Brasil toda a sua áreade P&D para unidade de tintas imobiliá-rias, trouxe ao mercado o Suvinil EsmalteSeca Rápido que, menos de um ano apósseu lançamento, conquistou o Prêmiode Inovação Tecnológica concedida pelaAssociação Nacional dos Comerciantesde Material de Construção (Anamaco)."Por ser um sistema a base de água émais favorável ao meio ambiente, aosaplicadores e às pessoas que convivemcom a nova pintura", explica Caliman. Atinta traz ainda como diferenciais o tem-po de secagem e o brilho. Além da pre-miação, a BASF comemora o faturamen-to obtido com o segmento de produtosde performance, do qual faz parte a uni-dade de tintas: 19%, ou seja, 10 bilhõesde euros. Em 2006, a Suvinil encerrou oano com um crescimento de 11% em ven-das — o melhor resultado dos últimoscinco anos. Com fábricas em SãoBernardo do Campo (SP) e Jaboatão dosGuararapes (PE), a Suvinil fabrica diver-sos produtos que atendem o mercadonacional e são exportados para oParaguai, Venezuela, Cuba, Bolívia ealguns países africanos.

INOVAÇÕES EM COMPOSTOS E TEXTURASOs principais avanços relacionados

às tintas permeiam os quatro principaissegmentos do setor — tinta imobiliária,automotiva, para repintura automotivae para indústria em geral (veja box). Nocaso das tintas imobiliárias, a grandesacada é a produção de tintas à base deágua, que eliminam o uso de solventese trazem ganhos ambientais. Há tam-bém os sistemas tintométricos e as pró-prias inovações ligadas à tecnologia dacor. O segmento apresenta ainda tintas

magnetizadas, diversos tipos de textu-ras e produtos para ambientes e utiliza-ções específicas, como tintas para telha-dos, azulejos, pisos, madeiras em geral,decks de piscinas e outras.

"No aspecto ambiental, além das tin-tas à base de água, há a tinta em pó, uti-lizada em aplicações industriais e quevem conquistando maior mercado gra-ças à sua evolução tecnológica e à redu-ção de custos, que pode gerar menos des-perdícios e resíduos", explica DilsonFerreira. No segmento de pintura auto-motiva, a evolução foi marcante nos últi-

mos anos. As máquinas tintométricas,por exemplo, representam esse avanço:há 10 anos eram oferecidas 400 coresno Brasil, hoje são 10 mil.

NANOPARTÍCULASMuitas das inovações no setor vêm

das universidades e instituições públi-cas de pesquisa. O grupo do pesquisa-dor Henrique Toma, do Instituto deQuímica da USP, trabalha com o desen-volvimento de pigmentos inteligentes,usando para isso a nanotecnologia. Umadas pesquisas feitas envolve nanopartí-

PRODUÇÃO E FATURAMENTO POR SEGMENTOTinta imobiliária: representa cerca de 77% do volume total e 59% a 62% do faturamentoTinta automotiva (montadoras): 3,5% a 4,5% do volume e 6% a 7,5% do faturamentoTinta para repintura automotiva: 4% do volume e 9% a 10% do faturamentoTinta para indústria em geral (eletrodomésticos, móveis, autopeças etc): 15% do volume e 23% a 25% do faturamento

(Fonte: Abrafati)

Testes com novas tintas são realizados em

laboratório do Senai

Divulgação/A

brafati

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culas de ouro. "As partícu-las de ouro são normal-mente usadas para fazeros revestimentos doura-dos em obras sacras eartísticas. Na forma nano-métrica, essas partículasadquirem colorações quevão do vermelho ao viole-ta, em decorrência de fenô-menos quânticos queocorrem com os elétronsda superfície, denomina-dos plasmons", explicaToma.

A descoberta do grupoé que, em alguns tipos de materiais sóli-dos — como é o caso das chamadas hidro-talcitas (um pó branco usado como antiá-cido estomacal) —, as nanopartículas deouro formam aglomerados quase enfi-leirados, colorindo a superfície de azul.Sob ação do calor, ou de um feixe de laserapropriado, as nanopartículas se fun-dem e perdem a interação entre os plas-mons. Com isso, a cor muda do azul parao vermelho, de forma irreversível. "É pos-sível trabalhar com esses efeitos paragerar novas cores e propriedades, a seremincorporadas às tintas para as mais diver-sas aplicações, além de produtos ópticose diagnóstico clínico", ressalta Toma. Opigmento, que já foi patenteado pela USP,tem a vantagem de não oferecer riscoambiental, além de ser bonito e durável.

A nanotecnologia oferece tambéma possibilidade de trabalhar com nanoa-ditivos, como as nanofibras, para melho-rar as características físicas das tin-tas, como resistência, permeabilidade,aderência e recobrimento. Também épossível introduzir pigmentos com açãoantimicrobiana, que evitariam a for-mação de fungos, principalmente emambientes úmidos, e nanocápsulas,com princípios ativos para serem libe-rados no ambiente, até mesmo paraneutralizar odores.

"O trabalho com nanoestruturas podetambém levar à formação de cristaisfotônicos com capacidade de mudar acromaticidade dos materiais, gerandorevestimentos coloridos, porém semqualquer pigmento", diz Toma. O efeitoé semelhante ao da asa da borboleta ouda pedra de opola, nos quais a cor é deorigem puramente física. Esse tipo detecnologia, segundo ele, já é testada emcarros do futuro, no qual a cor é determi-nada pelas nanoestruturas superficiaise pode dar origem a efeitos interessan-tes, como a variabilidade de tonalidadecom o ângulo de percepção.

TINTA INVISÍVELAs inovações chegam até a produção

de uma tinta sem cor, sem cheiro, desecagem rápida e capaz de fluorescerem várias superfícies com a incidênciade luz ultravioleta. A descoberta da novi-dade aconteceu por acaso, quando o pes-quisador Cláudio Cerqueira Lopes, doInstituto de Química da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ), estu-dava a produção de uma substância sin-tética contra o veneno de cobra. Um dos

pesquisadores da equipe,surpreendido por umaqueda de energia no labo-ratório, resolveu utilizaruma lâmpada ultraviole-ta para procurar um obje-to. Ao dirigir seu foco parabalões de vidro contendoas substâncias 3-arilcumarinas, ele verificouque elas produziam umaelevada luminescência."A partir daí, passamos atrabalhar no desenvolvi-mento de uma mistura desolventes — semelhante

a usada em impressoras jatos de tinta —para solubilizar a substância fluores-cente para produzir uma tinta invisível,que já foi patenteada no Brasil e no exte-rior", explica Lopes.

A tinta invisível não possui elemen-tos tóxicos, é produzida com matérias-primas nacionais e de baixo custo epode ser aplicada em carimbos ou pin-céis. Apesar dos benefícios, como mar-car objetos valiosos e dinheiro e aju-dar na investigação criminal em casosde roubo, seqüestro e extorsão, a tintaainda não é comercializada. A dificul-dade, segundo o pesquisador, está nadistância mantida entre as universi-dades e as empresas. "Não houve inte-resse por parte do governo e de empre-sas nacionais na utilização, produçãoem larga escala e comercialização des-sa tinta."

Apesar dessa "frustração", o pesqui-sador garante que, no próximo ano, deveiniciar uma outra pesquisa para a pro-dução de uma tinta invisível que, ao sercolocada sob a incidência de luz ultravio-leta, deverá emitir uma cor avermelha-da. Essa tinta, segundo ele, funcionariaem papéis comuns, tipo sulfite, usadospara impressão. "A tinta que temos hojenão funciona bem em todo papel, comono sulfite."

A tinta invisível écapaz de fluorescerem várias superfíciescom ajuda de luzultravioleta

Divulgação/A

brafati

Vinicius Zepeda/D

ivulgação

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