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QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do período de sessões (A sessão tem início às 9H00) 2. Declaração da Presidência Presidente. – Face à tragédia que atingiu a região de Múrcia e, em particular, a cidade de Lorca, gostaria de expressar, em nome da Presidência, a nossa solidariedade com aquela comunidade e com todas as vítimas, algumas delas mortais. O Presidente enviará, em nome do Parlamento, uma mensagem de solidariedade e de condolências às vítimas e à comunidade afectada. 3. Pedido de levantamento da imunidade parlamentar: Ver Acta 4. Decisões sobre determinados documentos: ver acta 5. Crise no sector das pescas europeu devido ao aumento do preço do petróleo (propostas de resolução apresentadas): Ver Acta 6. Acordo de Parceria no domínio da pesca entre a União Europeia e a Mauritânia (propostas de resolução apresentadas): Ver Acta 7. Contratos públicos (propostas de resolução apresentadas): Ver Acta 8. Entrega de documentos: Ver Acta 9. Juventude em movimento - Um quadro destinado a melhorar os sistemas de educação e de formação europeus - Aprendizagem durante a primeira infância - As dimensões culturais das acções externas da UE - Desbloquear o potencial das indústrias culturais e criativas - Sarajevo como Capital Europeia da Cultura em 2014 (debate) Presidente. – Segue-se na ordem do dia a discussão conjunta dos seguintes relatórios: - (A7-0169/2011) do deputado Zver, em nome da Comissão da Cultura e da Educação, sobre Juventude em Movimento – um quadro destinado a melhorar os sistemas de educação e de formação europeus (2010/2307(INI)), - (A7-0099/2011) da deputada Honeyball, em nome da Comissão da Cultura e da Educação, sobre a aprendizagem durante a primeira infância na União Europeia (2010/2159(INI)), - (A7-0112/2011) da deputada Schaake, em nome da Comissão da Cultura e da Educação, sobre as dimensões culturais das acções externas da UE (2010/2161(INI)), 1 Debates do Parlamento Europeu PT 12-05-2011

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QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011

PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZVice-Presidente

1. Abertura do período de sessões

(A sessão tem início às 9H00)

2. Declaração da Presidência

Presidente. – Face à tragédia que atingiu a região de Múrcia e, em particular, a cidade deLorca, gostaria de expressar, em nome da Presidência, a nossa solidariedade com aquelacomunidade e com todas as vítimas, algumas delas mortais. O Presidente enviará, em nomedo Parlamento, uma mensagem de solidariedade e de condolências às vítimas e àcomunidade afectada.

3. Pedido de levantamento da imunidade parlamentar: Ver Acta

4. Decisões sobre determinados documentos: ver acta

5. Crise no sector das pescas europeu devido ao aumento do preço do petróleo(propostas de resolução apresentadas): Ver Acta

6. Acordo de Parceria no domínio da pesca entre a União Europeia e a Mauritânia(propostas de resolução apresentadas): Ver Acta

7. Contratos públicos (propostas de resolução apresentadas): Ver Acta

8. Entrega de documentos: Ver Acta

9. Juventude em movimento - Um quadro destinado a melhorar os sistemas deeducação e de formação europeus - Aprendizagem durante a primeira infância - Asdimensões culturais das acções externas da UE - Desbloquear o potencial dasindústrias culturais e criativas - Sarajevo como Capital Europeia da Cultura em 2014(debate)

Presidente. – Segue-se na ordem do dia a discussão conjunta dos seguintes relatórios:

- (A7-0169/2011) do deputado Zver, em nome da Comissão da Cultura e da Educação,sobre Juventude em Movimento – um quadro destinado a melhorar os sistemas de educaçãoe de formação europeus (2010/2307(INI)),

- (A7-0099/2011) da deputada Honeyball, em nome da Comissão da Cultura e da Educação,sobre a aprendizagem durante a primeira infância na União Europeia (2010/2159(INI)),

- (A7-0112/2011) da deputada Schaake, em nome da Comissão da Cultura e da Educação,sobre as dimensões culturais das acções externas da UE (2010/2161(INI)),

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- (A7-0143/2011) da deputada Sanchez-Schmid, em nome da Comissão da Cultura e daEducação, sobre “Realizar o potencial das indústrias culturais e criativas” (2010/2156(INI)),e

- da pergunta com pedido de resposta oral à Comissão, apresentada pela deputada Pack,em nome da Comissão da Cultura e da Educação, sobre Sarajevo como Capital Europeiada Cultura 2014 (O-000061/2011 - B7-0215/2011).

Milan Zver, relator. – (SL) Senhor Presidente, em primeiro lugar, permita-me afirmarque na sessão desta manhã vamos ver provas concretas do trabalho realizado pela nossaComissão da Cultura e da Educação. Sou relator de um relatório muito importante sobreo programa Juventude em Movimento, baseado numa comunicação da Comissão Europeia.Gostaria de agradecer aos meus colegas deputados por me terem dado a oportunidade deelaborar este relatório e também quero agradecer à Comissão Europeia, que preparou orelatório e que incluiu os problemas que afectam os jovens nas grandes prioridades daEstratégia Europa 2020.

Na elaboração do presente relatório, trabalhei com muitas partes interessadas, em especialcom representantes dos jovens dos Estados-Membros e dos outros países da Europa,nomeadamente, com o Fórum Europeu da Juventude. Realizámos numerosas reuniões econferências. Trabalhei igualmente com a Comissão das Regiões e com a Comissão doEmprego e dos Assuntos e Sociais e, portanto, o relatório resultou de muitas trocas deideias durante a sua preparação. Também quero salientar que, na altura em que o relatórioestava a ser adoptado, os meus colegas deputados de outros grupos políticos assumiramuma postura construtiva. Por isso, gostaria de agradecer, em particular, aos relatores-sombra,que efectuaram um bom trabalho, graças ao qual temos perante nós o relatório na suapresente forma.

Gostaria de realçar que, de acordo com vários estudos, os jovens que tiram partido daoportunidade de estudar ou de trabalhar fora do seu país obtêm melhores resultadosescolares, são mais competitivos e têm mais êxito na procura de emprego, bem como nasua integração na sociedade. No entanto, a política em si não pode garantir bonsestabelecimentos de ensino, boa formação académica ou bons empregos para os jovens.O que pode fazer é criar condições favoráveis para ajudar os jovens a alcançarem essesobjectivos. Essas condições estão sem dúvida ligadas à modernização dos sistemas ensino.Nesta década, a Europa, e os Estados-Membros em particular, enfrentam o grande desafiode melhorar, entre outros, o ensino e a formação profissionais, de os tornar mais aliciantese de melhorar a sua qualidade. A economia europeia terá uma grande necessidade dequalificação profissional na década que agora iniciámos. Já em 2020, prevejo que cerca de50% dos postos de trabalho exigirão um ensino e uma formação desse tipo. Portanto, oensino e a formação profissionais continuam a ser uma das prioridades da nossa política,bem como das políticas dos Estados-Membros.

Porém, é ainda mais importante dar continuidade ao Processo de Bolonha. As universidadeseuropeias devem estabelecer um contacto ainda mais estreito com o tecido económico ecom a sociedade em geral. As universidades europeias ganharão competitividade seestiverem ainda mais atentas às necessidades do mercado e da economia, e se encontraremfontes de financiamento suplementares. Na Europa, o financiamento destinado ao ensinosuperior é muito reduzido. Os países europeus, os Estados-Membros da União Europeia,estão a subinvestir na população estudantil, e isso constitui um problema substancial.

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Evidentemente, no âmbito desta prioridade, a União Europeia estabeleceu outras metasque devem ser cumpridas, nomeadamente, a redução da taxa de abandono escolar, que éde 16% – um valor demasiado elevado –, para 10%. Por outro lado, nesta década, a Europavai necessitar de uma força de trabalho mais qualificada para manter as vantagenscompetitivas sobre outras regiões do mundo.

Visto que o meu tempo acabou, intervirei dois minutos no final do debate, a fim de fornecermais informação.

Mary Honeyball, relatora. – (EN) Senhor Presidente, congratulo-me com a oportunidadede apresentar o meu relatório sobre a aprendizagem durante a primeira infância na UniãoEuropeia, uma faceta muito importante da educação a que, até agora, não temos dedicadoa atenção devida.

Gostaria de agradecer, em particular, à senhora Comissária Vassiliou e ao seu gabinete,com quem trabalhámos muito estreitamente neste relatório, bem como à Presidênciahúngara, que fez da aprendizagem durante a primeira infância uma das suas prioridades.Foi uma parceria muito frutuosa em todos os aspectos e permitiu-nos fazer o trabalho queestá reflectido no presente relatório.

Gostaria ainda de agradecer a todos os relatores-sombra dos outros grupos políticos. Acolaboração neste relatório foi excelente, tal como o senhor deputado Zver afirmou, eaprovámos o relatório sobre a aprendizagem durante a primeira infância em comissão porunanimidade, o que revela o apoio de que esta matéria goza em todo o espectro político.

E sabemos porquê: uma das principais razões é a enorme importância atribuída àaprendizagem durante a primeira infância. A intervenção na primeira infância pode serdecisiva para as oportunidades que a criança terá ao longo da vida, não só no seu percursoescolar, mas também numa fase mais tardia. Os estudos existentes, a maior parte dos quais,infelizmente, não foram realizados na UE, demonstram que o apoio e as oportunidadesde que as crianças dispõem quando são muito jovens as ajuda mais tarde na vida: reduz ataxa de criminalidade, melhora a saúde e reduz o desemprego, o que nos beneficia a todos.

Na maioria dos casos, regista-se uma melhoria dos resultados escolares, dos níveis deemprego, da qualidade do emprego, das relações familiares e da saúde. Portanto, temosmuito a fazer neste domínio, e tudo isto é benéfico.

Na UE, a educação dos primeiros anos é disponibilizada numa grande diversidade de formase, no meu relatório, afirmamos que queremos respeitar e manter essa diversidade. CadaEstado-Membro actua à sua maneira, porque a aprendizagem durante a primeira infânciase desenvolveu dentro de determinado sistema educativo. A questão complica-se aindamais em virtude de a idade de início da escolaridade obrigatória variar entreEstados-Membros. Logo, não procurámos uma solução universal, mas sim valores,princípios e orientações para que os Estados-Membros desenvolvam uma estrutura europeiaconstituída por metas e valores comuns, que inclua direitos e estruturas partilhadas.

Portanto, o objectivo deste relatório é criar essa estrutura. Com esse fim, começámos,evidentemente, pela criança. Defendemos uma abordagem dos cuidados e da educação naprimeira infância centrados na criança, dando primazia aos interesses desta. Baseámo-nosem estudos realizados em todo o mundo, e o meu relatório aborda as seguintes questões:a colaboração com os pais, que é muito importante nos primeiros anos de vida; o pessoale a qualidade exigida dos serviços e das qualificações; e a integração dos serviços de cuidadose educação na primeira infância no conjunto do sistema educativo de cada Estado-Membro.

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Quisemos abarcar estas áreas fundamentais e é nelas que devemos concentrar a nossaatenção daqui para o futuro.

As qualificações do pessoal são extremamente importantes e estão muito aquém do desejávelneste domínio. Parece prevalecer a ideia de que qualquer pessoa pode cuidar de criançasdesta idade, quando isso não é verdade. Devemos reflectir profundamente sobre asqualificações, que devem poder ser transferidas e reconhecidas em toda a UE. Temosigualmente de estudar o acesso, para que todos os que necessitarem dos serviços de educaçãona primeira infância possam dispor deles.

Cheguei ao fim dos meus quatro minutos e quero reservar algum tempo para intervir nofinal do debate, por isso termino dizendo que, neste período de austeridade e de dificuldadeseconómicas, devemos manter a aprendizagem durante a primeira infância na agendapolítica, para fazermos o que é necessário neste importante domínio.

Marietje Schaake, relatora. – (EN) Senhor Presidente, antes de destacar alguns elementosdeste meticuloso relatório sobre a função da cultura nas acções externas da UE, queroagradecer sinceramente aos meus colegas da Comissão da Cultura e da Educação a suacolaboração construtiva e por terem aprovado por unanimidade o nosso trabalho conjuntoem comissão. Evidentemente, a sociedade civil e outras partes interessadas também deramum contributo muito útil.

A cultura possui um valor intrínseco nas nossas democracias liberais. Enriquece a vida daspessoas. A UE é conhecida pela sua diversidade cultural e representa simultaneamente umacomunidade de valores que se aplicam de igual modo a todos os cidadãos. Esses valoreseuropeus, como o respeito dos direitos humanos, da democracia e das liberdadesfundamentais, são também representados pelos nossos produtos culturais. A identidadecultural, os valores e a posição que a UE ocupa no palco mundial estão interligados. Osinteresses europeus são servidos quando os aspectos culturais são concebidos de formaestratégica através da cooperação e da parceria no âmbito de programas culturais, bemcomo quando os aspectos culturais constituem uma parte integrante das políticaseconómica, externa e de segurança, e de desenvolvimento. Através da partilha de literatura,cinematografia, música e património, abrem-se portas da compreensão e constroem-sepontes entre os povos.

Acresce que a UE possui importantes experiências para partilhar quando é necessáriosuperar conflitos e criar estabilidade através do interesse comum e da compreensão mútua.No desenvolvimento do Serviço Europeu para a Acção Externa, é importante integrar eracionalizar o papel que a cultura tem – e deve ter – nas acções externas da UE. Deve serum elemento vital, integrado de forma horizontal no amplo espectro de políticas queconstituem a política externa da UE, desde as relações comerciais à sua política dealargamento e vizinhança, passando pela sua política de cooperação para o desenvolvimentoe pela sua política externa e de segurança comum.

A cultura também possui um valor económico. As indústrias culturais europeias contribuempara o empreendedorismo, a inovação e a actividade empresarial, e a diversidade dapaisagem cultural da UE faz desta o destino turístico global mais atractivo do mundo.Como se refere na Estratégia Europa 2020, o conhecimento e as competências internacionaissão cruciais para a educação e o emprego, mas também podemos encarar a cultura comoum ingrediente que ajuda a promover, entre outros, a democratização, a liberdade deexpressão, a inclusão, o desenvolvimento, a educação e a reconciliação.

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A grande variedade de aspectos das relações culturais com países terceiros originou umafragmentação das políticas, que agora exige uma estratégia mais coordenada e coerente daUE. Optámos por destacar os quadros organizativo e político que são necessários paraoptimizar a coordenação da cultura nas acções externas da UE. O preenchimento doconteúdo não deve ser regido nem regulado excessivamente do topo para a base.

Os cidadãos europeus são os que mais podem beneficiar de uma intervenção da UE comoactor e líder a nível global. Para tal, há que garantir uma utilização mais eficiente dos fundose considerar em termos estratégicos a posição competitiva da UE para atrair turistas,talentos, artistas, empresas e estudantes. Devemos falar a uma só voz e estar atentos àconcorrência de programas culturais, nomeadamente, da China e dos Estados Unidos. Masnão é necessário reinventar a roda. A UE possui uma série de melhores práticas a nível dosEstados-Membros, bem como de diversas instituições culturais como a Alliance Françaisee o British Council.

Outro aspecto de grande relevância neste século XXI é o papel cada vez mais importanteque as novas tecnologias desempenham tanto na cultura como nas relações internacionais.As pessoas dependem cada vez mais da Internet para aceder à informação e só podemexpressar-se livremente quando essa informação e as suas comunicações não são alvo decensura. O exercício do direito ao desenvolvimento cultural e de outros direitosfundamentais é cada vez mais facilitado pelas novas tecnologias. O acesso a conteúdosculturais também se faz através dos novos meios de comunicação social, e as oportunidadespara estabelecer uma conectividade global em torno de bens e conteúdos culturais europeusdevem ser celebradas e facilitadas, por exemplo, através da “Europeana” ou de sítios Webde museus e festivais. É importante que a UE desenvolva uma estratégia sobre a liberdadena Internet. Voltarei a algumas das recomendações concretas deste relatório na últimaparte da minha intervenção.

Doris Pack, autora. – (DE) Senhor Presidente, Senhora Comissária, Senhoras e SenhoresDeputados, dando sequência à intervenção da senhora deputada Schaake, gostaria decomeçar com algumas palavras sobre o importante relatório que a senhora deputadaelaborou. Nunca é demais realçar a importância da dimensão cultural da acção externa daUE. Portanto, a UE necessita – tal como a senhora deputada Schaake afirmou – de umaestratégia coerente para a cultura no âmbito da sua política externa.

A diplomacia cultural tem um importante papel a desempenhar na consolidação de relaçõesfrutuosas com países terceiros e, em muitos países, podemos tirar partido da Rede Europeiade Institutos Culturais Nacionais (EUNIC). Muitas pessoas que se ligaram a essa rede estãoprontas para colaborar.

É com satisfação que passo a abordar a segunda matéria do dia, que também foi focadapelo senhor deputado Zver, nomeadamente, o programa Juventude em Movimento, que,como é do conhecimento geral, é uma iniciativa emblemática da Estratégia Europa 2020.Esta iniciativa visa incentivar os intervenientes no domínio da formação e da educação adarem mais atenção a estes domínios políticos. Necessitamos de profissionais com melhoresqualificações. Necessitamos de pessoas que tiveram a experiência da Europa graças aoaumento das oportunidades de mobilidade. Devemos desbloquear o potencial dos nossosjovens com a ajuda dos programas de êxito comprovado. Tudo isto tem um papelfundamental a desempenhar no ambiente competitivo da sociedade do conhecimento.

No que se refere à aprendizagem ao longo da vida, os programas existentes – Comenius,Erasmus, Leonardo e Grundtvig – deram a muitas pessoas oportunidades maravilhosas de

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descobrir a Europa na sua diversidade, de acumular experiências pessoais e de melhoraras suas competências linguísticas. No mesmo contexto, não devemos menosprezar aimportância do programa Juventude em Acção e do Serviço Voluntário Europeu.

O debate de hoje deve também enviar um sinal à Comissão de que, na próxima geração deprogramas no domínio da educação e da juventude, devemos manter estes programas eoportunidades, que gozam de grande popularidade e que devem dispor do financiamentoadequado à sua relevância. Cada euro que investirmos nesta área trará dividendos à sociedadealguns anos depois.

Quero agora referir outra questão – Sarajevo. Sarajevo tem um lugar especial na históriae na cultura da Europa. Ao designarmos a cidade Capital Europeia da Cultura em 2014enviaríamos um importante sinal a favor do carácter multiétnico da cidade e do Estado daBósnia-Herzegovina, o que também poderia motivar a classe política daquele país a repensaras suas ideias. Além do mais, trata-se de uma cidade que ilustra claramente um fracasso daEuropa e mostra como é importante actuarmos em conjunto. Seria uma medida de grandevalor simbólico, já que Sarajevo foi o local do assassinato que desencadeou a PrimeiraGuerra Mundial em 1914. É esse o motivo da escolha do ano de 2014 – quando se cumprem100 anos desse acontecimento histórico.

De 1992 a 1996, durante a guerra bósnia, Sarajevo sofreu, enquanto cidade-capital, o maislongo cerco da história moderna da guerra. Permitam-me recordar uma data em Sarajevo:28 de Maio de 1992. O violoncelista Vedran Smailović, vestido de preto, executava oAdagio de Tomaso Albinoni. O palco eram as ruínas da Biblioteca Nacional de Sarajevo eo público era constituído por um pequeno grupo de pessoas que permaneciam na cidadesitiada e que queriam ouvir a música que tocava. Ao longo de 22 dias, Smailović actuouem vários locais nas ruínas de Sarajevo. Era um requiem pelas pessoas que perderam a vidadurante aqueles dias sombrios. Fiquei comovida e fui inundada de admiração pela atitudecorajosa e consoladora do violoncelista e do seu público. O que aquelas pessoas expressaramcom a sua conduta perante o horror e a perda deixou-me para sempre ligada à cidade deSarajevo.

A vida cultural da cidade nunca parou. O festival de Inverno tem tido lugar até nascircunstâncias mais adversas. Todos os anos acolhe pessoas de todas as nacionalidades.Anualmente, realiza-se um festival de Inverno, um festival infantil e um festival de cinema.Este reúne realizadores da Coreia à Austrália, passando pela Bulgária e pela Suécia, e é palcode variadas co-produções. A cidade não só manteve o seu carácter intercultural como otem impulsionado, não obstante o meio político circundante se aquartelar cada vez maisem trincheiras étnicas. Só por isso, a cidade merece uma oportunidade de demonstrar oseu imenso potencial intercultural.

Sarajevo gostaria de obter esta designação através de uma derrogação e já levou a caboamplos preparativos. Todos sabemos que, se aprovarmos esta proposta hoje, estaremos apedir uma derrogação à decisão do Parlamento Europeu e do Conselho. Contudo, se hojeesta Câmara demonstrasse o seu apoio à candidatura de Sarajevo, eu confiaria no bomsenso e na visão do Conselho, pois os nossos argumentos são irrefutáveis. Neste momentoem particular, a Bósnia-Herzegovina e a cidade de Sarajevo necessitam de um sinal de quenão está tudo perdido e de que a Europa apoia os seus esforços.

(Aplausos)

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Marie-Thérèse Sanchez-Schmid, relatora. – (FR) Senhor Presidente, Senhora Comissária,Senhoras e Senhores Deputados, no nosso debate desta manhã o que está em causa não éapenas um modelo económico ou um sistema jurídico. Estamos a falar de cultura ecivilização.

Que lugar quer a Europa dar à cultura? Que influências queremos para as nossas obras e anossa criação? A revolução digital, ligada à globalização e ao crescimento das trocascomerciais, obriga-nos a repensar o nosso modelo cultural e económico. No que se refereà Internet e aos meios de comunicação digitais, em que direcção queremos que a Europaavance? A política é a arte de prever, de preparar o desejável para não termos de convivercom o indesejável.

O realizador americano James Cameron gastou no seu filme “Avatar” o equivalente aoprograma da União para a cultura para o período 2007-2013. Iremos ser consumidoresde produtos culturais que já não nos pertencem e que dependem de oligopólios como aGoogle, a iTunes, a Amazon ou Hollywood, sem podermos defender os nossos bensculturais?

Esta manhã, estamos a reflectir sobre os desafios que a cultura enfrenta no mundoglobalizado do século XXI. A Comissão Europeia, com a publicação do seu Livro Verdeno ano passado, reconheceu finalmente o potencial das nossas indústrias criativas e culturais.A União Europeia possui património cultural e bens culturais, bem como uma indústriacinematográfica extremamente dinâmica e viva. O programa MEDIA celebra 20 anos noFestival de Cannes e apoiou 20 dos filmes que estarão a concurso, bem como festivais, asartes do espectáculo e grandes exposições, que decorrem ao longo de todo o ano e em todaa Europa.

Além disso, apesar da recessão, o sector das indústrias criativas e culturais tem crescidoconsistentemente na última década. Os números falam por si. Em 2003, este sector gerouum volume de negócios de 654 mil milhões de euros. Contribuiu com 2,6% do PIB da UEe foi responsável por 3,1% dos postos de trabalho na União Europeia, o que representava5,8 milhões de pessoas. Em 2008, já era responsável por 860 mil milhões de euros,14 milhões de postos de trabalho e quase 7% do PIB. Este valor supera o das indústriasautomóvel e agro-alimentar em conjunto.

A natureza dual destas indústrias, que são, ao mesmo tempo, económicas e culturais,torna-as alavancas importantes para o crescimento sustentável, inteligente e inclusivo daEuropa – isto é, os objectivos da Estratégia Europa 2020. Para além de criarem benseconómicos, sustentam e enriquecem a diversidade cultural. Contribuem para a coesãosocial, para tornar as regiões mais atractivas e para a influência da União Europeia nomundo. É tempo de se criar um ímpeto, à escala da UE, capaz de desbloquear o seu potenciale estimular o seu desenvolvimento.

Eu quis, portanto, explorar numerosas linhas de acção a fim de apoiar o crescimento dasindústrias em causa. Essas medidas têm várias vertentes. Em primeiro lugar, colocar aeducação e a formação no centro da nossa estratégia. Por um lado, a Europa deve encorajaros talentos criativos desde tenra idade, consciencializar os jovens para a cultura edesenvolver parcerias entre universidades e empresas. Por outro lado, deve proporcionaraos profissionais do sector cultural formação no domínio das novas tecnologias e doempreendedorismo, e deve estimular o intercâmbio de melhores práticas e a transmissãode conhecimentos especializados. Em segundo lugar, é essencial que se adapte os direitos

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de autor à era digital. Efectivamente, o processo actual de aquisição de direitos de autor édemasiado fragmentado, demasiado complicado.

A terceira componente fundamental da nossa estratégia deve ser a protecção da criatividade.A propriedade intelectual é um activo precioso. A criatividade que é cerceada é umacriatividade condenada a desaparecer. Deve incentivar-se a mobilidade dos criadores. AUnião Europeia deve trabalhar a fim de elaborar um estatuto jurídico europeu para que oscriadores possam usufruir de condições de trabalho justas, bem como de protecção social.Deve facilitar-se a aquisição, distribuição e circulação das obras, adaptar a tributação – porexemplo, com taxas reduzidas de IVA para os bens culturais – e, por último, ajudar ofinanciamento. Os investidores privados têm frequentemente relutância em financiar PME.As oportunidades criadas pelo financiamento público, em particular pelos FundosEstruturais, não são plenamente exploradas. A criatividade e a cultura devem serconsideradas elementos cruciais da nossa política e a Europa deve a si própria o esforçode as promover.

Androulla Vassiliou, Membro da Comissão. – (EN) Senhor Presidente, como naturalmentecompreenderá, demorarei um pouco mais do que cinco minutos a responder aos cincorelatórios.

Gostaria de agradecer ao senhor deputado Zver o relatório sobre o programa Juventudeem Movimento. Estamos gratos pelo seu empenho, bem como pelo empenho dos seusrelatores-sombra, no tratamento desta questão muito importante. Tal como o relatóriotorna claro, o principal objectivo da iniciativa Juventude em Movimento é ajudar os jovenseuropeus a adquirirem as competências e a experiência necessárias para terem êxito naeconomia de hoje, que se baseia no conhecimento e está cada vez mais internacionalizada.

O nosso objectivo é criar um ambiente no qual cada jovem possa realizar o seu potencial.Foi por isso que a Comissão lançou acções que visam apoiar os Estados-Membros a melhorara qualidade e a relevância da educação e da formação, da primeira infância ao ensinosuperior. Foi por isso que concebemos medidas destinadas a reforçar as oportunidades demobilidade para os jovens e também foi por isso que eu e o meu colega da Comissão LászlóAndor pusemos tanta ênfase na melhoria das condições de acesso dos jovens ao mercadode trabalho.

Para que isto se concretize, tal como o relatório do senhor deputado Zver tão bem esclarece,é necessário um investimento sustentado na educação e na formação em todos os níveise, evidentemente, a Europa tem um papel a desempenhar. É por isso que defendo tãoveementemente um reforço dos recursos financeiros para a nova geração de programasde educação e formação de jovens para o período posterior a 2013.

Quero aproveitar este ensejo para responder directamente a dois pontos deste relatório.Em primeiro lugar, gostaria de tranquilizar o Parlamento relativamente à nossa abordagemvisando aumentar a transparência dos sistemas de ensino superior. Tal como o relatóriodefende, o nosso grande objectivo é melhorar a informação disponibilizada aos estudantesinteressados e a outras pessoas sobre variados aspectos das actividades e do desempenhodas instituições. Pretendemos desenvolver um instrumento capaz de suprir as lacunas doactual sistema de classificação das universidades, através da inclusão de uma gama maisampla de factores. Mas não temos qualquer intenção de publicar quadros de classificaçãodas universidades.

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Em segundo lugar, tendo em conta a solicitação formulada no relatório para que a Comissãotome as providências necessárias para eliminar os obstáculos à mobilidade, saliento que,nos próximos dias, deverá ser aprovada uma recomendação do Conselho que visa incentivaros Estados-Membros a tomar precisamente essas medidas. Assinalará mais um passo nanossa ambição de aumentar as oportunidades de mobilidade.

A concluir a minha intervenção no que toca à iniciativa Juventude em Movimento, gostariade agradecer mais uma vez o apoio do relator e das senhoras e senhores deputados.

No que se refere à aprendizagem durante a primeira infância, gostaria de agradecer à senhoradeputada Honeyball o relatório que elaborou e a abordagem construtiva que adoptou naquestão dos cuidados e educação na primeira infância. Um sistema de educação e cuidadosna primeira infância caracterizado por uma acessibilidade alargada, pela inclusão e poruma elevada qualidade, ajuda, antes de mais nada, a conciliar a família com o trabalho. Emsegundo lugar, constitui os alicerces de uma aprendizagem ao longo da vida, da integraçãosocial, do desenvolvimento pessoal e da empregabilidade numa fase tardia da vida. Investircedo é muito mais eficaz do que intervir mais tarde.

Portanto, a Comissão congratula-se com a abordagem do Parlamento, que se concentranos benefícios a longo prazo de um investimento na aprendizagem na primeira infância.A Comissão partilha da perspectiva expressa pelo Parlamento de que é necessário umaabordagem mais centrada na criança. Para além do número de vagas disponíveis, devemostratar a questão da qualidade à escala europeia e nacional. Estou a pensar, por exemplo, naqualificação do pessoal, na integração de cuidados e educação e na colaboração com ospais, que são os primeiros educadores dos seus filhos. A Comissão congratula-se com oapelo a mais investigação europeia neste domínio e de uma utilização mais eficiente dosinstrumentos financeiros existentes, nomeadamente, os Fundos Estruturais e os programasde aprendizagem ao longo da vida. Também vemos com agrado a forte ênfase naidentificação e intercâmbio das melhores práticas ao nível europeu.

Passando ao relatório Schaake sobre as dimensões culturais das acções externas da UE,felicito a senhora deputada Schaake por um excelente relatório de iniciativa. Sublinha,com toda a justiça, o papel da cultura como ponte entre povos e como elementofundamental na promoção dos nossos valores no mundo. Ao mesmo tempo, exorta a umaabordagem mais estratégica da cooperação cultural entre a UE e países terceiros. O relatóriofaz ainda sugestões interessantes com vista a que o Serviço Europeu para a Acção Externaassuma o desafio de desenvolver uma verdadeira diplomacia cultural europeia.

A este respeito, Senhora Deputada Schaake, gostaria de destacar dois pontos do seu relatório.Em primeiro lugar, permita-me que sublinhe a pertinência da sua recomendação da adopçãode uma estratégia coerente para a diplomacia cultural ao nível das instituições da UE. Emsegundo lugar, saliento a ideia de atribuir ao Serviço Europeu para a Acção Externa umaverdadeira dimensão de diplomacia cultural. Um dos aspectos dessa aplicação seria acolocação de adidos culturais nas principais capitais mundiais. A criação desse postofavoreceria a coordenação entre os actuais adidos culturais das embaixadas dosEstados-Membros, bem como entre os institutos culturais nacionais com presença local,sobretudo através da Rede Europeia de Institutos Culturais Nacionais (EUNIC).Recentemente, tive o prazer de reunir com representantes da EUNIC na China e no Brasil,que me transmitiram a existência de uma grande carência de cooperação e de coordenaçãoa fim de promoverem a nossa cultura nos países onde cumprem funções.

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Page 10: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

No que se refere aos nossos parceiros estratégicos emergentes em todo o mundo,testemunhámos há pouco tempo como a cultura se pode tornar uma parte integrante dasnossas relações externas. Estou mais empenhada do que nunca em fazer progredir aindamais esta dimensão importantíssima da agenda europeia em matéria de cultura.

Vou agora dedicar algumas palavras ao relatório Sanchez-Schmid sobre “Realizar o potencialdas indústrias culturais e criativas”. Quero agradecer ao Parlamento e, em particular, àsenhora deputada Sanchez-Schmid pela elaboração de um relatório muito bom. Satisfaz-meconstatar uma forte convergência de opiniões entre o seu relatório e a nossa análise.Concordamos que as indústrias cultural e criativa são uma grande força geradora de postosde trabalho, de crescimento e de receitas de exportação, bem como de inclusão social e dediversidade cultural e linguística e ainda de diálogo intercultural na União Europeia e paralá das suas fronteiras. Tal como a senhora deputada afirma muito justamente no relatório,estas indústrias têm um contributo vital a dar à Estratégia Europa 2020 e merecem umlugar mais proeminente na UE nos anos vindouros.

Também partilhamos a perspectiva de que o seu potencial não está plenamentedesenvolvido. Se queremos que estas indústrias se desenvolvam plenamente, temos dealcançar progressos em várias frentes, nomeadamente, na adaptação de competências ereforço das capacidades, no acesso ao financiamento, na melhoria do ambiente empresarial,no apoio à circulação transfronteiras e a novos modelos de distribuição, na maximizaçãodo potencial destas indústrias no domínio do desenvolvimento regional e local, napromoção dos seus efeitos em termos de inovação e ainda na promoção de uma Europacriativa no palco mundial. Foi essa a conclusão da consulta lançada pelo nosso Livro Verde,que motivou reacções de 350 autoridades públicas, do público em geral, de organizaçõesda sociedade civil e de empresas do sector cultural de toda a Europa.

Congratulo-me por o nosso Livro Verde ter gerado, tanto na Europa como nas instituiçõeseuropeias, um debate enriquecedor sobre o ambiente mais adequado para corresponderàs necessidades específicas do empreendedorismo criador a fim de tirar partido das novasoportunidades criadas pela globalização, a digitalização e a diversidade cultural. Estouconvicta de que o nosso esforço conjunto ajudará a criar um ambiente melhor, no qualestas indústrias possam desempenhar um papel importante nas discussões sobre osmecanismos de financiamento da UE para lá de 2013 e a execução da EstratégiaEuropa 2020.

A concluir, fico muito satisfeita com o entusiasmo do Parlamento – e em particular daminha cara amiga Doris Pack – relativamente às capitais europeias da cultura e com ointeresse de Sarajevo na designação. Naturalmente, a Comissão partilha a vossa perspectivada importância histórica e cultural de Sarajevo. A cidade simboliza alguns dos episódiosmais negros da história recente da Europa, mas também é depositária da nossa esperançanum futuro melhor. Tendo vivido uma série de conflitos, Sarajevo nunca perdeu o seuespírito multicultural.

Quero dizer ainda algumas palavras sobre as normas que regem as capitais europeias dacultura. Em 2006, o Parlamento e o Conselho aprovaram a decisão na qual assenta ainiciativa. Esse documento jurídico define as regras relativas à selecção das cidades, e ossenhores deputados sabem melhor do que eu que uma decisão desta natureza só pode seralterada através de uma nova iniciativa que seguirá o processo legislativo ordinário. Adecisão dispõe que só têm acesso à acção em apreço os 27 Estados-Membros da UniãoEuropeia. A decisão inclui uma lista cronológica para cada ano até 2019 com os dois

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Page 11: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Estados-Membros que têm direito à nomeação. Já foram seleccionadas duas cidades para2014, e o Conselho está prestes a confirmar as duas cidades para o ano de 2015.

A decisão define o processo de atribuição da designação Capital Europeia da Cultura, e asregras não deixam margem de manobra para o Conselho designar uma cidade de um paísterceiro. A Comissão é a única responsável pela execução das decisões aprovadas peloParlamento e pelo Conselho. Uma derrogação à decisão relativa à capital europeia da culturanuma questão tão fundamental como o seu âmbito geográfico seria, pura e simplesmente,uma violação das regras que nos pediram para cumprir.

Penso que seria especialmente difícil justificar uma excepção tão pouco tempo depois detodos termos acordado as regras da iniciativa. O Parlamento e o Conselho aprovaram apresente decisão há menos de cinco anos. Esse teria sido, certamente, o momento paraadvogar a participação de países terceiros ou de prever casos excepcionais. No entanto,nesse momento, decidiu-se que a participação de países terceiros não continuaria após2010.

No que diz respeito ao futuro da capital europeia da cultura, a Comissão encontra-se atrabalhar na renovação da iniciativa para lá de 2019. Fizemos uma consulta pública eestamos a efectuar uma avaliação do regime actual. Depois, vamos preparar uma proposta,que esperamos adoptar no início de 2012. No âmbito do seu trabalho preparatório, aComissão está a explorar a ideia de países candidatos participarem na iniciativa depois de2019. Também posso informar a Câmara de que várias cidades de outros países terceirosse mostraram igualmente interessadas.

Permitam-me que acabe salientando que prezo muito o lugar de Sarajevo na históriaeuropeia, bem como o seu significado cultural. Embora a acção capital da cultura não sejapossível, a UE pode disponibilizar outro tipo de apoios a Sarajevo, em 2014 eposteriormente, através do nosso programa cultural.

William (The Earl of) Dartmouth, relator de parecer da Comissão do Comércio Internacional.– (EN) Senhor Presidente, pus de parte o texto que tinha preparado porque tenho de intervira propósito da nomeação de adidos culturais da UE. Nem queria acreditar nos meus ouvidos– essa proposta da Comissão é uma das coisas mais estranhas e absurdas que emanaramde um órgão conhecido pelas suas propostas estranhas e absurdas.

A existência de adidos culturais da UE significaria apenas mais tachos principescamenteremunerados para funcionários públicos privilegiados, a pagar pelos países contribuintes.Devo dizer igualmente que a Comissão demonstra uma grande insensibilidade ao fazer aproposta absurda e dispendiosa de colocar adidos culturais desnecessários num momentode dificuldades económicas a nível mundial. Talvez, por uma vez, os comissários possamesquecer os salários dourados e as reformas douradas e pensar nos custos gerados poriniciativas deste tipo.

Jutta Steinruck, relatora de parecer da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais. – (DE)Senhor Presidente, voltemos aos temas em debate. Na qualidade de relatora de parecer daComissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, gostaria de agradecer a todos os quetrabalharam neste relatório. Na comissão, todos os grupos visaram o objectivo unânimede tornar a educação e a formação possíveis para todos os jovens da Europa e de apoiar oinício das suas carreiras, sem que nenhum jovem fique pelo caminho.

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Page 12: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Não baseei o meu parecer no relatório da Comissão porque o achei demasiado vago.Considerei importante que o relatório referisse tarefas muito específicas. Em alguns casos,não me foi possível apoiar as posições assumidas no relatório.

Na perspectiva da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, um aspecto de grandeimportância é a transição do ensino para a vida profissional. É um interface fundamental.Essa transição deve dar-se sem tempo de espera. Também considerámos importante quea entrada dos jovens nas suas carreiras não esteja associada ao dumping social e que essaentrada não deve ter lugar sob condições de dumping. Na nossa opinião, a função dosestágios profissionais é importante. Os estágios são importantes e necessários, mas o seuabuso deve ser evitado e proibido. Gostaríamos que uma iniciativa relativa a um quadroeuropeu de qualificações definisse normas mínimas para os estágios.

Concluo com um apelo ao Parlamento e à Comissão para que o programa Juventude emAcção não sofra cortes de financiamento ou seja até eliminado a favor do programaJuventude em Movimento. O trabalho das associações de jovens é importante para oenvolvimento social e ajuda os jovens a progredirem, tanto em termos de competênciascomo ao nível pessoal. Isso também constitui uma vantagem importante para a vidaprofissional numa fase mais tardia.

Karima Delli, relatora de parecer da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais. – (FR)Senhor Presidente, começarei por me referir às indústrias culturais e criativas. Enquantorelatora de parecer da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, gostaria de salientara importância do papel desempenhado pela cultura e pela criatividade na economia europeiae na concretização das metas da Estratégia Europa 2020, para uma sociedade doconhecimento e da inovação, bem como pelos potenciais novos postos de trabalho querepresentam.

Neste relatório, atribui-se uma atenção especial às condições de trabalho no sector, emparticular, à irregularidade dos rendimentos e à insegurança das relações de trabalho, querequerem um debate profundo que aborde questões específicas, designadamente, anecessidade de lutar contra a discriminação em matéria de remuneração e de melhorar ograu de correspondência entre os empregos e o nível de qualificações.

Queremos facilitar o acesso dos jovens e dos mais vulneráveis à cultura e aos conteúdoscriativos e queremos incentivar a mobilidade e promover a diversidade cultural, bem comoa difusão de software livre e de normas abertas.

Por fim, queremos sublinhar a importância da aprendizagem ao longo da vida neste sector,que está a conhecer rápidas mudanças. Passo agora à iniciativa Juventude em Movimento.Os tempos estão difíceis para os jovens europeus: no acesso ao emprego, à educação, àhabitação ou aos serviços sociais são sujeitos às agruras de uma espécie de cerimónia deiniciação social. É necessário restaurar a sua confiança no futuro através de respostasadequadas e ambiciosas.

Congratulo-me com o facto de o documento em apreço não pensar a inclusão dos jovensapenas na perspectiva do emprego, mas também pelo prisma da educação e da formação.A este respeito, gostaria de salientar a solicitação à Comissão Europeia, que apoio, de queapresente um Livro Verde sobre a Participação dos jovens.

O nosso relatório também realça a ideia da mobilidade, que deve ser possível para todos,e congratulo-me com isso. Hoje, a mobilidade diz sobretudo respeito aos estudantes, masdeve ser promovida para todos – trabalhadores jovens e jovens em formação profissional.

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Page 13: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Seria lamentável se tivéssemos de dividir os jovens europeus entre uma elite educada,poliglota e confiante no futuro e uma categoria de jovens que ficaram pelo caminho pornão terem feito um mestrado ou por executarem apenas trabalho manual.

Congratulo-me em especial por neste texto instarmos os Estados-Membros a eliminaremtoda e qualquer forma de discriminação em razão da idade em matéria de acesso aos regimesde segurança social. Faço aqui esse apelo e, evidentemente, considero que o sistema derendimento mínimo é um elemento fundamental para garantir a autonomia dos jovens.

O nosso relatório salienta que a principal preocupação dos jovens é serem financeiramenteautónomos, terem acesso a serviços de saúde, bem como a habitação condigna e por umpreço razoável. Todos sabemos que um jovem que não tem alternativa senão trabalhar eestudar acabará por falhar nos estudos.

A concluir, dá-me grande satisfação que esta Câmara tenha reconhecido que os estágiosnão devem continuar a ser empregos disfarçados, mas sim empregos de pleno direito. Osestágios devem ser acompanhados de remuneração e protecção social condigna.

(Aplausos)

Ivo Belet, relator de parecer da Comissão da Indústria, Investigação e Energia. – (NL) SenhorPresidente, Senhora Comissária, Senhoras e Senhores Deputados, penso que todos estamoscientes de que enfrentamos tempos muito convulsos na Europa, do ponto de vistaeconómico e político. A solidariedade, que é nosso apanágio, enfrenta a ameaça demovimentos nacionalistas e populistas em ascensão, como ficou demonstrado ainda hápouco na intervenção de um dos nossos colegas britânicos, que, para mais, é membro danobreza.

Senhoras e Senhores Deputados, as tendências actuais representam uma ameaça para ofuturo da UE e para a prosperidade e o bem-estar dos europeus. Fomos eleitos para darresposta a esses problemas. Senhora Comissária, quando necessário, essa resposta pode edeve vir também do sector cultural. Devemos, sem dúvida, investir muito mais na criaçãode um espaço público comum europeu. O ensino, como já foi realçado neste debate, podedar um contributo muito importante, se não mesmo crucial, para esse fim. Acreditamosfirmemente que podemos tirar melhor partido da cooperação entre empresários do sectorcultural, por um lado, e o ensino superior – universidades e outros estabelecimentos deensino superior – e o ensino secundário, por outro, e ainda que estes sectores oferecemmuito mais oportunidades do que temos sabido aproveitar.

Senhora Comissária, como acaba de afirmar, o sector em causa tem um grande potencialpara a nossa economia e o emprego, razão pela qual devemos tomar medidas específicase estimulantes, nomeadamente a redução da tributação sobre os projectos em linha, dadoque o sistema actual, em particular no que se refere à taxa de IVA, não está em consonânciacom os nossos tempos e é totalmente injusto. Além disso, os empresários, os gestores daspequenas e médias empresas no sector criativo, necessitam de ter mais acesso afinanciamento, porque actualmente os conhecimentos especializados e o acesso aofinanciamento bancário escasseiam.

O relatório em apreço faz propostas muito específicas a esse respeito e, Senhora Comissária,esperamos que a Comissão e as autoridades nacionais e regionais competentes aceitem odesafio e comecem a aplicar a presente proposta.

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Page 14: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Oldřich Vlasák, relator de parecer da Comissão do Desenvolvimento Regional. – (CS)Senhor Presidente, o posicionamento da indústria cultural e criativa faz parte da estratégiaeuropeia em matéria de inovação e da Estratégia Europa 2020 e está estreitamente ligadoa medidas que visam conseguir uma utilização mais eficaz dos monumentos, dos museuse das colecções de arte, bem como de unidades urbanas e rurais de turismo e de actividadesrelacionadas. A digitalização de conteúdos históricos e culturais constitui a maioroportunidade a explorar neste domínio. A digitalização deverá melhorar o acesso dopúblico a materiais que são essencialmente para estudo, conhecimento e ensino, e reforçara identidade cultural.

O investimento nestes domínios tem um retorno quase garantido, não apenas em matériade turismo, que é sem dúvida uma componente importante de muitas economias regionais,mas também em matéria de política externa. Vale a pena sensibilizar os cidadãos para asprofundas tradições culturais dos países europeus e, por outro lado, promover as pequenaslocalidades, as cidades, as regiões, os Estados-Membros e a própria UE num contextomundial.

No novo período de programação após 2013, devemos, portanto, continuar a financiarprojectos culturais através dos fundos estruturais, reforçar o programa de geminação comvista à cooperação entre autoridades locais e manter a independência do programacomunitário para projectos neste domínio denominado “Cultura”.

Cecilia Wikström, relatora de parecer da Comissão dos Assuntos Jurídicos. – (SV)Senhor Presidente, gostaria de agradecer à relatora, senhora deputada Sanchez-Schmid,pelo excelente trabalho realizado no relatório em apreço. Estou muito satisfeita e muitoorgulhosa como o facto de a Comissão dos Assuntos Jurídicos ter apresentado o nossoparecer, sobre o qual estávamos absolutamente de acordo, e é gratificante ver que a maioriadas nossas perspectivas foi incluída no relatório. Esperamos um amplo apoio nesta Câmara.

Encontramo-nos num momento em que a tecnologia digital e a Internet estão a criar,simultaneamente, grandes oportunidades e enormes desafios para o sector cultural e criativoda Europa. Devemos cerrar fileiras na defesa da propriedade intelectual e, simultaneamente,dar os passos necessários para explorar o potencial e a criatividade da tecnologia moderna.Os profissionais da cultura e os inovadores tecnológicos europeus e, acima de tudo, oscidadãos europeus merecem um mercado interno que funcione adequadamente, no qualos conteúdos criativos possam circular livre e generosamente através das nossas fronteirase os profissionais da cultura tenham a garantia de serem remunerados pelo seu trabalho.

Também gostaria de agradecer aos relatores a inclusão da proposta apresentada pelaComissão dos Assuntos Jurídicos para melhorar o acesso de pessoas com deficiência visualaos livros. Espero que isso ajude ainda mais essas pessoas a usufruírem do prazer e da forçada literatura. A liberdade de expressão deve estar ao alcance de todos. Obrigada.

Presidente. – Estão concluídas as intervenções em nome das comissões pertinentes e nãoresisto à tentação de chamar a atenção para um facto.

Em intervenções deste teor, feitas em nome de comissões, considero que o orador deveesforçar-se por representar a comissão em nome da qual está a falar.

No presente debate, ouvimos intervenções que seriam perfeitamente legítimas se reflectissemas opiniões de indivíduos, mas que são totalmente desadequadas quando são feitas emnome de uma comissão que, tenho a certeza, não se sentiu representada nas palavras queouvimos.

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Page 15: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Penso que esta questão deve ser tida em conta, pelo menos, pela Mesa do Parlamento,porque não podemos permitir que algumas das afirmações que ouvimos aqui hoje sejamproferidas em nome de comissões que representam muitos deputados.

(Aplausos)

Marco Scurria, em nome do Grupo PPE. – (IT) Senhor Presidente, Senhora Comissária,Senhoras e Senhores Deputados, em primeiro lugar, e em nome do Grupo do PartidoPopular Europeu (Democratas-Cristãos), gostaria de agradecer a todos os relatores queapresentaram relatórios esta manhã, pois considero que os relatórios em questão nospermitem lançar os alicerces da Europa do futuro. Esta manhã, o objecto do nosso trabalhosão as futuras gerações, das crianças aos jovens, cujo trajecto rumo ao mundo do trabalhodevemos orientar através da importante iniciativa emblemática Juventude em Movimento.Nesta sessão, estamos a debater a expansão da União para os Balcãs por intermédio dacultura, bem como o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas.

Num momento de grande crise económica, é importante salientar que o único sector quenão apresenta perdas – aliás, o seu volume de negócios até aumentou – é o da cultura.Gostaríamos que a cultura desempenhasse um papel nas acções externas da União Europeiae não apenas – Lord Dartmouth e Senhor Deputado Kuhn – através de funcionários bemremunerados, mas mediante da criação de um processo mais frutífero para a paz, aestabilidade e o entendimento entre culturas diferentes.

Porém, hoje devemos também procurar reforçar os nossos programas em matéria decultura, educação e juventude. Para milhões de europeus, programas como Erasmus,Aprendizagem ao Longo da vida, Comenius, Leonardo, Juventude em Acção, entre muitosoutros, não são meros rótulos mas símbolos da existência da União Europeia. Para muitaspessoas, assinalaram o início do espírito europeu e o primeiro contacto com colegas deoutros países, que ajudou a reforçar a União e agora ainda mais graças às novasresponsabilidades em matéria de desporto que a União assumiu na sequência do Tratadode Lisboa. É necessário investir em todos esses programas, mas, acima de tudo, é necessárioque acreditemos neles. Ninguém nega a importância das quotas leiteiras ou do investimentona indústria e na protecção do ambiente, mas a cultura é que nos permitirá construir aEuropa, e devemos fazê-lo não com palavras mas com programas e acções que possamose estejamos dispostos a pôr em prática.

Senhora Comissária Vassiliou, os acordes tocados no violoncelo em Sarajevo, aquele deque nos falou a senhora deputada Pack, têm mais eco na nossa Europa do que uma profusãode regulamentos. É assim que a Europa será construída e, por vezes, poderá ser necessárioquebrar as regras.

Katarína Neveďalová, em nome do Grupo S&D. – (SK) Senhor Presidente, é com grandesatisfação que constato que o Parlamento Europeu dedica finalmente uma manhã inteirada sua sessão plenária à cultura e à educação. A educação é uma das questões-chave emtempo de crise, e não devemos esquecer que os jovens com formação académica são onosso futuro.

Congratulo-me com a iniciativa da Comissão Juventude em Movimento e com o facto deaquela instituição não ter esquecido os jovens. O investimento em educação é a soluçãopara os problemas perenes da UE, mesmo em época de apertar o cinto. Gostaria de felicitaro relator do Parlamento Europeu para a iniciativa Juventude em Movimento, o senhor

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deputado Zver. Considero o seu relatório muitíssimo bom, sobretudo porque é o trabalhode uma comissão inteira que partilhava o objectivo comum de beneficiar os jovens.

A mobilidade dos jovens na UE e, em particular, a facilitação dessa mobilidade, é importantepara a identidade europeia e para as actividades de cidadania europeia. Como todos sabem,fui muito crítica em relação à iniciativa original da Comissão, por isso quero salientar váriospontos que conseguimos incluir no relatório em apreço.

É fundamental que não deixemos de investir na mobilidade e nos programas para os jovens,nomeadamente os actuais programas Erasmus e Leonardo e as actividades do programaJuventude em Acção. Essa é, certamente, uma das maneiras de alcançarmos os objectivosque traçámos na Estratégia Europa 2020.

Também considero muito importante apoiar as actividades de aprendizagem ao longo davida e outras actividades que não se dirigem apenas aos jovens. Gostaria de sublinhar aigualdade de oportunidades para todos, não apenas no que se refere à igualdade entre osgéneros, mas também no que respeita às pessoas com deficiências ou a pessoasdesfavorecidas por outros motivos. É importante reconhecer igualmente a educaçãoinformal como meio decisivo para a melhoria das competências que os jovens poderãoutilizar na vida futura.

O diálogo entre Estados-Membros e entre regiões é também muito importante, econgratulo-me por termos conseguido incluir uma série de comentários do Comité dasRegiões, bem como de outras organizações, nomeadamente, o Fórum Europeu da Juventude.

São tantas as organizações que poderia prolongar a minha intervenção por 10 minutosem vez de dois, mas gostaria de concluir com uma declaração. Também teria muito prazerem apoiar – na qualidade de co-autora original – a iniciativa relativa a Sarajevo, porque émuito importante que demonstremos ao povo daquela região que pode contar com a UE.

Hannu Takkula, em nome do Grupo ALDE. – (FI) Senhor Presidente, congratulo-me poro plenário desta manhã ser dedicado a questões culturais – é muito importante falarmosdelas, não apenas durante uma manhã mas em debates mais amplos. No entanto, é positivoestarmos a debater estes assuntos. É complicado juntar todos estes relatórios e emitir umaavaliação, mas talvez possa expressar algumas perspectivas sobre eles.

A respeito da iniciativa Juventude em Movimento, apresentada pelo senhor deputado Zver,é muito provavelmente verdade que este programa de mobilidade é uma história de sucessoe que o relatório, com grande mérito, analisa ainda mais aprofundadamente a matéria.Considero que poderá gerar muitas histórias de sucesso dos jovens europeus e da própriaEuropa. É importante garantir a existência de programas educacionais à escala da Europanos quais os jovens possam participar e que, em resultado disso, o multiculturalismo saiareforçado.

É também essencial ter em conta o que a senhora deputada Honeyball afirma no seu relatóriosobre a os cuidados e a educação na primeira infância (CEPI). Prefiro falar em cuidados eeducação na primeira infância do que em aprendizagem durante a primeira infância, porqueo processo de crescimento de uma pessoa é importante. As pessoas devem ter aoportunidade de crescer, e a educação é apenas uma parte do processo. Se conseguirmosque as nossas crianças e os nossos jovens se tornem seres humanos bons e membrosequilibrados da sociedade, venceremos um desafio gigantesco. Naturalmente, o agregadofamiliar tem um papel fundamental nesta matéria, mas, tal como o relatório tão bemsalienta, é fundamental garantir que as pessoas que trabalham na área dos CEPI têm um

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papel a desempenhar e que exista um processo de mediação, algo de que as crianças e osjovens carecem muito hoje em dia.

Quanto ao relatório da senhora deputada Schaake sobre as dimensões culturais das acçõesexternas da UE, considero que necessitamos de ter um maior entendimento da culturaquando planeamos a política externa. Isso é muito importante. Existem muitos exemplosinfelizes de situações em que a ignorância sobre o pano de fundo cultural e sobre o contextocultural resultou em fracassos de política externa, e é por isso que é determinante tornara cultura uma parte integrante do Serviço Europeu para a Acção Externa.

Gostaria de concluir dizendo que a minha opinião relativamente à iniciativa sobre Sarajevoapresentada hoje pela senhora deputada Pack é a seguinte: é verdade que há cinco anosforam tomadas decisões a respeito das capitais da cultura, mas, tal como acontece naciência, um paradigma deve ser regularmente posto em causa. Talvez seja altura de ofazermos nesta questão em particular, tanto quanto for possível, e de tentarmos encontraruma solução para o caso de Sarajevo. Considero que traria valor acrescentado ao programaCapital Europeia da Cultura e ao conjunto da União Europeia.

Resumindo, devemos ter uma perspectiva panorâmica em matéria de política cultural etentar compreender a sua importância para o conjunto da União Europeia. O mercadointerno e as políticas externa e de segurança não perdurarão se não assentarem numa fortebase cultural. A cultura é a base de tudo, a base do futuro da União Europeia, e é por issoque é importante assegurar que esse facto é reconhecido, não apenas em termos de PIB,mas como um valor em si, tanto para os indivíduos como para as sociedades e, em últimaanálise, para toda a União Europeia.

Emma McClarkin, em nome do Grupo ECR. – (EN) Senhor Presidente, nos últimos anos,a atenção dedicada pelo mundo académico e político à cultura e à educação aumentouexponencialmente, e as análises identificam estes domínios como fundamentais para apromoção do crescimento económico, para a coesão social e para o incentivo da mobilidadedos jovens no espaço europeu. Infelizmente, no clima económico actual, com muitosEstados-Membros a adoptarem medidas de austeridade e cortes orçamentais necessáriospara reduzir os défices, aparentemente estas matérias são descuradas, e eu preferiria quetal não acontecesse.

O investimento em educação e cultura ajuda os Estados-Membros a competirem a nívelglobal, apetrecha os nossos jovens para os desafios de amanhã, e incentiva a criatividade,a inovação e o entendimento mútuo. Todavia, é precisamente nestes domínios que osEstados-Membros, e não o conjunto da UE, podem actuar, pois sabem como melhorresponder aos desafios educativos que enfrentam. Preocupam-me uma série de aspectosdos relatórios que estamos a debater, especialmente no que se refere à intrusão nasubsidiariedade dos Estados-Membros no caso das metas educativas e da política social.Ditar reformas educativas aos Estados-Membros ultrapassa as competências da UE, edevemos zelar por que isso não aconteça.

No que se refere à cultura, a UE pode ajudar os Estados-Membros a obterem os melhoresresultados com as suas políticas prioritárias através do intercâmbio de melhores práticase da definição de domínios de elevada importância, como a aprendizagem na primeirainfância, a redução do abandono escolar precoce e a promoção da formação profissional.Outra solução para aumentar as oportunidades dos nossos jovens é permitir a flexibilidadedos mercados de trabalho de modo a que as pessoas possam aprender enquanto trabalham.

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Page 18: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Porém, a criação arbitrária de novos projectos e organizações destinados a facilitar aconsecução dessas metas colide com as realidades orçamentais existentes em toda a UE.

Devemos ter consciência deste triste facto e tentar proporcionar o que nos for possível nomundo real em que vivemos. Não obstante, acredito muito no poder da cultura parapossibilitar o entendimento mútuo e para promover a inovação e o crescimento económico.Na Europa, dispomos de um grande manancial de cultura e criatividade, que deve serincentivado e desenvolvido. As indústrias criativas contribuem em grande medida para aeconomia e as experiências culturais da UE. Devemos proporcionar-lhes os instrumentospara darem continuidade ao seu desenvolvimento e colherem os proveitos que merecem.Escusado será dizer que, quanto mais educarmos os nossos jovens em toda a Europa, maisalegre nos parecerá o futuro num contexto mundial muito exigente.

Oriol Junqueras Vies, em nome do Grupo Verts/ALE. – (ES) Senhor Presidente,Senhora Comissária, Senhoras e Senhores Deputados, enquanto relator-sombra do relatórioJuventude em Movimento, e tendo em conta as várias alterações ao relatório sobre asindústrias culturais e criativas e ao relatório sobre a aprendizagem na primeira infânciaque foram apresentadas, quero partilhar uma reflexão.

A crise económica está a ser particularmente severa para os jovens. Em muitas regiões daUnião Europeia o desemprego dos jovens ultrapassa os 40%. É isto que torna tão prementeuma revisão profunda das políticas que visam abrir o mercado de trabalho aos jovens, comacontece com o relatório Juventude em Movimento.

Passo a salientar quatro pontos do relatório que, na minha opinião, são fundamentais.

Em primeiro lugar, considero importantíssimo promover a mobilidade. É um meio deaprendizagem informal e extremamente valioso, que promove o intercâmbio cultural eproporciona aos jovens os instrumentos necessários para se desenvolverem num ambienteprofissional global.

Em segundo lugar, e em estreita ligação com a mobilidade, é fundamental que os jovensaprendam outras línguas europeias, com dois objectivos: para que interajam fluentementeno ambiente europeu e para que estejam plenamente integrados nas comunidades ondevivem e trabalham, isto é, em prol da coesão social.

Em terceiro lugar, gostaria de sublinhar a importância das políticas que visam incentivaro empreendedorismo. Efectivamente, é essencial fomentar os programas no domínio doempreendedorismo para estudantes universitários. Isto implica a promoção de fóruns quepermitam a interacção entre os financiadores e os estudantes com ideias inovadoras.

Por último, considero vital promover oportunidades iguais de acesso à universidade paraque não se perca uma fracção que seja dos talentos europeus. É necessário que os jovensparticipem activamente na economia. É necessário que os jovens desenvolvam todo o seupotencial porque também eles têm um papel fundamental a desempenhar para sairmosda crise.

Rui Tavares, em nome do Grupo GUE/NGL . – Senhor Presidente, com cinco relatórios euma questão oral e apenas 2 minutos de intervenção, vou limitar-me a dois relatórios, orelatório da Sra. Sanchez-Schmid sobre as indústrias criativas e o relatório da minha colegaMarietje Schaake sobre a cultura na política da acção externa europeia, porque eles, emconjunto, dão-nos a visão micro e a visão macro de que a Europa necessita para poder,com a ajuda do talento e da imaginação dos europeus, dar a volta a esta crise.

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Page 19: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Eu creio que, no caso das indústrias criativas, é muito claro que a Europa tem provavelmentea maior concentração de potencial para as indústrias criativas. Desde logo, nas nossas áreasurbanas, nas nossas cidades, que têm, por um lado, muito boa conectividade e, por outrolado, personalidade cultural forte e muito diferenciada, muita diversidade.

Algumas das nossas macrorregiões urbanas têm também os elementos de que as indústriascriativas necessitam para sozinhas serem sustentáveis, ou seja, capital intensivo,concentração de talentos e conhecimento e um vasto leque de empresas aí já baseadas.Podemos ver isto, por exemplo, na região entre Paris, Londres, Antuérpia.

No entanto, isto não é verdade em toda a Europa. Ou seja, em algumas regiões periféricaseuropeias, existe concentração de talento, existe História, existem cidades que poderiamter um grande papel no relançamento da economia europeia, mas que não podem chegarlá sem apoios, seja ao nível da União, seja ao nível estatal.

E, portanto, também não nos podemos enganar aqui. Enquanto a Europa não puser a suacasa económica em ordem, por exemplo pela emissão de títulos de dívida, não há nada afazer. Estamos aqui no Parlamento com muito boas ideias e os governos estão, ao mesmotempo, a dilacerar o euro e a tornar impossível a recuperação.

Em relação à política de acção externa, e uma vez que tenho já pouco tempo, queria dizeraqui que a União Europeia tem uma oportunidade única para desenvolver um tipo depolítica externa completamente diferente da que desenvolvem os Estados-Membros. E, noseu aspecto cultural, isto não tem a ver com criar uma potencial identidade europeia eilusória identidade europeia e depois exportá-la ou vendê-la ao estrangeiro. Pelo contrário,a Europa pode posicionar-se muito bem para utilizar a cultura na acção externa como umaestrada de dois sentidos, na qual nós ensinamos, mas também aprendemos, e na qual temosum diálogo frutuoso com outros grandes blocos regionais como o Mercosul ou a ASEAN.

É essa a forma que beneficia mais o resto do mundo com o exemplo da democracia europeia,mas que também beneficia mais a União Europeia, porque poderá aprender com os outros.

Giancarlo Scottà, em nome do Grupo EFD. – (IT) Senhor Presidente, Senhoras e SenhoresDeputados, gostaria de oferecer o meu contributo declarando que é necessária uma novaabordagem metodológica, particularmente no sector do património e do patrimóniocultural, aliada a uma utilização inteligente de novas tecnologias. A consciência dogigantesco potencial que as novas tecnologias possuem, tanto em termos de eficiênciacomo de eficácia, implica necessariamente o abandono dos modos de trabalhar do passado.Novas tecnologias significam novos métodos de trabalho.

Pude testemunhar pessoalmente que a utilização de tecnologia inteligente no sector daprotecção dos monumentos possibilita a obtenção de resultados muito positivos, tantodo ponto de vista do projecto como do trabalho de restauro. Além disso, como umsubproduto simultâneo, e sem custos adicionais, podemos obter bases de dados geométricasmuito rigorosas que podem ser usadas para acompanhar e gerir o artefacto em caso decatástrofe natural, bem como de produtos destinados à educação científica e à promoçãodo artefacto à escala mundial, preenchendo os critérios de difusão e de intercâmbio cultural.

O mais importante é contribuir para um plano de acção cujo objectivo seja ajudar-nos aadquirir uma nova consciência da tecnologia, de modo a que se possam criar novasoportunidades económicas para a Europa. Acredito especialmente na necessidade de formaras novas gerações e acredito em profissionais jovens e altamente qualificados, capazes deenfrentar os desafios colocados pelo novo mercado global.

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Page 20: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Dimitar Stoyanov (NI). – (BG) Senhor Presidente, vou limitar a minha intervenção aorelatório Juventude em Movimento.

Gostaria de felicitar o relator porque o relatório conseguiu abarcar absolutamente todosos aspectos desta matéria e das políticas europeias a ela associadas. Vou restringir a minhaintervenção, mais especificamente, a três questões.

Em primeiro lugar, tenho uma pergunta a colocar a propósito dos n.ºs 24 e 25 do relatório,relativos à redução do abandono escolar precoce. Curiosamente, há pouco tempo, tambémapresentei uma pergunta com pedido de resposta escrita à Comissão. Continuo à esperadessa resposta, mas aproveito a oportunidade para referir a questão, para a qual venhoalertando há muito tempo. Muitos dos países do Leste europeu da última ronda dealargamento enfrentam o problema de alguns grupos minoritários seguirem a prática, quequase se tornou uma tradição, de impedirem as crianças de ir à escola a partir de certa idadepara serem exploradas pelos pais. Quando são tomadas medidas para alterar este processo,essas medidas são geralmente consideradas discriminatórias. Por isso, faço a seguintepergunta: quem estamos a discriminar, para sermos mais precisos? Pergunto-me se são ospais, que exploram os filhos, ou se são os filhos, que assim perdem a oportunidade de seintegrarem por não terem qualquer formação académica, embora, como sabem, a integraçãoeconómica através do trabalho e do empreendedorismo seja a base de qualquer integração.

O n.º 27 do relatório também faz uma referência muito precisa a um problema real. Umimportante professor universitário disse-me recentemente que, na realidade, as universidadesbúlgaras não têm conhecimento de que também existe um programa Erasmus paraprofessores. São necessárias mais medidas neste domínio.

A concluir, a respeito do desemprego dos jovens, referido nos considerandos F e G dorelatório, quero salientar um problema. Quando os jovens se candidatam a um emprego,é-lhes exigido que tenham realizado um estágio. Contudo, quando uma pessoa sai da escolaou da universidade, não teve oportunidade de acumular uma experiência de trabalho dessetipo. Essa exigência é absurda e discriminatória e merece uma análise profunda. Trata-sede um procedimento que existe tanto no sector público como no sector privado. Aliás,uma medida que pode ser tomada no sector público em particular é a obrigatoriedade deas pessoas se reformarem quando atingirem a idade legal de reforma, a fim de libertarempostos de trabalho para os jovens.

Alajos Mészáros (PPE). – (HU) Senhor Presidente, Senhora Comissária, devemos agradecerà senhora deputada Sanchez-Schmid o relatório que apresentou. As instituições da UEestabeleceram para si próprias o objectivo de aproveitar de forma mais eficaz asoportunidades existentes nas indústrias culturais e criativas. Trata-se de uma tarefaimportante, porque a melhoria das condições para o sector permitiria à UE tornar-se líderneste domínio no mercado mundial.

A cultura contribui para a luta contra a pobreza e a marginalização e desempenha umpapel no reforço e na preservação do espírito comum e no património da Europa. Aocriarmos um caminho claro para o pensamento criativo e para as ideias daí resultantes,todos podemos obter vantagens intelectuais e económicas. As indústrias culturais e criativasjá são importantes factores de motivação e de influência na economia, muito embora asua situação nem sempre seja favorável. Embora não seja possível limitar a criatividade, épossível influenciar negativamente a disposição das pessoas para criar. Um ambienteempresarial incerto e um quadro legislativo desfavorável podem debilitar o espírito criativodos cidadãos. É justo que esperemos de uma estratégia europeia que ajude grupos criativos,

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que têm estado limitados até aqui, a expressarem-se à escala europeia. Simultaneamente,essa estratégia pode promover um certo grau de equilíbrio de oportunidades entreEstados-Membros, permitindo-nos ter a experiência de uma indústria com 5 milhões detrabalhadores e do aumento do seu número em todos os Estados-Membros. Neste domínio,também queremos atribuir um papel importante às pequenas e médias empresas. A EuropaCentral tem um número considerável de cidadãos talentosos com desejo de criar. A questãoé se podemos proporcionar já hoje, e a todos, o contexto adequado. Infelizmente, a respostaé negativa, mas tem sido criado um número crescente de programas orientados a fim demelhorar a situação, nomeadamente a estratégia para o Danúbio.

O debate desta manhã também diz respeito aos jovens. É fundamental para futuras geraçõesreceberem da Europa apoio total nos domínios da aprendizagem cultural, da formaçãocontínua e da criação artística. Devemos encontrar soluções que tornem a criação artísticaatractiva na União Europeia e, por outro lado, garantir uma presença competitiva a nívelinternacional.

Resumindo, é de importância vital que dediquemos a nossa atenção às indústrias culturaise criativas, razão pela qual devemos criar logo que possível – para artistas e mentes criativas– condições adequadas que tenham em conta características singulares nos domínios damobilidade, dos direitos de propriedade intelectual e da protecção social.

Knut Fleckenstein (S&D). – (DE) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,através do seu relatório sobre as dimensões culturais das acções externas da UE, oParlamento clarifica a aspiração de apor o seu carimbo neste domínio de política que estáem fase de desenvolvimento. O facto – e quero colocar a questão com cuidado – de nãover aqui um representante do Serviço Europeu para a Acção Externa demonstra como esterelatório é necessário.

O relatório insta, muito justamente, a que, no futuro, os aspectos culturais desempenhemum papel mais significativo na política externa, na qual devem ser incorporados de formamais sistemática. Para o meu Grupo, era importante solicitar a adopção de uma estratégiacoerente que vise coordenar de modo mais eficaz os actuais programas de política externada UE com componentes culturais, tendo em conta a diversidade cultural da União. Asenhora deputada Pack fez referência a isso mesmo ao afirmar que as estruturas existentesnos Estados-Membros, bem como as estruturas comuns, nomeadamente a Rede Europeiade Institutos Culturais Nacionais (EUNIC), devem ser incorporadas e que a sociedade civildeve ser vista no quadro da política cultural externa europeia. O lema da UE “Unida nadiversidade” deve reflectir-se na imagem que a União projecta para o mundo exterior. Alémdisso, para esse fim, devemos tirar melhor partido dos novos media como plataforma decomunicação.

Mas ao tomarmos essas medidas, devemos assegurar-nos de que a arte e a cultura não setornam um meio para alcançar um fim em política externa. São os valores culturais quecaracterizam a União Europeia. Portanto, é importante e legítimo que essa diversidade eidentidade cultural sejam também disseminadas fora da União pelas suas políticas. Tenhoa certeza que, desta forma, podemos conseguir muito melhores resultados, nomeadamente,no debate sobre os direitos humanos e a democracia, do que através de variadíssimasdemonstrações de força nesta Câmara, muitas vezes sem o mínimo fundamento.

Morten Løkkegaard (ALDE). – (DA) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,encontramo-nos a meio de um combate, que também tem reflexos no debate de hoje –um combate entre as forças que, na Europa, querem enfraquecer o projecto europeu e

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aqueles de nós que, não obstante a crise, querem desfraldar as velas e reforçar o projectoeuropeu. Muito se tem dito ultimamente sobre a economia e sobre a integração e a políticaexterna, e é claro que isso também é importante. Porém, não tenho dúvidas de que, sequeremos preservar o projecto europeu e, em particular, para que o projecto colha apoioentre os cidadãos europeus, que actualmente se sentem cépticos em relação à União,devemos investir na cultura e nos jovens. Portanto, congratulo-me com o debate de hojee com os quatro relatórios e a pergunta que estamos a debater.

Fui relator-sombra do relatório sobre Juventude em Movimento e quero agradecer aorelator, deputado Zver, a sua excelente cooperação. Dado que o tempo não me permiteentrar em muitos pormenores, vou concentrar-me em dois aspectos. O primeiro é a questãode os jovens terem a possibilidade de cruzar fronteiras. Considero que em tempo de crisedevemos concentrar-nos realmente, tanto do ponto de vista político como financeiro, emtornar possível e em apoiar a mobilidade dos jovens. Logo, fico naturalmente muitosatisfeito por uma das nossas tarefas ser o reforço daquilo que designámos o QuadroEuropeu de Qualificações, ou seja, o sistema que permite aos jovens usarem numEstado-Membro os pontos adquiridos noutro Estado-Membro. Trata-se de um pormenor,mas um pormenor palpável, que é importante promover para que os jovens não encontremproblemas neste domínio.

Em segundo lugar, gostaria de chamar a atenção para aquilo a que chamámos Painel deAvaliação da Mobilidade, no qual são registadas as barreiras à mobilidade nosEstados-Membros. Isto é algo a que também dou todo o meu apoio – considero que setrata de uma excelente ideia. Escolhi apenas dois exemplos específicos que demonstramque estamos a fazer progressos e que o problema está nos pormenores. Em termosespecíficos, é nisto que temos de trabalhar para reforçar as oportunidades dos jovens e,logo, investir nos nossos jovens. A concluir, quero agradecer ao relator a sua cooperaçãoe quero desejar felicidades à senhora Comissária na complicadíssima tarefa – bem o sei –de sensibilizar os outros Comissários no Colégio de Comissários para a importância dacultura e dos jovens.

Marek Henryk Migalski (ECR). – (PL) Senhor Presidente, vou concentrar a minhaintervenção nas dimensões culturais das acções externas da UE e no relatório da senhoradeputada Schaake. Devo dizer que, em vários aspectos, o relatório merece o nosso apoioe as nossas felicitações. No n.º 17, condena a censura utilizada por regimes repressivos.No n.º 50, contesta a utilização de argumentos culturais para justificar violações dos direitoshumanos, quando enfrentamos problemas em virtude da exploração deste tipo de supostadiversidade em contactos com a China, por exemplo. No n.º 39, o relatório encoraja oenvolvimento da sociedade civil e no n.º 4 salienta a importância das liberdadesdemocráticas e fundamentais.

Em todas estas matérias o relatório merece apoio e elogios. A propósito, durante os trabalhosda Comissão da Cultura e da Educação, tivemos a oportunidade de eliminar do texto aproposta de nomeação de um embaixador especial da UE unicamente para os assuntosculturais. Estes são os êxitos. Mas, infelizmente, também há questões a que chamariaproblemáticas, dado que, infelizmente, durante as reuniões da Comissão da Cultura e daEducação, foi efectuada uma alteração à disposição que referia a nomeação de uma pessoaque seria responsável única e exclusivamente pelos assuntos culturais. É necessário chamara atenção para isto. Por outro lado, o relatório solicita que o pessoal do Serviço Europeupara a Acção Externa beneficie de cursos de formação sobre os aspectos culturais einformáticos. Na Comissão da Cultura e da Educação, não queríamos que esta disposição

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aumentasse os custos neste domínio, mas infelizmente essa alteração não foi aprovada.Pelos motivos expostos, tenho sentimentos ambivalentes em relação ao relatório.

Malika Benarab-Attou (Verts/ALE). – (FR) Senhor Presidente, Senhora Comissária,Senhoras e Senhores Deputados, os relatórios apresentados pela senhora deputada Schaakee pela senhora deputada Sanchez-Schmid lembram-nos que a cultura não tem um meropapel decorativo mas é fruto de interdependências complexas, e demonstram que asquestões culturais devem ser tratadas de forma transversal e integradas nas políticaseuropeias, internas ou externas, sociais ou económicas.

Neste contexto, Senhora Comissária, exorto-a a manter o rumo que escolheu e a desenvolvera cooperação com as outras comissões, com os outros serviços da Comissão Europeia ecom o Serviço Europeu para a Acção Externa da Baronesa Ashton.

Além disso, gostaria de voltar a uma questão que não foi suficientemente elaborada nosrelatórios em apreço, isto é, a mobilidade dos artistas e dos profissionais do sector cultural.Efectivamente, esta questão é de importância capital para a emergência de um espaçocultural europeu. Neste contexto, há dois aspectos que considero importantes. Em primeirolugar, a divulgação pela União Europeia e os Estados-Membros de informação clara einteligível sobre os regulamentos e procedimentos em vigor.

Em segundo lugar, a eliminação – tal como já foi referido – das barreiras regulamentarese administrativas que impedem a livre circulação, no espaço Schengen, de agentes do sectorcultural, em particular, de cidadãos de países terceiros, através da adopção, por exemplo,de procedimentos comuns acelerados na União Europeia para vistos de curta e longaduração, bem como de um procedimento único de pedido de autorização de trabalho naUnião. Exorto a Comissão a continuar o seu trabalho nestes domínios.

A concluir, no contexto da crescente hegemonia mundial da cultura de lazer dominanteamericana, é urgente recordar a União Europeia e os Estados-Membros da importância dese apetrecharem com instrumentos para a defesa e a promoção da diversidade das culturasda Europa e de países terceiros. Portanto, a Europa deve reposicionar-se e não deveabandonar a luta pelo poder de influência (soft power), porque o que está em causa hoje éo respeito pela diversidade cultural como instrumento de diálogo e enquanto garantia depaz e estabilidade a nível mundial.

Marie-Christine Vergiat (GUE/NGL). – (FR) Senhor Presidente, gostaria de tecer algunscomentários de carácter geral sobre todas as matérias que estão em debate esta manhã.

Infelizmente, nesta Câmara, as questões relacionadas com a educação e a cultura nãorecebem a importância que lhes é devida. No entanto, são fundamentais para o nossofuturo, o futuro da Europa e o futuro dos nossos jovens. A população com menos de 30anos representa 20% da população europeia, mas o desemprego do escalão com menosde 24 anos acaba de atingir os 21%; e quase 15% dos cidadãos entre os 18 e os 24 anosabandonou o ensino ou a formação antes do início do segundo ciclo e não voltou afrequentar o ensino ou a formação. Pior ainda, quase 25% dos jovens com menos de 15anos têm dificuldades de leitura. Não podemos aceitar estes números, que, perante arecessão, estão a agravar-se numa série de Estados-Membros.

O relatório Juventude em Movimento agora apresentado é um passo na direcção certa emdeterminados aspectos e transmite uma série de mensagens à Comissão e aosEstados-Membros. O Parlamento Europeu reafirma a sua vontade de não ver os nossos

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jovens sacrificados no altar das políticas de austeridade adoptadas em toda a Europa.Esperamos que não sejam palavras vãs!

O relatório em apreço contém ainda vários aspectos preocupantes, sobretudo ao demonstrara ambição de reformar os currículos do ensino superior apenas com base nas exigênciasdo mercado, sem se dar ao trabalho de reafirmar o papel mais amplo do ensino superiorno que se refere à formação global dos cidadãos de amanhã.

Sabemos que quanto mais vasta for a formação dos jovens, melhor podem enfrentar asincertezas da vida, em especial aquelas que estão relacionadas com o trabalho. Em breveteremos a oportunidade de trabalhar sobre as questões relacionadas com o processo deBolonha e congratulo-me com isso. Diria apenas que o nosso papel é ouvir as crescentespreocupações – o que é quase um eufemismo – existentes em vários Estados-Membrosrelacionadas com as reformas realizadas em nome do processo de Bolonha. Não podemossacrificar os nossos jovens e, nesta matéria, as palavras não bastam.

Gostaria de acrescentar algumas palavras de agradecimento à senhora deputada Honeyballpelo relatório e pelo trabalho que pudemos realizar nas questões em torno dos cuidadosna primeira infância. Apoio plenamente as orientações deste relatório. Inversamente, nãoconcordo com as orientações propostas no relatório da senhora deputada Sanchez-Schmidsobre as indústrias culturais e criativas, uma vez que introduzem uma fundamentaçãocomercial, sujeita às forças do mercado, para os bens culturais.

Por fim, apoio resolutamente a escolha de Sarajevo para Capital Europeia da Culturadefendida pela senhora deputada Pack.

Juozas Imbrasas (EFD). – (LT) Senhor Presidente, gostaria de proferir algumas palavrassobre a iniciativa Juventude em Movimento. Esta iniciativa tem um objectivo nobre –melhorar a educação e a formação dos jovens através da mobilidade e facilitar a transiçãodos jovens para o mercado de trabalho. Isto é particularmente importante para os jovensde hoje, que constituem um dos grupos sociais mais afectados pela crise financeira mundial.Os jovens devem ser apoiados ao entrar no mercado de trabalho a fim de poderem garantiro seu futuro e contribuir para o crescimento económico e a prosperidade. É fundamentalque os jovens possam desenvolver as competências, as aptidões e os conhecimentos quelhes permitam contribuir activamente para o crescimento e o futuro sustentável da UniãoEuropeia nos anos vindouros. Considero essencial assegurar que a educação que os jovensestão a receber tenha correspondência nas necessidades do mercado. É igualmenteimportante velar por que os jovens europeus não sejam privados da oportunidade de sedesenvolverem e de contribuírem para a prosperidade da União Europeia. Contudo, amobilidade levanta alguns problemas. Os jovens formados num Estado-Membro que nãoé o de origem geralmente fixam-se nesse país e fazem aí a sua vida profissional. Portanto,um país como a Lituânia, que enfrenta uma situação económica muito difícil, arrisca-se aperder, durante um longo período, os seus cidadãos com formação académica, que são abase do crescimento do país, e não apenas no sentido económico. É claro que se trata deum problema interno da Lituânia e que o resolveremos. Em termos globais, é excelenteestarmos hoje a tratar uma questão que é muito importante para os jovens.

Róża Gräfin von Thun und Hohenstein (PPE). – (DE) Senhor Presidente,Senhora Comissária, Senhoras e Senhores Deputados, caros convidados da Turíngia nagaleria de visitantes,

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(EN) Senhor Presidente, ao meu colega deputado que receia que os jovens com formaçãoacadémica vão viver para outro Estado, dir-lhe-ia que a civilização cresce e desenvolve-sequando as pessoas se deslocam, e não devemos receá-lo. Esse fenómeno dá-se quandopessoas de países diferentes se encontram e juntam experiências distintas – os exemplosdisso na Europa são numerosos, e é bom que tenhamos tanto para dizer sobre a mobilidade.Essa mobilidade garantirá a continuidade da saúde e da prosperidade da Europa.

O relatório do senhor deputado Zver chama a atenção para numerosas barreiras quedesencorajam a mobilidade na Europa, e gostaria de referir algumas dessas barreiras.Pegando no que o senhor deputado Løkkegaard descreveu sucintamente, não podemosaceitar que jovens que estão a estudar, a receber formação ou a trabalhar no estrangeiroencontrem dificuldades no país para onde se deslocaram nas tarefas mais básicas, comoabrir uma conta bancária ou arrendar um apartamento. Além disso, são penalizados comtarifas de roaming quando tentam telefonar para casa ou aceder à Internet para procurarinformação básica e necessária. O roaming de dados é muitíssimo dispendioso.

A Comissão propôs a criação de um painel de avaliação da mobilidade no âmbito dainiciativa Juventude em Movimento. Isso permitirá um acompanhamento sistemático doprogresso dos Estados-Membros na eliminação das barreiras. O painel de avaliação deveráser amplo e simples a fim de servir como um verdadeiro catalisador da eliminação dosreferidos obstáculos por parte dos Estados-Membros. Isso beneficiaria os mais e os menosjovens, os estudantes e os trabalhadores. Insto a Comissão a apresentar uma propostapormenorizada sobre o funcionamento do referido painel de avaliação da mobilidade, eespero que o faça tão rapidamente quanto possível.

Concluindo, a mobilidade é uma questão transversal e, portanto, exorto os meus colegasdeputados da Comissão do Mercado Interno e da Protecção dos Consumidores, bem comode outras comissões, a que não percam de vista a dimensão da mobilidade no seu trabalhoem todos os domínios.

Silvia Costa (S&D). – (IT) Senhor Presidente, numa Europa envelhecida que se debatepara encontrar respostas para os desafios globais do futuro, a União Europeia e os seusEstados-Membros devem aproveitar este forte estímulo do Parlamento para demonstrarque podem ser mais corajosos e investir nas gerações futuras, na educação e na cultura.Com os quatro relatórios apresentados e a proposta relativa a Sarajevo, o Parlamento instaa que as questões em causa sejam colocadas no centro da Estratégia Europa 2020.

Em especial, as vantagens económicas, bem como as que estão ligadas ao emprego e àinovação, são salientadas no relatório sobre as indústrias culturais e criativas, que empregam5 milhões de pessoas e já representam quase 3% do produto interno bruto da Europa – umnúmero que se eleva a 7% se tivermos em conta as indústrias subsidiárias. Enquantorelator-sombra do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas noParlamento Europeu, congratulo-me por constatar que a relatora, senhoradeputada Sanchez-Schmid, acolheu as nossas alterações.

Qual foi a nossa proposta? Em primeiro lugar, que se acrescente o turismo cultural e amoda aos oito sectores já incluídos. Esperamos ainda que a Comissão – e tenho a certezade que a senhora Comissária Vassiliou vai tomar medidas para assegurar que isso aconteça –apresente um Livro Branco sobre as indústrias culturais e criativas logo que possível, a fimde reforçar esta estratégia trans-sectorial na UE e nos Estados-Membros. O corte de fundospara a cultura e a educação em tempo de crise – como o meu país está a fazer, com opretexto de que a cultura não é essencial à sobrevivência – significa não investir no futuro

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e num crescimento inteligente e inclusivo; significa não compreender que a cultura éessencial à vida.

O relatório refere que o estatuto profissional dos artistas e das pessoas que têm umaactividade criativa deve ser oficialmente reconhecido e que, na indústria cultural, as pequenase médias empresas devem ser plenamente reconhecidas nessa qualidade a fim de teremacesso ao crédito e a apoio no seu arranque, especialmente no caso de empresários commenos de 35 anos. Também promete proteger os postos de trabalho e introduzir formaçãoespecífica e instrumentos de financiamento inovadores, tendo em conta que, no sectorcriativo, o capital consiste muitas vezes em valores que são intangíveis mas, não obstante,cruciais para a inovação em todos os sectores.

O sector cultural da Europa deve ser tido em conta no quadro jurídico do comérciointernacional, tanto na dimensão europeia e na diplomacia cultural, como no mercadointerno, na mobilidade…

(O Presidente retira a palavra à oradora)

Liam Aylward (ALDE). – (EN) Senhor Presidente, para que estratégias como a designada“Juventude em Movimento” sejam eficazes e produzam resultados mensuráveis, é necessárioum reforço da cooperação entre o sector da educação e o sector empresarial. Emboraconcorde com a relatora quando diz que a educação deve não só garantir a empregabilidademas também incentivar a criatividade, é necessário caminharmos no sentido de integraros objectivos educativos e empresariais. Os programas universitários devem aproximar-semais das exigências do mercado de trabalho. Os jovens devem ter a oportunidade deadquirir, sem obstáculos, a experiência, as capacidades, as competências e os conhecimentosespecializados para se equiparem para futuras carreiras e para o empreendedorismo. Énecessário, em particular, facilitar a mobilidade na União Europeia dos jovens quefrequentam o ensino e a formação profissionais e possibilitar os aprendizados noestrangeiro, ampliando dessa forma a gama de capacidades de que dispõem, bem como asua empregabilidade.

Os programas de mobilidade e os benefícios da experiência de trabalhar e estudar noutrospaíses devem estar acessíveis a todos os jovens, independentemente do tipo de ensino queescolherem. A iniciativa Juventude em Movimento tem potencial para ter êxito, mas devetraduzir-se por medidas concretas que tragam benefícios aos jovens.

Kay Swinburne (ECR). – (EN) Senhor Presidente, o círculo eleitoral que representocombina há muito a promoção da língua galesa junto dos jovens com o talento artísticoe tecnológico para produzir programas de animação como Sally Mally, Super Ted e SamTân. Esse passado foi agora revigorado com novas produções como Dr. Who e Torchwood,de tal modo que o País de Gales está rapidamente a transformar-se num centro de excelênciacultural em matéria de produção cinematográfica e televisiva e acolhe novos domínioscriativos como a muitíssimo lucrativa indústria dos videojogos.

Para mantermos esta dinâmica, é fundamental proporcionar às nossas indústrias criativaso apoio de que necessitam para continuarem a crescer. Devemos concentrar-nos em reduziros obstáculos burocráticos que todas as pequenas empresas enfrentam e em procurar queo mercado único seja um verdadeiro valor acrescentado através da cooperação em matériade direitos de propriedade intelectual, de uma patente europeia e da realização de todo opotencial da Agenda Digital, bem como, naturalmente, da eliminação das incoerências nalegislação da UE em vigor, nomeadamente no que se refere ao IVA.

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Page 27: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

O orçamento da UE deve ser usado produtivamente para transformar a gigantesca reservade energia criativa que está à nossa volta em verdadeiras empresas geradoras de riqueza,criadoras de emprego sustentável e de um futuro próspero e rico para os nossos cidadãosnão só em Gales mas em toda a Europa.

Helga Trüpel (Verts/ALE). – (DE) Senhor Presidente, Senhora Comissária, na realidade,esta manhã, estamos a realizar um debate sobre o significado da cultura nos vários domíniospolíticos – na política externa, na política económica, na política de educação e na políticasocial – e sabemos que todos ficaremos a ganhar se levarmos a cultura mais a sério. Odespertar da democracia nos países árabes não teria sido possível sem o desejo de abertura,de diversidade cultural, de democracia e de liberdade de imprensa baseado na cultura.

As indústrias criativas são uma parte importante da política económica. No meu país, aAlemanha, há mais postos de trabalho no sector criativo do que no sector automóvel. Valea pena registar este facto. O resultado é que isto é também uma parte importante daEstratégia Europa 2020. Mas onde quero chegar é que, se queremos fomentar as indústriascriativas, temos muito que trabalhar, sobretudo no desenvolvimento digital. Sabemos quesão precisamente os produtores de conteúdos criativos que estão na origem da cadeia devalor do sector cultural. Portanto, temos um interesse elevado na diversidade cultural, emapoiar as pessoas que são criativas e em facilitar o acesso aos conteúdos criativos em linha.No entanto, queremos que os artistas sejam justamente remunerados, o que nem semprese verifica no mundo digital actual. Logo, devemos alterar o direito contratual a fim dereforçar a posição negocial dos nossos artistas. Devemos desenvolver novos modelossociais para encontrarmos um equilíbrio justo entre um acesso facilitado para os utilizadorese uma remuneração adequada dos criadores de novos conteúdos.

Tenho um último ponto a focar. Sarajevo como Capital Europeia da Cultura em 2014 teriaum enorme valor simbólico e seria um êxito histórico para a Europa.

(O Presidente retira a palavra à oradora)

Paul Murphy (GUE/NGL). – (EN) Senhor Presidente, o relatório sobre Juventude emMovimento contém algumas boas ideias, nomeadamente a ideia de que a crise não deveservir de argumento para reduzir os gastos com a educação. Porém, o relatório aceita oProcesso de Bolonha, que aumentou a influência das grandes empresas e deu novo impulsoao processo de mercantilização da educação.

A relatora referiu que as universidades estão subfinanciadas e, portanto, incentiva-as aprocurarem mais financiamento junto de fontes privadas. Por certo, a resposta para osubfinanciamento não é abrir as portas ao sector privado com todo o efeito de distorçãoque este tem sobre a educação, ou impor propinas que bloqueiam o acesso a centenas demilhares de alunos de toda a Europa, mas sim que o investimento público proporcioneeducação gratuita e bem financiada em todos os níveis. Além disso, em resultado da severapolítica de austeridade que vigora em muitos países, é praticamente impossível os jovensconseguirem um emprego condigno quando terminam a sua formação. Actualmente,apenas um quarto dos jovens na Irlanda estão empregados e todas as semanas 1 000 pessoasemigram, por isso, para muitas famílias irlandesas, a expressão “Juventude em Movimento”tem um significado muito diferente. A presente crise de emprego só poderá ser resolvidacom um grande esforço de investimento público, com vista a criar postos de trabalhocondignos.

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Derek Roland Clark (EFD). – (EN) Senhor Presidente, numa altura em que as pessoas eos governos responsáveis estão a poupar cada cêntimo, a Comissão propõe mais gastos –o cartão “Juventude em Movimento”, o passaporte europeu das competências, oObservatório Europeu das Ofertas de Emprego – para a Estratégia Europa 2020, para adiplomacia cultural e para incentivar os jovens a viajar, quando eles já o fazem por iniciativaprópria, percorrendo o mundo inteiro de mochila às costas. Para que servem estas iniciativasdispendiosas?

Quanto à difusão da cultura europeia, aproveitem agora, porque com o rumo tresloucadoque a UE está a tomar, nada restará dela senão um mantra sem significado: “Unida nadiversidade”. Não compreendem que a Europa não é um Estado único mas sim umamagnífica tapeçaria constituída por muitas partes bonitas e distintas que combinam, e quese as misturarem as reduzirão a uma massa cinzenta e amorfa e destruirão aquilo que dizemadmirar?

Não tentem vender a cultura da UE; ofereçam as culturas italiana, alemã, francesa, holandesa,britânica, e todas as outras, a quem as quiser conhecer, e o resto virá por acréscimo.

Marielle Gallo (PPE). – (FR) Senhor Presidente, Senhora Comissária, Senhoras e SenhoresDeputados, desde o advento da digitalização dos bens culturais e artísticos, o que está emcausa é o seguinte: está a Europa destinada a tornar-se um território de consumo dosprodutos dos Estados Unidos e, em breve, dos países emergentes, ou despertará finalmentee empregará recursos no desenvolvimento do seu potencial económico e em matéria deinformação e cultura?

Naturalmente, estou absolutamente convicta da riqueza e da diversidade da cultura europeia,mas, numa perspectiva de competitividade, tenho de condenar uma ideia absurda. Refiro-meao sonho dos serviços gratuitos, ao acesso a tudo em troco de nada. Se seguíssemos essavia, acabaria o investimento no sector em causa. Os criadores e os inventores não poderiamser remunerados de forma justa e acabariam por desaparecer. Portanto, os modeloseconómicos que vamos adoptar para a circulação em linha do nosso património culturalexcluem serviços gratuitos.

Absurda é também a tributação aplicada aos bens culturais desmaterializados, de duasformas. Em primeiro lugar, existe uma distorção do IVA conforme os países onde aactividade é baseada. Por exemplo, as plataformas americanas gozam de uma moratóriadesde 1998, o que causou a sua expansão extraordinária. Em segundo lugar, existe umadiscriminação no que se refere às taxas de IVA, que penalizam os bens digitais face aosbens materiais. Considero que devemos corrigir estas duas situações por intermédio delegislação.

Maria Badia i Cutchet (S&D). – (ES) Senhor Presidente, Senhora Comissária, Senhorase Senhores Deputados, também eu me congratulo com a oportunidade que nos é dadapelo presente debate – um debate relativo a quatro relatórios que votaremos no final dasessão desta manhã. Trata-se de relatórios sobre matérias que temos de enfrentar paratentar encontrar soluções para os problemas centrais da União Europeia, relatórios queabordam as soluções para o abandono escolar precoce, o desemprego dos jovens, a criseeconómica e os movimentos migratórios.

Neste contexto, gostaria de começar por fazer um breve comentário sobre a aprendizagemna primeira infância. Tal como a senhora deputada Honeyball afirmou, é uma das questõesque ainda não receberam a atenção que merecem. Sabemos – e todos os dias dispomos de

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Page 29: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

mais estudos a confirmá-lo – que é durante a primeira infância que se dá o desenvolvimentomais intenso das nossas capacidades cognitivas e emocionais. Por este motivo, todos osestudos indicam que investir nos primeiros cinco anos de vida produz muito mais resultadosdo que investir nas fases posteriores. Estou convicta de que é tempo de não limitarmos onosso trabalho ao ensino superior e à formação profissional, como temos feito, e de nosconcentrarmos na aprendizagem na primeira infância.

O relatório sobre Juventude em Movimento também é muito importante, pois um dosseus objectivos principais é reduzir o abandono escolar precoce. Considero que esta questãoestá inexoravelmente ligada ao desemprego dos jovens, cuja taxa é actualmente muitoelevada na União. Devemos oferecer respostas para o futuro destes jovens, que são o futuroda União Europeia.

A concluir, no que respeita ao relatório sobre as dimensões culturais das acções externasda UE, quero salientar a importância da cultura nas nossas políticas de cooperação. Éessencial melhorar o entendimento mútuo com países terceiros e, num período de grandeagitação política a Sul das nossas fronteiras, parece-me que faz muito sentido encontrarmosresposta para as questões em causa.

Marietje Schaake (ALDE). – (EN) Senhor Presidente, “se queres saber onde é o inferno,pergunta ao artista; se não encontrares o artista, sabes que estás no inferno”. Esta frase deum autor anónimo que encontrei em Sarajevo, resume a importância das artes e da culturatanto para as sociedades abertas como para as nossas relações com o resto do mundo. ABósnia-Herzegovina, cuja capital é Sarajevo, faz parte de um dos buracos negros do mapada Europa, em virtude da nossa história. No entanto, agora temos de olhar para o futuro.

Os habitantes de Sarajevo estiveram à beira de conhecer o inferno, sobretudo durante ocerco da cidade, e a arte e a cultura ajudaram as pessoas a sobreviver. A orquestra ensaiouenquanto a cidade era bombardeada e o festival de Inverno prosseguiu, pleno de arte ecultura. Sarajevo merece uma Primavera europeia. A próxima geração padece das feridasda história e, enquanto europeus, temos a grande responsabilidade de olhar para o futuroa seu lado e de incluí-la no horizonte da Europa.

Dou o meu total apoio à iniciativa da senhora deputada Pack e exorto o Parlamento aapoiá-la também e a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que Sarajevo seja umacapital europeia da cultura. Penso que se for o desejo de todos, será possível, porque seriamuito decepcionante se as nossas ideias e o nosso bom senso fossem bloqueados pelaburocracia.

Paweł Robert Kowal (ECR). – (PL) Senhor Presidente, os trechos do relatório da senhoradeputada Schaake que referem a necessidade de melhorar a mobilidade dos jovens de paísesabrangidos pela Política Europeia de Vizinhança são muito importantes. Se, por um lado,considero que a intromissão excessiva da União Europeia na actividade cultural dosEstados-Membros é desnecessária, por outro, penso que, tendo em conta o que está aacontecer hoje na Tunísia, bem como os acontecimentos de há dois meses na Bielorrússia,é importante que a União Europeia, com a sua mensagem cultural e a sua mensagem sobredemocracia e o primado do direito, se dirija à elite jovem dos países vizinhos e encontrerecursos para o intercâmbio de estudantes, cursos conjuntos, deslocações, criação deuniversidades e apoio a programas de ensino. Esses programas já existem nosEstados-Membros, nomeadamente no Centro de Estudos Leste-Europeus da Universidadede Varsóvia, na Polónia. Isso deve ser encarado como um exemplo e devemos

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congratular-nos por a senhora deputada Schaake apontar essa direcção. Se não seguirmosesse caminho, não conseguiremos alcançar o nosso objectivo, seja ele qual for.

Heinz K. Becker (PPE). – (DE) Senhor Presidente, Senhora Comissária, Senhoras eSenhores Deputados, caros visitantes na galeria, é para mim uma grande honra, talvez jánão como um jovem, mas certamente como um novo deputado a esta Câmara, usar dapalavra pela primeira vez.

A iniciativa emblemática da Estratégia Europa 2020 “Juventude em Movimento” tem oadmirável objectivo de melhorar o acesso dos jovens ao mercado de trabalho, com destaquepara dois vectores. Para além da aprendizagem ao longo da vida, a iniciativa tem por alvo,em primeiro lugar, a redução do abandono escolar precoce e, em segundo lugar, o aumentodo número de jovens que concluem a sua formação. Em grande medida, em consequênciada crise económica e, acima de tudo, em virtude das deficiências estruturais existentesnoutros domínios em muitos Estados-Membros – ou quase todos – os Estados-Membrosda UE têm condições essenciais totalmente diferentes.

Permitam-me que dê o exemplo do meu país: a Áustria tem uma taxa de abandono escolarprecoce de apenas 8,7% – face à média da UE de 14% –, e valeria certamente a pena estudaro sistema duplo de formação profissional austríaco, que tem o apoio dos parceiros sociais.A Alemanha também tem muito êxito neste domínio. Digamos que constituem a referência.Mas a própria Áustria fica aquém da referência no que respeita ao número de licenciadosaltamente qualificados. Os números de académicos qualificados são bastante mais elevadosnoutros Estados-Membros, e devemos estudar os sistemas que aí vigoram. Temos muitoa aprender uns com os outros nestas matérias.

Os fracassos demonstram muito claramente que é necessário agir – devemos eliminar ofosso existente entre o sistema educativo e o mercado de trabalho rápida e eficientemente.

Mas, a concluir, quero apresentar os meus sinceros agradecimentos à senhora deputada Packe apoiá-la, dizendo que a designação de Sarajevo para Capital Europeia da Cultura não éuma derrogação mas um imperativo!

Presidente. – Senhor Deputado Becker, não quis retirar-lhe a palavra porque sei que é asua primeira intervenção nesta Câmara e quero dar-lhe as boas-vindas. Espero que de futurorespeite o tempo de uso da palavra e, em qualquer caso, desejo-lhe muito êxito no seutrabalho como deputado entre nós.

Cătălin Sorin Ivan (S&D). – (RO) Senhor Presidente, há países na União Europeia quetêm uma taxa de desemprego total de 20%, mas uma taxa de desemprego dos jovensde 40%. Não é apenas num país que a taxa de desemprego dos jovens é o dobro da taxanacional mas em muitos países.

Ao falarmos da integração europeia ou do futuro dos programas e projectos que estão emapreço neste debate, devemos ter em conta que todos esses jovens devem sentir-se europeus.Todos esses jovens devem também encontrar o seu futuro no interior das fronteiras daUnião Europeia. Por isso, tenho a firme convicção de que, ao abordarmos a iniciativaJuventude em Movimento, devemos dar bastante mais importância ao acesso dos jovensao emprego e ao futuro desses jovens na União Europeia.

Considero que as soluções que propomos para estes problemas não são satisfatórias e quedevemos dar muito mais atenção à forma como os Estados-Membros executam os projectose os programas que temos em mente. Na minha opinião, o papel da Comissão Europeia é

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incentivar mais Estados-Membros a executarem os programas adequadamente e aresponderem às necessidades dos jovens.

Ivo Vajgl (ALDE). – (SL) Senhor Presidente, numa época em que as diferenças culturaisentre nações levam os burocratas a fechar fronteiras – como recentemente aconteceu naDinamarca – e a construir muros altos, constatamos que esses burocratas preferem resolveros conflitos pela via armada e não pela via do entendimento e da empatia. Numa alturaem que as realizações artísticas se estão a transformar em bens não reutilizáveis e numaimportante fonte de lucros, num momento em que estão a ser criados monopólios globaistodo-poderosos que ditam as tendências e os valores, o relatório sobe as dimensões culturaisdas acções externas da UE e a dimensão cultural da União Europeia é muito bem-vindo.

O relatório aborda as formas como a nossa imagem cultural comum, bem como asrealizações artísticas de pequenas nações e Estados-Membros da União Europeia, emcontacto com as culturas de outras nações, podem elevar o nível do nosso debate públicoe até mesmo aliviar a carga dos nossos diplomatas e estrategas na busca de soluções parainúmeras crises, interna e externamente. Ao ignorar fronteiras, os novos meios decomunicação e as novas tecnologias estão a abrir um mar de oportunidades. Gostaria queo relatório tivesse dedicado uma ou duas palavras aos livros, à ideia de que os livros nãodevem ser sujeitos a tributação, por exemplo. Poderíamos falar de gestão cultural ou emimprimir um novo ímpeto à ideia de Melina Mercouri de designarmos uma capital europeiada cultura. Senhoras e Senhores Deputados, Senhora Comissária, vamos dar umaoportunidade a Sarajevo!

Valdemar Tomaševski (ECR). – (PL) Senhor Presidente, o processo de aprendizagemna primeira infância é uma das tarefas mais importantes dos pais e do Estado. Nestecontexto, é importante e adequado que a resolução sublinhe o significado do ensino precocede línguas regionais e minoritárias. O uso da língua materna no ensino tem muitaimportância, pois sabemos que a língua na qual as crianças mais facilmente assimilam osconhecimentos é a língua em que pensam. Portanto, é inaceitável que, em escolas paraminorias indígenas, o ensino no primeiro e segundo anos seja efectuado numa língua quenão a língua materna – um procedimento que o Parlamento lituano aprovou recentemente.A adopção obrigatória do ensino bilingue é considerada inequivocamente pelos polacosque vivem na Lituânia há sete séculos uma discriminação que deve cessar.

Anna Záborská (PPE). – (FR) Senhor Presidente, lamento muito as consequências dosismo que atingiu o seu país.

(SK) Gostaria de aplaudir o trabalho da senhora deputada Mary Honeyball no relatóriosobre a aprendizagem na primeira infância. Pressinto no texto o esforço realizado paraultrapassar preconceitos ideológicos e chegar a um compromisso aceitável para todo oespectro político. Isso é justo e apropriado, pois está em causa a família e o bem-estar dascrianças. Os pais são os principais responsáveis por criar e educar os filhos. Isso mesmo éconfirmado pelas referências que a relatora faz aos artigos da Carta dos DireitosFundamentais da União Europeia e da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos daCriança. A responsabilidade dos pais também está consagrada na Declaração Universaldos Direitos do Homem – aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o tipo deeducação a dar aos filhos.

Também partilho a convicção de que o investimento na educação e na aprendizagem naprimeira infância terá um retorno em prosperidade futura. Há provas de que as criançaslançam os alicerces da responsabilidade, da compreensão e do comportamento social na

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primeira infância. O relatório sublinha ainda que os cuidados na primeira infância são amelhor maneira de prevenir uma futura criminalidade juvenil. Analiso estes factores commaior profundidade no projecto de relatório sobre a contribuição das políticas europeiasem matéria de igualdade entre homens e mulheres para o combate à delinquência juvenil.

Tal como a relatora, oponho-me a um aumento artificial e a qualquer preço da percentagemde mulheres no mercado de trabalho. Muitas mulheres prefeririam cuidar dos seus filhosa ter um emprego formal. Contudo, não têm a liberdade de escolher, porque a sociedadeatribui pouco ou nenhum valor ao trabalho das mulheres no lar e a cuidar dos filhos. Orelatório apresentado não contém propostas para que os Estados atribuam um valoreconómico ao trabalho de criar e educar os filhos realizado pelas mães, pelo menos porcomparação com os contributos dos Estados para o funcionamento dos jardins-de-infância.Na globalidade, o relatório é um passo na direcção certa, e a evolução futura no domíniosocial obrigar-nos-á a dar mais atenção a esta matéria.

Chrysoula Paliadeli (S&D). – (EL) Senhor Presidente, a iniciativa Juventude emMovimento visa melhorar a mobilidade dos jovens, sobretudo para fins de emprego. Noentanto, em tempo de crise económica e quando os valores são postos em causa, amobilidade dos jovens não pode ficar ligada unicamente à prevenção do desemprego. Comas tendências conservadoras a ameaçarem a unidade da União Europeia – e ouvimos algunsecos disso mesmo esta manhã –, a mobilidade dos jovens pode ser um importanteinstrumento para o reforço da coesão europeia. As necessidades do mercado devem sertidas em conta como factor secundário.

Contudo, as universidades devem manter a independência e o carácter público e os seuscursos devem conservar a sua orientação académica, assente na investigação. O ensinosuperior na União Europeia não deve limitar-se a reproduzir os modelos que criaram acrise e a perda de confiança. Pelo contrário, deve ter como objectivo criar novos padrõesde coesão social e reforçar o carácter colectivo que os valores humanitários e um sistemaeuropeu de classificação das universidades neles baseado possam desenvolver na direcçãocerta.

Sabine Verheyen (PPE). – (DE) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,caros visitantes, a diversidade cultural da Europa é uma matéria-prima importante quedevemos preservar e até desenvolver no futuro. Para que isso seja possível, é necessárioenfrentar os desafios da era digital, tanto ao nível da sociedade da informação e doconhecimento, como, e acima de tudo, no sector criativo e cultural.

A diversidade cultural não é apenas um ideal, é também um factor económico de peso. NaUnião Europeia, cerca de 5 milhões de pessoas estão empregadas no sector cultural. É oequivalente a 2,5% da população total. O sector cultural é um sector em crescimento quese está a desenvolver mais depressa do que muitos outros domínios da economia. Tal comoo desenvolvimento de tecnologias de informação e de comunicações é impulsionado pelosconteúdos oferecidos pelo sector cultural, a natureza e a qualidade desses conteúdos foramtransformadas e desenvolvidas pela tecnologia. Portanto, necessitamos de um quadro parao sector cultural e criativo que propicie o seu desenvolvimento sustentável face aos desafiosda era digital. Necessitamos de um sistema moderno, acessível e seguro do ponto de vistajurídico no qual todos se possam desenvolver em pé de igualdade.

O sector cultural e criativo é um motor para a Europa. Logo, devemos dar atenção a estedomínio, nomeadamente no que se refere à educação e à formação. Devemos apetrecharos jovens com capacidades culturais e criativas, inclusivamente no âmbito da aprendizagem

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ao longo da vida. Porém, também é necessário melhorar as aptidões empresariais dosnossos artistas e proporcionar-lhes bases sólidas em matéria de meios de comunicação enovas tecnologias.

Devemos criar um quadro que permita aos profissionais do sector cultural salvaguardaros seus meios de subsistência. Portanto, temos de trabalhar intensivamente nas questõesdos direitos de autor, da segurança social e da propriedade intelectual, bem como no acessoaberto à informação e aos conteúdos, a fim de garantir o desenvolvimento futuro econtinuado do sector cultural e criativo num ambiente digital e para nos permitir mantera diversidade cultural e o património cultural da Europa como característica distintiva daUnião Europeia.

Presidente. – Senhora Deputada Verheyen, durante a sua intervenção, os intérpretesindicaram-me que não conseguiam acompanhá-la. Não a interrompi porque me pareciadifícil fazê-lo e peço desculpa aos intérpretes por esse facto. Quero informar as senhorase os senhores deputados de que o sistema vai ser alterado e o sinal de alerta deixará de serenviado ao Presidente e acenderá para cada deputado que estiver a usar da palavra. Dessaforma, constatarão de imediato que as equipas de intérpretes não estão a conseguiracompanhá-los.

Barbara Matera (PPE). – (IT) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, “A vidaé bela, meu amor. Abriste agora os olhos para o mundo e ele já é teu”. Estes primeirosversos de um poema singelo mostram como a vida é gratificante e lembram-nos que somosresponsáveis pelo mundo que estamos a construir para os nossos filhos. No relatórioapresentado, a senhora deputada Honeyball recorda-nos oportunamente que o futuro dosnossos filhos se começa a moldar logo nos primeiros anos de vida, anos esses em que asinstituições desempenham um papel fundamental para que as nossas crianças cresçamcomo desejamos.

Concordo com todos os argumentos do relatório: é importante que os Estados-Membrose a União arquem com a responsabilidade por medidas destinadas a apoiar a aprendizagemna primeira infância, mas devem assumir um papel que não pode ser atribuído apenas aospais ou aos profissionais do sector da educação. Como defendo sempre nas reuniões daComissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros, pais que vivem na pobrezasignificam filhos criados na pobreza. As crianças têm o direito de dispor da ajuda e dosserviços dos Estados-Membros e da União. Para eliminarmos a pobreza, a exclusão sociale a iliteracia, temos de apoiar as nossas crianças desde os primeiros passos.

Com esse fim, devemos investir nos cuidados e educação na primeira infância e avaliar osserviços prestados e a competência dos prestadores desses serviços. Todas as criançasdevem ter acesso à educação, independentemente do meio social, e devemos garantir amesma oportunidade para os filhos de candidatos a asilo, refugiados e todos os que tiveremautorização, ainda que temporária, para residir na União.

A senhora deputada Honeyball destaca a investigação e o intercâmbio de melhores práticas,a utilização sensata dos fundos estruturais e de programas como o Comenius e, por fim,a necessidade de os Estados assumirem o seu papel fundamental nos primeiros anos daeducação das crianças para garantir um crescimento inteligente, inclusivo e sustentável.

Olga Sehnalová (S&D). – (CS) Senhor Presidente, o relatório sobre a aprendizagem naprimeira infância não é, nem pode ser, uma tentativa de compromisso unificado numamatéria de grande especificidade. Contudo, considero que o texto em apreço é um

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importante contributo para o debate sobre os objectivos e valores comuns na educaçãopré-escolar. A investigação realizada neste domínio salienta o papel significativo que oscuidados pré-escolares têm no desenvolvimento saudável das crianças e na sua integraçãona sociedade. Tudo leva a crer que a educação pré-escolar também tem um efeito positivona educação posterior das crianças e que investir na aprendizagem na primeira infância,no sentido mais lato do conceito, é mais eficaz do que qualquer intervenção posterior. É,portanto, do nosso interesse apoiar este tipo de educação, igualmente com o fim de cumpriros objectivos da Estratégia Europa 2020 e aumentar o número de cidadãos com formaçãouniversitária de elevada qualidade, reduzindo, simultaneamente, a proporção de pessoasque não concluem os seus estudos. Uma educação pré-escolar de alta qualidade podeaproximar-nos muito mais desses objectivos, talvez mais do que estamos dispostos aadmitir actualmente.

Roberta Angelilli (PPE). – (IT) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, emprimeiro lugar, quero agradecer à senhora deputada Honeyball o trabalho que realizou. Oacesso para todas as crianças à educação e a estruturas de apoio na primeira infância devetornar-se um direito para ambos os pais, em especial para as mães, mas, acima de tudo,para as próprias crianças, porque desse modo terão uma base sólida para a sua educação,serão apoiadas na integração social e no desenvolvimento pessoal e terão melhores hipótesesde encontrar emprego quando atingirem a idade adulta.

No contexto mais alargado – e tal como outros oradores já referiram – a Comunicação daComissão sobre o programa da UE para os direitos da criança, informa que, em 2009, maisde 6 milhões de jovens deixaram o ensino ou a formação, concluindo apenas o primeirociclo do ensino secundário ou menos, e que 17,4% concluíram apenas o ensino primário.Estes números são preocupantes e levam-nos a concluir que a escola e o sistema educativosão frequentemente descurados e não recebem o investimento de que necessitam.

O investimento na qualidade da educação, desde os primeiros anos de vida, não sórepresenta um ponto de partida fundamental para o desenvolvimento cognitivo, sensoriale motor da criança, como é uma condição essencial para a edificação de uma sociedadeinclusiva capaz de oferecer múltiplas oportunidades às gerações futuras.

Além disso, o aumento da qualidade e da quantidade de jardins-de-infância e de estruturasdedicadas à primeira infância – em conformidade com os objectivos definidos nasconclusões do Conselho Europeu de Barcelona – permite aos pais trabalhadoresencontrarem um equilíbrio entre a vida no lar e o trabalho. Mas, infelizmente, as estatísticasdemonstram que muitos Estados-Membros ainda têm um longo caminho a percorrer paraalcançarem os objectivos referidos.

Nessa Childers (S&D). – (EN) Senhor Presidente, "Juventude em Movimento" contémmuitas iniciativas encorajadoras. Estas incluem, em particular, planos para uma linha decrédito destinada aos estudantes europeus, a Garantia Europeia da Juventude, a inserçãodos jovens em cursos de formação ou no emprego até quatro meses após a conclusão dosestudos e o plano "Youth@Work", concebido para estabelecer contactos entre os jovens eas empresas, que foi recentemente anunciado.

Contudo, sinto-me na obrigação de fazer uma advertência. Em 2010, os países da UEcumpriram apenas um dos cinco objectivos de referência definidos para a educação, e issonada augura de bom para a estratégia "Europa 2020". Para que a iniciativa "Juventude emMovimento" seja mais bem-sucedida, a sua execução e os seus progressos terão de ser

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acompanhados de perto no terreno, bem como nos nossos círculos eleitorais, pelosmembros desta Assembleia.

Piotr Borys (PPE). – (PL) Senhor Presidente, o debate de hoje é um dos debates maisimportantes e significativos a terem lugar no Parlamento Europeu. Ele diz respeito a todoo sector da cultura e da educação e, por conseguinte, ao pilar que sustenta de formapermanente a nossa vasta casa europeia. Devemos ter este facto presente e atribuir umaenorme importância a este debate, recordando que nem tudo aquilo que temos estágarantido. Importa compreender que, para ser forte, esta enorme casa europeia tem de teruma base sólida e ser resistente a novas crises potenciais e a possíveis alterações de montacuja ocorrência não pode ser excluída e pode estar à espreita.

Por isso, queria agradecer a todos os relatores os excelentes relatórios e, em particular, aosenhor deputado Zver e à senhora deputada Honeyball, porque, pela primeira vez, estamosa adoptar uma abordagem global à educação. Queremos dotar todas as nossas crianças decompetências excepcionais e alargadas, da infância ao ensino superior. Hoje, se queremosque a sociedade europeia seja móvel e que os jovens sejam abertos, sensíveis e competentes,devemos seguir uma abordagem responsável ao domínio da educação no seu conjunto;afinal, os indicadores actuais são alarmantemente baixos. Um terço dos cidadãos da Europanão tem quaisquer qualificações profissionais.

No que diz respeito à dimensão cultural, quero agradecer à senhora Comissária a informaçãode que o Serviço Europeu para a Acção Externa irá ter embaixadores e adidos culturais emtodos os países do mundo. Quero agradecer à senhora deputada Sanchez-Schmid, porqueo apoio à cultura significa, acima de tudo, apoio às empresas ligadas à cultura, mas, emparticular, significa apoio à dimensão interna da cultura. É por este motivo que as empresasculturais devem receber apoio administrativo e necessitam de que a burocracia nos sistemasadministrativos seja reduzida, assim como necessitam de apoio no aumento do capital, oque pode também ser concretizado com fundos da União. Partilhamos esta missão, e é poreste motivo que, para concluir, gostaria de pedir à senhora Comissária que transmitisseeste debate sério e importante ao Conselho, que está hoje ausente, para que também sejapossível debater estas importantes tarefas para a Europa no fórum do Conselho.

Monika Smolková (S&D). – (SK) Senhor Presidente, enquanto relatora-sombra daComissão do Desenvolvimento Regional para o relatório sobre "Realizar o potencial dasindústrias culturais e criativas", considero importante que as indústrias culturais e criativastenham sido reconhecidas como um instrumento para o desenvolvimento local e regional.Muitas regiões ainda se encontram em situação de atraso – por motivos que incluem a crisefinanceira – e os projectos culturais e criativos ajudarão seguramente a criar empregos e atornar estas regiões competitivas.

É importante que os Estados-Membros, as regiões e as autoridades locais façam a melhorutilização possível dos programas da UE de apoio à cultura e à criatividade, à coesão política,à política estrutural, etc. A definição das opções de financiamento é importante para asindústrias culturais e criativas. Para muitas empresas, o financiamento é o maior obstáculoao crescimento. Por conseguinte, importa também atrair o capital privado e as parceriaspúblico-privadas para a cultura e as indústrias criativas, como solicita a relatora, e salientara importância dos patrocínios. Apoio a proposta de resolução.

Seán Kelly (PPE). – (GA) Senhor Presidente, é muito bom que estejamos a debater esteimportante assunto esta manhã e isso mostra como encaramos com seriedade os assuntosculturais e educativos.

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Page 36: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

(EN) A cultura e a educação são intrinsecamente valiosas. Ambas têm um papelimportantíssimo a desempenhar na criação de uma Europa unida e no desenvolvimentodas nossas economias à medida que avançamos. As iniciativas que estamos a debater estamanhã facilitariam esse processo.

"Juventude em Movimento" é uma iniciativa maravilhosa. Muitos são os que já beneficiaramdela e os que dela beneficiarão no futuro, mas uma coisa é fundamental, nomeadamenteo reconhecimento mútuo das qualificações e dos diplomas em todos os Estados-Membros.Isto facilitaria uma maior mobilidade e elevaria o nível de qualidade em cada uma dasinstituições.

Devo também dizer – mea culpa – que sou um adepto tardio da educação na primeirainfância. Como muitas pessoas, pensava que se tratava, basicamente, de um serviço debabysitting, mas agora sei que a educação na primeira infância é o melhor investimento eproporciona o melhor retorno possível do investimento na educação a qualquer nível. Elaespelha um antigo ditado irlandês, "um bom começo é metade do caminho", e pode serrealizada logo durante a primeira infância.

Quero também salientar a importância dos direitos de propriedade intelectual (DPI), emparticular para os actores. Muitos actores vivem no limiar da pobreza e merecem beneficiardo seu talento, o que pode seguramente ser concretizado através da protecção dos ambientesonline e offline dos DPI.

Quero também vestir a camisola de adepto desportivo e dizer que o desporto é uma partemuito importante da cultura e da educação. Solicitei a realização de um festival indígenade desporto na Europa. Se o fizermos, contribuiremos em grande medida para o desportocomo parte da nossa cultura.

O meu último comentário diz respeito à minha visita a Mannheim no ano passado. Lá, sobum mesmo tecto, encontrei uma escola de música que concentra a produção, a exibição,o ensino, a criação de instrumentos, etc. Isto é algo que poderia ser reproduzido em outroslugares.

Enrique Guerrero Salom (S&D). – (ES) Senhor Presidente, permita-me que me associeàs palavras de apoio aos habitantes de Lorca, em Espanha, que foram afectados por estacatástrofe natural. Lorca é uma terra que demonstrou muitas vezes o seu apoio e que saberáapreciar o apoio manifestado hoje pelo Parlamento Europeu.

Senhora Comissária, em 1989, o então Presidente da Comissão, Jacques Delors, declarouque a educação e a cultura deveriam ser a alma da Europa. Sabemos que elas são não apenasa alma, mas também o coração e os músculos da Europa. Sem igualdade de oportunidades,que melhora as oportunidades de todas as crianças e de todos os jovens europeus, semcoesão social, que proporciona a educação, sem a capacidade de competir, que contribuipara a disseminação do conhecimento entre todos os cidadãos, a União Europeia será fraca.Contudo, com tudo isso e com a cultura, ela terá o lugar que merece no mundo.

Emine Bozkurt (S&D). – (EN) Senhor Presidente, em 2014, assinalar-se-á o centenárioda morte do Arquiduque Francisco Fernando, evento que desencadeou a Primeira GuerraMundial. Foi também na Bósnia e Herzegovina que ocorreu uma guerra sangrenta nadécada de 1990 na Europa. É importante assinalar esses acontecimentos trágicos, queconduziram a muitas mortes, a sofrimento, a divisões e a horrores, mas é ainda maisimportante assinalar e celebrar a unidade europeia e a paz actual.

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Page 37: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Apesar de tudo o que aconteceu, Sarajevo é uma cidade que manteve o seu espíritomulticultural e a sua força. Para reconhecer este facto, designar Sarajevo Capital Europeiada Cultura 2014 seria um forte gesto simbólico para reafirmar a mensagem de paz e deestabilidade da Europa. É uma pena deixar passar este momento histórico invocando asregras. Só quando fazemos as pazes com o passado, quando admitimos e enfrentamos ahistória, podemos olhar abertamente para o futuro, pelo que peço que concedam estaoportunidade a Sarajevo.

Kinga Göncz (S&D). – (HU) Senhor Presidente, para uma Europa em envelhecimento,é fundamental que todos os jovens tirem o máximo partido dos seus talentos e sejambem-sucedidos no mercado de trabalho. Isto requer uma educação que, já na primeirainfância, vise equilibrar as diferenças nas oportunidades; uma educação que atribua especialatenção ao fornecimento de educação, de formação profissional e de vantagens no empregoa todos os jovens, independentemente da sua situação financeira, social e étnica, dadeficiência de que sejam portadores ou de outros problemas de saúde.

A estratégia "Europa 2020" visa aumentar o nível de participação no ensino superior para40 % e reduzir a taxa de abandono escolar precoce para 10 %. Para que estes objectivossejam alcançados, todos os Estados-Membros têm de partilhar estas metas. Actualmente,existem países onde observamos tendências exactamente opostas: diminuição da idadelimite da escolaridade obrigatória e redução do número de estabelecimentos de ensinosuperior público.

O crescimento sustentável e a capacidade inovadora da Europa só podem ser garantidosse todos contribuírem com os seus próprios esforços e se todos os países seguirem o mesmocaminho.

Francisco José Millán Mon (PPE). – (ES) Senhor Presidente, como é lógico, também euquero manifestar o meu apoio aos habitantes de Lorca.

Neste debate sobre a educação, quero reiterar um ponto importante: a necessidade deintegrar nos currículos do ensino secundário uma disciplina específica sobre a história, osobjectivos e o funcionamento da União Europeia.

Já falei sobre este assunto na última legislatura, em plenário, após o fracasso dos referendosdo Tratado Constitucional. Felizmente, no ano passado, nesta Assembleia, o relatórioLøkkegaard sobre jornalismo e novos meios de comunicação social, aprovado em Setembro,apoiou a introdução desta disciplina no seu ponto 13. Eu próprio apresentei uma alteraçãoneste sentido.

Recentemente, em Espanha, o Governo Regional de Valência decidiu introduzir uma taldisciplina no próximo ano académico. É uma iniciativa que outras regiões e outros paísesdeveriam seguir. Sei que a Comissão, como é evidente, apoia e saúda iniciativas deste tipo.

Senhoras e Senhores Deputados, só valorizamos, só apreciamos…

(O Presidente retira a palavra ao orador)

Wojciech Michał Olejniczak (S&D). – (PL) Senhor Presidente, "Juventude emMovimento" é uma das iniciativas mais importantes da estratégia "Europa 2020". Énecessário promover o crescimento económico baseado nas tecnologias modernas, asquais só podem ser criadas por pessoas instruídas. Temos de prestar o apoio adequado àscrianças e aos jovens. A aprendizagem de línguas estrangeiras, o desporto e as actividades

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Page 38: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

culturais, o trabalho voluntário e os intercâmbios de jovens – estes são programas quedevem estar acessíveis às crianças e aos jovens em todas as regiões da União Europeia.

Temos de propiciar uma melhoria nos padrões educativos e reduzir as disparidades – emtodos os níveis de ensino, do jardim-de-infância à universidade – em todas as regiões daUnião Europeia. Na opinião do Professor Jacek Kochanowicz, a ausência da capacidadepara cooperar constitui um dos maiores problemas para o desenvolvimento da Polónia eda União Europeia – cumpre-nos mudar isto também. O capital humano provém daeducação e o capital social provém da confiança entre as pessoas. O investimento emprogramas educativos e culturais…

(O Presidente retira a palavra ao orador)

João Ferreira (GUE/NGL). - Senhor Presidente, convém, antes de mais, situarmo-nosno contexto em que decorre este debate. Convém confrontar com a realidade as bonitaspalavras que aqui ouvimos sobre a importância da cultura e da educação. E a realidadeiniludível é a de um acentuado desinvestimento nestas áreas, um recuo do Estado que põeem causa a sua função social e tem como resultado o acentuar das desigualdades no acessoà educação, ao conhecimento e à cultura e, consequentemente, a reprodução eaprofundamento das desigualdades sociais.

A realidade em Estados-Membros como Portugal é a do encerramento de milhares deestabelecimentos de ensino, o desemprego e a precariedade laboral de milhares deprofessores, o subfinanciamento crónico do sistema de ensino superior público e o aumentodos custos da sua frequência. A realidade é a de orçamentos para a cultura reduzidos àindigência.

Não ignoremos, pois, esta realidade que urge inverter, tanto mais que ela se agravará casovenha a ser implementado o sórdido e obscurantista plano de ingerência preparado peloFMI, pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia.

Nikolaos Salavrakos (EFD). – (EL) Senhor Presidente, quero expressar a minhasolidariedade para com os seus compatriotas; encaramos Espanha como um amigo eficamos solidários sempre que algo acontece no país. O relatório "Juventude em Movimento"é uma das iniciativas mais importantes da estratégia "Europa 2020" para promover eproporcionar mais oportunidades de educação e de formação aos jovens e para os ajudarna transição do sistema de ensino para o mercado de trabalho. A educação, a aprendizagemao longo da vida, a inovação e a cultura conduzem seguramente ao progresso. Existe umprovérbio grego que diz que são as cabeças que fazem o capital e não o contrário, e é poreste motivo que temos de identificar, de destacar e de desenvolver as competências e ascapacidades dos nossos jovens ao garantir-lhes a obtenção de empregos adequados às suasqualificações e às suas competências.

(O Presidente retira a palavra ao orador)

Andrew Henry William Brons (NI). – (EN) Senhor Presidente, estes relatórios estãocheios de paradoxos, na melhor das hipóteses, e repletos de hipocrisia, na pior das hipóteses.

Eles enaltecem a diversidade, mas acolhem positivamente a erradicação da diversidadeentre as nações. A diversidade que eles promovem no seio dos Estados-Membros inclui apromoção das culturas dos recém-chegados, que nada têm que ver com a cultura europeia.À medida que as populações mudam, também as suas culturas mudam. As culturasindígenas serão deslocadas e perder-se-ão. Os relatórios falam de liberdade de expressão,

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mas só são convincentes quando expressam a sua intolerância para com aqueles de quemdiscordam.

Os relatórios pretendem promover apenas os valores culturais que aprovam: aqueles quesão compatíveis com os chamados valores "europeus". Na esfera política, testemunhámosna terça-feira a atitude deste Parlamento face à liberdade de expressão, quando este votoufavoravelmente a entrega de um membro desta Assembleia a um julgamento fantoche emFrança por um delito de opinião, sem que lhe tenha sido concedida a oportunidade de sedefender.

Damien Abad (PPE). – (FR) Senhor Presidente, a situação actual dos jovens na Europa émuito preocupante – como sabe –, pois existem cinco milhões de jovens desempregados.

Hoje, congratulo-me com a ambição da Comissão Europeia de querer democratizar oacesso dos jovens na Europa. Contudo, considero que devemos ir além do programa"Juventude em Movimento" e, acima de tudo, evitar a armadilha de querer que todos osjovens frequentem a universidade. Temos de chegar a todos os grupos de jovens, incluindoàqueles que estão mais afastados da União Europeia e, em especial, como é evidente, aosestagiários. É com isto em mente que devemos introduzir com urgência um verdadeiroprograma de mobilidade para estes grupos-alvo, para além do programa Leonardo. Pensoque o nome Erasmus, a marca Erasmus, devem ser utilizados para todos os programas esob várias formas, em particular para os estagiários, de modo a termos as ambiçõesnecessárias para concretizar os nossos objectivos.

A segunda questão é a do financiamento. Temos de afectar os recursos necessários porque,como muitos salientaram, a juventude e a educação devem ser a principal prioridade parao futuro da União.

Luís Paulo Alves (S&D). - Senhor Presidente, esta é a oportunidade para umaextraordinária aposta na mobilidade dos jovens e uma aposta decisiva na formação de umageração com uma visão aberta do mundo. Uma geração com competências, que, tendouma visão e um pensamento global, seja capaz de contribuir para o desenvolvimento dassuas regiões e o progresso da Europa. Porque, se cada jovem europeu tiver uma experiênciade estudo, de estágio, ou de emprego num país diferente, adquire não só mais competências,maior independência, melhor visão, mas ganha sobretudo um enorme valor acrescentadopelo contacto e pela troca de experiências com os outros jovens europeus.

E a Europa precisa mais do que nunca de uma geração de europeus que se conheça, queconfie, que conheça a Europa e que confie na Europa, para levar em frente o seu projecto.Por isso, que todos, desde a Fajã Grande nos Açores, onde a Europa começa a ocidente,possam participar. Que ninguém fique de fora também por razões financeiras é o quetemos que assegurar.

Jaroslav Paška (EFD). – (SK) Senhor Presidente, o relatório sobre a aprendizagem naprimeira infância inclui uma menção à abordagem centrada na experiência laboral àeducação das crianças das famílias mais pobres. Entre estas, a relatora identifica as criançasde famílias de etnia cigana, que têm um acesso muito limitado à aprendizagem na primeirainfância, como o grupo de maior risco.

Por conseguinte, é muito importante que os Estados-Membros criem condições específicaspara o acesso à aprendizagem na primeira infância para as crianças cujas famílias não lhesproporcionam, por diversas razões, o apoio material e familiar que lhes permitiriaparticiparem no sistema educativo normal sem problemas de maior. Contudo, os cuidados

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Page 40: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

especiais destinados às crianças dos grupos de maior risco devem ser prestados com muitasensibilidade, a fim de evitar estigmatizar estas crianças ou estas famílias, o que poderáaumentar o risco de exclusão social.

É, portanto, necessário modificar e melhorar de forma sistemática os mecanismos deprestação de cuidados especiais destinados a estas crianças, para que possamos integrar omaior número possível de crianças de grupos de risco na nossa sociedade.

Franz Obermayr (NI). – (DE) Senhor Presidente, os primeiros três anos de vida da criançasão cruciais para o desenvolvimento cerebral e para a aquisição da linguagem. Sem umdeterminado nível de aquisição de linguagem, a continuação da aprendizagem é quaseimpossível, uma vez que os atrasos no desenvolvimento da linguagem só são superadoscom grande dificuldade com o aumento da idade.

O relatório observa que a maioria das crianças imigrantes na UE é educada sem umconhecimento linguístico adequado. Ao mesmo tempo, o relatório declara que as famíliase as minorias migrantes, como os ciganos, utilizam em muito menor medida os serviçosde educação na primeira infância disponibilizados do que outras famílias. Não podemospermitir que o nível das nossas escolas continue a cair porque muitas crianças simplesmentenão compreendem o que lhes é ensinado. Por outras palavras, todas as crianças – migrantesou não –, quando entram para o sistema escolar, devem possuir um domínio da línguanacional que lhes permita acompanharem o que é ensinado.

Joanna Katarzyna Skrzydlewska (PPE). – (PL) Senhor Presidente, os trabalhos quevisam criar um quadro europeu para a aprendizagem na primeira infância baseado emobjectivos e valores partilhados coloca-nos no bom caminho para a harmonização dosnossos sistemas educativos. Frisar a importância dos primeiros anos de vida para odesenvolvimento subsequente da pessoa e salientar o potencial inerente à primeira infânciaé extremamente importante no contexto da execução da estratégia "Europa 2020". Nomeu entender, o assunto que estamos a debater é excepcionalmente relevante para a situaçãoactual. No meu país, no mês passado, entrou em vigor uma nova lei relativa às modalidadesdos cuidados para as crianças até aos três anos de idade. A nova lei amplia o leque deestruturas de acolhimento de crianças e introduz várias novas formas de cuidados: clubesde crianças, particulares que acolhem crianças durante o dia, amas acreditadas e infantáriosno local de trabalho. Estas alterações visam criar condições favoráveis para odesenvolvimento adequado das crianças. A diversidade das possibilidades educativaspermite que este desenvolvimento seja assistido e estimulado em todos os domínios,explorando sempre o potencial natural da criança. A abertura de infantários no local detrabalho facilitará o regresso dos pais ao mercado de trabalho após um interregno maisprolongado.

(O Presidente retira a palavra à oradora)

Evelyn Regner (S&D). – (EN) Senhor Presidente, quando falamos da iniciativa "Juventudeem Movimento", estamos a falar de dinheiro, mas, acima de tudo, estamos a falar do futuro.A inovação, a criatividade, a empregabilidade são temas realmente importantes para todosnós na União Europeia. É positivo que a Comissão tenha centrado as atenções no momentocrucial da entrada para o mercado de trabalho, e é exactamente esse momento que tambémeu gostaria de focar. Os jovens estão confrontados com a triste realidade, com as máscondições de trabalho dos estágios, até com a exploração. E, evidentemente, existe o estigma,aquando da entrada para o mercado de trabalho, de os jovens se interrogarem se serãomesmo necessários, quando existem taxas de desemprego tão elevadas.

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Page 41: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Essa é, efectivamente, a minha grande preocupação neste momento, pelo que exorto asenhora Comissária a prosseguir nesta via e a centrar as atenções também no futuro, paracriar algo semelhante a um estatuto para os estágios, que estabeleça regras contra aexploração…

(O Presidente retira a palavra à oradora)

Androulla Vassiliou, Membro da Comissão. – (EN) Senhor Presidente, gostaria de começarpor expressar a simpatia e a solidariedade da Comissão para com o povo de Lorca e a suavizinhança. Quando eu era criança, presenciei um sismo de grande magnitude na minhacidade natal, e sei como a experiência é horrível.

Enquanto europeus, não devemos estar satisfeitos com a situação do sistema educativoeuropeu. Não podemos aceitar que um em cada sete dos nossos jovens abandone a escolasem as competências e as qualificações de que necessita para encontrar emprego e ter umavida realizada. Nem aceito que um em cada cinco dos nossos jovens não saiba lerconvenientemente.

É verdadeiramente necessário conceder toda a nossa atenção aos nossos sistemas educativos.Cumpre-nos melhorá-los mediante o reforço dos nossos programas de mobilidade porque,através da mobilidade, as crianças, os estudantes, os trabalhadores e os voluntários adquiremas competências transversais que não podem ser adquiridas por meio da educação formal.Penso que reduzir os orçamentos destinados à educação é uma política muito pouco sagaz.Mais uma vez, apelo aos Estados-Membros e aos governos para que não o façam,especialmente em tempo de crise, porque isso terá repercussões muito negativas no futuro.Temos de unir esforços para assegurar que, no próximo quadro financeiro plurianual, osrecursos afectados à educação e à mobilidade sejam mais elevados do que no momentopresente, porque é disso que necessitamos para superar a crise e capacitar o nosso povo.

Um senhor deputado fez referência à subsidiariedade. Gostaria de vos assegurar que todasas nossas políticas e todas as nossas recomendações relativas à educação e à culturareconhecem plenamente e cumprem as regras da subsidiariedade. Não damos ordens aosEstados-Membros. Simplesmente fazemos recomendações aos Estados-Membros.Proporcionamos-lhes a plataforma para trabalharem em conjunto para trocarem boaspráticas e aprenderem uns com os outros.

As indústrias culturais e criativas são importantes – como muitos dos senhores deputadosreferiram – enquanto motor do desenvolvimento e da criação de emprego. Contudo,recordemos também que estas indústrias culturais e criativas têm um valor em si mesmas.A criatividade e a cultura são valores da União Europeia que reforçámos e temos deconservar. Após a análise das contribuições que recebemos de todas as partes interessadassobre este tema, e no seguimento da consulta pública às partes interessadas, estamos prestesa apresentar recomendações sobre a melhor maneira de reforçar e apoiar as indústriasculturais e criativas, a fim de desenvolver e produzir os resultados que delas esperamos.

No que diz respeito à dimensão externa da cultura – a cultura nas nossas relações externas–, penso que temos a responsabilidade de o fazer. Não esqueçamos que todos assinámose adoptámos a Convenção da UNESCO sobre a Diversidade Cultural. Temos de trabalharcom todos os países que adoptaram a convenção para garantir a sua aplicação. Permitam-meque saliente que estes intercâmbios culturais com o mundo exterior serão benéficos nãosó para esses países, mas também para nós, porque enriquecemos a nossa cultura, o nossoconhecimento e os nossos valores no mundo.

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Por último, tomei nota do forte apoio que todos manifestaram à atribuição do título deCapital da Cultura 2014 a Sarajevo.

Milan Zver, relator. – (SL) Senhor Presidente, obrigado por ter conduzido este debatecom a democracia e a generosidade necessárias para permitir a participação de muitos dosmeus colegas. O debate foi, acima de tudo, de grande qualidade e concentrou-se nosseguintes pontos: queremos reforçar e manter os actuais programas de mobilidade queintegram os programas de aprendizagem ao longo da vida e o programa "Juventude emMovimento". A nossa mensagem para os Estados-Membros é a de que devem concederuma maior atenção e investir mais recursos nas políticas de juventude transversais a váriossectores. Queremos também que este debate produza um outro benefício; queremos queos Estados-Membros continuem a reformar os seus sistemas educativos e as suas políticassociais, bem como os seus mercados e afins.

Gostaria de reagir a uma objecção levantada durante o debate. O dossiê "Juventude emMovimento" não incide muito na importância do mercado; na verdade, quisemos evitarpor completo essa questão, mas salientámos em diversos pontos que os sistemas educativostêm de adaptar-se às necessidades da sociedade e da economia, que este grande fosso, estegrande abismo deve ser reduzido tanto quanto possível, e que os jovens devem poder entrarno mercado de trabalho com o menor número possível de obstáculos. É interessanteconstatar que foi precisamente isso que as organizações de juventude salientaram durantea preparação do relatório.

Para concluir, gostaria de frisar resumidamente o seguinte: devemos utilizar toda estaenergia positiva que temos aqui, no Parlamento Europeu, o templo da democracia europeia,bem como na Comissão Europeia, e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantirque este relatório não permaneça letra morta.

Mary Honeyball, relatora. – (EN) Senhor Presidente, quero agradecer a todos a formaútil e construtiva como conduzimos este debate de hoje. A esmagadora maioria dospresentes, com apenas uma ou duas excepções notáveis, apoiou vivamente o meu relatóriosobre a aprendizagem durante a primeira infância e os restantes relatórios que hojedebatemos. Penso que erigimos verdadeiramente um marco para o futuro que reconhecea importância extrema da educação. Ela não só é importante para as crianças, para ascrianças de tenra idade de que falei e para os jovens de que o meu colega falou, comotambém é importante para o futuro da Europa. Por conseguinte, apoio vivamente asafirmações da senhora Comissária no sentido de que os Estados-Membros devem continuara investir na educação e não devem utilizar o clima económico para fazer cortes, porquereduzir os orçamentos destinados à educação seria o pior que se poderia fazer.

A educação dá-nos um futuro, dá-nos adultos empregáveis, capazes, saudáveis, adultosque não são um sorvedouro para os nossos serviços sociais. Compreendemos isso e temosde transmitir essa mensagem aos nossos Estados-Membros para que possam exercer oprincípio da subsidiariedade para garantir que o que foi aqui debatido é realmente colocadoem prática.

Marietje Schaake, relatora. – (EN) Senhor Presidente, dirijo-me novamente à Assembleiacom alguns próximos passos concretos que constam do relatório sobre o papel da culturanas acções externas da UE que debatemos esta manhã. Quero começar com uma citaçãode um diplomata húngaro que exerceu funções nos Estados Unidos, András Simonyi, quedisse: "Culturalmente falando, o rock-and-roll foi um elemento decisivo para a abertura dassociedades comunistas e para as aproximar mais do mundo da liberdade". Quando olhamos,

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em particular, para as insurreições da geração mais jovem no Norte de África e no MédioOriente, podemos constatar que, hoje, uma Internet aberta é esse elemento decisivo paraoperar a transição para o mundo da liberdade. Necessitamos de uma estratégia para aliberdade na Internet para facilitar a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, oacesso à informação e o acesso aos conteúdos culturais e educativos.

Isto é uma prioridade, mas existem muitas mais sugestões concretas no relatório, cujasbases já estão firmadas no Tratado de Lisboa e na ratificação das convenções da UNESCO.Agora, elas carecem de aplicação prática.

O Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) deve coordenar os trabalhos das diferentesDirecções-Gerais e criar uma Direcção-Geral para a diplomacia cultural e digital. O pessoaldo SEAE deve beneficiar de formação e deve ser destacado um adido cultural para cadauma das representações da UE. É necessário haver coordenação, racionalização e integraçãoatravés de um grupo de trabalho interinstitucional que deve prestar contas ao ParlamentoEuropeu.

Instamos a Comissão a adoptar, em 2011, um Livro Verde, seguido de uma comunicaçãosobre uma estratégia para a cooperação cultural nas acções externas da UE. Solicitamostambém o reforço das capacidades através do financiamento de iniciativas independentesdos governos, e queremos promover as actividades culturais da UE no resto do mundo,incluindo em linha.

Os programas existentes, como a Política Europeia de Vizinhança e o Instrumento Europeupara a Democracia e os Direitos Humanos, integram componentes culturais que têm deser coordenados e aplicados de forma estratégica. Temos também de proteger e promovero património cultural, nomeadamente através do programa "Escudo Azul", e entabulardiálogos sobre políticas culturais com os países terceiros.

Os direitos humanos devem ser respeitados e os argumentos culturais nunca podem serutilizados para justificar violações dos direitos humanos. Recomendo aos colegas que leiamo relatório. Penso que o presente debate demonstra a necessidade de realizarmos muitasmais discussões sobre a cultura na UE.

Marie-Thérèse Sanchez-Schmid, relatora. – (FR) Senhor Presidente, Senhora Comissária,após todas estas intervenções, quero agradecer aos meus colegas, aos relatores-sombra,bem como aos relatores das comissões que emitiram pareceres, que me sugeriramnumerosas ideias e que permitiram melhorar o texto que estamos hoje a votar.

Gostaria agora de olhar mais longe conjuntamente convosco. Como vamos dar seguimentoa este relatório? Solicitamos à Comissão Europeia a elaboração de um Livro Branco, nasequência do seu Livro Verde, para efectuar um balanço conducente a uma verdadeiraestratégia para as indústrias criativas e culturais. Aguardamos também com expectativapropostas legislativas sobre a carga fiscal aplicável aos bens culturais, a governação dassociedades de gestão colectiva e a dotação orçamental a favor dos programas relativos àcultura, à educação e aos meios de comunicação social.

Temos de transformar as nossas ambições em medidas específicas. Porque não introduzirde imediato uma taxa de IVA reduzida para todos os produtos culturais, quer utilizem umsuporte físico ou sejam divulgados em linha? As disparidades na tributação produzemdistorções que, sem excepção, obstam à competitividade das empresas europeias. Osamericanos beneficiam há muito tempo de uma vantagem competitiva graças a umamoratória fiscal sobre estes serviços. Irá a Europa reagir? Porque não considerar também

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um preço único para os livros digitais em toda a Europa? O político francês Édouard Herriotdisse um dia: "A cultura é o que nos resta quando tudo tivermos esquecido". No entanto,a cultura pode ser rapidamente esquecida se não a protegermos, se não a preservarmos, senão nos interessarmos por ela.

Espero que a Europa saiba dotar-se dos meios para promover a sua cultura, para que o seumodelo e o seu património possam influenciar outros, para que a Europa possa defendera sua identidade e desenvolver a sua economia.

Presidente. – Recebi uma proposta de resolução (1) apresentada nos termos doartigo 115.º, n.º 5, do Regimento.

Está encerrado o debate.

A votação terá lugar hoje, às 12H00.

Declarações escritas (Artigo 149.º)

Elena Oana Antonescu (PPE), por escrito. – (RO) O futuro da União Europeia está nosseus jovens, no seu potencial e na sua capacidade para abraçarem o actual projecto europeue elevarem-no a um novo patamar de inclusão e de cooperação entre os Estados-Membros.A principal condição para os jovens de hoje se tornarem os cidadãos europeus de amanhãé conhecerem-se uns aos outros. Isto significa contactar com o maior número possível deculturas no seio da Europa, circular livremente e estudar no maior número possível deEstados-Membros. Tendo isto em mente, considero que os programas de aprendizagemao longo da vida, como Erasmus ou Leonardo da Vinci, devem receber um maior apoiofinanceiro das autoridades nos próximos anos. A Europa precisa que um número cada vezmaior dos seus estudantes entre em contacto com um novo modelo social, educativo ecultural. Acredito que os programas de mobilidade destinados aos jovens operarão umaverdadeira mudança na atitude dos jovens europeus e criarão entre eles uma visão partilhadasobre o sentido da Europa em domínios que vão da educação, da ciência e da investigação,à cultura e aos nossos valores comuns.

Dominique Baudis (PPE), por escrito. – (FR) Este relatório envia uma mensagem clara: aUnião Europeia tem de integrar uma estratégia coerente e coordenada para a cultura nasua política externa. Os laços que unem a Europa e os países do Sul do Mediterrâneo estãoa sofrer alterações profundas. Um vento de liberdade sopra sobre o mundo árabe. A culturaé uma mais-valia decisiva. Ela contribui para uma democracia viva e duradoura. Osintercâmbios culturais e educativos encorajam a emergência de uma sociedade civilorganizada. A cooperação cultural é também uma das chaves do sucesso da União para oMediterrâneo. Ela conduz as nações à partilha, à interacção, ao respeito e à compreensãomútua no quotidiano.

Sergio Berlato (PPE), por escrito. – (IT) Desde a década de 1990, a União Europeia foipalco de um crescimento exponencial das indústrias culturais e criativas (ICC), em termosde criação de emprego e de contribuição para o produto interno bruto. A natureza destasindústrias é dual: numa perspectiva económica, contribuem para criar empregos ecrescimento e, numa perspectiva cultural, facilitam a integração social dos cidadãos. OLivro Verde da Comissão reconhece oficialmente a importância económica e social destesector da economia. Contudo, enquanto alguns dos nossos parceiros internacionais estão

(1) Ver Acta.

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já a utilizar amplamente os muitos recursos oferecidos pelas ICC, a União Europeia aindanão desenvolveu uma estratégia baseada nas actividades culturais. Na minha opinião, osdesafios da globalização proporcionam a estas indústrias importantes oportunidades dedesenvolvimento que são susceptíveis de aumentar o potencial de criação de crescimentoeconómico e de emprego. Em termos concretos, a capacidade das ICC para impulsionar acoesão social e territorial dependerá do investimento estratégico. Será também necessáriocooperar com os actores locais, transmitir conhecimentos e efectuar intercâmbios de boaspráticas. Considero também que uma maior protecção dos direitos de propriedadeintelectual é uma condição essencial para a protecção da diversidade cultural na Europa.

Vilija Blinkevičiūtė (S&D), por escrito. – (LT) A comunicação da Comissão Europeiaintitulada "Educação e acolhimento na primeira infância" (EAPI) é uma iniciativa de saudarporque examina os problemas na educação das crianças e visa criar meios para lhesproporcionar o melhor começo possível para o mundo de amanhã. Contudo, em minhaopinião, falta neste documento da Comissão uma análise da investigação e dos dadosrelativos à educação, ao acolhimento e à protecção social das crianças, tendo em conta asinformações dos 27 Estados-Membros da União Europeia. Além disso, gostaria de salientara estreita ligação existente entre a situação de desvantagem socioeconómica e asoportunidades de educar e ensinar as crianças a partir de tenra idade, porque existe umamenor probabilidade de as famílias com baixos rendimentos utilizarem os serviços decuidados e educação na primeira infância (CEPI). Consequentemente, mais tarde, algunsdestes jovens não obtêm emprego, nem estão inseridos nos sistemas de educação ouformação. Compreendo os esforços da Comissão para incentivar os Estados-Membros arealizarem um intercâmbio de exemplos de boas políticas e práticas, recorrendo ao métodoaberto de coordenação, mas seria muito mais útil e eficaz definir e adoptar critérios dequalidade comuns. Isto promoveria a recolha de dados e a análise comparativa em todosos Estados-Membros da União Europeia, porque a recolha de dados é particularmenteimportante para acompanhar os progressos e medir os resultados. Gostaria de assinalarque existe uma especial falta de informação sobre as crianças de famílias com problemassociais, as crianças com necessidades especiais e as crianças desfavorecidas.

Zuzana Brzobohatá (S&D), por escrito. – (CS) Este relatório de iniciativa é dedicado àquestão da mobilidade dos jovens para fins de estudo, que decorre da estratégia"Europa 2020". É, sem dúvida, correcto aumentar a competitividade dos jovens através dacriação de condições no quadro da educação universitária para que permaneçam pelomenos um ano noutro Estado-Membro. A mobilidade, um sistema de reconhecimento decréditos e outras medidas limitarão o aumento do desemprego entre os jovens, cuja taxamédia na UE se situa actualmente em 21 %, o que é assustador. Pessoalmente, congratulo-mecom o apelo feito à Comissão e aos Estados-Membros no que diz respeito ao apoio àsactividades voluntárias e à introdução de medidas na legislação que possibilitem oreconhecimento das actividades voluntárias realizadas pelos desempregados como tempode trabalho. Esta medida conduzirá, particularmente entre os jovens, a um reforço doshábitos de trabalho, a uma maior competitividade e a uma maior motivação na procurade emprego. Na minha opinião, é igualmente importante criar uma ligação permanenteentre as exigências do mercado de trabalho e o ensino profissional, ligação que tem de seraltamente flexível para que os futuros licenciados possam ser colocados no mercado detrabalho de acordo com as suas qualificações, o que contribuirá para uma redução gradualno desemprego entre os jovens.

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Ioan Enciu (S&D), por escrito. – (RO) Quero salientar o meu forte apoio ao quadro"Juventude em Movimento", que visa melhorar os sistemas educativos e a formaçãoprofissional na Europa. Penso que esta iniciativa é da máxima importância para desenvolverpolíticas específicas destinadas a apoiar a mobilidade dos jovens e a facilitar uma transiçãoestável do sistema educativo para o emprego. Um factor importante que exige serconsiderado é o facto de os jovens serem um dos grupos sociais mais duramente atingidospela crise económica mundial. Temos o dever de ajudar os jovens a entrar para o mercadode trabalho, quer pelo seu futuro, quer pela economia europeia. Os jovens de hoje são oslíderes de amanhã. Por este motivo, é fundamental que os jovens tenham a oportunidadede desenvolver as suas competências, as suas capacidades e os seus conhecimentos hoje,para que, num futuro próximo, possam contribuir de forma activa para o crescimento eo desenvolvimento da União Europeia. Temos de lançar as bases para políticas concretasque apoiem os jovens e lhes proporcionem uma maior mobilidade e mais oportunidadespara estudarem no estrangeiro. O papel desta mobilidade não é apenas o de apoiar aeconomia, mas é também, em simultâneo, o de dar um contributo extremamente importantepara a criação de coesão cultural a nível europeu.

Kinga Gál (PPE), por escrito. – (HU) Considero que o nosso debate dedicado à educaçãoe à cultura é importante, e gostaria de acrescentar uma abordagem que até ao momentotem estado em falta em numerosas considerações importantes. A compreensão e o respeitomútuos são condições fundamentais para as comunidades nacionais tradicionais, asminorias e as maiorias viverem em conjunto de forma harmoniosa e próspera. A educaçãodesempenha aqui um papel vital. Se a história e a literatura das comunidades minoritáriasfossem ensinadas nas escolas da comunidade maioritária, e se os esforços para educar asminorias incluíssem a cultura da maioria, as comunidades que partilham o mesmo espaçoviveriam em maior harmonia. O ensino das línguas também desempenha um papel derelevo no entendimento cultural. Isto é verdade não só no processo de aprendizagem delínguas universais, como também na relação entre as maiorias e as minorias que partilhamo mesmo espaço. Considero que não devem ser apenas as minorias a ter de estudar a línguada maioria, mas também o contrário. Todos viveriam uma vida mais rica e haveria espaçopara o respeito mútuo. Ao mesmo tempo, com um conhecimento mútuo das línguas, asnovas gerações desenvolveriam uma atitude muito mais positiva face ao outro, o quefacilitaria a criação de relações entre as pessoas da mesma idade e seria decisivo para ofuturo destas regiões. Por último, importa referir a importância de uma compreensãoprofunda do património cultural, para que as comunidades que partilham o mesmo espaçopossam reconhecer e respeitar os valores culturais umas das outras. Considero que a tarefaconcreta da Comissão é promover todas estas questões, enquanto a do Parlamento é reforçaro apoio teórico e político.

Filiz Hakaeva Hyusmenovа (ALDE), por escrito. – (BG) Os jovens são a força motriz dequalquer sociedade e do seu futuro. A sua educação, a sua formação profissional, as suasqualificações e a sua integração no mercado de trabalho criam a base para a concretizaçãodos objectivos da Estratégia “Europa 2020” tendo em vista um crescimento inteligente,sustentável e inclusivo. É por isso que acredito firmemente que a Europa tem de continuara investir no seu desenvolvimento e que iniciativas como o programa Erasmus, o programaLeonardo e a “Juventude em Movimento” devem ser permanentemente desenvolvidas egeneralizadas. Melhorar a qualidade da educação e da formação e torná-las mais acessíveisaos jovens são passos importantes no caminho para reduzir o desemprego e desenvolvera economia europeia. Infelizmente, a Europa ainda tem regiões e grupos sociais comcondições limitadas para que isto aconteça. É necessário coordenar esforços para resolver

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este problema. É igualmente importante que os programas de educação e formação sejammais estreitamente associados às necessidades empresariais e estimulem o potencial e acriatividade dos jovens a fim de os tornar mais competitivos no mercado de trabalho.Apoio os esforços destinados a incentivar a mobilidade juvenil, quer durante a educaçãodos jovens quer no que respeita à sua vida profissional. Penso que esta é uma condiçãoimportante do desenvolvimento de novas competências e da percepção da sua identidadeeuropeia.

Filip Kaczmarek (PPE), por escrito. – (PL) A dimensão cultural das acções externas da UEé importante e bastante necessária. Em todo o mundo, de uma maneira geral, a culturaeuropeia é considerada atractiva e desejável. É mais difícil encontrar a aceitação dos valoreseuropeus. Trabalhando na Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE, testemunheirepetidamente as diferenças culturais e as suas consequências.

Enquanto europeus, tentamos sistematicamente promover valores e princípios que, paranós, são fundamentais e inalienáveis. Esta atitude é muitas vezes mal compreendida pelosnossos parceiros. Alguns deles vêem aqui nada menos do que uma espécie de imperialismocultural. Precisamente por isso é tão difícil persuadir os nossos parceiros de que os valorespromovidos pela União Europeia não são uma tentativa de impor aos outros a nossa formade pensar. O facto de tentarmos disseminar os nossos ideais, por exemplo no domínio dosdireitos humanos, segue apenas um imperativo moral. Respeitamos a diferença e adiversidade, mas não podemos abdicar de princípios que consideramos fundamentais. Nãoaceitaremos a discriminação e não abdicaremos da protecção da vida humana e da dignidadehumana. Neste aspecto, a União está unida e totalmente de acordo.

Ádám Kósa (PPE), por escrito. – (HU) Gostaria de felicitar a senhora deputada Honeyballpelo seu excelente trabalho e por ter reparado em questões críticas que talvez não tenhammerecido atenção suficiente no passado. Elas incluem, em particular, o reconhecimentoda associação entre a pobreza, as situações desfavorecidas e o insucesso escolar. Querorecordar aos meus colegas que existe uma outra ligação: as situações desfavorecidas sãoparticularmente pronunciadas nos casos em que as crianças vivem com uma deficiênciaque os pais, por não estarem devidamente informados, não entendem nem aceitam.Dedicarei especial atenção a este problema no relatório em que estou actualmente atrabalhar. O esforço empreendido pela senhora deputada Honeyball e, em particular, aadopção de uma abordagem centrada nas crianças, constituirão uma excelente base dereferência no futuro. O projecto de relatório “chama a atenção para a importância geraldos estudos antes da entrada na escola, sobretudo a aprendizagem de línguas, bem comoo multilinguismo e a diversidade linguística”, que apoio com todo o gosto e entusiasmo.Também considero que apoiar o desenvolvimento das crianças deficientes desde tenraidade e ajudá-las a adquirir competências linguísticas adequadas é um investimento essencialnos recursos humanos que representa uma oportunidade única nas suas vidas. É tambémimportante que, para desenvolverem as suas competências linguísticas, as crianças surdasaprendam primeiro a sua língua materna (linguagem gestual), o que lhes permitirátornarem-se verdadeiramente multilingues no futuro. Além disso, trata-se de uminvestimento no cumprimento dos objectivos da Estratégia UE 2020 e no aumento donível de emprego, a fim de alcançar uma sociedade mais acessível, inclusiva e sustentável.

Paweł Robert Kowal (ECR), por escrito. – (PL) O apoio à mobilidade juvenil, sobretudodos jovens de países da Parceria Oriental e da União para o Mediterrâneo, é particularmenteimportante face aos acontecimentos recentes na Bielorrússia e no Norte de África. Osprocessos de transformação democrática que estão neste momento a iniciar-se no Egipto

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e na Tunísia podem ser reforçados graças aos esforços da UE para instruir os cidadãosdestes países num espírito de democracia e de respeito do Estado de direito e dos direitoshumanos.

Os cidadãos instruídos são os piores inimigos dos ditadores e dos regimes totalitários. Asexperiências dos Estados-Membros da UE podem ser utilizadas na organização dessesprogramas. Na Polónia, por exemplo, existe o Programa de Bolsas de Estudo KonstantyKalinowski, que é controlado, entre outros actores, pelo Centro de Estudos da EuropaOriental da Universidade de Varsóvia – um centro de estudos internacional que permiteque alunos da Europa Oriental e dos Balcãs estudem na Polónia. A União deve tambémintensificar esforços para criar uma Universidade da Parceria Oriental, modelada de acordocom a Universidade Euro-Mediterrânica da Eslovénia. A UE deve apoiar as iniciativas depessoas jovens e capazes para promover estratégias políticas particulares. Um bom exemplodessa actividade é o sítio Web Eastbook.eu, cujos fundadores disponibilizam todos os diasa milhares de utilizadores da Internet informações sobre eventos nos países da ParceriaOriental e sobre a evolução do programa. A UE deve igualmente prestar apoio aos jovensdos Estados-Membros para visitas de estudo a países vizinhos. Estas visitas ajudam aderrubar obstáculos culturais. Importa aqui elogiar a iniciativa Eurobus – uma viagem pelaUcrânia organizada todos os anos por jovens dos Estados-Membros da UE.

Elżbieta Katarzyna Łukacijewska (PPE), por escrito. – (PL) A adopção, em Junho doano passado, de uma nova estratégia da UE, a “Europa 2020”, visa ajudar-nos a sair da criseeconómica e contribuir para o desenvolvimento da União Europeia. É também um passosignificativo em termos da manutenção e mesmo do aumento da mobilidade juvenil.

Uma das prioridades da Estratégia “Europa 2020” é a iniciativa Juventude em Movimento,cujo objectivo é melhorar os resultados dos nossos sistemas de ensino e facilitar a entradados jovens no mercado de trabalho. Esta meta deve ser cumprida, como o nome sugere,desenvolvendo a ideia do intercâmbio de jovens e ajudando-os a adquirir novascompetências. Os dados estatísticos mostram que, actualmente, são já 15% os jovens queterminam a sua educação precocemente, obtendo assim qualificações que não satisfazemas necessidades do mercado de trabalho. Além disso, apenas cerca de um terço das pessoasconcluiu o ensino superior, sendo esta proporção significativamente mais reduzida do quenos Estados Unidos ou no Japão, por exemplo. Por conseguinte, um dos desafios maisimportantes que se colocam à União Europeia é a necessidade de dedicar especial atençãoe apoio financeiro a estes dois problemas. Todavia, a situação não irá melhorar se a Comissãoe os Estados-Membros não seguirem as orientações contidas na Estratégia “Europa 2020”.A mobilidade juvenil é fundamental para o desenvolvimento da Europa e, se aspiramosao estatuto de economia mais inovadora do mundo, não podemos abdicar de investir nocapital humano e particularmente nos jovens.

Ramona Nicole Mănescu (ALDE), por escrito. – (RO) No contexto da actual criseeconómica, a UE necessita de uma estratégia global baseada na inovação e na criatividade,que contribua para o crescimento económico e a criação de emprego. Precisamente porisso é necessário incentivar as indústrias culturais e criativas. Consequentemente, pensoque temos de assegurar, neste momento, que exista na Europa uma maior distribuição dasobras criativas e que seja proporcionado o livre acesso em linha a essas obras, sem ignorar,contudo, o facto de os artistas e as suas obras terem de ser protegidos e receber umaremuneração justa. Com esta ideia em mente, importa criar um quadro legislativo capazde apoiar o desenvolvimento destas indústrias e de incutir confiança nos consumidores enas pessoas que trabalham no mercado digital, uma vez que este sector pode facilitar a

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criação de novos postos de trabalho, capitalizando assim a diversidade cultural da UniãoEuropeia e o seu potencial inovador. Ao mesmo tempo, penso que precisamos de novosmodelos empresariais que apoiem estas indústrias, aproveitando os benefíciosproporcionados pelo mercado único digital. Em conclusão, acredito que este relatórioassinala um primeiro passo no desenvolvimento deste sector. Contudo, a Comissão e osEstados-Membros têm de intensificar os seus esforços para transformar as indústriasculturais e criativas num sector nuclear da economia europeia.

Iosif Matula (PPE), por escrito. – (RO) Congratulo-me por, no quadro da Estratégia “Europa2020”, estarmos a dedicar especial atenção aos jovens, tendo em conta os desafiosdemográficos que o nosso continente tem de enfrentar. Neste contexto, a “Juventude emMovimento”, uma iniciativa emblemática da Comissão Europeia, apresenta medidasconcretas para aumentar o nível da educação e da formação profissional, nomeadamenteatravés da mobilidade e da facilitação do acesso ao emprego. Além da redução da incidênciado abandono escolar precoce e do aumento da percentagem de pessoas com um diplomauniversitário até 2020, gostaria de salientar alguns aspectos que podem proporcionarapoio aos jovens. O primeiro é a importância da elaboração de programas educativos maisflexíveis que sejam compatíveis com a manutenção de um posto de trabalho em simultâneocom os estudos. O segundo é a vantagem de dispor de um sistema de mobilidade virtualpara complementar a mobilidade geográfica. Um outro aspecto é o incentivo à atribuiçãode bolsas de estudo aos estudantes por parte de empresas privadas. O apoio é igualmenteimportante para as iniciativas privadas em matéria de juventude, que podem conduzir àcriação de emprego e, por extensão, à integração social.

Alajos Mészáros (PPE), por escrito. – (HU) O desemprego juvenil provocado pela criseeconómica constitui um desafio considerável em toda a UE e, até ao momento, nem a UEnem os Estados-Membros o abordaram de forma adequada. A situação do emprego dosjovens depende da política económica geral; os Estados-Membros devem, portanto,orientar-se para os investimentos e a criação de emprego. Infelizmente, as medidas deausteridade que também se fazem sentir na Hungria e que afectam, entre outros domínios,o sistema de ensino, e as reduções de despesas que prejudicam a criação de emprego nãoajudam, na verdade, os jovens; pelo contrário, o seu sentimento de isolamento da sociedadee do mercado de trabalho pode representar uma ameaça a longo prazo para a economia.A crise económica não deve ser motivo para a redução das despesas com educação, porqueo combate aos impactos da crise exige que os jovens recebam níveis mais elevados deeducação. O sucesso e a eficácia da iniciativa “Juventude em Movimento” dependem, emgrande medida, da atitude e das actividades fundamentais dos Estados-Membros e do apoiofinanceiro por eles prestado à execução destes programas a nível nacional, que podecontribuir para a integração social dos jovens. O papel desempenhado pelosestabelecimentos de ensino locais, bem como pelas autoridades locais e regionais nodomínio da educação e da mobilidade, é também muito importante, e por isso acreditoque é necessário apoiar a mobilidade dos professores e dos trabalhadores nos domíniosda juventude e da educação, pois são eles que podem motivar os jovens. Para realizar estesobjectivos da UE, deve ser criada também uma estratégia de parceria com as autoridadeslocais e regionais.

Marie-Thérèse Sanchez-Schmid (PPE), por escrito. – (FR) Apoiei este relatório, quereafirma as nossas ambições para os jovens da Europa. A Estratégia “Europa 2020” colocaa educação dos jovens no centro dos seus objectivos e propõe metas para 2020: umaredução do abandono escolar precoce de 15% para 10% e um aumento da percentagem

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de pessoas com um diploma do ensino superior de 31% para 40%. Contudo, gostaria deinsistir num ponto: os obstáculos à mobilidade dos jovens. Actualmente, estima-se queapenas 4% dos estudantes europeus recebem bolsas de estudo do programa Erasmusdurante os seus estudos. Este número ainda é demasiado reduzido quando sabemos queum currículo pode ser significativamente melhorado por um ano passado no estrangeiro,em termos de aprendizagem – sobretudo no que respeita à aprendizagem de línguasestrangeiras – de abertura e de competências. Há três elementos que podem explicar estenúmero: o facto de muitos estudantes não terem sequer conhecimento da existência destasoportunidades para estudar no estrangeiro, o peso de um ano do programa Erasmus noorçamento de um estudante e a complexidade do reconhecimento dos resultados. Emtodos estes domínios, a Europa e os Estados-Membros têm de se empenhar para que osprogramas Erasmus, que são um dos grandes sucessos da UE, sejam um êxito para todos.

Csaba Sógor (PPE) , por escrito. – (HU) O principal objecto da iniciativa “Juventude emMovimento” é promover a mobilidade juvenil e derrubar os obstáculos que ainda se colocama essa mobilidade. Todavia, saúdo, na verdade, o facto de a iniciativa também colocar umatónica maior na harmonização da educação com as necessidades do mercado de trabalho.Talvez a preocupação mais séria dos jovens que actualmente possuem um diplomauniversitário seja a circunstância de, após a conclusão dos seus estudos, serem confrontadoscom a impossibilidade de capitalizar o seu conhecimento no mercado de trabalho. Osnúmeros alarmantes do desemprego dos jovens apoiam esta ideia; os efeitos deste fenómenomanifestam-se numa menor disponibilidade para ter filhos e num atraso drástico naconstituição de família, reforçando assim processos demográficos negativos. O problemaé conhecido, naturalmente, a nível da União Europeia e dos Estados-Membros. Contudo,a solução está sobretudo nas mãos dos países, pois só eles podem reorganizar e reformaros sistemas de ensino nacionais e ajustá-los às novas realidades socioeconómicas. A missãoda UE é criar um quadro para os processos e evitar que os Estados-Membros percam devista o objectivo original, incentivando-os e motivando-os, ao mesmo tempo, a executarreformas que são difíceis a curto prazo mas certamente compensadoras a longo prazo.

Bogusław Sonik (PPE), por escrito. – (PL) Num período de crise económica, em quealguns Estados-Membros reduzem o investimento na educação e formação, congratulo-mecom o facto de o Parlamento ter hoje adoptado o relatório sobre a iniciativa Juventude emMovimento.

Nos últimos anos, foram, de facto, os jovens que sentiram mais profundamente os efeitosda crise. A taxa de desemprego entre os jovens da UE ultrapassou os 20%, o que representao dobro da taxa relativa aos adultos, tendo atingido, em alguns Estados-Membros, os 40%.As reduções orçamentais tiveram um efeito directo nas perspectivas e nas oportunidadesde emprego dos jovens. O conhecimento e as competências dos jovens são essenciais paraa concretização de um desenvolvimento inteligente e sustentável. A Juventude emMovimento, uma iniciativa emblemática da Estratégia “Europa 2020”, deve procurarreforçar a atractividade do ensino superior na Europa, aumentar a qualidade da educaçãoe aumentar a mobilidade dos estudantes e dos trabalhadores. Esta iniciativa permite queos jovens adquiram conhecimento, aptidões e competências essenciais para o trabalho ea vida. Estas prioridades e estes objectivos não serão plenamente realizados e alcançadosse a UE não assegurar um apoio financeiro a longo prazo no seu orçamento. Porconseguinte, é muito importante que este programa receba subvenções elevadas, semesquecer, ao mesmo tempo, como é importante continuar a promovê-lo e a manter umapolítica de informação adequada.

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Jutta Steinruck (S&D), por escrito. – (DE) Este relatório pôs em evidência uma categoriaprofissional que é demasiadas vezes esquecida. O que seria a cultura europeia sem artistascriativos? Ao mesmo tempo que desenvolvemos as indústrias criativas do ponto de vistaeconómico, não podemos esquecer as pessoas que trabalham neste sector. Como afirmouo relator-sombra do meu grupo na Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, a situaçãosocial e as condições em que vivem os artistas criativos europeus são particularmenteimportantes. Infelizmente, muitos dos cinco milhões de pessoas que obtêm os seusrendimentos no sector criativo vivem em condições precárias. Os segundos e terceirosempregos não são raros, pois um emprego muitas vezes não é suficiente para subsistir. Aausência de seguros de saúde e de pensão está na ordem do dia. Os contratos são, na maiordos casos, incertos, e muitos trabalhadores criativos dificilmente conseguem planearantecipadamente mais do que alguns meses. Além disso, um nível justo de protecção social,com um seguro de desemprego, doença e velhice, tem de ser uma prática normalizadatambém para quem trabalha no sector criativo. Apraz-me verificar que a relatora seguiu aposição da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais a este respeito e a incluiu norelatório. É chegado o momento de a Comissão e os Estados-Membros solucionarem estaslacunas sociais e prometerem às mentes criativas europeias que os artistas criativos daEuropa não têm de viver como uma classe inferior.

Emil Stoyanov (PPE), por escrito. – (BG) Gostaria de felicitar a relatora pelo seu excelentetrabalho e pela cooperação benéfica neste relatório. Quero salientar novamente o grandepotencial económico e cultural e a natureza única das indústrias criativas. Elas encontram-senuma posição bastante delicada, entre as empresas de base e a criação de produtos culturais.É gratificante que, mesmo nas actuais circunstâncias, este sector seja um dos mais dinâmicose inovadores da Europa. Outro ponto que vale a pena mencionar é o facto de o sector terpotencial de crescimento e proporcionar postos de trabalho a aproximadamente cincomilhões de pessoas na UE. Infelizmente, a minha sugestão à Comissão Europeia e aosEstados-Membros para discutirem as oportunidades de criação de fundos europeus enacionais especializados, que teriam disponibilizado recursos para empréstimos emcondições favoráveis a estas indústrias, foi rejeitada por uma pequena margem durante avotação na Comissão da Cultura e da Educação. Todavia, acredito firmemente que estaminha ideia será posta em prática e adoptada num futuro próximo. Penso que isto éextremamente importante para apoiar e desenvolver as indústrias culturais e criativasporque, não sendo exactamente actividades comerciais, necessitam de um financiamentoem condições favoráveis, que os bancos não podem conceder actualmente nos termoshabituais para as outras indústrias.

Rafał Trzaskowski (PPE), por escrito. – (PL) No Parlamento Europeu, apelamos a umaacção específica – solicitamos que a Comissão Europeia reconheça o sector criativo comoum dos domínios mais produtivos da economia da União e, por conseguinte, trate o seudesenvolvimento como uma prioridade absoluta. Para o conseguir, pretendemosessencialmente aumentar as possibilidades de financiamento do sector criativo, enquantopilar de um crescimento económico inteligente, a partir do orçamento da União. Istoporque é possível criar sinergias entre programas da União para apoiar a cultura, como oprograma Cultura 2007-2013, por exemplo, e programas de investigação existentes naUnião (como o Oitavo Programa-Quadro, que apoia o desenvolvimento tecnológico daUE), ou ampliar as possibilidades de utilizar recursos de fundos existentes (como o FundoSocial Europeu, por exemplo). Também recomendamos o apoio ao desenvolvimento denovos instrumentos financeiros inovadores (compilações de garantias bancárias, depósitosreembolsáveis e empréstimos inteligentes), que permitiriam aos criadores ou às pequenas

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e médias empresas do sector criativo iniciar mais facilmente as suas actividades.Evidentemente, o dinheiro não é tudo. Entre outros aspectos, propomos o reforço dacooperação entre os sectores cultural e criativo e as universidades europeias, aumentandoo número de formações especializadas para jovens e melhorando a mobilidade de todosos criadores e agentes culturais. Para este efeito, tencionamos criar uma plataformamultilingue na Internet que será utilizada para o intercâmbio de experiências entre criadorese, consequentemente, para a criação de uma rede de contactos ainda mais estreita entretodos aqueles para quem o desenvolvimento da indústria criativa na Europa é importante.

PRESIDÊNCIA: JERZY BUZEKPresidente

10. Declaração da Presidência

Presidente. – Ontem à tarde, um sismo abalou a província espanhola de Múrcia. Morrerampelo menos sete pessoas. Muitas ficaram feridas. Há três horas, o senhor deputadoMartínez Martínez fez uma declaração sobre este assunto. Em nome do Parlamento Europeu,apresento condolências às famílias das vítimas. Esperamos que todos os feridos possamrecuperar rapidamente. Também admiramos a reacção imediata e o esforço das pessoasdaquela província, que estão a ajudar na operação de resgate. Enviarei em breve uma cartade condolências às autoridades espanholas a este respeito.

Cristina Gutiérrez-Cortines (PPE). – (ES) Senhor Presidente, muito obrigada pelas suaspalavras compreensivas e solidárias.

A tragédia de Lorca começa a tomar forma. Neste momento, sabemos que morreram oitopessoas, entre as quais duas mulheres grávidas e um rapaz de doze anos, mais de 250ficaram feridas e 80% das casas foram afectadas. Quer isto dizer que, a partir de agora, epara já, muitos cidadãos de Lorca estarão sem abrigo. Uma grande percentagem dos cidadãosde Lorca perdeu também o seu local de trabalho e, consequentemente, as suas esperanças,expectativas e oportunidades.

Lorca é uma cidade de 70 000 habitantes, dos quais 20% são imigrantes que a cidaderecebeu e acolheu e a quem conseguiu proporcionar uma nova vida com um novosignificado. Sei que, em conjunto, os antigos e novos residentes de Lorca, com a ajuda dasinstituições e de todos, conseguirão iniciar uma nova jornada na sua vida. Tenho de dizertambém que apelo à União Europeia para que não deixe ninguém para trás e saiba apoiaras pessoas afectadas, reconhecer a sua dor e estar ao seu lado, abrindo os braços e criandooportunidades.

Gostaria de agradecer muito a todos e de pedir um minuto de silêncio.

(Aplausos)

Presidente. – Peço a todos que se levantem. Vamos agora cumprir um minuto de silêncio.

11. “Cleanup in Europe” e “Let's do it World 2012” (declaração escrita)

Presidente. –Senhoras e Senhores Deputados, a declaração escrita 0003/2011, apresentadapelos senhores deputados Jordan Cizelj, Gomes, Lepage, Morkūnaitė-Mikulėnienė e Tarand,sobre “Cleanup in Europe” e “Let´s do it world 2012” foi assinada pela maioria dos membrosque compõem o Parlamento. Em conformidade com o artigo 123.º, o texto será transmitido

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aos seus destinatários e publicado nos Textos aprovados da presente sessão, com a indicaçãodos nomes dos signatários. Ao que julgo saber, a senhora deputada Jordan Cizelj pretendefalar sobre esta questão. Senhora Deputada Jordan Cizelj, tem a palavra.

Romana Jordan Cizelj (PPE). – (SL) Senhor Presidente, caros Colegas, em primeiro lugar,quero agradecer-lhes o apoio dado a esta declaração escrita. Com este documento,demonstrámos o nosso compromisso com um ambiente limpo neste Ano Europeu doVoluntariado. Todavia, convido-vos a não se limitarem a esta assinatura, mas a contribuíremactivamente para que no próximo ano, em 2012, esta acção, ou seja, a selecção de um diapara limpar o nosso ambiente, se torne um sucesso em tantos países quanto possível, emmais países ainda do que tem acontecido até agora, e, dessa forma, a apoiarem os gruposambientais dos nossos países.

Indrek Tarand (Verts/ALE). – (EN) Senhor Presidente, quero agradecer a todos porapoiarem esta iniciativa. Serei muito breve. Foi um prazer trabalhar sob a orientação dasenhora deputada Jordan Cizelj e em cooperação com as senhoras deputadas Gomes,Morkūnaitė-Mikulėnienė e Lepage. Esta é uma verdadeira iniciativa de cidadãos e irá mostrarcomo os cidadãos podem conduzir a Europa a um futuro melhor.

Todavia, conhecendo a controvérsia em torno das declarações escritas e as diferentesopiniões sobre a sua utilidade, gostaria de pedir desculpa aos senhores deputados que sesentiram ofendidos pela nossa campanha e de repetir a promessa que fiz ao presidente daminha subcomissão, senhor deputado Danjean: prometo não apresentar mais declaraçõesescritas durante esta legislatura.

Espero que os senhores me ajudem a manter a minha promessa e faço votos de que todosnos encontremos novamente no dia da acção, em 2012.

12. Período de votação

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o período de votação.

(Resultados pormenorizados das votações: ver Acta.)

12.1. Juventude em movimento - Um quadro destinado a melhorar os sistemas deeducação e de formação europeus (A7-0169/2011, Milan Zver) (votação)

12.2. Aprendizagem durante a primeira infância (A7-0099/2011, Mary Honeyball)(votação)

12.3. Acordo de Parceria no domínio da pesca entre a União Europeia e a Mauritânia(votação)

12.4. Contratos públicos (B7-0284/2011) (votação)

12.5. Crise no sector das pescas europeu devido ao aumento do preço do petróleo(votação)

12.6. Análise do "Small Business Act" (votação)

- Antes da votação da alteração 9:

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Niki Tzavela (EFD). – (EN) Senhor Presidente, nós, os co-autores, chegámos todos aacordo, ontem, sobre um compromisso que diz o seguinte: “Toma nota do comércio ilegalque está a desenvolver-se em todos os Estados-Membros de produtos contrafeitos epirateados que são importados de países terceiros e que ameaçam a competitividade dasPME europeias”.

Nós, os autores, concordámos todos com este texto.

(O Parlamento aprova a alteração oral)

12.7. União da Inovação: transformar a Europa para um mundo pós-crise(A7-0162/2011, Judith A. Merkies) (votação)

- Antes da votação:

Silvia-Adriana Ţicău (S&D). – (EN) Senhor Presidente, gostaria de pedir aos meus colegasque votem a favor da alteração 1, porque ela apoia a ideia da disponibilização de maisfundos para a política de inovação, mas eliminem o texto que sugere que os fundos dapolítica agrícola comum...

(O Presidente retira a palavra à oradora)

12.8. Convenção da OIT complementada por uma recomendação sobre ostrabalhadores domésticos (votação)

12.9. Resistência aos antibióticos (votação)

12.10. As dimensões culturais das acções externas da UE (A7-0112/2011, MarietjeSchaake) (votação)

12.11. Desbloquear o potencial das indústrias culturais e criativas (A7-0143/2011,Marie-Thérèse Sanchez-Schmid) (votação)

12.12. Sarajevo como Capital Europeia da Cultura em 2014 (votação)

- Após a votação:

PRESIDÊNCIA: DIANA WALLISVice-Presidente

13. Declarações de voto

Presidente. – Passamos agora às declarações de voto.

Declarações de voto orais

Relatório: Milan Zver (A7-0169/2011)

Salvatore Iacolino (PPE). – (IT) Senhora Presidente, não há dúvida de que este relatóriorepresenta um passo em frente na criação de novas oportunidades educativas para osjovens. O texto defende mais investigação, mais inovação, mais Estratégia UE 2020 numcontexto que se torna cada vez mais pertinente. Precisamos de mais educação a nível

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Page 55: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

escolar, de mais formação, mas também de mais universidades, para trabalharmos emconjunto com os jovens para que a promoção da cultura produza valor acrescentado.

A construção do sucesso educativo é o ponto central deste relatório e é também o motivopelo qual votámos a seu favor. É uma questão de mais mobilidade para os jovens, de maiorcapacidade para desenvolver oportunidades de trabalho e de um mercado de trabalho quedeve ter em consideração não apenas os jovens que trabalham num determinado contexto,mas todos os sectores que proporcionam oportunidades de crescimento aos jovens.

Sergej Kozlík (ALDE). – (SK) Senhora Presidente, apoiei a iniciativa europeia Juventudeem Movimento, cujo objectivo é reduzir a percentagem de estudantes que abandonamprecocemente o ensino de 15% para 10% até 2020 e aumentar a percentagem de pessoasque possuem um diploma universitário de 31% para 40%. Para efeitos comparativos,refira-se que 40% da população dos EUA têm um diploma universitário e que esse númeroascende a 50% no Japão.

Actualmente, 14,4% dos jovens da Europa com idades entre os 18 e os 24 anos têm menosdo que o ensino secundário, e quase 21% dos jovens estão desempregados. Apoio tambémo facto de a iniciativa Juventude em Movimento procurar assegurar uma educação quesatisfaça as necessidades do mercado de trabalho. Estima-se que, até 2020, a percentagemde postos de trabalho que exigem uma qualificação elevada aumente de 29% para 35%.

Jarosław Kalinowski (PPE). – (PL) Senhora Presidente, os programas europeus queapoiam os jovens exigem um apoio sem reservas. As pessoas que são o futuro do nossocontinente são também as mais indefesas, não é verdade? Cabe-nos zelar por que recebamuma educação adequada, com acesso aos benefícios da cultura e, acima de tudo, àoportunidade de aprender línguas estrangeiras, bem como à possibilidade de fazer umaescolha livre do local onde pretendem receber a sua educação. Nem todos têm recursos eoportunidades para o poder fazer autonomamente. Os bons resultados alcançados emmuitos programas de ajuda aos jovens, como o Erasmus e o Leonardo da Vinci, mostramque este é um investimento eficaz. Quem mais necessita de apoio são os jovens que residemem zonas rurais, que muitas vezes não têm meios financeiros para iniciar um curso noensino superior e também não têm a oportunidade de procurar trabalho fora da agriculturana região onde vivem.

Hannu Takkula (ALDE). – (FI) Senhora Presidente, quero dedicar algumas palavras àexcelente iniciativa Juventude em Movimento abordada pelo senhor deputado Zver. Estaé uma das histórias de sucesso da política da UE. Mesmo os eurocépticos ou as pessoas quea criticam consideram que foi graças a estes programas de mobilidade juvenil que se obtevealgum valor acrescentado em benefício de todos. O Processo de Bolonha, o Processo deCopenhaga e outras iniciativas semelhantes são bons exemplos deste facto.

O relatório do senhor deputado Zver apoia esta tendência, que, além de já ter sidoconsiderada positiva, cria novas oportunidades e requisitos para os jovens europeus queestudam nos diferentes países da Europa. Será uma forma de podermos trocarverdadeiramente melhores práticas. Entendo que, a longo prazo, isto irá constituir umabase firme para o crescimento económico na Europa, mas mais importante do que ocrescimento económico é recordar que é através deste processo que as pessoas, os jovens,podem crescer como indivíduos e europeus.

Daniel Hannan (ECR). – (EN) Senhora Presidente, em toda a Europa, estamos a condenargerações de jovens à emigração e à pobreza. Estamos a condenar gerações que ainda não

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nasceram nem foram geradas a uma situação de dívida – tudo para sustentar este conceitode união monetária.

Na Irlanda, o PIB diminuiu 20% em relação ao seu valor máximo – um número quaseincrível. Na Grécia, temos motins em protesto contra o pacote de austeridade; contudo,sabemos que ele não irá funcionar.

Quando o resgate estava na ordem do dia, há um ano, acreditava-se que se trataria de umtampão imediato, de uma medida de contingência a curto prazo e que, neste momento, aGrécia estaria novamente a contrair empréstimos baratos porque a crise teria passado.Podemos verificar que isso falhou. Porém, continuamos com a mesma política em Portugale novamente na Grécia, em vez de admitirmos o nosso erro.

Que preço elevado esperamos que os nossos eleitores paguem pela nossa presunção!

Radvilė Morkūnaitė-Mikulėnienė (PPE). – (LT) Senhora Presidente, saúdo o facto dehoje termos adoptado a proposta de resolução intitulada “Juventude em Movimento – Umquadro destinado a melhorar os sistemas de ensino e formação europeus”, porque estetexto apresenta recomendações claras e orientações fundamentais que os países da UniãoEuropeia podem e devem seguir para melhorar os sistemas de ensino e formação. Contudo,gostaria de salientar alguns aspectos: em primeiro lugar, tendo em conta que a iniciativaJuventude em Movimento pretende concretizar o principal objectivo definido na Estratégia“Europa 2020”, nomeadamente a redução do número de pessoas que abandonam a escolasem qualificações de 15% para 10%, ela carece de medidas e recomendações orientadaspara o aumento das competências, das qualificações ou do prestígio profissional dosprofessores. Temos de entender claramente que a profissão docente é a que cria mais valoracrescentado para a sociedade e devemos esforçar-nos para que os professores dos paíseseuropeus sejam os melhores. Concordo inteiramente com o apelo incluído no documentoa que seja apresentada uma estratégia completa à Comissão, destinada a promover aeducação não formal, e eu solicitaria que as principais recomendações deste documentosejam directamente associadas ao quadro financeiro plurianual.

Bernd Posselt (PPE). – (DE) Senhora Presidente, hoje, temos connosco o executivonacional da Associação Patriótica dos Alemães dos Sudetas, incluindo a Juventude Alemãdos Sudetas, que está a desenvolver uma colaboração muito activa com a Juventude Checa.A este respeito, o relatório em apreço tem um significado verdadeiramente inestimável,pois abrange três pontos: em primeiro lugar, o trabalho em rede das universidades,especialmente nas euro-regiões e nas regiões fronteiriças; em segundo lugar, a formaçãoprofissional – porque não é só de educação académica que precisamos; e, em terceiro lugar,e mais importante, a questão das competências linguísticas.

Quero afirmar muito claramente que gosto bastante da língua de Shakespeare, mas pensoque seria lamentável que os nossos jovens conversassem apenas numa língua. Éprecisamente a aprendizagem da língua dos nossos vizinhos e a aprendizagem das línguasmais pequenas que deveríamos estar a promover, em particular neste quadro. A verdadeé que só conhecemos realmente a cultura dos nossos vizinhos quando começamos a vivero quotidiano na sua língua. Neste contexto, temos muito trabalho por fazer mas tambémgrandes oportunidades.

Sidonia Elżbieta Jędrzejewska (PPE). – (PL) Senhora Presidente, regozijo-me com ofacto de a Juventude em Movimento estar integrada na Estratégia “Europa 2020”.Congratulo-me também com a circunstância de o relatório que aprovámos hoje ter prestado

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atenção à importância da educação não formal, entendida como a educação através daparticipação em organizações de jovens e organizações não-governamentais e devoluntariado. Estou certa de que a educação não formal ajuda os jovens a tornarem-secidadãos activos, ensina-lhes o trabalho em equipa, ajuda-os a desenvolver os interessesindividuais e proporciona-lhes melhores possibilidades de encontrarem emprego – e esseé um aspecto muito importante.

Relatório: Mary Honeyball (A7-0099/2011)

Jarosław Kalinowski (PPE). – (PL) Senhora Presidente, as crianças são o nosso futuro.Farão parte da sociedade consciente da Europa no futuro, pelo que é muito importanteeducar as crianças desde tenra idade. Temos de incutir valores positivos e normas moraiscorrectas às nossas crianças desde os seus primeiros anos. A educação deve basear-se emalicerces positivos e sólidos e ser assumida por pessoal docente com instrução e formaçãoadequadas.

Devemos esforçar-nos por alcançar a igualdade de oportunidades, para que todas as crianças,independentemente de serem provenientes de zonas urbanas ou rurais, ou de famílias ricasou pobres, tenham acesso à aprendizagem na primeira infância. No processo de eliminaçãodas desigualdades, devemos dedicar especial atenção às comunidades rurais – onde ascrianças têm um acesso muito mais restrito a infra-estruturas educativas e culturais.

Hannu Takkula (ALDE). – (FI) Senhora Presidente, é muito importante centrarmo-nosnos primeiros anos da infância e nos serviços de cuidados e educação na primeira infância.Foi por isso que saudei calorosamente o relatório da senhora deputada Honeyball, do qualfui, aliás, relator-sombra.

No que respeita a este excelente relatório, gostaria de deixar claro que, a meu ver, é aimportância da formação pessoal e não da educação que deve ser salientada quando falamosde crianças pequenas. Isso deve-se ao facto de todos os componentes essenciais da vida deuma pessoa serem definidos durante os seus primeiros anos, sendo provável, portanto,que, com uma formação de base segura, um ambiente seguro, as pessoas também tenhama oportunidade de serem bem-sucedidas no futuro.

Importa, pois, salientar a importância da formação pessoal em vez da educação. Chegaráo momento da educação mais tarde mas, como foi referido, este relatório analisa diferentesmodelos existentes na Europa, consistindo a premissa fundamental na necessidade deassegurar que, desde a primeira infância, nenhum jovem seja excluído: todos devem ter aoportunidade de viver uma vida positiva e plena.

Daniel Hannan (ECR). – (EN) Senhora Presidente, no Verão passado, tive o prazer devisitar o seu círculo eleitoral e, um dia, levei as minhas filhas à praia. Lembro-me de olharpara as minhas duas filhas a construir um castelo de areia, indiferentes à subida da maré,por estarem tão atentas às conchas e aos ramos com que decoravam o seu trabalho.

Não tive coragem de lhes dizer que a maré estava a subir e hoje senti, em grande medida,o mesmo enquanto lia a nossa lista de votação. Temos estes acontecimentos sem paralelo– esta crise económica nas nossas fronteiras, este colapso da nossa percentagem do PIBmundial – e aqui estamos a falar da aprendizagem durante a primeira infância, a debateras nossas responsabilidades para com a Organização Internacional do Trabalho e a discutirse Sarajevo deve ser Capital Europeia da Cultura.

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Page 58: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Permitam-me que vos apresente as estatísticas reais e assustadoras: em 1974, as nações daEuropa Ocidental representavam 36% do PIB mundial; hoje representam 26%; em 2020,representarão 15%. Enquanto nos preocupamos com a aprendizagem durante a primeirainfância, disseminando toda a nossa propaganda sobre a conciliação da Europa e publicandoA Guerra dos Gelados de Framboesa, e enquanto os nossos filhos são incentivados a ler oinvoluntariamente hilariante “Captain Euro”, a nossa parte do mundo está a ser tomadapor países mais viris que aprenderam os benefícios da descentralização e da dispersão dopoder.

Não chegará certamente um momento em que toda a nossa pompa de ontem terá o mesmodestino que a de Nínive e Tiro?

Radvilė Morkūnaitė-Mikulėnienė (PPE). – (LT) Senhora Presidente, gostaria de responderàs informações erradas prestadas pelo senhor deputado Tomaševski durante o debate destamanhã. O meu colega afirmou que as crianças da minoria polaca da Lituânia não podemestudar em polaco. Para sua informação, residem na Lituânia aproximadamente 200 000cidadãos lituanos de ascendência polaca, e existem 62 escolas em que as matérias sãoleccionadas apenas em polaco e 34 escolas com aulas polacas. Entretanto, na Alemanha,onde existem dois milhões de pessoas de ascendência polaca, não há qualquer escola públicaexclusivamente para polacos. Deve notar-se que só na Lituânia os cidadãos de ascendênciapolaca podem obter uma educação em polaco desde o ensino pré-primário à universidade.Este é um caso único no mundo. A Lituânia acolhe um instituto da Universidade deBiałystok, o único departamento de uma universidade polaca fora da Polónia. Numinquérito, 42% dos representantes das minorias nacionais da Lituânia mencionaram oconhecimento insuficiente de lituano como uma desvantagem na competição por postosde trabalho. É estranho ouvir as críticas à legislação educativa lituana, que espelha alegislação da Polónia, e eu gostaria de fazer uma pergunta retórica: sente o senhor deputadoTomaševski que as minorias nacionais também estão a ser vítimas de abusos na Polónia?

Anna Záborská (PPE). – (SK) Senhora Presidente, já intervim no debate e aplaudi o factode a senhora deputada Honeyball ter procurado encontrar um compromisso entre todo oespectro político.

Todavia, abstive-me da votação final porque penso que este relatório interfere nos assuntosdos Estados-nações em muitos pontos. É possível verificá-lo muito claramente no factode o documento saudar os objectivos de Barcelona, apesar de eles terem terminado numfracasso precisamente porque eram apenas números ditados centralmente pela UE a cadaEstado-Membro.

Na minha opinião, temos de permitir que os Estados-Membros decidam as infra-estruturaspré-escolares de que necessitam, porque esta não é apenas uma questão de números, mastambém uma questão relativa à qualidade e à cultura de um determinado país. Lamentomuito o facto de não ter podido votar a favor deste relatório, mas ele contrariavaprofundamente uma convicção que me é muito cara.

Miroslav Mikolášik (PPE). – (SK) Senhora Presidente, a infância tem, indiscutivelmente,um significado fundamental para o desenvolvimento físico, mental e social das crianças.Devemos, pois, entender que o retorno dos investimentos no ensino pré-escolar é a garantiado crescimento futuro. Além disso, muitos estudos já demonstraram que o financiamentoutilizado desta forma produz vantagens económicas e sociais consideráveis a médio elongo prazo.

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Page 59: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

A forma mais adequada e mais natural de assegurar um apoio deste tipo é a protecção dafamília enquanto unidade fundamental da sociedade. Os pais são os primeiros e maisimportantes professores dos seus filhos e, por conseguinte, o quadro jurídico não deveconter disposições que penalizem os pais por cuidarem pessoalmente dos seus filhos,particularmente nos seus primeiros anos. Esta agenda é da exclusiva competência dosEstados-Membros. É mais do que desejável para a União contribuir, através do seu papelcoordenador, para melhorar a situação em cada Estado-Membro.

Proposta de resolução B7-0193/2011

Daniel Hannan (ECR). – (EN) Senhora Presidente, os apoiantes da política comum daspescas afirmam frequentemente que o peixe não reconhece fronteiras nacionais. Tendema dizer-nos isto como se fosse uma observação original – pois é, eles nadam em todo olado, quem diria!

Contudo, a verdade é que a jurisdição territorial e os direitos de propriedade são a únicabase segura para a conservação. Se analisarmos os países que seguiram políticas deconservação bem-sucedidas nas pescas – as Ilhas Falkland, a Islândia, a Noruega ou a NovaZelândia –, todos eles o conseguiram proporcionando aos comandantes das embarcaçõesum sentimento de pertença para que pudessem ter um incentivo para tratar as pescas comoum recurso renovável. É a sabedoria essencial de Aristóteles segundo a qual aquilo que nãopertence a ninguém não será cuidado por ninguém.

Infelizmente, a política comum das pescas define as unidades populacionais de peixe comoum recurso comum a que todas as nações têm igual acesso. Daqui resulta a calamidadeecológica que se abateu sobre as unidades populacionais no Mar do Norte.

Um ponto que é agora particularmente oportuno é o facto de termos assistido nos últimosanos a uma migração da cavala de águas da política comum das pescas para águas territoriaisislandesas. Isso torna-a, lamento dizê-lo, propriedade islandesa. Não vale a penaqueixarmo-nos disto. Temos azar e eles têm sorte. Pode acontecer que a cavala faça ocaminho inverso dentro de alguns anos, e aí seremos nós a ter sorte. Entretanto, a formamelhor e mais segura de tratar o peixe como um recurso que estará sempre presente éreconhecer os direitos de propriedade das pessoas cujas águas estão ao abrigo do direitomarítimo.

Proposta de resolução B7-0297/2011

Peter Jahr (PPE). – (DE) Senhora Presidente, a subida dos preços do petróleo no mercadoglobal não é a única causa da crise do sector das pescas, dado que os combustíveis já estão,em geral, isentos de impostos e o aumento dos preços no mercado global afecta todos ospescadores do mundo – na União Europeia e noutros locais. Em segundo lugar, a subidados limiares de minimis deve ser aproveitada como uma oportunidade para ajudar tambémos pescadores a poderem trabalhar – e pescar – de uma forma mais favorável ao ambientee mais sustentável. Em terceiro lugar, diminuir simplesmente o preço dos combustíveisnão será suficiente para concretizar este objectivo. Em termos simples, espero que tambémos Estados-Membros produzam soluções inovadoras e úteis a este respeito.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE). – (ES) Em primeiro lugar, Senhora Presidente, queromanifestar o meu apoio a todas as pessoas de Lorca, na província de Múrcia, em Espanha,lamentar as oito pessoas que morreram e solidarizar-me com as suas famílias e com as 250pessoas que ficaram feridas no sismo de ontem.

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Page 60: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Votei a favor desta proposta de resolução comum, tendo divergido do meu grupo, devidoà minha preocupação com o período difícil que o sector está a viver e que se agravou devidoao aumento do preço do petróleo.

O aumento, de 30 000 euros para 60 000 euros, da ajuda de minimis para as empresas porum período de apenas três anos pode ajudá-las nesta situação complicada. Além disso,tenho de dizer que este acréscimo não implica qualquer aumento dos orçamentos da UniãoEuropeia. A sua aplicação tem de assegurar também a sustentabilidade ambiental e sociale não deve distorcer a concorrência entre os Estados-Membros.

Todavia, o Fundo Europeu das Pescas precisa de continuar a apoiar este sector a fim dereduzir a dependência dos pescadores face aos combustíveis fósseis, de tornar a suaactividade mais eficiente e de lhes apresentar propostas inovadoras que têm de criar novasoportunidades para o sector marítimo.

Seán Kelly (PPE). – (GA) Senhora Presidente, tive muito gosto em apoiar estasrecomendações.

(EN) A pesca – como a agricultura – é uma profissão muito precária. Está à mercê dasexcentricidades da meteorologia e sujeita à situação das quotas e, naturalmente, aoscaprichos das unidades populacionais e do abastecimento. Agora temos, além disso, osúbito aumento dos preços do petróleo.

Em última análise, a solução terá de partir da União Europeia, que se deve tornar maisauto-suficiente em termos de abastecimento de energia, incluindo, evidentemente, a energiade fontes renováveis. Contudo, também creio que temos de ponderar a exploração deregiões da Europa que ainda não tenham sido exploradas porque não era economicamenteviável fazê-lo. Agora, essa situação está a mudar. Penso que, se conseguirmos aumentar oaprovisionamento energético na Europa, isso fará diminuir automaticamente os preços etornar-nos-á também, naturalmente, menos dependentes de regimes não democráticospara obter esse abastecimento.

Proposta de resolução B7-0286/2011

Miroslav Mikolášik (PPE). – (SK) Senhora Presidente, concordo inteiramente com aexigência de que a avaliação do impacto de todas as leis pertinentes relativas às pequenase médias empresas seja efectuada sistematicamente a nível nacional e europeu, porqueestas empresas são a verdadeira espinha dorsal da economia europeia e, enquanto tal, criammais de 100 milhões de postos de trabalho.

A prática actual mostra que, a nível regional e local, o acesso ao apoio financeiro para asetapas iniciais da inovação e para ajudar as novas empresas e pequenas empresas inovadorasainda é muito inadequado e desigual na UE.

Esta heterogeneidade é também confirmada pela conclusão de que 75% dos 21 milhõesde euros globais atribuídos a apoio financeiro foram totalmente disponibilizados atravésdos bancos intermediários, tendo sido mobilizados por apenas 50 000 do total de 23milhões de pequenas e médias empresas.

Gay Mitchell (PPE). – (EN) Senhora Presidente, os membros do Fine Gael pediram-meque falasse em nome dos seus quatro deputados no PPE sobre esta questão.

Apoiamos firmemente o grande impulso dado por qualquer disposição como esta destinadaa apoiar as pequenas e médias empresas (PME). Conhecemos a importância das PME para

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Page 61: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

a economia irlandesa e para a economia europeia. Contudo, não vemos motivos paraincluir a referência à MCCCIS neste relatório. Parece-me que nos deixamos levar pelapropaganda da moda, qualquer que ela seja. Actualmente, na Alemanha, por exemplo, aspessoas afirmam que estão a reanalisar toda esta questão da MCCCIS.

Devemos, portanto, ajudar as PME, mas não introduzir propaganda concreta em disposiçõesdeste tipo. Há argumentos a favor e contra a MCCCIS. Importa não colocar a ideologia nolugar da assistência. Devemos prestar todo o apoio possível às PME, mas não é necessáriointroduzir constantemente estes termos.

Votámos contra o MCCCIS, mas não votámos contra o relatório no seu conjunto porquenão queríamos atrasar o apoio que é necessário às PME, pelo que saúdo a oportunidade dedeixar esta posição registada.

Presidente. – Senhor Deputado Mitchell, vou fazer-lhe uma pergunta. Pode dizer-me oque significam essas iniciais?

Gay Mitchell (PPE). – (EN) Senhora Presidente, ainda bem que me disse isso. Pensei queme ia perguntar se eu estava a falar lituano no início! MCCCIS significa matéria colectávelconsolidada comum do imposto sobre as sociedades.

Presidente. – Eu tinha a certeza de que os nossos convidados gostariam de saber do queestávamos a falar.

(Aplausos)

Reinhard Bütikofer (Verts/ALE). – (EN) Senhora Presidente, quero apenas perguntarse alguma coisa pode ser considerada uma ideologia só porque não é apreciada na Irlanda.

Gay Mitchell (PPE). – (EN) Senhora Presidente, não está em causa o que é ou não apreciadona Irlanda. Somos deputados ao Parlamento Europeu e apresentaremos as nossas opiniões.Não aceitaremos que representantes de qualquer outro Estado-Membro nos digam o quefazer. Não somos obrigados, neste país, a fazer o que é bem visto noutros Estados-Membros.Todos os Estados-Membros enviam os seus parlamentares para esta instituição para queeles apresentem as suas opiniões. Do nosso ponto de vista, os argumentos a favor daMCCCIS, que está actualmente a ser criticada em Berlim, é uma forma de propaganda quealguém se lembrou de lançar. Os argumentos a seu favor não foram comprovados. Existemargumentos a favor e contra essa medida, e nós não devemos ser coagidos a aceitá-la porqualquer moda politicamente correcta.

Presidente. – Este ponto diz respeito às declarações de voto.

Hannu Takkula (ALDE). – (FI) Senhora Presidente, um imposto comum sobre associedades seria uma possibilidade muito exigente para a União Europeia, porque os seus27 Estados-Membros são todos muito diferentes. As suas estruturas económicas são muitodiferentes, embora, naturalmente, por estarmos no mercado único, seja muito importanteassegurar que as pequenas e médias empresas, que constituem, na verdade, a espinha dorsalda economia europeia, disponham de igualdade de oportunidades em matéria deconcorrência.

Actualmente, não é isso que acontece e, nesse sentido, é muito importante que seja agoraefectuada uma revisão no que respeita às PME. Sendo originário da Finlândia, por exemplo,entendo muito claramente que as empresas finlandesas estão muito longe do centro domercado interno e, por esse motivo, os custos logísticos – custos de transporte – fazem

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Page 62: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

aumentar consideravelmente os preços dos produtos. Precisamos, pois, de diferentessistemas de compensação através da tributação, mesmo na União Europeia, mas tambémde outros métodos, para que a situação da concorrência possa ser mais justa para todos.

É muito importante que tenha sido elaborado um relatório como este e que nós procuremostambém ter em conta as empresas em regiões distantes do norte para que elas possamcompetir em pé de igualdade com outras empresas europeias.

Seán Kelly (PPE). – (GA) Senhora Presidente, em primeiro lugar, concordo com o que omeu líder, senhor deputado Gay Mitchell, afirmou sobre a MCCCIS e votei em conformidade.Contudo, quero chamar a atenção para outro ponto.

(EN) O que quero dizer é que considero notável que tenha sido necessária uma alteraçãooral para levantar a questão da contrafacção no que respeita a esta proposta em concreto.É lamentável, porque os produtos contrafeitos estão a provocar enormes prejuízos àsempresas em toda a Europa e isto não foi suficientemente salientado nem enfrentado.

Muitos destes produtos provêm de países terceiros e são facilitados pelos governos dessespaíses, que protegem os produtos que vêm para a Europa. Temos de denunciar e apontaro dedo a estes países, tomando medidas contra eles, porque estão a ter um efeito terrívelem empresas legítimas da Europa. É tempo de dizer: acabou-se!

Relatório: Judith A. Merkies (A7-0162/2011)

Adam Bielan (ECR). – (PL) Senhora Presidente, um desenvolvimento mais rápido, aeficiência, incluindo a eficiência dos custos, e uma maior competitividade são os melhoresmeios para enfrentar os problemas económicos. Para cumprir estes objectivos, temos detrabalhar em conjunto em nome da inovação. Um aspecto que é muito importante aqui éa tónica colocada na criatividade dos cidadãos, por exemplo permitindo que ostrabalhadores sugiram formas de melhorar os processos de trabalho. Um outro factor queimpulsiona a inovação é o consumo, e um exemplo específico do modo como a criatividadedos cidadãos pode ser combinada com o desejo de utilizar tecnologias modernas são asaplicações para o iPhone que estão a ser desenvolvidas por consumidores europeus.

O reforço da base de conhecimento reunindo empresas, instituições de conhecimento eos próprios cidadãos é um factor importante da concretização das metas da União daInovação. A este respeito, será essencial conseguir o total empenho das autoridades públicase locais. Um objectivo fundamental da inovação é manter um nível elevado de prosperidadena Europa. Espero que a conjugação de forças que foi proposta contribua para apoiar oprocesso de inovação e ajude a promover a estabilização económica. Apoio, portanto, orelatório.

Peter Jahr (PPE). – (DE) Senhora Presidente, infelizmente, nunca tive a oportunidade deintervir no debate de ontem, apesar de ter estado presente. Gostaria, contudo, de dar o meuapoio, em particular, aos oradores que salientaram que a inovação e a investigação tambémdevem ter o seu lugar no sector agrícola. A agricultura não é uma “economia antiga” – émoderna e é também um ambiente em que existem actividades, investigação e inovação.

A agricultura europeia enfrenta pelo menos três grandes desafios; nomeadamente, assegurara alimentação da população, sustentar o ambiente e produzir energia. Estes objectivos, porvezes divergentes, exigem uma interacção científica sistemática, agora e no futuro.

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Zbigniew Ziobro (ECR). – (PL) Senhora Presidente, apoiei o relatório sobre uma Uniãoda Inovação. A inovação é, naturalmente, crucial para o desenvolvimento da Europa.Todavia, na minha opinião, um aspecto absolutamente fundamental é o apoio à inovação,em particular no sector das pequenas e médias empresas, sobretudo nos novosEstados-Membros da União, que, a este respeito, estão um pouco atrasados. De facto, serãoos acontecimentos neste sector – como evidenciam numerosas análises – a decidir se aeconomia europeia do futuro será competitiva relativamente a outras grandes economiasmundiais

Importa recordar – como demonstra a investigação realizada pela empresa de contabilidadeErnst & Young – que três quartos dos pedidos apresentados por pequenas empresas naEuropa para obter subvenções à investigação e à compra de nova tecnologia são,infelizmente, rejeitados pelos bancos. O financiamento é um problema sério, pelo quedevemos persuadir cada Estado-Membro a apoiar as pequenas e médias empresas nestedomínio. Sem este apoio, elas não irão suportar a concorrência crescente da economiamundial.

Jacek Olgierd Kurski (ECR). – (PL) Senhora Presidente, apoiei este relatório interessantee completo sobre a adaptação da Europa a um mundo pós-crise. Tomei essa atitude naesperança de que o rumo proposto no relatório reduza as desigualdades crescentes entreo desenvolvimento dos diferentes Estados-Membros da UE e desacelere a “fuga de cérebros”,a que o relatório chama – com demasiada delicadeza, na minha opinião – mobilidadeintelectual. Por conseguinte, para assegurar o desenvolvimento sustentável da Europa,temos de atribuir mais fundos ao desenvolvimento da inovação e de projectos deinvestigação nos novos Estados-Membros da UE.

Devemos incentivar os governos a, além de aumentarem os recursos orçamentais atribuídostodos os anos à investigação, definirem uma percentagem do seu orçamento como umlimiar mínimo que tem de ser utilizado em projectos relacionados com investigação edesenvolvimento. Porém, o montante aplicado em investigação e desenvolvimento nãodeve, de modo algum, reduzir futuros planos orçamentais para as actuais prioridades daUnião Europeia, como a política agrícola comum ou a política de coesão, porque elastambém estão a cumprir o seu papel.

Lena Ek (ALDE). – (SV) Senhora Presidente, apesar de as inovações serem tãoextraordinariamente importantes para o desenvolvimento económico e social da Europa,até ao momento, a UE ainda não criou regulamentos colectivos no que respeita às inovações.O facto de esta proposta ter sido apresentada pela Comissão e pela ComissáriaGeoghegan-Quinn é, portanto, extremamente importante.

Quando definirmos agora as regras a aplicar, temos de tentar por todos os meios, nestedocumento e na União da Inovação, simplificar e remover qualquer burocraciadesnecessária. A simplificação das regras é extremamente necessária, porque todos osinvestigadores, todos os sectores e todas as pequenas empresas mencionam este aspectocomo o maior obstáculo à utilização de fundos da UE e ao trabalho conjunto e específicopara melhorar a situação das inovações na Europa.

Temos igualmente de assegurar uma gestão muito mais eficaz. Precisamos de nos centrarnos projectos verdadeiramente significativos em vez de distribuir os fundos por um grandenúmero de diferentes domínios, como fazemos noutros contextos. Finalmente, a Uniãoda Inovação pode ser um instrumento realmente adequado do nosso trabalho para resolveras questões climáticas. Obrigada.

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Proposta de resolução B7-0296/2011

Mitro Repo (S&D). – (FI) Senhora Presidente, a vida quotidiana dos trabalhadoresdomésticos é muitas vezes incerta, desvalorizada e não oficial. Eles são tratados de formadesigual, injusta e penalizadora.

Na Europa, os trabalhadores domésticos são geralmente trabalhadores migrantes, grandeparte dos quais chegada ilegalmente ao país onde reside. Não constam dos registos, corremo risco de serem explorados e estão à mercê dos seus empregadores. A Convenção daOrganização Internacional do Trabalho sobre os trabalhadores domésticos e as regrascomuns que ela faria aplicar constituem um meio primordial de assegurar que os direitoshumanos dos trabalhadores domésticos e que os seus direitos laborais e sociais sejamrespeitados, supervisionados e desenvolvidos.

Seria ingénuo afirmar que não existem trabalhadores domésticos na Europa. Esta é umaforma moderna de escravatura. Estes trabalhadores, que são frequentemente mulheres,são os mais vulneráveis. Não se atrevem a queixar-se do facto de serem mal tratados ou daviolência e da exploração sexual. A exploração não se aplica apenas a pessoas de fora daUE: também exploramos os nossos próprios cidadãos. Melhorar a situação dos trabalhadoresdomésticos deve ser uma prioridade para a Estratégia “Europa 2020”.

Peter Jahr (PPE). – (DE) Senhora Presidente, vou apresentar os meus pontos de vistasobre o emprego doméstico. Em primeiro lugar, concordo com quem afirma que as pessoasque trabalham neste sector – e são sobretudo mulheres, naturalmente – têm direito a umaremuneração justa e a serviços sociais justos. Também concordo inteiramente com quemrefere que, neste sector em particular, acontecem muitas coisas inacreditáveis e existe muitainjustiça.

Solicito, todavia, que seja dedicada atenção à burocracia no cumprimento de exigênciasjustificadas. Na Alemanha, por exemplo, sucede que eu, se fosse um cidadão abrangidopor esta legislação devido ao meu emprego como trabalhador doméstico, teria de solicitara ajuda de um consultor fiscal simplesmente por causa da imensa burocracia e dasdisposições regulamentares extremamente complicadas. Este facto provoca tensão, ocupatempo e implica despesas. Os empregadores que evitam a burocracia pagam depois emdinheiro ao seu pessoal, contribuindo assim – por vezes inadvertidamente – para o empregoilegal. É por isso que apelo a que seja prestada atenção à burocracia envolvida neste sector.

Proposta de resolução B7-0295/2011

Peter Jahr (PPE). – (DE) Senhora Presidente, na qualidade de agricultor qualificado,gostaria de acrescentar mais alguns comentários sobre estas questões. Em primeiro lugar,é correcto termos como objectivo reduzir a utilização de antibióticos na produção animalem particular. “O menos possível” deve ser a pedra angular da nossa acção neste contexto.O segundo ponto que quero referir é o facto de necessitarmos de uma análise do status quo,por outras palavras, uma análise da recolha de dados actualmente em curso no terreno nosEstados-Membros da União Europeia. Como é evidente, todos os Estados-Membros têmde participar nessa análise. O terceiro ponto é que precisamos de mais estudos científicosa fim de analisar os perigos e de poder contrariá-los eficazmente. Em quarto lugar, do quenão necessitamos é de papões ideológicos. A ideologia não pode substituir a ciência.

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Relatório: Marietje Schaake (A7-0112/2011)

Mitro Repo (S&D). – (FI) Senhora Presidente, este relatório merece o nosso apoio.Existem bons motivos para que a Europa seja encarada como um gigante económico: podeser igualmente um gigante cultural.

Em toda a sua diversidade cultural, a UE é uma comunidade de valores coerente mas variada.Na política internacional, a cultura reveste-se de grande importância. É um direito humano,e cada pessoa e cada nação tem o direito de o exercer. A cultura está também associada aobem-estar humano e à adaptação em geral.

A política cultural permite também que a UE crie ligações a outros países com os quaisnão foi acordada qualquer outra forma de parceria. O apoio à dimensão cultural dos paísesdo Norte de África que estão a construir uma sociedade nova e mais democrática é tambémespecialmente importante. O desenvolvimento bilateral e os acordos comerciais devemsempre exigir não apenas elementos de responsabilidade social, mas também elementosculturais. Devem mesmo existir peritos culturais associados ao Serviço Europeu para aAcção Externa, para que a cultura possa ser integrada na política externa da UE de umaforma mais coerente e mais sistemática.

Adam Bielan (ECR). – (PL) Senhora Presidente, o património cultural dos países europeusé, em si mesmo, um elemento com valor. Apesar de haver muitas diferenças culturais entreeles, os Estados-Membros já conseguiram adquirir prestígio no mundo, o que atrai oscidadãos de outros países que pretendem tirar partido desses recursos culturais. A posiçãopolítica e económica da União Europeia pode ser reforçada através da promoção daidentidade e do valor cultural da União.

As novas tecnologias desempenham um papel importante no domínio da cultura,permitindo também que as pessoas exerçam direitos humanos fundamentais. Sobretudonos países que estão sob o jugo da censura, a actividade dos cidadãos e o acesso à informaçãosão mantidos pela função instrumental da Internet. A União deve, pois, apoiar a liberdadeda Internet no palco mundial e prestar contributos significativos para o desenvolvimentoda cultura e da consciência das pessoas em sociedades fechadas. Além disso, a geraçãojovem necessita de uma estratégia coerente em matéria de mobilidade para reforçar odesenvolvimento no domínio da ciência e da cultura. Apoio medidas de diplomacia cultural,que também podem ser auxiliadas pelo trabalho das delegações parlamentares. Foi porisso que apoiei o relatório.

Zbigniew Ziobro (ECR). – (PL) Senhora Presidente, as declarações e observações contidasno relatório são excepcionalmente valiosas e adequadas. Em particular, gostaria de fazeraqui referência às declarações que recordam que a União Europeia é obrigada a tomarmedidas em todo o mundo para promover o respeito da liberdade de expressão, a liberdadede imprensa e a liberdade de acesso aos meios de comunicação social audiovisual. Tambémmuito adequado é o apelo a que a Comissão Europeia promova globalmente a liberdadena Internet, tendo em conta as ameaças a esta liberdade sobre as quais lemos e ouvimosfalar cada vez mais.

Embora me agrade notar que apelamos a valores que nós, europeus, consideramosfundamentais, admito também que foi com alguma tristeza que apoiei este relatório. Seique, por vezes, apelamos a que estes valores fundamentais sejam defendidos noutras partesdo mundo, mas esquecemos que eles também estão a ser violados em alguns dosEstados-Membros da União Europeia. Um exemplo deste facto é o que está a acontecer na

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Polónia aos jornalistas que são críticos do Governo. Estes jornalistas estão a ser retiradosem massa dos meios de comunicação social públicos e, por outro lado, representantes doGoverno procuram encerrar o jornal diário independente, detido por privados,Rzeczpospolita, que é o segundo maior diário de qualidade da Polónia e é crítico, aliás, daposição do Governo. Enquanto abordamos as questões levantadas neste relatório, tambémnos devemos opor a esta situação.

Hannu Takkula (ALDE). – (FI) Senhora Presidente, é muito importante que a dimensãocultural seja também incluída no debate sobre a política externa.

Penso que chegámos a esta conclusão porque, com a actual agitação no Médio Oriente, sepercebeu que tínhamos esquecido tudo o que diz respeito à dimensão cultural há váriasdécadas: por exemplo, nas relações da União Europeia com a Síria. Desde 1963 que a Síriase encontra sob legislação de emergência, o que permitiu a execução de pessoas semjulgamento, mas poucas delegações europeias – uma delas foi a delegação da UE –levantaram a questão. O comércio e as finanças tiveram prioridade sobre os direitoshumanos.

Tal como acabou de referir o senhor deputado Repo, os direitos humanos são uma partecrucial da dimensão cultural quando falamos da União Europeia. É importante recordaristo. Os direitos humanos, a democracia, estes alicerces: é isto que temos de promovermais vigorosamente na política externa europeia, em vez de olhar para a realidade apenasna perspectiva da economia.

Jacek Olgierd Kurski (ECR). – (PL) Senhora Presidente, apoiei este interessante relatóriosobre as dimensões culturais das acções externas da UE. Como pode alguém não ser a favordestas declarações relativas às medidas que a UE está a tomar em todo o mundo parapromover o respeito da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa, da liberdade deacesso aos meios de comunicação social audiovisual e outros direitos?

Todavia, tenho a sensação de que nos preocupamos em demasia com a situação fora daUnião e dedicamos pouca atenção às normas no seio da União, por exemplo, na Polónia,porque foi neste país que, depois de ter tomado o controlo dos meios de comunicaçãosocial públicos, a actual coligação governamental começou a despedir numerosos jornalistase encerrou os seus programas, sempre com um elemento em comum – críticas à actualsituação. Assim, por exemplo, pessoas como Jacek Sobala, Anita Gargas, Jacek Karnowskie Wojciech Leszczyński perderam os seus empregos. Jornalistas como Joanna Lichocka,Tomasz Sakiewicz, Rafał Ziemkiewicz, Jan Pospieszalski, Grzegorz Górny,Tomasz Terlikowski, Bronisław Wildstein e Wojciech Cejrowski perderam os seusprogramas – e estes são apenas alguns exemplos entre muitos outros. O amordaçamentoda liberdade de expressão é uma vergonha para toda a União Europeia.

Relatório: Marie-Thérèse Sanchez-Schmid (A7-0143/2011)

Hannu Takkula (ALDE). – (FI) Senhora Presidente, em primeiro lugar, no que respeitaao relatório da senhora deputada Sanchez-Schmid, quero dizer que é extremamenteimportante que nós, na União Europeia, reconheçamos o impacto que a indústria criativae a cultura têm no crescimento económico na União Europeia. É muito significativo: 2,6%do PIB da União resultam especificamente das indústrias criativas e empregam 3,1% daforça de trabalho da UE. Pode, portanto, dizer-se que, nos últimos anos, ou mesmo nasúltimas décadas, esta foi uma indústria em crescimento e continuará a sê-lo no futuro.

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Quando falamos da dimensão cultural, é igualmente importante recordar que ela não estárelacionada apenas com o crescimento económico. Tem a ver também com o crescimentoda Humanidade, e este ponto nunca pode ser esquecido quando se fala sobre cultura. Aeste respeito, o impacto da cultura não deve ser medido em termos de crescimento do PIB:temos também de valorizar o facto de uma pessoa não gerar apenas crescimento do PIBatravés do esforço económico, mas vivendo uma vida única de valores humanos, e é paraisso que temos de criar as condições e circunstâncias certas. Nós, enquanto membros daUnião Europeia, devemos recordar este facto porque, demasiadas vezes, a Uniãoapresenta-nos uma imagem redutora de si mesma, representada como pouco mais do queum sistema de organismos de cooperação económica, fazendo-nos esquecer o quadroglobal.

No que respeita a Sarajevo como Capital Europeia da Cultura 2014, gostaria de dizer queespero que este projecto avance. Para nós, na Comissão da Cultura e da Educação, tratou-sede uma ideia e de um projecto que todos partilhámos, já que 2014 irá assinalar o centésimoaniversário da eclosão da Primeira Guerra Mundial, que teve início com um incidenteocorrido nessa mesma cidade. Ela simboliza a evolução que teve lugar na Europa. Queremosmostrar que 2014 é o ano que pode assinalar o início de um longo período de paz ou darcontinuidade ao longo período de paz que já começou. Os países do Báltico devem também,contudo, participar mais intensamente nesta paz e no desenvolvimento da estabilidade.Isso teria certamente maior significado para uma Europa mais alargada.

Proposta de resolução B7-0281/2011

Hannu Takkula (ALDE). – (FI) Senhora Presidente, no que respeita a Sarajevo comoCapital Europeia da Cultura 2014, gostaria de dizer que espero que este projecto avance.Para nós, na Comissão da Cultura e da Educação, tratou-se de uma ideia e de um projectoque todos partilhámos, já que 2014 irá assinalar o centésimo aniversário da eclosão daPrimeira Guerra Mundial, que teve início com um incidente ocorrido nessa mesma cidade.De certa forma, ela simboliza a evolução que teve lugar na Europa. Queremos mostrar que2014 é o ano que pode assinalar o início de um longo período de paz ou dar continuidadeao longo período de paz que já começou. Os países do Báltico devem também, contudo,participar mais intensamente nesta paz e no desenvolvimento da estabilidade. Isso teriacertamente maior significado para uma Europa mais alargada.

Declarações de voto escritas

Relatório: Milan Zver (A7-0169/2011)

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo esta proposta, visto esta iniciativa pretenderatingir os grandes objectivos da Estratégia Europa 2020 de redução da percentagem deabandono escolar precoce de 15 para 10 % e de aumentar a percentagem de pessoas comeducação terciária de 31 para 40 % até 2020. A iniciativa Juventude em Movimento centra-setambém na promoção da mobilidade da aprendizagem, sendo também essencial assegurarque a educação que recebem é compatível com as necessidades do mercado de trabalhopara os dotar das qualificações e conhecimentos de que necessitam. A mobilidade éimportante para conhecer outras culturas, mas também para se conhecer a si próprio.Menos de um terço da população da UE tem educação superior, face aos 40 % dos EstadosUnidos e mais de 50 % do Japão, devendo a Europa aumentar estes números para podertornar-se mais competitiva numa economia mundial em crescimento.

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Roberta Angelilli (PPE), por escrito. – (IT) Nos últimos anos, a União Europeia centrou-secada vez mais na criação de uma sociedade baseada no conhecimento capaz de competircom todas as outras economias numa escala global. Com a sua iniciativa Juventude emMovimento, a Estratégia Europa 2020 atribui aos jovens um papel fundamental, tendo emvista a realização dos quatro principais objectivos até 2020: emprego, investigação einovação, clima e energia, educação e redução da pobreza. Estas metas são ambiciosas,tendo em conta que a situação actual é muito instável e obriga os jovens a viver num eternoestado de incerteza, muito distantes da perspectiva encorajadora de um emprego estávelno futuro e do seu lugar na sociedade. Será impossível consolidar o espírito da cidadaniaeuropeia e desbloquear o potencial que os jovens representam se os instrumentosdisponíveis não proporcionarem os recursos necessários para que tudo funcione bem.

Os Estados-Membros devem abster-se de adoptar medidas de austeridade que impliquemcortes no sistema de ensino e no emprego. Em vez disso, devem centrar-se na criação deplataformas que envolvam empregadores e trabalhadores, universidades, empresas eorganizações locais e regionais, a fim de proporcionar oportunidades no sector da educaçãoe da formação profissional e de assegurar que existe uma boa mobilidade e que asqualificações sejam reconhecidas.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Votei a favor deste relatório. Os jovensforam particularmente atingidos pela crise, e o desemprego juvenil médio na UE ultrapassaos 20%, representando o dobro da média dos adultos, enquanto em alguns Estados-Membrosé superior a 40%. Devido à crise económica, os Estados-Membros estão a reduzir oinvestimento na educação e na formação, afectando directamente as perspectivas futurasdos jovens e o futuro da UE. Investir na educação é, sem dúvida, essencial para umcrescimento e um desenvolvimento sustentáveis e, mesmo num período de crise económica,o financiamento de programas e de educação para os jovens não deve ser encarado comoum custo a pagar hoje, mas como um investimento no futuro da Europa. Penso que ainiciativa Juventude em Movimento prevista na Estratégia Europa 2020 pode contribuirpara reforçar os programas de educação, mobilidade e emprego disponibilizados aos jovense para incentivar os Estados-Membros a cumprir os objectivos da Estratégia Europa 2020.

Elena Băsescu (PPE), por escrito. – (RO) Votei a favor do relatório Zver. Neste momento,existem demasiados jovens que não utilizam todo o seu potencial na educação e na formaçãoprofissional. Estes problemas exigem uma acção harmonizada a nível da UE para que osjovens estejam mais bem preparados para o mercado de trabalho. Necessitamos de políticasque abranjam os passos que os jovens têm de dar quando fazem a transição da educaçãopara o emprego. Considero vital que os jovens e as várias organizações de jovens estejamenvolvidos no processo decisório. Isto ajudará a reforçar o seu sentimento de pertença ea convicção de que prestam um contributo activo para uma estratégia para a juventude.O objectivo fundamental da iniciativa “Juventude em Movimento” tem de ser o de aumentara coesão europeia. A UE deve pôr em prática os seus próprios instrumentos financeirospara ajudar os jovens, utilizando mais eficazmente o Banco Europeu de Investimento e oFundo Europeu de Investimento.

Regina Bastos (PPE), por escrito. − A iniciativa Juventude em Movimento integra-se naEstratégia Europa 2020, apresenta 28 medidas com vista a adequar melhor os sistemas deensino e de formação às necessidades dos jovens, incentivando-os a tirar partido dos apoioscomunitários para estudar ou frequentar um curso de formação noutro país. A presenteiniciativa visa aumentar a mobilidade dos jovens, procurando garantir que, em 2020, todosos jovens da União Europeia tenham oportunidade de estudar no estrangeiro.

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O presente relatório, que mereceu o meu apoio, alerta para um conjunto de situações quemerecem atenção especial. A fim de evitar que esta iniciativa exista apenas enquantoconceito, torna-se necessário que os Estados-Membros se comprometam tanto em termosde apoio financeiro como de execução, sendo igualmente necessária a adopção de umorçamento da UE para este efeito.

É necessária a superação de barreiras e obstáculos práticos à mobilidade, bem como aimplementação de mecanismos adicionais que garantam que as pessoas portadoras dedeficiência usufruam das mesmas oportunidades que todas as outras. Não menos importanteé a mobilidade dos estudantes do ensino secundário, pelo que programas como o Comeniusdevem ser mais promovidos nos Estados-Membros.

Jean-Luc Bennahmias (ALDE), por escrito. – (FR) Embora os números do desempregojuvenil europeu sejam extremamente preocupantes – em Janeiro de 2011, a taxa dedesemprego das pessoas com idade inferior a 25 anos na UE aumentou para 20,6% – orelatório sobre esta iniciativa emblemática para 2020, “Juventude em Movimento”, instaos Estados-Membros a aumentarem o seu investimento na educação, formação e mobilidade.As políticas relativas aos jovens, quer digam respeito à educação e formação iniciais,contínuas ou profissionais, têm de ser encaradas como um investimento, não como umcusto. Colocar a tónica no capital humano é essencial para o futuro das nossas sociedadeseuropeias. Salientar as sinergias entre os diferentes agentes envolvidos, desenvolver aindependência dos jovens, tomar medidas para pôr fim ao abandono escolar precoce,reafirmar a importância da formação profissional e dos aprendizados, adoptar um quadroeuropeu vinculativo de qualidade para os programas de formação: estes são exemplos deboas ideias que é importante divulgarmos agora a nível nacional. Isto deve-se ao facto deo sucesso da Estratégia “Europa 2020” depender da iniciativa e da vontade política dosEstados responsáveis pela sua aplicação, pois estas políticas permanecem, em grandemedida, no âmbito das competências nacionais.

Sergio Berlato (PPE), por escrito. – (IT) A Juventude em Movimento é uma das iniciativasemblemáticas da Estratégia “Europa 2020” para a promoção de um crescimento económicointeligente, sustentável e inclusivo. A iniciativa define caminhos fundamentais paraaumentar a educação e a formação dos jovens através da mobilidade e, consequentemente,para facilitar a sua entrada no mercado de trabalho. De acordo com números recentes,14,4% dos jovens europeus com idade entre os 18 e os 24 anos abandonaram o ensinoantes de concluírem o nível secundário, e menos de um terço da população da UniãoEuropeia tem um diploma do ensino superior, em comparação com os 40% dos EstadosUnidos e os 50% do Japão. É essencial que os jovens possam desenvolver competências eaptidões que lhes permitam entrar no mercado de trabalho e dar um contributo activopara o crescimento da União.

Por conseguinte, apoio convictamente a iniciativa que visa reduzir a taxa de abandonoescolar para 10% e aumentar a percentagem de pessoas com formação superior de 31%para 40% até 2020. Finalmente, entendo que uma educação e uma formação de elevadaqualidade são indispensáveis para fazer face às exigências do mercado de trabalho moderno.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE), por escrito. – (ES) Apoiei este relatório devido ànecessidade de promover um quadro para a melhoria dos sistemas de educação e formaçãona Europa. A iniciativa Juventude em Movimento tem de ser uma acção política destinadaa promover programas de educação, mobilidade e emprego para os jovens de hoje e

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funcionar como um incentivo a que os Estados-Membros cumpram as metas da Estratégia“Europa 2020”.

Maria Da Graça Carvalho (PPE), por escrito. − Louvo a visão do relator em relação aoinvestimento que se deve fazer no futuro dos jovens europeus. A mobilidade no ensino,para além de melhorar as hipóteses de encontrar o primeiro trabalho dos estudanteseuropeus, promove uma maior consciência e cidadania europeia, e por conseguinte ummaior envolvimento dos jovens nos processos democráticos da União. Dito isto, apoio osesforços demonstrados no sentido de garantir a qualidade e acessibilidade da mobilidadedo ensino, e sublinho a importância referida pelo relator em incentivar maisEstados-Membros a assinarem a Carta Europeia da Qualidade da Mobilidade da Comissão.

Nessa Childers (S&D), por escrito. – (EN) A Juventude em Movimento é uma iniciativafantástica, e eu, colocando-me firmemente ao lado do meu grupo, apoio-a inteiramente.

Nikolaos Chountis (GUE/NGL), por escrito. – (EL) O relatório faz referência ao programa“Juventude em Movimento”, que permite que os jovens e as organizações de jovens façammais a nível europeu (seminários, reuniões, viagens) e assumam um papel activo em políticasrelacionadas com os jovens, recorrendo a assistência financeira da UE. Os pontos positivosdo relatório incluem as referências frequentes à importância do acesso à educação, aoposição a reduções das despesas em educação e formação e um apelo a um financiamentoacrescido para os jovens que permita que, em iguais circunstâncias, todos possam participarneste programa. A iniciativa proporciona também aos jovens de países vizinhos aoportunidade de intervir e sublinha a necessidade de combater a discriminação no localde trabalho. É atribuída enorme importância a um sistema pragmático de estágios quepermita que todos tenham um salário digno e acedam à segurança social para que essesestágios não substituam os verdadeiros postos de trabalho. Contudo, uma vez que háalguns pontos no relatório que são típicos da política de Bolonha em matéria de educação,à qual me oponho, nomeadamente quando se refere a necessidade de formular programascoerentes com as “necessidades do mercado” – o que pode, na minha opinião, pôr em causaa natureza do programa – abstive-me da votação.

Carlos Coelho (PPE), por escrito. − Nos dias de hoje, os jovens são um dos grupos sociaismais afectados com a crise económica e financeira mundial. A UE e os Estados-Membrostêm a obrigação de apoiar medidas concretas e eficazes que permitam, através de umamelhor educação, formação e mobilidade, fazer a transição para o mercado de trabalho.A iniciativa Juventude em Movimento vem precisamente responder a este desiderato,dando resposta aos desafios enfrentados pelos jovens e ajudando-os a ter êxito na economiado conhecimento.

Face aos inaceitáveis números de desemprego juvenil, considero que a qualidade da educaçãoe formação, a integração adequada no mercado de trabalho e uma aposta forte na mobilidadedos jovens são pontos cruciais para explorar o potencial de todos os jovens e realizar osobjectivos da Europa 2020.

Por outro lado, não obstante esta iniciativa centrar-se no emprego como resultado final,não desassocia os aspectos ligados à educação, à participação da juventude, à cidadaniaactiva, à mobilidade, à aprendizagem de línguas e todo um conjunto de competências quesão hoje fundamentais no âmbito da educação não formal.

Apoio o relatório apresentado e apelo a um financiamento forte da iniciativa, indispensávelpara um crescimento sustentável.

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Page 71: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Giovanni Collino (PPE), por escrito. – (IT) A iniciativa “Juventude em Movimento” é umponto de referência importante para os jovens cidadãos europeus. É um ponto de referênciasobretudo em termos financeiros, pois representa mais um impulso para os projectoseuropeus relativos à mobilidade dos jovens estudantes e melhora as escolas europeias,estimulando a investigação e o debate sobre o significado de uma Europa unida edemonstrado o que ela pode proporcionar. O contributo da “Juventude em Movimento”para o debate sobre a definição de um modelo cultural europeu não é menos importante.A cooperação entre os vários institutos e a aprendizagem nas várias disciplinas, que sãoleccionadas de forma diferente nos vários países, dependendo igualmente da consciênciapolítica das classes dirigentes, também representam um contributo fundamental para adefinição de uma identidade europeia. Temos de zelar por que, através dos nossos jovens,estas identidades sejam verdadeiramente europeias e não permitam que o único modeloeducativo futuro dos nossos jovens seja o americano, embora este tenha sido, naturalmente,um ponto de referência importante até ao momento. A União Europeia tem todos osinstrumentos de que necessita para transmitir ao mundo os seus valores e as suas ideiasno que respeita ao modo como pretende e continuará a pretender que as suas criançascresçam.

Mário David (PPE), por escrito. − Os jovens são, em grande medida, caracterizados peloseu dinamismo, pela sua enorme generosidade e por uma imensa capacidade deaprendizagem e assimilação. Uma Europa com futuro e que se pretende cada vez maiscompetitiva e dinâmica precisa deste importante capital. O Programa Juventude emMovimento, incluído na Estratégia 2020, é por isso uma importante sistematização dosprogramas de apoio aos mais jovens, com objectivos ambiciosos, mas bem claros, no qualme revejo e que espero seja alvo de uma forte participação por parte daqueles a quem sedirige. Esta iniciativa advoga a necessidade de melhorar o acesso ao mercado de trabalhopor parte dos mais jovens – objectivo actualmente bastante pertinente, dado o valor atingidopelo desemprego juvenil em diversos Estados-Membros. Assinalável é também a atençãodada à importância da mobilidade dos jovens europeus, tanto durante o seu período deformação como de experiência profissional. Esta formação de carácter multicultural eplurigeográfico proporcionará uma formação mais completa e mais rica, contribuindopara a construção de um efectivo sentimento de pertença europeu que ajudará a cimentar oconceito de Cidadania Europeia constante dos Tratados. Pelo apoio e reforço destas medidas,voto favoravelmente este relatório.

Marielle De Sarnez (ALDE), por escrito. – (FR) Os programas de mobilidade dosestudantes como o Erasmus, o Erasmus Mundus e o Comenius atraem cada vez maiscandidatos. Todavia, ainda existem obstáculos práticos à mobilidade, em especial naobtenção de vistos e de documentos médicos em diferentes línguas, na transferência debolsas para o estrangeiro e no reconhecimento das qualificações obtidas noutroEstado-Membro. Em 2004, ano em que foi lançado o programa de intercâmbio ErasmusMundus, com a ajuda de uma ampla maioria deste Parlamento, consegui que a ComissãoEuropeia aceitasse tomar as medidas necessárias para assegurar a qualidade deste programa.Foi mesmo criada uma “Carta Europeia da Qualidade da Mobilidade”. Todavia, sete anosdepois, continuam a existir os mesmos obstáculos. Foi por isso que o Parlamento Europeuquis reiterar a necessidade de investimentos acrescidos na educação e na formação. Aabertura de programas de mobilidade europeus a todos os jovens, independentemente doseu percurso ou do seu estatuto social, é essencial para lhes proporcionar um melhor acessoao mercado de trabalho. É chegado o momento de os Estados-Membros se comprometerem

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verdadeiramente a fim de assegurar uma formação de elevada qualidade a todos os jovenseuropeus.

Christine De Veyrac (PPE), por escrito. – (FR) Tendo em conta que os jovens são o futuroda Europa, e uma vez que seria irresponsável não os tornar uma prioridade quandoenfrentam uma taxa de desemprego de aproximadamente 20%, apoiei entusiasticamenteo relatório Zver sobre a melhoria dos sistemas de ensino e formação europeus. Para umconjunto de estudantes, confrontados com exigências cada vez maiores por parte dosempregadores, a entrada no mercado de trabalho é muitas vezes uma verdadeira provação.Foi por isso que o Parlamento Europeu saudou muito calorosamente as propostas dorelatório sobre a “Juventude em Movimento”: aumentar o investimento no ensino superior,desenvolver programas de mobilidade internacional, reconhecer competências adquiridasa título informal, combater o abandono escolar precoce e ajudar os jovens a entrar nomercado de trabalho.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − A aposta na educação e na formação para atingir umamaior qualificação dos jovens europeus é um objectivo fundamental da Estratégia UE 2020e um instrumento que considero essencial para combater o desemprego e incentivar oempreendedorismo. É por isso de saudar a iniciativa Juventude em Movimento, em especialna sua vertente de apoio e incentivo à mobilidade dos estudantes e de reconhecimento dequalificações, bem como na importância que é dada à formação não-formal e informal,tantas vezes tão ou mais importante do que as aprendizagens formais.

Se a Europa quer cumprir, com sucesso, os ambiciosos objectivos da Estratégia UE 2020– com forte incidência na inovação, na investigação e na formação –, terá que investir numamelhor qualificação dos seus jovens, optando por modelos de educação mais vocacionadospara a futura inserção no mercado de trabalho, dando especial atenção aos conhecimentosque realmente preparam os jovens para o futuro.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − O presente relatório versa sobre a iniciativaJuventude em Movimento, que se espera seja um quadro que venha a melhorar os sistemasde ensino e formação. Trata-se de uma das sete iniciativas emblemáticas da EstratégiaEuropa 2020 que tem como prioridades entrelaçadas o crescimento inteligente, sustentávele inclusivo. Esta iniciativa é composta por 28 acções-chave e medidas concretas que visamfomentar a educação e formação dos jovens, através da mobilidade e empregabilidade,indo ao encontro dos objectivos da Estratégia UE 2020 de reduzir o abandono escolar paramenos de 10 %, aumentar o nível de educação terciária de 31 para 40 % até 2020 e reduziro desemprego, sobretudo o jovem, que actualmente se cifra em cerca de 21 %. Por isso, ecomo proponente da acção preparatória para a juventude O teu primeiro emprego EURES,não podia estar mais de acordo com as propostas plasmadas no relatório e votei-ofavoravelmente, consciente de que a UE deve continuar, e reforçar, todas as medidas deapoio aos nossos jovens. Só assim conseguiremos uma Europa mais forte, solidária einclusiva.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − Tendo em conta a temática do relatório e a suaextensão, ele acaba necessariamente por abordar questões relevantes, nuns casos de formacorrecta, noutros de forma incorrecta ou muito insuficiente, sendo contraditório em algunspontos.

Refere, designadamente nos considerandos, questões importantes como o declínio doinvestimento público no ensino superior, o aumento dos seus custos de frequência e a suaconsequente elitização – questão que não é devidamente retomada na parte resolutiva.

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Refere também as dificuldades que muitos jovens têm em aderir aos programas demobilidade por razões económicas, o problema do abandono escolar e o desemprego eprecariedade laboral entre os jovens.

E aqui se tornam mais patentes as suas contradições: ao caucionar os objectivos da chamadaEstratégia Europa 2020, acaba por defender o caminho que conduz aos problemas queidentifica, ou seja, a precariedade laboral dos jovens e o desemprego. Por um lado, defendeo fim das discriminações dos jovens no local de trabalho, incluindo salariais; por outrolado, abre implicitamente a porta a um estatuto diferenciado para estes trabalhadores nasreferências que faz aos estágios e é equívoco no que toca às protecções para o trabalho atípicoe precário.

Por estas razões nos abstivemos na votação final.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − Não basta enunciar princípios interessantesse não se tiver em conta a realidade. É preciso ter uma educação de qualidade, desde osprimeiros anos de vida, para garantir o desenvolvimento da pessoa humana e das sociedades.Mas cada vez há menos verbas para uma educação pública de qualidade, e os alunos estãoconfrontados com falta de apoios, desemprego das famílias e abandono dos estudos, comoacontece em Portugal com as políticas restritivas que estão a ser praticadas.

A realidade é, pois, a de um acentuado desinvestimento nestas áreas. Em nome da crise,há um recuo do Estado, também aqui, pondo em causa a sua função social, tendo comoresultado o acentuar das desigualdades no acesso à educação, ao conhecimento e à culturae, consequentemente, a reprodução e aprofundamento das desigualdades sociais.

A realidade, em Estados-Membros como Portugal, é a do encerramento de milhares deestabelecimentos de ensino, a que acresce o desemprego juvenil e a precariedade laboralde milhares de professores, o subfinanciamento crónico do sistema de ensino superiorpúblico e o aumento dos custos da sua frequência. A realidade é a de orçamentos para acultura reduzidos à indigência.

O mais grave de tudo isto é que a situação se agravará caso venha a ser implementado oprograma de ingerência e agressão preparado pelo FMI, pelo BCE e pela Comissão Europeia.

Pat the Cope Gallagher (ALDE), por escrito. – (GA) O programa Juventude em Movimentoé uma iniciativa essencial para a Estratégia “Europa 2020”. Os objectivos do programaJuventude em Movimento são incentivar o ensino superior na União, melhorar a qualidadeda educação e da formação e promover a mobilidade dos estudantes aumentando a eficáciados programas europeus existentes.

Elisabetta Gardini (PPE), por escrito. – (IT) Este relatório acrescenta um elementofundamental a uma política europeia que tem de procurar proporcionar aos jovens osinstrumentos necessários para serem mais competitivos num mercado de trabalho que setorna cada vez mais globalizado. A concentração na mobilidade dos estudantes deve sero primeiro passo da criação de mais oportunidades de emprego para os nossos jovens.Infelizmente, os números relativos ao desemprego juvenil em muitos Estados-Membrostêm de constituir motivo de preocupação e de reflexão. O apoio aos jovens através doincentivo ao diálogo entre as instituições europeias e as organizações de jovens é um bomcomeço, mas não pode ser considerado o objectivo último. Devemos ser capazes de osouvir e de lhes dar credibilidade e confiança. Só assim conseguiremos criar uma Europaque as novas gerações irão encarar como uma oportunidade e não como um peso.

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Louis Grech (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor do relatório Zver. Para que a“Juventude em Movimento”, uma iniciativa emblemática da Estratégia UE 2020, sejabem-sucedida, as instituições da UE têm de criar uma política pragmática, exaustiva eampla, apoiada por todos os Estados-Membros, centrada na ligação entre os domínios daformação profissional, das qualificações profissionais, da aprendizagem ao longo da vidae dos aprendizados no mercado de trabalho a fim de assegurar que cada Estado-Membrotome realmente como seu o sistema de ensino da UE. A “Juventude em Movimento”destina-se a facilitar aos jovens europeus a transição entre a aprendizagem e a formaçãono mercado de trabalho. Uma das finalidades desta política é reduzir o número de alunosque abandonam precocemente o ensino e aumentar a percentagem de pessoas comformação superior, visto que o abando escolar precoce é contrário à dinâmica e àsnecessidades do mercado de trabalho e também colide directamente com a sustentabilidadeeconómica e social global da Europa. Consequentemente, todos os actores do mercado detrabalho, nomeadamente os dos sectores profissionais, das empresas, dos sindicatos, dosministérios e dos serviços públicos de emprego, devem empenhar-se num diálogoestruturado sobre as formas de promover a integração dos jovens, de promover formaçãoformal e informal e, em última análise, de desenvolver um sistema de ensino na UE queseja capaz de proporcionar segurança profissional aos nossos jovens.

Mathieu Grosch (PPE), por escrito. – (DE) Este relatório demonstra uma vez mais comoé importante para o desenvolvimento europeu promover a mobilidade dos nossos jovensem todos os sectores. O alinhamento dos programas de estudos com o correspondentereconhecimento mútuo tem de ser alcançado em todos os domínios da formação e daeducação, em particular nas profissões artesanais, em que há muito terreno para recuperar.

Deve existir também um maior controlo por parte das autoridades educativas competentesnos países em causa, verificando se é necessário eliminar obstáculos adicionais levantadosa nível da administração ou a nível das associações comerciais.

A mobilidade dos aprendizes também conduz a um melhor reconhecimento de muitasprofissões e impede o dumping social, já que existe uma escala progressiva que implica queao mesmo nível de formação seja atribuída a mesma remuneração.

Sylvie Guillaume (S&D), por escrito. – (FR) O senso comum popular diz que “viajar abrea mente”. É nesta perspectiva que apoio a ideia, defendida no relatório Zver, de que ofinanciamento da educação e da mobilidade dos jovens é um investimento no futuro daEuropa, não um ónus adicional sobre o orçamento, apesar da situação económica difícilque vivemos. Além disso, o estatuto social ou a situação financeira de uma pessoa nãodevem limitar o seu aceso às oportunidades de viajar para o estrangeiro. De igual modo, adeficiência também não deve ser um obstáculo, e é por isso que devem ser reservadosfundos adicionais para os jovens com deficiências. Finalmente, devem ser instituídos direitosjuridicamente vinculativos a fim de evitar os empregos precários e a exploração de que osjovens estagiários podem ser vítimas.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documento porque elereconhece que é essencial ultrapassar obstáculos e impedimentos práticos à mobilidade epromover ainda mais o reconhecimento do tempo passado no estrangeiro e dasqualificações de outros países da UE. Além disso, o texto reconhece que as pessoas comdeficiências enfrentam mais obstáculos à mobilidade do que as pessoas sem deficiências,devendo ser postos em prática mecanismos adicionais para assegurar que usufruam dasmesmas oportunidades que todas as outras pessoas. Além disso, os estudantes com famílias

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(por exemplo, com filhos) devem também receber apoio adicional para fazerem face aosdesafios específicos que se colocarão ao participarem na mobilidade educativa. A mobilidadede qualidade é fundamental para a realização de uma aprendizagem intercultural, dodesenvolvimento pessoal e do multilinguismo por parte dos jovens. A tónica é colocadano emprego como resultado final e este é, de facto, um problema ligado à educação, mastambém à participação da juventude e à cidadania activa. Por conseguinte, os programasexistentes devem continuar a incidir na cidadania activa e no desenvolvimento decompetências essenciais, na educação não formal e na promoção da sociedade civil europeia.A fim de evitar que esta nova estratégia exista apenas enquanto conceito, é essencial queos Estados-Membros se comprometam, tanto em termos de apoio financeiro como deexecução nacional nos respectivos países, e que seja adoptado um orçamento da UE paraeste efeito. Os Estados-Membros devem considerar esta iniciativa um investimento a longoprazo, não apenas na educação dos jovens mas também na prosperidade futura dos seuspaíses e da UE como um todo.

Cătălin Sorin Ivan (S&D), por escrito. – (RO) O meu apoio ao programa “Juventude emMovimento” é indiscutível e baseia-se numa questão de princípio. Contudo, procurámossugerir aditamentos à proposta da Comissão, que considerámos necessária.

De facto, no relatório adoptado sem qualquer dificuldade na Comissão da Cultura e daEducação e, durante a sessão plenária do Parlamento Europeu, salientámos a importânciade os Estados-Membros estarem envolvidos no processo de execução e seremacompanhados pela Comissão Europeia.

Também apelámos a que programas bem-sucedidos, como o Programa de Aprendizagemao Longo da Vida, recebessem mais fundos no novo quadro financeiro plurianual, esolicitámos uma melhor coordenação entre programas.

Deve prestar-se a devida atenção aos jovens, que estão no centro deste programa global,e devem ser-lhes proporcionados empregos e oportunidades de afirmação, porque elessão os cidadãos europeus de quem dependeremos no futuro.

Giovanni La Via (PPE), por escrito. – (IT) Numa Europa que olha para o futuro, a reflexãosobre os jovens tem de ser uma prioridade. Criar-lhes condições para seguir o caminhoeducativo mais adequado, aprender mais facilmente línguas estrangeiras, abordar o mundodo trabalho dotados das competências certas ou porventura entrar num novo ambienteprofissional significa construir um futuro para todos os países da União Europeia atravésdas energias dos estudantes universitários e dos jovens trabalhadores, que se juntam namesma mescla económica e cultural. Hoje, mais do que nunca, acredito numa determinadaEuropa – uma incubadora de ideias e projectos – e foi por isso que votei a favor do relatóriodo senhor deputado Zver. No que respeita à Estratégia UE 2020, criar uma rede deconhecimento e de oportunidades, não apenas para os jovens, mas também para osprofessores e todos aqueles que trabalham na educação e na formação, significa dar oxigénioàs energias que temos de libertar utilizando a mobilidade dos nossos jovens, que têm deaprender a viver na Europa do futuro.

Constance Le Grip (PPE) , por escrito. – (FR) Votei a favor do relatório do senhor deputadoMilan Zver intitulado “Juventude em Movimento – Um quadro destinado a melhorar ossistemas de ensino e formação europeus”. Através deste relatório, penso que é importanteapoiar os vários programas que foram introduzidos a nível europeu para facilitar amobilidade juvenil, que são benéficos tanto em termos da aquisição de novo conhecimentoe novas competências como no que respeita ao desenvolvimento de uma verdadeira

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cidadania europeia. A nível europeu, é importante que, após 2013, aumentemos os créditosatribuídos aos programas europeus de mobilidade, como o Erasmus e o Leonardo da Vinci,e os tornemos permanentes para que beneficiem mais jovens – não apenas estudantes, mastambém estagiários, jovens profissionais e jovens agricultores. Penso também que énecessário evoluir para uma maior reconhecimento das qualificações obtidas através detodos os diferentes tipos de aprendizados, não formais ou informais, tendo em conta ascompetências que podem ser adquiridas neste contexto. Finalmente, quero sublinhar queuma das principais formas de combater o desemprego juvenil é continuar a adaptar ossistemas de ensino e de formação às necessidades, em constante evolução, do mercado detrabalho.

Elżbieta Katarzyna Łukacijewska (PPE), por escrito. – (PL) A questão dos sistemas deensino e formação adquire actualmente um novo significado, totalmente diferente do queexistia, por exemplo, há uma década ou mais. Em diferentes regiões da Europa, encontramosníveis de ensino que não são iguais, pelo que a necessidade de melhorar a situação nestedomínio parece ser inquestionável. É importante que os jovens tenham a oportunidade dedesempenhar um papel activo no mundo do trabalho e também na sociedade civil no seusentido mais amplo. Eu próprio estou estreitamente associado a um trabalho, que apoio,relativo ao programa Juventude em Acção e ao Serviço Voluntário Europeu, que é umadas cinco acções operacionais do Juventude em Acção. Por conseguinte, penso que éimportante que o Parlamento Europeu possa continuar a apoiar medidas semelhantes.

Neste momento, não podemos esquecer os jovens. Deve ser-lhes proporcionada aoportunidade de se desenvolverem, e importa ajudá-los para que possam adquirir novascompetências numa economia que se torna cada vez mais internacional. A Juventude emMovimento não é apenas uma oportunidade para os jovens se tornarem activos ecomeçarem a trabalhar, antes é, acima de tudo, uma forma de eles ultrapassarem as suaslimitações e fragilidades e uma hipótese de se desenvolverem. Foi por isso que apoiei orelatório do senhor deputado Zver. Obrigada.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor deste relatório. A Juventude emMovimento é uma das sete iniciativas emblemáticas da Estratégia “Europa 2020” daComissão Europeia para promover o crescimento económico inteligente, sustentável einclusivo. A iniciativa consiste em 28 acções fundamentais e medidas concretas paraaumentar a educação e a formação dos jovens através da mobilidade e facilitar a suatransição do ensino para o mercado do trabalho. Trata-se de um aspecto particularmenteimportante hoje em dia, na medida em que os jovens, sendo um dos grupos sociais maisafectados pela crise financeira mundial e tendo sido os que menos fizeram para causar estasituação, devem ser apoiados no acesso ao mercado de trabalho para garantir o seu futuroe impulsionar a economia. Os jovens são os decisores de amanhã, pelo que é essencial queconsigam hoje desenvolver as competências, qualificações e conhecimentos que lhespermitirão contribuir activamente para o crescimento e o futuro sustentável da UniãoEuropeia ao longo dos próximos anos, assim como alcançar os objectivos definidos naestratégia de crescimento da UE.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − No âmbito da Estratégia Europa 2020, as qualificaçõese os conhecimentos dos jovens são essenciais para alcançar os objectivos de um crescimentointeligente, sustentável e inclusivo. Assim sendo, a juventude tem um papel fundamentala desempenhar na realização dos cinco grandes objectivos da UE para 2020: emprego,investigação e inovação, clima e energia, educação e combate à pobreza. Dessa forma, ainiciativa Juventude em Movimento é emblemática da Estratégia Europa 2020, e visa reforçar

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Page 77: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

a atractividade do sistema de ensino superior na Europa, a qualidade global de todos osníveis de ensino e formação e a mobilidade dos estudantes e dos trabalhadores através deum melhor aproveitamento dos programas europeus existentes. É assim essencial o apoioa esta iniciativa, para que no futuro tenhamos jovens cada vez mais qualificados e preparadospara a concretização dos objectivos da estratégia Europa 2020.

Louis Michel (ALDE), por escrito. – (FR) A iniciativa “Juventude em Movimento” incidesobre a mobilidade para fins educativos, mas é igualmente vital assegurar que o ensino queos jovens recebem satisfaça as necessidades do mercado de trabalho e, consequentemente,é essencial dotá-los das competências e do conhecimento de que irão necessitar.

Os jovens são, infelizmente, um dos grupos sociais mais atingidos pela crise financeiraglobal, e deve ser-lhes prestada assistência para entrarem no mercado de trabalho e seremcapazes de traçar o seu futuro e apoiar a economia. A educação e a formação são factoresfundamentais de uma maior prosperidade e de uma maior coesão social na Europa. Amobilidade dos estudantes é claramente uma componente central da Estratégia “Europa2020”. Cria muitas oportunidades para a emancipação intelectual dos estudantes, para ocombate ao abandono escolar precoce, o desemprego e a pobreza, bem como para odesenvolvimento de cooperação internacional no ensino superior, bem como na educaçãoe na formação profissional.

Além disso, a mobilidade dos estudantes é um dos maiores desafios da integração europeia.Todavia, esta mobilidade deve ter lugar com recursos financeiros que estejam à altura dasambições dos jovens e da eliminação dos obstáculos práticos que se lhe colocam.

Andreas Mölzer (NI), por escrito. – (DE) Os efeitos da crise económica global foramdrásticos para os jovens, em particular noutras partes do mundo, mas também na UE. Odesemprego juvenil na UE atingiu um máximo de 21%. Este número é agravado pelo factode 15% destes jovens terem abandonado o ensino e não terem, portanto, quaisquerqualificações para o mercado de trabalho. A UE tem o objectivo de reduzir esta taxa para10% até 2020 e aumentar a percentagem de pessoas com um diploma de uma universidadeou de um instituto politécnico de 31% para 40%. Para se poderem cumprir estas metas,tem de haver um reconhecimento à escala da UE dos cursos e qualificações da educação eda formação. Esta é igualmente a única forma de conseguir uma maior mobilidade dosnossos jovens, sendo também uma medida que se destina a ajudá-los a conhecer novasculturas e sociedades para que tenham, de igual modo, a possibilidade de serembem-sucedidos autonomamente fora do seu país de origem nos próximos anos. Por essemotivo, os obstáculos que ainda existem têm de ser suprimidos e os procedimentos têmde ser simplificados, enquanto os programas existentes precisam de ser expandidos epromovidos.

Abstive-me na votação, porque acho que não houve qualquer discussão sobre a forma depromover o reconhecimento mútuo das qualificações obtidas através de métodos deeducação e formação qualitativamente diferentes. Isto aplica-se especialmente às profissõesartesanais, para as quais não existe uma norma uniforme em toda a Europa em que asqualificações possam ser integradas.

Franz Obermayr (NI), por escrito. – (DE) Os jovens foram, de forma particular, vítimasde consequências graves da crise económica global, nomeadamente aumentos drásticosdo desemprego juvenil e das taxas de abandono escolar. Os jovens encontram-sefrequentemente sem perspectivas. Neste contexto, é importante aumentar a sua mobilidadena UE para que, sempre que necessário, tenham mais possibilidades de encontrar emprego

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noutro mercado de trabalho. A base para esta mobilidade é o reconhecimento mútuo dasqualificações e dos cursos de educação e formação. Abstive-me na votação deste relatórioporque ele não propõe quaisquer soluções tangíveis que indiquem como deve ter lugar oreconhecimento mútuo, tendo em conta, naturalmente, que, em muitos domínios, existemmétodos de educação e formação qualitativamente muito diferentes.

Justas Vincas Paleckis (S&D), por escrito. – (LT) Os Estados-Membros da União Europeiaenfrentam uma taxa elevada de desemprego juvenil. Em alguns países, essa taxa aproxima-semesmo dos 21%. Trata-se do dobro da taxa de desemprego média dos adultos. Votei afavor deste relatório porque o documento apresenta orientações sobre como melhorar aeducação dos jovens e reduzir a taxa de desemprego juvenil. Concordo com a ideia dorelatório de que é muito importante colocar a tónica na criação de novos programas quepermitam que os jovens combinem o trabalho com os estudos. Este elemento é crucialpara os estudantes que procuram obter educação mas têm de se sustentar financeiramente.Um dos principais objectivos do programa é reduzir o número de pessoas que abandonamprecocemente o ensino, aumentando o seu risco de exclusão do emprego e da sociedadeno futuro. Temos de reforçar o apoio às pessoas com deficiências e aos jovens com filhos,para que eles possam participar em programas de mobilidade e tirar partido desteoportunidade de encontrar um equilíbrio entre a educação, o trabalho e a vida privada. Oacesso aos programas de mobilidade deve ser facultado não só aos estudantes universitários,mas também aos jovens com baixo nível de qualificações e aos alunos do ensino secundário.É também imprescindível que os jovens adquiram mais experiência e conhecimentospráticos através de estágios obrigatórios de elevada qualidade.

Georgios Papanikolaou (PPE), por escrito. – (EL) A iniciativa emblemática “Juventudeem Movimento” é uma das sete grandes iniciativas incluídas na Estratégia UE 2020 daComissão Europeia para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. O programaconcentra-se na mobilidade dos estudantes, mas o seu valor acrescentado reside no factode também antecipar uma educação que corresponda às necessidades do mercado detrabalho e proporcione as competências e o conhecimento necessários. Contudo, estainiciativa tem de ser combinada com o relatório intitulado “Uma Estratégia da UE para aJuventude”, adoptado pelo Parlamento Europeu em 2010, que procura delinear umaestratégia europeia nova e sólida para os próximos dez anos, para que a Europa possadesenvolver um quadro político único no que respeita às questões da juventude. Alémdisso, a fim de evitar que esta medida se esgote apenas em declarações, a responsabilidadeé atribuída, em geral, aos Estados-Membros, e é lamentável que os recentes programas dereformas nacionais não sejam coerentes com os objectivos da Estratégia UE 2020, apesarde todos reconhecermos que o investimento em investigação e educação é um investimentoa longo prazo com um retorno positivo que influenciará claramente a prosperidade futurados cidadãos europeus.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − O presente relatório tem por base acriação de um quadro destinado a melhorar os sistemas de ensino e formação europeus.Esta medida é uma das acções-chave da iniciativa Juventude em Movimento, iniciativa que seinsere na Estratégia Europa 2020 da Comissão Europeia para promover o crescimentoeconómico inteligente, sustentável e inclusivo. Pretende-se, através de medidas concretas,aumentar a educação e a formação dos jovens através da mobilidade e da facilidade detransição dos jovens do ensino para o mercado de trabalho. Estamos perante uma matériamuito actual, na medida em que os jovens, sendo um dos grupos sociais mais afectadospela crise financeira mundial e tendo sido os que menos fizeram para causar esta situação,

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Page 79: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

devem ser apoiados no acesso ao mercado de trabalho para garantir o seu futuro eimpulsionar a economia. Na verdade, a mobilidade pode constituir-se como um motordessa transição do ensino para o mercado de trabalho. Neste sentido, considero que umdos factores mais importantes da mobilidade no ensino consiste em garantir uma qualidadede ensino elevada e, ao mesmo tempo, torná-la acessível a todos os jovens. Por estas razões,dei o meu voto favorável ao presente relatório.

Phil Prendergast (S&D), por escrito. – (EN) O programa Juventude em Movimentorepresenta uma oportunidade para explorar o potencial dos jovens e permite-lhes contribuirpara um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo na UE. O programa apoia aaprendizagem ao longo da vida e a iniciativa “Novas Competências para Novos Empregos”da Comissão Europeia. Procura também aperfeiçoar o ensino superior na Europa e melhorara mobilidade dos estudantes e dos trabalhadores através dos programas europeus existentes.A Estratégia UE 2020 declara que até 2020, todos os jovens europeus deverão ter apossibilidade de efectuar uma parte do seu percurso educativo noutros Estados-Membros.A actual crise económica afectou gravemente os jovens, e as taxas de desemprego juvenilda UE representam o dobro das taxas médias dos adultos. Este é um dos desafios maisdifíceis que se colocam à Europa, e é vital que os Estados-Membros não respondamreduzindo o investimento na educação. Temos de zelar por que os nossos jovens possamaprender e viver no estrangeiro para prosseguirem a sua aprendizagem, se assim opretenderem, uma vez que investir hoje na educação irá preparar melhor a UE para enfrentaros desafios do futuro.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − Numa altura em que os jovens se defrontam de formaparticularmente gravosa com os efeitos da crise financeira mundial, tudo deve ser feito nosentido de garantir que eles possam desenvolver as competências, qualificações econhecimentos que lhes permitirão contribuir activamente para o crescimento e futurosustentável da União Europeia. A iniciativa Juventude em Movimento é uma das sete iniciativasemblemáticas da Estratégia Europa 2020 da Comissão Europeia para promover ocrescimento económico inteligente, sustentável e inclusivo, sendo composta por 28acções-chave e medidas concretas para aumentar a educação e a formação dos jovensatravés da mobilidade e da facilidade de transição dos jovens do ensino para o mercado detrabalho. É, por isso, muito importante que se criem condições para assegurar a sua efectivaimplementação e a consecução dos objectivos a que tal iniciativa está votada.

Robert Rochefort (ALDE), por escrito. – (FR) A recessão está a atingir com violência ajuventude europeia: enquanto um em cada cinco jovens não tem emprego, 40% dos jovenstrabalhadores têm um contrato a tempo parcial. Neste contexto, dou o meu apoio aorelatório do senhor deputado Zver, que propõe uma série de recomendações destinadas amelhorar os sistemas de ensino e de formação profissional para os jovens. Embora tenhamosde actuar a fim de incentivar o maior número possível de cidadãos a frequentar o ensinosuperior e de combater activamente o abandono escolar precoce – apenas 31% dos europeuspossuem um diploma universitário, em comparação com os 40% dos Estados Unidos e os50% do Japão – também precisamos de assegurar a empregabilidade dos diplomados. Esterelatório contém várias propostas com esse objectivo: melhorar a comunicação entreempresas e universidades, conciliar os programas e as estruturas das universidades comas necessidades específicas do mercado de trabalho e introduzir nos programas de estudosestágios profissionais de elevada qualidade que sejam devidamente remunerados e respeitemos direitos sociais dos jovens.

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Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) O financiamento destinado aprogramas como o Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (Erasmus, Leonardo daVinci, Comenius, Grundtvig), o Marie Curie, o Erasmus Mundus e a Juventude em Acçãotem de aumentar. A comissão propõe-se criar redes de cooperação internacional nasuniversidades, tirando partido da mobilidade virtual. Devem ser disponibilizados programasde mobilidade aos alunos do ensino profissional, aos professores e aos jovens trabalhadores.Apelamos a um reconhecimento à escala da UE de qualificações do ensino secundário,profissional e universitário. Insistimos também na importância da aprendizagem de duaslínguas estrangeiras desde tenra idade, incluindo as dos países vizinhos. Finalmente,solicitamos um apoio adicional aos jovens com deficiências, aos jovens pais e aos cidadãosque pretendem regressar ao ensino.

Licia Ronzulli (PPE), por escrito. – (IT) Votei a favor deste relatório porque o documentosublinha, no âmbito da Estratégia UE 2020, a importância para os jovens de terem umaeducação multidisciplinar. Neste quadro, torna-se necessário incentivar os jovens aprosseguirem os seus estudos até ao nível universitário. De facto, entrar no mundo dotrabalho demasiado cedo aumenta o risco de desemprego num período posterior e de umnível de vida comparativamente mais baixo.

Esta situação pode, pois, ter custos económicos e sociais elevados, bem como um impactonegativo no crescimento sustentável da União e na sua capacidade para melhorar a suacompetitividade global no futuro. Pelos mesmos motivos, acredito que uma educaçãomulticultural, multilingue e prática é essencial para formar os cidadãos do futuro, sobretudose este objectivo for alcançado através de programas de mobilidade como a Juventude emMovimento.

Oreste Rossi (EFD), por escrito. – (IT) Actualmente, demasiados jovens abandonam oensino muito cedo e são insuficientes os que tiram partido do ensino superior. Este factocompromete a base de qualificações de que a Europa irá necessitar no futuro. A Juventudeem Movimento procura aumentar as oportunidades de mobilidade no ensino para todosos jovens europeus até 2020, permitindo-lhes passar de forma mais harmoniosa do ensinopara o mundo do trabalho e proporcionando-lhes uma educação que os prepare para asexigências do mercado. Por estes motivos, devemos sensibilizar os estabelecimentos deensino e as empresas para a necessidade de criar redes, melhorando o conhecimento práticodos jovens através de aprendizados. Esta iniciativa centra-se nos jovens, mas não podemosesquecer os jovens com deficiências, a quem devem ser asseguradas as mesmasoportunidades de estudo e de trabalho.

Joanna Senyszyn (S&D), por escrito. – (PL) Apoiei o relatório sobre a melhoria dossistemas de ensino e formação europeus. Sou favorável ao alargamento do funcionamentode todos os programas educativos destinados aos jovens. Além da Juventude em Movimento,devem ser dedicados fundos e apoio político a programas como o Erasmus, o Leonardoda Vinci, o Comenius, o Grundtvig, o Juventude em Acção e o Marie Curie. Estes programasobtiveram um grande sucesso na União. Envolvem um número enorme de jovens de váriasorigens (o número de estudantes polacos que estiveram no estrangeiro ao abrigo doprograma Erasmus entre 1998 e 2010 foi de 93 807) e contribuem para o desenvolvimentodo potencial dos jovens e para a criação de uma sociedade civil europeia forte. Trata-se deprogramas muito eficientes, em que o custo de cada participante é muito reduzido mas osfundos são utilizados por um número significativo de pessoas. A promoção da mobilidadedos jovens exige que sejam ultrapassados obstáculos práticos.

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Cerca de um terço dos estudantes que participaram no programa Erasmus enfrentaramdificuldades decorrentes de incertezas sobre o sistema de ensino de outros países e da faltade correspondência e de continuidade das matérias estudadas no seu país e no estrangeiro.O reconhecimento do tempo passado no estrangeiro e das qualificações obtidas noutrosEstados-Membros da UE deve ser promovido. Outras questões que também precisam deser resolvidas incluem as dificuldades na obtenção de visto, a disponibilidade de documentosmédicos em várias línguas e a portabilidade das bolsas de estudo quando se viaja para oestrangeiro. As pessoas com deficiências enfrentam ainda mais obstáculos à mobilidadedo que as pessoas sem deficiências. Devem ser postos em prática mecanismos adicionaispara assegurar que usufruam das mesmas oportunidades que todas as outras pessoas.

Nuno Teixeira (PPE), por escrito. − A iniciativa Juventude em Movimento, umas das 7iniciativas inseridas na UE 2020, é composta de 28 acções-chave para melhorar a educaçãoe a formação dos jovens, através da mobilidade e da introdução dos jovens no mercado detrabalho.

A pertinência desde relatório, nos tempos de austeridade europeia, é evidenciada pelacrescente percentagem de jovens desempregados nos diferentes Estados-Membros,concluindo-se que este grupo etário é um dos mais afectados pela crise financeira mundial.Como tal, considero essencial que se apliquem medidas para a redução do abandono escolarprecoce, para o aumento do número de licenciados e para o incremento da atractividadedo ensino e formação profissionais. A aposta na educação e na formação não deve ser vistacomo uma despesa, mas sim como um investimento para o futuro.

Como tal, creio que é importante reinvestir nos programas de mobilidade eeducação/formação já existentes e estabelecer condições mínimas, a nível europeu, paraos estágios, uma vez que estes não deverão ser vistos como emprego, mas sim um adquirirde conhecimentos práticos.

Por último, sublinho a necessidade de coordenar estas medidas com as autoridadesnacionais, regionais e locais, sob a forma de parceria, de modo a levar ao sucesso da iniciativaJuventude em Movimento.

Niki Tzavela (EFD), por escrito. – (EL) Votei a favor do relatório do senhor deputadoMilan Zver sobre a iniciativa da Comissão “Juventude em Movimento”. O seu objectivo éassegurar que sejam tomadas medidas para combater os problemas das pessoas queabandonam precocemente o ensino e proporcionar incentivos ao aumento do número deeuropeus com um diploma do ensino superior. É referida também a enorme importânciade zelar por que a educação disponibilizada satisfaça as necessidades no mercado de trabalhoe proporcione as competências e o conhecimento necessários aos jovens europeus.

Viktor Uspaskich (ALDE), por escrito. – (LT) A criação de um futuro seguro para osnossos jovens é um assunto que me é muito caro. Infelizmente, as perspectivas dos jovensda Lituânia são hoje bastante desanimadoras. Na Lituânia, o desemprego juvenil situa-senos 34%, quase 14% acima da média da UE. De acordo com as estatísticas da UE, há apenasdois Estados-Membros da UE com taxas de desemprego juvenil superiores às da Lituânia.Mesmo os jovens lituanos que conseguem encontrar emprego são muitas vezes obrigadosa aceitar contratos de emprego desfavoráveis. Temos de envidar todos os esforços possíveispara concretizar três prioridades fundamentais: em primeiro lugar, promover o espíritoempreendedor; em segundo lugar, melhorar a empregabilidade juvenil adaptando aeducação às necessidades do mercado de trabalho; e em terceiro lugar, dar aos jovens aoportunidade de desempenhar um papel mais activo na sociedade. A iniciativa Juventude

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em Movimento é uma das plataformas que podem ajudar a promover o emprego juvenil.Trabalhar e estudar no estrangeiro pode ser benéfico para os jovens lituanos e para o nossopaís. Contudo, é muito mais importante proporcionar aos nossos jovens um futuro europeuna Lituânia. É possível fazê-lo desenvolvendo contactos entre os jovens e as pequenas emédias empresas. Esta medida promoveria a necessidade de jovens entre os empregadoresdessas empresas e incentivaria os jovens a trabalhar nesses locais.

Derek Vaughan (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor desta resolução porque a garantiade que os jovens cidadãos possam viajar e trabalhar em toda a UE é essencial paraimpulsionar a competitividade. Os objectivos da Estratégia UE 2020 podem ser realizadosatravés do investimento em programas que proporcionem aos jovens uma grande variedadede oportunidades e promovam a mobilidade no mercado de trabalho. Se aumentarmos ofinanciamento dos projectos que apoiam a mobilidade juvenil e privilegiarmos a cooperaçãoentre empresas e estabelecimentos de ensino, os jovens europeus terão mais possibilidadesde sucesso nas suas carreiras. É também extremamente importante apoiar os jovens quejá não se encontram no sistema de ensino incentivado a educação não formal e informal.

Marie-Christine Vergiat (GUE/NGL), por escrito. – (FR) Abstive-me na votação desterelatório apesar do seu olhar crítico sobre as políticas europeias, particularmente as quesão executadas pelos Estados-Membros, destinadas aos jovens.

O relatório inclui um conjunto de propostas positivas, em particular no que respeita àparticipação dos jovens no processo de planeamento das políticas europeias em matériade juventude, ao reforço da educação informal e não formal e à melhoria do estatuto dosestagiários.

Todavia, além do desejo manifestado de incentivar os Estados-Membros a intensificaremos seus investimentos no domínio da educação independentemente da crise financeira, orelatório adopta o espírito das políticas destinadas a liberalizar o ensino superior e asubordiná-lo apenas aos interesses imediatos do mercado e, consequentemente, dasempresas.

Algumas disposições, como a introdução de um sistema europeu de empréstimos aestudantes, em parceria com o Banco Europeu de Investimento, são mesmo preocupantestendo em conta os objectivos definidos em termos do acesso à universidade do maiornúmero possível de cidadãos.

Dominique Vlasto (PPE), por escrito. – (FR) Ao votar favoravelmente o programa“Juventude em Movimento” – um quadro destinado a melhorar os sistemas de ensino eformação europeus – pretendi apoiar um plano de acção ambicioso a favor dos jovenseuropeus. O Tratado de Lisboa ampliou as competências da UE no domínio da juventude.Neste contexto, o Parlamento Europeu tem o dever de reafirmar o seu apoio a esta política.De facto, a identidade europeia apenas tem significado se for apoiada pelos nossosconcidadãos mais jovens. A Europa tem de assumir esta responsabilidade propondo umaestratégia concertada nos domínios da formação e do emprego. Saúdo a ambição desterelatório, que fixa em 2% do PIB o investimento no ensino superior. Num período em queo mercado de trabalho europeu foi afectado por uma grande crise económica, a formaçãotem de se tornar a nossa prioridade para que possamos proporcionar perspectivas futurasaos jovens e facilitar o seu acesso ao emprego. O desenvolvimento de intercâmbios europeus(Erasmus, Leonardo da Vinci) também será benéfico para os jovens, pois estes programasconferem verdadeiro valor acrescentado a nível profissional e pessoal. Aprender uma novalíngua e descobrir outra cultura são vantagens que devem ser acessíveis a todos.

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Angelika Werthmann (NI), por escrito. – (DE) A promoção de um crescimento económicointeligente, sustentável e inclusivo implica as melhores oportunidades e possibilidadespossíveis na educação e na formação. A mobilidade durante os estudos, facilitada porprogramas da UE como o Erasmus, o Leonardo da Vinci e o Comenius, promove nãoapenas os aspectos da educação formal, mas também o desenvolvimento pessoal e social.Votei, pois, a favor deste relatório.

Relatório: Mary Honeyball (A7-0099/2011)

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente proposta, visto que a educaçãopré-escolar e na infância é dada de acordo com diferentes tradições em todo o continenteeuropeu, o que torna muito complexa a criação de um sistema universal europeu no quediz respeito à educação nos primeiros anos de idade, sendo mais fácil a implementação demetas e objectivos comuns de modo a que se harmonizem as práticas de forma coerente.

Elena Oana Antonescu (PPE), por escrito. – (RO) a aprendizagem na primeira infânciaconstitui a base para uma aprendizagem bem-sucedida ao longo da vida. As crianças naprimeira infância têm uma especial curiosidade, vontade de aprender e capacidade deabsorção, sendo nesse período que se moldam as competências linguísticas e de expressão.É também nesta idade que se criam as bases para o futuro percurso escolar e profissional,bem como para o desenvolvimento das suas competências sociais. Este período é decisivopara o desenvolvimento cognitivo, sensorial e físico, para o desenvolvimento afectivo epessoal e para a aquisição da linguagem, constituindo também a base para a aprendizagemao longo da vida. Devo realçar que o desenvolvimento de comportamentos saudáveis desdetenra idade, como hábitos de uma boa alimentação e um exercício adequado e equilibrado,podem ter um profundo impacto no desenvolvimento físico e mental.

A União Europeia é constituída por uma rica e variada mistura de tradições educacionais,sendo a educação dos primeiros anos disponibilizada numa grande diversidade de formasem todo o continente. Votei a favor deste relatório, que, apesar de reconhecer que umaabordagem da UE em matéria de serviços educativos da primeira infância seria difícil deaplicar, incentiva o desenvolvimento de um quadro único europeu constituído por metase valores comuns que inclua direitos e estruturas partilhadas.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Votei a favor deste relatório. A aprendizagemna primeira infância constitui a base para uma aprendizagem bem-sucedida ao longo davida, o que é fulcral para a realização dos objectivos da Estratégia Europa 2020, que procuracriar uma sociedade baseada no conhecimento, aumentar o emprego, diminuir as taxasde abandono escolar e reduzir a pobreza. Contudo, estes objectivos só podem ser cumpridosse for proporcionado a todas as crianças um início de vida adequado. Os Estados-Membrostêm de aumentar o investimento, assegurando uma educação acessível e de qualidade naprimeira infância a todas as crianças, o que pode ajudar a reduzir o abandono escolarprecoce, a combater as desvantagens educativas enfrentadas pelas crianças de grupos sociaise culturais vulneráveis e a reduzir as desigualdades sociais daí resultantes.

Elena Băsescu (PPE), por escrito. – (RO) Votei a favor do relatório da senhora deputadaHoneyball. A Europa é constituída por uma combinação rica e diversificada de tradiçõeseducativas. Este facto exige o desenvolvimento de um quadro europeu que inclua objectivos,direitos e valores partilhados. A Estratégia Europa 2020 tem de centrar-se na criação deuma sociedade inclusiva aumentando o emprego. A diminuição das taxas de abandonoescolar e a redução da pobreza apenas podem ser conseguidas proporcionando a todas ascrianças um futuro que abra caminho a uma vida melhor. Quero recordar-vos a importância

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das actividades na primeira infância, em especial no que respeita às línguas estrangeiras.As actividades culturais são uma fonte vital de enriquecimento das crianças promovendoo diálogo intercultural. Finalmente, mas não menos importante, as diferentes condiçõesde vida das famílias devem ser tidas em conta. Neste contexto, precisamos de programaseducativos inovadores para a primeira infância.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE), por escrito. – (ES) A educação na primeira infânciaé fundamental. Apoio plenamente os objectivos anteriormente fixados de assegurar, até2010, o acolhimento de pelo menos 90% das crianças entre os três anos e a idade de entradaobrigatória na escola e de pelo menos 33% das crianças até aos três anos.

Sebastian Valentin Bodu (PPE), por escrito. – (RO) A Europa é constituída por uma ricae variada mistura de tradições educativas, sendo a educação dos primeiros anosdisponibilizada numa grande diversidade de formas em todo o continente. Existe umaclara variação entre os Estados-Membros em termos de qualidade e de oferta, taxas deinscrição, abordagem aos serviços, governação dos serviços, etc. Por este motivo, umaabordagem universal dos serviços de cuidados e educação na primeira infância na UniãoEuropeia não é adequada e seria difícil de executar. Muito recomendável é, no entanto, odesenvolvimento de uma estrutura comum constituída por metas e valores comuns, queinclua direitos e estruturas partilhadas. O período entre o nascimento e os três anos deidade é decisivo para o desenvolvimento cerebral, físico e cognitivo da criança e para aaquisição da linguagem. Além disso, esta primeira infância constitui a base para aaprendizagem ao longo da vida da criança. Há uma menor probabilidade de as famíliaspobres utilizarem os serviços de cuidados e educação na primeira infância, especialmentenos mercados privatizados, em comparação com outros grupos. Este facto é preocupante,dado que as crianças desfavorecidas são as que comprovadamente beneficiam mais doacesso a serviços deste tipo.

Nessa Childers (S&D), por escrito. – (EN) Esta é uma questão muito pertinente, e eu apoiofirmemente a linha seguida pelo meu grupo, que se concentra na aprendizagem durantea primeira infância.

Carlos Coelho (PPE), por escrito. − A construção de alicerces sólidos nos primeiros anosda vida de uma criança ao nível da educação e do acolhimento, em complemento com opapel central da família, constitui o fundamento essencial para o êxito em matéria deaprendizagem ao longo da vida, integração social, desenvolvimento pessoal eempregabilidade futura. As primeiras experiências vividas pelas crianças compõem a basede toda a aprendizagem subsequente, condicionando o desenvolvimento das crianças eajudando a inverter eventuais situações de desvantagem e de transmissão de pobreza entregerações. Ao dotar as crianças de capacidades para concretizar as suas potencialidades, asestruturas de educação e o acolhimento de qualidade podem dar um forte contributo paraa concretização de dois dos grandes objectivos da Estratégia Europeia 2020: reduzir paramenos de 10 % o abandono escolar precoce e tirar pelo menos 20 milhões de pessoas desituações de pobreza e exclusão social.

Apoio, assim, o desenvolvimento de uma estrutura europeia constituída por metas e valorescomuns, que inclua direitos e estruturas partilhadas, contribuindo para a concepção deserviços de educação e acolhimento na primeira infância adequados e que deverão beneficiarde financiamentos eficazes e equitativos.

Vasilica Viorica Dăncilă (S&D), por escrito. – (RO) É sabido que as crianças na primeirainfância têm especial curiosidade, vontade de aprender e capacidade de absorção, sendo

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este o período em que se moldam importantes competências linguísticas e de expressão,além de competências sociais. Tendo em conta que a aprendizagem na primeira infânciaconstitui a base para uma aprendizagem bem-sucedida ao longo da vida, num processoessencial para a realização dos objectivos da Estratégia Europa 2020, penso que estaestratégia, que procura criar uma sociedade inclusiva, aumentando o emprego, diminuindoas taxas do abandono escolar e reduzindo a pobreza, só pode ser concretizada seproporcionar um início de vida adequado a todas as crianças.

Edite Estrela (S&D), por escrito. − Votei o relatório sobre a aprendizagem durante aprimeira infância por defender que a licença parental é uma componente essencial duranteos primeiros anos de vida das crianças. Uma resposta adequada às necessidades das criançaspassa pela defesa de melhores condições para a licença de maternidade, de paternidade eparental, colocando dessa forma ambos os pais no centro da educação dos filhos.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − Tal como disse a propósito da iniciativa Juventude emMovimento, a educação é uma ferramenta essencial para que sejam cumpridos os objectivosambiciosos da Estratégia UE 2020. Tal não é válido apenas para a educação secundária eterciária, mas, desde logo, para as primeiras aprendizagens, que são feitas na infância.

É fundamental que as crianças europeias tenham acesso a uma educação de qualidade queas prepare de forma exigente nas competências básicas do domínio da língua materna, damatemática e de uma (ou mais) língua estrangeira e lhes permita adquirir os métodos detrabalho necessários para o prosseguimento de estudos com o sucesso e o aproveitamentoque desejamos para os jovens europeus.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − O presente relatório debruça-se sobre aaprendizagem durante a primeira infância na União Europeia. Todos sabemos que aconstrução de um edifício se inicia pelos alicerces. Quando os alicerces são maus, asustentabilidade é posta em causa e a construção pode ruir. O mesmo acontece com aeducação. Uma educação de base sólida e de qualidade garante um melhor futuro aoscidadãos. A intervenção na primeira infância é fundamental para o futuro da criança:melhora a saúde e as relações familiares, e possibilita no futuro a obtenção de um melhoremprego. A aprendizagem durante a primeira infância é um aspecto muito importanteque não tem merecido, de quem de direito, a atenção devida. Mais importante que aqualidade dos edifícios é a preparação dos recursos humanos. É necessário melhorar aqualidade dos serviços e as qualificações profissionais dos trabalhadores do sector. Concordocom a definição de parâmetros e valores comuns a todos os Estados-Membros, por issovotei favoravelmente este relatório.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − Este relatório foca o tema crucial da aprendizagemnos primeiros anos de vida, os seus impactos positivos ao nível do desenvolvimentocognitivo, físico, comportamental, afectivo e emocional. Estes são elementos determinantespara um crescimento saudável e equilibrado, a nível psíquico e físico, das crianças.

O relatório reconhece alguns aspectos relevantes nos seus considerandos, como seja ovínculo existente entre um meio pobre e desfavorecido e as baixas habilitações, ou asgrandes dificuldades de muitas famílias em articular as obrigações familiares com adesregulação dos horários de trabalho e a precariedade laboral. Questões que,lamentavelmente, são esquecidas mais à frente, não sendo feitas as propostas que seimpunham para corrigir estas situações.

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A aprendizagem desde os primeiros anos de vida deve assentar na garantia de uma redepré-escolar pública, gratuita e de qualidade, acessível a todos, como algo essencial para odesenvolvimento social e para a luta contra a pobreza. A educação não pode estar à mercêda lógica mercantilista. Há que desenvolver uma rede pública de creches que contempleuma maior vastidão geográfica e uma maior abertura a modelos de ensino que sejam umincentivo ao desenvolvimento da criança e da sociedade, que combata a segregação sociale as discriminações, de modo a perspectivar uma vida e um futuro melhores.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − A questão da aprendizagem nos primeirosanos de vida é o tema crucial deste relatório, que foca os seus impactos positivos ao níveldo desenvolvimento cognitivo, físico, comportamental, afectivo e emocional. Estes sãoelementos determinantes para um crescimento saudável e equilibrado, a nível psíquico efísico, das crianças.

O relatório reconhece alguns aspectos relevantes nos seus considerandos, como seja ovínculo existente entre um meio pobre e desfavorecido e as baixas habilitações, ou asgrandes dificuldades de muitas famílias em articular as obrigações familiares com adesregulação dos horários de trabalho e a precariedade laboral. Questões que,lamentavelmente, são esquecidas mais à frente, não sendo feitas as propostas que seimpunham para corrigir estas situações.

A aprendizagem desde os primeiros anos de vida deve assentar na garantia de uma redepré-escolar pública, gratuita e de qualidade, acessível a todos, como algo essencial para odesenvolvimento social e para a luta contra a pobreza. A educação não pode estar à mercêda lógica mercantilista. Há que desenvolver uma rede pública de creches, infantários ejardins infantis que contemple uma maior vastidão geográfica e uma maior abertura amodelos de ensino, que seja um incentivo ao desenvolvimento da criança e da sociedade,que combata a segregação social e as discriminações, de modo a perspectivar uma vida eum futuro melhores.

Monika Flašíková Beňová (S&D), por escrito. – (SK) Os relatórios apresentados e odebate realizado até ao momento analisam a cultura e a educação em várias perspectivas.Considero o desenvolvimento da criatividade logo a partir do nascimento um aspectomuito importante. O relatório da senhora deputada Honeyball assinala que, de muitospontos de vista, é melhor iniciar a educação nos primeiros anos. De acordo com osdocumentos relativos aos direitos humanos actualmente em vigor na Europa, as criançassão cidadãos que participam de forma plena e activa e têm direitos próprios. Possuem umenorme potencial criativo. O período entre o nascimento e os três anos tem um efeitofundamental no desenvolvimento do pensamento e no desenvolvimento físico e cognitivo.As bases da aprendizagem ao longo da vida, que desempenha um papel importante nocumprimento dos objectivos de Lisboa, também são criadas neste período inicial. Asfamílias pobres, muitas vezes ciganas, têm normalmente pior acesso aos serviços nodomínio dos cuidados e da educação na primeira infância. Esta situação é ainda maislamentável porque as crianças de famílias desfavorecidas devem ser quem mais beneficiada oportunidade de utilizar estes serviços.

Temos de assegurar que esta educação e estes cuidados estejam disponíveis para todas asfamílias e crianças, independentemente da sua origem ou da situação financeira dos seuspais. Desagrada-me bastante o recurso a argumentos pragmáticos e financeiros em questõesde direitos humanos e em temas que devem ser consensuais e, tanto quanto possível,

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independentes da situação económica. Contudo, importa dizer que a decisão de não investirneste domínio originará, na verdade, custos que podem não ser imediatamente detectáveis.

Bruno Gollnisch (NI), por escrito. – (FR) Ocasionalmente, esta Assembleia elaborarelatórios com títulos que não deixam dúvidas de que os documentos incluem,inevitavelmente, disparates! O relatório Honeyball é um deles. Passemos à frente dashabituais secções relativas ao destino que aguarda os migrantes, ao multiculturalismoobrigatório e à promoção de tudo o que respeita às minorias. A pérola deste relatório estáno n.º 14. Os pais e mães são, afirma-se, “colaboradores com direitos iguais” nos cuidadose na educação na primeira infância. Terei lido “colaboradores”? Não é sua responsabilidade,acima de tudo, educar os seus filhos? Contudo, é verdade que, no n.º 16, a relatora solicitainvestimento em programas de educação parental. Desde o início, os pais são considerados,portanto, irresponsáveis e infantis. Esta sensação é confirmada pelo n.º 27, que salientaque, na ausência de serviços adequados à primeira infância, as nossas crianças mais pequenascorrem o risco de cair na criminalidade e no comportamento anti-social. A sua confiançano ser humano é espantosa, e eu pergunto-me como conseguiu a Humanidade viver sema senhora deputada até agora. Não, na verdade, o melhor favor que pode fazer aos nossosmais pequenos é deixá-los em paz!

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documento, porque osprimeiros anos da infância (idade pré-escolar) são decisivos para o desenvolvimentocognitivo, sensorial e físico e para a aquisição da linguagem, constituindo também a basepara a aprendizagem ao longo da vida. É aconselhável, por conseguinte, que osEstados-Membros ponderem introduzir a frequência obrigatória do ensino pré-primáriodurante um ano antes da entrada na escola. A criação e a manutenção de modelospedagógicos inovadores para o ensino de línguas são incentivadas, nomeadamente emcreches e pré-primárias com ensino multilingue, que respondam ao objectivo fixado emBarcelona em 2002, e de que faz parte a aprendizagem de línguas regionais, minoritáriase confinantes. No actual clima de instabilidade económica, não deve ser descurado uminvestimento considerável nos serviços de cuidados e educação na primeira infância. Pensoque os Estados-Membros devem dispensar recursos adequados a estes serviços. A educaçãode qualidade na primeira infância pode ajudar a reduzir o abandono escolar precoce e aluta contra as desvantagens educativas que afectam as crianças de grupos social eculturalmente desfavorecidos, assim como a reduzir as desigualdades sociais daí resultantes,o que impacta no conjunto da sociedade. Os jovens de grupos sociais vulneráveis estãoparticularmente em risco. Devemos zelar pelas futuras gerações e pela qualidade da suaeducação.

Giovanni La Via (PPE), por escrito. – (IT) Embora saibamos que é inadequado e difícilcriar uma abordagem dos cuidados e da educação na primeira infância, importa analisara possível aplicação das medidas necessárias e os níveis em que é preciso actuar. A primeirainfância refere-se às crianças com menos de seis anos. Esta é uma fase delicada dodesenvolvimento cerebral, físico e cognitivo das crianças, bem como da sua expressãolinguística. São os anos em que as crianças aprendem e assimilam os instrumentos que,enquanto adultos, utilizarão para elaborar mecanismos cognitivos que são diferentes, masnecessários para a sua educação e o seu trabalho no futuro. Votei, portanto, a favor desterelatório porque estamos a falar da protecção da infância, do direito de milhares de criançasa frequentar o ensino ou a beneficiar das melhores condições possíveis para aprender. Esteassunto é a chave do futuro e do desenvolvimento da União Europeia e, por este motivo,

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Page 88: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

temos de tomar as medidas descritas pela senhora deputada Honeyball, que eu gostaria defelicitar por este trabalho.

Petru Constantin Luhan (PPE), por escrito. – (RO) É extremamente importante apoiarmosuma política e uma abordagem concertadas pelos Estados-Membros da UE no que respeitaà aprendizagem das crianças durante a primeira infância. O acesso a este tipo deaprendizagem produz importantes benefícios económicos, sociais e culturais. Além daexistência de uma política harmonizada a nível da UE, é particularmente importanteassegurar uma boa colaboração e coordenação no plano local entre as várias instituiçõese ministérios envolvidos em programas de educação dos jovens. Estes programas são muitoimportantes pois, durante os seus primeiros anos, as crianças têm especial capacidade paraaprender, podendo este período determinar todo o seu percurso educativo e profissional.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor deste relatório. Em 2002, o Conselhode Barcelona exortou os Estados-Membros a tomarem medidas para, até 2010, disporemde estruturas de acolhimento para pelo menos 90% das crianças entre os três anos e a idadeda escolaridade obrigatória e pelo menos 33% das crianças com menos de três anos. Estesobjectivos indicavam uma abordagem dos serviços de cuidados e educação na primeirainfância do ponto de vista do mercado de trabalho baseada na necessidade, identificadana altura, de aumentar o número de mulheres activas. Embora seja vital dar a devida atençãoà ligação entre estes serviços e a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres,estes objectivos são claramente problemáticos e ultrapassados, uma vez que não têm emconta muitos dos aspectos qualitativos fundamentais de uma forte política de educaçãona primeira infância. Os centros de cuidados e educação na primeira infância não sãoapenas um lugar onde se deixa as crianças para que as mulheres possam trabalhar; sãoespaços da maior importância que contribuem para o bem-estar da criança e para melhoraras suas possibilidades no futuro.

Jiří Maštálka (GUE/NGL), por escrito. – (CS) O período dos primeiros anos da infânciamerece grande atenção e uma abordagem cuidadosa no que se refere ao ambiente externo.Devemos sempre recordar que este é um período de desenvolvimento único e irrepetível,que forma a personalidade do indivíduo. Deve ser colocada uma tónica mais acentuadanesta etapa, que nunca deve ser, de forma alguma, desvalorizada nem temporariamentedescurada. Os adultos devem ser um modelo, ajudando assim as crianças a adquirirdiferentes tipos de conhecimento e de aptidão. Trata-se do período de desenvolvimentoda personalidade em que o processo de aprendizagem é, por assim dizer, voluntário enatural, e o mundo em redor é observado, aceite e assimilado o mais possível. Embora odesenvolvimento das crianças implique um conjunto de factores coadjuvantes, quer denatureza genética quer do ambiente externo, é sobretudo o efeito dos pais e do círculoimediato de pessoas que forma a personalidade.

Gostaria também de mencionar e de salientar que não podemos esquecer, neste contexto,uma actividade motora adequada, global e orientada destinada precisamente a esta faixaetária, que pode ajudar ao desenvolvimento do indivíduo e contribuir para uma melhorsaúde no futuro.

Iosif Matula (PPE), por escrito. – (RO) A educação na primeira infância tem implicaçõesde grande alcance no desenvolvimento futuro das crianças e nas suas hipóteses de sucessonuma idade posterior. Os investimentos realizados durante este período reduzem os custosque é necessário assumir mais tarde no que respeita a questões de saúde, à taxa decriminalidade e ao comportamento anti-social. Contudo, a oferta de educação na primeira

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Page 89: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

infância é desigual na União Europeia. Porém, seria difícil aplicar uma abordagem universal.Penso que nos devemos centrar, em vez disso, na criação de um quadro comum comobjectivos e valores claramente definidos. De acordo com o objectivo traçado em 2002,os Estados-Membros da UE têm de disponibilizar educação na primeira infância a 90% dascrianças entre os três anos e a idade da escolaridade obrigatória. Existe também uma lógicaeconómica por trás desta meta, tendo em conta o aumento do número de mulherespresentes no mercado de trabalho. É essencial envolvermos a população minoritária emprogramas de educação na primeira infância, especialmente a população cigana, que émuitas vezes desfavorecida. Temos também de assegurar a disponibilidade de um númerosuficiente de estruturas de acolhimento a fim de evitar longos períodos de espera parainscrever as crianças nestas instituições. Também não podemos descurar as qualificaçõesdo pessoal que trabalha com a primeira infância, que têm um impacto crucial na qualidadeda educação disponibilizada.

Jean-Luc Mélenchon (GUE/NGL), por escrito. – (FR) A garantia de que todas as criançasna primeira infância recebam cuidados e educação de igual qualidade, qualquer que seja asua idade e a sua condição social, é um requisito mínimo. O relatório Honeyball, apesarde ser, em geral, louvável não se atreve a solicitar este requisito mínimo. Isso é deplorável.Contudo, dado que este texto não tem consequências legislativas, pode ser aprovado apesardas suas sérias limitações.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − É consensual que a aprendizagem na primeira infânciaconstitui a base para uma aprendizagem bem sucedida ao longo da vida. Nessa fase da suavida as crianças têm uma especial curiosidade, vontade de aprender e capacidade deabsorção, e é nesse período que se moldam importantes competências linguísticas e deexpressão, mas também competências sociais; é assim nessa idade que se estabelecem asbases para o futuro percurso escolar e profissional. Temos, pois, que fazer os esforçosnecessários para que todas as crianças na primeira infância tenham acesso às mesmascondições de aprendizagem sem discriminações de qualquer tipo.

Louis Michel (ALDE), por escrito. – (FR) A aprendizagem das crianças durante a primeirainfância é a base do sucesso da sua aprendizagem ao longo da vida. Esta aprendizagemaperfeiçoa a inteligência da criança, estimula a sua curiosidade natural e desenvolve as suascapacidades motoras, além de valorizar o trabalho manual e favorecer a saúde mental.Socializa a criança, desenvolve a sua língua materna e habitua-a aos sons de uma línguaestrangeira. Inicia-a ainda nos rudimentos da leitura e da aritmética.

Todavia, os cuidados e a educação na primeira infância assumem diferentes formas nosvários países da União Europeia, dependendo da interpretação que cada país faz da infância.Os cuidados e a educação na primeira infância recebem geralmente menos atenção einvestimento do que os outros níveis de ensino. Todos os pais e filhos devem ser capazesde utilizar os serviços de educação e cuidados, independentemente da sua origem familiarou da sua situação financeira. Os pais devem, por seu lado, ser parceiros de pleno direitodestes serviços.

Sendo o período pré-escolar o mais importante para o desenvolvimento emocional e socialda criança, as pessoas que trabalham com ela devem possuir as qualificações exigidas. Emtodos os casos, a principal preocupação deve ser a ponderação dos superiores interesses enecessidades da criança.

Miroslav Mikolášik (PPE), por escrito. – (SK) A primeira infância reveste-se,inquestionavelmente, de importância fundamental para o desenvolvimento físico, mental

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Page 90: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

e social das crianças, e nós devemos entender, portanto, que o retorno do investimento noensino pré-escolar é a garantia do crescimento futuro. Além disso, muitos estudos jádemonstraram que o financiamento utilizado neste contexto produz vantagens económicase sociais consideráveis a médio e longo prazo.

A forma mais adequada e mais natural de proporcionar apoio deste tipo é a protecção dafamília enquanto unidade fundamental da sociedade. Os pais são os primeiros e maisimportantes professores dos seus filhos, pelo que o quadro jurídico não deve conterdisposições que penalizem as famílias que cuidam pessoalmente dos seus filhos, emparticular na primeira infância. Embora esta agenda seja da exclusiva competência dosEstados-Membros, é mais do que desejável que a União, através do seu papel coordenador,contribua para melhorar a situação nos Estados-Membros. Pelos motivos referidos, apoioa posição da relatora.

Andreas Mölzer (NI), por escrito. – (DE) A proposta de resolução da senhora deputadainglesa ao Parlamento Europeu Mary Honeyball tenta reduzir o papel do pai e da mãe deuma criança à de colaboradores com direitos iguais no sistema de ensino público. O relatórioafirma textualmente (no n.º 14) que “[o Parlamento Europeu] salienta que tanto as mãescomo os pais são colaboradores com direitos iguais nos CEPI [cuidados e educação naprimeira infância]; (...)”. Esta formulação exprime uma profunda desconfiança na famíliae no direito globalmente reconhecido dos pais a cuidarem dos seus filhos e a educarem-nos.Esta atitude colide directamente com a Lei Fundamental da República Federal da Alemanha,segundo a qual “os cuidados prestados às crianças e a sua educação constituem um direitonatural dos pais e um dever que é, em primeiro lugar, da sua responsabilidade” (artigo 6.º,n.º 2). Este relatório é uma manifestação da agenda anti-família da UE e procura interferirnas competências sociais dos Estados-Membros.

Além disso, a proposta recomenda a introdução da frequência obrigatória do ensinopré-primário durante um ano antes da entrada na escola, bem como o desenvolvimentoe a melhoria dos estabelecimentos de ensino para a primeira infância. Nesse contexto, orelatório confirma os “objectivos de Barcelona” da UE, que, como outrora acontecia naUnião Soviética, prevêem quotas para a usurpação da educação das crianças pelo Estado.O bem-estar da criança não é central nesta proposta. A liberdade de escolha dos pais noque se refere à educação dos seus filhos ficará comprometida. Votei, pois, contra esterelatório.

Franz Obermayr (NI), por escrito. – (DE) Os primeiros três anos da vida de uma criançasão cruciais para o seu desenvolvimento cerebral e para a aquisição da linguagem. Estaúltima é a base para o desenvolvimento do pensamento lógico e da compreensão contextual.Uma aquisição de linguagem deficiente durante a primeira infância compromete seriamentea futura aprendizagem, tanto mais que os défices de linguagem são muito difíceis de corrigircom o aumento da idade. O relatório refere que na UE a maior parte das crianças filhas deimigrantes são educadas sem conhecimentos linguísticos adequados. Além disso, afirmaque as famílias migrantes (e minorias como os Roma) utilizam muito menos os serviçosde educação para a primeira infância do que outras famílias. Não podemos permitir que onível das nossas escolas continue a deteriorar-se porque muitos alunos simplesmente nãocompreendem o que lhes é ensinado. Todas as crianças, imigrantes ou não, devem ter,quando entram para a escola, conhecimentos suficientes da língua nacional que lhespermitam acompanhar o que ali é ensinado. O relatório não apresenta propostassignificativas para a resolução deste problema. Em vez disso, tende a defender um tratamento

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Page 91: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

paternalista dos pais e um domínio absoluto do Estado na área da educação e dos cuidadosdurante a primeira infância. Por conseguinte, votei contra.

Georgios Papanikolaou (PPE), por escrito. – (EL) A diversidade de tradições pedagógicas,incluindo ao nível da educação pré-escolar, que existe no seio da União, é aceitável e positiva,pois essas tradições reflectem os aspectos culturais, históricos e sociais únicos dos diferentespaíses europeus. No entanto, isso não impede o desenvolvimento de uma estrutura europeiabaseada em denominadores de coordenação, metas e valores comuns, que inclua direitose estruturas partilhadas. Além disso, se pretendemos alcançar o objectivo do Conselho deBarcelona que estipula que os Estados-Membros da UE devem assegurar estruturas deacolhimento para pelo menos 90% das crianças entre os três anos e a idade de entradaobrigatória na escola e para pelo menos 33% das crianças com menos de três anos, énecessário haver acordo entre os Estados-Membros e, se possível, um intercâmbio deinformação e de melhores práticas, especialmente entre Estados-Membros com estruturasde educação pré-escolar muito desenvolvidas e outros com menos experiência nesse sector.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − Os cuidados e a educação na primeirainfância são disponibilizados de diferentes formas em toda a União Europeia, havendodiversas definições de qualidade que dependem fortemente dos valores culturais dos Estadose regiões e da sua interpretação de infância. A aprendizagem na primeira infância constituia base para uma aprendizagem bem sucedida ao longo da vida, o que é fulcral para arealização dos objectivos da Europa 2020. Neste contexto, votei favoravelmente o presenterelatório relativo à aprendizagem durante a primeira infância que aponta objectivos comunsà União Europeia para se prosseguirem as metas do Conselho Europeu de Barcelona,designadamente para que, até 2010, seja assegurado o acolhimento de pelo menos 90 %das crianças entre os três anos e a idade de entrada obrigatória na escola e de pelo menos33 % das crianças até aos três anos. Associo-me ao relator no pedido de tornar estesobjectivos ainda mais ambiciosos. Trata-se de uma abordagem centrada na criança e quereconhece que os primeiros anos da infância são decisivos para o desenvolvimentocognitivo, sensorial e físico, para o desenvolvimento afectivo e pessoal, e para a aquisiçãoda linguagem, e constituem também a base para a aprendizagem ao longo da vida.

Phil Prendergast (S&D), por escrito. – (EN) O acesso à aprendizagem durante a primeirainfância é de importância vital para as crianças em termos da sua receptividade àaprendizagem e do seu desejo de aprender, sobretudo porque é nos primeiros anos de vidaque se formam competências tão importantes como a linguagem e as aptidões sociais.Além disso, é evidente o vínculo que existe entre um meio pobre e desfavorecido e as baixastaxas de sucesso escolar. Por conseguinte, devemos zelar por que o objectivo estabelecidono Conselho Europeu de Barcelona de assegurar estruturas de acolhimento para pelo menos90% das crianças entre os três anos e a idade de entrada obrigatória na escola, e para pelomenos 33% das crianças com menos de três anos, seja alcançado. O combate àsdesigualdades no sistema educativo através de um ensino pré-primário de elevada qualidade,da prestação de serviços específicos de apoio e da promoção de uma educação inclusiva éfundamental para criarmos uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − A primeira infância é o momento precípuo para ascrianças desenvolverem um conjunto de capacidades cognitivas e sociais cujos reflexos sefarão sentir ao longo da vida. Lembre-se, por exemplo, a aptidão para o multilinguismo.Contudo, os estudos sobre esta fase da aprendizagem, assim como o relevo que lhe é dadono contexto geral do ensino, são residuais, com reflexos nefastos, por exemplo, para quemcresça em famílias mais desfavorecidas, onde, amiúde, o desenvolvimento cognitivo das

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Page 92: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

crianças é menos estimulado. Urge, por conseguinte, incrementar os Cuidados e a Educaçãona Primeira Infância (CEPI). Votei, por isso, favoravelmente a presente resolução.

Robert Rochefort (ALDE), por escrito. – (FR) Os primeiros anos de infância são cruciaispara o desenvolvimento intelectual, físico, emocional e pessoal da criança, para a aquisiçãode linguagem, e constituem a base da aprendizagem ao longo da vida. Sou totalmente afavor do desenvolvimento de uma abordagem europeia comum no que respeita àaprendizagem durante a primeira infância, embora respeitando a diversidade de modelosexistente ao nível dos Estados-Membros, e apoio, portanto, o relatório da senhora deputadaHoneyball, que recomenda o desenvolvimento de uma estrutura europeia de serviços CEPIque realce metas e valores partilhados. Reconhecendo o papel fundamental dos pais como“principais educadores”, o relatório insiste na necessidade de prolongar as licenças dematernidade e de paternidade, que devem ser suficientemente longas para permitir odesempenho pelos pais do seu papel fundamental na educação dos filhos durante osprimeiros anos de vida, exortando os Estados-Membros a investirem em programas deeducação parental e a disponibilizarem outras formas de assistência para os pais quenecessitem de ajuda suplementar. Isso exige, naturalmente, um investimento adicional dos27 Estados-Membros, e dirijo aqui um apelo aos Estados-Membros para que afectemrecursos adequados aos serviços CEPI. Para mim, a educação tem de ser uma prioridadepolitica.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) A aprendizagem durante a primeirainfância segue tradições distintas, de longa data, nos diferentes Estados-Membros da UE.Afigura-se importante definir um quadro europeu de valores e de metas comuns, podendoestas ser estabelecidas como objectivo em todos os Estados-Membros, pondo a tónica nointercâmbio de boas práticas como factor chave para a prestação de um serviço de elevadaqualidade, e colocando os interesses e as necessidades da criança no centro de todos osesforços. As recomendações do relatório centram-se no equilíbrio entre o papel dosEstados-Membros e o papel da Comissão; na necessidade de alargar o âmbito dos serviçospara a primeira infância, inspirando-se nas boas práticas de Estados-Membros onde ascreches e os jardins-de-infância são um direito dos pais; na inclusão de todas as crianças,qualquer que seja o seu meio social (“noção de serviço público”); na necessidade de daratenção à situação dos filhos de migrantes e à sua integração no sistema educativopré-escolar; na inclusão das artes e de todos os recursos susceptíveis de estimular acriatividade das crianças na aprendizagem; na formação dos educadores com vista amelhorar as suas competências interculturais; na promoção de uma maior paridade entreos géneros no sector dos CEPI; e na criação de emprego com elevada qualificação na área.

Licia Ronzulli (PPE), por escrito. – (IT) Votei a favor deste relatório porque entendo queainda existem grandes diferenças em termos de prestação de serviços de educação à primeirainfância entre os vários Estados-Membros. Necessitamos de desenvolver uma estruturaeuropeia comum, constituída por metas e valores comuns, e que inclua direitos e estruturaspartilhadas. As crianças devem ser encaradas como cidadãos de facto, activos e capazes deformar e expressar as suas próprias opiniões, que gozam de certos direitos e que têm umpotencial criativo próprio. Neste contexto, há que reconhecer, uma vez mais, o papelcentral dos pais na criação e na educação dos filhos.

A família natural é o espaço ideal para a criança crescer e se desenvolver, e, volto a insistir,a concessão de licenças de maternidade ou de paternidade suficientemente longas podeajudar a reduzir a procura de estruturas de acolhimento para a primeira infância. Impõe-se,portanto, tomar medidas concretas, dado que actualmente são muito poucos os

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Page 93: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Estados-Membros que concedem períodos de licença remunerada suficientemente longospara os pais poderem responder às exigências familiares.

Nikolaos Salavrakos (EFD), por escrito. – (EL) A aprendizagem durante a primeira infânciaé extremamente importante para o bom desenvolvimento da criança e é fundamental paraa criação de uma sociedade estável e economicamente dinâmica. O investimento naaprendizagem durante a primeira infância traz benefícios a longo prazo para o futuro dasnossas crianças. Os esforços de análise do tema tanto numa perspectiva europeia comonuma perspectiva nacional feitos no relatório são importantes. Congratulo-me tambémcom o facto de este documento apelar à realização de mais investigação a nível europeuneste domínio, e de chamar a atenção para a necessidade de identificação e de intercâmbiodas melhores práticas a nível europeu, bem como de uma utilização adequada dos fundosestruturais e dos programas para esta área

Marie-Thérèse Sanchez-Schmid (PPE), por escrito. – (FR) O Conselho Europeu deBarcelona de 2002 tinha estabelecido a meta de criação, até 2010, de estruturas deacolhimento para pelo menos 90% das crianças entre os três anos e a idade de entradaobrigatória para a escola e para pelo menos 33% das crianças com menos de três anos.Infelizmente, estes números ainda estão longe de ser alcançados. Não obstante, a quantidadee a qualidade dos centros de apoio à primeira infância é de importância crucial para aEuropa. Com efeito, os cuidados e a educação que as crianças recebem desde tenra idadee a forma como gradualmente tomam consciência do mundo que as rodeia têm umaimportância decisiva no seu percurso escolar futuro. Além disso, os pais não devem ver-seforçados a sacrificar as suas aspirações profissionais devido à falta de estruturas deacolhimento para a primeira infância. Por outro lado, este relatório recorda, e bem, quecada país tem a sua própria concepção e os seus próprios modelos de cuidados e de educaçãona primeira infância e que essa diversidade deve ser respeitada. Com este relatório, oParlamento Europeu prova que a UE, longe de querer sacrificar os cuidados à primeirainfância em nome da livre concorrência de serviços, respeita o modelo educacional de cadaEstado-Membro.

Daciana Octavia Sârbu (S&D), por escrito. – (EN) A aprendizagem durante os primeirosanos de vida tem uma importância decisiva para as perspectivas de vida futuras de umindivíduo. O desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis, como a prática de uma boaalimentação e de exercício regular, é um factor determinante para a saúde física e mentalao longo da vida. Como todas as políticas que seguem o princípio de que “é preferívelprevenir do que remediar”, a aposta na aprendizagem durante a primeira infância compensafinanceiramente a longo prazo. Gostaria de felicitar a relatora pela elaboração de umrelatório abrangente que levanta algumas questões fundamentais para uma discussão maisaprofundada e posterior implementação de medidas.

Joanna Senyszyn (S&D), por escrito. – (PL) Votei a favor do relatório sobre aaprendizagem durante a primeira infância na UE. Gostaria, em particular, de chamar aatenção para três aspectos. Em primeiro lugar, os primeiros anos de infância são cruciaispara o desenvolvimento cognitivo, sensorial e motor da criança. Por conseguinte, nodesenvolvimento de programas e de políticas gerais no domínio dos cuidados e da educaçãona primeira infância, os Estados-Membros devem atender a um conjunto de questões queafectam o sector dos serviços à primeira infância, tais como a migração, a igualdade entreos géneros e o emprego. Em segundo lugar, os centros a nível local devem desenvolverprogramas de acção que tenham em consideração as diferentes situações de vida e asdiferentes necessidades em matéria de serviços de cuidados e de educação na primeira

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Page 94: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

infância Além disso, é fundamental que esses centros possuam autonomia suficiente parapoderem desenvolver e implementar programas para as crianças com originalidade ecriatividade. Há também necessidade de melhorar a qualidade dos serviços CEPI. A esterespeito, penso que deveríamos começar por desenvolver mecanismos de avaliação dofornecimento dos serviços para assegurar o cumprimento das normas de qualidade.

A minha última observação refere-se à necessidade de assegurar um acesso universal àsestruturas de acolhimento para a primeira infância. Segundo dados fornecidos peloMinistério da Educação polaco, na Polónia existem 8 400 estabelecimentos pré-primáriospúblicos e 1 600 privados para cerca de 1 milhão e seiscentas mil crianças com idadescompreendidas entre os três e os seis anos. Isto significa que os estabelecimentospré-primários existentes apenas podem acolher 40% dessas crianças, além de que as352 creches do país servem apenas 2% das crianças com idade inferior a três anos. Esteproblema é uma das principais causas do elevado desemprego entre as mulheres.

Catherine Stihler (S&D), por escrito. – (EN) Apoio este relatório porque consideroimportante o reconhecimento da valiosa contribuição e da importância crucial daaprendizagem durante a primeira infância para o cumprimento da estratégia Europa 2020.

Niki Tzavela (EFD), por escrito. – (EL) É um facto que existe diversidade ao nível dossistemas educativos no seio da União, pelo que considero que a investigação e o intercâmbiode melhores práticas que este relatório advoga irão produzir resultados significativos emtermos de melhoria da aprendizagem durante a primeira infância na UE. Com efeito, voteia favor do relatório da senhora deputada Honeyball sobre a aprendizagem durante aprimeira infância na Europa porque defende uma abordagem centrada na criança, serviçosuniversais e não apenas em serviços específicos, o envolvimento dos pais e a melhoria daintegração dos serviços.

Marie-Christine Vergiat (GUE/NGL), por escrito. – (FR) Votei a favor deste relatório,que recomenda políticas públicas no domínio da educação e dos cuidados na primeirainfância que considero serem um passo na direcção certa.

Reconhecendo a diversidade de sistemas e de tradições em termos de educação e deprestação de cuidados à primeira infância que existe na UE, o relatório coloca a ênfasenuma abordagem centrada nas necessidades da criança e no impacto que a aprendizagemnos primeiros anos de vida tem no desenvolvimento escolar e pessoal da criança.

O documento coloca claramente a tónica na importância de assegurar serviços para aprimeira infância e na igualdade no acesso à educação a todos os cidadãos e, em particular,aos filhos de imigrantes – qualquer que seja a sua situação – insistindo muitoparticularmente nestas questões no quadro do combate à pobreza e à exclusão social.

Por último, o relatório salienta também a necessidade de proporcionar emprego estável,formação de qualidade e protecção social justa aos profissionais da área dos cuidados e daeducação na primeira infância.

Angelika Werthmann (NI), por escrito. – (DE) Votei a favor deste relatório. A relatoracentrou-o, correctamente, nas necessidades da criança. Não é surpreendente que o relatórioconclua que uma solução europeia única não é possível. De qualquer forma, necessitamosde desenvolver um “quadro” a nível europeu que permita a coordenação da aprendizagemna primeira infância com outros programas de âmbito comunitário como o programa deaprendizagem ao longo da vida.

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Page 95: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Proposta de resolução B7-0193/2011

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a proposta do Grupo S&D, que consideraque o APP tem visivelmente contribuído para excessos de captura de algumas populaçõesde peixes, nomeadamente de polvo, e que, por conseguinte, reduziu as possibilidades depesca dos pescadores mauritanos que exercem a pequena pesca e deu origem a vantagenscompetitivas injustas para a indústria da UE em virtude das taxas de acesso financiadaspara embarcações da UE. Congratula-se com a proposta da Comissão Europeia de darinício a negociações para a renovação do Protocolo ao Acordo de Parceria no domínio daPesca entre a União Europeia e a República Islâmica da Mauritânia. Saúda a proposta daComissão Europeia de inserção de uma cláusula sobre direitos humanos no acordo e exortaa Comissão a encetar um diálogo com a Mauritânia no sentido de ajudar o país a aprofundaro desenvolvimento de uma política de pescas responsável que cumpra os requisitos deconservação e o seu objectivo de promoção do desenvolvimento económico dos recursoshaliêuticos. Insta também a Comissão a tomar medidas urgentes de redução das capturasacessórias por embarcações europeias que exerçam actividades de pesca em águasmauritanas.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Votei a favor desta resolução. O Protocoloao Acordo de Parceria no domínio da pesca com a República Islâmica da Mauritânia cessaem 31 de Julho de 2012. O sector da pesca é extremamente importante para a economiamauritana, representando 10% do PIB nacional e entre 35% e 50% das exportações do país.Por conseguinte, a Comissão tenciona dar início a negociações com vista à renovação doprotocolo. Aprovo a renovação do protocolo, mas considero que ela deve atender a váriasquestões importantes. A avaliação efectuada concluiu que a maioria das unidadespopulacionais na Mauritânia estão totalmente exploradas ou sobreexploradas, pelo que aComissão tem de analisar com a Mauritânia o desenvolvimento de planos de gestão daspescas a longo prazo, que incluam todas as concessões de pesca feitas pelas autoridadesmauritanas às frotas nacionais e às frotas de países terceiros, a fim de assegurar umaexploração sustentável dos recursos haliêuticos.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE), por escrito. – (ES) Voto a favor desta resolução porqueentendo que é necessário iniciar negociações para a renovação do Protocolo ao Acordode Parceria no domínio da pesca entre a União Europeia e a República Islâmica daMauritânia. Essas negociações irão permitir a pesca nas águas da Mauritânia por naviosque arvoram pavilhão da UE com base no princípio das existências excedentárias, conformeestabelecido na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. É igualmentenecessário que a Mauritânia ratifique os instrumentos internacionais de pesca pertinentes.

Slavi Binev (NI), por escrito. – (BG) Apoio a resolução sobre a renovação do Protocoloao Acordo de Parceria no domínio da pesca entre a UE e a Mauritânia porque o acordo sebaseia no princípio das existências excedentárias, que é compatível com a estratégia degestão sustentável das pescas da UE. Além disso, a Mauritânia é um dos países mais pobresdo mundo, classificado como País Pobre Altamente Endividado. Por conseguinte, esteacordo é extremamente importante para os mauritanos, dado que a União Europeia pagao acesso às águas mauritanas, proporcionando receitas que são independentes da ajudafinanceira concedida ao país.

Maria Da Graça Carvalho (PPE), por escrito. − Congratulo-me com a proposta daComissão de encetar negociações sobre a renovação do Protocolo entre a União Europeiae a República Islâmica da Mauritânia. Este país tem vindo a perder valor acrescentado

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Page 96: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

devido à falta de oportunidade de explorar os próprios recursos de pesca. É, no entanto,necessário que sejam estudadas todas as implicações daí emergentes, principalmente anível económico e social. É essencial ter em conta que o sector da pesca é extremamenteimportante para a economia mauritana, e que este é um dos países mais pobres de África,sendo financeiramente dependente da ajuda externa e estando sujeito a uma forteinstabilidade política. Por todos estes factores, que requerem a atenção especialoportunamente dada na proposta de resolução do PPE, apoio o texto legislativo hojeapresentado por este Grupo.

Edite Estrela (S&D), por escrito. − Votei favoravelmente a proposta de resolução sobreo Acordo de Parceria no domínio da pesca entre a União Europeia e a Mauritânia, porqueconsidero a renovação do Acordo, que deverá incluir uma cláusula sobre direitos humanos,positiva. Penso ser necessário continuar a ajudar o país a aprofundar o desenvolvimentode uma política de pescas responsável que cumpra os requisitos de conservação dos recursoshaliêuticos.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − Face à caducidade futura do protocolo ao Acordo deParceria no domínio da Pesca actualmente vigente, é lógica a intenção da Comissão deentabular negociações com a contraparte para a sua renovação. A Mauritânia é um paíspobre, grandemente dependente deste sector, pelo que a manutenção do acordo com aUnião Europeia poderá ser benéfico para ambos os signatários. Tal como o relator, julgoser necessária uma avaliação rigorosa do actual estado das populações e dos diversos tiposde pescado nas águas mauritanas.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − A presente proposta de resolução comumdo Parlamento Europeu versa sobre a renovação do Protocolo de Acordo de Parceria nodomínio da pesca entre a Comunidade Europeia e a República Islâmica da Mauritânia cujoperíodo de vigência termina no dia 31 de Julho de 2012. A Comissão Europeia, conscienteda importância da renovação desta parceria e nos termos do mandato do Conselho, deuinício a um processo que visa a renovação deste Protocolo, no pleno respeito do artigo218.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. O actual acordo com aMauritânia tem contribuído para o desenvolvimento económico da Mauritânia, onde osector das pescas é um dos pilares fundamentais da economia, representando cerca de 10% do PIB, 29 % do rendimento do orçamento nacional e quase 50 % das exportações. Masé também essencial à União Europeia (UE), em particular às suas frotas pesqueiras. Concordocom a presente proposta, que votei favoravelmente, mas considero necessário oacompanhamento científico do controlo das capturas, a modernização dos sistemas decontrolo da navegação e a limpeza de destroços. Para além disso, deve reforçar-se a vigilânciae proceder-se ao aprisionamento das embarcações ilegais.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − Esta resolução coloca questões importantes, emlinha com as interrogações, críticas e sugestões que há muito vimos fazendo relativamenteaos Acordos de Parceria no domínio das Pescas, e especialmente no que toca à muitoinsuficiente concretização dos seus objectivos de cooperação.

Congratulamo-nos com o facto de vários dos pontos da nossa resolução terem sido incluídosnesta resolução comum. Entre os aspectos mais relevantes, destacamos: a necessidade dese fazer uma avaliação exaustiva e pormenorizada das causas da insuficiente realizaçãodos objectivos em matéria de cooperação para o desenvolvimento e das diversas linhas deapoio ao sector das pescas na Mauritânia; a defesa do apoio à construção, o mais rápidopossível, de instalações adequadas para o desembarque de peixe ao longo da costa central

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Page 97: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

e meridional da Mauritânia (incluindo Nouakchott), de modo a que o pescado capturadonas águas mauritanas possa ser desembarcado em portos nacionais e não fora do país,como é frequente acontecer actualmente; que os acordos de pesca entre a UE e paísesterceiros devem ser precedidos de um amplo debate nos países interessados que permitaa participação do público, de organizações da sociedade civil e dos parlamentos nacionais,promovendo desta forma uma maior democracia e transparência.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − Os Acordos de Parceria no domínio das Pescas,tal como hoje são empreendidos e aplicados pela UE, suscitam-nos várias reservas. Éespecial, é manifesta a insuficiente consecução dos seus objectivos no domínio dacooperação.

Defendemos o princípio, consagrado na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito doMar, de que o acesso concedido à UE deve dizer respeito às quantidades que a frota daMauritânia não seja capaz de capturar.

Para além deste, esta resolução contém vários aspectos positivos, como sejam:

- Que os acordos de pesca entre a UE e países terceiros devem ser precedidos de um amplodebate nos países interessados que permita a participação do público, de organizações dasociedade civil e dos parlamentos nacionais, promovendo desta forma uma maiordemocracia e transparência;

- O apoio financeiro concedido ao programa plurianual de pescas da Mauritânia deve serajustado às necessidades do país em matéria de desenvolvimento sustentável das pescas;

- A necessidade de se fazer uma avaliação exaustiva e pormenorizada das causas dainsuficiente realização dos objectivos em matéria de cooperação para o desenvolvimentoe das diversas linhas de apoio ao sector das pescas na Mauritânia.

Por estas razões, votámos favoravelmente.

Estelle Grelier (S&D), por escrito. – (FR) Esta resolução foi aprovada na sequência daproposta apresentada pela Comissão no sentido de dar início a negociações com vista àrenovação do Acordo de Parceria no domínio da pesca entre a União Europeia e aMauritânia. Infelizmente, votar a favor da resolução é a única forma que o Parlamento temde fazer ouvir a sua voz nas negociações sobre o Acordo de Parceria no domínio das pescas(APP). Actualmente, o Parlamento só se pode manifestar após a conclusão das negociações,não lhe restando outra opção senão aprovar esses acordos ou recusar a sua ratificação, oque lhe deixa muito pouco espaço de manobra. Ora, os Tratados estipulam que o Parlamentoseja “imediata e plenamente informado em todas as fases do processo”. É, portanto,fundamental e legítimo que o Parlamento solicite o seu envolvimento nas negociações aolado da Comissão e do Conselho. Este problema não é novo e motiva constantesinterpelações dos membros da Comissão das Pescas à Comissão Europeia. É lamentávelque não nos possamos pronunciar de forma vinculativa sobre as nossas prioridades noque respeita à atribuição de fundos europeus a países como a Mauritânia, apesar de oParlamento ter poderes para exercer controlo financeiro.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documento porque aMauritânia é um dos países mais pobres de África, classificado como País Pobre AltamenteEndividado, financeiramente dependente da ajuda externa e que se tem caracterizado poruma grande instabilidade política. O actual protocolo ao Acordo de Parceria no domínioda pesca (APP) entre a UE e a República Islâmica da Mauritânia cessa em 31 de Julho de

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Page 98: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

2012, e a Comissão tenciona dar início a negociações com vista à sua renovação, para oque recebeu um mandato rigoroso do Conselho. O Parlamento Europeu congratula-secom a proposta da Comissão de iniciar negociações com vista à renovação do protocoloentre a UE e a República Islâmica da Mauritânia, sublinhando, no entanto, que o acordosó deverá ser mantido se for mutuamente vantajoso, adequadamente adaptado ecorrectamente executado. O Parlamento Europeu acolhe também com satisfação a propostade inclusão de uma cláusula sobre direitos humanos.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor deste relatório, instando, destemodo, a Comissão a zelar por que as actividades piscatórias que recaiam no âmbito deaplicação do Acordo de Parceria no domínio das pescas observem os mesmos critérios desustentabilidade que a pesca realizada nas águas da UE. Além disso, o relatório exorta asautoridades mauritanas e a Comissão a assegurarem o respeito de critérios desustentabilidade rigorosos por todas as embarcações (sejam da UE, da Mauritânia ou depaíses terceiros) que exerçam actividades de pesca nas águas mauritanas.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − O actual protocolo ao acordo de parceria no domínio dapesca com a Mauritânia expira em 31 de Julho de 2012 e tem que ser renegociado paraque os navios que possuem pavilhão da UE continuem a pescar em águas mauritanas.Assim sendo, é uma boa oportunidade para acrescentarmos melhorias ao acordo agoraexistente. Devem ser promovidas melhorias ao nível das infra-estruturas e a construçãode instalações adequadas para o desembarque de peixe ao longo da costa central e meridionalda Mauritânia que permitam que a frota da UE opere com maior eficácia, facilitando osfluxos de investimento e aumentando o impacto deste acordo na economia local. No querespeita aos efectivos capturados, devem cingir-se aos excedentários e àqueles que nãopodem ser capturados pela frota pesqueira da Mauritânia, para que se mantenha o equilíbrioambiental e a actividade seja sustentável ao longo dos anos.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − Os acordos de pesca com países terceirosdeverão garantir um justo equilíbrio entre os interesses económicos e a promoção da pescasustentável. Nesse sentido, é importante que a UE garanta, ao abrigo dos acordos de parceriaque estabelece, boas práticas de pesca além-fronteiras, no pleno respeito pelos princípiosfundamentais da PCP.

O combate contra a pesca ilegal, a criação de postos de trabalho, a redução dos níveis depobreza nos países terceiros e o abastecimento do mercado comunitário com produtosde qualidade para o consumidor são objectivos fundamentais que importa garantir aoabrigo deste Acordo com a Mauritânia.

Urge ainda garantir que a Mauritânia exija aos países terceiros com quem estabelece outrosacordos o respeito pelas mesmas regras que são cumpridas pelos navios de pavilhãocomunitário, evitando deste modo desigualdades competitivas que desfavoreçam a frotacomunitária.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) Com esta resolução, o ParlamentoEuropeu congratula-se com a proposta da Comissão de dar início a negociações para arenovação do Protocolo entre a UE e a República Islâmica da Mauritânia, frisando, noentanto, que o mesmo só deve ser mantido se for mutuamente vantajoso, adequadamenteajustado e correctamente executado; saúda a proposta da Comissão de introduzir umacláusula sobre direitos humanos; insiste em que todo e qualquer acesso negociado à pescanas águas da Mauritânia para os navios que arvoram pavilhão da UE se deve basear noprincípio das existências excedentárias, como referido na Convenção das Nações Unidas

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Page 99: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

sobre o Direito do Mar; sublinha, em particular, que é necessária uma avaliação rigorosade todas as unidades populacionais para as quais se solicita acesso ou que sejam susceptíveisde ser capturadas acidentalmente pela frota da UE; e salienta que o acesso concedido à UEdeve dizer respeito a quantidades que a frota da Mauritânia não seja capaz de capturar eque, em caso de necessidade de redução das capturas, as frotas de países terceiros (UE eoutros) que mais danos ambientais provocam devem ser as primeiras a diminuir as capturas.

Licia Ronzulli (PPE), por escrito. – (IT) O Acordo de Parceria no domínio das pescas entrea União Europeia e a República Islâmica da Mauritânia deve ser considerado um acordoestratégico de grande importância no quadro das relações entre a UE e o continente africano.Impõe-se-nos agora, portanto, implementar um novo protocolo em linha com ocompromisso assumido pelos países europeus em 2002 e que possa assegurar uma práticapiscatória sustentável, que contribua também para o desenvolvimento dos países envolvidos.A prioridade neste momento é retomar as negociações que já tinham sido iniciadas, mascom base em novas premissas e com o envolvimento de Estados que, até agora, têm sidoexcluídos destas negociações. Além disso, a UE tem de analisar alguns pedidos queremontam às negociações do acordo inicial, incluindo, por exemplo, a solicitação feita àúltima hora pela Mauritânia de estabelecimento de mais períodos de paragem biológicaem Maio e em Junho, para além dos já acordados para os meses de Setembro e Outubro.

Proposta de resolução B7-0284/2011

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente proposta, considerando quebeneficiará a UE, uma vez que um mercado de contratos públicos que funcione bem éessencial para promover o mercado único, estimular a inovação, promover um elevadonível de protecção ambiental e climática, bem como a inclusão social em toda a UE.Particularmente tendo em vista a necessidade de superar a crise financeira e económica ede nos protegermos contra eventuais futuras crises, os contratos públicos são de relevânciacrucial, servindo de catalisador para a revitalização da economia da UE e, consequentemente,para o emprego e o bem-estar. Partilho a convicção de que um processo sólido edevidamente ponderado de optimização do enquadramento jurídico dos contratos públicosé de importância vital para o bem-estar dos cidadãos da UE, dos consumidores e dasempresas da UE, para as autoridades nacionais, regionais e locais e, assim, para a aceitaçãoda UE no seu todo.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Votei a favor desta resolução. Um mercadode contratos públicos eficiente é extremamente importante para promover o mercadoúnico, estimular a inovação e realizar o mais elevado valor em benefício de entidadespúblicas e de contribuintes. Este mercado constitui uma parte bastante importante daeconomia da UE, mas as regras e os princípios que regem os contratos públicos variamentre os Estados-Membros, impedindo o acesso das empresas, especialmente das pequenasempresas, a contratos públicos transfronteiriços. No acesso aos mercados de contratospúblicos de países terceiros verificam-se restrições semelhantes. Apesar do facto de a UEter aberto os seus mercados a países de fora da União, as nossas empresas enfrentamenormes dificuldades no acesso aos mercados do sector público de países terceiros. Pensoque este problema requer uma atenção política significativa e com carácter de urgência. AComissão deve proceder a uma análise detalhada dos problemas em matéria de acesso dasempresas da UE aos mercados de adjudicação de contratos públicos de países terceiros etomar medidas apropriadas contra os parceiros comerciais que beneficiam da abertura domercado europeu, mas não abrem os seus próprios mercados às empresas da UE.

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Page 100: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Regina Bastos (PPE), por escrito. − Os contratos públicos representam importantesoportunidades económicas para as empresas, têm uma importância significativa napromoção do mercado único, estimulam a inovação, promovem a protecção ambiental eclimática, assim como a inclusão social. A política dos contratos públicos deve assegurara utilização o mais eficiente possível dos dinheiros públicos, bem como manter os mercadosde contratação pública abertos, contribuindo para a revitalização da economia da UniãoEuropeia, para a criação de empregos e para o bem-estar. Os contratos públicosdesempenham igualmente um papel essencial na Estratégia Europa 2020 e são um dosinstrumentos a utilizar para se alcançarem os objectivos propostos.

A presente proposta de resolução solicita à Comissão que aborde a questão do acessoequilibrado aos mercados do sector público, bem como que proceda à revisão dos contratospúblicos e das concessões, permitindo assim o envolvimento do Parlamento Europeu, dosEstados-Membros e dos cidadãos e empresas.

Apela igualmente à Comissão para que dê prioridade à modernização das regras sobrecontratos públicos. Igualmente importante é a solicitação que faz à Comissão no sentidode proceder à avaliação dos problemas associados às propostas extraordinariamente baixase de propor soluções adequadas.

Pelo exposto, a presente proposta de resolução mereceu o meu apoio.

Françoise Castex (S&D), por escrito. – (FR) Votei a favor deste relatório, não porquepretenda o estabelecimento de barreiras proteccionistas, mas porque considero que nãopodemos continuar a tolerar uma situação em que a União Europeia é a única a respeitaras regras do jogo. Não podemos continuar a ignorar as práticas de dumping social eeconómico dos países emergentes, em particular da China, que estão a ganhar contratosnos países da União com propostas a preços de saldo, atropelando direitos sociais elegislação em matéria de auxílios estatais, enquanto os mercados destes países permaneceminacessíveis às empresas europeias. Temos de deixar de ser ingénuos: está em risco asobrevivência das nossas empresas e dos nossos empregos. Finalmente, congratulo-mecom o facto de as alterações apresentadas pelo Grupo da Aliança Progressista dos Socialistase Democratas no Parlamento Europeu relativas ao respeito, no contexto dos contratospúblicos, das normas laborais, sociais e ambientais em vigor nos Estados-Membros teremsido na sua grande maioria aprovadas. Isso demonstra uma genuína consciencialização erepresenta uma mudança positiva e necessária. Compete agora à Comissão avaliar esteapelo em toda a sua dimensão.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − Tendo em conta que os contratos públicos representam,anualmente, milhões de euros, a sua importância económica não pode ser posta em causa.Por isso mesmo, pese embora existir uma longa tradição de legislação comunitária sobreestes mesmos contratos, nunca será demais reclamar leis melhores e mais eficazes, quegarantam uma total transparência dos procedimentos; que impeçam todas as formas decorrupção ou de manipulação de propostas em benefício de um concorrente; que limitemao máximo as adjudicações sem concurso ou sem negociação, tanto em número como emvalor; e que garantam uma concorrência efectiva no mercado interno entre empresasconcorrentes, independentemente do seu país de origem.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − A presente proposta de resolução doParlamento Europeu (PE) aborda a problemática sobre a igualdade de acesso aos mercadosdo sector público na União Europeia (UE) e em países terceiros e sobre a revisão do quadrojurídico dos contratos públicos com a inclusão das concessões. Vários são os documentos

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Page 101: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

que a UE tem aprovado sobre esta matéria, desde directivas (2004/18/CE, 2004/17/CE,93/13/CE e 2007/66/CE), resoluções (PE, 18 de Maio de 2010), relatórios (Mário Monti,Uma nova estratégia para o Mercado Único – ao serviço da economia e da sociedade europeias), aComunicação da Comissão Europeia Um Acto para o Mercado Único – Para uma economiasocial de mercado altamente competitiva e o Livro Verde da Comissão Europeia sobre amodernização da política de contratos públicos da UE.

Para superar a actual crise financeira e económica, é fundamental um mercado de contratospúblicos que funcione na perfeição, de modo a revitalizar a economia e salvaguardar umtratamento equitativo. Declaro que votei favoravelmente esta resolução, pois entendo quevai de encontro ao princípio de Legislar Melhor e dá prioridade à modernização das regrassobre os contratos públicos e concessões, o que constitui uma melhoria significativa dodireito da UE.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − Estamos perante mais uma tentativa de forçara liberalização dos contratos públicos. Direcção que a UE prossegue afincadamente tantodentro de portas como em países terceiros, através dos acordos de livre comércio.

Num caso como noutro, a intenção é a mesma: impedir os países de protegerem as suasempresas em contratos públicos, para facilitar a vida aos grupos económicos das potênciasque querem dominar também a adjudicação dos contratos públicos, através da sacrossantaconcorrência.

Discordando desta orientação, reconhecemos todavia que há neste domínio alteraçõesimportantes a levar a cabo.

Assim, alguns aspectos da resolução merecem o nosso acordo, designadamente a críticaà falta de transparência existente no tocante à composição e aos trabalhos do grupo consultivo dosserviços internos da Comissão que se dedica aos processos de adjudicação de contratos públicos (ACPP)e ao papel e competências do Comité Consultivo para os Contratos de Direito Público (CCO). Assimcomo a defesa de uma composição equilibrada, que inclua os sindicatos e representantes das empresas,nomeadamente das PME, e uma maior transparência, tanto daquele comité, como do comité consultivoque a Comissão pretende instituir para tratar das parcerias público-privadas.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − Com esta resolução a maioria do PE querinsistir na liberalização dos contratos públicos, com o pretexto de flexibilizar e simplificaros seus regulamentos e defender as PME. Embora, num caso ou outro, isso possa ter razãode ser, na maioria dos casos não é isso que está em causa.

O que pretendem é impedir que qualquer país procure proteger as suas empresas emcontratos públicos, apenas para facilitar a vida aos grupos económicos das potências quequerem dominar também a adjudicação dos contratos públicos. Daí o nosso voto contra.

No entanto, há um ou outro aspecto da resolução com os quais concordamos,designadamente a crítica à falta de transparência existente no tocante à composição e aostrabalhos do grupo consultivo dos serviços internos da Comissão que se dedica aosprocessos de adjudicação de contratos públicos (ACPP) e ao papel e competências doComité Consultivo para os Contratos de Direito Público (CCO), apelando à Comissão nosentido de zelar por uma composição equilibrada, que inclua os sindicatos e representantesdas empresas, nomeadamente das PME, e uma maior transparência, tanto daquele comité,como do comité consultivo que a Comissão pretende instituir para tratar das parceriaspúblico-privadas.

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De igual modo, parece pertinente salientar no contexto dos compromissos da UniãoEuropeia no que se refere aos contratos públicos a nível internacional, a importância doreforço de mecanismos anticorrupção no domínio dos contratos públicos e chama aatenção para a necessidade de concentrar esforços que garantam a transparência e a equidadena utilização de fundos públicos; solicita que o Parlamento Europeu seja devidamenteinformado e que lhe sejam fornecidas todas as informações disponíveis em todos os estádiose no final do processo.

Małgorzata Handzlik (PPE), por escrito. – (PL) Apesar de a UE ter aberto o seu mercadode contratos públicos a países terceiros, o acesso das empresas europeias ao mercado deadjudicações de contratos públicos de países terceiros continua a ser muito limitado. Asempresas europeias não beneficiam, portanto, de condições de concorrência equitativanos mercados de contratos públicos de outros países. Em 2009, por exemplo, as autoridadeschinesas aprovaram um sistema de acreditação de produtos locais inovadores, que limitouainda mais o acesso das empresas internacionais ao mercado chinês. No entanto, o problemanão reside apenas no mercado chinês, pois economias muito desenvolvidas como osEstados Unidos, o Japão e o Canadá também praticam políticas proteccionistas.

É por essa razão que apoio o apelo à aplicação do princípio de reciprocidade no acesso aosmercados de contratos públicos que é feito na resolução hoje aprovada, que tambémsustento no parecer da Comissão de Comércio Internacional, de que fui relator. No entanto,gostaria que a futura proposta da Comissão Europeia sobre o princípio da reciprocidadecontribuísse sobretudo para a abertura dos mercados de contratos públicos de paísesterceiros, e não apenas para a restrição do acesso de empresas de países terceiros aosmercados de contratos públicos da União Europeia, o que poderá ter efeitos adversos nacompetitividade do mercado da União.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor desta resolução porque ummercado de contratos públicos que funcione bem é extremamente importante parapromover o mercado único e estimular a inovação. Os contratos públicos são deimportância crucial, especialmente para a superação da crise económica e financeira e paraa prevenção de possíveis crises futuras, dado que servem de catalisador para a revitalizaçãoda economia da UE e, consequentemente, para o emprego e o bem-estar europeus. Aquestão específica da salvaguarda da igualdade de tratamento e da concorrência emcondições equitativas nos mercados de concursos públicos da UE e de países terceirosrequer urgentemente mais atenção política, especialmente face aos problemas que severificam no acesso aos mercados do sector público em países terceiros. Na minha opinião,a Comissão deve dar prioridade à modernização da legislação sobre contratos públicos,procurando adoptar uma abordagem em relação às concessões de serviço que evite umafragmentação acrescida do direito da UE sobre contratos públicos, de acordo com osprincípios de “legislar melhor”.

Constance Le Grip (PPE) , por escrito. – (FR) Congratulo-me com a aprovação na sessãode hoje da proposta de resolução comum do Parlamento Europeu sobre a igualdade deacesso aos mercados do sector público na UE e em países terceiros e sobre a revisão doquadro jurídico dos contratos públicos, incluindo as concessões, de que fui co-autora. Obom funcionamento dos mercados de contratos públicos é essencial para estimular oMercado Único. É, pois, importante que clarifiquemos e melhoremos o quadro jurídicoque regula a adjudicação dos contratos públicos, dado o seu papel de catalisador dorelançamento da economia da União. Quanto ao acesso aos mercados dos contratospúblicos da União Europeia por empresas de países terceiros, a União Europeia tem o dever

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Page 103: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

de actuar de forma realista e pragmática e, sobretudo, sem ingenuidade. Não se trata detomar uma posição contra a abertura dos nossos mercados, mas de advogar, com toda alegitimidade, o mútuo acesso neste domínio; o objectivo não é fechar os nossos mercadosdo sector público ao exterior, mas assegurar que os nossos parceiros fora da União Europeiaabram os seus mercados de forma equivalente, e, se necessário, desenvolver mecanismosadequados para alcançar este objectivo de reciprocidade e de equilíbrio.

Petru Constantin Luhan (PPE), por escrito. – (RO) A igualdade de acesso aos mercadosdo sector público na UE e a revisão do quadro jurídico dos contratos públicos são essenciaispara promover o Mercado Único na União e nos Estados-Membros e, consequentemente,a integração social e económica da UE. Atendendo ao contexto de crise económica efinanceira, considero que a estratégia proposta nesta resolução é uma necessidade, emparticular no que se refere ao objectivo de conferir uma maior coerência à política decomércio externo comum europeia. Devo sublinhar a importância que esta revisãolegislativa assume para a revitalização e a estabilização da economia da União Europeia.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor desta resolução porque consideroque a questão específica da salvaguarda da igualdade de tratamento e da concorrênciaequitativa nos mercados de concursos públicos na UE e em países terceiros requerurgentemente mais atenção política.

Jean-Luc Mélenchon (GUE/NGL), por escrito. – (FR) Pôr em causa as parceriaspúblico-públicas, revisão em baixa das exigências dos poderes públicos (será necessáriorecordar que são estes os garantes do interesse público?), tendência das escolhas destespoderes para o favorecimento da concorrência... São apenas alguns exemplos dosmaravilhosos "progressos" que nos são prometidos pelo Livro Verde da Comissão Europeiasobre contratação pública. Além de subscrever estes absurdos, a principal linha deargumentação do texto é o combate a toda e qualquer medida proteccionista. Tantaspolíticas que recuso. Voto contra.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − Um mercado de contratos públicos que funcione bem éde importância essencial para a promoção de um mercado único, estimular a inovação,dinamizar o emprego, o crescimento e a competitividade, promover um elevado nível deprotecção ambiental e climática e a protecção dos direitos sociais em toda a UE, e pararealizar o mais elevado valor para as autoridades públicas, cidadãos e contribuintes. Tendocomo objectivo superar a crise financeira e económica e a protecção contra eventuaisfuturas crises, os contratos públicos são de relevância crucial, servindo de catalisador paraa revitalização da economia da UE e, consequentemente, para o emprego e o bem-estar naUE. Assim, um processo sólido e devidamente ponderado de optimização doenquadramento jurídico dos contratos públicos é de importância vital para o bem-estardos cidadãos da UE, dos consumidores e das empresas da UE, para as autoridades nacionais,regionais e locais.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − Um mercado de contratos públicos quefuncione bem é de importância essencial para promover o mercado único, estimular ainovação, promover um elevado nível de protecção ambiental e climática, bem como ainclusão social em toda a UE, e para realizar o mais elevado valor para as autoridadespúblicas, cidadãos e contribuintes. Por estes motivos votei favoravelmente a presenteresolução do Parlamento Europeu sobre a igualdade de acesso aos mercados do sectorpúblico na UE e em países terceiros e sobre a revisão do quadro jurídico dos contratospúblicos, incluindo as concessões. Neste sentido, associo-me aos proponentes da presente

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Page 104: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

resolução, no apelo à Comissão para que dê prioridade à modernização das regras sobrecontratos públicos e se ocupe das concessões de serviços de forma a evitar uma maiorfragmentação do direito da UE sobre contratos públicos, em conformidade com osprincípios de legislar melhor.

Robert Rochefort (ALDE), por escrito. – (FR) Os contratos públicos desempenham umpapel essencial no estímulo do Mercado Único, no fomento da inovação, no reforço docrescimento e no apoio ao emprego e à competitividade da UE. Para que estes resultadossejam alcançados, é importante que o mercado de contratos públicos funcione bem. Paratanto, como salientado no texto da proposta de resolução, que subscrevo, é importanteencontrar rapidamente soluções para a simplificação e clarificação das regras de adjudicaçãode contratos públicos. Parece-me igualmente essencial que o acesso ao mercado de contratospúblicos pelas PME – que representam 99% das empresas europeias e garantem mais de100 milhões de empregos – seja melhorado o mais depressa possível. Além disso, e como objectivo de apoiar as actividades dessas empresas, convido a Comissão a implementaro princípio da reciprocidade e a ponderar novas formas de melhorar o acesso das empresaseuropeias ao mercado de contratos públicos fora da União, a fim de assegurar condiçõesde igualdade entre as empresas europeias e estrangeiras que concorrem à adjudicação decontratos públicos.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) Acabámos por nos abster emvirtude de terem sido adoptadas várias alterações propostas pelo PPE e pelo ECR,inadmissíveis para nós.

Oreste Rossi (EFD), por escrito. – (IT) Com vista à superação da crise económica efinanceira, os contratos públicos parecem actuar como um catalizador para o relançamentoda economia europeia, das empresas, do emprego e do bem-estar dos consumidores daEuropa. Face à liberalização progressiva de sectores especiais (água, electricidade e gás) ea fim de proteger as empresas que operam nesses sectores, temos de criar um sistema dequalificação que garanta aos clientes a eficiência do processo de selecção das empresasconcorrentes. Sou a favor desta proposta de resolução, uma vez que é necessário, numregime transparente, limitar a fragmentação da legislação europeia em matéria decontratação pública para que possamos atingir os níveis mais elevados possível decompetitividade e eficiência.

Daciana Octavia Sârbu (S&D), por escrito. – (EN) A contratação pública constitui umaoportunidade única para a canalização de investimentos para projectos que beneficiem oscidadãos e, simultaneamente, vão ao encontro de objectivos mais vastos em termos depolíticas públicas. Gostaria de salientar a importância da contratação pública naimplementação de normas ambientais nos sectores da construção e dos transportes e opotencial para a melhoria da eficiência energética e, por esta via, da redução das emissõesde carbono, dos custos operacionais e da poluição atmosférica. Exorto os Estados-Membrosa que usem os contratos públicos para a prossecução destes objectivos, obtendo importantesbenefícios de longo prazo em termos sociais, económicos e ambientais.

Nuno Teixeira (PPE), por escrito. − Um mercado de contratos públicos que funcione bemé de importância essencial para promover o mercado único europeu e estimular a inovaçãoe o investimento. Tendo em vista superar a actual crise económica e financeira, os contratospúblicos revelam-se de uma enorme importância enquanto dinamizadores da economiaeuropeia, contribuindo para a criação de emprego. A União Europeia rejeita a possibilidadede serem postas em prática medidas proteccionistas e almeja a igualdade de acesso aos

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Page 105: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

mercados do sector público na União Europeia e em países terceiros. Neste sentido, a UEacredita firmemente no princípio da reciprocidade, do benefício mútuo e daproporcionalidade neste domínio.

Para o efeito, defendo uma melhor coerência entre a política comercial comum e as práticasdos Estados que aceitam propostas excepcionalmente baixas de empresas de países quenão são parte do Acordo sobre Contratos Públicos, colocando as empresas dosEstados-Membros da UE em desvantagem.

Reitero assim o apelo desta Assembleia para que se dê prioridade à modernização dasregras sobre contratos públicos de forma a evitar a sua fragmentação e de forma a incentivaro recurso a esta via por parte das empresas.

Bernadette Vergnaud (S&D), por escrito. – (FR) Esta votação é importante porque aComissão tem de adoptar as medidas necessárias para impedir a concorrência desleal e afalta de reciprocidade no acesso à contratação pública por parte de países terceiros. Nãose trata de erguer barreiras proteccionistas, mas a União Europeia não pode continuara aser a única a cumprir as regras. De facto, não podemos continuar a ignorar o dumping sociale ambiental praticado por empresas dos países emergentes às quais são adjudicadoscontratos em países da União, desafiando os direitos sociais e a legislação relativa aosauxílios estatais, ao passo que os mercados desses países estão fechados às empresaseuropeias. Contudo, importa não esquecer que os países mais industrializados, apesar deterem ratificado os acordos internacionais, também não cumprem as regras!

Depois de anos de passividade, a Comissão parece ter vontade de fazer alguma coisa, e ébem necessário: está em causa a sobrevivência das nossas empresas e dos nossos empregos.Para finalizar, saúdo a adopção das alterações propostas pelo Grupo da Aliança dosSocialistas e Democratas no Parlamento Europeu relativas ao cumprimento, no âmbito dacontratação pública, das normas laborais, sociais e ambientais em vigor nos diferentesEstados-Membros. Cabe agora à Comissão estar à altura deste desafio.

Proposta de resolução B7-0297/2011

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente resolução conjunta, salientandoas medidas consideradas necessárias: utilizar todas as possibilidades e margens financeirasdisponíveis no quadro do orçamento comunitário consagrado às pescas, para financiarmedidas extraordinárias de apoio ao sector, para que este possa ultrapassar as dificuldadescolocadas pelo aumento do preço dos combustíveis; a necessidade de o Fundo Europeudas Pescas (FEP) continuar a conceder ajudas à melhoria da selectividade das artes de pescae à substituição de motores, por razões de segurança, protecção do ambiente e/ou economiade combustível, sobretudo para a pequena pesca costeira e artesanal de pequena escala;pelo facto de exortar a Comissão a elaborar um plano a médio e a longo prazo para melhorara eficiência dos combustíveis no sector das pescas (incluindo a aquicultura); apela ainda àComissão para que reforce a eficiência dos combustíveis no sector das pescas e daaquicultura, sugerindo um plano de acção adaptado às regiões costeiras e regiões insularesque apresentem um sector das pescas dinâmico.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Votei a favor desta proposta. O recenteaumento do preço do petróleo afectou a viabilidade económica do sector das pescas, e ospescadores europeus encontram-se numa situação difícil. Além disso, devido à elevadadependência da União Europeia em relação a importações de países terceiros (60%) parao abastecimento do seu mercado interno, os produtores exercem pouca ou mesmo nenhuma

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Page 106: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

influência no nível de preços dos produtos da pesca. Concordo com o aumento do limiardos auxílios de minimis de 30 000 para 60 000 euros por empresa, por um períodotransitório de três anos, velando paralelamente por que a sustentabilidade ambiental esocial não seja posta em causa e por que a concorrência entre Estados–Membros não sejadistorcida.

Maria Da Graça Carvalho (PPE), por escrito. − Manifesto a minha profunda solidariedadepara com os pescadores europeus, cujos salários têm vindo a ser directamente afectadospelo aumento do preço do petróleo, o que veio agravar seriamente a sua fragilidadeeconómica relacionada com o carácter irregular da actividade neste sector. Considerocapital a introdução de mecanismos que promovam uma valorização dos preços pagos àprodução, exercendo para isso uma máxima contenção dos preços pagos no consumofinal. Apoio desta forma a proposta de resolução apresentada pelo Grupo PPE, que salientadevidamente os pontos mencionados.

Nessa Childers (S&D), por escrito. – (EN) Embora não seja boa ideia subsidiar a indústriados combustíveis fósseis, os pescadores da UE sofrem os efeitos da recessão económica e,ao contrário de outros modos de transporte, não têm qualquer alternativa real aoscombustíveis fósseis.

Vasilica Viorica Dăncilă (S&D), por escrito. – (RO) A energia representa uma fatiasignificativa dos custos operacionais do sector das pescas, e o recente aumento do preçodos combustíveis é responsável pela deterioração da situação deste sector com impactodirecto nos custos de produção. Perante estes factos, penso que a Comissão Europeia temde ponderar sobre os meios necessários para resolver com urgência a difícil situaçãoeconómica em que se encontram muitos pescadores europeus bem como adoptar asmedidas adequadas para amenizar esta situação, sem deixar de ter em conta as dificuldadesfinanceiras que os países com grandes frotas pesqueiras estão a enfrentar.

Marielle De Sarnez (ALDE), por escrito. – (FR) A Comissão tem de adoptar medidasurgentes para remediar a situação económica difícil em que se encontram muitos pescadoreseuropeus devido ao aumento dos preços do petróleo. Trata-se, nomeadamente, de aumentaro limiar dos auxílios de minimis de 30 000 para 60 000 euros pelo período de três anos epor empresa beneficiária. Além das compensações, temos de implementar uma estratégiade longo prazo que permita aos pescadores e aos profissionais de outros sectores, comoos agricultores e os transportadores rodoviários, reduzirem a dependência dos combustíveisfósseis. É por esta razão que a Comissão tem de dar incentivos ao investimento em novastecnologias tanto a nível europeu como nacional com o objectivo de aumentar a eficiênciaenergética a nível dos transportes marítimos, rodoviários e aéreos.

Edite Estrela (S&D), por escrito. − Votei favoravelmente a proposta de resolução sobrea crise no sector das pescas europeu devido ao aumento do preço do petróleo, uma vezque este veio afectar a viabilidade económica do sector das pescas, com impactos directossobre o rendimento dos pescadores. São necessárias medidas de emergência com caráctertemporário que permitam fazer face à difícil situação económica em que se encontram ospescadores europeus, mas a Comissão deverá elaborar um plano a médio e a longo prazopara melhorar a eficiência dos combustíveis no sector das pescas, incluindo a aquicultura.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − A pesca é uma actividade económica essencial para ospaíses europeus, em especial para os países marítimos, como é o caso daquele de ondevenho, e, como tal, este Parlamento tem que estar especialmente atento às condições queafectam a população que se dedica à pesca.

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Page 107: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

O aumento do preço dos combustíveis – um custo essencial para a prossecução da actividadepesqueira – afectou enormemente o rendimento dos pescadores. Numa época de violentacrise económica e financeira, em que todos os apoios possíveis para manter empresas eempregos são poucos, congratulo-me com a proposta feita nesta resolução pelos meuscolegas do PPE, para apoiar os pescadores da UE e para aumentar o limiar dos auxílios deminimis de 30 000 para 60 000 euros por empresa ao longo do período de três anos. Destaforma, a indústria pesqueira poderá fazer face ao aumento dos custos de exploração ligadosao preço do petróleo.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − A presente proposta de resolução comumdo Parlamento Europeu (PE) aborda a problemática da crise no sector europeu das pescaspor causa do aumento contínuo nos preços dos combustíveis, que se reflecte, de uma formamuito significativa, nos seus custos operacionais. Esta subida faz-se sentir, sobretudo, aonível das pequenas e médias empresas (PME) – muitas vezes de nível familiar – cujostrabalhadores começam a ver o seu posto de trabalho posto em causa. Assim, congratulo-mecom a aprovação desta proposta e espero que, brevemente, os Estados-Membros possamaumentar os apoios aos pescadores e que a União Europeia, através do Fundo Europeu dasPescas (FEP), aumente as taxas de comparticipação destinadas à melhoria e modernizaçãodas embarcações e equipamentos e proceda à criação de um Fundo a que as PME possamrecorrer em caso de dificuldade. É particularmente importante o apoio aos pescadoresartesanais.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − Foi positivo que o PE aprovasse esta resolução.O aumento significativo do preço dos combustíveis agravou de forma muito séria a crisecom que se confronta o sector da pesca, a sua viabilidade económica, e reduziu muitosignificativamente os já parcos rendimentos dos profissionais da pesca.

A actual dinâmica de venda não permite a repercussão das oscilações dos custos dos factoresde produção, incluindo os combustíveis, nos preços do pescado – para o que contribui,entre outros factores, a actual política de importações.

Os preços médios de primeira venda, em muitos casos, estagnaram ou desceram desde hávários anos, sem que isso se tenha reflectido numa diminuição dos preços ao consumidorfinal de peixe fresco.

A actual Organização Comum de Mercado (OCM) dos produtos da pesca não temconseguido contribuir suficientemente para a melhoria dos preços na primeira venda epara uma melhor distribuição do valor acrescentado na cadeia de valor do sector.

A situação económica de um grande número de empresas deteriorou-se nos últimos anos,levando mesmo ao desaparecimento de muitas delas, sendo real o risco de desaparecimentode milhares de empresas de pesca e de destruição de milhares de postos de trabalho, devidoao aumento do preço dos combustíveis.

Particularmente vulneráveis são os segmentos da pequena pesca costeira.

Impõe-se que estas medidas sejam aplicadas.

Pat the Cope Gallagher (ALDE), por escrito. – (GA) O sector das pescas é um dos maisafectados pelos aumentos do preço do petróleo, uma vez que os combustíveis representamuma parte significativa dos custos de exploração do sector, estimada entre 30% e 50%.Apoio inteiramente todas as medidas que possam ser implementadas com o objectivo de

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ajudar os pescadores nesta matéria, em especial os que se dedicam à pesca de pequenaescala nas regiões costeiras e nas regiões insulares.

Estelle Grelier (S&D), por escrito. – (FR) A adopção de uma resolução parlamentar sobrea crise do sector europeu das pescas devido ao aumento dos preços do petróleo constituiuma oportunidade para recordar a urgência da nossa ajuda aos pescadores. Num contextoem que o recrutamento é cada vez mais difícil e em que as práticas que os pescadores têmde adoptar são cada vez mais restritivas, o aumento dos preços dos combustíveis agravaainda mais as condições deste sector atingido pela crise. O aumento substancial dos preçosdo petróleo está a ter um forte impacto nos custos de exploração dos pescadores, o queprovocou uma quebra dos respectivos rendimentos entre 2008 e 2010. Como representanteeleita de uma cidade portuária, tenho o especial dever de apelar à Comissão para queautorize o aumento do limiar dos auxílios de minimis. Esta medida contribuiria para aliviara pressão a que os pescadores estão sujeitos para conseguirem viver com dignidade dosrendimentos da sua actividade sem prejuízos para a renovação dos stocks. A reforma daPolítica Comum das Pescas que se prevê para breve terá de conquistar o apoio dospescadores. Mostrar-lhes hoje que a União Europeia está atenta às suas necessidades seriaum bom começo.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documento porque a recentecrise nos preços do petróleo afectou a viabilidade económica do sector das pescas e deixoumuitos pescadores preocupados quanto à forma de fazer face a estes custos adicionais, jáque os preços do petróleo afectam directamente os rendimentos dos pescadores. Temosde utilizar todas as possibilidades e margens financeiras disponíveis no quadro do orçamentocomunitário consagrado às pescas para o financiamento de medidas extraordinárias deapoio ao sector para que este possa ultrapassar as dificuldades levantadas pelo aumentodo preço dos combustíveis, enquanto não for aplicado outro tipo de medidas. O FundoEuropeu das Pescas (FEP) deve continuar a conceder ajudas à melhoria da selectividade dasartes de pesca e à substituição de motores, por razões de segurança, protecção do ambientee/ou economia de combustível, sobretudo para a pequena pesca costeira e artesanal depequena escala. Em meu entender, é urgente que a Comissão proponha, com carácter deurgência, os investimentos, quer a nível europeu quer a nível nacional, em novas tecnologias,com vista a aumentar a eficiência energética das embarcações de pesca, que permitamreduzir a dependência dos pescadores dos combustíveis fósseis.

Bogusław Liberadzki (S&D), por escrito. – (PL) A resolução é a expressão da preocupaçãodo Parlamento com o estado do sector das pescas, com as condições económicas dasempresas de pesca e com o preço do peixe no mercado. Trata-se de um sector importante,e o peixe é um elemento importante da nossa alimentação. Penso que o n.º 3 da propostade resolução comum, que exprime a vontade de aumentar as ajudas económicas aospescadores, é de uma importância crucial. É uma solução que apresenta mais vantagensdo que as novas garantias propostas para o sector. Espero que a Comissão e o Conselhotenham esta resolução na devida consideração.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei contra esta resolução porque, em meuentender, a UE não deve aumentar os subsídios para o sector europeu das pescas ou paraqualquer outro sector por causa de um aumento do preço do petróleo.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − O recente aumento dos preços do petróleo veio afectara viabilidade económica do sector das pescas e suscita apreensão junto de muitos pescadores,que não sabem como fazer face a estes custos adicionais. Não podemos esquecer que o

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Page 109: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

aumento do preço do petróleo afecta directamente o rendimento dos pescadores. Ainsegurança dos rendimentos e dos salários dos profissionais do sector da pesca, emresultado de diversos factores, como sejam as características irregulares da actividade, asabordagens de comercialização utilizadas e o modo de formação dos preços na primeiravenda, leva à necessidade de manter determinados auxílios públicos nacionais ecomunitários. Por outro lado, a crise financeira e económica está a surtir um impactoparticular nos sectores industriais e nas pequenas e médias empresas (PME) e põe em causaa actividade e o emprego nos sectores primário e secundário. Temos agora, à semelhançado passado, de adoptar medidas de emergência com carácter temporário para superar asdificuldades enfrentadas pelo sector das pescas num contexto de subida dos preços doscombustíveis.

Rareş-Lucian Niculescu (PPE), por escrito. – (RO) Votei a favor da resolução e contratodas as alterações apresentadas. É necessário adoptar novas medidas de apoio ao sectordas pescas, tendo em conta a combinação de dois factores: por um lado, o elevado preçodo petróleo e, por outro, o baixo preço do peixe na primeira venda. A pesca é um sectoreconómico importante da União Europeia e precisa de receber apoio numa altura em queo preço médio do barril de petróleo se mantém entre 80 e 100 dólares.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − A crise económica mundial instalada,agravada pela crise política do Magrebe e Médio Oriente, conduziu de novo a um aumentodo preço dos combustíveis, cifrando-se o preço do barril acima dos 100 dólares. Face àactual instabilidade política que tem assolado o mundo árabe, este valor poderá aindadisparar.

A factura energética representa, para o sector da pesca, a maior parcela dos custos deoperação, e, ao contrário de outras actividades, o sector não pode contrariar o agravamentodeste custo com um aumento da produção, em virtude do tecto de capturas estabelecidopelos TAC e quotas.

Não obstante a diversidade de opiniões relativamente à forma como o sector das pescasdeve ser gerido, existe um ponto consensual que importa realçar: a pesca é uma actividadeimportantíssima para o aprovisionamento alimentar da população europeia e uma fontede emprego para grande parte das comunidades costeiras da UE onde não existemalternativas profissionais.

Para garantir a continuidade da actividade da pesca e evitar quebras de abastecimento e oaumento do desemprego no sector, a UE deverá aumentar o tecto estabelecido peloRegulamento de minimis para valores próximos dos 60 000 euros, bem como adoptaroutras medidas capazes de atenuar a subida recente do preço dos combustíveis.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − O custo da actividade da pesca está muito dependentedo preço do petróleo. Nesta medida, e porquanto o recente aumento dos preços do petróleoveio afectar a viabilidade económica do sector, é importante que se adoptem medidas deemergência que permitam fazer face à difícil situação económica em que se encontram ospescadores europeus.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (ES) O verdadeiro problema das pescasactualmente é o facto de 70% dos stocks estarem sobre-explorados devido ao facto de anossa frota ser objectivamente sobredimensionada. Gastar dinheiros públicos namanutenção desta frota constitui um erro irresponsável. No quadro da reforma da PolíticaComum das Pescas, é mais do que nunca necessário reestruturar a frota pesqueira europeia

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Page 110: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

para pôr fim à utilização de embarcações que consomem grandes quantidades decombustível e emitem uma grande quantidade de CO2, por um lado, e a artes de pesca epráticas claramente destrutivas para o ambiente, por outro, a fim de podermos rumar aum modelo menos dependente da energia, menos destrutivo e mais sustentável em termosambientais, sociais e económicos.

A afectação de mais dinheiro a este sector com o objectivo de compensar o aumento dospreços do petróleo constituirá um maior incentivo para que os pescadores continuem autilizar navios de alto consumo, em especial num contexto em que o aumento dos preçosdos combustíveis deixaram de ser conjunturais e passaram a ser nitidamente estruturais.

Oreste Rossi (EFD), por escrito. – (IT) Em virtude da crise económica profunda que afectaa indústria e as pequenas e médias empresas, o preço do barril de petróleo aumentou e ospreços do petróleo permanecem muito incertos devido ao risco de instabilidade políticano mundo árabe. Além disso, a crise também afectou profundamente a pesca marítimaeuropeia, uma vez que importamos 60% do peixe que consumimos de países terceiros.Apoio esta resolução porque penso que é importante reforçar a segurança da nossa reservaenergética, informando os mercados e dando maiores garantias aos consumidores a respeitodo estado das nossas reservas petrolíferas. Creio também que é necessário implementarum plano de acção conjunto de apoio às regiões costeiras que apresentem um sector daspescas dinâmico.

Dominique Vlasto (PPE), por escrito. – (FR) Apoiei activamente esta resolução, que apelaà Comissão para que adopte fortes medidas de apoio à indústria das pescas. O aumentodos preços do petróleo está a provocar uma verdadeira crise neste sector. A crise começoupor ser cíclica, mas tornou-se estrutural e ameaça a viabilidade económica daquela indústria.Os custos operacionais dispararam e estão a ter um impacto profundo sobre os rendimentosdos pescadores a ponto de terem afectado o conjunto do sector de produção e todas asregiões costeiras. Por conseguinte, saúdo o apelo feito por este Parlamento para a introduçãode uma maior flexibilidade no esquema de auxílios de minimis. Apesar de atravessarmosnum contexto orçamental difícil, os pescadores nunca conseguiriam entender que a Uniãonão fosse capaz de dar resposta às suas apreensões. Além disso, a resolução apela a queseja dada especial atenção à pesca costeira de pequena escala e às regiões afectadas. A meuver, isto é indispensável, dado que, apesar de o conjunto do sector estar a ser afectado, oaumento da factura energética vai ter um impacto maior sobre a pesca tradicional do quesobre a pesca industrial. Creio que situações excepcionais exigem medidas excepcionais.Assim, manter-me-ei alerta às propostas que a Comissão vai apresentar para tranquilizare apoiar os nossos pescadores.

Proposta de resolução B7-0286/2011

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo esta proposta de resolução do PE, umavez que transmite a sua insatisfação face à Comissão, na medida em que, até ao final de2009, apenas 75 % do montante total de 21 mil milhões de euros de apoios financeirosque estavam disponíveis foi aproveitado por 50 000 pequenas e médias empresas. Aexcessiva burocracia administrativa que se apresenta como impedimento à maioria daspequenas e médias empresas deve deixar de existir. Há necessidade não só de simplificação,mas também de uma melhoria do sistema de acesso a este financiamento por parte dasempresas.

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Page 111: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Roberta Angelilli (PPE), por escrito. – (IT) A Comissão está a prestar uma grande atençãoàs pequenas e médias empresas (PME): aos 23 milhões de PME que constituem o tecidoeconómico da UE e que são uma fonte de inovação e criatividade, permitindo que a Europacontinue a destacar-se no mercado internacional. Pouco a pouco, a burocracia e a legislação- que, até há pouco tempo, matavam à nascença o desenvolvimento de empresas inovadorasde pequena dimensão – foram sendo eliminadas e os jovens começam a ter perspectivasde um futuro estável que se espera cheio de oportunidades. Empreendedorismo, formação,flexibilidade, regulamentação inteligente e acesso ao crédito são os conceitos fundamentaisdo "Small Business Act", o quadro que define a política da UE para as PME através de ajudasselectivas e acções de formação para jovens.

Agora que muitas das iniciativas foram definidas, cabe a cada Estado-Membro e à UniãoEuropeia no seu conjunto aplicá-las correctamente, concedendo às PME maior liberdadede acção, permitindo-lhes participar em concursos públicos, adoptando o fundo europeude patentes no futuro e transpondo o mais depressa possível a Directiva relativa aos atrasosde pagamento. Importa não esquecer que é necessário fazer investimentos para que osesforços feitos até ao momento não tenham sido em vão, porque só o investimento podeafectar o correcto funcionamento do mecanismo da competitividade europeia.

Elena Oana Antonescu (PPE), por escrito. – (RO) O “Small Business Act” assenta numconjunto de princípios, como o acesso ao financiamento e ao mercado único, mercadosinternacionais e contratos públicos. Os progressos efectuados pelos Estados-Membros nosentido de tomar medidas concretas para melhorar o enquadramento empresarial embenefício das PME têm sido variáveis e com frequência despiciendos, pesem embora oscompromissos políticos constantes deste documento. Na União Europeia, os 23 milhõesde pequenas e médias empresas, que representam cerca de 99% do conjunto total dasempresas e criam mais de 100 milhões de postos de trabalho, desempenham um papelfundamental ao contribuírem para o crescimento económico, a coesão social e a criaçãode emprego. As PME debatem-se com sérios problemas em expandir as suas actividades,melhorar a sua capacidade de inovação e aceder aos mercados.

Por estas razões exorto os Estados–Membros a adoptarem quanto antes a proposta relativaao estatuto da sociedade privada europeia, que permitirá às PME operarem em toda a UEao mesmo tempo que se reduzem os custos, se fomenta o crescimento nesta área,favorecendo uma redução dos encargos administrativos em 25% e estimulando a actividadeempresarial Votei a favor desta proposta de resolução.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Votei a favor desta resolução. Há 23 milhõesde pequenas e médias empresas (PME) na UE, que representam cerca de 99% do conjuntototal das empresas e criam mais de 100 milhões de postos de trabalho. desempenham umpapel fundamental ao contribuírem para o crescimento económico, a coesão social e acriação de emprego, constituem uma importante fonte de inovação, são vitais para amanutenção e a expansão do emprego e contribuem para atingir os principais objectivostraçados nas iniciativas emblemáticas no âmbito da Estratégia Europa 2020. O "SmallBusiness Act”, adoptado em 2008, constituiu uma medida política importante para melhoraro enquadramento empresarial em benefício das PME, assegurando uma regulamentaçãomelhor e mais simples e uma simplificação do acesso aos mercados. Contudo, as PMEcontinuam a debater-se com sérios problemas na expansão das suas actividades e no acessoao mercado, como consequência, essencialmente, das dificuldades em obter financiamentoe de obstáculos administrativos persistentes, que devem ser reduzidos, Os Estados-Membros

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devem adoptar todas as disposições do “Small Business Act" com carácter de urgência,com vista à criação de um enquadramento empresarial mais transparente e consistente.

Regina Bastos (PPE), por escrito. − O Small Business Act (SBA) é o quadro estratégicopara uma exploração mais eficaz do potencial de crescimento e inovação das PME, aimplementar na UE e nos Estados-Membros. Na UE existem cerca de 23 milhões de PME,que representam cerca de 99 % do conjunto total das empresas e criam mais de 100 milhõesde postos de trabalho, desempenhando um importante papel para o crescimentoeconómico, a coesão social e a criação de emprego.

A presente resolução, que apoiei, reconhece terem sido iniciadas várias das iniciativas doSBA. Todavia, muito mais pode ser feito para auxiliar as PME europeias, nomeadamente:a rápida transposição, por parte dos Estados-Membros, da directiva relativa aos atrasos depagamento; a necessidade de a Comissão dispor de mecanismos mais eficazes para incentivaros Estados-Membros a aplicar os princípios do SBA; a adopção, quanto antes, pelosEstados-Membros da última proposta pendente, relativa ao estatuto da sociedade privadaeuropeia; a importância de a Comissão e os Estados-Membros assegurarem que o testePME seja realizado com regularidade nas avaliações de impacto; o imperativo da diminuiçãoda carga burocrática e administrativa para as PME; a institucionalização de formapermanente do programa Erasmus para jovens empresários, dotando-o de um orçamentoadequado.

Jan Březina (PPE), por escrito. – (CS) Votei a favor do projecto de resolução porque apoioo Acto para o Mercado Único, em particular, as medidas legislativas que permitem que aspequenas e médias empresas (PME) colham todos os benefícios do mercado único, comoas normas europeias para os fundos de capital de risco, as normas relativas ao IVA revistase a simplificação das Directivas Contabilísticas. Paralelamente, penso que é necessárioreforçar o diálogo entre as PME e as entidades adjudicantes públicas, a fim de facilitar aparticipação das PME nos processos de adjudicação de contratos públicos. Nestascircunstâncias, considero adequado que se explorem alternativas para ajudar as PME aformar parcerias e consórcios e a apresentar ofertas conjuntas em concursos públicos. AComissão deveria proceder a uma avaliação de impacto e analisar a possibilidade deaumentar os limiares aplicados aos contratos públicos da UE, o que permitiria às PMEparticiparem em concursos que, de outra forma, estariam sujeitos a requisitos específicos,razão pela qual as PME ficariam impedidas de participar.

Gostaria ainda de instar a Comissão a avaliar a forma de melhorar a publicação de todosos anúncios de contratos públicos em toda a Europa, assim como a eliminar os encargosadministrativos que impedem a participação das empresas europeias em contratos públicostransfronteiriços. Os Estados-Membros têm pela frente a tarefa de aplicar, de forma maissistemática, o Código Europeu de Boas Práticas para facilitar o acesso das PME aos contratospúblicos.

Maria Da Graça Carvalho (PPE), por escrito. − Congratulo-me com a criação edesenvolvimento do Small Business Act, que, na minha opinião, providencia oportunamentesoluções para os principais obstáculos sentidos pelas PME no que se refere à expansão deactividades e inserção no mercado. Muitos destes obstáculos devem-se a uma excessivaburocratização e a dificuldades em obter financiamento. O Small Business Act incita osEstados-Membros a melhorar o enquadramento empresarial em benefício das PME, e porisso os seus princípios devem ser devidamente trabalhados e adoptados.

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Nessa Childers (S&D), por escrito. – (EN) O “Small Business Act” é um dos actos maisproactivos dos últimos três anos e é importante que a UE continue a centrar a sua atençãonas PME.

George Sabin Cutaş (S&D), por escrito. – (RO) Votei a favor da Resolução do ParlamentoEuropeu sobre a Análise do “Small Business Act” (SBA), uma vez que ainda é necessáriotomar uma série de medidas destinadas a facilitar o funcionamento adequado das PME naUE.

Em termos económicos, as PME são aquilo a que se chama "a espinha dorsal da UE". Naverdade, 99% das empresas europeias são PME, criando mais de 100 milhões de postos detrabalho. A União Europeia encoraja o desenvolvimento destas empresas. No entanto, anível de cada Estado-Membro, as PME são constantemente confrontadas com dificuldadesna obtenção de financiamento ou no cumprimento de tarefas administrativas que excedemfrequentemente as exigências das directivas da UE. Por estas razões votei a favor do aumentodo esforço dos Estados-Membros para a correcta aplicação dos princípios constantes doSBA.

Marielle De Sarnez (ALDE), por escrito. – (FR) As PME são indispensáveis ao dinamismoda economia europeia. Há 23 milhões de PME na UE; são empresas que empregam menosde 250 pessoas e cujo volume de negócios não excede 50 milhões de euros por ano;representam 99% das empresas europeias e empregam quase 70% da força de trabalho dosector privado. Num contexto de retoma difícil e de aumento da concorrência económicaa nível internacional, é de saudar a criação de uma estratégia europeia. O “Small BusinessAct” tem como objectivo o aumento do empreendedorismo na Europa e contribuir parao crescimento das empresas. Assim, é imperativo reduzir as formalidades administrativase adoptar uma administração moderna e adaptada às necessidades das PME. Por isso, aComissão tem de criar um sistema unificado de criação de empresas. Seria igualmente útila adopção de um "teste PME" para avaliar o impacto de toda a futura legislação sobre asPME a fim de garantir que a legislação não constitui um entrave ao potencial de crescimentodestas empresas.

Christine De Veyrac (PPE), por escrito. – (FR) Congratulo-me com a adopção da Resoluçãodo Parlamento Europeu sobre a Análise do “Small Business Act”, que adapta as medidasde apoio da UE às pequenas e médias empresas (PME) ao novo contexto resultante da criseeconómica de 2008 e assegura que tais medidas são suficientes para o cumprimento dasmetas da estratégia “Europa 2020”. As PME foram as primeiras a ser afectadas pela crisefinanceira e bancária que se tem vindo a fazer sentir ao longo destes últimos anos e quereduziu o acesso destas empresas ao financiamento e aos mercados. Esta nova versão do“Small Business Act” terá, por isso, de dar um maior apoio às PME através da diversificaçãodos instrumentos financeiros e da redução ao mínimo possível dos encargos administrativosque têm de suportar.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − As pequenas e médias empresas (PME) sozinhasrepresentam cerca de 99 % do conjunto total das empresas e criam mais de 100 milhõesde postos de trabalho na União Europeia. É, por isso, vital o seu papel para o crescimentoeconómico, a coesão social e a criação de emprego.

Ora, o Small Business Act (SBA) tem por base princípios fundamentais, como o acesso aofinanciamento e aos mercados e uma melhor regulação. Contudo, é inegável que as PMEcontinuam a debater-se com uma série de problemas, como a dificuldade em expandir as

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suas actividades, o difícil acesso aos mercados ou as inúmeras dificuldades de obterfinanciamento.

Neste sentido, felicito as conclusões da análise feita pela Comissão e é com grande satisfaçãoque vejo estas novas propostas, que visam melhorar o acesso ao financiamento e aosmercados e avançar com o processo de desburocratização.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − A presente proposta de resolução doParlamento Europeu debruça-se sobre a análise do Small Business Act (SBA), conjunto deprincípios políticos que visam apoiar as pequenas e médias empresas (PME) a nível doacesso ao financiamento e aos mercados, bem como uma melhoria da legislação. O papeldas PME na União Europeia (UE), a nível social, económico e financeiro, é inquestionável.Na UE, são cerca de 23 milhões que representam 99 % do sector empresarial e criam maisde 100 milhões de empregos. A actual crise financeira teve um impacto negativo nestasempresas. Daí a necessidade de rever a legislação em vigor de modo a facilitar o acesso aofinanciamento, diminuir os custos administrativos e toda a burocracia, incentivar apoupança energética (actualmente, apenas 24 % das empresas valorizam esta questão),melhorar a tecnologia empresarial através da eco-inovação, fomentar a melhoria do nívelde qualificações, educação e formação profissional, e promover a internacionalização e aboa governação. Congratulo-me, pois, com a aprovação desta resolução. Espero que todasas PME beneficiem destas medidas e se tornem prósperas, pois todos os cidadãos europeusserão beneficiados.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − Estamos perante mais uma resolução cheia decontradições. Por um lado, saúda-se a designação, por parte da Comissão, do novoRepresentante para as PME e apoia-se o seu mandato de acompanhamento dos progressosrealizados pelos Estados-Membros na implementação do SBA e de defesa dos interessesdas PME em todos os serviços da Comissão, assegurando, em particular, a aplicação efectivado princípio Think Small First. Faz-se uma recomendação positiva: solicita-se aosEstados-Membros que designem Representantes nacionais para as PME para coordenar aspolíticas relativas às PME e controlar a aplicação do SBA nas diferentes administrações.

Consideramos também positivo que sublinhe que os encargos administrativos são relativamentemais elevados quanto menor for a empresa e solicita, por conseguinte, que se faça uma distinçãoentre micro, pequenas e médias empresas.

Mas, por outro lado, a resolução não aborda (ou fá-lo muito insuficientemente) vários dosconstrangimentos, directos e indirectos, que hoje pesam sobre as PME – muitos delesdecorrentes das políticas dominantes à escala da UE.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − Por um lado, "acolhe com satisfação adesignação, por parte da Comissão, do novo Representante para as PME e apoia o seumandato de acompanhamento dos progressos realizados pelos Estados-Membros naimplementação do SBA e de defesa dos interesses das PME em todos os serviços daComissão, assegurando, em particular, a aplicação efectiva do princípio Think Small First;solicita aos Estados-Membros que designem Representantes nacionais para as PME paracoordenar as políticas relativas às PME e controlar a aplicação do SBA nas diferentesadministrações".

Mas, por outro lado, não critica nem propõe alternativas às políticas neoliberais e restritivasdo Pacto de Estabilidade, que tantos problemas estão a provocar às PME e à população emgeral.

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No entanto, é positivo que sublinhe que os encargos administrativos são relativamentemais elevados quanto menor for a empresa e solicita, por conseguinte, que se faça umadistinção entre micro, pequenas e médias empresas; destaca que as microempresas (commenos de 10 funcionários) representam 91,8 % de todo o tecido empresarial da UE, peloque merecem ser objecto de uma especial atenção e uma abordagem correspondente feitaà sua medida.

Estaremos atentos à evolução da sua aplicação.

Pat the Cope Gallagher (ALDE), por escrito. – (GA) Há 23 milhões de pequenas e médiasempresas na Europa, que dão emprego a mais de 100 milhões de pessoas. O "Small BusinessAct" é um instrumento político importante cujos objectivos são a simplificação do acessoao financiamento e ao mercado, e a melhoria da regulação. Um elemento importante destedocumento é a redução da burocracia que afecta as PME da Irlanda e da UE.

Françoise Grossetête (PPE), por escrito. – (FR) Hoje, o Parlamento Europeu manifestouo seu apoio aos 23 milhões de pequenas e médias empresas (PME) da União Europeia, querepresentam mais de 100 milhões de postos de trabalho e dão um contributo essencialpara o crescimento económico, a coesão social e a criação de empregos.

O objectivo era avaliar os progressos registados e projectar novas acções a fim de darresposta aos desafios ligados à crise económica.

Nota-se uma melhoria acentuada da situação das PME, mas ainda é necessário fazer algunsprogressos. As PME continuam a esbarrar com graves dificuldades para expandirem assuas actividades e, por vezes, até mesmo para sobreviverem. É, portanto, necessário reduzira burocracia através do reforço do controlo e de uma regulamentação inteligente.

É necessário tomar rapidamente uma decisão quanto ao estatuto da sociedade privadaeuropeia; é igualmente urgente adoptar uma patente única europeia. Paralelamente, temosde garantir que o “teste PME” seja devidamente aplicado em todas as novas propostaslegislativas, especialmente à escala nacional.

Por fim, as PME desempenham um papel fundamental na inovação europeia. Temos decontinuar a simplificar o financiamento da investigação e do desenvolvimento a fim deaumentarmos a capacidade de inovação ao longo do ciclo de inovação.

Sylvie Guillaume (S&D), por escrito. – (FR) As PME representam 99% das empresas daUnião Europeia. Assim, votei a favor da Análise do “Small Business Act”, resolução quereconhece o papel essencial das PME na economia da Europa. Apoio o quadro estratégicoque vai ainda mais longe no apoio concedido às PME num período de recessão e em muitosdomínios. Saúdo, por isso, uma regulamentação inteligente que alivia o fardo administrativoque estes actores cruciais têm de suportar e que facilita o acesso ao financiamento e a novosmercados, dando-lhes a possibilidade de investirem e crescerem. Por fim, é importantesalientar que a investigação, o desenvolvimento e a formação profissional devem serapoiados, para que as nossas PME possam beneficiar ao máximo do Mercado Único.

Małgorzata Handzlik (PPE), por escrito. – (PL) Enquanto representante do Grupo doPartido Popular Europeu (Democratas-Cristãos), participei nos trabalhos e nas negociaçõesrelativos à Directiva relativa aos atrasos de pagamento, uma das propostas legislativascruciais anunciadas nas versão original do “Small Business Act”. Espero que osEstados-Membros envidem todos os esforços para adoptarem as disposições destedocumento da forma mais rápida e correcta possível. O “Small Business Act” é uma boa

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proposta para as pequenas e médias empresas. Contudo, tenho algumas dúvidas quantoà avaliação qualitativa do trabalho desenvolvido até agora. A título de exemplo, gostariade referir o Anexo da análise redigido pela Comissão Europeia. O Anexo apresenta exemplosde algumas boas práticas, entre elas, na parte relativa ao mercado único, refere o facto de22 Estados-Membros terem criado balcões únicos. Gostaria de recordar a todos os presentesque estas estruturas foram criadas nos termos da Directiva "Serviços".

Ainda mal passaram três meses desde que este Parlamento aprovou um relatório sobre aexecução da Directiva “Serviços” no qual chamamos a atenção principalmente para o factode os balcões únicos não se encontrarem completamente operacionais, de na maioria doscasos não darem a possibilidade de completar as formalidades por via electrónica e nãofuncionarem de acordo com as expectativas das empresas. Espero que a chamada de atençãopara os bons exemplos de balcões únicos seja seguida de maiores esforços para melhoraro funcionamento de todos eles, para que sirvam realmente os interesses das pequenas emédias empresas.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documento, que se congratulacom a Análise do SBA efectuada pela Comissão e manifesta o seu apoio pelas novaspropostas destinadas a melhorar o acesso ao financiamento e aos mercados e a continuaro processo de desburocratização através do reforço da governação e do seguimento, assimcomo mediante uma regulamentação inteligente. Considero que os Estados-Membrosdevem adoptar quanto antes a última proposta pendente, relativa ao estatuto da sociedadeprivada europeia, que permitirá às PME operar em toda a UE ao mesmo tempo que sereduzem os custos e se fomenta o crescimento nesta área. Precisamos também de promoveruma redução dos encargos administrativos em 25%, tal como indica o SBA, medida quecontribuiria para a eficácia do SBA e o combate a qualquer política económica de naturezaproteccionista nos Estados-Membros e para estimular a actividade empresarial à escala daUE. Os Estados-Membros têm de transpor rapidamente a Directiva revista relativa aosatrasos de pagamento nas operações comerciais a fim de os combater de forma eficaz,assim como os seus efeitos negativos, nomeadamente para as PME. Os Estados-Membrosdevem evitar a sobre-regulamentação, ao transcender o que é exigido na legislação da UEaquando da transposição das directivas para o direito nacional. Os encargos administrativossão relativamente mais elevados, quanto menor for a empresa – uma medidadesproporcional e incorrecta que inibe a criação de PME. É necessário que se faça umadistinção entre micro, pequenas e médias empresas. Em meu entender, as pequenas empresasdevem ser apoiadas de forma a aumentarem a sua competitividade nos mercadosinternacionais através do reforço da sua capacidade de exportação, da divulgação deinformações relativas a programas e iniciativas facilitadoras do acesso aos mercadosinternacionais e da penetração dos bens e serviços das PME, e assegurando que os interessesdas pequenas empresas são devidamente representados.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Saúdo a Análise do SBA efectuada pela Comissãoe manifesto o meu apoio pelas novas propostas destinadas a melhorar o acesso aofinanciamento e aos mercados e a continuar o processo de desburocratização através doreforço da governação e do seguimento, assim como mediante uma regulamentaçãointeligente e outras medidas como a avaliação de desempenho das PME.

Iosif Matula (PPE), por escrito. – (RO) Votei a favor da análise do projecto do “SmallBusiness Act” porque penso que a União Europeia precisa de continuar o processo dereforço dos mecanismos de apoio, com o objectivo de remover os obstáculos aodesenvolvimento sustentável das pequenas e médias empresas permitindo-lhes aproveitar

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ao máximo o seu potencial. Tendo em conta o papel fundamental que as PME desempenhamna economia europeia e o impulso que dão ao crescimento económico, ao emprego e àcoesão social, torna-se necessário adoptar medidas destinadas à criação de um quadro idealpara o desenvolvimento das PME. Neste contexto, gostaria de sublinhar que osEstados-Membros têm de intensificar os seus esforços no apoio às políticas destinadas àpromoção do empreendedorismo e à criação de um ambiente empresarial benéfico paraas PME. É necessário dar alguma atenção ao papel essencial do intercâmbio de boas práticasno âmbito destas políticas. A melhoria do acesso das PME ao financiamento e ao mercadoúnico, a redução da burocracia bem como a garantia de uma melhor aplicação do “SmallBusiness Act” têm de ser as prioridades à escala nacional e europeia.

Mario Mauro (PPE), por escrito. – (IT) A análise do “Small Business Act” (SBA) e as novaspropostas nele contidas são instrumentos necessários para o reforço e a revitalização dos23 milhões de pequenas e médias empresas (PME) europeias, que mostraram ser overdadeiro baluarte contra a crise económica. No conjunto da economia europeia, as PMErepresentam 99% das empresas e garantem postos de trabalho a quase 100 milhões deeuropeus. Temos de continuar a trabalhar no reforço e apoio às PME com o objectivo derevitalizarmos o crescimento, mantendo a aposta na melhoria da competitividade e dainovação. Estas propostas reflectem fielmente estas necessidades. Particularmenteimportante é a revitalização do SBA em linha com os objectivos da estratégia “Europa2020” e todas as acções destinadas a facilitar o crescimento das PME através da simplificaçãoe do apoio não ao investimento mas também à superação dos desafios que a globalizaçãoe as alterações climáticas nos colocam actualmente.

Jean-Luc Mélenchon (GUE/NGL), por escrito. – (FR) Mais um texto que procura fazerbaixar o nível de exigência das autoridades públicas em benefício dos empresários. O “SmallBusiness Act” europeu e a análise feita não estão minimamente preocupados com o interessepúblico nem com os trabalhadores das PME. O único aspecto positivo desta resolução,apoiada por todos os grupos políticos excepto pelo meu, é o facto de lamentar o actualestado de coisas e de apregoar uma eficiência energética que desbarata ao promoverdesenfreadamente as exportações. Hipócrita e malevolente. Abstenho-me, para encorajara intenção e denunciar a hipocrisia.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − Não podemos esquecer que os 23 milhões de pequenase médias empresas (PME) na UE representam cerca de 99 % do conjunto total das empresase criam mais de 100 milhões de postos de trabalho, desempenham um papel fundamentalao contribuírem para o crescimento económico, a coesão social e a criação de emprego,e constituem uma importante fonte de inovação, sendo vitais para a manutenção e aexpansão do emprego, e contribuem para atingir os principais objectivos traçados nasiniciativas emblemáticas no âmbito da Estratégia Europa 2020. O Small Business Act (SBA)baseia-se numa série de princípios políticos fundamentais, como o acesso ao financiamentoe aos mercados (mercado único, mercados internacionais, contratos públicos) e umamelhoria da regulação. Temos que incentivar os Estados-Membros a adoptar as suasdirectrizes de forma a ajudar as PME neste cenário de crise.

Claudio Morganti (EFD), por escrito. – (IT) Avalio muito positivamente esta resoluçãosobre a análise do “Small Business Act” dado que prevê as medidas correctas a adoptar parafacilitar a actividade de mais de 23 milhões de pequenas e médias empresas. Os pontosprincipais incluem a aplicação de uma nova série de medidas que facilitam o acesso aocrédito através do apoio público a sistemas de garantia e de um compromisso mais sólidono encorajamento ao co-financiamento do microcrédito. Mais do que de uma bóia de

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salvação feita de incentivos e financiamentos específicos, as nossas pequenas e médiasempresas precisam de mais simplificação e de maior liberdade de acção, e por isso de menosburocracia, e também de determinadas garantias. Relativamente a este último aspecto,temos de apelar aos Estados-Membros para que resolvam o problema dos atrasos depagamento, que criou e continua a criar problemas e dificuldades graves. Por último,gostaria de sublinhar o facto de a internacionalização poder ser a nova fronteira para orelançamento das pequenas e médias empresas; por conseguinte, todos os instrumentosque permitam a sua expansão além-fronteiras serão muito bem vindos. É um desafio difícilde ultrapassar, em particular por parte das pequenas e médias empresas e, por isso, exigemaior atenção e mais apoio por parte da União Europeia.

Radvilė Morkūnaitė-Mikulėnienė (PPE), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documentoporque entendo que os incentivos às pequenas e médias empresas previstos no “SmallBusiness Act” são a melhor via para aumentar a competitividade da União Europeia. Gostariade chamar a atenção em particular para dois aspectos da resolução que aprovámos. Emprimeiro lugar, a atenção dada à educação e à formação profissional. São os jovens quemvai criar e participar no futuro da UE. Assim, é especialmente importante que sejamempreendedores e estejam aptos a criar uma economia europeia vibrante e competitiva.A utilização eficiente dos recursos é outro aspecto relacionado com a qualidade de vidana UE, no futuro. É um tema recorrente, mas, até agora, infelizmente pouco fizemos paralevar as nossas palavras à prática. Por outro lado, a eficiência na utilização dos recursos,por si só, é uma medida sem eficácia; regra geral, tem de haver uma atitude sustentávelrelativamente ao ambiente em todas as fases da criação de uma empresa. Assim, apelotanto à Comissão Europeia como aos Estados-Membros para que prestem a máxima atençãoao empreendedorismo jovem e à promoção de uma utilização eficiente dos recursos e aoutras iniciativas de poupança de energia.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − A presente resolução visa dar o pontode vista do Parlamento Europeu relativamente à análise do Small Business Act efectuadapela Comissão. Neste âmbito, o PE, através da presente resolução, manifesta o seu apoio:às novas propostas destinadas a melhorar o acesso ao financiamento e aos mercados pelasPME; às medidas para continuar o processo de desburocratização através do reforço dagovernação e do seguimento; a uma regulamentação inteligente; e a medidas como aavaliação de desempenho das PME.

Como tenho sustentado, o reforço das PME é fundamental para a promoção do crescimentoeconómico. Neste sentido, saliento o que o PE propõe no âmbito da investigação e inovação,designadamente a simplificação do financiamento das actividades de investigação,desenvolvimento e inovação (IDI) e a promoção de uma gestão adequada dos programas,especialmente em benefício das PME, bem como o reforço do financiamento das capacidadesde inovação em todo o ciclo, incluindo a inovação não tecnológica, no âmbito do futuroquadro financeiro para a investigação e inovação. Associo-me igualmente ao investimentono apoio local às PME através, por exemplo, da participação dos centros de inovação,câmaras de comércio, organizações empresariais e pólos de inovação em todo o mercadoúnico.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − As PME representam cerca de 99 % do total das empresasda UE, contribuindo em termos fundamentais para o crescimento económico: além defonte de emprego e de riqueza, assumem-se como veículos particularmente aptos para ainovação. Assim sendo, é essencial continuar a oferecer-lhes condições para que se possamdesenvolver e afirmar no mercado, garantindo-lhes acesso ao financiamento e às

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potencialidades do mercado único. Neste sentido, importa congratular a análise ao SmallBusiness Act levada a cabo pela Comissão e apoiar as novas propostas avançadas paraprosseguir os objectivos de apoio às PME.

Robert Rochefort (ALDE), por escrito. – (FR) Noventa por cento das empresas europeiassão PME. Dois terços dos postos de trabalho do sector privado são assegurados pelas PME.Mais de metade do valor acrescentado na Europa é produzido pelas PME. Não poderá haveruma verdadeira retoma da nossa economia nem crescimento económico de longo prazose não houver uma acção determinada por parte das autoridades públicas locais, nacionaisou europeias em benefício das pequenas e médias empresas. Ao aprovar o “Small BusinessAct” em 2008, a Comissão Europeia deu o primeiro passo decisivo na direcção das pequenase médias empresas com a introdução do princípio “Think Small First” ["Pensar Primeiroem. Pequena Escala"] em todas as áreas da legislação. Apesar de todas as propostas aprovadasao longo dos últimos três anos – e estou a lembrar-me em especial da Directiva "Atrasosde Pagamento" –, ainda temos de fazer grandes progressos para tornar mais fácil a actividadedas pequenas e médias empresas tanto no que respeita aos encargos administrativos quetêm de enfrentar, como na dificuldade no acesso ao financiamento. A Comissão Europeiatem de se manter na rota definida no SBA de 2008. É este o apelo lançado pela resoluçãoà qual manifesto o meu apoio.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) A resolução incide essencialmentesobre: 1) o domínio da regulação, apelando a uma melhor aplicação do "teste PME" – emespecial à escala nacional – e à diminuição da burocracia e dos encargos financeiros; 2) amelhoria do acesso ao financiamento por parte das PME através de financiamentos einstrumentos financeiros adicionais disponibilizados pelo Banco Europeu de Investimento(nomeadamente o MFPR e financiamento de capitais próprios) e de um PCI alargado (eindependente); 3) as melhorias necessárias para garantir a participação das PME nosconcursos públicos; 4) a simplificação e uma melhor orientação dos programas de I&D&Ide forma a promover a capacidade de gestão da inovação das PME, o acesso destas últimasaos serviços de I&D&I e outros serviços às empresas baseados no conhecimento, através,por exemplo, de centros de transferência de tecnologia e universidades; 5) a necessidadede ser dada mais atenção a questões sociais e laborais que afectam a actividade empresariale a capacidade das PME em realizar o seu potencial de emprego, nomeadamente odesenvolvimento de competências ao nível da gestão, da informática e da sustentabilidade;6) acções destinadas a melhorar a eficiência em termos de recursos: projectos para as PMEa nível sectorial com o objectivo de identificar inovações eficientes em termos de recursosno âmbito das cadeias de valor e de abastecimento; a adopção de um plano de acção deinovação ecológica ambicioso e a afectação de mais fundos para o mesmo através do PCI;medidas mais rentáveis em matéria de eficiência energética com vista a auxiliar as PME areduzir as suas facturas energéticas.

Oreste Rossi (EFD), por escrito. – (IT) Apoio o relatório sobre a análise do “Small BusinessAct” na medida em que se destina a melhorar o acesso das pequenas e médias empresas(PME) ao financiamento e aos mercados. Num quadro de crise para as empresas europeias,temos de apoiar as PME, permitindo-lhes aumentar as capacidades operacionais e oknow-how, pedindo-lhes que apoiem programas de gestão concebidos para o fomento dainvestigação, do desenvolvimento e da inovação. O relatório reconhece o papel-chave queas PME desempenham na transição para uma economia caracterizada pela eficiência derecursos, sendo igualmente necessário reconhecer o papel dos jovens empresários. Quanto

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a estes últimos, a UE deve assumir o compromisso de institucionalizar o programa Erasmusa fim de lhes proporcionar uma oportunidade para se desenvolverem.

Marc Tarabella (S&D), por escrito. – (FR) Saúdo a aprovação da resolução sobre a análisedo “Small Business Act” pela esmagadora maioria dos deputados do Parlamento Europeu.As PME, que representam 99% das empresas europeias, são responsáveis por dois terçosdos postos de trabalho no sector privado e geram mais de metade do total do valoracrescentado criado pelas empresas que operam na UE. As PME desempenham um papelfulcral nos domínios da inovação, da investigação e do desenvolvimento. Ao aprovar o“Small Business Act” em 2008, a Comissão Europeia deu o primeiro passo decisivo embenefício das PME ao introduzir o princípio “Think Small First” em todas as áreas dalegislação.

Ao longo de três anos, foram aprovadas muitas propostas, como a Directiva “Atrasos dePagamento”. No entanto, ainda há muito a fazer para simplificar a vida das SME no tocanteà burocracia e ao acesso ao financiamento, por vezes tão difícil. Esta resolução apela àComissão Europeia para que continue a mostrar maior consideração pelas PME, os motoresda prosperidade e do crescimento económico.

Viktor Uspaskich (ALDE), por escrito. – (LT) Como o relator observou tão acertadamente,as pequenas e médias empresas (PME) são a espinha dorsal da sociedade europeia e o motorda nossa economia. O mesmo pode dizer-se da Lituânia, onde 99,4% das empresasempregam menos de 250 trabalhadores. De acordo com as estatísticas do Governo, emJaneiro de 2011 havia mais de 66 500 PME a operar na Lituânia. Os lituanos precisamdesesperadamente de uma regulamentação mais inteligente, de menos burocracia e encargosadministrativos. Um dos maiores problemas para quem quer investir na Lituânia é obteruma licença de construção. De acordo com um relatório do Banco Mundial, são necessários17 procedimentos para se obter a licença de construção, o que pode demorar 162 dias.Neste domínio, de acordo com o Banco Mundial, a Lituânia está em 59.º lugar a nívelmundial. A protecção aos investidores constitui um problema ainda mais grave; nesta área,a Lituânia está no 93.º lugar. Isto não é bom. Em meu entender, uma estratégia de sucessopara a promoção de PME inovadoras não pode assentar apenas na concessão de subsídios,mas na criação de um enquadramento empresarial no qual as PME disponham de maisliberdade e de melhores acessos às diferentes fontes de financiamento. Creio também queas PME têm de dar mais atenção aos assuntos sociais e do mercado de trabalho, que têmum impacto directo sobre a criação de empresas e a capacidade das PME para a contrataçãode trabalhadores com as competências adequadas.

Derek Vaughan (S&D), por escrito. – (EN) Saúdo esta resolução, que alerta contra oexcesso de burocracia a que as PME estão sujeitas. Os 23 milhões de PME da UE assegurammais de 100 milhões de postos de trabalho e dão um grande contributo para o crescimentoeconómico e a criação de emprego. Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcancepara que estas empresas vitais para a economia europeia não fiquem atoladas emformalidades e burocracias, e concordo com a necessidade de a UE renovar os seus esforçospara reduzir os encargos administrativos. Congratulo-me com o facto de quase todas aspropostas legislativas previstas no “Small Business Act” terem sido aprovadas, mas instoos Estados-Membros a que apliquem sem demora a Directiva revista relativa aos atrasosde pagamento.

A resolução refere ainda o potencial das PME para a poupança energética – actualmente,apenas 24% das PME estão envolvidas em acções de redução do respectivo impacto

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ambiental através da melhoria da eficiência energética; se as PME aplicassem medidasrentáveis de eficiência energética, conseguiriam reduzir as respectivas facturas energéticase aumentar o reinvestimento.

Marie-Christine Vergiat (GUE/NGL), por escrito. – (FR) Votei contra a resolução sobrea análise do “Small Business Act” apresentada pela Comissão em Fevereiro de 2011. Estaanálise – especialmente no tocante à redução dos custos e encargos administrativos eburocráticos – está em linha com a forma actual deste instrumento. A proposta deharmonização dos sistemas de tributação não pode conduzir a mais uma redução dosimpostos sobre as empresas – presumivelmente pequenas empresas – enquanto os saláriossão afectados pelos planos de austeridade. É certo que a análise tem como objectivo melhoraro acesso das PME ao financiamento, mas não faz qualquer referência a assuntos sociais eambientais e não menciona sequer o plano da Comissão Europeia para a apresentação deuma iniciativa em favor do empreendedorismo social anunciada para o fim do correnteano. É verdade que, ao apresentar esta proposta, a Análise do “Small Business Act” manifestauma pequena abertura a favor da economia social, mas contém fragilidades no que respeitaaos desafios associados a estas outras formas de empreendedorismo. À semelhança do queaconteceu com a Directiva "Serviços de Comunicação Social Audiovisual", a Análise do“Small Business Act” não leva em linha de conta as lições contidas no relatório Monti paraa recuperação da confiança dos cidadãos na União Europeia. Continua a inscrever-se, assim,na mesma lógica ultra-liberal de integração europeia que temos vindo a condenar há váriosanos, uma lógica que está centrada, acima de tudo, no mercado e nas suas necessidades.

Dominique Vlasto (PPE), por escrito. – (FR) As pequenas e médias empresas europeiassão os pulmões da nossa actividade económica. Temos de colocar o desenvolvimento, amodernização e a competitividade destas empresas no centro da nossa estratégia económica.Assim, votei a favor da resolução sobre a Análise do “Small Business Act”, cujo objectivoconsiste em libertar o potencial de crescimento das PME. Há ainda muito a fazer parasimplificar o quadro regulador e os procedimentos administrativos que oneram em demasiaa actividade e o dinamismo das nossas empresas. Saúdo as acções propostas neste relatório,como a criação do estatuto da sociedade privada europeia. Esta medida permitirá que asnossas PME colham todos os benefícios do mercado único, dando-lhes a possibilidade deprosseguirem as suas actividades transfronteiriças sem as obrigar a cumprir exigênciasquase sempre onerosas e desmotivantes. Apelo, por isso, ao Conselho para que se pronuncierapidamente sobre esta iniciativa. Por fim, temos de ajudar as PME inovadoras,facilitando-lhes o acesso a diferentes formas de financiamento. Este objectivo poderá seralcançado se simplificarmos de forma significativa o recurso a créditos europeus, aos quaisainda falta alguma flexibilidade. Estes créditos existem e penso que devem ser utilizadospara um apoio mais eficaz ao desenvolvimento da economia real, da inovação e do emprego.

Relatório: Judith A. Merkies (A7-0162/2011)

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente proposta, concordando como relator que sustenta que a união faz a força. Unirmo-nos para inovar, encontrandosoluções para problemas comuns na Europa, significa desenvolvimentos mais rápidos,eficiência (de custos) e mais força criativa. A União da Inovação deve também fortalecer aforça competitiva da Europa, ajudando a encontrar um caminho para sair da criseeconómica. Uma vez que a Europa depende muito da importação, os Estados-Membrossentem uma necessidade comum de procurar formas inteligentes e sustentáveis para autilização dos recursos e matérias-primas, necessários para a produção de energia, bemcomo para a indústria ou a produção de alimentos. O envelhecimento da população é

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outro dos desafios que quase todos os países da UE enfrentam. Para garantir mais anos devida com saúde, com os devidos cuidados e medicamentos, mas ao mesmo tempo reduzindoos custos, uma abordagem conjunta poderá dar resultados mais rápidos. Hoje em dia, aseconomias europeias dependem de tal forma umas das outras, que não só é necessária umaabordagem conjunta para assegurar a estabilidade do euro, como também para fortalecera posição competitiva dos Estados-Membros. Um trajecto conjunto, a caminho de umaeconomia justa e estável.

Elena Oana Antonescu (PPE), por escrito. – (RO)A Europa foi e continuará a ser um dosberços da civilização global, da educação da investigação científica e da cultura. Comorefere a comunicação da Comissão, o certo é que a Europa não tem falta de potencialhumano, técnico, comercial ou financeiro. A minha pergunta é: o que está a Europa a fazerpara utilizar preferencialmente o potencial de recursos humanos que possui? Como pretendea Europa segurar os seus recursos humanos, essenciais à inovação das escolas, universidadese centros de investigação europeus? Antes de pensarmos em atrair especialistas de fora daUnião Europeia, penso que a nossa prioridade deverá ser a de travar o êxodo deinvestigadores da Europa para outros pólos de investigação importantes. A criação de umsistema educativo moderno à escala europeia, que aposte fortemente na obtenção deresultados substantivos no domínio da investigação e, naturalmente, na simplificação doacesso a programas de investigação transfronteiriços a nível europeu, pode contribuir parao aumento do nível de inovação na UE. No entanto, para garantir a fixação dos recursoshumanos, a Europa tem de apostar no seguinte aspecto: fazer ofertas atractivas aosinvestigadores, ofertas que não possam recusar. De facto, é necessário convencê-los, atodos os títulos, de que não há nada melhor do que a nossa casa.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Subscrevi este relatório. A iniciativaemblemática “União da Inovação” constitui, até à data, a tentativa comunitária maisimportante e específica de introduzir uma política de inovação europeia estratégica,integrada e orientada para as empresas, destinada a complementar os esforços desenvolvidospelos Estados-Membros e que prevê que a inovação seja dirigida e o seu progressomonitorizado ao mais alto nível político. As inovações são particularmente importantespara o combate aos desafios globais, como as alterações climáticas, a segurança energéticae alimentar, etc., áreas em que é necessário inovar e reforçar a base científica e tecnológicaactualmente existente. É igualmente necessário modernizar os sistemas de educação eadaptá-los às necessidades dos nossos tempos. Os Estados-Membros têm de desenvolveracções para melhorar o sentido empresarial e as competências dos jovens Europeus,integrando o empreendedorismo em todos os domínios da educação e melhorando ocapital humano. Esta linha de actuação dar-lhes-ia a possibilidade de desempenharem umpapel activo no domínio da inovação.

Jean-Luc Bennahmias (ALDE), por escrito. – (FR) A iniciativa “União da Inovação”continua a ser o passo mais importante da União Europeia para o desenvolvimento deuma estratégia europeia integrada em relação à investigação e à inovação. O aumento doritmo da investigação e da inovação é essencial para a construção de um modelo económicojusto e competitivo, garantindo a criação de postos de trabalho, orientando a actividadeempresarial para uma gestão sustentável dos recursos, fazendo frente aos desafiosenergéticos e estimulando a sociedade do conhecimento. Nos domínios do emprego, doambiente e do desenvolvimento, a inovação é, por isso, um dos maiores desafios que secolocam actualmente à União Europeia e que terá repercussões sobre os cidadãos. A partirde agora, os cidadãos europeus, na dupla qualidade de motores e de beneficiários da

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inovação, têm de ter a capacidade de participar em pleno nesta “União da Inovação” a fimde assegurarem o sucesso desta iniciativa, como salientámos neste relatório. Por fim,quisemos, por essa razão, destacar a importância vital da adopção de uma política deinovação, assim como a mais-valia proporcionada por uma estratégia coordenada à escalaeuropeia. Para fazer face aos principais desafios sociais e económicos comuns à sociedadeeuropeia, precisamos de iniciativas ambiciosas. Estamos, assim, à espera da fase legislativada acção da senhora Comissária nos domínios da investigação e da inovação.

Sergio Berlato (PPE), por escrito. – (IT) O conceito de inovação é multidimensional: paraalém da investigação científica e do desenvolvimento experimental e tecnológico abarcatambém o desenvolvimento de novos processos, metodologias, modelos organizacionaise comportamentais. Embora saúde a comunicação da Comissão relativa à União da Inovaçãocomo iniciativa emblemática no quadro da Estratégia UE 2020 para o crescimento e oemprego, penso que há ainda um conjunto de domínios prioritários a serem alvo de umesforço acrescido ao nível do desenvolvimento de capacidades nos domínios da Ciência,da Tecnologia e da Inovação: a eficiência na utilização dos recursos, a recuperação ereciclagem de resíduos, a qualidade e a segurança alimentares e as novas epidemias. Deacordo com as conclusões do Painel Europeu de Inovação de 2009, a recente criseeconómica e financeira está a ter um impacto desproporcionado em diferentes países.

Manifesto a minha preocupação com o facto de os actuais constrangimentos orçamentaisimpostos aos Estados-Membros poderem resultar em maiores restrições ao investimentoem investigação e inovação, com óbvios efeitos negativos sobre o crescimento e acompetitividade da Europa. Assim, convido a Comissão a mobilizar os recursos dos fundosdo Quadro Estratégico Comum de Financiamento para o financiamento destes sectores,em especial os da investigação e da inovação da União Europeia.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE), por escrito. – (ES) Votei a favor da iniciativa “Uniãoda Inovação” porque constitui a única possibilidade que temos de ultrapassar a crise nummundo globalizado. Inovação significa criação de emprego, conhecimento, tecnologia,protecção ambiental, aumento da coesão social e bem-estar social. Todos osEstados-Membros da União Europeia têm de assumir um compromisso firme com ainovação, fomentando-a através do trabalho conjunto, da partilha de boas práticas e dadivulgação de experiências de sucesso.

Se houver inovação, há futuro. Assim, votei a favor da alteração 1 porque me oponhofrontalmente a que sejam canalizados fundos da política agrícola comum para a mobilizaçãodos recursos necessários para estes programas. O sector agrícola, também ele mergulhadoem crise, precisa destes fundos para as suas próprias iniciativas no domínio da inovação.Uma Europa inovadora pode contribuir para a inovação da agricultura, para que, àsemelhança de outros sectores estratégicos, este possa assegurar também o seu futuro.

Slavi Binev (NI), por escrito. – (BG) Todos sabem que o crescimento económico estádirectamente ligado ao progresso tecnológico, o qual, por sua vez, resulta da aspiração dosindivíduos à inovação. No entanto, esta aspiração e este potencial são condicionados porobstáculos de natureza financeira e burocrática. Dou o meu apoio total ao relatório sobrea “União da Inovação” porque penso que nos permitirá derrubar as barreiras que entravamo pensamento inovador na União Europeia. Contudo, penso que o aspecto mais importanteconsiste em sermos capazes de evitar a criação de uma Europa a duas velocidades, objectivoque só poderá ser atingido se integrarmos a economia da UE na aspiração comum àinovação.

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Mara Bizzotto (EFD), por escrito. – (IT) O apelo feito no relatório à criação da patentecomunitária única e o facto de aquele documento se congratular com a adopção de umacooperação reforçada para a introdução da mesma impedem-me de votar favoravelmente.A introdução de uma patente anglo-franco-alemã é inaceitável por pelo menos duas razões.Em primeiro lugar, o trilinguismo teria um impacto negativo sobre a competitividade dasempresas dos Estados-Membros que não se encontrassem representados no sistema. Essasempresas, nas quais se incluem as empresas italianas, teriam de aguardar pelo processo detradução para conseguirem obter os documentos necessários, comprometendo a rapidezde acção, factor de importância capital na actividade empresarial. Teriam, além disso, dearcar com os custos suplementares da tradução. Em contrapartida, as empresasanglo-franco-alemãs não teriam de lidar com nenhum destes entraves, o que daria origema uma situação de discriminação com base na língua. Além disso, a introdução de umsistema trilingue não parece estar em conformidade com os requisitos administrativosnem reflecte o peso demográfico dos diferentes Estados-Membros, porque, a ser assim, aItália teria de estar também representada. Parece, pelo contrário, uma tentativa de imposiçãodo prestígio da Alemanha à custa dos princípios de paridade e igualdade entreEstados-Membros, princípios fundacionais da UE. Decidi, por isso, não apoiar o relatório.

Jan Březina (PPE), por escrito. – (CS) Votei a favor da resolução sobre a “União da Inovação”porque, entre outras razões, acho que temos de adoptar medidas tanto à escala europeiacomo nacional para a melhoria das capacidades empresariais e da formação profissionaldos europeus, integrando o empreendedorismo, a criatividade e a inovação em todas asáreas de educação. É necessário fazer um maior uso de programas da Comissão como o“Erasmus para Jovens Empreendedores”, protegendo ao mesmo tempo as profissõesespecializadas como fonte de inovação. Em minha opinião, a Comissão deverá colaborarmais estreitamente com os Estados-Membros na elaboração de previsões a médio e a longoprazo das qualificações necessárias no mercado de trabalho e para fomentar parcerias entreas universidades e o sector empresarial com vista a facilitar a transição dos jovens para omercado de trabalho e a contribuir para a criação de empresas inovadoras e baseadas noconhecimento, para o desenvolvimento da investigação aplicada e para a criação demelhores perspectivas de emprego para os licenciados.

Neste contexto, apoio a proposta do Comité das Regiões para a criação de uma “rede virtualda criatividade” aberta a todos (empresas, órgãos de poder local e regional, sector privadoe cidadãos) e que preste aconselhamento, assistência e acesso a capital de risco e a serviçostécnicos. Gostaria também de chamar a atenção para a actual ausência de uma interacçãomelhorada e voluntariosa entre as universidades e o sector empresarial e gostaria de apelarà Comissão para que lance um programa, à escala europeia, de formação profissional eeducação nas universidades para quadros superiores e funcionários que lidam comtecnologia.

Maria Da Graça Carvalho (PPE), por escrito. − Congratulo-me com o enfoque dado nesterelatório à investigação e inovação como formas de superar a crise económica e social quea Europa actualmente atravessa. De facto, são cada vez mais precisas novas formassustentáveis para uma utilização mais inteligente e eficaz dos recursos e matérias-primas.É por isso necessário criar espaço para novas ideias e, mais importante que tudo, criar osmecanismos necessários para pôr essas ideias em prática. Desta forma, apoio o relatórioapresentado sobre a União da Inovação, realçando a sua importância na conjuntura actuale no sucesso europeu nos tempos que se seguem.

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Giovanni Collino (PPE), por escrito. – (IT) A inovação é, sob muitos pontos de vista, achave para o crescimento económico. Os principais economistas do crescimento tinhamjá percebido, em meados do séc. XX, que a inovação é uma das principais variáveis para ainversão das quedas de lucro. Foi assim que se fez a transição dos modelos de crescimentoda década de 1950, segundo os quais a economia acabaria, mais cedo ou mais tarde, porestabilizar e perder força, para os modelos de crescimento endógeno da década de 1980,segundo os quais a tecnologia e a concepção de produtos constantemente diferentes einovadores permitem que a economia mantenha um ritmo de crescimento positivo a longoprazo. Para pormos esses mecanismos de fomento em movimento, que, daqui até 2020,terão a forma de investigação, eficiência energética e metas de internacionalização, emespecial nas pequenas e médias empresas, é necessária uma forte vontade política paraactivar os incentivos e os mecanismos de orientação. Estes são da responsabilidade dosEstados-Membros, sendo que o financiamento europeu pode prestar-lhes um apoio válido.Os recursos são limitados devido à crise, e as directivas da estratégia “Europa 2020” têmde andar de mãos dadas com políticas fiscais e industriais fortes por parte dos governoseuropeus.

George Sabin Cutaş (S&D), por escrito. – (RO) Votei a favor do relatório sobre a “Uniãoda Inovação”, na medida em que sublinhou a importância da inovação para a construçãodos alicerces de um modelo económico sustentável e competitivo e para a criação de novospostos de trabalho na União Europeia.

Por outro lado, apresentei, em conjunto com outros colegas deputados, uma proposta dealteração a este relatório na qual exprimi a minha discordância relativamente aofinanciamento desta política de inovação com fundos até agora afectados à política agrícolacomum.

Ioan Enciu (S&D), por escrito. – (RO) Votei favoravelmente o presente relatório, umavez que considero que apresenta soluções viáveis para melhorar a investigação e inovaçãona União Europeia e, assim, criar condições para o regresso ao crescimento económico eà criação de novos postos de trabalho.

Estimular os investimentos na investigação, facilitar o acesso das PME a diversas fontes definanciamento e melhorar a cooperação entre universidades, centros de investigação egoverno são medidas que irão gerar criatividade e inovação a médio e longo prazo. Há queprestar especial atenção ao estabelecimento de um equilíbrio dos potenciais de inovaçãoe investigação dos vários Estados-Membros e regiões dado que, de momento, existe umagrande disparidade entre eles, o que afecta toda a União.

Edite Estrela (S&D), por escrito. − Votei favoravelmente este relatório por apresentar umconjunto de medidas para combater, com sucesso, vários desafios societais, nomeadamenteas alterações climáticas, a escassez energética e de recursos, o envelhecimento da populaçãoe a dificuldade de acesso a serviços públicos e de saúde de qualidade. A UE deveráempenhar-se a fundo para alcançar os objectivos propostos. Estima-se que, até 2020, serápossível criar 3,7 milhões de postos de trabalho e aumentar o PIB anual perto de 800 milmilhões de euros até 2025.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − Este relatório de iniciativa surge no seguimento daComunicação da Comissão Europeia relativa a uma União da Inovação e é uma dasiniciativas da Estratégia UE 2020, com o objectivo de estimular a inovação e acompetitividade através da criação de políticas firmes que estimulem a troca de ideias esoluções para diversos problemas transversais a todos os Estados-Membros.

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Ora, o cerne desta ideia é estimular e promover actividades que se revelem eficazes ecompetitivas, tanto em situações de crise como de pós-crise, permitindo à União comoum todo superar deficiências com que se deparem vários sectores, nomeadamente oindustrial.

Assim, este é um relatório sem dúvida ambicioso, dadas as matérias que nele são reflectidas,desde a protecção dos direitos de propriedade intelectual a uma maior cooperação entreEstados-Membros e Comissão. Deste modo, felicito a relatora pelo compromisso e esperoque, com mais este contributo, possamos alcançar todos os objectivos propostos naEstratégia UE 2020.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − O presente relatório, elaborado pelaeurodeputada Judith Merkies, propõe uma União da Inovação como forma de preparar aEuropa para um mundo a seguir à actual crise económica e financeira. A crise mundialsem precedentes, que teima em permanecer e que pode pôr em causa o projecto europeu,exige de todos, e em particular da União Europeia, uma posição firme e que motive oscidadãos. Por isso, além de votar favoravelmente este relatório, gostaria de louvar o trabalhorealizado pela relatora, que nos propicia uma visão optimista do futuro e apela àscapacidades de inovação que todos possuímos. É importante que se implementem aspropostas defendidas neste relatório, tais como um melhor acesso ao crédito e apoiofinanceiro, mais investimento em I&D, legislação mais clara, menos burocracia, um balcãoúnico, melhor cooperação inter-regional, uma patente europeia simples e barata.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − O relatório traz à tona a importância da inovação,nas suas múltiplas dimensões, para o desenvolvimento das sociedades. Fá-lo, dandocontributos importantes em diversos domínios e fazendo propostas – por exemplo,relativamente ao incremento da disseminação e absorção da inovação em diversos sectores– que julgamos pertinentes.

No parecer de que fui responsável na Comissão do Ambiente, Saúde Pública e SegurançaAlimentar, sobre esta mesma temática, procurei sintetizar o essencial da nossa visão epreocupações neste campo. A partir dessa proposta de parecer será fácil constatar queexistem claras dissonâncias face à comunicação da Comissão. Centram-se sobretudo emaspectos que este relatório incorpora igualmente e onde residem algumas das contradiçõesde que enferma: a visão da inovação essencialmente como oportunidade de negócio, aprevalência dada ao mercado, à competição, à concorrência, a instrumentalização emercantilização da inovação, a defesa do mercado interno, as patentes comunitárias. Sãoos aspectos que merecem a nossa discordância.

Outra questão insuficientemente abordada foi a do risco de ocorrência de uma divisão nainovação entre os países e regiões que mais inovam e os outros, conforme expressámos nodebate, risco bem patente nos resultados do Painel de Inovação 2009.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − O relatório dá suficiente destaque à inovação,que constitui um meio necessário para ajudar a responder a vários dos problemas e desafioscom que a Humanidade hoje se confronta. Ela deverá ser um elemento-chave das políticaspúblicas em áreas como o ambiente, a água, a energia, os transportes, as telecomunicações,a saúde e a educação e ajudar a resolver problemas como a escassez e a eficiência do usode recursos, a valorização e tratamento de resíduos, a qualidade e segurança alimentares,as mudanças demográficas, as novas epidemias, a conservação da natureza e dabiodiversidade.

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Mas o relatório contém algumas contradições, tendo em conta que o contexto de que parteé o neoliberalismo, com a defesa do mercado interno e das patentes comunitárias, de quediscordamos.

Os actuais constrangimentos impostos aos Estados-Membros podem resultar em maioresrestrições ao investimento em CT&I, em especial nos países mais vulneráveis. O resultadopoderá ser, em lugar da proclamada União da Inovação, uma autêntica divisão na inovaçãoentre os países e regiões que mais inovam e os outros.

Onde deveria estar o interesse público, o desenvolvimento, a coesão, o progresso e obem-estar social, o que acabou por prevalecer foram as ditas oportunidades de negócio, omercado, a competição, a concorrência, a instrumentalização e mercantilização da inovação.

Pat the Cope Gallagher (ALDE), por escrito. – (GA) Temos de incentivar osestabelecimentos de ensino superior, os organismos de investigação e as empresas dosector privado a aproveitar as oportunidades que lhes são proporcionadas no âmbito doSétimo Programa-Quadro de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico da UE (PQ7).

O PQ7 é o maior programa de investigação do mundo financiado com fundos públicos edevemos continuar a realçar os benefícios para as PME que lhes estão associados. Do pontode vista irlandês, este programa do PQ7 está a ajudar a desenvolver a investigação,investigação que está a criar postos de trabalho e a permitir o acesso a bens e serviços quesão necessários e procurados. As organizações irlandesas já beneficiaram de 270 milhõesde euros deste programa, nomeadamente nos sectores agrícola, alimentar, das pescas, dasaúde, da energia, dos transportes e das TIC.

Trata-se de um programa que é fundamental para a Irlanda e para a Europa, especialmenteno momento de dificuldades económicas que atravessamos.

Louis Grech (S&D), por escrito . – (EN) Estou de acordo com o relatório Merkies porqueestou firmemente convicto de que a inovação e a criatividade são essenciais para arecuperação económica da União e que nunca é demais reafirmar a importância datransformação das descobertas científicas e tecnológicas da UE em novos produtos eserviços. Além disso, estou convicto de que na Europa pós-crise, terá de se formular umaestratégia para o Mercado Único por forma a manter e reforçar a coesão social, garantir aintegridade do mercado e a sustentabilidade económica e promover a inovação. É por essemotivo que subscrevo a iniciativa da Comissão de um projecto-piloto europeu no domínioda inovação social que vela por que as ideias inovadoras para a criação de produtos, serviçose modelos empresariais surjam associadas e, o que é mais importante, dêem resposta àsnecessidades sociais dos cidadãos e consumidores da UE.

Françoise Grossetête (PPE), por escrito. – (FR) Face a uma economia mundial em crise,o Parlamento Europeu sublinhou a importância de tornar a Europa mais inovadora eeficiente através da adaptação aos novos desafios do século XXI.

É fundamental incentivar o máximo envolvimento de todos os intervenientes relevantes,nomeadamente as pequenas e médias empresas (PME), a indústria, as universidades e osgovernos. Todos têm um papel a desempenhar. Por conseguinte, temos, por exemplo, demodernizar os nossos sistemas de ensino e preencher as lacunas de conhecimento nodomínio das ciências e das engenharias.

Só sairemos da crise se apoiarmos a inovação. A União Europeia deve possibilitar a criaçãode novos instrumentos de financiamento que promovam as despesas de investigação e os

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investimentos privados. Além disso, a colaboração entre os sectores público e privadoatravés da realização de parcerias constitui uma importante forma de incentivar umaeconomia mais inovadora.

Considero que é fundamental adoptar a patente única europeia a fim de incentivar arealização de trocas comerciais fora da União. Actualmente, as patentes são demasiadodispendiosas; temos obrigatoriamente de reduzir os custos associados à sua criação.

Para concluir, face ao fenómeno da “fuga de cérebros”, importa incentivar a manutençãodos investigadores na Europa. Sem eles, os financiamentos e outros mecanismos não têmqualquer utilidade.

Sylvie Guillaume (S&D), por escrito. – (FR) O desempenho europeu no que toca àinovação tem-se mantido, até à data, bastante fraco. No entanto, a inovação deve ajudar-nosa estar à altura dos principais desafios da sociedade, como o envelhecimento da população,a necessidade de gerir os recursos de forma sustentável ou a retoma económica. Foi porisso que votei a favor deste relatório de iniciativa, que põe em destaque, em particular, oconceito de inovação social e sublinha o papel activo que as regiões e as autoridades locaispodem desempenhar no domínio da inovação. Por fim, temos de promover um sistemaque vise a protecção dos direitos de propriedade intelectual que seja equilibrado e respeiteos direitos dos inventores, proporcionando, simultaneamente, aos nossos cidadãos o maioracesso possível ao conhecimento: são esses os desafios a enfrentar e para os quais a inovaçãopoderá contribuir no futuro.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito . – (LT) Votei a favor do presente documento porque,nos termos do n.º 2 do artigo 179.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia(TFUE), a União “incentivará, em todo o seu território, as empresas, incluindo as pequenase médias empresas, os centros de investigação e as universidades nos seus esforços deinvestigação e de desenvolvimento tecnológico de elevada qualidade; apoiará os seusesforços de cooperação, tendo especialmente por objectivo dar aos investigadores apossibilidade de cooperarem livremente além-fronteiras e às empresas a possibilidade deexplorarem plenamente as potencialidades do mercado interno, através, nomeadamente,da abertura dos concursos públicos nacionais, da definição de normas comuns e daeliminação dos obstáculos jurídicos e fiscais a essa cooperação”. Estou plenamente convictode que a UE tem de assumir uma postura ofensiva e ocupar uma posição firme na primeiralinha da competitividade, e que tem, portanto, de investir numa explosão de inovação. AComissão Europeia tem de traduzir o actual documento estratégico “União da Inovação”num plano de acção com objectivos específicos e metas mensuráveis e calendarizadas. AComissão tem de acompanhar o progresso regularmente, avaliando os obstáculos epropondo um mecanismo para melhorar a apresentação de relatórios regulares aoParlamento Europeu e ao Conselho.

Juan Fernando López Aguilar (S&D), por escrito. – (ES) A delegação socialista espanholavotou a favor do relatório Merkies sobre a União da Inovação: transformar a Europa paraum mundo pós-crise, porque concordamos e estamos empenhados nos princípiosfundamentais que o relatório apresenta e que define as bases para a transição para umaeconomia europeia inteligente, sustentável e equitativa.

No entanto, gostaria de salientar que o nosso voto a favor do relatório na sua globalidadenão significa que apoiemos o acordo alcançado pela maioria do Conselho sobre acooperação reforçada, uma vez que exclui a língua espanhola da patente europeia. O nossovoto contra o capítulo que prevê a cooperação reforçada é revelador da nossa firme oposição

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quanto a essa matéria. O instrumento para a cooperação reforçada afectará directamenteo mercado interno, a coesão territorial e o direito dos cidadãos dos Estados-Membros auma patente europeia regida por regimes linguísticos que proporcionem uma segurançajurídica suficiente.

Além disso, a proposta de criação de um Tribunal de Patentes Europeu e da UE é, segundoo Tribunal de Justiça da União Europeia, “incompatível com o direito da União Europeia”.

Petru Constantin Luhan (PPE), por escrito. – (RO) A inovação poderá dar origem aodesenvolvimento e à reinvenção da União Europeia quando a actual crise económica estiversuperada. No entanto, temos de ser totalmente realistas e propor instrumentos de trabalhoespecíficos que permitam a correlação dos esforços no domínio da inovação a nível europeu,nacional e regional. A política de inovação europeia tem de se centrar especialmente nadefinição e especificamente na realização dos objectivos relacionados com os principaisdesafios que a Europa tem pela frente. Considero que é necessário proceder a umareavaliação da complexidade das tarefas e responsabilidades das autoridades governamentaislocais e regionais. No futuro, teremos de prestar assistência técnica e apoio financeiro dequalidade para que a capacidade administrativa adequada se encontre disponível sempreque necessário.

David Martin (S&D), por escrito . – (EN) Votei favoravelmente o presente relatório.Unirmo-nos para inovar, encontrando soluções para problemas comuns na Europa, significaum maior enfoque, desenvolvimentos mais rápidos, eficiência (de custos) e mais forçacriativa. A União da Inovação não deve apenas dar uma resposta aos problemas comunscom que as nossas sociedades se deparam, mas também reforçar a competitividade daEuropa e indicar caminhos para sairmos da crise económica.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − A inovação é o encontrar de soluções para problemascomuns na Europa, significando um maior enfoque, desenvolvimentos mais rápidos,eficiência (de custos) e mais força criativa. A União da Inovação não deve apenas resolverproblemas comuns, mas também fortalecer a força competitiva da Europa, encontrandoo caminho para sair da crise económica. Uma vez que a Europa depende muito daimportação, os Estados-Membros sentem uma necessidade comum de procurar formasinteligentes e sustentáveis para a utilização dos recursos e matérias-primas, necessáriospara a produção de energia, bem como para a indústria ou a produção de alimentos. Hojeem dia, as economias europeias dependem de tal forma umas das outras, que não só énecessária uma abordagem conjunta para assegurar a estabilidade do euro, como tambémpara fortalecer a posição competitiva dos Estados-Membros. Um trajecto conjunto, acaminho de uma economia justa e estável. A concretização dos objectivos da Estratégia2020 só será alcançável por uma Europa unida.

Andreas Mölzer (NI), por escrito. – (DE) No passado, a inovação estava previstaessencialmente no domínio da investigação. Não esqueçamos, no entanto, que a inovaçãopode partir de qualquer cidadão da UE. Estes conceitos – que começam, por vezes, apenascomo ideias – devem ser apoiados a nível comunitário através de um acesso mais fácil aofinanciamento, de procedimentos de autorização simplificados e de patentes simples emenos dispendiosas, entre outros aspectos. Essa alteração irá permitir aos cidadãos exerceralguma influência e contribuir para a criação de uma sociedade sustentável.

Além disso, as inovações desse tipo, em que a atenção deve continuar a incidir sobre ainvestigação, contribuiriam para manter os níveis de vida elevados na Europa. O relatóriorecebeu o meu voto favorável porque o facto de permitir aos cidadãos comuns o

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desempenho de um papel na formação da sociedade constitui um avanço positivo. Alémdisso, os sinais da era da electrónica apontam cada vez mais para a inovação a nível pessoal,algo que é digno de nota.

Georgios Papanikolaou (PPE), por escrito. – (EL) O relatório deixa claro o que já é óbvio;que é impossível apoiar a inovação sem apoiar a investigação e a educação. Apesar de nãohaver certezas antecipadas sobre quando a crise económica irá abrandar, os objectivosfixados pelos Estados-Membros para 2020 no sector da investigação não serão alcançadosenquanto a situação se mantiver como está, à semelhança do que aconteceu com osobjectivos definidos na estratégia europeia anterior, a Estratégia de Lisboa, que tambémnão foram alcançados. Os dados disponíveis até à data revelam que no final da décadaserão canalizados para a investigação apenas cerca de 2,7% do PIB europeu, apesar docompromisso claro assumido pelos Estados-Membros de consagrar pelo menos 3% a essefim. Simultaneamente, os Estados-Membros estão a invocar a crise como razão para oscortes nos gastos com a educação. Por outras palavras, os dois pilares fundamentais dainovação estão a ser comprometidos, em vez de reforçados, e essa realidade deve constituiruma fonte de preocupação para os governos nacionais.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − O presente relatório sobre Uma Uniãoda Inovação: transformar a Europa para um mundo pós-crise contém um conjunto de medidasque constituem grandes desafios sociais. A relatora apresenta a ideia-chave de criar umaunião entre todos os europeus para inovar. Na verdade, como é defendido, encontrarsoluções para problemas comuns na Europa é um desafio para desenvolvimentos maisrápidos, maior eficiência (de custos) e mais força criativa. Com a União da Inovaçãopretende-se igualmente fortalecer a força competitiva da Europa como um todo,encontrando-se o caminho para sair da crise económica. Atenta a dependência generalizadadas importações, os Estados-Membros sentem uma necessidade comum de procurar formasinteligentes e sustentáveis para a utilização dos recursos e matérias-primas, necessáriospara a produção de energia, bem como para a indústria ou a produção de alimentos. Oproblema do envelhecimento da população é outro dos desafios que quase todos os paísesda UE enfrentam. Uma abordagem conjunta em temas como a saúde pode garantir maisanos de vida, com os devidos cuidados e medicamentos, e ao mesmo tempo reduzir custos.Estes são apenas grandes exemplos de patamares comuns entre os 27 Estados-Membrosque motivam a presente iniciativa e fundamentam o meu voto favorável.

Phil Prendergast (S&D), por escrito . – (EN) É fundamental efectuar mais investimentosna investigação e inovação para garantir um futuro sustentável e competitivo para as nossaseconomias. A UE investe, enquanto parte do PIB, menos que os Estados Unidos e o Japãoem investigação e desenvolvimento e falta também investimento em capital de risco. Temosde ter capacidade para manter os nossos melhores investigadores e inovadores. A realizaçãodo nosso objectivo de investir 3% do nosso PIB em I&D até 2020 pode significar o regressode 3,7 milhões de postos de trabalho e um retorno de quase 800 mil milhões de euros.Dada a sua importância para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar, existe umpapel a desempenhar pela iniciativa pública e privada no que respeita à inovação.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − É estrutural, em qualquer área e comunidade, a inovação.Na verdade, a capacidade de recriar aquilo que nos é oferecido e, partindo daí, dar lugar aalgo de novo, é essencial para o desenvolvimento de qualquer economia e, sobretudo, paraalcançar o bem-estar social. Daí que a união da inovação seja uma das bandeiras da estratégiaEuropa 2020. É um caminho que manifestamente se deve seguir para a afirmação da Europa

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no contexto internacional e para satisfazer as necessidades dos seus cidadãos. São estes osmotivos que estão na base do meu voto favorável.

Frédérique Ries (ALDE), por escrito. – (FR) A inovação é para a política europeia o mesmoque a educação é para os jovens: um passaporte para o futuro, um seguro contra todos osriscos para uma sociedade que está a efectuar avanços e a preservar a coesão social. Estafrase assume todo o seu sentido neste período pós-recessão mundial durante o qualassistimos uma retoma económica mais rápida nos Estados Unidos e a um crescimentoousado nas potências emergentes do grupo BRIC. Uma coisa é clara: a União Europeia estáa ficar para trás e o mercado de trabalho está com dificuldades em recuperar. Para além detudo isto, a Suíça, que não é membro da UE, continua a ser o campeão europeu em matériade inovação. É por isso que o apelo lançado hoje pelo Parlamento Europeu (o relatórioMerkies) a uma verdadeira “mudança de mentalidade” é tão importante, porque a inovaçãonão se resume apenas às invenções tecnológicas ou ao número de patentes registadas porhabitante. Tem a ver, antes de mais nada, com o reforço do tecido das PME, que é o principalcriador de riqueza na Europa, através de capital de risco, de mecanismos de garantia, deajuda à concessão de empréstimos e da simplificação do ambiente legislativo. Nestascondições, será que a aspiração de consagrar 3% do PIB à I&D se tornará realidade?

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito . – (EN) Apoiámos amplamente o projectode relatório e apresentámos uma série de alterações que foram, na sua maioria, incluídas,como por exemplo: a colocação da tónica em objectivos prioritários em matéria deambiente: as alterações climáticas, a eficiência em termos de recursos, a regeneração dosrecursos biológicos e a promoção da coesão social; o tratamento da eco-inovação em todasas suas fases, nomeadamente a concepção, através da adopção de um plano de acção nodomínio da eco-inovação devidamente financiado e ambicioso, assim como a adopção deuma estratégia para a promoção de sistemas de produtos/serviços e de modelos empresariaisfuncionais; a promoção da utilização de normas abertas enquanto motores da inovação edo livre acesso à investigação pública, assim como a concentração dos financiamentospúblicos em domínios socialmente importantes, em que o conhecimento seja criadoenquanto bem público, como prémios de incentivo no sector da saúde (também tentámos,com maior ou menor êxito, propor um texto melhorado para as questões relativas aosDPI); conseguimos manter o texto em que se reconhecem os esforços da Comissão paraimpedir que os DPI constituam um obstáculo à concorrência e à inovação.

Licia Ronzulli (PPE), por escrito. – (IT) A Europa, que tem estado nos últimos meses aemergir de uma crise, tem também de fazer face a uma concorrência a nível globalextremamente forte. Nesse contexto, a inovação constitui uma necessidade mas, sobretudo,uma prioridade. Se não conseguirmos transformar a Europa numa União da Inovação, aseconomias dos 27 Estados-Membros ficarão, efectivamente, destinadas ao declínio, o queresultará numa perda de talento e de ideias. A inovação é essencial para a obtenção docrescimento sustentável e para contribuir para a criação de uma sociedade mais justa erespeitadora do ambiente.

A inovação é essencial para a criação de uma economia moderna e constitui o principalinstrumento para a criação de novos postos de trabalho. Temos de assumir o compromissocomum de proceder a uma mudança profunda na capacidade de inovação da Europa. Sóentão estaremos em condições de criar postos de trabalho estáveis e bem remunerados,que consigam suportar as pressões e a concorrência inerentes à globalização. A Uniãosignifica inovação. Não se trata apenas de um jogo de palavras, mas de uma esperança realque terá de se concretizar.

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Catherine Stihler (S&D), por escrito . – (EN) Apoio o presente relatório, uma vez queé fundamental para a recuperação pós-crise e para dar resposta aos principais desafios dasociedade.

Marc Tarabella (S&D), por escrito. – (FR) Durante a votação do relatório parlamentarsobre a União da Inovação, quis apoiar a alteração que rejeitava a ideia de controlar ainovação através da canalização para actividades inovadoras dos recursos dos FundosEstruturais e de determinadas rubricas dos fundos da Política Agrícola Comum.

Como é óbvio, há que incentivar a inovação, mas tal não deverá ser feito em detrimentode outras políticas fundamentais para o futuro da União Europeia, como é o caso da PolíticaAgrícola Comum. A PAC deve ser reformulada apostando em alguns objectivosfundamentais, mas sem espoliar a única política integrada da União Europeia.

Nuno Teixeira (PPE), por escrito. − O Innovation Union Scoreboard refere que Japão/EUAinvestem mais em inovação, em percentagem do PIB, do que a UE, verificando-se umcrescente afastamento ao longo dos últimos 4 anos. Comparando com os BRIC, a UE possuium investimento superior, tendo diminuído o diferencial para Brasil/China e aumentadopara Índia/Rússia.

Neste sentido, considero fundamental que a União Europeia adopte uma verdadeiraEstratégia de Inovação, tendo em conta a Europa 2020 de especialização inteligente, comvista a reforçar o apoio às actividades de IDI como elemento-chave do futuro da União,estendendo a sua acção a todas as temáticas, sectores de actividade e agentes societais quea compõem.

Uma política de inovação consistente, integrada e com visão de longo prazo permitiráalavancar os pontos fortes e solucionar as debilidades detectadas a nível regional, sendovital adaptar e simplificar as políticas de desenvolvimento (por exemplo, FSE, FEDER). Anova agenda estratégica permitirá construir uma Europa cada vez mais moderna,competitiva e liderante a nível mundial. Sendo a inovação um objectivo primordial dapolítica regional, de futuro a Europa deve adoptar uma abordagem de gestão estratégica,definindo os adequados instrumentos políticos que permitam monitorizar a sua evoluçãoe efectuar os necessários ajustamentos.

Derek Vaughan (S&D), por escrito . – (EN) Votei a favor deste relatório porque acreditoque a União da Inovação pode contribuir para fazer face aos desafios societais de hoje. Étambém fundamental para aumentar a competitividade nesta fase em que a UE tentaultrapassar crise económica.

Concordo com o relatório quando este refere que os Estados-Membros devem aproveitaros Fundos Estruturais para apoiar os objectivos da investigação, desenvolvimento e inovação(I&D&I) que visam dar resposta aos desafios societais, com o objectivo de aumentar aprosperidade na Europa. É igualmente imperioso reforçar a cooperação transfronteiriça,assim como incentivar os cidadãos a criarem empresas inovadoras. Esses objectivos poderãoser atingidos através da redução da burocracia e da criação de um sistema simples e coerentecentrado nos desafios societais.

Dominique Vlasto (PPE), por escrito. – (FR) A União não foi capaz de compensar o seuatraso no que toca à inovação, não obstante a Estratégia de Lisboa. Num contexto derestrições orçamentais – que exclui o recurso aos fundos públicos como solução – e doaumento da concorrência a nível mundial, a Europa tem de reagir para voltar à corrida dainovação. Considero imprescindível a colocação da tónica nas reformas estruturais que

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eliminem os entraves ao considerável potencial existente na Europa para a inovação. Porisso, apoiei este relatório, que aponta a dedo os elevados custos associados ao registo depatentes em todos os Estados-Membros e apela a que se chegue rapidamente a um acordorelativamente à patente europeia. Apraz-me ainda constatar a aprovação das propostasapresentadas pela minha família política – em particular no que respeita à criação de umfundo europeu para o financiamento da inovação, que irá simplificar o acesso aos créditoseuropeus por parte das nossas pequenas e médias empresas (PME). A libertação dacapacidade de inovação na Europa exige o estabelecimento de um limite de despesasmínimo no que toca à investigação e ao desenvolvimento em cada um dosEstados-Membros. Isso garantiria uma divisão equitativa dos esforços e evitaria odesenvolvimento de uma Europa a duas velocidades, que perturbaria a coesão e a governaçãoda UE. Tal é indispensável para a Europa se manter ao mais alto nível da economia mundial.

Iva Zanicchi (PPE), por escrito. – (IT) Votei favoravelmente o relatório da senhora deputadaMerkies porque a versão final proporciona um maior equilíbrio comparativamente coma versão original, que se centrava demasiado no papel mobilizador dos cidadãos, emdetrimento das empresas. Com efeito, as empresas merecem assumir um papel de liderançana investigação e inovação, em parte porque não podemos esquecer que as políticas da UEneste domínio cresceram e se desenvolveram através da promoção de políticas destinadasa reforçar a colaboração entre a indústria, os sistemas de ensino e as instituições deinvestigação. Por conseguinte, considero que o relatório que acabámos de votar representauma contribuição útil para o debate em curso sobre um futuro programa estratégicocomum consagrado ao apoio à investigação e à inovação na UE.

Proposta de resolução B7-0296/2011

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente proposta tendo em conta quea crise está a eliminar milhões de empregos e tem agravado a precariedade do emprego ea pobreza; que 17 % dos habitantes da UE estão em risco de pobreza; e que 23 milhões dehabitantes da UE estão desempregados e que grande parte do trabalho doméstico se processano âmbito da economia informal, em condições de emprego precárias e/ou como trabalhonão declarado e que, para além disso, nos países industrializados, o trabalho domésticorepresenta entre 5 e 9 % de todo o emprego, que a grande maioria dos trabalhadores queeste sector emprega são mulheres e que este trabalho é subavaliado, mal remunerado einformal, e que a vulnerabilidade dos trabalhadores domésticos significa que são amiúdeobjecto de discriminação desleal ou abusiva. Saúdo e apoio a iniciativa da OIT de adoptaruma Convenção complementada por uma recomendação sobre trabalho digno para ostrabalhadores domésticos; exorto os Estados-Membros da UE pertencentes à OIT a adoptaresses instrumentos na Conferência da OIT de Junho de 2011.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito . – (LT) Votei favoravelmente a presente resolução.A crise eliminou milhões de postos de trabalho e agravou a precariedade do emprego e apobreza – 17% dos residentes da UE estão em risco de pobreza. Em alguns países, grandeparte do trabalho doméstico processa-se no âmbito da economia paralela, em condiçõesde emprego precárias e/ou como trabalho não declarado. A grande maioria dostrabalhadores que este sector emprega são mulheres e esse trabalho é subavaliado, malremunerado e informal. Os trabalhadores domésticos são amiúde objecto de discriminaçãoe podem ser facilmente sujeitos a um tratamento desigual, desleal ou abusivo. Saúdo ainiciativa da OIT de adoptar uma convenção complementada por recomendações sobretrabalho digno para os trabalhadores domésticos. Os Estados-Membros da UE devemratificar e implementar com celeridade essa Convenção e as recomendações, porque a sua

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ratificação e implementação responderia às necessidades de uma das categorias detrabalhadores mais vulneráveis e trataria o problema do trabalho não declarado.

Jean-Luc Bennahmias (ALDE), por escrito. – (FR) Apesar de a maioria dos trabalhadoresdomésticos serem trabalhadores precários, que são frequentemente discriminados eexplorados, a Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais decidiu fazer adoptar umaresolução, questionando simultaneamente a Comissão Europeia sobre as medidas queterão sido tomadas em relação a esta categoria de trabalhadores. Em Junho, a OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), que irá em breve realizar a sua conferência anual, deveráadoptar uma convenção sobre os trabalhadores domésticos, exigindo igualdade detratamento com os demais trabalhadores e o cumprimento de todas as condições inerentesao desempenho de um trabalho digno. Apoiamos, através da nossa resolução, a ambiçãodemonstrada pela OIT. Note-se, porém, que esta é apenas a primeira fase do processo:agora temos de velar por que os Estados-Membros ratifiquem a Convenção após a respectivaaprovação.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE), por escrito. – (ES) Apoio totalmente a iniciativa daOIT de adoptar uma Convenção complementada por uma recomendação sobre o trabalhodigno para os trabalhadores domésticos. Muitos desses trabalhadores são imigrantesclandestinos, o que significa que são mais susceptíveis de serem vítimas de maus-tratos,serem remunerados de forma irregular ou sujeitos a violência. Além disso, os trabalhadoresempregados ilegalmente não ousam contactar as autoridades para pedir protecção,reivindicar os seus direitos ou o acesso aos serviços de saúde, pois receiam ser reenviadospara o seu país de origem e/ou um castigo por parte dos seus empregadores. Todos ostrabalhadores domésticos devem ter, independentemente da sua origem, um acesso dignoao trabalho.

Alain Cadec (PPE), por escrito. – (FR) A Organização Internacional do Trabalho (OIT)está actualmente a trabalhar na elaboração de uma convenção sobre os trabalhadoresdomésticos. A adopção desta Convenção da OIT sobre os trabalhadores domésticosconstituirá um elemento essencial para garantir o respeito dos direitos humanos, sociaise laborais desses trabalhadores. O trabalho doméstico representa entre 5% e 9% do empregototal. Esse trabalho é frequentemente precário, subavaliado e não declarado.

Françoise Castex (S&D), por escrito. – (FR) Votei a favor do presente relatório, parapossibilitar a transformação do que é demasiadas vezes um relatório sobre a exploração esobre a lei, num domínio que representa entre 5 e 9% do emprego total na União Europeia.Todos os que trabalham com os nossos idosos devem poder desfrutar de liberdade deassociação e de tempo de descanso e não devem ser sujeitos a assédio e a práticas arbitrárias.Foi por isso que quisemos enviar uma mensagem forte de apoio à Organização Internacionaldo Trabalho (OIT) e aos sindicatos antes das negociações sobre a adopção destes novosinstrumentos, que terão início em Junho, por ocasião da 100.ª Conferência Internacionaldo Trabalho. Lamentamos, porém, que o legislador não tenha quaisquer problemas emmanifestar preocupação com os trabalhadores domésticos ilegais, enquanto se recusa areconhecer que essas situações envolvem, demasiadas vezes, trabalhadores sem documentos,que são as principais vítimas da precariedade e de práticas abusivas.

Proinsias De Rossa (S&D), por escrito . – (EN) Apoiei esta resolução relativa à Convençãoda OIT sobre trabalho digno para os trabalhadores domésticos. O objectivo desta Convençãoé providenciar pelo reconhecimento jurídico do trabalho doméstico como actividadeprofissional, alargar os direitos a todos os trabalhadores domésticos e prevenir violações

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Page 135: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

e abusos. A resolução do Parlamento Europeu exorta ainda os Estados-Membros da UEmembros da OIT a que adoptem esses instrumentos na Conferência da OIT de Junho de2011 e exorta os Estados-Membros da UE a que ratifiquem e implementem com celeridadea Convenção e a Recomendação. Em alguns países, grande parte do trabalho domésticoprocessa-se no âmbito da economia informal, em condições de emprego precárias e/oucomo trabalho não declarado. Nos países industrializados, o trabalho doméstico representaentre 5 e 9% de todo o emprego e a grande maioria dos trabalhadores que este sectoremprega são mulheres. Com efeito, a tendência para o aumento do número de contratosnão convencionais ou atípicos possui uma forte dimensão de género e geracional. Aadopção, ratificação e aplicação de uma Convenção da OIT pode contribuir para reduziro número dos trabalhadores pobres e melhorar a situação no mercado de trabalho doelevado número de mulheres.

Karima Delli (Verts/ALE), por escrito. – (FR) Na Europa, perto de duas em cada trêsmulheres imigrantes têm empregos que requerem baixos níveis de qualificações,frequentemente no sector dos cuidados de saúde ou do trabalho doméstico. Estas mulherescontribuem para a nossa economiae, no entanto, estão sujeitas a condições de trabalhomuito más e são sujeitas a violações de seus direitos mais elementares.

A Conferência Internacional do Trabalho, que terá lugar em Junho deste ano, constituiráuma oportunidade para os membros da OIT adoptarem uma “Convenção sobre trabalhodigno para os trabalhadores domésticos”. Este instrumento constitui um passo em frentepara os direitos dos trabalhadores em todo o mundo, uma vez que alarga as normas emmatéria de legislação laboral aos trabalhadores domésticos, uma categoria que estava, atéagora, excluída dessas normas. A bola está agora do lado dos Estados-Membros, que devemempenhar-se na ratificação dessa convenção.

A nível europeu, teremos também de deixar de considerar separada e sistematicamente aimigração e as políticas laborais. Não é justo os trabalhadores domésticos serem forçadosa trabalhar de forma informal, independentemente dos seus direitos, devido a leis e regrasde imigração demasiado rigorosas e desajustadas.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − É consabido que o trabalho doméstico é muitas vezesprecário e informal e que essa precariedade e informalidade coloca seriamente em causaos direitos dos prestadores deste tipo de serviços que, não obstante, participam da actividadeeconómica dos respectivos países e devem ser considerados trabalhadores como os outros.

O grau de confiança entre empregadores e empregados que semelhante actividade requeraconselha a que não se sobrecarregue a relação laboral com excessivas formalidades, mas,simultaneamente, justifica que o trabalhador possa exercer dignamente a sua profissão. AConvenção da OIT, complementada por uma recomendação sobre os trabalhadoresdomésticos, poderá ser mais um passo neste caminho.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − A presente resolução do Parlamento Europeu(PE) debruça-se sobre a proposta de Convenção da Organização Internacional do Trabalho(OIT), complementada por uma recomendação sobre os trabalhadores domésticos. Nopróximo mês de Junho, realizar-se-á, em Genebra, mais uma Conferência da OIT onde seráabordada a problemática do trabalho doméstico. A UE, embora impedida de participarformalmente, uma vez que são os Estados-Membros que a integram, consciente das suasresponsabilidades de cooperação com a OIT, não quis deixar de dar o seu contributo numamatéria que podemos apelidar de Direitos Fundamentais. A importância do trabalhodoméstico é inquestionável. Trata-se de uma trabalho de proximidade (apoio a ascendentes

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Page 136: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

e descendentes) incluído na Estratégia UE 2020 e que representa entre 5 e 9 % de todo oemprego da UE, com tendência para aumentar. No entanto, os trabalhadores domésticos– na sua maioria mulheres e imigrantes – são muitas vezes objecto de exploração pelospatrões, que lhes não garantem os direitos sociais. Por isso, votei favoravelmente estaproposta de resolução.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − A aprovação da Convenção da OIT,complementada por uma recomendação sobre os trabalhadores domésticos, constitui umavanço importante, que valorizamos. Nos diversos países, como ficou claro durante odebate, estes trabalhadores são, na sua maioria, mulheres, sendo cada vez maior apercentagem de imigrantes indocumentados. Estes são dos grupos mais vulneráveis e maissujeitos a fenómenos como a violência ou o abuso sexual. Seria importante que na próximaConferência Internacional do Trabalho fossem tomadas medidas a este respeito. Sãoconhecidas as condições graves de exploração e discriminação em que trabalham. Muitosdestes trabalhadores domésticos trabalham em condições pouco dignas, sujeitos a umaintensa exploração, sem direitos assegurados, como o direito à segurança social, à protecçãoda saúde e segurança e à protecção na maternidade, a limites no tempo de trabalho, aodescanso, à liberdade de associação e representação.

É assim patente a necessidade de regulamentar o trabalho doméstico. São, assim, urgentespolíticas efectivas de combate ao trabalho precário, aos falsos recibos verdes, ao trabalhonão declarado e ao trabalho ilegal.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − Consideramos importante que se avance paraa aprovação de uma Convenção da OIT complementada por uma recomendação sobre ostrabalhadores domésticos, que são, na sua maioria, mulheres e, cada vez mais, imigrantessem papéis, sendo dos grupos mais vulneráveis e sujeitos à violência ou ao abuso sexual,pelo que seria muito positivo que, na próxima Conferência Internacional do Trabalho,fosse dado um passo decisivo nesse sentido.

São conhecidas as condições graves de exploração e discriminação em que trabalhammuitos destes trabalhadores domésticos, pelo que há a maior urgência de umaregulamentação do trabalho doméstico, para evitar que continuem expostos a condiçõesde trabalho muito pouco dignas, sem direitos assegurados, como o direito à segurançasocial, à protecção da saúde e segurança e à protecção na maternidade, a limites no tempode trabalho, ao descanso, à liberdade de associação e representação.

São, assim, urgentes políticas efectivas de combate ao trabalho precário, aos falsos recibosverdes, ao trabalho não declarado e ao trabalho ilegal. É fundamental transformar todo otrabalho precário em trabalho estável, com direitos e com um salário digno.

Sylvie Guillaume (S&D), por escrito. – (FR) Apoio plenamente a adopção, ratificação eimplementação pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) de uma convençãosobre o trabalho doméstico. Os trabalhadores domésticos trabalham, na maior parte doscasos, em condições precárias, encontram-se frequentemente em situações de legalidadeadministrativa duvidosa, o que torna a sua situação ainda menos estável, e são muitas vezesvítimas de discriminação, desigualdade e tratamento injusto ou abusivo. No entanto, osseus serviços são fundamentais para a nossa sociedade, desde a prestação de cuidadosinfantis à assistência às pessoas idosas. Temos de obter um enquadramento jurídico quenos permita reforçar os direitos desses trabalhadores e promover condições de trabalhodignas.

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Page 137: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito . – (LT) Votei a favor deste documento, porque a criseeliminou milhões de postos de trabalho e agravou a precariedade do emprego e a pobreza– 17% dos residentes da UE estão em risco de pobreza e 23 milhões de habitantes da Uniãoestão desempregados. Em alguns países, grande parte do trabalho doméstico processa-seno âmbito da economia paralela, em condições de emprego precárias e/ou como trabalhonão declarado. A grande maioria dos trabalhadores que este sector emprega são mulherese esse trabalho é subavaliado, mal remunerado e informal. A vulnerabilidade dostrabalhadores domésticos significa que são amiúde objecto de discriminação e que podemser facilmente sujeitos a um tratamento desigual, desleal ou abusivo. Devemos providenciarpelo reconhecimento jurídico do trabalho doméstico como actividade profissional, concedermais direitos a todos os trabalhadores domésticos e prevenir violações e abusos, de formaa definir um quadro jurídico para todos os trabalhadores domésticos e assegurar que o seutrabalho não se processe fora desse enquadramento regulamentar. A adopção, ratificaçãoe aplicação dessa Convenção da OIT contribuiria não só para melhorar a situação do vastonúmero de mulheres empregadas no sector doméstico, assegurando-lhes condições detrabalho dignas, mas também para reforçar o seu nível de inclusão social. Poderia sernecessário adaptar as legislações a fim de criar contratos flexíveis e seguros, que garantama igualdade de tratamento.

David Martin (S&D), por escrito . – (EN) Votei favoravelmente a presente resolução que“considera que deve ser tratado o problema do trabalho clandestino; afirma que o sectordo trabalho doméstico se caracteriza por um elevado nível de informalidade e por ser nãodeclarado, sendo muitos os trabalhadores migrantes empregados neste sector, cujos direitossão amiúde objecto de violação; além disso, considera essencial combater o trabalhoprecário de uma maneira geral, atendendo a que este problema afecta particularmente ostrabalhadores migrantes, deteriorando a sua situação já de si vulnerável.”

Jean-Luc Mélenchon (GUE/NGL), por escrito. – (FR) A precarização dos trabalhadoresdo sexo masculino e feminino está no cerne da lógica de dominação da oligarquia, tantona Europa como noutros lugares. Entre as várias formas de precariedade organizada, existeuma que é de mais difícil erradicação que as outras: a dos trabalhadores domésticos. Orelatório em apreço apoia a elaboração de uma convenção da OIT para proteger os direitosdesses trabalhadores e, especialmente, das trabalhadoras clandestinas. Condena ainda amultiplicação dos contratos atípicos, um sinal do aumento da precariedade do trabalho.Dou o meu voto a esta iniciativa, lamentando, porém, o facto de a mesma não ir terquaisquer repercussões concretas.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − Representando o trabalho doméstico entre 5 e 9 % detodo o emprego, e tendo em conta que a grande maioria dos trabalhadores que este sectoremprega são mulheres, que este trabalho é subavaliado, mal remunerado e informal, e quea vulnerabilidade dos trabalhadores domésticos significa que são amiúde objecto dediscriminação e que podem ser facilmente sujeitos a um tratamento desigual, desleal ouabusivo, é necessário encontrar soluções para eliminar este tipo de situações. Daícongratular-me com esta Convenção da OIT que alerta para os problemas que envolvemo trabalho doméstico.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − Com a presente resolução, o ParlamentoEuropeu pretende manifestar o seu apoio à iniciativa da OIT de adoptar uma Convençãocomplementada por uma recomendação sobre trabalho digno para os trabalhadoresdomésticos. Na verdade, os trabalhadores migrantes que aceitam empregos temporáriospouco qualificados na periferia do mercado de trabalho ou empregos como trabalhadores

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Page 138: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

domésticos estão expostos a múltiplas discriminações. Estes trabalhadores estãofrequentemente em condições de pobreza e irregulares, sendo mais susceptíveis de seremvítimas de maus tratos, remunerados de forma irregular, sujeitos a violência ou a abusosexual, não ousando contactar as autoridades para pedir protecção e reivindicar os seusdireitos por recearem ser reenviados para o seu país de origem e/ou um castigo por partedos seus empregadores. Esta realidade motiva o meu voto favorável. Associo-me aoobjectivo da Convenção de providenciar o reconhecimento jurídico do trabalho domésticocomo actividade profissional, alargando os direitos a todos os trabalhadores domésticos,por forma a prevenir violações e abusos e por forma a definir um quadro jurídico em quese assegure que o trabalho não se possa processar fora deste enquadramento regulamentar.

Phil Prendergast (S&D), por escrito . – (EN) Apoio a presente resolução sobre a propostade convenção da Organização Internacional do Trabalho para os trabalhadores domésticos.Uma parte significativa do trabalho doméstico é não declarada, precária e mal remuneradae os trabalhadores domésticos, a maioria dos quais são mulheres, são vulneráveis a abusos,especialmente quando se encontram a trabalhar num país estrangeiro. A adopção destaConvenção da OIT pode contribuir para reduzir o número de trabalhadores pobres,melhorar as condições de trabalho e facilitar a inclusão social de alguns dos trabalhadoresmais vulneráveis. Temos de aplicar as normas laborais fundamentais ao trabalho domésticoe velar por que aqueles que o estão a exercer tenham direito a segurança social e protecçãocontra práticas abusivas.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − Os trabalhadores domésticos são, amiúde, penalizadospela natureza informal do seu trabalho. Assim, porque escapam às estruturas formais deactividade económica, não raro vêem os seus direitos enquanto trabalhadores coarctados,situação esta que tem que ser combatida de forma determinada.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito . – (EN) Com esta resolução, o ParlamentoEuropeu: 1) saúda e apoia a iniciativa da OIT de adoptar uma Convenção complementadapor uma recomendação sobre trabalho digno para os trabalhadores domésticos; exorta osEstados-Membros da UE pertencentes à OIT a que adoptem esses instrumentos naConferência da OIT de Junho de 2011; exorta os Estados-Membros da UE a que ratifiqueme implementem com celeridade a Convenção e a Recomendação; 2) considera que a adopção,ratificação e aplicação de uma Convenção da OIT sobre trabalho digno para os trabalhadoresdomésticos pode contribuir para reduzir o número dos trabalhadores pobres; 3) consideraque a adopção, ratificação e aplicação dessa Convenção responderia às necessidades deuma das categorias de trabalhadores mais vulneráveis;

Alf Svensson (PPE), por escrito. – (SV) Ontem, quinta-feira, 12 de Maio, o ParlamentoEuropeu aprovou a resolução sobre a proposta de Convenção da OIT complementada poruma recomendação sobre os trabalhadores domésticos. Em todo o mundo e, em particular,nos países pobres, os serviços domésticos estão entre os trabalhos mais mal remunerados.Esses trabalhadores não têm frequentemente contratos correctos nem benefícios sociais.Por conseguinte, destacar esse sector dos serviços separadamente numa recomendaçãoem associação com uma convenção da OIT é uma medida positiva e adequada. A razãopela qual votei contra a resolução do Parlamento Europeu tem a ver com a formulação don.º 13, em que os Estados-Membros da UE são instados a ratificar a Convenção Internacionalsobre a Protecção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros das suasFamílias, algo que nenhum dos Estados-Membros da UE fez até ao momento. A meu ver,as seis principais convenções da ONU, que são universais e abrangem todos os cidadãos,não precisam de ser complementadas por outros instrumentos. Haveria então um elevado

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Page 139: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

risco de se comprometer a legitimidade das convenções que já foram adoptadas, algo como qual não quero compactuar. Prefiro trabalhar para aumentar o nível de cumprimentodas principais convenções em matéria de direitos humanos, cujo conteúdo também seaplica claramente aos trabalhadores domésticos. Esse é um aspecto que demasiados Estadossignatários parecem estar hoje a ignorar.

Marc Tarabella (S&D), por escrito. – (FR) O trabalho doméstico, frequentemente precário,subavaliado e não declarado, representa 5% a 9% do emprego total nos paísesindustrializados. A maioria desses trabalhadores domésticos é composta por mulheres eimigrantes, que são mais facilmente explorados e mal remunerados. A adopção destaConvenção da OIT sobre os trabalhadores domésticos constituirá um elemento essencialpara garantir o respeito dos direitos humanos e sociais desses trabalhadores, ao atribuirao trabalho doméstico o mesmo estatuto que qualquer outro trabalho e ao definir umquadro jurídico para os trabalhadores domésticos.

A resolução parlamentar aprovada hoje envia um sinal a forte todos os Estados-Membrospara que assinem esta convenção, que tem poderes, espero sinceramente, para reforçar ainclusão social dos trabalhadores, concedendo-lhes acesso aos direitos sociais normais queassistem a todos os trabalhadores.

Marie-Christine Vergiat (GUE/NGL), por escrito. – (FR) Votei favoravelmente a resoluçãodo Parlamento Europeu, convidando os Estados-Membros a empenharem-se relativamenteao projecto de convenção da OIT sobre os trabalhadores domésticos. Essa convenção irápermitir-nos lutar de forma mais eficaz contra as condições de trabalho inaceitáveis dedemasiados trabalhadores desse sector, que são predominantemente mulheres e, em muitoscasos, trabalhadores imigrantes, particularmente, imigrantes clandestinos. A convençãoirá complementar outras convenções da OIT e de outras organizações internacionais. OParlamento Europeu defendeu também a ratificação pela UE e respectivos Estados-Membrosda Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos de Todos os TrabalhadoresMigrantes. No entanto, lamento o facto de o Grupo do Partido Popular Europeu(Democratas-Cristãos) ter conseguido aprovar, nomeadamente devido à abstenção de umasérie de deputados socialistas, uma alteração que recusa colocar os trabalhadores imigrantes,sobretudo os imigrantes clandestinos, em pé de igualdade com os outros trabalhadores.Essa alteração é consistente com a percepção cada vez mais negativa dos imigrantes, quealimenta a xenofobia. Resta então implementar as disposições da presente convenção, oque não será fácil, mas não deixemos de considerar que a abordagem é positiva.

Angelika Werthmann (NI), por escrito. – (DE) A Organização Internacional do Trabalho(OIT) é uma agência especializada das Nações Unidas e age em nome da justiça social, dosdireitos humanos e dos direitos dos trabalhadores. A principal função desta organizaçãoé a criação de normas sociais e laborais internacionais. Para a OIT, 2010 foi o ano dostrabalhadores domésticos. Foram, portanto, criadas normas mínimas, dado que ostrabalhadores domésticos constituem o maior sector não regulamentado do mundo.

Proposta de resolução B7-0295/2011

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente proposta, considerando que aresistência antimicrobiana (RAM) representa um problema de saúde animal para o sectoreuropeu da pecuária, em particular quando o tratamento não é bem sucedido; que já forampublicadas em vários Estados-Membros orientações sobre o uso prudente de antibióticos,o que levou a um decréscimo na utilização de antimicrobianos, e que o sector da pecuária(produção de leite, de carne bovina, de carne de porco e de aves, de ovos, leite de ovelha,

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Page 140: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

de leite de cabra e de carne) desempenha um papel importante na economia agrícolaeuropeia e que o objectivo primeiro dos agricultores é manter os seus animais saudáveise produtivos através de boas práticas agrícolas (higiene, alimentação e criação adequadas,gestão responsável da saúde dos animais). Solicito assim à Comissão que desenvolva umvasto plano de acção plurianual contra a resistência antimicrobiana no quadro da Estratégiada UE em matéria de Saúde Animal (2011-2015).

Elena Oana Antonescu (PPE), por escrito. – (RO) A resistência antimicrobiana representaum problema de saúde animal para o sector europeu da pecuária, em particular quando otratamento não é bem sucedido. Já foram publicadas em vários Estados-Membrosorientações sobre o uso prudente de antibióticos, o que levou a um decréscimo na suautilização. Se usados correctamente, os antimicrobianos são úteis para ajudar os agricultoresa manter os seus animais saudáveis e produtivos e para assegurar o bem-estar desses animais.Apesar de essas substâncias serem receitadas para utilização em animais, afectam quer osseres humanos quer os animais. O principal objectivo da presente proposta de resoluçãoé fazer com que os antimicrobianos se mantenham como ferramenta eficaz no combateàs doenças, tanto nas pessoas como nos animais, limitando a sua utilização aos casosestritamente necessários. Votei favoravelmente o presente relatório.

Liam Aylward (ALDE), por escrito . – (GA) O principal objectivo dos agricultores égarantir a saúde e a produtividade dos seus animais e é através de boas práticas agrícolasque o conseguem.

Votei a favor desta resolução, porque pede a realização de mais investigação sobreantimicrobianos e sobre outras opções, o que irá ajudar os agricultores a atingirem osobjectivos acima referidos. Há que definir uma agenda para a partilha da investigação, doconhecimento e das boas práticas. Apoio o pedido de realização de mais investigação nodomínio do bem-estar animal e das práticas agrícolas, como a melhoria da criação dosrebanhos, a prevenção precoce da doença e a criação de raças robustas de animais.

Importa, porém, assegurar que os encargos financeiros e administrativos para os agricultoresnão aumentem devido ao eventual aumento da vigilância e do controlo da resistênciaantimicrobiana (RAM) na produção de alimentos e nos animais de companhia.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito . – (LT) Votei favoravelmente a presente resolução.A resistência antimicrobiana (RAM) representa um importante problema de saúde animalpara o sector europeu da pecuária. Dada a enorme importância do sector da pecuária paraa economia agrícola europeia, é essencial tratar esta questão de forma adequada. Concordoque os Estados-Membros devem efectuar uma vigilância e um controlo sistemáticos daresistência antimicrobiana nos animais destinados à produção de alimentos e nos animaisde companhia, sem criar novos encargos financeiros ou administrativos para os agricultores,outros proprietários de animais ou veterinários. O Serviço Alimentar e Veterinário (SAV)e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) devem realizar novasinspecções e análises neste domínio e apresentar recomendações. Concordo que a Comissãodeve desenvolver conversações a nível internacional no sentido de uma proibição dosantimicrobianos como promotores de crescimento na alimentação animal e abordar esteassunto nas suas negociações bilaterais com países terceiros.

Carlos Coelho (PPE), por escrito. − É positivo que se tenha registado um decréscimo nautilização de antibióticos, tendo para tal contribuído a publicação que foi feita em váriosEstados-Membros de orientações relativas ao uso prudente de antibióticos.

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Page 141: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Qualquer decisão que leve à administração de antimicrobianos, quer no caso de sereshumanos quer no caso de animais, deve ser cuidadosamente ponderada e ter em conta apotencial ameaça da resistência antimicrobiana. De facto, esta resistência afecta quer osseres humanos quer os animais e pode ser transmitida dos seres humanos para os animaise vice-versa. Se bem que a resistência antimicrobiana nos seres humanos é frequentementecausada por doses inadequadas de medicamentos antibióticos e tratamentos incorrectos...No entanto, também o pode ser através da transmissão, por intermédio de animais, debactérias patogénicas portadoras de genes de resistência antimicrobiana, com gravesconsequências para a saúde pública e animal.

Estamos, assim, perante uma questão verdadeiramente transversal e que exige umaabordagem coordenada ao nível comunitário, a qual deverá procurar assegurar que osantimicrobianos se possam manter como uma ferramenta eficaz no combate às doenças,tanto nas pessoas como nos animais, incentivar uma utilização prudente e responsável elimitar ao estritamente necessário qualquer recurso a que eles se faça.

Vasilica Viorica Dăncilă (S&D), por escrito. – (RO) A resistência antimicrobiana (RAM)representa um problema de saúde animal para o sector europeu da pecuária, em particularquando já foram publicadas em vários Estados-Membros orientações sobre o uso prudentede antimicrobianos, o que levou a um decréscimo na utilização destas substâncias. Tendoem conta que o objectivo primeiro dos agricultores é manter os seus animais saudáveis eprodutivos através de boas práticas agrícolas (higiene, alimentação e criação adequadas,gestão responsável da saúde dos animais), considero que é necessário efectuar investigaçõesadicionais relativamente a novos antimicrobianos, bem como a outras alternativas(vacinação, biossegurança, selecção de animais resistentes) e de estratégias baseadas emfactos provados, destinadas a evitar e controlar doenças infecciosas em animais, que já seencontram previstas nos programas-quadro de investigação da União Europeia.

Edite Estrela (S&D), por escrito. − Votei favoravelmente a proposta de resolução relativaà resistência aos antibióticos, porque considero necessário que a Comissão e osEstados-Membros adoptem medidas que permitam fazer face ao crescente problema daresistência aos antibióticos em animais, tendo em conta que o uso de antibióticos naalimentação do gado contribui igualmente para a resistência humana a antibióticos.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − A resistência a antibióticos é um sério problema queafecta a indústria pecuária, razão pela qual acompanho a Comissão da Agricultura nas suaspreocupações sobre esta temática e nas suas propostas, não apenas para diminuir aresistência dos animais aos tratamentos com antibióticos, mas também para dinamizaroutras formas de combate às doenças animais, que não passem necessariamente pelautilização de antibióticos.

No que respeita à utilização de antimicrobianos como promotores de crescimento naalimentação animal, chamo a atenção para que tal não coloca apenas riscos para os animais,que se tornam resistentes aos antibióticos, mas também para as populações, já que produtosde origem animal entram na cadeia alimentar, afectando, por essa via, os humanos.

É por isso urgente estudar as hipóteses de uma proibição da utilização de antimicrobianosna alimentação animal, como promover mais medidas para diminuir a resistência aosantibióticos e com isso assegurar uma melhor saúde animal e uma maior segurançaalimentar.

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José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − A presente resolução do Parlamento Europeu(PE) aborda a problemática da resistência aos antibióticos por parte dos animais, situaçãocom consequências desastrosas. Esta questão tem implicações a nível da saúde humana,sobretudo dos trabalhadores que lidam com estes animais, mas também a nível económico,pois está em causa o futuro competitivo da pecuária comunitária. O PE já debateu esteassunto por mais de uma vez, tendo adoptado algumas iniciativas, como a base de dadosque deve ser permanentemente actualizada, mas chegou a hora de se passar das palavrasaos actos para que os normativos em vigor deixem de ser letra morta. É, pois, essencial quea nova PAC tenha esta problemática em conta e estimule as boas práticas pecuárias. Assim,votei favoravelmente esta proposta de resolução comum, aprovada por larga maioria emsede da Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, pois trata-se de um textomuito equilibrado cujas propostas não só protegem a saúde humana e defendem o bem-estaranimal, mas também garantem a viabilidade das empresas.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − A resistência antimicrobiana representa umproblema de saúde animal para o sector europeu da pecuária, que engloba a produção deleite, de carne bovina, de carne de porco e de aves, ovos, leite de ovelha e leite de cabra. Osantimicrobianos, se usados correctamente, são úteis para ajudar os agricultores a manteros seus animais saudáveis e produtivos.

Nos seres humanos, a resistência antimicrobiana é frequentemente causada por dosesinadequadas de medicamentos antibióticos. A transmissão de bactérias patogénicas constituiuma particular ameaça para os agricultores e os trabalhadores agrícolas, que estão emcontacto diário com os animais.

Este relatório contribui para orientar acções conjuntas de recolha de dados neste domínio,analisando resultados e propondo soluções. Pretende-se um quadro completo que indiquequando, onde, como e em que animais foram os medicamentos antimicrobianos realmenteutilizados, sem criar novos encargos financeiros ou administrativos para os agricultoresou outros proprietários de animais, tendo em conta que as práticas e a intensidade dapecuária divergem consoante o Estado-Membro.

Salientamos a importância de promover bons sistemas de criação animal que permitamreduzir a necessidade de receitar antimicrobianos, assim como da investigação sobre novosantimicrobianos. Consideramos positivo o conteúdo da resolução, orientado pelanecessidade de uma utilização prudente e responsável destes agentes.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − A resistência antimicrobiana representa umproblema de saúde animal para o sector europeu da pecuária, que engloba a produção deleite, de carne bovina, de carne de porco e de aves, ovos, leite de ovelha e leite de cabra. Osantimicrobianos, se usados correctamente, são úteis para ajudar os agricultores a manteros seus animais saudáveis e produtivos.

Nos seres humanos, a resistência antimicrobiana é frequentemente causada por dosesinadequadas de medicamentos antibióticos, cuja transmissão de bactérias patogénicasconstitui uma particular ameaça para os agricultores e os trabalhadores agrícolas, que estãoem contacto diário com os animais.

Este documento contribui para orientar acções conjuntas de recolha de dados neste domínio,analisando os seus resultados e propondo as soluções respectivas. Assim, pretende-se umquadro completo que indique quando, onde, como e em que animais foram osmedicamentos antimicrobianos realmente utilizados, sem criar novos encargos financeiros

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Page 143: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

ou administrativos para os agricultores ou outros proprietários de animais, tendo em contaque as práticas e a intensidade da pecuária divergem consoante o Estado-Membro.

É igualmente importante desenvolver a investigação sobre novos antimicrobianos, bemcomo sobre outras alternativas, realçando a importância do desenvolvimento de bonssistemas de criação animal que permitam reduzir a necessidade de receitar antimicrobianos.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito . – (LT) Votei favoravelmente este documento porqueo principal objectivo é fazer com que os antimicrobianos se mantenham como ferramentaeficaz no combate às doenças, tanto nas pessoas como nos animais, apesar de limitar a suautilização aos casos estritamente necessários. A meu ver, temos de definir boas práticaspara a pecuária, que minimizem o risco de resistência antimicrobiana (RAM). Essas práticasdevem, em particular, aplicar-se aos animais jovens provenientes de diferentes criadores,situação que aumenta o risco de doenças transmissíveis. A Comissão deve trabalhar nosentido de uma proibição internacional dos antimicrobianos como promotores decrescimento na alimentação animal e a abordar este assunto nas suas negociações bilateraiscom países terceiros, como os Estados Unidos. Temos de realçar a relação lógica existenteentre saúde animal e a utilização de antimicrobianos, bem como a ligação entre a saúdeanimal e a saúde humana. Hoje, o que é mais importante para nós é garantir um nívelmáximo de segurança alimentar.

Elisabeth Köstinger (PPE), por escrito. – (DE) Durante muito tempo, os antibióticosforam encarados como drogas miraculosas que curavam as doenças infecciosas. Na maiorparte dos países europeus, os antibióticos são a categoria de medicamentos mais utilizadaa seguir aos analgésicos. Cerca de 50% dos antibióticos receitados na Europa são utilizadosna medicina veterinária. Se não fossem utilizados antibióticos, as doenças em animais e asepizootias poderiam disseminar-se rapidamente e transformar-se em epidemias, causandoenormes prejuízos económicos. Infelizmente, a utilização descontrolada de antibióticosna medicina humana e na medicina veterinária tem um custo extremamente elevado. Autilização excessiva de antibióticos dá origem à criação de resistências e à adaptação dosorganismos patogénicos. Muitos dos conhecidos antibióticos são actualmente ineficazesou pouco fiáveis. Portanto, subscrevo firmemente a resolução desta Assembleia que instaexpressamente a Comissão e os Estados-Membros a fazerem face, de uma forma responsável,ao crescente problema da resistência aos antibióticos em animais.

David Martin (S&D), por escrito . – (EN) Esta resolução reconhece que, se usadoscorrectamente, os antimicrobianos são úteis para ajudar os criadores a manterem os seusanimais saudáveis e produtivos e para assegurar o bem-estar desses animais. Porém,reconhece também a necessidade de uma vigilância e um controlo rigorosos, razão pelaqual recebeu o meu voto.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − A resistência antimicrobiana (RAM) representa umproblema de saúde animal para o sector europeu da pecuária, em particular quando otratamento não é bem sucedido. Já foram publicadas em vários Estados-Membrosorientações sobre o uso prudente de antibióticos, o que levou a um decréscimo na utilizaçãode antimicrobianos. Apesar dos resultados positivos, ainda há muito a fazer no que a esteproblema diz respeito. Daí a necessidade de políticas europeias comuns que levem àerradicação deste problema.

Radvilė Morkūnaitė-Mikulėnienė (PPE), por escrito . – (LT) Hoje o Parlamento aprovouuma decisão importante sobre a resistência aos antibióticos. Quanto a mim, é extremamenteimportante recolher e analisar as informações relativas à utilização dos produtos

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zoossanitários, nomeadamente as substâncias antibióticas. É também necessário assegurara utilização eficaz e moderada destes produtos, de modo a que não constituam um perigopara a eficácia das medidas de combate às doenças em seres humanos nos casos em quesão escolhidos agentes antibióticos como tratamento médico. Apesar de, entre 2005 e2009, os testes realizados na UE para controlar os resíduos de agentes antibacterianos emanimais e alimentos de origem animal apresentarem resultados positivos, podemoscontinuar a afirmar que não existe uma tendência controlada no sentido da redução, apenasflutuações fragmentadas. É particularmente preocupante o facto de, de acordo com dadosde 2009, a maioria das discrepâncias no que toca aos agentes antibióticos se verificaremno mel, na carne de coelho e em amostras de peixes de cultura, ou seja, produtos que sãofrequentemente considerados géneros alimentícios importantes e que são habitualmenteutilizados na alimentação diária dos europeus. Assim, o objectivo de aplicar cuidadosamenteo tratamento antimicrobiano e de aplicar mecanismos abrangentes de controlo para melhorcoordenar as fontes de investigação nos domínios da medicina humana e veterinária é damaior importância para garantir a saúde humana e o bem-estar dos animais.

Rareş-Lucian Niculescu (PPE), por escrito. – (RO) Votei favoravelmente a presenteresolução. Todos os anos, morrem 25 000 pessoas em toda a Europa de causas relacionadasou associadas à resistência antimicrobiana. Os animais e os alimentos de origem animalpodem desempenhar um papel importante na transferência da resistência antimicrobianapara os seres humanos. É por isso que os antibióticos têm de ser utilizados com precauçãona pecuária. As medidas propostas pela presente resolução relativamente ao reforço dainformação de veterinários e criadores têm de ser aplicadas com toda a determinaçãopossível.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − A resolução sobre a resistência aosantibióticos surge num contexto em que a resistência antimicrobiana (RAM) representaum problema de saúde animal para o sector europeu da pecuária, que necessita de contarcom a segurança e a eficácia dos tratamentos antimicrobianos num futuro próximo.

A administração de antimicrobianos aos animais tem de ter em conta a potencial ameaçada resistência antimicrobiana nos seres humanos, frequentemente causada por dosesinadequadas de medicamentos antibióticos, tratamentos incorrectos e pela exposiçãoconstante de organismos patogénicos aos antimicrobianos nos hospitais.

Votei favoravelmente o relatório porque a transmissão de bactérias patogénicas portadorasde genes de resistência antimicrobiana constitui uma particular ameaça para os sereshumanos, através da ingestão das mesmas e/ou através do contacto diário com os animais.Considero que a aposta na investigação é essencial, contribuindo para o desenvolvimentodos antimicrobianos como ferramenta eficaz no combate às doenças, tanto nas pessoascomo nos animais, devendo, no entanto, limitar-se o uso dos mesmos ao estritamentenecessário.

Phil Prendergast (S&D), por escrito . – (EN) A resistência aos antibióticos é um graveproblema de saúde pública. A administração de antimicrobianos aos seres humanos e aosanimais implica o risco de resistência quando as substâncias são utilizadas de formaincorrecta e em doses inadequadas. A resistência antimicrobiana pode ser transmitida dosseres humanos aos animais e vice-versa. Os doentes hospitalizados e os agricultoresencontram-se em especial risco de exposição às bactérias resistentes. É necessária umamelhor coordenação da investigação em matéria de resistência nos domínios da medicina

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humana e veterinária, assim como a realização de investigações adicionais relativamentea novos antibióticos, tratamentos alternativos e prevenção das doenças em animais.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − A pecuária desempenha uma função essencial para aeconomia europeia. Para garantir a saúde dos animais, recorre-se frequentemente aantimicrobianos. O problema que se pode colocar é o desenvolvimento de resistênciaantimicrobiana que, quer os animais, quer o homem, podem desenvolver, com reflexosque se podem afigurar graves para a saúde humana. É, por isso, essencial que se adoptemestratégias adequadas para acautelar tais riscos.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito . – (EN) Com esta resolução, o ParlamentoEuropeu (1) saúda os esforços envidados pela Comissão e as suas agências no que dizrespeito a acções conjuntas de recolha de dados neste domínio, em particular a iniciativade 2009 para criar o projecto europeu de vigilância do consumo de agentes antimicrobianos(ESAC); lamenta que nem todos os Estados-Membros tenham aderido à rede ESAC e instaa que mais países o façam; convida a Comissão a facultar à rede ESAC os recursos financeirosque lhe permitam realizar as suas tarefas; insta a Comissão a facultar sem demora umquadro jurídico adequado, a fim de atribuir aos Estados-Membros a autoridade para realizaruma recolha de dados eficiente; (2) e exorta a Comissão a diligenciar no sentido de umarecolha de dados que seja harmonizada e comparável, inclusive no que diz respeito aactividades desenvolvidas nos países terceiros, como os Estados Unidos.

Angelika Werthmann (NI), por escrito. – (DE) Os antibióticos são produtos metabólicosde fungos ou bactérias, naturalmente existentes, que são utilizados para combater infecçõesbacterianas. Entre outras utilizações, são administrados aos animais como medidapreventiva. Por resistência entende-se a perda da capacidade de um antibiótico para mataras bactérias ou inibir o seu desenvolvimento. Para evitar que tal aconteça, há que seguirindicações médicas. Contudo, os germes resistentes em animais podem ser transmitidosaos seres humanos e representam um grande risco para a saúde – o resultado pode mesmoser o desenvolvimento de resistência aos antibióticos nos seres humanos. Não podíamos,portanto, deixar de votar favoravelmente o relatório em apreço para permitir finalmentea promoção da produção pecuária que dispensa a utilização de substâncias antimicrobianas.

Anna Záborská (PPE), por escrito. – (SK) É do conhecimento geral que, tal como os sereshumanos, os animais aos quais são administrados antibióticos desenvolvem por vezesresistência ao seu efeito. Essa resistência pode ser transmitida dos animais aos seres humanose constituir, assim, um risco para a saúde ou dificultar o tratamento de algumas doenças.É, por conseguinte, importante acompanhar de perto a utilização dos antibióticos napecuária e em animais de estimação. É a protecção dos consumidores e a segurança daprodução de alimentos que estão em causa, que devem registar um nível igualmente elevadoem todos os Estados-Membros da UE. Considero adequado o Parlamento Europeu, que écomposto pelos representantes eleitos do povo, exigir a adopção de medidas por parte daComissão. Só poderemos reagir rapidamente e de forma eficaz se conhecermos a realidadeda situação. Apoiei, portanto, o relatório apresentado e espero que a Comissão apresentenum futuro próximo uma proposta para a adopção de medidas que visem oacompanhamento da utilização de antibióticos no sector de pecuária.

Relatório Schaake (A7-0112/2011)

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo este relatório, porque a cultura pode serum elemento crucial para as relações internacionais ao contribuir para o desenvolvimento,

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inclusão, democracia e prevenção de conflitos e por tal razão deve ser incluída na evoluçãodo Serviço Europeu para a Acção Externa.

Roberta Angelilli (PPE), por escrito. – (IT) Nesta nova economia digital, as indústriasculturais e criativas (ICC) representam um grande potencial e são capazes de estimular aexpressão da diversidade cultural europeia e a difusão do progresso económico e social.Além disso, a cultura e a criatividade são fundamentais para salvaguardar e valorizar onosso património cultural e paisagístico e são úteis para aumentar o nível cultural doscidadãos. Não devemos subestimar o facto de essas indústrias constituírem um dos sectoresmais dinâmicos na Europa e contribuírem para 2,6% do produto interno bruto da UE,proporcionando emprego de qualidade a cerca de 5 milhões de cidadãos europeus.

Com o Livro Verde publicado pela Comissão há um ano, as indústrias culturais e criativasobtiveram o justo reconhecimento, conquistando um papel crucial numa visão europeiada cultura baseada na sociedade da informação, da inovação e do empreendedorismo.Infelizmente, a falta de investimento, a subcapitalização das empresas, a falta de um quadroregulamentar que elimine os obstáculos à mobilidade dos artistas e dos criadores e aprevalência crescente da pirataria são alguns dos factores que enfraquecem a criação deum espaço cultural europeu. Não podemos esquecer que o sucesso mundial da indústriaeuropeia se baseia no enorme profissionalismo e criatividade dos nossos artistas, que devemser protegidos e incentivados através de incentivos concretos à continuação do seu bomtrabalho.

Elena Oana Antonescu (PPE), por escrito. – (RO) O aspecto fundamental da culturaeuropeia é que não se destina a ser promovida nas relações externas de uma formasimplificada, mas como algo dinâmico e vivo graças às suas características particulares.Assim como falamos de valores, liberdades e direitos europeus, devemos também falardas culturas da Europa, da sua diversidade, pluralidade criativa e do papel de embaixadoreuropeu que cada elemento criativo da cultura nacional pode desempenhar para promovera Europa na sua globalidade. Antes de começarmos a promover estas culturas fora doespaço europeu, até nós mesmos temos de querer familiarizar-nos com todos esseselementos culturais que são característicos da Europa. A este respeito, considero que oscidadãos da União Europeia são os melhores embaixadores das culturas da Europa. A únicacondição é que lhes seja proporcionada de antemão a possibilidade de se informarem daforma mais simples possível sobre a riqueza cultural da zona onde vivem.

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito . – (LT) Votei favoravelmente o presente relatório.A Europa é uma comunidade de valores caracterizada pela diversidade cultural para a qualcontribuem os sucessivos alargamentos da UE, a mobilidade dos cidadãos no espaço comumeuropeu, os antigos e os novos fluxos migratórios e os intercâmbios de todo o tipo como resto do mundo. A cultura desempenha um papel nos acordos bilaterais sobredesenvolvimento e comércio e através de medidas como os instrumentos de Cooperaçãopara o Desenvolvimento, de Estabilidade, Democracia e Direitos Humanos e de Pré-Adesão,bem como o da Política Europeia de Vizinhança (PEV), a Parceria Oriental, a União para oMediterrâneo e o Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH),a maioria dos quais com recursos afectados a diversos programas culturais. Concordo queé necessário reforçar os intercâmbios nas áreas da cultura e da educação com os paísesterceiros, que podem fortalecer a sociedade civil, fomentar a democratização e a boagovernação, promover os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionarelementos constitutivos de uma cooperação duradoura.

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Dominique Baudis (PPE), por escrito. – (FR) Este relatório contém uma mensagem clara:a União Europeia tem de incorporar uma estratégia cultural coerente e coordenada na suapolítica externa. Os laços especiais que unem a Europa e os países a Sul do Mediterrâneoestão a sofrer profundas alterações. Um vento de liberdade sopra no mundo árabe. A culturaé um bem precioso. Concorre para uma democracia pujante e duradoura. O intercâmbionas áreas da cultura e da educação favorece a emergência de uma sociedade civil organizada.A cooperação cultural é também uma das chaves do êxito da União para o Mediterrâneo.Leva as nações a partilharem e interagirem entre si, e a respeitarem-se e compreenderem-semelhor no dia-a-dia.

Jean-Luc Bennahmias (ALDE), por escrito. – (FR) É importante que o Parlamento Europeufaça uma séria advertência sobre a necessidade imperiosa de promover a diversidade, opatrimónio e o intercâmbio cultural em todas as acções externas da UE. A cultura é,enquanto factor de integração, tolerância e compreensão mútua, um elemento fundamentaldas nossas sociedades que devemos promover na nossa acção diplomática em prol dosdireitos humanos e da democracia. Este relatório salienta, no entanto, que a dimensãocultural das acções externas está ainda pouco desenvolvida e coordenada, e que é necessárioadoptar uma estratégia comum e coerente neste domínio. Além disso, reiterámos o nossoapoio a uma Internet livre, condenando a censura de que é objecto e a ameaça que issorepresenta para os direitos humanos e para o acesso e partilha do património cultural detodo o mundo. Embora os cidadãos europeus partilhem um conjunto de valores culturaiscomuns, ser-nos-á mais fácil servir os interesses europeus se falarmos a uma só voz.

Sergio Berlato (PPE), por escrito. – (IT) A União Europeia é conhecida pela diversidadedas suas expressões culturais. Em minha opinião, os valores europeus, como o respeitodos direitos humanos, da democracia e das liberdades fundamentais, também são veiculadospelos nossos produtos culturais. Como se refere na Estratégia “Europa 2020”, oconhecimento e as qualificações internacionais são decisivas para os sistemas educativos.O multilinguismo, a literacia digital (e-skills) e a sensibilidade cultural permitem-nosaproveitar muitas das oportunidades oferecidas pelo actual mercado de trabalho global.A cultura deve, pois, ser integrada transversalmente no vasto leque de acções que constituia política externa da UE. A União Europeia não possui actualmente uma estratégia coerentee coordenada para a integração da cultura nas suas acções externas. São também perceptíveisa fragmentação e a dispersão não só entre os Estados-Membros mas também entre diferentesdepartamentos e instituições da União Europeia.

Na ausência de uma estratégia comum, essa fragmentação impede uma utilização eficientedos recursos e dotações orçamentais postos à disposição do sector da cultura. Exorto, pois,a Comissão a ponderar a integração e a simplificação da vertente cultural tanto nas acçõesexternas da UE como no seio das instituições europeias.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE), por escrito. – (ES) Apoio este relatório da minhacolega de grupo, porque salienta a transversalidade e a importância da cultura em todas asfacetas da vida e defende a necessidade de ela ser tida em conta em todas as políticas externasda UE.

Maria Da Graça Carvalho (PPE), por escrito. − Considero importante a vertente culturalno âmbito das políticas europeias que visem uma maior coesão europeia. Louvo por issotodos os programas culturais que tenham como objectivo criar uma identidade europeiaatravés da partilha de valores e da compreensão mútua. Acredito assim no poder que certasiniciativas culturais podem ter nas relações dentro da União, bem como nas relações

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diplomáticas com países terceiros. Os elementos culturais dos vários países podem serusados como pontes para uma cooperação pacífica com vista à estabilidade.

Nessa Childers (S&D), por escrito. – (EN) As dimensões culturais das acções externas daUE não devem ser sobrestimadas, e é importante que a Comissária Ashton continue aintegrar esse princípio no seu trabalho com o SEAE.

Mário David (PPE), por escrito. − A entrada em vigor do Tratado de Lisboa trouxe aimplementação do Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE), que deverá na sua acçãoenglobar uma estratégia coordenada e coerente no que diz respeito à diplomacia cultural.Este relatório, no qual me revejo em termos genéricos, versa sobre esta importante questão.Aliás, muitas das propostas contidas neste relatório, como por exemplo o fomento deprogramas de intercâmbio juvenis e o reforço da aproximação às organizações da sociedadecivil de países terceiros, são propostas que eu próprio defendi e vi aprovadas pelo plenáriono meu relatório sobre a Revisão da Política Europeia de Vizinhança-Sul. Do relatóriosaliento ainda o enfoque no respeito pela preservação/promoção da riquezalinguística/cultural de cada um dos Estados-Membros, a importância da difusão dos valoresculturais europeus como forma de promoção dos direitos fundamentais, da democraciae da boa governação e, finalmente, a importância da existência de um Adido cultural emcada uma das representações externas da UE.

Marielle De Sarnez (ALDE), por escrito. – (FR) Muitos são os que se interrogam sobrese existe ou não uma cultura europeia, muitas vezes contrapondo-a a uma “Europa deculturas” ou a uma “europeização” das culturas. Para quem, como eu, pensa que a Europatem uma identidade e valores comuns, a resposta é óbvia: existe, de facto, uma identidadecultural europeia. É esta dimensão cultural que a UE deve ter mais em conta na sua acçãodiplomática, principalmente quando está em causa a promoção dos direitos humanos, dademocracia e do desenvolvimento em países terceiros. Para o efeito, deverá a AltaRepresentante criar uma Direcção-Geral “Diplomacia cultural” no Serviço Europeu paraa Acção Externa e nomear uma pessoa responsável pelas relações culturais e pela promoçãoda cultura europeia em cada representação da UE em países terceiros. Entretanto, devemosponderar a criação de um visto cultural para artistas e demais trabalhadores do sector dacultura.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − Para além de uma potência económica, a União Europeiaé também uma potência cultural cuja influência ultrapassa largamente as suas fronteiras.A circunstância de diversos Estados terem relações históricas tradicionais com váriosEstados europeus reforça a capacidade europeia de permear outras culturas e de se fazerentender noutras partes do mundo. Nunca será demais realçar a importância do factorlinguístico como veículo para a manutenção e aprofundamento directos desses contactos.

Lamento que, não obstante todas as declarações de intenções, a União Europeia persistaem não compreender até que ponto deveria promover o ensino, nas suas instituições, daslínguas europeias que possuam particular aptidão comunicacional. Pelo contrário, a UEtem optado por uma política linguística virada para dentro. Desejaria que inflectisse essatendência.

Uma política externa como a que a União se propõe desenvolver não poderá descurar adimensão cultural, antes terá que a ter presente como uma mais-valia, com um valor nemsempre tangível, mas particularmente importante num mundo cada vez mais sensível aosoft power dos Estados e das organizações internacionais. O Serviço Europeu para a Acção

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Externa terá um importante papel a desempenhar neste tocante. Faço votos de que estejaà altura do desafio.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − O presente relatório, elaborado pelaeurodeputada Marietje Schaake, versa sobre as dimensões culturais das acções externas daUnião Europeia (UE). Embora pareça um pouco estranho falar de cultura, um bem nãoessencial, quando muitos cidadãos europeus se vêem confrontados, diariamente, comdificuldades na obtenção dos bens essenciais à sua sobrevivência, não podemos cruzar osbraços, devendo antes pensar que esta, além de fundamental na melhoria da nossa qualidadede vida, pode e deve ser uma oportunidade de desenvolvimento económico e de criaçãode emprego jovem, além, obviamente, de ser um factor de união e coesão entre os povos.A UE tem de ser uma comunidade de valores culturais onde a diversidade seja uma mais-valiae um factor de união e coesão, ou, como refere a relatora, um instrumento de paz e deestabilidade global. Por isso, é urgente rever a ausência de uma política externa no campocultural. Voto favoravelmente este relatório, pois concordo com as suas propostas e esperoque a Cultura ajude a que se encontrem soluções para a saída da crise e seja uma mais-valiano bem-estar dos cidadãos europeus.

João Ferreira (GUE/NGL), por escrito. − Este relatório vem confirmar a concepção decultura vigente na União Europeia: uma visão instrumental da cultura, considerando-a aoserviço da política externa, através do conceito de diplomacia cultural. Ou seja, entendendoa cultura como uma espécie de guarda avançada para promover e difundir no mundo osinteresses da União Europeia e dos seus Estados-Membros (ponto 22 do relatório) e –veja-se até onde vai esta visão – para promover o comércio internacional (ponto 23 dorelatório). Quantas vezes não é isto sinónimo de políticas e de práticas que anulam oudesrespeitam a identidade e as culturas de cada país?

O relatório tem ainda subjacente uma falácia, que surge repetidamente no discurso da UEsobre cultura: a da existência de uma identidade e cultura europeias únicas, ainda por cimaassentes em valores como a liberdade, a democracia, a tolerância, a solidariedade.

A cultura, como todos os fenómenos históricos, não é feita de uma qualquer identidadehomogénea e comum. Pelo contrário, é expressão de antagonismos, de conflitos e decontextos de dominação cultural. A cultura europeia é devedora, como bem sabemos, demuitas culturas de diversos lugares do mundo (como por exemplo as dos povos sujeitosao colonialismo europeu).

Estamos perante um relatório que desvirtua e instrumentaliza a noção de cultura.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. − Confirma-se com este relatório a concepçãode cultura vigente na União Europeia: uma visão instrumental da cultura, considerando-aao serviço da política externa, através do conceito de diplomacia cultural. Ou seja,entendendo a cultura como uma espécie de guarda avançada para promover e difundir nomundo os interesses da União Europeia e dos seus Estados-Membros e para promover ocomércio internacional. Quantas vezes não é isto sinónimo de políticas e de práticas queanulam ou desrespeitam a identidade e as culturas de cada país?

O relatório tem ainda subjacente uma falácia, que surge, repetidamente, no discurso da UEsobre cultura: a da existência de uma identidade e cultura europeias únicas, ainda por cimaassentes em valores como a liberdade, a democracia, a tolerância, a solidariedade.

A cultura, como todos os fenómenos históricos, não é feita de uma qualquer identidadehomogénea e comum. Pelo contrário, é expressão de antagonismos, de conflitos e de

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contextos de dominação cultural. A cultura europeia é devedora, como bem sabemos, demuitas culturas de diversos lugares do mundo (como por exemplo as dos povos sujeitosao colonialismo europeu).

A União Europeia não pode pôr em causa a diversidade cultural nem desvirtuar einstrumentalizar a noção de cultura.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor desta resolução porque adiplomacia cultural é uma pedra angular na criação de confiança e no estabelecimento derelações duradouras com os cidadãos de países terceiros. A cultura deve ser um elementovital e horizontalmente integrado no vasto leque de políticas que constituem a políticaexterna da UE: desde as relações comerciais da UE à sua política de alargamento e vizinhança,passando pela sua política de cooperação para o desenvolvimento e pela sua política externae de segurança comum. A cultura possui também um valor económico: as indústriasculturais europeias impulsionam o empreendedorismo, a inovação e a actividadeempresarial na Europa, e a diversidade do panorama cultural da UE faz desta o destinoturístico global mais atractivo do mundo. O ambiente cultural pujante torna a vida na UEatraente tanto para as empresas como para as pessoas. A União Europeia não possuiactualmente – mas tem de desenvolver – uma estratégia coerente e coordenada para aintegração da cultura nas suas acções externas. Manter e promover a atractividade da Europanum ambiente globalmente interligado e competitivo não é um luxo, mas sim umanecessidade. São notórias a fragmentação e a dispersão não apenas entre osEstados-Membros mas também entre diferentes departamentos e instituições da UE. Naausência de uma estratégia comum, essa fragmentação impede a utilização plena e eficientedos recursos e orçamentos dedicados à cultura. Uma tal estratégia é, pois, absolutamentecrucial para a UE.

Jarosław Kalinowski (PPE), por escrito. – (PL) A Europa é o berço de uma culturaexcepcionalmente rica e variada. A União Europeia deve fazer uso desse património quandopromove a integração e a cooperação em países que não pertencem à União. Não nosesqueçamos de que a União Europeia é constituída por 27 Estados-Membros muitodiferentes entre si. É importante cultivarmos e preservarmos esta diversidade cultural.Reconheço que uma política europeia comum exige o desenvolvimento de uma estratégiacoerente para as acções culturais externas. É importante que a Europa utilize da melhorforma o seu potencial para se promover em todo o mundo.

Giovanni La Via (PPE), por escrito. – (IT) “Unida na diversidade” é o lema que todospartilhamos enquanto cidadãos europeus e que traduz o sentimento de pertença a umagrande comunidade europeia: uma encruzilhada de pessoas, culturas e costumes que viveem união apesar das suas diferenças em termos económicos, religiosos e outros. O meuapoio ao relatório da senhora deputada Schaake é ditado precisamente pela necessidadede incentivar o reforço desta consciência colectiva. A cultura deve ter um papel congregadora nível interno e externo, pelo que, nas relações do SEAE, a cultura europeia poderá ser oporta-estandarte dos valores europeus, que devem contribuir, através do diálogo comculturas de outras partes do mundo, para uma cooperação pacífica e um entendimentoconstrutivo entre os povos.

Bogusław Liberadzki (S&D), por escrito. – (PL) Quero expressar o meu apoio à inclusãodas questões culturais na acção diplomática da UE. É importante que o mundo conheça acultura dos Estados-Membros da UE na sua diversidade de formas e conteúdos. Pela minhaparte, espero que haja equilíbrio em termos geográficos, de modo a que a cultura de cada

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Estado-Membro esteja devidamente representada. Para o efeito, a Comissão deve apresentaruma proposta relativa a essas acções, que será posteriormente reconvertida em documentooficial.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor deste relatório. A Europa é umacomunidade de liberdade, responsabilidades e valores democráticos. A cultura, a identidade,os valores e a posição da UE no palco mundial estão interligados. Os interesses europeussão defendidos quando os aspectos culturais são estrategicamente definidos em cooperaçãoe parceria – em ambos os casos através de programas culturais – e constituem uma parteintegrante das políticas económica, externa, de segurança e de desenvolvimento.

Através da partilha de literatura, cinema, música e património, abrem-se as portas dacompreensão e constroem-se pontes entre os povos. A identidade europeia – em toda asua diversidade – e os valores europeus manifestam-se através dessas expressões culturais.Acresce que a UE possui importantes experiências que pode partilhar sempre que énecessário superar conflitos e criar estabilidade através do interesse comum e dacompreensão mútua.

Jiří Maštálka (GUE/NGL), por escrito. – (CS) O relatório sobre “Realizar o potencial dasindústrias culturais e criativas” está em muitos aspectos relacionado com o relatório sobreuma União da Inovação: transformar a Europa para um mundo pós-crise. Quero, emespecial, chamar a atenção para a importância dada à educação dos cidadãos, que inclui,entre outras coisas, uma melhor compreensão da questão e o respeito das obras protegidaspor direitos de propriedade intelectual. Devemos apoiar fortemente e desenvolver estedomínio tão descurado da educação e da formação, tanto ao nível da UE como nosEstados-Membros. Tenho algumas reservas quanto à classificação das obras culturais comobens e serviços. É equívoca e pode ser considerada uma manifestação de neoliberalismoeconómico na esfera cultural. Um livro, uma obra de arte ou uma peça musical, porexemplo, são, acima de tudo, uma manifestação do talento do seu autor e uma reacçãosocial. Considerar essas obras simples bens ou serviços é bastante rude ou mesmo aberrante.

Iosif Matula (PPE), por escrito. – (RO) Infelizmente, não existe ainda uma estratégiacoerente e coordenada relativamente ao papel da cultura nas acções externas da UE. Comoé bem sabido, os nossos interesses podem ser mais bem defendidos se falarmos a uma sóvoz. A nossa política externa comum deve basear-se na diplomacia cultural, porque aposição da Europa no mundo pode ser reforçada através da cultura como parte integrantedas suas políticas económica, de desenvolvimento e de segurança. A divulgação dos nossosfilmes, da nossa música e da nossa literatura permitirá uma melhor compreensão do nossocontinente. Além disso, a diversidade do panorama cultural da UE dá-nos a distinção desermos o destino turístico global mais atractivo do mundo. Aplaudo as sugestões concretasapresentadas neste relatório quanto ao envolvimento da sociedade civil, artistas, educadores,estudantes e empresários na definição do conteúdo das relações culturais. Ao mesmotempo, é absolutamente necessário termos em conta o enorme potencial das novastecnologias, que constituem uma fonte de informação e um canal que facilita a liberdadede expressão. Penso que seria útil o Parlamento Europeu incluir a cultura na agenda dosdebates com outros parlamentos de todo o mundo, a fim de dar o seu contributo para ainstituição de uma prática generalizada da acção externa europeia.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − A Europa é uma comunidade de liberdade,responsabilidade e valores democráticos. Existe uma interligação entre a cultura, aidentidade, os valores e a posição que a UE ocupa a nível global. Os interesses europeus

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são atingidos quando os aspectos culturais são concebidos de forma estratégica através dacooperação e da parceria no âmbito de programas culturais, bem como quando os aspectosculturais fazem parte integrante das políticas económica, externa e de segurança, bemcomo de desenvolvimento. Através da partilha de literatura, filmes, música e património,abrem-se portas de compreensão e constroem-se pontes entre os povos. A identidadeeuropeia, em toda a sua diversidade, assim como os valores europeus, manifesta-se atravésdessas expressões culturais. Importa que no desenvolvimento do SEAE se explore e firmeo papel que a cultura tem e deve ter nas acções externas da UE. A integração da cultura nasdemais políticas pode propiciar a compreensão mútua, a cooperação pacífica e aestabilidade, e pode proporcionar também benefícios económicos.

Louis Michel (ALDE), por escrito. – (FR) É indiscutível que a globalização favoreceu aproliferação dos intercâmbios, mas devemos lutar contra o perigo da uniformização dasculturas. A cultura é um vector de abertura e um motor de democracias que contraria asreacções nacionalistas, as tentações racistas e as exclusões alimentadas pela crise económicae financeira e pelas crises climática e alimentar. As culturas aspiram a enriquecer-sereciprocamente num espírito de respeito mútuo. São uma inesgotável fonte de energiarenovável. A maior parte das vezes, a criação cultural descreve ou exprime uma visão, umcompromisso ou uma tomada de posição que pode ser pertinente ou não. É o exercício deum direito, incluindo o direito de denunciar. Temos uma grande necessidade de artistas,da sua visão crítica do mundo e do seu papel enquanto educadores das nossas sociedades.Eles antecipam o futuro e prevêem a evolução da sociedade, porque vêem mais depressae mais longe do que os políticos. Devemos trabalhar para criar um mundo pluralista quemantenha intacta a sua capacidade de criar e gere em si o novo e o diferente. Devemosrepensar o sistema de governação global. Devemos criar um novo espaço político à escalaglobal que tenha em conta a dimensão política da diversidade cultural.

Andreas Mölzer (NI), por escrito. – (DE) A riqueza cultural da Europa é um bem preciosoque importa preservar. Estamos sempre a ouvir dizer que a diversidade cultural deve serfomentada. Até agora, temo-nos concentrado demasiado na promoção da diversidadecultural através dos imigrantes muçulmanos, sem nos assegurarmos de que a nossa culturatambém é reconhecida nos países do mundo islâmico. A vantagem de, como se propõe,tornar os aspectos culturais europeus uma parte mais perceptível das políticas económica,externa, de segurança e de desenvolvimento depende da forma concreta que essa alteraçãovier a assumir.

Não há, naturalmente, uma boa razão para impedir o intercâmbio de literatura, cinemaou música, por exemplo, mas as expectativas em relação ao mundo islâmico devem sercontidas – basta atentar na proibição relativa à música, que tem origem no Corão. O maisimportante é ter presentes as raízes cristãs e, no domínio das políticas externa e dedesenvolvimento, dar uma maior prioridade à protecção dos cristãos noutros países,porque, afinal de contas, são a minoria mais perseguida em todo o mundo.

Georgios Papanikolaou (PPE), por escrito. – (EL) É indubitável que a diplomacia culturalfacilita a criação de confiança e o estabelecimento de relações duradouras entre cidadãosda UE e cidadãos de países terceiros, e que a vantagem comparativa da Europa no sectorda cultura é sólida e constitui, por isso, um instrumento político precioso para a sua políticaexterna. As novas tecnologias oferecem novas oportunidades de divulgação do patrimóniocultural europeu e de reforço dos laços transnacionais. Dado que a Internet é um local deencontro a nível global, a UE deve desenvolver políticas específicas de promoção da culturaeuropeia. O sítio Web “Europeana” é um passo nesse sentido; infelizmente, porém, continua

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subaproveitado. A contribuição da cultura para as economias dos países europeus tambémnão deve ser ignorada. Estima-se que represente actualmente 2,6% do PIB europeu. Éevidente que os países ricos em história, tradições e cultura, como a Grécia, nada têm aperder com a promoção do seu património e dos seus valores culturais.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − O presente relatório refere-se àsdimensões culturais das acções externas da UE. Acompanho a relatora na sua perspectivade que necessitamos de uma estratégia comum para a dimensão cultural. Não se trata demais investimento, mas de melhor investimento. A promoção da cultura é a promoção dademocracia. A coordenação proposta poderá contribuir para assegurar uma utilizaçãomais eficaz dos recursos, especialmente numa altura em que se fazem cortes orçamentais,sobretudo nos sectores culturais. A Rede Europeia de Institutos Culturais Nacionais jáexistente deverá ser um importante parceiro para o sector. Os membros desta rede têmlonga experiência não só no trabalho no terreno, mas também na organização de actividadesculturais com a devida distância relativamente aos governos, o que é crucial neste sector.Para além da coordenação, existe a diplomacia cultural a nível dos Estados-Membros. Noentanto, há muitos países terceiros que procuram dirigir-se expressamente à União Europeiae não apenas aos diferentes Estados-Membros. Para esse efeito, apenas uma estratégiacomum pode impedir a fragmentação existente, que impede a utilização plena e eficientedos recursos e orçamentos dedicados à cultura. Por todos estes motivos, voteifavoravelmente o presente relatório.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − A cultura desempenha um papel importantíssimo nocontexto da União Europeia, um espaço que se quer unido na diversidade. A montante,salienta-se a sua inegável dimensão integradora, propiciando a existência de lugares comuns,isto é, pontos em que pessoas oriundas de diferentes horizontes culturais se encontramnuma representação comum. Não por acaso, a exposição de motivos do relatório iniciacom uma curiosa citação: Culturalmente falando, o rock-and-roll foi um elemento decisivopara a abertura das sociedades comunistas e para as aproximar mais de um mundo deliberdade (Andras Simonyi). Salientam-se, por outro lado, os inegáveis reflexos económicosque podem advir da aposta na divulgação da cultura europeia. Trata-se, assim, de divulgaros valores europeus a um nível global, protegendo-os, e de garantir, nos mais diversosplanos, o respeito pelo seu núcleo estruturante (e.g. liberdade de expressão na Internet).Razões que estão na base do meu voto favorável.

Robert Rochefort (ALDE), por escrito. – (FR) O meu voto a favor do relatório dasenhora deputada Schaake é um apelo à instauração de uma verdadeira diplomaciacultural europeia, que promova os nossos valores no exterior da União Europeia. Concebera cultura como um elemento estratégico da política externa poderá de facto permitir quea Europa compense o seu défice em relação a determinados países. A China, em particular,investe fortemente na diplomacia cultural com o objectivo de melhorar a sua imagem eatrair turistas. A Europa tem de fazer o mesmo se quiser continuar a desempenhar umpapel importante na cena mundial. Este relatório contém algumas propostas nesse sentido:por exemplo, a de ser nomeada, em cada representação externa da UE em países terceiros,uma pessoa responsável pela coordenação das relações culturais e da interacção entre aUnião e esses países; ou a de o projecto de organigrama do Serviço Europeu para a AcçãoExterna (SEAE) prever postos para os aspectos culturais e uma unidade de coordenaçãonesse domínio. Além disso, parece conveniente uma maior participação de países terceirosem programas da UE dedicados à cultura, à mobilidade, à juventude, à educação e à

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formação, ou seja: o acesso de jovens oriundos desses países a esses programas deve serfacilitado.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) Originalmente, o relatório abordavaas relações externas ao nível da UE quase exclusivamente do ponto de vista dos novosmeios de comunicação social. Essa posição ainda é perceptível, como o é também a ideiade que a UE deve exportar a sua cultura. Pelo contrário, os Verdes insistiram na promoçãoda “cooperação cultural”. Algumas das recomendações adoptadas na Comissão da Culturae da Educação não trazem realmente nada de novo, como um sítio Web de informaçãosobre os programas culturais e as relações externas da UE, além de um calendário de eventosda União em todo o mundo e de contactos com a sociedade civil. Alguns pontos,nomeadamente o n.º 44, sobre o apoio às medidas nacionais de protecção e preservaçãodo património cultural e de combate ao tráfico ilegal de património ou produtos culturais,não fazem muito sentido. Em resumo, o relatório não consegue abordar globalmente aquestão e limita-se a juntar fragmentos e peças às possibilidades que já existem de pôr acultura na agenda da UE e das relações entre a União e países terceiros. Trata-se apenas demais uma tentativa de fazer uma utilização plena da cultura como instrumento de paz.

Licia Ronzulli (PPE), por escrito. – (IT) A partilha do património cultural entre as pessoasé importante para a consolidação de uma identidade europeia no seio da União e para asrelações da UE com países terceiros. Apoio, por isso, o reforço das acções externas nessesentido. Os recursos destinados à cultura são muitas vezes dissipados numa série deprojectos. A utilização eficiente dessas verbas também é dificultada pela fragmentaçãopolítica. É, pois, necessário que o Serviço Europeu para a Acção Externa adopte sem demorauma estratégia coerente e unificada de diplomacia cultural que inclua a nomeação de umrepresentante especial da UE para os países terceiros.

Finalmente, penso que devemos dar cada vez mais prioridade à utilização das novastecnologias, que podem proporcionar novas vias de acesso aos conteúdos culturais. Éfundamental que a UE desempenhe um papel de liderança neste domínio e desenvolvapolíticas específicas capazes de proteger a Internet contra as formas de censura típicas dosregimes repressivos.

Marie-Thérèse Sanchez-Schmid (PPE), por escrito. – (FR) Em 1990, o eminente professoramericano Joseph Nye formulou, no seu livro Bound to Lead, o conceito de “poder suave”(“soft power”). O que significa? O “poder suave” é a capacidade de um actor internacionalpara influenciar outros recorrendo a meios não-coercivos, designadamente ao dinamismocultural. Por que razão, passado um quarto de século, os Estados Unidos continuam a sera superpotência que sabemos que são? Porque, independentemente do seu arsenal militar,consegue exportar e tornar atractivas a sua cultura e as suas ideias. A Europa tem de fazero mesmo; tem de defender o seu modelo cultural e os seus valores na cena internacional.Graças a este relatório, a União Europeia está a aperceber-se da influência que poderáganhar se conseguir juntar a dimensão cultural à sua diplomacia. Por conseguinte, apoioas recomendações constantes do relatório. De facto, enquanto aguarda que uma verdadeiradiplomacia comum e uma verdadeira política europeia de defesa se tornem realidade, o“poder suave” e a diplomacia cultural são dos poucos meios de influência que a Europatem à sua disposição.

Joanna Senyszyn (S&D), por escrito. – (PL) Apoiei o relatório sobre as dimensões culturaisdas acções externas da UE. Quero sublinhar, em especial, a necessidade de uma revisão dosprogramas em vigor com uma componente cultural e da elaboração de um Livro Verde e

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uma comunicação da Comissão que tracem políticas concretas para o papel da cultura nasacções externas da UE. Actualmente, a cooperação cultural entre Estados-Membros e paísesterceiros é levada a cabo a nível bilateral. Faltam acções e princípios partilhados ecoordenados, o que torna impossível a utilização eficiente dos recursos europeus destinadosà cultura e do potencial criativo da União. Uma estratégia comum poderá impulsionar odesenvolvimento dos recursos culturais da Europa, o estabelecimento e aprofundamentode relações sociais, o intercâmbio de boas práticas e um melhor posicionamento culturalda UE na cena internacional. Apoio fervorosamente a inclusão da vertente cultural noprojecto de organigrama do Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE). É igualmenteimportante proporcionar formação adequada ao pessoal do SEAE sobre os aspectos culturaise digitais. A cultura também é um factor importante na luta pelos direitos humanos e noapoio à democracia.

A cooperação neste domínio facilitará o estabelecimento do diálogo com sociedades dediferentes culturas. Apoio igualmente a chamada “marca Europa”, cujo desenvolvimentoe promoção em domínios como o apoio a talentos, o turismo ou a disseminação de valoresuniversais deve basear-se numa colaboração mais estreita entre os Estados-Membros daUE.

Dominique Vlasto (PPE), por escrito. – (FR) Congratulo-me com o facto de o relatóriosobre as dimensões culturais das acções externas da UE, onde se afirma que a cultura deveestar no centro da diplomacia europeia, ter sido aprovado. Apesar da sua diversidade, oseuropeus partilham muitos valores sólidos, como o respeito dos direitos humanos, dademocracia e do Estado de direito, que devem propagar-se na cena internacional. Esta“marca Europa” deva ser promovida por verdadeiros embaixadores. Também aplaudo asnovas propostas, como a da criação de um departamento cultural no Serviço Europeu paraa Acção Externa ou a da nomeação de um “adido cultural” por cada Estado-Membro. É acoordenação das iniciativas nacionais que tornará possível a emergência de uma Europacultural. O progresso das novas tecnologias de informação está a tornar a cultura acessívelà maior parte das pessoas. Penso que a União Europeia deve aproveitar esta oportunidadepara afirmar a singularidade da sua cultura e incentivar a criatividade. Não posso senãovotar a favor deste relatório, que vê na nossa cultura já não uma herança do passado massim uma das forças motrizes da diplomacia europeia do futuro.

Relatório: Marie-Thérèse Sanchez-Schmid (A7-0143/2011)

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente proposta, considerando que énecessária a aplicação de uma dinâmica comunitária, susceptível de estimular as indústriasculturais e criativas, razão por que essas indústrias devem dotar-se de modelos económicosinovadores e aceder a novas ofertas legais de serviços em linha. É, pois, imperativo criarum verdadeiro mercado único dos conteúdos e dos serviços em linha, adoptar medidasespecíficas para reforçar o papel das indústrias culturais e criativas enquanto catalisadoresda inovação e da mudança estrutural, reunir os intervenientes a nível regional, nacional eeuropeu e criar novos produtos e serviços geradores de crescimento e empregos. Na Europa,o sector cultural desempenha um papel crucial e atrai os cidadãos, as empresas e osinvestimentos, valorizando a Europa como lugar dinâmico e estimulante em que é bomviver e trabalhar. É evidente que um sector cultural enérgico e em crescimento é essencialpara o sucesso da Europa como economia criativa, alicerçada no saber. O sector culturalatrai igualmente as pessoas qualificadas e criativas. Actualmente, reconhece-se que as ICCsão também um importante motor da inovação económica e social em muitos outrossectores.

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Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Votei a favor deste relatório. As indústriasculturais e criativas (ICC) devem estar no centro de uma nova agenda política europeia,em consonância com as necessidades económicas do sector e as medidas de adaptação àsinovações da era digital. Reconheço que o aumento do potencial deste sector depende doêxito da aplicação da iniciativa “Agenda Digital para a Europa”, que dará às ICC apossibilidade de se adaptarem para beneficiar plenamente das oportunidades criadas pelabanda larga de alta velocidade e longo alcance e pelas novas tecnologias sem fios. Éfundamental ampliar a biblioteca digital europeia e desenvolvê-la como ponto focal donosso património cultural e da nossa criatividade, bem como proteger e apoiar o patrimóniocultural da Europa.

Jean-Luc Bennahmias (ALDE), por escrito. – (FR) Dada a sua natureza económica ecultural, as indústrias culturais e criativas são fundamentais para os cidadãos europeus.Isto porque, para além de participarem na promoção da diversidade cultural e linguísticae na valorização do património cultural europeu, estas indústrias também contribuempara o desenvolvimento económico estimulando o emprego, o crescimento económico ea criação de riqueza. Esta votação compromete-nos em relação a um maior reconhecimentodo sector cultural e do seu potencial, que continua a ser elevado porque o sector sempreresistiu a todos os obstáculos jurídicos ou económicos. Propomos, por isso, soluçõesconcretas para aumentar esse potencial, nomeadamente um sistema de licenciamentopan-europeu e a melhoria do acesso ao crédito e ao microfinanciamento. Registamos,também, o enorme progresso que a Internet representa para as nossas sociedades, aindaque traga novos desafios como o da garantia do acesso para todos e o do modelo económicodo sector cultural. Assim, o Parlamento Europeu, ciente do papel crucial da cultura nasociedade europeia, fez um apelo claro no sentido do reforço do apoio aos agentes culturais.

Izaskun Bilbao Barandica (ALDE), por escrito. – (ES) É necessário desbloquear o potencialdas indústrias culturais e criativas (ICC). Temos de analisar as ICC e os efeitos das suasactividades na economia europeia, identificando-as, definindo-as e descrevendo-as, sectorpor sector, para realçar as suas características, compreender melhor os seus objectivos eproblemas e aplicar medidas mais eficazes.

Mara Bizzotto (EFD), por escrito. – (IT) Votei a favor deste relatório, que tem comoobjectivo o reconhecimento e o reforço da importância das indústrias culturais e criativas(ICC). Chamar a atenção da UE para estas indústrias e organizar o seu potencial através deuma estratégica coerente que inclua o financiamento está de acordo com pelo menos duasprioridades de sempre da Lega Nord. Em primeiro lugar, a promoção e a revitalização dopatrimónio cultural local, que pode ser linguístico, musical, arquitectónico ou artístico nosentido mais lato, com o objectivo de preservar a diversidade e a individualidade doshorizontes intelectuais na era da generalização, ou melhor, da banalização e dadesvalorização da mensagem cultural. Em segundo lugar, o compromisso institucionalperante as indústrias culturais e criativas, que permitirá aos jovens com talento canalizarde forma construtiva as suas capacidades e ambições, oferecendo-lhes plataformas delançamento – algumas de carácter profissional – que conduzirão a novas oportunidadesde trabalho e evitando que desperdicem os seus talentos em áreas culturalmente estagnadasou simplesmente inadequadas. Por conseguinte, apoio o relatório em causa.

Sebastian Valentin Bodu (PPE), por escrito. – (RO) O sector cultural desempenha umpapel crucial na Europa enquanto factor de atracção de pessoas, empresas e investimentos,vincando a sua imagem de lugar dinâmico e estimulante onde é bom viver e trabalhar. Umsector cultural enérgico e próspero é sem dúvida essencial para o sucesso da Europa como

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economia criativa, alicerçada no saber. O sector cultural atrai igualmente as pessoasqualificadas e criativas. As indústrias culturais e criativas são também, actualmente, umimportante motor de inovação económica e social em muitos outros sectores. Há paísesque já estão a aproveitar razoavelmente os recursos multifacetados das ICC. Mas a UniãoEuropeia tem ainda de desenvolver uma abordagem estratégica que faça dos seus valoresculturais a base de uma sólida economia criativa e de uma sociedade coesa. O Livro Verdeda Comissão Europeia lança, num momento propício, um debate sobre a realização do“potencial das indústrias culturais e criativas”, reconhecendo oficialmente a importânciadeste sector. O crescimento das indústrias culturais e criativas na União Europeia desde adécada de 1990 tem sido exponencial em termos de criação de emprego e da contribuiçãodo sector para o PIB.

Alain Cadec (PPE), por escrito. – (FR) Votei a favor do relatório da senhoradeputada Sanchez-Schmid, que inclui propostas tendentes a estimular o desenvolvimentodas indústrias culturais e criativas. O relatório sugere a criação do estatuto europeu doartista, para que os artistas possam beneficiar de condições de trabalho satisfatórias e deum enquadramento fiscal adequado, direito ao trabalho, segurança social e direitos deautor, permitindo a melhoria da sua mobilidade no território da UE. Estou igualmente deacordo com a chamada de atenção da relatora para a necessidade de preservar a naturezaespecífica de alguns ofícios e a transferência de know-how, especialmente no sector cultural,criativo e artesanal, e de garantir mecanismos de transferência de conhecimentos.

Maria Da Graça Carvalho (PPE), por escrito. − Congratulo-me com o interessedemonstrado em relação ao potencial das indústrias culturais e criativas. Acredito noimpacto positivo que o seu desenvolvimento poderá ter tanto a nível económico (emtermos de criação de emprego e de contribuição para o PIB) como a nível social (sob aforma de integração social e cultural dos cidadãos). Desta forma, louvo o apoio visado parao sector da criação, pois penso ser este o caminho certo para um crescimento duradouroe sustentável da economia europeia, face à conjuntura mundial apresentada nos nossosdias. A inovação, a coesão estrutural e a criação de novos produtos e serviços devem seruma prioridade tida em conta na construção de qualquer política europeia.

Christine De Veyrac (PPE), por escrito. – (FR) Saúdo a aprovação do relatório da senhoradeputada Sanchez-Schmid sobre o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas.Atendendo a que empregam quase 14 milhões de pessoas e cresceram de forma sustentadamesmo durante a crise, continua a ser fundamental demonstrar um apoio incondicionala estas indústrias, tal é o seu contributo a nível económico e cultural. A criação do estatutoeuropeu do artista, a introdução de uma taxa reduzida de IVA para os bens culturais e amelhoria da distribuição dos produtos digitais legais constituem medidas adequadas eindispensáveis para manter a influência cultural da União Europeia no mundo.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − Nas últimas duas décadas, o crescimento das indústriasculturais e criativas foi exponencial em termos de criação de empregos e de contribuiçãopara o PIB dos Estados-Membros. É por esta razão, e também pelo momento extremamentepropício em que nos encontramos, que importa explorar e aprofundar o potencial destasindústrias. Assim, é necessário explorar as potencialidades da era digital, implementar umadinâmica comunitária e estimular o sector cultural, dotando estas indústrias com modeloseconómicos inovadores.

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Gostaria então de felicitar a relatora e acompanhá-la quando solicita à Comissão um LivroVerde mais ambicioso que leve ao aparecimento de um verdadeiro mercado interno, quepermita estimular a criação de emprego e garantir uma maior coesão social.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − O presente relatório, elaborado pelaeurodeputada Marie-Thérèse Sanchez-Schmid, versa sobre o modo como a União Europeia(UE) poderá aproveitar o potencial das indústrias criativas. Trata-se de um debate lançadopelo Livro Verde da Comissão Europeia numa altura em que a era digital invade as nossasvidas e a globalização se transforma num desafio para as indústrias culturais criativas. Sea UE souber criar uma dinâmica que estimule estas empresas, apoiando a inovação emodernização, poderemos promover o emprego e a coesão social e, como refere a relatora,fazer da União Europeia a economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo.Votei, pois, favoravelmente este relatório, porque acredito no potencial destas indústriascriativas e no seu futuro promissor. Todavia, para se não deixarem ultrapassar pelosparceiros internacionais, é necessário apostar, rapidamente e em força, nas novas tecnologias(nomeadamente nas da informação) e em factores de desenvolvimento e inovação. Alémdisso, a UE deve apoiar e incentivar a criação artística, bem como a mobilidade dosprofissionais da cultura, de modo a que esta seja, cada vez mais, universal e globalizante.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documento porque, paralibertar o potencial das indústrias culturais e criativas, é necessário desenvolver, porexemplo, uma educação artística e cultural de grande qualidade, a territorialização, asparcerias a nível local, a criação e a criatividade, a transmissão de conhecimentos, ofinanciamento, as parcerias público-privadas e os intercâmbios de boas práticas. Devemoscriar emulação entre as ICC, mas sem perder de vista as especificidades de cada uma dessasindústrias e o facto de exigirem modalidades de apoio diferenciadas. A União Europeiadeve adoptar medidas de apoio ao sector criativo. Gostaríamos que este Livro Verde tivesserepercussões de curto e longo prazo, através de uma evolução concreta a nível europeu,nomeadamente no que respeita à adaptação do enquadramento fiscal dos bens e serviçosculturais em linha e à possibilidade de utilização das facilidades de financiamentoproporcionadas pelo BEI e pelo FEI. Com efeito, para permitir que as indústrias culturaise criativas desempenhem plenamente o seu papel de força motriz, devem ser feitasadaptações em matéria de fiscalidade e aprovadas facilidades de financiamento apoiadasnum conhecimento profundo das especificidades das indústrias culturais. OsEstados-Membros devem comprometer-se fortemente com a protecção e o apoio à suaprópria herança cultural. Tendo em conta a importância cada vez maior das ICC e oobjectivo de fortalecer este sector, que é decisivo para a consecução dos objectivos daestratégia “Europa 2020”, a Comissão deve elaborar um Livro Branco destinado a permitiro desbloqueamento do potencial cultural e criativo.

Giovanni La Via (PPE), por escrito. – (IT) Votei a favor deste relatório porque consideroessencial que a Comissão prossiga o seu trabalho em prol de uma melhor definição dasindústrias culturais e criativas (ICC) e de um maior reconhecimento destas por parte dasociedade civil. Antevejo um enorme potencial para as ICC, especialmente tendo em contaa cooperação possível e necessária com universidades, centros de investigação e escolasde arte, com os quais podemos criar uma rede de programas conjuntos de formação e deaprendizagem ao longo da vida. É importante e mesmo crucial, Senhoras e SenhoresDeputados, disseminar práticas e know-how e melhorar a aprendizagem através de programasde formação profissional específicos para o sector cultural e criativo. Penso que devemoscriar programas de ensino pluridisciplinares e insistir na cooperação e nas parcerias não

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só entre estabelecimentos de ensino, estudantes e profissionais do sector cultural e criativo,mas também entre empresas dos sectores público e privado, artesãos e instituiçõesfinanceiras.

Morten Løkkegaard (ALDE), por escrito. – (DA) As indústrias culturais e criativascontribuem tanto para o crescimento como para o emprego na UE. Fazem parte do planoelaborado com vista à consecução dos objectivos para 2020, pelo que é fundamentalcriarmos condições adequadas para o sector – em particular no domínio que pretendosalientar: os direitos de autor.

É evidente – e várias vezes referido no relatório – que devemos velar por que os artistassejam justamente remunerados pelo seu trabalho. É também absolutamente crucialgarantirmos aos consumidores a disponibilidade de um grande número de serviços emlinha. A melhor maneira de o fazermos é criando condições favoráveis a alternativas legaise operacionalmente fiáveis. Já existem actualmente alguns bons exemplos que deveriamser mais publicitados. Criar alternativas eficazes é a melhor maneira de combater a pirataria.É também imprescindível que a Comissão apresente uma proposta ambiciosa sobre direitosde autor – algo que aguardamos com grande expectativa.

Uma das coisas para que chamamos a atenção no relatório é a necessidade de se adoptaruma estratégia pan-europeia. O facto de funcionarmos com 27 sistemas diferentes nesteimportante domínio é uma enorme desvantagem para nós. Julgo, portanto, que a Comissãodeve adoptar uma abordagem globalizante e analisar a relação entre licenciamento,pagamento de direitos de autor e pirataria. Espero que este relatório desencadeie esseprocesso, e fico a aguardar com expectativa uma proposta ambiciosa da Comissão.

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor deste relatório porque penso queeste é um momento propício para um debate sobre a “realização do potencial das indústriasculturais e criativas” a propósito do Livro Verde da Comissão Europeia, que reconheceoficialmente a importância económica e social do sector. O crescimento das indústriasculturais e criativas na União Europeu desde a década de 1990 tem sido exponencial emtermos de criação de emprego e da contribuição do sector para o PIB.

Iosif Matula (PPE), por escrito. – (RO) É precisamente a vertente cultural do nossopatrimónio comum que distingue a Europa das outras regiões do mundo. É importante,numa altura em que enfrentamos grandes dificuldades económicos, pensar em formas deexplorar o potencial das indústrias culturais e criativas, tanto mais que há um númerosignificativo de cidadãos europeus que se dedica a essas actividades. Não nos esqueçamosda importante contribuição do sector criativo tanto para o desenvolvimento das tecnologiasde informação e comunicação como para a inovação económica e social. Em todo o caso,este sector levanta uma série de questões que importa clarificar. Um aspecto relevante é adigitalização da produção cultural e a concomitante necessidade de criar um verdadeiromercado único de conteúdos e serviços em linha, que irá gerar novos empregos. Ainda aeste respeito, falamos também, por exemplo, na resolução da questão dos direitos de autor,no financiamento às indústrias culturais e criativas, na mobilidade dos artistas e nolançamento de produções culturais. Um bom exemplo é o cinema, um domínio onde obraseuropeias, incluindo várias produções romenas, ganharam prémios de prestígio em festivaisbem conhecidos do público.

Nuno Melo (PPE), por escrito. − É necessária a aplicação de uma dinâmica comunitária,susceptível de estimular as indústrias culturais e criativas, razão por que essas indústriasdevem dotar-se de modelos económicos inovadores e aceder a novas ofertas legais de

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serviços em linha. É, pois, imperativo criar um verdadeiro mercado único dos conteúdose dos serviços em linha, adoptar medidas específicas para reforçar o papel das indústriasculturais e criativas enquanto catalisadores da inovação e da mudança estrutural, reuniros intervenientes a nível regional, nacional e europeu e criar novos produtos e serviçosgeradores de crescimento e empregos. Com o desenvolvimento das indústrias culturais ecriativas, estamos a contribuir para um desenvolvimento económico sustentável e para acriação de postos de trabalho.

Andreas Mölzer (NI), por escrito. – (DE) Dada a multiplicidade de erros cometidos pelaUE, é duvidoso que as tecnologias de informação e comunicação sejam suficientes paracriar uma identidade europeia. Também não favorecem essa identidade o défice democráticoda UE e o conceito unidireccional de democracia das elites de Bruxelas, que muitosimplesmente obrigam a ralé a votar até que tome a decisão “certa”. Em termos dedemocracia directa, a União Europeia tem muito a aprender com a Suíça, que defende asdecisões democráticas mesmo contra a crítica cerrada de um mundo vergado aopoliticamente correcto. Também não é certo que um “sector cultural enérgico e emcrescimento” seja “um importante motor da inovação económica e social”, para usar asexpressões pomposas do relatório. Muito pelo contrário, é notória a tendência de a migraçãoe os migrantes serem cada vez mais privilegiados no apoio à cultura, enquanto a cultura ea tradição autóctones são marginalizadas.

A integração de que tanto se ouve falar não deve, porém, consistir em deixarmos de festejaro Natal, a Páscoa, o dia de São Nicolau e outras datas nas nossas escolas e infantários emnome de uma melhor convivência com os imigrantes muçulmanos, porque isso significariaa perda da nossa identidade cultural. Devemos, isso sim, voltar a zelar por que os nossoscostumes, tradições e valores morais sejam mantidos e, além disso, respeitados pelos outros.Como este relatório não aponta para uma inversão da tendência, decidi abster-me.

Georgios Papanikolaou (PPE), por escrito. – (EL) As indústrias culturais e criativasdesempenham um papel duplo: detêm um papel económico, ao apoiarem o emprego, ocrescimento e a criação de riqueza e, acima de tudo, desempenham um papel cultural, aocontribuírem para o desenvolvimento social e cultural dos cidadãos. No entanto, paraconcretizarem plenamente o seu potencial, é necessário o cumprimento de duas condiçõesbásicas. Em primeiro lugar, temos de encorajar a mobilidade e a atractividade de factoresculturais, nomeadamente a mobilidade de artistas, de trabalhadores do sector da cultura ede obras de arte e, em segundo lugar, temos de atribuir financiamento e apoio económicoespecíficos ao sector da cultura, como os fundos concedidos através do Banco Europeu deInvestimento.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − O presente relatório sobre Realizar opotencial das indústrias culturais e criativas tem por base o Livro Verde da Comissão Europeiasobre o mesmo tema e mereceu o meu voto favorável por ser o reconhecimento oficial daimportância económica e social deste sector. No seio da União Europeia, e desde a décadade 1990, o crescimento das indústrias culturais e criativas (ICC) foi exponencial em termosde criação de empregos e de contribuição para o PIB. Coordenar e aproveitar sinergiasneste sector em crescimento pode ser crucial para o desenvolvimento económico da UE.A indústria cultural e criativa tem um potencial muito grande para se constituir como umdos motores de crescimento da UE.

Phil Prendergast (S&D), por escrito. – (EN) As indústrias culturais e criativas são umafonte de riqueza e de emprego, mas contribuem igualmente para o tecido social e cultural

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da Europa. Os ofícios artísticos fazem parte do nosso património e esse conhecimento temde ser transmitido. Devemos estimular a educação multidisciplinar e permitir maioresintercâmbios entre instituições de ensino superior deste sector. A Comissão tem de garantira segurança jurídica das tecnologias da informação e da comunicação de modo a protegeros consumidores e os criadores de inovação. Deve igualmente apoiar as autoridades locaise regionais no desenvolvimento de redes de cooperação no domínio do turismo cultural.A Irlanda, sobretudo o sul da ilha, possui uma história cultural e criativa rica. Necessitamosde contribuir para o fomento destes ofícios culturais e artísticos e para a sua disponibilizaçãoa um público mais amplo.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − O contributo das indústrias culturais e criativas émúltiplo. Por um lado, o seu valor intrínseco, na recriação de padrões culturais e nocontributo para a construção de uma identidade europeia comum. Mas, por outro lado,constitui uma actividade económica que permite a criação de empregos e de produtos emcirculação – ou seja, também em sentido económico é fonte de riqueza. Todavia, é precisoque haja incentivos para este tipo de actividades, como o reconhecimento de direitos deexploração económica destes produtos, tutelando plenamente a posição dos criadores.Trata-se, além do mais, de uma aposta que permitirá a afirmação (e diferenciação) do valoracrescentado que o espaço comunitário é capaz de oferecer. Por conseguinte, voteifavoravelmente o presente relatório.

Robert Rochefort (ALDE), por escrito. – (FR) As indústrias culturais e criativasrepresentam 5 milhões de empregos e 2,6% do PIB da UE. Constituem igualmente um dosprincipais motores do crescimento europeu, uma vez que criam novos postos de trabalhoe estimulam a inovação. Além disso, criam valor acrescentado enquanto factores de coesãosocial e desempenham um importante papel na promoção da diversidade cultural elinguística da UE. Por conseguinte, é essencial apoiar estes sectores, de um ponto de vistaeconómico e social. É este o motivo do meu voto a favor deste relatório. Assim, gostariade instar os Estados-Membros e a Comissão Europeia a promoverem o ensino artístico ecultural para todos os grupos etários, do ensino primário até ao superior ou profissional,assim como as competências empresariais dos profissionais do sector da cultura, incluindono contexto da aprendizagem ao longo da vida. A fim de permitir o funcionamento destasindústrias, é igualmente essencial melhorar o acesso ao financiamento para os profissionaisdeste sector: criar microcréditos, desenvolver o mecenato e as parcerias público-privadas,considerar o lançamento de instrumentos de financiamento novos e inovadores, e formarprofissionais do sector bancário nas características específicas destes sectores.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) É oportuno que o Livro Verde daComissão, que reconhece oficialmente a importância económica e social deste sector,promova a discussão sobre como “realizar o potencial das indústrias culturais e criativas”.O crescimento das indústrias culturais e criativas (ICC) na União Europeia desde a décadade 1990 foi exponencial em termos de criação de empregos e de contribuição para o PIB.

O desafio da globalização e o advento da era digital proporcionam novas e importantesoportunidades para o desenvolvimento destas indústrias e podem melhorar o seu potencialde criação de crescimento e emprego. São necessários investimentos estratégicos para queas indústrias culturais e criativas possam dinamizar a diversidade cultural, a coesão sociale territorial, o crescimento e o emprego. É, pois, necessário aplicar os meios adequados,ajudar as ICC a desenvolverem-se no seu ambiente local e regional e passar a uma economiacriativa, catalisando os seus efeitos num vasto leque de contextos económicos e sociais.

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Page 162: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Quanto mais densa for a oferta digital de conteúdos audiovisuais europeus, mais osconteúdos identitários europeus poderão ter peso na diversidade cultural. Além disso, osector criativo contribui de modo significativo para o desenvolvimento das tecnologias dainformação e da comunicação, desempenhando um papel de relevo a nível local, regionale nacional.

Licia Ronzulli (PPE), por escrito. – (IT) Votei a favor deste relatório porque considero queas indústrias culturais e criativas devem constituir um valor acrescentado para a União.Um estatuto europeu do artista com base em condições de trabalho e regimes fiscaisfavoráveis promoveria a Europa como um ambiente dinâmico e estimulante para viver etrabalhar, tornando-a apelativa para os indivíduos qualificados e criativos. Além disso,uma economia baseada no conhecimento contribuirá para a protecção da diversidadecultural europeia e promoverá a coesão social e o emprego. Neste contexto, para realizareste potencial ao máximo, devemos facilitar a transferência de conhecimento criativo àsnovas gerações, assim como a mobilidade dos artistas na Europa.

Oreste Rossi (EFD), por escrito. – (IT) O sector das indústrias culturais e criativas éconstituído por empresas de grande potencial económico porque geram emprego,crescimento e riqueza, e são responsáveis pela integração social e cultural dos cidadãos.Em consonância com o lema europeu “Unida na diversidade”, a presença de indústriasbaseadas na cultura é essencial, uma vez que promovem o diálogo intercultural,salvaguardando a diversidade europeia. A promoção destas indústrias criará novasoportunidades significativas de desenvolvimento regional, de parcerias locais e de possíveisparcerias com os sectores público e privado.

Nuno Teixeira (PPE), por escrito. − O Livro Verde da Comissão Europeia sobre a realizaçãodo potencial das indústrias culturais e criativas visa contribuir para o crescimento económicoda União Europeia e para a criação de emprego nos seus Estados-Membros.

O Parlamento Europeu, no relatório adoptado hoje, defende uma verdadeira estratégia àescala europeia neste sector, através da criação de novos espaços de experimentação, deinovação e de empreendedorismo, do apoio à mobilidade e da promoção do acesso aofinanciamento e de novos instrumentos de financiamento e de um maior envolvimentodas colectividades regionais e locais.

A colega relatora propõe a criação de projectos-piloto no âmbito dos programas ERASMUSe ERASMUS Jovens Empresários, bem como a criação de uma plataforma ao nível europeupara promover a troca de experiências. As iniciativas, que são de grande interesse para aprodução artesanal ao nível regional e local, incluem também o desenvolvimento de umarede de boas práticas para as colectividades regionais e locais e a implementação de serviçosde aconselhamento em matéria de financiamento para permitir às PME do sector umamelhor informação sobre a produção e a distribuição de bens e serviços culturais e criativos.

Rafał Trzaskowski (PPE), por escrito. – (PL) Aprovámos hoje no Parlamento Europeu orelatório sobre o potencial do sector criativo. Trata-se de um relatório que demonstraclaramente que o sector criativo é responsável por 5 milhões de empregos na UE e pelacriação de quase 3% do PIB da UE. O sector criativo, em princípio, influencia todos ossectores da economia europeia, promovendo a inovação sempre que possível – sem a qualseria difícil referir as tão desejadas melhorias de competitividade da UE no panoramainternacional.

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Page 163: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Marie-Christine Vergiat (GUE/NGL), por escrito. – (FR) Votei contra este relatório, quecoloca os bens de cultura numa lógica de mercado e de concorrência.

As “indústrias culturais” e, consequentemente, os bens de cultura que produzem não podemser equiparados a empresas comuns, sob o pretexto de que produzem riqueza e criamemprego.

É necessário que, acima de tudo, continuem a ser reconhecidas como meios de libertaçãopara o maior número possível de cidadãos e como instrumentos para a partilha deconhecimentos e de competências.

Existe, por conseguinte, uma necessidade urgente de reavaliar o princípio da singularidadecultural em todos os domínios, se não pretendemos que as frases pomposas que referemas indústrias criativas como forças motrizes, o reconhecimento do estatuto do artista ouo desejo de encontrar um equilíbrio entre a disseminação das obras digitais e umarecompensa justa para os criadores se limitem a desejos piedosos face ao deserto culturalque se avizinha.

Dominique Vlasto (PPE), por escrito. – (FR) A evolução do nosso modelo dedesenvolvimento, concentrada doravante na economia de conhecimento, torna a culturaum sector de importância estratégica. Saúdo a aprovação deste relatório, que propõe umautilização mais eficaz dos recursos culturais europeus. Na minha opinião, a realização dopotencial das indústrias criativas tem de envolver, em particular, uma reforma do sistemaeuropeu de gestão de direitos de autor, a fim de permitir que as indústrias criativas obtenhammaiores benefícios do mercado único. Os processos de licenciamento, como salienta orelatório, são demasiado complexos, pelo que insta à criação de um balcão único para aautorização de direitos. É igualmente necessário estimular o processo de criação atravésde um regime fiscal específico para os produtos inovadores, como os conteúdos culturaisdigitais. Não é justo que estes produtos estejam sujeitos à taxa máxima de IVA, enquantooutros produtos culturais beneficiam de reduções fiscais. Com o meu voto, pretendo instara Comissão e o Conselho a responderem à solicitação do Parlamento para a criação demedidas específicas que nos permitam desfrutar plenamente dos benefícios do potencialde crescimento deste sector. Só uma abordagem ambiciosa e comum poderá preservar asingularidade da cultura europeia.

Iva Zanicchi (PPE), por escrito. – (IT) Votei a favor do relatório da senhora deputadaSanchez-Schmid sobre o potencial das indústrias culturais e criativas, que ainda não foiplenamente realizado. Estas indústrias constituem um activo da UE, em parte porque oseu crescimento exponencial nos últimos 25 anos criou dezenas de milhares de empregos.Por conseguinte, é necessário criar uma estratégia europeia para estes sectores em quepossam manifestar o seu potencial e obter reconhecimento pelo seu papel duplo deportadores de cultura e entretenimento e de criadores de empresas e empregos.

Proposta de resolução B7-0281/2011

Luís Paulo Alves (S&D), por escrito. − Aprovo a presente proposta de resolução,expressando a mesma convicção da relatora de que a atribuição do título de Capital Europeiada Cultura a uma cidade que foi palco de acontecimentos tão trágicos no decurso do séculoXX representaria um passo importante para ultrapassar as cisões europeias do passado epromover a Nova Europa.

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Page 164: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Zigmantas Balčytis (S&D), por escrito. – (LT) Apoiei esta resolução. O projecto CapitalEuropeia da Cultura contribui para o apoio da riqueza e da diversidade das culturas europeiase das características que partilham, e para a promoção de um maior entendimento mútuoentre os cidadãos europeus. Apesar de a decisão da Capital Europeia da Cultura para osanos de 2007 a 2019 se aplicar apenas a Estados-Membros da UE, concordo com aexortação da resolução para que se conceda excepcionalmente o título de Capital Europeiada Cultura a Sarajevo em 2014. Considero que se trata de uma medida importante nosentido de ultrapassar as cisões europeias, através da atribuição do título de Capital Europeiada Cultura a uma cidade que foi cenário de acontecimentos tão trágicos ao longo do séculoXX.

Diogo Feio (PPE), por escrito. − Quem seguiu com horror os acontecimentos quevitimaram os habitantes da cidade-mártir de Sarajevo durante a guerra na Bósnia e quedanificaram os seus edifícios, não pode deixar de assinalar com alegria a designação destacidade para Capital Europeia da Cultura 2014.

Não esquecendo o que se passou, espero que este acontecimento permita que os europeuspassem a ter de Sarajevo outras memórias mais agradáveis e que contribua, sobretudo,para aproximar as populações das diferentes etnias do próprio país. Faço votos para queo programa de Sarajevo Capital da Cultura celebre a vida, a capacidade humana de sobrevivere de reconstruir, e signifique para todos nós até que ponto o espírito humano pode cultivare transmitir o bem e o belo, mesmo depois de conhecer o sofrimento mais profundo.

José Manuel Fernandes (PPE), por escrito. − A presente resolução debruça-se sobre opedido da Bósnia e Herzegovina para que a sua capital, Sarajevo, seja considerada, em2014, Capital Europeia da Cultura. A iniciativa comunitária Capital Europeia da Cultura foicriada para realçar as riquezas e diversidades culturais europeias, partilhando-as epromovendo o entendimento mútuo entre europeus. Sarajevo, cidade-mártir onde, em1914, se iniciou a I Guerra Mundial, viria, entre 1992 e 1996, a ser vítima de destruiçãodurante o tempo em que esteve sitiada. Actualmente, possui imagens de marcamundialmente reconhecidas como O Violinista de Sarajevo que, vestido de negro e no meiodos destroços da guerra, deambula pelas ruas procurando atenuar o sofrimento de umpovo martirizado que não pôde abandonar a cidade. Apesar das adversidades, esta cidademantém o seu espírito cultural. Considero positivo e justo que Sarajevo venha a ser CapitalEuropeia da Cultura.

Juozas Imbrasas (EFD), por escrito. – (LT) Votei a favor deste documento porque a acçãocomunitária intitulada "Capital Europeia da Cultura" foi instituída com o propósito derealçar a riqueza e a diversidade das culturas europeias e das características por elaspartilhadas e de promover a melhoria da compreensão mútua entre os europeus. Alémdisso, é referido que Sarajevo ocupa um lugar especial na história e cultura europeias, queem 2014 comemorará vários aniversários importantes, e que a Câmara Municipal deSarajevo e operadores locais no domínio da cultura já empreenderam grandes preparativospara a sua candidatura a este título. Considero, por conseguinte, que o Conselho deveatribuir excepcionalmente o título de Capital Europeia da Cultura 2014 a Sarajevo.Tratar-se-ia de uma medida importante no sentido de ultrapassar as cisões europeias dopassado e promover a nova Europa, através da atribuição do título de Capital Europeia daCultura a uma cidade que foi palco de acontecimentos tão trágicos no decurso do séculoXX.

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Page 165: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

David Martin (S&D), por escrito. – (EN) Votei a favor desta resolução porque insta oConselho a atribuir excepcionalmente o título de “Capital Europeia da Cultura” a Sarajevoem 2014. Considero que a atribuição do título a uma cidade que foi palco de acontecimentostão trágicos no decurso do século XX constituiria uma medida importante no sentido deultrapassar cisões europeias do passado e de promover a nova Europa.

Louis Michel (ALDE), por escrito. – (FR) Sarajevo foi uma cidade magnífica em quecoabitaram três povos, três culturas e três religiões. O cerco à cidade e a guerra étnica ereligiosa que durou quatro anos (1992-1996) perturbaram profundamente esta capital,que foi “islamizada” ao nível religioso e “bósnizada” ao nível linguístico. O nosso desafioactual é reconstruir as pontes entre as comunidades. A cultura pode prestar um contributoneste processo. Acrescento que foi a cultura que os ajudou a suportar quatro anos de guerra.A cultura constitui um vector de abertura e um motor de democracia, contrariando todasas reacções nacionalistas, tentações racistas e exclusões. Pode agora contribuir para que serecupere o multiculturalismo europeu. Esta cidade semelhante a um painel de mosaicosfoi, e pode voltar a ser, uma metáfora viva da Europa. Temos de desenvolver esforços paracriar um mundo pluralista que mantenha intacta a sua capacidade de criação e seja capazde gerar novidade e diversidade.

Maria do Céu Patrão Neves (PPE), por escrito. − Expresso com o meu voto favorável omeu apoio ao apelo que o Parlamento Europeu faz ao Conselho para que Sarajevo sejanomeada Capital Europeia da Cultura em 2014. De facto, estou de acordo com a resoluçãoquando se diz que a atribuição do título de Capital Europeia da Cultura a uma cidade quefoi palco de acontecimentos tão trágicos no decurso do século XX representaria um passoimportante para ultrapassar as cisões europeias do passado e promover a Nova Europa.

Paulo Rangel (PPE), por escrito. − Apesar de a decisão que institui uma acção comunitáriade apoio à Capital Europeia da Cultura 2007-2019 abarcar apenas, neste momento, osEstados-Membros da UE, a verdade é que, já em várias ocasiões, foi dada a oportunidadea cidades de países terceiros de conquistarem o título de Capital Europeia da Cultura. Nestamedida e tendo em conta o lugar especial que Sarajevo ocupa na história e na culturaeuropeias, creio que se justifica a atribuição do título de Capital Europeia da Cultura 2014,até pelo seu valor simbólico.

Robert Rochefort (ALDE), por escrito. – (FR) Sarajevo, uma cidade multicultural querepresenta um verdadeiro modelo de tolerância, ocupa incontestavelmente um lugarespecífico na história e na cultura europeia. Foi em Sarajevo que ocorreu o assassinato quedesencadeou a Primeira Guerra Mundial em 1914. Foi igualmente nesta cidade que, entre1992 e 1996, durante o conflito na Bósnia e Herzegovina, teve lugar o cerco mais longoa uma capital na história da guerra moderna. Tendo em conta que esta cidade, que desejacortar laços com o passado e considerar o seu futuro na Europa com entusiasmo, celebrarávários aniversários importantes em 2014, gostaria que Sarajevo fosse considerada CapitalEuropeia da Cultura nesse ano.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE), por escrito. – (EN) Com esta resolução, o Parlamento:(1) insta o Conselho a atribuir excepcionalmente o título de “Capital Europeia da Cultura”a Sarajevo em 2014; e (2) expressa a sua convicção de que esta atribuição representariauma medida importante no sentido de ultrapassar cisões europeias do passado e promovera nova Europa, através da atribuição do título de “Capital Europeia da Cultura” a uma cidadeque foi palco de acontecimentos tão trágicos no decurso do século XX.

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Page 166: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Joanna Senyszyn (S&D), por escrito. – (PL) Enquanto membro da delegação da Comissãoda Cultura e da Educação a Sarajevo, apoio a candidatura desta cidade a Capital Europeiada Cultura 2014. Sarajevo merece a oportunidade de demonstrar o seu enorme potencial.Trata-se de uma cidade excepcionalmente multicultural. Sarajevo tem um ambientesimultaneamente multicultural e europeu. É a única cidade do mundo em que, numa zonade um quilómetro quadrado, se podem ver edifícios de cinco religiões: mesquitas, umacatedral católica romana, uma igreja ortodoxa, uma sinagoga e uma igreja protestante.

Além disso, os bósnios caracterizam-se pela sua grande simpatia e hospitalidade. Lirecentemente um relato de uma estudante polaca que participou num intercâmbio estudantilem Sarajevo – não tinha conhecido um único estudante estrangeiro que lá estivesse numprograma de intercâmbio e que não gostasse de Sarajevo. Desde o final da guerra, em 1995,Sarajevo está a ser reconstruída, sobretudo com apoio financeiro da União Europeia.Sarajevo aguarda com grande entusiasmo o seu futuro europeu. Esta cidade pretendedemonstrar o seu enorme potencial e promover-se junto dos europeus. Não há dúvida deque merece esta oportunidade, e devemos apoiá-la.

Artur Zasada (PPE), por escrito. – (PL) Sarajevo ocupa um lugar muito importante naconsciência histórica dos europeus. Apoio a atribuição excepcional do título de CapitalEuropeia da Cultura a esta cidade em 2014. A iniciativa que, há mais de 25 anos, promoveas riquezas e a diversidade das culturas europeias, contribuirá igualmente para areconstrução da indústria turística desta cidade e da sua base económica. Sarajevotestemunhou acontecimentos históricos importantes e foi gravemente afectada pelashostilidades da década de 1990. Foi igualmente palco do assassinato que desencadeou aPrimeira Guerra Mundial. O centésimo aniversário desse acontecimento comemora-seprecisamente no ano em questão – 2014. A atribuição do título de Capital Europeia daCultura a Sarajevo neste momento contribuiria para a regeneração cultural da cidade epara a melhoria da sua imagem noutros países, assim como para a comemoração deaspectos importantes da história e identidade europeias.

Presidente. – Estão encerradas as declarações de voto.

14. Correcções e intenções de voto: ver Acta

(A sessão, suspensa às 13H15, é reiniciada às 15H00)

PRESIDÊNCIA: LIBOR ROUČEKVice-Presidente

15. Aprovação da acta da sessão anterior: Ver Acta

16. Debate sobre casos de violação dos direitos humanos, da democracia e do Estadode direito(debate)

16.1. Sri Lanka: seguimento do relatório da ONU (debate)

Presidente. − Segue-se na ordem do dia a discussão de seis propostas de resolução sobreo Sri Lanka (2) .

(2) Ver Acta.

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Page 167: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Paul Murphy, autor. – (EN) Senhor Presidente, na guerra violentíssima do Governo doSri Lanka contra a minoria tamil, foram mortos pelo menos 40 000 cidadãos tamil empoucas semanas, e centenas de milhares de pessoas foram detidas em prisões a céu aberto.O relatório da ONU reconhece finalmente os crimes cometidos contra o povo tamil.Infelizmente, não devem existir ilusões de que o relatório alterará a situação dos Tamil noSri Lanka.

No dia seguinte à sua publicação, foi noticiado que o Secretário-Geral da ONU só iniciariauma investigação internacional com o acordo do Governo do Sri Lanka ou se um fóruminternacional como o Conselho de Segurança Externa das Nações Unidas solicitasse uminquérito. Dada a índole do Governo do Sri Lanka, é evidente que não permitirá qualquerinvestigação internacional. Esta situação salienta uma vez mais a necessidade de se instarà realização de um inquérito independente aos crimes de guerra e a que o regime deRajapaksa seja responsabilizado.

Em 18 de Maio, ocorrerão protestos em todo o mundo organizados por múltiplos grupos,incluindo a Campanha de Solidariedade Tamil, para assinalar o segundo aniversário destaguerra sangrenta. É ainda necessária uma luta unida dos povos cingalês e tamil para derrotareste regime e defender o direito à autodeterminação para os falantes de tamil.

Geoffrey Van Orden, autor. – (EN) Senhor Presidente, basta ouvir estes comentáriosiniciais para perceber o motivo de eu lamentar profundamente o debate de hoje. Está a serpromovido por elementos extremistas da diáspora tamil, que contribuíram para amanutenção da campanha terrorista da organização dos LTTE durante muitos anos atravésdo activismo político, e muitas vezes com base nos rendimentos da criminalidade.

É bem sabido que as fases finais da campanha dos LTTE foram horríveis. O relatórioDarusman da ONU, que constitui o pretexto imediato para este debate, refere claramenteque, nessas fases finais, os LTTE utilizaram a população civil como escudo humano,intensificaram o recrutamento forçado de civis, incluindo de crianças, executaram civisque tentavam escapar da zona de conflito e empregaram artilharia na proximidade de civise de instalações civis como hospitais. Este facto não desculpa o bombardeamento de alvoscivis, mas contextualiza-o e demonstra quem são os culpados.

Em vez de tentarem unir os povos do Sri Lanka, algumas pessoas procuram manter umacampanha de ódio e de cisão. Consideram este relatório Darusman uma arma nestacampanha e pretendem apenas responsabilizar o Governo do Sri Lanka.

Esta abordagem é maliciosa e contraproducente. O Governo do Sri Lanka e a Comissãocriaram a LLRC para investigar alegações de violação de direitos humanos. Devemos fazertodos os esforços para os apoiar, assim como aos cidadãos do Sri Lanka, em vez de osatacar.

Véronique De Keyser, autora. – (FR) Senhor Presidente, desde as primeiras palavras,todos perceberam que este debate seria bastante aceso e que existiriam dois pontos de vista.

Gostaria de referir que o meu grupo não se alinha com nenhuma dessas posições, e quetoma apenas o partido da justiça e da reconciliação. Considero que não poderá ocorreruma reconciliação em países como o Sri Lanka, assim como em muitos outros que viveramguerras atrozes, se não for feita justiça.

O que refere então este relatório das Nações Unidas mencionado pelo senhor deputadoVan Orden? Limita-se a reafirmar os factos e a instar à criação de um mecanismo de justiça

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Page 168: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

internacional que, como sabemos, terá de ser aprovado pelo Governo. Isso é o mínimo.Como quer que ocorra a reconciliação de um povo? Terá de envolver ambas as facções.Não bastam os Tamil, Senhor Deputado Van Orden. Foram cometidos crimes em ambosos lados. Ambas as facções são responsáveis. A justiça terá de ser feita por ambas.

O relatório menciona igualmente, e peço desculpa por este facto, que a comissão dereconciliação há pouco referida não possui um elemento de investigação de nívelsuficientemente elevado. Por fim, receio que um órgão de justiça nacional acabe por nãoconseguir uma clarificação dos factos. Por conseguinte, em nome de todos os cidadãos deambas as facções que foram vítimas desses actos, gostaria simplesmente de afirmar queeste Parlamento só poderá apoiar este relatório a fim de obter esclarecimentos e maisjustiça. É esta a única mensagem que gostaria de transmitir hoje. Não esgotarei o tempoque me é atribuído, mas é esta a mensagem essencial que dirijo ao Parlamento.

Thomas Mann, autor. – (DE) Senhor Presidente, em Fevereiro visitei o Sri Lanka com aDelegação para as Relações com os Países da Ásia do Sul. Nesse país, testemunhámos osenormes esforços desenvolvidos para superar as consequências de uma guerra civil de 25anos. A União Europeia, as Nações Unidas e as ONG estão a prestar assistência a esforçoscomo a remoção de minas terrestres pela HALO Trust ou o realojamento dos Tamil nosseus anteriores locais de residência. Instamos o Governo do Sri Lanka a responderpositivamente às recomendações do painel de peritos da ONU, que salientaram os crimesde guerra e os crimes contra a humanidade cometidos pelos cingaleses e pelos LTTE.

É motivante que o Governo tenha criado uma comissão para tratar da reconciliação,estabelecer o poder legislativo e resolver problemas linguísticos e a situação dos ex-soldadosda frente de batalha. A vontade consistente de cooperar e de integrar as minorias, e agarantia de preservação das normas jurídicas internacionais constituem a base para odesenvolvimento de um país que, sem violência nem terror, terá um verdadeiro futuro.

Instamos com veemência a Alta Representante da UE a apoiar os esforços desta natureza.

Anneli Jäätteenmäki, autora. – (EN) Senhor Presidente, o conflito no Sri Lanka pode teracabado, mas ainda persistem muitas questões sem resposta. O final do conflito não significanecessariamente que o conflito tenha terminado para os cidadãos.

A vitória não é sinónimo de paz. São necessários tempo, esforços e sobretudo empenhoe força de vontade para ultrapassar as marcas de um conflito. A reconciliação éindispensável. A justiça é essencial para um novo começo. Por conseguinte, o Governo doSri Lanka deve iniciar imediatamente investigações às violações do direito internacionalhumanitário e dos direitos humanos.

Ambas as facções devem ser investigadas. As convenções internacionais, de que o Sri Lankaé signatário, exigem investigações às alegadas violações e o julgamento dos responsáveis.Só a justiça e uma investigação transparente e honesta permitirão que os cidadãos do SriLanka sanem as mazelas de um conflito longo e difícil e continuem a sua vida em paz.

O Grupo ALDE saúda o relatório do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, e a suainiciativa sobre o Sri Lanka. Apoiamos plenamente as recomendações das Nações Unidas.

Heidi Hautala, autora. – (EN) Senhor Presidente, em 23 de Maio de 2009, oSecretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Presidente do Sri Lanka, Rajapaksa, assinaramuma declaração conjunta na qual o Sri Lanka garantia a responsabilização dos autores dos

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Page 169: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

alegados crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade cometidos durante a guerraque terminou em Maio de 2009.

Uma vez que este acordo não foi honrado pelo Governo do Sri Lanka, o Secretário-Geralda ONU nomeou um painel de peritos para o aconselhar sobre as possibilidades de umprocesso de responsabilização. O relatório, publicado muito recentemente, efectuoualegações credíveis de que as forças do Governo e os Tigres de Libertação da Pátria Tamilnão respeitaram as normas do direito internacional. O relatório salientou a necessidadeda responsabilização de ambas as partes.

O Governo do Sri Lanka rejeitou o relatório do painel, sob o pretexto de que era ilegal efaccioso. Considero que este facto constitui uma razão objectiva para posterioresinvestigações. Num momento em que o trabalho credível e legítimo de organismosinternacionais de direitos humanos está a ser desacreditado, compete a este Parlamentoassumir uma posição e defender o direito internacional. Os crimes de guerra têm de seralvo de punição, onde quer que ocorram.

Eija-Riitta Korhola, em nome do Grupo PPE. – (FI) Senhor Presidente, a guerra civil no SriLanka durou 25 anos e terminou com a derrota dos Tigres Tamil. As últimas fases da guerraforam particularmente sangrentas e morreram milhares de pessoas nos seus últimos meses.

Segundo o novo relatório da ONU, é muito provável que os Tigres Tamil e as forças doGoverno sejam considerados culpados de graves violações do direito internacionalhumanitário e dos direitos humanos cometidas nas fases finais do conflito. Os Tigres Tamilsão suspeitos de ter abatido civis em fuga. O Governo abateu civis em combate. Trata-sede crimes graves, que não podem ser ignorados. Assim, é importante que a ONU possarealizar uma investigação imparcial e transparente do ocorrido.

Infelizmente, o Governo do Sri Lanka não permitiu que a investigação avançasse sem asua aprovação, sendo indispensável a insistência unânime dos Estados-Membros da UE. Éextremamente importante que o Sri Lanka adopte uma atitude construtiva e esteja dispostoa cooperar. O sentido de responsabilidade é indispensável para o processo de reconciliação.A UE tem de apoiar os esforços para reforçar o sentido de responsabilidade do Sri Lanka.

Ana Gomes, em nome do Grupo S&D . – As conclusões do relatório Darusman em nomedas Nações Unidas apontam para o massacre de dezenas de milhares de civis, crimes deguerra e contra a Humanidade e outras atrozes violações do direito humanitário, cometidostanto pelas forças do LTTE como do Governo do Sri Lanka.

Prosseguir com uma investigação independente e o julgamento dos responsáveis não éuma escolha política, mas uma obrigação decorrente do direito internacional. A Comissãode Reconciliação criada pelo governo não satisfaz elementares requisitos de independência.Por isso, a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia e o Conselho deSegurança da ONU, devem declarar apoio incondicional às recomendações do relatório eavançar urgentemente com a criação de um mecanismo internacional independente quemonitorize a actuação do Governo, garanta a investigação dos crimes praticados por ambosos lados e a prossecução da justiça para o povo do Sri Lanka.

Izaskun Bilbao Barandica, em nome do Grupo ALDE. – (ES) Senhor Presidente, gostariade apoiar esta resolução sobre as violações dos direitos humanos e os crimes de guerracometidos no Sri Lanka.

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Page 170: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Além de manifestar a nossa solidariedade para com as vítimas e de condenar a violência,dadas as preocupações quanto à falta de independência do sistema judicial, é essencialpromover uma investigação séria, imparcial e transparente por um organismo independente,de modo a que os responsáveis de ambas as facções do conflito possam ser identificadose punidos.

Temos de pôr cobro à impunidade dos crimes de guerra se pretendemos impedir a suarepetição no futuro. No Sri Lanka, a população civil foi bombardeada, para além de outrasatrocidades.

Há setenta e quatro anos, no meu país, as tropas de Franco bombardearam a cidade deGuernica, aniquilando mais de metade da sua população, um episódio que se tornou famosoatravés da representação de Picasso. Desde então, Guernica tornou-se um símbolo universalde paz e de resistência.

Porém, todos desejam evoluir no sentido da reconciliação. Por conseguinte, temos deencorajar, auxiliar e pressionar o Governo do Sri Lanka a manter este processo deresponsabilização para que se possa obter uma verdadeira paz e justiça.

Karima Delli, em nome do Grupo Verts/ALE. – (FR) Senhor Presidente, o relatório dasNações Unidas publicado em 11 de Abril revela os crimes de guerra e os crimes contra ahumanidade cometidos no Sri Lanka durante o conflito entre as forças governamentaisdo senhor Rajapaksa e o movimento de independência dos Tigres Tamil. Os confrontosde Maio e Junho de 2009 deram origem a crimes de guerra e a crimes contra a humanidade,com a morte de milhares de civis. Não podemos aceitar a impunidade dos responsáveis edos autores destes crimes. O Governo do senhor Rajapaksa fez tudo ao seu alcance paraimpedir a publicação do relatório da ONU e, inclusivamente, contestou as suas conclusões.

No Sri Lanka, a comunicação social está amordaçada e os jornalistas são vítimas deintimidação e de detenções arbitrárias. O acesso ao principal sítio de informação da oposiçãona Internet foi bloqueado pelas autoridades judiciais e o acesso aos campos de refugiadosainda é extremamente limitado, incluindo para as Nações Unidas. A minoria tamil é vítimade um genocídio silencioso. Temos de enviar urgentemente observadores do ParlamentoEuropeu ao norte do Sri Lanka para apurar o que de facto está a ocorrer nessa zona e temosde reafirmar o princípio da autodeterminação dos povos.

(A oradora aceita responder a duas perguntas segundo o procedimento “cartão azul”, nos termos don.º 8 do artigo 149.º)

Charles Tannock (ECR). – (EN) Senhor Presidente, ouvi a intervenção em directo e apalavra utilizada foi “génocide”, que significa “genocídio”, e que tem um significado específicono direito internacional.

Se essa fosse a intenção do Governo do Sri Lanka, por que motivo teria libertadorecentemente 200 000 detidos tamil? É absurdo acusar o Governo do Sri Lanka degenocídio. Espero que a senhora deputada retire essa afirmação.

Karima Delli (Verts/ALE). – (FR) Senhor Deputado Tannock, utilizei essa palavra comouma metáfora, sobretudo para classificar um fenómeno. No entanto, especifiquei que nãoera esse o termo em questão. Há que estabelecer os factos. De qualquer forma, o que estáa acontecer à minoria tamil não pode ser dispensado como um mero acto inconsequente.

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Geoffrey Van Orden (ECR). – (EN) Senhor Presidente, a oradora anterior referiu queinsta a que se envie uma missão ao Sri Lanka para apurar a situação no local. Gostaria delembrar-lhe que a Delegação para as Relações com os Países da Ásia do Sul visitourecentemente o Sri Lanka – e vejo vários membros dessa delegação neste Parlamento. Defacto, o meu colega deputado Mann já referiu a sua visita a esse país: é óbvio que a oradoraanterior não está a ouvir o que se passa neste debate. Já foram enviadas pessoas ao SriLanka. Conhecem o Sri Lanka e sabem o que lá se passa. Não sei onde a senhora deputadaDelli foi buscar tantos disparates.

Karima Delli (Verts/ALE). – (FR) Tem razão, já enviámos uma missão e reconheço ocarácter admirável dessa missão, tendo em conta que o Senhor Deputado participou nela.Mas podemos também exercer alguma pressão, o que significa que temos de repetir essaoperação.

Marie-Christine Vergiat, em nome do Grupo GUE/NGL. – (FR) Senhor Presidente, o SriLanka é um país devastado. A guerra civil terminou oficialmente há quase dois anos, esabemos em que condições ocorreu. Nesse país, a intervenção das Nações Unidas foi umgrande fracasso. Os relatórios das organizações não-governamentais são terríveis. Forammortos milhares de cidadãos entre Janeiro e Maio de 2009. Foram cometidas atrocidadespor ambas as facções, mas, ao que parece, é reconhecido que as forças pró-governamentaisbombardearam deliberadamente zonas onde tinham encorajado a população civil arefugiar-se.

Desde então, o Governo do Sri Lanka tem tentado exonerar-se e impedir o acesso à justiçaaos cidadãos que, no mínimo, deveriam ser considerados vítimas de crimes de guerra.Tentou incessantemente subestimar o número de civis presentes na zona de conflito, etentou mesmo privá-los de toda a ajuda humanitária, incluindo alimentos, água e cuidadosde saúde. Os Tigres Tamil detêm a sua quota-parte de responsabilidade nestes horrores.Recrutaram crianças-soldado e utilizaram a população civil como escudo humano, maseste facto não atenua automaticamente a responsabilidade das autoridades civis. Não servede justificação.

As Nações Unidas aguardaram muito tempo até denunciarem a situação deste país. Piorainda, o Governo do Sri Lanka multiplicou as suas maquinações para impedir a publicaçãodo último relatório, em particular, e para que as suas conclusões fossem rejeitadas. Sópodemos saudar o relatório de 11 de Abril. A resolução hoje apresentada representa umadirecção adequada. Por mim, gostaria que fosse ainda mais longe. Chegou o momento dea justiça internacional efectuar o seu trabalho, no Sri Lanka e noutros locais.

Jaroslav Paška, em nome do Grupo EFD. – (SK) Senhor Presidente, o conflito militar delonga data entre as forças governamentais e os grupos armados dos Tigres de Libertaçãoda Pátria Tamil, que teve consequências muito cruéis para a população civil dessas zonasde conflito, chegou ao fim em 2009. Terminada a guerra, o Presidente do Sri Lanka, MahindaRajapaksa, prometeu investigar todas as alegadas violações da lei militar e do direitohumanitário internacional durante o conflito militar.

O relatório das Nações Unidas publicado em Abril deste ano refere que ambas as facçõesexecutaram operações militares sem tomarem medidas para proteger os direitos e a vidados civis. Não obstante, os organismos competentes no Sri Lanka ainda nãoresponsabilizaram os autores das graves violações do direito humanitário, dois anos apóso final da guerra. As autoridades judiciais estão, em muitos casos, inactivas e, porconseguinte, temos de apoiar através da nossa resolução os esforços da ONU para aplicar

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a lei e criar uma responsabilização pela morte e tortura de milhares de civis durante oscombates violentos entre os Tigres de Libertação da Pátria Tamil e as forças governamentaisno Sri Lanka.

Filip Kaczmarek (PPE). – (PL) Senhor Presidente, os acontecimentos dramáticos do SriLanka descritos no relatório da ONU demonstram o tipo de problemas que podem sercausados por conflitos armados. Esses acontecimentos constituem mais uma prova de queresolver diferendos através da violência e da força armada gera outros problemas colossais.Na Europa, há séculos que se pondera o conceito de guerra justa. O facto de, no mundomoderno, até uma guerra teoricamente justa implicar o sofrimento de vítimas inocentese injustificadas é particularmente doloroso. Esta situação tem lugar independentementede como definimos uma guerra justa.

No caso do Sri Lanka, existem cada vez mais informações que demonstram o facto de aguerra não ter sido justa para qualquer das partes. Os vencedores nem sempre têm razão,apesar de tentarem sempre prová-lo. Se deve, de facto, ter lugar uma reconciliação, comodeclarou o Governo do Sri Lanka, então a base dessa reconciliação terá de ser a verdadesobre o que aconteceu durante o conflito com os Tigres Tamil. Não haverá uma verdadeirareconciliação sem a denúncia dos crimes de guerra cometidos, independentemente dequem os cometeu. Não haverá qualquer reconciliação se as partes considerarem os seuspecados tabu e não permitirem que sejam mencionados.

Claude Moraes (S&D). – (EN) Senhor Presidente, muitos dos deputados deste Parlamentoestiveram envolvidos na política do Sri Lanka e na política da diáspora do Sri Lanka e dacomunidade tamil.

Discutimos hoje um relatório do painel de peritos do Secretário-Geral sobre aresponsabilização no Sri Lanka. Ainda não ouvi ninguém neste Parlamento questionar aintegridade intrínseca desse relatório.

Li o relatório e discuti-o com muitos elementos de ambas as facções. Se consideramos quedevemos continuar a discutir o relatório, sem investigar o que sucedeu entre Janeiro e Maionem admitir a possibilidade de investigar muitas das alegações de ambos os lados, qual éo sentido de um relatório desta natureza?

De facto, considero impressionante que uma organização da diáspora da comunidadetamil, o Fórum Global Tamil, tenha referido que as alegações credíveis contra os LTTEdeveriam ser investigadas – e afirmaram-no com grande veemência.

Temos um relatório que deveria ser alvo de uma continuação, e defendo convictamente anecessidade de um verdadeiro processo de responsabilização que leve a verdade, a justiçae a reconciliação ao Sri Lanka, após uma investigação dolorosa, mas inevitável.

Laima Liucija Andrikienė (PPE). – (EN) Senhor Presidente, é terrível que durante o longoconflito militar do Sri Lanka que terminou em 2009 tenham morrido quase 100 000pessoas, incluindo dezenas de milhares de civis, que na sua maioria perderam a vida nafase final do conflito. A comunidade internacional deve exigir uma investigaçãointernacional sólida dos relatórios credíveis sobre as atrocidades cometidas por ambas asfacções.

É lamentável que países como a China e a Rússia se tenham oposto à discussão deste temano Conselho de Segurança das Nações Unidas e a que o Secretário-Geral da ONU tomemedidas mais consistentes para investigar os crimes cometidos. O Painel de Peritos da

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ONU referiu explicitamente que o Governo do Sri Lanka e os rebeldes tamil cometeramviolações graves do direito humanitário internacional e dos direitos humanos, podendoconfigurar em alguns casos crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Por conseguinte, apoio plenamente a criação imediata de um mecanismo internacional dejustiça, conforme proposto pelo relatório da ONU.

Sari Essayah (PPE). – (FI) Senhor Presidente, Senhor Comissário, segundo o relatóriodas Nações Unidas, nos meses sangrentos do final da guerra civil no Sri Lanka, que durou25 anos, morreram milhares de civis na acção armada das tropas governamentais. A ONUreferiu igualmente que os rebeldes tamil tinham utilizado mais de 300 000 civis comoescudo humano e tinham disparado contra civis que tentavam fugir. Assim, ambas aspartes violaram gravemente os direitos humanos e o direito internacional em situação deguerra.

Neste momento é importante que se iniciem as conversações de reconciliação, para queas Nações Unidas possam efectuar uma investigação imparcial e independente dos crimesde guerra. A resolução do Parlamento é equilibrada na sua formulação e encorajará ambasas partes a procederem à reconciliação e ao processo de paz.

George Sabin Cutaş (S&D). – (RO) Senhor Presidente, as conclusões do relatório daONU publicado em 25 de Abril de 2011 incluem graves acusações face às múltiplasviolações de direitos humanos e de normas do direito internacional, pelo Governo do SriLanka e pelas forças rebeldes derrotadas no conflito civil que durou mais de 28 anos. Defacto, o relatório refere que as forças governamentais assassinaram dezenas de milharesde civis através do bombardeamento de zonas habitadas, de hospitais e até de centros deajuda humanitária da ONU. Por outro lado, as forças rebeldes utilizaram muitos civis comoescudo humano, e os civis que tentaram fugir da zona de conflito foram mortos de imediato.Como outros deputados que intervieram antes de mim, considero que é necessário criarum mecanismo internacional independente para investigar os crimes de guerra cometidosneste país, assim como outras violações graves dos direitos humanos. É necessária umainvestigação imparcial e transparente para apurar os responsáveis por esses crimes quechocaram a comunidade internacional.

Graham Watson (ALDE). – (EN) Senhor Presidente, este relatório bem fundamentadodemonstra – para além de todas as suas conclusões – que, mais uma vez, a primeira vítimada guerra é a verdade.

Contudo, o relatório não descreve as políticas necessárias para aliviar o sofrimento destepaís. Há muito tempo que demasiados países ignoram esta situação. Neste momento sãonecessárias políticas adequadas, através de um esforço concertado da comunidadeinternacional, destinadas a trazer paz e justiça a todos os cidadãos tão terrivelmenteafectados por este conflito.

Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE). – (EN) Senhor Presidente, o senhor deputado Watsontem muita razão quando refere que a primeira vítima de qualquer guerra, e sobretudo desta,é a verdade.

Naturalmente, temos de admitir que a população civil é vítima deste tipo de conflitos e queo painel da ONU demonstrou claramente que existem responsabilidades de ambas as partes:sobretudo do Governo, mas também dos Tigres de Libertação da Pátria Tamil, e que ambasas facções terão de ser investigadas.

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Na realidade, estamos a afirmar que será pouco provável que ocorra um inquérito adequadose a comissão de investigação pertencer ao Governo. Solicitamos que uma comissãoindependente investigue estas alegações, identificadas pelo painel da ONU, de crimes deguerra e crimes contra a humanidade. Se não compreendermos esta necessidade, nãoteremos uma solução, uma vez que a paz só ocorrerá a par da justiça; a justiça só é possívelcom base na verdade; e a verdade só será apurada se ocorrer uma investigação independente.

Charles Tannock (ECR). – (EN) Senhor Presidente, o Sri Lanka está finalmente em pazapós um quarto de século de insurreições terroristas, e o relatório da ONU sobre a derrotados Tigres Tamil pelo exército do Sri Lanka é forte em críticas e fraco em factos substanciaise comprovados.

A abordagem assumida no relatório aparentemente prejudica os esforços efectuados peloGoverno do Sri Lanka para promover a verdade e a compreensão, sobretudo através daComissão das Lições Aprendidas e Reconciliação, e do facto de o Governo ter libertadomais de 200 000 prisioneiros tamil.

É evidente que quaisquer atrocidades cometidas deliberadamente contra cidadãos peloexército terão de ser punidas. Concordo com este princípio, mas não existem indíciosclaros de que se tenha tratado de uma política deliberada do Governo. Gostaria de recordaro Parlamento de que os LTTE recusaram a proposta de uma rendição sob supervisãointernacional e preferiram um banho de sangue como estratégia de retirada, que foihorrendo.

As consequências actuais da ambivalência da comunidade internacional para com o SriLanka são evidentes: perda de influência e incapacidade de determinar a evolução dosacontecimentos. Entretanto, a China entrou em cena e tornou-se a maior aliada e defensorado Sri Lanka nas Nações Unidas. Julgo que os colegas deputados terão presente a abordagemda China aos direitos humanos.

László Andor, Membro da Comissão. – (EN) Senhor Presidente, em 25 de Abril de 2011,as Nações Unidas divulgaram o relatório do painel de peritos nomeado pelo Secretário-Geralda ONU sobre a responsabilização no âmbito do conflito armado no Sri Lanka. O painelidentificou alegações credíveis que, caso provadas, indicariam que foram cometidas gravesviolações do direito humanitário internacional e dos direitos humanos pelo exército doSri Lanka e pelos LTTE, representando algumas dessas violações crimes de guerra e crimescontra a humanidade.

O painel de peritos emitiu igualmente um conjunto de recomendações dirigidas aoSecretário-Geral da ONU e ao Governo do Sri Lanka que, segundo o painel, constituirãoo quadro para um diálogo constante e construtivo entre o Secretário-Geral e o Governodo Sri Lanka sobre responsabilização. As recomendações incluem a realização de umaefectiva investigação pelo Governo do Sri Lanka e a criação de um mecanismo internacionalindependente pelo Secretário-Geral da ONU.

As Nações Unidas referiram que o seu Secretário-Geral está a analisar cuidadosamente osrelatórios, as conclusões e as recomendações, e que a Alta Comissária das Nações Unidaspara os Direitos Humanos instou o Governo do Sri Lanka a aplicar prontamente as medidaspropostas pelo painel e a garantir a justiça.

O Governo do Sri Lanka, por seu lado, rejeitou veementemente o relatório. No início destasemana, a Alta Representante Catherine Ashton fez uma declaração em nome da UniãoEuropeia, reiterando a opinião da UE de que um processo independente para resolver estas

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alegações extremamente graves contribuiria para o reforço do processo de reconciliaçãoe para uma paz e segurança duradouras no Sri Lanka.

A Alta Representante salientou que a questão da responsabilização deveria ser vista comouma parte essencial do processo de reconciliação nacional. Por conseguinte, a UE esperaque o Governo do Sri Lanka reconheça os objectivos construtivos do relatório, e encoraja-oa dialogar com o Secretário-Geral da ONU sobre o seu conteúdo.

Presidente. – Está encerrado o debate.

A votação terá lugar dentro de momentos.

Declarações escritas (artigo 149.º)

Michèle Striffler (PPE), por escrito. – (FR) O conflito entre o Governo do Sri Lanka e osTigres de Libertação da Pátria Tamil (LTTE) terminou em Maio de 2009 e resultou em maisde 90 000 mortes. Muitos cingaleses que tinham sido desalojados pela violência no seupaís regressaram a casa após o fim das hostilidades. No entanto, ainda existem 75 000refugiados que continuam a enfrentar uma vida difícil nos campos de Tamil Nadu, na Índia.O Sri Lanka terá de ultrapassar um desafio duplo. Por um lado, terá de recuperar de umalonga crise. O relatório de peritos das Nações Unidas, divulgado em 25 de Abril, consideroucredíveis as alegações de violações do direito humanitário internacional e dos direitoshumanos. É essencial realizar um inquérito imparcial, transparente e independente emprol da justiça e da reconciliação no Sri Lanka. Por outro lado, este país terá igualmente dese preparar para as várias catástrofes naturais a que está sujeito, nomeadamente inundações,aluimentos de terras, ciclones e secas.

16.2. Azerbaijão (debate)

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o debate de seis propostas de resolução sobre oAzerbaijão (3) .

Marie-Christine Vergiat, autora. – (FR) Senhor Presidente, mais uma vez encontramo-nosa analisar a situação no Azerbaijão. A situação da democracia neste país é bastantedramática. No entanto, não se trata de um parceiro insignificante da Parceria Oriental daUnião Europeia.

Os partidos da oposição e as organizações não-governamentais continuam a denunciarviolações de direitos humanos e uma repressão política generalizada, para além da corrupçãodo regime no poder. Os valores da democracia e dos direitos humanos são uma parteintegrante dos valores da União Europeia, em teoria.

Não é verdade que deveríamos retirar ensinamentos do que está a suceder nos chamados“países árabes” e exigir aos nossos parceiros orientais o que não exigimos a alguns governos,designadamente da Tunísia, da Líbia ou do Egipto? Não deveríamos, senhor ComissárioAndor, garantir que a democracia prevalecerá finalmente nesses países e impor condiçõesmínimas neste domínio?

Pessoalmente, considero que a resolução apresentada é, quando muito, uma resolução domais baixo perfil possível. Por conseguinte, não desejamos associar-nos ao documento eiremos abster-nos na sua votação.

(3) Ver Acta.

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Charles Tannock, autor. – (EN) Senhor Presidente, o Azerbaijão é, infelizmente, umEstado de partido único e semi-autoritário onde a oposição política ao regime dinásticoda família Aliyev praticamente não é tolerada.

As eleições de Dezembro passado resultaram previsivelmente numa maioria esmagadorapara o Partido do Novo Azerbaijão de Heydar Aliyev. Em resposta, a OSCE afirmou que oprocesso eleitoral na sua generalidade não tinha sido suficiente para constituir uma evoluçãosignificativa no sentido do progresso democrático do país. O relatório da OSCE referiuigualmente que a liberdade de expressão era limitada e que o discurso político normal eraquase impossível, em parte devido a grandes restrições aos meios de comunicação.

Agora temos conhecimento de que partidos da oposição e jornalistas estão a ser alvo deperseguição. Não se trata de nada de novo, mas devemos ter presente neste Parlamento averdadeira natureza do regime de Aliyev. Afinal, falamos de um país que, à semelhança detodos os países da União, é membro do Conselho da Europa e pertence à Parceria Orientalda UE.

O Azerbaijão rege-se supostamente pela democracia, pelo Estado de direito e pelos direitoshumanos. A verdade é bastante diferente. Este país gasta inúmeros petrodólares paraconvencer as entidades externas da natureza benigna do seu regime, mas eu, pelo menos,não estou plenamente convencido.

Cristian Dan Preda, autor. – (RO) Senhor Presidente, iniciarei a minha intervenção comnotícias encorajadoras. Refiro-me especificamente à libertação de dois bloggers, AdnanHajizade e Emin Milli, que já foram alvo de discussão neste Parlamento. Não obstante, asituação no Azerbaijão é mais do que preocupante. Temos notícia do assédio a jornalistase da intimidação de activistas dos direitos humanos, que estão a ser acusados criminalmente.Além disso, foram feitas 200 detenções no seguimento dos protestos recentes de Março eAbril em Baku. Todos estes incidentes colocam-nos sérias dúvidas, sobretudo porque temosde ter presente que o Azerbaijão é signatário da Convenção Europeia para a Protecção dosDireitos do Homem e das Liberdades Fundamentais.

As autoridades do Azerbaijão aparentemente não entenderam a necessidade de manteremum diálogo com a sociedade civil, e de não exercerem pressão sobre a sociedade. Contudo,espero que ainda possamos vir a estabelecer cooperação no âmbito da Parceria Oriental eda Assembleia Parlamentar Euronest.

Marietje Schaake, autora. – (EN) Senhor Presidente, saudamos a libertação de AdnanHajizade e de Emin Milli, mas as boas notícias sobre o Azerbaijão terminam aqui. OParlamento Europeu está muito preocupado com a enorme repressão da liberdade deexpressão e de associação que teve lugar no Azerbaijão no seguimento de manifestaçõespacíficas contra o Governo em Março e Abril deste ano. Estão a ser perseguidos eintimidados jovens, activistas da sociedade civil, profissionais da comunicação social epolíticos da oposição. Alguns manifestantes foram condenados em julgamentos colectivosque ocorreram na calada da noite e sem acesso a um advogado. A maioria dos advogados,por sua vez, não foi informada dos locais onde decorreriam os julgamentos. O Centro dosDireitos Humanos do Azerbaijão foi encerrado por ordem do Ministério da Justiça.

Este clima de medo e de intimidação e as violações dos direitos humanos têm de terminar.O Governo do Azerbaijão está a perder credibilidade ao violar convenções que assinou,nomeadamente as convenções em matéria de direitos humanos do Conselho da Europa eda União Europeia. Queremos que o Presidente Aliyev cumpra a sua palavra. A Europa

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também perderá credibilidade se não tomarmos medidas face a estas violações. Trata-sede actos que devem ter consequências efectivas nas relações entre a UE e o Azerbaijão.

Ulrike Lunacek, autora. – (DE) Senhor Presidente, celebrámos há alguns dias a grandiosainauguração da Euronest no Parlamento Europeu em Bruxelas. O Azerbaijão é membrofundador dessa assembleia e, nessa qualidade, assumiu um compromisso em matéria dedemocracia, direitos humanos, Estado de direito, liberdade de associação e meios decomunicação. Trata-se igualmente de um elemento essencial das negociações sobre umacordo de associação entre a UE e o Azerbaijão que decorrem desde Julho de 2010.

Neste contexto, é muito chocante a forma como o Governo do Azerbaijão se temcomportado perante manifestantes pacíficos nos últimos dois meses. Falamos da detençãode jovens – que se mobilizaram através de redes sociais como o Facebook – e da suacondenação a até dois anos e meio de prisão por se terem manifestado pacificamente sobo mote “toxicodependência”. Outros cidadãos sofrem a ameaça de um destino semelhante.Pelo menos 30 pessoas, que também se manifestaram pacificamente, foram condenadasnuma operação velada a cinco a oito dias de prisão sem poderem contactar os seusrepresentantes legais.

Senhoras e Senhores Deputados, Senhor Comissário, é inaceitável! Numa resolução comumdos cinco maiores grupos do Parlamento, instamos a que todas essas pessoas sejamlibertadas imediatamente e a que se aplique o Estado de direito, a liberdade de expressão edos meios de comunicação, e que, como nos garantiu o Presidente Aliyev há alguns anos– em 2005 – “Nenhum jornalista será perseguido no Azerbaijão”. Aliyev terá de cumprirfinalmente estas promessas.

Espero sinceramente que, aquando da assembleia interparlamentar agendada para Junho,tenhamos conseguido a libertação de todas essas pessoas, incluindo de Eynulla Fatullayev,director de um jornal, e que o Governo e as suas entidades tenham cumprido finalmenteas suas promessas. Caso contrário, terá de haver consequências.

Eduard Kukan, em nome do Grupo PPE. – (SK) Senhor Presidente, a situação da democraciae dos direitos humanos no Azerbaijão suscita preocupações legítimas. Refiro-me à liberdadede expressão, à liberdade de imprensa, à liberdade de associação e a muitos outros domínios.Estamos a acompanhar os incidentes que envolvem detenções e pressão política sobreactivistas democráticos, jornalistas e a oposição política. O Azerbaijão e outros países daregião têm de perceber claramente que as violações de direitos humanos e cívicos não serãotoleradas em circunstância alguma. Se pretendem ser países parceiros da UE, então têm derespeitar os seus valores.

O debate sobre as violações de direitos humanos e as normas democráticas deve, porconseguinte, abranger toda a região do Cáucaso do Sul. Assim, gostaria igualmente dechamar a atenção para o facto de a tensão entre o Azerbaijão e a Arménia na região deNagorno-Karabakh estar a aumentar novamente. Esta situação constitui agora um riscode segurança para toda a região. Também por este motivo, é importante a adopção daresolução neste momento. A União deve assumir uma abordagem mais activa e maisresponsável, no Azerbaijão e em toda a região. Deveríamos aprender com a experiênciado conflito entre a Rússia e a Geórgia e impedir a repetição de tragédias semelhantes.

Kristian Vigenin, em nome do Grupo S&D. – (EN) Senhor Presidente, a situação noAzerbaijão é de facto difícil, e existem motivos de preocupação. Gostaria de referirespecificamente o caso do senhor Hajiyev. Considero que as autoridades devem entender

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que as manifestações pacíficas constituem uma vertente natural da vida política num paísdemocrático e que o pluralismo de opiniões e de convicções políticas representa uma parteessencial de uma sociedade democrática.

Por outro lado, devo dizer que é bastante lamentável termos agendado os temas urgentesdo Azerbaijão e da Bielorrússia em sucessão – uma semana depois de o Azerbaijão se tertornado fundador da Assembleia Parlamentar Euronest, juntamente com o ParlamentoEuropeu. É necessário um diálogo com as autoridades e a sociedade civil, e temos dedesenvolver mais esforços, para além de adoptarmos medidas e resoluções urgentes.

A Parceria Oriental e a Assembleia Euronest constituem uma boa plataforma para essediálogo, e sinto que novos ventos sopram do Azerbaijão, com um desejo renovado dediálogo político. A Comissão Parlamentar de Cooperação, que se deslocará ao Azerbaijãoem Junho, deverá aproveitar essa oportunidade para abordar a questão dos direitos humanose para estabelecer um diálogo mais coerente com o país.

Graham Watson, em nome do Grupo ALDE. – (EN) Senhor Presidente, atrevo-me a sugerirque se o Azerbaijão fosse conhecido como Azeria, à semelhança da Geórgia e da Arménia,os cidadãos europeus estariam mais preocupados com as normas democráticas nesse país.

No entanto, o meu grupo não partilha da opinião do senhor deputado Vigenin. Acomunicação social do Azerbaijão não é livre. As suas eleições não são justas. Os seuscidadãos estão sujeitos a tratamentos arbitrários e por vezes violentos por parte dosfuncionários do Governo. As manifestações pacíficas das últimas semanas motivaram umarepressão mais própria de um país árabe do que de um país europeu, por um regime de18 anos que aniquilou lentamente qualquer esperança de progresso. A participaçãocontinuada deste país na Política Europeia de Vizinhança tem de estar dependente dereformas democráticas, e não da sua vontade de fornecer petróleo ao oleoduto Nabucco.

Heidi Hautala, em nome do Grupo Verts/ALE. – (EN) Senhor Presidente, a democracia e orespeito dos direitos humanos e do Estado de direito são uma parte integrante do novoacordo de associação actualmente em negociação entre o Azerbaijão e a União Europeia.

Sem o respeito desses princípios, é impossível conceber que o Azerbaijão possa ter umfuturo em comum com os seus parceiros europeus. Concordo com os meus colegas quesalientaram a necessidade de sermos muito claros e objectivos quando dialogamos comos nossos parceiros da Parceria Oriental. Não devemos acreditar que podemos limitar-nosa criticar a Bielorrússia, uma vez que existem problemas graves no Azerbaijão e em váriosoutros países da Parceria Oriental, e espero que o estudo encomendado pela Subcomissãodos Direitos do Homem forneça algumas orientações sobre como devemos abordar aquestão dos direitos humanos junto destes países.

Jaroslav Paška, em nome do Grupo EFD. – (SK) Senhor Presidente, o Azerbaijão é um dosparceiros especiais da UE e membro fundador da Assembleia Euronest, pelo que beneficiaconsideravelmente de relações privilegiadas com a UE.

Enquanto país detentor de um estatuto tão excepcional, prometeu, ao assinar os acordosmútuos de parceria com a UE, aplicar os princípios da democracia, dos direitos humanose do Estado de direito, que constituem condições essenciais para essa cooperação. Adetenção injustificada de jornalistas, de representantes de organizações juvenis e de activistascivis, a proibição de protestos pacíficos e o recurso à força física contra manifestantes são,por conseguinte, inaceitáveis.

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Page 179: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Espero que a Alta Representante e Vice-Presidente da Comissão, Baronesa Ashton, assimcomo a própria Comissão, transmitam a nossa inquietude ao Governo do Azerbaijão faceà supressão da democracia nesse país, e que exijam medidas correctivas imediatas. Aoadoptar esta resolução, daremos à Comissão e à Alta Representante o mandato necessáriopara essa acção.

Sari Essayah (PPE). – (FI) Senhor Presidente, Senhor Comissário, é em certa medidagrotesco que os nossos parceiros da Euronest, o Azerbaijão e a Bielorrússia, estejam ambosa ser discutidos em sucessão neste Parlamento na qualidade de casos urgentes de violaçõesde direitos humanos. Decerto a parceria exigirá um respeito dos valores europeus.

Segundo a organização de direitos humanos Amnistia Internacional, as autoridades doAzerbaijão estão a tentar silenciar vozes críticas com o intuito de impedir protestos maisgeneralizados, semelhantes aos protestos ocorridos no mundo árabe em meses recentes.Nas últimas semanas, a polícia do Azerbaijão desmantelou várias manifestações no país edeteve representantes da oposição com base em acusações fabricadas, normalmente porposse de estupefacientes.

Os casos de Savalan e dos manifestantes detidos recentemente demonstram que os direitosfundamentais no Azerbaijão permanecem débeis e que as autoridades estão dispostas atomar medidas de longo alcance para silenciar os dissidentes.

Seán Kelly (PPE). – (EN) Senhor Presidente, a situação no Azerbaijão é muitodecepcionante. Trata-se de um país que não evoluiu verdadeiramente em matéria de direitospolíticos desde o desmantelamento da União Soviética. Existem demasiados exemplos defalta de liberdade – liberdade de expressão e liberdade de imprensa, essenciais a qualquerdemocracia plenamente funcional – assim como indícios de tortura de prisioneiros, deprocessos judiciais em que são admitidas provas obtidas ilegalmente, entre outros aspectos.

Por termos uma relação próxima com este país, não há dúvida de que necessitamos demanter um diálogo, mas a minha posição aproxima-se do raciocínio do senhor deputadoWatson: devemos igualmente ser implacáveis, porque se continuarmos com uma abordagembranda não obteremos resultados. Por conseguinte, espero que haja diálogo eempenhamento mútuo, mas temos de intensificar as nossas exigências de liberdade:liberdade de expressão e, acima de tudo, liberdade de imprensa.

Mitro Repo (S&D). – (FI) Senhor Presidente, a liberdade de expressão e a liberdade deassociação são direitos fundamentais universais e pedras basilares de uma sociedadedemocrática. É triste que a perseguição, a intimidação e a detenção sejam utilizadas comomeios de suprimir a diversidade da sociedade civil.

O Azerbaijão é signatário da Convenção dos Direitos do Homem e membro do Conselhoda Europa e tem a responsabilidade de salvaguardar os direitos humanos dos seus cidadãose de os respeitar. Os bloggers, jornalistas e activistas da sociedade civil são privados da sualiberdade de expressão no Azerbaijão, e os protestos pacíficos estão proibidos. Os jovensnão podem utilizar novas tecnologias de comunicação e redes sociais, sendo inclusivamentepunidos se o fizerem.

Esta situação é irónica, uma vez que o Estado certamente beneficiaria de uma sociedadecivil activa e diversificada. O desenvolvimento dos direitos democráticos e humanos noAzerbaijão deve ser apoiado no quadro da Política Europeia de Vizinhança e da ParceriaOriental.

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Page 180: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Vytautas Landsbergis (PPE). – (EN) Senhor Presidente, a resolução sobre o Azerbaijãomanifesta a nossa preocupação quanto a possíveis repercussões do sucedido no Norte deÁfrica neste país da Parceria Oriental.

Os líderes do Azerbaijão devem evitar, nas suas abordagens à oposição e a manifestantespacíficos, qualquer semelhança com os regimes do Norte de África, da Rússia ou daBielorrússia. Esta sugestão e aviso constam do documento apresentado, do qual algunspontos poderiam ser mais específicos nas suas críticas.

A formulação sobre o agravamento da situação dos direitos humanos e o maior númerode incidentes deveria ser precedida da palavra “recentemente”, visto que não se trata deacontecimentos gerais que se agravaram ao longo dos anos. Pelo contrário, até ao sucedidona Primavera, o Azerbaijão estava a evoluir de forma relativamente positiva e não estavalistado pela organização Human Rights Watch entre países de tão má reputação como aChina, o Iraque, Israel, a Rússia, a Arábia Saudita ou o Uzbequistão. Por não ser mencionadona lista, o país gozava de melhor reputação, mas agora necessitamos de mais equilíbrio.

Vasilica Viorica Dăncilă (S&D). – (RO) Senhor Presidente, enquanto parceiro activo daUnião Europeia no quadro da Política Europeia de Vizinhança e da Parceria Oriental, assimcomo na qualidade de membro fundador da Euronest, o Azerbaijão tem de respeitar oscompromissos que assumiu perante a União Europeia. Estes compromissos incluem orespeito da democracia, dos direitos humanos e do Estado de direito, das liberdadesfundamentais garantidas pela Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do Homeme das Liberdades Fundamentais, e de outros tratados internacionais de que o Azerbaijão ésignatário. Um país que aspira a tornar-se uma democracia reconhecida a nível mundialnão pode funcionar sem permitir que os cidadãos se manifestem pacificamente, sobretudoos jovens. Não é normal que sejam impedidos de realizar os seus exames apenas porquedetêm opiniões políticas diferentes das dos actuais líderes do país.

Enquanto parceiros europeus, gostaríamos que o Azerbaijão mantivesse um diálogopermanente com a sociedade civil, que a imprensa desse país usufruísse de liberdade deexpressão e pudesse funcionar sem quaisquer pressões políticas para fornecer informaçõescorrectas ao público, e que o acesso à Internet fosse livre e isento de censura, a fim defacilitar a comunicação entre o Azerbaijão e a Europa.

Justas Vincas Paleckis (S&D). – (LT) Senhor Presidente, o Azerbaijão moderno tem doisrostos. Por um lado, demonstra um crescimento económico impressionante, de que sedestacam enormes quantidades de petróleo, o progresso nas negociações com a UniãoEuropeia sobre o acordo de associação e a participação na Assembleia Parlamentar Euronest.Por outro lado, temos detenções, restrições à imprensa, perigosamente reminiscentes dasituação na Bielorrússia, já referida pelos meus colegas deputados. Considero que asautoridades de Baku têm de decidir-se a ouvir a opinião pública, uma vez que a passividadenão constitui uma opção, e a União Europeia, com todos os seus instrumentos, devecontribuir para que optem pela via certa.

László Andor, Membro da Comissão. – (EN) Senhor Presidente, os acontecimentos noAzerbaijão em matéria de democracia e direitos humanos continuam a ser uma fonte desérias preocupações para todos nós. Nos últimos anos, verificámos uma tendênciapreocupante para a ocorrência de crescentes restrições neste domínio. As eleições legislativasrealizadas em 7 de Novembro de 2010 não foram suficientes para representar um progressosignificativo no desenvolvimento democrático desse país.

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Page 181: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Existem outros domínios em que consideramos que o Azerbaijão necessita de melhorar oseu historial de pleno cumprimento dos seus compromissos para com o Conselho daEuropa e a OSCE. Em primeiro lugar, a liberdade de imprensa: existe uma ausência geralde pluralismo na comunicação social. Foram registadas igualmente ocorrências deperseguição e de violência contra jornalistas, assim como de processos judiciais duvidososcontra representantes da comunicação social. Alguns casos individuais neste domíniocontinuam a constituir motivo de preocupação.

A liberdade de associação representa outro domínio que me preocupa profundamente.Nos últimos meses foram tomadas várias medidas austeras pelas autoridades face a protestosorganizados e a tentativas de convocar manifestações inspiradas pelas revoluções daPrimavera Árabe. A detenção de activistas e outras medidas de repressão contramanifestantes são profundamente lamentáveis.

A União Europeia tem a responsabilidade de transmitir mensagens explícitas sobre aimportância da democracia, dos direitos humanos e do respeito do Estado de direito. Estasmensagens foram transmitidas pelo Presidente Barroso durante a sua visita a Baku emJaneiro e representarão uma prioridade da nossa agenda em futuras visitas.

Os direitos humanos e a democracia constituem pedras basilares da nossa cooperação como Azerbaijão ao abrigo do actual acordo de parceria e cooperação. No ano passado, criámosum novo Subcomité “Justiça, liberdade e segurança e direitos humanos e democracia”. Ademocracia e os direitos humanos representam igualmente um tema central nas nossasnegociações de um novo acordo de associação.

Saúdo a vontade do Azerbaijão de discutir estes métodos. Saúdo igualmente o papeldesempenhado pelo Parlamento Europeu na defesa dos valores democráticos perante osparceiros no Azerbaijão, incluindo através do seu trabalho no Comité de CooperaçãoUE-Azerbaijão.

Presidente. – Está encerrado o debate.

A votação terá lugar dentro de momentos.

Declarações escritas (artigo 149.º)

Monica Luisa Macovei (PPE), por escrito. – (RO) Quem critica o Governo no Azerbaijãoé silenciado. A resolução do Parlamento Europeu e os relatórios das organizações de direitoshumanos destacam graves violações de direitos humanos. Uma dessas violações, para quechamei a atenção do Conselho numa pergunta com pedido de resposta escrita, diz respeitoao jornalista Eynulla Fatullayev, que ainda se encontra detido, apesar de o Tribunal Europeudos Direitos do Homem ter emitido uma decisão no sentido da sua libertação. Destaqueieste facto nesse momento e insto agora à supressão das disposições em matéria dedifamação, calúnia e insultos (artigos 147.º e 148.º) do Código Penal. Um relatório recenteda organização Transparency International sobre o Azerbaijão refere que o Governo nãoestá a tomar medidas de combate à corrupção e que a independência do poder judicial nãoé garantida. Além disso, as autoridades responderam aos recentes protestos de 11 de Marçoe de 2 de Abril com detenções e perseguições. A democracia baseia-se na livre expressãoda vontade dos cidadãos. Exorto o Conselho e a Comissão a instarem as autoridades doAzerbaijão a respeitarem os direitos humanos, sobretudo os direitos associados à liberdadede expressão e de manifestação pacífica, assim como a tomarem medidas concretas decombate à corrupção e de reforma do sistema judicial. A União Europeia tem de apoiar

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todos os cidadãos que arriscam a vida e a liberdade nesse país em prol dos valores quepartilhamos.

Fiorello Provera (EFD), por escrito. – (IT) O Azerbaijão participa activamente na PolíticaEuropeia de Vizinhança, é um dos seis parceiros orientais da UE e encontra-se entre osfundadores da Assembleia Parlamentar Euronest. Os valores nucleares destas três iniciativassão o respeito da democracia, dos direitos humanos e do Estado de direito. Estas iniciativasdestinam-se a fomentar um diálogo político contínuo que possa aprofundar as ligaçõesentre os países membros e permitir que a Europa os acompanhe no seu caminho dereformas. Consideramos que o instrumento da resolução de emergência pode serdesadequado, ou mesmo contraproducente, para a consecução do objectivo pretendido,nomeadamente a evolução constante do Azerbaijão no sentido de uma democracia plenae moderna. As instituições criadas ao abrigo dos acordos obtidos ao nível interparlamentare intergovernamental destinam-se à consecução desses fins; são estas as instâncias adequadaspara exigir explicações face a eventuais violações de direitos e para promover com eficáciabons comportamentos e reformas democráticas.

Tadeusz Zwiefka (PPE), por escrito. – (PL) Mais uma vez, chamamos à atenção para aquestão da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e da política geral de tratamentode jornalistas no Azerbaijão. Os relatórios de várias fontes indicam que a situação dosjornalistas e de todos os activistas políticos no Azerbaijão está a tornar-se cada vez maisdifícil. Em 2005, o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, prometeu que os direitos dosjornalistas seriam respeitados plenamente e que poderiam contar com ajuda em caso deperigo. Porém, os factos revelam que essas palavras foram uma promessa vã.

Tendo eu, durante muitos anos, trabalhado como jornalista e possuindo um conhecimentoaprofundado da profissão, este assunto interessa-me particularmente. No Azerbaijão, osjornalistas são constantemente impedidos de desempenhar o seu papel essencial – fornecerinformações fiáveis e credíveis. É inaceitável que os jornalistas realizem o seu trabalho soba ameaça de serem detidos ou revistados. As autoridades do Azerbaijão têm de perceberque o funcionamento de uma comunicação social livre e independente constitui um sinalinequívoco para a comunidade internacional de que esse país representa um parceirocredível no cenário mundial.

A mensagem do Parlamento Europeu deve ser clara – os benefícios da cooperaçãoeconómica com a União Europeia não podem sobrepor-se às expectativas relacionadascom a necessidade de avançar no sentido de normas europeias de respeito dos direitoshumanos fundamentais, sobretudo liberdade de expressão e de imprensa, que constituempilares de democracia e são indispensáveis a qualquer sociedade democrática moderna.

16.3. Bielorrússia (debate)

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o debate de seis propostas de resolução sobre aBielorrússia (4) .

Jiří Maštálka, autor. – (CS) Senhor Presidente, nas nossas avaliações, temos de ter presenteque, da mesma forma que tentamos avaliar objectivamente os nossos próprios países, ospaíses parceiros ou vizinhos merecem exactamente a mesma abordagem.

(4) Ver Acta.

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Page 183: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Gostaria de referir, na qualidade de médico, que a violência não passa de violência, ondequer que ocorra. Contraria os nossos valores partilhados. Temos de tentar garantir que oscidadãos detidos dispõem de condições sanitárias adequadas e são tratados condignamente,em qualquer parte do mundo.

A Assembleia Euronest, criada recentemente, deveria constituir um instrumento deintercâmbio e de cooperação. No caso da Bielorrússia, é impossível cumprir plenamenteeste objectivo devido às medidas adoptadas. O resultado geral da decisão implica umaviolação da Declaração de Praga e o abrandamento de uma possível evolução positiva emmatéria de cooperação mútua.

Os nossos esforços estão concentrados na criação da Europa única que os jovens, acimade tudo, merecem, incluindo os jovens da Bielorrússia. Por conseguinte, devemosreconsiderar a nossa posição e se as restrições são o instrumento adequado para que asociedade civil da Bielorrússia nos considere um verdadeiro aliado.

No contexto do 25.º aniversário do desastre de Chernobyl, gostaria de instar a que vejama Bielorrússia numa perspectiva diferente, como um país que sofreu grandemente. Estedesastre afectou particularmente a Bielorrússia e, na minha opinião, é insultuoso que oscidadãos deste país sejam impedidos de participar na cerimónia oficial de comemoração.

Gostaria de endereçar um último comentário ao senhor deputado Tannock. Sei que é difícilfalar rapidamente em língua inglesa. Adoro o inglês enquanto língua de Shakespeare. Dapróxima vez, tente falar rapidamente na língua de Johann von Goethe, assim talvez oentendamos melhor. Faço este comentário enquanto cidadão checo.

Justas Vincas Paleckis, autor. – (LT) Senhor Presidente, nos cinco meses que decorreramdesde 19 de Dezembro, o ambiente político na Bielorrússia piorou drasticamente. Existeuma repressão crescente da oposição democrática, da imprensa livre e da sociedade civil.A Bielorrússia está igualmente a violar tratados internacionais. Sempre fui a favor do diálogocom Minsk, mas nas condições actuais está a tornar-se muito difícil, ou até impossível.Sobretudo devido ao facto de a União Europeia estar a ser alvo de acusações arbitrárias, eaté de assédio, por parte de Minsk. A resolução insta à criação de novas medidas de auxílioà sociedade civil e à oposição da Bielorrússia, o que é justo. Talvez seja apenas uma ilusão,mas considero que até Moscovo e Kiev poderiam efectuar um contributo através do diálogocom Minsk sobre a libertação de prisioneiros políticos.

Cristian Dan Preda, autor. – (RO) Senhor Presidente, no debate anterior, a par de várioscolegas deputados, fiz referência à sessão da Assembleia Parlamentar Euronest que decorreuna semana passada e onde, como será de conhecimento geral, não estiveram presentes osdeputados da Bielorrússia. A sua ausência deve-se ao facto de os deputados em Minsk nãoserem eleitos livremente. Além disso, a situação dos direitos humanos neste país mantém-semuito grave.

Creio que todos ficámos escandalizados com as medidas repressivas tomadas contra osmanifestantes em Dezembro. Neste momento, seis dos sete candidatos que concorreramcontra o Presidente Lukashenko ainda estão em julgamento e são vítimas de assédio. Muitosoutros cidadãos, incluindo os funcionários destes candidatos, estão detidos, meramentepela sua participação.

Considero que devem ser tomadas duas medidas importantes:

1. tem de ser realizado um inquérito independente aos actos de repressão;

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2. devem ser aplicadas sanções económicas à Bielorrússia, designadamente às empresasestatais do país que desempenham um papel influente na região.

Kristiina Ojuland, autora. – (EN) Senhor Presidente, discutimos hoje a situação daBielorrússia pela quarta vez este ano, mas os prisioneiros políticos detidos em Dezembroainda não foram libertados.

Agradecemos ao Conselho por voltar a aplicar sanções em matéria de vistos e umcongelamento de activos aos altos funcionários do Estado bielorrusso, que demonstraramque a nossa grande preocupação com os cidadãos da Bielorrússia não é apenas retórica vã.Talvez não tenhamos sido suficientemente explícitos. Por conseguinte, instamos a UniãoEuropeia a aplicar medidas restritivas contra o regime de Lukashenko. Sanções económicasbem fundamentadas e direccionadas contra empresas estatais terão um efeito que asautoridades bielorrussas não poderão ignorar.

O regime criminoso de Lukashenko depende em grande medida dos rendimentos dasexportações de químicos, da indústria pesada e dos têxteis, sectores detidos por empresasestatais. Ao fechar o mercado europeu, podemos demonstrar a nossa intenção determinadade derrubar o regime de Lukashenko. Temos a capacidade de fazer a diferença. Os cidadãosbielorrussos necessitam desesperadamente de uma transição de regime. Não devemosnegar-lhes a tão esperada liberdade.

Michał Tomasz Kamiński, autor. – (PL) Senhor Presidente, discutimos política e direitoshumanos no contexto da Bielorrússia. Gostaria de adoptar hoje uma abordagem poucoconvencional e recordar os nomes de duas pessoas associadas a este tema. Uma delas é omeu amigo, Anatol Lyabedzka, um óptimo bielorrusso e europeu, que foi libertadorecentemente depois de passar 100 dias na prisão, e estou plenamente convencido de quea sua detenção foi ilegal. Gostaria de transmitir-lhe hoje a solidariedade deste Parlamento– certamente da maioria dos seus deputados – uma vez que se trata de alguém que semdúvida a merece.

A segunda pessoa que gostaria de mencionar é Andrzej Poczobut, jornalista da GazetaWyborcza, um dos maiores jornais da Polónia. Gostaria de, conjuntamente com milharesde polacos, apelar à sua libertação. Este jornalista encontra-se igualmente detido e está aser perseguido apenas porque o regime de Lukashenko receia a liberdade de expressão –receia a liberdade de expressão, que constitui a base de qualquer democracia. Consideroque nós, europeus, reunidos hoje neste Parlamento, não temos outra opção senão afirmarbem alto: “sim” a uma Bielorrússia livre, “sim” à democracia na Bielorrússia e “sim” à naçãobielorrussa na Europa.

(Aplausos)

Raül Romeva i Rueda, autor. – (EN) Senhor Presidente, uma vez mais, deploro o ambienteconstante de medo e intimidação dos opositores políticos na Bielorrússia, e o assédio eperseguição contínuos das figuras da oposição desde as eleições presidenciais de Dezembrode 2010.

Em segundo lugar, censuro veementemente todas as condenações baseadas na acusaçãode participação em distúrbios massivos, e considero-as de cariz político e de naturezaquestionável. Gostaria de salientar que os julgamentos foram realizados à porta fechada.Não foi concedida aos detidos a possibilidade de chamarem as suas testemunhas e de sereunirem nas devidas condições e de forma regular com os seus representantes legais. Osadvogados dos acusados receberam diversas advertências do Ministério da Justiça, e alguns

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foram impedidos de exercer. Considero que os julgamentos não decorreram de formaimparcial.

Por fim, condeno o desrespeito, por parte das autoridades da Bielorrússia, dos direitosfundamentais de liberdade de reunião e de expressão, e insto à libertação imediata eincondicional de todos os manifestantes ainda detidos e à retirada de todas as acusaçõesque pesam sobre eles.

Jacek Protasiewicz, em nome do Grupo PPE. – (PL) Senhor Presidente, a situação naBielorrússia está de facto a deteriorar-se, literalmente de dia para dia, ao nível político eeconómico. Do ponto de vista político e em matéria de liberdades cívicas, testemunhamoso início dos julgamentos dos principais opositores de Alexander Lukashenko nas últimaseleições presidenciais, e vemos os procedimentos escandalosos aplicados nestes julgamentos.Observamos igualmente a repressão da comunicação social independente, incluindo, emparticular, o facto de Andrzej Poczobut já estar detido há muitas semanas. A deterioraçãoeconómica verifica-se na redenominação do rublo, na crise financeira e nos problemascom os pagamentos correntes. Além disso, Alexander Lukashenko está a perder o controloda situação do país e do seu próprio comportamento, como demonstram as declaraçõessurpreendentes e chocantes que proferiu sobre o Presidente da Ucrânia e o PresidenteBarroso.

Senhoras e Senhores Deputados, Comissão, Conselho, chegou a altura de pôr fim às palavrase aos apelos – é o momento de tomar medidas. O n.º 8 da nossa resolução refere claramente:chegou o momento de impor sanções económicas, uma vez que é esta a única linguagemque Lukashenko compreende. Se aplicarmos hoje sanções económicas, podemos esperarque os julgamentos escandalosos e a repressão escandalosa terminem finalmente, pois éesta a única linguagem que Lukashenko compreende. Por conseguinte, chegou o momentode passar a uma fase mais decidida de resposta à situação na Bielorrússia.

Mitro Repo, em nome do Grupo S&D. – (FI) Senhor Presidente, não é por acaso que aBielorrússia é considerada a última ditadura da Europa. Neste país, um cidadão pode serdetido por se candidatar a eleições ou por manifestar publicamente a sua opinião.

As últimas eleições presidenciais não foram democráticas. Além disso, as leis da Bielorrússianão permitem a liberdade de reunião, muito menos a liberdade de expressão. A intimidaçãoda oposição e dos grupos independentes de defesa dos direitos humanos tornou-se agoraum problema crónico do país. Uma democracia funcional depende da participação activada oposição e da sociedade civil no debate político. Os direitos humanos são universais,inalienáveis e interdependentes. A Bielorrússia é responsável pela salvaguarda dos direitoshumanos dos seus cidadãos e pelo seu respeito.

A Bielorrússia tem de ser apoiada de todas as formas possíveis no seu desenvolvimento deuma democracia funcional e dos direitos humanos no quadro da Parceria Oriental da UE.A UE tem de ponderar a utilização de sanções direccionadas, uma vez que a sociedade civilnão deve ser penalizada pela situação actual da Bielorrússia.

Leonidas Donskis, em nome do Grupo ALDE. – (EN) Senhor Presidente, não existe qualquerindício de que o regime bielorrusso venha a mudar por si só nos próximos meses ou anos.Apenas através de uma pressão muito forte da União Europeia poderemos esperar quaisqueralterações.

A Bielorrússia continua a violar todos os direitos fundamentais e liberdades cívicas. Noúltimo mês, testemunhámos repetidamente demonstrações por parte das autoridades

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bielorrussas de desdém e desrespeito pelos direitos fundamentais da liberdade de reuniãoe de expressão.

Podemos referir aqui a matriz de imutabilidade de Lukashenko e do seu regime, mas nãopodemos terminar numa nota tão pessimista. Temos de perceber que uma respostaadequada seria enviar uma mensagem aos bielorrussos – à nação bielorrussa – de que sãobem-vindos na Europa, a par da aplicação de pressão sobre o regime e de algumas palavraséticas sobre as suas violações de direitos humanos.

Não podemos ser induzidos em erro pelo facto de Lukashenko por vezes fazer as pazescom a União Europeia para enfurecer a Rússia temporariamente, ou vice-versa. É inaceitável.A situação na Bielorrússia tem de ser avaliada com muita ética e tem de ser exercida maispressão.

Tomasz Piotr Poręba, em nome do Grupo ECR. – (PL) Senhor Presidente, em média,discutimos a situação da Bielorrússia neste Parlamento uma vez a cada dois meses desdeo início do ano – trata-se agora da terceira ocasião. Falámos de casos de violações de direitoshumanos, mencionámos os nomes dos activistas da oposição que foram detidos ediscutimos o modo como a capacidade de funcionamento de muitas organizações cívicase não-governamentais é limitado. Devemos, de facto, condenar todas estas questões eprotestar veementemente contra elas. No entanto, considero igualmente importante, talvezaté mais importante, um verdadeiro envolvimento da União Europeia na construção dasociedade civil, na prestação de apoio financeiro às organizações não-governamentais e àcomunicação social livre, assim como a imposição de sanções económicas. No que respeitaàs sanções económicas, considero que chegou o momento certo e que devemos aplicá-lasassim que possível.

Vamos hoje votar uma resolução destinada a conceder apoio moral à sociedade bielorrussa.Na minha opinião, esta votação deve ser seguida de medidas concretas, nomeadamentemedidas financeiras e sanções económicas, que permitirão a restauração da liberdade e dademocracia na Bielorrússia.

Krisztina Morvai (NI). – (HU) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,ocorreram-me duas perguntas durante a nossa discussão da situação de direitos humanosna Bielorrússia. Em primeiro lugar: o que diriam do facto de, daqui a um ou dois anos, osmembros do actual Governo de Lukashenko estarem aqui no Parlamento Europeu navice-presidência da Comissão LIBE, responsável pelas liberdades cívicas e pelos direitoshumanos? Em segundo lugar: quando chegará o momento em que, nestes debates dequinta-feira à tarde, verei na ordem do dia, entre outros países terceiros, os Estados Unidosou Israel, por exemplo, sobretudo tendo em conta que já discutimos continuamente assuas situações em matéria de direitos humanos?

Permitam-me referir alguns pormenores adicionais sobre estas duas perguntas nos doisminutos que me restam: falei-vos da questão de um membro do Governo de Lukashenko.Senhoras e Senhores Deputados, Kinga Göncz, membro do Governo do Lukashenkohúngaro, Ferenc Gyurcsány, é Vice-Presidente da Comissão LIBE e dá prelecções aosrepresentantes de Itália, de França e de outras democracias sobre direitos humanos.

Por que motivo se tornou famoso este Lukashenko húngaro, Ferenc Gyurcsány? Pelosmesmos elementos – e, em certa medida, mais pronunciados – que são enunciados nesterelatório sobre Lukashenko e a Bielorrússia e que estão a ser alvo de objecções, estabelecendouma referência consideravelmente superior para Lukashenko e a Bielorrússia, um país

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externo à União Europeia, do que os utilizados para a Hungria e Ferenc Gyurcsány, incluindoo facto de o Lukashenko húngaro ter desmantelado violentamente todas as manifestaçõessignificativas contra o Governo. Pessoalmente, recebi uma indemnização e um pedido dedesculpas da polícia por me ter atingido – uma candidata ao Parlamento Europeu – na caracom gás lacrimogéneo. O facto mais surpreendente é ainda estarem detidos actualmentecidadãos, alguns a cumprir pena efectiva e outros em prisão preventiva, que foram figurasde destaque nos protestos contra o Governo.

A minha outra pergunta diz respeito aos Estados Unidos. Este país ainda aplica a pena demorte e a tortura utilizada em Guantánamo é idêntica à da Bielorrússia, que está a sercriticada. Será que alguém tenciona apoderar-se dos activos nacionais da Bielorrússia? Nãoserá esse o motivo de este país estar a ser escolhido aleatoriamente, sobretudo tendo emconta o facto de que estão a ameaçar recorrer a sanções contra os seus activos nacionais eempresas estatais?

Bernd Posselt (PPE). – (DE) Senhor Presidente, não costumo concordar com o senhordeputado Maštálka, mas hoje concordo. Em primeiro lugar, gostaria de afirmar que todasas partes interessadas têm de desenvolver esforços para que a democracia e o Estado dedireito prevaleçam finalmente na Bielorrússia. Em segundo lugar, gostaria de defender omultilinguismo. À semelhança do senhor deputado Maštálka, também eu sou oriundo deuma mini-Europa, o antigo Império de Habsburgo, que não era negativo em muitosaspectos, mas que se desagregou porque o seu maior grupo linguístico – designadamenteo meu, dos falantes de alemão – insistiu sempre em que todos falassem alemão. Este aspectoimplicou o fim de uma comunidade multinacional. Senhor deputado Tannock, tenho-oem grande consideração, mas estamos aqui para defender o multilinguismo eespecificamente os direitos das línguas minoritárias.

Quanto à Bielorrússia, gostaria de referir que, há 20 anos, a Croácia e a Eslovéniatornaram-se independentes – eu estava lá – e, em Agosto, seguiram-se os Estados do Báltico,a Rússia e a Ucrânia. Ninguém pensaria que, 20 anos depois, ainda existiria uma ditadurana Europa. Infelizmente, não existe apenas uma. Existe a Bielorrússia, uma tendência paraa ditadura na Rússia, um retrocesso na Ucrânia e problemas na Moldávia e na Transnístria.Por conseguinte, temos de perceber que toda a nossa vizinhança oriental enfrenta umaameaça à sua liberdade a vários níveis. Assim, temos de ser muito claros, de pensarestrategicamente e de tornar a liberdade e o Estado de direito a bitola para as nossas relaçõesem toda a vizinhança oriental, sobretudo quando se trata da Bielorrússia.

Marek Henryk Migalski (ECR). – (PL) Senhor Presidente, começarei com uma nota deteor pessoal. A organização Libereco Partnership for Human Rights pediu-me para apadrinharum activista da oposição detido na Bielorrússia. Pediram-me que adoptasse DmitryBandarenka. Gostaria de sugerir que todos os envolvidos nestas questões pedissem a estaorganização para apadrinharem pessoalmente bielorrussos vítimas de repressão e as suasfamílias – esta seria uma resposta ao problema do que podemos fazer em prol de cidadãosque, de facto, não estão muito longe, num país que partilha uma fronteira com a UniãoEuropeia.

Porém, estou certo de que todos apoiamos medidas fortes e claras. Já foi referido nesteParlamento que serão precisas sanções e advertências firmes, pois só podemos falar comLukashenko através de uma linguagem que ele perceba – ora, Lukashenko percebe alinguagem do seu interesse próprio e percebe a linguagem da força. Para salvar os direitoshumanos e a democracia, temos de utilizar uma linguagem que seja entendida em Minsk.

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Page 188: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Sinto que, apesar de já termos discutido este tema muitas vezes aqui no Parlamento, nãoobtivemos muitos resultados dos nossos debates. Trata-se, sem dúvida, de um apelo a estaAssembleia e a todos os organismos e instituições da União Europeia, mas é também umdesafio que proponho que transmitam aos vossos países e governos nacionais, pois têmpelo menos o mesmo poder que nós, enquanto representantes da União Europeia, paraconvencer o senhor Lukashenko a estabelecer a democracia e a liberdade na Bielorrússia.

Eija-Riitta Korhola (PPE). – (FI) Senhor Presidente, no seguimento das eleições deDezembro, o Presidente Lukashenko da Bielorrússia começou deliberadamente a aniquilara já débil oposição política e a comunicação social independente.

Cerca de 40 cidadãos que tinham participado nas manifestações após as eleições foramacusados de perturbar a ordem pública, o que pode significar uma pena máxima de 15anos de prisão. O poder antidemocrático na Bielorrússia encontra-se muito concentradono seu Presidente.

Lukashenko exerce agora o seu quarto mandato e, durante 16 anos, demonstrou que osprogressos no sentido da democracia são apenas um jogo muito cínico. As restriçõesimpostas pela UE à Bielorrússia são, por conseguinte, plenamente justificadas e deveriaminclusivamente ser intensificadas.

Apoio convictamente o apelo que o Parlamento dirigiu ontem à Federação Internacionalde Hóquei no Gelo para que a Bielorrússia perca o direito a organizar o CampeonatoMundial de 2014 se não libertar todos os seus prisioneiros políticos. A UE deveriaigualmente impor sanções económicas direccionadas e intensificar o seu apoio às ONGna Bielorrússia.

Vasilica Viorica Dăncilă (S&D). – (RO) Senhor Presidente, há muito tempo que acomunidade internacional, que inclui igualmente a União Europeia, tem vindo a apelar àsautoridades bielorrussas para respeitarem os compromissos internacionais assumidos,abolirem as medidas repressivas utilizadas contra representantes da oposição, libertaremos manifestantes detidos durante vários protestos, porem cobro às medidas repressivascontra a imprensa livre, a sociedade civil e os activistas de direitos humanos, e permitirema realização de julgamentos justos e transparentes. As autoridades bielorrussas têm deperceber que, se não respeitarem os direitos humanos e o Estado de direito, emconformidade com a declaração conjunta da Cimeira da Parceria Oriental de 7 de Maio de2009, de que o Governo bielorrusso é co-signatário, a União Europeia não poderácomprometer-se a prestar apoio.

Ulrike Lunacek, autora. – (EN) Senhor Presidente, pedi para intervir porque gostaria decomentar as palavras da senhora deputada Morvai. A senhora deputada Kinga Göncz nãopertence ao meu partido, mas fico escandalizada com a forma como a senhora deputadaMorvai utilizou um debate sobre a última ditadura da Europa – a Bielorrússia sob o poderdo senhor Lukashenko – para desacreditar uma deputada deste Parlamento apelidando-ade Lukashenko húngara.

(Aplausos)

Esse comentário contraria os valores e a honra do nosso Parlamento Europeu, de que todossomos membros eleitos.

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Page 189: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Krisztina Morvai (NI). – (EN) Senhor Presidente, pergunto-me se a senhora deputadaLunacek me ouviu quando referi que a senhora deputada Göncz pertencia ao Governo doLukashenko húngaro – o Governo do senhor Gyurcsány.

Responda por favor à seguinte questão, Senhora Deputada Lunacek. O que sabe dasinúmeras violações de direitos humanos cometidas na Hungria em 2006? Seja sucinta,por favor. Não foram menores em gravidade nem em número do que as de Lukashenkoe, enquanto advogada de direitos humanos, condeno veementemente as duas situações –a utilização de gás lacrimogéneo por membros do seu regime e as detenções arbitrárias,bem como as violações de direitos humanos do Presidente Lukashenko. Ambas as situaçõessão intoleráveis, e os senhores, enquanto deputados a este Parlamento, deveriamcombatê-las.

Ulrike Lunacek, autora. – (EN) Senhor Presidente, suponho que a oradora anterior estejasimplesmente a confundir factos. Não existe qualquer partido Lukashenko na Hungria.Não sou húngara e não pertenço ao Partido Social Democrata nem ao seu grupo noParlamento Europeu, mas recuso-me a aceitar que um deputado a este Parlamento possacriticar um colega deputado alegando que é membro de um partido de ditadura de um paísterceiro.

(Aplausos)

Martin Schulz (S&D). – (DE) Senhor Presidente, a senhora deputada Göncz é deputadaao Parlamento Europeu pelo mesmo grupo que eu. Podem ser contra Ferenc Gyurcsány,ou a favor. Podem discordar da senhora deputada Göncz, ou apoiá-la. Compete a cadaindivíduo decidir, com liberdade e independência, se é a favor ou contra as convicçõespolíticas de outra pessoa.

Este debate diz respeito à última ditadura da Europa. Trata-se de um dos ditadores maisviolentos e cruéis do continente europeu. Considero totalmente inaceitável que um membrodo meu grupo, eleito livre e democraticamente, seja comparado a um ditador sanguinário.Na minha opinião, também o Parlamento deve condenar estes comentários, sobretudoquando são proferidos por um representante de um partido que é responsável por um ódioe por uma perseguição à minoria Roma na Hungria inigualáveis na Europa. Se existe umapessoa aqui que não tem o direito de criticar a senhora deputada Göncz, essa pessoa é asenhora deputada Morvai.

(Aplausos)

Charles Tannock, autor. – (EN) Senhor Presidente, vou referir-me à Bielorrússia e não àpolítica interna húngara. A União Soviética sucumbiu há 20 anos, mas para o PresidenteLukashenko da Bielorrússia parece que nada mudou. A repressão política é tão prevalentecomo nos tempos soviéticos, e a polícia secreta de Lukashenko – que ainda se denomina,de forma provocadora, KGB – é o instrumento da sua aplicação.

Como recordamos dos protestos pós-eleitorais de Dezembro do ano passado, Lukashenkonão tolera a dissidência e aparentemente tem gosto em recorrer à violência e à intimidaçãocontra activistas pró-democracia. Como ilustra pormenorizadamente a resolução hojeapresentada, Lukashenko intensificou a sua campanha de perseguição e intimidação contratodos os cidadãos que se atrevam a desafiar o seu domínio implacável. Podemos instar aque ponha cobro a esta repressão inútil, a que liberte todos os prisioneiros políticos e aque reencaminhe a Bielorrússia para uma democracia genuína, pluralista e multipartidária.

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Page 190: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Na sessão constitutiva da semana passada da Assembleia Parlamentar Euronest, osrepresentantes da Bielorrússia estiveram devidamente ausentes. A Bielorrússia é a peça quefalta ao puzzle democrático da Europa, e aguardo o dia em que retornará à família europeia.

Alfreds Rubiks (GUE/NGL) . – (LV) Senhor Presidente, apoio plenamente a insistênciado Parlamento Europeu e dos senhores deputados aqui presentes de que os direitos humanosna União Europeia e em todo o mundo constituem direitos fundamentais, nomeadamenteas fundações da vida. Contudo, em geral não apoio que se acuse um país (sem citar exemplosconcretos), o seu líder ou todos os seus cidadãos de crimes que não cometeram. Se falamosdo facto de alguém da oposição (e não apenas da oposição) ter sido detido na sequênciade determinados acontecimentos, e consideramos essa circunstância como um tipo deditadura, então qual é o propósito dos tribunais num sistema democrático? Deixemos ostribunais resolverem o que sucedeu nesse país e a situação de quem foi justa ou injustamentecondenado ou detido. O facto de se pertencer à oposição não justifica que se possa agirindiscriminadamente. Insto a que se adopte uma atitude extremamente tolerante eequilibrada para com todos os envolvidos.

László Andor, Membro da Comissão. – (EN) Senhor Presidente, a Comissão está seriamentepreocupada com a situação na Bielorrússia e, em particular, com os acontecimentosocorridos na sequência da violação das normas eleitorais nas eleições presidenciais de 19de Dezembro de 2010.

A repressão está a aumentar, com a realização de julgamentos de ex-candidatos presidenciaise dos restantes activistas detidos. Simultaneamente, estão em curso processos que podemresultar no encerramento de dois dos últimos jornais independentes – o Nasha Niva e oNarodnaya Volya – e a perseguição à oposição política, à sociedade civil e à comunicaçãosocial independentemente permanece.

A senhora Vice-Presidente/Alta Representante Ashton proferiu várias declarações geraise específicas sobre a situação na Bielorrússia. Condenámos explicitamente a deterioraçãodesta situação e instámos repetidamente a que se ponha cobro à repressão actual da oposiçãopolítica e da sociedade civil, a que se libertem todos os prisioneiros e se cancelem osjulgamentos de motivação política. Manifestámos igualmente a nossa séria preocupaçãoface aos relatos de tortura e de outros tipos de violência, intimidação e de irregularidadesnos tribunais.

Permitam-me lembrar-lhes que, em Janeiro, o Conselho adoptou medidas restritivasincluindo uma proibição de vistos e um congelamento de activos. A lista inclui actualmente175 indivíduos – que devem comparar-se aos 40 nomes apresentados para umcongelamento de activos e uma proibição de vistos após as eleições de 2006 – e estamosdispostos a incluir mais nomes, dependendo da evolução da situação. Além disso, estamosa considerar opções para mais medidas possíveis, incluindo no domínio económico.

Nas nossas mensagens, explicitámos que pretendemos manter o nosso compromisso comos cidadãos e a sociedade civil da Bielorrússia. Estamos a avançar no domínio da facilitaçãodos vistos. O Conselho de 28 de Fevereiro adoptou directrizes de negociação para afacilitação dos vistos e acordos de readmissão, e instamos os Estados-Membros aaproveitarem ao máximo as opções de flexibilidade criadas pelo Código de Vistos,nomeadamente a possibilidade de abolir ou de reduzir os emolumentos relativos a vistospara determinadas categorias de cidadãos. Na vertente da ajuda, a Comissão está aquadruplicar o seu apoio à população e à sociedade civil da Bielorrússia.

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Page 191: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Continuamos empenhados numa política de diálogo crítico com a Bielorrússia. Este factoestá bem patente nas conclusões do Conselho “Assuntos Externos” de 31 de Janeiro.Simultaneamente, é evidente que qualquer aprofundamento das nossas relações bilateraisdependerá da medida em que a Bielorrússia demonstrar a sua vontade de respeitar osprincípios da democracia, do Estado de direito e dos direitos humanos.

Em conclusão, gostaria de referir que a situação na Bielorrússia continua a ser prioritáriapara a nossa agenda. Congratulo-me por ver que uma grande maioria deste Parlamentoestá empenhada em manter um debate sério sobre este tema e em evitar distracções.Continuaremos a acompanhar atentamente a evolução da situação e estamos prontos parareagir em consonância.

Presidente. – Está encerrado o debate.

A votação terá lugar dentro de instantes.

Declarações escritas (artigo 149.º)

Jacek Olgierd Kurski (ECR), por escrito. – (PL) Há muito tempo que testemunhamos aimpotência política da União Europeia face à situação trágica da Bielorrússia. As resoluçõese apelos sucessivos não foram eficazes. O regime prepotente de Alexander Lukashenkoamordaça a oposição, condena os seus líderes e envia-os para prisões designadas “colóniaspenais”. Neste contexto, basta mencionar os nomes dos candidatos presidenciais da oposiçãoAndrei Sannikau, que começou a ser julgado há um mês, e Mikalai Statkevich, que seencontra detido pelo KGB. Que medidas tomou a União para a sua libertação? O segredopara uma revolução bem-sucedida na Bielorrússia é a Rússia, que sempre foi aliada doregime. Por conseguinte, seria útil, na próxima reunião com os líderes do Kremlin, nãoreferir uma zona comum de segurança europeia entre o Atlântico e os Urais, comopretendem os líderes de França e da Alemanha, e abordar os verdadeiros desafios queresidem nas imediações das nossas fronteiras. A crise económica na Bielorrússia representao momento ideal para uma mudança. Todo o apoio internacional deve estar dependentedas mudanças democráticas na Bielorrússia.

17. Período de votação

Presidente. – Segue-se na ordem do dia a votação.

(Para os resultados e outros pormenores sobre a votação: ver Acta)

17.1. Sri Lanka: seguimento do relatório da ONU (B7-0324/2011)

– Antes da votação:

Claude Moraes (S&D). – (EN) Senhor Presidente, em nome da senhora deputadaVéronique De Keyser, gostaria de propor uma alteração oral ao n.º 13, com a seguinteredacção:

“Convida a Vice-Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os NegóciosEstrangeiros e a Política de Segurança, o Conselho e a Comissão a apoiar os esforços parareforçar o processo de responsabilização no Sri Lanka e a apoiar o relatório das NaçõesUnidas, nomeadamente a criação imediata de um mecanismo internacional de justiça”.

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Page 192: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Geoffrey Van Orden (ECR). – (EN) Senhor Presidente, realizámos negociaçõesprolongadas com seis grupos políticos sobre esta resolução específica. Trata-se de umaresolução de compromisso que, evidentemente, contém elementos que muitos de nósgostariam de ver retirados, e estão ausentes elementos que muitos de nós gostariam de verincluídos. Mas o acordo entre os seis grupos políticos foi que não ocorreriam alterações –orais, escritas, ou de outra natureza –, pelo que considero que apresentar agora umaalteração oral constitui uma violação desse compromisso e invalida as negociações. Porconseguinte, devemos rejeitar esta alteração.

(A alteração oral é rejeitada)

17.2. Azerbaijão (B7-0329/2011)

17.3. Bielorrússia (B7-0332/2011)

Presidente. – Está encerrado o período de votação.

18. Correcções e intenções de voto: ver Acta

19. Declarações escritas inscritas no registo (artigo 123.º do Regimento): Ver Acta

20. Composição das comissões e delegações : Ver Acta

21. Transmissão dos textos aprovados na presente sessão : Ver Acta

22. Calendário das próximas sessões: ver Acta

23. Interrupção da Sessão

Presidente. – Dou por interrompida a sessão do Parlamento Europeu.

(A sessão é suspensa às 16H40)

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Page 193: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

ANEXO (Respostas escritas)

PERGUNTAS AO CONSELHO (Estas respostas são da exclusivaresponsabilidade da Presidência em exercício do Conselho da UniãoEuropeia)

Pergunta n.º 1 , de Jim Higgins ( H-000155/11 )

Assunto: Devolução de capturas e reforma da PCP

"A Presidência húngara prestará particular atenção à reforma da PCP. A simplificação daPCP começou em 2005, o Livro Verde publicado pela Comissão Europeia, as consultasiniciadas em 2009 e as propostas que a Comissão deverá apresentar em breve destinam-setodas a assegurar pescas e práticas de aquicultura sustentáveis. Espera-se que a Presidênciahúngara lance o debate político sobre esta política comum de grande importância. Caberáà Presidência húngara prosseguir o tratamento da questão do prolongamento daregulamentação comunitária temporária relativa a medidas técnicas horizontais no domínioda pesca”.

Tendo em conta o que precede, como propõe o Conselho que seja tratada a questão dadevolução de capturas enquanto parte da reforma da PCP?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) O Conselho já reconheceu a importância crucial de se eliminarem as devoluções decapturas. Nas suas conclusões sobre a Comunicação da Comissão ao Conselho e aoParlamento Europeu "Uma política destinada a reduzir as capturas acessórias indesejadase a eliminar as devoluções nas pescarias europeias", aprovadas em 11-12 de Junho de2011 (5) , o Conselho subscreveu "a necessidade de analisar com urgência formas de [...]progressivamente [...] eliminar as devoluções" e registou "que tal abordagem pode termuitas implicações, tais como uma "proibição de devoluções" que regulamente o que écapturado em vez do que é desembarcado, e uma mudança para uma gestão baseada nosresultados". O Conselho apela também "à Comissão, aos Estados-Membros e às partesinteressadas para que incrementem os esforços de investigação em matéria de concepçãode artes, métodos e práticas de pesca neste contexto".

O Conselho espera com interesse as propostas legislativas da Comissão, previstas paraJulho de 2011, no quadro da reforma da Política Comum das Pescas. O Conselho foiinformado que a Comissão está decidida a propor uma "proibição das devoluções" nopróximo pacote de reformas da PCP (6) . O Conselho aproveitará seguramente aoportunidade para realizar uma análise aprofundada destas matérias logo que as propostassejam lançadas.

(5) 11063/07 PECHE 213.(6) Acta da Comissão sobre a Reunião de Alto Nível relativa à eliminação das devoluções, 4 de Março de 2011, Ares

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Page 194: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Entretanto, o Conselho e os Estados-Membros estão a desenvolver activamente trocas deopiniões sobre esta questão.

** *

Pergunta n.º 2 , de Georgios Papanikolaou ( H-000156/11 )

Assunto: Iniciativa emblemática "Plataforma europeia contra a pobreza"

O programa de trabalho da Presidência húngara para o semestre em curso indica que, noâmbito da iniciativa emblemática "Plataforma Europeia contra a pobreza", o Conselho iráprestar particular atenção ao problema da pobreza infantil. Considerando que, dos 100milhões de crianças e jovens até aos 18 anos, 20 milhões estão em risco de pobreza e queesta está directamente relacionada com a crise económica, mas também com o abandonoescolar precoce, solicita-se ao Conselho que responda às seguintes perguntas:

Considera que a iniciativa emblemática é um mecanismo adequado para lutar contra apobreza infantil?

Atendendo a que, no ano passado, as taxas de pobreza se mantiveram estáveis ou seagravaram ou na maioria dos Estados-Membros, considera o Conselho que a actual crisefinanceira nos Estados Membros da União poderá prejudicar os objectivos definidos naEstratégia "Europa 2020" para o combate à pobreza e ao abandono escolar precoce?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) A Declaração do Conselho no Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a ExclusãoSocial "Colaborar na luta contra a pobreza em 2010 e nos anos vindouros", adoptada em6 de Dezembro de 2010, afirmava que "a luta contra a pobreza infantil deve figurar notopo das prioridades" da União Europeia e dos seus Estados-Membros durante a próximadécada e que "importa que as políticas orçamental e de consolidação financeira atendamdevidamente à necessidade de proteger todas as pessoas vulneráveis e de prevenir a exclusãosocial".

Neste contexto, com salienta e muito bem o senhor deputado, enfrentar a pobreza infantile promover o seu bem-estar é uma das prioridades fundamentais da Presidência húngaraem matéria social.

A Presidência irá submeter ao Conselho um projecto de conclusões que terá em consideraçãoa declaração do Trio de Presidências adoptada no final da conferência subordinada ao tema"Roteiro para uma recomendação sobre a pobreza infantil e o bem-estar das crianças", quese realizou em 2 e 3 de Setembro de 2010, por ocasião da qual as Presidências espanhola,belga e húngara apresentaram uma série de recomendações para a acção futura.

A pobreza infantil é um fenómeno multidimensional, exigindo, por conseguinte, umaabordagem abrangente combinando emprego para os pais, apoio ao rendimento e acessoaos serviços sociais, incluindo os cuidados a crianças, bem como os serviços de saúde eeducação. Essa abordagem abrangente deve incluir a utilização de recursos financeiros e

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Page 195: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

humanos adequados, bem como cumprir os Tratados, a Carta dos Direitos Fundamentaisda União Europeia e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.

Assim, é importante os Estados-Membros realçarem devidamente os aspectos da pobrezainfantil nas suas políticas nacionais, levando-os em consideração na preparação dos seusProgramas Nacionais de Reforma, inserindo-os no contexto de objectivos e recursosadequados, e, por fim, supervisionando acordos de avaliação.

Combater a pobreza infantil e promover o bem-estar das crianças deve figurar no topo dasprioridades inscritas no quadro da estratégia UE 2000, que inclui, entre os seus grandesobjectivos, a promoção da inclusão social, nomeadamente através da redução da pobreza.A propósito, vale a pena referir que o Conselho, em 7 de Março de 2011, se congratuloucom a Comunicação da Comissão sobre a sua iniciativa emblemática "Plataforma Europeiacontra a Pobreza e a Exclusão Social", a qual propõe uma abordagem integrada e inovadoratendo em vista um compromisso conjunto entre os Estados-Membros, a nível nacional,regional e local, bem como as instituições da UE e as principais partes interessadas (parceirossociais e ONG) nos seus esforços de combate à pobreza e à exclusão social.

** *

Pergunta n.º 3 , de Marian Harkin ( H-000160/11 )

Assunto: Pacote relativo à governação económica

Dado que uma das prioridades do Conselho é realçar o papel do diálogo social, consideraque estão a ser realizados progressos suficientes sobre esta questão no contexto do Pacoterelativo à governação económica?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) Perante o objecto de algumas propostas do Pacote relativo à governação económica,nomeadamente a Proposta sobre prevenção e correcção dos desequilíbriosmacroeconómicos (7) , a Proposta relativa à aplicação eficaz da supervisão orçamental naárea do euro (8) e a Proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativoàs medidas de execução para corrigir os desequilíbrios macroeconómicos excessivos naárea do euro (9) , a Comissão sugeriu a consulta do Comité Económico e Social Europeunuma base opcional.

O Conselho consultou o CESE em 6 de Dezembro de 2010 e este emitiu parecer no seuplenário de 4 e 5 de Maio de 2011.

Nesse parecer, o Comité Económico e Social Europeu considerou, nomeadamente, que"Um diálogo social e político maduro e global permite enfrentar os desafios sociais eeconómicos, em particular os de longo prazo como o da reforma do regime de pensões e

(7) JO C 121 de 11.4.2011, p. 26(8) JO C 121 de 11.4.2011, p. 25(9) JO C 121 de 11.4.2011, p. 26

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Page 196: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

o das despesas da saúde". Na perspectiva do CESE, "Para que os governos possam alcançarobjectivos como a sustentabilidade orçamental e o equilíbrio macroeconómico, sãonecessárias fortes parcerias sociais e uma intensa colaboração, incluindo um consensopolítico" (10) .

Recorde-se que, em 24 e 25 de Maio de 2011, por ocasião do Conselho Europeu, os Chefesde Estado ou de Governo da zona euro concordaram que um reforço da coordenação daspolíticas económicas entre os Estados-Membros da zona euro e quaisquer outros quedesejem associar-se à garantia da evolução dos custos deve prestar especial atenção àobservância das tradições nacionais em termos de diálogo social e relações laborais. CadaEstado-Membro será portanto responsável pelas medidas específicas pelas quais opte, naobservância das suas tradições nacionais em termos de diálogo social e relações laborais.

Para além do cumprimento integral dos acordos nacionais de diálogo social, cada Presidênciado Conselho prevê uma reunião com os parceiros sociais a título do diálogomacroeconómico. Esta realiza-se à margem do Conselho Ecofin e garante uma discussãoregular entre os representantes dos parceiros sociais, a nível da UE, sobre as prioridadesda política económica a esse mesmo nível.

** *

Pergunta n.º 4 , de Zigmantas Balčytis ( H-000163/11 )

Assunto: Constituição de um Fundo de Estabilidade Financeira permanente

Os Ministros das Finanças dos países do Eurogrupo chegaram a acordo para criar um fundopermanente de estabilidade financeira da área do euro no montante de 700 mil milhõesde euros e para estabelecer um mecanismo europeu de estabilidade para a criação dagovernação económica da área do euro. Este contribuiria para reforçar a coesão e acompetitividade económica e para estabilizar o sistema financeiro unicamente nos paísesda área do euro.

Quando aderiram à União Europeia, todos os Estados-Membros da União abriram o seumercado interno e comprometeram-se a integrar a área do euro quando os critérios exigidosfossem cumpridos de maneira objectiva (sem recorrer ao menor artifício para os satisfazer).A crise atingiu sobretudo os Estados-Membros economicamente menos desenvolvidos daUnião Europeia, mas estas decisões tomadas impedi-los-ão de beneficiar das ajudasfinanceiras e de um relançamento económico mais rápido no futuro.

Gostaria de perguntar ao Conselho se não considera que estas decisões criam um clube depaíses exclusivo, quando os Estados-Membros que não estão na área do euro ficam àmargem da recuperação económica e financeira. Não considera o Conselho que a UniãoEuropeia tem necessidade da coordenação das economias de todos os Estados-Membrosda União Europeia e da estabilização dos sistemas financeiros, bem como da atribuiçãodas medidas financeiras necessárias aos Estados-Membros fora da área do euro?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período de

(10) Ver parecer ECO/285, adoptado no plenário do CESE de 5.5.2011

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Page 197: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

perguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) A principal responsabilidade pela política económica cabe aos própriosEstados-Membros. A União Europeia acompanha-os e coordena-os, nomeadamente nocontexto do Pacto de Estabilidade e Crescimento e das Orientações Gerais de PolíticaEconómica.

O novo pacote de governação económica, sobre o qual o Conselho espera conseguir chegara acordo com o Parlamento Europeu até Junho, estabelecerá um quadro para uma vigilânciae uma coordenação mais eficazes das políticas orçamentais e macroeconómicas de todosos Estados-Membros. O Semestre Europeu criado este ano conjuga o calendário deapresentação dos programas de estabilidade e convergência com os programas nacionaisde reforma a fim de garantir coerência a todos os níveis (disciplina orçamental, estabilidadee crescimento macroeconómicos), mantendo simultaneamente os processos individuaisformalmente separados. Graças a este procedimento, a coordenação das políticasorçamentais será conduzida através de um mecanismo ex ante, em vez do mecanismo expost actualmente em vigor.

Estes elementos deverão ajudar a salvaguardar a estabilidade na zona euro e na UE no seuconjunto. Se se revelarem insuficientes para alcançar esse objectivo, o Mecanismo Europeude Estabilidade (MEE) poderá fornecer, a pedido de um Estado-Membro da zona euro queesteja a sofrer desequilíbrios graves e por decisão do Conselho de Governadores do MEE,apoio financeiro ao Estado-Membro em causa.

Nos casos em que um Estado-Membro individual de fora da zona euro venha a sentirdificuldades especiais que precisem de ajuda externa, o Conselho criou um quadro noâmbito do Regulamento (CE) n.º 332/2002 do Conselho, de 18 de Fevereiro de 2002, queestabelece um mecanismo de apoio financeiro a médio prazo às balanças de pagamentosdos Estados-Membros (11) .

Com base nesse regulamento, o Conselho pode adoptar uma decisão com vista a concederajuda financeira ao países fora da zona euro sempre que estes enfrentem dificuldades ouse encontrem seriamente ameaçados com dificuldades no que respeita à sua balança depagamentos, nos termos do n.º 1 do artigo 143.º do Tratado FUE. Desde a eclosão da criseeconómica e financeira, esse tipo de apoio foi concedido a três Estados-Membros: Hungria,Letónia e Roménia.

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Pergunta n.º 5 , de Vilija Blinkevičiūtė ( H-000165/11 )

Assunto: Implementação da iniciativa " Novas competências para novos empregos"

Em 23 de Novembro de 2010, a Comissão Europeia lançou a sua iniciativa emblemática"Novas competências para novos empregos", que visa modernizar os mercados de trabalhoe ajudar as pessoas a desenvolver as suas competências ao longo da sua vida a fim demelhorar a participação no mercado de trabalho e garantir uma melhor adequação entreoferta e procura de empregos. Esta iniciativa deve ser implementada tanto a nível nacionalcomo da UE

(11) JO L 53 de 23.2.2002, p. 1

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A Hungria, que ocupa actualmente a Presidência semestral da UE, comprometeu-se, noseu programa, a prestar uma grande atenção a estas novas competências para novosempregos. Por conseguinte, que medidas concretas tomou o Conselho para implementaresta iniciativa?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) Durante a Presidência húngara, continuaram os trabalhos relativos à iniciativaemblemática "Novas competências para novos empregos" nas áreas tanto do empregocomo da educação/formação.

Na reunião informal dos Ministros do Emprego, realizada em 17-18 de Janeiro, um dostemas em discussão foi o da Agenda para novas qualificações e novos empregos, emconexão com o emprego e a integração no mercado de trabalho dos jovens, o reforço docrescimento económico favorável ao emprego e a criação de mais empregos de melhorqualidade.

Na abertura da sessão da Cimeira Social Tripartida, de 10-11 de Março de 2011, que juntouos Estados-Membros, os parceiros sociais e as instituições da União Europeia, a Presidênciasublinhou a importância das parcerias na implementação da iniciativa emblemática.

Nos restantes eventos que acompanharam a conferência, a Presidência realçou as relaçõesda iniciativa emblemática com o emprego dos jovens. Durante a Conferência organizadapela Presidência em 4 e 5 de Abril em Budapeste, foi salientado o papel da antecipação dasnecessidades de competências e da adaptação dos sistemas de educação e formação àsnecessidades do mercado de trabalho. O Comité do Emprego forneceu uma contribuiçãosubstantiva para esta conferência sobre as acções necessárias, a nível tanto nacional comoda União. Em Junho, o Conselho EPSCO é suposto discutir as conclusões sobre o empregodos jovens, incluindo as considerações sobre a forma de implementar a iniciativaemblemática "Novas competências para novos empregos".

Apesar de a iniciativa emblemática da estratégia Europa 2020 com mais implicações naeducação e na formação ser a iniciativa "Juventude em Movimento", estas áreas são tambémimportante na Agenda para novas qualificações e novos empregos, nomeadamente emtermos do desenvolvimento das competências com vista a aproximá-las das necessidadesde mudança do mercado de trabalho e de promoção de uma cooperação mais estreita entreos domínios da educação e do emprego. Este papel foi totalmente compreendido no debatepolítico sobre o papel da educação e da formação na estratégia Europa 2020, organizadopela Presidência húngara na Reunião do Conselho "Educação, Juventude, Cultura eDesporto" de 14 de Fevereiro.

No debate, bem como nas conclusões do Conselho adoptados subsequentemente (12) , atónica foi colocada na contribuição fundamental que a educação moderna e de alta qualidadepode dar para garantir a prosperidade a longo prazo da UE. Constatou-se um acordogeneralizado relativamente à necessidade de actualizar as competências como meio deimplementar a empregabilidade, e também sobre o facto de que, para o conseguir, havia

(12) JO C 70 de 4.3.2011, p.1.

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que realizar mais progressos no sentido de melhorar a identificação das necessidades anível da formação, de reforçar a importância da educação e da formação no mercado detrabalho, de facilitar o acesso dos indivíduos às oportunidades e orientações daaprendizagem ao longo da vida (nomeadamente para os inúmeros jovens que actualmentelutam para entrar no mercado de trabalho devido à crise económica), e de garantir transiçõessuaves entre os mundos da educação, da formação e do emprego. Os Estados-Membrosreconheceram igualmente a necessidade de tornar mais atraente a formação vocacional ea educação de adultos, e congratularam-se com a transição para os sistemas de qualificaçãoda aprendizagem baseados nos resultados e com uma maior valorização das qualificaçõese competências adquiridas em contextos não formais e informais.

Outra iniciativa neste momento a ser preparada pela Presidência húngara de apoio a essesobjectivos é a da adopção pelo Conselho EJCD de Maio de uma recomendação do Conselhocom vista a reduzir o abandono escolar precoce (13) , do qual se espera que realce inter aliaa importância do reforço dos curricula vocacionais de alta qualidade, bem como da suaatractividade, e, simultaneamente, do reforço da relação entre os sectores da educação edo emprego, com vista a salientar os benefícios de uma educação completa para a futuraempregabilidade.

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Pergunta n.º 6 , de Nikolaos Chountis ( H-000167/11 )

Assunto: Vaga de imigração esperada da Líbia

A crise humanitária na Líbia deverá atingir o auge com o início dos bombardeamentosaéreos ao abrigo da Resolução 1973 (2011) do Conselho de Segurança das Nações Unidas.A situação reinante na Líbia provocará novas vagas de imigração, desta vez com destinoà Europa. Atendendo a que as condições de acolhimento dos imigrantes e candidatos aasilo na Europa meridional são já conotadas com uma “crise humanitária” e que uma novavaga de refugiados não poderá ser enfrentada em boas condições no sul da Europa, umavez que não há nem possibilidade, nem capacidade para fazer face a algo de semelhante,pergunta-se:

Que medidas tomou o Conselho para repartir equilibradamente a nova vaga de imigraçãopelos Estados-Membros da UE e serão respeitados os direitos dos refugiados e migrantes?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) O Conselho Europeu analisou a evolução dos acontecimentos na Líbia e nos vizinhosdo Sul, incluindo as respectivas consequências migratórias, numa reunião extraordináriarealizada em 11 de Março de 2011 (14) e na sua reunião regular de 24 e 25 de Março de2011 (15) .

(13) Proposta da Comissão COM (2011) 19 final, 5242/11.(14) EUCO 7/11 CO EUR 5 CONCL 2.(15) EUCO 10/11 CO EUR 6 CONCL 3.

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Na sua declaração de 11 de Março de 2011, o Conselho Europeu salientou que osEstados-Membros mais directamente afectados pelos movimentos migratórios precisamde uma solidariedade concreta e que a UE e os Estados-Membros estão prontos a fornecero necessário apoio à medida que a situação for evoluindo. Além disso, exortou osEstados-Membros a fornecerem os necessários recursos humanos e técnicos à Frontex.Recordou que deve ser promovida uma abordagem abrangente à questão da migração,coerente com a abordagem global da UE. Por outro lado, nas suas conclusões de 24 e 25de Março de 2011, o Conselho Europeu salientou mais uma vez que a UE e os seusEstados-Membros estão disponíveis para demonstrar a sua solidariedade concreta paracom os Estados-Membros mais directamente afectados pelos movimentos migratórios epara fornecer o necessário apoio à medida que a situação for evoluindo.

O Conselho reanalisou também a situação no Norte de África incluindo, em particular, aspressões migratórias sentidas em alguns Estados-Membros (16) . O Conselho realizou umdebate abrangente sobre esta situação na sua reunião de 11 de Abril de 2011 e adoptouconclusões sobre a gestão da migração proveniente dos vizinhos do Sul (17) . Nessasconclusões, o Conselho reafirmou a necessidade de uma solidariedade genuína e concretapara com os Estados-Membros mais directamente afectados pelos movimentos migratóriose exortou a UE e os seus Estados-Membros a continuarem a fornecer o necessário apoio àmedida que a situação for evoluindo, por exemplo ajudando as entidades locais dosEstados-Membros mais afectados a enfrentarem as repercussões imediatas dos fluxosmigratórios na economia e na infra-estrutura locais. O Conselho salientou também aimportância de oferecer soluções de protecção duradouras aos mais carenciados deprotecção internacional nos vizinhos do Sul.

O Conselho continuará a acompanhar a situação. Recorde-se também que a situação dosvizinhos do Sul será tratada no Conselho Europeu na sua próxima reunião de Junho de2011.

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Pergunta n.º 7 , de Bernd Posselt ( H-000168/11 )

Assunto: Política externa no domínio da energia

Como avalia o Conselho o estado actual dos esforços em prol de uma política externa daUE no domínio da energia, em particular no que se refere a uma maior independência emrelação aos abastecimentos russos e à diversificação das fontes de abastecimento e dasrotas de transporte?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) O Conselho, nas suas conclusões de 28 de Fevereiro de 2011, realçou a importânciade uma estratégia energética abrangente, à luz das Comunicações da Comissão "Energia

(16) 8741/1/11 REV 1, 7781/11.(17) 8909/1/11 ASIM 36 COMIX 226.

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2020: Estratégia europeia para uma energia sustentável, competitiva e segura" (18) e"Prioridades em infra-estruturas energéticas para 2020 e mais além" (19) . O Conselhorealçou, em especial, que toda a estratégia Energia 2020 deve contribuir para asseguraruma posição da UE forte e coerente nas questões energéticas externas.

Para reforçar a transparência, a consistência, a coerência e a credibilidade da acção externaem matéria de energia, o Conselho considerou que era necessário:

- um intercâmbio de informações melhorado e atempado entre a Comissão e osEstados-Membros;

- uma avaliação partilhada dos riscos para a segurança energética da UE e uma reflexãoadequada das preocupações de segurança energética noutras áreas políticas (por exemplo,na Política Europeia de Vizinhança);

- uma utilização integral dos fóruns multilaterais dedicados à energia ou com uma fortecomponente energética, e uma coordenação melhorada nesses fóruns com vista a explorarmelhor as sinergias entre Estados-Membros e entre a União e os seus parceiros;

- uma coordenação acrescida dos esforços dos Estados-Membros e da União com vista aproteger melhor e promover os interesses e as políticas energéticos colectivos da UniãoEuropeia;

- uma diversificação das rotas e fontes de aprovisionamento da Europa, bem como esforçoscontinuados com vista a facilitar o desenvolvimento de corredores estratégicos para otransporte de grandes volumes de gás, como, por exemplo, o Corredor Meridional;

- desenvolver parcerias estratégicas mutuamente benéficas e uma cooperação abrangentecom os mais importantes países e regiões de aprovisionamento, de trânsito e de consumo,bem como aqueles localizados em torno dos corredores estratégicos. Para além de tratardas questões relativas ao gás, ao petróleo e à electricidade, essas parcerias devem:

- promover a eficiência energética e a energia de fontes renováveis;

- facilitar a convergência regulamentar, ou seja, através da implementação da legislaçãorelativa ao mercado energético da UE nos países vizinhos, promover regras de mercado edesenvolver as medidas necessárias para garantir condições de concorrência equitativas;

- promover os mais elevados padrões de segurança nuclear;

- sustentar as ambições da União Europeia em processos internacionais, como, por exemplo,em negociações sobre o clima.

Em 4 de Fevereiro de 2011, o Conselho Europeu concluiu que deveria ser desenvolvido,o mais rapidamente possível, o trabalho conducente a uma parceria fiável, transparente ebaseada em regras com a Rússia em áreas de interesse comum no domínio da energia ecomo parte das negociações do processo pós Acordo de Parceria e Cooperação e à luz dotrabalho em curso sobre a parceria para a modernização e o diálogo energético.

Além disso, o Conselho Europeu instou a Alta Representante a ter integralmente em contaa dimensão da segurança energética no seu trabalho.

(18) 16096/10(19) 16302/10

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Esperamos que tudo isto resulte numa comunicação da Comissão antes do Verão.

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Pergunta n.º 8 , de Gay Mitchell ( H-000171/11 )

Assunto: Calendário para a resolução da crise bancária e da dívida

Pode o Conselho apresentar um calendário para a resolução da crise bancária e da dívidaque actualmente existe na Europa?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) Como seguimento do roteiro alargado adoptado pelo Conselho em 20 de Outubrode 2009, no qual o trabalho foi amplamente completado, o Conselho, na sua reunião de7 de Dezembro de 2010, aprovou um roteiro relativo a um quadro global europeu para aprevenção, a gestão e a resolução da crise que abrange objectivos a curto e médio prazosaté 2012. Nesse roteiro, o Conselho prevê prazos para um debate político continuadosobre o quadro de prevenção e resolução da crise, o qual se insere no trabalho preparatóriosobre as propostas legislativas actualmente em curso pela Comissão.

O Conselho Europeu de Junho de 2010 declarou que as reformas necessárias para restaurara solidez e a estabilidade do sistema financeiro europeu devem ser rapidamente completadas,confirmando a natureza urgente das medidas delineadas na Comunicação da Comissãointitulada "Regulamentar os serviços financeiros para um crescimento sustentável", de 2de Junho de 2010.

Em 7 de Dezembro de 2010, o Conselho realçou igualmente a importância de avançarmosnos domínios de trabalho definidos na Comunicação da Comissão sobre um enquadramentoda UE para a gestão de crises no sector financeiro.

Assim, o Conselho espera ansiosamente pelas discussões sobre as propostas legislativasrelativas ao enquadramento para a gestão e resolução da crise no sector bancário que aComissão é suposta apresentar este Verão. O Conselho está igualmente a analisar aspropostas legislativas já apresentadas pela Comissão, e deseja uma conclusão rápida dasnegociações actuais e futuras com o Parlamento Europeu.

O novo pacote de governação económica, sobre o qual o Conselho espera conseguir chegara acordo com o Parlamento Europeu até Junho de 2011, deve permitir uma vigilância euma coordenação mais eficazes das políticas orçamentais e macroeconómicas de todosos Estados-Membros. Mais concretamente, visa uma mais forte concentração no critérioda dívida, incluindo uma referência quantitativa de acordo com a qual os Estados-Membrosdevem reduzir os seus níveis de dívida. Os países que não cumpram o critério da dívidaserão sujeitos ao procedimento de défice excessivo, o qual pode eventualmente conduzira sanções no caso dos Estados-Membros da zona euro.

Nos termos do actual enquadramento jurídico, estão sujeitos ao procedimento de déficeexcessivo 24 Estados-Membros. De acordo com os prazos estabelecidos pelo Conselho,alguns Estados-Membros terão de corrigir o seu défice excessivo até 2011, mas, para a

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maioria, o prazo decorrerá até 2013 o mais tardar. Só a Grécia, a Irlanda e o Reino Unidotiveram direito a prazos mais alargados. A correcção dos défices excessivos dentro do prazocontribuirá para permitir uma redução progressiva e contínua dos níveis da dívida.

Além disso, o Pacto Euro Plus, aceite por toda a zona euro e por seis Estados-Membrosfora dela, ao mais alto nível, no Conselho Europeu de Março de 2011, deve incentivar cadaum dos Estados-Membros a assumirem compromissos ambiciosos a nível nacional nosdomínios da promoção da competitividade e do emprego, da sustentabilidade das finançaspúblicas e do reforço da estabilidade financeira. Estes elementos devem ajudar a salvaguardara estabilidade na zona euro como um todo e, por conseguinte, a enfrentar a crise da dívida.

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Pergunta n.º 9 , de Liam Aylward ( H-000176/11 )

Assunto: Criação até 25 de Maio de 2011 da linha telefónica de emergência 116 000para crianças desaparecidas

Todos os Estados-Membros devem criar até 25 de Maio de 2011 a linha telefónica deemergência 116 000 para crianças desaparecidas. Esta linha telefónica de emergência éum número único a que as crianças desaparecidas ou os seus pais podem recorrer parapedir ajuda em qualquer lugar da UE. A existência de um número único permite que ascrianças e os pais em dificuldade obtenham ajuda de uma forma mais fácil e rápida.

Uma vez que a esta Presidência definiu como prioridade a protecção dos direitos doscidadãos e a redução do fosso entre as instituições e os cidadãos da União Europeia, quemedidas tenciona o Conselho tomar para ajudar os EstadosMembros a criar este importanteserviço até à data prevista?

Tenciona o Conselho conceder prioridade política à criação desta linha telefónica deemergência?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) Nos termos da Directiva Serviço Universal revista (20) , os Estados-Membros devemenvidar todos os esforços com vista a garantir que a linha telefónica de emergência 116 000entrará ao serviço, o mais tardar, até 25 de Maio de 2011. Os Estados-Membros sãoresponsáveis pela aplicação desta obrigação.

A Directiva Serviço Universal revista permite, além disso, que a Comissão adopte medidastécnicas para garantir a aplicação eficaz da gama de números "116", nomeadamente donúmero da linha telefónica de emergência 116 000 para crianças, sem que tal prejudiqueou tenha impacto sobre a organização desses serviços, que permanecerão da exclusivacompetência dos Estados-Membros.

(20) N.º 1 do artigo 18.º da Directiva 2009/136/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Novembro de 2009,que altera a Directiva 2002/22/CE relativa ao serviço universal e aos direitos dos utilizadores em matéria de redese serviços de comunicações electrónicas.

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O Conselho foi informado (21) de que a Comissão continua a fornecer apoio aosEstados-Membros para a introdução progressiva e o funcionamento integral das linhastelefónicas de emergência para crianças desaparecidas. A Comissão informou tambémque, se não forem feitos progressos dentro de um prazo razoável, considerará a possibilidadede apresentar uma proposta legislativa destinada a garantir que a linha telefónica deemergência 116 000 estará operacional em todos os Estados-Membros. Se a Comissãotomar essa iniciativa, o Conselho analisará a proposta na sua qualidade de legislador.

A Presidência instou recentemente os Estados-Membros, sob a forma de carta, a implementaras linhas telefónicas de emergência 116 000, e organizará, juntamente com a ComissãoEuropeia e com a "Missing Children Europe" (MCE), a associação europeia de beneficênciacujas sucursais nacionais irão operar as linhas telefónicas 116 000 nos Estados-Membros,uma conferência europeia a realizar em 25 e 26 de Maio destinada a avaliar os resultadosneste domínio. Essa conferência debaterá não só a introdução da linha telefónica deemergência 116 000, mas também questões relacionadas com o sistema de alerta paracrianças e uma justiça amiga da criança.

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Pergunta n.º 10 , de Laima Liucija Andrikienė ( H-000178/11 )

Assunto: Segurança nuclear na Europa

Na sequência do acidente nuclear ocorrido em Fukushima, no Japão, os EstadosMembrosda UE acordaram conjuntamente, em 25 de Março de 2011, na necessidade de realizartestes de stress nas centrais nucleares da UE e apelaram à realização de tais testes a nívelmundial.

Dispõe o Conselho de informações sobre a eventual adopção de medidas similaresrelativamente a centrais já em funcionamento (em particular, as que operam há mais de20 anos) noutros países europeus que não os EstadosMembros da UE?

No referente a novas centrais nucleares em países vizinhos da UE, como tenciona o Conselhoassegurar que essas novas centrais cumpram as normas ambientais necessárias e não violemconvenções reconhecidas a nível internacional, nomeadamente a Convenção Espoo relativaà Avaliação de Impacte Ambiental num Contexto Transfronteiriço?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) Como salientou, e muito bem, a senhora deputada, o Conselho Europeu, na sua reuniãode 24 e 25 de Março de 2011 (22) , frisou a necessidade de aproveitar ao máximo as liçõesdos recentes acontecimentos no Japão. Neste contexto, o Conselho Europeu tornou claroque a União Europeia irá exigir que testes de stress semelhantes aos realizados na UE sejamtambém postos em prática nos países vizinhos e em todo o mundo, tanto nas centraisexistentes como nas projectadas. Observou que se deve recorrer a todo o apoio das

(21) doc. 17296(22) EUCO 10/11.

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organizações internacionais e que há que promover, em todo o mundo, os mais elevadospadrões de segurança nuclear.

Neste contexto, vale a pena referir duas evoluções positivas no palco internacional. Emprimeiro lugar, a convocatória para 20 a 24 de Junho de uma conferência de alto nível daAIEA sobre a segurança nuclear: abrangendo uma primeira avaliação do acidente deFukushima, do seu impacto e das suas consequências; considerando as lições que devemser aprendidas; lançando o processo de reforço da segurança nuclear; e desenvolvendo anecessária resposta a acidentes e emergência nucleares.

Em segundo lugar, por ocasião da 5.ª reunião de análise no quadro da Convenção sobreSegurança Nuclear, no passado mês de Abril, todas as partes contratantes, incluindo ospaíses vizinhos da União Europeia, concordaram em analisar o acidente numa reuniãoextraordinária das partes contratantes a realizar em 2012. No que respeita à localizaçãodas centrais nucleares, esta 5.ª reunião de análise já debateu questões relativas à consultadas partes contratantes vizinhas de uma nova central nuclear projectada.

Em 20-23 de Junho de 2011, terá lugar em Genebra a 5.ª sessão da reunião das partes àConvenção Espoo relativa à avaliação dos impactos ambientais num contextotransfronteiras. A ordem de trabalhos provisória para a reunião inclui um painel de discussãosobre projectos relativos à energia nuclear. O objectivo desse debate é o de fornecerperspectivas de como a Convenção Espoo se aplica aos projectos relativos à energia nuclearcom um provável impacto muito negativo transfronteiras. Será apresentado um relatóriodo painel ao segmento de alto nível da reunião, e as partes serão convidadas a ponderar apossibilidade de acções de seguimento a título da convenção.

No seio da União Europeia, prosseguirá o trabalho preparatório das reuniões atrás referidascomo é habitual, no âmbito dos órgãos preparatórios do Conselho e através de algumasreuniões de coordenação in loco, permitindo assim à União Europeia e aos seusEstados-Membros actuarem de forma unida e eficaz em Genebra.

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Pergunta n.º 11 , de Georgios Toussas ( H-000182/11 )

Assunto: Operação militar na Líbia

No dia 1 de Abril de 2011, o Conselho decidiu lançar uma operação militar na Líbia,designada “EUFOR Líbia”, a título de “ajuda humanitária”, operação essa que será comandadapelo Vice-Almirante Claudio Gaudiosi e que terá o seu quartel-general em Roma. Na suareunião de 12 de Abril de 2011, o Conselho confirmou a sua decisão de 1 de Abril de 2011,convidou o comandante da operação a elaborar um plano operacional de intervençãoimediata em estreita colaboração com a NATO e declarou-se disposto a integrar na missãoforças militares de países terceiros – não UE – da região. Os “agrupamentos tácticos” daUE que estarão prontos para intervir no segundo semestre de 2011 (de 1 de Julho a 31 deDezembro) são a “Eurofor” e a unidade balcânica “Helbroc”, que é composta por forçasmilitares da Grécia, da Bulgária, da Roménia e de Chipre e que está sob comando grego ecujo quartel-general é na Grécia.

Tenciona o Conselho lançar uma operação militar terrestre na Líbia? Qual o papel do“agrupamento táctico” balcânico “Helbroc” - sob comando grego - na operação militar“EUFOR Líbia”. Que países terceiros – não UE - da região participarão na referida operação?

205Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011

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Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) A União Europeia decidiu lançar, se for pedida pelo Gabinete de Coordenação dosAssuntos Humanitários das Nações Unidas (UN-OCHA), uma operação no âmbito daPolítica Comum de Segurança e Defesa (PCSD) intitulada "EUFOR Líbia" destinada a apoiara assistência humanitária na região, respeitando integralmente os princípios que regem aacção humanitária, nomeadamente a imparcialidade e a neutralidade, bem como asorientações MCDA (23) . Nesse sentido, a União Europeia já adoptou a decisão que estabelecea operação, já nomeou um comandante da operação e já designou uma sede operacionalem Roma. O Conselho encarregou o comandante da operação de prosseguir urgentementeo respectivo planeamento, em estreita cooperação e complementaridade com a ONU, aNATO e não só, a fim de a União Europeia poder reagir rapidamente a quaisqueracontecimentos relativos à situação humanitária e de segurança. Como parte dospreparativos, a UE está disposta a ponderar contribuições de Estados terceiros, incluindoos da região, a convite do Comité Politico e de Segurança (CPS).

Na eventualidade de um pedido desse tipo da parte do UN-OCHA, os parâmetros dequaisquer acções da União Europeia, incluindo o âmbito geográfico, serão decididos emfunção do pedido. Da mesma maneira, a natureza do equipamento necessário dependerádo pedido expresso pelo UN-OCHA. Nesta fase, não é possível prever a natureza do pedidoe, por conseguinte, as capacidades necessárias.

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Pergunta n.º 12 , de Charalampos Angourakis ( H-000184/11 )

Assunto: Violação dos direitos humanos por parte de uma empresa multinacionalde prestação de serviços de segurança

De acordo com informações recentes, a empresa multinacional de prestação de serviçosde segurança Group4Securicor (G4S) celebrou com as autoridades de Israel um contratode fornecimento de equipamento e prestação de serviços de segurança nas prisões em quese encontram presos políticos palestinianos em Israel e na Cisjordânia, bem como noquartel general da polícia israelita na Cisjordânia. O referido contrato prevê igualmente ofornecimento de equipamento e pessoal de segurança a empresas instaladas nos colonatos.A referida empresa fornece igualmente equipamento e presta serviços de manutenção nospontos de controlo do Estado de Israel no Muro da Cisjordânia, cuja construção foiconsiderada ilegal pelo Tribunal Internacional no seu parecer consultivo de 9 de Julho de2004. Para esta actividade, que é ilegal nos termos da Convenção de Genebra, a empresafoi acusada, conjuntamente com as autoridades israelitas, de violar o direito internacionale colaborar com as violações dos direitos humanos e a ocupação israelita.

(23) Orientações sobre a utilização de recursos militares e da protecção civil no âmbito de operações humanitáriascomplexas de emergência levadas a efeito pelas Nações Unidas, Março 2003.

12-05-2011Debates do Parlamento EuropeuPT206

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Condena o Conselho este contrato da empresa G4S com o Estado de Israel, bem como asua actividade de cooperação com as autoridades israelitas, atendendo a que esta empresaconcreta também opera nos Estados-Membros e colabora com as Instituições da UE?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) Na sua declaração de 8 de Dezembro de 2009 sobre o processo de paz no MédioOriente, o Conselho confirmou a sua posição de que o muro de separação, quandoconstruído em território ocupado, é ilegal nos termos da legislação internacional, representaum obstáculo à paz e ameaça a possibilidade de uma solução de dois Estados.

Contudo, não compete ao Conselho comentar relações contratuais específicas entreentidades jurídicas privadas e terceiros.

Como já foi declarado pelo Conselho nas suas conclusões de 13 de Dezembro de 2010sobre o processo de paz no Médio Oriente, queremos ver o Estado de Israel e um Estadoda Palestina - soberano, independente, democrático, contíguo e viável - viverem lado alado, em paz e segurança.

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Pergunta n.º 13 , de Mairead McGuinness ( H-000188/11 )

Assunto: Animosidade crescente contra a UE

O Conselho tem consciência de que os pacotes de ajuda financeira aos Estados Membrosestão a favorecer uma animosidade crescente contra a UE, tanto entre os cidadãos dospaíses beneficiários - que acham que os custos a suportar são demasiado elevados - comodos países financiadores?

Os recentes resultados eleitorais na Finlândia servem de exemplo da desilusão existente naUE. O Conselho debateu este problema? E que iniciativas propõe para combater a divisãocrescente entre o chamado “núcleo” e a “periferia”?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) As preocupações suscitadas pela opinião pública tanto dos países beneficiários comodos países que contribuem para as acções de apoio financeiro são discutidas integralmenteno processo de concessão de apoio financeiro e no programa de ajustamento económico.

A este respeito, devemos ter presentes alguns aspectos da organização do quadro de apoiofinanceiro:

1. Só é concedido apoio financeiro a pedido explícito de um Estado-Membro que esteja aenfrentar dificuldades financeiras;

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2. Só é concedido apoio financeiro a um Estado-Membro da zona euro no interesse daestabilidade da zona euro como um todo;

3. A concessão de apoio financeiro a um Estado-Membro da zona euro é decidida porunanimidade;

4. O apoio financeiro é concedido no contexto de um programa de ajustamento económico,e em conjunção com o envolvimento financeiro e técnico do FMI.

Neste contexto, está claramente em curso uma reforma profunda da governação económicana UE, com seis actos legislativos actualmente em negociação, que irão reforçar oenquadramento comunitário de coordenação económica. Além disso, foi também acordadoo Pacto Euro Plus, a título do qual todos os Estados-Membros da zona euro, bem comoquaisquer outros Estados-Membros que o desejem, assumirão compromissos específicosno que respeita a determinadas políticas económicas que serão sujeitas a uma análise pelospares ao mais alto nível político.

A coerência e a capacidade de coesão da zona euro, e da economia da União Europeiacomo um todo, devem ser reforçadas por estas reformas e pelo quadro regulamentar deajuda financeira desenvolvido em caso de necessidade num Estado-Membro.

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Pergunta n.º 14 , de Pat the Cope Gallagher ( H-000189/11 )

Assunto: A crise da zona euro

Poderá o Conselho fazer uma declaração alargada sobre as conversações levadas a cabona reunião informal de ministros das finanças, que teve lugar de 7 a 9 de Abril de 2011,em Budapeste?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) As conversações levadas a cabo na reunião informal de Ministros das Finançasconcentraram-se inter alia nas recentes evoluções constatadas na estabilidade económicae financeira na zona euro, na preparação da reunião ministerial do G20 em WashingtonDC, nos desenvolvimentos ocorridos nos mercados de produtos de base, na novaarquitectura de supervisão europeia, nos testes de stress.

Os Ministros e os Governadores dos bancos centrais abordaram a questão dos mercadosde produtos de base e dos respectivos mercados de derivados financeiros. Foi decidido queé fundamental reforçar a transparência e a integridade dos mercados tanto físicos comode derivados com vista a garantir que estes cumprem os seus papéis adequadamente. OsMinistros e os Governadores realizaram uma troca de opiniões com os oradores convidadosAlexandre Lamfalussy, Jacques de Larosière e Sharon Bowles, bem como com os líderesdas novas autoridades sobre a forma como as novas Autoridades Europeias de Supervisãoe o Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS) podem ajudar a resolver os desafios queestamos a enfrentar no sector financeiro e sobre a sua visão para as novas instituições.Discutiram também questões relacionadas com o exercício anual de testes de stress nos

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sectores bancário e segurador, onde foi colocada a tónica na necessidade de transparência,credibilidade e capacidade de os governos possuírem respostas políticas bem estruturadaspara os cenários de stress.

Uma declaração do Eurogrupo e dos Ministros Ecofin assinalou o pedido das autoridadesportuguesas de apoio financeiro. Os Ministros convidaram a Comissão, o BCE, o FMI ePortugal a elaborarem um programa e a tomarem as medidas apropriadas com vista asalvaguardar a estabilidade financeira. No contexto de um programa conjunto UE/FMI, opacote de ajuda financeira a Portugal deve ser financiado, do lado europeu, no âmbito doquadro proporcionado pelo Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e pelo FundoEuropeu de Estabilidade Financeira. Os preparativos por parte de Portugal arrancarãoimediatamente, de forma a conseguir um acordo entre todas as partes que garanta a adopçãode um programa de ajustamento até meados de Maio e aplicado progressivamente após aformação de um novo governo. O programa basear-se-á em três pilares:

Um ajustamento fiscal ambicioso destinado a restaurar a sustentabilidade fiscal;

Reformas de desenvolvimento do crescimento e da competitividade, incluindo umambicioso programa de privatização;

Medidas destinadas a manter a liquidez e a solvência do sector financeiro.

Após a obtenção de um acordo com as autoridades portuguesas e apoiado pelos principaispartidos políticos, o programa será endossado pelo Conselho Ecofin e pelo Eurogrupo, deacordo com os procedimentos nacionais e com base numa avaliação por parte da Comissãoe do BCE.

Na reunião de Washington de 14 e 15 de Abril de 2011, os debates foram ricos e todos osprincipais actores demonstraram uma vontade genuína em fazer avançar a agendaeconómica internacional.

O resultado mais importante foi provavelmente o acordo alcançado sobre as orientaçõesindicativas, com base nas quais serão agora avaliados os indicadores destinados a detectaros grandes desequilíbrios persistentes que exigem ajustamentos políticos da parte dosmembros do G20.

Este aspecto não deve ser considerado um resultado menor: por detrás deste acordoaparentemente técnico existe um empenho sério da parte de todas as principais economias- tanto avançadas como emergentes - em desenvolver um processo de avaliação mútua /análise pelos pares das respectivas políticas que afectam o crescimento global.

Com base no acordo alcançado sobre as orientações indicativas, o G20 deve estar apto aapresentar resultados concretos até ao final do ano, nomeadamente um plano de acçãoabrangente incluindo recomendações específicas por país.

A Comissão, o BCE e a Presidência húngara dão uma contribuição substantiva a todo esteexercício, sobretudo porque o novo sistema de governação a nível internacional apresentagrandes semelhanças, a muitos níveis, com a União Europeia.

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209Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011

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Pergunta n.º 15 , de Brian Crowley ( H-000191/11 )

Assunto: Minorias cristãs do Norte de África e do Médio Oriente

Nos últimos meses, a violência contra os cristãos e outras minorias religiosas recrudesceuno Norte de África e do Médio Oriente. Poderá o Conselho indicar que acções concretasestá a levar a cabo para proteger os cristãos e outras minorias religiosas que vivem no Nortede África e do Médio Oriente?

Resposta

A presente resposta, que foi elaborada pela Presidência e que não vincula o Conselho nemos seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o período deperguntas dirigidas ao Conselho no período de sessões do Parlamento Europeu de Maiode 2011, em Estrasburgo.

(EN) A promoção e protecção da liberdade de religião ou crença sem qualquer distinçãoconstitui uma prioridade muito elevada da política dos direitos humanos da UE. Estecompromisso muito claro foi reafirmado pelo Conselho na sua reunião de Novembro de2009. Mais do que isso, o Conselho de Fevereiro de 2011 adoptou conclusões condenandoa recente violência e os actos de terrorismo em diversos países, incluindo o Norte de Áfricae o Médio Oriente, contra os cristãos e os seus locais de culto, os peregrinos muçulmanose outras comunidades religiosas. O Conselho confirmou a necessidade de a comunidadeinternacional consolidar a sua resposta colectiva àqueles que pretendem utilizar a religiãocomo um instrumento de divisão, alimentando o extremismo e a violência. A UniãoEuropeia associar-se-á aos países parceiros, bem como a fóruns multinacionais como, porexemplo, a ONU, para juntar apoio multicultural na luta contra a intolerância religiosa.

No seguimento das conclusões do Conselho de 2009, a Alta Representante foi convidadapelo Conselho a informar que medidas foram tomadas no que respeita à liberdade dereligião ou crença. Compete ao Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) monitorizarmais de perto as restrições à liberdade de religião ou crença no mundo, as quais serãoabordadas no próximo relatório anual da UE sobre direitos humanos. A questão da liberdadede religião ou crença está a ser levantada cada vez mais nos diálogos sobre direitos humanos,instando os países a erradicarem a discriminação e a intolerância. Estão a ser estabelecidose mantidos contactos com defensores locais dos direitos humanos que trabalham nestaárea. Sempre que disponíveis, são oferecidos esquemas de apoio por país, a título doInstrumento Europeu para a Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH), a projectos definanciamento.

Paralelamente a estas medidas específicas por país, a União Europeia continua adesempenhar um papel activo na defesa da liberdade de religião ou crença em fórunsmultilaterais. A UE foi o motor da resolução da Assembleia-Geral das Nações Unidas sobrea eliminação de todas as formas de intolerância e discriminação baseada na religião oucrença, adoptada por consenso em Dezembro de 2010. A União Europeia agregou forteapoio inter-regional para uma iniciativa sobre liberdade de religião ou crença no Conselhodos Direitos do Homem da ONU de Março de 2011.

12-05-2011Debates do Parlamento EuropeuPT210

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PERGUNTAS À COMISSÃO

Pergunta n.º 29 , de Liam Aylward ( H-000177/11 )

Assunto: Agricultura e emissões de gases com efeito de estufa

O sector agrícola é responsável por 13,5% das emissões de gases com efeito de estufamundiais. Na UE, este sector é responsável por 9% dessas emissões. Os agricultores europeuse irlandeses já fizeram progressos significativos na aplicação de medidas mais ecológicas,reduzindo as emissões e utilizando terras de pastagem e a pastagem de trevo comosumidouros de dióxido de carbono, sempre que possível.

Dado que o sector agrícola europeu já funciona de forma eficaz e que já foram aplicadasmedidas e políticas de conservação e sustentabilidade ambiental, seria muito difícil paraeste sector fazer ainda mais progressos.

Dado que este sector só pode fazer progressos limitados na redução das emissões de gasescom efeito de estufa, que pode fazer a Comissão para ajudar os agricultores a reduziremainda mais essas emissões e para assegurar que o sector não será penalizado na busca dosobjectivos ambiciosos da UE?

Resposta

(EN) A agricultura contribui com cerca de 9% do total das emissões de gases com efeito deestufa na União Europeia, e, embora as emissões tenham decrescido desde 1990, sãopossíveis e necessários mais esforços com vista a cumprir a ambiciosa agenda da UE relativaao clima e à energia.

A política europeia relativa às alterações climáticas não estabelece objectivos por sector,como, por exemplo, a agricultura. Contudo, no Roteiro de transição para uma economiahipocarbónica competitiva em 2050 (24) , a Comissão especificou a contribuição a longoprazo custo-benefício da agricultura. A Decisão Partilha de Esforços 406/2009/CE (25) tempor objectivo reduzir os GEE em 10% nos sectores não incluídos no Regime de Comérciode Licenças de Emissão. Através do mecanismo de partilha do esforço, os Estados-Membroscontribuem conforme a sua riqueza relativa (PIB/capita) para atingir, em 2020, entre -20%e +20% comparativamente a 2005. Assim, é sua responsabilidade limitar as emissões dossectores da Decisão Partilha de Esforços e determinar o esforço desenvolvido pela agriculturae outros sectores.

As emissões e as remoções de CO2 com base na utilização dos solos, na reafectação dossolos e na silvicultura (LULUCF) ainda não fazem parte dos actuais compromissos. O pacoteclima e energia de 2008 solicitava à Comissão que avaliasse e apresentasse uma necessáriaproposta legislativa para a sua inclusão no compromisso de redução da UE em meados de2011. A consulta extensiva do público, das empresas, das ONG, dos Estados-Membros edos peritos nos últimos anos mostra que a maioria apoia uma inclusão das actividadesLULUCF, pelo menos se o objectivo global ultrapassar os 20%. A Comissão tenciona

(24) COM(2011) 112 final(25) JO L 140 de 5.6.2009

211Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011

Page 212: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

publicar uma comunicação no Verão de 2011. A inclusão poderia reforçar a integridadeambiental dos compromissos relativos ao clima, garantindo assim que todas as emissõessão abrangidas, o que poderia melhorar também a visibilidade dos esforços desenvolvidospelos agricultores no sentido de aumentar os sumidouros graças a práticas sustentáveis degestão dos campos em resposta a eventuais regimes de incentivo a título da PAC pós 2013.

Os actuais instrumentos da PAC abordam as alterações climáticas numa perspectivasobretudo dos múltiplos co-benefícios entre a política agro-ambiental e a acção climática.Uma PAC reformada, com um primeiro pilar mais verde (incluindo acções ambientais nãocontratuais e anuais que vão mais longe do que a condicionalidade) e um segundo pilarmais centrado nas questões do clima, suportada por um serviço de consultoria profissionalao agricultor, pode ser orientada para o ajudar a melhorar a eficiência e, por conseguinte,reforçar a competitividade da agricultura europeia, contribuindo simultaneamente parauma acção a nível do clima (atenuação) e tornando-se menos vulnerável às alteraçõesclimáticas (adaptação). Não é seguramente intenção da Comissão penalizar a comunidadeagrícola, mas sim ajudá-la e encorajá-la a produzir produtos seguros e eficientes em termosde emissões, "promovendo a gestão sustentável dos recursos naturais", como consta dacomunicação intitulada "A PAC no horizonte 2020" (26) . Os produtores da União Europeiaencontram-se entre os produtores mais eficientes a nível mundial em termos de emissõesde carbono e podem tornar-se líderes mundiais na demonstração da produção de produtosagrícolas eficientes em termos de emissões que possam reduzir as emissões globais daagricultura.

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Pergunta n.º 31 , de Iliana Malinova Iotova ( H-000166/11 )

Assunto: Aplicação da Directiva 2009/138/CE

Em 25 de Novembro de 2009, o Parlamento Europeu e o Conselho adoptaram a Directiva2009/138/CE relativa ao acesso à actividade de seguros e resseguros e ao seu exercício(Solvência II). Em princípio, esta directiva deverá entrar em vigor nos Estados-Membrosaté 31 de Dezembro de 2012.

As excepções previstas no preâmbulo desta directiva (considerandos 4, 5, 6, 19, 20, 84 e85) e as exclusões do âmbito de aplicação que figuram na secção 2, artigo 4.°, aplicam-seao seguro de doença subscrito numa base voluntária (SDV) na Bulgária?

O SDV pode ser acrescentado à lista dos organismos aos quais a directiva não se aplica(secção 2, artigo 8.º)?

A directiva aplica-se automaticamente ao SDV ou este faz parte das excepções?

O SDV pode continuar a depender da legislação búlgara em matéria de seguro de doençae a estar sob a alçada da legislação nacional no domínio da saúde, e não do Código deSeguros, inclusive após a transposição da directiva?

Resposta

(EN) As companhias seguradoras búlgaras que fornecem seguros de saúde voluntários ecomerciais não estão cobertas pelas isenções estabelecidas no artigo 8.º da Directiva

(26) COM(2010)672 final

12-05-2011Debates do Parlamento EuropeuPT212

Page 213: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

2009/138/CE, que se refere a um número limitado de instituições com característicasmuito especiais (27) . A Comissão crê que este artigo não precisa de ser alterado.

Em princípio, isso significa que a legislação de seguros da União Europeia se aplica aosector dos seguros de saúde subscritos numa base voluntária da Bulgária. Contudo, algumasdessas companhias de seguros ou partes nas suas actividades podem estar abrangidas poroutras exclusões, nos termos do Título 1.º, Capítulo 1.º, Secção 2 da Directiva 2009/138/CE.

As directivas vinculam o Estado-Membro destinatário quanto ao resultado a alcançar,deixando, no entanto, às instâncias nacionais a competência quanto à forma e aos meios,bem como quanto à sua aplicação.

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Pergunta n.º 32 , de Gay Mitchell ( H-000172/11 )

Assunto: Catástrofe nuclear a grande escala

A Comissão tem demonstrado grande capacidade de coordenação do auxílio da UE aoJapão na sequência da devastação causada pelo sismo e o maremoto. Todavia, até queponto está a Comissão preparada para uma catástrofe nuclear a grande escala no Japão?

Resposta

(EN) O senhor deputado levanta a questão do acidente nuclear na central nuclear deFukushima Daïchi no seguimento do devastador terramoto e tsunami que se abateramsobre o Japão em 11 de Março de 2011. A Comissão Europeia e o Serviço Europeu para aAcção Externa estão a acompanhar a situação de muito perto. Mantivemo-nos em contactopróximo com as autoridades japonesas e fomos sendo informados dos esforços em cursopara estabilizar a situação, conter a propagação das emissões radioactivas e monitorizaras respectivas condições ambientais.

O debate prosseguirá na próxima cimeira UE-Japão a ter lugar em 28 de Maio de 2011 emBruxelas, bem como em futuras reuniões internacionais (a Agência Internacional da EnergiaAtómica, o G8/G20, etc.).

No que respeita à questão de saber como é que a UE pode responder na hipótese de umacidente nuclear num país terceiro em que a escala do acidente ultrapasse as capacidadesdesse país para lidar com o acidente, a UE possui diversas ferramentas à sua disposição quepodem ser mobilizadas num caso desses, por exemplo:

1) O mecanismo de protecção civil da União Europeia. Os tipos concretos de assistênciamobilizada dependem do tipo de acidente/incidente nuclear, do pedido apresentado pelopaís afectado e das capacidades disponíveis dos Estados-Membros. Em termos gerais, essaassistência pode abranger inter alia as fazes de avaliações iniciais, amostragem e previsões;actividades de buscas e salvamento; instalações de descontaminação de massas, podendoinclui equipamento técnico, por exemplo com vista à segurança e ao armazenamentoseguro dos resíduos, bem como conhecimentos especializados sobre energia nuclear,através de uma equipa adequada de peritos em protecção civil.

2) O Instrumento para a Cooperação no domínio da Segurança Nuclear (ICSN, Regulamentodo Conselho (Euratom) n.º 300/2007, de 19 de Fevereiro de 2007). O ICSN fornece ajuda

(27) JO L 335 de 17.12.2009

213Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011

Page 214: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

financeira com vista a apoiar os países terceiros a melhorar o nível de segurança nuclear ede protecção contra a radiação garantindo um transporte seguro, o tratamento e aeliminação dos resíduos radioactivos. Este programa é implementado pela EuropeAid,com a colaboração do Serviço Europeu para a Acção Externa das Direcções-Gerais daComissão Europeia responsáveis pela energia e pelo transporte, bem como com a assistênciatécnica do Centro Comum de Investigação da Comissão.

3) O Instrumento de Estabilidade (Regulamento (CE) n.º 1717/2006 do Parlamento e doConselho, de 12 de Novembro de 2006 (28) ). Este instrumento pode igualmente ser usadopara financiar iniciativas a curto e longo prazo, nomeadamente medidas destinadas a daruma resposta imediata a desastres naturais ou provocados pelo homem, como, por exemplo,a monitorização e colocação de pessoas deslocadas internamente, a fiabilidade e a segurançanucleares, as medidas de limpeza, a protecção das infra-estruturas críticas, a distribuiçãoda energia, a reacção de emergência e o apoio às unidades de intervenção primária.

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Pergunta n.º 33 , de Gilles Pargneaux ( H-000173/11 )

Assunto: Eventuais conflitos de interesses em torno do aspartame

Na resposta à minha pergunta H-000072/2011, de 8 de Março de 2011, a Comissão refereque até 31 de Dezembro de 2020 não irá proceder a uma reavaliação do aspartame.

Pode a Comissão especificar a quantidade de alimentos ou medicamentos que é necessárioingerir para atingir a dose diária admissível (DDA) de 40 mg/kg?

Não deveria a declaração da AESA de 28 de Fevereiro de 2011 ser posta em causa, tendoem conta que Dominique Parent-Massin, perito junto do comité dos aditivos alimentaresda AESA, estava sob contrato com a Coca-Cola, grande consumidora de edulcorantes, e aAjinomoto, maior fabricante mundial de aspartame?

Como reage a Comissão a este novo caso de conflito de interesses?

Resposta

(EN) No seguimento do recente debate realizado na Comissão do Ambiente, da SaúdePública e da Segurança Alimentar sobre a anterior pergunta oral H-000072/2011 (29) dosenhor deputado relativa ao aspartame, a Comissão está actualmente a ponderar apossibilidade de proceder a uma reavaliação total do aspartame mais cedo do que oplaneado. A data actualmente prevista é de Dezembro de 2020, nos termos do Regulamento(UE) n.º 257/2010 (30) da Comissão que estabelece um programa de reavaliação de aditivosalimentares.

O aspartame é autorizado como aditivo alimentar em inúmeros grupos alimentaresdiferentes e em diferentes quantidades máximas. Regra geral, a dose admissível de aditivos

(28) Regulamento (CE) n.º 1717/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Novembro de 2006, que instituium Instrumento de Estabilidade, JO L 327 de 24.11.2006

(29) http://www.europarl.europa.eu/QP-WEB/application/home.do?language=PT.(30) Regulamento (UE) n.º 257/2010 da Comissão, de 25 de Março de 2010, que estabelece um programa de reavaliação

de aditivos alimentares aprovados em conformidade com o Regulamento (CE) n.º 1333/2008 do Parlamento Europeue do Conselho relativo aos aditivos alimentares (Texto relevante para efeitos do EEE), JO L 80 de 26.3.2010.

12-05-2011Debates do Parlamento EuropeuPT214

Page 215: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

alimentares na dieta depende de alguns critérios, por exemplo da contribuição relativa dosdiversos grupos de alimentos para a dose diária e das concentrações dos aditivos alimentaresutilizados em cada um desses grupos de alimentos. Além disso, é importante referir apopulação-alvo (crianças ou adultos), pois a quantidade de um produto alimentar específico(contendo um aditivo alimentar) necessário para atingir a dose diária admissível (DDA)depende do peso da população-alvo, mantendo bem presente que a DDA é definida porquilogramas de peso corporal. A dose admissível de aspartame num tratamento médicodepende também do número de doses diárias e da idade do paciente. Além disso, otratamento pode ser indicado para um número limitado de dias. Assim, esta pergunta nãopode ser respondida universalmente.

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) confirmou, no seu parecerde 2006, que a quantidade admissível de aspartame (31) na dieta deve manter-se bastanteabaixo da DDA de 40 miligramas por quilo de peso corporal por dia, mesmo no caso degrandes consumidores.

Nos termos das normas da AESA sobre um eventual conflito de interesses, o perito citadona pergunta oral do senhor deputado, como qualquer outro perito, assinou declaraçõesde interesses que foram avaliadas pela AESA. Nos termos das normas da AESA sobreconflitos de interesses, este perito não tomou parte nas discussões realizadas sobre oaspartame pelo Painel dos Aditivos Alimentares e Fontes de Nutrientes Adicionados aosGéneros Alimentícios da AESA. Mais do que isso, a declaração da AESA de 28 de Fevereirode 2011 foi elaborada pela AESA e não pelo painel ANS da AESA. Por conseguinte, aComissão não vê nenhum conflito de interesses neste caso.

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Pergunta n.º 34 , de Jacek Włosowicz ( H-000174/11 )

Assunto: Mudança da hora

No ano passado, enderecei uma pergunta à Comissão sobre a utilidade da mudança dahora de Verão para a hora de Inverno (H-0103/2010). Poderá a Comissão revelar se aindahoje mantém a posição que expressou à época?

Terá a Comissão tido na devida conta os estudos mais modernos no domínio da energia,segundo os quais a mudança da hora não altera o balanço energético?

Estará a Comissão a par dos diagnósticos médicos que demonstram os efeitos negativosdesta mudança na saúde humana?

Qual é o entendimento da Comissão sobre a decisão entretanto tomada por outros paísesno sentido de deixar de proceder à mudança da hora de Verão para a hora de Inverno?

Os factos expostos não incentivarão a Comissão a rever as suas posições, permitindo queos habitantes da União Europeia tenham um estilo de vida mais saudável e maisparcimonioso?

(31) Parecer do Painel dos aditivos alimentares, aromatizantes, auxiliares tecnológicos e materiais em contacto com osgéneros alimentícios (AFC) a pedido da Comissão relativo a um novo estudo da carcinogenicidade a longo prazodo aspartame, jornal AESA (2006) 356, 1-44.

215Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011

Page 216: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Resposta

(EN) Como a Comissão explicou na sua resposta à pergunta oral H-000103/2010 noperíodo de sessões de Março de 2010 sobre o mesmo assunto (32) , a avaliação do impactodo actual regime de hora de Verão adoptado pela Comissão em 2007 concluiu que estenão possui impactos negativos e gera alguma poupança de energia. Os actuais acordosnão são causa de preocupações nos Estados-Membros da União Europeia, que introduzirama hora de Verão numa base nacional e nunca questionaram essa decisão a partir daí.

A Comissão não tem qualquer informação de que a situação tenha mudado desde apublicação da avaliação e, nomeadamente, desde que respondeu à pergunta oral de 2010atrás referida.

Em particular, a Comissão não tem qualquer conhecimento de novas provas significativasque revelem impactos negativos dos actuais acordos relativos à hora de Verão na UniãoEuropeia.

A Comissão tomou boa nota de que a Rússia decidiu recentemente abandonar a práticada mudança de hora.

** *

Pergunta n.º 35 , de Rareş-Lucian Niculescu ( H-000175/11 )

Assunto: Crise dos adubos à base de fosfatos

O relatório científico "A Sustainable Global Society", publicado recentemente, chama aatenção para que os recursos de pedra de fosfato (a partir da qual se produzem os principaisfertilizantes para o trigo, o arroz e o milho) poderiam estar esgotados dentro de trinta anos.A Austrália, sétimo produtor mundial de trigo, debate-se já com o problema da acentuadaausência do fósforo nas suas terras agrícolas. No mesmo relatório, mostra-se que sãonecessários investimentos para descobrir novas fontes de fosfato, bem como paradesenvolver tecnologias que permitam extrair o fosfato da água.

Pode a Comissão responder às seguintes perguntas:

Existem informações relativas às reservas de fosfato de rocha a nível mundial?

Qual foi a evolução dos preços dos fertilizantes à base de fosfato nos últimos anos?

Tenciona a Comissão apoiar a investigação neste domínio, a fim de identificar novas fontesde fosfato ou de produtos de substituição?

Resposta

(EN) Foram publicados diversos estudos científicos nestes últimos anos sobre a questãodas reservas mundiais de fosfato de rocha. Embora seja verdade que alguns desses estudossugeriram que os recursos poderão estar esgotados dentro de 30 anos, informações maisrecentes parecem indicar maiores reservas de fosfato de rocha, suficientes para satisfazeras necessidades actuais por um período razoavelmente longo (33) .

(32) http://www.europarl.europa.eu/QP-WEB/(33) World Phosphate Reserves, International Fertiliser Development Council, 2010

12-05-2011Debates do Parlamento EuropeuPT216

Page 217: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Contudo, essa informação mais recente refere uma significativa concentração dessas novasreservas numa única área geográfica, levantando questões de segurança doaprovisionamento. Além disso, há algumas provas que sugerem que as reservasremanescentes podem estar associadas a níveis crescentes de cádmio e outros metaispesados, fazendo correr o risco de custos mais elevados devidos à necessidade de eliminaresses contaminantes ou a potencial poluição do solo devido à utilização de fertilizantes depior qualidade (34) .

A informação sobre preços de que a Comissão dispõe indica um aumento exponencial dospreços do fosfato de rocha durante 2008, seguido de uma estabilização e, depois, de umaumento mais gradual em 2010/2011.

A Comissão encomendou dois estudos (35) sobre este assunto nos últimos cinco anos, e,simultaneamente, apoiou projectos de investigação que abordaram alguns aspectos desteproblema. Outras investigações e acções inovadoras pertinentes podem ser cobertas, nofuturo, como parte da abordagem global destinada a melhorar a sustentabilidade daprodução agrícola e da segurança alimentar. Não existe nenhum indício de que será algumavez possível substituir o fósforo na sua utilização essencial em fertilizantes e suplementosalimentares. E não existem produtos de base alternativos que possam substituir o fosfatode rocha.

Contudo, a informação apresentada na reunião do grupo de peritos da Comissão sobre autilização sustentável do fósforo, de 17 de Fevereiro de 2011, indica que houve um aumentoda prospecção de novas reservas de fosfatos e que, além disso, existe um potencialsignificativo de utilização deste recurso de uma forma mais eficiente. A sua utilização maiseficiente pode prolongar a disponibilidade do recurso e, ao mesmo tempo, reduzir osproblemas ambientais ligados a uma utilização excessiva. Acções potenciais com vista auma utilização mais sustentável incluem uma prospecção e práticas de extracção maiseficientes; melhor tratamento dos subprodutos; utilização da biotecnologia com vista amelhorar a eficiência das rações e dos fertilizantes; modificação das técnicas agrícolas comvista a reduzir os factores de produção e as perdas de fósforo (incluindo um melhorplaneamento da gestão dos nutrientes a nível da exploração); redução da quantidade dealimentos rejeitados através de uma modificação dos hábitos de consumo e da reciclagemdo fósforo dos excrementos animais, das águas usadas, das lamas de depuração e das cinzasdas lamas de depuração.

A Comissão tenciona analisar melhor a emergente questão deste recurso no contexto dofuturo roteiro sobre eficiência dos recursos, previsto para o final de 2011.

** *

Pergunta n.º 36 , de Ivo Belet ( H-000180/11 )

Assunto: Controlo dos produtos alimentares importados do Japão

Após o acidente registado na central nuclear de Fukushima, a Comissão, através do seuRegulamento (UE) n.º 297/2011 de 25 de Março de 2011, estabeleceu condições especiaisaplicáveis à importação do Japão de géneros alimentícios e alimentos para animais. Umadas novas medidas introduzidas prevê a realização de controlos rigorosos e sistemáticos

(34) Sustainable Use of Phosphorus, Schroder, Cordell, Smit and Rosemarin, 2010(35) Disponíveis em http://ec.europa.eu/environment/natres/phosphorus.htm

217Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011

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sobre os produtos importados do Japão. Além disso, com base numa decisão tomada pelaComissão e pelo Comité Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Animal (decisão doComité Permanente de 8 de Abril de 2011), os níveis máximos tolerados de contaminaçãoradioactiva dos produtos alimentares foram reduzidos.

Será que o Regulamento (UE) n º 297/2011 exige que todos os produtos alimentaresoriginários do Japão sejam retirados do mercado da UE? Será que os Estados-Membros jáapresentaram notificações no âmbito do Sistema de Alerta Rápido no que respeita aprodutos que registem um nível excessivamente elevado de contaminação radioactiva?

Resposta

(EN) O Regulamento de Execução (UE) n.º 297/2011 da Comissão, de 25 de Março de2011, que impõe condições especiais aplicáveis à importação de géneros alimentícios ealimentos para animais originários ou expedidos do Japão após o acidente na central nuclearde Fukushima (36) , alterado pelo Regulamento (UE) n.º 351/2011, de 11 de Abril de2011 (37) , não exige a exclusão de todos os produtos alimentares japoneses do mercadoda União Europeia.

Só os géneros alimentícios e alimentos para animais que não cumpram os níveis máximosde radionuclidos previstos para esses alimentos no Anexo II do Regulamento (UE) n.º297/2011 não são colocados no mercado. Em 2 de Maio de 2011 ainda não tinha sidorecebida qualquer notificação do Sistema de Alerta Rápido para Alimentos para ConsumoHumano e Animal (RASFF) relativa à detecção de níveis elevados de contaminaçãoradioactiva nos géneros alimentícios e nos alimentos para animais originários ou expedidosdo Japão.

Nos termos do Artigo 8.º do Regulamento (UE) n.º 297/2011, os Estados-Membrosinformam semanalmente a Comissão de todos os resultados analíticos obtidos. Em 2 deMaio de 2011 a Comissão recebeu os resultados das análises a 98 amostras retiradas degéneros alimentícios e de alimentos para animais do Japão e a maioria dessas amostras nãorevelavam níveis detectáveis dos radionuclidos iodo-131, césio-134 e césio-137. Naspoucas amostras que revelaram algum nível de radioactividade, esse nível estava muitoperto do nível de detecção e muito abaixo do máximo permitido.

Além disso, em algumas amostras foram analisados outros radionuclidos que nãooiodo-131, césio-134 e césio-137 e não se detectaram quaisquer níveis desses radionuclidos.

** *

Pergunta n.º 37 , de Rodi Kratsa-Tsagaropoulou ( H-000181/11 )

Assunto: Garantias de apoio ao sistema financeiro grego e a economia real

Em 2008, o Estado grego concedeu uma ajuda ao sistema financeiro grego de 5 mil milhõesde euros em acções preferenciais, 15 mil milhões de euros em garantias e 8 mil milhõesde euros em obrigações do Estado. Posteriormente, em 2010, foram concedidas garantiasno valor, respectivamente, de 15 mil milhões e de 25 mil milhões de euros. Na sequênciada aprovação pela Comissão Europeia, o Governo grego procura agora adoptar um pacotede garantias até 30 mil milhões de euros.

(36) JO L 80 de 26.3.2011(37) JO L 97 de 12.4.2011

12-05-2011Debates do Parlamento EuropeuPT218

Page 219: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Face a estas considerações, solicita-se à Comissão que responda ao seguinte:

Como avalia o funcionamento, até à data, do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira,criado ao abrigo do mecanismo de apoio à economia grega pelos Estados-Membros dazona euro e pelo FMI, a fim de estabilizar o sistema bancário grego?

Como avalia o contributo deste fundo para consolidar a adequação dos fundos própriosdas instituições de crédito que o Estado grego garante?

Dispõe de informações sobre o grau de utilização do montante das garantias do Estadogrego canalizadas para a economia real?

Terão sido fixados objectivos relativos à percentagem mínima de utilização das garantiasdestinadas a aumentar o crédito no âmbito da economia grega?

Resposta

(EN) O Fundo Helénico de Estabilidade Financeira (FHEF) está a funcionar e já recebeu aprimeira fatia do financiamento. A Administração já está operacional desde Outubro de2010. Para prever possíveis necessidades futuras de recapitalização por parte do FHEF, oBanco da Grécia realiza regularmente exercícios de previsão de solvência aos bancoscomerciais gregos. O FHEF serve de garantia ao sector bancário grego e está pronto aapoiá-lo caso ele precise.

A disponibilidade do Fundo de Estabilidade Financeira para actuar como garantia dosbancos que enfrentam falta de solvência contribuiu positivamente para a estabilidadefinanceira na Grécia. Por exemplo, alguns bancos puderam aumentar o capital a partir deinvestidores privados (NBG, Piraeus), apesar das difíceis circunstâncias. Alguns bancosmelhoraram a adequação dos seus fundos próprios através da redução do efeito dealavancagem (Eurobank, Alpha).

A nova fatia de 30 mil milhões de euros em obrigações bancárias garantidas pelo Estadofoi aprovada com vista a aumentar a reserva de liquidez num sistema fragilizado pelassaídas de capital e pela erosão do colateral dos bancos perante o Eurosistema dada avolatilidade do mercado, o downgrade da dívida soberana e as mudanças das regras doBCE que regem o colateral. O acesso dos bancos à nova fatia está condicionado à adopçãode planos de financiamento a médio prazo, definindo objectivos específicos por banco emedidas com vista a reduzir a dependência da liquidez do Eurosistema. Simultaneamente,esses planos têm de ser coerentes com os quadros macroeconómico e fiscal do programae com os planos de reestruturação exigidos pelas regras do auxílio estatal da União Europeia.

Segundo a informação disponibilizada à Comissão, esses objectivos não foram definidos.No entanto, o crescimento do crédito na Grécia parece corresponder ao quadromacroeconómico do programa.

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Pergunta n.º 38 , de Mairead McGuinness ( H-000187/11 )

Assunto: Plataforma de Peritos em Práticas Contratuais no domínio das Relaçõesentre Empresas (B2B) na cadeia de abastecimento alimentar

Poderá a Comissão fornecer informações actualizadas sobre os trabalhos do Fórum deAlto Nível sobre a Melhoria do Funcionamento da Cadeia de Abastecimento Alimentar,

219Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011

Page 220: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

mais particularmente os trabalhos da Plataforma de Peritos em Práticas Contratuais nodomínio das Relações entre Empresas (B2B) na cadeia de abastecimento alimentar?

Poderá a Comissão comentar especificamente o grau de empenhamento das partesinteressadas na Plataforma B2B, os próximos passos e os resultados prováveis? Consideraa Comissão que as Plataformas de Peritos do Fórum de Alto Nível estão a avançar na direcçãocerta e vão garantir uma conclusão satisfatória para todos os intervenientes na cadeiaalimentar?

Resposta

(FR) Na sua primeira reunião, de 16 de Novembro de 2010, o Fórum de Alto Nível sobrea Melhoria do Funcionamento da Cadeia de Abastecimento Alimentar instituído pelaComissão (38) pretendeu lançar um trabalho técnico em quatro domínios, a saber as práticascontratuais nas relações entre empresas (B2B) na cadeia de abastecimento alimentar, oinstrumento europeu de acompanhamento dos preços alimentares, a competitividade daindústria agro-alimentar e a agro-logística. A Comissão já criou plataformas de peritossobre os três primeiros domínios e tenciona lançar uma quarta plataforma sobre aagro-logística durante o ano de 2011. O calendário das reuniões passadas e futuras estádisponível no sítio Internet da Comissão (39) .

No seio da plataforma de peritos em práticas contratuais no domínio das relações entreempresas na cadeia de abastecimento alimentar, a Comissão verificou um empenho daspartes contratantes implicadas pelo debate no sentido de desenvolver uma abordagemcomum da noção de equidade nas relações contratuais entre empresas. A plataforma deperitos deve propor uma definição de práticas justas em Setembro de 2011, ilustrada porpráticas efectivamente observadas na cadeia, se possível colocando a tónica nas melhorespráticas. As partes contratuais elaboraram em conjunto um roteiro para atingir esseobjectivo. Conforme os progressos realizados até Junho, a Comissão poderá confirmaressa abordagem ou, pelo contrário, poderá propor um novo método de trabalho com vistaa garantir que serão alcançados resultados satisfatórios.

Além disso, de acordo com a Comunicação intitulada "Um Acto para o Mercado Único" (40)

e com o relatório sobre o exercício de monitorização do mercado do comércio e dadistribuição (41) , a Comissão prevê adoptar, no Outono de 2011, uma comunicaçãodestinada a definir o problema das relações comerciais desleais, a apresentar informaçõessobre as regras nacionais relativas a essas práticas e, bem assim, sobre a sua aplicação, e arealçar as pistas de acções possíveis. Também no Outono de 2011 a Comissão irá apresentarà plataforma de peritos e ao Fórum um relatório sobre os trabalhos desenvolvidos pelasautoridades nacionais da concorrência no sector agro-alimentar.

(38) Decisão da Comissão 2010/C 210/03, de 30 de Julho de 2010, que institui o Fórum de Alto Nível sobre a Melhoriado Funcionamento da Cadeia de Abastecimento Alimentar (JO EU C210 de 3.8.2010)

(39) Reuniões já realizadas: http://circa.europa.eu/Public/irc/enterprise/hl-forum-food-supply-chain/meetings?a=lprv

Reuniões futuras (datas provisórias):http://circa.europa.eu/Public/irc/enterprise/hl-forum-food-supply-chain/meetings?a=lftr

(40) Comunicação da Comissão" Um Acto para o Mercado Único para uma economia social de mercado altamentecompetitiva - 50 propostas para, juntos, melhor trabalhar, empreender e fazer comércio" COM(2010) 608 final/2

(41) Relatório da Comissão: Exercício de monitorização do mercado do comércio e da distribuição: "Para um mercadointerno do comércio e da distribuição mais eficiente e equitativo até 2020" COM(2010)355 final

12-05-2011Debates do Parlamento EuropeuPT220

Page 221: QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 - European Parliament2011)05-12_PT.pdfQUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 PRESIDENTE: MIGUEL ANGEL MARTÍNEZ MARTÍNEZ Vice-Presidente 1. Abertura do

Com base nessas análises factuais, a Plataforma de Peritos em Práticas Contratuais nodomínio das Relações entre Empresas na Cadeia de Abastecimento Alimentar deve explorar,numa segunda fase, as acções possíveis e as ferramentas de implementação na perspectivade possíveis recomendações do Fórum de Alto Nível.

No âmbito da Plataforma de Peritos sobre o Instrumento Europeu de Acompanhamentodos Preços Alimentares, as partes contratantes já forneceram à Comissão contribuiçõesúteis para melhorar esse instrumento. Além disso, a plataforma constitui um local deintercâmbio pertinente com vista a reforçar as sinergias entre o instrumento ora emdesenvolvimento a nível da UE e os observatórios de preços já activos em diversosEstados-Membros.

A Plataforma de Peritos sobre a Competitividade da Indústria Agro-Alimentar tem pormandato acompanhar a implementação de um vasto leque de recomendações do Grupode Alto Nível que tinha tratado deste assunto em 2008 e 2009. Com base nas contribuiçõesdas partes contratantes, a Comissão propôs centrar o trabalho desta plataforma em quatrotemas, para os quais um diálogo entre as partes contratantes ao Fórum poderia constituirum valor acrescentado particularmente significativo. Os temas identificados são os seguintes:o pilar social de uma competitividade sustentável, a rotulagem, a inovação e o mercadointerno. Esta escolha tem em conta os trabalhos desenvolvidos noutros fóruns que implicamdiferentes partes contratantes, como, por exemplo, a mesa redonda sobre o consumo e aprodução sustentável de alimentos, evitando assim uma duplicação de trabalho. Cada temaaprovado será objecto de um workshop específico. Em 3 de Maio de 2011, foi organizadoum workshop sobre as questões sociais importantes na cadeia alimentar, o qual deu lugara um debate construtivo sobre o papel da responsabilidade social das empresas e sobre oquadro das Nações Unidas sobre as empresas e os direitos humanos.

As plataformas de peritos apresentarão um relatório no Fórum de Alto Nível. Este deveráreunir pela segunda vez em Dezembro de 2011, a fim de orientar os trabalhos técnicospara o ano seguinte. Tendo em conta os progressos registados até ao momento, a Comissãoestima que o Fórum de Alto Nível estará apto a atingir conclusões satisfatórias antes dofinal do seu mandato, em Dezembro de 2012.

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221Debates do Parlamento EuropeuPT12-05-2011