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QUINTO REGISTRO DE IMÓVEIS DE SÃO PAULO Sérgio Jacomino, Registrador
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR D e s e m b a r g a d o r RUBENS RIHL
TJSP - 85 Câmara de direito Público Praça da Sé, s/n. Palácio da Justiça, sala 237.
Ref. Al 0274676-52.2011.8.26.0000 - 8- Câmara de Direito Público. Mandado de segurança Agravante: Primafer Inc. S/A Agravado: Oficial do 5S Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de São Paulo
SÉRGIO JACOMINO, 55 Oficial de Registro de Imóveis da Capital, vem respeitosamente prestar as seguintes informações em atenção à Carta Intimatória 1.413/2011, SJ 4.4.1 - DS, datada de 13 de dezembro de 2011, aqui recebida a 12 de janeiro do corrente, tendo por objeto o agravo acima referido.
c
1 - Questões preliminares t <
l.a Recurso administrativo (CSM) pendente com efeitos suspensivo e devolutivo jj < c <
Na base da controvérsia, acha-se a denegação de acesso ao Registro de Imóveis a título deü interesse da agravante. 5
Antes de impetrar este mandado de segurança, a agravante, não se conformando com as? exigências feitas por este Cartório, requereu a suscitação de dúvida registrai, nos exatos termos do art.; 198 da Lei 6.015, de 1973 -LRP - Lei de Registros Públicos (suscitação da dúvida de 29.7.2011, doe. # 1,-anexo).
A dúvida foi regularmente processada e encaminhada ao juízo competente, nos termos do art. 198, IV, da referida lei, devolvendo-se, ao juízo administrativo, a apreciação do pedido de registro. O pedido foi autuado e ganhou o número Processo 0028707-86.2011.8.26.0100.
A dúvida foi julgada procedente, confirmando, portanto, a recusa originária de registro (sentença de 17 de agosto de 2011, cópia anexa, doe. # 2).
Não se resignando, uma vez mais, a agravante veiculou recurso de apelação dirigido ao Colendo Conselho Superior da Magistratura, nos termos do art. 202 da LRP. O recurso acha-se ainda pendente de apreciação, tendo para lá sido remetido o processo a 13 de outubro de 2010, autuado a 12 de janeiro do corrente - Ap. Civ. 0028707-86.2011.8.26.0100.
Feita esta pequena introdução, gostaria de destacar aspectos preliminares que estariam a impedir o prosseguimento deste processo.
O art. 202 da LRP reza que "da sentença [no processo de dúvida], poderão interpor apelação, com os efeitos devolutivo e suspensivo, o interessado, o Ministério Público e o terceiro prejudicado".
Com o fundamentaram
A Lei 12.016, de 2009, por outro lado, prevê:
C^I Ca-CO
recurso acima referido, devolveu-se ao órgão colegiado a apreciação dos motivos que a recusa original deste Cartório, confirmada pelo juízo de l 9 grau.
QUINTO REGISTRO DE IMÓVEIS DE SÃO PAULO Sérgio Jacomino, Registrador
Art. 5e Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
Não se ignora que a doutrina caminha no sentido de que a interpretação da condicionante do art. 55, I, da Lei 12.016/2009 deva ser modulada - já que a disposição contida no art. 5^, LXIX, da Carta de 1988, não limita nem condiciona o exercício do direito de ação mandamental (brevitatis causa: NERY JR. Nelson. NERY. Rosa Maria de Andrade. Constituição Federal comentada e legislação constitucional. 2-ed. São Paulo: RT, p. 1.226).
Contudo, se a agravada não estaria obrigada a exaurir, previamente, a via administrativa para a impetração do mandado de segurança, o fato é que recorreu administrativamente e o seu recurso, com efeitos suspensivos e devolutivos, acha-se hoje pendente de apreciação pelo Conselho Superior da Magistratura de São Paulo. As consequências do julgamento trarão novos e inesperados problemas, como se verá logo abaixo.
A questão então se desloca para o quadrante do interesse processual de agir.
Salvo melhor juízo, à agravante falta-lhe interesse de agir.
CELSO AGRÍCOLA BARBI, comentando disposit ivo que hoje corresponde ao art. 5-, I, Lei 12.016/2009, já apontava para o problema:
A conclusão que tiramos desse inciso (...) da Lei n. 1.533/51 é a inexistência de 'interesse de agir' quando haja recurso administrativo com efeito suspensivo e independentemente de caução. O mandado porventura requerido não deve ter seguimento, e o autor será julgado não possuidor de ação, por falta de interesse de agir..." (BARBI. Celso Agrícola. Do Mandado de Segurança. 95 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 62).
É clássica a lição de HELY LOPES MEIRELLES no sentido de que o impetrante não está obrigado a exaurir a via administrativa para utilizar-se da via jurisdicional. Contudo, tendo voluntariamente optado pela via do recurso administrativo, deverá aguardar o seu desfecho. Diz o jurista:
Quando a lei veda se impetre mandado de segurança contra 'ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo (...)', não está obrigando o particular a exaurir a via administrativa para, após, utilizar-se da via judiciária. Está, apenas, condicionando a impetração à operatividade ou exequibilidade do ato a ser impugnado perante o Judiciário. Se o recurso suspensivo for utilizado, ter-se-á que aguardar seu julgamento, para atacar-se o ato final; se transcorre o prazo para o recurso, ou se a parte renuncia à sua interposição, o ato se torna operante e exequível pela Administração, ensejando desde logo a impetração. O que não se admite é a concomitância do recurso administrativo (com efeito suspensivo) com o mandado de segurança, porque, se os efeitos do ato já estão sobrestados pelo recurso hierárquico, nenhuma lesão produzirá enquanto não se tornar exequível e operante. Só então poderá o prejudicado pedir o amparo judicial contra a lesão ou a ameaça a seu direito. O que se exige sempre - em qualquer caso - é a exequibilidade ou a operatividade do ato a ser atacado pela segurança: a exequibilidade surge no momento em que cessam as oportunidades para os recursos suspensivos; a operatividade começa no momento em que o ato pode ser executado pela Administração ou pelo seu beneficiário. (MEIRELLES. Hely Lopes. Mandado de Segurança e ações constitucionais. São Paulo: Malheiros: 33a ed. 2010, p. 42-3, grifei).
No caso em julgamento, os atos denegatórios de registro estão sobrestados pelo recurso hierárquico. Nenhuma lesão ao seu direito se operará enquanto pendente a validade da prenotação.
l.b - Jurisprudência do STF
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QUINTO REGISTRO DE IMÓVEIS DE SÃO PAULO Sérgio Jacomino, Registrador
A jurisprudência do STF parece caminhar no mesmo sentido. Peço vénia para indicar a decisão proferida no Mandado de Segurança 25.378, do Supremo Tribunal Federal, em que o Ministro CARLOS VELLOSO assim enfocou a questão:
"Poderia, o impetrante, deixar de interpor o recurso administrativo e aforar o mandado de segurança. O que não pode ocorrer é a utilização, ao mesmo tempo, do recurso administrativo com efeito suspensivo e da segurança..." (MS 25.378-9, decisão monocrática de 15.6.2005, DJ 24.6.2005).
A jurisprudência do STF mantem-se firme no mesmo diapasão.
Colhe-se do voto da ministra CÁRMEN LÚCIA, em decisão proferida no Mandado de Segurança 27.466, j. de 8.8.2008 (DJ de 18.8.2008): MS 26.290, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 10.5.2007, decisão monocrática; MS 26.002, Rei. Min. Cezar Peluso, DJ 9.11.2006, decisão monocrática; MS 26.148, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 4.10.2006, decisão monocrática; MS 25.740, Rei. Min. Cezar Peluso, DJ 5.4.2006, decisão monocrática; MS 25.755, Rei. Min. Joaquim Barbosa, DJ 10.2.2006, decisão monocrática; MS 25.620, Rei. Min. Joaquim Barbosa, DJ 2.12.2005, decisão monocrática; MS 25.536, Rei. Min. Joaquim Barbosa, DJ 8.11.2005, decisão monocrática; MS 25.416, Rei. Min. Cezar Peluso, DJ 29.8.2005, decisão monocrática; MS 24.682, Rei. Min. Marco Aurélio, DJ 16.4.2004, decisão monocrática; MS 24.511, Rei. Min. Marco Aurélio, DJ 2.4.2004, Plenário; MS 24.564, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 23.10.2003, decisão monocrática; MS 24.280-AgR, Rei. Min. Maurício Corrêa, DJ 7.4.2003, Plenário; MS 24.425, Rei. Min. Carlos Velloso, DJ 28.3.2003, decisão monocrática; MS 24.280, Rei. Min. Maurício Corrêa, DJ 20.8.2002, decisão monocrática; RMS 8.736, Rei. Min. Pedro Chaves, DJ 11.1.1962, Plenário; e RE 28.953, Rei. Min. Rocha Lagoa, DJ 23.5.1957, Segunda Turma.
l.c - Jurisprudência do CSMSP e TJSP
O Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo, em mais de uma ocasião, confirmou o entendimento de que não cabe aforar mandado de segurança quando pendente recurso administrativo com efeito suspensivo - como no caso das dúvidas registrais e procedimentos administrativos em curso pelâ Corregedoria-Geral da Justiça de São Paulo.
Peço vénia para citar o decidido no MS 990.10.237.800-4, deste Cartório, j. 24.8.2010, DJE de 22.11.2010, em que foi relator o desembargador MUNHOZ SOARES. Ali se decidiu, de passagem, que a via eleita seria inadequada, "seja porque a decisão tem caráter administrativo, seja porque o ato é passível de recurso, perante a E. Corregedoria Geral de Justiça. E o art. 59., I, da Lei 12.016, de 07 de agosto de 2009, estabelece que 'Não se concederá mandado de segurança quando se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução'".
A 63 Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça já enfrentou o problema:
MANDADO DE SEGURANÇA - Denegação na origem - Impetração contra ato do Oficial de Registro de Imóveis Oficial Registrador que não pode ser qualificado como autoridade administrativa, para os termos do art. I 8 §1° da Lei ns 12.016/2009 - Precedentes - Denegação da ordem - Recurso desprovido. (TJSP, Ap. 9132603-06.2008.8.26.0000, j. 1 7 / 1 1 / 2 0 1 1 , re i . D e s . ROBERTO SOLIMENE).
Peço vénia para citar o seguinte trecho - aplicável à espécie sub examine:
Outrossim, considerando que a suscitação de dúvida apresenta natureza de recurso administrativo, com efeito suspensivo consubstanciado exatamente na prenotação do título, que perdurará até decisão final, mostra-se inviável a via mandamental, a teor do que dispõe o art. 5®, inc. I da Lei n. 12.016/09. /
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Por essa razão, data vénia, não se há falar em afronta ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, sabendo-se, ainda, que a dúvida é solucionada por Juiz de direito investido na atribuição de atividade administrativa correcional.
E a decisão por ele ao final prolatada não faz coisa julgada material, podendo ser desconstituída por meio da propositura de medida judicial cabível.
Segue que o Oficial do Cartório de Registro de Imóveis não pode ser qualificado como autoridade administrativa na forma do art. 19 , §ie da atual Lei n. 12.016/2009".
No V. aresto há indicação de precedentes jurisprudenciais.
Last, but not least, o que a agravante busca, especificamente, é impedir que o bem imóvel, por ela adjudicado, possa "ser transferido ou alienado para terceiros de boa-fé" (fls. 16).
Ora, com a suscitação de dúvida, interrompe-se o prazo legal de exaurimento da prenotação (art. 205 da LRP), de modo que quaisquer terceiros terão ciência da existência da adjudicação por força da publicidade registrai (art. 21 da LRP). Este aspecto foi muito bem observado por Vossa Excelência no item 4 da R. decisão de fls. 138-9.
Enfim, julgada a dúvida improcedente, o Cartório deverá promover o registro, protraindo-se seus efeitos à data da prenotação (art. 203, II c.c. art. 1.246 do Código Civil).
l.d - Autoridade coatora incompetente
O mandado de segurança foi impetrado contra este Quinto Oficial de Registro de Imóveis. Contudo, como já assinalado, a agravante suscitou dúvida, tendo por objeto a mesma pretensão e o caso se acha sub judice do Eg. Conselho Superior da Magistratura.
A questão que se coloca é a seguinte: seria cabível impetração de mandado de segurança contra autoridade que já não disponha de competência e poderes para corrigir a ilegalidade impugnada?
De fato, uma vez requerida a suscitação de dúvida, se terá esgotado a competência do registrador para apreciar e deferir o registro, corrigindo, assim, eventual ilegalidade praticada.
Nesta perspectiva, o ato alegadamente ilegal a ser hostilizado seria, eventualmente, a respeitável decisão proferida pelo MM. Juiz da vara de Registros Públicos no Processo 0028707-86.2011.8.26.0100. Esta a autoridade coatora - aquele o ato impugnado.
Com a suscitação da dúvida, esgota-se a competência do registrador para decidir acerca da registrabilidade do título de modo que, pendente ainda o recurso administrativo, faltar-lhe-á aptidão -melhor seria dizer "poder de decisão" - para dar execução à sentença de procedência do writ. Numa palavra, falece de legitimação passiva para responder pelo ato impugnado.
U m a vez mais me socorro na doutr ina de HELY LOPES MEIRELLES:
Incabível é a segurança contra autoridade que não disponha de competência para corrigir a ilegalidade impugnada. A impetração deverá ser sempre dirigida contra a autoridade que tenha poderes e meios para praticar o ato ordenado pelo Judiciário (...). Essa orientação funda-se na máxima ad impossibilita nemo tenetur: ninguém pode ser obrigado a fazer o impossível. Se as providências pedidas no mandado não são da alçada do impetrado, o impetrante é carecedor da segurança contra aquela autoridade, por falta de legitimação passiva para responder pelo ato impugnado. (MEIRELLES. Hely Lopes. Mandado de Segurança e ações constitucionais. Sao Paulo: Malheiros: 338 ed. 2010, p. 70-71). /
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Pendente o recurso à autoridade superior, as providências registrais já não seriam de minha alçada. O V. Conselho Superior da Magistratura pode, inclusive, obstar o registro até mesmo razões diversas da que foram levqntas originariamente por mim, já que, devolvendo-se inteiramente as questões ao escrutínio do R. órgão, com efeitos devolutivo e suspensivo adjetos, proceder-se-á a reexame integral da qualificação originária. Confira-se, a propósito, o voto do relator e Corregedor-Geral de Justiça, des. MUNHOZ SOAREZ, na Ap. Civ. 1.243-6, Pedregulho, j. 13.4.2010, DJE de 1.6.2010:
Não é demais observar, porém, que o julgamento da dúvida, em primeira instância e em grau de recurso, importa no reexame integral da qualificação, o que permite tanto afastar exigências formuladas pelo Oficial de Registro como reconhecer a existência de eventuais outras não indicadas na nota de devolução por esse emitida, sem que disso decorra julgamento extra ou ultra petita em razão da natureza administrativa do procedimento.
Nesse sentido, dentre outros, cabe lembrar o v. acórdão prolatado por este Colendo Conselho Superior da Magistratura na Apelação Cível ns 33.111-0/3, da Comarca de Limeira, de que foi relator o Desembargador Márcio Martins Bonilha" (Ap. n. 1.128-6/3, rei. Des. Luiz Tâmbara). E mais: Ap. n. 10.880-0/3, da Comarca de Sorocaba, rei. Des. Márcio Martins Bonilha.
Consumado o julgamento do recurso de apelação em curso, a mim caberá, simplesmente, proceder à materialização do ato impugnado, se determinado, sem qualquer possibilidade de revê-lo.
A propósito, este é o sentido que pode extrair da decisão do STF no ROMS n. 21.387-6-DF, em que fo i re lator o min. MARCO AURÉLIO:
Legitimidade - mandado de segurança - ato decisório e ato executório. Define-se a competência para julgamento de mandado de segurança perquirindo-se o autor do ato apontado como de constrangimento. Estabelecida situação a encerrar simples materialização por subordinado, ao qual escape a possibilidade de revê-lo, o mandado de segurança há que ser dirigido contra a autoridade que praticou o ato em sua origem, pouco importando o status daquele que o tenha simplesmente executado. (ROMS 21.387/DF, Relator Min. MARCO AURÉLIO, j. 26.5.1992, DJ 19.2.1993)
2. Defesa do ato impugnado
Entendendo Vossa Excelência cabível o mandado de segurança, permita-me reproduzir as razões que motivaram a denegação da prática de ato de registro.
Dentre as várias exigências formuladas por este Cartório na ocasião da apresentação do título, a agravante parece ter se insurgido apenas contra uma: a necessidade de apresentação de prova de quitação de débitos condominiais como previsto no art. 45, § único, da Lei 4.591, de 1964:
Art. 4e A alienação de cada unidade, a transferência de direitos pertinentes à sua aquisição e a constituição de direitos reais sobre ela independerão do consentimento dos condôminos.
Parágrafo único - A alienação ou transferência de direitos de que trata este artigo dependerá de prova de quitação das obrigações do alienante para com o respectivo condomínio.
Parece incorrer em certo equívoco concluir-se singelamente que a exigência legal tenha sido tacitamente revogada pelo Código Civil de 2002. Aduz a agravante que o diploma civil de 1916 "não trazia disposição semelhante à do art. 1.345 do Código atual" (fls.), daí concluindo que, prevendo-o agora expressamente a sub-rogação do adquirente nas obrigações condominiais, as regras da Lei de Condomínio estariam tacitamente revogadas - como se a natureza jurídica dessas obrigações (propter rem) tivessem sido qualificadas como tal somente a partir do advento do novo código civil.
Nunca se divergiu, em majoritária doutrina, que a natureza jurídica de tais obrigações era. e sempre foi real. A regra insculpida no art. 1.345 do atual código representa simplesmente a enunciação,
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agora expressa, de regra jurídica que era perfeitamente assimilada e assente na doutrina e jurisprudência sob a égide do Código de 1916.
Diz o autor da Lei de Incorporações e Condomínios:
"O cumprimento das obrigações atinentes aos encargos condominiais, sujeitando o devedor às cominações previstas (juros moratórios, multa, correção monetária), todas exigíveis judicialmente, constitui uma espécie peculiar de ônus real, gravando a própria unidade, uma vez que a lei lhe imprime poder de sequela.
Com efeito, estabelece o art. 4®, § único, da Lei do Condomínio e Incorporações que o adquirente responde pelos débitos da unidade adqgirida.
O objetivo da norma é defender o condomínio contra a alegação de que o novo proprietário não poderia responder pelos encargos correspondentes a tempo anterior a seu ingresso na comunidade.
Tal propósito não pode, entretanto, ser levado ao extremo de exonerar o alienante. Assim é que se o adquirente for chamado a liquidar o débito, fica sub-rogado no direito respectivo, cabendo o ressarcimento por via da ação in rem verso (Código Civil, art. 988) (PEREIRA. Caio Mário da Silva. Condomínio e Incorporações. Rio de Janeiro: Forense, IO? ed., 1999, p. 189).
Idêntico entendimento professava ARNOLDO WALD:
"Os autores costumam lembrar a analogia entre o condomínio de apartamentos e as sociedades, olvidando que estas têm como base um contrato feito intuito personae, ou seja, com pessoa certa e determinada, enquanto o condomínio inclui entre os seus membros aqueles que, em determinado momento, forem proprietários das unidades constitutivas do prédio. Assim, existe uma situação jurídica do condômino não inerente à sua pessoa mas vinculada àquele que for proprietário do apartamento. A obrigação do condômino é pois um débito ligado à situação jurídica de proprietário da unidade do imóvel, sendo assim uma obrigação propter rem, uma obrigação oriunda da relação do devedor com a coisa. ". (in Curso de Direito Civil Brasileiro — Direito das Coisas. São Paulo: RT„ 9a Edição, 1993, p. 139).
Ao lado da "ambulatoriedade" de tais obrigações reais, entendo que remanesce hígida a exigência legal de se provar a quitação de débitos condominiais para a alienação de unidades autônomas integrantes de condomínios edilícios.
Para obstar o acesso do título de interesse da agravante, baseei-me em precedentes do mesmo Egrégio Conselho Superior da Magistratura: Ap. Civ. 990.10.278.563-7, j. de 5/10/2010, DJE de 26/11/2010, São Paulo, rei. des. MUNHOZ SOARES e Ap. Civ. 990.10.030.993-5, j. 30/6/2010, DJE de 18/10/2010, São Paulo, rei. des. MUNHOZ SOARES. Desta última decisão peço vénia para destacar:
Conforme já decidido por ocasião do julgamento da Apelação Cível n® 158-6/2, da Comarca da Capital, por este Conselho Superior da Magistratura, "o parágrafo único do artigo 4® da Lei n9 4.591/64 é categórico ao dispor que a alienação de unidades condominiais, assim como a transferência de direitos a elas relativos, dependerá de prova de quitação das obrigações do alienante para com o respectivo condomínio".
Por isso, para acesso do respectivo título ao fólio real, é de se exigir tal comprovação (Apelação Cível n® 56.318-0/6, Capital, Rei. Des. Nigro Conceição, pub. D.O. 09/04/99, p. 07).
Quanto ao artigo 1.345 do Código Civil, ressalvados os respeitáveis entendimentos em contrário, não revogou referida regra e teve por escopo, tão somente, explicitar o caráter propter rem dos débitos condominiais. É norma destinada a preservar o condomínio de inadimplemento decorrente de eventual disputa entre alienante e adquirente acerca da responsabilidade pelo pagamento. Porém, de modo algum exime daquela obrigação antes destacada, que é requisito legal para alienação da unidade e representa garantia, não só a favor da comunidade condominial, mas, também, do próprio adquirente, máxime ante a responsabilidade realçada pelo citado dispositivo normativo.
No mesmo diapasão, o julgado na Apelação Cível n® 1.034-6/4, da Cornai
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"Deveras, o parágrafo único do artigo 4S da Lei nB 4.591/64 é categórico ao dispor que a alienação de unidades condominiais, assim como a transferência de direitos a elas relativos, 'dependerá de prova de quitação das obrigações do alienante para com o respectivo condomínio'.
Por isso, já decidiu este Conselho que, para acesso do respectivo título ao fólio real, é de se exigir tal comprovação (Apelação Cível n? 56.318-0/6, Capital, Rei. E. Des. Nigro Conceição, Apelação Cível n? 158-6/2, Capital, Rei. E. Des. José Mário Antonio Cardinale).
Quanto à parte contemplada por título judicial, o tratamento não é diferente, como revela o V. Acórdão proferido na Apelação Cível nB 769-6/0, Piracicaba, relatado pelo E. Des. Gilberto Passos de Freitas, cuja ementa é clara:
"Registro de Imóveis - Unidade condominial - Dúvida julgada procedente - Negativa de acesso ao registro de mandado extraído dos autos de ação de adjudicação compulsória - Título inapto ao ingresso no registro imobiliário -Instrumentação do título que se deve materializar por carta de sentença - Necessidade, ainda, de comprovação de quitação das obrigações do alienante para com o condomínio, sem o que não se admite o acesso, ao fólio real, da transferência de domínio - Recurso não provido".
Mesmo nos casos de adjudicação - portanto títulos de extração judicial - a jurisprudência não discrepa. Além da Ap. Civ. 769-6/0, Piracicaba, j. 14.12.2007, rei. Gilberto Passos de Freitas, cite-se a Ap. Civ. 1.034-6/4, da qual se extfai o seguinte:
Deveras, o artigo 1.345 do Código Civil deixou patente o cabimento da exigência ao explicitar o caráter propter rem dos débitos condominiais, com ênfase à responsabilidade de quem adquire o imóvel, o que vale, por óbvio, dada a ausência de qualquer ressalva, inclusive na hipótese de aquisição por arrematação judicial: 'O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios'.
Oportuno, no concernente ao caso focalizado, o comentário de FRANCISCO EDUARDO LOUREIRO, em glosa ao dispositivo legal por último referido: 'O artigo usa a expressão genérica adquirente, não restringindo às aquisições por negócio jurídico, de modo que também alcança as vendas judiciais, atingindo o arrematante e o adjudicatário' (Código Civil Comentado, Coord. Min. Cezar Peluso, Ed. Manole, Barueri, 2007, p. 1.214).
Desse entendimento não discrepa a jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça: 'O adquirente, mesmo no caso de arrematação, responde pelos encargos condominiais incidentes sobre o imóvel arrematado, ainda que anteriores à alienação. Recurso especial não conhecido' (REsp ne 506.183/RJ, 42 T., Rei. Min. Fernando Gonçalves, DJ 25/02/2004, apud ob. cit., p. 1.215).
Logo, considerando que, como visto, o parágrafo único do art. 4® da Lei ne 4.591/64, no que diz respeito à unidade autônoma, subordina a 'alienação ou transferência' à 'prova de quitação' das obrigações condominiais, mostra-se correta a exigência do registrador. (Ap. Civ. 1.034-6/4, São Paulo, j. 17.3.2009, DJE de 4.6.2009, rei. des. Ruy Camilo).
Por fim, além da abonação dos critérios adotados por este Registro, representada pelos V. acórdãos citados, o próprio STJ, pelo voto da ministra NANCY ANDRIGHI, deixou patente que o disposto no parágrafo único do art. 49 da Lei 4.591, de 1964 não se acha revogado. O V. acórdão é de 2004 -REsp 469.915 - RJ (2002/Ü116443-7), rei. min. NANCY ANDRIGHI, j. de 28.9.2004, DOU de 1/2/2005, p. 538.
/
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA JUDICIÁRIA
SJ 4.4.1 - Seção de Proces. da 8a Câmara de Dir. Público Praça da Sé s/n° - Palácio da Justiça - Sala 237 - CEP: 1018010
Carta Intimatória n.° 1413/2011 - S.J. 4.4.1 - ds Agravo de Instrumento n° 0274676-52.2011.8.26.0000 - 8a
Ação: Mandado de Segurança Assunto: Atos Administrativos Número de Origem: 0037303-06.2011.8.26.0053 - 1802/2011 Agravante: Primafer Inc S/A Agravado: Oficial do 5o Cartorio de Registro de Imóveis da Comarca de São Paulo
Ilmo(a). Senhor(a)
Nos termos do artigo 527, inciso V, do Código de Processo
Civil e tendo em vista o r. despacho do Exmo. Senhor Desembargador Relator do
Tribunal de Justiça, fica Vossa Senhoria intimado(a) a responder no prazo de 10 (dez)
dias aos termos do agravo e, querendo, juntar peças, se entender conveniente.
Cientifico-o(a), outrossim de que os referidos autos tramitam
pela SJ 4.4.1 - Seção de Proces. da 8a Câmara de Dir. Público, da Secretaria Judiciária
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, situado na Praça da Sé s/n° - Palácio
da Justiça - Sala 237 - CEP: 1018010 .
São Paulo, 13 de dezembro de 2011.
c
limo. Senhor Dr. Oficial do 5 ° Cartório de Registro de imóveis da Comarca de São Paulo Rua: Marquês de Paranaguá, n° 359 - Consolação Cep: 01303-050-São Paulo
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Vistos.
- i
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Despacho
Agravo de Instrumento Processo n° 0274676-52.2011.8.26.0000
Relator(a): RUBENS RIHL Órgão Julgador: 8" CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO Agravante: PRIMAFER INC S/A Agravado: OFICIAL DO 5o CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DA 2 COMARCA DE SÃO P. Comarca: SÃO PAULO
o u.
COMARCA DE SÃO PAULO §
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roo •Sai OCN
go V- rvi 1. Trata-se de agravo de instrumento tirado contra a r. decisão o « Oti
reproduzida à fls. 129 que, nos autos do mandado de segurança 5 co
impetrado por PRIMAFER INC S/A em face de ato do SENHOR 5 0
OFICIAL DO 5o CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DA g 1
COMARCA DE SÃO PAULO, indeferiu o pedido liminar de [2° S I registro da carta de adjudicação do imóvel matriculado sob o n.
25.690. S f a § ^ o
2. Esclarece a agravante qüe é credora de Sylvio Ferraz e de Maria 8Q © .ro
- c 0 Cristina de Carvalho Ferraz da quantia de R$ 11.540.428,81, 2§
•Sc encontrando-se em trâmite ação de execução n. 583.00.1996.512911- |<3
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3 perante a 9a Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo.
Diz que, após mais de quinze anos de demanda, sem que os
executados efetuassem o pagamento do débito, requereu a penhora e
depois a adjudicação do imóvel matriculado sob o n. 25.690 perante •§•§ o 5o Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de São Paulo, o
s 2 que foi deferido pelo magistrado da execução. Refere a recorrente | jg
a (j que, após a assinatura do auto e da expedição da Carta de
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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Adjudicação, dirigiu-se ao referido cartório de imóveis no intuito do
registro dessa adjudicação, tendo o oficial, contudo, determinado a
apresentação de declaração de quitação de débitos condominiais
subscrita pelo síndico do condomínio, situação que não pode
prevalecer. Alega que comprovou a quitação das obrigações
independentemente da apresentação de declaração de quitação de
4 V
LL condominiais, mediante declaração da administração de 5
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5> (
condomínios, o que já é suficiente para o registro da adjudicação, eis
que a lei não prevê a necessidade da declaração ser lavrada pelo
síndico. Ainda que assim não fosse, menciona que tal exigência S | <D O
O acabou revogada pelo novo Código Civil, porquanto passou a ser do -g ® « I
adquirente de unidade a responsabilidade pelos débitos do alienante .ÕICS,
em relação ao condomínio (art. 1345). Assim, entende presente a
fumaça do bom direito, bem como o perigo da demora, este f S 2<ô
caracterizado pela possibilidade dos executados disporem do bem 2<5
adjudicado pela agravante. Por fim, diz que o fundamento utilizado CC i pelo juízo singular não subsiste, eis que o objeto da lide é o 8
unicamente obter o registro da carta de adjudicação, S ° d a •
débitos condominiais, sendo certo que, obtida a liminar, diligenciará
novamente junto ao Poder Público a fim de conseguir todas as s | o
certidões necessárias de regularidade fiscal do imóvel. Pede a §.<§
antecipação da tutela recursal, deferindo-se o imediato registro da 1 1 S c
carta de adjudicação e, ao final, o provimento do agravo (fls. 02/29).
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U O 3. Agravo tempestivo, instruído com os documentos obrigatórios "fe
exigidos por lei, bem como com outras peças úteis ao entendimento co a c vi Oi (D oa o"3 O CD
da lide. Passo a análise do pedido de antecipação dos efeitos da •&-S
tutela recursal.
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4. Numa análise perfunctória, entendo que não é caso de deferimento -g|> a Q y> Sr Lux:
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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
do pedido acima, eis que ausentes os requisitos legais para tanto,
notadamente o perigo da demora alardeado pela recorrente. A
penhora do bem objeto da adjudicação encontra-se devidamente
anotada no registro do imóvel (fls. 124), de modo que o pleito
antecipatório, tal como requerido pela recorrente, fica indeferido.
5. Intime-se o agravado para que apresente sua resposta, no prazo legal.
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6. Dispensadas as informações do juízo a quo ante a facultatividade do
artigo 527, inciso IV, do CPC.
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7. Após, vista à Procuradoria de Justiça.
8. Comunique-se o D. juízo singular quanto ao resultado da presente
decisão, com cópia desta.
9. Oportunamente, tornem conclusos.
10. Intimem-se.
São Paulo, 30 de novembro de 2011.
Rubens Rihl Relator
Tribunal de Justiça de São Paulo Processamento'do 4o Grupo de
Câmaras de Direito Público
0 2 DEZ 2011
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
cu
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cã OJ
PRIMAFER INC. S/A, por seus advogados que esta '§< CO
subscrevem, não se conformando com a respeitável decisão de fls. 93 proferida nos
autos do Mandado de Segurança n° 0037303-06.2011.8.26.0053 em trâmite perante
a 14a Vara da Fazenda Pública do Foro da Comarca de São Paulo, impetrado em
face do ILMO. SR. DR. OFICIAL DO 5o CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS
DA COMARCA DE SÃO PAULO, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, nos termos do artigo 522 e seguintes do Código de Processo Civil,
interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO LIMINAR,
para os devidos Fins aduzidos na minuta que segue.
Informa a Agravante que o presente Agravo de Instrumento vem
instruído das peças obrigatórias previstas no art. 525,1, do Código de Processo Civil, a saber:
cópias da decisão agravada, certidão de intimação desta, procuração dos advogados da
Agravante, bem como da íntegra dos autos, as quais os ora signatários declaram ser
autênticas, sob sua responsabilidade pessoal, nos termos do artigo 365, IV, do mesmo
Diploma.
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TARDIOLl 1 LIMA Advogados Associados
Informa a Agravante que a parte Agravada não possui advogado
constituído nos autos, tendo em vista que a r. decisão agravada é justamente aquela que negou
initio litis o pedido liminar formulado no Mandado de Segurança em pauta.
Advogados da Agravante: Fernando Tardioli Lúcio de Lima, OAB/SP 206.727, Carla
Honorata Macedo Oliveira, OAB/SP 297.931 e Andréia Regina Viola, OAB/SP 163.205,
todos com escritório na Rua Pedroso Alvarenga, 1.046, 20° andar, Itaim- Bibi, Capital. São
Paulo, CEP 04531-012.
Termos em que.
Pede deferimento.
São Paulo, 26 de outubro de 2011.
•UJUA-Q. Tardioli Lúcio de Lima
OAB/SP 206.727
Carla Ho acedo Oliveira
OAB/SP 297.931
Andréia Regina Viola
OAB/SP 163.205
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LIMA
MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
Origem: 14a Vara da Fazenda Pública de São Paulo
Agravante: Primafer Inc. S/A
Agravado: limo. Sr. Dr. Oficial do 5o Cartório de Registro de Imóveis da Comarca
de São Paulo
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,
COLENDA CÂMARA,
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES.
I. DO CABIMENTO DO PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO
retida. No entanto, a legislação processual admite o recebimento do agravo de
instrumento nos casos em que houver a possibilidade de causar à parte lesão grave
e de difícil reparação.
caso o presente recurso seja recebido na forma de instrumento, j á que a decisão ora
agravada é aquela que negou a medida liminar requerida no Mandado de Segurança
impetrado contra o ato praticado pela autoridade coatora, ora Agravada, que se
recusou a registrar a Carta de Adjudicação que lhe foi apresentada, mesmo tendo
sido preenchidos os requisitos para tanto.
É sabido que, em tese, o agravo deve ser interposto na forma
Esse é o caso dos autos.
Os danos experimentados pela Agravante serão irreparáveis,
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£ TA RD IO LI I LIMA Advogados Associados
É ev iden te que a manu tenção da r. dec i são agravada , com a
consequen te nega t iva de regis t ro da Car ta de A d j u d i c a ç ã o peran te o imóvel
mat r i cu lado sob n° 25 .690 do 5o Car tór io de Imóve is de São Paulo , poderá
causar graves danos à Agravan te , po is em razão da ausênc ia do r e fe r ido
reg is t ro , t e rce i ros de boa - f é , even tua lmen te i n t e r e s sados na compra do
imóvel , não terão conhec imen to da e f e t i vação da a d j u d i c a ç ã o , o que, sem
dúvida , deve ser ev i tado pelo Poder Jud ic iá r io .
Conforme será exposto na sequência, a Agravante possui
vultoso crédito em face de Sylvio e Maria Cristina Ferraz - que é objeto de
execução nos autos do Processo 583.00.1996.51291 1-3, que se arrasta há mais de
15 anos perante a 19° Vara Cível do Foro Central da Comarca da Capital/SP -
sendo que a adjudicação do referido imóvel é uma forma da Agravante receber ao
menos parte do que lhe é devido.
Portanto, resta evidente o risco de lesão grave e de difícil
reparação que a r. decisão agravada pode causar à Agravante, caso não seja
reformada por este E. Tribunal de Justiça.
O artigo 522 do Código de Processo Civil dispõe como exceção
à regra, que, quando se tratar de recurso de agravo em face de decisão que possa
causar à parte lesão grave ou de difícil reparação, esse deverá ser recebido na forma
instrumental, e não na forma retida, in verbis:
"Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de
dez (10) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem
como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos
em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua
interposição por instrumento. " (grifamos)
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Assim, não há que se falar no recebimento do presente recurso
na forma retida, pois presentes os requisitos autorizadores para recebimento na
forma instrumental, quais sejam, a iminência do dano de difícil reparação e a
urgência da prestação jurisdicional.
II. BREVE RELATO DOS FATOS
A ora Agravante é credora do Sr. Sylvio Ferraz e de sua esposa,
Sra. Maria Cristina de Carvalho Ferraz da quantia atualizada de R$11.540.428,81,
razão pela qual ajuizou a Ação de Execução n° 583.00.1996.512911-3, em trâmite
perante a 9a Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo, fundada em
Instrumento Particular de Cessão de Crédito, Novação e outras Avenças.
Após mais de 15 anos de demanda, sem que os executados
efetuassem o pagamento do débito, a Agravante requereu a penhora do imóvel de
propriedade dos executados, matriculado sob o n° 25.690 perante o 5o Cartório de
Registro de Imóveis da Comarca de São Paulo, situado à Praça Dom José Gaspar, n°
134, conjunto 111, República, São Paulo/SP, CEP 01047-912, que foi avaliado nos
autos da execução por R$ 381.000,00 (trezentos e oitenta e um mil reais), valor
que, posteriormente, foi homologado pelo magistrado de primeiro grau.
Assim, em razão do crédito executado ser muito superior ao
valor de avaliação do imóvel, a ora Agravante requereu a adjudicação do imóvel
supracitado, o que foi devidamente deferido pelo magistrado da execução.
Vale ressaltar, entretanto, que antes do requerimento de
adjudicação do imóvel, a Agravante realizou diligências junto à Municipalidade,
bem como à administradora do condomínio a Fim de verificar a existência de
débitos tributários e condominiais incidentes sobre o bem.
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Ocasião na qual a Agravante foi informada de que havia em
aberto apenas o valor referente a um mês de condomínio (parcela de julho de 2010)
e que os débitos junto à Municipalidade se encontravam parcelados, mas
rigorosamente em dia.
Diante disso, a Agravante quitou o débito condominial j
existente sobre o imóvel para possibilitar a sua adjudicação (documento anexo às
fls. 65/67 dos autos) e, assim, a administradora do condomínio declarou por escrito
e expressamente a quitação dos débitos condominiais incidentes sobre o imóvel
(documento anexo às fls. 68/69 dos autos). ^
Observa-se, portanto, que a Agravante foi extremamente
diligente antes de requerer a adjudicação do imóvel, cujo termo só foi f irmado
após a obtenção de declaração de quitação de débitos condominiais subscrita
pela administradora do Condomínio, contratada e indicada para essa
finalidade e após a verificação da situação tributária do imóvel.
A Agravante tem plena consciência de que seus executados,
Sylvio e Maria Cristina Ferraz, já realizaram, ao longo dos últimos 15 anos,
inúmeras manobras - fraudulentas, vale dizer - para tentar evitar que seus credores,
dentre eles a Agravante, recebam o lhes é devido.
Tal fato se constata, inclusive, por meio das diversas multas por
litigância de má-fé e por ato atentatório à dignidade da Justiça que lhes foram
impostas no correr da lide, de mais de 67% (sessenta e sete por cento) do débito em
execução.
Diante de tal situação, a Agravante sempre agiu com cautela,
tomando todas as providências e cuidados possíveis para que seus devedores não
realizassem, mais uma vez. condutas imorais e fraudulentas.
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Justamente por isso é que tomou a iniciativa de verificar a
existência de débitos condominiais e tributários antes de assinar o auto de
adjudicação do imóvel em pauta.
Entretanto, conforme já demonstrado ao MM. Juízo a quo, o Sr.
Sylvio Ferraz, devedor da Agravante e proprietário do imóvel cujo registro da
adjudicação se pretende, conseguiu, em conluio com o síndico do condomínio,
realizar ato que impediu o registro do imóvel adjudicado, o que, de maneira
alguma, pode^ser tolerado pelaJZ&d^ULJudiciário.
A Agravante move ação de execução em face do Sr. Sylvio
Ferraz desde o ano de 1996. O Condomínio Edifício Metropolitano ajuizou, em
1998, a ação de cobrança n° 583.00.1998.625227-9 relativa a débitos condominiais
incidentes sobre as diversas unidades que o devedor Sylvio Ferraz possui naquele
condomínio.
Pois bem. Em dezembro de 2003, as partes daquela ação de
cobrança celebraram acordo em que o devedor, proprietário do imóvel, pagaria ao
Condomínio, para a quitação do débito, 50 parcelas mensais e sucessivas no valor
de R$ 2.800,00 cada, vencendo-se a primeira em 18 de dezembro de 2003 e a
última, consequentemente, em janeiro de 2008. Referida ação e acordo jamais
foram averbados na matrícula dos imóveis ou informados à Agravante pela
administradora do Condomínio.
Assim, em março de 2008, foram expedidos em favor da
Agravante mandados de registro de penhora e de averbação da fraude à execução
referentes ao imóvel matriculado sob o n° 25.690 perante o 5o Cartório de Registro
de Imóvel, os quais, apesar de não terem sido registrados num primeiro momento,
de sua existência o devedor da Agravante tinha pleno conhecimento.
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TARDIOLI LIMA A d v o g a d o s A s s o c i a d o s
Em março de 2010, o Condomínio requereu o desarquivamento
dos autos da ação de cobrança e, apesar das inúmeras intimações para se manifestar
sobre o cumprimento do acordo, apenas requeria prazo suplementar para decidir se
manifestar acerca do cumprimento do acordo ou do prosseguimento da ação.
Em janeiro de 2011, após a avaliação do imóvel anteriormente
penhorado, cujo valor era consideravelmente inferior ao montante em execução, a
Agravante requereu a adjudicação de tal bem, o que foi deferido pelo magistrado da
9a Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo. Entretanto, antes de
assinar o referido auto, a Agravante tomou o cuidado de verificar a inexistência de
débitos condominiais e tributários, como acima relatado.
Após a assinatura do auto e expedição da Carta de
Adjudicação, esta foi levada a registro junto ao Oficial do 5° Cartório de
Registro de Imóveis, que determinou a apresentação de declaração de quitação
de débitos condominiais subscrita pelo síndico do condomínio.
Nesse ínterim, sem conhecimento da Agravante, o Condomínio
estranhamente resolveu dar prosseguimento à ação de cobrança movida em face do
executado Sylvio Ferraz, alegando que nenhuma parcela do acordo Firmado em
2003 fora quitada e que a dívida vencera-se antecipadamente, em 18.12.2003.
O passo seguinte orquestrado entre executados e síndico, foi a
apresentação por este último de manifestação "espontânea" nos autos da Ação de
Execução movida pela Agravante informando a existência do suposto débito
relativo a taxas condominiais, a fim, obviamente, de forçar a desistência da
adjudicação.
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lO TARDIOLI LIMA LIMA A d v o g a d o s Associados
Entretanto, além da estranha manifestação, sem interesse ou
representação naqueles autos, se afigura inacreditável que somente depois de 8
(oito) anos do descumprimento do acordo, o Condomínio resolveu executar o
suposto débito existente junto ao Sr. Silvio FerrazINão é minimamente razoável
crer que o condomínio, na ação de cobrança movida em face do proprietário e
executado Sylvio Ferraz, não tenha especificado o valor devido por cada unidade,
tampouco o executado não tenha contestado a ausência de informações por parte do
condomínio.
Isso sem contar a existência de prescrição intercorrente do
débito cobrado na referida ação, na medida em que o Condomínio deixou
ultrapassar o prazo legal de cinco anos para a cobrança das parcelas previstas no
aludido acordo judicial.
Isso porque, mesmo tendo-se vencido antecipadamente o
"suposto" débito do executado, em 19.12.2003, a ação de cobrança permaneceu
paralisada por mais de cinco anos após aquela data.
Dessa forma, é evidente a existência de prescrição
intercorrente dos débitos condominiais, nos termos do artigo 206, parágrafo 5o,
inciso I do Código Civil.
Não é razoável crer que somente após todos esses anos e depois
da adjudicação do bem pela Agravante e, ainda, após a emissão da declaração de
quitação emitida pela empresa que administra as cobranças do condomínio, tenha
resolvido se valer de seu suposto direito!
Cabe ressaltar que na ação de cobrança ajuizada pelo
condomínio não há, em momento algum, indicação do valor efet ivamente devido
por cada unidade, o que demonstra a pretensão das partes de inflar o valor da
dívida.
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TARDIOLI LIMA A d v o g a d o s Associados
Não há dúvidas de que a existência da ação de cobrança não
passa de um artifício absurdo utilizado pelos proprietários dos imóveis, em conluio
com o síndico, para afastar os inúmeros credores da família Ferraz das dezenas de
unidades que possuem no condomínio. É essa, inclusive, a mesma artimanha
utilizada na Justiça do Trabalho, em que penhoras realizadas em processos cujas
dívidas já haviam sido quitadas não foram baixadas propositalmente apenas para
aparentar que os imóveis penhorados estão onerados.
Salta aos olhos a existência de conluio entre os executados e o
condomínio para impedir a expedição de declaração de quitação e assim, o registro
da carta de adjudicação em favor da Agravante.
Outro ponto que merece destaque, como acima demonstrado, é
que, logo após a adjudicação do imóvel, o síndico tomou "conhecimento" do
aludido ato "sponte" própria e resolveu apresentar uma manifestação na ação de
execução movida pela Agravante em face de Sylvio Ferraz, sem nem mesmo se
valer de representação por um advogado, informando que existiam "débitos".
Ora, o síndico nem mesmo informou as parcelas e respectivos
valores devidos pelo proprietário do imóvel adjudicado.
Ou seja, o condomínio se limitou a tão somente apresentar um
valor absurdo supostamente relativo a todas as unidades de propriedade do
executado, sem especificar, sequer, qual seria o valor devido pela unidade
adjudicada.
Não há dúvida, portanto, de que a recusa do síndico decorre,
pura e simplesmente, da amizade íntima existente entre ele e o proprietário dos
imóveis.
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Ressalte-se que todos os fatos acima narrados foram expostos
ao MM. Juízo a quo e suficientemente comprovados por meio de apresentação dos
documentos acostados à petição inicial do Mandado de Segurança em pauta;
Está claro, portanto, que não existe débito de condomínio
algum em relação à unidade em questão, como faz prova a declaração de quitação
emitida pela administradora antes da adjudicação que, vale dizer, tem força
probante e atende às exigências legais.
É evidente que, se existissem débitos condominiais em
aberto, certamente a administradora do condomínio, que tem o controle dos
proprietários inadimplentes, não assinaria qualquer declaração afirmando a
inexistência de débitos condominiais.
Portanto, considerando que a própria administradora reconhece
a inexistência de débitos condominiais incidentes sobre o imóvel adjudicado, não
há como se admitir a exigência da autoridade coatora, de exibição de declaração de
quitação de débitos condominiais subscrita pelo síndico do condomínio.
Ressalte-se que tal exigência (contida no artigo 4o da Lei
4591/64) foi revogada tacitamente pelo Código Civil de 2002 e, além disso, já
existe declaração afirmando a inexistência de débitos condominiais, regularmente
subscrita pela administradora.
Isto porque, a administradora do condomínio é a responsável
pela contabilização de receitas e despesas, bem como pela emissão de boletos de
pagamento das cotas condominiais, de modo que não seria minimamente razoável
supor que a própria administradora, cuja função é a de controlar os condôminos
inadimplentes, teria prestado declaração inverídica sobre a existência ou não de
débitos condominiais relativa a uma unidade.
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Também não é minimamente razoável crer que o condomínio,
na ação de cobrança movida em face do proprietário e executado Sylvio Ferraz, não
tenha especificado o valor devido por cada unidade, tampouco que o executado não
tenha contestado a ausência de informações por parte do condomínio, bem como a
evidente ocorrência de prescrição intercorrente no caso.
Ressalte-se que a Agravante, diante da negativa da Autoridade
Coatora de registrar a Carta de Adjudicação, preencheu as demais exigências
contidas na Nota Devolutiva, tendo obtido certidão positiva com efeito de negativa
perante a Prefeitura Municipal de São Paulo, no que tange ao imóvel adjudicado,
além de ter obtido a retificação do auto de adjudicação expedido pela 9a Vara Cível
do Foro Central da Comarca de São Paulo/SP.
Assim, de posse de tais documentos, que comprovam seu direito
líquido e certo de ver registrada a Carta de Adjudicação pela autoridade coatora, a
ora Agravante impetrou o Mandado de Segurança em pauta, demonstrando ao Juízo
a quo a ilegalidade do ato do 5o Cartório de Registro de Imóveis da Capital que se
recusa a registrar a Carta de Adjudicação, mesmo já tendo a Agravante apresentado
declaração de quitação fornecida pela administradora do imóvel, que,
evidentemente, tem poderes para praticar tal ato.
Ocorre que, em que pese estarem presentes no caso em tela os
requisitos da verossimilhança das alegações e do fumus boni iuris, o MM. Juízo a
quo indeferiu o pedido liminar formulado pela Agravante, para que fosse
imediatamente determinada à autoridade coatora que procedesse ao registro da
Carta, uma vez que estavam preenchidos todos os requisitos legais para tanto.
Para tanto, a r.decisão agravada sustentou, equivocadamente,
que não haveria risco de ineficácia da ordem, além de ter af irmado que não teria
restado suficientemente comprovado nos autos o preenchimento de outro requisito
exigido pela autoridade coatora, qual seja. a apresentação de prova suficiente de
quitação dos débitos tributários relativas ao imóvel adjudicado. Vejamos:
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"Indefiro a liminar, ausentes os requisitos legais. Realmente, não há risco
de ineficácia da ordem, caso deferida a final, dada a apresentação do título
a registro. Além disso, não há prova suficiente da regularidade fiscal, ante
a restrição da certidão juntada com a inicial (ressalva de que podem existir
outros débitos, a cargo de Secretarias diversas). Solicitem-se informações,
notificando-se a ré. Em seguida, ao MP. Int. "
Entretanto, conforme restará demonstrado na sequência, a r.
decisão agravada precisa ser reformada, na medida em que os requisitos para a
concessão de medida liminar estão presentes no caso em tela, além do que a
Agravante obteve a certidão de débitos com efeito de negativa perante a Prefeitura
Municipal de São Paulo, como bem indicado e requerido na nota de devolução do
Cartório.
agravada não pode inovar extrapolando os limites da impetração que se limita à
comprovação da quitação dos débitos condominiais e não tributários.
III. DO MÉRITO - DAS RAZÕES PARA A REFORMA DA R. DECISÃO
AGRAVADA
III.I. Da presença dos requisitos do periculum iit mora e do fumus boni iuris
a) Da comprovação de quitação das obrigações condominiais
concessão da medida liminar pleiteada alegando para tanto que não haveria risco de
ineficácia da ordem, caso a segurança fosse deferida somente ao final do Mandado
de Segurança.
Nesse particular, deve Ficar consignado que a r.decisão
Conforme acima exposto, a r. decisão agravada negou a
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LIMA
Entretanto, é forçoso notar o equívoco de tal entendimento, na
medida em que, conforme amplamente exposto em primeira instância, é patente a
existência de direito líquido e certo em favor da Agravante, no que tange à
averbação da Carta de Adjudicação perante a matrícula do imóvel, sendo certo
também que o ato ilegal do Cartório de Imóveis pode lhe causar prejuízos de difícil
ou incerta reparação.
Isto porque, como já mencionado, a Agravante adjudicou o
imóvel objeto da matrícula 25.690, registrado junto ao 5o Registro de Imóveis desta
Comarca, e com isso, adquiriu todos os direitos inerentes à propriedade.
Entretanto, nos termos do que dispõe o Código Civil, a
transferência da propriedade somente se opera mediante registro:
"A rt. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o resistro do
título translativo no Registro de Imóveis.
§ Io Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a
ser havido como dono do imóvel."
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos
por atos entre vivos, só se adquirem com o resistro no Cartório de
Resistro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os
casos expressos neste Código.
A jurisprudência já pacificou entendimento sobre o tema:
"O adquirente tem o direito de registrar o seu título, pois sem esse não será
dono de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro A propriedade não
será transferida sem o resistro, o que justifica a preocupação do autor em
o fazê-lo." (TJ/SP - 4a Câmara de Direito Privado - apelação n° 221.827-
4/0-00 - Rei. Des. Enio Zuliani - julgado em 27/07/2006)
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Ademais, a Constituição Federal, em seu artigo 5o, incisos
XXII e XXIII, garante o direito de propriedade, desde que atendida à sua função
social.
Portanto, nos termos da ementa supramencionada, a
propriedade do imóvel de fato se transfere somente mediante a efetivação do
registro perante o Cartório de Imóveis competente, de forma que a negativa do 5o
Cartório de Imóveis da Capital em efetivar o registro da Carta de Adjudicação,
além de ser ato absolutamente ilegal - por se basear em exigência não prevista em
lei - sem dúvida, pode causar à Agravante sérios e imediatos prejuízos.
Caso este E. Tribunal de Justiça não determine a concessão da
medida liminar requerida pela Agravante, o que se admite somente para
argumentar, esta corre o risco de ver o imóvel que lhe pertence - em razão da
lavratura do Auto de Adjudicação em seu favor - ser transferido ou alienado para
terceiros de boa-fé, uma vez que não consta até o momento registro da Carta
perante a matrícula do imóvel.
Conforme já exposto anteriormente, os executados Sylvio e
Maria Cristina Ferraz já praticaram toda sorte de atos fraudulentos no sentido de
frustrar a satisfação do crédito da Agravante, de forma que é necessário que o
Poder Judiciário se atente para a real possibilidade deles mais uma vez tentarem
desviar o bem já adjudicado, por meio de alienação para terceiros que poderão
alegar boa-fé em razão da ausência de registro perante o Cartório de Imóveis.
É exatamente esta situação que a Agravante pretende evitar por
meio da impetração do Mandado de Segurança em questão e, principalmente, por
meio da concessão da medida liminar requerida, que foi, equivocadamente, negada
pelo Juízo a quo.
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Além do iminente risco que a Agravante corre de ver frustrado
o seu direito em razão do ato coator da autoridade Agravada, é importante
consignar, desde já, que, no caso em tela, está presente o requisito do fumus boni
iuris. senão vejamos.
No que tange à alienação de unidades condominiais, o
parágrafo único do art. 4o da Lei 4591/64, que trata do condomínio em edificações e
as incorporações imobiliárias, com a redação dada pela Lei n° 7.182. de 27.3.1984,
preceitua que:
"Art. 4o A alienação de cada unidade, a transferência de direitos
pertinentes à sua aquisição e a constituição de direitos reais sobre ela
independerão do consentimento dos condôminos
Parágrafo único. A alienação ou transferência de direitos de que trata este
artigo dependerá de prova de quitação das obrigações do alienante para
com o respectivo condomínio."
Entretanto, a Lei 7.182 de 1985, relativa aos requisitos para
lavratura de escrituras públicas, em seu parágrafo 2o, do artigo 2o, estatuiu que
"para os fins do disposto no parágrafo único do artigo 4o da Lei n° 4.591, de
16.12.1964, modificada pela Lei n° 7.182, de 27.3.1984, considerar-se-á prova de
quitação a declaração feita pelo alienante ou seu procurador, sob as penas da lei,
a ser expressamente consignada nos instrumentos de alienação ou de transferência
de direito ".
Constata-se, portanto, que servia como prova de quitação dos
débitos condominiais, para fins de registro perante o Cartório de Imóveis, até
mesmo a declaração efetuada pelo próprio alienante.
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Entretanto, a exigência da prova de quitação do débito existente
no momento da alienação perdeu o sentido com a promulgação do novo Código
Civil, que em seu artigo 1345 prevê que o adquirente responde pelos débitos
anteriores:
"Ari. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante,
em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios. "
Como esclarecido por Marcos Eduardo Goiana Fedozzi1:
"Note-se que no artigo 4o, parágrafo único da lei de 1964, havia uma restrição quanto ao poder dispositivo do senhor da unidade, que consistia na exigência de prova da quitação das obrigações do alienante para com o respectivo condomínio. Essa restrição não foi expressamente prevista pelo Código Civil atual, surgindo então dúvida sobre a validade dessa exigência.
Apesar de entender que a Lei n° 4.591/64 pode ser utilizada em caso de omissão do novo Código, não haveria o porquê de se exisir essa prova de quitação do alienante, se este prevê, expressamente, que o adquirente irá responder por todos os débitos do vendedor, perante o condomínio ".
Como o Código Civil de 1916 não trazia disposição semelhante
à do art. 1345, do Código atual, a norma do parágrafo único, do art. 4o, da Lei
4.591/64, t inha sua razão de ser. Entretanto, esse motivo deixou de existir, porque a
responsabilidade de quem arcará com as dívidas condominiais está bem delineada
no art. 1345.
Há que se levar em conta, ainda, a função social da
propriedade, que é de geração e circulação de riquezas, pois a restrição contraria
esse interesse social.
'Condomínio Edilício no Novo Código Civil, Forense, pág. 52.
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Diante disso, não há dúvidas quanto à revogação tácita do
parágrafo único do art. 4° da Lei 4.591/74, tendo em vista que é totalmente
incompatível com o disposto no Código Civil, na medida em que, enquanto o
dispositivo revogado exige a prova de quitação das obrigações do alienante perante
o condomínio, o Código Civil de 2002, em seu artigo 1345, é expresso ao prever
que o adquirente de unidade condominial responde pelos débitos do alienante em
relação ao condomínio.
Assim, está patente que a existência ou não de débitos
condominiais não exerce qualquer influência quanto ao ato de registrar a carta de
adjudicação, conforme entendimento do renomado Jurista e Desembargador deste
Egrégio Tribunal de Justiça, Francisco Eduardo Loureiro:
"Primeiro, o titular da coisa no momento em que se constitui a obrigação
responde com todos os bens. Já o adquirente posterior responde apenas até
o valor da coisa onerada, que garante o cumprimento da obrigação
(VARELLA Antunes. Op. Cit. P. 202). Segundo, está revogada a regra do
art. 4", parágrafo único, da n. Lei 4.591/74. Se a própria lei explicita que o
adquirente responde pelos débitos anteriores, perde o sentido a prova da
quitação de débito existente no momento da alienação." (Código Civil
Comentado, Coordenação Ministro Cezar Peluso, 2a Ed., Manole, pág.
1334, g.n.)
Dessa forma a exigência feita pela autoridade coatora, ora
Agravada, de apresentação de declaração de quitação de débitos condominiais assinada
pelo Síndico, como fator condicionante para se permitir o registro da carta de
adjudicação do imóvel e transferência do bem à Agravante, configura violação ao direito
líquido c certo desta de exercer o direito de propriedade, em razão da revogação do art.
4° da Lei 4.591/74.
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Além disso, é necessário esclarecer que, conforme já exposto em
primeira instância, mesmo que a exigência contida no parágrafo único do artigo 4o da Lei
4591/64 não estivesse revogada, o que se admite apenas por amor ao debate, há que se
notar que a autoridade coatora. ao exigir declaração de quitação de débitos condominiais
subscrita pelo síndico, criou exigência não prevista na legislação, o que, sem dúvida,
extrapola os limites de sua competência, na medida em que somente o Poder Legislativo é
competente para a criação de leis.
O referido dispositivo não prevê, sequer implicitamente, que a prova de
quitação das obrigações para com o condomínio deva ser subscrita pelo síndico, conforme
exigiu a Agravada. \
O fato é que tal artigo - revogado implicitamente - não faz qualquer
tipo de exigência quanto à prova apresentada para demonstrar a inexistência de débitos
condominiais sobre o imóvel transferido, ao prever inclusive a possibilidade de o alienante
assim declarar, não podendo a Agravada, portanto, criar normas inexistentes em nosso
ordenamento jurídico, exigindo uma declaração de quitação subscrita pelo síndico, quando a
Agravante já apresentou declaração regular e validamente assinada pela administradora do
condomínio.
Como exposto no Mandado de Segurança em pauta, é
inquestionável o fato de que a declaração obtida pela ora Agravante, subscrita pela
administradora do condomínio, que comprova a inexistência de débitos condominiais
incidentes sobre o imóvel adjudicado, é documento suficiente, por si só, para demonstrar
que não há qualquer débito condominial em aberto que pudesse justificar a recusa do 5°
Cartório de Registro de Imóveis em registrar a adjudicação do imóvel.
Ora, o art. 368 do Código de Processo Civil é expresso ao prever que:
"Art. 368 - As declarações constantes do documento particular, escrito e
assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao
signatário. "
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a 1
TA RD IO LI LIMA Advogados Associados
Sobre o tema, ensina Moacyr Amaral dos Santos:
"Em relação ao signatário do documento, as declarações deste constante
são havidas como verdadeiras, se o documento tiver o caráter de autêntico,
como tal se considerando aquele que completou sua formação perante o
tabelião, nos termos do art. 369 do Código de Processo Civil. "
Por tan to , d iante dos fa tos ac ima na r rados , os quais es tão
dev idamen te comprovados pelos documen tos acos tados ao ins t rumento do
presen te recurso , resta evidente o p r e e n c h i m e n t o do requis i to do fumus
boni iuris no caso em tela, uma vez que é inques t ionáve l o dire i to da
Agravante de ter registrada a Carta de Adjud icação , frente à revogação
do art. 4" da Lei 4.591/74, e além disso, em face da apresentação de
dec laração de quitação emit ida pela admin i s t radora , que comprova
va l idamen te a ausênc ia de débi tos re la t ivos à un idade ad jud icada .
Por sua vez, o periculum in mora, conforme já exposto acima, é
evidente diante da possibilidade de os executados disporem do bem adjudicado pela ora
Agravante, tendo em vista que, em razão da ausência de registro da adjudicação do imóvel,
terceiros eventualmente interessados na compra do imóvel não terão conhecimento da
efetivação da adjudicação, o que, sem dúvida, deve ser evitado pelo Poder Judiciário.
Ora, como se sabe, o registro do título aquisitivo no Cartório de
Registro de Imóveis visa à publicidade do ato. tomando-se, assim, acessível para o
conhecimento de todos, o que, no presente caso, pode evitar a prática de novas fraudes à
execução por parte dos executados.
Vale ressaltar ainda que, nos termos do art. 685-B do CPC, a
adjudicação considera-se perfeita e acabada com a expedição da respectiva Carta, o que já
ocorreu no presente caso.
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"ARDIOLI [LIMA Advogados Associados
Sendo assim, caso a Carta de Adjudicação não seja registrada
imediatamente, mesmo diante do preenchimento de todos os requisitos legais para tanto, não
há dúvida de que eventuais litígios envolvendo o imóvel em questão deverão ser resolvidos
pelo Poder Judiciário, aumentando ainda mais o número de ações judiciais desnecessárias, o
que pode ser facilmente evitado com efetivação do registro da Carta no competente Cartório
de Registro de Imóveis.
Tais fatos demonstram com clareza o equívoco da r. decisão
agravada que alegou não haver risco de ineficácia da ordem em razão da não concessão
da medida liminar pleiteada.
E não é só. Com a realização da adjudicação, a Agravante se torna
responsável pelo pagamento dos débitos incidentes sobre o imóvel a partir da adjudicação,
mas sem o seu registro é penalizada, pois não pode praticar qualquer negócio jurídico
envolvendo tal imóvel, tendo em vista que este ainda não está registrado em seu nome, nos
termos dos artigos 1.245 e 1.227 do Código Civil.
Ora, não há dúvidas de que há perigo iminente de dano grave e de
difícil reparação à Agravante tendo em vista que não se mostra minimamente razoável
impedir o pleno exercício dos direitos da propriedade, que incluem a alienação do imóvel,
mesmo após 15 anos aguardando a satisfação de seu crédito pelos devedores, cabendo
lembrar, ainda, que a manutenção de tal bem lhe trará custos que podem ser evitados com o
registro imediato da Carta de Adjudicação, na medida em que, assim, ser-lhe-á possível
vendê-lo para, além de quitar parcialmente a dívida dos executados, evitar os altos custos de
manutenção do imóvel.
Diante de tais argumentos, observa-se estarem presentes os requisitos
do fumus boni iuris e do periculum in mora no caso em tela, de forma que a r. decisão
agravada foi equivocada ao afirmar que não existiria risco de ineficácia da ordem, sendo
essencial a concessão da medida liminar, a fim de evitar maiores prejuízos à Agravante, que
busca há mais de 15 anos a satisfação do seu crédito.
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f> TARDIOLI í LIMA Advogados Associados
Assim, res tando demonstrado que todas as exigências
impostas pelo Oficial do 5o Cartório de Registro de Imóveis foram devidamente
cumpridas, é essencial a reforma da r. decisão agravada a fim de que este E.
Tribunal de Justiça conceda a medida liminar requerida, determinando-se que
a Agravada proceda imediatamente ao registro da Carta de Adjudicação, uma
vez que o registro é um dos meios instrumentais para que o usuário do serviço
registrário possa dar publicidade ("erga omnes"), autenticidade (fé pública) e
eficácia ao ato jurídico realizado, garantindo a segurança nas relações jurídico-
sociais e protegendo o seu direito à propriedade.
b) Da obtenção de certidão de regularidade fiscal do imóvel adjudicado
Conforme já exposto, a r. decisão agravada negou o pedido de
concessão de liminar formulado pela Agravante, alegando para tanto que não haveria risco de
ineficácia da ordem - argumento este já refutado acima - além de ter afirmado que não
haveria prova suficiente da regularidade fiscal do imóvel.
É forçoso esclarecer, entretanto, que tal argumento não pode servir
como justificativa para a negativa da medida liminar pleiteada pela Agravante, uma vez que o
objeto da lide em pauta, qual seja, do Mandado de Segurança, é unicamente obter o registro
da Carta de Adjudicação independente da apresentação de declaração de quitação de débitos
condominiais.
Ou seja, assim que a Agravante conseguir o deferimento da medida
liminar requerida no caso em tela, poderá diligenciar novamente à Prefeitura Municipal de
São Paulo a fim de conseguir todas as certidões necessárias, devidamente atualizadas, para o
registro da Carta de Adjudicação perante o 5U Cartório de Registro de Imóveis.
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Não bastasse isso, como já esclarecido anteriormente, o § 2o, do art.l°,
do Decreto 93.240/862, que traz o rol dos documentos e das certidões necessários para a
lavratura de atos notariais relativos a imóveis, autoriza o adquirente do imóvel a dispensar,
no ato da lavratura da escritura pública de compra e venda, a apresentação da certidão de
prova de quitação do IPTU. ficando, porém, responsável por eventuais débitos existentes.
<z
Ou seja, a existência de débito de natureza tributária, que é do
interesse público, não impede a transferência do imóvel, uma vez que se subrrogam
na pessoa do adquirente, nos termos do art. 130, do Código Tributário Nacional:
"Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os
relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a
contribuições de melhoria, subroeam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. "
Observa-se, portanto, que a certidão de fls. 84 contendo ressalva quanto
a eventuais débitos gerenciados pela Subsecretaria da Receita Municipal e pela Secretaria
Municipal de Finanças do Município de São Paulo, na verdade, não altera em nada o direito
líquido e certo que a Agravante possui de obter o registro imediato da Carta de Adjudicação
independente da comprovação de ausência de débitos condominiais.
De qualquer forma, é importante consignar que no item 5 da Nota de
Devolução, emitida pela autoridade coatora, ora Agravada, foi requerida a apresentação de
Certidão Negativa de Débitos de Tributos Imobiliários, expedida pela Prefeitura do Município
de São Paulo, com referência ao imóvel objeto da matrícula n° 25.690.
: "As certidões referidas na letra a, do inciso III, deste artigo, somente serão exigidas para a lavratura das escrituras públicas que impliquem a transferência de domínio e a sua apresentação poderá ser dispensada pelo adquirente que, neste caso, responderá, nos termos da lei, pelo pagamento dos débitos fiscais existentes ".
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LIMA A d v o g a d o s A s s o c i a d o s (
Buscando atender a tal exigência, a Agravante diligenciou à
Prefeitura Municipal, e solicitou tal documento, tendo sido emitido a Certidão Positiva
com Efeitos de Negativa, acostada às fls. 84 dos autos, em razão da existência de
Parcelamento no que tange ao IPTU do imóvel. Tal certidão, em um primeiro momento,
seria suficiente para suprir a exigência do cartório.
Entretanto, em que pese à questão da regularidade fiscal fugir aos
limites da controvérsia, a fim de evitar maiores discussões, a Agravante informa que já
requereu também perante a Subsecretaria da Receita Municipal e a Secretaria Municipal de
Finanças do Município de São Paulo nova certidão negativa de tributos imobiliários,
conforme protocolo anexo (doe. anexo).
Além disso, em atenção ao princípio da eventualidade, é necessário
esclarecer que, mesmo que eventualmente existam débitos fiscais relativos ao imóvel
adjudicado, por se tratarem de obrigações propter rem. o Fisco não terá qualquer prejuízo
com o registro da Carta de Adjudicação na matrícula, na medida em que o próprio imóvel
servirá como garantia pelo pagamento, se assim for necessário futuramente.
"AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO IPTU E TSU
DOS EXERCÍCIOS DE 2003 E 2004 FLUÊNCIA DO PRAZO
PRESCRICIONAL RELATIVO AO EXERCÍCIO DE 2003, ANTES DA
PROPOSITURA DA AÇÃO - INÉRCIA DA CREDORA
CARACTERIZAÇÃO APLICAÇÃO DO ART. 219, § 5o, DO CPC E
SÚMULA 409 DO STJ. EXECUÇÃO FISCAL IPTU - PENHORA ON
LINE DEFERIMENTO OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PROPTER REM
CONSTRIÇÃO QUE DEVE RECAIR SOBRE O PRÓPRIO IMÓVEL
TRIBUTADO POSSIBILIDADE. IN CASU, DE HARMONIZAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA MAIOR UTILIDADE DA EXECUÇÃO PARA O
CREDOR COM O DA MENOR ONEROSIDADE PARA. O DEVEDOR -
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Neste sentido, entende a jurisprudência dos nossos Tribunais:
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LIMA
INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 612 E 646 C.C. 620, TODOS DO CPC -
DECISÃO REFORMADA" (TJSP - Agravo de Instrumento 0453749-
18.2010.8.26.0000 - Rei. Francisco Olavo - 18a Câmara de Direito Público
- j . 29/09/2011)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO - Execução Fiscal - IPTU dos exercícios
de 1997 a 2001 - Posterior citação da coproprietária para inclusão no polo
passivo - Obrigação propter rem, inerente ao próprio bem, que acarreta
a inconteste responsabilidade de ambos proprietários, em suma. não há
que se falar em prescrição em relação a coproprietária, uma vez que ela
sempre fez parte da relação obrigacional em tela. IPTU e Taxas do exercício
de 1997 - Interrupção do prazo prescricional pela citação - Exercício do
direito de cobrança a partir do primeiro dia útil após o vencimento - Decurso
do prazo prescricional não atribuído ao mecanismo da Justiça -
Inaplicabilidade da Súmula 106 do E. Superior Tribunal de Justiça. Recurso
parcialmente provido". (TJSP - Agravo de Instrumento 0578520-
68.2010.8.26.0000 - Rei. Roberto Martins de Souza - 18a Câmara de Direito
Públ ico- j . 29/09/2011)
Portanto, nos termos do acima exposto, é essencial a reforma da r.
decisão agravada, no que tange à negativa de concessão da liminar, sob o argumento de
que a certidão de fls. 84 não seria suficiente para comprovar a regularidade fiscal do
imóvel, uma vez que, além de tal questão não ser objeto da impetração, o registro da Carta
perante a matrícula do imóvel não causará ao Fisco nenhum tipo de prejuízo, pois eventuais
débitos tributários serão garantidos pelo próprio imóvel, assim como ocorre com relação aos
débitos de natureza condominial.
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IV - DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL
Conforme dispõe o artigo 527, III do Código de Processo Civil, nos
casos em que se verifica a presença de verossimilhança das alegações da parte Agravante,
bem como de perigo de dano gerado pela decisão agravada, poderá o Relator antecipar os
efeitos da tutela recursal.
No caso em comento, a verossimilhança das alegações é evidente,
pois é claro o equivoco da r. decisão agravada que negou a liminar requerida no Mandado de
Segurança, por entender que não haveria risco de ineficácia da ordem, bem como que não
estaria comprovada a regularidade fiscal do imóvel.
Conforme exaustivamente exposto, a Agravante trouxe no Mandado
de Segurança provas irrefutáveis do seu direito líquido e certo de obter o registro da Carta de
Adjudicação, frente à revogação implícita do art. 4o, parágrafo único, da Lei 4.591/64. pelo
art. 1345 do Código Civil e anterior apresentação de declaração de inexistência de débitos
condominiais, regularmente emitida pela administradora do imóvel.
Além disso, a Agravante também demonstrou o risco iminente de ver
a satisfação do seu crédito frustrada, caso a Carta não seja imediatamente registrada na
matrícula do bem. uma vez que o imóvel pode acabar sendo alienado para terceiros, que
alegarão boa-fé, frente à inexistência de registros informando a ocorrência de adjudicação em
favor da Agravante.
Desta forma, é gritante também o perigo de dano de difícil ou incerta
reparação decorrente da manutenção da r. decisão agravada, que, equivocadamente, negou o
pedido liminar da Agravante.
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Portanto, estando demonstrados tais requisitos, a fim de garantir
que a Agravante consiga alcançar a satisfação plena de seu direito, requer sejam
antecipados os efeitos da tutela recursal. para que o MM. Juízo da 14a Vara da Fazenda
Pública determine à autoridade coatora, ora Agravada, que proceda imediatamente ao registro
da Carta de Adjudicação do imóvel matriculado sob o n° 25.690, independente da
apresentação de declaração de inexistência de débitos condominiais, subscrita pelo síndico,
haja vista que o art. 4o, parágrafo único, da Lei 4.591/64, foi revogado implicitamente pelo
art. 1345 do Código Civil, e, ainda que assim, não fosse, foi apresentada a "prova de
quitação" exigida pela legislação revogada, validamente subscrita pela administradora do
condomínio.
V- PEDIDOS
Firme em tais argumentos, a Agravante, requer o recebimento e o
processamento do presente recurso a fim de que:
(a) Seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela recursal, para que seja
imediatamente registrada a Carta de Adjudicação do imóvel matriculado sob o n°
25.690 perante o 5o Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de São Paulo,
dispensando a apresentação de declaração de inexistência de débitos condominiais;
(b) Seja dado total provimento ao presente Agravo de Instrumento.
confirmando-se a liminar anteriormente concedida, reformando a r. decisão agravada
de fls. 93, que indeferiu, equivocadamente, o pedido liminar formulado pela
Agravante no Mandado de Segurança em pauta.
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Finalmente, requer-se que todas as intimações dirigidas à Agravante
sejam realizadas unicamente em nome do Dr. Fernando Tardioli Lúcio de Lima, OAB/SP
206.727, com escritório na Rua Pedroso Alvarenga, 1.046, 20° andar. Itaim- Bibi, São
Paulo/SP.
Termos em que,
Pede acolhimento.
São Paulo, 26 de outubro de 2011.
Tardioli Lúcio de Lima
OAB/SP 206.727
Carla Horbrljfe,Macedo Oliveira
OAB/SP 297.931
Andréia Regina Viola
OAB/SP 163.205
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