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1 Algomais JANEIRO/2016 R$ 10,00 Ano 10 - nº 118 - janeiro 2016 - www. revistaalgomais.com.br

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1Algomais • Janeiro/2016

R$ 10,00

Ano 10 - nº 118 - janeiro 2016 - www. revistaalgomais.com.br

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2 Algomais • Janeiro/2016

Juntos, enfrentamos um dos anos mais difíceis da história recente do Brasil. Diante

dos desafios, o nosso povo mostrou a sua força e capacidade de superação. Trabalhamos

duro para manter as conquistas alcançadas e inovar, levando desenvolvimento ao nosso

Estado e criando oportunidades para todos. Ainda há muito a ser feito, mas é grande a nossa

capacidade de realizar o que sonhamos. Agradecemos aos pernambucanos por lutar ao nosso lado.

Vamos juntos, fazer um 2016 melhor.

Juntos,fazemos

mais.

Bem-vindo, 2016.

An Rev PG Dupla - FIM DE ANO_41,4x27,5cm copy.pdf 1 1/7/16 4:02 PM

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Juntos, enfrentamos um dos anos mais difíceis da história recente do Brasil. Diante

dos desafios, o nosso povo mostrou a sua força e capacidade de superação. Trabalhamos

duro para manter as conquistas alcançadas e inovar, levando desenvolvimento ao nosso

Estado e criando oportunidades para todos. Ainda há muito a ser feito, mas é grande a nossa

capacidade de realizar o que sonhamos. Agradecemos aos pernambucanos por lutar ao nosso lado.

Vamos juntos, fazer um 2016 melhor.

Juntos,fazemos

mais.

Bem-vindo, 2016.

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O colorido do Carnaval e da alegria pernambucana ganhou as cores desta edição da Revista Algomais. O nosso olhar da folia explora uma pergunta básica da mais original das manifestações culturais pernambucanas: Por que o frevo tem um espaço tão restrito no calendário anual enquanto música? Afinal, com exceção dos dias em que as cidades pernambucanas estão em festa de Momo, dificilmente o ritmo é tocado.Mais que trazer as razões dessa vida de poucos dias da nossa música - que é bom lembrar é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade – projetamos os caminhos que poderiam fazer o frevo saltar nos demais meses do ano bem como ser curtido e executado em mais lugares do País e do mundo. Essa análise foi construída por críticos e pelos brincantes profissionais, que fazem e vivem o dia a dia do frevo. Aliás, alguns trabalham o ritmo o ano inteiro e já tem seu trabalho reconhecido País afora, como os maestros Forró e Spok, com suas orquestras.O otimismo, baseado em iniciativas já em curso e no potencial do frevo caminha ao lado da certeza que a estrada é longa. Afinal, todos concordaram que a formação de músicos é desafiante, pela complexidade técnica do ritmo, e que há necessidade de saltos maiores na divulgação da música, mesmo em Pernambuco.Além do frevo, o nosso entrevistado do mês é o carnavalesco Silvio Botelho. Ele é o responsável pela construção da tradição dos bonecos gigantes que dançam e encantam na folia olindense. Os mais de 40 anos de experiência na produção de bonecos gigantes consumiram a maior parte do seu tempo, inspirações e transpirações (já que tem bonecos que demoram até um mês para produção).Da alegria dos passistas e dos bonecos, esta edição brinca também com as artes plásticas pinceladas por Ferreira. O artista pernambucano, que assinou a ilustração de capa da edição de Dezembro da Revista Algomais, tem uma produção que passeia pelo futebol e pela música.Seja no ritmo tranquilo das férias ou na preparação para os dias da folia, boa leitura!

editorial

A cultura da folia

DIRETORIA EXECUTIVASérgio Moury [email protected] de [email protected]

DIRETORIA COMERCIALLuciano [email protected]

CONSELHO EDITORIALAlexandre Santos, Armando Vasconcelos, Doryan Bessa, João Rego, Luciano Moura, Mariana de Melo, Raymundo de Almeida, Ricardo de Almeida e Sérgio Moury Fernandes.

Uma publicação da SMF- TGI EDITORA Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181 . www.revistaalgomais.com.br

REDAÇÃOFone: (81) 3126.8156/Fax: (81) [email protected]

EDITORIA GERALCláudia Santos (Editora)Roberto Tavares (Consultor Editorial)

REPORTAGENSCláudia Santos Rafael Dantas

EDITORIA DE ARTERivaldo Neto (Editor)Caroline Rocha (Estagiária)

FOTOGRAFIAJuarez Ventura

[email protected]: (81) [email protected]

PUBLICIDADEEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Av. Domingos Ferreira, 890, sala 808Boa Viagem 51110-050 | Recife/PEFone/Fax: (81) [email protected]

Cláudia Santos - Editora [email protected]

Edição 118 - 15/01/2016 - Tiragem 12.000 exemplares Capa: Rivaldo Neto - Foto: Passarinho/Prefeitura de Olinda

facebook.com/revistaalgomais@revistaalgomais

EDIÇÃO 118

E MAIS Entrevista 6

Economia /Jorge Jatobá 16

Arruando pelo Recife e Olinda 24

Baião de Tudo / Geraldo Freire 28

João Alberto 30

Memória Pernambucana 32

Última Página/ Francisco Cunha 34

Nossa MissãoProver, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.

CAPA

O futuro da foliaArtistas falam sobre as alternativas para o fortalecimento do frevo. 12

CIDADE

Mais bikes no RecifePrefeitura projeta a inauguração de 76 km de ciclovias neste ano. 22

VELOCIDADE

Niege ChavesAvó da promessa no automobilismo, Rafael Câmara, disputava corridas nos anos 60. 20

CULTURA

FerreiraArtista plástico pernambucano pincela com humor, abordando música e até futebol. 26

AUDITADA POR

Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista.

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6 Algomais • Janeiro/2016

“SOU CASADO COM O CARNAVAL DE OLINDA”

Entrevista a Cláudia Santos

entrevista

do Dia. Nessa época eu já estava en-volvido com máscaras de Carnaval.

Como assim?Aos 9 anos eu fazia máscaras para meus amigos. Fazia também pipa e castanholas para vender. Com os amigos que pediam máscaras eu tro-cava por bola de gude ou pião. E foi crescendo em mim essa magia do Carnaval. Meu pai era folião. Quan-do passei dos 15 anos já estava que-rendo abrir a porta para a clientela. A qualidade das minhas castanholas chamava a atenção e eu tinha vários clientes. Havia pessoas que ficavam esperando na frente da minha casa para que eu terminasse uma casta-nhola para poder comprar. Já havia encomenda para as máscaras. Come-çava a trabalhar do início de novem-bro até o Carnaval todos os dias para ganhar aquele dinheirinho. Também fazia esculturas entalhadas em ma-deira e vendia no Alto da Sé nos anos 70. Foi quando Ernani Lopes (presi-dente do bloco Menino da Tarde) pe-diu a Roque Fogueteiro (artesão) para fazer o boneco do Menino da Tarde. Roque disse: “não tenho mais saúde e idade para fazer, mas conheço um

rapaz que sempre traz aqui os traba-lhos dele para eu fazer a crítica e acho que ele pode te atender”. Ele foi até minha casa e perguntou se eu podia fazer um boneco tamanho gigante em papel. Respondi que fazia máscara, esculturas em madeiras, gesso e bar-ro, mas de papel, nunca. Como se faz isso? Aí ele disse que o boneco seria parecido com o Homem da Meia Noi-te. Aí pensei que teria que fazer uma forma em barro. Quando preparei o barro e mostrei a Ernani ele disse: "é isso que eu quero, assim com a cara de menininho, para ser filho do Ho-mem da Meia Noite com a Mulher do Dia". O Menino da Tarde foi o terceiro boneco de Olinda. Ele saiu no Carna-val do final de dezembro de 1974 para 1975, já chamando a atenção.

E como foi a recepção dos foliões?O povo ficou enlouquecido, feliz. O Carnaval que era quase todo à noi-te, passou a ser à tarde, por causa do boneco. Todas as agremiações foram dizendo que também queriam um boneco. Aí fiz a Menina da Tarde no Carnaval de 1978. Em 1979, mais ou-tro boneco. Durante mais de 45 anos só havia dois bonecos: o Homem da

SÍLVIO BOTELHO Criador de bonecos gigantes conta histórias da folia olindense

Ele já produziu mais de mil bonecos gigantes que se tornaram ícones do Carnaval de Olinda. Nesta conversa com a Algomais, Sílvio Botelho conta sobre sua trajetória na folia olindense e como suas produções ultrapassa-ram as ladeiras da cidade e hoje par-ticipam de eventos tão diversos como congressos, casamentos e até enter-ros.

Como foi sua infância em Olinda?Nasci no bairro do Amparo. Vivi uma infância de família humilde. Meu pai era comerciante, minha mãe tinha vida doméstica, cuidava dos filhos. Mas chegamos a fazer o segundo grau completo, fiz alguns cursos técnicos, não passei no vestibular para medicina - eu queria ser médico - mas fiz cursos de laboratórios clínicos que poderiam me dar sustentação na área de saúde. De repente, descobri que eu desenha-va bonitinho. O Carnaval sempre me fascinou e eu pequeno, nos anos 60, na Dantas Barreto, vi o Homem da Meia Noite passando num carro ale-górico. Ele se curvou para a multidão e na minha imaginação ele teria dado boa noite para mim. E o gigante me fascinou. Logo depois veio a Mulher

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Quando criei o Menino da Tarde, provocou muita ciumeira com as agremiações de estandarte que não admitiam a cultura dos bonecos"

nem subvenção para essas agremia-ções”. Eu pedi a palavra e disse: "a partir de hoje eu vou empestear Olin-da com Bonecos Gigantes!" Fiz tam-bém muitas oficinas com pessoas que levaram um bom tempo aprendendo comigo e hoje são bons profissionais.

E essa rixa ainda existe?Não, hoje agradecem o que eu fiz. Fui o primeiro carnavalesco jovem ho-menageado na cidade em 1995. Todo mundo baixou a cabeça e disse: "ele merece ser homenageado pela quan-tidade de elementos que fez para o Carnaval."

Você vive da sua arte, dos bonecos?Hoje sou produtor cultural, faço eventos, trabalho com os bonecos o ano todo. Sou também artista plás-

tico, pinto óleo sobre tela. Tenho um ateliê onde faço e vendo meus quadros. Agora o ateliê dos bonecos atende pedidos para o Brasil todo. Os eventos com os bonecos não aconte-cem apenas no Carnaval, eles estão na inauguração de lojas, ciclo natali-no, ciclo festivo, enterros.

Enterros?Tem família que diz assim: “Sílvio meu parente morreu, era folião, dá pra você mandar alguns bonecos acompanhando o enterro?” Tam-bém faço casamentos. Quando tem tempo eu faço o boneco com o perfil dos noivos. Eu entro na festa de ca-samento com os bonecos, tocando frevo, lá pelas 2 horas da manhã. Em congressos também. A grande aber-tura foi dada pela Abav, que me levou a muitos lugares. Os bonecos vão para falar de Olinda. Por isso que eu criei este nome: Olinda a Pátria dos Bone-cos Gigantes.

Quanto tempo leva para fazer um bo-neco?Alguns são rápidos, 15 dias. Mas ou-tros levam mais tempo. Este último que fiz de Getúlio Cavalcanti levou

Meia Noite, que é de 1932, e a Mulher do Dia, de 1967. Na década de 80 eu já havia feito 100 bonecos. Todo mundo queria bonecos. As agremiações fo-ram se formando com bonecos. Hoje, 2016, o maior número de agremiações é de bonecos gigantes.

Como você se sente com o fato de os bonecos se tornarem um ícone do Carnaval de Olinda? Quando eu criei o terceiro provocou uma ciumeira muito grande com as agremiações de estandarte. Elas não admitiam que tivesse outra cultura que não fossem os estandartes. Numa reunião no antigo forró Cheiro do Povo, Edmar Lopes disse: “essa cul-tura não existe, tradição aqui é o Ho-mem da Meia Noite e a Mulher do Dia, isso não pode existir, não pode haver

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O Homem da Meia Noite pesa 50 kg, hoje os gigantes pesam de 25 a 13 kg"

em junho e continuamos até o dia do evento que vai ser em 9 de fevereiro este ano. É um trabalho enorme or-ganizar tudo, com qualidade, para que o povo veja um Carnaval bonito.

Quantas pessoas participam do desfile?Só de manipuladores são 200 pessoas, 50 diretores, uma base de 30 coor-denadores, dois carros de apoio, 300 dúzias de garrafas de água são consu-midas, um café da manhã, um show do homenageado, quatro orquestras compostas por 120 músicos, 10 girân-dolas de 465 tiros. É uma infra bastante grande. E o dinheirinho, ó (mostra os dedos polegar e indicador próximos).

Quando surgiu essa troça?Em 1987, num sábado. Estávamos na rua brincando, em Olinda, com os bonecos gigantes e queríamos di-nheiro para tomar cerveja. Pegamos os estandartes do Trinca de Ás e os bonecos e bloqueamos a rua. E a tur-ma corria atrás passando o chapéu. As pessoas gostaram. Quando termi-nou, tipo 5 horas da tarde, tinha di-nheiro para comprar 3 a 4 grades de cerveja. E a gente ia para o bar beber, brincar e falar da festa. Aí surgiu a ideia: vamos fazer disso um encontro de bonecos. Quando isso aconteceu, resolvemos: deu certo, para o ano va-mos fazer de novo. Pronto, não deu outra, o Encontro surgiu há 29 anos.

A crise causou algum impacto, vocês têm patrocínio?Pouco. A gente se vira como pode. Estamos na luta de buscar mais re-cursos. Pedimos aos amigos agora, rodando o chapéu. Estamos com pro-blema enorme de caixa. O desfile en-volve mais ou menos R$ 70 mil para pagar orquestra, bonequeiros, coor-denadores, diretores, caminhões, lanches, café da manhã.

E o que acha dessa homenagem feita pelo Encontro de Bonecos a Getúlio Cavalcanti?Getúlio veio coroar o evento. Ele é muito forte. É um privilégio para gente. Fará com certeza um bom tra-balho e a gente vai ter ainda muitos louros para comemorar. No café da manhã que oferecemos a artistas e outros convidados ele fará o show.

entrevista SÍLVIO BOTELHO

mais de um mês para ficar pronto. O processo é lento. O primeiro eu fiz a forma em barro e o boneco foi todo feito em papel, superpesado. Papel machê não presta. Faço uma papie-tagem, pastelando um papel sobre o outro, com uma grude feita de um subproduto da mandioca, ou de mi-lho, ou araruta. Usamos madeira para dar sustentação e a umidade não des-truir. Em 1995, conversando com um amigo, que tem uma técnica muito boa em fibra de vidro, me sugeriu fazer os bonecos com esse material que tem maior durabilidade. Foi a mão na luva. Aconteceu de um tudo: a demanda de serviço aumentou, a qualidade do serviço também. Sai um pouco mais caro, mas a qualidade é bem superior.

São mais resistentes à chuva?Os bonecos antigos quando vinha a chuva tinha que correr para debai-xo das marquises ou de uma árvore. Hoje não, pode chover o que chover, porque a fibra de vidro resiste à água. Os novos bonecos também são mais leves. Para ter uma ideia, o Homem da Meia Noite tem 50 kg e os mais novos têm 25, 15, 13 kg. Eu pensava que a gente era o universo da história e não é. Acabo descobrindo nos anos 80 que a Europa tem uma tradição de bonecos de mais de mil anos. Eu não sei como essa semente caiu aqui.

Os relatos são de que os primeiros bonecos em Pernambuco são de Be-lém do São Francisco...Quem me passou essa informação, que eu não sabia, foi Catarina Real, antro-póloga que passou 20 anos no Recife. Ela disse: “Sílvio sabe que o primeiro registro de bonecos gigantes são de Be-lém do São Francisco? E quem trouxe foi o padre Norberto, da Bélgica?” Isso está escrito num livro de Mário Souto Maior.

Você é casado, tem filhos?Tenho um menino, mas sou solteiro, graças a Deus. Meu compromisso está com o Carnaval, com a minha cidade, sou casado com Olinda, que é a mi-nha grande paixão.

Seu filho não quis seguir a sua carreira?Ele administra algumas coisas, mas ele não leva muito jeito para construir

to estresse para mim, porque eu não quero sair. Eu não sinto tanto calor, como a maioria das pessoas. Eu gos-to do sol, do dia. Se eu vir cinzento, entro em depressão. Sabe a que ho-ras eu me acordo? Às 5h da manhã já estou trabalhando. Ver o sol nascer, meu Deus, é uma coisa maravilhosa.

Como é para você o dia do desfile dos bonecos no Carnaval?É uma loucura, é um corre pra um lado, corre pra outro. É muita mão de obra, porque a gente mexe com mais de 100 bonecos e coordenar tudo isso, com nossos diretores, requer muita tensão, muito cansaço. Somos uma associação sem fins lucrativos, a Tro-ça Carnavalesca Mista A Nordestina é quem rege o Encontro dos Bonecos Gigantes. Começamos a trabalhar

boneco. Mas admira o que se faz.Você fabrica bonecos o ano todo?No período de chuva, não. Não su-porto chuva. É trauma de infância. Fico nervoso, mal-humorado. Não tenho poder criativo com muita chu-va, não. Prefiro desenhar num quarto fechado, onde não veja os ambientes molhados. Se eu molhar meus pés eu fico agoniadíssimo. Quando chega junho, julho é um período de mui-

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PENSANDO BEM

[email protected]

Os pais precisam ter paciên-cia ao lidar com a educação dos filhos. A alfabetiza-ção de uma criança ocor-re após alguns anos. O

aprendizado fluente de um idioma ocor-re após muitos anos. Às vezes, esse longo processo gera ansiedade nos pais. Alguns comparam seu filho com outras crianças, como se o ser humano fosse uma máqui-na programável para obter resultados padronizados. No caso de aprendizados extracurriculares (idioma, esporte etc.) o prejuízo da decisão de “não fazer ou não perseverar" só será constatado no futu-ro, com a perda de oportunidades. Para eliminar essa ansiedade, o importante é, antes de a criança começar a estudar, in-vestir tempo para pesquisar por um mo-delo escolar que possa proporcionar uma educação verdadeiramente diferenciada.

A decisão de escolha da escola deve ser feita com base em critérios educa-cionais e valores familia r es e não apenas pela comodidade. Para associar os cri-térios educacionais e a comodidade, nos EUA, por exemplo, é padrão os pais es-colherem o local da residência em fun-ção da escola que desejam para os filhos.

Minimizar a decisão da escolha da escola pode privar os educandos de opor-tunidades no futuro. Na escola, o aluno tem a oportunidade de desenvolver va-lores, estabelecer rede de amizades, além de conhecimentos, competências e ha-bilidades. Cada escola, com seu modelo educacional, é um conjunto único que faz diferença na formação do educando.

Quando os pais valorizam a escola, o desenvolvimento do aprendizado dos alunos é favorecido. O que significa valo-rizar a escola? Primeiro de tudo estabe-lecer relação de parceria e ter visão clara que, como eles, a escola quer o melhor para seus filhos. Entretanto, há pais que desrespeitam a escola: ficam inadim-plentes, chegam com o filho atrasado, viajam com o filho durante o ano letivo, propagam que o valor do serviço é caro,

que a taxa de material é absurda, que a escola não ensina, etc. Essas posturas comprometem a relação escola-famí-lia e como os pais são modelos para as crianças, vão ter impacto nelas também.

Quando uma família tem graves questionamentos em relação à escola do filho, precisa urgentemente buscar outra

que compartilhe com seus valores. Se o custo da escola está além das possibilida-des da família, a solução é buscar outra escola que se adeque ao orçamento. As famílias precisam adequar suas despesas aos seus orçamentos. Estarão ensinando valores. Ao conversar com o filho para explicar o porqu ê da mudança de escola, estará dando uma lição de dignidade e honestidade. Uma lição para a vida.

Em uma escola do século 21 os alu-nos têm 6, 7 ou mais professores. As crianças hoje em dia são super estimu-ladas. As salas precisam oferecer con-forto, oportunidades para trabalhar em grupo, recursos e treinamentos para o professor preparar aulas desafiadoras e estimulantes. Os alunos precisam aprender a buscar o conhecimento para exercer suas profissões no futuro e de-senvolver as habilidades do século 21. Cabe à escola colaborar com esse pro-cesso. O investimento exigido para a implantação de uma escola de qualidade é elevado. E para que tenha um padrão compatível com os modelos dos paí-ses desenvolvidos é necessário treinar professores, adquirir recursos didáticos e tecnológicos, contratar educadores internacionais, fi r mar boas parcerias.

A escola precisa de área para lazer para a prática de esportes, auditório/teatro. Pela lei de uso de solo precisa também ter estacionamento e área verde.

Com tantas exigências, são raras as pessoas que, com visão de maximizar seu investimento , deseje m implantar uma escola. Anuidades cobradas no

Recife são muito infe-riores às da região Sul/ Sudeste . A relação família-escola é in-tensa e, muitas vezes, o serviço e a estrutura oferecidos são pouco reconhecid os.

A escola privada existe porque o Es-tado não tem como

oferecer educação para todos. Logo, dev eria ser vista pelo Estado como parceira, mas é punida com excesso de controle sobre os valores cobrados, que descon-sideram os investimentos em infraes-trutura e qualificação dos profissionais para oferecer uma educação diferencia-da. Isto faz com que muitas escolas não possam ter um plano de carreira para os professores e coordenadores e encham as salas de aulas com 50 ou mais alunos.

A educação no Brasil deixa muito a desejar. No Norte/Nordeste, a qualidade é inferior ao restante do país. Na rede pública a situação é ainda pior. São raras as exceções que conseguem superar esta situação. Como o Brasil-Pátria educa-dora quer ter um sistema educacional de classe-mundial remunerando a escola com restrição, criando uma cultura em que o valor pago pela educação é absur-do? A carreira do professor, coordena-dor precisa ser muito mais valorizada. Com ajuste apenas inflacionário, autori-zado por órgão de defesa do consumidor, e com o governo investindo mal a parte do PIB que reserva para educação, não há nenhuma possibilidade de transfor-marmos o nosso sistema educacional em sistema de classe-mundial.

Valorize a escola

Os pais precisam ter paciência ao lidar com a educação dos filhos. A alfabetização de uma criança ocorre após alguns anos.

EDUARDO CARVALHO

Educador

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12 Algomais • Janeiro/2016

capa

Nos passos do FrevoMúsicos e especialistas opinam sobre os caminhos para o ritmo atravessar as fronteiras do calendário de Momo

As sombrinhas coloridas e os passistas que se equilibram nas notas aceleradas dos ins-trumentos de metais são os

símbolos de uma das principais mani-festações culturais do Estado. O frevo, com seus mais de 100 anos de tradição, foi reconhecido em 2012 pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Apesar dessa e de tan-tas honrarias, essa expressão artística pernambucana tem uma característi-ca sazonal e bem local. Levar o frevo a outros territórios e a permanecer vivo num calendário mais longo que os qua-tro dias de Carnaval é um desafio ainda a ser decifrado.

“O frevo restringiu-se, mesmo no auge, a Pernambuco, e a Estados vizi-nhos. No Rio de Janeiro a concorrên-cia no período carnavalesco era mui-to forte, por se tratar de faturamento alto, entravam bicheiros, grandes nomes do rádio. Nas poucas vezes que entrou (no mercado carioca), no segundo ano o pessoal da marchi-nha bloqueava. Então ficou restrito ao Nordeste. É uma música de épo-ca, como a marchinha e a marchinha junina", analisa o jornalista e crítico

musical, José Teles. "Caetano Veloso e Carlos Fernando trouxeram o frevo para a MPB e só assim ele pode ser cantado o ano inteiro, mas em meio a outros ritmos”, destaca.

Foi justamente o músico Car-los Fernando, com o projeto Asas da América, um dos pioneiros a fazer o frevo voar um pouco mais distan-te. Trazendo intérpretes de renome nacional como Gilberto Gil, Chico Buarque, Lenine, Caetano Veloso, ele proporcionou um intercâmbio. Não era uma modernização do ritmo, na avaliação de Teles, mas um ajuste que levou o frevo a se encaixar com ou-tros gêneros, sem ficar tão purista.

O professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF), Felipe Trotta, faz um retrospecto de como o samba e o forró conseguiram se descolar das sazonalidades do Car-naval carioca e dos festejos juninos. "O samba também começou como música carnavalesca, mas os com-positores se reuniam o ano todo para cantar e tocar juntos e começou a circular o que eles chamam de 'sam-ba de quadra', que também ganhou

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Rafael Dantas

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o nome de 'samba de meio de ano' (menos dançante, mais cadenciado e lento). Com essa estratégia eles con-seguiram ocupar as rádios, fazendo com que o ritmo pudesse tocar o ano todo", informa o pesquisador. Mas ele alerta que havia eventos de samba o ano todo. O mesmo acontece com o forró. Assim as músicas ganham es-paço para serem ouvidas fora dos fes-tejos juninos. "Com o frevo isso não acontece. Considero as característi-cas de circulação do frevo bem pa-recidas com às das marchinhas. Um repertório estático, sazonal, lindo e pouco conhecido. Porém, vários ar-tistas empregam o ritmo em algumas composições, sem se filiarem direta-mente a ele", afirma.

Quem viveu essa experiência com o forró foi o cantor Maciel Melo. O músico lembra que o ritmo tocava apenas entre os meses de maio e ju-nho. Com a fundação da Sociedade dos Forrozeiros, uma força do rádio e a insistência dos artistas é que o for-ró ganhou impulso para seguir vivo o ano inteiro. Também apaixonado pelo frevo, Maciel lançou o álbum Perfume de Carnaval, em homenagem a Carlos Fernando. "Levar o frevo para fora era o sonho dele. Eu compus um disco de frevo, porque, como compositor que-ria tê-lo na minha discografia. É pre-ciso incentivar o frevo enquanto pro-duto. Não reclamo disso. Propaganda é a alma do negócio. Infelizmente essa força só chega no Carnaval, o que folcloriza o frevo e ajuda para que ele se torne uma manifestação de gueto".

Ao promover experiências musi-cais com o ritmo e a estética do fre-vo, alguns músicos pernambucanos, ainda raros, já conquistaram público e espaço ao longo do ano. Um desses artistas é o Maestro Spok. Ele con-corda que uma das dificuldades para formar novos ouvintes e dançantes do frevo é que em sua maioria ele é executado de forma rápida e solitária (onde o artista dança sozinho), dife-rente do forró e xote, por exemplo. "Muitas pessoas vêm fazendo novas leituras do frevo. Não tenho nada contra quem queira experimentar, ousar, fundir. Acredito muito que consigamos fazer um trabalho com seriedade assim. Penso em trabalhar com o frevo canção, como poesia,

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uma forma de enxergá-lo fora das tradições", declara Spok. A agenda lotada do maestro e sua orquestra no Carnaval não contrasta com a pro-gramação dos demais meses do ano, quando atinge o público da música instrumental e dos festivais de jazz.

Ao unir o erudito e o popular, quem também deixa sua marca vi-vendo da música pernambucana 365 dias no ano é o Maestro Forró e a Or-questra Popular da Bomba do Heme-tério, criada por ele. Este ano o mú-sico será o homenageado do Carnaval do Recife. "Há 20 anos vivo da cultura pernambucana e o frevo tem um lu-gar cativo em tudo o que faço. Tra-balho com a pesquisa, manutenção, releitura e interação do frevo com ou-tras culturas. Acredito que é preciso dialogar com qualidade. Começamos com um trabalho de formação na co-munidade, que gerou como produto a orquestra, que em menos de um ano já ocupava um espaço de destaque no circuito cultural. O desenvolvimento comercial é consequência disso. Não há fórmula secreta", avalia Forró, que longe dos palcos é o professor e com-positor Francisco Amâncio da Silva.

O papel de educador é a faceta menos conhecida do irreverente e bem-humorado Maestro Forró. Além de revolucionar a figura comumente associada à formalidade dos maes-tros, ele fez ao longo da carreira par-cerias que agregaram diferenciais ao trabalho, como com os músicos Her-

meto Pascoal, Rember Egues (cuba-no), Okay Temiz (turco), que já divi-diram palco com Forró.

Uma das estratégias para garan-tir seu espaço ao longo do ano, com um time de 27 instrumentistas, é de preparar shows para os outros ciclos festivos. Assim, ele leva o frevo para o São João e para o Natal, por exemplo.

Entre os músicos atuais do fre-vo, também são poucos os que con-seguem atravessar as fronteiras de Pernambuco com o ritmo. Exceção, Maestro Spok participa dos festivais europeus de música instrumental e dedica algumas semanas de agosto

para lecionar frevo na Califórnia, nos Estados Unidos. "Discutimos frevo a semana toda, num camping, com gente que se matricula do mundo in-teiro. Desse contexto nascem músicos que vão me mandando composições de diversos lugares. Recentemente uma japonesa, que está estudando o ritmo com amigos japoneses, me mandou uma música", disse Spok.

Através do Canal Brasil, o Maestro Forró também teve a experiência de le-var sua música para fora de Pernambuco e para o exterior com o programa An-dante, que cria pontes entre o frevo e a cultura de outros lugares. Nesse projeto, que produz uma série de documentários fazendo o diálogo de manifestações cul-turais, o músico já foi a Turquia, Bulgá-ria, Romênia e Cuba. Ele também tem na sua carreira participações em pres-tigiados eventos internacionais, como o Festival del Caribe, também em Cuba.

DIVULGAÇÃO. Mas é evidente que Spok e Forró são exceções. Em geral a princi-pal reclamação dos músicos é o fato de o frevo não ser tocado nem sequer nas rádios pernambucanas. Dessa insatis-fação nasceu em abril de 2013 a Lei mu-nicipal Momento do Frevo, que obrigou as emissoras recifences a veicular pelo menos duas canções e/ou instrumen-talização em ritmo do estilo. A lei não pegou.

O músico Getúlio Cavalcanti, car-navalesco há mais de cinco décadas,

PERSONAGEM. FORRÓ SE DIFERENCIOU AO MODIFICAR A IMAGEM SISUDA DOS MAESTROS

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NA ROZENBLIT. O BRINCANTE GETÚLIO CAVALCANTI DEIXOU TRABALHOS IMORTALIZADOS

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lembra de outros tempos quando havia mais espaço para o frevo no rádio. Ape-sar de historicamente o ritmo ser bem sazonal, o músico informa que nos anos áureos da Fábrica de Discos Rozenblit a realidade era um pouco melhor. "Como havia os lançamentos da gravadora por volta do mês de outubro, o frevo per-manecia no ar no último trimestre do ano até os dias da folia. Havia essa épo-ca pré-carnavalesca mais extensa que fazia com que nossas músicas fossem mais executadas", afirmou Getúlio.

De acordo com a dissertação O fre-vo nos discos da Rozenblit, da designer Paula de Rezende e Valadares, o ritmo pernambucano era a menina dos olhos do empresário José Rozenblit. Desse trabalho foram imortalizados os regis-tros sonoros de Nelson Ferreira, Maestro Duda, Claudionor Germano e do pró-prio Getúlio Cavalcanti. Entre os anos de 1954 e 1964, cerca de 25% da música nacional gravada pela fábrica era frevo. Isso não era pouco para quem chegou a deter 22% da produção de discos no Brasil na década de 60. Apesar do fim da Rozenblit, Getúlio lembra que por ano são gravados de 6 a 8 CDs de frevos que mal chegam ao público local.

Uma exceção nesse contexto é a Rá-dio Universitária FM, com o programa O Tema é Frevo. Apresentado pelo ra-dialista Hugo Martins. É o único espaço

MÚSICOS. SPOK TEM ATUAÇÃO O ANO INTEIRO COM O SEU FREVO INSTRUMENTAL. MACIEL MELO FEZ HOMENAGEM AO FREVO COM UM ÁLBUM AUTORAL

exclusivo para o ritmo pernambucano. Além das rádios, outro instru-

mento de valorização do frevo que foi perdido foram os festivais. A ausência desses eventos reduziu a divulgação das canções e prejudicou a formação de novos artistas. "Seguimos tendo grandes compositores, mas muitos eram criados nesses concursos de música. Não existem mais as novas gerações que nascem dos festivais", lamenta Cavalcanti.

O uso das novas mídias para dis-seminação da música ainda é um ter-reno pouco explorado pelos músicos do frevo. O que de certa forma dis-tancia o ritmo da nova geração que não ouve rádio, nem compra disco. As dificuldades de alcançar os mais jovens não se restringem ao espaço nos meios de comunicação. Na opi-nião dos artistas e críticos, a cons-trução de um público mais amplo e o surgimento de novos músicos passam por um trabalho de educação. “Jovens não se interessaram por frevo porque é uma música que eles não cresceram ouvindo no rádio e na TV. Além dis-so, para fazer frevo pra valer mesmo, é quase que obrigatório saber ler mú-sica, fazer orquestração, arranjos, ou ter alguém por perto que saiba. Não é música que se faz tocando em caixa de fósforo”, diferencia Teles. Existem iniciativas bem-sucedidas de formação, como a Escola Comu-nitária de Música da Bomba do He-metério, dirigida pelo Maestro For-ró. Desse trabalho nasceram grupos

como os Hemetéricos da Bomba, Frevo S.A. e a Trombonada. O próprio Paço do Frevo tem uma proposta maior que a de ser um museu. Sua função tam-bém é formar novos músicos e dança-rinos. "É importante a construção de espaços para fomentar novos músicos. Mas, o estudo dos instrumentos para se alcançar a execução do frevo de forma perfeita é um trabalho de médio e longo prazo", diz Spok, que faz consultoria da Orquestra Frevessência no Paço.

Seja na educação ou na circulação das músicas, ainda há muito o que ser feito para popularizar o frevo entre as novas gerações e em todo o País. Mas as possibilidades estão postas para que as sombrinhas coloridas continuem giran-do por mais 100 anos e além dos limites de Pernambuco.

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ECONOMIA JORGE JATOBÁ

Economista

Em tempos de mosquito

Entre as mazelas socioeconô-micas que assolam a região somam-se agora a seca, uma das mais implacáveis dos úl-

timos anos, e o agravamento e am-pliação das doenças de veiculação hí-drica transmitidas pelo Aedes aegypti (quatro tipos de dengue, chicungu-nha e Zika). Isso representa um re-trocesso nos ganhos de saúde obtidos por todos nós nos últimos 20 anos.

As doenças veiculadas pelo mos-quito atingiram com mais intensidade Pernambuco e dentro do Estado, Recife por razões que ainda não foram suficien-temente explicadas pelas autoridades sa-nitárias. Este artigo examina os avanços obtidos pela área de saúde no município e argumenta como esses ganhos podem ser comprometidos pelas doenças trans-mitidas pelo mosquito. Destaca também os elevados custos econômicos e sociais, presentes e futuros, dessa epidemia.

As componentes longevidade e saúde dos indicadores de desenvolvi-mento social, respectivamente IDH-M e Índice FIRJAN, indicaram que houve avanço na situação da saúde no Reci-fe. Redução da mortalidade infantil e da mortalidade até 5 anos ampliaram a expectativa de vida dos recifenses para 75 anos, especialmente se sobre-viverem às mortes violentas por cau-sas externas que atingem sobremodo

lidade até 5 anos de idade (por mil nascidos vivos). Essa taxa caiu mais de três quartos entre 1991 e 2010. Da-dos para o período 2010-2013 (Data-sus) mostram que a tendência à queda continua. Usualmente quem sobrevive até os 5 anos e, posteriormente, à ida-de em que situações adversas geram alta mortalidade por causas externas, consegue viver até a velhice.

Já a razão de mortalidade mater-na (por 100 mil nascidos vivos) é alta e crescente, evidenciando deficiên-cias nos cuidados materno-infantis, usualmente associados à insuficiente atenção pré e neonatal que têm ago-ra de ser reforçada pela presença do zika. Uma queda mais acentuada da mortalidade infantil e o combate à mortalidade materna requer maiores cuidados da atenção básica à saúde, especialmente neste momento em que a doença adquire caráter epidêmico.

Além dos gastos, em tempos de crise fiscal, que o combate ao mos-quito traz para o setor público, os custos sociais e privados são elevados tanto no presente quanto no futuro porque uma geração de crianças nas-cidas e comprometidas com microce-falia vão exigir das famílias recursos, cuidado e atenção por toda a vida. Governo e sociedade têm um novo e grave desafio pela frente.

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os jovens, especialmente pretos e par-dos, de 15 a 29 anos de idade,

A mortalidade infantil (por mil nas-cidos vivos) no Recife caiu 63,5% entre 1991 e 2010. Dados para o período 2010-2013 (Datasus) mostram que o avanço permanece, embora mais timidamen-te. A queda na mortalidade infantil tem várias causas, mas destacam-se a me-lhoria dos serviços de pré-natal e neo-natal e a maior cobertura dos progra-mas de vacinação e da saúde da família. A melhoria dos serviços de saneamen-to é essencial para dar continuidade a esse avanço porque reduz as doenças infectocontagiosas de veiculação hí-drica. Nesse particular Recife apre-senta muitas vulnerabilidades não só pelo racionamento na adução de água limpa que leva a população a estocá-la de forma imprópria, mas também pela dificuldade na remoção de água suja e de resíduos sólidos que constituem ha-bitat ideal para os vetores dessas doen-ças. Poderá haver uma maior rigidez à queda da taxa de mortalidade infan-til, se não uma inflexão, em função da ocorrência de microcefalia decorrente da zika que conduz à morte, em alguns casos, ou ao comprometimento neuro-lógico e cognitivo do recém-nascido de forma permanente.

Avanço ainda mais significativo observou-se para a taxa de morta-

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esporte

Velocidade no DNA da família Pioneira nas competições de automobilismo, Niege Chaves comemora o sucesso do neto Rafael Câmara nas pistas

O mais novo pernambucano a brilhar nas pistas de kart no País atende pelo nome de Rafael Câmara e tem

apenas 10 anos de idade. Se a car-reira do jovem piloto ainda é curta, a história da sua família com o au-tomobilismo é antiga. Praticamente cinco décadas atrás, era a sua avó, Niege Rossister Chaves, quem escre-via seu nome no asfalto das poucas competições de corrida de carro na época. E se hoje as mulheres parti-cipam das principais categorias do mundo automotivo, nos anos 60, ter uma representante feminina no vo-lante era raro.

Desde pequeno, o garoto prodígio do kart girava ao redor da mesa da avó com um velotrol e já dizia que era veloz. Desde os 5 anos Rafael fala em ser piloto. Na época, o irmão desistiu do kart e ele pediu para que a famí-lia não vendesse o carro, pois queria usá-lo. Apenas um ano depois, deu a sua largada nas pistas. A motivação de Niege veio ainda na adolescência, aos 12, quando dirigia entre São Mi-guel dos Milagres e Porto da Rua, no litoral norte de Alagoas, onde a famí-lia tinha uma propriedade.

Com 17 anos, ela disputou sua pri-meira competição. Não com um kart, mas com um Jeep, no ano de 1962, numa corrida no Caxangá Golf Club. No mesmo ano em que começou as

disputas, ela chegou a ficar detida em uma delegacia por conduzir um carro sem habilitação. Naquele ano, ela ganhou um troféu de revelação do automobilismo concedida pela Asso-ciação Pernambucana de Automóvel. Entre os concorrentes daquele dia estava o ex-piloto Wilson Fittipau-di, irmão do bicampeão mundial de Fórmula 1, Émerson Fittipaudi; e José Carlos Pace, piloto que disputou a Fórmula 1 entre 1972 e 1977.

Num período de poucas competi-

ções automobilísticas, ela correu até os 21 anos. Além do Jeep, teve como seus possantes um DKW-Vemag e uma Berlinetta. A curta carreira teve o apoio incondicional do pai, o tam-bém piloto Nelson Rossister, de quem Niege lembra de vários episódios de adrenalina e emoção.

A atuação de uma das pioneiras no automobilismo não se restringiu ao Estado, mas chegou às pistas de capitais nordestinas, como João Pes-soa e Maceió, e nos maiores centros

CAMPEÃ. NIEGE EXIBE OS TROFÉUS QUE GANHOU EM DIVERSAS CORRIDAS PELO BRASIL

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do automobilismo do País, São Paulo - onde disputou uma corrida no Au-tódromo de Interlagos, sem ao menos ter feito testes para reconhecer a pista – e do Rio de Janeiro.

A melhor lembrança de Niege veio justamente da Cidade Maravilhosa. Numa corrida com mulheres, ela saiu vencedora. “Estávamos hospedados no Leme Palace. Pela manhã papai abriu a porta do quarto com todos os jornais daquele dia com um retrato meu na primeira página. Ver a emo-ção de papai ao ler aquela vitória nos noticiários foi o momento mais es-pecial desse tempo em que estive nas pistas”, lembra Niege.

O automobilismo ficou no pas-

sado, mas o gosto pelos automóveis, não. Aos 70 anos, ela segue com sua carteira de motorista em dia e diri-gindo seu carro. Por 26 anos teve um motorista da família que ficava no banco de passageiros, quando ela es-tava no veículo. O ronco do motor e o cheiro da gasolina, que são elemen-tos que incomodam a maioria dos motoristas do cotidiano das cidades, é apreciado pela ex-pilota. Atuando como psicóloga, um dos hobbies fa-voritos é acompanhar os primeiros passos da carreira do neto. “Ele diz com convicção que será piloto de Fórmula 1”, conta a vovó das pistas.

PROMESSA. Rafael Câmara come-

çou a disputar competições em 2011, quando ficou em segundo lugar na categoria mirim da Copa Nordeste de Kart. Em 2012, ele levou o título re-gional foi campeão pernambucano e paraibano. No ano de 2013, o desem-penho do jovem piloto se consolidou, vencendo a Copa de Kart das Federa-ções e consagrando-se vice-campeão brasileiro de kart. “Eu gosto de correr de kart desde pequenininho. Minha avó Niege Chaves foi uma grande pi-lota e sempre conta histórias das cor-ridas dela. Comecei correndo aqui em Recife, na pista do Tamboril. Depois comecei a fazer as corridas pelo Brasil e hoje em dia moro em São Paulo. Fica mais fácil para treinar, as principais corridas são lá e minha equipe tam-bém. Meu grande sonho é chegar na F-1, mas, ainda tenho muitos degraus para subir. Vou treinar e me dedicar para me adaptar logo e fazer mais um grande ano nas pistas”, diz Rafael.

O ano de 2015, porém, foi especial para o piloto, que foi escolhido como grande revelação do kartismo no País. Além de faturar mais de 20 vitórias nacionais nas categorias cadete e Ro-tax Mini Rookie, ele ainda conquistou uma vitória na Florida Winter Tour, em Orlando e também marcou pre-sença em campeonatos na Europa. Em outubro, a convite de uma equipe italiana, ele estreou na International Rok Cup, disputada no Kartódromo South Garda, em Lonato, na Itália.

PRODÍGIO. COM APENAS 10 ANOS,RAFAEL FOI CAMPEÃO REGIONAL E VICE-CAMPÃO BRASILEIRO DE KART

MEMÓRIAS. NIEGE CHAVES GUARDA FOTOS, TROFÉUS E RECORTES DE JORNAIS E REVISTAS DA SUA TRAJETÓRIA NAS PISTAS PELO PAÍS

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Bikes ganham espaço na cidade

Prefeitura implanta ciclofaixas na Zona Sul e no Cordeiro e vai inaugurar novas rotas na Via Mangue e Jardim São Paulo

RecifeemPauta

O Recife encerrou o ano com a inauguração de duas novas ciclofaixas permanentes na cidade. Os ciclistas recifenses

já contam com 37,5 quilômetros de ci-clovias, ciclofaixas e ciclorrotas no muni-cípio, sendo 35% desse total construídos na atual gestão municipal (13,1 quilôme-tros). Em dezembro começaram a fun-cionar as rotas Antônio Falcão, na Zona Sul, e a Inácio Monteiro, no Cordeiro.

“É importante criar alternativas de mobilidade de bicicletas. Esses inves-timentos estão sendo feitos com base no Plano Diretor Cicloviário da Re-gião Metropolitana do Recife (PDC),

feito em parceria com o Governo do Estado. O trabalho da prefeitura se-gue esse desenho de áreas ou rotas que são potencialmente interessantes para o uso de bikes. Essa mobiliza-ção mostra que não estamos focados apenas no transporte de massa ou em obras viárias, mas incentivando no-vas atitudes da população recifense no deslocamento na cidade”, afirma o secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga.

A rota ciclável da Antônio Falcão possui 1,7 quilômetro de extensão, tendo fluxo bidirecional. O percurso dessa estrutura vai da Avenida Mas-

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carenhas de Moraes e o acesso da pista leste da Via Mangue. Parte do equipa-mento vai passar pela Avenida General MacArthur e chega até a Rua Antônio Falcão, na interseção com a Rua Gene-ral Édson Amâncio Ramalho.

A Rota Inácio Monteiro tem 2,8 quilômetros, também em fluxo bidi-recional, faz o percurso entre a Rua Professor Joaquim Xavier de Brito e a Avenida Inácio Monteiro. Ela também é ligada à Rota do Cavouco e à Ciclo-faixa Antônio Curado.

Uma das grandes novidades para 2016 será a inauguração da ciclofai-xa da Via Mangue, que sozinha terá uma extensão de mais de 5 quilôme-tros. Essa obra, que já está em fase de execução, será integrada à ciclofaixa da Avenida Antônio Falcão, fazendo a conexão com a Avenida Mascarenhas de Moraes. “Toda Via Mangue, da An-tônio Falcão até o Jardim Beira Rio, no Pina, receberá essa estrutura para os ciclistas”, afirma Braga.

O Plano Diretor Cicloviário, men-cionado pelo secretário, foi contratado em 2014, quando identificou 12 rotas de ciclovias para o Recife. Os estudos que embasaram o plano identificaram que 58% dos ciclistas usam as bikes como principal meio de transporte para o tra-balho. As metas para a Região Metro-politana são ousadas: 590 quilômetros em 10 anos para o Grande Recife.

De acordo com a Prefeitura do Re-cife, a próxima a ser concluída é a rota de Jardim São Paulo (2,7 quilômetros

de extensão), que já está com o projeto executivo aprovado. A previsão de im-plantação da nova rota é no final do se-gundo semestre deste ano. E a meta da Prefeitura do Recife é implantar mais 76 km até o final desse ano.

INTEGRAÇÃO. Uma das novidades re-centes desse cenário de avanço das al-ternativas de mobilidade do Recife é a abertura do Metrorec para os ciclistas a partir das 20h30. Antes, eles poderiam usar o metrô como conexão apenas nos finais de semana. A mudança, que entrou em vigor no final de novem-bro, atende a uma demanda antiga dos cicloativistas da cidade que buscam ampliar o uso de bikes na capital per-nambucana. A falta de ligação com ou-tros modais era um problema já iden-tificado no Plano Diretor, que através de pesquisas descobriu que 76% dos usuários de bikes da RMR não faziam nenhum tipo de integração com outro sistema de transporte.

Uma outra intervenção urbana no Recife que contribuiu para a vida dos ciclistas foi a instituição da Zona 30, no Bairro do Recife. Com a redução de velocidade de 22 vias do bairro central da capital pernambucana, foi insti-tuída uma área de uso compartilhado entre pedestres,ciclistas e veículos.

Se o uso das bikes ganhou maior notoriedade nos últimos anos com as ciclofaixas móveis de lazer implanta-das nos finais de semana, com o avan-ço dessas estruturas permanentes, a

expectativa do poder público é ampliar o número de ciclistas, principalmente em deslocamentos menores. “As ciclo-faixas, ciclovias e o investimento tam-bém em calçadas são focados na popu-lação que se desloca em distâncias mais curtas dentro da cidade. Ainda não te-mos uma medição de como está o fluxo de pessoas que usam bikes na cidade, mas temos observado esse crescimen-to, o que é muito positivo para a cida-de”, avalia o secretário.

ROTAS CICLÁVEIS IMPLANTADAS NA ATUAL GESTÃO: 13,1 KM

Arquiteto Luiz Nunes (3,5 km)Bairros contemplados: Afogados e Imbiribeira

Ciclofaixa Marquês de Abrantes (1,9 km)Rosarinho, Encruzilhada, Hipódromo e Campo Grande

Ciclofaixa Antônio Curado (3,2 Km)Bairro contemplado: Engenho do Meio

Inácio Monteiro (2,8 km)Bairro contemplado: Cordeiro

Antônio Falcão (1,7 km)Bairros Contemplados: Imbiribeira e Boa Viagem

Rota em implantaçãoCicloviada Pista Leste da Via Mangue (5,4km)

Rota a ser implantada no início de 2016Jardim São Paulo (2,7 km)

PARA PEDALAR. A ROTA INÁCIO MONTEIRO TEM 2,8 QUILÔMETROS EM FLUXO BIDIRECIONAL

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Membro da Inquisição relata "pecados" na capitania como lesbianismo, feitiçaria e até a prática da leitura por mulheres

arruando pelo Recife e por Olinda

No tempo do inquisidor (Parte 2)

Leonardo Dantas Silva

Naqueles anos finais do sé-culo 16 a próspera Vila de Olinda, sede da capitania de Pernambuco, era habi-

tada por uma sociedade onde havia uma grande ausência de mulheres brancas, pois os portugueses em sua grande maioria deixavam suas mu-lheres legítimas em Portugal conti-nental, aventurando-se viajar sozi-nhos em busca da fortuna em terras do Novo Mundo.

Aos olhos do visitador da Mesa da Inquisição de Lisboa, Heitor Furtado de Mendoça (sic), chegado a Pernam-buco em setembro de 1593, vão sendo desnudados os pecados daquela po-pulação, sobretudo os cometidos na intimidade dos lares, na luz soturna das alcovas, que davam lugar ao co-metimento usual do pecado da car-ne, representado pelas relações ex-traconjugais (responsáveis por uma população de filhos bastardos), pela prática da poligamia, da sodomia (então chamada de pecado do nefan-do) e do lesbianismo; além da feitiça-ria e culto judaico.

Com tamanha falta de mulheres brancas, as jovens casavam logo na entrada da puberdade (com 12, 13 e

14 anos), e logo se enchiam de filhos. Das oito filhas da judaizante Branca Dias e do seu marido Diogo Fernan-des, por exemplo, somente uma, por não possuir o uso da razão (Beatriz Fernandes), permaneceu solteira. O mesmo acontece com as muitas filhas de Jerônimo de Albuquerque, cunha-do do donatário Duarte Coelho, na-turais e legítimas, que vieram a fazer grandes casamentos. Da lista de sua descendência aparecem genros da mais alta estirpe: dois fidalgos e qua-tro portugueses bem-nascidos.

A educação dos rapazes ficava a cargo do Colégio dos Jesuítas e dos Beneditinos, enquanto as moças eram educadas por professores particulares como Branca Dias e Bento Teixeira; este último autor da Prosopopea, que veio a ser o primeiro poeta a ter seu nome impresso em letra de forma no Brasil (1601).

Ao contrário dos séculos que se seguiram, as mulheres não viviam tão segregadas, algumas delas chegavam a passar “toda à tarde na sua janela e sem trabalhar, à vista dos que passa-vam”; como Inês Fernandes, denun-ciada em 22 de novembro de 1593. Havia outras que praticavam, com

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como Isabel Bezerra e Clara Fernan-des, que, na ausência dos maridos, “dormiam com quem lho pediam”.

Nada escapava aos ouvidos do in-quisidor que, como seu poder supre-mo, ia devassando os mais recôndi-tos comportamentos mediante uma cadeia interminável de confissões e denunciações dos residentes na lo-calidade intimados a comparecer à Mesa Inquisitorial mediante ameaças dos mais terríveis castigos.

Assim surgiam casos de prática de lesbianismo, como as de Clara Fer-nandes com a sua escrava (4.11.1593), assim como Maria Lucena, mulher de Antônio da Costa (6.11.1593) ou Ma-ria Rodrigues, que é flagrada por um vizinho em colóquio com a adoles-cente Ana “fazendo uma com a outra como se fora homem com mulher” (10.11.1593).

O sapateiro Lessa, “homem alto de corpo e de uns bigodes grandes” que morava numa casa térrea próxi-ma ao Recolhimento da Conceição, era dado à prática da pedofilia, sendo por isso denunciado por um rapaz de 15 anos, de nome João Batista, origi-nário da Ilha da Madeira, que em cer-ta tarde fora à sua oficina buscar um par de chinelas, ocasião em que foi atacado pelo sapateiro que, à força, tirou-lhe o calção e tentou possuí-lo (27 de maio de 1594).

Baltazar Lomba foi acusado por Francisco Barbosa de cometer pe-cado de sodomia com outros índios e com um negro de nome Acahuy. O denunciado é descrito como “um homem solteiro, já velho de alguns 50 anos que costuma coser, fiar e amassar como mulher” (12 de janeiro de 1595).

Os casos do cometimento do coito anal (pecado nefando) torna-se fre-quente entre pessoas do sexo mascu-lino, não faltando, porém, a prática da sodomia entre casais, como a que releva, em 9 de dezembro de 1594, Manuel Franco, 43 anos, com sua mulher Ana de Seixas: “Está casado com a dita mulher e que haverá ora 12 anos e meio, pouco mais ou menos, que, uma noite, estando ele farto de ceia e vinho, cometeu a dita sua mu-lher por detrás com o seu membro viril, entrou e penetrou dentro no vaso traseiro dela..”

Eram comuns os casos de biga-mia, alguns deles chegando a noto-riedade, como o de Antônio do Valle que, sendo casado em Estremoz (Por-tugal), voltou a contrair núpcias no Brasil com a filha de Jerônimo Leitão, capitão e governador da capitania de São Vicente (São Paulo).

Outro bastante citado nos autos da Inquisição em Pernambuco é a figura do rico mercador João Nunes Correia, “uma das maiores fortunas existen-tes em Pernambuco nos últimos anos do século 16”; segundo José Antônio Gonsalves de Mello, fora ele por duas dezenas de vezes denunciado à mesa do Santo Ofício. Cristão-novo, nas-cido em Castro Daire, dizia modes-tamente “não ter ofício e viver nes-ta terra por sua fazenda limpamente com quatro cavalos na estrebaria”. Dentre as muitas denúncias que o imputaram uma veio escandalizar os inquisidores, segundo o escrivão do Santo Ofício, correu o mundo “pela boca de todos, altos e baixos, hon-rados e plebeus, religiosos, nobres e melhores da terra e toda a mais gente e o povo”,

Em resumo o capitalista João Nu-nes vem a ser denunciado por um pedreiro, que estando a retelhar sua casa em Olinda, vira um crucifixo “no mesmo cômodo onde ele fa-zia suas necessidades corporais”. O que na rua era motivo de boatos e de fuxicos, chega oficialmente à mesa do Santo Ofício através dos depoi-mentos dos irmãos Belchior e João da Rosa, em 30 de outubro e 5 de novembro de 1593, que reiteram ter João Nunes em sua casa, no mesmo aposento, um crucifixo “entre dois servidores vasos imundos em que fazia suas necessidades corporais”. Na mesma denúncia consta que o clérigo Manuel Dias “o qual alevan-tou a perna e deu um grande traque diante da imagem da Virgem de vul-to fermosa que está no altar”.

João Nunes, coitado, tem contra si uma verdadeira colmeia de ves-pas, e termina por ser enviado preso a Lisboa, onde vem a ser absolvido pela Inquisição que ainda criticam com veemência o visitador Heitor Furtado de Mendoça, por sua con-duta arbitrária na Visitação que fez à Vila de Olinda.

regularidade, o exercício da leitura, como Maria Álvares e Inês Fernandes, “que costumavam estar aos sábados deitadas numa rede lendo por livros sem fazer nenhum serviço”.

Naquele mundo povoado de ma-gias, era comum a existência de feiti-ceiras, como Ana Jácome, denuncia-da em 29 de outubro de 1593, por ser dado a feitiçarias “capazes de matar as criancinhas recém-nascidas”. Lianor Martins, a Salteadeira, é denunciada, em 22 de novembro do mesmo ano, por trazer consigo “um buço de lobo e uma carta de Santo Erasmo, junta-mente com uma semente que ela com outras suas amigas fora colher numa noite de São João, com um clérigo revestido, as quais coisas dizia fazer querem bem os homens às mulheres”.

Da imensa lista, não poderiam fal-tar as chamadas mulheres do mundo (prostitutas), que praticavam a mais antiga das profissões, como Lianor Fernandes e Maria Almeida, a Fla-menga, não faltando as que regular-mente eram flagradas em adultério,

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26 Algomais • Janeiro/2016

O bom humor e as cores de FerreiraCom incursões na música e no futebol, Ferreira achou na arte a melhor forma de expressar seu estilo descontraído

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Cláudia Santos

No final dos anos 60, o pai do jovem José Ferreira de Car-valho, estava muito doente e, preocupado com a vida

boêmia do filho. Para incentivá-lo a esquecer o futebol e o violão, o enfer-mo sugeriu: “Por que você não pin-ta quadros?” Mesmo sem nunca ter tido contado com as artes plásticas, Ferreira, para não contrariar o pai, resolveu aceitar o conselho. Foi des-sa forma, um tanto aleatória e des-compromissada, que Pernambuco e o Brasil ganharam um dos artistas mais criativos e profícuos, autor da obra que ilustrou a capa de dezembro de Algomais.

“Eu tinha 17 anos, nem sabia onde comprar as tintas”, relembra. Ferrei-ra lembra também da peraltice que fez para conseguir a primeira tela. Havia lido em livros que ela poderia ser feita com um tipo de tecido que, por acaso era o mesmo que fora con-feccionado o forro do vestido de noiva de sua irmã, que ia se casar em breve. “Roubei um pedaço do pano. Quando minha irmã foi provar e viu que esta-va faltando uma parte foi uma confu-são”, conta, aos risos.

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27Algomais • Janeiro/2016

propôs que o paga-mento fosse uma via-gem a Europa. “Lá é que comecei a co-nhecer o que era arte. Era para ficar um mês, acabei ficando seis na casa de um amigo em Paris”, relata Ferreira que frequentou vários cursos na capital francesa.

No início sua pintura exibia fortes traços de um artis-ta primitivo, mas ao longo do tempo, as características naïf foram se plasmando num estilo próprio, que mesclam do figurativo ao abstrato. Mas sem perder jamais a alegria das cores vivas, como atesta o artista João Câmara , ao comentar o trabalho do ami-go no livro Ferreira, redesco-brindo o paraíso. “O traço principal do trabalho de Ferreira é esta capacida-de de mutação alegre e decorativa. Quero dizer com isso que suas peças são naturalmente bem--humoradas. Não se trata de uma decoração minimalista, de gosto racional e perspectiva ar-quitetural corrigida, ou de cores e tons neutros. Isso entediaria Ferreira e quem se interessa pela vida”.

Nesses 40 anos de tra-balho artístico, Ferreira passou por várias fases. Nas séries Brincadeira de Criança e Festas do Povo retratou o colorido das paisagens, das pessoas e da cultura pernambucana. Já na série Ferreira e os Mestres ele solta todo o seu humor ao parodiar as obras famosas de mitos como Matisse, Picasso, Manet, Bas-quiat e Pollock , entre outros, em telas nas quais muitas vezes não se furta de se autorretratar nelas.

Mais recentemente vem pintan-do tudo o que abarca o universo do seu ateliê. Aliás a oficina do artista é uma obra à parte. Situada no bairro do Campo Grande, onde reside des-de a infância, tem o muro coberto pelo colorido de sua arte que chama a atenção dos transeuntes. É lá que ele trabalha, sempre no ritmo de sua descontração, bom humor e do gosto pela boemia que a pintura não conse-guiu fazê-lo abandonar. “Muitas vezes aparece aqui um amigo e, claro, vamos tomar uma cerveja”, confessa.

Esse mesmo bom humor é trans-posto para seus quadros, sempre cheios de cores fortes e movimento. Versatilidade é outra característica desse artista recifense, que já teve carreira promissora no futebol, tem talento para a música – é membro da Ordem dos Músicos do Brasil – além de ser formado em administração de empresas e ter trabalhado 5 anos na fábrica de rádios e televisores ABC. Assim como na arte, ele é o que se pode chamar de multiartista, traba-lha com pintura, escultura, artesa-nato, cerâmica, porcelana e até rou-pas (fez pinturas para uma coleção da grife People).

Quem descobriu seu talento foi o radiologista Lucilo Magalhães, du-rante uma visita à feirinha de Boa Viagem, onde Ferreira começou a comercializar suas obras. De pron-to ele combinou que compraria toda obra que Ferreira criasse. “Todo final de semana entregava um quadro e ele me pagava”, conta o artista.

Até que um dia o médico quis ad-quirir um grande painel e Ferreira

UM MULTIARTISTAVERSÁTIL, FERREIRA TRABALHA COM PINTU-RA, ESCULTURA, ARTESANATO, CERÃMICA, PORCELANA E ATÉ ROUPA

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28 Algomais • Janeiro/2016

baião de [email protected] Freire

MISTÉRIOS DA MEGA-SENA Quando você joga uma aposta sim-ples da Mega-Sena tem uma chance de acertar em 50 milhões. Em per-centual, isso equivale a 0,000002% de possibilidade. Também significa repetir a mesma face da moeda 25 vezes seguidas num jogo de “cara ou coroa”. E mais: tem seis vezes mais probabilidade de morrer num acidente de avião e 12 vezes mais de ser fulminado por um raio.

O MOTIVO DA LAMBIDA

O cachorro lambe para de-monstrar afeto. A vida do cão já começa com uma lambida da mãe. Daí o animal começa a relacionar o ato ao sentimento de afeto. Quando o cachorro lambe sua mão está dizendo: “Eu gosto de você!” MAIS ÁGUA NO CHUVEIRO

Chega ao mercado ainda este ano o chuveiro Nebia. Ele consome menos 70% de água. Um banho de cinco minutos, que gasta 48 litros, nele derramam apenas 14. O Nebia faz esse milagre através de um sistema que pulveriza a água em forma de gotículas, aumentando em dez vezes a área de contato dela com o corpo. Essa belezura vai chegar custando US$ 399.

O PREÇO DO BANDIDO

Em Pernambuco, o custo com um preso é oito vezes maior do que com um aluno da escola pública. O encar-cerado custa ao Estado R$ 3,5 mil ao mês.

O CÉREBRO MORRE CEDO

É verdade! Sob o aspecto neu-rológico, o cérebro humano co-meça a morrer aos 27 anos. Uma descoberta feita na Universi-dade de Virgínia, nos Estados Unidos, mostra que ele atinge o auge aos 22 anos, fica estável até os 27, e a partir daí come-ça a desmoronar. Aos 30 anos, várias funções do cérebro já es-tão bem mais fracas. Do ponto de vista evolutivo, o “trintão” já deveria ter se reproduzido e completado seu ciclo de vida.

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29Algomais • Janeiro/2016

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30 Algomais • Janeiro/2016

João Alberto [email protected]

MARGARIDA CANTARELLI

BRILHO FEMININO

Margarida Cantarelli tem uma carreira marcada por su-cesso, em todos os espaços que ocupou. Como professora universitária, que nunca deixou de ser, como secretária da Casa Civil do Governo Marco Maciel, como desembar-gadora federal, como presidente do Instituto HistóricoGeográfico de Pernambuco e da Associação dos Amigos do Porto e na Academia Pernambucana de Letras. Acaba de ser eleita presidente da instituição, que, com certeza, ganhará muito dinamismo sob seu comando.

O DESAFIO DE JOAQUIM

Recém-filiado ao PSDB, Joaquim Francisco assume a pre-sidência do Instituto Teotônio Vilela de Pernambuco. A propósito, ele renunciou à 1ª suplência do senador Hum-berto Costa, posto que agora é de Pompéia Pessoa, que era a 2ª suplente.

DEMOCRATAS

José Mendonça Filho foi reeleito presidente do DEM em Pernambuco, com mandato de três anos. E como líder do partido na Câmara dos Deputados vem tendo uma atuação das mais elogiadas, com grande inserção na mídia nacional.

ENREDO

O pernambucano Heitor Dhalia começa a selecionar o elenco para seu próximo filme, O diretor, que vai ter como tema a relação entre um diretor de teatro polêmico e uma jovem atriz.

NA ESLOVÁQUIA

O secretário Sebastião Oliveira foi convidado pelo embai-xador Milan Cigáñ para visitar a Eslováquia e conhecer as técnicas utilizadas naquele país no desenvolvimento da malha rodoviária.

MAGISTRADA

A primeira-dama Ana Luíza Câmara, que é juíza, perma-nece atuando do TJPE, como coordenadora dos Juizados Especiais, mas sempre encontra uma forma de estar ao lado do governador em eventos importantes do Estado.

PERFIL

Miguel Arraes será o próximo homenageado do livro Perfil Parlamentar que a Assembleia Legislativa lança com per-sonalidades que fizeram história na casa e deixaram uma marca para o País. Já foram focalizados Agamenon Maga-lhães, Francisco Julião e Nilo Coelho e Eduardo Campos.

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31Algomais • Janeiro/2016

João AlbertoO que se

comenta...

... por aí

QUE Olinda, Petrolina e Caruaru devem ter as mais disputadas eleições municipais do próximo ano

QUE dezenas de bares e restaurantes do Recife não resistiram à crise e fecharam em 2014

QUE nunca mais se falou no projeto de privatização da BR-232.

QUE não tem mais data prevista a instala-ção do badalado hub da Latam no Nordes-te.

QUE a abertura da Forever 21 foi o princi-pal acontecimento do comércio do Recife no ano passado.

GUERRA CONTRA A GORDURA LO-CALIZADA

Cláudia Magalhães, legenda da dermato-logia pernambucana, tem feito o maior su-cesso com os equi-pamentos que trouxe dos Estados Unidos para o combate à gor-dura localizada e que têm sido uma festa para muitos coluná-veis recifenses.

DESEMPREGO

Ipojuca foi a cidade do País que mais sofreu com o desemprego. Em 12 meses, a cidade perdeu 28 mil vagas, o que representa 31% da população do município.

CLÁUDIA MAGALHÃES

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32 Algomais • Janeiro/2016

memória pernambucana

A uma princesa negraAqualtune fundou o Quilombo dos Palmares, além de ser avó de Zumbi e mãe de Ganga Zumba

Marcelo Alcoforado

Nestes dias em que o pre-conceito racial insiste em contrariar a razão, convêm alguns esclarecimentos.

Para começar, diga-se que as etnias – ou raças, se você preferir – possuem características que as diferem graças a fatores como a adaptação aos diver-sos ambientes onde os agrupamentos humanos viviam.

Já que os negros são os mais atin-gidos pela discriminação, pergunta--se: você sabia que a etimologia da palavra África significa algo como ensolarado...? É na luz solar que se pode entender o porquê da pele escu-ra. A pele branca é característica dos que vivem em ambientes onde o sol é menos intenso, não significando, pois, que ser branco implique alguma vantagem. Acontece que a pele clara faculta sintetizar a vitamina D com menos claridade, enquanto as pes-soas de pele escura precisam de mais sol para sintetizar a mesma quan-tidade da vitamina. Se fosse possí-vel transpor todos os brancos para a África e todos os africanos para a Eu-ropa, os primeiros sofreriam o efeito decorrente da insolação, enquanto os africanos passariam a ter avitaminose D e suas consequências.

Basicamente, então, está expla-nada a única função da pele clara. É apenas uma adaptação evolutiva, não havendo nenhum motivo para al-guém se sentir superior pelo simples fato de ser alvo e ter os olhos azuis. Ademais, como é sabido, viemos de homens primitivos, negros, que mi-graram da África para a Ásia e a Eu-ropa. Então, a conclusão é lógica, praticamente não existe a decantada raça pura. Aliás, a ideia do arianismo, glorificada por um maníaco racista, resultou na Segunda Guerra Mundial com seus 85 milhões de mortos.

Por que, então, o racismo? – você, com razão, há de perguntar.

Desde a Antiguidade, os povos guerreavam e os perdedores, não im-portava a cor da pele, se tornavam ca-tivos do vencedor. O preconceito era chauvinista e não racial, independen-temente da cor dos indivíduos. Ocorre que o desenvolvimento europeu trou-xe conquistas territoriais e culturais. Os louros de olhos azuis impunham aos vencidos cultura, religião e tudo o mais, restando para os que não se submetiam a morte que, por sua vez, realimentava o racismo nos vencedo-res e nos submetidos. Com o Renasci-mento ocorreu o domínio europeu em

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33Algomais • Janeiro/2016

todo o mundo, alegando ser uma raça superior, destinada por Deus e pela história a comandar o mundo e domi-nar as raças que não eram europeias, portanto inferiores.

Assim, quando os conquistado-res portugueses chegaram à África, cristalizou-se a ideia da superioridade racial. Logo se intensificou o comércio de escravos que, naquela época, era aceito como uma forma de aumentar o número de trabalhadores numa so-ciedade. Daí resultaram fatos de que nem Deus duvida. Um deles foi a tese de que, assim como os índios, escra-vos não eram seres humanos, e que, como animais, não tinham alma, sen-do justificada por Deus, pois, a sua ex-ploração para o trabalho e os suplícios a que se submetiam.

Daí ao entendimento de que os negros eram uma raça inferior,

não houve demora. A dis-criminação passava a ter

base racial. Em sua ignorância, os conquistadores não sabiam que bran-cos, amarelos, índios, negros, tinham todos os mesmos ancestrais.

Foi nesse cenário de obtusida-de que se destacou uma admirável mulher negra que viria a ser mãe de Ganga Zumba e avó materna de Zum-bi dos Palmares. Seu nome, Aqualtu-ne Ezgondidu Mahamud, uma prin-cesa do Congo, que liderara, em 1665, dez mil homens na Batalha de Mbwi-la, havida entre o Congo e Portugal. Derrotada, ela foi escravizada e trazi-da para o Brasil.

Muito bonita, tão logo chegou ao porto do Recife Aqualtune foi vendida como escrava reprodutora a um fa-zendeiro especializado em gado que, ao saber da sua origem nobre, a entre-gou à escória dos homens da fazenda.

Engravidada, ela foi revendida para o engenho de Porto Calvo, onde ouviu falar de um tal Reino dos Pal-mares, criado por negros que, desde o primeiro momento da escravidão no Brasil, haviam fugido para o interior e criado centros de resistência. Em torno de 1606, um grupo de escravos conseguira se estabelecer nas monta-nhas de Pernambuco, e ali, na região conhecida como Palmares, formara um mocambo.

O ideal de liberdade logo tomou forma. Surgiu na princesa negra a vontade de fugir e se juntar ao povo de Palmares. Assim fez. Com um grupo de escravos, destruiu a casa--grande e, em seguida, realizou uma bem--sucedida fuga para Palmares. Ao lon-go do caminho, mais escravos foram se somando ao grupo, registrando-se que com ela chegaram ao destino cerca de 200 escravos. Logo sua origem real teria sido reconhecida, e ela passou a liderar o reino. Foi ali que ela fundou o Quilombo dos Palmares, e deu à luz a dois filhos, ambos viriam a ser valoro-sos guerreiros, que também entraram para a história: Ganga Zumba e Ganga Zona, conhecidos pela sua coragem e liderança. Aqualtune também teve uma filha, Sabina, que mais tarde teve um menino chamado Zumbi, que anos depois ficaria famoso como Zumbi dos Palmares, reconhecido como um dos maiores líderes negros da história.

Ganga Zumba e Ganga Zona se tornaram chefes de dois dos mais im-

portantes mocambos de Palmares, um dos principais quilombos do pe-ríodo escravocrata, enquanto ela pas-sou a governar um território quilom-bola onde as tradições africanas eram mantidas e cada mocambo organi-zava-se de acordo com suas próprias regras. Ali, os ex-escravos organiza-vam um Estado Negro abrangendo povoados distintos confederados sob a direção suprema de um chefe, mas em 1677 a aldeia de Aqualtune, que já era idosa, foi queimada pelas expedi-ções coloniais.

Não se sabe a data de morte da princesa negra, mas os quilombolas permaneceram lutando até serem fi-nalmente derrotados, em novembro de 1695, pelo bandeirante Domingos Jorge Velho.

De qualquer forma, seu final da vida é controverso. Uns registram que ela teria morrido queimada na vila onde vivia com outros idosos da comunidade, enquanto outros asse-veram que, como ocorrera em Por-to Calvo, ela teria conseguido fugir. Houve também quem afirmasse que ela simplesmente morrera de doenças da velhice.

Há uma lenda segundo a qual os deuses da África teriam tornado a guerreira imortal, um espírito ances-tral que conduziu seus guerreiros até a queda definitiva do Quilombo dos Palmares.

Seja qual seja a versão, o fato é que ela é lembrada em Pernambuco, e merecidamente cantada em verso, em prosa e, avalia-se, até no título de uma música de Jorge Ben Jor, chama-da Zumbi.

Aqualtune foi um misto de prin-cesa e guerreira, um dos maiores sím-bolos de resistência e luta pela liber-dade negra, mãe de um dos maiores líderes pela luta da liberdade negra, e avó de talvez o maior dos líderes da luta contra a escravidão.

Lamentavelmente, contudo, mes-mo diante de tão eloquente exemplo de dignidade, ainda há os que de for-ma irracional reavivam, sempre que podem, o racismo. Aquatune, heroí-na do século 17, entrou para a histó-ria e 350 anos depois nela permanece ocupando um lugar de honra.

E os racistas de ontem e de hoje, onde estão?

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34 Algomais • Janeiro/2016

Quando me perguntam sobre as pers-pectivas econômicas para o País, digo que, se fosse parlamentar, pro-poria uma emenda para incluir na Constituição a obrigatoriedade de

ocorrência de uma crise intensa, no máximo, a cada 10 anos.

Faço essa brincadeira porque, na prática, desde o Plano Real, em 1994, há mais de 20 anos, portanto, que não vivemos uma crise tão extensa e profunda, nem tão exigente para as empresas e famílias, como a atual. E, por con-ta disso mesmo, ocorreu uma espécie de “surfe na bonança”. As pessoas, de um modo geral, se acostumaram a gerir os ambientes familiares e empresariais com o “vento a favor”, sem gran-des restrições externas. E isso, de certa forma, nos desacostumou da austeridade. O resultado foi, com certeza, no âmbito empresarial, um certo acúmulo de “gordura” que agora, na épo-ca das “vacas magras”, precisará ser revisto e reorientado.

Esse é, certamente, se é que se pode dizer assim, o lado bom da crise: a necessidade de fa-zer mais com menos. De ser mais consequente, econômico e produtivo, seja do ponto de vista familiar seja, sobretudo, do ponto de vista em-presarial. Essa é a própria essência da produti-vidade: utilizar da melhor maneira possível os recursos disponíveis (financeiros, humanos, materiais etc.), sem desperdício, procurando tirar-lhes o proveito máximo.

Se conseguirmos fazer isso, a crise exercita-

“Pensar magro” em 2016

Consultore arquiteto

e requer pelo menos determinação, confiança e foco. Determinação para fazer o que precisa ser feito, por mais exigente que seja; confiança na recuperação quando a crise passar, por mais distante que pareça em determinados momen-tos; e foco naquilo que é essencial à sobrevivên-cia, por mais difícil que seja fazer as escolhas certas.

É verdade que se trata de um esforço mais de natureza mental do que de qualquer outro tipo já que para fazer diferente é preciso pensar diferente. No caso, “pensar magro”. Em muitas situações, reaprender a “pensar magro”.

É isso aí! Saúde, sucesso e boas decisões “magras” em 2016!

[email protected]

Esse é, certamente, se é que se pode dizer assim, o lado bom da crise: a necessidade de fazer mais com menos.

rá o seu papel pedagógico e quando ela passar, todos estaremos mais enxutos, mais eficientes, menos perdulários, em suma, mais competi-tivos. Tanto individualmente quanto coletiva-mente já que o País também estará mais efi-ciente e com os pés mais assentados no chão.

Com certeza, nada disso é fácil de executar

FRANCISCO CUNHAúltima página

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