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Introdução N a época em que Brånemark introduziu o conceito de osteointegração e de reabilitação total dos maxilares com recurso a implantes dentários, o protocolo cirúrgico era dividido em duas fases cirúrgicas: numa primeira fase, os implantes eram colocados e deixados livres de carga, durante um período de cicatrização de 3 a 6 meses; na segunda fase cirúrgica, pilares transmucosos eram fixados aos implantes e uma prótese total era inserida. 1 Com o passar dos anos, a elevada previsibilidade deste tra- tamento levou a que novos protocolos fossem desenvolvi- dos na tentativa de simplificar a técnica e reduzir o tempo de cicatrização. Vários estudos foram desenvolvidos neste sentido, sendo Schnitman o primeiro autor a publicar um trabalho sobre carga imediata. A taxa de sobrevivência total dos implantes descrita pelo autor foi de 93,4%. 2-4 Desde então, foram inúmeros os trabalhos publicados no âmbito deste tema, sendo que todos eles descrevem elevadas taxas de sucesso. Existem diferentes classificações no que respeita ao protocolo de carga de implantes, neste contexto, considerámos como protocolo de carga imediata a aplicação de carga sobre os implantes até 72h após a intervenção cirúrgica. 5, 6 Os critérios para a realização de carga imediata foram uma densidade óssea em redor dos implantes superior a 500 HU e a obtenção de uma estabilidade primária no caso de implantes ferulizados de 30 a 45 Ncm. Estando os implantes ferulizados, utilizaram-se pilares transepite- liais (Multi-im ® ) de forma a diminuir as tensões sobre os implantes recém-colocados durante a toma de impres- sões e para prevenir interferências no selamento epitelial em torno da prótese provisória. Dr. Rui Monterroso Licenciado em Medicina Dentária pela ISCS – Norte; Pós-graduações em implantologia; Líder de Opinião da BTI. Dra. Inês Nordeste Mestrado Integrado em Medicina Dentária pela FMDUP; Mestrado em Cirurgia Oral pela FMDUP. Plano de tratamento Com base na análise da tomografia computorizada atra- vés do BTI Scan ® , o plano de tratamento eleito foi a colocação de dois implantes BTI ® , um 4 x 13 PU plus interna no local do 21 e um 3,3 x 11,5 PU interna no 22 em carga imediata. Fig. 3: Observa-se uma densidade adequada para realizar uma carga imediata em redor do implante do 21 (A) e em redor do implante do 22 (B). A B Fig. 2: (A) Corte panorâmico dos implantes selecionados em BTI Scan ® ; (B) Corte axial do implante selecionado para o local do 21; (C) Corte axial do implante selecionado para o local do 22). Estudo radiográfico pré-operatório C A B Apresentação do caso clínico A Fig. 1: (A) Caso Clínico: paciente do sexo masculino, 65 anos, com fractura do 21 e ausência do 22; (B) Corte panorâmico BTI Scan ® inicial, observa-se a existência de uma lesão periapical associada à raiz do 21. B REABILITAÇÃO COM IMPLANTES EM CARGA IMEDIATA NA REGIÃO DO 21 E 22: DESCRIÇÃO DE UM CASO CLÍNICO www.jornaldentistry.pt 14 &/Ë1,&$ &/Ë1,&$ 2014 Book OJDentistry N8.indd 14 16/06/14 13:17

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Introdução

Na época em que Brånemark introduziu o conceito de osteointegração e de reabilitação total dos maxilares

com recurso a implantes dentários, o protocolo cirúrgico era dividido em duas fases cirúrgicas: numa primeira fase, os implantes eram colocados e deixados livres de carga, durante um período de cicatrização de 3 a 6 meses; na segunda fase cirúrgica, pilares transmucosos eram fixados aos implantes e uma prótese total era inserida. 1 Com o passar dos anos, a elevada previsibilidade deste tra-tamento levou a que novos protocolos fossem desenvolvi-dos na tentativa de simplificar a técnica e reduzir o tempo de cicatrização. Vários estudos foram desenvolvidos neste sentido, sendo Schnitman o primeiro autor a publicar um trabalho sobre carga imediata. A taxa de sobrevivência total dos implantes descrita pelo autor foi de 93,4%. 2-4 Desde então, foram inúmeros os trabalhos publicados no âmbito deste tema, sendo que todos eles descrevem elevadas taxas de sucesso.Existem diferentes classificações no que respeita ao protocolo de carga de implantes, neste contexto, considerámos como protocolo de carga imediata a aplicação de carga sobre os implantes até 72h após a intervenção cirúrgica. 5, 6

Os critérios para a realização de carga imediata foram uma densidade óssea em redor dos implantes superior a 500 HU e a obtenção de uma estabilidade primária no caso de implantes ferulizados de 30 a 45 Ncm. Estando os implantes ferulizados, utilizaram-se pilares transepite-liais (Multi-im®) de forma a diminuir as tensões sobre os implantes recém-colocados durante a toma de impres-sões e para prevenir interferências no selamento epitelial em torno da prótese provisória.

Dr. Rui Monterroso Licenciado em Medicina Dentária pela ISCS – Norte; Pós-graduações em implantologia; Líder de Opinião da BTI.

Dra. Inês Nordeste Mestrado Integrado em Medicina Dentária pela FMDUP; Mestrado em Cirurgia Oral pela FMDUP.

Plano de tratamentoCom base na análise da tomografia computorizada atra-vés do BTI Scan®, o plano de tratamento eleito foi a colocação de dois implantes BTI®, um 4 x 13 PU plus interna no local do 21 e um 3,3 x 11,5 PU interna no 22 em carga imediata.

Fig. 3: Observa-se uma densidade adequada para realizar uma carga imediata em redor do implante do 21 (A) e em redor do implante do 22 (B).

A B

Fig. 2: (A) Corte panorâmico dos implantes selecionados em BTI Scan®; (B) Corte axial do implante selecionado para o local do 21; (C) Corte axial do implante selecionado para o local do 22).

Estudo radiográfico pré-operatório

C

A

B

Apresentação do caso clínico

A

Fig. 1: (A) Caso Clínico: paciente do sexo masculino, 65 anos, com fractura do 21 e ausência do 22; (B) Corte panorâmico BTI Scan® inicial, observa-se a existência de uma lesão periapical associada à raiz do 21.

B

REABILITAÇÃO COM IMPLANTES EM CARGA IMEDIATA NA REGIÃO DO 21 E 22: DESCRIÇÃO DE UM CASO CLÍNICO

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Fig. 4: (A) Realizou-se a exodontia do remanescente radicular do 21 e curetagem do tecido de granulação associado; (B) Descolamento e exposição da crista alveolar; (C) Preparação dos leitos implantares de acordo com o protocolo de perfuração biológica (50 a 150 r.p.m) da BTI ®.

CA B

Fig. 7: (A) Impressões definitivas utilizando a técnica de moldeira aberta; (B, C) Vista vestibular e oclusal das coroas provisórias.

CA

Fig. 5: (A) Expansão da crista óssea com expansores motorizados BTI®. (B) Inserção do implante no local do 22 com irrigação da superfície implantar com a fracção 2 ativada de PRGF-Endoret® ; (C) Implante 4 x 13 PU Plus interna no 21 e 3,3 x 11,5 PU interna no 22.

CA B

Fig. 6: (A) Transepiteliais Multi-Im® inseridos; (B) Aplicação de membrana de PRGF® sobre os copings de impressão para facilitar a epitelização; (C) Parafusos de fecho para Multi-Im®.

CA B

B

Intervenção Cirúrgica

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Fig. 9: Ortopantomografia final da reabilitação provisória no local do 21 e 22.

2EFER½NCIAS�"IBLIOGR¶FICAS�1.� "RANEMARK��0�)���/SSEOINTEGRATION�AND�ITS�EXPERIMENTAL�BACKGROUND��4HE�*OURNAL�OF�PROSTHETIC�DENTISTRY��������������P����� ����

2.�3CHNITMAN��0�!���ET�AL���4EN YEAR�RESULTS�FOR�"RANEMARK�IMPLANTS�IMMEDIATELY�LOADED�WITH�FIXED�PROSTHESES�AT�IMPLANT�PLACEMENT��4HE�)NTERNATIONAL�JOURNAL�OF�ORAL���MAXILLOFACIAL�IMPLANTS��������������P����� ����

3.� "RANEMARK��0�)���ET�AL���"RANEMARK�.OVUM��A�NEW�TREATMENT�CONCEPT�FOR�REHABILITATION�OF�THE�EDENTULOUS�MANDIBLE��0RELIMINARY�RESULTS�FROM�A�PROSPECTIVE�CLINICAL�FOLLOW UP�STUDY��#LINICAL�IMPLANT�DENTISTRY�AND�RELATED�RESEARCH�������������P��� ���

4.� %RICSSON��)���ET�AL���%ARLY�FUNCTIONAL�LOADING�OF�"RANEMARK�DENTAL�IMPLANTS��� YEAR�CLINICAL�FOLLOW UP�STUDY��#LINICAL�IMPLANT�DENTISTRY�AND�RELATED�RESEARCH�������������P���� ��

5.� %���!���-ANUAL�1UIRÊRGICO��IMPLANTOLOGÀA�ORAL������6ITORIA� �%SPANA�6.�!NITUA��%���ET�AL���#LINICAL�OUTCOME�OF�IMMEDIATELY�LOADED�DENTAL�IMPLANTS�BIOACTIVATED�WITH�PLASMA�RICH�IN�GROWTH�FACTORS��A�� YEAR�RETROSPECTIVE�STUDY��*OURNAL�OF�PERIODONTOLOGY��������������P������ ���

A

Fig. 8: (A) Prótese provisória colocada 24h após a intervenção cirúrgica; (B) Aspecto do provisório 10 dias após a cirurgia.

B

ConclusãoAinda que o protocolo de carga imediata só deva ser aplicado em casos clínicos que cumpram requisitos adequados de densidade, altura e espessura ósseas, constitui atualmente uma opção de tratamento vantajosa na medida em que permite ao paciente melhor e maior conforto na mastiga-ção durante o período de osteointegração, simultaneamente assegurando uma boa estética e fonética até à conclusão da reabilitação. �

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