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Rácios Nos estudos da economia da empresa tem-se verificado ser útil o uso de «relações» de quociente entre grandezas económicas típicas. Muitos vocábulos têm sido utilizados para designar tais relações, nomeadamente, índice, grau, quociente, indicadores, rácio, etc. Universalmente, tem-se adoptado a palavra rácio, neologismo correspondente ao inglês “ ratio”, que procede do étimo latino ratio (razão). Rácio: Relação de quociente entre duas grandezas correlacionadas e típicas da situação, da actividade ou do rendimento, potencial ou efectivo, de uma empresa real, ideal ou de uma média de empresa. Classificação dos rácios Entre as inúmeras classificações de ratios que poderão formular- se. Vejamos as mais vulgares: a) Quanto aos objectivos da análise, o mesmo e dizer quanto á natureza dos fenómenos que os rácios procuram revelar ou medir, assim se poderá falar em rácios financeiros (rácios de análise financeira), rácios económicos (rácios de análise económica), rácios económicos – financeiros e rácios técnicos. Rácios financeiros:

Racios

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Page 1: Racios

Rácios

Nos estudos da economia da empresa tem-se verificado ser útil o uso de «relações» de

quociente entre grandezas económicas típicas.

Muitos vocábulos têm sido utilizados para designar tais relações, nomeadamente, índice, grau,

quociente, indicadores, rácio, etc.

Universalmente, tem-se adoptado a palavra rácio, neologismo correspondente ao inglês “ ratio”,

que procede do étimo latino ratio (razão).

Rácio: Relação de quociente entre duas grandezas correlacionadas e típicas da situação, da

actividade ou do rendimento, potencial ou efectivo, de uma empresa real, ideal ou de uma média

de empresa.

Classificação dos rácios

Entre as inúmeras classificações de ratios que poderão formular-se. Vejamos as mais vulgares:

a) Quanto aos objectivos da análise, o mesmo e dizer quanto á natureza dos fenómenos que os

rácios procuram revelar ou medir, assim se poderá falar em rácios financeiros (rácios de análise

financeira), rácios económicos (rácios de análise económica), rácios económicos – financeiros e

rácios técnicos.

Rácios financeiros:

São extraídos da contabilidade (lato senso), designadamente de balanços, contas de ganhos e

perdas e de exploração e orçamentos. Através deles procura – apreciar – se a estrutura financeira,

os aspectos de financiamento da empresa – origens e aplicações do capital (lato senso) –, a

capacidade de crédito, a solvibilidade da empresa, as politicas financeiras seguidas, etc.

Rácios económicos:

São os anteriores, são também calculadas a partir de cifras da contabilidade, mas alguns deles

baseiam-se mais particularmente nas estatísticas de produção e de venda. Com estes rácios

procura apreciar-se especialmente a situação económica, a estrutura patrimonial e a marcha da

empresa (formação do lucro, andamento dos custos e proveitos auto – financiamento, etc.)

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Rácios económicos – financeiros :

A caracterização destes rácios deduz – se facilmente da sua designação e das espécies simples

anteriores. Como exemplos podemos citar os rácios de rendibilidade das vendas, de rotações de

“stocks”, do capital, etc.

Rácios técnicos

Respeitam geralmente á produção ou ás actividades especificamente tecnológicas da empresa e

os seus termos expressam-se frequentemente em quantidades físicas. Baseiam-se em estatísticas

da produção, do rendimento e utilização das máquinas, de produtividade da mão – de – obra, etc.

É nestes rácios que assenta predominantemente o exame das produtividades _ dos equipamentos,

da mão – de – obra, etc. – Expressas em unidades – tipo (horas de máquinas, horas de trabalho de

operários, rendimento de matérias, etc.).

b) Quanto a técnica da sua construção os rácios podem classificar-se em efectivos, orçamentais,

médios ou básicos e pilotos ou ideias.

Os rácios efectivos e orçamentais são rácios de observação, mas os restantes não têm

propriamente tal finalidade, antes são instrumento para essas observações, são elementos de

comparação com os rácios efectivos e orçamentais.

Rácios efectivos

Os efectivos são extraídos directamente do balanço, das contas de exploração ou das estatísticas

da produção, das vendas, dos rendimentos, etc., de determinada empresa em particular.

Rácios orçamentais

Os respeitantes a dados extraídos de orçamentos.

Rácios médios ou básicos

Os representativos de uma empresa «média» do ramo em observação. São obtidos através de

médias estatísticas simples baseadas em dados de muitas empresas ou, de preferência, de médias

combinadas de forma a eliminarem-se defeitos de valores erráticos.

Rácios pilotos ou ideias (ou normais)

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Se os rácios exprimem a realidade visto resultarem das médias obtidas dos rácios reais de um

grande número de empresas do mesmo ramo de actividade, por sua vez, os rácios pilotos

correspondem a valores obtidos observados o que se considera a actividade normal ou ideal de

uma empresa racionalizada.

c) Quanto a sua interpretação no tempo, temos:

Rácios estáticos: os que procuram caracterizar dada situação.

Rácios cinéticos: Os procuram caracterizar uma série de factos no decurso de determinado

período.

d) Quanto a espécie de análise que visam, temos:

Rácios de estrutura: Os que estabelecem proporções entre rubricas do balanço.

Rácios de funcionamento: Os que mostram o comportamento da exploração.

Rácios mistos (ou de síntese): Os que combinam os anteriores.

Vantagens dos rácios: cautelas na sua utilização

Sendo os rácios expressões de sínteses, de quociente entre duas grandezas, poder-se-á perguntar

se os mesmos serão efectivamente mais adequados para a análise da gestão do que as grandezas

que confrontam.

Entende-se que a resposta deve ser afirmativa, pois para além da comodidade da simbologia, os

rácios dão indicações mais válidas do que as grandezas ou valores absolutos que correlacionam.

Comprovemos a afirmação através de alguns exemplos:

1º Exemplo:

A empresa A ganhou 100 contos.

A empresa B ganhou 120 contos.

A empresa A tem um capital próprio de 1000 contos.

A empresa B tem um capital próprio de 1500 contos.

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Que conclusão se pode extrair do rácio de rendibilidade do capital próprio? A empresa A tem

melhor rendibilidade do que a B; rácio de A (100/ 1000) é de 10%, o da B de

(120 / 1500).

2º Exemplo:

A empresa C tem 1000 contos de existência de mercadorias.

A empresa D tem 600 contos de existências de mercadorias.

A empresa C vendeu 1500 contos de mercadorias.

A empresa D vendeu 700 contos de mercadorias.

Cálculos

Rácios de C = 1000 x 12 = 8 meses (meses de stock) 1500

Rácios de D = 600 x 12 = 10.28 meses (meses de stock) 700

Conclusão:

A empresa C tem uma melhor gestão de stocks: para o seu volume de negócios empata

proporcionalmente menos capital em stocks.

3º Exemplo:

A empresa E tem um activo circulante (incluindo mercadorias) de 1000 contos.

A empresa F tem um activo circulante (incluindo mercadorias) de 2000 contos.

A empresa E tem um passivo a curto prazo de 500 contos.

A empresa F tem um passivo a curto prazo de 1500 contos.

Fundo de maneio de E = 500 contos

Fundo de maneio de E = 500 contos

Rácio de liquidez geral: não obstante o fundo de maneio ser igual em ambas as empresas, o certo

é que a situação financeira de E é melhor que a de F, visto que o rácio de liquidez geral de E

corresponde a 2 e o de F apenas a 1,3.

As cautelas a ter com a utilização dos rácios

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A utilização dos rácios requer sempre ponderadas precauções importando ter presente as sua

limitações, ocorrendo-nos a este respeito referir, entre outros, os seguintes aspectos:

a) Utilização de terminologia e de métodos de avaliação uniformes.

b) Adopção de valores economicamente exactos, ainda que sejam diferentes das cifras

contabilísticas e valores fiscais.

c) Os termos de cada rácio deve reportar-se á mesma data ou abranger o mesmo período.

d) Em certos casos deverão utilizar-se, de preferência, unidades físicas.

e) Motivos de ordem prática aconselham a determinação de um número limitado de rácios.

Vantagens da utilização dos rácios

1. Os rácios são um meio, um instrumento importante no estudo dos problemas da gestão

das empresas. Evidenciam, de um modo sistemático e por vezes expressivo, quer a

situação quer a actividade _ seus custos, proveitos e resultados – em termos monetários

ou não.

2. Permite a formulação de comparações muito úteis só controlo da gestão, sob diversos

aspectos. Assim, comparando rácios reais de uma empresa obtidos em períodos

sucessivos, podem apreciar-se as evoluções verificadas e as suas tendências.

3. A possibilidade de comparação entre rácios orçamentais e rácios reais favorece o

cumprimento dos programas, permite a atribuição de responsabilidade e dá indicações

úteis á gestão futura. Contribui para uma maior eficiência dos serviços.