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RDIO ALTERNATIVA 100% MANDACARU: UMA EXPERINCIA DE ALTERIDADE EM COMUNICAO COMUNITRIA
GT8: Comunicao Popular, Comunitria e Cidadania
Drika Correia Virgulino de Medeiros1
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Resumo Este artigo se debrua sobre a possibilidade de pensar a comunicao
comunitria sob o aspecto mais amplo, e como um projeto de transformao da
realidade social. Para tanto, partimos da perspectiva de que o alcance dessa
proposta passa necessariamente pela problematizao acerca das noes de
comunidade que vem sendo reduzida marca de uma idealizao e que serve
muito mais como um plano de controle dos indivduos. Assim, a proposta refletir
sobre a necessidade de abrir as concepes de comunidade para a experincia
dos indivduos, e como esta noo pode contribuir para uma comunicao
comunitria ampla e que tenha como centralidade as relaes humanas. Foi
utilizada como mtodo de anlise a realidade concreta do Bairro de Mandacaru,
Joo Pessoa, Paraba, a partir da observao da prtica da comunicao
comunitria da rdio Alternativa 100% Mandacaru, presente naquele bairro.
1Doutoranda pelo Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Cultura da Escola de Comunicao da Universidade Federal do Rio de Janeiro / ECO-Ps UFRJ. [email protected]
Introduo
O grande avano das tecnologias da informao associada s estruturas de poder
e mercado, vem promovendo na atual realidade social um intenso processo de
midiatizao denominado pelo pesquisador Muniz Sodr por Bios miditica ou
virtual. So essas, novas formas de vida moldadas pela espetacularizao da
sociedade a partir do uso de estratgias sensveis com o objetivo de no s afetar,
mas construir novas formas de subjetivao e, sobretudo, apaziguar as tenses
sociais e comunitrias.
Isto insere a contemporaneidade numa poca em que o plano sensvel vem
ocupando o todo social exercendo com supremacia o poder de controle dos
corpos e dos grupos sociais. A aliana entre mdia e as instituies de controle se
estabelece na construo de um projeto de cultura que est alicerada muito mais
sob uma dimenso que podemos chamar de emocional, do que com base em
uma racionalidade.
A grande mdia se especializa a cada dia na criao de um espectador dcil e
vido pelo consumo. A identificao que os indivduos tm com o forte de fluxo de
imagens que lhes so apresentados os aproxima de um contexto de consumo
desenfreado medida que os afasta de sua prpria subjetividade. So por esses
termos que o pesquisador Eugnio Bucci (2004) afirma que o gestor do
espetculo o subconsciente (p.54).
O mtodo sensvel consiste assim em um projeto poltico mercadolgico que corta
transversalmente a realidade social atingindo diretamente as formas de relao e
organizao dos indivduos. As estratgias so muitas e passam pelo mbito do
marketing e da propaganda poltica, mas tambm servem como recurso da grande
mdia para atrair o telespectador apelando sensibilizao dos fatos sociais. De
modo geral, o que vem ocorrendo a forte circulao de sensaes e emoes
solicitada pelo capitalismo para a produo do consumo.
No entanto, por outro lado, foi esse mesmo contexto profundamente midiatizado e
imerso em uma realidade informacional e imagtica que trouxe tona a
perspectiva sensvel para o centro das questes sociais, como forma de
compreenso e possibilidade de mudana dessa mesma realidade. Para Muniz
(2006), trata-se de reconhecer a potncia emancipatria contida na iluso, na
emoo do riso e no sentimento da ironia, mas tambm na imaginao (p.38).
A potncia emancipatria contida no plano sensvel inclui necessariamente a
comunicao como aspecto fundamental no projeto de elevar aquele a um
patamar para alm das estratgias de poder, a partir do momento que esta
comunicao tambm afetada por uma dimenso sensvel, podendo passar,
assim, a ser entendida de forma menos mercadolgica e mais ampla. Este ltimo
sentido designa uma comunicao mais humana que tem em sua centralidade e
fundamento as relaes entre os indivduos, o que requer por sua vez, uma
vinculao comunitria, no sentido de que pressupe um processo que envolve
jogo de acordos entre os indivduos.
So por esses termos que a ideia de comunidade se apresenta como aspecto
constituinte das noes de comunicao, ou antes, a comunidade enquanto ideia
originaria da diferenciao e da aproximao, a questo subsumida no conceito
de comunicao (SODR, 2006, p. 93). O que d margem a uma ideia de
coletividade, de um voltar-se em direo ao outro.
Comunidade aqui, entretanto, no se refere a um mero estar junto, mas sim a uma
vinculao, a um deixar-se vincular. Se a lgica comumente associada ideia de
comunidade se refere a um compartilhamento de uma substncia em comum,
para a perspectiva da comunicao, nos termos levantados ao longo deste artigo,
vale mais a concepo da partilha de uma relao da qual subsiste um eterno
movimento de constituio e reconstituio da vida em comum, isto , de um
movimento de mudana to presente nos processos que envolvem o campo
comunicacional profundamente enraizado na sociedade.
A compreenso de uma comunidade destituda de uma substncia vem sendo
defendida por autores denominados comunitaristas, a respeito, por exemplo, do
filsofo Jean-Luc Nancy. Para este, os indivduos so sem essncia, ou seja, no
h uma substncia que os preceda. E em cima disso que criamos nossa
existncia. Isso significa dizer que como no h uma propriedade para
compartilhar, os indivduos dividem o que Nancy chama de nada-em-comum.
nesse sentido que comunidade no deve ser entendida como algo definido,
encerrado, uma ideia ou uma propriedade, pois ela antes um nada que, para
existir, s em uma relao, em um puro devir.
Em suma, esta comunidade pensada por Nancy uma comunidade para a
abertura, entendida enquanto experincia de vida, sem predeterminao, sem
nada que a defina e que a confine dentro de uma identidade, de uma ideia. ,
portanto, uma comunidade que deve existir sem um propsito definido, como um
evento.
A ideia de relao j podia ser encontrada nas pesquisas de Ciro Marcondes Filho
(2010) nos estudos do campo comunicacional. Para o autor, a comunicao deve
ser entendida como um acontecimento em que dois participam e extrai da algo
novo, que no existia em nenhum deles, que altera o estatuto de ambos fazendo
surgir uma terceira coisa que no existia antes. ento que resulta o processo de
relao, ou seja, na possibilidade de um algo que vem, de um novo, de algo que
est predisposto a sempre mudar.
Para tanto consiste nessa perspectiva a proposta deste artigo, isto , a
compreenso de uma comunicao de base comunitria, que possui em sua
centralidade o contexto de vida dos indivduos, seus modos de ser, de
organizao e suas formas de relao com o outro. Assim sendo, pretendemos
trazer o debate acerca da realidade concreta com seus modos enunciativos, ou
seja, os processos comunicacionais que no s a atravessa, mas organiza suas
maneiras de organizao coletivas.
Por esses termos, foi na comunicao comunitria que encontramos uma maior
possibilidade de exercitar essa nova forma de pensar a comunicao. A
aproximao que aquela estabelece com as formas de organizao social em um
comum, e a centralidade que a relao entre os indivduos tm em suas
concepes e prtica, o que revela, por sua vez, uma comunicao mais orgnica
e menos tecnicista, parecem nos mostrar com maior clareza que os processos
comunicacionais podem ter como horizonte a busca por um ideal democrtico e de
transformao da sociedade como um todo.
Entretanto, a prpria noo de comunidade dentro dos conceitos da comunicao
comunitria ainda se mostra bastante conflitante, e representa o aspecto mais
caro para esta forma de comunicar. Ao longo dos anos, a pesquisa nesta rea
vem se utilizando de conceituaes mais clssicas sobre comunidade, partindo da
noo de um ambiente idealizado, onde no haveria a necessidade de construo
de consensos. Uma comunidade idlica, homognea, e que no corresponde ao
atual contexto social de convergncia tecnolgica e da forte imerso social nessa
arena virtualizada.
Com base nessa perspectiva grande parte das pesquisas em comunicao
comunitria ainda no vem conseguindo ultrapassar a busca por uma
autenticidade do meio comunitrio, ancorada em regras estanques de como
devem ser esses veculos, deixando de lado as especificidades locais, com suas
demandas e interesses comuns. Isso acaba por provocar pouca correspondncia
entre os meios e as realidades cada vez mais complexas e plurais, alm de
incorrer no risco de no servir como instrumento de luta para determinadas
localidades.
Assim, pretendemos com esse artigo investigar a realidade concreta e o sentido
comunitrio que nela se exprime, e as formas de comunicar que nela se realiza, o
que revela que o caminho terico proposto para esta anlise aproxima-se com a
filosofia comunitarista, isto , que toma a noo de comunidade sob a perspectiva
de algo que se realiza na experincia dos indivduos em um comum, e nas
prticas do seu cotidiano. Apesar de almejar com esse percurso por em destaque
a autonomia que a realidade tem sobre os conceitos, no possvel escapar de
perceber o profundo dilogo e atravessamento entre ambos. Sendo assim, o
percurso escolhido para esta investigao ser realizado com base na intercesso
entre essas duas dimenses.
Para tanto, objeto de estudo a comunidade do Bairro de Mandacaru, Joo
Pessoa, Paraba, e o veculo de comunicao de maior notoriedade no bairro: a
rdio poste Alternativa 100% Mandacaru. A escolha desta localidade se deu
devido importncia histrica que o bairro tem para a capital paraibana, sobretudo
por ser um dos mais antigos da cidade, mas, especialmente, pelas tenses e
conflitos existentes entre a representao do bairro por parte da grande mdia e a
ideia que os moradores fazem de si mesmos, alm da necessidade de investigar o
papel do meio comunitrio na prpria caracterizao do bairro.
Mandacaru: um espinho no corao da cidade
O bairro de Mandacaru se espraia bem ao centro da cidade de Joo Pessoa,
prximo ao setor comercial e das principais vias que compem a malha urbana,
sendo assim, uma rea considerada pelos moradores como sendo bem
localizada no contexto do municpio. No entanto, apesar da sua localizao,
Mandacaru comporta caractersticas de um bairro perifrico por seu carter
profundamente marginalizado, e por estar presente nas estatsticas de segurana,
e na grande mdia, como sendo um ambiente violento e, portanto, a ser evitado.
O fato de estar numa rea com boa localizao indica que Mandacaru est
prximo de outros locais com condies socioeconmicas diferentes, como o
caso do bairro dos Estados que faz fronteira direta com aquele. A presena desse
bairro, considerado nobre na realidade pessoense, faz de Mandacaru uma
localidade repartida em termos estruturais e econmicos, isto , nas proximidades
com esse vizinho, possvel ver um Bairro mais prspero e dinmico
comercialmente. medida que se afasta, isto , que se entra no Bairro, como
distinguem os prprios moradores, a primeira vista j se torna perceptvel a
diferena em termos de condies estruturais. As ruas no so asfaltadas, e as
casas apresentam-se mais modestas.
Essa regio mais baixa de Mandacaru subdivide-se em pequenas localidades
denominadas de comunidades. A precariedade nas condies e vida dos
moradores, que convivem diariamente com a quase inexistncia de infraestrutura,
o que condiciona a caracterizao em comunidades que j somam nove ao todo:
Cinco Bocas, Baixada, Alto do Cu, Beira da Linha, Porto Joo Tota, Beira
Molhada, Jardim Coqueiral, Jardim Esther e Jardim Mangueira.
Esta a ambincia de onde partimos para tentar compreender as relaes sociais
estabelecidas em torno de algumas definies caras a contemporaneidade, a
propsito da noo de comunidade. Partir da percepo das prticas humanas e
de seu entendimento quanto constituio de uma realidade comunitria, foi a
escolha que fizemos para no perdermos de vista a profunda insero que esta
noo ainda tem no contexto de vida dos indivduos, apesar de ser um conceito
profundamente ambguo e tomado por uma urea sensvel que, nas palavras da
pesquisadora Raquel Paiva pode estar querendo dizer coisa alguma ou
simplesmente pretender definir o etreo, um sentimento responsvel por algo puro
e aglutinador 2.
A prpria ideia de comunidade presente no imaginrio dos moradores ainda
bastante contaminada pela noo que vem sendo constantemente divulgada pela
grande mdia, na qual agrega sentidos que parecem divergirem, mas que juntos
servem a um nico propsito: o controle social dos indivduos. medida que
veiculada a representao de um lugar pobre e com altos ndices de violncia,
essa mesma comunidade vem sendo tomada sob o aspecto de que so ambientes
harmnicos, onde os indivduos compartilham de uma vida pacfica.
A primeira concepo responde ao interesse de pr os indivduos que dividem
uma mesma realidade em posies divergentes com o intuito de segrega-los e
dispers-los, enfraquecendo, portanto, as organizaes coletivas por interesses
comuns. Essa ideia vendida por meio da concepo de que s entram para a
criminalidade aqueles que escolheram o caminho mais fcil, e no o caminho
rduo, mas honesto, do esforo prprio.
2 Ver PAIVA, Raquel. O esprito comum: comunidade, mdia e globalismo. Rio de Janeiro, Mauad, 2003, pg. 65.
Com base na segunda noo se pretende afirmar que em um ambiente de paz
no h a necessidade de conflitos, condio primordial para a gerao da
mudana social. Exaltando o aspecto sentimental do noticirio e apelando para o
sentido pacfico dos grupos sociais, a grande mdia atrelada s instituies de
poder, eliminam as contradies internas dos grupos, excluem a existncia de
classes sociais antagnicas, criando um quadro harmnico em que as pessoas
de paz no devem rebelar-se, mas sim, conquistar as transformaes esperadas
por meio de muito esforo.
No por outro motivo que as concepes de comunidade apropriadas pela mdia,
que diz respeito ao aspecto mais clssico do termo, isto , de essencializao,
vem assumindo a posio antes ocupada pelas classes sociais. Isso significa dizer
que parece no mais haver diviso de classes antagnicas, mas apenas a
existncia de comunidades com suas caractersticas harmnicas e consensuais.
A ideia de um ambiente essencializado ganha ancoragem na sociologia mais
clssica, especialmente no pensamento de Ferdinand Tnnies para quem
comunidade era um ambiente onde reinava a paz entre os indivduos.
Representava uma existncia idealizada em que os aspectos fundamentais para a
realizao de uma vida em comunidade era a vontade comum e o reconhecimento
do direito natural, ou seja, que se baseia no fundamento de igualdade entre os
humanos, na lngua e no estado de harmonia (PERUZZO, 2002).
No caso do bairro de Mandacaru a imagem que se sobressai na grande mdia, e
at mesmo entre aqueles que no convivem com a realidade do bairro, e que se
encontram profundamente contagiados por essa concepo da violncia. Essa
preconcepo sobre a localidade a oprime e tem fora de afastar seus indivduos
de viverem a cidade e at mesmo de participarem democraticamente das decises
polticas. Entretanto, para quem vive no bairro de Mandacaru a realidade que eles
dividem entre si apresenta formas de ser bastante diferentes, contradizendo quilo
que se tem por um bairro violento. Na concepo da maioria dos moradores o que
se destaca como sendo a principal caracterstica do bairro de Mandacaru
justamente a forte vinculao entre os indivduos, a solidariedade das pessoas, a
amizade nas relaes e a unio em momentos decisivos em prol da coletividade.
Para Ivonete Machado, de 75 anos, moradora do bairro, o que melhor caracteriza
Mandacaru a boa relao entre os moradores:
O melhor no bairro so as pessoas, que se relacionam muito
bem, so amigas e muito unidas para tudo o que houver. E
isso o que me faz sentir mais falta de morar aqui, pois onde
eu moro agora no tem isso. No tem a convivncia como
tem aqui [sic].
medida que o bairro de Mandacaru vem sendo reduzido margem de uma
determinada identidade, que o segrega e o diferencia de outras localidades do
municpio, parece fortalecer a identificao dos moradores com outros aspectos
diretamente opostos a esta identidade imposta, apesar de ser ainda considervel
o nmero de residentes que se dizem envergonhada em morar no bairro de
Mandacaru devido imagem negativa atribuda a ele.
O que torna essa percepo importante para a nosso artigo o fato de que os
indivduos vm construindo uma forma de resistncia a esta condio imposta
com base no fortalecimento das relaes. O que os moradores buscam uma
organicidade que se afasta de um processo de formao de uma identidade, e se
aproxima, por outro lado, de uma identificao pelo Outro que se encontra sob a
mesma condio de vida.
O filsofo Giorgio Agambem, citado por Tarizzo (2007), j defendia que a
comunidade da identificao remete a uma existncia que estaria associada uma
vida que acontece, isto , ligada percepo de que est em constante mudana.
O prprio uso do termo remete a um sentido de algo que se move, e que pode ser
relacionado experincia de vida dos indivduos em um comum, e do novo que
da poder surgir.
Agambem revela ainda a direta associao entre comunidade, entendida como
identidade, e as estratgias de legitimao do poder do Estado. Parece ser mais
fcil, em termos de controle social, manter o indivduo distante de viver sua prpria
singularidade e faz-los crer que pertencem a um conjunto de contornos imveis,
passveis de serem manipulados.
Assim, identidade parece requerer uma espcie de substancializao de uma
dada localidade sob a marca de uma concepo que homogeneza, enquanto que,
por outro lado, a ideia de uma identificao implica antes em uma alteridade, onde
as relaes livres e abertas entre os indivduos so o que a define. Na realidade
do bairro de Mandacaru possvel perceber que aqueles que o entendem sob a
marca de uma determinada identidade e que, devido a isso, o rejeita como um
lugar bom para se viver so os que mais se imunizam diante das formas
agregadoras e organizativas da comunidade e da construo do que chamamos
por vinculao comunitria.
Para ser motivada ao, a comunidade precisa obedecer no a uma ideia, mas
sim a sua prpria lgica, ou seja, em como se estabelecem suas relaes e
formas de organizao, e seus interesses e demandas. A reivindicao por uma
identidade parece unir as pessoas por um ente externo a elas, uma propriedade
que paira sobre ela, mas no a toca, e no na relao dos prprios indivduos em
suas singularidades. nesse sentido que defendemos que a potncia para a ao
poltica s pode existir em um ambiente sem essncia, sem substncia. E vale
ressaltar ainda que quando nos referimos a uma singularidade, no queremos
defender uma espcie de individualismo, mas sim uma totalidade de
possibilidades que das suas relaes podem surgir.
Comunidade como identidade, portanto, representa o contrrio da ao, pois
indica um destino acabado, encerrado em si mesmo, o que leva, por sua vez,
imanncia e a sua morte. Isso revela que no h possibilidade, dentro desse
contexto, de exercer o ato criativo e a ao poltica dentro de uma realidade
imvel, enrijecida.
Alm disso, quando a prpria comunidade arrebata por uma ideia de identidade,
a relao com o outro, ou seja, com o que diferente dele costuma ser de
hostilidade, e sob esse mesmo aspecto a viso do outro pode recair sobre aquele.
o que parece ocorrer na relao com o bairro mais prximo, o bairro dos
Estados. As tenses existentes entre ambos se estabelecem costumeiramente na
ordem de um plano identitrio. E esta perspectiva parece provocar muito mais um
afastamento e diferenciao deste outro, do que um processo que envolva
incluso e aproximao.
Com base, sobretudo, em diferenas de classes, os bairros foram sendo inseridos
numa ideia de identidade que parece restringir suas relaes. Em muitos
momentos da anlise ficou perceptvel o desejo de manter certo distanciamento
entre as localidades. Ou seja, cada um na sua, como diz seu Lus, de 60 anos,
morador do bairro de Mandacaru h 20, sobre como se d a relao entre as duas
localidades.
Esse aspecto colabora ainda com a viso do outro como um grupo minoritrio,
mesmo que esse esteja dividindo uma mesma realidade. o que acontece nas
relaes com os moradores das reas consideradas mais violentas de Mandacaru,
em que muitos residentes procuram o distanciamento daquela como se l no
existissem singularidades e pluralidade.
A violncia est concentrada mais pra l pra baixo e no
chega at a gente no, que fica nessa parte aqui de cima.
Ento o bairro violento para quem violento. Para um
pequeno grupo de pessoas que se metem com esse tipo de
coisa, no todo mundo no, mas esse povo de l [sic].3
Rdio Alternativa 100% Mandacaru
O reflexo desses conflitos e tenses se faz presente nos modos enunciativos da
realidade de Mandacaru. Os veculos comunitrios existentes representam um dos
principais fatores de organizao da comunidade, interligando os moradores em
um comum, e na construo e fortalecimento das relaes entre aqueles.
A rdio comunitria Alternativa 100% Mandacaru funciona com base no sistema
de transmisso a cabo presente nos postes de eletricidade da via pblica, e
popularmente denominada por Rdio Poste. O veculo existe h mais de oito anos,
e divide o espao do bairro com mais duas outras rdios poste de cunho
comunitrio, a E.C. Som Mandacaru e a Rdio evanglica do Irmo Lucas. No
entanto, apesar de estarem no mesmo bairro, inexiste qualquer interligao entre
elas, no sentido de um trabalho em conjunto pelo interesse coletivo. A falta de
contato entre as trs rdios se deve, sobretudo, pela localizao que cada uma
tem dentro do bairro. As divises de desnveis de Mandacaru faz com que este
seja considerado com base nessas divises, isto , medida que se desce no 3 Fala de Severino, 39 anos, que vive no bairro desde que nasceu, referindo-se as localidades do bairro denominadas de comunidades, reas mais pobres de Mandacaru.
bairro, mais baixa tambm a condio de vida dos moradores. E as rdios que
se encontram cada uma em um nvel, adotam em suas produes o carter
simblico-estrutural dessas localidades.
Por se localizar na parte intermediria do bairro, a rdio Alternativa 100%
Mandacaru, reflete uma realidade mais estratificada em termos socioeconmicos e
nesse sentido pode-se afirmar que tambm mais plural. A representatividade e
participao dos indivduos se do em um estgio mais avanado, sobretudo pela
forte ligao que a rdio possui com o conselho deliberativo e organizativo dos
moradores, a Associao de Moradores do Bairro de Mandacaru. O veculo
funciona como instrumento de contato entre os moradores e como extenso do
trabalho da Associao que exerce, por sua vez, a atividade de intermediao
entre a comunidade e o poder pblico. Apesar de ser ligada a Associao, quem
gerencia a rdio apenas uma nica pessoa: o comunicador Paulo Srgio, que se
divide entre o trabalho da rdio e o de guarda civil.
Apesar de existir uma programao j estabelecida com programas que vo da
divulgao de msicas at a leitura crtica do noticirio local, especialmente
quando esta se refere realidade do bairro, o ponto alto do contedo da rdio e o
que representa uma das principais condies para a designao do veculo como
sendo de carter comunitrio, sobretudo, pelos prprios moradores, a
participao da populao, apesar de indireta, na programao da rdio. Isso
significa que esta a prioridade do contedo programtico da rdio, podendo
assim ser toda modificada em funo da participao.
A participao representa o principal pilar do horizonte que se busca para a
comunicao comunitria. No entanto, importante destacar que na realidade
brasileira em que, como afirma a pesquisadora Ceclia Peruzzo (1995) citada por
Nunes (2007), no h tradio participativa nos processos decisrios da
sociedade, aliados questo da reproduo de valores autoritrios, carncia de
conscincia poltica (p. 97), ainda difcil a realizao de uma participao plena,
isto , o envolvimento dos indivduos em todas as etapas do processo de
produo de um veculo. Entretanto, mesmo a participao indireta, no caso da
rdio Alternativa 100% Mandacaru, vem colaborando com a aproximao dos
indivduos com seu lugar social-histrico, e os motivando luta por interesses
coletivos.
Participar fundamental para a democratizao dos meios de comunicao, mas
tambm, e especialmente, como um processo educativo, pois ele capacita os
indivduos para o exerccio da cidadania. Para Peruzzo (2007),
as pessoas envolvidas em tais processos desenvolvem o seu
conhecimento e mudam o seu modo de ver e relacionar-se
com a sociedade e com o prprio sistema dos meios de
comunicao de massa. Apropriam-se das tcnicas e de
instrumentos tecnolgicos de comunicao adquirem uma
viso mais crtica, tanto pelas informaes que recebem
quanto pelo que aprendem atravs da vivncia, da prpria
prtica (p.22).
Para tanto, apesar de no ser uma ampla participao, as formas de interao que
a rdio vem construindo promove aquilo que consideramos como sendo primordial
para o veculo comunitrio: a vinculao entre os indivduos e com as causas que
dizem respeito sua prpria condio de vida. Ela tem um forte papel na
organizao dos moradores para a motivao poltica. E essa condio parece se
constitui, no caso do veculo em questo, muito mais pela forma como o meio
estabelece o contato entre e com os indivduos, do que necessariamente pelo
contedo produzido.
E por forma ns entendemos o modo como o meio se dirige aos moradores, isto ,
as estratgias que podemos chamar de estticas, que envolvem, por exemplo, o
uso de linguagens; de determinados termos; ou ainda de smbolos e outros
elementos como a msica para atrair os indivduos para uma maior aproximao
com o veculo e com uma possibilidade de insero em um projeto poltico. A
empatia entre o pblico e a rdio tende a ser conquistada quando o discurso vem
ligado esttica.
E aqui estamos considerando por esttica as estratgias sensveis que afetam
diretamente o plano emocional dos indivduos e que ultrapassam a dimenso do
discurso. A forma pode inclusive ultrapassar as barreiras dos discursos por ele
mesmo, muitas vezes, marcado por uma ideologia. Como defende Deleuze
(2008), as ideologias podem se tornar sistemas fechados quando sua
determinao aprisionada a compreenso da realidade com suas singularidades.
Assim, a importncia da forma como uma perspectiva poltica ultrapassa os modos
enunciativos. Isso significa que aquela diz respeito muito mais a abertura de
possibilidades de contato e interao entre os indivduos do que s formas do
discurso. antes a construo de uma aproximao entre os indivduos que
permite a afetao pela condio do outro, que se encontra em situao
semelhante a sua. A partir disso, a rdio pode criar uma relao mais intensa com
e entre os indivduos ao coloc-lo em um comum. o que vem ocorrendo com a
emissora Alternativa 100% Mandacaru. Mesmo no tendo como maior
preocupao a participao mais ativa da populao na produo e gerncia da
rdio nem uma programao que melhor represente esses indivduos, aquela vem
contribuindo para a construo de uma vida baseada muito mais na relao do
que numa representao.
A perspectiva da forma est em direta sintonia com a noo de limite proposto por
Agambem para quem limite a forma da coisa, porm aquela no pertenceria
coisa em si, mas sim a coisa que pertenceria ao limite, ou seja, o limite que vai
defini-la tal qual (TARIZZO, 2007, p. 55). Isso significa que o limite que
identifica a coisa em sua pura existncia. O caminho dessa reflexo nos leva a
pensar que o limite seria, portanto, o no ter lugar na coisa, mas na sua periferia,
no espao entre a coisa e ela mesma 4.
mais uma forma vazia que pode ser a essncia dela mesma do que um
ambiente cheio de uma substncia que a defina dentro de uma representao.
Pode ser entendida ainda como o contato entre um limite e outro dos indivduos
singulares, vivendo em relao, em um comum, conforme a perspectiva
comunitarista de que os indivduos seriam sem essncia.
So por esses termos que podemos inferir comunidade como sendo este limite,
isto , um nada-em-comum. Esta noo impe ainda uma caracterstica mais
dinmica para as concepes da comunidade, pois retira a noo de que
comunidade seria um ambiente enrijecido por uma substncia que a preenche em
seu todo, dando lugar ao ter-lugar da existncia, ou seja, ao acontecer imprevisto
da relao. E no h como pensar na ao poltica, to prpria dos meios
comunitrios, sem ser em um ambiente que possibilite o ato criativo, que permita o
novo.
Como afirma Tarizzo (2007), admitir a comunidade como sendo o limite,
compreend-la como irrepresentvel, isto , sem uma identidade. Essa percepo
de comunidade deve estar contida na concepo sobre a comunicao
4 AGAMBEM, G. A comunidade que vem. Lisboa: 1993, p. 45.
comunitria principalmente por ela ser um dos mais importantes instrumentos
organizadores dos modos de ser das comunidades com o objetivo de torn-la
mais flexvel quanto as especificidades das localidades onde ela se desenvolve, e
possa ampliar, dessa forma seu escopo de atuao ao permitir o contato com
esses outro.
Dentro dessa perspectiva outros elementos provenientes de uma concepo mais
clssica sobre comunidade e que ainda norteiam as definies, e at seu
entendimento na prtica, da comunicao comunitria tornam-se problemticos,
especialmente frente a uma realidade em profunda transformao. So elas as
noes de identidade, pertencimento, vnculo e restrio de pblico.
As noes sobre identidade, como j viemos discutindo ao longo deste artigo, nos
remete ao olhar de uma propriedade que confina os indivduos que no podem
viver uma existncia cosmopolita que, como afirma Bauman (2003) se resguarda
de todas as condies de trocar de identidade quando lhes convier, a viver sob a
marca de um determinado sentido da qual eles normalmente se ressentem. A
identidade fecha a comunidade para o diverso, para outro, para a mudana, por
isso que por esses termos, ela estaria fadada sua prpria morte.
Portanto, no quesito identidade o que queremos propor exatamente um
distanciamento dele, isto , partimos do pressuposto de que para a construo de
um comum, com base na abertura para a relao, s em um ambiente
reconhecido em sua singularidade. O que significa dizer que os moradores de
Mandacaru desejam antes afastar-se dessa perspectiva identitria, perder uma
identidade.
H muito exagero quando se fala na violncia em
Mandacaru. At tem jornalista que fica zombando e fica
dizendo que no mais Mandacaru, mas sim Mata-
Mandacaru, e fica tripudiando. E Mandacaru tem muitas
coisas boas. [...] Mas a mdia s mostra a violncia porque
o que d ibope. Coisas boas no mostram. S vem a
imprensa pra c quando coisa negativa. E eu no assisto
nenhum, porque eu no concordo com isso no. E a gente
mostra o outro lado do bairro, que todos ns vivemos aqui, e
que outra coisa [sic]5.
E justamente em referncia a esta designao de comunidade que tambm
consideramos a noo de pertencimento problemtica para o entendimento de
uma comunicao comunitria mais prxima do que seria um conceito atualizado.
Para Peruzzo (2003) algumas caractersticas de comunidade quem tm perdurado
ao longo dos anos so: o sentimento de pertena; participao; interao,
objetivos comuns; interesses coletivos acima dos individuais; identidades;
cooperao; confiana, cultura em comum etc. (p.6).
Apesar de admitir que as mudanas ocorridas nos conceitos de comunidade so
cruciais para o entendimento de uma comunicao comunitria mais adequada
nossa atual realidade, a respeito, por exemplo, das noes de territorialidade,
Peruzzo defende o resgate de alguns pressupostos mais clssicos acerca de
comunidade para se pensar esta forma de comunicar que esto ainda muito
ligados a possibilidade de fortalecimento de uma ideia de identidade, do que com
a possibilidade de rompimento daquela, como estamos sustentando ao longo
deste texto.
5 Reclama Paulo Srgio, gerente da rdio Alternativa 100% Mandacaru.
A ideia de pertencimento est diretamente associada perspectiva de identidade
no sentido de que ela pressupe, em certa medida, certa substancialidade e
representao, ou seja, a condio de que pertencimento requer algo a que
pertencer. Tal concepo afasta-se, assim, da proposta que defendemos de uma
comunidade inessencial e, sobretudo, irrepresentvel.
Antes de construir sentimentos de pertencimento, consideramos que a
comunicao seja antes capaz de por os indivduos em uma condio de
coexistncia, o que implicaria em uma comunicao pensada com base na
abertura para a relao entre os indivduos em suas singularidades, postos sobre
uma nada. A ideia de coexistir significa a possibilidade de os indivduos
compartilharem de uma mesma realidade, se reunir pelo mesmo limite, mas no
se dilurem nele. Como afirma o filsofo Jean-Luc Nancy citado por Tarizzo (2007)
a coexistncia pressupe no um ser-comum, mas o ser-em-comum.
Seguindo por essa mesma linha de raciocnio, cabe aqui um olhar mais reflexivo
tambm sobre a noo de vnculo. Consideramos este quesito de difcil
compreenso no sentido de que ele parece ser uma condio intrnseca nas
relaes humanas, e envolve aspectos afetivos difceis de serem medidos e
enquadrados. Portanto, para dentro das concepes de uma comunicao mais
aberta s demandas e especificidades sociais, a ideia de vnculo parece ganhar
muito mais sentido quando compreendida como vinculao. Esta nos remete
muito mais a uma perspectiva de movimento, de um dever ser das relaes, do
que a noo de vnculo que parece menos mvel, pois a prpria palavra j traz em
si o sentido de corrente, de algo faz permanecer.
No caso da rdio Alternativa 100% Mandacaru a noo de abertura nas relaes
comunitrias, parece fazer muito sentido quando uma de suas principais metas
buscar no submeter a localidade dentro de um nico sentido, presa a um
discurso de identidade. A rdio vem colaborando, portanto, para a construo de
uma ideia de comunidade que se entenda para alm de suas prprias fronteiras, o
que pressupe, por sua vez, uma comunicao que no se pretende restrita, isto
, presa em suas prprias fronteiras.
Pensar comunicao comunitria com base em um sentido de comunidade
destituda de uma ideia de identidade, sem uma predefinio, sem um contedo
que a enrijea, parece ampliar o escopo de atuao daquela em direo a um
diverso. Extrapola os limites de uma fronteira determinada por uma substncia.
So por esses termos que podemos afirmar que comunidade deve servir
comunicao comunitria no para limit-la como vem sendo entendida ao longo
dos anos, e em grande parte dos estudos da rea, mas antes, como o contrrio.
O que a rdio Alternativa 100% Mandacaru, apesar de no entrar em contato at
mesmo com as rdios que dividem a mesma realidade que ela, ampliar a
visibilidade da produo do veculo, p-la em dilogo com outras realidades para
serem ouvidos e reconhecidos em suas necessidades. A rdio busca maior
ampliao de um projeto comunitrio pela interao que estabelece com os
indivduos e o incentivo a um processo vinculativo a partir da negao de uma
identidade. Afinal, comunidade no so apenas assuntos locais6. Alm disso, a
presena da rdio no ambiente do ciberespao, isto , nas redes sociais, se
justifica com base nessa mesma lgica.
A entrada da comunicao comunitria no ciberespao lana suas possibilidades
em direo a um projeto de atuao poltica mais ampla, no sentido de permitir
exatamente isso que estamos sustentando: o contato, a troca de conhecimento e
a formao de alianas entre localidades distintas, favorecendo, dessa forma,
6 EAGLETON, Terry. A ideia de cultura. So Paulo, 2011.
possibilidades mais amplas de organizao e atuao poltica. Isso tem a fora de
capacitar a comunicao comunitria para a construo de um ambiente de
mudana social mais amplo e radical.
De modo geral, o que parece pretender esta rdio o reconhecimento dos
indivduos enquanto indivduos, ou seja, em suas diferenas e semelhanas. De
serem reconhecidos enquanto tais, e tambm em suas necessidades. O que se
busca, ento, um caminho que os leve ao encontro de uma humanidade.
Apontamentos finais
O caminho percorrido por este artigo revelou a importncia para a comunicao
comunitria da anlise da realidade concreta, com o intuito de desmistificar a
perspectiva de autenticidade e enquadramento daquela, que vem restringindo sua
atuao, e entende-la mais sob o aspecto das demandas e especificidades locais.
E pensar em um ideal de comunicao comunitria abafar a existncia plural e
conflitiva de cada contexto. pensar que esta comunicao se realizaria em uma
ideia de comunidade homognea, sem contradies e com pouca sintonia com a
realidade contempornea. Assim, percebeu-se que com base em uma noo de
comunidade mais aberta as experincias cotidianas dos indivduos, sem o estigma
da substancializao, que contribui para a concepo e prtica de uma
comunicao comunitria destituda de regras estanques e de um ideal que
parece difcil de ser alcanado.
Conceber comunidade livre de uma idealizao, de qualquer definio que a
qualifique e a imponha um destino acabado, encerrado em si mesmo, oferece a
chance para que a comunicao comunitria seja pensada para alm de suas
prprias fronteiras e seja de se inserir em um projeto mais amplo de
transformao social.
Entretanto, cabe aqui neste momento do trabalho enfatizar que ns no
pretendemos encerrar o debate nem rechaar anos de pesquisa na rea da
comunicao comunitria. Porm, as rpidas transformaes sociais fortemente
guiadas pelo aceleramento das inovaes tecnolgicas e grande insero na
realidade dos indivduos, nos fez perceber a necessidade de problematizar em
que sentido as noes basilares da comunicao comunitria a respeito das
ideias de comunidade e identidade so pertinentes a esta comunicao e seu
alcance na construo da uma nova perspectiva comunicacional e social.
Considerando ainda que partimos de uma realidade concreta, no foi nossa
inteno criar modelos de compreenso da comunicao, mas antes o contrrio:
mostrar que muitas regras prontas do que seria esta forma de comunicar, no se
encaixavam na atual realidade, e que para a pesquisa neste campo, cabe,
necessariamente, o estudo das formas de ser e organizaes sociais.
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