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Universidade Presbiteriana Mackenzie 1 A VERTICALIZAÇÃO DE MARÍLIA Rafael Gulelmo de Souza (IC) e Nadia Somekh (Orientadora) Apoio: PIBIC Mackenzie Resumo O presente trabalho trata da verticalização na cidade de Marília-SP. A análise tem foco no período de 1951 a 2006, na qual, se levanta alguns aspectos sociais e econômicos da sociedade. O processo de verticalização contribui para uma mudança no desenho da cidade, onde a mesma deixa de ser um único plano. Baseado em um processo de análise e contagem dos edifícios, onde existe o uso do elevador, dos anos de 1951, ano em que foi concedido o primeiro Habite-se, até o ano de 2006. Esse artigo discorre um pouco sobre a formação da cidade de Marília – SP. O processo do crescimento vertical foi demonstrado através de fotos, gráfico, e tabelas e na forma dissertativa. Coletando o logradouro e o número de cada edificação vertical, pode-se junto à prefeitura municipal, localizar o ano em que o Habite-se foi concedido a cada edifício. Chegando a uma conclusão que a verticalização de Marília, assim como outras cidades como São Paulo - SP e Maringá – PR, iniciou-se na parte central e foi com o passar dos anos se espalhando para as demais regiões da cidade. E como a verticalização no Brasil, ao contrario dos Estados Unidos da América, se constituiu principalmente através do uso residencial. Palavras-chaves: verticalização, Marília, Edifício Vertical Abstract The vertical growth process has contributed to change the city's design, in which the city ceases to be one single plan. It's based on a process of analysis and counting of buildings in which elevators exist and are used, from 1951, the year in which the first “Habite-se” was issued, until 2006. This project describes to a certain extent Marilia's shaping as a city. The process of vertical growth has been demonstrated with photos, charts and diagrams, and in textual form. Collecting the addresses and numbers of each vertical building, one may locate at the City Hall the year in which the “Habite-se” has been issued to each building. One comes to the conclusion that Marilia's vertical growth, as with other cities like São Paulo - SP and Maringá - PR, has started in its central region and within years spread to other areas of town. And how vertical growth in Brazil, opposite to United States of America's, has happened to supply the demand of dwelling spaces. Mostly in residential land use. Key-words: vertical growth, Marília, Vertical building

Rafael gulelmo

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Universidade Presbiteriana Mackenzie

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A VERTICALIZAÇÃO DE MARÍLIA

Rafael Gulelmo de Souza (IC) e Nadia Somekh (Orientadora)

Apoio: PIBIC Mackenzie

Resumo

O presente trabalho trata da verticalização na cidade de Marília-SP. A análise tem foco no período de 1951 a 2006, na qual, se levanta alguns aspectos sociais e econômicos da sociedade. O processo de verticalização contribui para uma mudança no desenho da cidade, onde a mesma deixa de ser um único plano. Baseado em um processo de análise e contagem dos edifícios, onde existe o uso do elevador, dos anos de 1951, ano em que foi concedido o primeiro Habite-se, até o ano de 2006. Esse artigo discorre um pouco sobre a formação da cidade de Marília – SP. O processo do crescimento vertical foi demonstrado através de fotos, gráfico, e tabelas e na forma dissertativa. Coletando o logradouro e o número de cada edificação vertical, pode-se junto à prefeitura municipal, localizar o ano em que o Habite-se foi concedido a cada edifício. Chegando a uma conclusão que a verticalização de Marília, assim como outras cidades como São Paulo - SP e Maringá – PR, iniciou-se na parte central e foi com o passar dos anos se espalhando para as demais regiões da cidade. E como a verticalização no Brasil, ao contrario dos Estados Unidos da América, se constituiu principalmente através do uso residencial.

Palavras-chaves: verticalização, Marília, Edifício Vertical

Abstract

The vertical growth process has contributed to change the city's design, in which the city ceases to be one single plan. It's based on a process of analysis and counting of buildings in which elevators exist and are used, from 1951, the year in which the first “Habite-se” was issued, until 2006. This project describes to a certain extent Marilia's shaping as a city. The process of vertical growth has been demonstrated with photos, charts and diagrams, and in textual form. Collecting the addresses and numbers of each vertical building, one may locate at the City Hall the year in which the “Habite-se” has been issued to each building. One comes to the conclusion that Marilia's vertical growth, as with other cities like São Paulo - SP and Maringá - PR, has started in its central region and within years spread to other areas of town. And how vertical growth in Brazil, opposite to United States of America's, has happened to supply the demand of dwelling spaces. Mostly in residential land use.

Key-words: vertical growth, Marília, Vertical building

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Introdução

A pesquisa sobre verticalização em Marília nasce de dúvidas que instigam a compreensão

da construção de edifícios, visando o estudo da verticalização na cidade de Marília-SP, na

qual, sempre tive imenso interesse, para que possa ser conhecido o processo gerador de

mudança da paisagem urbana da cidade. Gerando alguns questionamentos, da constituição

da cidade, como e porquê se deu a construção dos primeiro edifícios na cidade? O por que

escolhi a cidade de Marília? Por que estudar a verticalização? A verticalização é um caso de

necessidade. Segundo OKANO (2007 p.10) “A verticalização é parte do processo de

produção do espaço; um fenômeno que identifica nossa urbanização, cuja compreensão é

necessária para entender a urbanização brasileira.” Por essas indagações esse projeto foi

criado, procurando da melhor forma possível esclarecer de forma didática essa

transformação.

É desde a construção do primeiro edifício, em 1951, até o ano de 2006, que é o estudo

desta pesquisa, um período de seis décadas, onde o Brasil passou por grandes

transformações políticas, econômicas, urbanísticas e sociais, fazendo com que uma

pequena cidade do interior de São Paulo, torne-se um grande polo econômico, atraente de

indústrias, e novos habitantes. E Marília nessas seis décadas também passou por grandes

mudanças, atraindo novos industrias, deixando de ser uma cidade agrária, e

consequentemente trazendo novos moradores e investimentos, tendo em 2010 o sétimo

melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), do Brasil, na qual é avaliado; emprego,

renda, saúde e educação, segundo a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de

Janeiro). Neste projeto de pesquisa, tomasse por base outras cidades como: Maringá – PR,

São José do Rio Preto – SP e São Paulo, capital. Procura-se também analisar se a

verticalização em Marília foi executada de forma correta, procurando atender

adequadamente a necessidade da cidade. Foi realizado o levantamento de cada edifício da

cidade que possua cinco ou mais pavimentos, consequentemente o mesmo possua

elevador, para que se possa especializar as edificações no território urbano e demonstrar

como foi o processo de verticalização, mostrando também seus respectivos usos.

Com o crescimento a cidade ganhou ares de metropolização e segundo MENDES (S.D) a

cidade deixa de ser um plano somente, e passa a ganhar edifícios e segundo o mesmo

autor; “É fundamental estar numa cidade em fase de formação dois processos:

metropolização e verticalização...”.

Com o crescimento gradativo da população, a cidade deixa de ser uma cidade rural, e

passa a ganhar novas indústrias criando uma população urbana, criando assim uma nova

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classe social e uma nova classe em potencial para aquisição de novos tipos de residências

as verticais.

A verticalização é segundo SOMEKH (1987) “é a multiplicação do solo urbano”, possibilitada

pelo elevador, na qual, o edifício sendo resultado da “equação” habitantes versus área, onde

uma nova classe deseja morar nas regiões centrais, porém há falta de área(horizontal)

disponível para todos, criando os arranha-céus, entende-se por arranha-céu: “...deve ter um

número mínimo de vinte andares, que nele devem ser determinantes o elevador, a estrutura

e a função.” (CAMPOS; JÚNIOR, 2006 p.44), multiplicando o solo urbano. A verticalização é

um caso de necessidade, SOUZA (1994) diz que a pessoa com capital em mãos não quer

morar muito longe do centro da cidade, para eles convém morar próximo ao centro, ou, à

suas atividades, assim como diz SOMEKH (1987 apud TOPALOV p.33) “As localizações

residenciais são definidas por uma característica única: a distância ao centro de negócios”.

Contudo a origem do crescimento vertical, não deu-se com o objetivo de moradia,

SOMEKH(1987 p.12) relata “A origem da verticalização está diretamente associada aos

centros terciários americanos.” E segundo SOMEKH(1987 p.11) “Vários fatores podem

explicar seu aparecimento: alta concentração urbana, aumento da divisão do trabalho e do

setor terciário...”. Neste projeto procuramos explicar esse crescimento vertical da cidade de

Marília desde sua origem até 2006, mostrando o crescimento vertical da cidade, através de

tabelas, mapas e gráficos e também da sua história.

Formação Histórica e Dados da Cidade de Marília

A cidade de Marília nasceu da união de três patrimônios o Alto Cafezal, uma área de 53

alqueires, “Essas terras delimitavam-se, ao Norte, pelo espigão Peixe-Feio, com as terras da

Fazenda Guataporanga, onde, em 1926, Bento de Abreu Sampaio Vidal abriria o patrimônio

de Marília.”(LARA 1991 p.13) e a Fazenda Cincinatina localizada em frente ao loteamento

do Alto Cafezal, o limite entre as duas fazendas hoje localiza-se a Avenida Sampaio Vidal. O

patrimônio de Vila Barbosa, localizado a leste dos dois rios, Peixe e Feio. No dia quatro de

Abril de 1926, Marília foi fundada por Bento de Abreu Sampaio Vidal.

Marília logo começou a crescer, e trazer investimentos para a cidade, que com o capital

oriundo do café começou a se desenvolver. Logo após o café a cidade ganhou novas

culturas rurais, a do algodão trouxe com si duas fábricas de óleo, associada com a cultura

de amendoim, aliado a esse inicio de industrialização, tivemos a abertura da estrada de

ferro, a famosa Estrada de Ferro Alta Paulista, e a abertura das estradas de rodagem que

ligava Marília a região noroeste do estado de São Paulo, e as regiões de Sorocaba e ao

norte do Paraná (Fonte: http://www.marilia.sp.gov.br/prefeitura/index.html).

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(Foto: http://www.camar.sp.gov.br/) Vista aérea da cidade.

Entre a década de 60 e 70 a economia se torna agroindustrial e com a queda da produção

de café a cidade começa a não depender tanto da agricultura, sua economia começa a

ganhar industrias, e Marília passa a receber investimentos das industrias alimentícias, a

partir da década de 70 esses investimentos aumentam e a agricultura perde força e a

economia da cidade torna-se em grande parte industrial, e sua população torna-se mais

urbana. Na década de 80 e 90 a cidade ganha força e torna-se polo regional, atraindo ainda

mais investimentos, criando uma região administrativa que se configura até hoje. A cidade,

hoje, conta com uma área de 1.170 Km² (FONTE: IBGE) e a área urbana corresponde a 42

Km² (FONTE: www.marilia.sp.gov.br/prefeitura/index.html) sendo considerada uma cidade

de médio porte e com uma população em 2010 de aproximadamente 216 mil

habitantes.(FONTE: IBGE).

(Fonte: Google Earth) Foto de satélite da cidade de Marília.

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Os primeiros edifícios.

O processo de verticalização se inicia nos Estados Unidos, contudo há uma contestação

sobre o primeiro arranha- céu, SOMEKH (1987 p. 11) relata “Existem controvérsias a

respeito do primeiro arranha-céu. Wiseman (1970 p.125) atribui esse título ao edifício da

‘Equitable Life Assurance Company’, foi construído entre 1868/70, com aproximadamente 40

metros de altura,... Segundo esse autor, esse foi o primeiro edifício comercial em que as

possibilidades do elevador foram realizadas. C.Jencks (1980, p.6), por sua vez, observa que

o edifício da Equitable, apesar de sua altura, tem a aparência de um palácio renascentista

de cinco andares com mansardas, perguntando-se logo em seguida como pode o primeiro

arranha-céu não “arranhar” efetivamente o céu. Para ele os dois primeiros arranha-céus,

ambos edifícios comerciais americanos, foram o edifício Manhattan, com 16 andares, de

William Le Baron Jenney, construído em Chicago entre 1890/91, e o Edifício Wainwringht,

com 10 andares, projetado por Louis Sullivan, construído em St. Louis, na mesma época

(Jencks, 1980, p.40)”

No inicio desta pesquisa também havia encontrado um equivoco da construção do primeiro

edifício, alguns documentos relatava que o primeiro edifício de Marília havia sido o “Edifício

Marília”, contudo, tomo por base o ano que a certidão de Habite-se foi concedido, de todas

as edificações, e segundo os dados da prefeitura o primeiro edifício da cidade foi o “Edifício

Ouro Verde” de 1951, localizado na Avenida Sampaio Vidal, 457, foi destinado

exclusivamente à moradia, um edifício de 6 pavimentos, estando ele localizado na região

central da cidade, a empolgação era tanta, que todas as unidades do edifício, foram todas

vendidas em um único dia, SOMEKH(1987 p.15) afirma ”Ao contrário da experiência

internacional de verticalização, que é predominantemente terciaria e geralmente

concentrada nos grandes centros de negócios, verificamos que a verticalização em São

Paulo é predominante residencial.”. Isso comprova que no Brasil ao contrario dos Estados

Unidos, destinou a verticalização não ao setor terciário, com edifícios destinados a

escritórios, por exemplo, mas sim a moradia.

A construção deste edifício foi um grande marco para a cidade, pois na década de 50 uma

cidade do interior de São Paulo, totalmente voltada para a agricultura, “ganhar” um edifício

desse porte e nas condições em que ele foi concebido, foi algo realmente marcante. A

construção desse edifício também foi enfática no que desrespeito a nova sociedade, na

qual, a cidade estava ganhando, foi nessa época que a cidade viveu o “boom” econômico do

café, onde se produzia muito café e exportava-se muito também, e neste momento a cidade

começa a ganhar uma expressividade no cenário nacional. Com isso começou a atrair

novos investimentos, nas diversas áreas, mas na construção civil em especial, pois

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precisava atender a nova classe que começava a surgir com o crescimento do café, e

atender os barões do café que começaram a migrar para a cidade atraídos pelo sucesso

nos cafezais. O café foi tão importante que o nome do edifício foi “Ouro Verde” alusão ao

café que naquela época foi de fundamental importância, onde o mesmo era conhecido como

o “Ouro Verde”. E foi a partir da década de 50 que a população urbana superou a rural, e

Marília adquiriu novas características.

Outro fator importante é sua localização dos primeiros edifícios, sempre na região central da

cidade, área de maior interesse comercial e maior concentração populacional; como é o

caso de Maringá-PR, segundo COSTA (2002) o processo de verticalização deu-se

inicialmente na Zona 01 da cidade, o centro da cidade, e foi-se espalhando para as zonas

periféricas da cidade, partindo sempre do centro, Marília não foi diferente. São Paulo deu-se

a mesma formulação, segundo SOMEKH (1987) a verticalização na cidade iniciou-se do

centro, espraiando-se, as regiões mais periféricas.

Primeiro período de verticalização 1951-1989

Neste período que compreende 04 décadas o crescimento vertical foi de pouca expressão,

teve um saldo de apenas 20 edifícios.

Década Número de Edificações Verticais

50 03

60 01

70 04

80 12

Essa tabela mostra a quantidade de edificações por década, nas 3 primeiras foram um total

de 7 edificações verticais, sendo praticamente 0,23 construções verticais por ano, e ainda

na década de 60 apenas 1 edifício foi construído, demonstrando uma baixa verticalização na

cidade. Contudo vale ressaltar algumas edificações que foram marcantes, uma delas foi a

construção do segundo edifício da cidade que foi o “Edifício Marília” foi construído todo com

recursos de fazendeiros e compradores de café de todo o Estado, o Sr. Miguel Granito Neto,

comerciante de outra localidade, iniciou a sua construção, no terreno que antigamente era o

posto de gasolina Texaco, na esquina da Rua 9 de julho, com a Avenida Sampaio Vidal,

uma construção bastante sofisticada, um edifício com 10 andares, na qual, no ultimo andar

existia o restaurante, mais sofisticado da época, o restaurante “Marília”, na qual, se tinha

uma vista muito privilegiada da cidade toda, morava nele grandes fazendeiros e comerciante

de fora, assim como cafeicultores. Ele contava com 2 elevadores, sua localização

estratégica determina mais uma vez a construção de um edifício, localizado bem no coração

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da cidade, área de grande interesse comercial, evidenciando mais uma vez SOUZA(1994) a

sociedade com capital em mãos, não abre mão de morar longe do centro da cidade e de

suas atividades e também comprovando o que diz SOMEKH(1987 apud TOPALOV p.33)

“Segundo Topalov, os consumidores são tratados deterministicamente como sujeitos

econômicos do ‘ trabalhar e comprar: o espaço é apenas a distância ao lugar onde isso

acontece’”

(Fonte: http://www.camar.sp.gov.br/) Em primeiro plano o “Edifício Marília” ao fundo o “Edifício Ouro

Verde”.

Na sua construção o “Edifício Marília” foi também destinado a uso misto, pois em sua

cobertura havia um restaurante. Nele morava a elite cafeicultora, no saguão principal do

edifício aconteciam às grandes festas da elite mariliense, com o passar dos anos o

restaurante foi fechado, tornado-se um edifício exclusivamente residencial, hoje ele tornou-

se, novamente, de uso misto, o térreo conta hoje com uma concessionária de veículos e os

antigos apartamentos, hoje destina-se a alguns escritórios, consultórios e alguns

apartamentos.

Com o sucesso do “Edifício Marília” o Sr. Miguel Granito Neto, resolve construir um novo

edifício o “Galeria Santa Luzia” localizado na mesma avenida dos outros dois, Avenida

Sampaio Vidal, 473,mais precisamente ao lado do “Edifício Ouro Verde”, porém esse edifício

não foi um sucesso como o “Ouro Verde”. Um edifício de uso misto, no térreo possuía e

ainda possui lojas, e ele possui oito pavimentos, todos eles exclusivamente residencial até

os dias de hoje.

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Na década de 60 apenas um edifício foi construído na cidade, foi a prefeitura municipal um

edifício de 7 andares na principal avenida da cidade, a, Avenida Sampaio Vidal, na gestão

do prefeito Adorcino de Oliveira Lyrio, com o projeto dos arquitetos Miguel Brada e Aniz

Brada. Com um projeto com características bem modernistas, com a utilização de Pilots,

janelas em fita, planta livre da estrutura e laje plana.

(Fonte: http://www.panoramio.com/photo/6532968) Foto retrata a construção da prefeitura municipal

na década de 60.

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(Fonte: http://www.panoramio.com/photo/6532989) Está foto retrata as 4 primeiras construções

verticais de Marília, entre as décadas de 50 e 60.

A foto mostra bem a questão da localização, todos edifícios são localizados na mesma

avenida e todos muito próximos uns dos outros. O uso dos primeiros edifícios eram

parecidos, exceto a prefeitura que é um uso institucional, os outros 3 destinava-se

principalmente a moradia, mas nos térreo ou cobertura havia um comercio, para agregar

valor ao empreendimento.

Na década seguinte, a de 70, houve mais 4 edificações. O “Edifício Cliper” foi considerado o

primeiro de grande porte, conta com 16 andares, e seu uso é misto até os dias de hoje, no

térreo com comercio e uma torre com 16 andares, sendo que cada andar possui 2

apartamento, recebeu a certidão de Habite-se em 1973. Localizado também na mesma

Avenida, das 4 edificações verticais anteriores, isso demonstra a “intensa” verticalização na

mesma, e a partir dela a verticalização foi-se espraiando para as zonas periféricas da

cidade, como é o caso da edificação seguinte. Esta edificação fica localizada na zona

periférica da cidade, zona Oeste, em um bairro de alto poder aquisitivo, trata-se do “Edifício

Vale do Sol”, recebeu o Habite-se em 1974, um empreendimento exclusivamente

residencial, uma torre com 13 pavimentos e cada pavimento com 2 apartamentos. A partir

dessa “fuga” da verticalização do centro da cidade em especial a Avenida Sampaio Vidal,

começa uma dispersão das construções verticais pela cidade. Ainda na década de 70 um

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novo edifício com é executado, sendo este o primeiro totalmente comercial, trata-se do

edifício da antiga Telesp, hoje Telefônica, um edifício com nove andares, localizado na Rua

José de Anchieta, 358.

(Fonte: Comissão de Registro Históricos de Marília). Foto aérea da cidade em 1975. Nota-se o edifício Cliper,

sendo o mais alto na foto, com 16 pavimentos.

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Segundo Período de Verticalização 1990 – 2006

Este segundo período de verticalização em Marília compreende duas décadas, onde o

crescimento vertical foi bastante intenso, devido à necessidade de novas moradias, pois foi

um período que a população da cidade cresceu de forma significativa, fazendo com que

houvesse a necessidade de uma nova demanda de moradia para a população. E como a

demanda por solo urbano passa-se a ser um meio de especulação imobiliária, a

multiplicação do solo passa a ser muito interessante, uma forma de agregar mais valor a

terrenos com boa localização.

Década Numero de edifícios Verticais

90 47

Até 2006 29

Está tabela mostra de forma quantitativa, a década e o numero de edifícios, mostrando um

intenso processo vertical, dando uma média de 4,75 construções verticais por ano. A partir

da década de 90 os novos edifícios verticais começaram a espraiar-se pela cidade de

Marília. Esse espraiamento ocorreu também em São Paulo – SP que SOMEKH (1987)

descreveu, e Maringá – PR que COSTA (2002) relatou, mas épocas diferentes. Nesse

período de verticalização, nota-se, que os novos edifícios verticais passam a ganhar um

gabarito (altura) maior, de 15 a 20 andares, fazendo com que o solo seja melhor utilizado,

gerando assim um melhor aproveitamento do solo, criando-se novas moradias. Os novos

edifícios foram em sua maioria construída com o intuito de moradia e não para fins

comerciais, alguns o térreo foram utilizados como comercio, sendo o edifício de uso misto.

Outra avenida da cidade, a Avenida Rio Branco, foi um local de intensa verticalização na

década de 90, sendo que, na sua primeira parte, que se estende da Avenida Sampaio Vidal

até a Rua Rodrigues Alves, as edificações verticais são todas residenciais, da Rua

Rodrigues Alves até a Avenida da Saudades, há além de edifícios residências, existem os

comerciais. E ao Sul da Avenida Rio Branco, houve uma verticalização bem intensa, e

nessa região encontram-se os edifícios verticais com maior gabarito, assim como os de

melhor padrão e todos destinados a residência.

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(Fonte: Comissão de Registros Históricos de Marília) A foto mostra a parte Sul da Avenida Rio Branco, e em

primeiro plano a Rua Sete de Setembro

O esquema abaixo mostra a Avenida Rio Branco, local de grande verticalização na década

de 90 e até 2006

(Fonte: http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-

BR&q=mapa%20de%20marilia&gs_sm=e&gs_upl=1289l3593l0l3876l15l15l0l0l0l0l324l2546l3.7.4.1l15l0&bav=on.

2,or.r_gc.r_pw.&biw=1366&bih=664&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wl)

utro fator que se analisa no segundo período de verticalização é o tipo de edificações

verticais, as edificações seguem um padrão de médio a um alto padrão, com edifícios de

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apartamentos de quatro a uma unidade por andar. Para atender uma população com

recursos em mãos. No ano de 1999 houve o grande pico do crescimento vertical, com

dezenove Habite-se concebido a edifícios verticais, concentrando-se na sua grande maioria

na região centro – oeste da cidade.

(Fonte: Comissão de Registro Históricos de Marília). Na foto de 1999, mostra-se a região central da cidade,

maior concentração vertical. A grande Avenida na esquerda é a Avenida Sampaio Vidal. E ao fundo notam-se

alguns edifícios em construção.

Outro fator que se analisa nesse crescimento vertical, na década de 90 é a vinda de novos

moradores devido à notoriedade das universidades instaladas na cidade. A o bairro “Cidade

Universitária”, localizado na porção Sudoeste da cidade, concentram três grandes

universidades, alguns edifícios que foram construídos para acomodar os estudantes que

viam de outras regiões do estado de São Paulo e outros Estados do Brasil, para estudar em

Marília.

Contudo depois do auge da verticalização, houve um declínio acentuado, no ano de 2000,

por exemplo, apenas cinco Habite-se foi concebido, contra os dezenove do ano anterior e de

2000 a 2006 foram criados vinte e nove Habite-se. Em entrevista com o arquiteto Luiz

Fernando Gentile, que atua em Marília, ele descreve que o mercado imobiliário fez esse

“boom” para que pudessem ter uma “reserva” de moradia, por isso nos anos seguintes ao

“boom”, muitas das novas residências ainda estavam desocupadas, e com isso os

investimentos das construtoras em prédios verticais foi-se diminuindo, até que essas

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moradias ociosas fossem ocupadas. E alguns edifícios, suas obras param, deixando alguns

prédios inacabados, que posteriormente foram concluídos.

Nos anos 2000 uma área em especial da cidade ganhou uma verticalização modesta, essa

região é a porção leste da cidade.

(Fonte: Comissão de Registros Históricos de Marília) Essa foto do meio do ano de 99 mostra ao meio da imagem

a Avenida Tiradentes e sua continuação a Avenida das Indústrias. A parte inferior da imagem é uma parte da

porção Leste da cidade onde houve um processo de verticalização.

E da mesma forma como as outras regiões da cidade, nessa a verticalização também

ocorreu para suprir necessidades de moradia, com um gabarito (altura) em média de 8 a 13

pavimentos.

Método

Para os dados técnicos, por exemplo, Habite-se, da pesquisa foi-se utilizado o método

quantitativo, consistiu na coleta de dados “in lócus” de cada edifício e junto à prefeitura. A

coleta “in lócus” consistiu na ida em cada edifício com cinco ou mais pavimentos, na qual se

coletava o logradouro e numero de cada edifício, seu uso, a quantidade de pavimentos e o

nome do condomínio. Com isso executou-se uma tabela para a organização dos edifícios.

Abaixo se tem uma parte da tabela.

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Endereço Condomínio Ano Habite-se Uso N° pavimentos Av. Sampaio

Vidal, N° 344 A Ed. Portinari - Residencial 12

Av. Sampaio Vidal, N° 300 A

Ed. Di Cavalcante - Residencial 12

Av. Sampaio Vidal, N° 60 A

Ed. Solar Mediterrené

- Residencial 19

Av. Carlos Gomes, N° 312

Ed. Érico Veríssimo

- Comercial 05

Av. Sampaio Vidal, N° 473

Ed. Galeria Santa Luzia

- Misto 08

Com essas informações, seguiu-se até a prefeitura municipal, através dessas informações

foi possível descobrir o ano em que o Habite-se foi concedido às edificações, para que

pudesse ser executada uma periodização da verticalização. A tabela abaixo já conta o ano

em que o Habite-se foi concedido.

Endereço Condomínio Ano Habite-se Uso N° pavimentos Av. Sampaio

Vidal, N° 344 A Ed. Portinari 1997 Residencial 12

Av. Sampaio Vidal, N° 300 A

Ed. Di Cavalcante 1997 Residencial 12

Av. Sampaio Vidal, N° 60 A

Ed. Solar Mediterrené

2007 Residencial 19

Av. Carlos Gomes, N° 312

Ed. Érico Veríssimo

1993 Comercial 05

Av. Sampaio Vidal, N° 473

Ed. Galeria Santa Luzia

1953 Misto 08

Houve também a entrevista com Luiz Fernando Gentile, arquiteto e urbanista, na qual, atua

na cidade de Marília, fornecendo dados arquitetônicos, sobre o mercado imobiliário e qual a

melhor maneira de conseguir o ano das edificações verticais. Existiu entrevista com

membros da Comissão de Registros Históricos de Marília, onde foi possível a coleta de

imagens históricas da cidade e também imagens aéreas, antigas e recentes.

Resultados e Discussão

Através desse projeto de pesquisa, foi possível uma quantificação de todas as edificações

verticais com cinco ou mais pavimentos, desde o primeiro, 1951, até o ultimo até o ano de

2006. Num total de oitenta e nove edifícios verticais na cidade de Marília. Com esse

levantamento das edificações, foi-se possível elaborar um gráfico onde é colocado o número

de edificações verticais por décadas até 2006.

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Com esse gráfico torna-se, mais clara a visualização no número de construções em suas

respectivas décadas, mostrando sua evolução no decorrer dos anos e o seu auge.

Analisando o gráfico vê-se que na década de 50, inicio da verticalização, houve algumas

construções, todas com intuito de moradia, comprovando SOMEKH (1987) que descreve

que o Brasil contraria as experiências internacionais, onde a verticalização deu-se no setor

terciário, e no Brasil ela nasce para atender a necessidade de moradia. Em Marília nasce da

mesma maneira, os primeiros edifícios, os da década de 50, foram destinado a moradia. Na

década de 60 há apenas uma construção vertical, e esta foi o prédio da prefeitura, um

edifício institucional. Já na década de 70 a cidade recebe seu primeiro edifício comercial, o

da antiga “Telesp”, e a partir dessa década houve um crescimento desse tipo de construção

e as mesmas começam a se descentralizar. Nos anos 80 as construções ainda são de

pouca expressão, e também voltadas para a moradia. E nos anos 90 é onde houve o grande

período de verticalização, na qual, foi-se construído quarenta e sete novos edifícios, sendo

até o ano de 2006 o grande auge da verticalização, e esse auge foi movido ao que SOUZA

(1994) descreve, onde uma sociedade com capital em mão, não quer morar longe do centro

da suas atividades, devido a essa falta de espaço ocorre a verticalização, uma forma de

agregar uma certa população em uma determinada região. O questionamento desse projeto

de pesquisa é: a verticalização de Marília foi feita de forma correta? Depois de pesquisar,

nota-se que a verticalização na cidade foi feita de uma forma coerente, potencializando

áreas de interesse, ressaltando SOMEKH (1987 apud TOPALOV p.33) “Segundo Topalov,

os consumidores são tratados deterministicamente como sujeitos econômicos do ‘trabalhar

e comprar: o espaço é apenas a distância ao lugar onde isso acontece’”.

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Números de Construções Verticais X

Décadas

Números de Construções

Verticais X Décadas

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Algumas Conclusões

O objetivo dessa pesquisa é principalmente a realização de um inventario dos edifícios de

Marília, na qual, foram catalogados 89 edifícios verticais que possuem 05 ou mais

pavimentos, onde é de grande importância a utilização dos elevadores, caracterizando

assim a verticalização da cidade. Através dessa pesquisa pode-se notar a variância na

construção de edifícios por décadas, tendo o seu grande ápice na década de 90, onde foi

construído uma grande quantidade de edifícios, fazendo um “estoque” de moradias, e

devido a essas residências ociosas, nos anos subseqüentes houve um declínio no ritmo de

edificações verticais, nota-se que em 1999 houve a concessão de dezenove “Habite-se” e

no ano seguinte apenas cinco concessões. Nesta pesquisa pode-se observar onde começou

esse processo de mudança da paisagem urbana, e esse inicio se deu no centro da cidade,

mas precisamente na principal avenida da cidade e como esse processo foi se espalhando

em todas as regiões, mas se concentra ainda a sua maior parte na porção central da cidade,

ao redor da Avenida Sampaio Vidal e na porção sudoeste ao redor da Avenida Rio Branco,

como o processo de verticalização também mudou a paisagem urbana.

(Fonte: Comissão de Registros Históricos de Marília) Na foto acima mostra-se uma vista da cidade na década de

50, inicio do processo de verticalização.

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(Fonte: Comissão de Registros Históricos de Marília) Esta foto mostra Marília hoje, quase seis décadas depois

do inicio processo de verticalização.

Analisou-se também que o processo de verticalização procurou da melhor forma possível

ser coerente com a necessidade apresentada, verticalizando, mas também procurando

adensar essas áreas, não deixando um vazio urbano nas áreas mais verticalizadas, ou seja,

verticalizando não para o setor terciário, mas para habitação. Agora buscaremos responder,

por que a verticalização ocorreu dessa forma?

(Fonte: Emdurb Marília.) Mapa de zoneamento das regiões de Marília.

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Universidade Presbiteriana Mackenzie

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Referências

1. COSTA, Luiz Fernando da Silva. Os promotores imobiliários no processo de

verticalização das cidades Maringá, Cianorte e Umuarama. Maringá, UEM, 2002.

(Dissertação de Mestrado).

2. CAMPOS, C. M., JÚNIOR, J. G. S (Orgs). Palacete Santa Helena: Um pioneirismo da

modernidade em São Paulo. São Paulo: Editora Senac, 2006. 249p.

3. LARA, Paulo Corrêa. Marília, Sua Terra, Sua Gente. Marília: Editora Iguatemy de

Comunicação Ltda, 1991. 253p.

4. MENDES, César Miranda. A verticalização na cidade jardim - Maringá: a

descaracterização de um plano, UEM: S.D.

5. OKANO, Taís Lie. Verticalização e Modernidade: São Paulo 1940-1957. São Paulo,

Mackenzie, 2007. ( Dissertação de Mestrado)

6. SOUZA, Maria Adélia Aparecida. A identidade da metrópole: A verticalização em São

Paulo, Hucitec :EDUSP,1994.

7. SOMEKH, Nádia. A (des) Verticalização de São Paulo. São Paulo, USP, 1987.

(Dissertação de Mestrado).

Sites Acessados

1. http://www.marilia.sp.gov.br/prefeitura/index.html (Acessado 27/04/2010)

2. www.ibge.gov.br (Acessado 27/04/2010).

3. www.yesmarilia.com.br (Acessado 23/06/2007).

4. :http://www.cidadespaulistas.com.br/prt/map-tematico/11-marilia.htm- (Acessado

em 05/10/2010)

5. : http://www.panoramio.com/photo/6532989 (Acessado 08/03/2011)

6. : http://www.panoramio.com/photo/6532968 (Acessado 08/03/2011)

7. : http://www.camar.sp.gov.br/ (Acessado 17/01/2011)

8. Programa: Google Earth

9. :http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-

BR&q=mapa%20de%20marilia&gs_sm=e&gs_upl=1289l3593l0l3876l15l15l0l0l0l0l

324l2546l3.7.4.1l15l0&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&biw=1366&bih=664&um=1&ie=UT

F-8&sa=N&tab=wl (Acessado 26/07/2011)

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Contato: [email protected] e [email protected]