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Fichamento do texto de Orlando Gomes
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO – MESTRADO
Disciplina
Fundamentos de Direito Civil
Professor
Roxana Cardoso Brasileiro Borges
Aluna
Paloma Braga Araújo de Souza
TIPO DE FICHA
Citação Direta/Indireta
ASSUNTO
Formação do Direito Privado Brasileiro
REFERÊNCIA
GOMES, Orlando. Raízes Históricas e Sociológicas do Código Civil Brasileiro. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PÁGINA CITAÇÃO
3-4 Formação do Direito Privado Brasileiro
As Ordenações Filipinas, que vigoraram até o século XX, impediram que Portugal (e o Brasil) fossem influenciados pelas normas resultantes dos movimentos revolucionários e iluministas de fins do século XVIII e início do século XIX.
5-8 As Ordenações Filipinas eram repletas de brechas e lacunas, de modo que abriam espaço para a atividade doutrinária e a integração pelos costumes. Essa abertura foi o que, provavelmente, favorecem a longevidade dessa compilação, sobretudo no direito brasileiro.
A proclamação da República chegou, 57 anos depois da independência, sem que o Brasil tivesse constituído um sistema de normas próprio, compatível com base na Justiça e na equidade, como previa a Constituição imperial.
8-9 Segundo Orlando Gomes, mesmo a codificação de 1916 continuava “condensada fundamentalmente na compilação de 1603”.
9-10 O autor chama a atenção para o fato de que, mesmo depois da independência, o Brasil ficou mais atado às ordenações do que Portugal, que estabeleceu seu Código Civil em meados do século XIX, ao passo que o Brasil só veio a fazê-lo quase cinquenta anos depois.
11 “O Brasil permanece fiel à tradição, enquanto Portugal se deixa influir pelas ideias francesas, a ponto de consagrar inovações chocantes no seu Código de 1967. É que a estrutura social nessa época, não comportava essa influência alienígena. Sobre o vasto Império projetavam-se os tentáculos da sociedade colonial baseada no trabalho escravo.”
11-13 O trabalho de Teixeira de Freitas de consolidar as leis civis, ainda no Império, facilitou o trabalho do codificador de 1916 e contribuiu para perpetuar a tradição do direito lusitano no Brasil.
14 “O Código incorpora certos princípios morais, emprestando-lhes conteúdo jurídico, particularmente no direito familiar.”
“Vários artigos do Código denunciam, segundo o mesmo escritor [Pontes de Miranda], ‘a preponderância do círculo da família, ainda despoticamente patriarcal.’”
14-18 O autor passa a demonstrar o conservadorismo patriarcal presente no CC/1916, através de diversos exemplos. Entre eles, destaca que segundo Coelho Rodrigues, na exposição de motivos do seu projeto de Código, a possibilidade de divórcio em caso de adultério, se estendida a ambos os cônjuges implicaria na própria dissolução de toda a sociedade. Para Beviláqua, o divórcio facilita o ‘incremento de paixões animais’, ao passo que o direito serve para ‘conter a animalidade humana e canalizar os impulsos individuais para os fins da conservação e do bem-estar sociais’. (p.16)
18-23 Muitas das tradições perpetuadas na lei civil, devem-se à característica de colônia ainda muito forte no país. Mas, segundo o autor, se em alguns aspectos o Código trouxe esse matiz ultra conservador e patrimonialista, em outros ele foi progressista. Entretanto, não há exemplos no texto que ilustrem esse fato.
O autor também observa que o código foi reflexo de uma sociedade aristocrática e, como tal, refletia uma realidade pertencente a poucos.
24-29 O autor faz uma contextualização da realidade econômica brasileira, no período de 1899 a 1916.
“[...] os grupos dominantes da classe dirigente – a burguesia agrária e a burguesia mercantil – mantinham o país subdesenvolvido, porque essa era a condição de sobrevivência dos seus privilégios econômicos e da sua ascendência social no meio em que viviam.” (p.26)
A política também era dominada pelo clientelismo que beneficiava os grandes proprietários rurais.
No período republicano, a economia se expande, com o comércio internacional, mas não há grandes alterações na estrutura social interna.
29-31 Surge, nesse período, uma incipiente classe média, fruto da urbanização, sobretudo das cidades litorâneas.
“Como não tivesse outra, a corrida para os cargos públicos se fez pressurosamente com tamanha ânsia que o parasitismo burocrático veio a se transformar num mal crônico e incurável do país.” (p.30)
O código de 1916, embora inspirado por ideias liberais e progressistas esbarrou na elite agrária e conservadora que dominava politicamente o país.
32-37 No início do século XX, tentou-se aprovar normas de proteção ao trabalhador, mas estas não foram adiante. O processo de industrialização do país era, ainda, muito insignificante.
“Os interesses fundamentais das camadas superiores da sociedade brasileira reclamavam uma legislação que favorecesse a expansão das forças produtivas nos quadros do sistema colonial de exploração da riqueza. Sente-se a preocupação de evitar qualquer obstáculo à livre iniciativa.” (p.34)
Segundo o autor, Beviláqua era firmemente contrário à inserção de normas com conteúdo de proteção social na lei civil, chegando a taxar tais normas de subversivas.
38-44 As normas que regulavam relações de trabalho eram de cunho supletivo, de modo que prevaleciam o elevado individualismo e a autonomia da vontade.
Após alguns debates, a locação de serviços foi inserida no código sem maiores controvérsias e sem grande importância, consagrando os interesses burgueses.
“O atraso do Código comprova que, no particular, a solidez dos interesses de um dos setores da classe dominante travou o impulso das elites por uma legislação progressista.” (p.44)
45 “Verifica-se, em suma, na evolução legislativa do direito privado brasileiro, aquele descompasso entre o Direito escrito e a realidade social [...]”